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OPINIÃO Rui Barreiro Portugal, um país de florestas >>> Pág. 02 Amândio Torres Florestas, orgulho e desafio nacional >>> Pág. 03-04 Alfredo G. Ferreira A floresta e os recursos hídricos na bacia do Tejo >>> Pág. 05-07 António Carmona Rodrigues Floresta e recursos hídricos na perspectiva do planeamento >>> Pág. 08-09 ENTREVISTA Ferreira Matos Evolução e desafios no sector florestal >>> Pág. 10-11 Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território em Almeirim >>> Pág. 13-14 MUNICÍPIO Proença-a-Nova Um concelho verde Mini-hídrica de carregais, um investimento estratégico >>> Pág. 21-22 Nº 11 | JANEIRO / FEVEREIRO 2011 A Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) adoptou a Resolução A / RES / 61 / 93 em 20 de Dezembro, que declara o ano de 2011 como o Ano Internacional das Florestas. O objectivo é promover, em todo o mundo, o desenvolvimento sustentável e a conservação das florestas, sensibilizando os actores- -chave e os cidadãos para a sua importância no desenvolvimento global sustentável. >>> Pág. 12 www.arhtejo.pt FLORESTAS E RECURSOS HÍDRICOS EDITORIAL A qualidade que a INFOTEJO atingiu desde o primeiro número orgulha-nos muito. O nosso informal estatuto editorial, no sentido de garantir qualidade e actualidade aponta para uma periodicidade variável, por isso este número 11 é bimestral. Depois de um 2010 dedicado à biodiversidade, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas declarou oficialmente o ano de 2011 como o Ano Internacional das Florestas. E porque a ligação entre floresta e recursos hídricos é estreita, será este o tema desta que é a primeira edição da INFOTEJO em 2011. Como já vem sendo hábito contamos com a presença de ilustres convidados que conferem ao número 11 um patamar particularmente elevado. É o caso de Rui Pedro de Sousa Barreiro, Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, que, na sua mensagem, considera a floresta uma importante fonte de riqueza nacional em termos económicos, culturais e ambientais. Florestas, orgulho e desafio nacional é o tema do artigo de Amândio Torres, presidente da Autoridade Florestal Nacional. Um saudável orgulho que, nas palavras do autor, deve ser assumido de forma colectiva pela sociedade e por cada cidadão. Alfredo Gonçalves Ferreira, da Universidade de Évora, escreve sobre a floresta e os recursos hídricos na bacia do Tejo, uma região geograficamente privilegiada e com elevado potencial produtivo. O texto de António Carmona Rodrigues é de uma particular actualidade e completa muito bem o conjunto de abordagens sobre o tema. Na secção de entrevista Ferreira Matos sublinha alguns desafios que se colocam actualmente em matéria de gestão sustentável do sector. A ETAR Almeirim/Alpiarça, recentemente renovada e prestes a entrar em funcionamento e a sessão de assinatura do protocolo de cooperação entre a ARH do Tejo e a GNR/SEPNA, onde esteve presente a Senhora Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Eng.ª Dulce Álvaro Pássaro, são notícias que destacamos nesta edição. Uma nota ainda para "O Tejo em Movimento", uma nova secção disponível no site da ARH do Tejo, onde pretendemos divulgar toda a dinâmica e riqueza que se traduz no património material e imaterial do Tejo e Ribeiras do Oeste. A floresta imprime a sua marca na economia, turismo e identidade de Proença-a-Nova. João Paulo Marçal Lopes Catarino, presidente da Câmara Municipal, apresenta- -nos o projecto de construção da mini-hídrica de Carregais, um investimento estratégico cujo concurso foi lançado em Outubro pela ARH do Tejo. As praias fluviais Proença- -a-Nova, bem como o Ribeiro de Santa Margarida, constituem-se como atractivos turísticos do concelho que considera o património natural e cultural a sua maior riqueza. Boa floresta! Manuel Lacerda Presidente da ARH do Tejo MAFRA PRIMEIRA RESERVA MUNDIAL DE SURF NA EUROPA E SEGUNDA A NÍVEL MUNDIAL >>> Pág. 20 Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território em Almeirim >>> Pág. 13-14 MINISTRA DO AMBIENTE ENTREGA EMBARCAÇÃO AO SEPNA

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Boletim Informativo | ARH do Tejo, I.P.

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OPINIÃORui BarreiroPortugal, um país de florestas>>> Pág. 02Amândio TorresFlorestas, orgulho e desafio nacional>>> Pág. 03-04Alfredo G. FerreiraA floresta e os recursos hídricosna bacia do Tejo>>> Pág. 05-07António Carmona RodriguesFloresta e recursos hídricos naperspectiva do planeamento>>> Pág. 08-09

ENTREVISTAFerreira MatosEvolução e desafios no sector florestal>>> Pág. 10-11

Ministra do Ambiente e doOrdenamento do Territórioem Almeirim>>> Pág. 13-14

MUNICÍPIOProença-a-NovaUm concelho verdeMini-hídrica de carregais,um investimentoestratégico>>> Pág. 21-22

Nº 11 | JANEIRO / FEVEREIRO 2011

A Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) adoptou aResolução A / RES / 61 / 93 em 20 de Dezembro, que declara o ano de 2011 comoo Ano Internacional das Florestas. O objectivo é promover, em todo o mundo, odesenvolvimento sustentável e a conservação das florestas, sensibilizando os actores--chave e os cidadãos para a sua importância no desenvolvimento global sustentável.

>>> Pág. 12

www.arhtejo.pt

FLORESTAS E RECURSOS HÍDRICOS

EDITORIALA qualidade que a INFOTEJO atingiu desde o primeironúmero orgulha-nos muito. O nosso informal estatutoeditorial, no sentido de garantir qualidade e actualidadeaponta para uma periodicidade variável, por isso estenúmero 11 é bimestral. Depois de um 2010 dedicado àbiodiversidade, a Assembleia Geral da Organização dasNações Unidas declarou oficialmente o ano de 2011 comoo Ano Internacional das Florestas. E porque a ligação entrefloresta e recursos hídricos é estreita, será este o temadesta que é a primeira edição da INFOTEJO em 2011.Como já vem sendo hábito contamos com a presençade ilustres convidados que conferem ao número 11 umpatamar particularmente elevado. É o caso de Rui Pedrode Sousa Barreiro, Secretário de Estado das Florestas eDesenvolvimento Rural, que, na sua mensagem, consideraa floresta uma importante fonte de riqueza nacional emtermos económicos, culturais e ambientais. Florestas,orgulho e desafio nacional é o tema do artigo de AmândioTorres, presidente da Autoridade Florestal Nacional. Umsaudável orgulho que, nas palavras do autor, deve serassumido de forma colectiva pela sociedade e por cadacidadão. Alfredo Gonçalves Ferreira, da Universidade deÉvora, escreve sobre a floresta e os recursos hídricos nabacia do Tejo, uma região geograficamente privilegiadae com elevado potencial produtivo. O texto de AntónioCarmona Rodrigues é de uma particular actualidade ecompleta muito bem o conjunto de abordagens sobreo tema. Na secção de entrevista Ferreira Matos sublinhaalguns desafios que se colocam actualmente em matériade gestão sustentável do sector.A ETAR Almeirim/Alpiarça, recentemente renovada eprestes a entrar em funcionamento e a sessão de assinaturado protocolo de cooperação entre a ARH do Tejo e aGNR/SEPNA, onde esteve presente a Senhora Ministrado Ambiente e do Ordenamento do Território, Eng.ª DulceÁlvaro Pássaro, são notícias que destacamos nestaedição. Uma nota ainda para "O Tejo em Movimento",uma nova secção disponível no site da ARH do Tejo,onde pretendemos divulgar toda a dinâmica e riquezaque se traduz no património material e imaterial do Tejoe Ribeiras do Oeste.A floresta imprime a sua marca na economia, turismo eidentidade de Proença-a-Nova. João Paulo Marçal LopesCatarino, presidente da Câmara Municipal, apresenta--nos o projecto de construção da mini-hídrica de Carregais,um investimento estratégico cujo concurso foi lançadoem Outubro pela ARH do Tejo. As praias fluviais Proença--a-Nova, bem como o Ribeiro de Santa Margarida,constituem-se como atractivos turísticos do concelhoque considera o património natural e cultural a sua maiorriqueza. Boa floresta!

Manuel LacerdaPresidente da ARH do Tejo

MAFRA PRIMEIRA RESERVA MUNDIAL DE SURF NA EUROPA E SEGUNDA A NÍVEL MUNDIAL>>> Pág. 20

Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território em Almeirim

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MINISTRA DO AMBIENTE ENTREGAEMBARCAÇÃO AO SEPNA

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OPINIÃOOPINIÃO

02

Falar hoje de floresta em Portugal arrasta-nos fatalmente para osprecursores dos conceitos de protecção e conservação do territórioe numa figura jurídica ainda existente que se chama o “RegimeFlorestal”, datado do início do século passado e que deu origem, deforma contagiante, ao desenvolvimento da florestação no nossoterritório continental e podermos dispor hoje de um património florestalpor todos reconhecido e que a todos deve orgulhar.

Temos tido o engenho de aproveitar as boas condições edafo--climáticas para a produção de biomassa, mesmo sendo sujeitoscomo por todos é reconhecido à elevada propensão social emeteorológica para a ocorrência de incêndios florestais.

No presente e sombrio clima económico importa relevar que,quando falamos em Portugal sobre sectores competitivos e recursosassinaláveis, falamos invariavelmente da floresta e de todos osagentes económicos, mesmo num quadro de alguma irregularidade

de investimento e oscilações de mercado, desde a produçãointermediação comercial, operações florestais, transformação, quededicam a sua energia a projectar diariamente um dos maisimportantes “clusters” da economia portuguesa. Conseguimosneste sector exportar sem ter que importar. Temos matéria-primaque permite ainda suportar uma indústria altamente competitivae de elevado valor acrescentado que pontifica nos mercadosexternos.

Com uma balança comercial fortemente positiva a florestaportuguesa representa mais de 50% da exportação do sectorprimário e está em terceiro lugar no “ranking” dos sectoresexportadores nacionais. E mantemos, como é internacionalmentereconhecido, elevados níveis de biodiversidade no nosso território.

Por esta razão há que ter orgulho colectivo nos recursos florestaisque temos e uma franca visão positiva perante o enorme potencial

Amândio José de Oliveira Torres*

FLORESTASORGULHO E DESAFIO NACIONAL

Barragem da Apartadura - Serra de S. Mamede

Rui Pedro de Sousa Barreiro,Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural*

PORTUGAL, UM PAÍS DE FLORESTASA Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2011 como o “AnoInternacional das Florestas”, dando sequência ao tema da Biodiversidadee alargando-o à gestão sustentável das florestas. Portugal tem,historicamente, uma relação próxima com a floresta e o próximo anoafigura-se como uma oportunidade ímpar para lembrar aos portugueseso significado desta importante riqueza nacional.A floresta constitui uma importante fonte de riqueza para o país. Defacto, as florestas ocupam 39 % do território nacional - 3,4 milhões dehectares. Das dunas do litoral às nossas serras, passando pelascharnecas e planícies do Sul do país, a presença da floresta é umdenominador comum da nossa paisagem.Esta vasta área florestal está na base de um sector da economia querepresenta cerca de 3 % do PIB nacional e assegura mais de 260 milpostos de trabalho. Trata-se de um sector dinâmico e competitivo quegera mais de 12 % do PIB industrial e é responsável por 11 % dasnossas exportações. O saldo da balança de comércio externo daactividade florestal é fortemente positivo, com as exportações asuperarem as importações em mais de mil milhões de euros (dadosde 2009).O valor da floresta portuguesa vai muito para além dos indicadoreseconómicos. É parte da nossa riqueza cultural e da história de umPovo. Sem o Pinhal de Leiria, mandado plantar por El-Rei D. Dinis - o“plantador de naus” como escreveu Pessoa, não teria sido possívela Portugal partir à descoberta de novos mundos.Mas a floresta representa muito mais. São vários os serviços ambientaisque a floresta presta à nossa sociedade. Desde logo, a renovação doar ou o fornecimento de água de qualidade. As florestas também sãoum pilar do combate à desertificação e às alterações climáticas - afloresta portuguesa garante o sequestro de 280 milhões de toneladasde CO2. É nosso dever deixar este legado às gerações que nos sucedem.Muitos portugueses identificam o pinheiro bravo como uma das árvoresmais espalhadas pelo país e sabem que a madeira de pinho é usadana construção e decoração das nossas casas, no fabrico de mobiliário,

entre tantas outras aplicações. Provavelmente, serão poucos os queestão ao corrente de uma utilização mais recente das ramas de pinheiro,que com outros sobrantes da actividade florestal, abastecem centraisde biomassa que produzem electricidade mais verde.Ou, cada vez que utilizamos um guardanapo de papel ou uma folhapara escrever uma carta, imprimir um documento ou quando lemosum livro ou um jornal, estamos a consumir um produto florestaltransformado. As plantações de eucalipto, que ocupam cerca de23 % da nossa área florestal, são a principal fonte da matéria-primausada pelas fábricas de celulose.Já no sul do país, o pinheiro manso, a azinheira e o sobreiro constituema base do tradicional sistema agro-silvo-pastoril que caracteriza ascharnecas e as planícies. A importância da cortiça na economia regionalpela ocupação de mão-de-obra rural e no país pelas exportações quegera, é por demais conhecida, sendo Portugal a referência mundial nofabrico de rolhas, que exporta para todo o mundo. Talvez menosconhecida, mas igualmente muito valorizada, é a utilização da cortiçae de aglomerados de cortiça na construção civil e na industria automóvel.Portugal é o maior produtor e exportador de cortiça do mundo. Maso montado é muito mais, é a última barreira ao avanço da desertificaçãoe um dos mais importantes locais de biodiversidade na Europa e ohabitat de algumas espécies ameaçadas como o lince-ibérico ou aáguia-de Bonelli.Ainda sobre a importância da floresta autóctone, a floresta de Laurissilvados arquipélagos da Madeira e dos Açores merece um destaqueespecial. A floresta de Laurissilva da ilha da Madeira, que desde 1999foi reconhecida pela Unesco como “Património da Humanidade”,alberga espécies endémicas raríssimas que importam preservar.Com as várias iniciativas que irão decorrer durante o Ano Internacionaldas Florestas, o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rurale das Pescas quer envolver toda a população, rural e urbana, nestedesígnio nacional que é ajudar a proteger e a fazer crescer estepatrimónio que é de todos - a floresta portuguesa!

Rui Pedro de Sousa Barreiro é Secretário de Estado das Florestas e DesenvolvimentoRural.HABILITAÇÕES ACADÉMICAS: Mestre em Economia Agrária e Sociologia Rural,pelo Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa; Licenciadoem Engenharia Zootécnica, pela Universidade de Évora; Pós-Graduado em AvaliaçãoImobiliária, pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.ACTIVIDADE PROFISSIONAL: Quadro Superior da Inspecção-Geral da Agricultura

e das Pescas do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescasdesde 1993; Director Regional de Agricultura do Alentejo; Director Geral doDesenvolvimento Rural; Gestor do Plano de Desenvolvimento Rural; Gestor doPrograma RURIS; Presidente do Conselho de Administração dos ServiçosMunicipalizados de Santarém; Presidente da Câmara Municipal de Santarém.FUNÇÕES GOVERNAMENTAIS EXERCIDAS: Desde 31-10-2009 é Secretário deEstado das Florestas e Desenvolvimento Rural do XVIII Governo.

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OPINIÃOOPINIÃO

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Falar hoje de floresta em Portugal arrasta-nos fatalmente para osprecursores dos conceitos de protecção e conservação do territórioe numa figura jurídica ainda existente que se chama o “RegimeFlorestal”, datado do início do século passado e que deu origem, deforma contagiante, ao desenvolvimento da florestação no nossoterritório continental e podermos dispor hoje de um património florestalpor todos reconhecido e que a todos deve orgulhar.

Temos tido o engenho de aproveitar as boas condições edafo--climáticas para a produção de biomassa, mesmo sendo sujeitoscomo por todos é reconhecido à elevada propensão social emeteorológica para a ocorrência de incêndios florestais.

No presente e sombrio clima económico importa relevar que,quando falamos em Portugal sobre sectores competitivos e recursosassinaláveis, falamos invariavelmente da floresta e de todos osagentes económicos, mesmo num quadro de alguma irregularidade

de investimento e oscilações de mercado, desde a produçãointermediação comercial, operações florestais, transformação, quededicam a sua energia a projectar diariamente um dos maisimportantes “clusters” da economia portuguesa. Conseguimosneste sector exportar sem ter que importar. Temos matéria-primaque permite ainda suportar uma indústria altamente competitivae de elevado valor acrescentado que pontifica nos mercadosexternos.

Com uma balança comercial fortemente positiva a florestaportuguesa representa mais de 50% da exportação do sectorprimário e está em terceiro lugar no “ranking” dos sectoresexportadores nacionais. E mantemos, como é internacionalmentereconhecido, elevados níveis de biodiversidade no nosso território.

Por esta razão há que ter orgulho colectivo nos recursos florestaisque temos e uma franca visão positiva perante o enorme potencial

Amândio José de Oliveira Torres*

FLORESTASORGULHO E DESAFIO NACIONAL

Barragem da Apartadura - Serra de S. Mamede

Rui Pedro de Sousa Barreiro*

PORTUGAL, UM PAÍS DE FLORESTASA Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2011 como o “AnoInternacional das Florestas”, dando sequência ao tema da Biodiversidadee alargando-o à gestão sustentável das florestas. Portugal tem,historicamente, uma relação próxima com a floresta e o próximo anoafigura-se como uma oportunidade ímpar para lembrar aos portugueseso significado desta importante riqueza nacional.A floresta constitui uma importante fonte de riqueza para o país. Defacto, as florestas ocupam 39 % do território nacional - 3,4 milhões dehectares. Das dunas do litoral às nossas serras, passando pelascharnecas e planícies do Sul do país, a presença da floresta é umdenominador comum da nossa paisagem.Esta vasta área florestal está na base de um sector da economia querepresenta cerca de 3 % do PIB nacional e assegura mais de 260 milpostos de trabalho. Trata-se de um sector dinâmico e competitivo quegera mais de 12 % do PIB industrial e é responsável por 11 % dasnossas exportações. O saldo da balança de comércio externo daactividade florestal é fortemente positivo, com as exportações asuperarem as importações em mais de mil milhões de euros (dadosde 2009).O valor da floresta portuguesa vai muito para além dos indicadoreseconómicos. É parte da nossa riqueza cultural e da história de umPovo. Sem o Pinhal de Leiria, mandado plantar por El-Rei D. Dinis - o“plantador de naus” como escreveu Pessoa, não teria sido possívela Portugal partir à descoberta de novos mundos.Mas a floresta representa muito mais. São vários os serviços ambientaisque a floresta presta à nossa sociedade. Desde logo, a renovação doar ou o fornecimento de água de qualidade. As florestas também sãoum pilar do combate à desertificação e às alterações climáticas - afloresta portuguesa garante o sequestro de 280 milhões de toneladasde CO2. É nosso dever deixar este legado às gerações que nos sucedem.Muitos portugueses identificam o pinheiro bravo como uma das árvoresmais espalhadas pelo país e sabem que a madeira de pinho é usadana construção e decoração das nossas casas, no fabrico de mobiliário,

entre tantas outras aplicações. Provavelmente, serão poucos os queestão ao corrente de uma utilização mais recente das ramas de pinheiro,que com outros sobrantes da actividade florestal, abastecem centraisde biomassa que produzem electricidade mais verde.Ou, cada vez que utilizamos um guardanapo de papel ou uma folhapara escrever uma carta, imprimir um documento ou quando lemosum livro ou um jornal, estamos a consumir um produto florestaltransformado. As plantações de eucalipto, que ocupam cerca de23 % da nossa área florestal, são a principal fonte da matéria-primausada pelas fábricas de celulose.Já no sul do país, o pinheiro manso, a azinheira e o sobreiro constituema base do tradicional sistema agro-silvo-pastoril que caracteriza ascharnecas e as planícies. A importância da cortiça na economia regionalpela ocupação de mão-de-obra rural e no país pelas exportações quegera, é por demais conhecida, sendo Portugal a referência mundial nofabrico de rolhas, que exporta para todo o mundo. Talvez menosconhecida, mas igualmente muito valorizada, é a utilização da cortiçae de aglomerados de cortiça na construção civil e na industria automóvel.Portugal é o maior produtor e exportador de cortiça do mundo. Maso montado é muito mais, é a última barreira ao avanço da desertificaçãoe um dos mais importantes locais de biodiversidade na Europa e ohabitat de algumas espécies ameaçadas como o lince-ibérico ou aáguia-de Bonelli.Ainda sobre a importância da floresta autóctone, a floresta de Laurissilvados arquipélagos da Madeira e dos Açores merece um destaqueespecial. A floresta de Laurissilva da ilha da Madeira, que desde 1999foi reconhecida pela Unesco como “Património da Humanidade”,alberga espécies endémicas raríssimas que importam preservar.Com as várias iniciativas que irão decorrer durante o Ano Internacionaldas Florestas, o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rurale das Pescas quer envolver toda a população, rural e urbana, nestedesígnio nacional que é ajudar a proteger e a fazer crescer estepatrimónio que é de todos - a floresta portuguesa!

