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DIREITO CONSTITUCIONAL Profª Alessandra Vieira Transcrição | Aula 02 INSS

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DIREITO CONSTITUCIONALProfª Alessandra Vieira

Transcrição | Aula 02

I N S S

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Direito Constitucional

Bom dia a todos, hoje a nossa aula é sobre direitos políticos, é uma matéria boa de trabalhar, bem tranquila, tem alguns detalhes que precisamos dar atenção no nosso conteúdo que é aquele detalhe que faz a gente errar na hora da prova, então eu costumo dizer que ela é uma matéria fácil mas tem que ter cuidado especial porque tem detalhes.

A nossa matéria está ali a partir do artigo 14 da nossa Constituição e nós vamos ver na matéria direitos políticos quem pode votar, quem pode ser votado, como que uma pessoa adquire direitos políticos no país, se ela pode perder esses direitos, quando é perda, quando é suspensão, enfim, vamos ver uma série de questões que com certeza podem ser objeto do concurso que vocês vão prestar.

(...)

Em primeiro lugar, o artigo 14 diz que a soberania popular, que é o poder do povo, será exercida pelo sufrágio em caráter universal. O que é sufrágio? Sufrágio é tanto o direito de votar como também o direito de ser votado, eu sempre comento em aula que quando eu pergunto aos alunos o que seria sufrágio, normalmente eles respondem que é o voto, na verdade, não está errado, mas não está completo, sufrágio é tanto o direito de votar como o direito de ser votado e eu sempre costumo dizer que sufrágio e voto não se confundem, porque sufrágio é o direito que nós temos, o voto é como tu vai exercer o direito que tu tem, então o sufrágio é subjetivo, enquanto que o voto é objetivo, porque ele é o instrumento desse direito que a Constituição diz que todos nós temos, então, como eu falei para vocês, o sufrágio tem que ser interpretado tanto como direito de votar como direito de ser votado. E a nossa Constituição diz que o sufrágio é universal, significa dizer, em tese, ele é concedido a todas as pessoas, independentemente de qualidades econômicas, independentemente de atributos intelectuais, ele seria, em tese, um direito atribuído a todos. Nós já tivemos no Brasil o chamado sufrágio restrito e essa restrição já foi de duas ordens, já tivemos o sufrágio restrito capacitário e o sufrágio restrito censitário. Sufrágio restrito é quando esse direito de votar e ser votado está atrelado ao cumprimento de

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alguma condição, no nosso país, se vocês lembrarem da história, a gente sabe que as mulheres nem sempre tiveram acesso ao voto, e naquela época em que as mulheres não poderiam votar, existia o entendimento de que as mulheres não teriam capacidade de escolher os seus governantes, então naquela época o nosso sufrágio era restrito capacitário. Também já tivemos uma restrição no sentido econômico, tivemos uma época em nosso país que só poderiam votar pessoas que tivessem determinada renda, determinada capacidade econômica. Hoje, como não está atrelado à questão da capacidade e não está atrelado à questão censitária, ainda mais na questão da capacidade, como é que podem na época dizer que há uma diferença intelectual entre homens e mulheres, mas enfim, era uma pouco da mentalidade machista da sociedade daquela época. Hoje, como nós não temos então essa restrição nem, em tese, intelectual ou econômica, se diz que esse direito é universal, por isso que na Constituição está escrito que o sufrágio tem essa característica.

Mas isso não é uma verdade absoluta, se nós olharmos o caso dos analfabetos, o analfabeto pode votar, mas ele não pode ser votado, então o analfabeto continua tendo uma restrição que é capacitaria.

(...)

Mas se nós observarmos essa restrição, o nosso legislador ignora isso e diz que o sufrágio é universal, e é óbvio que no concurso a gente não vai discutir com o legislador e a gente vai colocar que é universal, mas é importante que vocês saibam que ainda temos uma restrição, porque se o sufrágio é tanto o direito de votar quanto o de ser votado e o analfabeto não pode ser votado, nós ainda temos uma restrição a título capacitário.

Seguindo adiante, diz ali o artigo 14 que a soberania popular, o poder do povo, será exercida pelo sufrágio universal, que a gente acabou de estudar, e também pelo voto, que é a maior forma, maior expressão desse direito de sufrágio, e o voto tem três características que nós vamos estudar agora, o voto é direito, secreto e igualitário. Primeira questão importante então, quando a nossa Constituição diz que o voto no Brasil é direto, significa dizer que a escolha dos nossos governantes deve ser feita sempre pelo próprio eleitor, significa dizer que no meu ato de votar, nós não podemos contar com a participação de terceiros, com a participação de um intermediário. Se eu Alessandra, no dia das eleições eu não posso comparecer para votar, seja porque estou viajando ou até adoentada naquele dia, eu jamais poderia dar uma procuração para que alguém votasse no meu lugar, isso é totalmente proibido por lei, a escolha é deita pelo próprio eleitor e se o eleitor não pode comparecer, ele tem que justificar a ausência dele, mas jamais autorizar alguém para votar em seu lugar. Só que tem um detalhe importante, quando a gente diz o voto no Brasil é direto, que seria a regra geral, nós temos uma exceção, e é essa exceção que costuma cair em concursos públicos, eles colocam a frase assim: “o voto no Brasil é sempre direto, secreto e igualitário” e na verdade não é, temos uma exceção nesse caráter direto do voto. A exceção está no artigo 81, § 1º da Constituição Federal:

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.

§ 1º – Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

Então vamos supor que morreu o Presidente, morreu o Vice-Presidente da República nos dois últimos anos de mandato, aí, nesse caso, a eleição não é direta, ela é feita pelo Congresso

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Nacional. Se a vacância dos cargos ocorrer nos dois primeiros anos de mandato, aí nós vamos ter uma eleição normal, popular, na forma que nós conhecemos. Sempre que eu digo isso em sala de aula, algum aluno pergunta por que nos dois últimos anos de mandato a eleição é indireta. É porque, na verdade, a gente tem que pensar que nos dois últimos anos de mandato, pode ser muito próximo ao término do próprio mandato, então nós não temos tempo hábil para organizar uma nova eleição, imaginem que falta 3 ou 4 meses para terminar o mandato, não tem como organizar uma nova eleição, então o Congresso Nacional elege a pessoa que cumprirá o término do mandato e depois, finalizado o mandato, aí sim nós vamos ter uma nova eleição.

E tem outro detalhe que eu gosto de comentar que quando nós estudamos o artigo 81, quando estudamos a questão da sucessão presidencial, a gente sabe que, se o presidente está impedido ou acontece alguma situação com ele, ele falece, quem vai assumir é o Vice-Presidente da República, mas se o Vice-Presidente também estiver impedido, vai assumir o Presidente da Câmara dos Deputados, pode assumir o Presidente do Senado Federal, pode assumir também o Presidente do STF, então tem alunos que dizem assim: “professora não entendi, por que que essas pessoas não cumprem o término do mandato?” A gente tem que lembrar que essa sucessão é totalmente provisória, transitória, porque não pode a pessoa terminar, assumir o mandato e terminar o mandato porque a pessoa, na verdade, não foi eleita para estar ali, então ela pode provisoriamente, enquanto as eleições estão sendo organizadas, o país não pode ficar sem ter quem o comande, então nesse caso nós vamos ter essa pessoa de forma provisória até que a nova eleição seja organizada. Então é importante lembrar para vocês, nos dois primeiros anos de mandato, se por alguma razão Presidente e Vice não puderem assumir, nós vamos ter eleições diretas, eleições populares; nos dois últimos anos de mandato, a eleição é indireta e será feita pelo Congresso Nacional, por isso que não dá para dizer que essa característica do voto direto é uma característica absoluta porque temos essa exceção.

A outra característica é a sigilosidade do voto. O voto é secreto e a gente sabe que essa sigilosidade o objetivo é assegurar a liberdade de esocolha para que todos nós possamos votar sem ter medo de ter algum tipo de represália, seja no local em que nós moramos, seja no local em que nós trabalhamos, ainda sigiloso as pessoas já sofrem pressão, a gente sabe que pessoas que trabalham em determinados órgãos às vezes têm que ir pra rua fazer campanha para candidatos porque tem cargo de confiança e sabe que se mudar ali o poder a pessoa vai perder provavelmente o seu emprego, imaginem vocês se o voto fosse aberto, então a sigilosidade é para preservar essa liberdade de escolha e dar, obviamente, o direito a pessoa escolher aquele candidato que considera mais adequado. A única forma de identificação de voto que nós temos no Brasil seria, a menos, claro, que seja fraudado, é no sentido de saber que num determinado local, se eu digo assim “vou votar no fulano de tal” e aí vocês sabem qual é a seção eleitoral que eu voto, por exemplo, e aí vocês descobrem que naquela seção eleitoral não teve nenhum voto para o candidato X, então é uma forma de identificação, a gente sabe que a Alessandra não votou na pessoa que ela disse que ia votar. Eu até conheço um caso que foi muito engraçado, era um candidato a vereador por Arroio do Sal e ele era muito conhecido da família do meu marido, só que os familiares do meu marido ninguém vota em Arroio do Sal, mas ele estava fazendo campanha, fazia churrasco, todo mundo prometendo que ia votar nele, então ele tinha muitos amigos, todo mundo sabia a seção eleitoral de todo mundo porque a cidade é minúscula, aí ele não teve nenhum voto, só que aí é o curioso, nem ele votou nele, a gente não consegue entender porque a gente viu na Zero Hora, era 0 votos, então a gente não consegue entender, nem a família votou nele, nem ele mesmo (...), mas enfim.

