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AUTORIDADES E EMPRESÁRIOS PONTUAM O QUE DE MELHOR ACONTECEU NOS SETORES DE DEFESA E SEGURANÇA AO LONGO DO ANO ESPECIAL Parques Tecnológicos atuam como polos que estimulam e impulsionam a indústria nacional de defesa INFORME Revista Oficial da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança Dezembro, 2014 - Edição 06 RETROSPECTIVA Determinação e senso de oportunidade marcam os 20 anos da RF COM TÚNEL DO TEMPO General Linhares, chefe do EPEx, fala da missão de solidificação de um Exército forte e modernizado VERDE AMARELAS

INFORME ABIMDE DEZEMBRO 2014

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Page 1: INFORME ABIMDE DEZEMBRO 2014

AUTORIDADES E EMPRESÁRIOS PONTUAM O QUE DE MELHOR ACONTECEU NOS SETORES DE DEFESA E SEGURANÇA AO LONGO DO ANO

ESPECIAL

Parques Tecnológicos atuam como polos que estimulam e impulsionam

a indústria nacional de defesa

INFORMERevista Oficial da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

Dezembro, 2014 - Edição 06

retrospectiva

Determinação e senso de oportunidade marcam os

20 anos da RF COM

TÚNEL DO TEMPO

General Linhares, chefe do EPEx, fala da missão de solidificação de um

Exército forte e modernizado

VERDE AMARELAS

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seJa UM associaDo

(11) 3170-1860

Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa

Associação Brasileira das Indústriasde Materiais de Defesa e Segurança

Avenida Paulista, nº 460, 17º andar, cj BBela Vista, São Paulo, SP | CEP 01310-000

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INFORME

EXPEDIENTE

CONSELHO DIRETOR DA ABIMDE PresidenteSami Youssef Hassuani

1o Vice-PresidenteCarlos Frederico Q. de Aguiar

Vice-Presidente ExecutivoCarlos Afonso Pierantoni Gambôa

Vice-PresidentesAntonio Marcos Moraes Barros Celso Eduardo Fernandez Costa Eduardo Hermida Moretti Marcelio Carmo de Castro Pereira André Amaro da Silveira

DiretoresWilson José Romão Gustavo Ramos José Carlos CardosoJorge Ramos de Oliveira JúniorCelso José Tiago

Diretora AdministrativaHeloísa Helena dos Santos

Diretor TécnicoArmando Lemos

CONSELHO EDITORIAL

Jornalista Responsável e Diretora de RedaçãoValéria Rossi | MTB: 0280207

EditoraClaudia Pereira | MTB: 29.849

Diretora de ArteLuciana Ferraz

Repórter EspecialKaren Gobbatto

Editora de FotografiaCarla Dias

RevisoraLeo Briotto

Assistente AdministrativaCássia Ruivo

INFORME ABIMDE é uma publicação da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesae Segurança (ABIMDE)Avenida Paulista, 460, 17o andar, conjunto B,Bela Vista, CEP 01310-000 Tel./Fax: (11) 3170-1860 Escritório Brasília:(61) 8183-0034 Lourenço Drummond Lemos

Produção EditorialRossi ComunicaçãoCorrespondênciaRua Carlos Sampaio, 157, Mezanino,Bela Vista, São Paulo, SP | CEP 01333-021Tel.: (11) 3262-0884 [email protected] Foto capa: ReproduçãoGráfica HR – (11) 3349-6444

04 | EDITORIALIndependência tecnológica

05 | VERDE AMARELASGeneral-de-divisão Luiz Felipe Linhares Gomes, chefe do EPEx, fala da missão de levar a Força Terrestre da Era Industrial para a Era do Conhecimento

10 | CO-PRODUÇÃOEmgepron, em parceria com a belga Mecar, está produzindo munição 105mm para canhões 1A5 BR, US M68, UK L7 e similares

11 | POR DENTRO DA ABIMDEAvanços na defesa por um País mais soberano

12 | MERCADOOdebrecht Defesa e Tecnologia apresenta suas frentes de atuação com foco no desenvolvimento e na soberania do Brasil

14 | ESPECIALA história de três importantes Parques Tecnológicos brasileiros: São José dos Campos e São Bernardo do Campo (SP) e Santa Maria Tecnoparque (RS)

18 | NOTÍCIAS DO SETORNovidades sobre o KC-390, o Sisfron e o Inova Aerodefesa

20 | SEGURANÇA PÚBLICA Andrei Rodrigues, secretário da Sesge, fala da segurança nos Jogos Olímpicos de 2016

29 | ESPAÇO CORPORATIVOAgilidade e Flexibilidade

30 | COMITÊS ABIMDENovidades dos comitês da ABIMDE: COMCIBER e CSTA

32 | ABRIGOS TEMPORÁRIOS Imbel apresenta produtos de alto desempenho adaptado às condições e peculiaridades dos biomas brasileiros e à realidade do Exército

34 | PARCERIADeputado reeleito Carlos Zarattini fala sobre sua relação com o setor e das perspectivas da Frente Parlamentar da Defesa Nacional em 2015

36 | TRAJETÓRIA A história de sucesso da Condor S/A Indústria Química

39 | FRONT VIRTUAL Coronel Fernando Adam, comandante do CIGE, apresenta os desafios do Brasil no que se refere a ataques cibernéticos

40 | TÚNEL DO TEMPO Determinação e senso de oportunidade marcam os 20 anos da RF COM, líder em defesa e broadcast na integração de sistemas

44 | ASSESSORIA JURÍDICAConvênio ICMS 75/91

45 | PONTO DE VISTA Base Industrial de Defesa: Os Primeiros Passos – Parte I

ÍNDICEAno 02 – Número 06

AUTORIDADES E EMPRESÁRIOS PONTUAM O QUE DE MELHOR ACONTECEU NOS SETORES DE DEFESA E SEGURANÇA AO LONGO DO ANO

ESPECIAL PARQUES TECNOLÓGICOS

Parques Tecnológicos atuam como polos que estimulam e impulsionam

a indústria nacional de defesa

INFORMERevista Oficial da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

Dezembro, 2014 - Edição 06

retrospectiva

Determinação e senso de oportunidade marcam os

20 anos da RF COM

TÚNEL DO TEMPO

General Linhares, chefe do EPEx, fala da missão de solidificação de um

Exército forte e modernizado

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INFORME ABIMDE NOV 2014.indd 1 12/2/14 4:04 PM

22 | CAPAAutoridades e empresários da BID falam sobre os eventos mais positivos dos setores de defesa e segurança, ocorridos no Brasil, ao longo de 2014

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Sami Youssef HassuaniPresidente da ABIMDE

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o conhecimento tecnológico está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento. Essa premissa começou a ser difundida a partir da primeira Revolução Industrial, no século XVIII, período que impulsionou o desenvolvimento de novas tec-

nologias e definiu as relações de poder entre as nações, princi-palmente no aspecto econômico. A ideia de que “quem domina o conhecimento tem o po-der” está cada vez mais forte nos dias atuais. Na área de defe-sa, esse tema está ligado ao domínio das tecnologias críticas. Uma nação só atinge a independência tecnológica se os equipamentos e os sistemas tiverem uma rede de fornecedores no País (cadeia produtiva local). É necessário verticalizar as tecnologias críticas e desenvolver uma base abastecedora lo-cal, garantindo assim o crescimento, a soberania e a defesa do Brasil. Alcançar a independência tecnológica, em áreas alta-mente sensíveis, deve fazer parte da estratégia para o desenvol-vimento e a sustentação da base logística de defesa brasileira. O domínio dessas tecnologias para um país é a força motriz para a prosperidade econômica nacional, tecnológica e de segurança, consideradas críticas por interesse nacional (Wagner; Popper 2003). O pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eduardo Siqueira Brick, salienta que para garantir a sua soberania e os seus interesses, nenhum país, que pretenda ser um ator relevante no sistema internacional, poderá prescindir de um complexo tecnológico-científico-industrial capaz de suprir as suas Forças Armadas com os produtos de defesa necessários para enfrentar ameaças que possam vir a ser apresentadas por quaisquer outros países (Brick, 2009). A própria Estratégia Nacional de Defesa (END), abran-gente plano criado pelo governo em 2008, que estabelece as diretrizes da defesa nacional, reforça que a independência deve ser alcançada pela capacitação tecnológica autônoma, inclusive nos estratégicos setores espacial, cibernético e nuclear. Desta-ca ainda que não é independente quem não tem o domínio das tecnologias sensíveis, tanto para a defesa, como para o desen-volvimento. Neste contexto, realizar grandes projetos nacionais não configura independência tecnológica. As iniciativas são louvá-veis e importantes para o desenvolvimento do País, porém não conferem a autonomia tecnológica tão almejada pelas nações. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) fez, em 2011, um diagnóstico da BID (Base Industrial de Defesa). O estudo apresenta propostas de políticas públicas que visam promover a capacitação, expansão, diversificação e

o seu fortalecimento. Dentre elas, estão os instrumentos legais que asseguram os recursos de longo prazo neces-sários para a construção da autonomia tecnológica nacio-nal (pesquisa, desenvolvimento e inovação) nos progra-mas selecionados como estratégicos.

inDepenDência tecnológica

Sami Youssef HassuaniPresidente da ABIMDE

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o Escritório de Pro-jetos do Exército (EPEx) tem uma missão impor-tante, a de levar a Força Terrestre da Era Industrial para a Era do Conhecimento. Esse projeto vem

sendo colocado em prática nos últimos anos e o status de algu-mas ações são relatadas nessa entrevista que o chefe do EPEx, General-de-divisão Luiz Felipe Linhares Gomes, concedeu à Revista Informe ABIMDE. O Ge-neral também ressalta o quanto a Base Industrial de Defesa é importante para a consolidação desse movimento, contribuindo para o desenvolvimento do se-tor de pesquisa e dando suporte à solidificação de um Exército forte e modernizado. Esse processo ganhou força a partir de 2008, segun-do o General, com a criação da Estratégia Nacional de Defesa (END). E deve garantir avanços, ampliando a presença da indús-tria nacional em outros mercados como o civil e o internacional. “Devemos enfatizar, tam-bém, que o domínio tecnológico de áreas sensíveis, como as re-lacionadas à Defesa, possibilita independência e segurança num contexto de possíveis conflitos, além de contribuir para a produ-ção de materiais e serviços de alto valor agregado, incremen-tando a pauta de exportação brasileira”, destaca.

INFORME ABIMDE - O senhor poderia falar um pouco so-bre o papel do Escritório de Projetos do Exército (EPEx) e seu processo de transfor-mação do Exército?

General-de-divisão Luiz Feli-pe Linhares Gomes - Resumi-damente, o processo de trans-formação do Exército, que tem sua origem na Estratégia Nacio-nal de Defesa, buscará transfor-mar uma Força Terrestre da Era Industrial para outra da Era do Conhecimento, sem alterar, no entanto, seus princípios, cren-ças e valores. Nesse contexto, o EPEx tem a missão de gerenciar o portfólio de Projetos Gerado-res de Capacidades, que são os seguintes: Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), Proteger, Astros 2020, Guarani, Defesa Antiaé-rea, Defesa Cibernética e Recop (Recuperação da Capacidade Operacional da Força Terrestre). Para cumprir suas atri-buições, o EPEx possui três se-ções: Coordenação e Integra-ção; Contratos de Produtos de Defesa; e Relações Institucio-nais, que apoiam diretamente a todos os projetos. Além disso, compõe o Escritório uma unida-de de parceria público-privada (PPP) e as equipes de gerencia-mento de cada projeto gerador de capacidade. IA - Como estão os Proje-tos Estratégicos do Exército (PEE)? Poderia citar o status dos principais? General Linhares - Em verda-de, temos dezoito Projetos Es-tratégicos, sendo sete Gerado-res de Capacidades, já citados anteriormente. Todos têm como finalidade se antepor às novas ameaças e permitir que o Exér-cito Brasileiro esteja sempre em prontidão para atender às demandas que a Nação requer de sua Força Terrestre, de acor-do com os novos cenários que

se apresentam. Temos outros onze, chamados Estruturantes, que entregarão ao Exército uma nova estrutura capaz de susten-tar o Processo de Transformação. Em relação aos projetos geradores de capacidades, po-demos dizer que o Projeto Es-tratégico Astros 2020 tem como objetivo dotar a corporação com novos armamentos e munições, com tecnologias militares de ponta que possibilitarão à Força Terrestre dispor de um sistema de apoio de fogo, com capacida-de de empregar foguetes guia-dos e mísseis táticos de cruzeiro com alcance de até 300 km. Atualmente, o projeto encontra-se desenvolvendo o Míssil Tático de Cruzeiro AV-TM 300, o Foguete-Guiado SS-40 e as novas viaturas lançadoras, remuniciadoras, de comando e controle, meteorológica e de apoio ao solo. No entanto, des-de a sua concepção, já foram realizados o projeto de enge-nharia, testes de voos, protóti-pos, definição de insumos agre-gados com elevada tecnologia e pintura com baixa resolução. Já o Sisfron tem como objetivo monitorar, controlar e atuar nas fronteiras terrestres, contribuindo para a inviolabili-dade do território nacional, para a redução dos problemas advin-dos da região fronteiriça e para fortalecer a interoperabilidade, as operações interagências e a cooperação regional. Ressalta--se que o projeto-piloto, na região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, vem trabalhan-do numa faixa de 650 quilôme-tros, que se estende do Rio Apa ao município de Mundo Novo. A ideia é concluirmos essa fase até 2015, após estenderemos o projeto para as outras regiões

exército Brasileiro:entranDo na era Do conheciMento

por Valéria Rossi

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do País, dentro de uma ordem de prioridades. O projeto Proteger busca oferecer ao Brasil uma efetiva capacidade de proteção de suas Estruturas Estratégicas Terres-tres (EETer), em complemento aos sistemas de segurança or-

gânica e de segurança pública já existentes, de modo a minimi-zar e mitigar riscos que possam comprometer a continuidade da prestação de serviços essen-ciais em significativas parcelas do território nacional, com os prejuízos exponenciais decor-

rentes da interdependência das estruturas estratégi-cas. O resumo da situa-ção entre o ano passado e o atual, a respeito do Proteger, é o seguinte: adquiriu viaturas espe-ciais e equipamentos individuais e coletivos para as organizações militares do Exérci-to; realizou obras de adequação em dife-rentes guarnições do País; investiu em ca-pacitação de pessoas

e em sistemas de

simulação; e efetivou o proces-so de contratação de uma em-presa para a revisão do Plano Básico e elaboração do Plano Executivo do projeto. O Defesa Antiaérea tem como objetivo dotar a Força Ter-restre da capacidade de atender às necessidades de defesa das estruturas estratégicas terres-tres do País, defendendo-as de possíveis ameaças provenientes do espaço aéreo. Atualmente, o projeto encontra-se realizando o gerenciamento das ativida-des referentes ao recebimento e operação das primeiras Viatu-ras Blindadas de Combate An-tiaérea GEPARD, recentemente adquiridas do governo alemão, além de obtenção de radares (SABER M 60), de mísseis sue-cos RBS-70 e centros de opera-ções, nível seção antiaérea. Destacamos que o projeto tem como finalidade reequipar

as atuais Organizações Mi-litares de Artilharia Antia-érea do Exército median-te a aquisição de novos meios, modernização dos meios existentes, desenvolvimento de itens específicos pelo fomento à Indústria Nacional de Defesa, capacitação de pes-soal e a implantação de um Sistema Lo-gístico Integrado, para oferecer su-porte aos produtos de Defesa durante todos os seus ci-clos de vida. Em relação ao Projeto Estra-tégico de Defe-sa Cibernética, a finalidade é incluir as For-ças Armadas no restrito gru-

po de organiza-ções nacionais e internacionais, que possuem a capa-cidade de desen-volver medidas