Rui Pedro de Sousa Barreiro é Secretário de Estado das Florestas e DesenvolvimentoRural.HABILITAÇÕES ACADÉMICAS: Mestre em Economia Agrária e Sociologia Rural,pelo Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa; Licenciadoem Engenharia Zootécnica, pela Universidade de Évora; Pós-Graduado em AvaliaçãoImobiliária, pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.ACTIVIDADE PROFISSIONAL: Quadro Superior da Inspecção-Geral da Agricultura

e das Pescas do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescasdesde 1993; Director Regional de Agricultura do Alentejo; Director Geral doDesenvolvimento Rural; Gestor do Plano de Desenvolvimento Rural; Gestor doPrograma RURIS; Presidente do Conselho de Administração dos ServiçosMunicipalizados de Santarém; Presidente da Câmara Municipal de Santarém.FUNÇÕES GOVERNAMENTAIS EXERCIDAS: Desde 31-10-2009 é Secretário deEstado das Florestas e Desenvolvimento Rural do XVIII Governo.

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Alfredo Gonçalves Ferreira*

A FLORESTA E OS RECURSOSHÍDRICOS NA BACIA DO TEJO

O tema recursos hídricos está relacionado com a quantidadee distribuição anual da precipitação e a capacidade dearmazenamento da água.Nas regiões de influência mediterrânea, a precipitação concentra--se na estação mais fria e os Verões são quentes e secos (Fig.1).Esta conjugação da temperatura e precipitação proporcionacondições para a concentração do desenvolvimento das plantasno Outono e na Primavera, com inibição correlativa da vegetaçãodurante o Verão, por falta de água no solo, e dormência no Inverno.Nestas circunstâncias as actividades de produção vegetalconcentram-se especialmente no Outono-Inverno e na Primaverae, quando as condições de humidade e temperatura são favoráveis.Durante este período a exposição do solo à acção directa daprecipitação cria as condições para a ocorrência de fenómenoserosivos (Alpendre et all., 2008).A exposição do solo incrementa a sua erosão por acção daágua, que é medida pela quantidade de solo que ultrapassauma dada fronteira pré estabelecida. Depende pois do seudestacamento pela acção da chuva e do escoamento, etransporte pelo escoamento superficial.O destacamento do solo, individualização em partículasque possam ser transportadas, depende da erodibilidade dosolo, estabilidade dos agregados e textura, e da energia daprecipitação, erosividade.O transporte de materiais decorre da configuração do terreno,declive e comprimento de encosta (Ferreira et all., 2008).No caso particular de Portugal, a influência mediterrânea tem umparâmetro adicional que é a irregularidade da precipitação anual,sendo raro a ocorrência do ano médio (Fig. 2). No entanto, considerando

períodos de 10 anos, a precipitação ocorrida durante o Inverno ésuficientemente abundante para impedir a acumulação de sais nazona explorada pelas raízes. É de notar que cerca de 90 % dos solospresentes em Portugal têm reacção ácida (Ferreira, 1991).A irregularidade da precipitação média anual (Fig. 2) traduz-setambém na ocorrência ocasional de eventos de intensidadeelevada, responsáveis pelo fenómeno erosivo, (Silva, 1999)se o solo se encontrar desprotegido devido a incêndio ou amobilização, com consequências tanto locais como a jusante.Nas condições indicadas a erosão média anual não tem significado,pois o fenómeno erosivo é provocado pelos eventos cuja intensidadee duração ultrapassem um dado limiar. Deste facto resulta que,para períodos de 30 anos, cerca de 70 % da erosão seja provocadapor 10 % da precipitação (Silva, 1999).O controlo da erosão depende pois da protecção do solo pelo docoberto florestal, que geralmente não ultrapassa 50 % (Ferreira etall., 2001), do sub-coberto e dos resíduos vegetais acumuladossobre o solo.A metodologia e periodicidade utilizadas no controlo do sub--coberto floresta, vão pois influenciar profundamente todo ofenómeno erosivo (Alpendre et all., 2008 e Ferreira et all., 2008).Para fazer face a esta irregularidade, as unidades de produçãodiversificaram as suas actividades, de modo a que parte da suaprodução esteja adaptada ao ano em curso, chuvoso ou seco. Éesta uma das razões para o desenvolvimento, nas unidades deprodução, de actividades, florestal, pecuária e agrícola, que seassociam de modo a minimizar os riscos.As actividades de produção vegetal mais intensivas estãodependentes de rega durante a Primavera-Verão, sendo necessário

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que está à disposição da sociedade portuguesa e que ainda nãoestá objectivamente a ser globalmente aproveitada.

O nosso território é ocupado em cerca de 93% por espaços quepodemos designar rurais e dentro destes com 33% de superfíciesagrícolas, que de forma permanente e regular têm sido objecto deabandono, libertando milhares de hectares para o que designamosdo grupo dos espaços silvestres e renaturalizados. Esta realidadeque tem sido incontornável permite-nos afirmar que os actuais3,4 milhões de hectares de povoamentos florestais possam vir a serexpandidos até aos 5,5 milhões de hectares.

E se até aqui falámos de orgulho cabe agora falar dos desafios dosector florestal que, tal como o saudável orgulho, deve ser assumidotambém de forma colectiva pela sociedade e por cada cidadão.

Temos o desafio de rever as metas estabelecidas nos actuais planosestratégicos e sectoriais para as florestas e adequá-los à necessáriaexpansão dos povoamentos florestais para além dos actuais3,4 milhões de hectares, aumentar a sua produtividade por formaa incrementar os planos de gestão das explorações e manter àperenidade um sector que para exportar não precise de importar.

Promover tal como foi proposto pela AFN e iniciado em 2010 osincentivos ao aumento da área florestal certificada (500 000 ha em2013) de modo a que sobre os nossos produtos florestais não existamquaisquer dúvidas sobre a sua origem sustentável.

Continuar de forma bem coordenada e integrada institucionalmente,entre Ministérios, Agricultura, Administração Interna, Autarquias e oscidadãos a execução do Plano de Defesa de Floresta Contra Incêndios,constituindo um movimento permanente de cidadania em torno daprotecção florestal contra agentes bióticos e abióticos.

E, por fim, o grande desafio de política nacional, que é termos umavisão de desenvolvimento para Portugal concordante com a forterepresentação do rural sobre o urbano (93% versus 3%) e encontrar

com o contributo dos espaços rurais (floresta, espaços silvestres eagricultura) novos desígnios de desenvolvimento.

A floresta pode e deve representar um forte contributo nesse objectivo,tanto mais que até ao momento a sociedade apenas retribui ao sector(através dos mercados) o valor das matérias-primas e não o enormeuniverso de externalidades geradas nos espaços florestais.

Falo naturalmente da necessária retribuição aos detentores de terrapelas funções de fixação de carbono, regulação dos fenómenoserosivos e correspondente conservação de solos, regularização eincrementos de qualidade e quantidade no ciclo da água e pelasmagníficas e diversificadas paisagens, ricas de biodiversidade,extremamente atractivas e suporte e cenários de múltiplas e variadas actividades, das turísticas às recreativas.

Este aspecto tem sido recorrentemente abordado em diferentesfóruns mas não foi ainda determinado, mesmo que de forma virtual,um valor a atribuir aos proprietários florestais por esses serviços.Consideramos que o rendimento não se deve esgotar nos produtostangíveis da floresta importa também avaliar outras formas de proveitosque garantem ou ajudem a suportar a futura viabilidade dos espaçosflorestais.

Nesta linha de preocupação e com alguma dose de antecipação aAFN, vai este ano de 2011 desenvolver uma linha de trabalho emtorno deste tema pelo que esperamos poder vir a contar com aparticipação objectiva e activa de todas as instituições e cidadãosque reputem o assunto de relevante.

Por outro lado, mas ainda no mesmo registo de serviços prestadosà sociedade, as florestas assumem um papel incontornável nosprocessos de combate à desertificação e de prevenção e mitigaçãodos efeitos da seca, questões centrais em equação na actual revisãodo Programa de Acção Nacional temático, sob coordenação da AFN,e para a qual os planos de gestão de bacias promovidos pelas ARHsão um contributo relevante e indispensável.

Amândio José de Oliveira Torres, nascido em Lisboa a 22 de Fevereiro de 1953.Licenciado em Silvicultura pelo Instituto Superior de Agronomia em 1979, comestágio na Administração Florestal da Lousã e em Tall Timbers Research Station- Tallahassee, Florida, sobre Técnicas de Fogo Controlado.Destacado, em 1979, da Direcção Geral de Ordenamento e Gestão Florestal paraa Circunscrição Florestal de Coimbra para colaborar nas acções de prevenção ecombate a incêndios.Nomeado responsável da Administração Florestal da Lousã em 1981.Integrou, em 1981 o Grupo de Trabalho sobre Meios Aéreos no Combate aIncêndios Florestais (GTMAF), criado por iniciativa conjunta dos Ministérios daAgricultura, Defesa e Administração Interna.Responsável pelo serviço de exploração florestal da EMPORSIL e pelofuncionamento do sistema de prevenção e primeira intervenção nas propriedadesflorestais da SOPORCEL, 1988 e 1990.Sub Director Geral da Direcção Geral das Florestas, 1996-1998.Sub Director Regional de Agricultura da Beira Litoral, 1999-2002.Director Nacional adjunto da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais(ANIF), Maio a Outubro de 2005.Assessor do Sr. Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e Florestas,Outubro de 2005 - Fevereiro de 2006.Integrou Grupo de trabalho relativo à utilização de helicópteros PUMA da FAP nocombate a incêndios florestais.Vice-presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, Fevereirode 2006 a Abril de 2007.Director Nacional de Bombeiros da Autoridade Nacional de Protecção Civil, Abrilde 2007 a Novembro de 2009.Desde Dezembro de 2009, Presidente da Autoridade Florestal Nacional.

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OPINIÃOOPINIÃO

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Alfredo Gonçalves Ferreira*

A FLORESTA E OS RECURSOSHÍDRICOS NA BACIA DO TEJO

O tema recursos hídricos está relacionado com a quantidadee distribuição anual da precipitação e a capacidade dearmazenamento da água.Nas regiões de influência mediterrânea, a precipitação concentra--se na estação mais fria e os Verões são quentes e secos (Fig.1).Esta conjugação da temperatura e precipitação proporcionacondições para a concentração do desenvolvimento das plantasno Outono e na Primavera, com inibição correlativa da vegetaçãodurante o Verão, por falta de água no solo, e dormência no Inverno.Nestas circunstâncias as actividades de produção vegetalconcentram-se especialmente no Outono-Inverno e na Primaverae, quando as condições de humidade e temperatura são favoráveis.Durante este período a exposição do solo à acção directa daprecipitação cria as condições para a ocorrência de fenómenoserosivos (Alpendre et all., 2008).A exposição do solo incrementa a sua erosão por acção daágua, que é medida pela quantidade de solo que ultrapassauma dada fronteira pré estabelecida. Depende pois do seudestacamento pela acção da chuva e do escoamento, etransporte pelo escoamento superficial.O destacamento do solo, individualização em partículasque possam ser transportadas, depende da erodibilidade dosolo, estabilidade dos agregados e textura, e da energia daprecipitação, erosividade.O transporte de materiais decorre da configuração do terreno,declive e comprimento de encosta (Ferreira et all., 2008).No caso particular de Portugal, a influência mediterrânea tem umparâmetro adicional que é a irregularidade da precipitação anual,sendo raro a ocorrência do ano médio (Fig. 2). No entanto, considerando

períodos de 10 anos, a precipitação ocorrida durante o Inverno ésuficientemente abundante para impedir a acumulação de sais nazona explorada pelas raízes. É de notar que cerca de 90 % dos solospresentes em Portugal têm reacção ácida (Ferreira, 1991).A irregularidade da precipitação média anual (Fig. 2) traduz-setambém na ocorrência ocasional de eventos de intensidadeelevada, responsáveis pelo fenómeno erosivo, (Silva, 1999)se o solo se encontrar desprotegido devido a incêndio ou amobilização, com consequências tanto locais como a jusante.Nas condições indicadas a erosão média anual não tem significado,pois o fenómeno erosivo é provocado pelos eventos cuja intensidadee duração ultrapassem um dado limiar. Deste facto resulta que,para períodos de 30 anos, cerca de 70 % da erosão seja provocadapor 10 % da precipitação (Silva, 1999).O controlo da erosão depende pois da protecção do solo pelo docoberto florestal, que geralmente não ultrapassa 50 % (Ferreira etall., 2001), do sub-coberto e dos resíduos vegetais acumuladossobre o solo.A metodologia e periodicidade utilizadas no controlo do sub--coberto floresta, vão pois influenciar profundamente todo ofenómeno erosivo (Alpendre et all., 2008 e Ferreira et all., 2008).Para fazer face a esta irregularidade, as unidades de produçãodiversificaram as suas actividades, de modo a que parte da suaprodução esteja adaptada ao ano em curso, chuvoso ou seco. Éesta uma das razões para o desenvolvimento, nas unidades deprodução, de actividades, florestal, pecuária e agrícola, que seassociam de modo a minimizar os riscos.As actividades de produção vegetal mais intensivas estãodependentes de rega durante a Primavera-Verão, sendo necessário

Mitra 200 m 15.5ºC 664.6 mm

60

50

40

30

20

10

0

120

100

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60

40

20

0

41.6

31.3

3.8

-7.1

t (ºC

)

P (m

m)

Meses

Figura 1: Diagrama ombrotérmico da Herdade da Mitra, Évora Figura 2: Variação da precipitação anual e precipitação média em Évora

1000

900

800

700

600

500

400

300

200

1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

precipitaçãoanual (mm)

Média

que está à disposição da sociedade portuguesa e que ainda nãoestá objectivamente a ser globalmente aproveitada.

O nosso território é ocupado em cerca de 93% por espaços quepodemos designar rurais e dentro destes com 33% de superfíciesagrícolas, que de forma permanente e regular têm sido objecto deabandono, libertando milhares de hectares para o que designamosdo grupo dos espaços silvestres e renaturalizados. Esta realidadeque tem sido incontornável permite-nos afirmar que os actuais3,4 milhões de hectares de povoamentos florestais possam vir a serexpandidos até aos 5,5 milhões de hectares.

E se até aqui falámos de orgulho cabe agora falar dos desafios dosector florestal que, tal como o saudável orgulho, deve ser assumidotambém de forma colectiva pela sociedade e por cada cidadão.

Temos o desafio de rever as metas estabelecidas nos actuais planosestratégicos e sectoriais para as florestas e adequá-los à necessáriaexpansão dos povoamentos florestais para além dos actuais3,4 milhões de hectares, aumentar a sua produtividade por formaa incrementar os planos de gestão das explorações e manter àperenidade um sector que para exportar não precise de importar.

Promover tal como foi proposto pela AFN e iniciado em 2010 osincentivos ao aumento da área florestal certificada (500 000 ha em2013) de modo a que sobre os nossos produtos florestais não existamquaisquer dúvidas sobre a sua origem sustentável.

Continuar de forma bem coordenada e integrada institucionalmente,entre Ministérios, Agricultura, Administração Interna, Autarquias e oscidadãos a execução do Plano de Defesa de Floresta Contra Incêndios,constituindo um movimento permanente de cidadania em torno daprotecção florestal contra agentes bióticos e abióticos.

E, por fim, o grande desafio de política nacional, que é termos umavisão de desenvolvimento para Portugal concordante com a forterepresentação do rural sobre o urbano (93% versus 3%) e encontrar

com o contributo dos espaços rurais (floresta, espaços silvestres eagricultura) novos desígnios de desenvolvimento.

A floresta pode e deve representar um forte contributo nesse objectivo,tanto mais que até ao momento a sociedade apenas retribui ao sector(através dos mercados) o valor das matérias-primas e não o enormeuniverso de externalidades geradas nos espaços florestais.

Falo naturalmente da necessária retribuição aos detentores de terrapelas funções de fixação de carbono, regulação dos fenómenoserosivos e correspondente conservação de solos, regularização eincrementos de qualidade e quantidade no ciclo da água e pelasmagníficas e diversificadas paisagens, ricas de biodiversidade,extremamente atractivas e suporte e cenários de múltiplas e variadas actividades, das turísticas às recreativas.

Este aspecto tem sido recorrentemente abordado em diferentesfóruns mas não foi ainda determinado, mesmo que de forma virtual,um valor a atribuir aos proprietários florestais por esses serviços.Consideramos que o rendimento não se deve esgotar nos produtostangíveis da floresta importa também avaliar outras formas de proveitosque garantem ou ajudem a suportar a futura viabilidade dos espaçosflorestais.

Nesta linha de preocupação e com alguma dose de antecipação aAFN, vai este ano de 2011 desenvolver uma linha de trabalho emtorno deste tema pelo que esperamos poder vir a contar com aparticipação objectiva e activa de todas as instituições e cidadãosque reputem o assunto de relevante.

Por outro lado, mas ainda no mesmo registo de serviços prestadosà sociedade, as florestas assumem um papel incontornável nosprocessos de combate à desertificação e de prevenção e mitigaçãodos efeitos da seca, questões centrais em equação na actual revisãodo Programa de Acção Nacional temático, sob coordenação da AFN,e para a qual os planos de gestão de bacias promovidos pelas ARHsão um contributo relevante e indispensável.

Amândio José de Oliveira Torres, nascido em Lisboa a 22 de Fevereiro de 1953.Licenciado em Silvicultura pelo Instituto Superior de Agronomia em 1979, comestágio na Administração Florestal da Lousã e em Tall Timbers Research Station- Tallahassee, Florida, sobre Técnicas de Fogo Controlado.Destacado, em 1979, da Direcção Geral de Ordenamento e Gestão Florestal paraa Circunscrição Florestal de Coimbra para colaborar nas acções de prevenção ecombate a incêndios.Nomeado responsável da Administração Florestal da Lousã em 1981.Integrou, em 1981 o Grupo de Trabalho sobre Meios Aéreos no Combate aIncêndios Florestais (GTMAF), criado por iniciativa conjunta dos Ministérios daAgricultura, Defesa e Administração Interna.Responsável pelo serviço de exploração florestal da EMPORSIL e pelofuncionamento do sistema de prevenção e primeira intervenção nas propriedadesflorestais da SOPORCEL, 1988 e 1990.Sub Director Geral da Direcção Geral das Florestas, 1996-1998.Sub Director Regional de Agricultura da Beira Litoral, 1999-2002.Director Nacional adjunto da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais(ANIF), Maio a Outubro de 2005.Assessor do Sr. Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e Florestas,Outubro de 2005 - Fevereiro de 2006.Integrou Grupo de trabalho relativo à utilização de helicópteros PUMA da FAP nocombate a incêndios florestais.Vice-presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, Fevereirode 2006 a Abril de 2007.Director Nacional de Bombeiros da Autoridade Nacional de Protecção Civil, Abrilde 2007 a Novembro de 2009.Desde Dezembro de 2009, Presidente da Autoridade Florestal Nacional.

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Alfredo Gonçalves Ferreira é professor emérito da Universidade de Évora,engenheiro Silvicultor (ISA-UTL), Ph.D. Soil Science (UC at Davis), agregado emSistematização e Conservação do Solo (U E). É membro da "Sigma XI, The ScientificResearch Society" na Universidade da Califórnia, da Sociedade Portuguesa deCiência do Solo, da Sociedade Portuguesa de Ciências Florestais e membrofundador da "European Society for Soil Conservation". Tem desenvolvido actividadena área da conservação do solo, fluxo de nutrientes e na temática das cartasinterpretativas de solo, com cerca de 40 publicações. Recentemente integrou ecoordenou a equipa que elaborou o Plano Específico de Ordenamento Florestalpara o Alentejo e a Bases de Ordenamento Florestal para o Alto Alentejo, AlentejoCentral e Alentejo Litoral.

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Coruche e 2003 nos concelhos da Chamusca e sul do concelhode Abrantes. (PROF-Ribatejo, 2002).