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Uma outra coisa que eu sempre gosto de comentar, quando aquela urna eletrônica estraga a gente sempre se socorre daquela velha urna de papelão, que aquela urna tem um tamanhão padronizado em todo nosso país e se nós observarmos, ela é muito maior do que seria o suficiente para acomodar, digamos assim, os votos de cada seção eleitoral, por que que aquela urna em aquele tamanho, ela é alta e larga? Porque o raciocínio que se faz é: se a urna fosse muito pequena e estreita, na medida em que as pessoas fosse depositando votos, os votos cairiam um sobre os outros e isso permitiria, pela ordem da votação, a identificação do voto, então a ideia é que seja realmente uma caixa maior porque então os votos caem de qualquer maneira, de forma aleatória, e não tem essa possibilidade de identificação, tudo no sentido de preservar a sigilosidade do voto. O Brasil é um dos países mais copiados no sistema eleitoral, porque até que se prove o contrário, nosso sistema eleitoral é bastante seguro.

E depois, pessoal, temos ali a questão de que o voto é igualitário, o que significa dizer que ele tem o mesmo peso para todas as pessoas dentro do mesmo país, então desde a pessoa mais rica até a pessoa mais pobre, todo mundo tem exatamente o direito de votar uma única vez e esse voto ele tem o mesmo valor. Isso nos parece uma coisa até óbvia, mas é que já foi diferente no Brasil, os votos já tiveram pesos diferenciados, como nós não temos essa diferenciação, a nossa Constituição diz que é igualitário. Então o voto é direto porque não admite intermediários, sabemos que temos a exceção do artigo 81, § 1º; o voto é secreto para que a gente possa garantir a liberdade de escolha e o voto é igualitário porque ele tem o mesmo peso em todo o país. Sempre quando eu falo que o voto é secreto eu lembro que quando eu era criança, eu sempre ia junto com meus país quando eles iam votar, eu me lembro que eu sempre fui muito falante, e eu ia um por um na fila perguntando em quem eles iam votar e tinha pessoas que diziam: o voto é secreto.

Bom, a partir de agora vamos ver uma parte bem importante da nossa matéria que são as outras formas que o povo tem de participar na organização do Estado, as outras formas que o povo tem de mostrar o seu poder. Como eu disse para vocês, de forma clássica o povo mostra seu poder através do voto, mas não é a única modalidade, o povo também participa através das chamadas consultas populares, e o grande problema disso que vou comentar é que a nossa lei diz que o povo mostra o seu poder através do plebiscito, do referendo, da iniciativa popular, mas a Constituição não diz o que é o plebiscito e ela não diz o que é o referendo, ela diz o que é a iniciativa popular e lá no concurso eles colocam o conceito e pedem para o candidato identificar qual é a forma de participação popular, então agora vamos conversar sobre cada uma dessas modalidades que aí não tem como errar.

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O que seria então o plebiscito? O Plebiscito é sempre uma consulta anterior, isso é o mais importante, à aprovação de um projeto de lei, e é justamente o que vai mudar para o referendo, o referendo é uma consulta posterior, enquanto que o plebiscito, como a gente já vai entender melhor, é uma consulta anterior à aprovação de um projeto de lei. Então eu sempre cito como exemplo, a gente sabe que aqui no Brasil há uma grande discussão, pessoas que concordam e pessoas que não concordam com a possibilidade da redução da maioridade penal, tenho certeza que todos vocês já ouviram falar que existem projetos de lei que têm por objetivo reduzir a maioridade penal para os 16 anos, só que é um tema polêmico, temos uma parcela da população que é favorável e temos uma grande quantidade de pessoas que é contrária à redução da maioridade penal. Quando eu converso com colegas do direito, eu me lembro assim de várias discussões que eu presenciei entre, por exemplo, os professores principalmente da área penal e há quem defenda, e é uma grande quantidade, que não, que não vai reduzir a criminalidade, que só vai levar essa pessoa mais cedo para o sistema prisional, então que não é a solução para a redução da criminalidade, eu particularmente sou favorável, mas eu entendo, escuto e respeito as opiniões em outro sentido, porque realmente não é um assunto fácil da gente colocar um ponto na discussão. O que eu ia comentar com vocês é: como se assunto seguidas vezes volta à tona, o Congresso Nacional poderia solicitar um plebiscito para ouvir a opinião da população antes do projeto ser votado, e aí eles poderiam elaborar uma pergunta: “você é a favor ou contra a redução da maioridade penal?” E aquilo que o povo manifesta nessa consulta popular tem que ser respeitado, porque a gente está falando de poder do povo, estamos falando de soberania, então se o povo disser “não queremos a redução da maioridade penal” esse assunto não pode mais ser discutido; se o povo disser que é favorável à redução da maioridade penal, significa dizer que o Congresso colocará aquele projeto de lei em votação, não significa dizer que ele vai ser aprovado, mas significa dizer que ele segue para votação, e aí, claro que a tendência é que ele seja aprovado porque se foi feita uma consulta popular, é justamente para ouvir a opinião da população.

(...)

Uma outra coisa que eu ia comentar que é importante, antes da gente falar sobre o referendo, no plebiscito, a nossa participação ela é obrigatória porque é uma convocação do Congresso Nacional e há toda uma organização pela Justiça Eleitoral, então não é assim, por exemplo,

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aqui em Porto Alegre nós já tivemos vários plebiscitos “você é a favor de construir prédios na orla do guaíba?” Por exemplo, aquela região ali onde nós temos o pontal do estaleiro que está super bonito, aquilo ali teve um plebiscito para ouvir a opinião do povo, o que se gostaria que fosse feito aqui na orla, esse plebiscito não é obrigatório, ele é uma consulta mas participa quem quer, o plebiscito que eu estou falando é um plebiscito que está previsto no artigo 49, XV, da Constituição e ele é uma convocação do Congresso e organizado pela Justiça Eleitoral, então é uma eleição, se a pessoa não pode comparecer ela deve justificar a ausência dela.

Bom, e outra questão que eu queria comentar com vocês é o seguinte: a gente poderia ficar pensando: “mas eu não me lembro de algum plebiscito”. O único plebiscito nacional que nós tivemos aconteceu no ano de 1993, já faz muito tempo e esse plebiscito foi uma escolha entre República e Monarquia, Presidencialismo e Parlamentarismo, foram duas perguntas, era para o povo se manifestar no sentido de manter a forma e o sistema de governo ou modificar a forma e o sistema de governo. Na época eu tinha 18 anos e lembro que votei, mas lembro que foi uma coisa muito engraçada, porque a maioria das pessoas não estava entendendo nada do que estava votando, porque vocês imaginem que no nosso imaginário, principalmente eu, eu ficava pensando “tá, mas se eu votar na monarquia, então vai voltar rei e rainhas, aquela coisa toda. E o parlamentarismo, como seria o parlamentarismo no Brasil” não foi uma coisa muito explicada, não foi uma coisa amplamente divulgada, era um dispositivo que tinha na Constituição, que está lá até hoje e que obrigava, X tempo depois da Constituição entrar em vigor, que fosse ao povo se o povo gostaria de continuar com a mesma com a mesa forma e com o mesmo sistema de governo, então foi o único plebiscito que tivemos a nível nacional. Aí vocês poderiam dizer: “professora, tem alguma outra situação em que o plebiscito tenha caráter obrigatório?” Sim, é importante vocês marcarem aí o artigo 18, §§ 3º e 4º da Constituição, esses dispositivos nos dizem que sempre que um estado ou município tiver a intenção de se desmembrar para formar um novo estado ou um novo município, ou tiver a intenção de se unir a outro, uma fusão e formar um estado ou município único, é obrigatório que isso seja feito por plebiscito. Então dando um exemplo hipotético, vamos imaginar que o Rio Grande do Sul queira se desmembrar e formar um novo estado, não tem problema, o que não pode é o Rio Grande do Sul querer se separar do resto do país, que seguidas vezes a gente ouve falar, isso é proibido, agora o estado do Rio Grande do Sul sofrer um desmembramento e formar um novo estado, isso não tem problema, mas a gente tem que ter, obrigatoriamente, um plebiscito, só que esse plebiscito não é um plebiscito nacional, é um plebiscito que só vai ocorrer no estado que vai sofrer o desmembramento, não precisa o Pará se manifestar se o Rio Grande do Sul deve se desmembrar ou ficar tal e qual ele é. E também serve para quando for uma fusão, se o estado do Rio Grande do Sul quisesse se unir a Santa Catarina e formar um estado único, seria obrigatório um plebiscito tanto no RS quanto em SC para ver se a população concorda com essa fusão, isso vale para município também.

