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INSERÇÃO DE SISTEMAS DE CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADOS DE CICLO ABERTO ESTRUTURADOS EM AÇO NO MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL RESIDENCIAL BRASILEIRA Ana Beatriz de Figueiredo Oliveira* Helena Esteves Bieler** Henor Artur de Souza*** RESUMO: Diante da grande demanda por habitações, do crescimento da construção civil e da busca por sustentabilidade, os sistemas construtivos industrializados seriam uma opção lógica na escolha dos profissionais e clientes para suas edificações. Porém essa não é a realidade brasileira, pois a maioria das edificações ainda é realizada utilizando sistemas construtivos convencionais, basicamente artesanais. Isso significa baixa produtividade, grande influência do clima na produção e alto desperdício de materiais. Neste trabalho investiga-se a realidade brasileira frente à utilização de sistemas industrializados de ciclo aberto estruturados em aço na construção civil, com foco nas edificações residenciais unifamiliares e, a partir dessas informações, são definidas hipóteses que impedem a consolidação desses sistemas, bem como diretrizes para ampliar a utilização deles no cenário nacional. Faz-se também um comparativo com a situação dos demais países da América Latina, com destaque no Chile, que possui maior expressividade na utilização de sistemas industrializados. Como método de pesquisa utiliza-se a revisão bibliográfica com a apresentação do histórico dos sistemas industrializados, bem como a análise de dados das instituições representantes da construção civil, indicando o cenário atual. Discute-se ainda um caso bem sucedido de construção industrializada, o "Refúgio São Chico", residência unifamiliar no Rio Grande do Sul projetada pelo escritório de arquitetura Studio Paralelo. As hipóteses encontradas para a não utilização plena desses sistemas na construção civil brasileira foram: o custo unitário dos materiais mais elevado em relação ao sistema tradicional; a falta de mão de obra especializada; e a barreira cultural para edifícios que não sejam de alvenaria. PALAVRAS-CHAVE: construção Industrializada, Light Steel Framing, industrialização de ciclo aberto. * Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Construção Metálica no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto. [email protected] ** Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Construção Metálica no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto. [email protected] *** Professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto, área Construções Metálicas. [email protected]

INSERÇÃO DE SISTEMAS DE CONSTRUÇÃO … · 1. INTRODUÇÃO Os sistemas construtivos industrializados se desenvolveram ao longo dos anos juntamente com a indústria, se aperfeiçoando

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INSERÇÃO DE SISTEMAS DE CONSTRUÇÃO

INDUSTRIALIZADOS DE CICLO ABERTO ESTRUTURADOS EM

AÇO NO MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL RESIDENCIAL

BRASILEIRA

Ana Beatriz de Figueiredo Oliveira*

Helena Esteves Bieler**

Henor Artur de Souza***

RESUMO:

Diante da grande demanda por habitações, do crescimento da construção civil e da busca por

sustentabilidade, os sistemas construtivos industrializados seriam uma opção lógica na escolha

dos profissionais e clientes para suas edificações. Porém essa não é a realidade brasileira, pois a

maioria das edificações ainda é realizada utilizando sistemas construtivos convencionais,

basicamente artesanais. Isso significa baixa produtividade, grande influência do clima na

produção e alto desperdício de materiais. Neste trabalho investiga-se a realidade brasileira frente

à utilização de sistemas industrializados de ciclo aberto estruturados em aço na construção civil,

com foco nas edificações residenciais unifamiliares e, a partir dessas informações, são definidas

hipóteses que impedem a consolidação desses sistemas, bem como diretrizes para ampliar a

utilização deles no cenário nacional. Faz-se também um comparativo com a situação dos demais

países da América Latina, com destaque no Chile, que possui maior expressividade na utilização

de sistemas industrializados. Como método de pesquisa utiliza-se a revisão bibliográfica com a

apresentação do histórico dos sistemas industrializados, bem como a análise de dados das

instituições representantes da construção civil, indicando o cenário atual. Discute-se ainda um

caso bem sucedido de construção industrializada, o "Refúgio São Chico", residência unifamiliar

no Rio Grande do Sul projetada pelo escritório de arquitetura Studio Paralelo. As hipóteses

encontradas para a não utilização plena desses sistemas na construção civil brasileira foram: o

custo unitário dos materiais mais elevado em relação ao sistema tradicional; a falta de mão de

obra especializada; e a barreira cultural para edifícios que não sejam de alvenaria.