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de proteção e evitar ataques no espaço cibernético. O Projeto, como consequência da sua im-plementação, passou a ganhar forma por meio de dez projetos estruturantes: Organização do Centro de Defesa Cibernética; Planejamento e Execução da Segurança Cibernética; Estru-tura do Apoio Tecnológico e De-senvolvimento de Sistemas; Ar-cabouço Documental; Estrutura de Capacitação e de Preparo e Emprego Operacional; Estrutura para Produção do Conhecimento Oriundo da Fonte Cibernética; Estrutura da Pesquisa Científi-ca na Área Cibernética; Gestão de Pessoal; Rádio Definido por Software (RDS); e Rede Nacio-nal de Segurança da Informa-ção e Criptografia (RENASIC). Atualmente, estamos na fase de implantação e seguindo o cro-nograma previsto no plano do proje-to, e trabalha-se na potencialização da Defesa Cibernética nacional. O Projeto Es-tratégico Recupera-ção da Capacidade Operacional (Recop) tem como objetivo do-tar as unidades operacionais de material de emprego militar em seu nível mínimo de prontidão e operacionalidade, com a fina-lidade de atender às exigências de defesa da Pátria previstas na Constituição da República Fe-derativa do Brasil, assim como às operações de Garantia da Lei e da Ordem e às diversas mis-sões subsidiárias atribuídas ao Ministério da Defesa. Dos 17 Projetos Integrantes, a “Moder-nização da Frota” é o que tem mais impactado o Exército e a Indústria Nacional. A aquisição de novas viaturas pelo EB na in-dústria automobilística nacional, de uma forma geral, colaborou na manutenção de empregos e na criação de novos postos de trabalho, inclusive de transpor-tadoras, também beneficiadas nesse processo. Finalmente, o Projeto Es-

tratégico Guarani tem por ob-jetivo transformar as Organi-zações Militares de Infantaria Motorizada em Mecanizada, e modernizar as Organizações Mi-litares de Cavalaria. Para isso, está sendo desenvolvida a “Nova Família de Viatura Blindada de Rodas”, a fim de dotar a Força Terrestre de meios para incre-mentar a dissuasão e a defesa do território nacional. O Projeto Guarani encontra-se realizando, atualmente, a Experimentação Doutrinária da Infantaria Meca-nizada, o gerenciamento de con-tratos assinados, a readequação de Organizações Militares para receber as novas viaturas, o de-senvolvimento de simuladores, a integração dos sistemas de comando e controle, o gerencia-mento do campo de batalha e os demais softwares da viatura. Já

foram adquiridas 128 viaturas.

IA – Como fica cada projeto para 2015?General Linhares - Foram fei-tos os planejamentos para con-tinuidade das próximas fases dos projetos, tudo consolidado numa proposta de LOA (Lei Or-çamentária Anual), que atende-rá ao Planejamento Estratégico do Exército. Caso seja atendida em sua totalidade a proposta, não haverá solução de continui-dade dos PEE e outras entregas serão disponibilizadas à socie-dade, que é o nosso cliente, ao longo do ano. IA – O senhor acredita que haverá alguma mudança ra-dical na trajetória de alguns deles por conta do gover-no, que inicia em 2015 uma nova etapa? O que falta para que eles decolem?General Linhares - O Governo

Federal tem apoiado as solici-tações do Exército para o aten-dimento ao seu planejamento estratégico, consideradas as possibilidades orçamentárias, e esses PEE, de acordo com a realidade de cada ano, realizam as adaptações de cronograma necessárias, mas em nenhum momento foram interrompidos. IA – Qual a expectativa do Exército com a continuidade do governo?General Linhares – Este Go-verno tem procurado atender aos planejamentos do Exército e temos a expectativa que com sua reeleição continue desti-nando recursos orçamentários compatíveis com as necessida-des dos próximos anos. O mais importante é a direção esta-belecida pelo Comandante do

Exército (Cmt Ex), com a priorização des-tes projetos.

IA – Como ficará o or-çamento em

2015? Já existe alguma es-timativa?General Linhares- Existe uma proposta orçamentária, já enca-minhada ao Congresso Nacio-nal, que retrata as necessidades dos PEE em 2015. Além de nos-sas propostas, que fazem par-te da proposta do Ministério da Defesa (MD), em face da dua-lidade de nossos projetos (apli-cação tanto no meio civil como no meio militar), acredito que poderemos obter emendas par-lamentares, como ocorreu em anos anteriores, que ampliam a nossa capacidade de empenhar recursos na persecução dos ob-jetivos fixados. IA – O Exército terá novida-des em 2015? Novos projetos, pesquisas ou contratações?General Linhares - Esses PEE já foram priorizados pelo Cmt Ex e são considerados os indutores do processo de transformação

Existe uma proposta orçamentária, já encaminhada ao Congresso

Nacional, que retrata as necessidades dos PEE em 2015 “

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que hoje está a todo vapor no Exército. Antes de serem ini-ciados novos projetos, teremos que ter a sinalização de expan-são do nosso orçamento.

IA – Na área de Ciência & Tecnologia, o que podemos esperar do EPEx?General Linhares - A área de C&T é, ao lado da dimensão hu-mana, o setor mais importante dos projetos e, também, do Pro-cesso de Transformação, já que estão baseados na inovação. As-sim, sempre dependeremos de nossa capacidade, e de nossos parceiros da Base Industrial de Defesa (BID) para o desenvolvi-mento de novas tecnologias que responderão aos mandamentos doutrinários que estão em cons-tante evolução. IA – Como a BID pode parti-cipar dos projetos de PPP (Parceria Públi-co-Privada) do Exér-cito? Como funciona este processo? General Linhares - A BID é nossa parceira constante, assim como o meio acadêmico. As potencia-lidades desses dois ramos da hélice da inovação complemen-tam os esforços do EB no campo da P&D de produtos de defesa, e o grande atrativo deste traba-lho conjunto é a dualidade de aplicação dos projetos e a capa-cidade de gerar inúmeras em-presas (spin off). Quanto à PPP, esta é uma modalidade de concessão que estamos estudando para pos-sibilitar de maneira pioneira no nível federal o lançamento de projetos na educação (PPP Colé-gio Militar e Manaus), de Gestão e, na área de C&T, o projeto do Polo Científico e Tecnológico do Exército em Guaratiba (PCTEG) já descrito por um funcionário do MP (Ministério Público) como “um projeto de Estado”. IA – O senhor acredita que

os próximos anos serão mais promissores para a BID den-tro do mercado interno?General Linhares - Acredito que a evolução da BID foi ace-lerada com o advento da Estra-tégia Nacional de Defesa (END), em 2008, e tem a tendência de continuar ampliando para ou-tros mercados, particularmen-te, no nosso entorno estratégico (Américas e África Ocidental). IA – Como o Exército pode apoiar a BID no mercado ex-terno?General Linhares - O Exército já tem prestado esse apoio por intermédio de seus adidos no exterior, que colaboram com a divulgação de nossas Empresas Estratégicas de Defesa (EED), assim como para os diversos adidos dos países amigos cre-denciados no Brasil. Além dis-

so, em eventos internacionais, a presença de comitivas do EB contribui para divulgação das empresas brasileiras. Outra propaganda efeti-va dos PRODE (Produtos de De-fesa) é sua aquisição pelo EB, atestando sua qualidade tecno-lógica e seu desempenho ope-racional. O que mais uma vez justifica orçamentos ampliados. IA – O senhor acredita que o setor de defesa atua como um indutor de desenvolvimento para o nosso País? Como?General Linhares - Além dos empregos diretamente ligados à fabricação dos PRODE, com a dualidade dos produtos e sua capacidade de dar origem a no-vas empresas, mesmo aque-las de menor vulto, é possível ampliar os empregos diretos e indiretos no País. Devemos en-

fatizar, também, que o domínio tecnológico de áreas sensíveis, como as relacionadas à Defesa, possibilita independência e se-gurança num contexto de possí-veis conflitos, além de contribuir para a produção de materiais e serviços de alto valor agregado, incrementando a pauta de ex-portação brasileira. IA – O que falta na opinião do senhor para as empresas de defesa atuarem mais no mercado dual?General Linhares - O EB tem procurado, junto à ABIMDE (As-sociação Brasileira das Indús-trias de Materiais de Defesa e Segurança) e aos departamen-tos de defesa das diversas fede-rações de indústrias estaduais, apresentar seu planejamento estratégico e o seu plano para obtenção das capacidades, vi-

sualizadas como necessárias ao pro-cesso de transfor-mação. Com esta finalidade são reali-zados eventos com a participação dos meios acadêmico e

industrial. Assim, cada vez mais conhecemos necessidades e potencialidades de cada lado e por intermédio dessa integração acho que a atuação das empre-sas de defesa deve ser incre-mentada.

IA – Como o senhor avalia a tecnologia desenvolvida em nosso País? Nossas empre-sas atendem os anseios e necessidades das Forças Ar-madas?General Linhares - O grande desafio para nossa BID é a sus-tentabilidade das empresas. Ou seja, a demanda do mercado atender a manutenção da linha de produção ou de pesquisa. Daí a grande importância do empre-go dual do produto: ampliar as demandas para além das For-ças. Nossa BID tem potenciali-dades e capacidades ilimitadas,

A BID é nossa parceira constante, assim como o meio acadêmico“

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O EB assinou com a ABIMDE um Memorando de Entendimento,

cujo objeto é otimizar a comunicação entre a Força e a BID

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mas deve se reger pelas leis de mercado e, caso não tenha condições de sustentabilidade, não in-vestirá no desenvolvimento de algumas tecnolo-gias puramente de emprego militar. Se for este o caso, nos empurrará para a possibilidade de joint ventures com empresas de outros países e, em último caso, quando imprescindível, a compras internacionais, que nunca serão de grande vulto, até porque é interessante para o Brasil a autono-mia e a independência tecnológicas.

IA - Quais as possibilidades de negócios para a BID dentro do Exército?General Linhares - A busca por conhecer e desenvolver produtos identificados com o nos-so plano de obtenção de capacidades materiais orienta de maneira completa a BID para o que a Força Terrestre identificou como prioritário para obtenção no curto, médio e longo prazo. Lem-brando que tudo estará interligado com a nossa possibilidade orçamentária.

IA – Qual conselho o senhor daria para as empresas que querem se relacionar com o Exército Brasileiro? E como a indústria pode fortalecer este rela-cionamento?General Linhares - O EB assinou com a ABIMDE um Me-morando de Entendi-mento, cujo objeto é otimizar a comunica-ção entre a Força e a BID no tocante às nos-sas necessidades. Por exemplo, foi a partir des-se instrumento de parceria que apresentamos ao mercado nossa intenção de adquirir viaturas 4x4 blindadas com particulares requisitos. A bus-ca por informações de companhias nacionais e internacionais surpreendeu as expectativas. O Exército recebe visitas e organiza eventos, com a participação da BID, para aproximação e conheci-mento mútuo.

IA – Como o senhor avalia a concorrência que as empresas nacionais enfrentam dian-te do mercado estrangeiro?General Linhares - A assinatura da lei 12.598, referente à Empresa Estratégica de Defesa (EED) e que instituiu o Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (Retid), permite uma partici-pação especial em licitações de PRODE e oferece tratamento tributário diferenciado para as EED, sendo uma grande colaboração para se elevar a competitividade das empresas nacionais junto ás empresas internacionais de maior experiência no ramo. Outras iniciativas estão previstas, mas como já falei esse é um caminho que exige o re-

conhecimento de nossas capacidades nacionais, que são ilimitadas.

IA – E como o senhor enxerga as parcerias firmadas com a indústria estrangeira para po-tencializar algumas de nossas empresas?General Linhares - Essa é uma das maneiras de termos acesso a novas tecnologias em cur-to prazo, pois as empresas estrangeiras podem identificar nessa modelagem uma maneira atrati-va de entrar no mercado do nosso entorno estra-tégico (Américas e África ocidental). Além disso, as cláusulas de compensação (off set) de contra-tos com empresas internacionais exigem parceria com empresas nacionais para absorção de tecno-logias.

IA – Na opinião do senhor, qual seria o ce-nário perfeito para o Exército Brasileiro nos próximos anos?General Linhares - Atendimento ao proposto pelo MD no PAED (Plano de Articulação e Equi-pamento de Defesa), que reúne informações das três Forças sobre seus planejamentos estratégicos e suas necessidades. Sendo atendido esse PAED,

o Exército po-derá acompa-nhar a ascen-são do Brasil ao patamar de ator global.

IA - O se-nhor acredita que outros projetos possam ser incluídos no PAC?General Linhares - Há interesse do EB em in-cluir mais alguns projetos, e continuamos apre-sentando esse pleito nas comunicações com o Ministério do Planejamento. O mais prioritário é a inserção do Proteger, mas existem outros tam-bém prioritários como o da Aviação do Exército, que hoje precisa de uma atenção especial.

IA – Como o senhor avalia a participação da ABIMDE no setor de Defesa?General Linhares - a ABIMDE, assim como os departamentos de defesa das Federações das In-dústrias regionais, é um dos nossos mais queri-dos interlocutores para acesso às empresas da BID. E esse relacionamento tem sido caracteriza-do por mútuo conhecimento e sucesso nas em-preitadas para trabalharmos juntos, EB e BID, para o desenvolvimento de uma indústria autô-noma e competitiva, com vistas ao mercado in-ternacional.

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Utilizada por diversas Forças Ar-madas estrangeiras, a munição 105mm é empregada contra di-versos meios, desde carros de combate com blindagem pesada até alvos leves. No Brasil, a Em-gepron, em parceria com a em-presa belga Mecar, iniciou a co--produção da munição 105mm para canhões 1A5 BR, US M68, UK

L7 e similares, de acordo com normas e padrão de qualidade internacional. Em setembro, a Emgepron realizou, na linha 1 do Centro de Avaliações do Exército (CAEx), no Rio de Janeiro, uma demonstração de desempenho de tiro dessa munição, utilizada pe-los carros de combate Leopard e M60. Foram avaliados no teste os efeitos termi-nais dos tipos HEP (High Explosive Prastic), em-pregada para destruição de casamatas, muros de concreto, veículos leves e obstáculos em geral; APFSDS (Armour Piercing Fin Stabilized Discar-ding Sabot), eficaz contra carros de combate e alvos de blindagem pesada; CNT (Canister), em-pregada contra tropas e em destruição de obs-

táculos em distâncias inferiores a 250 metros; e a TPCSDS (Target Pratice Cone Stabilized Dis-carding Sabot), que é utilizada em treinamento e possui desempenho balístico, até mil metros, idêntico à APFSDS, mas com alcance máximo de oito quilômetros, o que permite seu uso seguro em áreas com menor profundidade. A demonstração contou com a presença do Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia, General de Exército Sinclair James Mayer, do Co-mandante Militar do Leste, General-de-Exército Francisco Carlos Modesto, do Diretor de Sistemas de Armas da Marinha, Vice-Almirante Alípio Jor-ge Rodrigues da Silva, do Diretor-Presidente da Emgepron, Vice-Almirante (Ref°) Marcelio Carmo de Castro Pereira, do Comandante do Material do Corpo de Fuzileiros Navais, Contra-Almirante (FN) Gilmar Francisco Ferraçu, do Chefe do Cen-tro Tecnológico do Exército, General-de-Brigada Cláudio Duarte de Moraes, do Comandante da Base de Apoio Logístico do Exército, General-de- -Brigada Ronaldo Barcellos Ferreira de Araújo, do Chefe do Centro de Avaliações do Exército, General-de-Brigada José Carlos dos Santos, e do Diretor-Geral da Mecar, Simon Haye.