Até um cito como exemplo, talvez vocês recordem, em 2010 a gente teve um plebiscito no estado do Pará, foi bem divulgado na televisão, o estado do Pará é um estado que tem uma dimensão bem significativa e a ideia era a de que o Pará sofresse um desmembramento e formasse dois novos estados que seria Tapajós e Carajás, foi bem divulgado, porém, embora ele tenha sido divulgado amplamente na televisão, nós não participamos porque só participam as pessoas da região do Pará, e ao contrário do que as pesquisas mostravam, as pesquisas davam a entender que a população era favorável ao desmembramento do estado do Pará, e não foi o que as urnas mostraram, pelo contrário, o povo do Pará mostrou que não queria que se transformasse em dois novos estados e o estado do Pará permaneceu sendo como ele é até hoje.

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Vamos falar agora a respeito do referendo, o referendo é uma consulta que acontece depois que a lei já está aprovada, então o referendo é uma consulta popular, mas ele é realizado após a aprovação de uma lei, é o contrário do plebiscito, que ocorre antes do projeto de lei ser votado, e no caso do referendo, a lei já está aprovada, mas é uma lei polêmica, é uma lei que as pessoas estão discutindo muito, então o congresso nacional pode solicitar um referendo. Nós só tivemos até hoje um único referendo no nosso país dentro da nossa democracia, tivemos um único referendo que aconteceu no ano de 2005, provavelmente alguns de vocês devem ter votado, ele foi sobre o estatuto do desarmamento e era uma pergunta se nós éramos favoráveis ou contrários ao comércio de armas no Brasil, então é sempre importante a gente lembrar o contexto histórico daquele referendo, nós tivemos a aprovação na época do Estatuto do Desarmamento, só que esse Estatuto do Desarmamento ele tem uma artigo que ele permite o comércio de armas no Brasil, e aí na época ficou assim, o povo entendeu que a lei era contraditória, como é que o estatuto prega o desarmamento mas tem um artigo que permite o comércio de armas no Brasil, então o Congresso Nacional convocou, solicitou um referendo só que esse referendo foi apenas sobre um único artigo do Estatuto do Desarmamento, que era sobre a possibilidade do comércio de armas, e aí nós respondemos à seguinte pergunta: “você é a favor ou contra o comércio de armas no Brasil?” E a população, por sua grande maioria, se manifestou favorável, só que é aquilo que a gente sempre observa, muitas pessoas que votaram favoravelmente ao comércio de armas é pelo total desconhecimento da lei, porque as pessoas acham que “a gente está autorizando o comércio de armas”, a pessoa acha que ela vai na loja e vai comprar arma, só que não é assim, o Estatuto do Desarmamento tem regras bem rígidas, a gente sabe que elas foram um pouco flexibilizadas agora pelo presidente Bolsonaro, mas ainda continua sendo rígido, não é uma coisa assim “hoje estou com vontade de comprar uma arma” aí vai lá e compra, são pessoas que têm determinadas profissões, a pessoa tem que ter um curso, tem toda uma regulamentação por trás. Foi o único referendo que nós tivemos no nosso país. Eu me lembro quando foi aprovada a lei seca o que as pessoas queriam o referendo, lembro perfeitamente que as pessoas pediam o referendo justamente porque a lei seca é muito rigorosa na questão do consumo de álcool, e na época eu até fiquei feliz de não ter o referendo porque se é para colocar uma lei que diz que não pode beber, então não pode beber mesmo, quando tu começa com grau de tolerância...porque o efeito do álcool no corpo da pessoa ele é diferente para cada um de nós, um copo de cerveja para uma pessoa pode não fazer diferença nenhuma, agora um copo de cerveja para quem não está acostumado pode fazer muita diferença.

(...)

Vamos falar um pouco sobre a iniciativa popular. A iniciativa popular é o poder que todos nós temos de dar início a um projeto de lei, todos nós nessa sala de aula, quem está me assistindo, todos nós temos o poder de elaborar um projeto de lei, e esse projeto de lei elaborado pelo povo, que parte de uma iniciativa popular, ele pode ser encaminhado à Câmara dos Deputados para que seja colocado em votação, só que, o que é importante dizer para vocês, e é exatamente isso aqui eles perguntam em prova, essa iniciativa popular deve contar com um número mínimo de assinaturas, então para que seja realmente encaminhado à Câmara dos Deputados, nós temos que ter um mínimo de assinaturas dos eleitores. Se vocês quiserem anotar, isso é o importante, nós precisamos de, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, esse 1% dá mais de um milhão de assinaturas, esse 1% precisa estar divido, no mínimo, por 5 estados, então não pode ser um milhão de eleitores num estado só, precisamos ter esse um milhão espalhado pelo menos por 5 estados, que é justamente para mostrar que é de vários estados o interesse que aquele projeto de lei se transforme em lei, se for um interesse só do Rio Grande do Sul a gente

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faz uma lei estadual, mas para que seja uma lei que tenha valor em todo nosso país, então tem que ter vários estados que aderiram a esse movimento. E outro detalhe importante: em casa estado que participa, não pode ter menos de 0,3% dos eleitores assinando essa lista, então repetindo: 1% do eleitorado nacional, dividido no mínimo por 5 estados e em cada estado que participa, a gente não pode ter menos de 0,3% dos eleitores assinando. Então se alista passa pelo Rio Grande do Sul e só a Alessandra assina essa lista, não tem valor, porque a gente tem que ter, em cada estado, um número significativo de eleitores que aderiram àquele projeto de lei.

Isso eles colocam na prova e eles mudam os números, então, olhem só a sacanagem, eles colocam assim: “a iniciativa popular, para que seja encaminhada para a Câmara dos Deputados, deverá contar com, no mínimo, 2% do eleitorado nacional, dividido por 6 estados com não menos que 0,4% dos eleitores em cada um deles” então eles mudam nas alternativas, aí é como eu sempre digo para quem se prepara para concurso: na aula é fácil porque tu está só olhando essa questão, agora no concurso que tu mistura um monte de matéria, aí essa questão do número pesa, então esse é um detalhe que a gente tem que cuidar: 1% do eleitorado nacional, dividido no mínimo por 5 estados, com não menos de 0,3% dos eleitores em cada estado que participa. Um exemplo, nós temos várias iniciativas populares que deram certo no nosso país. Nós brasileiros, a grande maioria, claro, por tudo que acontece, tem uma explicação também, a gente é um pouco incrédulo, a gente não acredita muito nessas questões no que tange à própria política, então às vezes as pessoas dizem assim: “ah, não vou assinar essa lista porque isso aí não serve para nada” olha pessoal, nós já tivemos várias leis aprovadas que são frutos de iniciativas populares e um dos exemplos mais conhecidos é a Lei da Ficha Limpa. A Lei da Ficha Limpa, que foi aprovada em 2010, que é uma lei que trouxe uma inelegibilidade para o sistema eleitoral é fruto de uma iniciativa popular, e depois ela se transformou numa Lei Complementar, nós tivemos uma alteração na Lei dos Crimes Hediondos, isso há anos atrás (sic) por conta de uma iniciativa popular comandada pela novelista Gloria Perez junto com... na verdade, a Glriia Perez comandou e não foi nem pelo fato da filha dela que, não sei se vocês recordam, a filha da Gloria Perez, isso lá em 1992 foi assassinada pelo colega lá de novela, mas o que eu estou querendo dizer é que tivemos um caso em São Paulo que o filho de um casal de japoneses foi sequestrado e foi morte queimado no cativeiro e a Gloria Perez, com o poder que ela tem de mídia, ela ajudou essa família a encabeçar uma iniciativa popular pedindo que a extorsão mediante sequestro se transformasse em crime hediondo e nós conseguimos essa alteração, na época, na lei dos crimes hediondos. Então por isso que eu digo para vocês: a gente tem que dar uma olhada, a gente não pode ser tão descrente assim, a gente tem que olhar, ver do que se trata e fazer a nossa parte como cidadãos.

