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INOVAÇÕES DO PROGRAMA TERRA LEGAL Perceber, aprender, transformar O ambiente de aprendizagens e inovações no âmbito do Programa Terra Legal tem dinamizado a gestão de terras públicas na Amazônia. O Programa demonstra sensibilidade para o diálogo e capacidade para responder com criatividade aos desafios da regularização fundiária. Situação inicial A fragilidade da governança fundiária e da gestão do território amazônico são os principais entraves para a conservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A extensão do território, o histórico de colonização e os interesses conflitantes tornam a regularização fundiária na região amazônica especialmente complexa. As áreas ao longo das estradas principais foram alocadas a famílias de pequenos agricultores na década de 1970. Embora estas tenham adquirido os direitos de utilização, nem todas obtiveram os títulos de propriedade de suas parcelas. A ausência de comprovação da propriedade da terra gera insegurança jurídica, impede acesso a crédito, provoca disputas quanto a limites dos imóveis, dá margem à falsificação de documentos e à grilagem de terras. Além disso, as relações de propriedade pouco claras dificultam a implementação de medidas de longo prazo de proteção da floresta, como exemplo, a criação de unidades de conservação ou reservas para a população indígena. Em um contexto de disputa pela terra e pelos recursos naturais, com a intensificação das obras de infraestrutura e das políticas energéticas e de mineração, a ação do Estado na região precisa se pautar pelo conhecimento, acompanhamento, revisão da situação fundiária do território, enfim pela governança efetiva do território da Amazônia. Enfrentando desafios Os momentos iniciais do Programa foram marcados pelo enfrentamento de fragilidades estruturais da gestão fundiária na Amazônia Legal. Gradativamente, as aprendizagens obtidas deram lugar a medidas voltadas à ampliar a escala do trabalho, conferindo celeridade, modernidade e transparência para a regularização fundiária. Assim, desde a criação do programa Terra Legal em 2009 avançou-se na consolidação dos procedimentos internos. Em geral, os procedimentos podem ser diferenciadas em três principais etapas. Georreferenciamento e certificação das glebas Consulta de interesses na Câmara Técnica Georreferenciamento e certificação de parcelas Consulta de interesses e Georreferenciamento Requerimento Análise de requisitos e sobreposições Análise jurídica Emissão e entrega de títulos Titulação - instrução processual Cobrança Acompanhamento de cláusulas resolutivas Reversão Integração com outras políticas Monitoramento e avaliação Pós-titulação Foto: SERFAL

INOVAÇÕES DO PROGRAMA TERRA LEGAL - mda.gov.br · Adaptações à realidade e dinâmica amazônica ... Uma política de regularização fundiária em larga escala requer um marco

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INOVAÇÕES DO PROGRAMA TERRA LEGAL Perceber, aprender, transformar

O ambiente de aprendizagens e inovações no âmbito do Programa Terra Legal tem dinamizado a gestão de terras públicas na Amazônia. O Programa demonstra sensibilidade para o diálogo e capacidade para responder com criatividade aos desafios da regularização fundiária. Situação inicial A fragilidade da governança fundiária e da gestão do

território amazônico são os principais entraves para

a conservação e o desenvolvimento sustentável da

Amazônia.

A extensão do território, o histórico de colonização e

os interesses conflitantes tornam a regularização

fundiária na região amazônica especialmente

complexa. As áreas ao longo das estradas principais

foram alocadas a famílias de pequenos agricultores

na década de 1970. Embora estas tenham adquirido

os direitos de utilização, nem todas obtiveram os

títulos de propriedade de suas parcelas. A ausência

de comprovação da propriedade da terra gera

insegurança jurídica, impede acesso a crédito,

provoca disputas quanto a limites dos imóveis, dá

margem à falsificação de documentos e à grilagem

de terras. Além disso, as relações de propriedade

pouco claras dificultam a implementação de

medidas de longo prazo de proteção da floresta,

como exemplo, a criação de unidades de

conservação ou reservas para a população indígena.

Em um contexto de disputa pela terra e pelos

recursos naturais, com a intensificação das obras de

infraestrutura e das políticas energéticas e de

mineração, a ação do Estado na região precisa se

pautar pelo conhecimento, acompanhamento,

revisão da situação fundiária do território, enfim

pela governança efetiva do território da Amazônia.

Enfrentando desafios Os momentos iniciais do Programa foram marcados

pelo enfrentamento de fragilidades estruturais da

gestão fundiária na Amazônia Legal.

Gradativamente, as aprendizagens obtidas deram

lugar a medidas voltadas à ampliar a escala do

trabalho, conferindo celeridade, modernidade e

transparência para a regularização fundiária. Assim,

desde a criação do programa Terra Legal em 2009

avançou-se na consolidação dos procedimentos

internos. Em geral, os procedimentos podem ser

diferenciadas em três principais etapas.

Georreferenciamento e certificação das glebas

Consulta de interesses na Câmara Técnica

Georreferenciamento e certificação de parcelas

Consulta de interesses e Georreferenciamento

Requerimento

Análise de requisitos e sobreposições

Análise jurídica

Emissão e entrega de títulos

Titulação - instrução processual

Cobrança

Acompanhamento de cláusulas resolutivas

Reversão

Integração com outras políticas

Monitoramento e avaliação

Pós-titulação

Foto

: SER

FAL

Aprendizagens sobre metodologias de regularização urbana

Dez aprimoramentos decorrentes dos desafios enfrentados pelo Programa Terra Legal Os conhecimentos produzidos ao longo da trajetória do Programa Terra Legal podem ser reconhecidos em 10 temas

1 2

5 4 3

8 7 6

10 9 Brasília, maio de 2018

Desenvolvimento de um marco legal adaptado às condições amazônicas

Fortalecimento institucional e articulação entre instituições que lidam com a regularização fundiária em âmbitos federal e estadual e destas com os cartórios de registro de imóveis

Desenvolvimento de sistemas de informação e comunicação entre as bases de dados

Maior eficiência na consulta aos órgãos públicos federais e estaduais para identificar interesse nas terras a serem destinadas

Criação de capacidade técnica para georreferenciamento em larga escala

Definição de mecanismos na pós-titulação para monitorar o cumprimento das cláusulas contratuais dos títulos emitidos e promover a integração com outras políticas públicas potencializando os efeitos positivos das ações

Inovações e Gestão de conhecimento sobre governança fundiária em diálogo com a sociedade civil e academia

Fortalecimento de governança fundiária e promoção da simplificação e harmonia das ações dos órgãos fundiários federais e estaduais e dos cartórios com base nas Diretrizes Voluntárias da FAO

Maior escala e promoção de políticas na regularização rural

11 Promoção do emponderamento feminino, desenvolvendo políticas com foco nas mulheres do campo e da floresta

Os aprimoramentos citados estão apresentados

de forma mais detalhada nas próximas fichas.

1 LEGISLAÇÃO Adaptações à realidade e dinâmica amazônica

Mudanças nas leis e nos procedimentos constituem ação estruturante para a celeridade e a segurança jurídica da regularização fundiária Uma política de regularização fundiária em larga

escala requer um marco legal adequado à realidade

regional e aos desafios dos principais fatores que

levam ao desmatamento irregular e ao aumento dos

conflitos agrários na maior floresta tropical do

planeta. Além disso, exige a harmonização de

procedimentos para a atuação conjunta dos órgãos

de terras estaduais e federais e destes com os

cartórios de registro de imóveis.