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POR DENTRO DA ABIMDE

Carlos Afonso Pierantoni GambôaVice-Presidente Executivo

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estamos editando o sexto número de nosso In-forme, o qual se consolida com matérias atu-ais, pertinentes e atraentes. Temos recebido retornos bastante encorajadores a que prossi-gamos neste programa de manter vivo e atual a “marca” ABIMDE, voz da Indústria de Defesa

e Segurança. Realizamos a III Mostra BID BRASIL, a qual atingiu os propósitos desejados e as mensagens de avaliação indicam que estamos no bom caminho. A Mostra proporcionou maior conhecimento das capa-cidades de nossas indústrias, não só para as dele-gações estrangeiras como para as Forças Armadas e para os Órgãos de Segurança de nosso País. Apoiados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pelo Ministério da Defesa (MD) pudemos aumentar, significativamente, o número de expositores; tivemos a oportunidade de assistir palestras enriquecedoras e com informações que permitirão às Associadas a realização de negó-cios (refiro-me, especificamente, à palestra da ONU – Organização das Nações Unidas). Finalmente, recebemos boas notícias com o início da habilitação de Associadas ao Regime Es-pecial Tributário para a Indústria de Defesa (Retid), mecanismo que, a nosso ver, ainda necessita de apri-moramentos, mas que certamente alavancará as em-presas a ele habilitadas.O aniversário da ABIMDE foi comemorado com ale-gria e profissionalismo, com presença maciça das As-sociadas e das palestras dos Conselheiros, além das autoridades que prestigiaram o evento. Lançamos o vídeo institucional da ABIMDE, a Newsletter para informar eventos quase que em tempo real, e aprimoramos o “site” com ênfase para o diretó-rio, relação das EED e das Declarações de Exclusivida-de. Uma vez mais precisamos da colaboração de todos para o aperfeiçoamento destas ferramentas que nos auxiliarão a prestar um melhor serviço às Associadas. O fim do ano se aproxima, temos a expectativa de um 2015 com muito trabalho, mas muitas realiza-ções. Os nossos governantes e legisladores deverão receber da Associação o máximo de informações a fim de darem prosseguimento aos grandes projetos em andamento, bem como propiciarem a criação de novos empreendimentos que fortaleçam a Base In-dustrial de Defesa. Concluímos estas notas com o entusiasmo de quem viverá os dias do voo da aeronave de trans-porte, viaturas de transporte blindadas sobre rodas, submarinos e helicópteros produzidos por brasileiros, legando às gerações que nos sucedem um País mais soberano.

avanços na DeFesa por UM paÍs

Mais soBerano

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oDeBrecht DeFesa e tecnologia: Foco no DesenvolviMento

e na soBerania Do Brasil

MERCADO

a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT) atua com foco no desen-volvimento e no emprego de tecnologias para a execução de projetos, fomentando o conteú-do nacional nos bens e serviços demandados pelo setor de de-fesa brasileiro. Entre as frentes de atuação da empresa estão desenvolver e executar soluções

para as necessidades das Forças Armadas do Brasil, no contexto da implantação da Estratégia Nacional de Defesa (END); realizar investimentos e parcerias estratégicas, em alinhamento com o governo brasileiro, para o fortalecimento da in-dústria nacional de defesa e conceber, desenvol-ver, integrar, gerenciar tecnologias e produtos de uso militar e civil. Para desenvolver e aplicar tecnologias tão avançadas, a ODT conta, atualmente, com mais de 1.600 integrantes, incluindo equipes altamen-te capacitadas para atender as necessidades dos clientes. Mais de 33% de seus colaboradores têm entre nível superior e pós-doutorado. Em 2011, ao reunir a experiência nacio-nal e internacional da Odebrecht na concepção e implementação de grandes projetos e gestão de empreendimentos de alta complexidade e de tecnologia de ponta, e a capacidade de desenvol-vimento tecnológico da Mectron, a ODT fortale-ceu sua posição no mercado de defesa nacional, expandindo a sua participação em importantes projetos estratégicos da Marinha do Brasil, da Força Aérea Brasileira e do Exército Brasileiro. Com o objetivo de oferecer soluções com-pletas às Forças Armadas, a companhia tem par-ticipação em três empresas: Itaguaí Construções Navais (ICN), para a construção de submarinos de propulsão convencional e nuclear do Progra-ma Nacional de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), da Marinha do Brasil; Consórcio Baia de Sepetiba (CBS), responsável pelo planeja-mento, coordenação, gestão e administração das interfaces do PROSUB; e Mectron, voltada para o desenvolvimento e fabricação de produtos de alta tecnologia e sistemas complexos para usos militar e civil.

PROSUB A Odebrecht Defesa e Tecnologia participa, em conjunto com a empresa francesa DCNS, do PROSUB como responsável pela implementação do complexo de estaleiro e base naval em Ita-guaí (RJ), bem como pela fabricação de quatro submarinos de propulsão convencional e um de propulsão nuclear. Essa construção inclui a transferência tec-nológica ao Brasil para ambos os projetos. No caso do submarino de propulsão nuclear, trata-se de um projeto que colocará o Brasil na lista do seleto grupo de países que dominam essa tecno-logia, permitindo ao País ter um diferencial com-petitivo no cenário global, além de, futuramente, poder contribuir positivamente para a balança comercial brasileira.

MECTRON Em 2011, a Odebrecht Defesa e Tecno-logia assumiu o controle acionário da Mectron. Com mais de 20 anos de serviços prestados para as Forças Armadas, empresa atua nos mercados de defesa e aeroespacial. Integra sistemas com-plexos, com ênfase na concepção, projeto e fa-bricação de sistemas inteligentes, e produz equi-pamentos de tecnologia de ponta como mísseis, radares, sistemas aviônicos, sistemas de comu-nicação, controle e comando, todos de última ge-ração. Entre os projetos em andamento condu-zidos pela companhia, podemos destacar o LINK BR-2, que é um sistema de Comunicação Segura por Enlace de Dados (Data Link) para uso militar em teatros operacionais, com criptografia de da-dos, voz e imagens; participação no projeto Rá-dio Definido por Software de Defesa (RDS), que integra o Projeto Estratégico de Defesa Ciberné-tica do Brasil; os mísseis MAA-1 (míssil ar-ar de curto alcance, 3ª geração), MAA-1B (míssil ar-ar de curto alcance, 4ª geração), A-DARTER (míssil ar-ar de curto alcance, 5ª geração, resultado de uma parceria entre o Brasil e a África do Sul), MAR-1 (míssil ar-superfície, antirradiação, desti-nado à supressão de radares) e MAN-SUP (míssil superfície-superfície, antinavio), entre outros; e SCP-01, que é um radar multifuncional da aero-

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nave AMX (A-1/A-1M) da Força Aé-rea Brasileira. Esses projetos têm impor-tância na retenção de conhecimen-to no Brasil, pois permitem que o País passe a dominar tecnologias de ponta, criando uma rede nacio-nal de conhecimento e inovação, que projetará o Brasil com desta-que no setor de defesa mundial, contribuindo diretamente para o crescimento do País. Além disso, são estratégicos para a conquista da autonomia tecnológica brasileira e a garantia da soberania nacional, já que servem como instrumentos de dissuasão, garantindo a preser-vação dos recursos naturais brasi-leiros, estejam eles no mar, no ar ou na terra, além de ativos impor-tantes e estratégicos para o País. Contudo, o conhecimento e domínio tecnológico precisam ser incentivados e mantidos pelo go-verno, que deve criar condições adequadas para que eles aconte-çam de forma estratégica e cons-tante. Hoje, o desafio para a indús-tria de defesa se manter capacitada e competitiva frente aos competi-dores globais, para continuar de-senvolvendo produtos e soluções, está na garantia e constância de investimentos para o setor. Os pro-jetos da área de defesa possuem a característica de desenvolvimento em médio e longo prazos e exigem um planejamento também a longo prazo, que está preconizado na Es-tratégia Nacional de Defesa (END). Também é importante mencionar que os recursos destinados à exe-cução da END devem ser inves-tidos em velocidade que nos per-mita criar o efeito de potencializar a geração do conhecimento e sua reutilização. Pois, do contrário, pe-quenos e inconstantes investimen-tos ou dotações esparsas não serão suficientes para a criação de uma massa crítica capaz de absorver e desenvolver tecnologia de forma constante, ou seja, uma geração de brasileiros voltados para o desen-volvimento de tecnologias críticas, imprescindíveis para a autonomia tecnológica e soberania da Nação.D

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ESPECIAL

o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior define os Parques Tec-nológicos como “complexos de desenvolvimento econômico e tecnológico que visam a fomentar e promover sinergias nas atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação entre empresas e instituições cien-tíficas e tecnológicas, públicas e privadas, com apoio dos governos federal, estadual e municipal, co-munidade local e setor privado”. Além disso, podemos complemen-tar, afirmando que os Parques Tec-nológicos atuam como polos de ex-

celência com o intuito de impulsionar a indústria nacional, principalmente quando exploram a voca-ção econômica da região onde estão instalados. Dados de 2013, apresentados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, revelaram que os 80 Parques participantes da pesquisa geraram 32.237 empre-gos, distribuídos entre institutos de pesquisa (1.797), gestão

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por Karen Gobbatto

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das próprias estruturas (531) e iniciativa privada (29.909). A qualificação dessa mão de obra cha-mou a atenção, sendo que do total de empregos nas empresas, aproximadamente 13,5% envol-vem mestres (2.950) e doutores (1.098). Dentre os mais de 80 Parques Tecnológicos existentes no Brasil, temos três exemplos que exploram a vocação para a área de Defesa, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de tec-nologia para fortalecer a indústria nacional e con-tribuir para a soberania do País. Os municípios de Santa Maria (RS), São José dos Campos (SP) e São Bernardo do Campo (SP) saíram na frente e criaram estruturas propícias para o surgimento e a expansão de projetos e tendências tecnológicas voltados para esse setor. O município do Rio Grande do Sul espera

ser referência no setor de Defesa e, para isso, conta com o San-

ta Maria Tecno-parque.

Fundado em 2008, o local recebeu investi-mentos da ordem de R$ 10 milhões e conta com uma área de 4.500 metros quadrados de constru-ção em um terreno com 78 mil metros quadrados. Nesse espaço, funcionam hoje quatro empresas e há mais quatro em processo de instalação. Algu-mas delas desenvolvem produtos e serviços com característica dual, ou seja, podendo ser aplica-dos tanto na área civil quanto na militar. Segundo o gestor executivo do Parque, Cristiano Silveira, a expectativa é que o local abrigue ao menos dez empresas voltadas para a área de Tecnologia e de Defesa até o final de 2015. O Santa Maria Tecnoparque foi concebi-do por meio do conceito da tríplice hélice, tendo entre os fundadores três universidades, entida-des privadas e prefeitura. “O diferencial é que o Parque Tecnológico é da cidade e não vinculado apenas a uma universidade ou entidade especí-fica. Somos pioneiros em adotar essa filosofia”, destaca Silveira. Em Santa Maria, o parque investe em cinco áreas prioritárias e o objetivo é que todas atuem

convergindo para a Defesa. Essas áreas são: TI; Metal Mecânica; Economia Criativa; Agrotecnologia; e Defesa. O Exército já manifestou interesse em ter um espaço no

local para ficar cada vez mais próximo das empresas e a Marinha também já estuda essa

possibilidade, de acordo com o gestor. Para ser um polo de desenvolvimento o lo-cal conta com infraestrutura completa para atrair as empresas. São auditórios, salas para reuniões

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e de videoconferência e laboratórios totalmente equipados. O parque também tem a localização como diferencial, ficando próximo de rodovias e ferrovia. Para se destacar no setor de Defesa, Sil-veira explica que a principal tarefa do parque é mobilizar empresas para diversificarem a produ-ção, pensando em atender a esse setor. “A estra-tégia nacional é a de nacionalizar a defesa. Por isso, conversamos com a indústria e a área de TI para que pensem os projetos de maneira dual. Por exemplo, as empresas de games podem de-senvolver projetos na área de simulação. Nosso foco é aproximar as empresas desse mercado e fazer com que pensem de que maneira investir em pesquisa e inovação. Por outro lado, também buscamos fomentar as pesquisas feitas nas uni-versidades, aproximando-as do setor produtivo”, ressalta.

VOCAÇÃO NATURAL No Vale do Paraíba (SP), o Parque Tecno-lógico – São José dos Campos inaugurou, no dia 22 de novembro, o Centro Empresarial 2, com 23 empresas, e tendo capacidade para abrigar até 50. O Centro Empresarial 1, já existente desde 2010, conta com outras 25 pequenas e médias companhias. Dotado também de uma estrutura completa, moderna e funcional, com auditórios, laboratórios e oficinas, e um Centro de Conven-ções, o Parque Tecnológico está instalado em uma área de 1,2 milhão de metros quadrados e 36 mil metros quadrados de área construída. Nesse espaço encontram-se ainda uma incubadora, três universidades, e 12 empresas e institui-ções âncoras.

Somente no ano passado, as empresas do Cen-tro Empresarial 1 faturaram R$ 37 milhões, um crescimento de 9% em relação ao ano anterior. A área de inovação e desenvolvimento é tama-nha, que as empresas locais já contam com 29 patentes nacionais, oito internacionais e mais 14 estão em processo de registro. Além disso, desde que foi instituído, em 2006, o local já recebeu mais de R$ 1,7 bilhão em investimentos públicos e privados. O Parque tem em suas raízes a vocação re-gional como polo de desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação, já que o Vale do Paraíba sedia importantes instituições voltadas para esse fim desde meados do século passado, quando o CTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Ae-roespacial) e o ITA (Instituto Tecnológico de Ae-ronáutica) foram fundados. Apesar dessa voca-ção natural centrada no segmento aeroespacial e de Defesa, o Parque Tecnológico – São José dos Campos abriga empresas de vários setores, bus-cando ser multitemático. Além desses, há ainda: Agronegócio; Aeronáutico; Automotivo, Design Thinking; Engenharia de Produtos; Equipamentos Eletrônicos; Geoprocessamento; Geotecnologia; Máquinas e Equipamentos; Mobilidade Urbana; Óleo, Gás e Energia; Reciclagem e Resíduos Só-lidos; Saúde e TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação). Visando a integração entre universidades, empresas e instituições de ensino e pesquisa, têm sido implantados no Parque Tecnológico – São José dos Campos os chamados Centros de Desenvolvimento Tecnológico. Nesses locais, fru-to de parcerias entre grandes empresas de reno-me internacional, ditas “empresas âncora”, com

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Parque Tecnológico - São José dos Campos

Santa Maria Tecnoparque

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universidades e instituições de ciência e tecnolo-gia (ICTs), são criadas condições para a inovação tecnológica, desenvolvimento de produtos e qua-lificação de mão de obra. Os centros também são decisivos para o crescimento de cadeias produ-tivas, beneficiando micro e pequenas empresas que, na maioria das vezes, dedicam toda a sua produção às demandas de uma única empresa, vendo-se incentivadas a ampliar sua cadeia de produção para atender a outras demandas. No parque, uma iniciativa que também tem gerado bons resultados é o Cecompi (Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), uma incubadora que tem sido respon-sável pelo fomento e pela divulgação de produtos das empresas locais de engenharia e fabricação aeroespacial. Por meio do Cecompi foi criado o Cluster Aeroespacial Brasileiro (Brazilian Aeros-pace Cluster), que com muito sucesso tem inse-rido tais empresas no cenário aeroespacial inter-nacional, com a participação em feiras e eventos internacionais de grande repercussão.

