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7/27/2019 INICIAL OBRIGAO DE FAZER COM ANTECIPAO DE TUTELA PLANO DE SADE
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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CVEL DO FORO
REGIONAL DE CAMPO GRANDE - RJ
SOCORRO GASPARETI, nacionalidade, estado civil, profisso, portadora da
carteira de identidade n, expedida pelo rgo expedidor, inscrita no CPF/MF,
sob o n, residente e domiciliada na Rua, Pedra de Guaratiba, Rio de Janeiro,
CEP,RJ, representada neste ato por seu advogado, com endereo profissional
na Rua, vem a V. Exa. Propor
AO DE OBRIGAO DE FAZER COM PEDIDO DE ANTECIPAO DE
TUTELA
Pelo rito ordinrio, em face do PLANO DE SADE VAI COM DEUS, CNPJ,
situado na Rua, n, Catete, Rio de Janeiro, pelos fatos e fundamentos a seguir:
DA ANTECIPAO DE TUTELA
A existncia de contrato celebrado entre as partes e as consideraes feitas no
decorrer da exordial evidenciam a presena de prova inequvoca e da
verossimilhana das alegaes da Autora no que concerne a violao do
contrato, das normas do Cdigo de Defesa do Consumidor e da Constituio
da Repblica de 1988.
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A aparncia do bom direito restou demonstrada diante das consideraes
acerca da violao das normas legais e constitucionais trazidas colao pela
Autora, titular do direito vida e da assistncia sade, haja vista que esta
portadora de obesidade mrbida e necessita submeter-se cirurgia urgente
de gastroplastia redutora por videolaparoscopia.
Est presente o fundado receio de dano irreparvel, uma vez que o
acolhimento da demanda sem a antecipao de tutela poder importar no
reconhecimento de um direito a titular que no mais esteja em condies deexerc-lo, em razo do seu estado de sade.
Ademais, inequvoco o risco que pode representar a ausncia de cobertura
em tratamentos mdicos e internaes hospitalares, diante da demora na
soluo do processo e a urgncia exigida pelo caso na adoo das medidas
pleiteadas.
Assim, demonstrado se encontra o requisito autorizador da antecipao da
tutela jurisdicional previsto no art. 273, I do Cdigo de Processo Civil, haja vista
o perigo de dano irreversvel na demora da interveno cirrgica,
injustificadamente negada pela empresa R, no obstante a adeso e
cumprimento com exatido das obrigaes.
DOS FATOS
A requerente consumidora dos servios mdicos oferecidos pela empresa
R, e por este contrato de prestao de servios, a autora, mensalmente,
despende uma quantia aproximada referente a R$ 300,00 (trezentos reais).
Assim, a demandante vinha utilizando regularmente os servios mdicos, e,
atualmente, com maior freqncia, diante de seu quadro de sade.
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Importante ressaltar que a autora sofre de obesidade mrbida e, conforme
restar provado atravs de laudos mdicos necessita, em carter de urgncia,
submeter-se cirurgia de gastroplastia redutora por videolaparoscopia, tendo
em vista que est sofrendo uma sobrecarga na coluna vertebral, incontinncia
urinria, erisipela, apnia do sono, entre outros problemas, correndo, inclusive,
risco de morte.
Diante de tal situao aflitiva, a reclamante procurou a empresa R a fim de
que sua cirurgia pudesse ser realizada, todavia, a requerida informou que no
cobriria este tipo de procedimento cirrgico, alegando tratar-se de cirurgia
esttica, e, ainda, afirmou que a doena da autora preexistente ao acordo
celebrado entre as partes, o que descaracterizaria a prestao de servio, por
no comportar na cobertura contratual.
Ante a negativa da R, a nica alternativa que a Autora teria para realizar a
cirurgia de urgncia, e assim, preservar a sua vida, seria desembolsando o
valor de R$ 20.000,00 ( vinte mil reais), sem contar com a anestesia e outras
despesas, que totalizariam um valor aproximado de R$ 27.000,00 (vinte e sete
mil reais).
Contudo, compulsando a vasta prova documental, mais especificamente, os
inmeros documentos mdicos apresentados pela Autora, constata-se que a
doena da requerente desenvolveu-se em data posterior data da celebrao
do contrato, que ocorrera no ano de 2000, com a empresa R, sendo certo que
os laudos mdicos comprovando a doena datam de 2003, o que cabalmente
prova a m-f empregada pela requerida ao negar-se em realizar a cirurgiasolicitada.
Vale reiterar que, inobstante a adeso, e o pagamento das mensalidades com
exatido, a empresa demandada patrocinadora do plano de sade recusa-se
em autorizar a cirurgia acima citada, indispensvel para a manuteno da
sade da Autora, alegando doena preexistente, o que acarreta grande temor
em razo do risco de danos irreversveis sade da demandante,podendo acarretar, inclusive, a sua morte.
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Destarte, diante da recusa da R em autorizar a realizao do procedimento e
com o fito de se evitar leso irreparvel a Autora, no resta outra alternativa
seno ao de se socorrer da tutela jurisdicional do Estado, justificando-se a
demanda emergencial, em razo do delicado bem jurdico em jogo.
DOS FUNDAMENTOS
A relao jurdica existente entre a Autora e pela R apresenta-se como
relao de consumo, estando sob o plio da Lei n. 8.078/90 (Cdigo deProteo e Defesa do Consumidor), haja vista que o aludido diploma legal
dispe, em seu artigo 3, que fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica,
pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produo, montagem,
criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou
comercializao de produtos ou prestao de servios, conceituando produto
como qualquer bem, mvel ou imvel, material ou imaterial (par.1 ) e servio
como qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito, e
securitria, salvo as decorrentes das relaes de carter trabalhista (par. 2).