Situação inicial O marco legal para a regularização fundiária na

Amazônia Legal – promulgado em 2009 para

viabilizar a regularização de terras públicas federais

– considerou o conhecimento disponível à época

sobre a realidade do continente amazônico e dos

beneficiários da política. As exigências quanto à

comprovação de cultura efetiva, formas de

pagamento, certificação do imóvel e condicionantes

para o registro se mostraram como obstáculos à

legalização das ocupações pelos habitantes locais.

Situação atual A Lei nº 13.465/2017 promulgada em julho de 2017,

procurou incorporar os aprendizados com a

execução durante oito anos da regularização

fundiária modernizando o detalhamento normativo,

levando em conta a realidade dos beneficiários

prioritários. A regulamentação da nova legislação

incorpora importantes inovações no procedimento

de regularização fundiária, como por exemplo, a

mudança de paradigma no conceito de cultura

efetiva. Anteriormente vinculado à exploração da

terra por meio de agricultura ou pecuária, no novo

marco legal a cultura efetiva abrange usos mais

sustentáveis como extrativismo, turismo rural

ou mesmo os serviços ambientais.

Certidão de Reconhecimento da Ocupação (CRO): Reconhecimento e justiça O Decreto nº 9309/2018 estabelece a possibilidade

de emissão de um reconhecimento prévio do

direito para o beneficiário do Programa Terra Legal

que agiliza sua inserção na economia produtiva do

país, possibilitando que o agricultor acesse

políticas públicas relevantes para o

desenvolvimento sustentável da Amazônia.

A Certidão de Reconhecimento de Ocupação é um

documento preliminar a ser expedido aos

ocupantes de terras públicas federais da

União/INCRA, sob gestão da SEAD, de forma a lhes

garantir acesso a linhas de crédito rural visando a

melhoria das atividades produtivas desenvolvidas

no imóvel em regularização fundiária até que seja

concluída a análise do processo administrativo.

A Certidão de Reconhecimento de ocupação é um

documento expedido de forma gratuita, sem

qualquer tipo de cobrança ao produtor.

Foto: SERFAL

Certidão de Reconhecimento da Ocupação: Requisitos e Impedimentos Os requisitos para obter a Certidão de

Reconhecimento de Ocupação são:

I – a formalização do processo de regularização

fundiária;

II – georreferenciamento da ocupação inserido

no SIGEF;

III – ocupação ou exploração anterior a 22 de

julho de 2008, verificada por meio de técnicas

de sensoriamento remoto;

IV- ausência de indícios de fracionamento

fraudulento da unidade econômica de

exploração da ocupação, verificada por meio de

técnicas de sensoriamento remoto;

V – ausência de embargos ambientais ou

infração ambiental em nível federal;

VI – que o ocupante não conste no Cadastro de

Empregadores que tenham submetido

trabalhadores à condição análoga à de escravo

do Ministério do Trabalho e Emprego.

Os impedimentos para a emissão de Certidão de

Reconhecimento acontecem nas seguintes

situações:

I – em áreas reservadas à administração militar

federal e a outras finalidades de utilidade

pública ou de interesse social a cargo da União;

II – em áreas tradicionalmente ocupadas por

população indígena, tradicional e quilombola;

III – em Unidades de conservação cadastradas

no Sistema Nacional de Unidades de

Conservação incompatíveis com a regularização

fundiária nos termos da Lei nº 11.952/2009;

IV – em áreas que contenham acessões e

benfeitorias federais; ou

V – caso incida sobre área de interesse público

ou social.

Brasília, maio de 2018

Novo ordenamento por assunto Dentre os principais avanços alcançados pelas

modernizações na legislação podemos citar:

Lei Descrição

Lei nº 13.465/2017

Altera requisitos à regularização fundiária e moderniza o detalhamento normativo da Lei nº 11.952/2009.

Lei nº 11.952/2009

Institui e ordena o funcionamento do Programa Terra Legal.

Decreto Descrição

Decreto nº 9309/2018

Regulamenta a Lei nº 13.465/2017 no que se refere aos procedimentos para titulação de imóveis rurais e urbanos.

Decreto nº 7.341/2010

Dispõe sobre a regularização fundiária das áreas urbanas.

Portaria Descrição

Portaria MDA nº 327/2015

Estabelece as condições e procedimentos para a retomada de imóveis regularizados para a administração pública.

Portaria Interminis- terial MMA/MDA nº 369/2013

Institui a Câmara Técnica de Destinação e Regularização das Terras Públicas Federais na Amazônia Legal.

Portaria SERFAL nº 1/2012

Dispõe sobre o procedimento para regularização de ocupações urbanas em terras públicas federais, previstas no artigo 3° da Lei nº 11.952/2009.

Portaria MDA nº 23/2010

Dispõe sobre os procedimentos para a regularização fundiária de ocupações de áreas rurais ainda não tituladas.

Portaria MDA nº 80/2010

Estabelece procedimentos para análise e validação de títulos provisórios emitidos pelo Incra até fevereiro de 2009

Portaria MDA nº 37/2009

Estabelece as condições e procedimentos para o cadastro das ocupações a serem regularizadas na Amazônia Legal.

Situação atual O Programa Terra Legal inovou na sua forma de

atuação por meio de uma estrutura integrada e

complementar e de um modelo de gestão orientado

para resultados.

Nessa estrutura integrada, o Programa é coordenado

pela Subsecretaria de Regularização Fundiária da

Amazônia Legal (SERFAL), da Secretaria Especial de

Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário

(SEAD) ligada à Casa Civil da Presidência da

República.

As ações operacionais são executadas pela Diretoria

de Regularização que conta com três coordenações

operacionais em Brasília e nove escritórios estaduais

(um em cada estado da Amazônia Legal), aos quais

estão vinculadas 12 divisões regionais, sendo quatro

destas pertencentes ao estado do Pará.

FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL Estruturação e Desenvolvimento das Capacidades

Modelo de gestão inovador e orientado à resultados O Programa Terra Legal priorizou o desenvolvimento

das suas capacidades institucionais e a construção

de um modelo de gestão eficiente e adaptado à

realidade institucional da política de regularização

fundiária na Amazônia Legal. Em suas relações

interinstitucionais, firmou convênios com os

governos dos estados e ampliou o diálogo com os

cartórios. Já no âmbito interno, buscando a

transparência e a eficiência dos processos, investiu

na estruturação e capacitação de suas equipes, no

aprimoramento do planejamento estratégico e no

desenvolvimento de sistemas.

Situação inicial A regularização fundiária na Amazônia Legal

historicamente ficou à margem quando comparada à

outras políticas públicas. Apesar das políticas de

ocupação territorial na região terem sido

intensificadas após a década de 70, somente em

2009 institui-se uma política específica de

regularização fundiária que atendesse aquela

população. Esse lapso temporal é marcado por

resultados pouco expressivos, devido aos baixos

investimentos em pessoal, modelos de gestão e

tecnologias.