INVESTIMENTO NA DEFESA Tanto São Bernardo do Campo quanto os demais municípios do Grande ABC cresceram muito em função das indústrias automobilística e petroquímica, mas nos últimos anos, vislumbran-do a diversificação econômica e para atender ao projeto da Estratégia Nacional de Defesa (END), foi desenvolvido o projeto “Nova Fronteira da In-dústria de Defesa”. O projeto tem por objetivo atrair os elos da cadeia produtiva do setor e, além de movimentar a economia de São Bernardo do Campo (SBC) e do Grande ABC, contribuir com a soberania nacional.

No final de 2012, o município de SBC deu um passo importante nesse sentido e criou a As-sociação Parque Tecnológico do município, com o objetivo de promover pesquisa, desenvolvimen-to, inovação tecnológica e suporte a atividades empresariais em conhecimento. O local partirá de quatro âncoras básicas: a indústria de petróleo e gás, a indústria de de-fesa, design e complexo automotivo com ênfase em ferramentaria. Podendo ainda atuar em in-dústria de animação e em processos de inovação da administração pública. Representará, assim, o coroamento e a integração da estratégia de de-senvolvimento econômico adotada para o municí-pio e região. Além disso, São Bernardo tem fomenta-do estratégias para fortalecer o setor de Defesa e Tecnologia, como a inauguração, em 2011, do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), consolidando a cooperação com empre-sas e universidades locais e instituições suecas; realização de três workshops pela empresa sueca Saab; e realização de um seminário pelo Consór-cio Rafale Internacional, formado por empresas francesas. No CISB, como nos seminários e workshops, estiveram em pauta estudos e pesquisas conjun-tos sobre nanotecnologia, aplicação de compósi-tos, novos materiais, bem como aplicações para a gestão urbana e até mesmo a participação cidadã dos munícipes, com apoio das novas tecnologias.Aliado à base industrial já existente, o Grande ABC busca tornar-se mais um polo do setor industrial de defesa, associando a já tradicional vocação in-dustrial do local e a força de trabalho qualificada às necessidades das Forças Armadas Brasileiras.

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no final de outubro, a Embraer apresen-tou, em sua fábrica em Gavião Peixoto (SP), o primeiro protótipo do avião de transporte militar KC-390.O evento contou com a presença do Ministro da Defesa, Celso Amorim, o Comandante da Força Aérea Brasileira,

Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito e comitivas e representantes de mais de 30 países. O próxi-mo passo da empresa será realizar testes em solo antes do primeiro voo da aeronave, previsto para ocorrer até o fi-nal de 2014. “Este marco significativo do Pro-grama KC-390 de-monstra a capaci-dade da Embraer de gerenciar um pro-jeto complexo e de alta tecnologia como este, e de executá-lo dentro do planeja-mento previsto”, dis-se Jackson Schneider, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. “O rollout abre caminho para o início dos testes em solo como preparação para o primeiro voo”. “O KC-390 será a espinha dorsal da avia-ção de transporte da FAB. Ele poderá operar tanto na Amazônia quanto na Antártica. As turbinas a jato conferem bastante agilidade à aeronave, que cumprirá todas as missões, mas muito mais rápi-

do e melhor”, afirmou o Comandante da Aeronáu-tica, Tenente-Brigadeiro Juniti Saito. Este avião é o primeiro de dois protótipos que serão usados nas campanhas de desenvolvi-mento, testes de solo, testes de voo e certificação. O KC-390 é um projeto conjunto da Força Aérea Brasileira com a Embraer para desenvolver e produzir um avião de transporte militar tático e reabastecimento em voo, que representa um avanço significativo em termos de tecnologia e

inovação para a indús-tria aeronáutica brasi-leira. Trata-se de uma aeronave projetada para estabelecer novos padrões em sua cate-goria, com menor cus-to operacional e flexi-bilidade para executar uma ampla gama de missões: transporte e lançamento de cargas e tropas, reabasteci-mento aéreo, busca e resgate e combate a incêndios florestais, entre outras. No dia 20 de maio de 2014, a Em-braer e a Força Aérea

Brasileira assinaram o contrato de produção em série para a entrega de 28 aeronaves KC-390 e suporte logístico inicial. Além da encomenda da Força Aérea Brasileira, existem atualmente inten-ções de compra de outros países, totalizando 32 aeronaves.

NOTÍCIAS DO SETOR

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a primeira unidade do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sis-fron) entrou em atividade em novem-bro último no município de Dourados, no Mato Grosso do Sul. A ferramenta é um dos principais pro-jetos estratégicos do Exército e tem

como objetivo fortalecer a presença e a capaci-dade de ação do Estado na faixa de fronteira, auxiliando as forças policiais a combater ilícitos como tráfico de dro-gas, roubos e con-trabando. Para isso, o sistema fará uso de equipamentos tec-nológicos de pon-ta, como radares e outros meios de sensoriamento, que serão aplicados ao longo dos 16,8 mil

quilômetros da fronteira nacional. Isso equivale a um monitoramento de aproximadamente 27% do território do País, abrangendo os Comandos Mili-tares da Amazônia, do Norte, do Oeste e do Sul. Orçado em R$ 12 bilhões, o Sisfron forta-lecerá a atuação do Exército na faixa de fronteira e ajudará a promover maior interação entre as Forças Armadas e órgãos de segurança pública e

inteligência. Além disso, por envolver a indústria nacional de defesa desde a sua concepção, o projeto impulsiona a capacitação tec-nológica e o domínio de conhecimentos considerados indis-pensáveis à defesa do País. Estima-se que, nos próximos anos, serão gera-dos cerca um mil empregos diretos e quatro mil indiretos.

o Plano de Apoio Conjunto Inova Aerodefesa vai beneficiar mais de 60 projetos de empresas e Insti-tuições Científicas e Tecnológicas (ICTs), com recursos não-reem-bolsáveis que podem chegar a até R$ 291 milhões.Parceria entre o Ministério da De-fesa, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Banco Nacio-

nal de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e a Agência Espacial Brasileira (AEB), o plano foi criado para impulsionar a produtividade do setor por meio de incentivo financeiro para o desen-volvimento de novas tecnologias. Além de gerar avanço científico, os produtos, criados a partir desse upgrade tecnológico, serão usados em ações estratégicas para a Defesa Nacional. Entre os projetos que receberão recursos do governo estão equipamentos de comunica-ções submarinas, radares, sistemas associados a microssatélites, além de produtos de comando e controle e sistemas de segurança e de vigilância.

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a Copa do Mundo se encerrou com um saldo muito positivo em todas as áre-as, inclusive na de segurança pública, e essa experiência será de extrema im-portância para que o Brasil dê, nova-mente, um show de organização para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Se-

gundo Andrei Augusto Passos Rodrigues, secretá-rio da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), ligada ao Ministério da Justiça, o Brasil passa a ser modelo para outros países. Inclusive, essa experiência foi dividida com a comunidade internacional no final do último mês de outubro, quando Rodrigues representou o País em um evento da Interpol, realizado em Paris. “Estive nesse evento da Interpol para apre-sentar o modelo de integração desenvolvido no Brasil, que dá suporte aos grandes eventos”, co-menta o secretário. Foram apresentadas as soluções tecnológi-cas de informação, serviços e infraestrutura desen-volvidas para os Centros Integrados de Comando e Controle, instalados nas 12 cidades-sede. Após esse balanço, começam a ser intensificadas as ações com foco nos Jogos Olímpicos. O evento vai ocorrer daqui a dois anos, mas a Sesge já vem

trabalhando no planejamento desde o ano pas-sado. Devido ao perfil do evento, diferentemente do observado na Copa do Mundo, algumas ações precisarão ser adaptadas. Para as Olimpíadas são esperados mais de três milhões de turistas, mais de dez mil atletas e serão realizadas mais de 50 atividades simultâneas. Também haverá jogos em quatro Estados, além do Distrito Federal: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. “Já temos o protocolo de segurança defini-do e, a partir de agora, intensificamos o planeja-mento para, já a partir do próximo ano, realizar os eventos-teste com total segurança”, destaca. De acordo com o secretário, a Sesge tem contribuído com o desenvolvimento da indústria nacional de defesa, à medida que consome produ-tos, serviços e tecnologias locais. Mas, Rodrigues ressalta que a indústria brasileira, apesar de ter capacidade de fazer frente aos produtos interna-cionais, deve seguir os trâmites legais juntamente com as demais empresas.

LEGADO O balanço da Sesge sobre a Copa do Mun-do, e que passa a ser um legado para todo o País, vai além da implantação de novas tecnologias no

SEGURANÇA PÚBLICA

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os Jogos olÍMpicos vêM aÍpor Karen Gobbatto

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setor de segurança pública e passa por uma mu-dança de cultura na condução dos processos. Fo-ram investidos mais de R$ 1 bilhão em equipa-mentos, entre eles, veículos, salas-cofres, centros integrados, entre outras infraestruturas. Também foi investido na capacitação de mais de 20.000 profissionais da área de segurança pública. Tais investimentos se juntaram à necessi-dade de adotar um trabalho conjunto e integrado entre todas as instituições ligadas à segurança. “Esse foi o maior legado. Respeitadas as individu-alidades e responsabilidades de cada instituição, todos entenderam que o trabalho integrado é de fundamental importância para o sucesso desse e de outros projetos”, enfatiza Rodrigues. Essa integração, aliada à alta tecnologia empregada, não está “adormecida” enquanto os Jogos Olímpicos não se iniciam. Com o final da Copa, todo o aparato permanece operante e rever-tido em projetos que beneficiam toda a sociedade. Entre os exemplos está o Centro de Comando e Controle Móvel que foi realocado para o bairro da Restinga, em Porto Alegre (RS). “Esse bairro apresentava elevados índices de criminalidade e, após a realocação, já são mais de 30 dias sem o registro de ocorrências no local”,

comemora o secretário. No Rio Grande do Norte, os veículos têm sido usados para garantir a segurança de even-tos no interior do Estado. A Sesge também tem atuado em eventos como as eleições presidenciais e o Enem. Helicópteros das Polícias Militares re-ceberam câmeras para auxiliar no monitoramento pelo ar, os Centros de Comando e Controle têm operado para dar assistência ao atendimento da Polícia Militar nos Estados, a transferência de pre-sos conta com o apoio do aparato e da inteligência aplicada na Copa, e muito mais. Devido ao sucesso da Copa do Mundo, Ro-drigues ressalta que a responsabilidade está ainda mais ampliada. “Garantimos um legado importan-te para o País e avançamos muito na segurança pública. Agora, precisamos ampliar esse trabalho e vamos nos empenhar para garantir uma festa bonita e tranquila para todos os brasileiros e para os turistas que vierem para acompanhar os Jogos Olímpi-cos”, conclui.

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Andrei Rodrigues, Secretário da Sesge

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não há dúvidas de que muitos acontecimentos marcaram o setor de defesa no Brasil em 2014 e, muitos deles, positivos para a BID (Base Industrial de Defesa). Empresas brasi-leiras se destacando em importantes eventos nacionais e internacionais, programas de subvenção econômica do Inova Aerodefesa, da Finep (Financiadora de Estudos e Proje-tos), avanços e investimentos nos grandes projetos de defesa como PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), SisGAAz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul) e Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira), aquisição do Gripen NG, rollout do KC-390, novos direcionamentos para a área cibernética, segurança e tec-

nologias usadas durante a Copa do Mundo, entre outros. A Informe ABIMDE conversou com autoridades das Forças Armadas e com empresários da BID, que apontaram os pontos mais positivos dos setores de defesa e segurança em 2014.

TENENTE-BRIGADEIRO-DO-AR JUNITI SAITOComandante da Força Aérea Brasileira

O ano de 2014 foi histórico para a Força Aérea Brasileira (FAB) com a assinatura dos contratos de aquisição das aeronaves KC-390 e Gripen NG. São projetos cuidadosamente especificados para servir ao nosso País, em total alinhamento com as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, e vão representar um salto na capacidade operacional da FAB. Empresas da Base Industrial de Defesa são fundamentais nestes pro-jetos, participando desde o desenvolvimento até o suporte às frotas operacionais. Em paralelo, prosseguem projetos de grande importância como o dos helicópteros EC725, do míssil A-Darter, e da modernização de caças F-5 e A-1.

CELSO AMORIMMinistro da Defesa

Na verdade, não houve apenas um único fato positivo na Defesa em 2014. Este foi um excelente ano para o nosso setor. Cito, em primeiro lugar, as conquistas na área da Força Aérea Brasileira (FAB). Nós assi-namos o contrato de aquisição e desenvolvimento, no Brasil, dos caças Gripen NG. Também pudemos ver o rollout do avião cargueiro KC-390. Na Marinha, assistimos à conclusão de importantes etapas do PROSUB. Dentro de pouco tempo teremos o primeiro dos quatro submarinos con-vencionais, e seguimos firmes rumo ao desenvolvimento da unidade à propulsão nuclear. O Exército inaugurou a primeira unidade do Sistema

de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), em Mato Grosso do Sul, e recebeu o centésimo blindado Guarani. O ano de 2014 foi, portanto, um período de colher o que semeamos no passado. Uma safra de boas iniciativas, que já deu bons resultados num período relativamente curto se considerarmos a complexidade dos projetos da Defesa Nacional. Eu diria que este foi um ano de boa colheita, mas também de boa semeadura. Nossos projetos são hoje uma realidade e nosso futuro é promissor.

