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  INSTITUCIONALISMO E DESENVOLVIMENTO NA MAZÔNIA. CONFLITO SOCIAL NA REGIÃO DO XINGU  ____________ _____________ _________  Josep Pont Vidal 1  RESUMO. Este artigo é fruto da pesquisa baseado no conflito social originado pelo projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu (estado de Pará, Amazônia Oriental) e do seguimento “Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável da Região do Xingu”. Parte-se de um marco analítico conceitual mais amplo que combina os postulados da corrente sociológica do Novo Institucionalismo, com a teoria da ação do Jürgen Habermas. A partir da análise da ação instrumental e estratégica dos atores  políticos, sociais e econômicos desta região caracterizada de periférica, estabelecem-se uma série de variáveis. Como conclusões se observam a preponderância de um tipo de ação segundo o tipo de atores que se trate. Palavras chave: Amazônia, hidrelétrica, Jürgen Habermas, Novo Institucionalismo, Plano Desenvolvimento Regional, desenvolvimento sustentável. ABSTRACT. This paper is the result of research based on social conflict caused by the construction of the hydroelectric plant of Belo Monte in the Xingu River (Pará State, eastern Amazonia) and the follow-up "Regional Sustainable Development Plan” of the Region Xingu. It is part of a larger conceptual analytical framework that combines the tenets of the sociological stream of New institutionalism, with the theory of action by Jürgen Habermas. From the analysis of instrumental and strategic action of the political, social and economic players of this region characterized as peripheric, a mumber of variable are set out. As a result, it is observed the preponderance of one type of action according to the type of actors involved. Keywords: Amazon, hydroelectric, Jürgen Habermas, New Institutionalism, Regional Development Plan, sustainable development. 1  Professor e pesquisador do Núcleo Altos Estudos Amazônicos (NAEA) Universidade Federal do Pará (UFPA), coordenador do Grupo de Análise de Políti cas Públicas e Sociais da Amazônia. [email protected]

Institucionalismo e desenvolvimento na Amazônia, conflito social na região do xingu

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Institucionalismo e desenvolvimento na Amazônia

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  • INSTITUCIONALISMO E DESENVOLVIMENTO NA MAZNIA. CONFLITO SOCIAL NA REGIO DO XINGU

    _____________________________________________________________________________________ Josep Pont Vidal1

    RESUMO. Este artigo fruto da pesquisa baseado no conflito social originado pelo projeto de construo da hidreltrica de Belo Monte no rio Xingu (estado de Par, Amaznia Oriental) e do seguimento Plano de Desenvolvimento Regional Sustentvel da Regio do Xingu. Parte-se de um marco analtico conceitual mais amplo que combina os postulados da corrente sociolgica do Novo Institucionalismo, com a teoria da ao do Jrgen Habermas. A partir da anlise da ao instrumental e estratgica dos atores polticos, sociais e econmicos desta regio caracterizada de perifrica, estabelecem-se uma srie de variveis. Como concluses se observam a preponderncia de um tipo de ao segundo o tipo de atores que se trate. Palavras chave: Amaznia, hidreltrica, Jrgen Habermas, Novo Institucionalismo, Plano Desenvolvimento Regional, desenvolvimento sustentvel. ABSTRACT. This paper is the result of research based on social conflict caused by the construction of the hydroelectric plant of Belo Monte in the Xingu River (Par State, eastern Amazonia) and the follow-up "Regional Sustainable Development Plan of the Region Xingu. It is part of a larger conceptual analytical framework that combines the tenets of the sociological stream of New institutionalism, with the theory of action by Jrgen Habermas. From the analysis of instrumental and strategic action of the political, social and economic players of this region characterized as peripheric, a mumber of variable are set out. As a result, it is observed the preponderance of one type of action according to the type of actors involved. Keywords: Amazon, hydroelectric, Jrgen Habermas, New Institutionalism, Regional Development Plan, sustainable development.

