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LUIS CARLOS CANCELLIER DE OLIVO
INFORMATIZAO DO JUDICIRIO E PROCESSO DIGITAL:
LIMITES E POSSIBILIDADES A PARTIR DA
RECEPO DA LEI 9.800/99
Florianpolis (SC) 2001
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC
CURSO DE PS-GRADUAO EM DIREITO
REA DE CONCENTRAO:
INSTITUIES JURDICO-POLTICAS
INFORMATIZAAO DO JUDICIRIO E PROCESSO DIGITAL:
LIMITES E POSSIBILIDADES A PARTIR DA RECEPO DA LEI 9.800/99
Dissertao submetida
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, para obteno
do grau de Mestre em Direito.
Luis Carlos Cancellier de Olivo
Orientador: Professor MSc Luiz Adolfo Olsen da Veiga
Florianpolis, janeiro de 2001.
A Dissertao "Informatizao do Judicirio e processo digital: limites e
possibilidades a partir da recepo da Lei 9.800/99", elaborada por Luis Carlos Cancellier de Olivo e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, com grau "A", e Distino e Louvor, foi julgada adequada para obteno do ttulo de Mestre em Direito.
Florianpolis, 22 de fevereiro de 2001
BANCA E
Professor 0 Olsen Da Veiga
dente
Professor Dr. Ricardo Flip CustdioMembro V v '
7 -Tofessor Dr. Ai]t^s Jos Rover
Membro
Professor Msl y^Adolf^^lsen Da Veiga
Orleikador
Professor Dr. aralthazar
Coordenador do CPGD/UFSC
AGRADECIMENTOS
Para todos aqueles que colaboraram para que essa pesquisa chegasse nesse ponto:
professores Luiz Adolfo Olsen da Veiga e Aires Jos Rover; servidores Rosngela Alves,
Gilvana Pires Fortkamp e Alex Martins; professores Antnio Carlos Wolkmer, Ceclia
Caballero Lois, Carlos Jos Gevaerd, Edmundo Lima de Arruda Jxmior, Horcio
Wanderlei Rodrigues, ndio Jorge Zavarizi, Jos Isaac Pilati, Josel Machado Corra,
Mrio Lange de S.Thiago, Olga Maria B. Aguiar de Oliveira, Orides Mezzaroba, Silvio
Dobrowolski e Ubaldo Cesar Balthazar; Bnga Associados; Madalena, Vitrio, Acioli,
Jlio, Raissa, Cristiana e Mikhail, minha famlia.
Registro necessrio: Mestrado subsidiado pela CAPES, na forma de bolsa de
estudos.
Para Roberto Motta, em memria.
SUMARIO
INTRODUO......................... ...............................................................014
I - A TECNOLOGIA NOS TRIBUNAIS .......................... 032
1 1 .0 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL..................................... 031
1.1.1 .Lentido da prestao jurisdicional...................................... 032
1.1.2.Sesses transmitidas via Internet.......................................... 0331.1.3.Pesquisadores avaliam homepages........................................ 034
1.1.4..Justia democratizada........................................................... 034
1.1.5. Rede Informtica do Judicirio............................................0371.1.6. Repositrio de informaes em Banco de Dados.................038
1.1.7.Sistema Push no STF............................................................040
1.1.8.Inteiro Teor no STF..............................................................0401.1.9. Sistema de Acompanhamento Processual.............................041
12 POSIO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES.......................... 043
1.2.1.Intercmbio de Informtica do Judicirio.............................043
1.2.2.Ligao com a Imprensa Nacional........................................044
1.2.3.Contas.pblicas na rede.........................................................044
1.2.4.Tecnologia e julgamento rpido...........................................0451.2.5.STJ Informatizado............................................................... .045
1.2.6.Cooperao tcnica entre Tribunais......................................047
1.2.7.Execu5es.fiscais virtuais..................................................... 048
13 APLICAO NA JUSTIA FEDERAL.................................. 049
1.3.1.Internet e Acesso justia.................................................... 049
\.32.Drive Thru no TRF da 1 Regio.......... ................................ 052
1.3.3.Consulta processual automatizada........................................ 053
1.3.4.Pesquisa de processo no TRF da T Regio........................... 053
1.3.5.Processo e procedimento...................................................... 053
1.3.6.Petio.escaneada.................................................................0551.3.7.Acompanhamento por e-mail no TRF da T Regio...............055
1.3.8.Programa.de Qualidade........................................................056
1.3.9.Substituio do papel............................................................056
1.3. lO.Rede facilita rotinas............................................................05614 TECNOLOGIA NA JUSTIA DO TRABALHO .................... 057
1.4.1.Consultas virtuais trabalhistas.............................................. 057
1.4.2.TRT-MAI L ........................................................ 058
1.4.3.Tramitao no TRT da T Regio...................................... ...059
1.4.4.Quadro.estatstico................................................................ 0591.4.5..Viso geral do Tribunal informatizado.................................061
1.4.6.Publicidade dos atos processuais.......................................... 068
1.4.7.Lista.de discusso atualizada................................................069
15 JUSTIA ESTADUAL................................................................070l.S.l.Informatizao atravs do Telejudicirio................. ............ 070
1.5.2.Telejustia em Alagoas..................... ................... ............... 071
1.5.3.Disk.Justia no Amap.........................................................072
1.5.4.Consulta por fax no TJRJ.....................................................072
1.5.5.Opo pela Videoconferncia...............................................073
16 EXPERINCIAS E INICIATIVAS........................................ 074
1.6.1.Debate sobre Tecnologia nos Tribunais................................074
1.6.2.Destaques da Conferncia tecnolgica......................... ........077
1.6.3..Videoconferncia em Portugal..............................................078
1.6.4. Repositrio jurisprudencial vlido...................................... 079
n - LIMITES E POSSIBILIDADES DA LEI 9.800/99..........................080
2 1 0 MUNDO MODERNO ................................................... 080
2.1.1. A Lei Ronaldo Cunha Lima..................................................0802.1.2.Virtualizao do processo judicial.........................................081
2.1.3.Viso.de futuro.....................................................................0832.1.4.Informtica e mundo moderno....................................... .......085
2 2 QUESTES DE ACESSO JUSTIA.................................. 086
2.2.1.0 acesso no Terceiro Milnio............................................. 086
2.2.2. Acesso Justia; informatizao do Judicirio.................. 089
2.2.3.Internet e democratizao do processo................................092
2 3 OS ATOS PROCESSUAIS........................................................ 093
2.3.1.Aspectos gerais.................................................................. 093
2.3.2.Quem.pode praticar o ato processual..................................095
2.3.3.Atos.no processo trabalhista...............................................096
2.3.4.Atos do processo penal.......................................................097
2.3.5.Atos do processo civil........................................................ 098
2.3.6.Critica a entrega dos originais......... ...................... ............100
2.3.7.Situaes que envolvem os prazos.....................................102
2.3.8.Prazos recursais..................................................................1062.3.9.A.contagem dos prazos...................................................... 108
2.3.10.Litigncia de m-f.......................................................... 109
2 4 PRATICA DE ATOS VIRTUAIS........................... ................110
2.4.1 .Interrogatrio on-line........................................................ 1102.4.2.Comunicao dos atos por correio eletrnico.....................121
1 A.3.E-mail como indcio na prova judicial............................... 122
2.4.4.Habeas corpus por e-mail...................................................124
2.4.5.Registro dos atos processuais.............................................124
2.4.6..Validade da Intimao por e-mail...................................... 126
2.4.7.Citao e intimao postal.................................................. 1282 5 SEGURANA DA INFORMAO.........................................131
2.5.1. Validade dos Documentos digitais....................................131
2.5.2. Garantias individuais........................................................ 132
2.5.3. A falta de assinatura digital...............................................132
2.5.4. A Lei nos EUA.................................................................. 133
2.5.5. Projetos pioneiros no Brasil...............................................135
2.5.6. Iniciativas regulamentadoras............................................. 137
m - A RECEPO DA LEI 9.900/99 PELO
JUDICIRIO BRASILEIRO...........................................................140
3 1 0 PODER JUDICIRIO NO BRASIL....................................140
3.1.1.Estrutura do Judicirio............................ .................... ...... 140
3.1.2.Encruzilhada do Judicirio..................... .......................... . 141
3.1.3.Reforma.do Cdigo de Processo Civil............................... 142
3.1.4.Viso.alternativa do Judicirio........................................... 142
3.1.5.Abrangncia da rea de estudo...........................................144
3.2 NORMATIZAO NOS TRIBUNAIS SUPERIORES.........149
3.2.1.Recepo pelo STF da Lei 9.800/99...................................149
3.2.2.A.posio do TST.............................................................. 150
3 3 TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS................................. .151
3.3.1.TRF da 1" Regio............................................................... 151
3.3.2.TRF da 4* Regio................................. ..............................152
3.3.3.Justia Federal de Braslia.................................................. 154
3.3.4.Justia Federal do Esprito Santo........................................155
3.3.5.Justia Federal do Rio Grande do Norte............................ 156
3.3.6.Peties eletrnicas na JFRJ.............................................. 157
3.3.7.Automao na Seo Judiciria de Rondnia.....................158
3 4 TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO........................ 159
3.4.1.TRT da 2 Regio............................................................... 159
3.4.2.TRT da 3* Regio...............................................................161
3.4.3.TRT da 4 Regio...............................................................164
3.4.4.TRT 15Regio......................... ....................................... 165
3 ,4.5.Fax no TRT da 15* Regio................................................. 167
3.4.6.TRT da 18 Regio............................................................ 169
3.4.7.19^ vara do Trabalho do D F.............. ................................ 1713 5 JUSTIA ESTADUAL: A POSIO DO TJSC................... 171
3.5.1.Normatizao da comunicao on Um ......................... .....1763.5.2..Provimento 34/98 do TJSC............................................... 177
3.5.3.Recebimento de peties e intimaes............................... 180
3 6 RECEPO PELA JUSTIA DE 1 GRAU................... ......180
3.6.1.0 pioneirismo de Campinas............................................... 182
3.6.2.5 Vara Criminal de So Paulo.......................... ................183
3.6.3.Kit.protocolo virtual.......................................................... 184
3.6.4.Mogi das Cruzes.................................................. ..............185
3.6.5.Boa.Vista........................................................................... 195
rv - ESTUDO DE CASO : TRT DA 12' REGIO.................................187
4.1.Consideraes iniciais: aprimoramento.................................187
4.2.Pesquisa.in loco.................................................................... 1894.3.Noes.gerais sobre o Sistema.................................... ..........195
4.4..Avaliao..............................................................................219
CONSIDERAES FINAIS.................................................................... 221
BIBLIOGRAFIA...................................................................................... 226
ANEXOS............................................................................ .......................239
I - Termos Tcnicos....................................................................239
n - Jurisprudncia....................................................................... 249
RESUMO
A Lei 9.800/99 permite s partes a utilizao de sistema de transmisso de dados
para a prtica de atos processuais. Esta possibilidade cria uma nova perspectiva de atuao
do poder Judicirio, na medida em que o uso de alguns recursos da Intemet, como o
correio eletrnico, auxiliam a celeridade da tramitao processual, alm de facilitar o
acesso de amplas camadas da populao justia. O que se pretende debater nesta
Dissertao a maneira pela qual os rgos judiciais brasileiros recepcionaram o referido
diploma legal, ressaltando as divergncias interpretativas verificadas entre os tribimais. Ao
mesmo tempo procede-se a um amplo levantamento sobre as posies doutrinrias defendidas sobre o tema, refletindo assim as preocupaes sobre os limites e as
possibilidades da Lei 9.800/99. A informatizao do Judicirio e o uso das novas
tecnologias inserem-se em um novo campo de estudo, reflexo do estgio atual de
desenvolvimento da Sociedade, que algims autores caracterizam como uma Sociedade em
Rede. Nesta etapa de transio entre a industrializao e a informacionalizao, o novo
paradigma passa a ser o conhecimento, a conexo em rede, a realidade virtual, cujo cone
a Internet. Nos quatro captulos da dissertao as relaes entre Judicirio e tecnologia tm
como balizamento a questo central do acesso justia. Defende-se a idia de que toda
inovao deve contribuir para tomar mais transparente esta instituio fundamental do
regime democrtico, que o Judicirio. Ao mesmo tempo, considera-se que no h
democracia quando o acesso aos rgos judiciais no pleno. Portanto, as tecnologias
devem propiciar que partes, advogados e terceiros interessados possam mais rapidamente
peticionar, tomar conhecimento de decises, pesquisar bases de dados e interagir no
processo de defesa de direitos. Assim que a Lei 9.800/99, analisada na presente
Dissertao, pode ser considerada como uma norma avanada, adequada aos novos
tempos, que proporciona a realizao de tais objetivos. Evidente que se os tribimais a
interpretarem de maneira restritiva, muito do seu potencial ser obscurecido. A transmisso
de dados a que se refere a norma deve contemplar todos os meios possveis e no apenas o
fax. Uma interpretao extensiva, por outro lado, coloca a Lei 9.800/99 como um
verdadeiro instrumento servio da democracia e da cidadania. o que se quer demonstrar
nesta pesquisa.