Bom, seguindo adiante, então pessoal, finalizando esse primeiro ponto, o que eu comentei com vocês até agora: que o poder do povo é exercido através do voto, de forma clássica, mas que o povo também mostra o seu poder através da participação em consultas populares, que é o caso do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular. Se na prova cair para vocês assim: “trata-se de uma consulta popular posterior a aprovação de um projeto de lei” do que nós estamos falando? Referendo. O referendo é sempre depois que a lei já está aprovada, o objetivo do povo é dar eficácia ou retirar eficácia da lei, a lei já entrou em vigor, mas como ela é uma lei polêmica, o povo se manifesta dizendo “concordamos que essa lei entre ou vigor” ou “não concordamos” o povo dá ou retira a eficácia da lei. Se eles colocarem na prova “trata-se de uma consulta popular anterior a aprovação de um projeto de lei” nós estamos falando do plebiscito, tem alguma situação em que o plebiscito tenha caráter obrigatório? Tem, no caso da fusão ou desmembramento de um estado ou de um município, então nesse caso, sempre que

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um estado deseja se incorporar a outro, ou se o estado deseja se subdividir e formar um novo estado, obrigatório que seja feito um plebiscito, mas não é plebiscito nacional, é um plebiscito que só vai ocorrer na região que vai sofrer essa alteração. E se eles colocarem na prova assim: “trata-se do poder do povo de dar início a um projeto de lei” ou “trata-se da competência do povo de dar início a um projeto de lei” nós estamos falando da iniciativa popular. Quantos % dos eleitores precisam assinar essa lista para que a iniciativa popular seja encaminhada ao Congresso? 1% do eleitorado nacional, esse 1% deve estar divido, no mínimo, por 5 estados e em cada estado que participa não pode ter menos de 0,3% dos eleitores.

A iniciativa popular, a lei que trata do referendo, do plebiscito, da iniciativa popular são (sic) muito antigas (...) são da década de 70, naquela época não existia internet, então era assinatura no papel mesmo, hoje essa iniciativa popular é feita pelo que a gente chama de petição online, então vocês já devem ter visto, até no Facebook “assine essa petição online” que daí a gente coloca todos os nossos dados e tem como se fosse uma assinatura virtual que é muito mais rápido, muito mais fácil da gente participar.

Bom, visto isso aqui então, nós vamos estudar a partir de agora o artigo 14, § 1º, que é o artigo que trata dessa questão do próprio alistamento, quais são os requisitos que a pessoa deve preencher para que seja para ela obrigatório o alistamento eleitoral e também o próprio voto.

Primeiro é importante dizer para vocês que alistamento eleitoral não é o título de eleitor, alistamento eleitoral é a inscrição da pessoa na Justiça Eleitoral e através da inscrição ela se torna um eleitor, como é que eu provo meu alistamento eleitoral? Através do título de eleitor, então o título é a comprovação do teu alistamento eleitoral. Alistamento eleitoral é a inscrição da pessoa na Justiça Eleitoral e tu comprova essa inscrição com o título de eleitor.

Aí diz ali:

§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:

I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

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É óbvio pessoal que a gente tem que saber que é obrigatório o alistamento eleitoral e o voto aos maiores de 18 anos, mas desde que eles sejam alfabetizados e tenham menos de 70 anos, porque a gente pode ter, por exemplo, uma pessoa que tenha 19, 20, 30 anos de idade e ela seja analfabeta, então para ela, tanto o alistamento eleitoral quanto o voto passam ater um caráter facultativo, como a gente já vai estudar aqui, e quando a nossa lei diz que é obrigatório o alistamento e o voto aos maiores de 18, a gente tem que lembrar que quem tem 71 anos de idade é maior de 18, mas a gente sabe que para essas pessoas também tem caráter facultativo, então ele obrigatório para os maiores de 18, desde que a pessoa seja alfabetizada e tenha menos de 70 anos.

Depois diz ali:

II – facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

Para todas essas pessoas cujo alistamento e voto tem caráter facultativo – analfabeto, maior de 70 e quem tem entre 16 e 18 anos- se essa pessoa se alista mas ela não emite o voto, não tem qualquer tipo de punição. Um adolescente, ele tem lá 16 anos e ele resolveu então se inscrever na Justiça Eleitoral e, portanto, obter o seu título de eleitor, se esse adolescente não comparece para votar, o nome dele está na lista, ele não comparece para votar, e ele não justifica a ausência dele, ele não tem qualquer tipo de punição, ele não vai pagar multa, ele não tem qualquer restrição aos direitos dele porque tem caráter facultativo. Mesma coisa para quem tem mais de 70 anos e mesma coisa para quem não é alfabetizado, quem tem mais de 70, dando um exemplo que serve para o analfabeto também, o máximo que vai acontecer é que se a pessoa não comparecer a 3 eleições consecutivas e não justificar a ausência dela, automaticamente o título é cancelado, mas não tem qualquer punição.

(...)

Dando continuidade vamos olhar o nosso § 2º.

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§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

Então aqui a nossa Constituição está sendo clara “não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros”, mas eu pergunto para vocês: temos alguma exceção? Tem algum estrangeiro que pode se alistar como eleitor no Brasil? Temos, às vezes eu falo isso em aula e algum aluno diz “sim, o brasileiro naturalizado”, mas o brasileiro naturalizado é brasileiro, para ele o voto é obrigatório, ele não é estrangeiro, para o Brasil ele é brasileiro. Pessoal, o único estrangeiro que pode ter direitos políticos no Brasil é o chamado português equiparado; o português equiparado pode ter, ele não é obrigado, ele pode ter direitos políticos no Brasil se quiser porque existe, como já mencionei, um tratado entre Brasil e Portugal e esse tratado permite os portugueses que estão aqui a conseguir uma carteira de equiparação, significa dizer, eles terão todos os direitos do naturalizado sem passar por processo de naturalização, isso por conta desse tratado que Brasil tem com Portugal, então pessoal ele pode se alistar, mas a gente tem que lembrar, ele tem os direitos do naturalizado e não os deveres, por isso que o alistamento para ele é totalmente facultativo, se ele quiser se alistar, ele se alista, se ele não quiser se alistar ele não se alista, não é obrigatório, porque ele é estrangeiro, só que ele é um estrangeiro diferenciado.

Nos concursos eles colocam a regra geral: “não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros” e vocês marquem como certo, se aparecer essa frase vocês coloquem como certo, porque o português equiparado é uma exceção em virtude de um tratado, então nas provas eles sempre colocam essa regra geral.

E diz a nossa lei que não podem se alistar como eleitores, durante o período do serviço militar obrigatório, aqueles que estiverem na condição de conscrito. Conscrito é o recruta, é aquela pessoa que está cumprindo aquele um ano de serviço militar obrigatório, nesse período de um ano, se a pessoa não tirou o título eleitoral antes, ela está proibida de se alistar eleitoralmente e consequentemente ela não pode votar também, é uma proibição, ela não tem o direito ao alistamento só naquele período de um ano, que eu já vou explicar o porquê, e consequentemente ela está proibida de votar. A razão dessa proibição é que o recruta, o soldado, aquele que está cumprindo o serviço militar obrigatório, a ideia é que no dia da eleição ele possa ficar aquartelado, ele fique de plantão no quartel porque qualquer problema que nós tenhamos nas eleições, a Justiça Eleitoral pode solicitar um auxílio dos militares. Imaginem eleições como aquela que a gente vê na Venezuela ou outros países, aquela confusão generalizada que as pessoas não conseguem nem sair na rua para votar, então pode a Justiça Eleitoral precisar do auxílio dos militares, e se todos os militares são pessoas que votam, não teria efetivo suficiente no quartel para atender à demanda da Justiça Eleitoral, então por isso que naquele ano as pessoas não podem se alistar e, consequentemente, estão proibidas de votar também. Só que tem um detalhe que é engraçado, que o nosso legislador não se deu conta: na medida em que o legislador permite que o alistamento eleitoral se dê a partir dos 16 anos, a gente pode ter uma pessoa que vai prestar o serviço militar obrigatório, mas que já está alistada eleitoralmente, aí a pergunta é: ela não pode votar? Olhem o que diz a Constituição: “não podem alistar-se” a proibição é do alistamento, então se a pessoa já está alistada, ela poderia emitir o voto, porque a proibição é apenas do alistamento, a lei não está dizendo que é proibido o voto, só que se tu não está alistado, obviamente tu não pode votar, na prática, o que acaba acontecendo é o seguinte: quando a pessoa já tem o alistamento eleitoral e é convocada para o serviço militar obrigatório, ela entrega o título de eleitor no quartel e o quartel manda a

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informação para a Justiça Eleitoral, que naquele ano a pessoa estará prestando serviço militar obrigatória e que, portanto, estará conscrita (...).