2

Estrutura do Programa

Subsecretaria de Regularização Fundiária na Amazônia Legal

Diretoria de Regularização Fundiária na Amazônia Legal

Coordenação Geral de Monitoramento e Avaliação

Coordenação Geral de Cadastro e Cartografia

Coordenação Geral Administrativa

Coordenação Geral de Regularização Fundiária

9 Escritórios Estaduais

12 Divisões Regionais

Assessoria

Estratégia: planejando um caminho para os resultados O Programa Terra Legal estabeleceu desde 2016 um

direcionamento estratégico para sua atuação que

fornece orientação para as principais decisões e

permite o alinhamento e a construção de sinergias

no alcance dos resultados pretendidos. Este

direcionamento estratégico é materializado pelas

declarações estratégicas de:

Missão Contribuir para a governança fundiária das glebas

públicas da Amazônia Legal de forma transparente

por meio do diálogo interinstitucional favorecendo a

segurança jurídica e a inclusão produtiva

sustentável.

Visão Ser referência nacional e internacional na promoção

da governança fundiária na Amazônia Legal.

A metodologia de gestão do Programa Terra Legal é

aprimorada anualmente. Utilizando como referência

o ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act), as metas de

desempenho operacionais são negociadas com cada

um dos escritórios regionais e um conjunto de ações

operacionais são planejadas para alcançá-las.

Capacitações a Distância O desenvolvimento da competência dos servidores

responsáveis pela regularização fundiária nos nove

estados da Amazônia Legal é um componente

essencial da estratégia de fortalecimento da

capacidade institucional.

A dispersão geográfica das bases operacionais do

Programa Terra Legal associada à complexidade

técnica da regularização fundiária exige um

processo de capacitação contínuo e dinâmico capaz

de manter as equipes técnicas atualizadas em

relação às modificações legais e às melhores

práticas.

Uma plataforma de ensino à distância foi

estruturada para possibilitar o desenvolvimento e

a disponibilização de capacitações customizadas

orientadas às necessidades do Programa, tais

como: Planejamento e Realização de Mutirões

Externos, Internos e Ciclos Operacionais,

Atualização em Instrução Processual, entre outros.

Foto

: Asc

om

SEA

D

Brasília, maio de 2018

Foto: Ascom SEAD

O Programa em números

O Programa Terra Legal tem um total de cerca

de 170 mil parcelas georreferenciadas

correspondentes a 64 milhões de

hectares e 828 mil quilômetros lineares

(o equivalente a 20 vezes a circunferência

da Terra).

Do total de parcelas, 1.108 são glebas públicas

federais, 155.342 são ocupações, 970 são

perímetros urbanos e o restante é de outra

natureza (assentamentos, unidades de

conservação, terras indígenas, etc.).

GEORREFERENCIAMENTO Em larga escala

O desafio de conhecer e demarcar um território maior do que o território de Minas Gerais

O georreferenciamento consiste na medição de

determinada área e na descrição de suas

características, limites e confrontações. Este

trabalho é realizado em campo, por meio de

levantamentos topográficos, utilizando

preferencialmente o Sistema Global de Navegação

por Satélite (GNSS), com precisão posicional fixada

em normas do Incra.

Precisão técnica e custos viáveis – estes têm sido os

critérios utilizados pelo Programa Terra Legal para o

trabalho de georreferenciamento das terras públicas

federais na Amazônia. O Programa pretende passar a

limpo a situação fundiária de 57 milhões de hectares,

algo equivalente ao território de Minas Gerais. Trata-

se de um grande desafio, já que as áreas são

descontínuas, espalham-se pelos 515 milhões de

hectares dos nove estados amazônicos e são

ocupadas por pessoas detentoras ou não de títulos

definitivos e provisórios dos mais diversos tipos.

3 Situação inicial As terras federais nem sempre estavam com o seu

perímetro claramente definido. As ocupações

recentes e terras com títulos antigos também não

estavam espacializados. A maioria deles possuía

apenas descrições precárias, sem as coordenadas

da área. A situação se agravava devido a uma

norma que exigia a medição de todas as posses e

só após o georreferenciamento da gleba. Isso fazia

com que o processo de assenhoramento da União

sobre suas terras se arrastasse por anos.

Situação atual O Programa Terra Legal trabalhou para simplificar e

dar escala aos procedimentos, priorizando a

identificação e o georreferenciamento da gleba

inteira e só depois a medição de cada imóvel

existente dentro dela. O fluxo atual prevê:

A identificação das glebas públicas nos

cartórios,

O georreferenciamento destas,

A medição e demarcação dos lotes,

A identificação dos seus ocupantes,

O envio das coordenadas para o Sistema de

Gestão Fundiária (SIGEF), do Incra, onde é

possível imprimir as peças técnicas (planta e

memorial descritivo) dos imóveis rurais.

Fonte: SERFAL/Deplan

Glebas Públicas Federais Glebas Certificadas

Glebas Arrecadadas

Parcelas Georreferenciadas

Agilidade e transparência O georreferenciamento em larga escala realizado

pelo Programa Terra Legal deu agilidade e

tratamento mais maciço para as glebas públicas

federais. O Programa foi responsável pela ampliação

do mercado de georreferenciamento na Amazônia

Legal. Diversas medidas foram responsáveis por dar

escala e, ao mesmo tempo, garantir transparência

para este trabalho:

Convênios – Realização de acordos com os

estados para a realização concomitante de

georreferenciamento das glebas estaduais,

evitando possíveis erros resultantes de

sobreposições de territórios das duas instâncias

federativas.

Contratação de empresas via pregão eletrônico –

Medida que agilizou o processo de licitação,

assegurando a participação de empresas de todo

o país, com maior transparência e menores

custos para o processo licitatório. Os editais

estabelecem condicionantes para a comprovação

de capacidade técnica, de infraestrutura e de

logística adaptadas às condições amazônicas,

bem como de saúde financeira das empresas

licitadas. Para acompanhamento do trabalho, o

Programa designa fiscais técnicos tanto da área

de cartografia, quanto da área administrativa.

Transparência das informações – As informações

do georreferenciamento produzidas no âmbito do

Programa Terra Legal estão disponíveis online.

Brasília, maio de 2018

Priorização de áreas

Os locais a serem georreferenciados

prioritariamente seguem os seguintes critérios:

(a) áreas com altos índices de desmatamento;

(b) locais de implantação de grandes obras de

infraestrutura;

(c) forte demanda social por regularização

fundiária;

(d) ocorrência de conflitos pela terra;

(e) áreas urbanas situadas em terras públicas

federais.

SISTEMAS INFORMATIZADOS Integração de dados e Informações em curso

Criar sistemas que dialoguem e ponham ordem no caos documental Um conceito básico para a gestão eficaz de terras é o

conceito de cadastro. O cadastro de terras relaciona

localização geográfica, pessoa e o tipo de vínculo

que esta possui com o imóvel. Um dos papéis do

cadastro de terras é identificar se os direitos dos

detentores da terra não colidem com os de outros

detentores. E quando se trata de cadastro,

necessariamente é preciso pensar sistemas

informatizados que possibilitem cruzamento de

informações.

4 Situação inicial O Brasil possui diversos cadastros relacionados à

terra e, ainda hoje, as informações encontram-se

dispersas em órgãos federais, estaduais e

municipais. Dificuldades em produzir informações

confiáveis com base no cruzamento dos dados de

diversas instituições prejudica a confrontação das

propriedades de terras e a confiabilidade do

processo de regularização.

Em décadas anteriores, documentos das terras não

eram sistematizados e armazenados de forma

apropriada. O Sistema Nacional de Cadastro Rural

(SNCR), criado em 1973, não possuía representação

espacial e tinha como referências apenas o

endereço e o nome do município, informações

insuficientes, especialmente para as condições

rurais da Amazônia.