PALAVRAS-CHAVE: construção Industrializada, Light Steel Framing, industrialização de

ciclo aberto.

*Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Construção Metálica no Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto. [email protected] **

Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Construção Metálica no Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto. [email protected] ***

Professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto,

área Construções Metálicas. [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

Os sistemas construtivos industrializados se desenvolveram ao longo dos anos juntamente com

a indústria, se aperfeiçoando e se adaptando cada vez mais às necessidades dos projetos

arquitetônicos. Os processos nos canteiros de obras, antes artesanais, foram transferidos para a

indústria, onde é possível controlar melhor sua qualidade sem interferência de condições

climáticas. Além disso, eles se tornaram mais flexíveis, funcionando como matéria prima e não

mais como partes ou blocos inteiros das edificações, o que trazia como consequência um padrão

de construção repetido e monótono, características condenadas para uma boa arquitetura.

Mesmo com a grande expressividade da indústria siderúrgica brasileira, sistemas construtivos

estruturados em aço ainda são pouco empregados no país, apesar das inúmeras vantagens deles

em relação ao método artesanal.

Neste artigo busca-se analisar e discutir as razões que impedem a difusão plena de sistemas

construtivos industrializados de ciclo aberto na construção civil residencial brasileira, e traçar

diretrizes para o aperfeiçoamento desses sistemas no país. Para isso, será apresentado um breve

histórico sobre a industrialização da construção civil; uma análise de dados das instituições

representantes da construção civil, indicando o cenário atual, tanto no Brasil como nos demais

países da América Latina; além de um estudo de caso de uma residência construída com sistema

industrializado no Brasil.

A relevância do tema se dá pelo forte potencial ainda não explorado totalmente no Brasil dos

sistemas construtivos industrializados de ciclo aberto, principalmente no caso de edificações

residenciais, em que o profissional tem maior liberdade nas escolhas por tratar, na maioria das

vezes, diretamente com o usuário final. Além disso, o cenário nacional se mostra extremamente

favorável ao desenvolvimento e consolidação desses sistemas no país. A Caixa Econômica

Federal passou a financiar edificações construídas a partir de sistemas industrializados e o

Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) criou em 2009 uma linha de crédito específica

para empresas fabricantes de sistemas construtivos industrializados voltados para habitação,

visando ampliar a capacidade produtiva dessas empresas.

2. INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A industrialização da construção civil pode ser definida como a “utilização de tecnologias que

subsistem a habilidade do artesanato pelo uso da máquina” (ROSSO, 1980). Ela consiste no

desenvolvimento das técnicas construtivas a fim de aperfeiçoar o processo e o produto final.

De acordo com Rosso (1980), existem dois tipos de industrialização dentro da construção civil.

O primeiro chamado de Industrialização Fechada ou de Ciclo Fechado é menos flexível, a

indústria disponibiliza no mercado o produto final, ou seja, um módulo inteiro de uma

construção. Dessa forma não existem muitas possibilidades ao arquiteto, que necessita adaptar

seu projeto ao módulo que é fornecido. O outro tipo, chamado de Industrialização Aberta ou de

Ciclo Aberto, é mais flexível, a indústria fornece ao mercado componentes pré-fabricados que

podem ser combinados de diversas maneiras para compor um edifício. Esse segundo tipo de

industrialização, que é o foco do presente artigo, garante ao arquiteto grande liberdade de

criação, definindo apenas o método construtivo a ser utilizado.

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2.1 Breve histórico

A evolução dos sistemas construtivos tem um grande salto a partir da Revolução Industrial no

final do século XVIII. Antes disso, a construção civil se baseava apenas em técnicas manuais e

artesanais, extremamente imprecisas e tratadas caso a caso.