    1 Professor e pesquisador do Ncleo Altos Estudos Amaznicos (NAEA) Universidade Federal do Par (UFPA), coordenador do Grupo de Anlise de Polticas Pblicas e Sociais da Amaznia. [email protected]

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    Introduo Este artigo o resultado de uma pesquisa apoiada na anlise do conflito social originado pelo projeto de construo da hidreltrica de Belo Monte a ser construda no rio Xingu (estado de Par, Amaznia Oriental) inserida dentro do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentvel da Regio do Xingu depois denominado PDRS2-. O conflito se origina a partir da deciso governamental de dar luz verde para a construo da Central Hidreltrica de Belo Monte (UHB) na regio. O PDRS esteve conformado por etapas de anlise de diagnostico e de prognstico, sobre a situao presente e futura da regio e conformado por uma srie de eixos temticos. O tema que se expe neste artigo se apia na anlise do eixo poltico-institucional do projeto. Antes de entrar no debate analtico-conceitual e as correntes tericas que inspiram o projeto, o estudo posterior e sua documentao emprica, considero necessrio expor, embora de forma sucinta, uma srie de premissas nas que se apiam tanto a pesquisa como este artigo. Estas podem resumir-se em trs: os fatores que motivaram esta investigao, a delimitao espacial e territorial em que se realizou o projeto, o estudo emprico e o marco referencial analtico-terico em que se apia a pesquisa. A pesquisa surgiu a partir do acompanhamento e realizao do chamado Plano de Desenvolvimento, que conjuntamente com outros Planos de Desenvolvimento do Estado de Par, impulsionados pela Secretria de Integrao Regional (SEIR) do governo de Par, tratam de estabelecer as linhas de atuao poltico-administrativa e de gesto com vistas a um horizonte dos prximos quinze anos para a Amaznia Oriental. A principal caracterstica que diferencia este plano, o conflito social originado pela construo de uma central hidreltrica a qual, por seu impacto ambiental, social e econmico, ter repercusses estratgicas na regio e em todo o pas. Trata-se do projeto coordenado por diversos ministrios, para a construo da UHB, a qual prev alagar 440 Km2, afetando diretamente vrios municpios da regio3. Devido a seu enorme impacto na regio, j na dcada dos anos 80, surgiu um forte movimento social que questionava a viabilidade do projeto, consolidando-se posturas diversas de aceitao e de repdio entre os atores sociais polticos e econmicos da sociedade civil sobre a necessidade de realizao do projeto. Em face desta situao de incerteza, as instituies governamentais e os diferentes nveis de governo, mostraram ao longo destes anos posturas e estratgias que compreendem desde crticas construo da UHB, at o claro apoio ao projeto, considerado pelo atual governo do Presidente Lula, como prioritrio para o fornecimento de energia em nvel nacional. O estudo se insere espacial e territorialmente na regio da Amaznia Oriental, na regio do rio Xingu4. Seguindo a terminologia centro-periferia do Immanuel Wallerstein (1996), a regio da Amaznia no faria parte propriamente da periferia, mas sim da denominada reserva territorial estratgica ou espao de 2 Projeto financiado pela Secretria de Integrao Regional (SEIR) do governo de Par. 3 Como dado indicativo, a maior central hidreltrica da Europa, Alqueva, no Portugal, alaga uma extenso de 250 Km2. 4 Regio que compreende dez municpios, com uma populao de 293.088 habitantes e uma superfcie de 250.791,94 Km2 (Instituto Brasileiro Geografia Estatstica, 2007) e uma densidade de 1,23 hab/km2.

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    colonizao pioneira (CHESNAIS, 1996, p.38). Com esta especificidade, a regio faz parte da histria de penetrao do capitalismo de fronteira, com uma lgica imanente de dominao que fomentou ao longo dos ltimos quarenta anos uma disputa pela posse de terras, conflitos e contradies em reas rurais e urbanas, fundamentalmente estabelecendo uma abismal desigualdade na apropriao do espao econmico, poltico, social e territorial. Mapa 1. Situao da regio do Xingu Fonte: SEIR 2008. A anlise do processo da ao dos atores na regio apia-se em uma estratgia analtica que combina o marco terico que conforma o Novo Institucionalismo e a teoria da ao do Jrgen Habermas. O marco analtico do Novo Institucionalismo trata de explicar o processo de tomada de decises por parte dos atores polticos, e tem como pressuposto bsico a idia de que a configurao das instituies afeta o comportamento dos atores sociais. Neste evidenciam-se pelo menos trs enfoques: o institucionalismo histrico, o da eleio racional e o sociolgico, ou tambm referido como teoria das organizaes, enquanto que outros autores (PETERS, 2003), consideram a existncia de pelo menos sete enfoques. Na corrente normativa, se acentua o papel dos atores polticos e das instituies como formadores de bons cidados. A corrente histrica, acentua o papel de decises histricas, as quais tm influncia no desenvolvimento das instituies. Finalmente, a corrente sociolgica resulta de uma sntese das anteriores, embora questione o determinismo histrico dando nfase nas influncias do contexto social. Parte-se principalmente da sntese da perspectiva sociolgica e a histrica. A perspectiva histrica bsica para a compresso sobre o funcionamento das instituies e as agncias governamentais e a ao estratgica dos atores frente e dentro delas, posto que estas so tambm produto da ao dos atores. Trata-se de uma regio em que a presena do Estado se manifestou com umas instituies longnquas e alheias aos problemas cotidianos da populao e pela construo de algumas infra-estruturas que no contriburam a criar uma cidadania, mas sim esta, frente a projetos inacabados como a atuao da Superintendncia da Amaznia (SUDAM), esteve historicamente excluda de tais processos, favorecendo a emergncia de atores econmicos que orientaram sua ao enchendo o vazio e a ausncia deixada pelo Estado e as instituies governamentais (PINTO, 1980; COSTA, 1992; BRITO, 1998). Nesta situao, surge indevidamente a questo sociolgica de que forma surge a ordem social? O interacionismo simblico do Berger e Luckman (1988) interpretam-no como um aspecto interno da dinmica da sociedade: a ordem social um produto humano, ou mas exatamente, uma permanente produo do homem (ibidem, p. 80). Seguindo esta linha de argumentao, as origens da institucionalizao se apia em que toda atividade humana tende a converter-se em habito (ibid. p. 82). Podemos afirmar pois, que as instituies so produto de uma srie de hbitos que resultaram teis por parte dos atores? Para os interacionistas haver institucionalizao sempre que se produza uma tipificao recproca das aes, convertidas em hbitos de um determinado tipo de atores (ibid. p. 84).