Situação atual Para executar suas atribuições, o Programa Terra

Legal investiu no desenvolvimento de uma família

de sistemas de informação para gerenciar os dados

obtidos no cadastramento e georreferenciamento

de posses. Atualmente existem sistemas em

operação, outros em desenvolvimento e alguns em

processo de integração com sistemas mais

complexos. Muito se aprendeu sobre sistemas

informatizados que possibilitou construir uma

solução modular para a gestão de terras.

Sistema de Gestão Fundiária O Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF) foi pensado

para abranger todo o processo de destinação e

regularização, do cadastro inicial, passando pela

emissão de título, até o monitoramento das

cláusulas resolutivas, enfim todo o ciclo do

Programa. Essa base única terá conexão com os

cartórios, fazendo com que as bases de dados

conversem entre si.

Cadastro de pessoas

Relação formal com a terra Sistemas

Georreferenciamento

Parcela Cadastral

Cadastro da Terra Representação sistemática

SIGEF Titulação Este sistema tem o objetivo de informatizar desde

o registro dos requerentes da regularização

fundiária até a análise, instrução e tramitação do

processo de titulação. Existem módulos para as

diferentes categorias de uso, como a destinação a

outros órgãos públicos, destinação urbana e a

regularização fundiária de ocupações rurais. Este

sistema está sendo construído para dialogar com

as bases de dados de diversos órgãos públicos

(Receita Federal, Ministério do Trabalho e Emprego,

etc.), de forma a aprimorar a instrução processual

automatizada, com o mínimo de intervenção

humana.

SIGEF Financeiro Automatizar o procedimento de cálculo do preço da

terra, emissão dos boletos e controle dos

pagamentos realizados de forma integrada com

instituições bancárias oficiais é o objetivo deste

módulo do SIGEF. Celeridade, transparência e

segurança jurídica do Programa Terra Legal serão

fortalecidos.

Digitalização do Acervo O objetivo é digitalizar, catalogar, vetorizar e tornar

disponíveis documentos que facilitem o trabalho

de titulação e contribuam para a governança

fundiária.

Um esforço concentrado de digitalização está em

execução com o apoio da cooperação alemã para o

desenvolvimento sustentável por meio da Deutsche

Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit

(GIZ) e da União Européia, buscando conhecer a

natureza do desafio e desenvolver metodologias

consistentes, eficientes e seguras para a

manutenção da memória fundiária da Amazônia

Legal.

Brasília, maio de 2018

SIGEF Geo, inovação premiada e consolidada O SIGEF Geo oferece informação espacializada do

imóvel com certificação automática. Os dados

armazenados relacionam as coordenadas

geográficas de determinado imóvel com a pessoa

física ou jurídica que o ocupa, qualificando esta

relação: ocupante (área não titulada), titulado sem

registro ou titulado e registrado.

Este sistema entrou em funcionamento no fim de

2013 e foi adotado pelo Incra para a certificação dos

imóveis rurais de todo o Brasil. Em 2017, 15% dos

imóveis do país, equivalentes a 100 milhões de

hectares, são gerenciados por meio do SIGEF Geo. Em

2014, o SIGEF ganhou o prêmio e-Gov, de melhor

solução tecnológica para a administração pública, e

também foi premiado no Congresso de Informática e

Inovação na Gestão Pública.

SIGEF – Sistema de Gestão Fundiária Sistema informatizado organizado em módulos

integrados que possibilitam a gestão de informações.

Acervo

SIGEF Financeiro

SIGEF Titulação

SIGEF Geo

Fórum interinstitucional reduz o tempo de definição do destino das terras públicas Federais

A Lei nº 11.952/2009 determina a consulta prévia aos

órgãos relacionados às terras públicas para saber do

seu interesse em áreas a serem regularizadas. O

objetivo é assegurar que a regularização de terras

públicas não seja realizada sem que antes os

interesses sociais ou ambientais sejam

considerados.

Situação inicial Inicialmente, as respostas para a consulta de

destinação de terras públicas demoravam meses e

nem sempre asseguravam uma tomada de decisão

eficiente sobre a situação das glebas.

Situação atual Em 2013, a instituição da Câmara Técnica de

Destinação e Regularização de Terras Públicas

Federais na Amazônia Legal tornou o processo de

destinação de terras mais ágil, uma vez que todos

órgãos estavam reunidos com intuito de deixar as

consultas de interesse céleres. Com o tempo, essa

instância criada pelo Programa Terra Legal

mostrou-se um espaço que favorece o dialogo e

acordos e contribui com o ordenamento territorial.

DESTINAÇÃO DE TERRAS O diálogo como estratégia 5

Foto: Ascom SEAD

Estrutura da Câmara Técnica Coordenada pela SEAD/SERFAL, pelo Ministário do

Meio Ambiente (MMA), pela Secretaria de

Patrimônio da União (SPU) e pelo Instituto Nacional

de Colonização e Reforma Agrária (Incra), essa

instância simplifica a consulta para destinação de

terras federais, por meio da análise conjunta da

situação das glebas públicas, identificando os seus

ocupantes e os possíveis usos da terra.

Além das instituições acima citadas, fazem parte da

CT representantes:

do Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade (ICMBio),

do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e

da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Participam também como convidados o Centro

Gestor do Sistema de Proteção da Amazônia

(Censipam), para cooperação técnica, o Conselho

de Defesa Nacional (CDN), para encaminhamentos

em áreas de fronteira, o Ministério de Minas e

Energia (MME) e o Ministério Público Federal (MP).

ICMBio

SEAD/SERFAL

Censipam

SPU

Funai

INCRA

CDN

SFB Estados UF

MME

MP

MMA

Membros

Convidados

Legenda:

Em estudo, ressignificação da Câmara Técnica O conhecimento gerado e o nível de interação

entre os membros da Câmara Técnica tem

revelado um grande potencial para convertê-la

em um espaço para o planejamento integrado do

território da Amazônia Legal.

Um dos papéis para a CT em um novo desenho,

após a fase de consulta às glebas, seria a análise

dos dados de desmatamento e a definição de

linhas de trabalho para o ordenamento fundiário

onde se apresentam essas tendências.

A Câmara Técnica é também um espaço para

realizar a compatibilização dos zoneamentos,

considerando-se a realidade social.

Funcionamento da Câmara Técnica Em suas reuniões são analisados mapas das áreas

em consulta para que cada órgão se posicione sobre

seus interesses nessas glebas. As manifestações são

realizadas via SIGEF Geo, programa vinculado ao

INCRA que possui a base de dados geoespaciais da

malha fundiária brasileira.

Os estados são consultados e ocasionalmente seus

representantes participam das reuniões da Câmara

Técnica. Ocorrem também reuniões bilaterais entre

os membros da CT para definição de áreas em

estudo e possíveis refinamentos.

A lei estabelece algumas formas de uso que devem

ser considerados na destinação. Priorizam-se os fins

públicos e coletivos, como a constituição de terras

indígenas, unidades de conservação e

assentamentos da reforma agrária; priorizando o

interesse público antes de realizar destinação aos

interesses privados.

Brasília, maio de 2018

Evolução das Consultas a Órgãos Públicos pela Câmara Técnica

O gráfico apresenta a evolução anual da porcentagem de

área pública federal não destinada da Amazonia Legal

submetida à consulta pela Câmara Técnica.