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ALMIRANTE-DE-ESQUADRA JULIO SOARES DE MOURA NETO, Comandante da Marinha

O ano de 2014 tem sido marcado por diversas realizações signifi-cativas. A maioria delas se encaixa em uma sequência de empre-endimentos que vem sendo concebidos e executados ao longo dos últimos anos, para atingir a visão de futuro projetada pela Marinha do Brasil (MB). Dentre esses avanços, destacam-se os seguintes:

a) O prosseguimento dos empreendimentos do PROSUB:Decorrente da Estratégia Nacional de Defesa (END), é um marco absolutamente fun-damental para elevar as capacidades da Força Naval a um patamar compatível com a estatura político-estratégica do nosso País.O programa vem alcançando grande impulso desde o seu início e, particularmente, em dezembro deste ano, será inaugurado o prédio principal do Estaleiro de Construção, em cerimônia que, possivelmente, contará com a presença da presidente da República. Paralelamente, as seções 3 e 4 do primeiro submarino convencional (S-BR1) já se encontram na UFEM e serão unidas às seções 1 e 2, sendo fabricadas no Brasil. O término da construção do primeiro submarino convencional está previsto para ocorrer em 2017.

b) O avanço na etapa inicial do SisGAAz:O ano de 2014 vem sendo particularmente significativo para materializar o SisGAAz, pois marcou o término da fase de concepção e o início da fase de contratação do pro-grama. Nesse contexto, mais de 160 empresas nacionais receberam as especificações estabelecidas pela Marinha e terão até 19 de janeiro de 2015 para apresentarem suas propostas de como atendê-las, que serão analisadas minuciosamente, a fim de per-mitir a seleção da Main Contractor para executar o programa. A previsão de início da construção dos subsistemas do SisGAAz é 2017, com término previsto para 2027.

c) O recebimento de novos equipamentos:Ao longo de 2014 foram adquiridos vários equipamentos, além de terem sido firmados contratos para modernização de outros, dentre os principais: a aquisição de duas Lan-chas de Patrulha de Rio (LPR-40), construídas pela COTECMAR (Colômbia); a aquisição do Navio de Transporte Fluvial (NTrFlu) “Almirante Leverger” e do Aviso Hidroceano-gráfico Fluvial (AvHoFlu) “Caravelas”, para operação na área do Comando do 6º Distri-to Naval, baseado em Ladário-MS; o lançamento do Navio de Pesquisa Hidroceanográ-fico (NPqHo) “Vital de Oliveira” ao mar, no estaleiro Guangzhou Hantong Shipbuilding and Shipping Company, em Xinhui, República Popular da China. Sua prontificação está prevista para maio de 2015; prosseguimento na modernização dos aviões A-4 Skyha-wk; o recebimento de viaturas blindadas “Piranha”, de fabricação suíça; o recebimento de helicópteros Super Cougar; o recebimento do Sistema Lançador de Foguetes Astros CFN 2020; e a celebração de contrato para modernização de oito helicópteros Super LynxMk 21A.

d) O aprofundamento da cooperação internacional no âmbito naval:A MB vem aprofundando a cooperação com países amigos em diversas áreas, como na condução de operações multilaterais, intercâmbios, realização de cursos, entre outros. Cabe ao Brasil um papel significativo junto às nações em seu entorno estratégico. No caso da Marinha, isso se traduz, entre outras responsabilidades, em firmar sua posição de destaque dentro da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS).O ano de 2014 tem sido profícuo nesse sentido, destacando-se a continuação do apoio na formação do poder naval da Namíbia, notadamente no estabelecimento da sua ca-pacidade de comunicações navais; fornecimento de simulador de manobra para a Ma-rinha de Moçambique; apoio na formação da Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe, entre outras.

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CARLOS AFONSO PIERANTONI GAMBÔAVice-presidente executivo da ABIMDE

Inúmeras conquistas da Base Industrial de Defesa marcaram o ano de 2014. Hierarquizá-las é tarefa difícil, pois diversos atores participaram deste crescente avanço. Com a participação direta da ABIMDE, destaco a ida de 85 empresas e entidades à feira Fidae (Chile) e a presença de 62 companhias na III Mostra BID Brasil (DF). Estes dois eventos indi-cam que, a despeito de todas as dificuldades, o empresariado do setor encontra-se unido e acredita em dias melhores para o País.

SAMI HASSUANIPresidente da ABIMDE

O evento mais positivo foi a conclusão e a contratação dos programas de subvenção econômica do Inova Aerodefesa, da Finep. Estes programas permitem que as empresas do setor possam buscar inovações que lhes permitirão competir melhor no mercado nacional e internacional.

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Rollout do KC-390, em Gavião Peixoto (SP)

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GENERAL-DE-DIVISÃO LUIZ FELIPE LINHARES GOMESChefe do EPEx (Escritório de Projetos do Exército)

No tocante ao EPEx, o evento mais importante foi a assinatura do Memo-rando de Entendimento com a ABIMDE, pois permitiu uma comunicação mais eficiente entre o Exército Brasileiro e a BID. Em 2014, os diversos desdobramentos oriundos daquele instrumento de parceria permitiram que as empresas do setor de defesa e segurança assimilassem as capacidades requeridas pela Força Terrestre, desenvolvendo ou produzindo PRODE com requisitos necessários e adequados ao Processo de Transformação do Exército.

JACKSON SCHNEIDERPresidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança

Os investimentos do governo brasileiro em grandes projetos de defesa, como o Sisfron, o Satélite Geoestacionário, o KC-390 e o Projeto F-X2, entre outros, são extremamente importantes e positivos para toda a base industrial de defesa do País. Falando especificamente da Embraer, vale des-tacar a entrega dos primeiros aviões Super Tucanos à Força Aérea dos Es-tados Unidos e o rollout do avião de transporte militar tático KC-390.

ASTOR VASQUESPresidente da Bradar

Em minha opinião foi a regulamentação do Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (Retid). Creio que isto foi um divisor de águas para a indústria do setor, proporcionando maior competitividade no mercado in-ternacional, mas antes de tudo um sinal claro de que o governo tem o propósito de recuperar esta indústria no Brasil. Esta medida traz confiança ao mercado e abre caminho para um maior relacionamento da indústria brasileira de defesa com parceiros internacionais, o que motiva uma maior transferência de tecnologia para o País.

GENERAL-DE-DIVISÃO ADERICO PARDI MATTIOLIDiretor do departamento de Ciência e Tecnologia Industrial (DECTI)

Como integrante da Secretaria de Produto de Defesa, destaco o sucesso da III Mostra BID-Brasil, que contou com o incondicional apoio da APEX e da ABIMDE. Entretanto, como diretor de Ciência e Tecnologia Indus-trial, elejo o lançamento do Programa Plataformas do Conhecimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Trata-se de um programa estratégico e ousado, que visa a conquista de capacitações críticas para a soberania e desenvolvimento do Brasil.

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CARLOS RUST Presidente da RustCon

Em 2014, vale a pena ressaltar o cunho paradoxal de algumas iniciativas que devem se desenvolver nos próximos anos. Um dos principais e mais relevantes eventos foi o lançamento do processo de aquisição do progra-ma SisGAAz. Sobre a Rustcon, tivemos como pontos positivos a entrega da segunda versão do Simulador de Guerra Cibernética, que pode ser usado para capacitação, planejamento e operação de ações cibernéticas. E também tivemos a participação nas feiras Fidae e Euronaval (França), que nos abriu oportunidades internacionais.

RICARDO CAMPELLODiretor da ARES

O acontecimento mais importante para o setor de defesa e segurança no ano de 2014 foi a assinatura do contrato de aquisição do FX-2 Gripen, com amplos e duradouros reflexos positivos para a BID e para a motiva-ção dos recursos humanos envolvidos na Defesa da Pátria.

Protótipo do Gripen que será entregue à FAB

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LUCIANO CARDIMGerente sênior de relações governamentais da Motorola Solutions

Ressaltamos a relevância dos investimentos realizados pelas várias ins-tâncias de governo na modernização e expansão da infraestrutura de comunicações de missão crítica para atender os requisitos de defesa e segurança pública durante a Copa do Mundo. O uso de soluções como Centros Integrados de Comando e Controle, Sistemas Digitais de Ra-diocomunicação e de Comunicações em Banda Larga (4G/LTE), dedi-cadas exclusivamente à defesa e segurança pública durante o evento, confirmaram a efetividade de aplicação da tecnologia para a integração dos órgãos de segurança pública e defesa, bem como melhoria de de-sempenho e capacidade de resposta.

ANDRÉ BERTINCCO da BCA

Com certeza a Copa do Mundo foi o evento de maior importância para nosso segmento, pois o Brasil pôde promover a recepção de turistas e de autoridades do mundo inteiro em um padrão de segurança superior ao encontrado em nosso dia a dia. Isto nos garante maior credibilidade para incrementar o relacionamento internacional com o mercado. Cer-tamente, o modelo de segurança adotado no Brasil, como por exemplo nas favelas do Rio de Janeiro, pôde ser, em parte, compartilhado com qualquer país do mundo e, o mais importante, com uma grande parcela de produtos da nossa BID.

CESAR LOURENÇO BOTTIChefe do departamento de relações de mercado da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel)

A inédita inserção dos assuntos de defesa e segurança na agenda nacional, motivada pela implemen-tação da Estratégica Nacional de Defesa e da Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fron-teiras (ENAFRON), associada à abertura de novas oportunidades mercadológicas, em consequência da implantação, embora tímida, dos projetos estratégicos indutores da transformação das Forças Armadas, e pelas demandas crescentes proporcionadas pelos grandes eventos; pelo fortalecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil; e pela ação proativa e proficiente de fomento da BID, desen-volvida pela ABIMDE junto aos clientes institucionais, em especial Forças Armadas, parlamentares, formadores de opiniões, gestores públicos e privados e, ainda, segmentos expressivos da sociedade brasileira.

TARCÍSIO TAKASHI MUTAPresidente da Fundação Ezute

Eu menciono a Copa do Mundo Fifa 2014, que demonstrou que o País, quando tem determinação política de enfrentar uma questão complexa, o faz com competência. Houve um trabalho de gestão na questão de segurança, que levou à integração entre as diversas esferas de poder (federal, estadual e municipal). Em um esforço conjunto e concentra-do, com os recursos disponíveis, foi possível realizar o maior evento esportivo mundial com transparência nas ocorrências e dentro de taxas mundialmente aceitáveis.

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Os sistemas organizacionais mais adaptáveis são aqueles que operam nos limites da estabilidade para poder manobrar de forma efetiva durante a mudança, porém evitando que sejam tão instáveis a ponto de desmoronarem ou se tornarem impossíveis de manejar. As organizações que vencem continuamente são aquelas com uma cultura ágil: capazes de identificar ameaças e oportunidades no horizonte e rapidamente adotar atitudes para enfrentar a ameaça, desprendendo-se do passado e enfrentando as situações como elas são e não como gostariam que fossem. A capacidade de adaptação às rápidas mudanças nas condições dos negócios depende primeiramente das pessoas da organização, e não dos seus recursos, produtos ou tecnologia. As práticas e os comportamentos que compõem a cultura organizacional são ainda mais importantes para mudanças bem sucedidas do que as habilidades e as competências isoladas de suas pessoas. Ninguém sabe ao certo como predizer corretamente uma mudança. O que, no entanto, podemos predizer é que a marcha da mudança vai continuar e as organizações que provavelmente se sairão bem no longo prazo serão as organizações ágeis e flexíveis.

Administrador de Empresas com diversas especializações na área do Comportamento Humano. Em Maio de 2007, constituiu a Persona Global Brasil, em sociedade com a Persona Global Inc, onde atua como CEO, além de Master Certificador para diversos programas. Em 2011, criou o programa Best In Class® Executive Counseling, destinado a presidentes, CEOs, diretores e gestores de alto nível em importantes organizações dos mais variados segmentos. Escreve, periodicamente, artigos relacionados ao Comportamento Humano e Liderança, que estão disponíveis em www.thebestinclass.com.br, na aba Artigos.

agiliDaDe e FlexiBiliDaDe

Wladimir Palermo

OITO PRINCÍPIOS ESTRUTURAM UMA ORGANIZAÇÃO ÁGIL E FLEXÍVEL:

Comprometimento – Focar no negócio, no que é necessário para ter sucesso e para atingir ou exceder a responsabilidade de tomar decisões.

Criação de Valor – Assegurar que as atividades, os produtos e os serviços resultem em valor agregado para todos os envolvidos, encontrando formas para sempre incrementar este valor.

Iniciativa – Encorajar as pessoas a tomar as iniciativas necessárias para que a organização realize o seu propósito.

Liderança – Pesquisar o ambiente para antecipar desafios, comunicando estes desafios para a organização, e trabalhando com as pessoas visando encontrar meios adequados para enfrentá-los.

Apoio às Mudanças – Reconhecer a mudança como um fenômeno constante, enxergando a equipe como capaz de influenciar efetivamente esta mudança, bem como à organização e ao seu próprio sucesso.

Abertura – Compartilhar as informações apropriadas livremente através da organização, criando e mantendo um ambiente no qual as pessoas se sintam livres para levantar qualquer assunto com a confiança de que será considerado com seriedade.

Aprendizado Contínuo – Procurar meios de aprender com cada oportunidade e com cada revés, arriscando cometer erros para desenvolver e competir efetivamente.Respeito e Desafio – Apoiar a discordância construtiva e considerar com justiça as visões alternativas.

“Agilidade e Flexibilidade = Força e Solidez”

ESPAÇO CORPORATIVOD

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COMITÊS ABIMDE

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neste ano de 2014, o Comitê de Simu-lação e Treinamento da ABIMDE con-seguiu realizar diversos eventos que possibilitaram uma maior sinergia e entendimento comuns entre as empre-sas membros de nosso comitê (43) e nossas Forças Armadas, estimulando

novas demandas de serviços e aquisição de pro-dutos de simulação e treinamento.

WORKSHOPS:• Ferramentas de produtividade para simu- lação 1-Presagis• Ferramentas de produtividade para simu- lação 2-MäK• Ferramentas e técnicas de OTW – Christie.

FSTM: Fórum de Simulação e Treinamento Militar, realizado no Departamento de Ciência e Tecnolo-gia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Cam-pos, reuniu de um lado as empresas de simulação e treinamento do setor de defesa e, do outro, re-presentantes das três Forças Armadas brasileiras. O evento contou com a presença de mais de 150 participantes ao longo dos três dias de in-tensos debates e palestras, abordando 25 temas afins a saber:• Forças Armadas – Expondo sua realidade e necessidades futuras;• Empresas de Tecnologia – Apresentados cases de solução tecnológica;• ICTs – Informando sobre suas capacitações e interesses de colaboração;• Institucional – Abordando contexto situacio- nal, operacional e normativa do mercado.