A ocupação florestal é a indicada no Quadro 2:

É de evidenciar que a área de incultos com a área ardida perfaz25,84 % da área do Ribatejo, cerca de 170 000 ha, que pode e deveser objecto de florestação.Como foi indicado 88 % da área tem declives inferiores a 10 % oque representa um risco de perda de solo baixa (Ferreira et all.,2001). Os solos derivados de xisto, que representam 6,33 %, têmerodibilidade elevada (Silva, 1999), os derivados de areias e arenitos,

devido ao elevado teor da fracção areia, e os derivados de calcário,pela à estabilidade dos agregados, apresentam geralmenteerodibilidade baixa, o mesmo se passa com os aluviões onde aagregação é estável, a não ser que tenham sódio no complexo detroca, como acontece em parte da Lezíria do Tejo, (Silva, 1999).A precipitação ocorre maioritariamente durante o Outono-Inverno(Fig.1), durante o período de dormência da vegetação.Apesar dos risco de erosão ser baixo, como foi indicado a erosãoocorre como resultado de fenómenos extremos e episódicos, pelo quea sua prevenção deve ser permanente e estar associada maioritariamenteà protecção do solo.Do controlo da perda de solo resulta o aumento da infiltração,armazenamento da água no solo e a regularização do caudal doscursos de água.A floresta pela sua perenidade, fornece protecção permanente ao solo,e é um sistema regularizador do ciclo hidrológico, principalmente osmontados de sobreiro e o pinhal manso, pela manutenção de cobertoflorestal permanete, e o uso múltiplo que mantém a presença humana.Como foi indicado, ocorrência de fogo é mais comum nas zonas deinculto e maciços de pinheiro bravo e/ou eucalipto, onde a presençahumana é menos constante e consequentemente o alerta e combatenão é imediato.A existência de cerca de 94 000 ha de incultos e 76 000 ha de áreasardidas, nomeadamente nas zonas mais declivosas, é um indicadordo que há a desenvolver em prol do recursos hídricos na bacia doTejo.

BIBLIOGRAFIA

Alpendre, P., A. C. Gonçalves, A. G. Ferreira, S. S. Dias,2008. Avaliação potencial de actividades em sistemas deuso múltiplo: aptidão forrageira. Silva Lusitana, n.º especial,ano XVI, Junho 2008, pp. 37-55.

Direcção Regional de Florestas de Lisboa e Vale do Tejo,2008, Plano Regional de Ordenamento Florestal do Ribatejo,(PROF-Ribatejo), Autoridade Florestal Nacional, Ministérioda Agricultura Desenvolvimento Rural e Pescas, Lisboa.

Ferreira, A. G., 1991. Impact of agricultural policies on soilerosion in two regions of Portugal. In Towards SustainableAgricultural Development, part III dry land farming, soilconservation and soil erosion, ed. Michael Young. O.E.C.D.,Belhaven Press, London, New York.

Ferreira, A. G., A. C. Gonçalves, A. C. Pinheiro, C. P. Gomes,M. Ilhéu, N. Neves, N. Ribeiro e P. Santos. 2001. Planoespecífico de ordenamento florestal para o Alentejo. AlfredoGonçalves Ferreira e Ana Cristina Gonçalves (eds.)Universidade de Évora, Évora.

Ferreira, A. G., A. C. Gonçalves, S. S. Dias, 2008. Avaliaçãoda sustentabilidade dos sistemas florestais em função daerosão. Silva Lusitana, n.º especial, ano XVI, Junho 2008,pp. 55-69.

Silva, J. R. M., 1999. Susceptibilidade dos Solos à ErosãoHídrica (Avanço na Modelação). Tese de Doutoramento.Universidade de Évora.

% da Área do Ribatejo

46,62 %

17,98 %

15,29 %

14,33 %

11,51 %

8,27 %

1,24 %

Espaços arborizados

Sobreiro

Eucalipto

Incultos

Área ardida 1995/2001

Pinheiro bravo

Pinheiro manso

Quadro 2 - Ocupação florestal (PROF-Ribatejo, 2002)

o armazenamento de água, na camada freática ou à superfície,para esta regularização inter-estacional.A floresta é uma componente primordial da actividade das unidadesde produção e essencial à regularização do ciclo hidrológico, noarmazenamento de água e controlo da erosão, pela manutençãodo coberto do solo, promoção da infiltração da água no solo eregularização do escoamento superficial.No caso específico da bacia hidrográfica do rio Tejo, esta regiãotem elevado potencial produtivo para as espécies das principaisfileiras florestais e uma posição geográfica privilegiada, a queacresce o potencial para o desempenho harmonioso das diversasfunções dos espaços florestais (PROF-Ribatejo, 2008).A actividade florestal está enquadrada pelos Planos Regionaisde Ordenamento Florestal que são instrumentos de programaçãoe de concretização de política florestal, estabelecidos peloDecreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro. O Plano Regional deOrdenamento Florestal do Ribatejo, (PROF-Ribatejo, 2008) comuma área de 658 1603 ha, coincide maioritariamentecom a bacia do rio Tejo, abrange os municípios de Abrantes,Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Sardoal,Tomar, Torres Novas, Vila Nova da Barquinha e Ourém, NUTS denível III - Médio Tejo, e os municípios de Almeirim, Alpiarça,Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, RioMaior, Salvaterra de Magos e Santarém, NUTS de nível III - Lezíriado Tejo.De acordo com o Plano Regional de Ordenamento Florestal doRibatejo, os valores da precipitação média anual aumentamsensivelmente de Sul para Norte, acompanhando os valores daaltitude. A precipitação média anual para a região é de 739 mm,o período seco corresponde aos meses de Junho, Julho, Agostoe à primeira quinzena de Setembro (PROF-Ribatejo, 2008).As maiores altitudes ocorrem a Oeste e a Norte da região, nãoultrapassando os 677 m na Serra de Aire. As zonas com umaaltitude superior a 200 m encontram-se quase que exclusivamentea norte do rio Tejo (PROF-Ribatejo, 2008).Os declives são inferiores a 10 %, em 88 % da área, e superiores

a 10 % ocorrem sobretudo a Oeste, nas Serras de Aire e Candeeiros,a norte, nas vertentes do rio Zêzere e nas envolventes de outroscursos de água, como o rio Nabão ou o rio Maior e os seusafluentes. A sul do Tejo os declives superiores a 10 % são raros,ocorrendo nas encostas dos vales encaixados.Os declives superiores a 30 % são pontuais e localizam-se nasvertentes do Zêzere, nas vertentes de algumas linhas de água bemcomo na Serra de Aire.

As principais unidades litológicas constam do Quadro 1:

O sobreiro ocorre principalmente nos concelhos da margemesquerda do rio Tejo, Chamusca, Coruche, Benavente, e na zonasul de Abrantes.O pinheiro bravo assume destaque no Médio Tejo, nos concelhosde Ourém, Sardoal e a norte do concelho de Abrantes.O eucalipto distribui-se pelos concelhos de Rio Maior, Chamusca,Abrantes e norte dos concelhos de Santarém e Azambuja.As áreas ocupadas por pinheiro manso distribuem-se de formairregular, em manchas de dimensão relativamente reduzida, sendo,no entanto, mais frequentes na zona envolvente ao Sorraia.As zonas ardidas situam-se maioritariamente nos concelhos deSardoal, Tomar, Ourém, Alcanena e zona Norte do concelho deAbrantes maioritariamente em povoamentos de pinheiro bravo,eucalipto e incultos.A Sul do Tejo, na região do montado de sobreiro, os fogos foramde reduzida dimensão com excepção de 1991 no concelho de

Arenitos e areias

Calcários e conglomerados

Xisto e quartzitos

Aluviões

Quadro 1 - Principais unidades litológicas (PROF-Ribatejo, 2008)

69,36

7,29

6,33

13,11

Alto Tejo

07

OPINIÃOOPINIÃO

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Alfredo Gonçalves Ferreira é professor emérito da Universidade de Évora,engenheiro Silvicultor (ISA-UTL), Ph.D. Soil Science (UC at Davis), agregado emSistematização e Conservação do Solo (U E). É membro da "Sigma XI, The ScientificResearch Society" na Universidade da Califórnia, da Sociedade Portuguesa deCiência do Solo, da Sociedade Portuguesa de Ciências Florestais e membrofundador da "European Society for Soil Conservation". Tem desenvolvido actividadena área da conservação do solo, fluxo de nutrientes e na temática das cartasinterpretativas de solo, com cerca de 40 publicações. Recentemente integrou ecoordenou a equipa que elaborou o Plano Específico de Ordenamento Florestalpara o Alentejo e a Bases de Ordenamento Florestal para o Alto Alentejo, AlentejoCentral e Alentejo Litoral.

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Coruche e 2003 nos concelhos da Chamusca e sul do concelhode Abrantes. (PROF-Ribatejo, 2002).

A ocupação florestal é a indicada no Quadro 2:

É de evidenciar que a área de incultos com a área ardida perfaz25,84 % da área do Ribatejo, cerca de 170 000 ha, que pode e deveser objecto de florestação.Como foi indicado 88 % da área tem declives inferiores a 10 % oque representa um risco de perda de solo baixa (Ferreira et all.,2001). Os solos derivados de xisto, que representam 6,33 %, têmerodibilidade elevada (Silva, 1999), os derivados de areias e arenitos,

devido ao elevado teor da fracção areia, e os derivados de calcário,pela à estabilidade dos agregados, apresentam geralmenteerodibilidade baixa, o mesmo se passa com os aluviões onde aagregação é estável, a não ser que tenham sódio no complexo detroca, como acontece em parte da Lezíria do Tejo, (Silva, 1999).A precipitação ocorre maioritariamente durante o Outono-Inverno(Fig.1), durante o período de dormência da vegetação.Apesar dos risco de erosão ser baixo, como foi indicado a erosãoocorre como resultado de fenómenos extremos e episódicos, pelo quea sua prevenção deve ser permanente e estar associada maioritariamenteà protecção do solo.Do controlo da perda de solo resulta o aumento da infiltração,armazenamento da água no solo e a regularização do caudal doscursos de água.A floresta pela sua perenidade, fornece protecção permanente ao solo,e é um sistema regularizador do ciclo hidrológico, principalmente osmontados de sobreiro e o pinhal manso, pela manutenção de cobertoflorestal permanete, e o uso múltiplo que mantém a presença humana.Como foi indicado, ocorrência de fogo é mais comum nas zonas deinculto e maciços de pinheiro bravo e/ou eucalipto, onde a presençahumana é menos constante e consequentemente o alerta e combatenão é imediato.A existência de cerca de 94 000 ha de incultos e 76 000 ha de áreasardidas, nomeadamente nas zonas mais declivosas, é um indicadordo que há a desenvolver em prol do recursos hídricos na bacia doTejo.

BIBLIOGRAFIA

Alpendre, P., A. C. Gonçalves, A. G. Ferreira, S. S. Dias,2008. Avaliação potencial de actividades em sistemas deuso múltiplo: aptidão forrageira. Silva Lusitana, n.º especial,ano XVI, Junho 2008, pp. 37-55.

Direcção Regional de Florestas de Lisboa e Vale do Tejo,2008, Plano Regional de Ordenamento Florestal do Ribatejo,(PROF-Ribatejo), Autoridade Florestal Nacional, Ministérioda Agricultura Desenvolvimento Rural e Pescas, Lisboa.

Ferreira, A. G., 1991. Impact of agricultural policies on soilerosion in two regions of Portugal. In Towards SustainableAgricultural Development, part III dry land farming, soilconservation and soil erosion, ed. Michael Young. O.E.C.D.,Belhaven Press, London, New York.

Ferreira, A. G., A. C. Gonçalves, A. C. Pinheiro, C. P. Gomes,M. Ilhéu, N. Neves, N. Ribeiro e P. Santos. 2001. Planoespecífico de ordenamento florestal para o Alentejo. AlfredoGonçalves Ferreira e Ana Cristina Gonçalves (eds.)Universidade de Évora, Évora.

Ferreira, A. G., A. C. Gonçalves, S. S. Dias, 2008. Avaliaçãoda sustentabilidade dos sistemas florestais em função daerosão. Silva Lusitana, n.º especial, ano XVI, Junho 2008,pp. 55-69.

Silva, J. R. M., 1999. Susceptibilidade dos Solos à ErosãoHídrica (Avanço na Modelação). Tese de Doutoramento.Universidade de Évora.

% da Área do Ribatejo

46,62 %

17,98 %

15,29 %

14,33 %

11,51 %

8,27 %

1,24 %

Espaços arborizados

Sobreiro

Eucalipto

Incultos

Área ardida 1995/2001

Pinheiro bravo

Pinheiro manso

Quadro 2 - Ocupação florestal (PROF-Ribatejo, 2002)

o armazenamento de água, na camada freática ou à superfície,para esta regularização inter-estacional.A floresta é uma componente primordial da actividade das unidadesde produção e essencial à regularização do ciclo hidrológico, noarmazenamento de água e controlo da erosão, pela manutençãodo coberto do solo, promoção da infiltração da água no solo eregularização do escoamento superficial.No caso específico da bacia hidrográfica do rio Tejo, esta regiãotem elevado potencial produtivo para as espécies das principaisfileiras florestais e uma posição geográfica privilegiada, a queacresce o potencial para o desempenho harmonioso das diversasfunções dos espaços florestais (PROF-Ribatejo, 2008).A actividade florestal está enquadrada pelos Planos Regionaisde Ordenamento Florestal que são instrumentos de programaçãoe de concretização de política florestal, estabelecidos peloDecreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro. O Plano Regional deOrdenamento Florestal do Ribatejo, (PROF-Ribatejo, 2008) comuma área de 658 1603 ha, coincide maioritariamentecom a bacia do rio Tejo, abrange os municípios de Abrantes,Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Sardoal,Tomar, Torres Novas, Vila Nova da Barquinha e Ourém, NUTS denível III - Médio Tejo, e os municípios de Almeirim, Alpiarça,Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, RioMaior, Salvaterra de Magos e Santarém, NUTS de nível III - Lezíriado Tejo.De acordo com o Plano Regional de Ordenamento Florestal doRibatejo, os valores da precipitação média anual aumentamsensivelmente de Sul para Norte, acompanhando os valores daaltitude. A precipitação média anual para a região é de 739 mm,o período seco corresponde aos meses de Junho, Julho, Agostoe à primeira quinzena de Setembro (PROF-Ribatejo, 2008).As maiores altitudes ocorrem a Oeste e a Norte da região, nãoultrapassando os 677 m na Serra de Aire. As zonas com umaaltitude superior a 200 m encontram-se quase que exclusivamentea norte do rio Tejo (PROF-Ribatejo, 2008).Os declives são inferiores a 10 %, em 88 % da área, e superiores

a 10 % ocorrem sobretudo a Oeste, nas Serras de Aire e Candeeiros,a norte, nas vertentes do rio Zêzere e nas envolventes de outroscursos de água, como o rio Nabão ou o rio Maior e os seusafluentes. A sul do Tejo os declives superiores a 10 % são raros,ocorrendo nas encostas dos vales encaixados.Os declives superiores a 30 % são pontuais e localizam-se nasvertentes do Zêzere, nas vertentes de algumas linhas de água bemcomo na Serra de Aire.

As principais unidades litológicas constam do Quadro 1:

O sobreiro ocorre principalmente nos concelhos da margemesquerda do rio Tejo, Chamusca, Coruche, Benavente, e na zonasul de Abrantes.O pinheiro bravo assume destaque no Médio Tejo, nos concelhosde Ourém, Sardoal e a norte do concelho de Abrantes.O eucalipto distribui-se pelos concelhos de Rio Maior, Chamusca,Abrantes e norte dos concelhos de Santarém e Azambuja.As áreas ocupadas por pinheiro manso distribuem-se de formairregular, em manchas de dimensão relativamente reduzida, sendo,no entanto, mais frequentes na zona envolvente ao Sorraia.As zonas ardidas situam-se maioritariamente nos concelhos deSardoal, Tomar, Ourém, Alcanena e zona Norte do concelho deAbrantes maioritariamente em povoamentos de pinheiro bravo,eucalipto e incultos.A Sul do Tejo, na região do montado de sobreiro, os fogos foramde reduzida dimensão com excepção de 1991 no concelho de

Arenitos e areias

Calcários e conglomerados

Xisto e quartzitos

Aluviões

Quadro 1 - Principais unidades litológicas (PROF-Ribatejo, 2008)

69,36

7,29

6,33

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Alto Tejo

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OPINIÃOOPINIÃO

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OPINIÃOOPINIÃO

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António Carmona Rodrigues*

FLORESTA E RECURSOS HÍDRICOSNA PERSPECTIVA DO PLANEAMENTO

Rio Tejo - Belver

A Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)declarou o presente ano de 2011 como o Ano Internacional dasFlorestas. Ao ser escolhido o tema “Floresta para todos/Forests forPeople”, teve-se seguramente como objectivo principal levar asociedade a reflectir sobre os benefícios que as florestas proporcionam.

Como preocupação da ONU, deve ser dada uma atenção especialà contribuição das florestas para se atingir o desenvolvimentosustentado e a erradicação da pobreza, incluindo os Objectivos deDesenvolvimento do Milénio. Deste modo, pretende-se reunir esforçospara reforçar a gestão, a conservação e o desenvolvimento sustentadode todos os tipos de floresta, com benefício para as gerações presentese futuras.

No âmbito deste Ano Internacional das Florestas, todos os Governos,organizações regionais e internacionais, intergovernamentais ounão governamentais e, de forma geral, todos os agentes do sector,

foram chamados a promover actividades relacionadas a Floresta.A floresta portuguesa pode ser vista como tendo associadas duascomponentes fundamentais. Uma é a componente económica esocial na medida em que a floresta é já o terceiro sector exportador,contribuindo desta forma para a alavancagem da economia portuguesa.A outra é a componente ambiental, pela enorme importância quetem não só em tudo o que diz respeito à ecologia mas também aosrecursos hídricos.

Como se sabe, as florestas têm um papel muito importante nosrecursos hídricos de uma bacia hidrográfica ou de uma região, desdelogo pela componente da evapotranspiração. Embora o cálculo tantoda evapotranspiração potencial como da evapotranspiração realnão esteja isento de certas dificuldades, devidas essencialmente aoconhecimento rigoroso dos principais factores que as afectam, averdade é que as melhores estimativas apontam para valores muitoexpressivos em termos do balanço hidrológico.

Mas, se a nível quantitativo o papel das florestas é muito importantena avaliação das disponibilidades hídricas de uma região, o seupapel qualitativo não o é menos. E no que diz respeito aos aspectosqualitativos, o papel que as florestas desempenham na protecçãocontra a erosão é igualmente de destacar. A cobertura vegetalproporcionada pelas florestas desempenha desde logo um papelde protecção, quebrando a energia cinética das gotas de água dachuva que precipitam. Mas as florestas, através das raízes dasárvores, contribuem igualmente para uma eficaz protecção dossolos contra a erosão causada pelos escoamentos que ocorrem àsuperfície dos terrenos nos períodos em que a intensidade deprecipitação ultrapassa a capacidade de infiltração.

Este efeito está aliás incorporado na conhecida equação universalda perda de solo (Universal Soil Loss Equation, USLE), desenvolvidapor Wischmeier & Smith em 1958 e revista em 1978. Nesta equação,destinada ao cálculo da perda solo média anual numa dada região,entram diversos factores, alguns dos quais se prendem directamentecom o coberto vegetal, as práticas de conservação ou o declivee comprimento das encostas. É esta equação que continua a serlargamente utilizada para a estimativa da perda de solo numaregião, bem como a base para a estimativa da quantidade desedimentos afluídos à rede hidrográfica.

Para ilustrar a forte preocupação que já existia no século XVII sobreo problema do uso e da erosão dos solos, encontra-se em Frei Luísde Sousa a seguinte passagem: “Chega a cobiça ou a multidão enecessidade dos homens a não deixar palmo de terra que não rompa.Em tempos muito antigos, eram invioláveis as costas e ladeiras quecaíam sobre os rios com medo de que hoje se padece. (...) Faz perderos campos, muito largos e proveitosos, o querer aproveitar montespela maior parte estéreis ou pouco frutíferos, acham as invernadasa terra batida levam-na ao baixo, e ficam despidos os altos atédescobrirem os ossos que são as lageas e penedias do centro, eassim ficam os campos perdidos e não dão proveito.”.