RESMEN
La Ley 9.800/99 que permite a las partes la utilizacin de sistema de trasmisin
de datos para la prctica de actos procesuales. Esta posibilidad crea una nueva
perspectiva de actuacin del poder Judicirio, a medida que el uso de algunos recursos de
la Intemet, como el correo electrnico, auxilian la celeridad de la tramitacin procesual,
adems de facilitar el acceso de amplias camadas de la poblacin a la justicia. Lo que se
pretende debatir en esa Disertacin es la manera por la cual los rganos judiciales
brasilenos recepcionaron al referido diploma legal, resaltando las divergencias
interpretativas verificadas entre los tribxmales. Al mismo tiempo se procede a un amplio
levantamiento sobre las posiciones doctrinarias defendidas sobre el tema, reflejando las
preocupaciones sobre los limites y las posiblidades de la Ley 9.800/99. La
informatizacin del sistema Judicirio y el uso de las nuevas tecnologias se insertan en un
nuevo campo de estudio, reflejo del estagio actual de desarrollo de la Sociedad, que
algunos autores caracterizan como una Sociedad en Red. En esta etapa de transicin
entre la industrializacin y la informacionalizacin, el nuevo paradigma pasa a ser el
conocimiento, la conexin en red, la realidad virtual, cuyo icono es la Intemet. En los
cuatro captulos de la Disertacin, las relaciones entre Judicirio y tecnologia tienen
como balizamiento la cuestin central del acceso a la justicia. Se defiende la idea de que
toda iimovacin debe contribuir para tomar ms trasparente esa institucin fimdamental
del rgimen democrtico, que es el Judicirio. Al mismo tiempo, se considera que no
haya democracia cuando el acceso a los rganos judiciales no es pleno. Por lo tanto, las
tecnologias deben propiciar que partes, abogados y terceros interesados puedan ms
rpidamente peticionar, tomar conocimiento de decisiones, pesquisar bases de datos e
interaccionar en el proceso de defensa de derechos. Asi es que la Ley 9.800/99, analizada
en la presente Disertacin, puede ser considerada como una norma avanzada, adecuada a
los nuevos tiempos, que proporciona la realizacin de tales objetivos. Es evidente que si
los tribxmales la interpretan de manera restritiva, mucho de su potencial ser obscurecido.
La trasmisin de datos a la que se refiere la norma debe contemplar todos los medios
posibles y no solamente el fax. Una interpretacin extensiva, por outro lado, pone la Ley
9.800/99 como un verdadero instrumento a servicio de la democracia y de la cidadania.
Es lo que se quiere demostrar en esta pesquisa.
LEI 9.800, DE 26 DE MAIO DE 1999.
Permite s partes a utilizao de sistema de transmisso de dados para a prtica de
atos processuais.
O PRESIDENTE DA REPBLICA
Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 permitida s partes a utilizao de sistema de transmisso de dados e
imagens tipo fac-smile ou outro similar, para a prtica de atos processuais que dependam
de petio escrita.
Art. 2 A utilizao de sistema de transmisso de dados e imagens no prejudica o
cumprimento dos prazos, devendo os originais ser entregues em juzo, necessariamente, at
cinco dias da data de seu trmino.
Pargrafo nico. Nos atos no sujeitos a prazo, os originais devero ser entregues,
necessariamente, at cinco dias da data da recepo do material.
Art. 3 Os juizes podero praticar atos de sua competncia vista de transmisses
efetuadas na forma desta Lei, sem prejuzo do disposto no artigo anterior.
Art. 4 Quem fizer uso de sistema de transmisso toma-se responsvel pela
qualidade e fidelidade do material transmitido, e por sua entrega ao rgo judicirio.
Pargrafo nico. Sem prejuzo de outras sanes, o usurio do sistema ser
considerado litigante de m-f se no houver perfeita concordncia entre o original
remetido pelo fac-smile e o original entregue em juzo.
Art. 5 O disposto nesta Lei no obriga a que os rgos judicirios disponham de
equipamentos para recepo.Art. 6 Esta Lei entra em vigor trinta dias aps a data de sua publicao.
Braslia, 26 de maio de 1999; 178 da Independncia e 111 da Repblica.
14
INTRODUO
O tema da presente Dissertao a Informatizao e o processo digital, delimitado
sob a tica da Informatizao do Judicirio e Processo Digital, averiguando os seus limites
e possibilidades a partir da recepo da Lei 9.800/99. A pesquisa formulada tendo como
problemtica central o reconhecimento de que com o advento desta norma legal dois
caminhos se colocam diante do Judicirio brasileiro: ele pode utilizar os recursos da
Internet, como o e-mail e a transmisso de imagens on Une para a realizao de atos processuais, ou ento considerar que a permisso contida na Lei 9.800/99 limita-se
utilizao do fac-smile (fax). Questiona-se, portanto, de que maneira a Lei pode ser
entendida no contexto da informatizao do Judicirio brasileiro e de que forma foi
recepcionada por esse Poder.
No desenvolvimento do tema, surgem, pelo menos, trs hipteses. A primeira leva
em conta que tal Lei deve ser interpretada de forma extensiva, constituindo-se em
importante instrumento de modemizao do Judicirio, capaz de acelerar o processo
judicial e ampliar o acesso Justia. A segunda considera que, assim como entendem o
Supremo Tribunal Federal e demais tribunais superiores, a Lei 9.800/99 surgiu da
necessidade de regulamentar a utilizao do fax no processo, cuja prtica j vinha sendo
reconhecida como vlida pela jurisprudncia brasileira. Por fim, uma terceira hiptese
admite que a modemizao do Judicirio questo vital para a sobrevivncia do Poder,
sob pena de ser substitudo por outros mecanismos de deciso, como a mediao e a
arbitragem. A Lei 9.800/99, desse modo, insuficiente para proporcionar a modemizao
do Judicirio, pois a crise do poder estrutural.
O estudo de tal temtica justifica-se pela constatao de que, dentre os vrios
aspectos da chamada crise do Judicirio, que concordamos est inserida no contexto geral
da crise do Direito e do Estado, uma est mais diretamente relacionada com a questo do
acesso justia: a morosidade do processo judicial.
15
A possibilidade de que certos atos processuais possam vir a ser agilizados, com
certeza tm reflexos imediatos na celeridade da prpria prestao jurisdicional. Neste
sentido, o advento da Lei 9.800/99 materializa esta expectativa, visto que ao admitir a
realizao de atos processuais via fax ou outro meio similar de transmisso de dados, o
texto viabiliza a utilizao dos recursos da Internet para a agilizao do processo judicial.
O tema foi acolhido em funo da divergncia interpretativa verificada quando da
adequao da Lei 9.800/99 pelo Judicirio brasileiro. Ao se proceder a um levantamento
nos tribunais superiores, tribimais federais e tribimais regionais (de justia e do trabalho),
verifica-se que alguns deles - a comear pelo Supremo Tribunal Federal - interpretaram a
Lei restritivamente, ou seja, entendendo que ela somente autorizava o uso do fax para a
realizao de determinados atos processuais escritos.
Entretanto, constata-se que no caso do Judicirio de segundo grau, e o catarinense
bem exemplificativo, tanto no Tribunal de Justia quanto no Tribunal Regional do
Trabalho, ambos de Santa Catarina, a interpretao foi a mais larga possvel. A Lei
9.800/99 passou a justificar o uso das redes de comunicao, como a Intemet e a Intranet,
para diversos atos processuais - como a petio, a contestao ou a intimao. Na pesquisa
sobre o tema, fica registrado que o Tribunal de Justia do Distrito Federal utilizara
modernos recursos tecnolgicos de comunicao para a realizao de uma audincia on
line, distncia.Para usar tais recursos, seria necessrio que os prprios tribunais dispusessem de
sistemas informticos - tanto de softwares quanto de hardwares - adequados. E mais
ainda: todas as informaes deveriam ser disponibilizadas ao pblico, visto que a Intemet
uma rede aberta, pblica. Logo, caberia pesquisar como os rgos do Judicirio brasileiro
estavam mostrando sua face ao pblico consumidor, qual a qualidade de seus stios, qual a
extenso dos contedos e das informaes, enfim, quais as condies de navegabilidade
pelas pginas dos tribunais.A atualidade de tal tema justificou tambm uma pesquisa in loco nos tribunais
catarinenses, o que foi feito no TRT da \T Regio, entrevistando os responsveis pelos
setores de informtica, medindo com que fi-eqncia os advogados e demais operadores
jurdicos aproveitaram as possibihdades abertas pela Lei 9.800/99.