Então conscrito é quem presta serviço militar obrigatório, eles não poderão se alistar, mas apenas enquanto estiverem vivenciando essa situação, já se a pessoa engajou, seguiu carreira, aí o alistamento e o voto são obrigatórios.

Bom, visto isso aqui vamos dar uma olhadinha no § 3º, ele coloca seis requisitos obrigatórios que devem ser preenchidos para todas as pessoas que pretendem se candidatar ou para um cargo no Legislativo ou no Poder Executivo, então nós temos seis requisitos obrigatórios que devem ser preenchidos. Então primeiro, a pessoa, para poder concorrer, tem que ter nacionalidade brasileira, quem é que tem nacionalidade brasileira? Brasileiros natos e brasileiros naturalizados, o português equiparado não tem nacionalidade brasileira, mas ele tem uma equiparação, ele tem os mesmos direitos do naturalizado e entre esses direitos está o de votar e ser votado, então coloquem ali “nacionalidade brasileira, o nato, o naturalizado, mas também por equiparação, o português equiparado”. Depois temos ali que também é um requisito que a pessoa esteja no pleno exercício dos direitos políticos, significa dizer, eu só posso me candidatar se estou exercendo de forma plena os meus direitos políticos, eu não posso ter sofrido uma perda, não posso ter tido uma suspensão dos meus direitos, quando é perda e quando é suspensão isso a gente vai analisar no penúltimo ponto da nossa aula, mas eu não posso, por exemplo, estou cumprindo uma condenação criminal, tem lá a sentença transitada em julgado, fui condenada, até eu peguei uma prova que dizia assim: “enquanto a pessoa estiver cumprindo a condenação criminal, é uma faculdade dela, porque ela pode pegar uma pena de prestação de serviços à comunidade, e aí dizia que era uma faculdade dela emitir o voto ou não” não pessoal, se ela teve uma condenação criminal transitada em julgado, não importa que ela pegou uma pena alternativa, enquanto ela está cumprindo a pena, ela vai estar com os direitos políticos suspensos, é uma proibição, porque se não seria até um benefício “ah, não sei se vou votar hoje” não, é uma punição, tu não pode emitir o teu voto, isso a gente vai estudar mais para o término da nossa aula.

Terceiro: a pessoa deve estar alistada eleitoralmente, significa dizer, eu só posso me candidatar se eu sou uma eleitora, então eu tenho que provar que tenho título de eleitor para que eu possa também me candidatar, é um requisito obrigatório. Quarto, a pessoa precisa provar que ela tem domicílio eleitoral na circunscrição, significa dizer, domicílio eleitoral é o local em que está registrado o título da pessoa e o nosso domicílio eleitoral normalmente coincide com o nosso domicílio civil, que é o local em que tu mora, por que normalmente? Porque tem pessoas que se mudam e não transferem o título, eu posso, por exemplo, me mudei para Capão da Canoa, estou morando em Capão da Canoa, o que eu deveria fazer? Transferir meu título para lá, mas tem pessoas que não transferem, então teu domicílio civil agora é Capão da Canoa e o domicílio eleitoral permanece sendo Porto Alegre. Por que temos sempre que nos candidatar pelo nosso domicílio eleitoral? É para garantir que os eleitores estão votando em pessoas que são daquela região, como teu domicílio eleitoral é normalmente o local em que tu mora, coincide com o teu domicílio civil, a gente precisa que as pessoas que estão votando tenham a segurança de que elas estão votando em alguém que conhece os problemas daquele local, por exemplo, eu Alessandra, eu moro e voto em Porto Alegre, então numa eleição municipal eu só posso me candidatar por Porto Alegre. Não dá para se candidatar por Canoas? Não, porque o meu domicílio eleitoral é Porto Alegre. Numa eleição estadual, eu só posso me candidatar pelo RS, não posso me candidatar por outro estado, e numa eleição federal, aí é qualquer unidade da Federação, porque aí a representação vai ser do território nacional. Então se eu quero me

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candidatar por São Paulo, mas eu não tenho título de eleitor em São Paulo, o que eu teria que fazer? Teria que providenciar a transferência do título, só que para poder transferir o título, tu tem que provar que já está morando naquele novo local.

Então é bem o que estou dizendo para vocês, o domicílio eleitoral é para garantir que os eleitores não estão votando num aventureiro, uma pessoa que é do Rio Grande do Sul, que nem conhece São Paulo “ah mas eu acho que está mais fácil de se eleger por São Paulo e eu vou tentar lá” só que a pessoa não conhece o problema do local. E a questão também da filiação partidária, a filiação partidária é aquele espírito da pessoa votar numa ideologia porque quando tu vota e alguém, pelo menos essa é a ideia do nosso legislador, eu já vou até comentar aqui um detalhe, a ideia do legislador é que quando tu vota, tu não está votando no João porque tu gosta do João, tu está votando no João porque ele representa uma ideologia, porque ele tem uma vinculação partidária com um partido que tu acredita. Só que acontece que no Brasil essa ideologia é muito complicada, porque nós temos muitos partidos políticos, um dos nossos preceitos é o pluripartidarismo, então é tanto partido, é o Partido Social Cristão, é o Partido X, Y, que muitas vezes tu não identifica a ideologia, tu sabe o candidato, mas a ideologia tu não conhece, isso, pessoal, a tendência é mudar, como eu tinha comentado com vocês, não cai, por ora, a menos que vocês tenham uma mudança no edital, mas por ora não cai partidos políticos, como a gente tinha conversado no início da aula, mas eu digo para vocês que se vocês espiarem a matéria partidos políticos, vocês vão observar que ela teve uma profunda alteração em 2017 e hoje os partidos que podem ter direito a acesso a rádio, televisão, são partidos que cumprem determinados requisitos, requisitos esses bem rigorosos, e os partidos pequenos não vão conseguir preencher, então qual é a tendência? Que nós tenhamos a médio e a longo prazo, porque a implementação total da mudança do artigo 17 é para as eleições de 2030, então a médio e longo prazo a gente vai ter a extinção dos partidos menores, aí essa questão do pluripartidarismo, ela vai acabar sendo um pouco mais enxuta.

E depois nós temos, disparado o que mais cai em concurso públicos na matéria direitos políticos, isso aqui tem que saber de cor, eles amam a questão das idades mínimas, tem 500 mil coisas para perguntar, mas se vocês pegarem as questões de concursos anteriores vocês vão ver, é o que eles mais perguntam em prova, quais são as idades mínimas para as pessoas poderem concorrer.

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E a menor idade, eu sempre digo, é de quem tem a menor responsabilidade, então a menor idade é sempre do vereador e, por sua vez, a maior idade é de quem tem a maior responsabilidade, e, portanto, a maior idade é do Presidente da República, então a nossa lei diz que tem que ter a idade mínima de: 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e o Senador; 30 anos para Governador, Vice-Governador de estado ou do Distrito Federal; 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; e 18 anos para vereador. 21 anos é o que abrange o maior número de cargos como vocês conseguem observar ali. Então, se tem algum conselho que eu possa dar para vocês, agora a gente está tranquilo, não estamos com o concurso batendo na porta de forma tão imediata, mas se tem um conselho que eu possa dar quando sair o edital, decorem as idades mínimas, porque se cair a matéria direitos políticos é o que mais tem chance de ser perguntado para vocês.

Bom, visto isso aqui então, vamos estudar a partir de agora as chamadas inelegibilidades.

O que são as inelegibilidades? Inelegibilidade são as restrições que as pessoas têm para disputar determinados cargos eletivos e essas inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas, o artigo 14, § 4º, se vocês quiserem anotar, é uma inelegibilidade absoluta que eu já vou explicar, significa dizer, são todas as hipóteses em que as pessoas não podem concorrer a nenhum cargo político no país, elas são absolutamente inelegíveis, então as pessoas que eu vou explicar agora que se enquadram nesse artigo 14, § 4º não podem concorrer para nenhum cargo político no país, são absolutamente inelegíveis. Então vamos dar uma olhada no que diz o nosso artigo 14, § 4º:

§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

Quem são os inalistáveis? Os estrangeiros, os conscritos e os menores de 16 anos. Então se quiserem anotar: estrangeiro, os menores de 16 anos e também os conscritos são todos os inalistáveis, e junto com os analfabetos, eles não podem concorrer para qualquer cargo político no país. Aqui eu estou colocando quem é que não pode se alistar, que consequentemente não pode concorrer: estrangeiro, menor de 16 e também os conscritos, de acordo com a nossa lei, eles são inalistáveis e consequentemente eles também são inelegíveis, todas essas pessoas

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mais os analfabetos, concordam comigo, também não podem se eleger para todos os cargos políticos no país.