Há diversos casos conhecidos dos efeitos profundos que asalterações introduzidas na cobertura florestal de uma regiãoproduziram em rios e nas respectivas bacias hidrográficas. Destaco

o exemplo da bacia hidrográfica do rio Mondego. Por alturas dosséculos XVI-XVII, começou a produzir-se uma substituição de parteda floresta tradicional por outras coberturas vegetais, essencialmentede pomares e vinhas, afectando uma vasta área. Esta alteração dacobertura do solo veio pôr a nu a grande vulnerabilidade dos solosda bacia, tendo-se então iniciado um período de grande produçãode sedimentos que, após a erosão, eram encaminhados até àslinhas de água e finalmente até ao rio Mondego.

Esta nova situação introduziu um grande desequilíbriohidromorfológico na bacia, com as consequências que sãoconhecidas e que já preocupavam as gentes de Coimbra e doscampos do Mondego nessa época. O grande assoreamento do rioe das suas margens começava a aumentar a frequência das cheiasdo “bazófias” e a causar o “enterramento” de diversas construções,tais como o Convento de Santa Clara-a-Velha, ou as antigas pontessobre o rio Mondego em Coimbra.

O Padre Estêvão Cabral, notável conhecedor da engenhariahidráulica, foi chamado em finais do século XVIII para tratar deencontrar uma solução para as cheias no rio Mondego, tendoposto em prática uma notável obra que durou até há cerca de 30anos. Mais tarde, com conhecimentos científicos necessariamentemais modernos, fizeram-se muitos estudos que conduziram aochamado aproveitamento do Baixo Mondego, cujas obras principaisse desenvolveram entre finais dos anos setenta e primeira metadedos anos oitenta do século passado. Nestes estudos estavamprevistas diversas medidas relativas ao controlo da erosão, taiscomo obras de correcção torrencial. Estas obras, aliás com grandetradição na política florestal portuguesa, estavam essencialmentepensadas para as zonas de cabeceira da bacia.

Por tudo o que aqui foi dito, ainda que de forma necessariamentebreve, ressalta a grande importância das florestas na gestão dosrecursos hídricos. Daí que o processo de planeamento dos recursoshídricos em curso deverá contemplar também a integração dagestão florestal sustentável. Na minha opinião é um factor decisivonão só para a gestão adequada e sustentada dos recursos hídricos,como também para o desenvolvimento e conservação das florestas.

*António Carmona Rodrigues, nasceu em Lisboa, em 23 de Junho de 1956.É Engenheiro Civil (Lisboa, 1978), Dip. Hydraulic Engineering (Delft, Países Baixos,1982) e Doutorado em Engenharia do Ambiente (UNL, Lisboa, 1992).Foi Assistente Convidado, desde 1983, e é Professor, desde 1992, na Faculdade deCiências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Nesta Universidade é oresponsável pelo Laboratório de Hidráulica Prof. Armando Lencastre e o coordenadordo Mestrado em Engenharia e Gestão da Água.Durante os seus mais de 30 anos de experiência em recursos hídricos, esteveenvolvido em diversos projectos importantes em Portugal e no estrangeiro, incluindoplaneamento de recursos hídricos, estudos de modelação matemática, obrashidráulicas, regularização fluvial e estudos de impacte ambiental.É membro da Academia de Engenharia, do Conselho Nacional da Água, da ComissãoNacional Portuguesa das Grandes Barragens e ex-Presidente da Comissão Directivada Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos.Foi Vereador da Câmara Municipal de Lisboa (2002-2003, 2005 e 2007-2009),Ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação do XV Governo Constitucional(2003-2004) e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (2004-2005; 2005-2007).É, desde 2009, Presidente da DHV, SGPS – Consultoria e Engenharia.

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OPINIÃOOPINIÃO

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António Carmona Rodrigues*

FLORESTA E RECURSOS HÍDRICOSNA PERSPECTIVA DO PLANEAMENTO

Rio Tejo - Belver

A Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)declarou o presente ano de 2011 como o Ano Internacional dasFlorestas. Ao ser escolhido o tema “Floresta para todos/Forests forPeople”, teve-se seguramente como objectivo principal levar asociedade a reflectir sobre os benefícios que as florestas proporcionam.

Como preocupação da ONU, deve ser dada uma atenção especialà contribuição das florestas para se atingir o desenvolvimentosustentado e a erradicação da pobreza, incluindo os Objectivos deDesenvolvimento do Milénio. Deste modo, pretende-se reunir esforçospara reforçar a gestão, a conservação e o desenvolvimento sustentadode todos os tipos de floresta, com benefício para as gerações presentese futuras.

No âmbito deste Ano Internacional das Florestas, todos os Governos,organizações regionais e internacionais, intergovernamentais ounão governamentais e, de forma geral, todos os agentes do sector,

foram chamados a promover actividades relacionadas a Floresta.A floresta portuguesa pode ser vista como tendo associadas duascomponentes fundamentais. Uma é a componente económica esocial na medida em que a floresta é já o terceiro sector exportador,contribuindo desta forma para a alavancagem da economia portuguesa.A outra é a componente ambiental, pela enorme importância quetem não só em tudo o que diz respeito à ecologia mas também aosrecursos hídricos.

Como se sabe, as florestas têm um papel muito importante nosrecursos hídricos de uma bacia hidrográfica ou de uma região, desdelogo pela componente da evapotranspiração. Embora o cálculo tantoda evapotranspiração potencial como da evapotranspiração realnão esteja isento de certas dificuldades, devidas essencialmente aoconhecimento rigoroso dos principais factores que as afectam, averdade é que as melhores estimativas apontam para valores muitoexpressivos em termos do balanço hidrológico.

Mas, se a nível quantitativo o papel das florestas é muito importantena avaliação das disponibilidades hídricas de uma região, o seupapel qualitativo não o é menos. E no que diz respeito aos aspectosqualitativos, o papel que as florestas desempenham na protecçãocontra a erosão é igualmente de destacar. A cobertura vegetalproporcionada pelas florestas desempenha desde logo um papelde protecção, quebrando a energia cinética das gotas de água dachuva que precipitam. Mas as florestas, através das raízes dasárvores, contribuem igualmente para uma eficaz protecção dossolos contra a erosão causada pelos escoamentos que ocorrem àsuperfície dos terrenos nos períodos em que a intensidade deprecipitação ultrapassa a capacidade de infiltração.

Este efeito está aliás incorporado na conhecida equação universalda perda de solo (Universal Soil Loss Equation, USLE), desenvolvidapor Wischmeier & Smith em 1958 e revista em 1978. Nesta equação,destinada ao cálculo da perda solo média anual numa dada região,entram diversos factores, alguns dos quais se prendem directamentecom o coberto vegetal, as práticas de conservação ou o declivee comprimento das encostas. É esta equação que continua a serlargamente utilizada para a estimativa da perda de solo numaregião, bem como a base para a estimativa da quantidade desedimentos afluídos à rede hidrográfica.

Para ilustrar a forte preocupação que já existia no século XVII sobreo problema do uso e da erosão dos solos, encontra-se em Frei Luísde Sousa a seguinte passagem: “Chega a cobiça ou a multidão enecessidade dos homens a não deixar palmo de terra que não rompa.Em tempos muito antigos, eram invioláveis as costas e ladeiras quecaíam sobre os rios com medo de que hoje se padece. (...) Faz perderos campos, muito largos e proveitosos, o querer aproveitar montespela maior parte estéreis ou pouco frutíferos, acham as invernadasa terra batida levam-na ao baixo, e ficam despidos os altos atédescobrirem os ossos que são as lageas e penedias do centro, eassim ficam os campos perdidos e não dão proveito.”.

Há diversos casos conhecidos dos efeitos profundos que asalterações introduzidas na cobertura florestal de uma regiãoproduziram em rios e nas respectivas bacias hidrográficas. Destaco

o exemplo da bacia hidrográfica do rio Mondego. Por alturas dosséculos XVI-XVII, começou a produzir-se uma substituição de parteda floresta tradicional por outras coberturas vegetais, essencialmentede pomares e vinhas, afectando uma vasta área. Esta alteração dacobertura do solo veio pôr a nu a grande vulnerabilidade dos solosda bacia, tendo-se então iniciado um período de grande produçãode sedimentos que, após a erosão, eram encaminhados até àslinhas de água e finalmente até ao rio Mondego.

Esta nova situação introduziu um grande desequilíbriohidromorfológico na bacia, com as consequências que sãoconhecidas e que já preocupavam as gentes de Coimbra e doscampos do Mondego nessa época. O grande assoreamento do rioe das suas margens começava a aumentar a frequência das cheiasdo “bazófias” e a causar o “enterramento” de diversas construções,tais como o Convento de Santa Clara-a-Velha, ou as antigas pontessobre o rio Mondego em Coimbra.

O Padre Estêvão Cabral, notável conhecedor da engenhariahidráulica, foi chamado em finais do século XVIII para tratar deencontrar uma solução para as cheias no rio Mondego, tendoposto em prática uma notável obra que durou até há cerca de 30anos. Mais tarde, com conhecimentos científicos necessariamentemais modernos, fizeram-se muitos estudos que conduziram aochamado aproveitamento do Baixo Mondego, cujas obras principaisse desenvolveram entre finais dos anos setenta e primeira metadedos anos oitenta do século passado. Nestes estudos estavamprevistas diversas medidas relativas ao controlo da erosão, taiscomo obras de correcção torrencial. Estas obras, aliás com grandetradição na política florestal portuguesa, estavam essencialmentepensadas para as zonas de cabeceira da bacia.

Por tudo o que aqui foi dito, ainda que de forma necessariamentebreve, ressalta a grande importância das florestas na gestão dosrecursos hídricos. Daí que o processo de planeamento dos recursoshídricos em curso deverá contemplar também a integração dagestão florestal sustentável. Na minha opinião é um factor decisivonão só para a gestão adequada e sustentada dos recursos hídricos,como também para o desenvolvimento e conservação das florestas.

*António Carmona Rodrigues, nasceu em Lisboa, em 23 de Junho de 1956.É Engenheiro Civil (Lisboa, 1978), Dip. Hydraulic Engineering (Delft, Países Baixos,1982) e Doutorado em Engenharia do Ambiente (UNL, Lisboa, 1992).Foi Assistente Convidado, desde 1983, e é Professor, desde 1992, na Faculdade deCiências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Nesta Universidade é oresponsável pelo Laboratório de Hidráulica Prof. Armando Lencastre e o coordenadordo Mestrado em Engenharia e Gestão da Água.Durante os seus mais de 30 anos de experiência em recursos hídricos, esteveenvolvido em diversos projectos importantes em Portugal e no estrangeiro, incluindoplaneamento de recursos hídricos, estudos de modelação matemática, obrashidráulicas, regularização fluvial e estudos de impacte ambiental.É membro da Academia de Engenharia, do Conselho Nacional da Água, da ComissãoNacional Portuguesa das Grandes Barragens e ex-Presidente da Comissão Directivada Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos.Foi Vereador da Câmara Municipal de Lisboa (2002-2003, 2005 e 2007-2009),Ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação do XV Governo Constitucional(2003-2004) e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (2004-2005; 2005-2007).É, desde 2009, Presidente da DHV, SGPS – Consultoria e Engenharia.

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ENTREVISTA

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ENTREVISTA

EVOLUÇÃO E DESAFIOSNO SECTOR FLORESTAL

Joaquim Ferreira Matos*

2011 é o Ano Internacional das Florestas.Sintetize por favor a importância para o país dosector florestal, nomeadamente em termossocio-económicos. Como tem evoluído o sectorao longo dos anos?

O sector florestal representou em 2009 cercade 10 % do total das exportações nacionais,ou seja cerca de 3 mil milhões de euros. É umdos mais importantes do País por um conjuntode razões mais ou menos evidentes. Osdiversos agentes do sector procurampor todos os meios chamar a atenção daspessoas governantes, autarcas e todos nós,da importância que o sector tem na economianacional:• pelos elevados valores da exportação de

produtos e consequente contribuição parao equilíbrio da balança corrente;

• pela geração de mais-valias resultantes datransformação e venda no exterior dematérias-primas nacionais e renováveis – amadeira proveniente das florestas;

• pela geração de empregos directos eindirectos, muitos dos quais em zonasrurais, desertificadas, e com reduzidasoportunidades de emprego;

• pela “renda” que a floresta bem gerida podeoferecer aos proprietários de terrenosflorestais;

• pelas vastas áreas do território que a florestatorna produtivas;

e 'last but not the least', entre outros,• pelos bens e serviços que a floresta

proporciona à sociedade, desde a fixaçãode carbono, à qualidade da água, à caça.

O Ano Internacional das Florestas pode serimportante para concentrar as atenções sobreestes aspectos, dar-lhes visibilidade e, assim,serem criadas condições para que se tomemmedidas políticas que reforcem o potencial dosector, corrijam os vários aspectos que seconsidera serem hoje estrangulamentos ao seudesenvolvimento, e lançar as bases para que ofuturo da floresta, do sector florestal e da suacontribuição para a economia não fique em risco.Repare que há aspectos relativamente básicosque têm de ser resolvidos e dos quais dependeo futuro do sector.Sem um cadastro actualizado para todoo território como se sabe quem são osproprietários dos terrenos e da floresta?Sem uma formação profissional adequadae de bom nível como se pretende aumentaras produtividades do trabalho, optimizar ossofisticados equipamentos florestais e atrair

pessoas para um emprego na floresta?Sem uma gestão activa dos proprietários comose pode evitar ou reduzir o risco de perda dafloresta por propagação descontrolada dosfogos florestais?Sem uma gestão cuidada, sustentável ecertificada como se pode garantir o acessoaos mercados internacionais dos produtosflorestais portugueses?Sem uma floresta bem gerida como se podemcompatibilizar a produção e conservação àsdiferentes escalas do nosso território? Estes exemplos são questões de fundo que,para se resolverem, são necessárias direcção,intervenção persistente e coerente, e grandedeterminação do poder e da sociedade que olegitima.A área ocupada pela floresta em Portugaltem-se mantido embora a qualidade dospovoamentos florestais tenha vindo a reduzir--se. Há sinais evidentes de abandono eausência de gestão. Perdemos todos. Perdemos proprietários, os prestadores de serviço aindústria florestal, perde o País.

Quais os grandes desafios que se colocamactualmente em matéria de gestão sustentáveldo sector?

Bom, grande parte do que acabo de lhe dizerresponde à sua pergunta. Na minha opinião agrande questão associada à gestão sustentáveldo sector está na gestão sustentável da florestae do território.Mas gostava de reforçar algo que ficou subjacentena minha resposta. O sector florestal temcaracterísticas muito próprias associadas àextensão do território que ocupam as árvorese a floresta, e à dimensão temporal da suapermanência no terreno, que por vezes podeultrapassar o nosso ciclo de vida. Comocompatibilizar estes dois factos com uma influênciamarcadamente urbana da nossa sociedade egovernada em ciclos políticos curtos?As medidas necessárias para que a floresta eo sector tenham um futuro sólido e económica,social e ambientalmente equilibrado, passapela assunção e acordo prévio acerca docaminho a seguir para a floresta e o sectorflorestal, entre os diversos sectores políticosda nossa sociedade e aos diversos níveis, dosgovernos às autarquias.Ao longo dos anos temos assistido a grandesdeclarações de interesse e de importância dosector mas com inflexões significativas quer nas

orientações de política quer na sua aplicaçãono terreno. Fazem-se estratégias, mudam-seos dirigentes, alteram-se as estruturas públicasque regem o sector, quer no nome quer nasua organização, ajustam-se leis sem lhes dartempo de serem executadas e sem avaliaçãode eficiência e eficácia.O sector florestal não se compadece com tantaincerteza.O produtor florestal, o prestador de serviçosou o industrial, ao investir necessita ter umquadro estável para avaliar a oportunidade einteresse para a sua intervenção.A simplificação do quadro legal, a abolição dopaternalismo ligado à decisão última doinvestimento no território, a clareza na definiçãodas regras da gestão dos espaços, a criaçãode mecanismos de equidade que permitam aosproprietários de zonas de alto valor ambientalserem ressarcidos por eventuais perdas derendimento mediante a contratualização dasacções de gestão necessárias à conservaçãodesses valores, a reforma da propriedadeflorestal com a “correcção” dos territórios semdono e improdutivos, são exemplos de medidasde largo alcance, necessárias, urgentes, e queexigem acordos políticos sérios, estáveis etransversais à sociedade portuguesa.

A Água é, inegavelmente, um elementofundamental na preservação das áreas florestais.Qual o papel dessas áreas na dinâmica dasbacias hidrográficas? Qual a sua importância namanutenção do equilíbrio das mesmas?

Bom, não sou propriamente um especialistaem água e sobretudo quando na relação entreágua e floresta que é, naturalmente, muitocomplexa.Claro está que as questões associadas à águatêm uma importância vital para as populaçõesa todos os níveis da sua actividade, tal comosempre tiveram ao longo da história.A água é um elemento essencial para a produçãoagrícola, florestal, industrial, energética epara o dia a dia das pessoas. Em Portugal,contrariamente a muitos outros países, o problemada água não se coloca tanto ao nível do acessoao recurso mas sim ao nível da sua gestão eoptimização do seu uso.A floresta, particularmente a floresta que égerida de forma intensiva e com bons níveisde produtividade é consumidora de água. Noentanto esse consumo é variável ao longo davida dos povoamentos, atinge máximos quando

a floresta se encontra com as copas 'fechadas'e reduz-se a um mínimo quando se corta ounos anos a seguir ao seu estabelecimento.Estas variações ocorrem para todas as espéciese o seu ciclo depende, fundamentalmente, dasua gestão.O impacto das florestas no chamado “ciclohidrológico” varia também em função do tipode árvores entre florestas de folha caduca ou defolha persistente, da existência de sub-coberto,das características do solo, da preparação deterreno e diversos outros factores. Não há duvidaque a floresta reduz a disponibilidade de águapara outros usos. Desta forma a relação entrefloresta e água apenas pode ser vista à escalageográfica da bacia hidrográfica, com aconsideração de modelos equilibrados degestão florestal, em que as operações florestais(desbastes, cortes ou preparações de terreno)não ocorram simultaneamente em grandesextensões na bacia e com a identificação dosoutros utilizadores de água a jusante dosespaços florestais.Claro está que a floresta pode desempenharum papel importante na regularização doscaudais, reduzir o impacte de cheias atédeterminadas dimensões e, em determinadascondições, reduzir os efeitos da erosão. Mastal não depende da floresta apenas, mas simdos modelos de gestão a que lhe estãoassociados e da forma como irão agir einteragir os diferentes actores que intervêm nabacia hidrográfica.Qual é o impacto das intervenções doproprietário que detém 5 hectares de floresta?E se forem 50 hectares, 500 ou 5 000? Estamosde novo no capítulo da gestão do território eda gestão florestal sustentável. Ultrapassandoesta questão podemos abordar o problemade gestão das bacias e do uso da água.É a este nível que se deve procurar maximizaros benefícios da utilização racional desseimportante recurso.

As áreas florestadas podem ter um papelimportante na recarga dos aquíferos, quando onível freático não está muito à superfície, umavez que o solo florestal apresenta normalmenteboas condições de infiltração. Este aspecto étido em conta na estratégia de gestão florestal,designadamente na região do grande aquíferoTejo-Sado?

As florestas aumentam em geral as condiçõesde infiltração. As raízes criam pequenoscanais de escoamento, a permeabilidade dosolo melhora em função da incorporação dematéria orgânica e a grande maioria daspreparações de terreno da floresta maisintensiva de eucalipto e de pinheiro visam aredução do escoamento superficial eaumento da penetração da água no solo esua retenção. No entanto as preparações deterreno efectuadas na silvicultura de produçãotêm como objectivo o aumento da produçãoflorestal. E esta implica um maior uso da

água pela maior intersecção da água dachuva nas copas e sua evaporação etranspiração através das folhas, produzindobiomassa.Ao nível das grandes bacias o “puzzle” deutilizações de solos, agrícolas, urbanas e florestaisnão aproveitadas ou impermeabilizadas é tãocomplexo que não se pode atribuir qualquerrelação de causa/efeito a qualquer um dessesusos isoladamente. Os milhares de gestoresque coexistem nessa bacia, individualmente,não têm impacto significativo, quase da mesmaforma que cada consumidor, individualmente,também não o tem.De novo, apenas a consciencialização colectivados actores, evitando o desperdício e as máspráticas, pode contribuir para racionalizar oseu uso produtivo. Trata-se, na prática, deencontrar as formas mais adequadas deaumentar a eficiência do uso da água embenefício da sociedade.Presumo que tal será possível de montantepara jusante, das pequenas para as grandesbacias. Para tal voltamos a precisar de conheceros actores (detentores do território e osutilizadores do recurso água), ter umaintervenção coordenada junto dos mesmos(exige conhecimento e direcção políticanacional, regional e local) e vontade políticapara uma intervenção construtiva, responsávele equilibrada.