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    O estudo se inspira na corrente sociolgica do Novo Institucionalismo, embora a meu entender, o enfoque sociolgico tradicional carece ainda de uma certa limitao ao compreender a ao social como aspecto secundrio. Esta dimenso se aprofunda, a partir da teoria da diferenciao que realiza Jrgen Habermas (1984) entre ao racional e a interao social (ao estratgica). Sob o trmino ao racional distingue a sua vez, entre ao instrumental e ao estratgica. Enquanto que a primeira se refere ao de um s ator que calcula racionalmente os meios para alcanar um objetivo, a segunda refere-se coordenao de mais de um ator para alcanar um objetivo. A ao estratgica se apia em uma racionalidade dirigida aos fins, na qual o ator procura o xito de suas aes. Por outro lado, a ao comunicativa, entende-se em que: os participantes no se orientam principalmente para seu xito; perseguem suas metas individuais com a condio de que sejam capazes de harmonizar seus planos de ao sobre a base de definies comuns das situaes (HABERMAS, 1984, p.286). A harmonizao de sua ao por meio de discursos e a busca do consenso surge como elementos centrais. No conflito entre os atores da regio estudada, parte-se das seguintes questes orientadoras. A ao que os atores da regio desenvolvem se trata apenas de uma ao estratgica orientada somente a alguns fins especficos? A segunda, gira entorno questo, com a implementao do PDRS, conseguiu-se estabelecer um mnimo de harmonizao na comunicao entre os diversos atores? Ou pelo contrrio se prefere a soma zero, antes de possibilitar acordos de cooperao entre os atores. A terceira questo fundamenta-se no individualismo metodolgico e na soma zero de opes dos atores, neste caso frente ao de impulsionar desenvolvimento sustentvel na regio. Durante dcadas, o papel individualista e egosta dos atores, especialmente os atores econmicos, conduziu a uma situao de falta de dilogo para consensuar alternativas. A ao de desmatamento ilegal por parte de empresas madeireiras deixaram imensas reas de bosque tropical ao borde do colapso ecolgico, sem que nenhuma organizao empresarial se pronunciasse ou denunciasse tal situao. A partir de inumerveis denncias, a presso das ONGs e setores da sociedade civil, diferentes instituies e agncias federais iniciaram a operaes de fiscalizao e controle das exploraes florestais, no momento que os empresrios causadores desta situao, anunciam o desejo de um desenvolvimento sustentvel da regio. Como postula a eleio racional, surge a questo: estes empresrios atuam de free-rider ou de parasita, em um momento em que no tm outra alternativa que a de unir-se opo do desenvolvimento sustentvel? Optou-se por uma metodologia qualitativa, ao ser esta especialmente apropriada para o estudo das instituies e dos atores sociais, selecionando a anlise de estudo de caso estendido (APPENDINI & NUIJTEN, 2002, MITCHEL, 1983). Como tcnica de obteno de dados se realizaram entrevistas semi-estruturadas apoiadas por conjunto de dados procedentes de questionrios5. A utilizao de mtodos

    5 Realizao de 25 entrevistas semi-estruturadas a atores sociais, econmicos e polticos, as quais foram sobrecarregadas e transcritas em sua totalidade, somando um total de 30 horas. Anlise de 15 questionrios entre atores sociais e econmicos durante o ms de outubro de 2008.