Nesse sentido o ensinamento da ilustre Professora Cludia Lima Marques,
que em sua obra Contratos no Cdigo de Defesa do Consumidor, 3 edio,
editora Revista dos Tribunais, ano 1999, pgs. 162/163, na qual afirma que:
Quanto ao fornecimento de servios, a definio
do artigo 3o do CDC foi mais concisa e, portanto,
de interpretao mais aberta, menciona apenas o
critrio de desenvolveratividades de prestao de
servios. Mesmo o pargrafo 2o do artigo 3o define
servio como qualquer atividade fornecida no
mercado de consumo mediante remunerao...
no especificando se o fornecedor necessita ser
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um profissional.A remunerao do servio o
nico elemento caracterizador, e no a
profissionalidade de quem o presta"(grifo nosso)
de clareza meridiana que a postura adotada pela R restringe direitos
fundamentais inerentes natureza do contrato, ameaando fortemente o seu
objeto e o equilbrio contratual(Lei n. 8.078/90, artigo 51, pargrafo 1, II).
Vale ressaltar ainda que, a Constituio Federal de 1988, no seu artigo 5 ,
caput, insere entre os direitos e garantias fundamentais o direito vida e
dispe em seu inciso XXXII que "o Estado promover, na forma da lei, a defesa
do consumidor", encartada no artigo 170, inciso V, como um dos princpios
gerais da atividade econmica.
Ainda, as normas relativas ao direito sade, cuja assistncia livre
iniciativa privada (CF/88, artigo 199), tm sede na Seo II, do Captulo II, do
Ttulo VII da Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988 ("DA
ORDEM SOCIAL"), dispondo o artigo 197 que
"So de relevncia pblica as aes e os
servios de sade, cabendo ao Poder Pblico
dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentao, fiscalizao e controle, devendo
sua execuo ser feita diretamente ou atravs de
terceiros e, tambm, por pessoa fsica ou jurdica
de direito privado".(grifo nosso)
Assim, foi editada a Lei n. 9.656/98, que dispe sobre os planos e seguros
privados de assistncia sade, sendo importante frisar que a nova legislao
no afasta a incidncia das normas previstas na Lei n. 8.078/90 (Cdigo de
Defesa do Consumidor), todas contendo normas de ordem pblica e de
aplicao imediata.
Neste sentido a jurisprudncia unnime conforme verificamos a seguir:
Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro
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2001.002.04338 Agravo de Instrumento - Des.
GERSON ARRAES Julgamento: 23/05/2001 Dcima
Quinta Cmara Cvel
Agravo de Instrumento. Plano de sade. Prestao de
Servio Mdico Hospitalar. Necessidade de intervenocirrgica de urgncia. Obesidade mrbida com risco a
sade e vida do segurado. Oposio da Seguradora,
sob a alegao de enfermidade pr-existente. Tutela
antecipada deferida em razo de risco de dano
irreparvel, configurada, na hiptese, os requisitos
legais de prova inequvoca e verossimilhana da
alegao, atravs de prova pr-constituda.
Antecipam-se os efeitos prticos da deciso definitiva
em obedincia ao princpio da efetividade. Providncia
legal para que a demora na prestao jurisdicional noacarrete dano irreparvel parte. Insubsistentes, luz
do contrato e da lei, a negativa da internao do
paciente - segurado pela recorrente. Correta a deciso
antecipatria da tutela jurdica. Recusa injustificada.
Improvimento do recurso.( grifo nosso)
Portanto, a atitude da R apresenta-se extremamente ofensiva honra e
dignidade da Autora, violando direitos constitucionalmente assegurados, haja
vista que no se pode admitir que direitos da personalidade, com sedeconstitucional, sejam violados sem qualquer forma de represso. Ademais, a
procedncia do pedido em casos como o da Autora servir tambm como
medida de cunho pedaggico e punitivo, no sentido do respeito e busca
pela efetividade dos direitos do consumidor.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer a V. Exa.:
a) Seja deferido o pedido de antecipao de tutela, no que tange a
realizao de cirurgia em carter de urgncia, haja vista a obesidade
mrbida sofrida pela autora, necessitando submeter-se cirurgia de
gastroplastia redutora por videolaparoscopia, ante o risco de morte
que a autora est submetida caso no seja realizado tal
procedimento;
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b) Seja citada a r, para que, caso queira, apresente contestao,
sob pena de sofrer os efeitos materiais da revelia;
c) Seja transformada a tutela antecipada em pedido definitivo, ao
final, em sentena;
d) Seja julgado procedente o pedido de realizao de cirurgia de
gastroplastia redutora por videolaparoscopia, num prazo de 24h, sob
pena de multa a ser designada por V. Ex;
e) Seja julgado procedente o pedido de tornar nula a clusula
contratual que veda a realizao de cirurgia;
f) Seja a r condenada a arcar com o nus da sucumbncia;
DAS PROVAS
Requer a produo de prova documental, testemunhal, depoimento pessoal da
r, bem como os de natureza suplementar e superveniente.
DO VALOR DA CAUSA
D-se causa o valor de R$ 31.100,00 (trinta e um mil e cem reais).
Termos em que,
Pede deferimento.
Cidade, dia, ms, ano.
ADVOGADO
OAB/RJ n____
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