Durante os séculos XVIII e XIX surgiram no mercado novos materiais como o ferro fundido, o

vidro e posteriormente o aço e o concreto armado, incorporados aos já tradicionais como a

pedra, tijolo cerâmico e madeira. Além disso, houve o desenvolvimento de novas ferramentas

construtivas, que passaram a realizar as tarefas antes feitas pelo homem, trazendo maior

produtividade ao canteiro de obras. No entanto, esses materiais ditos industrializados foram

utilizados inicialmente por meio de métodos tradicionais, não existindo modificações

substanciais na técnica construtiva, ou seja, as construções em si não eram industrializadas, mas

somente seus componentes (BRUNA, 1976). Esses avanços foram percebidos inicialmente nas

obras de infraestrutura urbana, como pontes, ferrovias e estações ferroviárias; enquanto que os

edifícios residenciais ainda eram realizados com métodos artesanais, "na origem da

transformação industrial, encontram-se consideráveis progressos técnicos, não existe nenhum,

por assim dizer, que se refira às moradias: constrói-se no século XIX como no XVIII e como na

Idade Média" (BENEVOLO, 2004). Além da questão da técnica construtiva, houve um aumento

populacional, devido às melhorias na qualidade de vida e à intensa migração da população rural

para os centros urbanos, gerando uma grande demanda por habitações. Tudo isso fez com que a

construção civil sofresse transformações e avanços que refletiram na maneira de construir dos

dias atuais.

Com o início das Exposições Universais, eventos criados para difundir produtos manufaturados

de todo o mundo, são abertos caminhos para que as novas técnicas sejam aplicadas. Os edifícios

que abrigavam essas exposições eram considerados temporários e o prazo para a construção era

curto, assim, somente uma técnica moderna de construção baseada na industrialização poderia

atender a essas condições. A primeira delas foi realizada em Londres no ano de 1851, tendo

como sede o "Palácio de Cristal" (Figura 1), edifício idealizado pelo arquiteto inglês Joseph

Paxton. Nele foram introduzidos os conceitos de industrialização no canteiro de obras, seu

esqueleto era formado por peças metálicas pré-fabricadas e o fechamento era em vidro. Toda a

estrutura foi edificada em quatro meses e após o término da exposição ela foi desmontada e

remontada em outro local. Além disso, o "Palácio de Cristal" foi importante ao estabelecer

qualidade e expressividade nas construções que utilizavam sistemas industrializados,

valorizando sua arquitetura (BENEVOLO, 2004).

No Brasil, os novos materiais foram importados durante o século XIX e aplicados nas

construções ferroviárias, como foi o caso da Estação da Luz em São Paulo (Figura 2). As

estruturas de ferro fundido eram fabricadas na Europa e trazidas ao Brasil para serem montadas

no local. Além das peças estruturais, como vigas e pilares, vinham também peças de

acabamento e ornamentação (BRUNA, 1976).

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Figura 1 - Palácio de Cristal, Londres 1851.

FONTE: CRYSTAL PALACE..., 2005.

Figura 2 - Interior da Estação da Luz, São Paulo.

FONTE: TANAKA, 2008.

Após a Segunda Guerra Mundial, alguns fatores criaram oportunidades para a aplicação dos

conceitos de industrialização já desenvolvidos anteriormente. Havia um enorme déficit

habitacional, falta de materiais de construção e mão-de-obra especializada, além de poucos

recursos financeiros disponíveis. Por meio de modificações realizadas dentro do canteiro de

obras e de profissionais dispostos a trabalhar com esses novos sistemas, foi possível

implementar um grande número de moradias com qualidade superior àquelas realizadas

anteriormente.

No que se refere à construção residencial, a inserção de métodos industriais se deu a partir do

século XIX, com o sistema construtivo denominado Ballon Frame (Figura 3). Criado em

Chicago por George Washington Snow, esse sistema consistia na utilização de peças uniformes

de madeira, dispostas em distâncias modulares e ligadas utilizando-se de rebites de aço. Essas

peças formavam painéis que estruturavam a edificação, sem a existência de uma hierarquia entre

os componentes, ou seja, era uma estrutura autoportante. Todas as peças de madeira eram

fabricadas na indústria, com dimensões idênticas, o que levava a um processo de montagem

fácil e rápido. Dessa maneira não era necessário um conhecimento especializado no canteiro de

obras, característica que fazia desse sistema destinado à autoconstrução. Posteriormente, surgiu

o Platform Frame (Figura 4), que possuía como diferença a disposição das estruturas verticais.

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Enquanto na primeira técnica essas estruturas eram contínuas, desde o piso até o telhado, na

segunda, cada andar era independente do outro, cada elemento vertical terminava na laje do teto

de cada pavimento.

Figura 3 - Esquema do sistema construtivo Ballon

Frame.