16
O objetivo geral desta Dissertao identificar se a Lei 9.800/99 possibilita ao
Judicirio brasileiro a utilizao dos recursos da Internet para a realizao de atos
processuais ou se esta permisso est restrita ao uso do fac-smile (fax), bem como
proceder esta identificao a partir da anlise da recepo pelo Judicirio brasileiro da
referida Lei. Entre os objetivos especficos destacam-se a anlise dos principais aspectos
da Sociedade em rede, ou seja, como se processa a informacionalizao dos meios de
produo, quais as caractersticas do Direito Digital e qual a influncia da Internet
enquanto novo paradigma de comunicao e, por fim, mostrar como o Judicirio brasileiro
integrou-se realidade digital, avaliando seu processo de informatizao, as divergncias
interpretativas na recepo da Lei 9.800/99.
Quanto metodologia empregada, no que se refere ao mtodo de abordagem, a
pesquisa foi trabalhada pelo ngulo do mtodo indutivo; o mtodo de procedimento
utilizado foi o monogrfico e a tcnica de pesquisa adotada foi a bibliogrfica e
jurisprudencial, com utilizao de documentao indireta, na abordagem terica. Foram
feitas entrevistas e verificaes in loco para anlise dos procedimentos adotados pelo TRT
catarinense.A teoria de base que sustenta a pesquisa realizada leva em conta os conceitos de
Sociedade em rede, de Manuel Castells e de comunidades virtuais, de Pierre Lvy, para
compreender o fenmeno ora estudado. No plano do direito processual, e em especial da
legislao que permite a realizao dos atos processuais atravs da rede, busca-se a
doutrina de novos juristas que tratam do tema utilizando o prprio recurso da Internet.
Alm da Introduo e das Consideraes Finais, o tema est ordenado em quatro
captulos, alm de anexos, que contemplam glossrio, legislao e jurisprudncia.
O primeiro captulo traa uma radiografia do grau de informatizao do Judicirio
brasileiro, informando sobre os procedimentos que est sendo adotados nas trs esferas
jurisdicionais, tendo em vista a prestao de uma justia mais clere e eficaz. As novas
tecnologias esto sendo implantadas rapidamente e os dirigentes pblicos reconhecem a
necessidade de ao conjunta entre os diversos poderes.No segundo captulo promovida uma discusso doutrinria sobre os limites e as
possibilidades da Lei 9.800/99, que tem como objetivo no s demonstrar a sua
17
importncia no sentido de facilitar o acesso justia como tambm identificar alguns
pontos restritivos no referido diploma legal.
O terceiro captulo revela a maneira pela qual o poder Judicirio no Brasil
recepcionou a Lei 9.800/99, desde o Supremo Tribunal Federal at a justia de primeiro
grau, passando pelos tribunais intermedirios, sejam eles da justia comum ou da justia do
trabalho.
Por fim, no quarto captulo, toma-se como estudo de caso tanto o processo de
informatizao quanto recepo da Lei 9.800/99 pelo Tribunal do Trabalho da 12
Regio, do Estado de Santa Catarina.
necessrio ressaltar, desde j, que os aspectos relacionados com a
regulamentao geral da Internet no Brasil no sero aqui abordados. O debate em tomo
dos aspectos civis e comerciais da rede - e-commerce, contratos eletrnicos, tributao, direitos do consumidor - est produzindo uma literatura considervel por parte dos
doutrinadores. Entretanto, no fazem parte do objeto do presente estudo.
Da mesma forma a presente dissertao no entra em consideraes sobre o
processo de formao e de representao das instituies jurdicas. As vras concepes
sobre o papel do Estado e do poder Judicirio, quais os interesses que eles representam, a
participao dos segmentos sociais na definio das polticas pblicas, enfim, todas as
variveis que implicariam em uma anlise critica scio-poltica cedem lugar a uma anlise
exclusiva do texto legal e sua recepo pelo Judicirio.
Deixa-se claro que esta uma opo meramente metodolgica, no significando
qualquer alienao ou desconhecimento da realidade ou das foras econmicas e sociais
que formatam e configuram as instituies juridicas e polticas. 0 uso das tecnologias para
tomar a justia mais acessvel e democratizar o poder Judicirio pode ser defendido tanto
pelo magistrado altemativo quanto pelo moderado; aplica-se no modelo de Estado
brasileiro, norte-americano, chins ou cubano.
O estudo das instituies polticas e juridicas tem tradicionalmente destacado o
papel do Estado e dos seus poderes, em especial o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.
O Estado refiete a organizao e a correlao de foras entre os diversos agentes que
18
constituem a Sociedade. Esta, por sua vez, segundo CASTELLS\ assume hoje uma nova
configurao, podendo ser caracterizada como uma Sociedade em rede.
De outro lado, no h dvidas de que os processos informticos, e em especial a
Internet, constituem o principal paradigma dessa nova Sociedade. A rede das redes, criada
na dcada de 60 para uso militar, num momento histrico de disputa pela hegemonia entre
as superpotncias (USA e URSS), ganhou rapidamente o universo acadmico e em meados
da dcada de 90 explodiu comercialmente, com o desenvolvimento da WWW^, que
[possibilitou a transmisso de textos, sons e imagens atravs do computador, em tempo real.
O paradigma emergenteSegundo KUHN^, paradigmas
"... so as realizaes cientficas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e solues modelares para uma comunidade de praticantes de uma cincia...Um paradigma aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente uma comunidade cientfica consiste em homens que partilham um paradigma".
Decidir rejeitar um paradigma, segvmdo ele, sempre decidir simultaneamente
ceitar outro e o juzo que conduz a essa deciso envolve a comparao de ambos os
aradigmas com a natureza, bem como sua comparao mtua.I
A etapa atual de transio paradigmtica, e ainda segundo KUHN, a transio de
um paradigma em crise para um novo est longe de ser imi processo cumulativo obtido
atravs de imia articulao do velho paradigma." antes uma reconstruo de reas de estudos a partir de novos princpios... Durante o perodo de transio haver uma grande coincidncia (embora nunca completa) entre os problemas que podem ser resolvidos pelo antigo paradigma e os que podem ser resolvidos pelo novo".
E completa:
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Traduo de Roneide Venncio Majer. (A era da informao: economia, sociedade e cultura; v. 1). SP: Paz e Terra, 1999, p.38.2 W W W : World Wide Web, sigla utilizada para representar a Internet - a grande rede mundial. KHN, Thomas S. A Estrutura das Revolues Cientificas. Coleo Debates. 3. ed. SP: Perspectiva, 1989, pp. 13 e 219.
19
"A transio para um novo paradigma uma revoluo cientfica... Embora o mundo no mude com uma mudana de paradigma, depois dela o cientista trabalha em um mundo diferente".
O Estado na Sociedade em rede
No desenvolvimento desta nova Sociedade, cabe ao Estado um papel ftmdamental,
conforaie CASTELLS^:
"... embora no determine a tecnologia, a Sociedade pode sufocar seu desenvolvimento principalmente por intermdio do Estado. Ou ento, tambm principalmente pela interveno estatal, a Sociedade pode entrar num processo acelerado de modernizao tecnolgica capaz de mudar o destino das economias, do poder militar e do bem-estar social em poucos anos. Sem dvida, a habilidade ou inabilidade de as Sociedades dominarem a tecnologia e, em especial, aquelas tecnologias que so estrategicamente decisivas em cada perodo histrico, traa seu destino a ponto de podermos dizer que, embora no determine a evoluo histrica e a transformao social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacidade de transformao das Sociedades, bem como os usos que as Sociedades, sempre em processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnolgico".
O Estado exerce um fator decisivo, na medida em que o seu papel, seja
interrompendo, promovendo, seja liderando a inovao tecnolgica, um fator decisivo no
processo geral, medida em que expressa e organiza as foras sociais dominantes em um
espao e em uma poca determinada. Em grande parte, a tecnologia expressa a habilidade
de uma Sociedade para impulsionar seu domnio tecnolgico por meio das instituies
sociais, inclusive o Estado.
A principal caracterstica da Sociedade em rede, para CASTELLS, que
transaes de capital so realizadas em fraes de segundo, empresas utilizam jornada de
trabalho flexvel com tempo varivel de servio. H uma indeterminao do ciclo de vida e
KUHN, Thomas S. Op. cit. p. 116. CASTELLS, Manuel. Op. cit p. 56.* CASTELLS, Manuel. Op. cit. p. 489.
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uma cultura do tempo virtual. Estes so todos fenmenos fundamentais caractersticos da
Sociedade em rede, que sistematicamente mistura a ocorrncia dos tempos.
Em uma de sua obras mais recentes, LVY salienta:
"... nunca antes as mudanas das tcnicas, da economia e dos costumes foram to rpidas e desestabilizantes. A virtualizao consiste justamente a essncia, ou a ponta fina, da mutao em curso. Enquanto tal, a virtualizao no nem boa nem m, nem neutra. Ela se apresenta mesmo como o movimento do "devir outro" do humano. Antes de tem-la, conden-la ou lanar-se s cegas a ela, proponho de que se faa o esforo de apreender, de pensar, de compreender em toda a sua amplitude a virtualizao".
Para o filsofo francs, o virtual no se ope ao real, mas sim ao atual. A
virtualizao pode ser definida como o movimento inverso da atualizao. No mundo
digital - prossegue -, a distino do original e da cpia h muito perdeu qualquer
pertinncia. O ciberespao est misturando as noes de unidade, de identidade e de
localizao.
Neste sentido, LVY* destaca que
"Os rituais, as religies, as morais, as Leis, as normas econmicas ou polticas so dispositivos para virtualizar os relacionamentos fundados sobre as relaes de fora [...] Uma conveno ou um contrato tornam a definio de um relacionamento independente de uma situao particular; independente, em princpio, das variaes emocionais daqueles que o contrato envolve; independente da flutuao das relaes de fora. Uma Lei envolve uma quantidade indefinida de detalhes virtuais dos quais somente um pequeno nmero explicitamente previsto em seu texto".
> 9Demonstrando seu otimismo em relao ao ciberespao, ressalta LEVY :
"Em geral me consideram um otimista... Meu otimismo, contudo, no promete que a Internet resolver, em um passe de mgica, todos os problemas culturais e sociais
LVY, Pierre. O que o virtual ? Traduo de Paulo Neves. 3 Reimpresso. SP: Ed. 34,1999, p. 12.* LVY, Pierre. Op. cit. p.77. LEVY, Pierre. Cibercultura. Traduo de Carlos Irineu da Costa. SP: Ed. 34, 1999, p.l 1.
21
do planeta. Consiste apenas em reconhecer dois fatos. Em primeiro lugar, que o crescimento do ciberespao resulta de um movimento internacional de jovens vidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicao diferentes daquelas que as mdias clssicas nos propem. Em segundo lugar, que estamos vivendo a abertura de um novo espao de comunicao, e cabe apenas a ns explorar as potencialidades mais positivas deste espao nos planos econmicos, polticos, cultural e humano".