Os incêndios florestais têm consequências váriassobre os recursos hídricos, sobretudo o aumentoda erosão do solo e a degradação da qualidadeda água. Quais as medidas preventivas quedevem ser tomadas (ou que estão a ser tomadas)para diminuir a ocorrência desse fenómenosazonal?

Os incêndios florestais geram um conjunto dealterações que importa considerar:• Reduzem o coberto florestal e arbustivo e

por conseguinte a intercepção da água dachuva e sua evaporação. Mais água chegaao solo e aumenta o escoamento;

• Morrendo a vegetação arbórea haverá menostranspiração pelo que o escoamentosuperficial e subterrâneo será maior, claroque em função do regime de chuvas (quandomais concentrado for o regime de chuvasmaior será esse impacto);

• O acumular de cinzas à superfície do soloreduzirá a capacidade de penetração de águano solo e aumentará o escoamento superficiale aumentará o arrastamento de partículas eda erosão;

• Em função da intensidade do fogo ecapacidade do meio em regenerar cobertovegetal estes efeitos terão uma duraçãovariável;

• O tipo de solo e a extensão do fogonaturalmente podem reduzir os impactes outorná-los extremamente graves.

Na prática o fogo acarreta sempre um conjuntode perdas adicionais. Existindo equilíbrio ao

nível da bacia hidrográfica entre o uso e aprodução de água (resultante da pluviosidadeda disponibilidade dos aquíferos) um fogo,visto na perspectiva da água, irá provocar umatransferência entre uma utilização produtiva(criação de riqueza na produção florestal) parauma improdutiva (escoamento que nalgunscasos não terá qualquer aproveitamentoadicional a jusante).Os fogos florestais têm de ser combatidos, comoo são actualmente mas, fundamentalmente, têmde ser evitados.De novo, o território tem de ser gerido e cuidado.Apenas se cuida do que tem valor, seja eleeconómico ou estimativo. Para tal precisamosde ter proprietários, florestais e agrícolas, activosque têm de encarar o sector primário comouma actividade que lhe proporciona recursos,bem-estar e valor social. Temos que criarcondições para que o mundo rural viva, progridae seja reconhecido pela sociedade.Voltamos de novo à questão política, ànecessidade de alterarmos a forma de estar ede viver, e sermos capazes de olhar para osciclos políticos governativos e pensar quedesenvolvimento sustentável exige pensamentosério, direcção clara e partilhada, e políticassustentáveis e eficazes.

Joaquim Ferreira MatosNascido em 2 de Janeiro de 1948.Licenciado pelo Instituto Superior de CiênciasEconómicas e Financeiras no ano de 1970/71.Administrador e Director Geral da ALTRI FLORESTAL,desde Junho de 1991.NOTAA empresa “ALTRI FLORESTAL” resultou da novadesignação dada à “SILVICAIMA” a partir de Maiode 2010.

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ENTREVISTA

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ENTREVISTA

EVOLUÇÃO E DESAFIOSNO SECTOR FLORESTAL

Joaquim Ferreira Matos*

2011 é o Ano Internacional das Florestas.Sintetize por favor a importância para o país dosector florestal, nomeadamente em termossocio-económicos. Como tem evoluído o sectorao longo dos anos?

O sector florestal representou em 2009 cercade 10 % do total das exportações nacionais,ou seja cerca de 3 mil milhões de euros. É umdos mais importantes do País por um conjuntode razões mais ou menos evidentes. Osdiversos agentes do sector procurampor todos os meios chamar a atenção daspessoas governantes, autarcas e todos nós,da importância que o sector tem na economianacional:• pelos elevados valores da exportação de

produtos e consequente contribuição parao equilíbrio da balança corrente;

• pela geração de mais-valias resultantes datransformação e venda no exterior dematérias-primas nacionais e renováveis – amadeira proveniente das florestas;

• pela geração de empregos directos eindirectos, muitos dos quais em zonasrurais, desertificadas, e com reduzidasoportunidades de emprego;

• pela “renda” que a floresta bem gerida podeoferecer aos proprietários de terrenosflorestais;

• pelas vastas áreas do território que a florestatorna produtivas;

e 'last but not the least', entre outros,• pelos bens e serviços que a floresta

proporciona à sociedade, desde a fixaçãode carbono, à qualidade da água, à caça.

O Ano Internacional das Florestas pode serimportante para concentrar as atenções sobreestes aspectos, dar-lhes visibilidade e, assim,serem criadas condições para que se tomemmedidas políticas que reforcem o potencial dosector, corrijam os vários aspectos que seconsidera serem hoje estrangulamentos ao seudesenvolvimento, e lançar as bases para que ofuturo da floresta, do sector florestal e da suacontribuição para a economia não fique em risco.Repare que há aspectos relativamente básicosque têm de ser resolvidos e dos quais dependeo futuro do sector.Sem um cadastro actualizado para todoo território como se sabe quem são osproprietários dos terrenos e da floresta?Sem uma formação profissional adequadae de bom nível como se pretende aumentaras produtividades do trabalho, optimizar ossofisticados equipamentos florestais e atrair

pessoas para um emprego na floresta?Sem uma gestão activa dos proprietários comose pode evitar ou reduzir o risco de perda dafloresta por propagação descontrolada dosfogos florestais?Sem uma gestão cuidada, sustentável ecertificada como se pode garantir o acessoaos mercados internacionais dos produtosflorestais portugueses?Sem uma floresta bem gerida como se podemcompatibilizar a produção e conservação àsdiferentes escalas do nosso território? Estes exemplos são questões de fundo que,para se resolverem, são necessárias direcção,intervenção persistente e coerente, e grandedeterminação do poder e da sociedade que olegitima.A área ocupada pela floresta em Portugaltem-se mantido embora a qualidade dospovoamentos florestais tenha vindo a reduzir--se. Há sinais evidentes de abandono eausência de gestão. Perdemos todos. Perdemos proprietários, os prestadores de serviço aindústria florestal, perde o País.

Quais os grandes desafios que se colocamactualmente em matéria de gestão sustentáveldo sector?

Bom, grande parte do que acabo de lhe dizerresponde à sua pergunta. Na minha opinião agrande questão associada à gestão sustentáveldo sector está na gestão sustentável da florestae do território.Mas gostava de reforçar algo que ficou subjacentena minha resposta. O sector florestal temcaracterísticas muito próprias associadas àextensão do território que ocupam as árvorese a floresta, e à dimensão temporal da suapermanência no terreno, que por vezes podeultrapassar o nosso ciclo de vida. Comocompatibilizar estes dois factos com uma influênciamarcadamente urbana da nossa sociedade egovernada em ciclos políticos curtos?As medidas necessárias para que a floresta eo sector tenham um futuro sólido e económica,social e ambientalmente equilibrado, passapela assunção e acordo prévio acerca docaminho a seguir para a floresta e o sectorflorestal, entre os diversos sectores políticosda nossa sociedade e aos diversos níveis, dosgovernos às autarquias.Ao longo dos anos temos assistido a grandesdeclarações de interesse e de importância dosector mas com inflexões significativas quer nas

orientações de política quer na sua aplicaçãono terreno. Fazem-se estratégias, mudam-seos dirigentes, alteram-se as estruturas públicasque regem o sector, quer no nome quer nasua organização, ajustam-se leis sem lhes dartempo de serem executadas e sem avaliaçãode eficiência e eficácia.O sector florestal não se compadece com tantaincerteza.O produtor florestal, o prestador de serviçosou o industrial, ao investir necessita ter umquadro estável para avaliar a oportunidade einteresse para a sua intervenção.A simplificação do quadro legal, a abolição dopaternalismo ligado à decisão última doinvestimento no território, a clareza na definiçãodas regras da gestão dos espaços, a criaçãode mecanismos de equidade que permitam aosproprietários de zonas de alto valor ambientalserem ressarcidos por eventuais perdas derendimento mediante a contratualização dasacções de gestão necessárias à conservaçãodesses valores, a reforma da propriedadeflorestal com a “correcção” dos territórios semdono e improdutivos, são exemplos de medidasde largo alcance, necessárias, urgentes, e queexigem acordos políticos sérios, estáveis etransversais à sociedade portuguesa.

A Água é, inegavelmente, um elementofundamental na preservação das áreas florestais.Qual o papel dessas áreas na dinâmica dasbacias hidrográficas? Qual a sua importância namanutenção do equilíbrio das mesmas?

Bom, não sou propriamente um especialistaem água e sobretudo quando na relação entreágua e floresta que é, naturalmente, muitocomplexa.Claro está que as questões associadas à águatêm uma importância vital para as populaçõesa todos os níveis da sua actividade, tal comosempre tiveram ao longo da história.A água é um elemento essencial para a produçãoagrícola, florestal, industrial, energética epara o dia a dia das pessoas. Em Portugal,contrariamente a muitos outros países, o problemada água não se coloca tanto ao nível do acessoao recurso mas sim ao nível da sua gestão eoptimização do seu uso.A floresta, particularmente a floresta que égerida de forma intensiva e com bons níveisde produtividade é consumidora de água. Noentanto esse consumo é variável ao longo davida dos povoamentos, atinge máximos quando

a floresta se encontra com as copas 'fechadas'e reduz-se a um mínimo quando se corta ounos anos a seguir ao seu estabelecimento.Estas variações ocorrem para todas as espéciese o seu ciclo depende, fundamentalmente, dasua gestão.O impacto das florestas no chamado “ciclohidrológico” varia também em função do tipode árvores entre florestas de folha caduca ou defolha persistente, da existência de sub-coberto,das características do solo, da preparação deterreno e diversos outros factores. Não há duvidaque a floresta reduz a disponibilidade de águapara outros usos. Desta forma a relação entrefloresta e água apenas pode ser vista à escalageográfica da bacia hidrográfica, com aconsideração de modelos equilibrados degestão florestal, em que as operações florestais(desbastes, cortes ou preparações de terreno)não ocorram simultaneamente em grandesextensões na bacia e com a identificação dosoutros utilizadores de água a jusante dosespaços florestais.Claro está que a floresta pode desempenharum papel importante na regularização doscaudais, reduzir o impacte de cheias atédeterminadas dimensões e, em determinadascondições, reduzir os efeitos da erosão. Mastal não depende da floresta apenas, mas simdos modelos de gestão a que lhe estãoassociados e da forma como irão agir einteragir os diferentes actores que intervêm nabacia hidrográfica.Qual é o impacto das intervenções doproprietário que detém 5 hectares de floresta?E se forem 50 hectares, 500 ou 5 000? Estamosde novo no capítulo da gestão do território eda gestão florestal sustentável. Ultrapassandoesta questão podemos abordar o problemade gestão das bacias e do uso da água.É a este nível que se deve procurar maximizaros benefícios da utilização racional desseimportante recurso.

As áreas florestadas podem ter um papelimportante na recarga dos aquíferos, quando onível freático não está muito à superfície, umavez que o solo florestal apresenta normalmenteboas condições de infiltração. Este aspecto étido em conta na estratégia de gestão florestal,designadamente na região do grande aquíferoTejo-Sado?

As florestas aumentam em geral as condiçõesde infiltração. As raízes criam pequenoscanais de escoamento, a permeabilidade dosolo melhora em função da incorporação dematéria orgânica e a grande maioria daspreparações de terreno da floresta maisintensiva de eucalipto e de pinheiro visam aredução do escoamento superficial eaumento da penetração da água no solo esua retenção. No entanto as preparações deterreno efectuadas na silvicultura de produçãotêm como objectivo o aumento da produçãoflorestal. E esta implica um maior uso da

água pela maior intersecção da água dachuva nas copas e sua evaporação etranspiração através das folhas, produzindobiomassa.Ao nível das grandes bacias o “puzzle” deutilizações de solos, agrícolas, urbanas e florestaisnão aproveitadas ou impermeabilizadas é tãocomplexo que não se pode atribuir qualquerrelação de causa/efeito a qualquer um dessesusos isoladamente. Os milhares de gestoresque coexistem nessa bacia, individualmente,não têm impacto significativo, quase da mesmaforma que cada consumidor, individualmente,também não o tem.De novo, apenas a consciencialização colectivados actores, evitando o desperdício e as máspráticas, pode contribuir para racionalizar oseu uso produtivo. Trata-se, na prática, deencontrar as formas mais adequadas deaumentar a eficiência do uso da água embenefício da sociedade.Presumo que tal será possível de montantepara jusante, das pequenas para as grandesbacias. Para tal voltamos a precisar de conheceros actores (detentores do território e osutilizadores do recurso água), ter umaintervenção coordenada junto dos mesmos(exige conhecimento e direcção políticanacional, regional e local) e vontade políticapara uma intervenção construtiva, responsávele equilibrada.

Os incêndios florestais têm consequências váriassobre os recursos hídricos, sobretudo o aumentoda erosão do solo e a degradação da qualidadeda água. Quais as medidas preventivas quedevem ser tomadas (ou que estão a ser tomadas)para diminuir a ocorrência desse fenómenosazonal?

Os incêndios florestais geram um conjunto dealterações que importa considerar:• Reduzem o coberto florestal e arbustivo e

por conseguinte a intercepção da água dachuva e sua evaporação. Mais água chegaao solo e aumenta o escoamento;

• Morrendo a vegetação arbórea haverá menostranspiração pelo que o escoamentosuperficial e subterrâneo será maior, claroque em função do regime de chuvas (quandomais concentrado for o regime de chuvasmaior será esse impacto);

• O acumular de cinzas à superfície do soloreduzirá a capacidade de penetração de águano solo e aumentará o escoamento superficiale aumentará o arrastamento de partículas eda erosão;

• Em função da intensidade do fogo ecapacidade do meio em regenerar cobertovegetal estes efeitos terão uma duraçãovariável;

• O tipo de solo e a extensão do fogonaturalmente podem reduzir os impactes outorná-los extremamente graves.

Na prática o fogo acarreta sempre um conjuntode perdas adicionais. Existindo equilíbrio ao

nível da bacia hidrográfica entre o uso e aprodução de água (resultante da pluviosidadeda disponibilidade dos aquíferos) um fogo,visto na perspectiva da água, irá provocar umatransferência entre uma utilização produtiva(criação de riqueza na produção florestal) parauma improdutiva (escoamento que nalgunscasos não terá qualquer aproveitamentoadicional a jusante).Os fogos florestais têm de ser combatidos, comoo são actualmente mas, fundamentalmente, têmde ser evitados.De novo, o território tem de ser gerido e cuidado.Apenas se cuida do que tem valor, seja eleeconómico ou estimativo. Para tal precisamosde ter proprietários, florestais e agrícolas, activosque têm de encarar o sector primário comouma actividade que lhe proporciona recursos,bem-estar e valor social. Temos que criarcondições para que o mundo rural viva, progridae seja reconhecido pela sociedade.Voltamos de novo à questão política, ànecessidade de alterarmos a forma de estar ede viver, e sermos capazes de olhar para osciclos políticos governativos e pensar quedesenvolvimento sustentável exige pensamentosério, direcção clara e partilhada, e políticassustentáveis e eficazes.

Joaquim Ferreira MatosNascido em 2 de Janeiro de 1948.Licenciado pelo Instituto Superior de CiênciasEconómicas e Financeiras no ano de 1970/71.Administrador e Director Geral da ALTRI FLORESTAL,desde Junho de 1991.NOTAA empresa “ALTRI FLORESTAL” resultou da novadesignação dada à “SILVICAIMA” a partir de Maiode 2010.

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ACTUALIDADE NOTÍCIAS

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FLORESTAS E RECURSOS HÍDRICOS

Decorreu no dia 23 de Fevereiro, na Câmara Municipal de Almeirim, acerimónia de assinatura de um protocolo de cooperação institucionalentre a Administração da Região Hidrográfica do Tejo (ARH do Tejo, I.P.)e a Guarda Nacional Republicana (GNR), através Serviço de Protecçãoda Natureza e Ambiente (SEPNA). O referido protocolo tem como objectoa cedência de uma embarcação com atrelado e de uma viatura,propriedade da ARH do Tejo, ao SEPNA/GNR para a fiscalização ecombate às actividades ilegais de pesca no rio Tejo. A embarcação,uma lancha semi-rígida com sistema eléctrico de recolha de redes, vaifacilitar a recolha de redes ilegais do fundo do rio, uma tarefa até agorafeita de forma manual. Irá operar essencialmente nas zonas de Santarém,Cartaxo, Salvaterra de Magos e Almeirim.

Na cerimónia solene esteve presente a Senhora Ministra do Ambientee do Ordenamento do Território, Eng.ª Dulce Álvaro Pássaro, o SenhorSecretário de Estado Adjunto da Administração Interna, Dr. José CondeRodrigues e o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Almeirim,Dr. José de Sousa Gomes. Assinaram, pela Administração da RegiãoHidrográfica do Tejo, o seu Presidente, Eng. Manuel Lacerda e, pela

Guarda Nacional Republicana, o Adjunto do Comandante Geral, CoronelLuís Francisco Botelho.

José de Sousa Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Almeirim,sublinhou a importância da salvaguarda do Tejo: nas suas palavras, umadas principais riquezas do concelho de Almeirim. Congratulou-se porisso com o facto de o seu município ter sido o local de realização dacerimónia de entrega. José Conde Rodrigues, Secretário de EstadoAdjunto da Administração Interna, considerou este protocolo amanifestação de uma importante parceria entre o Ministério do Ambientee Ordenamento do Território e o Ministério da Administração Interna.Representa, no seu entender, uma cooperação entre entidades nosentido de uma conjugação de esforços do ponto de vista local e regional.

"Um acordo entre instituições, em prole da defesa do ambiente e, emúltima instância, em defesa do bem público". Foi desta forma queDulce Álvaro Pássaro se referiu, no final da sessão, ao protocolocelebrado entre a ARH do Tejo e a GNR. Para a Ministra do Ambientee do Ordenamento do Território este é um sinal claro no âmbito da

MINISTRA DO AMBIENTE E DO ORDENAMENTODO TERRITÓRIO EM ALMERIMARH DO TEJO CEDE EMBARCAÇÃO EVIATURA À GNR PARA FISCALIZAÇÃODE ACTIVIDADES ILEGAIS DE PESCA

Sessão solene de assinatura

Rio Tejo -Belver

Segundo a ONU, as florestascobrem 31 % da área terrestre, tendoresponsabilidade directa na garantia da sobrevivência de 1,6 bilhões depessoas e de 80 % da biodiversidade terrestre. Para além do seuinquestionável valor estético e paisagístico, as florestas albergam granderiqueza: são fonte de alimento e matéria-prima; habitat para inúmerasespécies de plantas e animais; estão envolvidas no cliclo do carbono econdicionam a qualidade do meio em diversos aspectos.

A relação da floresta com os recursos hídricos é óbvia, sendoamplamente reconhecido o seu papel fundamental e impacto, quer naquantidade, quer na qualidade dos recursos hídricos disponíveis,directamente relacionado com os processos de evapotranspiração,infiltração no solo e consequente efeito no escoamento directo, erosãodos solos e assoreamento de rios e albufeiras, entre outros. O aumentoda produtividade dos solos e a diminuição dos processos erosivos edo escoamento superficial, que promove o aumento na taxa de infiltraçãoe a melhoria das reservas subterrâneas, são apenas alguns dosbenefícios causados por um bom coberto florestal. Água e florestaandam pois de mãos dadas.

Na vasta área de actuação da ARH do Tejo a floresta assume umaimportância muito significativa.

Assim, assegurar o equilíbrio entre os ecossistemas florestais e osrecursos hídricos é um dos grandes desafios que se coloca actualmenteem ambas áreas temáticas. Como entidade responsável pela protecçãoe valorização das componentes ambientais das águas, a ARH do Tejonão podia deixar de salientar o seu papel de concretizar uma novaabordagem de gestão dos recursos hídricos à escala da região hidrográfica,integrando os vários serviços prestados pelos diversos ecossistemas.

A compreensão da relação das florestas com a água é uma questãomuito complexa e deve levar em consideração as múltiplas actividadeshumanas, bem como os valores naturais dos recursos naturais em causa.

É neste sentido que a elaboração em curso do Plano de Gestão daRegião Hidrográfica do Tejo e o Plano das Bacias Hidrográficas dasRibeiras do Oeste: instrumentos de planeamento que se constituemcomo a base de suporte à gestão, à protecção e à valorização ambiental,social e económica dos recursos hídricos, tem em atenção tão importantetema.

O facto da gestão dos recursos hídricos ter uma abordagem ecossistémica,ainda mais relevante se torna o papel das florestas e da vegetaçãoribeirinha no contexto da preservação de habitats e da biodiversidade.