FONTE: BALLON FRAME..., 2006.

Figura 4 - Esquema do sistema construtivo Platform

Frame.

FONTE: RAMSEY; SLEEPER, 1989.

Apesar das técnicas industriais voltadas à construção civil se desenvolverem desde o início da

Revolução Industrial e da demanda por habitações crescer em todo o mundo, somente no século

XX é que surgem profissionais dispostos a implementar e defender a plena utilização desses

sistemas, como é o caso dos arquitetos Walter Gropius e Le Corbusier.

Estes arquitetos defendiam a industrialização da construção, mas entendiam que a sociedade e

os profissionais deveriam mudar seus conceitos para poder aceitar e trabalhar de forma

adequada com as novas formas de construir (CORBUSIER, 2011). Assim como aconteceu

dentro da indústria de bens de consumo, eles acreditavam que a industrialização era uma

evolução do processo e, portanto, inevitável sua implantação, "querer construir na era da

industrialização com os recursos de um período artesanal é considerado, cada vez mais, como

algo sem futuro" (GROPIUS, 2009). Esse tipo de obra traria independência ao homem das

variações climáticas, daria ao construtor maior controle sobre as peças utilizadas que seguiriam

um padrão, além de aliviar o trânsito e o canteiro de obra com a retirada das máquinas de

produção das ruas, estas estariam somente nas fábricas (GROPIUS, 2009).

A construção residencial estava muito atrasada na industrialização em relação às demais

edificações, por ser o tipo de construção mais próxima do homem e, portanto mais difícil de ser

modificada, devido ao apego dado pela família. Para esses arquitetos a questão da habitação

seria tratada no futuro da mesma maneira que o automóvel, não mais como uma peça

manufaturada, mas um produto industrializado e produzido em série.

Alguns fatores foram determinantes para a industrialização da construção no Brasil e, segundo

Bruna (1976), foram os mesmos que levaram à industrialização da construção na Europa, sendo

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eles: grande demanda por habitações, poucos recursos financeiros disponíveis, necessidade de

racionalizar os recursos construtivos existentes, além da escassez de mão-de-obra especializada.

No início foram introduzidas no país as indústrias de bens de consumo e em 1946 a Companhia

Siderúrgica Nacional (CSN), instalada na cidade de Volta Redonda, passou a produzir peças de

aço. Apesar disso, o aço não era uma solução econômica que pudesse concorrer com o concreto

armado, que teve grande aceitação no país, por se tratar de um sistema construtivo muito

próximo do processo artesanal utilizado anteriormente (BRUAND, 2010).

Para difundir o aço na construção civil brasileira a CSN criou em 1953 a Fábrica de Estruturas

Metálicas (FEM), que foi desativada em 1998. Sua função era formar mão-de-obra

especializada o que resultou na construção de vários edifícios em estrutura metálica, como o

Edifício Garagem América em São Paulo (Figura 5) em 1957, que foi o primeiro com projeto e

materiais totalmente fabricados no país; Edifício Avenida Central (Figura 6), no Rio de Janeiro

em 1961; e o Edifício Escritório Central da CSN (Figura 7) em Volta Redonda no ano de 1966,

que foi o primeiro a utilizar perfis soldados. Com o Plano Siderúrgico Nacional implantado em

1967, aumentou significantemente a quantidade e qualidade da produção do aço no país. Esse

plano visava a ampliação, modernização e implantação de novas usinas siderúrgicas, o que fez

do Brasil antes importador um grande exportador de aço (BELLEI, 2008).

Figura 5 - Edifício Garagem América, São Paulo.

FONTE: FARIA, 2008. Figura 6 - Edifício Avenida Central, Rio de Janeiro.

FONTE: FARIA, 2008.

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Figura 7 - Edifício Escritório Central da CSN, Volta Redonda.

FONTE: FARIA, 2008.

Na década de 90, surge no Brasil o sistema Light Steel Framing (LSF), técnica sucessora do

Ballon Frame, constituído por painéis autoportantes compostos de perfis de aço formados a frio.