Agora olhem essa frase: “todo inalistável é inelegível, mas nem todo inelegível é inalistável” essa frase está correta. Todo mundo que não pode se alistar, porque o alistamento é uma condição para a pessoa poder concorrer a um cargo político, toda pessoa que não pode se alistar, que é o caso do estrangeiro, quem tem menos de 16 e também o conscrito, consequentemente não pode se eleger, concordam comigo, é inalistável e é inelegível; mas nem toda pessoa inelegível é inalistável, por exemplo, o analfabeto é inelegível, mas ele pode se alistar; quem está entre 16 e 18 anos é inelegível, mas é alistável. Então está correto dizer que todo inalistável é inelegível, mas nem todo inelegível é inalistável. Então aqui nós temos uma inelegibilidade absoluta, que a pessoa não pode se candidatar para nenhum cargo político no país.

Bom, retomando, vamos continuar com as chamadas inelegibilidades, e como eu já tinha comentado com vocês, o artigo 14, § 4º trata da inelegibilidade absoluta que são aquelas hipóteses em que a pessoa não pode concorrer a qualquer cargo político no país. Nós vamos ver agora o artigo 14, § 5º, que trata da chamada inelegibilidade relativa, tanto o § 5º, o § 6º, § 7º e por aí vai, todos eles tratam das chamadas inelegibilidades relativas.

Então o § 5º diz assim:

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.

Primeira questão que eu queria que vocês anotassem aí é que tanto o § 5º, o § 6º, § 7º, como nós vamos ver a partir de agora, só se aplicam ao chamado Poder Executivo e como eu disse para vocês, trata-se de uma inelegibilidade relativa. Então o que está escrito no nosso artigo 14, § 5º, que os chefes do Poder Executivo Federal, Estadual e Municipal, ou seja, Presidente da República, Governadores e Prefeitos só poderão se candidatar para um único período subsequente, ou seja, eles são inelegíveis para um terceiro mandato consecutivo, é nesse aspecto que está a inelegibilidade, então, como eu falei para vocês, isso só se aplica ao poder Executivo, um vereador pode ser vereador 20 vezes consecutivas, um Senador, um Deputado

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Federal, um Deputado Estadual não tem um limite de mandatos, agora, no caso do Poder Executivo, a pessoa até pode se candidatar, mas ela tem que se candidatar para um único período subsequente, ela se torna inelegível para um terceiro mandato consecutivo. E outra questão que eu queria perguntar para vocês, na verdade duas questões, pode uma pessoa que já foi Presidente da República, Governador ou Prefeito, poderá vir a ser Presidente da República, Governador ou Prefeito por uma terceira vez? O que vocês acham? O Lula já foi Presidente da República por duas vezes, ele poderia vir a ser Presidente por uma terceira vez? Pode, o que não pode é ser subsequente, o que não pode é ser consecutivo, então desde que tenhamos o intervalo de um mandato, a pessoa pode, obviamente, vir a concorrer novamente, então a proibição da nossa lei é terceiro mandato consecutivo, mas como eu falei para vocês, tendo intervalo de um período, aquela pessoa que já foi Presidente, Governador ou Prefeito por duas vezes, ela poderá concorrer novamente. No caso do Lula, claro, tem a questão da inelegibilidade, tem outras questões envolvidas, mas que ele pode concorrer por uma terceira vez, cumprindo ali as condenações, ele poderia sem problema nenhum. A proibição é terceiro mandato consecutivo.

E outra coisa que eu gostaria de comentar com vocês é o seguinte: para que os chefes do poder executivo (Presidente, Governadores e Prefeitos) venham a se candidatar novamente ao mesmo cargo, é obrigatória a desincompatibilização? O que é a desincompatibilização? É o afastamento do cargo por meio da renúncia, então o que estou perguntando a vocês é: uma pessoa que...um prefeito de Porto Alegre, ele deseja se candidatar novamente a Prefeitura de Porto Alegre, ele precisa renunciar ao mandato ou ele pode permanecer no cargo e concorrer a reeleição? Ele pode permanecer, isso é importante vocês anotarem, quando é para o mesmo cargo, não é obrigatória a desincompatibilização, que é o chamado afastamento por meio da renúncia, então os chefes do poder executivo que quiserem se candidatar para o mesmo cargo não é obrigatória a desincompatibilização, que é o afastamento por meio da renúncia. A pessoa pode permanecer no cargo e concorrer a sua reeleição.

Isso pessoal porque o nosso legislador entendeu que se existe chance da pessoa permanecer no cargo, não teria porque a gente ter uma quebra na administração pública no período das eleições, então, eu particularmente, mas isso é opinião minha, eu acho que essa regra deveria ser repensada, porque no meu ponto de vista ela acaba favorecendo o candidato, porque se a pessoa, ela já é prefeito, já é Governador, ou já exerce a Presidência do País, obviamente que a visibilidade é muito maior, e aí a pessoa permanecendo no cargo na época das eleições ela consegue, obviamente, dar mais visibilidade ainda à sua gestão. Mas a nossa lei entendeu que para não ter essa quebra da Administração Pública, a pessoa pode permanecer.

Bom, seguindo adiante então, nós vamos dar uma olhada no § 6º, e esse § 6º diz assim:

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

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A pergunta é: aonde está a inelegibilidade no § 6º? Primeiro ponto importante, isso só vale para o Poder Executivo, então o que a nossa lei está nos dizendo? Que Presidente da República, Governadores de Estado e Prefeitos Municipais que quiserem se candidatar a outro cargo, seja o cargo que for, é obrigatória a desincompatibilização, é obrigatório o afastamento por meio da renúncia, se não se afastar, não tem como concorrer para outro cargo, pode concorrer para o mesmo cargo, desde que não seja para um terceiro mandato consecutivo. Então a inelegibilidade está na obrigatoriedade do chefe do poder executivo renunciar para que ele possa concorrer a qualquer outro cargo político. E eu estou dizendo a qualquer outro cargo mesmo, não é que o outro cargo tenha que ser do executivo, pode ser do legislativo, não importa. Isso aqui até tem um exemplo aqui de Porto Alegre que é um exemplo assim que eu digo para vocês, a pessoa acabou se dando mal, eu me lembro há muitos anos que o nosso prefeito era o Jose Fogaça, aí ele quis dar um voo maior na carreira dele e ele pensou “eu vou deixar a prefeitura” aí assumiu o vice que era, na época, o José Fortunatti, “eu vou deixar a prefeitura e vou concorrer para o governo do estado” então ele teve que obedecer esse comando legal, ele teve que renunciar ao cargo de prefeito seis meses antes do pleito, só que qual foi o azar dele? Ele não ganhou as eleições, então ele não pôde voltar para o cargo de prefeito porque a pessoa renuncia, e perdeu o cargo de governador, ficou sem mandato nenhum.

Então isso é obrigatório, e é aquilo que eu disse para vocês, não importa se o cargo que a pessoa vai concorrer é do executivo ou se é do legislativo, sempre quem é do executivo tem que renunciar quando vai concorrer para outro cargo. Agora isso não acontece com o Poder Legislativo, se eu sou vereadora e quero concorrer para prefeita de Porto Alegre, eu preciso renunciar ao meu mandato? Não, eu posso continuar vereadora, até eu digo para vocês, o Nelson Marchezan, pelo que me recordo, que é o prefeito de Porto Alegre, ele era Deputado Federal, ele não renunciou ao cargo dele, ele apenas se licenciou para poder digamos, porque as eleições demanda muito do candidato, então ele se licenciou para poder concorrer ao cargo de prefeito de Porto Alegre, se ele não tivesse ganho a Prefeitura de Porto Alegre, ele voltaria ao cargo de Deputado Federal, então quem é do Legislativo não precisa renunciar ao mandato para concorrer a qualquer outro cargo, do poder Executivo tem que renunciar.

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Vamos dar uma olhada agora no artigo 14, § 7º que é o que a gente chama de inelegibilidade reflexa, que é aquela inelegibilidade que acaba respingando então nos nossos parentes.