Esta nova Sociedade, na avaliao de DRUCKER*,
"... no uma 'Sociedade anticapitalista' nem uma 'Sociedade no-capitalista'. O centro de gravidade - sua estrutura, sua dinmica social e econmica, suas classes sociais e seus problemas sociais - diferente daquele que dominou os ltimos duzentos e cinqenta anos e definiu as questes ao redor das quais se cristalizaram os partidos polticos, grupos e sistemas de valores sociais e compromissos pessoais e polticos. O recurso econmico bsico - 'os meios de produo' - no mais o capital, nem os recursos naturais, nem a 'mo-de-obra'. Ele e ser o conhecimento".
Histria e novos direitos
BOBBIO parte do princpio de que novas demandas implicam novos direitos. Por
isso:"No preciso muita imaginao para prever que o desenvolvimento da tcnica, a transformao das condies econmicas e sociais, a ampliao dos conhecimentos e a intensificao dos meios de comunicao podero produzir mudanas na organizao da vida humana e das relaes sociais que criem ocasies favorveis para o nascimento de novos carecimentos e, portanto, para novas demandas de liberdade e de poderes" .
DRUCKER, Peter. A sociedadeps-capitalista. Traduo de Nivaldo Montingelli Jr. 6. ed. SP: Pioneira, 1997, p. XVI. BOBBIO, Norberto. A Era dos direitos. Traduo de Carlos Nelson Coutinho. 10. ed. RJ: Campus, 1992, p. 34.
22
Em seguida o autor italiano cita alguns exemplos que confirmariam sua tese:
"Para dar apenas alguns exemplos, lembro que a crescente quantidade e intensidade das informaes a que o homem est submetido fazem surgir, com fora cada vez maior, a necessidade de no ser enganado, excitado ou perturbado por uma propaganda macia ou deformadora; comea a se esboar, contra o direito de expressar as prprias opinies, o direito verdade das informaes. No campo do direito participao no poder, faz-se sentir na medida em que o poder econmico se torna cada vez mais determinante nas decises polticas e cada vez mais decisivo nas escolhas que condicionam a vida de cada homem. 0 campo dos direitos sociais est em contnuo movimento: assim como as demandas de proteo social nasceram com a revoluo industrial, provvel que o rpido desenvolvimento tcnico e econmico traga consigo novas demandas que hoje no somos capazes nem de prever" .
OLIVEIRA TLOSIOR' , a partir de BOBBIO, salienta que alm dos direitos de
primeira, de segunda, de terceira e de quarta gerao - que corresponderiam aos direitos
polticos, sociais, difusos e bioticos - h que se acrescentar os direitos de quinta gerao,
assim definidos :
"Direitos da realidade virtual, que nascem do grande desenvolvimento da ciberntica na atualidade, implicando no rompimento de fronteiras tradicionais, estabelecendo conflitos entre pases com realidades distintas, via Internet, por exemplo".
JparaRUTKOWSKI'^
"... a Internet, bem como todas as suas aplicaes, constitui abstraes criadas pela realidade material - um fenmeno parecido com o caos, emergindo coletivamente dos computadores e dos componentes de
BOBBIO, Norberto. Idem.OLIVEIRA JUNIOR, Jos Alcebiades. Teoria Jurdica e Novos Direitos. RJ: Lumen Juris, 2000, p.
100. RUTKOW SKI, Anthony. A Internet: uma abstrao no caos. In: VHINDLE, John. A Internet como paradigma: fenmeno e paradoxo. Traduo de Luciano Videira Monteiro. RJ: Expresso e Cultura, 1997, p. 21.
23
rede, arquitetura e instituies... Todos os fenmenos da Internet so um acmulo de abstraes, cada uma em seu prprio domnio...Os nicos componentes reais, isto , fsicos, da Internet, so os computadores que a constituem e as rotas de transmisso, nos quais os sinais digitais viajam de um ponto a outros em jornadas que podem se prolongar desde alguns centmetros ou a alguns milhares de quilmetros, at outro continente. [... [ Os dois maiores atributos da Internet semelhantes aos caos so sua evoluo como um fenmeno auto-organizador e sua auto-semelhana em variadas escalas".
MCCCONNEL'^ considera:
"Enquanto as questes relativas regulamentao do ciberespao passam atravs de governos, os prprios governos tm sido rpidos em perceber o potencial da Internet para aumentar a eficcia e a eficincia governamental. Conforme observou o vice-presidente americano Al Gore, a tecnologia de informao pode ajudar a criar um governo que 'trabalhe mais e gaste menos' . A informao do governo um bem pblico e um recurso nacional valioso".
O processo que estamos vivenciando, segimdo LOJKINE', pode ser caracterizado
como de mutao revolucionria, s comparvel
" inveno da ferramenta e da escrita, no albor das Sociedades de classes, e que ultrapassa largamente a da revoluo industrial do sculo XVIII. A revoluo informacional est em seus primrdios. Ela , primeiramente, uma revoluo tecnolgica de conjunto, que se segue revoluo industrial em vias de terminar. Mas muito mais do que isso : constitui o anncio e a potencialidade de uma nova civilizao, ps-mercantil, emergente ultrapassagem de uma diviso que ope os homens desde que existe Sociedade de classe: diviso entre os que produzem e os que dirigem a Sociedade, diviso j dada entre os que rezavam [...] e os que trabalhavam para eles".
M CCCONNEL Bruce. O Governo e a Internet. In: VHINDLE, John. A Internet como paradigma: fenmeno e paradoxo. Op. cit., p. 8L
LOJKINE, Jean. A revoluo informacional. Traduo de Jos Paulo Netto. SP: Cortez, 1995, p. 11.
24
A influncia da Informtica nas relaes sociais, na avaliao de GOUVA^^,
cada vez mais evidente, na medida em que
"A informtica vem se aproximando cada vez mais do Direito. Por um lado, as novas tecnologias influenciam na prestao da jurisdio, agilizando o poder Judicirio. Por outro lado, a Lei tem de se preocupar com o ingresso da informtica nas relaes sociais. O Estado no pode deixar de se fazer presente neste momento de profundas transformaes causadas pela acelerada revoluo tecnolgica. Com isso, h que se atentar para a importncia da informao e do dado, que devem ser compreendidos como bens jurdicos independentes do contedo que carregam".
Tambm BRASIL** considera que a existncia da Internet indicadora de novos
rumos, pois
"Inquestionveis so as imensas possibilidades que a Internet abre, e podemos mesmo arriscar e dizer que se trata de uma revoluo social, econmica e cultural que poder ser a bssola indicadora de novos rumos, com reflexo na vida pessoal de todos. 0 certo que ns teremos que nos adaptar nova realidade que se apresenta e o direito certamente tambm, porque o saber humano est sendo difundido por esta rede de computadores interligados, que aproxima as pessoas e torna o mundo bem menor".
A importncia do estudo jurdico do ciberespao bem definida por DINIZ* , ao
lembrar que
"Com o advento da informtica, no alvorecer no novo milnio, surge o Direito da Internet, como um grande desafio para a cincia jurdica por descortinar, como diz Huxley, 'um admirvel mundo novo', diante do enorme clamor provocado ao levantar questes polmicas de difcil soluo [...]Essa problemtica gerada pelo Direito na Internet tem grande relevncia na
GOUVA, Sandra. O Direito na Era Digital. RJ; Mauad, 1997, p. 41.BRASIL, ngela Bittencourt. Informtica Juridica: O Ciber Direito. RJ: A. Bittencourt Brasil, 2000,
ESM O FILHO, Adalberto (coord.) SP:Edipro, 2000, p. 20.
.13. DINIZ, Maria Helena, Direito & Internet - Aspectos jurdicos relevantes. DE LUCCA, Newton e
25
atualidade, no s pela sua complexidade como tambm pelo riqueza de seu contedo terico-cientfico e pelo fato de no estar, normativa, jurisprudencial e doutrinariamente bem estruturada".
Importncia da Informtica Jurdica
Na opinio de OLSEN DA VEIGA^, essa revoluo tecnolgica afeta o Direito e
tambm o seu ensino. A questo que se coloca como preparar o operador do Direito para
esse novo momento da vida em Sociedade. Ele afirma que possvel inter-relacionar
Direito e informtica em dois campos principais, a saber: a) a regulao da vida em
Sociedade no que se refere ao uso das novas tecnologias; b) a utilizao, pelos operadores
do Direito, das vantagens e facilidades trazidas pelas novas ferramentas.
Quanto ao primeiro item, diz OLSEN DA VEIGA ^*que
"Os operadores do Direito devem estar preparados para analisarem, interpretarem e apresentarem solues para situaes e conflitos oriundos da existncia e do uso das novas tecnologias funcionando no seio da Sociedade. So atos e fatos novos que invariavelmente vo s mos dos operadores do Direito para serem estudados, defendidos, julgados. Tambm cai no campo de atuao dos profissionais do Direito orientar cidados, rgos pblicos, empresas e outras instituies, quanto s implicaes jurdicas das novidades trazidas pela revoluo da informtica e a estudar e prestar assessoria elaborao de normas adequadas ao novo momento da Sociedade e reviso de normas antigas, que se mostrem inadequadas nova situao".
No que se refere ao segundo item, o autor entende que os operadores do Direito
devero conhecer a utilizao da informtica como prestimosa ferramenta, possibilitando-
os trabalhar eficientemente com computadores e a informtica, manejando, com
desenvoltura, dentre outros, programas de processamento de textos, bases de dados.
OLSEN DA VEIGA, Luiz Adolfo. O ensino do Direito e a informtica. In: ROVER, Aires(org.)Direito, Sociedade e Informtica : limites e perspectivas da vida digital. Florianpolis : Fundao Boiteux, 2000, p .l8 .
OLSEN DA VEIGA, Luiz Adolfo. Idem.
26
navegao na Internet, pesquisas de temas jurdicos, legislao e jurisprudncia nos
inmeros stios que existem no ciberespao, especializados na rea jurdica.
Em tomo destes objetivos, o Curso de Direito da Universidade Federal de Santa
Catarina tem aprimorado nos ltimos anos a pesquisa em Informtica Jurdica^^, mantendo
um bem equipado Laboratrio e estimulando a realizao de Teses, Dissertaes e
Trabalhos de Concluso de Curso (TCC), seja na graduao ou na ps-graduao.
Nmero de usurios no Brasil
Ao se analisar as relaes entre as novas tecnologias e o poder Judicirio,
necessrio levar em conta que cerca de 10 milhes de usurios, nesse momento.