Cerca de dez anos depois, com a tecnologia já estabelecida, foram publicadas as normas NBR

14762 - Dimensionamento de Estruturas de Aço Constituídas por Perfis Formados a Frio

(ABNT, 2001) e NBR 6355 - Perfis Estruturais de Aço Formados a Frio (ABNT, 2003). E mais

recentemente em 2006 o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) e o Centro Brasileiro da

Construção em Aço (CBCA) desenvolveram dois manuais voltados para a difusão da técnica de

construção e concepção projetual do sistema construtivo LSF, um com o intuito de orientar os

arquitetos na concepção de projetos de edificações e outro contendo os principais conceitos

relativos aos perfis formados a frio e o seu dimensionamento, voltado para profissionais da área

de engenharia civil (FREITAS; CASTRO, 2006; RODRIGUES, 2006).

Desde então existe uma maior difusão de sistemas industrializados, bem como normas nacionais

e sistemas de financiamento específicos para esse tipo de construção. Além disso, alguns órgãos

do governo passaram a utilizar sistemas industrializados em suas obras como é o caso da Caixa

Econômica Federal, que está desenvolvendo suas novas agências utilizando o LSF; e da

Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), que

construiu o primeiro conjunto habitacional realizado com LSF, na cidade de Avaré.

2.2 Situação do Brasil e da América Latina

Para que se possa entender a situação atual do Brasil em relação à industrialização da

construção civil foi feita uma pesquisa com as instituições representantes do setor, bem como

uma análise do mercado na América Latina.

Não existem estatísticas específicas que indiquem quantitativamente cada tipo de estrutura

utilizada na construção (alvenaria, concreto armado, aço). Apesar disso, o Centro Brasileiro da

Construção em Aço (CBCA), desenvolveu uma metodologia para estimar o consumo e a

participação da construção em aço no mercado brasileiro, a partir das informações de consumo

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aparente de aços planos e longos na construção civil. Esta metodologia não indica o valor real,

mas permite identificar os resultados relativos da participação no mercado.

Com base nas estatísticas de 2010 do CBCA, o consumo aparente de produtos siderúrgicos, não

somente para a construção civil, apresentou o maior valor em 2010, sendo de 26,1 milhões de

toneladas com aumento de 40,5% em relação ao ano anterior, tendo um consumo per capita de

137 kg, 38,4% superior ao de 2009. No caso da construção civil, esse consumo foi de 8,2

milhões de toneladas entre produtos planos e longos, aumento de 31,6% em relação ao ano de

2009. Entretanto, a quantidade de edificações estruturadas em aço no Brasil ainda é pouco

expressiva se comparada com demais países, no Brasil apenas 17% das edificações são

realizadas em aço, enquanto que nos Estados Unidos esse número sobe para 50% e no Reino

Unido para 70%, valores que representam todos os tipos de edificações, inclusive a residencial

(CBCA, 2010).

O CBCA, por meio das estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na

Pesquisa Industrial Anual do ano de 2009, indica que houve um crescimento de 12% ao ano em

relação a 2002, em construções pré-fabricadas, estruturas, pontes e torres. Isso reforça a ideia de

que esse setor da construção civil está em crescimento e com maiores demandas no país, porém

ainda com uma participação pequena frente ao que o mercado pode oferecer.

Quando se compara o Brasil com os demais países da América Latina, ele aparece como o

maior produtor de aço cru e o 9º no ranking mundial, de acordo com as estatísticas de 2011 da

Asociación Latinoamericana del Acero (ALACERO), enquanto que o México, segundo maior

produtor latino-americano está na 14ª posição no ranking mundial. Em relação ao consumo

aparente de aço laminado, o Brasil aparece em primeiro lugar na América Latina com um valor

de 30 milhões de toneladas, frente aos 19 milhões de toneladas do México. No entanto quando

se projeta o consumo per capita, os valores brasileiros caem, são 146 kg frente aos 184 kg do

Chile e 169 kg do México em 2012 (Tabelas 1 e 2). Esses números mostram a grande

expressividade da indústria siderúrgica brasileira frente aos demais países próximos e indicam

que o país produz muito, mas consome pouco aço.

Tabela 1 - Produção de Aço Plano na América Latina (milhões de toneladas)

Nota: 2011 estimado com base nos primeiros 8 meses

FONTE: ALACERO, 2012.

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Tabela 2 - Consumo aparente de Produtos Laminados per capita (Kg).

Nota: 2011-2012 são projeções realizadas em agosto de 2011

FONTE: ALACERO, 2012.