Área Consultada (Destinada e em Estudo)

Fonte: SERFAL/Deplan

0% 6%

8%

21%

41%

70%

88%

2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6

enfrentar os desafios da grilagem de terras e o

desmatamento ilegal na Amazônia. Decorrente deste

importante aprendizado o Projeto vem procurando

incorporar e integrar outras políticas públicas nas

suas ações.

O Programa desenvolveu uma política integrada de

combate ao desmatamento e culminou na

implementação e aperfeiçoamento da metodologia

dos mutirões integrados de regularização fundiária e

ambiental na Amazônia Legal.

A novidade está no aprimoramento da logística e nas

metodologias impregadas, que se caracterizam pela

flexibilidade e adaptação às especificidades locais.

Com isso, os novos mutirões permitem reduzir

sensivelmente o tempo de titulação, além de

possibilitarem ao detentor de posse do título

realizar simultaneamente a regularização ambiental

(Cadastro Ambiental Rural – CAR) de sua área.

6 AÇÕES DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E AMBIENTAL Esforços combinados

Disponibilização descentralizada de serviços públicos para a regularização fundiária e ambiental Situação inicial O Programa Terra Legal opera desde o início com

realização de mutirões de regularização visando o

combate ao desmatamento, conhecido na época

pelas ações do Programa Arco Verde. Além do

atendimento nos escritórios e de visitas em campo, o

Programa estabeleceu os mutirões como um esforço

integrado para atender às demandas de titulação de

terras, como a oferta de serviço em local próximo à

moradia dos beneficiários.

Situação atual Os anos de experiência do Projeto Terra Legal

construíram um aprendizado fundamental: a

regularização fundiária isoladamente não é capaz de

Foto: Ascom SEAD

Foto: Ascom SEAD

Mutirões Os mutirões integrados possibilitam a emissão de

títulos rurais e o registro no CAR em larga escala.

Essa iniciativa é um mecanismo de busca ativa dos

beneficiários, que simplifica e acelera o processo de

regularização fundiária e ambiental, visto que todas

as pendências processuais são tratadas in loco junto

ao beneficiário e outros órgãos públicos

responsáveis pela regularização do imóvel. A

aplicação deste procedimento permite a emissão do

título da terra logo após a apresentação dos

documentos necessários previstos em lei.

O Programa Terra Legal tem executado também a

metodologia de ciclos operacionais, que é muito

semelhante ao mutirão externo, mas com etapas

fracionadas, sendo parte dela realizada em campo

(atendimento/cadastro/solução de pendências) e

outra no escritório regional (instrução processual). O

potencial da ação é o que determina a metodologia a

ser utilizada.

Outra iniciativa do Programa foi realizar mutirões

internos com o objetivo de sanar as pendências dos

processos formalizados que se encontram nos

escritórios regionais, promovendo uma

intensificação de esforços para a conclusão da

análise processual.

Brasília, maio de 2018

Vale destacar que estas metodologias têm

promovido o acesso do agricultor familiar a

diferentes políticas públicas, estimulando o

combate ao desmatamento, à grilagem de terras e

o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Além

disso, as execuções destas metodologias

integradas estimulam a realização de ações

transversais, o desenvolvimento e aplicação de

inovações em gestão territorial, a sistematização e

disseminação do processo de regularização

fundiária e a troca entre as esferas federais e

estaduais, promovendo assim, a governança

fundiária na Amazônia Legal.

Foto: Ascom SEAD

Evolução da Emissão de Títulos Total de títulos/ano

Fonte: SERFAL/Deplan

244 272 632

2.362

4.541

10.016

5.730

4.456

2.247

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Situação atual A Lei 11.952/09 prevê que os núcleos urbanos

consolidados e as áreas de expansão urbana

situados em terras federais sejam doados aos

municípios, que promoverão a regularização dos

lotes existentes. A regularização fundiária neste

contexto reveste-se de especial importância, não

tanto pela área destinada, mas pela quantidade de

famílias beneficiadas.

O Programa Terra Legal regulamentou os

procedimentos para a doação das áreas da União às

prefeituras (pré-titulação). A Prefeitura entra apenas

com o requerimento, seja para áreas consolidadas

(já ocupadas) ou para áreas de expansão urbana,

nessa última modalidade constando no Plano Diretor

municipal.

Essa é uma ação integrada, normalmente feita em

parceria com outros órgãos, como o Ministério das

Cidades, a Secretaria do Patrimônio da União e o

Conselho de Defesa Nacional. Por ato da Secretaria

Especial de Agricultura Familiar e do

Desenvolvimento Agrário (SEAD), o município recebe

o título de doação da área.

A titulação leva aos beneficiários individuais a

garantia da propriedade e, aos municípios, condições

para o desenvolvimento da região, com acesso a

políticas de crédito e investimentos e a possibilidade

de aumento da arrecadação de impostos.

7 REGULARIZAÇÃO DE TERRAS URBANAS Adeus à informalidade

Aplicando a justiça distributiva nas cidades amazônicas

Essa medida é fundamental para os municípios, pois

lhes permite o domínio do seu território, lhes dá

respaldo legal para proceder à implantação de

infraestrutura urbana e titulação dos lotes

individuais, a cobrança de impostos e a captação de

recursos para realizar benfeitorias nos novos

assentamentos.

Situação inicial Originalmente estimava-se que houvesse cerca de

200 áreas públicas federais a serem repassadas aos

municípios amazônicos. O cruzamento com dados

sobre núcleos urbanos do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) revelou um número

três vezes maior, ultrapassando 600 áreas.

A existência de bairros, vilas e distritos sem

regularização se deve, em parte, à rápida

urbanização da Amazônia na última década. Segundo

o IBGE, a tendência brasileira se repete nessa região,

com cerca de 80% dos seus 24 milhões de habitantes

vivendo no meio urbano.

Por outro lado, as exigências para a regularização de

áreas públicas urbanas também contribuíram para

gerar este passivo, principalmente em um contexto

de municípios com poucos recursos técnicos e

financeiros.

Foto: Ascom SEAD

Moradia Cidadã: exemplo de iniciativa de pós-titulação de terras urbanas Como garantir que as terras doadas aos municípios

se convertam em espaços urbanos com qualidade

de vida e segurança jurídica para as pessoas que

neles habitam? Essa preocupação motivou uma

parceria entre o Ministério das Cidades e a

Universidade Federal do Pará (UFPA). Com o Projeto

Moradia Cidadã ocorrem ações que combinam

regularização fundiária e urbanismo em seis

municípios paraenses atendidos pelo Programa

Terra Legal: Capitão Poço, Mãe do Rio, Nova

Esperança do Piriá, Ipixuna do Pará, Tomé-Açu e

Concórdia do Pará.

A iniciativa pretende regularizar 13.337 lotes

localizados em 1.550 hectares, beneficiando em

torno de 54 mil famílias. Trata-se de uma ação da

Pró-reitora de Extensão da UFPA, que combina a

expertise em regularização fundiária urbana com

mobilização social e a proposição de projetos de

regularização urbanística e ambiental desses novos

assentamentos.

A proposta agrega uma equipe multidisciplinar nas

áreas de Direito, Engenharia, Arquitetura,

Urbanismo, Serviço Social e Tecnologia da

Informação em busca de romper com o histórico de

informalidade na ocupação das terras urbanas.

O grupo também focaliza o repasse da metodologia

aos técnicos municipais relacionados à gestão das

terras, para que sejam capazes de desenvolver

processos similares no futuro.