Ver no endereo eletrnico: httD:ifoiur.cci.ufsc.br. Acessado em 29 ago. 2000.01.Ttulo: Representao do conhecimento legal em sistemas especialistas : o uso da tcnica de
enquadramento. Autor: Aires Jos Rover. Tipo: Tese. Data: 2000. Orientador : Dr. Leonel Severo Rocha. 02. Ttulo: A Transmisso de TV por Satlite, a Comunicao de Massa e o Direito a Informao. Autor: Maria Adelaide Salles da Rosa. Tipo: Dissertao. Data: 1979. Orientador: Dr. Paulo Henrique Blasi. 03. Ttulo: O Direito e a Tecnologia. Autor: Luiz Adolfo Olsen da Veiga. Tipo: Dissertao. Data: 1982. Orientador: Dr. Alcides Abreu. 04. Ttulo: A Informtica Juridica e a Prestao Jurisdicional Trabalhista - uma proposta concreta. Autor: Humberto D'vila Rufmo. Tipo: Dissertao. Data: 1985. Orientador: Dr. Paulo Henrique Blasi. 05. Ttulo: Informtica: da tutela juridica da privacidade ao segredo da indstria blica. Autor: Rogrio Silva Portanova. Tipo: Dissertao. Data: 1987. Orientador: Dr. Paulo Heruique Blasi. 06. Ttulo: A Informatizao no Cotidiano do Direito - Estudo na contraprestao entre o interesse pblico e a privacidade na perspectiva operacional do controle dos processos judiciais. Autor: Alberto Nunes Lopes. Tipo: Dissertao. Data: 1991. Orientador: Dr. Clvis de Souto Goulart. 07. Ttulo: A Proteo a Vida Privada e o Direito a Informao. Autor: Rosane Portella Wolff. Tipo: Dissertao. Data : 1991.Orientador: Dr. Osvaldo Ferreira de Melo. 08. Ttulo: Segurana Pblica e Informtica: experincia de SC. Autor: Rita de Cssia Pacheco. Tipo: Dissertao. Data: 1992. Orientador: Dr. Vohiei Ivo Carlin. 09. Ttulo: A dupla face Ideolgica da Informtica Juridica: uma tcnica a servio de Estados Democrticos e Totalitrios? Autor: Elene Nicolaus Antonakopoulo. Tipo: Dissertao. Data: 1992. Orientador: Dra. Olga Maria Boschi de Aguiar. 10. Ttulo: A Internet e o Direito. Autor: lvaro Augusto Portella Trento Colle Casagrande. Tipo: Dissertao. Data: 1996. Orientador: Dr. Lus Alberto Warat. J em relao aos Trabalhos de Concluso de Curso, na rea da disciplina de Informtica Jurdica do curso de Direito da UFSC, de 1997 at 1999 foram apresentadas as seguintes monografias: Ol.Ttulo: Questes Jurdicas Relacionadas Internet. Autor: Gustavo Testa Corra. Orientador: Luiz Adolfo Olsen da Veiga. 02. Titulo: A Propriedade Intelectual dos Programas de Computador. Autor: Daison Fabricio Zilli dos Santos. Orientador: Jose Isaac Pilati 03. Titulo: Proteo Jurdica dos Direitos de Propriedade Intelectual sobre Software: Eficcia e Adequao. Autor: Andr Lipp Pinto Basto Lupi. Orientador: Joo dos Passo Martins Neto. 04. Titulo: A Informtica no Curso de Direito da UFSC: Importncia e Significncia para os Profissionais, de Direito. Autor: Flamarion de Bona Sartor. Orientador: Luiz Adolfo Olsen da Veiga. 05 .Titulo: Contratos Eletrnicos. Autor: Alberto Joo da Cunha Junior. Orientador: Paulo Marcondes Brincas. 06. Tmlo: 0 Impacto do Avano da Tecnologia de Software na Aplicao da Lei 9.609, de 19 de fevereiro de 1998. Autor: Francisco Carlos Becsi. Orientador: Jos Isaac Pilati. 07. Ttulo : Direito e Internet : A regulamentao do ciberespao. Autor : Luis Carlos Cancellier de Olivo. Orientador. Luiz Adolfo Olsen da Veiga. 08. Ttulo : Documentos Eletrnicos {estrito sensu) e a sua Validade Jurdica. Autor: Dinemar Zoccoli. Orientador: Luiz Adolfo Olsen da Veiga.
27
encontram-se em condies de usufruir as possibilidades ditadas pela utilizao da Internet
na prestao jurisdicional.
Assim que se julga relevante apresentar os dados levantados pelo instituto de
pesquisa rBOPE "*, que desde 1998 vem realizando consultas nas nove principais regies
do pas para averiguar o nmero de intemautas no Brasil. A ltima delas, efetuada no ms
de novembro de 2000, apontou a existncia de 9,8 milhes de pessoas conectadas rede.
Os nmeros apresentados pelo IBOPE so os seguintes;
1 pesquisa
Em maro de 98, quando foi realizada a T edio da Internet POP, 29% dos
usurios de computador entrevistados pelo IBOPE MDIA acessavam a rede mundial de
computadores, sendo que 42% visitavam a Internet diariamente e 30%, semanalmente. Os
nmeros referem-se apenas s nove principais praas do Pas (So Paulo, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Distrito Federal).
So Paulo era a cidade com mais intemautas, 47%, seguida pelo Rio de Janeiro,
com 18%, e pelo Distrito Federal e Belo Horizonte, 7% cada uma. 65% dos intemautas
usavam a Intemet para navegar e 57% para passar e receber e-mails
2* pesquisa
A 2 edio da Pesquisa Intemet POP apurou que 6% da populao dos nove
principais mercados do Brasil utilizavam o computador para acessar a Internet. A grande
maioria, 86%, pertencia s classes A e B e 58% era do sexo masculino. A pesquisa foi
realizada entre julho e agosto de 98. Outra informao mostrava ainda que a maior parte
dos entrevistados acessava a rede de casa - 39% contra 26% que conectava do trabalho e
14% de ambos. Outros 11% acessavam a Internet da casa de amigos e/ou parentes.
Navegao era a atividade mais utilizada, seguida de perto por passar e receber e-
mails A atividade mais praticada pelos intemautas na poca era a navegao pelos stios,
citada por 66% dos usurios, seguida de passar e receber e-mails, com 62%. Participar de
chats - salas virtuais de bate-papo - ficava em terceiro lugar, com 43%.
Ver no endereo eletrnico; httD;//www.ibope.com.br. Acessado em 15 dez. 2000.
http://www.ibope.com.br
28
3 pesquisa
A 3 edio da pesquisa Internet POP mostrava que a rede mundial de
computadores fazia parte do universo de 7% dos 15.115 entrevistados pelo IBOPE nas
nove principais regies do Pais. Em nmeros absolutos, cerca de 2,5 milhes de
intemautas. Uma mostra da potencialidade do mercado de Internet no Brasil na poca
podia ser evidenciada pela presena de computadores e da posse de linhas telefnicas nos
domiclios dos entrevistados.
Outra informao da pesquisa mostrava que a Internet era acessada por pelo menos
duas pessoas em 66% dos domiclios pesquisados. Tambm havia um nmero expressivo
de lares com at trs pessoas onde existia apenas um intemauta, indicando a possibilidade
de expanso dos acessos dentro dos domiclios.
Metade dos entrevistados que conectavam a rede disse que navegava pelas
homepages, passava e recebia e-mails simultaneamente nos ltimos seis meses anteriores
data da pesquisa. J 18% apenas navegava por homepages, quantidade prxima dos que
disseram que apenas recebiam e passavam e-mails. Os que mais utilizavam e-mails tinham, em sua maioria, idade superior a 50 anos, enquanto quem mais navegava pelas homepages
tinha de 20 a 24 anos. No geral, os que mais utilizavam a Internet dessas duas formas eram
os intemautas de 25 a 29 anos.
4 pesquisa
O nmero de usurios em junho de 99 nas nove principais regies metropolitanas
atingia 3,3 milhes. A 4 edio da Pesquisa Internet POP, de jimho de 99, realizada nas
nove maiores regies metropolitanas do Pas, diagnosticava uma acelerao no ritmo do
crescimento do nmero de usurios. Mais 750 mil pessoas aderiram rede em comparao
com o levantamento de dezembro de 98. Ou seja, a 4 edio detectou a existncia de 3,3
milhes de intemautas, uma penetrao de 9%. O Pas permanecia dentro do ranking das
dez naes que mais utilizavam a rede em todo o planeta.
A pesquisa revelava um ritmo "absurdo" de crescimento no acesso rede, segundo
a expresso do diretor de Audincia do IBOPE Mdia, Antnio Ricardo Alves Ferreira.
"Sinceramente, no esperava verificar um salto to grande" - comentou referindo-se ao fato
29
de em relao a dezembro de 98, o ndice de crescimento ter atingido 30%. O percentual
toma-se mais importante quando comparada a um fator da cena econmica - a elevao do
dlar -, que tomou os computadores mais caros aos brasileiros.
A expanso da oferta de linhas telefnicas, a tendncia ao barateamento do preo
das assinaturas de provedores e a notoriedade da rede, cujas qualidades eram exortadas
diariamente pelas mdias tradicionais, ajudaram a entender o porqu, mesmo aps a crise
do cmbio, o brasileiro cada dia mais se dedicava a buscar informao, compras e lazer
pela rede.
5 pesquisa
A 5 edio da Pesquisa Intemet Brasil, realizada pelo IBOPE Mdia em dezembro
de 99, revelou a existncia de 3,3 milhes de Intemautas, ou seja, 9% da populao das
nove principais regies do Pas. Em comparao com a pesquisa anterior, de junho, no foi
registrado crescimento da rede.
Em contrapartida, a pesquisa constatou crescimento, entre maro de 98 e dezembro
de 99, do parque de computadores com capacidade de acesso rede. O percentual passou
de 40%. Segundo o diretor de Audincia do IBOPE, Antnio Ricardo Alves Ferreira, os
64% dos entrevistados que possuem infra-estmtura domiciliar e gostariam de ter acesso
Intemet correspondem a 3% do universo total dos entrevistados. "Isso representa um
potencial de crescimento imediato na contratao de servios de acesso domiciliar
Internet, enquanto que o potencial absoluto de crescimento considerando apenas a infra-
estrutura atual (computador + telefone) de 5%", analisou.
6 pesquisaA 6 edio da Pesquisa Internet POP, realizada em fevereiro de 2000, apurou que o
nmero de intemautas cresceu um milho e 200 mil nos dois meses anteriores data do
estudo. As principais causas do crescimento foram o aumento da infr-estrutura (como a
expanso da rede de telefonia fixa), o maior uso do computador e a chegada dos
provedores gratuitos. Os nmeros referem-se apenas s nove principais praas do Pas.
30
T pesquisa
A T edio da pesquisa Internet POP, realizada em maio nas nove principais praas
do Pas mostrava que apenas 14% dos intemautas haviam feito compras pela rede mundial
de computadores. Em dezembro, quando foi realizada a 5 edio da pesquisa, o percentual
era de 15% - as festas de final de ano podem ter influenciado as compras on line.