Em relação ao Chile, os números indicam que apesar da pequena produção de aço, seu consumo

aparente per capita é o maior de toda a América Latina, sendo que alguns fatores o levam a esse

fato. Por situar-se em uma região com grande ocorrência de abalos sísmicos, existe uma

necessidade das estruturas serem adequadas e seguras para esse tipo de fenômeno, característica

importante da estrutura metálica. Esses eventos, quando provocam estragos, levam a uma

grande demanda por habitações e infraestrutura urbana em um curto período de tempo, o último

grande terremoto e tsunami ocorrido em 2010 aumentou a demanda de moradias de 300 mil

para 529 mil (DUFFAU, 2010). Além disso, os programas sociais de habitação do governo

chileno têm um histórico de utilizar e difundir os sistemas construtivos industrializados. Na

década de 1950 foi desenvolvido um sistema que utilizava componentes pré-fabricados de

concreto armado denominado CEDESCO (ROSA; ESTEVES, 2006) e atualmente o Ministerio

de Vivienda y Urbanismo (2012) possui um banco de dados com projetos-tipo de habitação que

utilizam sistemas tradicionais ou industrializados.

3. ESTUDO DE CASO

Para exemplificar a utilização de sistemas construtivos industrializados nos projetos de

habitação foi escolhida uma edificação brasileira realizada inteiramente utilizando o sistema

LSF. Trata-se da "Residência São Chico", projeto do escritório de arquitetura Studio Paralelo

(2007).

3.1 Refúgio São Chico (Arq. Studio Paralelo) – 2006/2007

O projeto a ser analisando é um abrigo para fins de semana na região serrana do Rio Grande do

Sul, a 100 km de Porto Alegre (Figura 8). Com 82m², o projeto foi situado no centro do lote,

que fica localizado em um condomínio em meio à mata atlântica. Construído utilizando o

sistema construtivo LSF (Figura 9), a edificação levou dois meses para ficar pronta.

“Desenvolvida em estrutura leve e suspensa do solo, a casa é formada por dois volumes

retangulares de diferentes texturas que se interceptam, gerando um espaço de distribuição

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definidor de duas alas ao mesmo tempo em que propõem a transição do meio natural verso

artificial, apostando no diálogo por contraste” (STUDIOPARALELO, 2007).

Figura 8 - Refúgio São Chico.

FONTE: SAYEGH, 2008.

Figura 9 - Refúgio São Chico em construção.

FONTE: SAYEGH, 2008.

Inicialmente foram realizadas as fundações, que são do tipo embasamento, permitindo que a

construção ficasse afastada do solo, impedindo assim o contato com a umidade. Para apoiar a

estrutura, que foi toda pré-fabricada, executou-se uma laje em concreto armado, etapa de mais

demorada de toda a obra.

As estruturas em perfis de aço galvanizado e placas OSB foram pré-fabricadas com módulos de

1,20m x 1,20m, dando agilidade à construção e permitindo um maior controle do processo

construtivo. Essas estruturas foram montadas, durante duas semanas, em um galpão na cidade

de Porto Alegre, sendo possível assim a supervisão diária da equipe técnica.

Na terceira semana, foram realizadas as fixações da estrutura e paredes pré-fabricadas sobre a

laje em concreto armado, por meio de pinos fixados à pólvora, sendo a união entre os painéis

feita por meio de parafusos autobrocantes. Durante a semana seguinte, foi iniciada a montagem

das vigas de bordo e das treliças da cobertura, além da finalização da colocação dos painéis

OSB.

Após o término da montagem da volumetria, foi instalada a membrana impermeabilizante nas

paredes, que permite a passagem de vapores de dentro para fora e impede a entrada de umidade

do exterior na edificação. Posteriormente, foi executado o revestimento exterior, que em um dos

volumes é composto por lambris de pinus e no outro por telha ondulada. Para a cobertura,

optou-se por utilizar telhas metálicas trapezoidais com miolo em EPS.

Durante a oitava e última semana, foram instaladas as esquadrias e também executada a

montagem da estrutura metálica de sustentação do deck de madeira. Ao final da montagem das

estruturas externas e instalações, foi realizada a finalização das paredes internas, com a

aplicação da lã de rocha e placas de gesso acartonado (SAYEGH, 2008).