O projeto enfatiza a participação e a mobilização

comunitária por meio de comissões municipais de

regularização urbana. A UFPA também desenvolveu

o Sistema de Apoio à Regularização Fundiária (Sarf),

com as informações cadastrais recolhidas no

contato com os moradores.

Brasília, maio de 2018

25.000

192.742

104.619

201.997

139.666

50.891 56.483

158.863

71.040

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Evolução da emissão de títulos urbanos População beneficiada por ano

8 PÓS TITULAÇÃO, SUSTENTABILIDADE NA ATUAÇÃO Acompanhamento das cláusulas resolutivas

Enfrentando desafios A definição de atualização e periodicidade das

informações que irão compor a pauta de valores da

terra nua permance um desafio. Tendo em vista

que a premissa de coleta de dados é importante

em virtude da dinâmica de variação de preços do

mercado de terras rurais, as soluções

implementedas pelo Programa têm sido:

prioridade de titulação para imóveis de até um

módulo fiscal, o que não depende da

existência de mecanismos para a precificação

da terra em virtude da gratuidade permitida

pela lei;

apoio, pelo Programa Terra Legal, de estudos

visando a coleta de dados do mercado de

terras para regiões consideradas prioritárias

para o Programa; e,

proposição da criação de uma área central de

governo que realize o acompanhamento do

mercado de terras rurais, e que possa ser

consultada para geração de preço de terras

passíveis a serem aplicados, na valoração do

patrimônio da união, emissão de títulos de

regularização fundiária, titulação de

assentados de reforma agrária, entre outras

finalidades.

Foto

: Seco

m

O valor da terra na Amazônia sempre foi objeto de questionamento e polêmicas. Mas afinal, quanto vale um imóvel na Amazônia Legal?

Um ponto fundamental nesta discussão é

compreender que o objetivo do programa de

regularização consiste basicamente em trazer para a

legalidade os ocupantes de terras públicas federais,

proporcionando assim uma série de benefícios

econômicos e sociais como o ordenamento fundiário,

a redução dos conflitos no campo, a redução do

desmatamento, a promoção do desenvolvimento

regional e da produção rural com bases sustentáveis,

alcançando assim, o cumprimento da função social

da propriedade.

Situação inicial Os valores dos títulos utilizavam como referência o

preço da terra calculado com base no valor histórico

das ações de desapropriação realizadas pelo Incra.

No processo de revisão da lei, fica claro que o preço

de mercado não está adequado para ser aplicado

diretamente na cobrança do preço da terra, por não

considerar as condições sociais do público atendido

da regularização fundiária na Amazônia Legal.

Situação atual A revisão recente da legislação de regularização

fundiária na Amazônia Legal pacifica a

responsabilidade da SERFAL para definir o

mecanismo para consulta do valor da terra nua a ser

aplicado no cálculo dos títulos, bem como a

aplicação de um valor de preço inferior ao de

mercado. Ao definir no nível legal os critérios para a

definição do preço da terra oportunizou-se a

discussão do tema pelo Congresso Nacional,

buscando garantir a legitimidade e a legalidade.

Reconhecer os direitos já adquiridos pela ocupação

e uso racional da propriedade e não inviabilizar a

manutenção do modo de vida do agricultor familiar

com a cobrança de valores de mercado foram os

princípios que orientaram o estabelecimento da

metodologia de cálculo do valor da terra.

Brasília, maio de 2018

Avanços na cobrança dos títulos A Portaria SERFAL nº 19/2016 estabeleceu

parâmetros metodológicos para o cálculo do valor

dos títulos onerosos, definido para cada situação

como ocorrerá a aplicação das regras constantes no

título, e desta forma, possibilitando a construção do

módulo Financeiro do Sistema de Gestão Fundiária

do Programa Terra Legal (SIGEF).

Com este módulo é possível manter total controle

dos usuários cadastrados, seus grupos, a regional a

que pertence e as permissões de acesso ao sistema.

O programa tambêm prevê rotinas de gestão

financeira dos recebimentos que incorporaram os

relatórios gerenciais de controle e previsão de

receitas, a cobrança dos títulos fundiários na

Amazônia Legal emitidos antes da Lei nº 11.952/2009,

bem como sua integração às demais ferramentas

eletrônicas da família SIGEF, que estão sendo

implementados para o monitoramento das demais

cláusulas resolutivas.

Cláusulas Resolutivas O marco legal da regularização fundiária contemplou

a possibilidade de retomar a análise do

cumprimento de cláusulas resolutivas de títulos

antigos, emitidos anteriormente pelo Incra. Ao lado

dos novos títulos, cujo período de carência começou

a vencer a partir de 2012, há a possibilidade de

retomada dos imóveis que não cumprem as

cláusulas resolutivas.

O procedimento encontra-se em normatização, e

segue a lógica de que quando se verificam imóveis

titulados com descumprimento de cláusulas

resolutivas – como inadimplência, ocupados

irregularmente ou de interesse social, o Programa

Terra Legal implica em reversão do imóvel em favor

da União, independentemente de notificação ou

interpelação. Sendo aberto processo administrativo

para apuração, assegurando os princípios da ampla

defesa e do contraditório.

Integração com outras políticas O Programa Terra Legal foi fundamental na criação

de ferramentas inovadores que promovem o

diálogo interinstitucional e a integração de

políticas públicas. As ações de regularização

fundiária de áreas públicas na Amazônia Legal

encontram ressonância em, por exemplo:

programas de crédito (Pronaf) dos bancos

oficiais para financiamento de custeio e

investimentos,

políticas de Segurança Alimentar e Nutricional,

pela regularização de beneficiários com perfil

de Agricultor familiar,

políticas de Assistência Técnica e Extensão Rural

(Ater),

políticas do Ministério do Meio Ambiente, visto

que o respeito à lei ambiental consta das

Cláusulas Resolutivas dos títulos emitidos pelo

Programa.

A inovação é o processamento concentrado e

integrado, no tempo e no espaço, das etapas

administrativas da regularização fundiária e

ambiental, no âmbito de campanhas de

regularização descentralizadas (os chamados

Mutirões Integrados) que também servem como

porta de entrada para outras políticas públicas.

Considera-se assim, a regularização fundiária uma

base para a governança e o planejamento do

desenvolvimento.

Portanto, para receber o título definitivo de

domínio ou o termo de concessao de direito real de

uso, o proprietário deverá ter comprovado o pleno

atendimento às Cláusulas Resolutivas no período

de dez anos, sendo elas:

a manutencao da destinacao agraria, por meio

de pratica de cultura efetiva;

o respeito a legislacao ambiental, em especial

quanto ao cumprimento do disposto no

Cadastro Ambiental Rural (CAR);

a nao exploracao de mao de obra em condicao

analoga a de escravo; e

as condicoes e a forma de pagamento.

Situação inicial Em 2001, uma Comissão Parlamentar de Inquérito

(CPI) estabelecida no Congresso Nacional identificou

diversas irregularidades na gestão das terras da

Amazônia Legal e determinou uma varredura nos

títulos de terras. Os proprietários de imóveis com

mais de 100 hectares foram obrigados a registrá-los

novamente, fornecendo provas de propriedade.