Como a quantidade total de intemautas cresceu de dezembro a maio, em nmeros
absolutos os percentuais representavam, respectivamente, 510 mil e 670 mil compradores
on line.Em comparao 6 edio da pesquisa, realizada em fevereiro de 2000, a T
mostrava que o crescimento da rede nas nove principais praas do Pas no chegou a 1 %.
O estudo detectava 4,8 milhes de usurios nestas regies - 13% da populao total
pesquisada, de 38 milhes de indivduos com 10 anos ou mais.
8 pesquisaNos prximos seis meses, cerca de 4,7 milhes de consumidores tm inteno de
conectar-se Internet por computador e 1,9 milho pretende comprar um celular com
WAP, que permite acesso rede mundial de computadores. Ou seja, cerca de 13% e 5% da
populao das nove maiores praas do Brasil (So Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Distrito Federal). A informao da
8 edio da Pesquisa Intemet POP, realizada pelo IBOPE Mdia entre 24 de agosto e 6 de
setembro de 2000.A 8 edio da Pesquisa Internet POP mostra que 19% da populao das nove
principais regies do Brasil acessa a Internet, ainda que de vez em quando. Ao todo, so
7,2 milhes de Intemautas. A maior parte, 72%, ainda pertence s classes A e B e do
sexo masculino, 53%.
9 PesquisaEm uma nova rodada de pesquisa realizada no ms de novembro de 2000, o
IBOPE, em conjunto com a empresa de consultoria e-Ratings, indicou que cerca de cinco
milhes de brasileiros acessaram a Web pelo menos uma vez no ms de novembro.
31
Contados os usurios menos ativos, pode-se dizer que o nmero de intemautas no pas
chegou a 9,8 milhes no perodo.^^
Segundo a consultoria, os brasileiros gastaram, em novembro, 7 horas e 12 minutos
conectados Internet. Os homens ainda so maioria no mundo virtual, com 56,4% da
audincia, com uma mdia de 8 horas e 30 minutos de navegao. J as mulheres so mais
econmicas no acesso: costumam ficar cerca de 5 horas e 32 minutos conectadas.
Quanto aos stios mais visitados, o IBOPE apresentou o seguinte ranking: 1 -
UOL.com.br - 3,1 milhes de usurios - 63,48%; 2 - BOL.com.br - 2 milhes - 40,4% ; 3 -
cade.com.br - 1,9 milho - 38,8%; 4 - terra.com.br - 1,6 milho - 33,7%; 5 - geocities.com
- 1,5 milho - 32%; 6 - ig.com.br -1,4 milho - 29,6%; 7 - cjb.net - 1,2 milho - 24,5% ; 8
- hpg.com.br - 1,18 milho - 23,8%;9 - zip.net - 1,13 milho - 22,7%; 10 - msn.com - 1,11
milho - 22,27%.
PEIXOTO Fabrcia Pais tem 9,8 milhes de intemautas. In: Jornal do Brasil, 18 dez. 2000.
32
A TECNOLOGIA NOS TRIBUNAIS
Apresentao
Neste primeiro captulo a tecnologia nos tribimais analisada a partir de um
levantamento feito dos recursos utilizados pelo Supremo Tribunal Federal e tambm pelos
tribimais superiores, pela Justia federal (comum e do trabalho) e comum de segundo grau.
Ao final do captulo destaca-se a realizao da 5 Conferncia de Tecnologia nos
Tribunais, realizada nos Estados Unidos da Amrica, alm de introduzir o debate sobre o
acesso justia.
1.1. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
1.1.1.Lentido da prestao jurisdicional
Em entrevista ao jornalista Boris Casoy,^ o Ministro Carlos Velloso, Presidente do
STF, reconheceu que a prestao jurisdicional, obrigao do Estado, acaba se tomando
ineficaz em razo da demora, da lentido, admitindo, ao final, que este o grande
problema da justia brasileira.
Vislumbrou, entretanto, nos meios modemos de comunicao, na computao e na
Internet, uma possibilidade de reverter este quadro prejudicial ao acesso justia. Admitiu
que o grau de informatizao nos tribunais superiores e nos de segundo graus, de modo
geral, est num estgio adiantado.
CASOY, Boris. Entrevista do Ministro Carlos Velloso no programa Passando a Limpo, da Rede Record, em 22 jul. 1999.Veja entrevista, na ntegra, no endereo eletrnico: httD://200.130.4.8/netahtml/noticias.html. Acessado em 01 jun. 2000.
33
Embora reconhea que os tribunais esto engajados nessa moderna revoluo dos
computadores, advertiu que o mesmo no ocorre na primeira instncia. Disse o Ministro
VELLOSO que h vrios judicirios no territrio brasileiro."H juizes por a que no tm sequer mquina de escrever. Esse tipo de mquina atualmente virou pea de museu, mesmo assim h juizes que no as tm. Na capital de muitos Estados, h juizes que datilografam as suas sentenas. Na capital do meu Estado, Minas Gerais, o presidente da AMAGIS, Elpdio Donizete, me informava que os juizes no tm uma secretria para auxili-los; eles datilografam as suas sentenas; eles no tm uma pessoa para atender porta do gabinete, o telefone."
1.1.2.Sesses transmitidas via Internet
VELLOSO^^ anunciou que j a partir de fevereiro de 2001 o Supremo
redimensionar sua rede, com o triplo do nmero atual de estaes de trabalho, tomando o
sistema mais rpido, com a utilizao de um link exclusivo via Embratel, com todos os
sinais transmitidos por meio digital ou fibra tica.
Conforme o presidente do STF, todos os servios intemos do Tribunal j esto
integrados e que suas sesses plenrias sero transmitidas, na Intranet, on line, com voz e imagem. Tambm est prevista a execuo do Infojus - Rede Informtica do poder
Judicirio - que interligar todas as unidades e instncias do poder Judicirio no Pas e a
servir de elo para a lUDICIS, a rede intemacional do poder Judicirio.
1.1.3.Pesquisadores avaliam homepages
O Instituto Jurdico de Inteligncia e Sistemas (UURIS), que congrega
pesquisadores das reas de Direito, Engenharia e Computao da Universidade Federal de
Santa Catarina desenvolveu uma metodologia especfica para avaliar as homepages do
Judicirio brasileiro, de acordo com critrios objetivos e cientficos. Foram analisados o
STF tem projeto arrojado na rea da informtica. In: Revista Consultor Jurdico, 25 de dezembro de 2000.Endereo eletrnico: http://cf6.uol.com.br/consultor/view.cfm?numero=4154&ad=c. Acessado em 27 dez. 2000.
http://cf6.uol.com.br/consultor/view.cfm?numero=4154&ad=c
34
contedo e os servios on Une dos tribunais do pas, bem como os sistemas de pesquisa
jurisprudencial e a disposio visual das informaes.
No perodo de 1 de outubro a 15 de novembro de 1999 foi procedida anlise,
realizada em quatro etapas: a)delimitao do universo de pesquisa: Tribxmais de Justia
dos Estados, Tribunais Superiores, Tribunais Regionais Eleitorais, Tribimais Regionais do
Trabalho e Tribunais Regionais Federais. Das 91 pginas, 76 foram consideradas passveis
de avaliao e submetidas nova seleo, centrada nos servios bsicos on Une. As 27
com melhor desempenho passaram por uma avaliao mais detalhada, que apontou as
vencedoras.Os nmeros finais apresentaram uma diferena muito pequena entre os dez finalistas.
Segundo os coordenadores da pesquisa, isso demonstra que a boa qualidade da Justia
brasileira na Internet no um fato isolado.
Resultado
1. Tribunal de Justia da Paraba
2. Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina
3. Tribunal de Justia do Distrito Federal e Territrios
4. Tribunal de Justia de Santa Catarina
5. Tribunal Superior Eleitoral
6. Superior Tribunal de Justia
7. Supremo Tribunal Federal
8. Tribunal de Justia do Rio de Janeiro
9. Tribunal Regional Federal da 2 Regio
10. Tribunal Regional Federal da 4 Regio
1.1.4.Justla democratizada
Em palestra proferida no III Congresso de Magistrados Paranaenses -
Magistratura de Cidadania no ms de julho de 1997, em Curitiba (PR), a Desembargadora
do Tribunal de Justia do Distrito Federal - Secretria-Geral da Escola Nacional da
35
Magistratura, Ftima Nancy Andrighi reconheceu a procedncia das crticas feitas ao
poder Judicirio brasileiro, no que concerne ao seu desempenho, especialmente quanto
morosidade na entrega da prestao jurisdicional. A pendncia de processo judicial ou a
falta de condies de acesso soluo de um problema jiirdico est, segundo ela,
cientificamente comprovado pela medicina, que causa sofiimento que se manifesta sobre
forma de aflio, de angstia, evoluindo para os males psicossomticos.
Na avaliao da Desembargadora, uma das principais exigncias da modernidade a
informatizao das sees de julgamento nas Cortes, no se admitindo que, por conta da
burocracia, a elaborao de um acrdo seja procrastinada em at duzentos dias, contados
entre a data do julgamento e a de publicao do mesmo.Disse ANDRIGHI:
. imprescindvel mudana de mentalidade dos operadores do Direito, principalmente dos membros do poder Judicirio que devero estar atentos ao fiel cumprimento dos princpios orientadores da conduo procedimental, consubstanciados na oralidade,simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade".
As prprias instalaes fisicas do Judicirio foram criticadas pela magistrada, que
tomando como referncia as salas de audincia dos Juizados Especiais, para que sejam
compatveis com a Justia do Terceiro Milnio, s podem ser concebidas com gravadores,
microcomputadores ou o uso da estenotipia computadorizada com a decodifcao em
tempo real. A in fo rm atizao e a in s ta la o moderna da J u s t i a E sp ec ia l so im periosas, sob pena de violarroos o p r in c p io da o ra lid a d e , em m uito pouco tempo, frustrarm os a esperana do
p rocesso rp ido d e s ta vez descumprindo o p r in c p io da o ra lid a d e ,
acrescentou.
O quadro por ela apresentado refiete a realidade de trs anos atrs, ao apontar
algumas das causas e razes que impediriam um juiz da Justia tradicional de designar
mais de duas audincias de instrao por tarde :
ANDRIGHI, Ftima Nancy. A democratizao da Justia. Revista da Escola da magistratura do Estado de Rondnia, n.4, 1998. Endereo eletrnico: http://www.ti.ro.gov.br/boletim/revista4/revista4.htm. Acessado em 25 nov.1999.
http://www.ti.ro.gov.br/boletim/revista4/revista4.htm
"So as vetustas mquinas de escrever, geralmente com problemas mecnicos, as deficincias pessoais dos datilgrafos, os incidentes que surgem em face das divergncias havidas entre o juiz e advogado na colheita da prova testemunhal, quanto compreenso da pergunta e, principalmente quanto resposta e o seu correspondente registro. Todos esses fatores fazem com que as audincias se prolonguem muito mais do que o programado, impedindo, que se cumpra a pauta diria. No tenho dvidas de que se fossem gravadas ou registradas mediante a estenotipia computadorizada atendendo ao princpio da oralidade, teriam os juizes condies de ampliar o nmero de designaes de audincias de instruo por dia".