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1 Hipóteses

A partir do histórico e da realidade brasileira frente ao uso de sistemas industrializados na

construção civil podem ser apontadas algumas hipóteses que indicam as razões para a pouca

expressividade desses sistemas nas edificações residenciais.

Primeiramente existe a diferença de custo dos materiais, os sistemas industrializados são mais

caros do que os sistemas tradicionais se comparados separadamente. Porém, como são

processos construtivos completamente diferentes, essa comparação não reproduz a realidade da

construção, pois o tempo da obra é menor no sistema industrializado, bem como o número de

mão-de-obra necessário, além de possuir uma necessidade quase nula de maquinário no canteiro

de obras. Isso faz com que o custo superior do material seja dissolvido nos demais benefícios e

economias dentro da obra.

Uma segunda hipótese diz respeito à falta de mão de obra especializada e de profissionais aptos

a trabalhar com esse sistema. Por se tratar de um sistema diferente do tradicional, a mão-de-obra

existente atualmente no mercado da construção tradicional não está adaptada a esse tipo de

construção, além do que os profissionais da área de projeto não estão familiarizados e com

informação suficiente para propor esse sistema aos clientes.

Existe ainda uma barreira cultural para edifícios que não sejam de alvenaria, que trazem a idéia

de fragilidade e de uma arquitetura repetitiva e desagradável. Isso se deve ao fato de existirem

poucos exemplos de bons projetos utilizando sistemas industrializados no Brasil. Como no caso

do LSF, os modelos de residências foram importados juntamente com o sistema vindo dos

Estados Unidos, que apresentavam uma arquitetura que não foi bem aceita no país.

4.2 Diretrizes

Foram propostas algumas diretrizes, com o intuito de aperfeiçoar os sistemas industrializados no

Brasil, não exatamente técnicas, mas principalmente nas questões de inserção no mercado.

Em relação ao custo, existe a necessidade de que sistemas industrializados sejam mais atrativos

ao mercado do que os tradicionais, para que se tornem uma escolha vantajosa às empresas da

construção civil. Isso pode ser feito principalmente com o apoio do setor público ao diminuir as

taxas sobre esses produtos, e ao oferecer vantagens ao consumidor ao optar por uma habitação

construída de forma racionalizada, como por exemplo, estabelecendo taxas de financiamento

menores.

No caso da falta de profissionais especializados, é necessário preparar a mão-de-obra para

ingressar na indústria de fabricação de componentes industrializados e para trabalhar na

montagem das edificações nos canteiros de obra. Existe a necessidade de se criar cursos de

formação profissional específicos para essa área, o que resultaria em uma vantagem para a

indústria e para o consumidor, que teria um produto final de melhor qualidade e com menores

custos. Além disso, é necessário investir no campo de formação superior, nos cursos de

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Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo. Atualmente, o número de instituições que

possuem disciplinas específicas relacionadas à construção industrializada é muito pequeno e

muitas vezes essas disciplinas não são obrigatórias. Isso faz com que o profissional recém

formado passe a trabalhar com sistemas convencionais por falta de conhecimento.

E finalmente, a questão cultural constitui uma problemática à difusão plena dos sistemas

industrializados difícil de resolver a curto prazo. A sociedade só poderá valorizar e aceitar a

utilização desses sistemas quando eles passarem a ser mais vantajosos e mais difundidos no

meio público. O papel do governo é de extrema importância para vencer essa barreira, além

influenciar na escolha do sistema por meio das vantagens financeiras, a inserção de construções

industrializadas nos projetos públicos podem funcionar como vitrines e modelos de aplicação

eficientes desses sistemas.

4.3 Conclusão

O Brasil possui grande potencial para que sistemas industrializados sejam mais empregados nas

construções do país, principalmente no caso de edificações residenciais. Possui uma produção

siderúrgica expressiva, diversas indústrias voltadas à construção civil, além de conhecimento

técnico eficiente, com universidades espalhadas por todo território. Já existem alguns exemplos

de bons projetos utilizando sistemas industrializados, como é o caso do "Refúgio São Chico",

mas que foram escolhidos muitas vezes por insistência e demanda de um cliente específico.

Portanto, faltam incentivos e informações difundidas desses sistemas, de forma que eles possam

se tornar escolhas reais no mercado da construção civil.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao apoio financeiro da FAPEMIG e da CAPES.

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