Em 2004, o lançamento do Plano de Ação de

Prevenção e Combate ao Desmatamento na

Amazônia Legal (PPCDAm) vinculou a segurança

jurídica da ocupação da terra como elemento

estratégico para o combate ao desmatamento. Desde

então, o trabalho de regularização fundiária

deparou-se com diversos gargalos, como:

sobreposição de competências entre diferentes

órgãos federais, bem como entre estes e os

órgãos estaduais;

insuficiente diálogo com os cartórios para a

garantia da segurança jurídica das ocupações;

falta de sinergia com programas ambientais,

sociais e de crédito para o combate à pobreza e

fomento de um uso da terra mais sustentável.

Situação atual Com o apoio da cooperação alemã para o

desenvolvimento sustentável por meio da Deutsche

Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit

(GIZ), o Programa Terra Legal liderou uma importante

iniciativa de diálogo político. Este diálogo reuniu

autoridades dos nove estados da Amazônia, o

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

(Incra), a Associação dos Notários e Registradores

(Anoreg) e a Subsecretaria de Regularização

Fundiária na Amazônia (Serfal), que coordena este

diálogo. Depois de um ciclo de oficinas onde foram

analisados estudos comparativos de políticas e

procedimentos de posse da terra, os participantes

acordaram um conjunto de reformas e prioridades

de harmonização de instrumentos e leis, que foram

sintetizados, em outubro de 2015, em uma

declaração intitulada Carta de Palmas, que foi

assinada e referendada pelos representantes dos

estados da Amazônia.

9 GOVERNANÇA FUNDIÁRIA Simplificar, modernizar e integrar as políticas

Compromissos coletivamente pactuados na Carta de Palmas

O Programa Terra Legal tem empreendido algumas

iniciativas de aperfeiçoamento da governança

fundiária na Amazônia Legal. A efetividade desta

política requer, porém, mudanças estruturais na

gestão de terras e também a inclusão de outros

atores públicos em âmbito nacional, sem os quais os

impactos do programa seriam limitados.

As Diretrizes Voluntárias para a Gestão Responsável

da Posse da Terra e de Uso do Solo, Pescas e

Florestas (VGGT), da Organização das Nações Unidas

para Agricultura e Alimentação (FAO) representam o

principal documento orientativo sobre questões

relacionadas à gestão da terra. O Brasil foi um dos

signatários deste documento, que se baseia no

consenso dos países membros das Nações Unidas.

A governança sobre as terras depende de fatores,

como: (1) o esclarecimento sobre os direitos de

propriedade; (2) ordenamento quanto ao uso do solo

e dos recursos naturais; (3) definição de

procedimentos padrão relacionados; (4) integração

com outras políticas para melhorar o acesso dos

beneficiários dos títulos emitidos a um conjunto de

programas sociais e ambientais.

Os compromissos assumidos em Palmas constituem

uma referência central para a ação conjunta dos

organismos responsáveis pela gestão das terras na

Amazônia Legal. A partir dessa iniciativa criou-se

uma agenda de diálogo político com potencial para

introduzir mudanças estruturais voltadas à

governança responsável da terra em uma região

estratégica para o Brasil e para o mundo.

Brasília, maio de 2018

Atuação do Programa Terra Legal

O Programa Terra Legal continua liderando o

diálogo iniciado pela Carta de Palmas e avançou na

promoção dos 10 compromissos da seguinte forma:

Os dez compromissos da Carta de Palmas

1. Aprimorar e estabelecer parâmetros para o marco legal que rege a questão fundiária nos estados e no governo federal, dinamizando a tramitação dos processos de regularização fundiária, diminuindo as divergências e incongruências e tornando mais claras as regras para toda a população.

2. Promover a superação das indefinições e sobreposições de títulos e por vezes os conflitos de interesse entre União e Estados.

3. Buscar meios para que no prazo de 10 anos todas as glebas públicas estaduais e federais estejam com seus perímetros georreferenciados e certificados.

4. Promover a padronização e a integração dos diferentes cadastros de terra e a vinculação dos mesmos com o registro dos imóveis.

5. Implementar, mediante cooperação entre o Governo Federal e os Estados, um sistema modular de gestão de terras, incluindo o acervo, o georreferenciamento, a titulação e o registro.

6. Promover a transparência e o acesso à informação para que a população possa fazer o devido acompanhamento das políticas fundiárias.

7. Incentivar a participação social como elemento de fortalecimento da governança fundiária, na definição, execução e avaliação das políticas fundiárias.

8. Promover o contínuo diálogo entre os órgãos de terra, os órgãos de controle, os cartórios, os Poderes Judiciário e Legislativo, visando à identificação e superação dos problemas que afetam a política de terras na Amazônia.

9. Padronizar as metodologias e critérios para o estabelecimento do valor de referência da terra para fins de regularização fundiária, evitando discrepâncias de valores praticados pelos Governos federal e estaduais.

10. Promover a valorização e o fortalecimento da regularização fundiária executada pelos órgãos de terra.

Avanços liderados pelo Programa Terra Legal

1. Promulgação da Lei nº 13.465/2017 com inovações no

âmbito do Marco Legal Federal;

2. Realização de estudos comparativos do Marco legal entre os estados da Amazônia;

3. Integração entre União e Estados através de convênios celebrados com Estados da Amazônia, da organização de mutirões integrados de regularização fundiária em parceria com órgãos ambientais e do compartilhamento de base de dados de glebas e de títulos;

4. Diálogo e negociações bilaterais com os estados para compatibilização das informações sobre glebas públicas federais e estaduais e avanço no georreferenciamento e certificação de glebas públicas;

5. Desenvolvimento e implementação do Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF). O inicio da digitalização do acervo fundiário do Terra legal também foi um importante avanço para vencer o desafio da padronização dos cadastros de terras na Amazônia;

6. Aperfeiçoamento do acesso à informação por meio do desenvolvimento do Painel de Gestão eletrônico do Programa com informações de desempenho atualizado

7. Estabelecimento de um canal de comunicação aos beneficiários por meio do Painel de Gestão eletrônico do Programa;

8. O diálogo interinstitucional se intensificou através da constituição, coordenação e manutenção da Câmara Técnica de Destinação de Terras que envolve vários orgãos do governo federal e estaduais e através do apoio na constituição de grupos de trabalhos fundiários estaduais e regionais;

9. O desenvolvimento de um sistema informatizado para automatização dos cálculos e emissão dos boletos para pagamentos (SIGEF Financeiro), e a revisão da legislação para simplificação dos métodos de cálculo, foi um passo importante para a definição do valor de referência da terra;

10. O fortalecimento dos órgãos de terra se deu através do planejamento estratégico da SERFAL e do alinhamento com outras políticas agrárias.

Um laboratório de soluções para a governança fundiária Um dos elementos-base para a fomentação da

inovação é o conhecimento, pois este facilita a

percepção de novas possibilidades. O Programa

Terra Legal promove amplamente a disseminação do

conhecimento multifacetado das diversas

atribuições que compõem o processo de

regularização fundiária de áreas públicas no âmbito

urbano e rural na Amazônia Legal. A centralidade

metodológica do Programa perpassa pela

identificação, análise e apoio ao monitoramento e

gestão de uma política pública com importantes

inovações.

Situação Atual Por meio da Gestão do Conhecimento, o Programa

organiza de forma estratégica os conhecimentos dos

colaboradores e os conhecimentos externos,

fundamentais para o sucesso em sua atuação.

Além disso, o Programa Terra Legal fomenta uma

série de ferramentas inovadoras que promovem o

diálogo interinstitucional e a integração de políticas

públicas.