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FLORESTAS E RECURSOS HÍDRICOS

Decorreu no dia 23 de Fevereiro, na Câmara Municipal de Almeirim, acerimónia de assinatura de um protocolo de cooperação institucionalentre a Administração da Região Hidrográfica do Tejo (ARH do Tejo, I.P.)e a Guarda Nacional Republicana (GNR), através Serviço de Protecçãoda Natureza e Ambiente (SEPNA). O referido protocolo tem como objectoa cedência de uma embarcação com atrelado e de uma viatura,propriedade da ARH do Tejo, ao SEPNA/GNR para a fiscalização ecombate às actividades ilegais de pesca no rio Tejo. A embarcação,uma lancha semi-rígida com sistema eléctrico de recolha de redes, vaifacilitar a recolha de redes ilegais do fundo do rio, uma tarefa até agorafeita de forma manual. Irá operar essencialmente nas zonas de Santarém,Cartaxo, Salvaterra de Magos e Almeirim.

Na cerimónia solene esteve presente a Senhora Ministra do Ambientee do Ordenamento do Território, Eng.ª Dulce Álvaro Pássaro, o SenhorSecretário de Estado Adjunto da Administração Interna, Dr. José CondeRodrigues e o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Almeirim,Dr. José de Sousa Gomes. Assinaram, pela Administração da RegiãoHidrográfica do Tejo, o seu Presidente, Eng. Manuel Lacerda e, pela

Guarda Nacional Republicana, o Adjunto do Comandante Geral, CoronelLuís Francisco Botelho.

José de Sousa Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Almeirim,sublinhou a importância da salvaguarda do Tejo: nas suas palavras, umadas principais riquezas do concelho de Almeirim. Congratulou-se porisso com o facto de o seu município ter sido o local de realização dacerimónia de entrega. José Conde Rodrigues, Secretário de EstadoAdjunto da Administração Interna, considerou este protocolo amanifestação de uma importante parceria entre o Ministério do Ambientee Ordenamento do Território e o Ministério da Administração Interna.Representa, no seu entender, uma cooperação entre entidades nosentido de uma conjugação de esforços do ponto de vista local e regional.

"Um acordo entre instituições, em prole da defesa do ambiente e, emúltima instância, em defesa do bem público". Foi desta forma queDulce Álvaro Pássaro se referiu, no final da sessão, ao protocolocelebrado entre a ARH do Tejo e a GNR. Para a Ministra do Ambientee do Ordenamento do Território este é um sinal claro no âmbito da

MINISTRA DO AMBIENTE E DO ORDENAMENTODO TERRITÓRIO EM ALMERIMARH DO TEJO CEDE EMBARCAÇÃO EVIATURA À GNR PARA FISCALIZAÇÃODE ACTIVIDADES ILEGAIS DE PESCA

Sessão solene de assinatura

Rio Tejo -Belver

A relação da floresta com os recursos hídricos é óbvia, sendoamplamente reconhecido o seu papel fundamental e impacto, querna quantidade, quer na qualidade dos recursos hídricos disponíveis,directamente relacionado com os processos de evapotranspiração,infiltração no solo e consequente efeito no escoamento directo, erosãodos solos e assoreamento de rios e albufeiras, entre outros. O aumentoda produtividade dos solos e a diminuição dos processos erosivose do escoamento superficial, que promove o aumento na taxa deinfiltração e a melhoria das reservas subterrâneas, são apenas algunsdos benefícios causados por um bom coberto florestal. Água e florestaandam pois de mãos dadas.

Na vasta área de actuação da ARH do Tejo a floresta assume umaimportância muito significativa.

Assim, assegurar o equilíbrio entre os ecossistemas florestais e osrecursos hídricos é um dos grandes desafios que se coloca actualmenteem ambas áreas temáticas. Como entidade responsável pela protecçãoe valorização das componentes ambientais das águas, a ARH doTejo não podia deixar de salientar o seu papel de concretizar uma

nova abordagem de gestão dos recursos hídricos à escala da regiãohidrográfica, integrando os vários serviços prestados pelos diversosecossistemas.

A compreensão da relação das florestas com a água é uma questãomuito complexa e deve levar em consideração as múltiplas actividadeshumanas, bem como os valores naturais dos recursos naturais emcausa.

É neste sentido que a elaboração em curso do Plano de Gestão daRegião Hidrográfica do Tejo e o Plano das Bacias Hidrográficas dasRibeiras do Oeste: instrumentos de planeamento que se constituemcomo a base de suporte à gestão, à protecção e à valorizaçãoambiental, social e económica dos recursos hídricos, tem em atençãotão importante tema.

O facto da gestão dos recursos hídricos ter uma abordagemecossistémica, ainda mais relevante se torna o papel das florestase da vegetação ribeirinha no contexto da preservação de habitats eda biodiversidade.

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implementação da política do ambiente e articulação entre entidades,no seu entender uma solução inteligente e racional por parte da ARHdo Tejo. Considera fundamental a protecção da biodiversidade,mencionando no entanto que estes meios de fiscalização poderãopermitir o combate a outras práticas ilegais, para além da pesca.Sublinhou ainda a importância desta sinergia com a GNR/SEPNA nocontexto da aplicação integrada das políticas do ambiente, sobretudonum momento em que existem restrições ao reforço de quadros paraexercício das funções de fiscalização. Terminada a sessão de assinaturafoi feita bênção e entrega das chaves da embarcação.

Importa relembrar que as Administrações de Região Hidrográficarepresentam, enquanto serviços da administração pública indirecta, umaindiscutível motivação para a efectivação de uma perspectiva de gestãointegrada dos recursos hídricos, baseada na cooperação com as diversasentidades intervenientes nestes domínios, entre as quais a GuardaNacional Republicana através do seu Serviço de Protecção da Naturezae do Ambiente.

Se é, por um lado, missão das Administrações de Região Hidrográficaproteger e valorizar as componentes ambientais das águas e procedera gestão sustentável dos recursos hídricos no âmbito das respectivascircunscrições territoriais de actuação, por outro, é missão da GuardaNacional Republicana, através do Serviço de Protecção da Naturezae Ambiente, zelar pelo cumprimento das disposições legais eregulamentares referentes à protecção e conservação da naturezae do meio ambiente e dos recursos hídricos.

É neste sentido que a ARH do Tejo e a GNR têm vindo a colaborar,no âmbito da execução de actividades das respectivascompetências na área dos recursos hídricos. Esta proximidadeentre os níveis de decisão e de acção tem favorecido um quadrode entendimento local que permite garantir a integração intersectoriale a compatibilização de interesses convergentes, no sentido deuma responsabilidade partilhada para a consecução de objectivosambientais.

Final da cerimónia de entregaBênção da embarcação

RITA CALVÁRIO E JOSÉ GUSMÃO,DEPUTADOS DO BLOCO DE ESQUERDA, NA ARHPONTO DE SITUAÇÃO DOS PROJECTOS EM DESENVOLVIMENTONO ÂMBITO DO PROTOCOLO DE ALCANENA

No seguimento do pedido de audiência solicitado pelos SenhoresDeputados do Bloco de Esquerda, Eng.ª Rita Calvário e Dr. JoséGusmão, teve lugar, no passado dia 25 de Janeiro, uma reunião nasede da ARH do Tejo. Neste encontro participaram, para além dosSenhores Deputados, o Eng.º Aníbal Ramos, da parte do Bloco deEsquerda, o Senhor Presidente e a Sr.ª Vice-Presidente da ARH doTejo, Eng.º Manuel Lacerda e Eng.ª Simone Pio e o Director doDepartamento de Recursos Hídricos Interiores, Professor CarlosCupeto, entre outros técnicos da ARH do Tejo.

Após uma primeira apresentação da missão, objectivos, funcionamentoe principais actividades desenvolvidas pela ARH do Tejo passou-seao ponto de situação dos projectos em desenvolvimento no âmbitodo Protocolo de Alcanena, o tema central da reunião. Neste contexto,foi apresentado o estádio de desenvolvimento de cada um dos projectosenglobados no protocolo, assim como as reuniões de trabalho, sessõespúblicas e relatórios de acompanhamento que tem desenvolvido emtorno do projecto de requalificação e valorização da bacia do Alviela.

Importa referir que, no que se refere aos trabalhos a cargo da ARH doTejo, estão concluídas as obras na Cascata do Mouchão de Pernes,com excepção dos trabalhos adicionais decorrentes da queda damuralha no Inverno passado, inicialmente não previstos. No que respeitaà defesa contra cheias da ETAR de Alcanena falta apenas concluir aregularização da ribeira, a montante da ponte. Prevê-se que estasintervenções sejam iniciadas após a Primavera de 2011, altura em queos caudais do rio permitirão o recomeço dos trabalhos.

Os dois grandes projectos relativos à remodelação da rede de colectorese à empreitada para reabilitação da célula de lamas não estabilizadas

da ETAR de Alcanena estão igualmente em bom andamento, prevendo--se a assinatura dos contratos para elaboração do projecto de execuçãopara a remodelação da rede de colectores e para execução daempreitada para reabilitação da célula de lamas em sessão conjunta,a realizar no dia 2 de Março, em Alcanena, com o presença da SenhoraMinistra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Eng.ª DulcePássaro e do Senhor Secretário de Estado do Ambiente, ProfessorHumberto Rosa.

Os projectos no âmbito da melhoria da eficiência do sistema detratamento da ETAR e da unidade de tratamento de resíduosindustriais “raspas verdes”, a cargo da AUSTRA, estão igualmenteem desenvolvimento, prevendo-se o lançamento dos respectivosconcursos brevemente.

No final da apresentação foram esclarecidas algumas questõeslevantadas pelos Senhores Deputados, no que se refere às causasdo recente agravamento dos cheiros em Alcanena, tendo a ARH doTejo apresentado as diligências que encetou, nomeadamente no querespeita ao contacto com a AUSTRA para averiguação das causas.Foi igualmente referido o estudo de modelação da qualidade do arque se propôs patrocinar, para realização do qual se estão a ultimaros pormenores contratuais dos pontos de vista jurídico e financeiro.Os Senhores Deputados questionaram ainda sobre alguns atrasosque se têm registado face à calendarização inicialmente prevista paraos projectos, tendo a ARH do Tejo esclarecido que factores comoas intempéries que se têm verificado causam ligeiras derrapagenstemporais dos projectos. Nesta reunião os Senhores Deputadosforam ainda informados acerca da sessão pública de esclarecimentoque irá ser realizada no dia 5 de Março, em Alcanena.

Reunião na ARH do Tejo com Rita Calvário e José Gusmão, Deputados do Bloco de Esquerda

Embarcação e viatura cedida pela ARH do Tejo

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implementação da política do ambiente e articulação entre entidades,no seu entender uma solução inteligente e racional por parte da ARHdo Tejo. Considera fundamental a protecção da biodiversidade,mencionando no entanto que estes meios de fiscalização poderãopermitir o combate a outras práticas ilegais, para além da pesca.Sublinhou ainda a importância desta sinergia com a GNR/SEPNA nocontexto da aplicação integrada das políticas do ambiente, sobretudonum momento em que existem restrições ao reforço de quadros paraexercício das funções de fiscalização. Terminada a sessão de assinaturafoi feita bênção e entrega das chaves da embarcação.

Importa relembrar que as Administrações de Região Hidrográficarepresentam, enquanto serviços da administração pública indirecta, umaindiscutível motivação para a efectivação de uma perspectiva de gestãointegrada dos recursos hídricos, baseada na cooperação com as diversasentidades intervenientes nestes domínios, entre as quais a GuardaNacional Republicana através do seu Serviço de Protecção da Naturezae do Ambiente.

Se é, por um lado, missão das Administrações de Região Hidrográficaproteger e valorizar as componentes ambientais das águas e procedera gestão sustentável dos recursos hídricos no âmbito das respectivascircunscrições territoriais de actuação, por outro, é missão da GuardaNacional Republicana, através do Serviço de Protecção da Naturezae Ambiente, zelar pelo cumprimento das disposições legais eregulamentares referentes à protecção e conservação da naturezae do meio ambiente e dos recursos hídricos.

É neste sentido que a ARH do Tejo e a GNR têm vindo a colaborar,no âmbito da execução de actividades das respectivascompetências na área dos recursos hídricos. Esta proximidadeentre os níveis de decisão e de acção tem favorecido um quadrode entendimento local que permite garantir a integração intersectoriale a compatibilização de interesses convergentes, no sentido deuma responsabilidade partilhada para a consecução de objectivosambientais.

Embarcação cedidapela ARH do Tejo Bênção da embarcação

RITA CALVÁRIO E JOSÉ GUSMÃO,DEPUTADOS DO BLOCO DE ESQUERDA, NA ARHPONTO DE SITUAÇÃO DOS PROJECTOS EM DESENVOLVIMENTONO ÂMBITO DO PROTOCOLO DE ALCANENA

No seguimento do pedido de audiência solicitado pelos SenhoresDeputados do Bloco de Esquerda, Eng.ª Rita Calvário e Dr. JoséGusmão, teve lugar, no passado dia 25 de Janeiro, uma reunião nasede da ARH do Tejo. Neste encontro participaram, para além dosSenhores Deputados, o Eng.º Aníbal Ramos, da parte do Bloco deEsquerda, o Senhor Presidente e a Sr.ª Vice-Presidente da ARH doTejo, Eng.º Manuel Lacerda e Eng.ª Simone Pio e o Director doDepartamento de Recursos Hídricos Interiores, Professor CarlosCupeto, entre outros técnicos da ARH do Tejo.

Após uma primeira apresentação da missão, objectivos, funcionamentoe principais actividades desenvolvidas pela ARH do Tejo passou-seao ponto de situação dos projectos em desenvolvimento no âmbitodo Protocolo de Alcanena, o tema central da reunião. Neste contexto,foi apresentado o estádio de desenvolvimento de cada um dos projectosenglobados no protocolo, assim como as reuniões de trabalho, sessõespúblicas e relatórios de acompanhamento que tem desenvolvido emtorno do projecto de requalificação e valorização da bacia do Alviela.

Importa referir que, no que se refere aos trabalhos a cargo da ARH doTejo, estão concluídas as obras na Cascata do Mouchão de Pernes,com excepção dos trabalhos adicionais decorrentes da queda damuralha no Inverno passado, inicialmente não previstos. No que respeitaà defesa contra cheias da ETAR de Alcanena falta apenas concluir aregularização da ribeira, a montante da ponte. Prevê-se que estasintervenções sejam iniciadas após a Primavera de 2011, altura em queos caudais do rio permitirão o recomeço dos trabalhos.

Os dois grandes projectos relativos à remodelação da rede de colectorese à empreitada para reabilitação da célula de lamas não estabilizadas

da ETAR de Alcanena estão igualmente em bom andamento, prevendo--se a assinatura dos contratos para elaboração do projecto de execuçãopara a remodelação da rede de colectores e para execução daempreitada para reabilitação da célula de lamas em sessão conjunta,a realizar no dia 2 de Março, em Alcanena, com o presença da SenhoraMinistra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Eng.ª DulcePássaro e do Senhor Secretário de Estado do Ambiente, ProfessorHumberto Rosa.

Os projectos no âmbito da melhoria da eficiência do sistema detratamento da ETAR e da unidade de tratamento de resíduosindustriais “raspas verdes”, a cargo da AUSTRA, estão igualmenteem desenvolvimento, prevendo-se o lançamento dos respectivosconcursos brevemente.

No final da apresentação foram esclarecidas algumas questõeslevantadas pelos Senhores Deputados, no que se refere às causasdo recente agravamento dos cheiros em Alcanena, tendo a ARH doTejo apresentado as diligências que encetou, nomeadamente no querespeita ao contacto com a AUSTRA para averiguação das causas.Foi igualmente referido o estudo de modelação da qualidade do arque se propôs patrocinar, para realização do qual se estão a ultimaros pormenores contratuais dos pontos de vista jurídico e financeiro.Os Senhores Deputados questionaram ainda sobre alguns atrasosque se têm registado face à calendarização inicialmente prevista paraos projectos, tendo a ARH do Tejo esclarecido que factores comoas intempéries que se têm verificado causam ligeiras derrapagenstemporais dos projectos. Nesta reunião os Senhores Deputadosforam ainda informados acerca da sessão pública de esclarecimentoque irá ser realizada no dia 5 de Março, em Alcanena.

Reunião na ARH do Tejo com Rita Calvário e José Gusmão, Deputados do Bloco de EsquerdaFinal da cerimónia

de entrega

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Tejo Radical. Desportivo. Cultural. Turístico. Natural. O Tejo emMovimento é uma nova secção que estará em breve dísponívelno site da ARH do Tejo. Aqui pretendemos mostrar alguma coisado muito que se faz por entre rio e mar. A pé, de barco, a voar oude prancha. O objectivo é divulgar toda a riqueza que faz partedo património material e imaterial do Tejo e Ribeiras do Oeste.

E, à imagem deste magnífico território, esta é uma secção que sequer dinâmica. Neste sentido convidamos desde já todos os quequeiram disponibilizar informação relevante, que possa serenglobada no Tejo em Movimento, a fazê-lo. Poderá ser relativaactividades culturais, desportivas ou relacionadas com a natureza;infra-estruturas de apoio; património natural e cultural; eventosque se realizam na região, ou qualquer outra considerada pertinente.Relacionada com o rio ou com o mar.

Rios vivos e vividos e um litoral de excelência é o que desejamospara os nossos rios e costa. O Tejo e as Ribeiras do Oeste, bem

como tudo à sua volta, proporcionam um conjunto de experiênciasque respondem às paixões de muitos. Uma paisagem natural ehumana única. Um elo de ligação entre pessoas e culturas queimporta preservar e valorizar.

Tejo em Movimento

O TEJO EM MOVIMENTODisponível em www.arhtejo.pt

A pé, de barco, a voar oude prancha. O objectivo

é divulgar toda a riquezaque faz parte do

património material eimaterial do Tejo eRibeiras do Oeste.

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUASRESIDUAIS DE ALMEIRIM/ALPIARÇAPRESTES A ENTRAR EM FUNCIONAMENTO

ETAR Almeirim-Alpiarça

ETAR Almeirim-Alpiarça

Visita técnica à ETAR

Já se encontram concluídas as obras de requalificação da Estação deTratamento de Águas Residuais (ETAR) de Almeirim/Alpiarça, umprojecto da responsabilidade da empresa intermunicipal Águas doRibatejo com o acompanhamento da ARH do Tejo. Projectada para20 anos, esta ETAR lagunar está dimensionada para servir umapopulação de 26 mil pessoas, permitindo tratar efluentes domésticose industriais.

Trata-se de uma ETAR de primeira geração, composta por lagoasanaeróbias, e teve na sua concepção preocupações ambientaisreflectidas no consumo de energia eléctrica necessária para o seufuncionamento. O equipamento está implementado num terreno de18 hectares, próximo da localidade da Gouxaria, sendo que a entradaem funcionamento do renovado sistema de saneamento deverá ocorrerdurante o primeiro trimestre de 2011.

Em fase avançada de reconversão encontram-se, entre outras, asEstações Elevatórias de Alpiarça, Frade de Baixo, Fazendas de Almeirim

e São Roque, para além dos vários emissários que canalizarão osefluentes para a ETAR, de modo a serem tratados. Este é um sistemaintegrado que permitirá resolver em grande medida as situações depoluição que se têm verificado nas Valas de Alpiarça e Almeirim.

O projecto resulta de um investimento de mais de três milhões deeuros, sendo que o facto de o projecto envolver dois municípios permiteuma redução substancial do investimento e custos de manutenção.A reconversão do equipamento foi protocolada a 16 de Outubro de2009 e as obras tiveram início em Abril de 2010. Todo o processodecorreu dentro dos prazos previstos.

Recorde-se que está ser feito um esforço de investimento em estaçõesde tratamento em toda a bacia do Tejo. Projectos desta natureza estãona primeira linha de acção da ARH do Tejo, no sentido de proteger,valorizar e garantir a qualidade dos nossos recursos hídricos. Naperspectiva última de proporcionar o desenvolvimento em torno doTejo e aproximar as pessoas do rio.

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Tejo Radical. Desportivo. Cultural. Turístico. Natural. O Tejo emMovimento é uma nova secção dísponível no site da ARH do Tejo.Aqui pretendemos mostrar alguma coisa do muito que se faz porentre rio e mar. A pé, de barco, a voar ou de prancha. O objectivoé divulgar toda a riqueza que faz parte do património material eimaterial do Tejo e Ribeiras do Oeste.

E, à imagem deste magnífico território, esta é uma secção quese quer dinâmica. Neste sentido convidamos desde já todos osque queiram disponibilizar informação relevante, que possaserenglobada no Tejo em Movimento, a fazê-lo. Poderá ser relativaa actividades culturais, desportivas ou relacionadas com a natureza;infra-estruturas de apoio; património natural e cultural; eventosque se realizam na região, ou qualquer outra considerada pertinente,relacionada com o rio ou com o mar.