Foi uma experiência muito positiva e que permitiu ampliar ainda mais o escopo de pos-sibilidades de negócios envolvendo não apenas empresas nacionais, mas também dando maior entendimento às empresas estrangeiras quanto às perspectivas do mercado, para uso de suas soluções com maior participação das empresas locais e profissionais brasileiros à frente de suas realizações. Fruto deste encontro, almejamos que nos-sas Forças Armadas possuam um reconhecimen-to efetivo das empresas nacionais para soluções de simulação e treinamento, incluindo-as no ca-dastro nacional de produtos de defesa, o que o CSTA vem trabalhando junto ao SEPROD/MD (Se-cretaria de Produtos de Defesa), e que passe a ter uma rubrica própria para estes dispositivos de produtos e serviços no orçamento do setor. Estamos confiantes na realização do 2º FSTM, que deverá ser hospedado pela Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro, em 2015. O CSTA também fez diversas reuniões com cada uma das Forças Armadas no sentido de qua-lificar os requisitos técnicos para compra e aquisi-ção de produtos e serviços de simulação e treina-mento (estão publicados no site do CSTA http://cstabimde.wix.com/csta), visando não apenas adequar e elevar o padrão técnico dos produtos a serem contratados como também de simplificar o entendimento dos pedidos com as empresas ofertantes, ampliando as possibilidades de parti-cipação de mais empresas sem perder a integri-dade dos objetivos a serem alcançados. Isto também possibilitou às Forças Arma-das uma maior consciência sobre as possibilida-des e oportunidades de forma mais inteligente e econômica do emprego de dispositivos de simula-ção e treinamento, apontando uma entidade res-ponsável por estas tecnologias e possibilitando uma melhor compreensão das suas respectivas demandas. Nesta mesma linha, o CSTA, com apoio da ABIMDE e da APEX, realizará sua 3ª participação na IITSEC – Orlando/EUA, que é o maior evento de simulação e treinamento militar e segurança do mundo, com a participação de 10 empresas com potencial de exportação, além da presença do Ministério da Defesa (MD) e das demais Forças Armadas.

avanços no setor De siMUlação e treinaMento

por Auro AzeredoCoordenador do CSTA

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sistemas cibernéticos, ou seja, todos aqueles relacionados com comunica-ção e controle, fazem parte natural dos ciclos de C2 das Forças Arma-das (FFAA) em todo o mundo. Com a doutrina de Guerra Baseada em Re-des (Netcentric Warfare), preconiza-

da na Estratégia Nacional de Defesa (END), os sistemas cibernéticos ganham cada vez mais a capacidade de automatizar ciclos inteiros de decisão e atuação, chegando, em definitivo, aos sistemas de controle, com desdobramen-tos cinéticos. Segurança cibernética, portanto, extrapola ativos de informação – é fundamen-tal também para a proteção de ativos físicos e preservação da vida. Com a interconexão crescente de sis-temas de informação, sistemas de controle e os chamados sistemas ciber-físicos (sistemas que possuem de forma embarcada e integrada

componentes atuadores, sensores, de processamento e de comunicação), crescem também a necessidade de confiança em tais sistemas. Neste contexto, como então pode o cliente/usuário final obter a con-fiança que necessita de seus siste-mas cibernéticos? Historicamente, tal confiança depende tanto de critérios técnicos como não técnicos, como por

exemplo, a reputação dos fornecedores, a exis-tência de conflitos de interesse entre Estados e, evidentemente, a análise técnica objetiva dos sistemas de interesse. Ciente da importância de tal análise, o CDCiber/DCT/EB iniciou, recentemente, o pro-jeto de pesquisa para o estabelecimento do “Sistema de Homologação e Certificação de Produtos e Serviços de Defesa Cibernética – SHCDCiber”, com a participação da Universida-de de Brasília (UNB), e envolvimento de pesqui-sadores e consultores de diversas instituições (academia, indústria e governo), incluindo a presidência da república, a Universidade de São Paulo (USP), o INMETRO e o COMCIBER/ABIM-DE. Esta fase do projeto tem duração estimada de sete meses e ocorre de forma concomitante aos estudos para o estabelecimento da Escola Nacional de Defesa Cibernética, a ENaDCiber. Uma vez implantado, o SHCDCiber pro-verá toda a infraestrutura e regulamentação para que produtos cibernéticos sejam analisa-dos, certificados e homologados quanto ao seu funcionamento, provendo assim critérios obje-tivos aos compradores e usuários de que aque-les sistemas de interesse fazem exatamente aquilo que declaram – e nada mais.

hoMologação De proDUtos DeDeFesa ciBernética

por Roberto GalloCoordenador do COMCIBER

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ABRIgOS TEMPORáRIOS

a Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL®), Empresa Es-tratégica de Defesa e Segurança desde 1808, desenvolveu, por so-licitação do Comando do Exército, os Sistemas de Abrigos Temporá-rios - SATi, integrado por abrigos temporários de alto desempenho,

adaptado às condições e peculiaridades dos biomas brasileiros e à realidade conjuntural do Exército Brasileiro. O SATi foi projetado para abrigar tropas de todas as característi-cas, empregadas em missões de Defesa da Pátria, Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e episódicas, como as missões humanitárias e de segurança a grandes eventos. Projetado e desenvolvido em sua Uni-dade de Produção, Fábrica Presidente Vargas (FPV/IMBEL®), os produtos da Linha de cam-panha e humanitária SATi inovam por aten-derem os requisitos de confiabilidade, rusti-cidade, flexibilidade, emprego dual, com viés logístico e de mobilização, e humanitário; re-sistente a ventos fortes; possibilidade de mo-

dulação longitudinal e transversal, estrutura tubular leve, resistente e intercambiável; do-tado de tecidos técnicos com tratamento anti-mofo, antibactéria, proteção à degradação por raios UV, proteção para retardo à propagação de chamas, permeabilidade seletiva, conexões rígidas, com engates rápidos e sistemas de trancamento; conforto térmico e piso em PVC de fácil higienização. A IMBEL®, tendo como atributo as es-pecificidades de ser uma Empresa Pública de Defesa e Segurança, norteada pelos ditames constitucionais e legais, entre as quais se destacam a responsabilidade socioambiental, decidiu desenvolver, a partir da tecnologia do SATi, a linha de Produtos EcoSATi, adequada às ações de Defesa Civil . Os produtos da Linha EcoSATi são tro-picalizados e customizáveis, que atendem às expectativas dos clientes no que tange aos requisitos de confiabilidade, conforto, rustici-dade, rapidez e flexibilidade no manuseio e emprego.

iMBel® inovanDo eM prol Das ações De DeFesa civil

Fotos: Divulgação

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PARTICIPAÇÃO DA IMBEL® NO XIV SENABOM A Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL®) participou, no período de 3 a 5 de setembro de 2014, do XIV Seminário Nacional dos Bombeiros Militares - SENA-BOM. O evento, ocorrido na cidade de Goiânia (GO), con-tou com a participação de corporações de bombeiros mili-tares de todos os estados da Federação, além de diversos órgãos ligados à Defesa Civil. O SENABOM é um evento anual do calendário do corpo de bombeiros de todo o País. Nele, as corporações têm contato com as inovações tecnológicas das áreas de combate a incêndio, resgate, salvamento, prevenção de acidentes e catástrofes naturais. Além disso, são condu-

zidas discussões sobre esses temas de forma a difundir melhores práticas e padroni-zar procedimentos doutri-nários. No SENABOM, a IMBEL® pôde apresentar um seg-mento de seu portfólio com aplicabilidade dual, ou seja, materiais que, além da sua utilização na área de Defesa, tem largo emprego na Defe-sa Civil e apoio às atividades dos bombeiros militares. En-tre tais equipamentos, desta-cam-se os novos Sistemas de Abrigos Temporários (SATi), abrigos de alto desempenho e o equipamento de comuni-cações portátil TPP 1400, re-

centemente lançado e adquirido pelo Exército Brasileiro. Os demais produtos IMBEL®, em especial, pistolas, facas, carabinas e fuzis, foram apresentados por meio de ban-ners, folders, catálogos e impressos. O estande IMBEL® foi bastante visitado e os produtos demonstraram ter grandes possibilidades de mercado e excelente aceitação por parte do público especializado visitante. A participação da IMBEL® foi coroada de êxito, con-tribuindo significativamente para colimar os objetivos de promover e divulgar aos públicos-alvo, institucional e pri-vado – Corporações de Bombeiros Militares, Polícias Mili-tares e Civis, Guardas Municipais, atiradores, caçadores e público em geral – , a Empresa e seu portfólio de produtos e, ainda, consolidar a marca “IMBEL® - Empresa Estraté-gica de Defesa e Segurança desde 1808”.

Barracas de defesa civil apresentadas pela IMBEL® no XIV SENABOM

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PARCERIA

o Deputado reeleito Carlos Zarattini (PT/SP) é um dos grandes parcei-ros da ABIMDE na luta pelo forta-lecimento e expansão do setor de defesa no Brasil. Em seu terceiro mandato como deputado federal, é titular da Comissão de Relações Exterio-res e de Defesa Nacional (CREDN) e suplente da Comissão de Minas

e Energia (CME). Também atua em importantes Comissões Especiais como, por exemplo, a que discute o PL 5692/13 – Proteção das Riquezas da Amazônia, e a que discorre sobre o PL 3538/12 – Criação da Empresa Amazul de Tecnologias. Como Coordenador da Frente Parlamentar de Defesa Nacional, que tem como principal ob-jetivo examinar um adequado Sistema de Defesa voltado para a preservação da Soberania Nacio-nal e do Estado Democrático de Direito, tem sido importante interlocutor no diálogo entre governo e indústria. Dentro das atividades relacionadas à Fren-te estão: buscar relações com universidades, centros de pesquisa e afins; elaborar calendário anual de seminários, debates e demais eventos a serem programados ao longo do trabalho de atuação dos parlamentares; buscar articulação com frentes similares de parlamentos de outros países, em especial da América do Sul; fomentar o intercâmbio, a cooperação e a troca de infor-mações recíprocas entre o Parlamento, a Defesa e as Forças Armadas; editar cadastro/anuário da legislação de defesa em tramitação no Congresso Nacional. Em conversa com a revista Informe ABIMDE, o parlamentar falou sobre a importância de se ter uma indústria de defesa forte e capaz de gerar negócios para o País. INFORME ABIMDE - Quando o senhor come-çou a se relacionar com o setor de defesa? Deputado Carlos Zarattini - A partir do mo-mento que vi o setor de defesa como importante nicho para o desenvolvimento tecnológico e eco-nômico no País. O governo trabalhou para firmar um acordo com a França (que envolve a constru-ção de helicópteros e submarinos com transfe-rência de tecnologia) e, depois disso, conhecendo

os projetos das Forças Armadas, continuamos, outros parlamentares e eu, a atuação para que este setor possa estar cada vez mais fortalecido.

IA - Como o senhor avalia a atuação da Frente Parlamentar da Defesa Nacional no ano de 2014?Zarattini - Este ano, trabalhamos mais na defe-sa para o fluxo de recursos para a continuidade dos atuais projetos. Tivemos atrasos e lutamos junto ao governo para diminuir esses adiamen-tos. No conjunto, a atividade como um todo teve certa redução.

IA - Quais os principais pontos tratados pela Frente ao longo do ano? Zarattini - A Frente lutou por recursos para to-dos os projetos que solicitaram auxílio, mas em especial posso destacar o Astros 2020, que é de extrema importância para o País, o desenvolvi-mento dos helicópteros no Brasil e o submarino nuclear.

IA - Como será a atuação em 2015? Já exis-te algo programado? Zarattini - Em 2015, será o início de um novo mandato. Pretendemos reconstituir a Frente e ter a adesão de novos deputados. Queremos tam-bém buscar atingir o senado, para que tenhamos uma força maior. Temos a intenção de fazer um momento no congresso de conhecimento desses projetos. Além disso, ter contato permanente com as Forças Armadas e com a indústria será muito importante para que possamos obter no-vas informações sobre os projetos em desenvol-vimento.

IA - Este ano, quais foram as principais con-quistas do setor de defesa?Zarattini - Não diria especificamente este ano, mas nos últimos anos tivemos a firmação da END (Estratégia Nacional de Defesa), que nas-ceu como uma ideia, um projeto, e hoje é uma realidade. Para mim, esta foi a maior conquista do setor até hoje. Agora, vamos iniciar o debate do novo Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN), dentre outros tantos pontos a serem debatidos neste segmento. Posso dizer que os planos estão caminhando.

a Favor Do FortaleciMento Da DeFesa no paÍs

por Claudia Pereira

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IA - Como o senhor avalia os investimen-tos feitos na área de defesa e segurança em 2014?Zarattini - Avalio como positivo. Infelizmente, tivemos uma retração da arrecadação do País como um todo. A crise internacional prejudicou muito nossa economia, pois tivemos redução de exportação. Acredito que isto seja apenas um momento pelo qual estamos passamos e, em 2015, devemos restabelecer e ampliar os inves-timentos.

IA - O que é preciso para que o País des-lanche neste segmento e possa competir de perto com o mercado internacional?Zarattini - É preciso definir qual mercado pre-tendemos atingir. É bem evidente que o mais próximo é a América Latina, e que também exis-te um grande interesse do Brasil no mercado africano. Temos de estreitar nossa relação com as Forças Armadas dessas regiões para que co-nheçam melhor nossa tecnologia e nosso desen-volvimento industrial.

IA - Qual a importância da ABIMDE para o setor de defesa? Zarattini - A ABIMDE vem atuando de forma importante no segmento e se tornou uma porta-voz da indústria. Tem feito discussões e debates com o governo e se mantido como uma voz presente. Que-remos que a indústria esteja próxima do governo, fa-lando sobre suas neces-sidades e projetos. Por meio da ABIMDE esse diálogo tem se tornado cada vez mais amplo.

Divulgação

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a empresa Condor S/A Indústria Química, hoje mais conhecida como CONDOR Tec-nologias Não Letais, foi fundada em 1985, fruto da aquisição de parte de uma tradi-

cional fabricante de material bélico dos idos de 1960, a Química Tupan. À época, a Química Tupan produzia explo-sivos civis como nitropenta, utilizados em cordéis detonantes e espoletas iniciadoras, além de mu-nições de caça, pólvora, granadas defensivas, en-tre outros. A Condor então chegou a ter algum suces-so em exportação operando seus negócios por meio da Trade Company, Engexco, subsidiária da Engesa, fornecendo granadas fumígenas 81mm, para carro de combate, para Iraque, Líbia, Chile e Uruguai, além de fornecer internamente para o Exército Brasileiro equipar seus carros Urutu e Cascavel. Em âmbito nacional, em um cenário de mudança política e instabilidade econômica, os movimentos sociais e as organizações de defesa dos direitos humanos ganharam força, tornando--se cada vez mais presentes e influentes junto à opinião pública e à mídia. Isso trouxe à discussão questões que implicavam diretamente em mu-danças de alguns paradigmas, principalmente so-

bre a atuação das polícias, que não dispunham de alternativas à força letal, passando a ser exigido maior equilíbrio e proporcionalidade no emprego da força. No mês de outubro de 1992, o Brasil foi notícia em todo mundo por conta do episódio que ficou conhecido como “massacre do Carandiru”, onde 111 detentos morreram após uma rebelião. A ação foi questionada por organismos interna-cionais de direitos humanos e muito se discutiu sobre o que poderia ser feito para evitar a tra-gédia. Ainda em 1992, Carlos Erane de Aguiar, só-cio-fundador da Condor, junto com Antônio Carlos Magalhães, então diretor industrial da empresa, realizaram um “management buyout” adquirindo pleno controle da empresa. Em meio à incerte-za do mercado nacional, Carlos Erane incentivou seu filho, Frederico Aguiar, a procurar novos mer-cados e parcerias no Continente Europeu, o que resultou em contratos de representação da Nico Pyrotechnik, empresa alemã do Grupo Rheinme-tall; da RBR Armour, empresa inglesa fabricante de capacetes e de coletes balísticos; e um acordo de distribuição de máscaras italianas SGE. Adi-cionalmente, o trabalho com essas renomadas empresas forneceram “network” internacional,