A nova Justia, que ela conceituou de Justia do Terceiro Milnio s poderia ser
concebida informatizada, adequadamente instalada e compatvel com o uso de mtodos
modernos. A poca m que vivemos nos chama com veemncia s mudanas rpidas em
um mundo cada vez mais interligado e mais intercultural, no qual se inserem a
administrao e a prpria noo de Justia.
Em meio s inmeras dificuldades e s crescentes exigncias sociais, a soluo para
a crise do poder Judicirio interlaa-se, inexoravelmente, aos ventos da modernidade, no
s dos instrumentos, como das idias da comunidade jurdica. imperioso que se realize
uma reengenharia no poder Judicirio, submetendo-o a um processo de qualidade total,
quer quanto a sua estrutura, quer quanto a seus membros e funcionrios, reavivando o
esprito idealista esmaecido por inmeras razes.
A concretizao de todas as esperanas depositadas nos Juizados Especiais ata-se
submisso do sistema, a um processo de simplificao, racionalizao e desburocratizao
do enredado e complexo problema processual, nica forma de amenizar os caminhos
speros do procedimento. Cabe aos juizes, segundo ANDRIGHI, essa relevante tarefa e,
principalmente, a de no deixar passar in albis a oportunidade mpar de reabilitar a imagem
da Justia brasileira.
36
37
1.1.5. Rede Informtica do Judicirio
O Ministro Carlos Velloso^ assinou em novembro de 2000 a Portaria 156, que
busca implementar o INFOJUS - Rede Informtica do Poder Judicirio. Ele anunciou que
est reservada uma verba de R$ 50 milhes para adquirir, na fase inicial, 2 mil estaes de
trabalho para as Comarcas dos Estados de Gois, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Minas Gerais.
O texto da Portaria n 156/2000 o seguinte:
"0 PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, NO USO DE SUAS ATRIBUIES LEGAIS E REGIMENTAIS,Considerando a supervenincia da Rede Informtica . do poder Judicirio - INFOJUS, destinada a interligar todas as Unidades e instncias da Justia no Pas; Considerando a previso de recursos no Plano Plurianual de Atividades - PPA para o perodo de 2000-2003, objeto da Lei n 9.989, de 21.07.2000;Considerando que est em curso procedimento licitatrio no STF destinado aquisio inicial de 2.000 (duas mil) estaes de trabalho para as Comarcas dos Estados de Gois, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais;Considerando a complexidade do assunto, o elevado grau de tecnologia requerido, as exigncias de velocidade de acesso e segurana das informaes, bem como os indispensveis requisitos de funcionalidade,simplicidade, uniformidade e economicidade;Considerando que as aes de desenvolvimento, implantao e manuteno da Rede devem ser planejadas, integradas e adequadamente gerenciadas;RESOLVE:Art. 1 Instituir Comisso Interdisciplinar composta de magistrados e especialistas em informtica, para estudar, debater e propor aes, com base no Projeto Preliminar desenvolvido no STF:GUDESTEU BIBER SAMPAIO, Desembargador do Tribunal de Justia de Minas Gerais, Presidente da Comisso; LEONARDO ALAM DA COSTA - Secretrio de Informtica do Supremo Tribunal Federal, Coordenador Tcnico da Comisso; ROBERTO SIQUEIRA, Secretrio de Informtica do Tribunal de Justia de Minas Gerais, Secretrio da Comisso; ARNO WERLANG, Desembargador do Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul; PEDRO VALLS FEU ROSA, Desembargador do Tribunal de Justia do Esprito Santo;
Justia interligada. Revista Consultor Jurdico, 18 dez. 2000. Endereo eletrnico: httD://cf6.uol.com.br/consultor. Acessado em 27 dez. 2000.
38
EDISON APARECIDO BRANDO, Juiz da 5* Vara Criminal do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, representante da Associao dos Magistrados Brasileiros - AMB; SRGIO EDUARDO CARDOSO, Juiz da Seo Judiciria de Santa Catarina, representante da Associao dos Juizes Federais do Brasil - Ajufe; PAULO CSAR BHERING CAMARO, Secretrio de Informtica do Tribunal Superior Eleitoral; ROBERTO PETRUFF, Secretrio de Informtica do Conselho da Justia Federal; LUIS CARLOS SALETI, Secretrio de Informtica do Tribunal Superior do Trabalho e ELIZEU GOMES DE OLIVEIRA, Secretrio de Informtica do Superior Tribunal Militar.Art. 2 A Comisso se reportar ao Ministro-Presidente do Supremo Tribunal Federal.Art. 3 A Secretaria do Supremo Tribunal Federal prestar o apoio tcnico e administrativo necessrio ao desenvolvimento dos trabalhos da Comisso. Art. 4 As despesas de desenvolvimento e implantao da Rede, includos eventuais gastos com dirias e passagens, correro conta dos recursos do PPA consignados ao Supremo Tribunal Federal.Art. 5 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicao.Braslia, 28 de novembro de 2000.Ministro CARLOS VELLOSO".
1.1.6. Repositrio de informaes em Banco de Dados
O BNDPJ - Banco Nacional de Dados do Poder Judicirio^, servio elaborado pelo
STF e disponibilizado em sua homepage o mais completo repositrio de informaes sobre o Judicirio brasileiro, com links para o prprio STF, para os Tribunais superiores, para a Justia Comum e Justia especializada e o Movimento forense nacional.
No que se refere Corte Suprema nacional, o BNDPJ informa sobre a Composio
do STF, o Movimento Processual - 1940 a 2000, os Processos registrados, distribudos e
julgados por classe processual, os Processos registrados e julgados de competncia do
Presidente, as Aes originrias distribudas, as Aes Diretas de Inconstitucionalidade, as
Aes Declaratrias de Constitucionalidade, a percentagem de RE (Recurso
30 Endereo eletrnico: bttp://200.130.5.5/bndpi/STF.htm. Acessado em 10 jun.2000.
39
Extraordinrio) e AG (Agravo Regimental) em relao aos processos distribudos e os
Processos Protocolados por ramo do Direito
Quanto ao Superior Tribunal de Justia disponibiliza dados sobre a Composio do
STJ, os Processos Distribudos e Julgados - 07.04.89 a 31.12.99 , os Embargos de
Declarao e Agravos Regimentais e os Processos distribudos e julgados por classe
processual - 1995 a 1999
J nos links do Tribunal Superior do Trabalho encontram-se dados sobre a
Composio do TST - Ministros Togados e Classistas, o Movimento Processual de 1990 a
1998 e um quadro completo sobre a Justia do Trabalho em todas as regies do Pas.
As principais informaes sobre a Justia Comum catalogadas pelo Banco de
Dados esto relacionadas com os Processos entrados e julgados no 1 Grau - 1990 a 1999,
os Processos entrados e julgados no 2 Grau (TJ) - 1990 a 1999, os Processos entrados e
julgados no 2 Grau - 1990 a 1999, os Processos entrados e julgados no 1 e 2 Graus:
1997, 1998 e 1999, os Juizados Especiais Cveis e Criminais no ano de 1998, o Percentual
de Juizes em relao aos cargos providos e em relao populao - Abril/98, o nmero
de Desembargadores e percentual de vacncia - 1998, os Tribunal de Alada: n de
Juzes/Juzas no ano de 1998 e os Municpios e Comarcas por Unidade Federativa
Na rea especfica da Justia Especializada o servio aponta para a Justia Federal,
a Justia do Trabalho, a Justia Eleitoral e a Justia Militar, sendo esta subdividida em
Justia Militar Federal e Justia Militar Estadual.
Quanto Justia Federal esto disponveis dados sobre os Processos distribudos e
julgados no 1 Grau - 1989 a 1999, os Processos remetidos pelas varas aos Tribunais
Regionais Federais, os Processos distribudos e julgados nos TRFs - 1989 a 1999, os
Processos distribudos e julgados em relao aos cargos de Juiz no ano de 1999 e links para
a Justia Federal de 1 Grau e os Tribunais Regionais Federais
Por fim possvel avaliar os nmeros relativos ao Movimento Forense Nacional,
com ndices sobre o Percentual de Juzes/Juzas em relao a cargos providos e percentual
de vacncia em 1998, as Justias Comum, Federal e do Trabalho de 1 Grau, as Justias
Comum, Federal e do Trabalho de 2 Grau, os Processos entrados e julgados - 1990 a 1998,
as Justias Comum, Federal e do Trabalho de 1 Grau e os Tribunais de Justia, Alada,
Regionais Federais e do Trabalho
40
1.1.7.Sistema Push no STF
O Supremo Tribunal Federal disponibiliza para seus usurios o sistema Push^^, no
qual o advogado pode se cadastrar e informar os processos de seu interesse, ou ainda
indicar se deseja receber o Informativo STF. Sempre que houver andamento nos processos
relacionados e sempre que houver novo informativo, o sistema envia automaticamente
estas informaes atravs de um e-mail. Se o advogado j cadastrado, deve utilizar o
boto para eventuais atualizaes no seu cadastro e na lista de
processos de interesse. O servio Push de carter meramente informativo, no tendo, portanto cunho oficial.
O Informativo do STF^ , por seu turno, elaborado a partir de notas tomadas nas
sesses de julgamento das Turmas e do Plenrio, contm resumos no-oficiais de decises
proferidas pelo Tribunal. Para efeitos de validade jurdica, o STF adverte que a fidelidade
de tais resumos ao contedo efetivo das decises, embora seja uma das metas perseguidas
neste trabalho, somente poder ser aferida aps a sua publicao no Dirio da Justia.
l.l.S.Inteiro Teor no STF
Atravs deste servio^ , o STF toma disponvel, em formato imagem, o inteiro teor
dos acrdos publicados entre 1950/1999. So duas as formas de se obter o inteiro teor de
um acrdo: a) selecionando o link Acrdos - Inteiro Teor e fornecendo diretamente a classe e o nmero do processo que deseja; b) pesquisando no link Jurisprudncia, e selecionar um dos processos encontrados na pesquisa e clicar no cone.
Para a utilizao deste servio necessrio que o microcomputador disponha de
software plug-in com capacidade de exibir imagens no formato Tiiff. Somente com um
programa deste tipo possvel visualizar as imagens enviadas. Existem vrios desses
programas disponveis na Internet para download, inclusive a partir do prprio stio do
STF.