Rios vivos e vividos e um litoral de excelência é o que desejamospara os nossos rios e costa. O Tejo e as Ribeiras do Oeste, bemcomo tudo à sua volta, proporcionam um conjunto de experiências

que respondem às paixões de muitos. Uma paisagem natural ehumana única. Um elo de ligação entre pessoas e culturas queimporta preservar e valorizar. www.arhtejo.pt

Tejo em Movimento

O TEJO EM MOVIMENTODisponível em www.arhtejo.pt

A pé, de barco, a voar oude prancha. O objectivo

é divulgar toda a riquezaque faz parte do

património material eimaterial do Tejo eRibeiras do Oeste.

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUASRESIDUAIS DE ALMEIRIM/ALPIARÇAPRESTES A ENTRAR EM FUNCIONAMENTO

ETAR Almeirim-Alpiarça

ETAR Almeirim-Alpiarça

Visita técnica à ETAR

Já se encontram concluídas as obras de requalificação da Estação deTratamento de Águas Residuais (ETAR) de Almeirim/Alpiarça, umprojecto da responsabilidade da empresa intermunicipal Águas doRibatejo com o acompanhamento da ARH do Tejo. Projectada para20 anos, esta ETAR lagunar está dimensionada para servir umapopulação de 26 mil pessoas, permitindo tratar efluentes domésticose industriais.

Trata-se de uma ETAR de primeira geração, composta por lagoasanaeróbias, e teve na sua concepção preocupações ambientaisreflectidas no consumo de energia eléctrica necessária para o seufuncionamento. O equipamento está implementado num terreno de18 hectares, próximo da localidade da Gouxaria, sendo que a entradaem funcionamento do renovado sistema de saneamento deverá ocorrerdurante o primeiro trimestre de 2011.

Em fase avançada de reconversão encontram-se, entre outras, asEstações Elevatórias de Alpiarça, Frade de Baixo, Fazendas de Almeirim

e São Roque, para além dos vários emissários que canalizarão osefluentes para a ETAR, de modo a serem tratados. Este é um sistemaintegrado que permitirá resolver em grande medida as situações depoluição que se têm verificado nas Valas de Alpiarça e Almeirim.

O projecto resulta de um investimento de mais de três milhões deeuros, sendo que o facto de o projecto envolver dois municípios permiteuma redução substancial do investimento e custos de manutenção.A reconversão do equipamento foi protocolada a 16 de Outubro de2009 e as obras tiveram início em Abril de 2010. Todo o processodecorreu dentro dos prazos previstos.

Recorde-se que está ser feito um esforço de investimento em estaçõesde tratamento em toda a bacia do Tejo. Projectos desta natureza estãona primeira linha de acção da ARH do Tejo, no sentido de proteger,valorizar e garantir a qualidade dos nossos recursos hídricos. Naperspectiva última de proporcionar o desenvolvimento em torno doTejo e aproximar as pessoas do rio.

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NOTÍCIAS NOTÍCIAS

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FLUVIÁRIO DE MORA, ÚNICOARH do Tejo visitou Parque Natural doGameiro e teve conhecimento de importantesprojectos para a valorização do rioSituado em plena Rede Natura 2000, com o Parque Ecológico doGameiro como belíssimo cenário natural, o Fluviário de Mora,primeiro grande aquário de água doce da Europa, abriu as suasportas ao público no primeiro dia da Primavera de 2007.

Desde então, mais de meio milhão de visitantes tiveram a sensaçãoúnica da descoberta deste maravilhoso mundo dos rios e dos lagos,que, em Dezembro de 2008, foi galardoado com prémio de MelhorMuseu Português de 2007, pela Associação Portuguesa de Museologia.

No Fluviário de Mora podemos observar diferentes tipos de habitatse a fauna (cerca de setenta espécies e mais de quinhentosespécimes) que neles vivem harmoniosamente e a necessitar deuma atenção particular de todos nós.

São espécies de água doce já desaparecidas dos nossos rios,como o esturjão; outras em risco de extinção, como o pequenosaramugo; outras de vital importância para o equilíbrio dosecossistemas: trutas, gambúsias, rãs, lontras…

No Fluviário de Mora podemos ainda descobrir seres exóticos derara beleza vindos da bacia amazónica e dos grandes lagosafricanos: rãs-venenosas, piranhas, enguia-eléctrica, peixe-elefante,anaconda, ciclídeos… Podemos, de forma interactiva, conhecer,na exposição multimédia, o ciclo da água e a relação (boa e má)do Homem com os rios ao longo da História.

Além do Fluviário, o Parque Natural do Gameiro dispõe demagníficas condições naturais e infra-estruturas que possibilitamum enorme conjunto de actividades, designadamente pescadesportiva ao mais alto nível. Os percursos pedonais têm condiçõesexcepcionais e são também uma forte aposta da Câmara Municipalde Mora. No sítio da ARH do Tejo poderá aceder a informaçãocomplementar. www.arhtejo.pt

Aspecto exterior do Fluviário de Mora

Visita ao Fluviário de Mora

PGRH DO TEJO E PBH DAS RIBEIRAS DO OESTEParticipação pública, quanto mais melhorNo âmbito do projecto de elaboração do Plano de Gestão de RegiãoHidrográfica do Tejo e do Plano das Bacias Hidrográficas das Ribeirasdo Oeste, a ARH do Tejo tem vindo a desenvolver várias acções departicipação pública, tendo decorrido o 1.º Fórum de ParticipaçãoPública em Castelo Branco, Almeirim e Caldas da Rainha no final domês de Novembro de 2010.Realizaram-se ainda 4 Seminários sectoriais sobre Agricultura/Pecuária//Pescas, Indústria, Turismo/Actividades Recreativas e Energia, onde foipossível ouvir os sectores e os principais actores-chave, contribuindoassim para uma melhor cenariazação da realidade da Região.Nesse sentido, tendo em conta a fase em que se encontram os

planos e com o objectivo de dar início à fase de Consulta Públicajá no 2.º semestre de 2011, a ARH do Tejo irá promover a realizaçãodos segundos Eventos Participativos que incluem dois novosSeminários a realizar no próximo mês de Março cujas temáticasserão a Agricultura, por um lado, e a Agro-Industria e Agro-Pecuária,por outro. Está prevista a sua realização em Santarém e Rio Maior,respectivamente.No que respeita ao 2.º Fórum de Participação Pública, este contará,tal como no primeiro, com três Sessões, duas a realizar na RegiãoHidrográfica do Tejo e uma nas Bacias das Ribeiras do Oeste, estandoprevistas para os dias 15, 16 e 17 de Março de 2011.

1.º Fórum - Sessão de trabalho, Caldas da Rainha

No passado dia 19 de Janeiro, deslocou-se àARH do Tejo o Prof. Edmilson Teixeira daUniversidade Federal do Espírito Santo e a Dra.Marta Varanda do Instituto de Ciências Sociaisda Universidade de Lisboa. A reunião teve comoprincipais objectivos analisar uma propostade cooperação técnica entre a ARH do Tejo eo Instituto de Meio Ambiente e RecursosHídricos o Estado do Espírito Santo (SEAMA//IEMA) e apresentar a Sub-rede Lusófona daParticipationWater.net.

A ARH do Tejo fez uma breve apresentação dainstituição, bem como das diversas actividadesque desenvolve, com destaque para as iniciativasrelacionadas com a disponibilização deinformação e participação pública. O projecto

de participação pública que está integrado noâmbito do processo de elaboração dos Planosfoi apresentado com maior detalhe, tendo sidodestacado o seu carácter diferenciador, nãosó pelos meios financeiros envolvidos maspelo facto do prazo projecto ser semelhanteao projecto global, o que permite umacompanhamento de todas as fases deplaneamento e o acesso à informaçãoessencial para o desenvolvimento de diferentesmetodologias de participação pública.

Na reunião foi possível constatar umaconvergência de interesses no sentido deaprofundar a cooperação em termos da gestãodos recursos hídricos e o desenvolvimento, bemcomo nas temáticas de participação pública.

GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

Prof. Edmilson Teixeira na ARH do Tejo

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FLUVIÁRIO DE MORA, ÚNICOARH do Tejo visita Parque Natural do Gameiroe tem contacto com importantes projectospara a valorização do rioSituado em plena Rede Natura 2000, com Parque Ecológico doGameiro como belíssimo cenário natural, o Fluviário de Mora,primeiro grande aquário de água doce da Europa, abriu as suasportas ao público no primeiro dia da Primavera de 2007.

Desde então, mais de meio milhão de visitantes tiveram a sensaçãoúnica da descoberta deste maravilhoso mundo dos rios e dos lagos,que, em Dezembro de 2008, foi galardoado com prémio de MelhorMuseu Português de 2007, pela Associação Portuguesa de Museologia.

No Fluviário de Mora, podemos observar diferentes tipos de habitatse os animais (cerca de setenta espécies e mais de quinhentosespécimes) que neles vivem harmoniosamente e a necessitar deuma atenção particular de todos nós.

São espécies de água doce já desaparecidas dos nossos rios,como o esturjão; outras em risco de extinção, como o pequenosaramugo; outras de vital importância para o equilíbrio dosecossistemas: trutas, gambúsias, rãs, lontras…

No Fluviário de Mora, podemos ainda descobrir seres exóticos derara beleza vindos da bacia amazónica e dos grandes lagosafricanos: rãs-venenosas, piranhas, enguia-eléctrica, peixe-elefante,anaconda, ciclídeos… Podemos, de forma interactiva, conhecer,na exposição multimédia, o ciclo da água e a relação (boa e má)do Homem com os rios ao longo da História.

Além do Fluviário o Parque Natural do Gameiro dispõe de magníficascondições naturais e infraestruturas que possibilitam um enormeconjunto de actividades, designadamente pesca desportiva aomais alto nível. Os percursos pedonais em condições excepcionaissão também uma forte aposta da Câmara Municipal de Mora. Nosítio da ARH do Tejo em Tejo em Movimento poderá aceder ainformação complementar.

Aspecto exterior do Fluviário de Mora

Visita ao Fluviário de Mora

PGRH DO TEJO E PBH DAS RIBEIRAS DO OESTEParticipação pública, quanto mais melhorNo âmbito do projecto de elaboração do Plano de Gestão de RegiãoHidrográfica do Tejo e do Plano das Bacias Hidrográficas das Ribeirasdo Oeste, a ARH do Tejo tem vindo a desenvolver várias acções departicipação pública, tendo decorrido o 1.º Fórum de ParticipaçãoPública em Castelo Branco, Almeirim e Caldas da Rainha no final domês de Novembro de 2010.Realizaram-se ainda 4 Seminários sectoriais sobre Agricultura/Pecuária//Pescas, Indústria, Turismo/Actividades Recreativas e Energia, onde foipossível ouvir os sectores e os principais actores-chave, contribuindoassim para uma melhor cenariazação da realidade da Região.Nesse sentido, tendo em conta a fase em que se encontram os

planos e com o objectivo de dar início à fase de Consulta Públicajá no 2.º semestre de 2011, a ARH do Tejo irá promover a realizaçãodos segundos Eventos Participativos que incluem dois novosSeminários a realizar no próximo mês de Março cujas temáticasserão a Agricultura, por um lado, e a Agro-Industria e Agro-Pecuária,por outro. Está prevista a sua realização em Santarém e Rio Maior,respectivamente.No que respeita ao 2.º Fórum de Participação Pública, este contará,tal como no primeiro, com três Sessões, duas a realizar na RegiãoHidrográfica do Tejo e uma nas Bacias das Ribeiras do Oeste, estandoprevistas para os dias 15, 16 e 17 de Março de 2011.

1.º Fórum - Sessão de trabalho, Caldas da Rainha

No passado dia 19 de Janeiro, deslocou-se àARH do Tejo o Prof. Edmilson Teixeira daUniversidade Federal do Espírito Santo e a Dra.Marta Varanda do Instituto de Ciências Sociaisda Universidade de Lisboa. A reunião teve comoprincipais objectivos analisar uma propostade cooperação técnica entre a ARH do Tejo eo Instituto de Meio Ambiente e RecursosHídricos o Estado do Espírito Santo (SEAMA//IEMA) e apresentar a Sub-rede Lusófona daParticipationWater.net.

A ARH do Tejo fez uma breve apresentação dainstituição, bem como das diversas actividadesque desenvolve, com destaque para as iniciativasrelacionadas com a disponibilização deinformação e participação pública. O projecto

de participação pública que está integrado noâmbito do processo de elaboração dos Planosfoi apresentado com maior detalhe, tendo sidodestacado o seu carácter diferenciador, nãosó pelos meios financeiros envolvidos maspelo facto do prazo projecto ser semelhanteao projecto global, o que permite umacompanhamento de todas as fases deplaneamento e o acesso à informaçãoessencial para o desenvolvimento de diferentesmetodologias de participação pública.

Na reunião foi possível constatar umaconvergência de interesses no sentido deaprofundar a cooperação em termos da gestãodos recursos hídricos e o desenvolvimento, bemcomo nas temáticas de participação pública.

GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

Prof. Edmilson Teixeira na ARH do Tejo

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MAFRA TEM A PRIMEIRA RESERVA MUNDIALDE SURF NA EUROPA E A SEGUNDA A NÍVELMUNDIAL

A Ericeira é a primeira Reserva de Surf da Europa e a segunda doMundo: um reconhecimento oficial da organização norte-americanaSave the Waves Coalition que distingue a excelência dascaracterísticas naturais oferecidas para a prática desta modalidadedesportiva. A faixa costeira distinguida como Reserva Mundial deSurf integra-se no Concelho de Mafra, estendendo-se desde aPraia da Empa, na Freguesia da Ericeira, à Praia de S. Lourenço,na Freguesia de Santo Isidoro. São sete ondas de classe mundialnum espaço de 4 Km: Pedra Branca, Reef, Ribeira d’Ilhas, Cave,Crazy Left, Coxos e S. Lourenço.

A candidatura, que recebeu o apoio de entidades públicas eprivadas a nível nacional, foi apresentada em Outubro do anopassado pela Câmara Municipal de Mafra, com o objectivo deassegurar a protecção dos recursos naturais e reforçar oreconhecimento internacional deste património. A ARH do Tejo foiparceira da iniciativa tendo, desde o primeiro momento, manifestadoà Câmara Municipal de Mafra todo o seu apoio a esta candidatura.A cerimónia pública de divulgação desta distinção decorreu no

dia 25 de Fevereiro de 2011 na Feira Internacional de Lisboa.O Presidente da ARH do Tejo, Eng.º Manuel Lacerda, estevepresente na cerimónia, tendo endereçado os parabéns à CâmaraMunicipal de Mafra e a toda a comunidade surfista por este elevadoreconhecimento internacional.

A costa atlântica do Concelho de Mafra, especialmente a zonacosteira a norte da Ericeira, é um dos raros locais a nível mundialque reúne um elevado número de ondas de grande qualidade.Ao longo de 11 Km de costa, são 22 ondas de diferentescaracterísticas, que proporcionam a prática de Surf sob diferentescondições meteorológicas, suscitando níveis de exigência e grausde dificuldade díspares.

CARACTERÍSTICAS NATURAIS ÚNICAS:

• Diversidade de níveis de exigência e dificuldade das ondas• Utilização durante todo o ano• Clima temperado• Arribas de beleza ímpar• Diversidade da flora e da fauna marítima• 22 ondas ao longo de 11 Km de costa marítima

Cerimónia de divulgação da aprovação da Ericeira como Reserva Mundial de Surf

Ribeira d’Ilhas, Ericeira

ERICEIRAÉ RESERVA MUNDIAL DE SURF

Refira-se que a World Surfing Reserves (WSR) visa designar eproteger as áreas de surf mais importantes e queridas em todo omundo em parceria com as comunidades de surf local. Os locaissão nomeados e seleccionados com base em quatro critériosfundamentais: i. qualidade e consistência das ondas; ii. importânciapara a cultura do surf e da história; iii. características ambientais;iv. apoio da comunidade. Para além de seu significado cultural eestético, cada Reserva Mundial de Surf é um encontro de terra emar seleccionados pela sua natureza única, pelas suas ondas epelo seu cenário natural.

A nomeação de uma WSR visa a protecção dessa zona costeirade ondas e habitat, através de parcerias locais e internacionaisque envolvem as comunidades em torno da sua conservação, nosentido de assegurar o desenvolvimento sustentável da área.Portugal é assim o primeiro país da Europa, e o segundo a nívelmundial, a ter uma World Surf Reserve. A ARH do Tejo congratula--se com o facto de Mafra ter conquistado este importante estatuto.

O primeiro grande evento que a Ericeira receberá como ReservaMundial de Surf será o Campeonato do Mundo de Surf, um WQSde 6* prime, que terá lugar de 14 a 19 de Junho. Para este eventosão esperados mais de cem participantes de todo o mundo.Paraapoiar a prática dos desportos de onda na Ericeira, a CâmaraMunicipal de Mafra está, entretanto, a ultimar o Plano de Pormenorda Praia de Ribeira D´Ilhas, dotando-a das infra-estruturasadequadas à prática deste desporto, tendo em conta as boaspráticas ambientais.

Jonathan Gonzalez - Quicksilver 2010

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MAFRA TEM A PRIMEIRA RESERVA MUNDIALDE SURF NA EUROPA E A SEGUNDA A NÍVELMUNDIAL

A Ericeira é a primeira Reserva de Surf da Europa e a segunda doMundo: um reconhecimento oficial da organização norte-americanaSave the Waves Coalition que distingue a excelência dascaracterísticas naturais oferecidas para a prática desta modalidadedesportiva. A faixa costeira distinguida como Reserva Mundial deSurf integra-se no Concelho de Mafra, estendendo-se desde aPraia da Empa, na Freguesia da Ericeira, à Praia de S. Lourenço,na Freguesia de Santo Isidoro. São sete ondas de classe mundialnum espaço de 4 Km: Pedra Branca, Reef, Ribeira d’Ilhas, Cave,Crazy Left, Coxos e S. Lourenço.

A candidatura, que recebeu o apoio de entidades públicas eprivadas a nível nacional, foi apresentada em Outubro do anopassado pela Câmara Municipal de Mafra, com o objectivo deassegurar a protecção dos recursos naturais e reforçar oreconhecimento internacional deste património. A ARH do Tejo foiparceira da iniciativa tendo, desde o primeiro momento, manifestadoà Câmara Municipal de Mafra todo o seu apoio a esta candidatura.A cerimónia pública de divulgação desta distinção decorreu no

dia 25 de Fevereiro de 2011 na Feira Internacional de Lisboa.O Presidente da ARH do Tejo, Eng.º Manuel Lacerda, estevepresente na cerimónia, tendo endereçado os parabéns à CâmaraMunicipal de Mafra e a toda a comunidade surfista por este elevadoreconhecimento internacional.

A costa atlântica do Concelho de Mafra, especialmente a zonacosteira a norte da Ericeira, é um dos raros locais a nível mundialque reúne um elevado número de ondas de grande qualidade.Ao longo de 11 Km de costa, são 22 ondas de diferentescaracterísticas, que proporcionam a prática de Surf sob diferentescondições meteorológicas, suscitando níveis de exigência e grausde dificuldade díspares.

CARACTERÍSTICAS NATURAIS ÚNICAS:

• Diversidade de níveis de exigência e dificuldade das ondas• Utilização durante todo o ano• Clima temperado• Arribas de beleza ímpar• Diversidade da flora e da fauna marítima• 22 ondas ao longo de 11 Km de costa marítima

Cerimónia de divulgação da aprovação da Ericeira como Reserva Mundial de Surf

Ribeira d’Ilhas, Ericeira

ERICEIRAÉ RESERVA MUNDIAL DE SURF

Refira-se que a World Surfing Reserves (WSR) visa designar eproteger as áreas de surf mais importantes e queridas em todo omundo em parceria com as comunidades de surf local. Os locaissão nomeados e seleccionados com base em quatro critériosfundamentais: i. qualidade e consistência das ondas; ii. importânciapara a cultura do surf e da história; iii. características ambientais;iv. apoio da comunidade. Para além de seu significado cultural eestético, cada Reserva Mundial de Surf é um encontro de terra emar seleccionados pela sua natureza única, pelas suas ondas epelo seu cenário natural.

A nomeação de uma WSR visa a protecção dessa zona costeirade ondas e habitat, através de parcerias locais e internacionaisque envolvem as comunidades em torno da sua conservação, nosentido de assegurar o desenvolvimento sustentável da área.Portugal é assim o primeiro país da Europa, e o segundo a nívelmundial, a ter uma World Surf Reserve. A ARH do Tejo congratula--se com o facto de Mafra ter conquistado este importante estatuto.