10 INOVAÇÃO E GESTÃO DO CONHECIMENTO Em diálogo com a sociedade e a academia

Foto: Ascom SEAD

Além do material didático-acadêmico produzido

especificamente para o processo de regularização

fundiária e para a capacitação dos colaboradores –

servidores, terceirizados, consultores – a produção

do conhecimento pode contribuir com o

monitoramento das ações bem como divulgar ações

e resultados em respeito ao princípio da

transparência.

A socialização da produção é organizada a partir de

uma coletânea de artigos divulgados pela equipe em

seminários, encontros, congressos, feiras nacionais,

construído especificamente para esse fim, com a

participação de pesquisadores nacionais vinculados

a Governança de Terras e demais programas que

envolvem a temática comum com o Programa Terra

Legal.

Grupo Científico Um grupo científico foi instituído, composto por

servidores e gestores, com o objetivo de propor e

acompanhar os estudos e pesquisas referentes aos

temas relacionados ao Programa – estabelecendo

parcerias científicas no âmbito acadêmico para

elaboração e publicação de trabalhos científicos

voltados ao desenvolvimento da Amazônia legal.

O Grupo Científico, além de realizar análise crítica

como ferramenta de gestão, monitoramento e

avaliação, busca também assessorar as decisões de

gestão do Programa Terra Legal sobre os Acordos de

Cooperação Técnica com instituições de ensino e

pesquisa, atendendo ao Princípio da Transparência

dos dados públicos e contribuindo para o

desenvolvimento de novos estudos.

As parcerias acadêmico-científicas firmadas no

âmbito do Programa Terra Legal visam o

aprimoramento para atender aos objetivos de

criação do Programa e de realizar uma análise crítica

sobre pesquisas e estudos relacionados a ele.

Brasília, maio de 2018

Intercâmbios internacionais O Programa elabora uma base de revisão de

literatura referente ao tema “regularizacao

fundiaria” bem como evidencia linhas de

pesquisa/temas específicos em alinhamento com

as instituições de pesquisa que se voltam ao tema

de forma a contribuir para a melhoria do Programa.

No momento existem três Acordos de Cooperação

Acadêmica firmados com a PUC-Rio, o IPAM e

propostas de estudos da Universidade de

Cambridge e Universidade Livre de Berlim voltadas

principalmente às Diretrizes Voluntárias e

Desmatamento.

O Programa Terra Legal, em parceria com a

cooperação alemã para o desenvolvimento

sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für

Internationale Zusammenarbeit (GIZ), vem

participando desde o ano de 2015 na Conferência

Anual do Banco Mundial sobre Terra e Pobreza, e

nos Seminários Internacionais Governança de

Terras, em Campinas, promovido pelo Grupo

“Governanca de Terras” do Departamento de

Economia da UNICAMP.

Hora do Conhecimento A Hora do Conhecimento traz para conhecimento e

debate, questões relacionadas às atividades

desenvolvidas pela SERFAL.

A Hora do Conhecimento é uma oportunidade de

expor as experiências, leituras de artigos, da

realização de seminários, palestras, cursos e oficinas

direcionados para as temáticas: Cadastro,

Geoprocessamento, Titulação, desenvolvimento

local, sustentável e regional, reestruturação

produtiva, organização social, agricultura familiar e

segurança alimentar e nutricional.

Entre seus objetivos ainda destacamos a análise

crítica sobre o fortalecimento do combate ao

desmatamento e degradação do solo, de Políticas de

Segurança Alimentar e Nutricional, nas Políticas do

Ministério do Meio Ambiente entre outras.

É uma ferramenta de gestão do Conhecimento na

organização através da exposição, estudo,

monitoramento, e avaliação de ações desenvolvidas

pela SERFAL visando a expertise e eficiência do

Programa.

Foto: Ascom SEAD

Priorizar o nome das mulheres no título da terra é o reconhecimento do seu papel dentro da família e na relação com a terra. O reconhecimento dos direitos das mulheres no

meio rural pelo Programa Terra Legal busca reparar

a desigualdade de gênero. O Programa é

complementado por um conjunto de políticas

públicas de apoio às mulheres rurais integradas na

promoção de um projeto de desenvolvimento rural

sustentável com igualdade.

Situação inicial A agricultura de base familiar encontra-se ainda

fortemente marcada pela divisão sexual do trabalho,

em função de suas raízes históricas, que apontam

diferenciações entre homens e mulheres.

Tal assimetria reserva aos homens o reconhecimento

público do trabalho produtivo, permanecendo

obscurecido e oculto o trabalho das mulheres, que

se circunscreve aos domínios privados. Como

consequência, à maioria delas foram negados os

direitos efetivos a terra. Até 2003, no cadastro do

Incra só havia espaço para incluir o nome do homem

como proprietário da terra.

EMPODERAMENTO FEMININO Fortalecendo mulheres do campo e da floresta

Situação Atual A compreensão de que a dificuldade de acesso aos

serviços públicos é um problema crucial e comum às

mulheres do campo e da floresta levaram à

identificação do acesso à terra como um desafio

fundamental que deveria ser enfrentado

prioritariamente.

O acesso à terra é um dos recursos que viabilizam a

produção das mulheres no campo e na floresta,

sendo, para muitas mulheres, uma condição básica

para a conquista, o fortalecimento e a consolidação

da sua autonomia econômica. Para promover o empoderamento feminino, o

Projeto Terra Legal implementa a equidade jurídica,

garantindo também a autonomia econômica das

mulheres do campo e da floresta. O título da

propriedade de terra sai no nome do homem e da

mulher, sendo o nome desta identificado sempre

primeiro, com o propósito de mitigar sua situação de

vulnerabilidade perante a possíveis separações.

Foto

: Asc

om

SEA

D

11

O acesso à terra e Cidadania De acordo com o último Censo Demográfico, as

trabalhadoras rurais são responsáveis pela renda de

42,4% das famílias do campo. Os dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram

que 45% dos produtos oriundos da agricultura

familiar são plantados e colhidos pelas mãos de

mulheres.

As políticas e os programas desenvolvidos para

mulheres buscam refletir seus anseios pelo

reconhecimento do seu trabalho e dos seus direitos.

Dessa forma, levam em consideração as diferenças

de raças, etnias, povos, religiões, sistemas de

produção e estruturas sociais, bem como de acesso a

recursos naturais, tecnológicos e financeiros. Nessa

diversidade, encontram-se trabalhadoras rurais,

agricultoras familiares, camponesas, extrativistas,

pescadoras, seringueiras, quilombolas, indígenas e

ribeirinhas, entre outras.

Foto

: Asc

om

SEA

D

O acesso à terra é um grande desafio e afeta

diretamente a vida dessas populações, em especial a

das mulheres, que, por não terem acesso à terra, não

conseguem o reconhecimento de sua condição de

produtoras rurais, ficando, assim, excluídas de

políticas públicas importantes.

O Programa Terra Legal realiza mutirões integrados

com o Programa Nacional de Documentação da

Trabalhadora Rural (PNDTR) na região da Amazônia

Legal. A iniciativa permite que trabalhadoras rurais e

da floresta emitam pela primeira vez a Carteira de

Identidade, o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e a

Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP).

A documentação é fundamental para que as

produtoras exerçam o papel de cidadã, além de dar

a elas a chance de ter acesso a outras políticas

públicas, como o Crédito Fundiário e o Pronaf

Mulher. Programas que podem mudar a realidade da

mulher do campo.

Foto

: Div

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ND

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Brasília, maio de 2018