Ver no endereo eletrnico; http://www.stf.gov.br/email/push.aSP. Acessado em 04 mar.2000.Ver no endereo eletrnico; http;//200.13Q.4.8/netahtml/informativo.html. Acessado em 05 jun.2000. Ver no endereo eletrnico; http;//200.130.4.20/teor/inteiro teor.aSP . Acessado em 08 fev.2000.
http://www.stf.gov.br/email/push.aSP
41
Quando feita a solicitao de visualizao do inteiro teor de um acrdo, o
usurio tem acesso a uma lista de documentos que compem o processo. Por exemplo, ao
solicitar o inteiro teor do acrdo ' da ADIn-66 (Ao Direta de Inconstitucionalidade),
sero mostradas as seguintes opes; Ementa/Acrdo, Relatrio, voto do Ministro Paulo
Brossard e Extrato da Ata. Cada uma destas opes um link e na medida em que se clicar
sobre a opo de interesse, uma nova tela ser mostrada com as suas barras de navegao.
1.1.9.Sistema de Acompanhamento Processual
Os dados solicitados nas pesquisas de Acompanhamento Processual do STF
podem ser digitados com letras maisculas ou com letras minsculas. A tela com o
resultado da consulta composta com as informaes de classe, nmero, data de
distribuio, Ministro Relator, nome das partes, advogados e os andamentos (informao
sobre a situao do processo).Para todos os processos consultados estaro disponveis as informaes: Detalhes -
Contm as informaes sobre o protocolo, procedncia, quantidade de folhas, data da
autuao e o assunto a que se refere (matria no julgada); Peties - relao das peties
avulsas impetradas sobre o processo; Recursos - relao dos recursos impetrados sobre o
processo; Deslocamentos - informao sobre a localizao fsica do processo.
Existe ainda a possibilidade de obteno de informaes a partir dos seguintes
comandos:
a) Consulta por Classe e Nmero do Processo, que permite a recuperao dos
processos autuados no STF. Deve ser indicada sempre a classe principal do processo. Nos
casos de recursos, necessrio usar o boto que aparecer na tela de resultado
da consulta. Selecionada a classe, o cursor posicionado sobre a seta do lado direito da
opo. Acionando-se o mouse, aparecer uma lista com todos os tipos de classe. Neste
momento o usurio deve escolher a classe atravs da barra de rolagem ou ento digitar a
letra inicial da classe, at aparecer a desejada. Na consulta pelo nmero do processo, o
procedimento idntico.
Ver no endereo eletrnico: http://200.130.4.20/teor/it.aSP?classe=ADI&processo=66. Acessado em 16 jul.2000.
http://200.130.4.20/teor/it.aSP?classe=ADI&processo=66
42
b) Consulta por Nmero de Protocolo, que permite a consulta de processos
protocolados no STF, a partir dos seguintes passos: informar o nmero de protocolo,
posicionando o cursor sobre a caixa da opo e acionar o mouse; digitar o nmero de
protocolo do processo a ser pesquisado; informar o ano, posicionando o cursor sobre a
caixa da opo e acionando o mouse; digitar o ano em que o processo foi protocolado e por
fim acionar o boto .
c) Consulta por Classe e Nmero do Processo na Origem, que permite a
recuperao de processos protocolados ou autuados na origem : selecionar a origem,
posicionando o cursor sobre a seta do lado direito da opo e acionar o mouse. Aparecer
uma lista com todas as origens que possuem processos protocolados no STF. Deve esto
ser escolhida a origem atravs da barra de rolagem ou digitar a letra inicial da origem, at
aparecer a desejada. Classe: posicionar o cursor sobre a caixa da opo e acionar o mouse,
digitando a classe do processo na origem; nmero: posicionar o cursor sobre a caixa da
opo e acionar o mouse e digitar o nmero do processo na origem.
d) Consulta por Nome da Parte, que permite a recuperao de processos pelo nome
de qualquer uma das partes, inclusive os advogados. Esta pesquisa no admite o uso de
conectores (e, ou, adj, etc.) e nem de caracteres acentuados. Portanto, na opo de consulta
por nome da parte, inicialmente a pesquisa deve ser feita digitando o nome sem os acentos
A pesquisa sempre ser mais rpida quando o nome da parte for informado corretamente.
O sistema sempre tentar buscar a ocorrncia a partir da inicial do nome, como no
exemplo:
; Informado". ^
Banco Central Banco CentralBanco Central da economia' - 'i' y
*Banco Central do Brasil '-'rs ^
Banco Central do Brasil - Bacen
H ainda a opo de informar o caractere % , antes do nome desejado, para que o
sistema pesquise no banco de dados todos os nomes de partes que contenham a ocorrncia
informada.
43
;iP*'
ipftBancQlGtitraldjE^nomia
n ^^Banco Central do Brasil ^^ V. H ^ ,O s^ ^V7>C.'kXL!S^\^.x-5Tsr5tt: . ;:''^Vv
Banco Central 1do Brasil - Bacenv
44
Participaram do evento representantes do Tribunal Superior do Trabalho, Supremo
Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justia, Superior Tribunal Militar, Tribunal
Superior Eleitoral, Tribunal Regional Federal da 1 Regio, Conselho da Justia Federal e
Tribunal de Justia do Distrito Federal.
1.2.2.Ligao com a Imprensa Nacional
Desde 14 de abril de 2000 o Tribunal Superior do Trabalho^^ est ligado
eletronicamente Imprensa Nacional, enviando por meio eletrnico todas as matrias
destinadas publicao nos jornais oficiais, como distribuio de processos aos ministros
relatores, pautas das sesses de julgamento e o resumo das decises.
Isto significa, para o Tribunal, economia de papel e, sobretudo mais rapidez nas
publicaes. Para as partes e advogados, h a possibilidade de ter acesso s publicaes do
TST, no Dirio da Justia, pela Internet, no momento em que o jomal comear a circular,
em Braslia. Basta entrar na pgina que a Imprensa Nacional mantm na rede mundial. No
ano de 1999 foram feitas 3 milhes e 900 mil consultas ao stio do TST e at maro deste
ano j haviam sido feitas 2 milhes e 600 mil consultas. O inteiro teor dos acrdos
tambm pode ser obtido pelo mesmo endereo na Internet. Esto disponveis os acrdos
publicados a partir de junho do ano passado. A publicao mantida em dia. Assim que o
TST confere o texto do resumo da deciso trazido pelo Dirio da Justia, a ntegra do
acrdo vai para a pgina do Tribunal na Internet.
1.2.3.Contas pblicas na rede
Todos os tribunais esto disponibilizando em suas homepages as suas compras e
contratos. A medida, que d ainda mais transparncia s instituies, obedece a
determinao do Tribunal de Contas da Unio (TCU), segundo a qual todos os rgos
pblicos devem publicar esses dados na Intemet. As informaes podem ser acessadas pelo
boto Contas pblicas da pgina inicial. Alm dos processos licitatrios em andamento.
Iniciada ligao eletrnica do TST com a imprensa nacional. Ver no endereo eletrnico: http://www.tst.gov.br/ASCS/NOTICIAS/000414in.htm. Acessado em 15.05.2000.
http://www.tst.gov.br/ASCS/NOTICIAS/000414in.htm
45
OS tribimais devem colocar disposio informaes relativas s feitas e os contratos j
assinados, que permanecero no ar at um ano aps a data de sua realizao.
1.2.4.Tecnologia e julgamento rpido
O Superior Tribunal de Justia fechou o primeiro semestre de 1999 com um
nmero de julgados superior ao do mesmo perodo do ano anterior. Em 1998 foram
julgados cerca de 44.500 processos, enquanto que no primeiro semestre, o total chegou a
quase 58 mil.
Segundo o ex-presidente do STJ, ministro Antnio de Pdua Ribeiro^ , o
julgamento recorde tomou-se possvel graas ao esforo exercido pelos ministros e a
informatizao das fases de processamento dos julgados, fazendo com que se reduzissem
os entraves burocrticos que atrasam a deciso dos processos.
Comparativamente, no primeiro semestre de 1998, cada ministro julgou em mdia
1.600 processos, enquanto neste semestre cada um julgou 2mil e 300 aes. Os dados
mostram que a aplicao da Lei n 9.756, de 1998, de iniciativa do prprio STJ, que
modifica a forma de julgamento, vem produzindo os resultados esperados. O nmero de
processos julgados por despacho, aqueles feitos no prprio gabinete, j supera em muito o
de julgados em sesso.
A diferena alcanou a marca de 16.253 processos. PDUA RIBEIRO ressaltou
que em um semestre de CPIs e Reforma do Judicirio, o Tribunal esforou-se para vencer
os desafios que lhe so impostos, procurando com eficincia desempenhar sua misso
constitucional para cada vez mais receber o respeito da sociedade.
1.2.5.STJ Informatizado
Inaugurada em dezembro de 1996, a pgina do Superior Tribunal de Justia na
Internet mantm uma mdia de 70 mil acessos dirios, sendo que a maioria dos visitantes
Informatizao contribuiu para julgamentos rpidos no STJ. Endereo eletrnico: http://www.sti.gov.br/noticias/detalhes. Acessado em 02 jul. 1999.
http://www.sti.gov.br/noticias/detalhes
46
(56%) est a procura da jurisprudncia firmada pelo tribunal e 14%, do acompanhamento
de processos em tramitao. A pgina de notcias, desde que foi criada, recebeu mais de
150 mil acessos.
As vantagens do acesso ao STJ, segundo ROSSI e VANE^A^* so inmeras, tais
como baixo custo, conexo imediata s informaes disponveis na homepage do tribimal
de qualquer parte do pas e do mundo. Alm disso, a pesquisa dos dados no exige
treinamento prvio para os usurios da Intemet.
O sistema Push de acompanhamento processual foi lanado no final do ano
passado, na sede da OAB em So Paulo e permite a advogados ou a qualquer pessoa
receber, por meio de seu endereo eletrnico, as ltimas decises dos julgamentos no STJ
de seu interesse, mediante um cadastro prvio feito na prpria pgina do tribunal, na
Internet. Desde seu lanamento, o Pw/z j tem mais de 3.800 advogados inscritos. Alguns
escritrios chegaram a cadastrar mais de 240 processos.
No incio de maro foi colocado disposio dos usurios da Internet o chamado
inteiro teor dos acrdos publicados pelo STJ. O servio considerado um passo
importante para facilitar aos advogados e ao grande pblico o acesso s decises judiciais,
tomando mais geis os servios jurisdicionais. Ao contrrio do Push, o servio dispensa o
cadastro do usurio para seu acesso.J so mais de 250 mil decises processadas em cerca de um milho de pginas.
Relatrio, voto, ementa, acrdo, certido de julgamento. Todos os dados do processo,
aps o julgamento, esto disponveis na Intemet para consulta. Alm de atender
advogados, juristas e magistrados, estudantes de Direito e jomalistas, podem fazer a
pesquisa sobre grandes casos de interesse da opinio pblica. Mesmo as decises mais
recentes so colocadas