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imprescindível para a expansão da empresa por meio da exportação de seus produtos. Quatro anos depois, em 1996, em Eldora-do dos Carajás, um novo conflito entre manifes-tantes “sem-terra” e a Polícia do Pará resultou na morte de 19 pessoas e 67 feridos. Mais uma vez o emprego proporcional da força pelos agentes da lei voltou a ser discutido e o uso de tecnologias não letais tornou-se um imperativo.Diante desse cenário, a Condor identificou uma demanda crescente por soluções diferentes das armas de fogo, soluções estas que preservassem a vida dos cidadãos e que, ao mesmo tempo, fos-se capaz de neutralizar agressores sem causar ferimentos graves ou a morte: a força aplicada de maneira proporcional. A Organização das Nações Unidas (ONU), em seu 8º Congresso, no ano de 1990, ocorrido em Havana (Cuba), empregou pela primeira vez, em nível internacional, o termo não letal, cujo texto de suas resoluções recomenda aos países--membros que desenvolvam “armas não letais”, tanto quanto possível, com a finalidade de reduzir a violência, morte e ferimentos desnecessários aos cidadãos. Com esse respaldo internacional, a Condor iniciou um intenso programa de divulga-ção do conceito junto às autoridades de seguran-ça pública no âmbito federal, estadual e munici-pal, bem como nas esferas militares, por meio de palestras, seminários e diversos outros eventos temáticos. Em 2003, com o intuito de reforçar a divul-gação do “conceito não letal”, a Condor promove a publicação no Brasil da tradução do livro “Futu-re War”, do Coronel John B. Alexander, consultor do Departamento de Defesa Americano, ex-co-mandante dos “Boinas Verdes” na Guerra do Vie-tnã e considerado o maior especialista em armas não letais do mundo. Na versão em português, o livro foi intitulado “Armas Não Letais – Alternati-vas para os conflitos do Século XXI”. Em 2006, como mais um esforço da em-presa, a Condor de forma con-junta com o Ministério da Justi-ça, por intermédio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e Fundação Polícia Federal de Apoio ao Ensino e à Pesquisa realizou, em Brasília, o 1º Seminário Internacional de Tecnologias Não Letais. O evento reuniu especialistas do mundo inteiro e um público de mais de 700 pessoas das áreas do Executivo, Judiciário, Legis-lativo, das Forças Armadas e de Segurança Pública. Como consequência dire-

ta do Seminário podemos citar a Edição da Porta-ria Nº 387 de 01/09/2006, da Polícia Federal, que estabelece a obrigatoriedade de 100 horas-aula sobre uso de não letais nos cursos de formação de vigilantes de segurança privada. O lançamento do Programa Nacional de Se-gurança com Cidadania (PRONASCI), em agosto de 2007, é um marco no que se refere à inclusão do conceito do uso progressivo da força e da apli-cabilidade das tecnologias não letais na Política de Segurança Pública do País, além de privilegiar a qualificação das polícias, incluindo práticas de segurança-cidadã como a utilização de tecnolo-gias não letais, entre outras. Um dos pilares do conceito de segurança-cidadã, inserido no PRO-NASCI, é o emprego de tecnologias não letais no combate ao crime, garantindo a integridade física dos cidadãos e do próprio agente da lei. No seguimento militar dos EUA, passou a ser crescente a preocupação com o uso dife-renciado da força em operações assimétricas de “Military Operations Other Than War - MOOTW”. No Brasil, na doutrina do conceito de Garantia da Lei e da Ordem – GLO, bem como em Operações de Missões de Paz, pode-se dizer que as Forças Armadas brasileiras são pioneiras na adoção de equipamentos não letais em missões de paz, com destaque para sua atuação na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH). Nesse contexto, na década de 1990, acom-panhando a revolução tecnológica mundial, a Condor lança-se no mercado internacional e in-veste os primeiros esforços em exportação com considerável sucesso. Os produtos da empresa chegam a países como Argélia, Colômbia, Tur-quia, Jordânia, entre outros. O Instituto Fraunhofer, instituição alemã de tecnologia, promove edição bienal do Sim-pósio Europeu Não Letal, onde a Condor sempre esteve presente desde a 1ª Edição, em 2001, contribuindo com a relevância de seus resultados para a formulação de políticas e doutrinas de em-

Primeiro embarque para a Argélia utilizando um avião Ilayushin/76, com capacidade de 40 ton. de carga

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prego de armas não letais no âmbito militar e de segurança pública, na Europa e também no Bra-sil. Em sua 4ª edição, no ano de 2007, a Condor apresentou o trabalho “Non-Lethal Technologies in Brazil”. Desde a sua fundação, a empresa, além de ampliar seu portfólio de produtos, também al-cançou a marca de exportação para 45 países. A Condor fornece, inclusive, materiais para a ONU para utilização em suas forças de paz. Alguns dos diferenciais da empresa são: seu parque industrial, sua divisão de treinamen-to, as soluções desenvolvidas de acordo com a demanda do cliente e as parcerias com organis-mos militares e de segurança pública. A empre-sa possui em seu portfólio mais de 130 produtos homologados pelo Exército Brasileiro e reconhe-cidos mundialmente por sua qualidade, fato que tem atraído o interesse das forças de segurança de diversas nações. A companhia foi uma das primeiras a ser classificada pelo Ministério da Defesa como Em-presa Estratégica de Defesa (EED).Por meio de sua empresa de representações, a Welser, complementa o portfólio dos produtos da Condor, com equipamentos de renomada quali-dade, em variadas áreas para aplicação militar e policial. Destacamos a Altave, fabricante nacio-nal de “balões cativos”, a FNHerstal com o Dis-positivo Não-Letal - FN303, entre muitos outros. É importante lembrar que, em 2013, por ocasião da visita do Papa e da Copa do Mundo, o País foi surpreendido por intensas manifestações populares contra aumento de tarifas de ônibus, gastos com a Copa, contra atos de corrupção, etc. Nessas oportunidades, os movimentos sociais le-varam às ruas cerca de um milhão e quinhentas mil pessoas, simultaneamente, em cerca de cem cidades brasileiras que, inicialmente, clamavam por mudanças de forma pacífica. Porém, em um segundo momento, grupos radicais passaram a promover depredações e vandalismos, como a

tentativa de invasão ao Congresso Nacional e ao Palácio do Itamaraty, em Brasília, e a tentativa de ocupação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e da prefeitura, em São Paulo. Foi um período de quase um mês com intensos e graves confrontos entre vândalos, manifestantes e polícias. Naquele episódio, a Condor teve um pa-pel crucial para a manutenção da ordem e da lei, disponibilizando todo o seu estoque de materiais não letais, inclusive os destinados ao mercado externo, para que as autoridades Militares e Poli-ciais pudessem agir com energia, sem que tives-se ocorrido nenhuma morte sequer diretamente relacionada com o emprego de dispositivos não letais. Infelizmente, nessa mesma época, alguns países como a Síria e a Venezuela empregavam armas de fogo em situações semelhantes, resul-tando em inúmeras mortes. Como empresa familiar, o seu desafio per-manente é a perpetuação da companhia acima de qualquer perspectiva personalista, assim, no dia 11/11/11, um acordo de acionistas implantou o modelo escolhido de governança corporativa, foi criado um Conselho de Administração presidido por Carlos Erane de Aguiar, cabendo a Frederico Aguiar, o papel de principal executivo.

Os resultados alcançados mostra-ram que a decisão foi acertada, pois neste período, até os dias de hoje, a Condor quadruplicou o seu fatura-mento e ampliou a sua presença no mercado internacional, passando de 10 para 45 países. Para seguir crescendo, a em-presa aposta na internacionalização, no investimento contínuo em tecno-logia, na prioridade das políticas pú-blicas e no fortalecimento do setor de defesa e segurança que comungam de mesma base industrial, em sua maioria, e são cruciais para o forta-lecimento econômico do Brasil, com exportação de alto valor agregado.

Cerimônia do Prêmio “Faz Diferença”, categoria Economia e Desenvolvimento do Estado do RJ, concedido pelo Jornal

O Globo, em parceria com a FIRJAN

Evento EED - Frederico Aguiar (esq.) recebe diploma do Comandante da Aeronáutica, Ten-Brig-Ar Juniti Saito, na presença do Ministro da Defesa, Celso Amorim

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gUerra ciBernética: UMa realiDaDe seM volta

FRONT VIRTUAL

por Karen Gobbatto

o Comandante do Centro de Instru-ção de Guerra Eletrônica (CIGE) do Exército Brasileiro, Coronel Fernan-do Adam, fala dos desafios do Brasil no que se refere ao desenvolvimento de tecnologias que possam auxiliar o País a enfrentar possíveis ataques cibernéticos. O que antes parecia fic-

ção, visto apenas em filmes, hoje é uma realida-de sem volta. A cibernética faz parte das prioridades do governo brasileiro e integra os projetos estraté-gicos das Forças Armadas desde 2011. A prepa-ração de tropas em simuladores de guerra ele-trônica está no dia a dia dos treinamentos do Exército. De acordo com o Cel. Adam, o risco de ataques virtuais é iminente diante da velocida-de que caminha a tecnologia. Quando assumiu o CIGE, em fevereiro de 2013, a busca por novas tecnologias e simuladores de ponta já estava em andamento. “Havia disponível no mercado internacio-nal muitas caixas-pretas, simuladores importa-dos, desenvolvidos com outras características

que não se encaixavam com a realidade brasilei-ra”, explica o comandante. Segundo ele, os cená-rios eram limitados e mais se pareciam com jo-gos. Foi em 2011 que começaram a ser geradas as primeiras especificações para desenvolver no Brasil um simulador que atendesse às necessida-des do Exército. “Foi um desafio tanto para nós quanto para a empresa selecionada para traba-lhar nesse programa”, conta o Coronel. Em 2012, ainda no comando de seu ante-cessor, foi entregue a primeira fase do SIMOC, simulador desenvolvido pela empresa brasileira RustCon. Para o comandante, uma grande sur-presa, pois o equipamento “era mais flexível e possuía cenários mais condizentes às nossas ne-cessidades, e o mais importante, nacional”. Para ele, ter o domínio dessa tecnologia no Brasil é muito importante, já que a guerra cibernética passou a ser uma preocupação mun-dial. Hoje, garante que o País está muito bem respaldado tecnologicamente para preparar seus soldados. “Para nós é motivo de orgulho termos um simulador que podemos ajustar aos nos-sos cenários, nossas necessidades, sem manter qualquer dependência estrangeira.” Ele cita, por

exemplo, como foi a preparação para a Copa do Mundo. “Pudemos lançar cená-rios próximos à realidade, simular situa-ções de conflitos próximas ao campo de futebol, invasões de redes, dentre outros problemas.” Para o comandante, a cibernética é um caminho sem volta, “daqui para frente temos apenas que evoluir cada vez mais. A guerra virtual não é mais ficção, coisa de filme, ela é real e o Brasil tem que estar pronto para se defender no front ciberné-tico”, finaliza. Coronel Fernando Adam, Comandante do CIGE

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TÚNEL DO TEMPO

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a história de sucesso da RF COM pode ser explicada por uma série de fatores, mas a determinação de seu fundador, Paulo César Ceragioli, aliada ao senso de oportunidade sempre marcaram a trajetória da empresa. Tudo começou em 1994, quando o empre-sário, que ainda trabalhava na antiga Tecna-sa, revendia equipamentos para o Programa Ruralcel, voltado para expandir a telefonia móvel nas áreas rurais do País. Paulo César

também ministrava treinamentos e criou manuais técnicos para os integradores de sistemas. Nessa atividade, foi in-centivado a abrir a própria empresa. Aí nascia a RF COM que, nesses 20 anos, expandiu o ramo de atuação e hoje é líder em diversos segmentos. De representante e revendedora de equipamentos de telefonia móvel, a RF COM foi assumindo novos desafios ao longo dos anos. A área de revenda continua, mas foi acrescida por outros projetos, entre eles, os voltados para a área de Defesa, como a fabricação de shelters (abrigos) e a integração de sistemas de comunicação. Os negócios na área militar representam, atualmente, 50% das atividades da empresa, principalmente com o ingresso da companhia no Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sis-

por Karen Gobbatto

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fron), do Exército Brasileiro, desde 2013. “Todas as unidades móveis do Projeto Sisfron são desenvolvidas pela RF COM. Além de desenvol-ver os shelters, tudo que envolver comunicação para as viaturas, a RF COM está presente”, explica o ge-rente de projetos da empresa, Rafael Naves. A atuação no setor de Defesa tornou-se cons-tante a partir de 2007, com uma parceria com a então Orbisat, hoje Bradar, no fornecimento de shel-ters e na integração de sistemas para o Centro de Operações do Radar SABER M60. Esse abrigo se-guiu os padrões desenvolvidos pela RF COM para os clientes civis, atendendo as necessidades do pro-tótipo COAAe (Centro de Operações Antiaéreas) e marcou a entrada da empresa na área militar. “A RF COM é mais do que uma fabricante de shelters. Nosso carro-chefe é a integração de siste-mas de comunicação e o nosso diferencial é desen-volver esse tipo de projeto atendendo as necessida-des de cada cliente”, ressalta Naves.De acordo com Ceragioli, CEO da empresa, mesmo os shelters, móveis ou fixos, são construídos com layouts variados para receberem os equipamentos de comunicação, de acordo com as necessidades de cada projeto ou cliente. No caso do Projeto Sivam (Sistema de Vi-gilância da Amazônia), que também contou com a participação da RF COM, a empresa desenvolveu as bancadas de testes para os sistemas do projeto. Ceragioli aponta a qualidade dos produtos desenvolvidos pela empresa e a customização dos projetos como os grandes diferenciais da compa-nhia, o que a torna a líder brasileira no fornecimento de shelters. Um dos recentes projetos de integração de sistemas de comunicação da área de defesa foi co-locado em prática na Copa do Mundo, realizada este ano no Brasil. A RF COM ficou responsável por in-tegrar o Centro de Comando e Controle Móvel do Exército para o evento, instalando dois centros por cidade-sede, além de bases móveis. Algumas delas identificadas com o tradicional desenho de camufla-gem do Exército e outras não, para garantir ainda mais sigilo nas operações, segundo Ceragioli. “Foi um projeto muito interessante para a RF COM, pois contribuímos diretamente para o sucesso da segurança de um evento internacional desse por-te”, orgulha-se o CEO.

BROADCAST Outra área de domínio e liderança da RF COM é a de Broadcast, com o fornecimento de produtos, serviços e sistemas integrados para empresas de Rá-dio e Televisão e geradoras de conteúdo. Essa área começou a ser desenvolvida também a partir da fa-bricação das ERBs Móveis (Estações Rádio-Base Ce-lulares Móveis). Com o conhecimento adquirido com esses projetos e com a telefonia móvel, a RF COM deu um passo importante na consolidação da em-presa nesse setor, passando a oferecer tecnologia nacional para as emissoras de rádio e de televisão. A empresa é responsável por construir e montar estúdios móveis e carros links das principais emissoras do País, garantindo a transmissão ao vivo dos mais variados eventos, com a qualidade de som e imagem exigidos. O primeiro projeto nessa área foi para a TV Vanguarda, afiliada da TV Globo no Vale do Paraíba, em 2001, quando foi construída a primeira Unidade Móvel de Jornalismo. “Esse projeto marcou a entrada da RF COM nesse setor, que hoje lideramos no Brasil com mais de 150 unidades produzidas”, destaca Ceragioli. Em 2004, a empresa dá mais um passo em direção a essa liderança ao projetar e fabricar a pri-meira Unidade Móvel Modular de Produção para a TV Globo, substituindo as importações desse tipo de equipamento. A RF COM conta não apenas com a TV Globo em seu portfólio de clientes, mas com as principais emissoras de televisão abertas. “Além da busca para melhorar nosso produ-to, buscamos identificar as necessidades do merca-do. Para isso, além de participarmos ativamente das principais feiras do setor no Brasil e no mundo, man-temos contato direto com nossos clientes, indo no campo operacional de cada um para verificar como a empresa pode contribuir para a evolução do traba-lho”, reforça Ceragioli.