O § 7º diz assim:

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Então vou explicar bem. (...) Primeiro vamos entender o espírito do § 7º. O § 7º vem nos dizer que sempre que nós tivermos um parente como chefe do Poder Executivo Estadual, Municipal ou Federal, dentro do local em que essa pessoa exerce o seu poder, eu não posso me candidatar a nada. Então, se meu pai é Prefeito de Porto Alegre, dentro do município de Porto Alegre eu Alessandra me tornei inelegível, eu não posso concorrer nem para o cargo de vereadora de Porto Alegre e nem para o cargo de Prefeita de Porto Alegre. “Ah professora, a senhora pode concorrer a vereadora de Canoas?” Só se eu transferir o meu título para lá, mas a minha inelegibilidade está no âmbito de Porto Alegre. “A senhora pode concorrer para Governadora, para Deputada Estadual, Deputada Federal?” Para isso não tem problema, porque para o mais tu pode, tu não pode dentro do âmbito do território que a pessoa exerce o poder. Se meu pai fosse o governador do RS, então o poder dele abrangeria todo o estado, que é o que aconteceu até com a Luciana Genro quando o pai dela, Tarso Genro, se elegeu governador do Rio Grande do Sul, ela pegou 4 anos de inelegibilidade em todo o nosso estado, então se meu pai é governador, quais são os cargos que eu não posso concorrer? Vereadora de nenhum município, prefeita de nenhum município, Deputada Estadual, Deputada Federal, Senadora e Governadora. Porque o Deputado Federal o e Senador representam o estado, então, na verdade, o único cargo que me sobraria é para a Presidência da República. E se meu pai fosse Presidente do país, aí minha inelegibilidade alcançaria todo o território nacional, porque daí o poder dele é no país inteiro. Então é importante dizer que nós temos uma exceção: a nossa lei diz assim: “salvo se a pessoa já é titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”, então dando um exemplo: eu já sou vereadora, e o meu pai agora deseja concorrer a prefeito de Porto Alegre, ele pode concorrer? Pode, porque eu sou do legislativo, eu não trago uma

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inelegibilidade para ele. E o meu pai concorreu e ganhou a eleição, então eu sou vereadora e meu pai é prefeito de Porto Alegre, na próxima eleição municipal eu posso concorrer para prefeita? Não, para prefeita eu me tornei inelegível. Mas eu posso concorrer a vereadora? Posso, porque eu já sou titular do mandato e só estou concorrendo a minha reeleição.

Então vou colocar o exemplo da Luciana Genro, se não estou equivocada, isso aconteceu nas eleições de 2010. A Luciana Genro era deputada federal e ela se candidatou novamente a deputada federal, o pai dela, Tarso Genro, concorreu a Governador do estado. Supondo que a Luciana tivesse sido eleita para deputada federal e o pai dela fosse governador, supondo porque não é o que aconteceu, numa próxima eleição estadual, ela poderia concorrer de novo a deputada federal? (...) Vou repetir minha pergunta: a Luciana Genro, em 2010, era deputada federal, primeira pergunta: o pai dela poderia concorrer para governador? Poderia, porque como ela é do legislativo, ela não acarreta nenhuma inelegibilidade para o pai dela (...). Supondo que ela tivesse ganho a eleição, ela é deputada federal e o pai dela é governador, nas próximas eleições ela poderia concorrer a deputada federal novamente? Poderia porque ela já seria titular do mandato e ela só estaria buscando a reeleição, ela teria se tornado inelegível para todos os outros cargos, exceto Presidente da República, ela seria inelegível para deputada estadual, governadora, prefeita, vereadora, mas deputada federal, que no meu exemplo hipotético ela se elegeu, mesmo o pai dela sendo depois o governador, ela poderia concorrer novamente porque ela já estaria no mandato e ela só estaria buscando a reeleição (...).

(Pergunta sobre Bolsonaro). Hoje o Bolsonaro é o Presidente, os filhos dele, nenhum era inelegível, porque quando concorreram o pai não estava no poder, ele estava concorrendo também, aí não tem inelegibilidade. No momento em que o Bolsonaro foi eleito e os filhos já estão no mandato eletivo, nas próximas eleições eles podem concorrer aos seus cargos novamente, se tornaram inelegíveis para qualquer outro (...).

E no caso da Luciana Genro na época, ela não conseguiu se eleger deputada federal, mas o pai foi eleito governador, aí ela se ralou, porque aí ela pegou 4 anos de inelegibilidade aqui no RS e 4 anos para política é muito tempo, aí ela acabou concorrendo para a Presidência da República, que foi o que sobrou.

Então se meu pai é Presidente da República, o que acontece comigo? Não posso concorrer a qualquer cargo, a menos que eu já seja titular e só estou buscando a minha reeleição. Se meu pai é Governador, quais são os cargos que não posso concorrer? Governadora, prefeita de qualquer município, vereadora, deputada estadual, deputada federal e senadora, todos os cargos dentro do âmbito do estado. Se meu pai é deputado federal, eu tenho alguma inelegibilidade? Não, eu posso concorrer porque ele é do legislativo, se meu pai fosse deputado federal eu poderia concorrer a qualquer coisa, é isso que vocês têm que cuidar na prova. E se meu pai fosse deputado estadual, eu posso concorrer ou me tornei inelegível? Posso concorrer porque ele é do legislativo, o impedimento é quando teu parente é do executivo. E se meu pai for prefeito, quais são os cargos que eu não posso concorrer? Vereadora e prefeita do mesmo município. E se meu pai for vereador eu posso concorrer a todos os cargos porque ele é do legislativo.

(...)

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Seguindo adiante, vamos dar uma olhada no § 8º que trata da inelegibilidade dos militares.

Diz o § 8º que o militar alistável é elegível, desde que atenda as seguintes condições. Quem é o militar alistável? É o militar de carreira, aquele que engajou, seguiu carreira, esse pode se alistar, esse tem obrigatoriedade de votar, não é o conscrito, o conscrito não pode se alistar. Só que, no caso dos militares, a Constituição entendeu o seguinte: se o militar tiver menos de 10 anos de carreira, como ele ainda não tem uma estabilidade funcional, ele vai ter que optar, ou ele se afasta da carreira militar e vai concorrer às eleições, ou ele permanece na carreira militar. Só que qual é o grande prejuízo, quando o militar tem menos de 10 anos de serviço e, portanto, não tem estabilidade funcional, esse afastamento é um afastamento definitivo, e aí a grande desvantagem é: se ele não for eleito, ele perdeu a carreira militar, então não vale à pena concorrer com nove anos, oito anos, é melhor a pessoa esperar fechar os 10 anos de carreira militar, a menos que a pessoa tenha muita certeza de que vai se eleger.

Agora, se ele tiver mais de 10 anos de carreira militar, aí diz ali, ele será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. Significa dizer que se ele tiver mais de 10 anos, ele permanece agregado, ele continua fazendo parte da carreira militar, mas ele está temporariamente licenciado e a grande vantagem é: se ele não conseguir se eleger, ele retoma a carreira militar. E se ele for eleito, no momento em que ele for diplomado, que é quando ele ganha, literalmente, um diploma, até a cerimônia da diplomação costuma passar na televisão e eles ganham um diploma que diz ali qual é o número de votos, qual é o cargo que eles estão assumindo, a partir de que data começa o mandato da pessoa, então, se ele for eleito, a partir do ato da diplomação, ele se aposenta, ele se torna inativo, como se fosse uma aposentadoria compulsória.

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

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Seguindo adiante, vamos dar uma olhada no § 9º.

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

Na verdade, o que o § 9º está nos dizendo é que as inelegibilidades que nós estudamos não são taxativas, elas são apenas exemplificativas, o § 9º está nos dizendo que pode uma lei complementar criar outras hipóteses de inelegibilidade, além dessas que estamos estudando aqui, então é bem importante duas coisas que vocês devem prestar atenção. Primeiro, se eles perguntarem se as inelegibilidades da Constituição são taxativas, não, elas são meramente exemplificativas. E a segunda questão que eles podem perguntar é assim, que é o que mais aparece, eles colocam na prova assim: lei ordinária poderá estabelecer outras hipóteses de inelegibilidades relativas. Pessoal, não pode lei ordinária, medida provisória, lei delegada...a competência é exclusiva da lei complementar, é isso que vocês devem anotar porque a gente pode ter outras inelegibilidades, mas a competência para a criação delas é exclusiva da lei complementar, se eles colocarem lei ordinária tem que riscar que está errado (...). Pode apenas lei complementar, que é o caso da Lei da Ficha Limpa, ela foi criada por uma iniciativa popular e ela se transformou numa lei complementar e é uma outra forma que temos de inelegibilidade (...).