O primeiro grande evento que a Ericeira receberá como ReservaMundial de Surf será o Campeonato do Mundo de Surf, um WQSde 6* prime, que terá lugar de 14 a 19 de Junho. Para este eventosão esperados mais de cem participantes de todo o mundo.Paraapoiar a prática dos desportos de onda na Ericeira, a CâmaraMunicipal de Mafra está, entretanto, a ultimar o Plano de Pormenorda Praia de Ribeira D´Ilhas, dotando-a das infra-estruturasadequadas à prática deste desporto, tendo em conta as boaspráticas ambientais.

Jonathan Gonzalez - Quicksilver 2010

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PRAIAS FLUVIAIS:QUATRO PÓLOS DE ATRACÇÃO TURÍSTICA

São um dos atractivos turísticos do concelho e nasceram doaproveitamento cuidadoso das linhas de água que o cruzam. AldeiaRuiva, Alvito, Fróia e Malhadal constituem a rede de praias fluviais doconcelho, valorizadas pela moldura natural e servidas por equipamentosconstruídos com a preocupação de preservar a identidade dos locais,recorrendo a materiais como o xisto e a madeira.Por ser uma das mais antigas e sujeita a muita afluência, o Municípioestá a desenvolver um projecto de requalificação global da praia deAldeia Ruiva, prevendo-se que venha a ser executado de forma faseada.É uma das estruturas com mais equipamentos, incluindo um parque decampismo rural com bungalows. A represa apresenta vários desníveis,criando zonas de maior segurança para crianças.Todas diferentes, as praias partilham a característica de manterem elosde ligação à paisagem e património envolventes. Na Fróia, que tem duaspequenas cascatas, encontram-se moinhos recuperados e a curta distânciaas aldeias típicas de Oliveiras e Pedreira. A praia de Alvito, na ribeira como mesmo nome, é o ponto de partida de um Percurso Pedestre de PequenaRota, que conduz até à povoação desabitada de Cova do Alvito. A curtadistância da praia do Malhadal, uma ponte filipina observa a represa e aalbufeira a montante.A praia de Alvito é uma das mais recentes em todo o distrito e foi inauguradaapenas em 2007. Todas as praias são sujeitas a controlo de qualidade daágua e têm vindo a ser dotadas de equipamentos para pessoas commobilidade condicionada. Na Aldeia Ruiva esteve disponível, durante o Verãode 2010, uma cadeira anfíbia que assegurou a total acessibilidade a todos.

RENATURALIZAÇÃODO RIBEIRO DE SANTA MARGARIDA

A única linha de água que atravessa a vila de Proença-a-Nova estevedurante anos escondida da população. O projecto de renaturalizaçãodo Ribeiro de Santa Margarida e requalificação da área envolventecolocou a descoberto o troço que estava aquedutado, mas fez maisque isso: permitiu criar o único parque urbano da vila, dotado de áreasde lazer e de serviços, ao mesmo tempo que deu coerência à malhaurbana até então desligada.Com uma área total de 20 mil metros quadrados, a intervenção apoiou--se na omnipresença da linha de água, cujo leito foi desobstruído. Nasmargens foram removidos muros e o terreno modelado, sendo construídauma represa para formação de uma pequena albufeira, no centro daqual foi criado um palco para espectáculos ao ar livre.

Como uma das preocupações do projecto foi a utilização racional daágua, a alimentação do lago é feita através de uma mina já existente ea sua circulação interna realiza-se em circuito fechado, com tratamentoadequado. Além da dimensão estética, a albufeira confere vida a todoo espaço intervencionado.Circuitos pedonais e zonas de estadia convidam a usufruir do parque,mas foram também instalados serviços que dinamizam o espaço. É ocaso do posto de turismo, de uma cafetaria/galeria municipal – palco deexposições temporárias e de iniciativas de animação musical –, doespaço Internet, parque infantil e zonas pavimentadas preparadas paramontagem de bancadas amovíveis.Desde a abertura ao público, no Verão de 2009, já se realizaram diversasfeiras temáticas, com exposição de produtos regionais e de artesanato.Nas noites de Verão, que convidam a sair de casa, há espectáculosmusicais e de teatro. E nos meses de Julho e Agosto de 2010 as manhãsde domingo foram um convite ao exercício, com aulas de ginástica ao arlivre.

UM CONCELHO VERDE

A floresta, que ocupa 87 % do território, imprime a sua marca na economia,turismo e identidade de Proença-a-Nova. Com cerca de nove milhabitantes e uma grande dispersão por 122 povoações, o concelho temno património natural e cultural a sua maior riqueza: integra o GeoparqueNaturtejo, preserva aldeias típicas de xisto e dispõe de um conjunto deequipamentos vocacionados para o turismo de natureza.

Informações: www.cm-proencanova.pt

Não se pode descrever Proença-a-Nova oupensar o seu futuro sem passar pela floresta,que ocupa boa parte do território e duranteanos foi muito relevante para a economia local.A proximidade da natureza é uma mais-valia

do concelho, que tem conseguido preservaros sabores tradicionais, os diferentes cheirosemanados da paisagem diversificada, a históriarica de gente solidária e trabalhadora.A importância económica, social e ambientalda floresta nacional é fácil de mensurar: bastaolhar para os números do emprego que cria,para o seu peso nas exportações do país epara os benefícios ambientais que nos dá.Sabemos bem o que a floresta tem feito pelopaís, mas sendo 2011 o Ano Internacional dasFlorestas talvez seja legítimo questionarmoso que tem o país feito pela floresta que temos.Não têm faltado debates e reflexões sobre odespovoamento e a desertificação, mas nãohá fórmulas mágicas para fixar pessoas,tornando o interior sustentável sem desvirtuara sua identidade. Mais ainda numa época decrise, que nos obriga a ser criteriosos naredefinição de prioridades e a espreitaroportunidades, sabendo tirar partido dosfundos comunitários disponíveis.Criar condições para o aumento do empregoestá na primeira linha da intervenção doMunicípio e um dos caminhos passa peladinamização de novos investimentos que

possibilitem a transformação e consumo dosprodutos e subprodutos resultantes da floresta.A natureza, na sua saudável teimosia, ensina--nos que a renovação deve ser constante. Em2003 o concelho foi castigado por incêndiosviolentos, mas o verde acaba sempre porsobrepor-se ao negro que ocasionalmente seimpõe na paisagem. Renovação e inovação,mesmo em áreas de actividade consideradastradicionais, são essenciais para se conseguirter êxito.Em Proença-a-Nova procuramos o futurosem esquecer o legado do passado e aimportância da sustentabilidade ambiental.Por isso valorizamos a floresta em todas assuas vertentes, desde o sequestro de carbonoà biodiversidade, passando pelo papel quedesempenha nos ecossistemas e na retençãode água no solo. Quem nos visitar encontrarácondições para usufruir da natureza e ahospitalidade própria de quem ao longo dosséculos se habituou a viver com o que a terraoferece.

João Paulo CatarinoPresidente da Câmara de Proença-a-Nova

MINI-HÍDRICA DE CARREGAIS,UM INVESTIMENTO ESTRATÉGICO

Com a alteração da localização da Barragem do Alvito, a ribeira como mesmo nome deixou de estar incluída na albufeira. Mas o seu caudalsignificativo, especialmente em período estival, justifica o aproveitamentopara produção de energia. Está projectada a construção da mini-hídricade Carregais, investimento que o executivo camarário entende serestratégico para o concelho e para a região. O concurso foi lançadopela Administração da Região Hidrográfica do Tejo em Outubro.Com uma capacidade de produção total que poderá ir até 7 MW, a mini--hídrica será importante na vertente energética, mas o Município valorizaigualmente o impacto que poderá ter nas povoações mais próximas.Na margem direita da ribeira de Alvito localizam-se as localidades deCarregal, Carregais, Casalinho e Casal da Ribeira, devidamenteinfra-estruturadas, podendo o eventual aproveitamento turísticoda futura albufeira – desde que com alguma dimensão – valorizarsignificativamente estas aldeias.As mini-hídricas são centrais a fio de água, de potência inferior a10 MW. Do ponto de vista tecnológico apresentam elevados níveis deeficiência e a vantagem de registarem taxas de variação suaves. Emcontrapartida, os impactos ambientais são diminutos.Praia Fluvial de Malhadal

Renaturalização do Ribeiro de Santa Margarida Água

Praia Fluvial de Malhadal

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PRAIAS FLUVIAIS:QUATRO PÓLOS DE ATRACÇÃO TURÍSTICA

São um dos atractivos turísticos do concelho e nasceram doaproveitamento cuidadoso das linhas de água que o cruzam. AldeiaRuiva, Alvito, Fróia e Malhadal constituem a rede de praias fluviais doconcelho, valorizadas pela moldura natural e servidas por equipamentosconstruídos com a preocupação de preservar a identidade dos locais,recorrendo a materiais como o xisto e a madeira.Por ser uma das mais antigas e sujeita a muita afluência, o Municípioestá a desenvolver um projecto de requalificação global da praia deAldeia Ruiva, prevendo-se que venha a ser executado de forma faseada.É uma das estruturas com mais equipamentos, incluindo um parque decampismo rural com bungalows. A represa apresenta vários desníveis,criando zonas de maior segurança para crianças.Todas diferentes, as praias partilham a característica de manterem elosde ligação à paisagem e património envolventes. Na Fróia, que tem duaspequenas cascatas, encontram-se moinhos recuperados e a curta distânciaas aldeias típicas de Oliveiras e Pedreira. A praia de Alvito, na ribeira como mesmo nome, é o ponto de partida de um Percurso Pedestre de PequenaRota, que conduz até à povoação desabitada de Cova do Alvito. A curtadistância da praia do Malhadal, uma ponte filipina observa a represa e aalbufeira a montante.A praia de Alvito é uma das mais recentes em todo o distrito e foi inauguradaapenas em 2007. Todas as praias são sujeitas a controlo de qualidade daágua e têm vindo a ser dotadas de equipamentos para pessoas commobilidade condicionada. Na Aldeia Ruiva esteve disponível, durante o Verãode 2010, uma cadeira anfíbia que assegurou a total acessibilidade a todos.

RENATURALIZAÇÃODO RIBEIRO DE SANTA MARGARIDA

A única linha de água que atravessa a vila de Proença-a-Nova estevedurante anos escondida da população. O projecto de renaturalizaçãodo Ribeiro de Santa Margarida e requalificação da área envolventecolocou a descoberto o troço que estava aquedutado, mas fez maisque isso: permitiu criar o único parque urbano da vila, dotado de áreasde lazer e de serviços, ao mesmo tempo que deu coerência à malhaurbana até então desligada.Com uma área total de 20 mil metros quadrados, a intervenção apoiou--se na omnipresença da linha de água, cujo leito foi desobstruído. Nasmargens foram removidos muros e o terreno modelado, sendo construídauma represa para formação de uma pequena albufeira, no centro daqual foi criado um palco para espectáculos ao ar livre.

Como uma das preocupações do projecto foi a utilização racional daágua, a alimentação do lago é feita através de uma mina já existente ea sua circulação interna realiza-se em circuito fechado, com tratamentoadequado. Além da dimensão estética, a albufeira confere vida a todoo espaço intervencionado.Circuitos pedonais e zonas de estadia convidam a usufruir do parque,mas foram também instalados serviços que dinamizam o espaço. É ocaso do posto de turismo, de uma cafetaria/galeria municipal – palco deexposições temporárias e de iniciativas de animação musical –, doespaço Internet, parque infantil e zonas pavimentadas preparadas paramontagem de bancadas amovíveis.Desde a abertura ao público, no Verão de 2009, já se realizaram diversasfeiras temáticas, com exposição de produtos regionais e de artesanato.Nas noites de Verão, que convidam a sair de casa, há espectáculosmusicais e de teatro. E nos meses de Julho e Agosto de 2010 as manhãsde domingo foram um convite ao exercício, com aulas de ginástica ao arlivre.

UM CONCELHO VERDE

A floresta, que ocupa 87 % do território, imprime a sua marca na economia,turismo e identidade de Proença-a-Nova. Com cerca de nove milhabitantes e uma grande dispersão por 122 povoações, o concelho temno património natural e cultural a sua maior riqueza: integra o GeoparqueNaturtejo, preserva aldeias típicas de xisto e dispõe de um conjunto deequipamentos vocacionados para o turismo de natureza.

Informações: www.cm-proencanova.pt

Não se pode descrever Proença-a-Nova oupensar o seu futuro sem passar pela floresta,que ocupa boa parte do território e duranteanos foi muito relevante para a economia local.A proximidade da natureza é uma mais-valia

do concelho, que tem conseguido preservaros sabores tradicionais, os diferentes cheirosemanados da paisagem diversificada, a históriarica de gente solidária e trabalhadora.A importância económica, social e ambientalda floresta nacional é fácil de mensurar: bastaolhar para os números do emprego que cria,para o seu peso nas exportações do país epara os benefícios ambientais que nos dá.Sabemos bem o que a floresta tem feito pelopaís, mas sendo 2011 o Ano Internacional dasFlorestas talvez seja legítimo questionarmoso que tem o país feito pela floresta que temos.Não têm faltado debates e reflexões sobre odespovoamento e a desertificação, mas nãohá fórmulas mágicas para fixar pessoas,tornando o interior sustentável sem desvirtuara sua identidade. Mais ainda numa época decrise, que nos obriga a ser criteriosos naredefinição de prioridades e a espreitaroportunidades, sabendo tirar partido dosfundos comunitários disponíveis.Criar condições para o aumento do empregoestá na primeira linha da intervenção doMunicípio e um dos caminhos passa peladinamização de novos investimentos que

possibilitem a transformação e consumo dosprodutos e subprodutos resultantes da floresta.A natureza, na sua saudável teimosia, ensina--nos que a renovação deve ser constante. Em2003 o concelho foi castigado por incêndiosviolentos, mas o verde acaba sempre porsobrepor-se ao negro que ocasionalmente seimpõe na paisagem. Renovação e inovação,mesmo em áreas de actividade consideradastradicionais, são essenciais para se conseguirter êxito.Em Proença-a-Nova procuramos o futurosem esquecer o legado do passado e aimportância da sustentabilidade ambiental.Por isso valorizamos a floresta em todas assuas vertentes, desde o sequestro de carbonoà biodiversidade, passando pelo papel quedesempenha nos ecossistemas e na retençãode água no solo. Quem nos visitar encontrarácondições para usufruir da natureza e ahospitalidade própria de quem ao longo dosséculos se habituou a viver com o que a terraoferece.

João Paulo CatarinoPresidente da Câmara de Proença-a-Nova

MINI-HÍDRICA DE CARREGAIS,UM INVESTIMENTO ESTRATÉGICO

Com a alteração da localização da Barragem do Alvito, a ribeira como mesmo nome deixou de estar incluída na albufeira. Mas o seu caudalsignificativo, especialmente em período estival, justifica o aproveitamentopara produção de energia. Está projectada a construção da mini-hídricade Carregais, investimento que o executivo camarário entende serestratégico para o concelho e para a região. O concurso foi lançadopela Administração da Região Hidrográfica do Tejo em Outubro.Com uma capacidade de produção total que poderá ir até 7 MW, a mini--hídrica será importante na vertente energética, mas o Município valorizaigualmente o impacto que poderá ter nas povoações mais próximas.Na margem direita da ribeira de Alvito localizam-se as localidades deCarregal, Carregais, Casalinho e Casal da Ribeira, devidamenteinfra-estruturadas, podendo o eventual aproveitamento turísticoda futura albufeira – desde que com alguma dimensão – valorizarsignificativamente estas aldeias.As mini-hídricas são centrais a fio de água, de potência inferior a10 MW. Do ponto de vista tecnológico apresentam elevados níveis deeficiência e a vantagem de registarem taxas de variação suaves. Emcontrapartida, os impactos ambientais são diminutos.Praia Fluvial de Malhadal

Renaturalização do Ribeiro de Santa Margarida Água

Praia Fluvial de Malhadal

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AGENDA

SEDEAdministração da Região Hidrográficado Tejo, I. P.Rua Braamcamp, 71250-048 LISBOATel.: 211 554 800Fax: 211 554 809

Gabinete Sub-Regional do Oeste(GOE)Av. Engº. Luís Paiva e Sousa, 62500-329 CALDAS DA RAINHATel.: 262 100 630Fax: 262 100 631

Gabinete Sub-Regional do Médio e AltoTejo (GMAT)Praça Visconde Serra do Pilar, 4, 1º2000-093 SANTARÉMTel.: 243 109 600/1

Pólo de AbrantesRua D. João IV, 332200-397 ABRANTESTel.: 241 100 050

Pólo de PortalegreBairro da Fontedeira, Bloco 1 Cave7300-076 PORTALEGRETel.: 245 100 560Fax 245 100 561

Pólo de Castelo BrancoRua da Fonte Nova, 1Quinta da Fonte Nova6000 -167 CASTELO BRANCOTel.: 272 100 510Fax 272 100 511

Pólo da GuardaGaveto das Ruas Pedro Álvares Cabrale Almirante Gago Coutinho6300-517 GUARDATel.: 271 100 584

CONTACTOS

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FICHA TÉCNICAPropriedade: ARH do Tejo, I.P.Director: Manuel LacerdaEditor: Carlos A. CupetoEdição: ARH do Tejo, I.P.Design: GPI

II JORNADAS DE RESTAURO FLUVIAL14 e 15 de Março de 2011LNEC, Lisboa

Analisar exemplos e práticas em Portugal e na Europa e promover a qualidade técnica deacções de requalificação fluvial e de restauro do estado ecológico, são os objectivos destasegunda edição das Jornadas de Restauro Fluvial que decorrem, nos dias 14 e 15 de Março,no Pequeno Auditório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Do programa doprimeiro dia constam diversas comunicações de especialistas ligados ao sector e, para osegundo dia, está agendada uma visita aos locais de restauro fluvial da ALTRI, na zona doArrepiado, bacia hidrográfica do Tejo. Patrocinadas pela ALTRI e pela ARH do Tejo, as Jornadasde Restauro Fluvial são organizadas pela Comissão Especializada da Qualidade da Água e dosEcossistemas da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos (APRH), com apoio do CentroIbérico de Restauro Fluvial (CIREF).

VII CONGRESSO IBÉRICO "GESTIÓN Y PLANIFICACIÓN DEL ÁGUA"16 a 19 de Fevereiro de 2011Talavera de la Reina, Toledo

Decorre de 16 a 19 de Fevereiro, em Toledo, o VII Congresso Ibérico "Gestión y planificacióndel água", organizado pela Fundacion Nueva Cultura del Agua. A data de realização docongresso coincide com o décimo aniversário da Directiva-Quadro da Água (DQA), que veiorenovar a política hidrológica na União Europeia. Será portanto uma oportunidade pararealizar um balanço decenal da nova política da água. De entre as diversas temáticas aabordar, destacamos o estado ambiental e impactos das mudanças globais sobre os riose águas de transição; a integração do território e da paisagem; os conhecimentos etecnologias da água; a gestão da água no Tejo internacional e a interligação das baciashidrográficas ibéricas sob os critérios da DQA.

CASCAIS VELA 2011Campo de regatas da Costa do Estoril

Todos os anos o campo de regatas da Costa do Estoril é cenário para as mais concorridascompetições de vela de nível nacional e internacional e 2011 não é excepção. Assim,decorre já em este mês, de 18 a 20 de Fevereiro, o importante troféu Cascais DragonWinter Series. Segue-se o XVIII Troféu Príncipe Henrique de 17 a 21 de Março e, a encerraro trimestre, de 31 de Março a 2 de Abril estará em jogo o XVI Troféu S.A.R. Rey JuanCarlos I.

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8.º SEMINÁRIO SOBRE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS10 e 11 de Março de 2011FCUL, Lisboa

O 8.º Seminário sobre Águas Subterrâneas pretende impulsionar um amplo debate sobre oestado do conhecimento e os trabalhos de investigação e desenvolvimento desenvolvidos emPortugal nos últimos anos, nos diferentes aspectos quantitativos e qualitativos das águassubterrâneas. Dirige-se, quer a técnicos e estudantes da área da Hidrogeologia, quer a todosos interessados em matéria de recursos hídricos. Organizado pela Comissão Especializada dasÁguas Subterrâneas da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos (APRH), em colaboraçãocom o Departamento de Geologia/Centro de Geologia e Instituto D. Luís, da FCUL, o seminárioterá lugar, nos dias 10 e 11 de Março, nas instalações da Faculdade de Ciências da Universidadede Lisboa (FCUL).