DIFERENCIAIS Outros setores que também se beneficiam com a expertise da RF COM na área de telecomuni-cações são o de Óleo e Gás e Mineração. Para esses setores, a empresa de São José dos Campos (SP) é fornecedora prioritária de estações móveis e fi-xas de comunicação via satélite. Essas estações são instaladas em áreas remotas como plataformas de exploração de petróleo e minas, permitindo a comu-nicação com os centros operacionais das empresas.

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Nome: RF COMFundação: 1994Atuação: Telecomunicações, Broadcast e Defesa/Segurança

Funcionários: 200Clientes: mais de 700 ativosSede-própria: 35.000 m² de área total e 6.160 m² de área construída

- Telecomunicações - Operadoras de Telefonia Celular - Fabricantes de Equipamentos de Telecomunicações - Agências Reguladoras (Anatel) - Broadcast - Empresas de Rádio e Televisão - Geradoras de Conteúdo

- Defesa e Segurança - Forças Armadas - Defesa Civil - Corpo de Bombeiros - Polícia Civil e Militar - Polícia Federal e Estaduais- Óleo e Gás- Mineração

ATUAÇÃOA RF COM oferece Produtos, Serviços e Sistemas Integrados para aplicações nos segmentos de:

RAIO-X

Além disso, a empresa é representante e re-vendedora de produtos importados. Em um desses casos, a RF COM forneceu equipamentos para a Polí-cia Federal para detecção de produtos tóxicos, além de treinamento para operar o equipamento. Tais produtos são usados em operações em aeroportos, portos e estradas. No portfólio de produtos e serviços há ainda o desenvolvimento de equipamentos e software para um sistema de posicionamento de antenas de mi-cro-ondas. Inicialmente, o projeto foi pensado para a área civil, mas foi absorvido pelo setor de defesa, dentro do projeto Sisfron, para auxiliar o operador a fazer remotamente os ajustes das antenas de trans-missão de dados. A RF COM também marcou presença no CBERS (China Brazil Earth Resources Satellite), ao construir um módulo climatizado para envio do sa-télite para o lançamento na China. A empresa também se orgulha de ter criado uma sala blindada para teste de rádio frequência de celular para a Vivo, e de ter projetado e fabricado o Intercom, um sistema de intercomunicação instala-do dentro dos shelters.

PARCEIROSO reconhecimento da RF COM ocorre em todos os se-

tores e por diversas empresas e instituições. Desde sua inauguração, a companhia firmou parceria com os principais fornecedores de equipamentos e pro-dutos de telecomunicações em todo o mundo. Entre elas estão a Will Burt Company, a Cummins Onan Power Generation, a HWH Corporation, a Commsco-pe Inc, entre outras. A Will Burt é uma que premiou a RF COM como distribuidor internacional, em 2001.

CERTIFICAÇõES A RF COM possui importantes certificações, creden-ciamentos e registros: - Está em processo de certificação para obter a ISO 18001: 2007 (Saúde e Segurança) e a ISO 14001: 2004 (Meio Ambiente);- Certificado ISO 9001:2008 – Sistema de Gestão da Qualidade; desde 2011; - Registro ITAR (International Traffic in Arms Regula tions), concedido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, em 2013, permitindo que a em presa RF COM importe equipamentos de cunho mi litar produzidos por aquele País;- Registro de Fabricante de Veículos junto ao DENA TRAN, desde 2005;- Credenciamento como EED (Empresa Estratégica de Defesa) pelo Ministério da Defesa (DOU de 30 de maio 2014).

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LINHA DO TEMPO 2007DEZEMBRO – Assinado contra-to com a FINEP para o projeto “Desenvolvimento de Tecnolo-gia para Fabricação e Integra-

ção de Shelter Militar com Blindagem Eletromag-nética para Estação de Solo

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JANEIRO – Assinado contra-to com a FINEP para o projeto “Desenvolvimento e Fabrica-ção de Shelter Compacto In-

tegrado Com Blindagem Eletromagnética para Mo-nitoramento e Guerra Eletrônica”

2009

ABRIL - Assinado contrato com a FINEP para a subvenção do projeto “Sistema de Comunica-ção Transportável Via Satélite

para Guerra Eletrônica e Comunicação Tática”

SETEMBRO - A RF COM recebeu da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) a Declaração de Exclusivi-dade de fabricação dos shelters militares S-280, S-788, S-394 e S-262

2010

FEVEREIRO – Ampliação do par-que fabril, fechamento do contra-to para fornecimento de shelters para o Exército (Projeto Sisfron)

2013

MAIO – Credenciada como Em-presa Estratégica de Defesa (EED) pelo Ministério da Defesa2014

DEZEMBRO – Primeiro gran-de contrato com o Ministério da Justiça envolvendo o forne-cimento de equipamentos De-

tectores de Gás para Defesa Química, Biológica e Radiológica (DBQN) para Segurança de Grandes Eventos, como Copa do Mundo e Olimpíadas

2012

DEZEMBRO – Primeiro contra-to com a Base Administrativa da Brigada de Operações Especiais do Exército, para fornecimento de

Plataforma Móvel de Comando e Controle, utilizan-do Carroceria Modular instalada em caminhão

2011

SETEMBRO - É fundada a RF COM Sistemas Ltda., para fornecer equipamentos e trei-namento do Programa Ruralcel

1994

MARÇO – Projetada e fabri-cada a primeira Unidade Mó-vel Modular de Produção, em parceria com a TV Globo

2004

JANEIRO – Assinado contrato com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para finan-ciamento do “Projeto de con-

cepção e desenvolvimento de tecnologia para a medição de cobertura de sistemas de comunicação sem fio, com aplicação direta em telefonia celular”

AGOSTO - Entregue as primeiras Estações Rádio-Base Celulares (ERBs) Móveis com mastro tel-escópico, integradas em contêiner, usando semir-reboque pesado;

1998

MARÇO – Desenvolvido o siste-ma de Mastro Telescópico para as Unidades de Controle do Sis-tema ASTROS, da Avibras, que

foram exportadas para Malásia

Recebe prêmio como Distribuidor Internacional da Will--Burt USA (Mastros Telescópicos) “For outstanding sa-les, service and innovation”

DEZEMBRO – Projetada e fabricada a primeira Uni-dade Móvel de Jornalismo, em parceria com a TV Vanguarda, afiliada TV Globo

2001

NOVEMBRO – Entregue a pri-meira ERB Móvel com mastro telescópico, usando o semirre-boque RF COM SR 2000, espe-

cialmente projetado para essa aplicação

2000

MARÇO – Mudança para a sede própria2002

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ASSESSORIA JURÍDICA em um país em que 36% de seu produto interno bruto (PIB) são expendidos em tributos, quanto mais as empresas tiverem in-formações que permitam diminuir os seus custos com a carga tributária, melhor.

Na presente edição, a Assessoria Jurídica da ABIMDE dará al-gumas informações sobre o Convênio ICMS 75/91, pelo qual a base de cálculo do ICMS para produtos aeronáuticos é de 4% (quatro por cento) ao invés dos 18% (dezoito por cento), que é a alíquota mais comum no Estado de São Paulo, por exemplo. Assinado no ano de 1991, por todos os Estados e pelo Distrito Federal, o Convênio possibilita a alíquota reduzida nas operações mercantis com aviões, helicópteros, planadores, simuladores de voo, paraquedas, bem como partes, peças, acessórios, matérias-primas, equipamentos, ferramental e material de uso e consumo emprega-dos na fabricação e manutenção das aeronaves e simuladores.De acordo com o previsto no Convênio, o benefício poderá ser usu-fruído pelas empresas nacionais da indústria aeronáutica, de trans-porte aéreo, de serviços aéreos especializados, de manutenção ae-ronáutica, da rede de comercialização e importadoras de material aeronáutico e aeroclubes. O Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) – per-

tencente ao DCTA, e que funciona como um elo entre a FAB e as indústrias – analisa as empresas candida-tas à fruição dos benefícios do Convênio ICMS 75/91, e encaminha ao Conselho Nacional de Política Fazen-dária (CONFAZ) a relação das que se enquadrem ao previsto na legislação. O site (www.ifi.cta.br) mostra--se bem completo, inclusive com as orientações e os

formulários a serem preenchidos pelas empresas quando da solicita-ção de inclusão ou manutenção no Convênio ICMS. O referido site também possui as diretrizes para as empresas se cadastrarem no Catálogo de Empresas do Setor Aeroespacial (CE-SAER), que possibilita aos consulentes o acesso rápido às linhas de produtos e serviços das empresas do setor aeronáutico situadas no território nacional. Vale ressaltar que o CESAER também está dispo-nível para outros países, funcionando como um canal de divulgação das empresas e produtos do setor aeronáutico do Brasil. Daí que, conjugando-se o Convênio ICMS 75/91 com o Regi-me Especial Tributário para a Indústria de Defesa (Retid) e outras espécies de benefícios fiscais, cabe às companhias se adequarem ao disposto na legislação e fazerem uso dessas vantagens tributárias, visando pelo menos minorar a escorchante carga tributária a qual se acha submetido o setor produtivo do nosso País. Mussoline da Silveira Soares Filho é advogado, com especiali-zações em Direito Tributário e Direito Processual Civil, Assessor Jurí-dico da ABIMDE e sócio do Pinheiro Bittencourt Advogados, escritório especializado em Direito Tributário e Empresarial sediado em São

José dos Campos, com filial na cidade de São Paulo. É também Coronel Intendente da Reserva Remunerada da Força Aérea Brasileira.

convênio icMs 75/91

Advogado, com especializações em Direito Tributário e Direito Processual Civil, Assessor Jurídico da ABIMDE e sócio do Pinheiro Bittencourt Advogados, escritório especializado em Direito Tributário e Empresarial sediado em São José dos Campos, com filial na cidade de São Paulo. É também Coronel Intendente da Reserva Remunerada da Força Aérea Brasileira.

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Mussoline da Silveira Soares Filho

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PONTO DE VISTA

o Ministério da Defesa define a Base Industrial de Defesa (BID) como o conjunto das empresas e ins-tituições que participam de uma ou mais etapas de pesquisa, desenvolvimento, produção, distribuição e manutenção de produtos de defesa. Pode-se questionar quando e onde teve origem a BID brasileira. Este artigo pretende mostrar, anali-

sando as atividades industriais e de apoio logístico no período colonial, que a BID não é o resultado de esforços recentes de criação. A história da BID é quase tão extensa quanto a do Brasil, e a Ribeira das Naus de Salvador foi a primeira indús-tria de defesa implantada no território brasileiro. Considera-se que até 1500, o território brasileiro era habitado apenas por indígenas. O espaço de tempo entre o Descobrimento do Brasil e o início de seu povoamento, em 1530, é chamado de período pré-colonial. O período colonial, durante o qual o território brasileiro foi uma colônia do impé-rio ultramarino português, se estende de 1530 até 1815, ano da criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500 a 1530)

Durante o período pré-colonial, o território brasileiro foi palco de atividades exclusivamente extrativistas. Os índios que aqui habitavam viviam de caça, pesca e coleta, com al-gumas poucas tribos praticando agricultura ocasional. Ao en-trar em contato com os europeus, sentiram-se incentivados a extrair recursos naturais das regiões costeiras para realizar escambo e obter as novidades trazidas por aqueles. Os exploradores portugueses não encontraram fartas riquezas metálicas como os espanhóis em suas terras recém--descobertas. Dizia-se que nada havia de muito interessante na Terra de Santa Cruz, além de papagaios, macacos, e uma madeira de tingir, muito valorizada na Europa. Algumas expedições portuguesas foram organizadas para explorar o território e extrair toras da planta nativa. No entanto, os portugueses não estavam sozinhos. Corsários de nações não contempladas no Tratado de Tordesilhas - ingle-ses, holandeses e, principalmente, franceses - também pas-saram a frequentar a costa brasileira. Chegaram a ser construídas algumas feitorias para ar-mazenar as toras até seu transporte e evitar a intervenção de navios corsários. O resultado, no entanto, não foi positivo nem duradouro. Resultou em grande devastação das matas costeiras e em nenhum núcleo de povoamento permanente.

Base inDUstrial De DeFesa: os priMeiros passos

Parte I*

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PERÍODO COLONIAL I (1530 a 1763)

A necessidade de proteger as costas brasileiras contra a rapi-nagem de piratas e a cobiça de algumas nações preocupava o gover-no português. Era preciso desenvolver um poder naval adequado, na época, à defesa da Colônia. Estava claro, no entanto, que a presença de navios itinerantes não seria suficiente para afugentar os demais europeus que, cada vez mais ousados, fincavam os pés nas terras americanas. A ameaça representada especialmente pelos franceses in-duziu Portugal, a partir de 1530, a defender as terras brasileiras por um processo mais seguro, o de ocupação efetiva do território por meio de povoamento e colonização. Houve muita dificuldade para implementar essa estratégia. Pou-cos se interessavam pelo Brasil. O comércio com o Oriente estava no apogeu e concentrava as atenções da reduzida população de Portugal (inferior a dois milhões). A colonização não seria possível sem grandes incentivos. Assim, o rei abriu mão de seus poderes soberanos em be-nefício dos súditos que se dispusessem a arcar com os custos e o risco da colonização. Foi adotado o sistema de capitanias hereditárias, das quais apenas Pernambuco e São Vicente conseguiram vencer as dificul-dades. As demais foram abandonadas ou apenas vegetaram, com pe-queno número de colonos ocupando locais isolados da faixa litorânea. As comunicações marítimas ganharam uma importância funda-mental para apoiar os navios portugueses que aqui operavam, e as ati-vidades marítimas exercidas pelos próprios colonos, facilidades indus-triais e de apoio (manutenção, reparo, armazenagem e distribuição) foram logo criadas. Os portugueses cedo perceberam “as vantagens que haveria em fazer aqui todos os tipos de embarcações, aproveitan-do a qualidade, abundância e variedade de madeiras então existentes, do que se fez, inclusive, grande exportação para Portugal”. Contribuiu também para isso a posição geográfica e estratégica da colônia, em relação à rota da Índia. Assim, as atividades em construção naval ocorreram desde os primeiros tempos coloniais. As primeiras embarcações de tipo europeu aqui construídas, dois pequenos bergantins, utilizaram materiais dis-poníveis na área do Rio de Janeiro, em 1531, provavelmente em cará-ter de urgência. Refletindo a preocupação com a defesa, um regimento datado de 1548 impunha a todo habitante da colônia a obrigação de possuir uma arma de fogo, pólvora e munição. Thomé de Souza, ao instalar o Governo Geral em 1549, trouxe de Portugal um grupo de artífices especializados, que incluía um mestre de construção, carpinteiros, calafates e um ferreiro. Esses artífices e seus aprendizes, ajudantes e sucessores criaram as condições para o estabele-cimento do primeiro estaleiro em território brasileiro, a Ribeira das Naus de Salvador. Ali foram construídos navios, continuadamente, vários de grande porte, até quase o fim do século XIX. Esse foi o berço da BID.

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Almirante Marcílio Boavista da CunhaMembro do Conselho Consultivo da ABIMDE

*A continuação deste artigo será publicada na próxima edição.

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Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa

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