O § 10º diz ali que o mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

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Quando o candidato ganha as eleições é óbvio que o mandato dele pode ser impugnado e podemos ter uma impugnação, isso acontece aqui no Brasil, infelizmente, aos montes, porque se comprova que ele usou de caixa 2, que ele abusou do poder econômico, não declarou doações que foram feitas, que ele comprou votos dos eleitores de uma determinada cidade, que ele deu cesta básica, que ele deu prótese dentária, isso acontece pessoa, eu tinha um ex-colega meu que trabalhava na Justiça Eleitoral e ele comentava das coisas que apareciam nos processos que a gente não tem ideia do que os candidatos ofereciam, a prótese dentária, digamos, é o mais comum, mas outras coisas que a gente não consegue nem imaginar que eles ofereçam para ter o voto da pessoa. Então a nossa lei está dizendo que esse mandato pode ser impugnado quando ficar provado ali o abuso do poder econômico, a corrupção ou a própria fraude, só que temos que observar, primeiro, aonde é feita a impugnação que é sempre na Justiça Eleitoral e o prazo para impugnação é de 15 dias e é contado a partir da diplomação. Eu nunca esqueço, alguns anos atrás, quando nós tivemos uma prova em Santa Catarina de um concurso que teve lá, não lembro qual era, e a Casa do Concurseiro fez um pré prova lá em Santa Catarina, aí o meu irmão que foi para dar constitucional, ele me ligou na hora que estava tendo o pré prova e ele disse assim: “mana, estamos aqui ao vivo, dá uma dica aí para os candidatos que vão prestar a prova amanhã” e eu lembro que fiquei até brava porque ele ligou sem avisar, eu estava meio dormindo, aí eu disse: deem uma olhada no § 10º porque eles vão colocar para vocês na prova assim: “o mandato eletivo poderá ser impugnado” aí vai aparecer pontinhos e nas alternativas Justiça Estadual, Justiça Eleitoral, Justiça Federal, aí depois vão perguntar “no prazo de ...” 15 dias, 10 dias, 5 dias, 3 dias, “contados a partir da...” diplomação, data da posse, dia da eleição. Vocês não têm ideia, foi exatamente a questão que caiu de direitos políticos (...).

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O § 11 diz que essa ação de impugnação de mandato corre em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se ela for uma ação temerária ou de manifesta má-fé, significa dizer, quando eu entro com uma ação impugnando o mandato de um candidato, esse processo judicial só tem acesso a ele os advogados e as pessoas envolvidas, não é um processo aberto ao público. Quando a gente lê a Constituição a gente sabe que os atos da Justiça devem ser públicos, mas aqui temos uma exceção, não é aberto ao público, é só os advogados e as partes envolvidas, uma pessoa do povo não pode chegar lá e olhar o processo. Isso porque, na verdade, muitas vezes essas impugnações são baseadas em fatos que não são verdadeiros, que não são comprovados e se todas as pessoas tivessem acesso ao processo, a imagem da pessoa seria comprometida, porque por mais que não provaram que ele ofereceu dentadura, que ele ofereceu rancho etc, as pessoas dizem “onde há fumaça, há fogo”, então a imagem da pessoa acaba prejudicada por um fato não comprovado, por isso que a lei diz que esse processo corre em segredo de justiça.

Seguindo adiante entramos no penúltimo ponto da nossa aula, esse artigo aqui é bem importante e trata da privação dos direitos políticos, quando é que é perda e quando é suspensão.

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Então o artigo 15 diz que é vedada, é proibida a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos abaixo, que a gente vai comentar. Então primeiro: é proibida a cassação, e eles adoram colocar isso em concurso que em caso de condenação criminal transitada em julgado a pessoa sofrerá a cassação dos seus direitos políticos. Essa expressão é proibida embora na mídia se use direto “foi cassado o mandato do deputado fulano de tal” porque a mídia quer vender reportagem, ela não está preocupada em utilizar o termo correto, se está na capa do jornal ou na chamada na internet “deputado fulano de tal perdeu os direitos políticos” a pessoa diz “ah, esse país não dá nada mesmo”, agora, se está escrito assim “deputado fulano de tal teve os direitos políticos cassados” aí dá uma coisa assim de “fizeram justiça” então a mídia coloca a expressão cassação, mas ela é proibida porque é uma expressão que remete à arbitrariedade, à época da ditadura, que a pessoa podia perder os direitos sem qualquer contraditório ou ampla defesa.

O grande problema do artigo [parágrafo] 15 é que ele não diz quando é perda ou quando é suspensão, aí vamos ter que verificar.

Então inciso I.

I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

Se a pessoa teve sua naturalização cancelada, significa dizer que ela voltou a ser estrangeira, logo, ela perdeu os direitos políticos no Brasil e a gente viu na primeira aula que ela pode perder a naturalização quando ela comete uma atividade nociva ao interesse nacional, então se ela teve o cancelamento de uma naturalização, voltou a ser estrangeira, portanto é caso de perda.

II – incapacidade civil absoluta;

Se nós olharmos o artigo 3º do Código Civil, ele diz quem são os absolutamente incapazes, são todos os menores de 16 anos, absolutamente incapazes são apenas os menores de 16 anos, mas o menor de 16 não vai ser a vida inteira menor de 16, ele vai crescendo e quando ele atingir 16 anos ou quando atingir 18 anos, ele vai ter direitos políticos. A partir dos 16 se quiser, a partir dos 18 em caráter obrigatório, então é caso de suspensão, porque se eu tenho 14 anos, eu estou com meus direitos políticos suspensos, eu não posso exercer por enquanto, eu não perdi os direitos, é uma situação totalmente transitória, quando eu completar 16 anos eu posso pedir os direitos políticos, é um direito que o país me dá.

III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

É bem claro: enquanto a pessoa estiver cumprindo a pena, ela está com os direitos políticos suspensos, quando ela cumprir a pena, ela retomará os direitos políticos dela, por isso que não é perda, perda é quando é definitivo, a suspensão é quando tem um caráter transitório.

Depois temos ali:

IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

O artigo 5º, VIII trata da chamada escusa de consciência, então se nós olharmos o art. 5º, VIII ele diz: “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”. Isso aqui é bem complicado, existe uma divergência, alguns autores, e é, na verdade, a grande maioria, entendem que é

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suspensão, mas existem autores que dizem que é perda. O posicionamento que predomina é o que entende que é suspensão, mas isso é complicado, porque, por exemplo, se a banca do concurso for a CESPE, tem que tentar achar uma questão recente da CESPE para ver qual é o entendimento da banca, porque a CESPE tem a tendência de dizer que é perda.

Para vocês entenderem: uma pessoa se recusa a cumprir o serviço militar obrigatório, a religião dela não permite, “eu não posso cumprir o serviço militar obrigatório”, não tem problema, será dado a ela um serviço alternativo, o problema é quando ela não quer cumprir o serviço militar obrigatório e nem o serviço alternativo, aí a pergunta é: isso é perda ou isso é suspensão? O próprio Tribunal Superior Eleitoral já disse que é suspensão porque um dia a pessoa pode mudar de religião e dizer “ah, agora eu posso cumprir o serviço militar ou até posso cumprir o serviço alternativo” então não pode ser encarado como uma punição, uma medida eterna que nunca mais, então por isso que eu falei que a maior parte da doutrina entende que é suspensão, mas há quem defenda que é perda.

E depois nós temos a improbidade administrativa, nos termos do artigo 37, § 4º, esse artigo é muito claro:

§ 4º – Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Então improbidade eu não tenho dúvidas, é caso de suspensão, porque a pessoa vai cumprir uma pena, passada aquela penalidade, ela recupera os direitos políticos dela. Então pessoal, pela leitura aqui, nós teríamos apenas um caso de perda, que é o primeiro, e todos os demais seriam casos de suspensão, lembrando que o inciso IV é polêmico e que se a banca do concurso de vocês for a CESPE, tem que pegar questões da CESPE para ver qual é o último entendimento da banca, porque de concursos antigos, anteriores, a CESPE sempre entendeu que era perda, mas isso as bancas podem mudar o posicionamento, aí a gente tem que olhar.

Finalizando a nossa aula, o último artigo que vamos olhar é o artigo 16 que trata da anterioridade da lei eleitoral, também chamado de princípio da anualidade. O que o artigo 16 está nos dizendo é que é perfeitamente possível, num ano de eleições, ser publicada uma lei que mude o processo eleitoral, não tem problema, e essa lei entrará em vigor imediatamente após a sua publicação, então no ano passado, 2018, pode uma lei entrar em vigor e mudar o processo eleitoral? Pode, não tem problema nenhum, só que a lei não será aplicada para a eleição daquele ano, ela só será aplicada para a eleição que ocorra um ano após a data da sua vigência, que é justamente para evitar que seja publicada uma lei que mude as eleições para, digamos, beneficiar alguém ou para prejudicar algum candidato, a lei entra em vigor agora, mas ela só será aplicada nas eleições que ocorram um ano depois da data da sua vigência. É o que aconteceu com a lei da ficha limpa, ela entrou em vigor em 2010, aí queriam que fosse aplicada às eleições de 2010, eu lembro que na época eu estava dando aula e eu comente com os alunos “olha pessoal, sou a favor da lei da ficha limpa, mas se ela for aplicada nas eleições de 2010 aí a gente tem que rasgar a Constituição” porque a Constituição está dizendo: a lei entra em vigor, mas ela só pode ser aplicada para as próximas eleições. Aí o STF, depois de muita discussão, se pronunciou dizendo: realmente, a lei da ficha limpa só pode ser aplicada para as eleições de 2012, que era a próxima eleição.

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Então terminamos a nossa matéria direitos políticos, até a próxima.