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    qualitativos permitiu conhecer o contexto histrico e atual e obter informao sobre diversas dinmicas de mudanas institucionais e de ao dos atores. O escrito consta de trs partes. Primeira, o institucionalismo na Amaznia Oriental; segunda, os atores sociais e institucionais da regio do Xingu; terceira, a atitude e estratgias institucionais. Neste item se expem quais variveis conformam a parte emprica do estudo. Institucionalidade na Amaznia Oriental A regio do Xingu, como toda a regio Amaznica, caracteriza-se pelo baixo nvel de institucionalidade ou frgil institucionalidade (MEDELLN TORRES, 2004, p.45), evidenciando-se em maior ou em menor intensidade conforme se trate de reas urbanas ou rurais, no grau de racionalidade no poder e execuo de polticas. Historicamente, o Estado brasileiro se caracterizou por sua ausncia na regio, criando-se somente instituies de orientao desenvolvimentista que permitiam a gesto burocrtica desde outros centros do pas e correspondendo a um conjunto de agentes sociais e a uns interesses relativamente alheios aos interesses sociais da Amaznia (CASTRO & HEBETTE, 1989; CASTRO, MOURA e S MARIA, 1995; BECKER, 2005). Somente a partir da dcada de 1940, comea-se a registrar uma interveno planejada do Estado na regio Amaznica. O contexto burocrtico autoritrio militar de finais dos anos 60 contribuiu perpetuao da falta de garantias trabalhistas e a perpetuar formas de explorao da mo de obra de carter pr-industrial. A experincia desenvolvimentista das dcadas dos anos 1960 e 1970 iniciada com a denominada Operao Amaznia, foi uma interveno do Estado mais significativa, no sentido de planejar, executar e coordenar a expanso de estruturas sociais e produtivas capitalistas (BUNKER, 1985, p.78, apud. BRITO, 1998). Esta situao foi determinante da pouca tradio na resoluo de problemas a partir do dialogo social e o consenso, que se reflete na atualidade na violncia existente e na quantidade de homicdios de carter social e poltico ocorridos. Nesta regio se constituram fortes grupos e lobbies de carter extrativista, empresas agropecurias e madeireiras, as quais dificultaram o desenvolvimento de agentes sociais e de dilogo consensuado. Para levar a mo de obra suficiente para colonizar a regio, criou-se a Superintendncia do Abastecimento do Vale Amaznico (SAVA), a qual tinha como prioridade oferecer ajuda aos trabalhadores recm chegados de outros estados do Brasil, e incentiv-los a que cultivassem mantimentos para sua auto-sustentao. Alguns anos mais tarde, em 1952 se fundou a Superintedncia do Plano de Valorizao Econmica da Amaznia (SPVEA), a qual teve pouco xito, devido aos limitados recursos econmicos federais disponveis e a problemas de funcionamento interno. Nos anos seguintes Planos Qinqenais foram os responsveis por construo de grandes infra-estruturas, como a rede de estradas e o apoio aos plos agropecurios. A reformulao e reestruturao do Estado coincidiram com o processo constitutivo de aprovao da Constituio de 1988. Durante o primeiro mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso, teve incio uma profunda reforma do Estado e da administrao pblica que teve como conseqncia imediata os

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    ajustes estruturais. Estes se manifestaram na abertura comercial, o saneamento das finanas pblicas e a reestruturao do setor paraestatal. Durante esta dcada se fundaram agncias de desenvolvimento para as regies com menos desenvolvidas: Superintendncia da Amaznia (SUDAM) e a Superintendncia do Nordeste (SUDENE). No caso da SUDAM, o Banco da Amaznia (BASA) foi o encarregado do financiamento dos projetos, sendo a agncia responsvel no s pelo estabelecimento de linhas de ao, mas tambm pela coordenao do desenvolvimento. Durante a seguinte dcada dos anos 90, a SUDAM mostrou sua ineficincia chegando a sua quebra e posterior dissoluo por decreto governamental. Ante o vazio deixado pela SUDAM, fundou-se a Agncia Desenvolvimento da Amaznia (ADA), cuja curta vida se refletiria em sua dissoluo e a refundio no ano 2008, da Nova SUDAM. Esta ainda por demonstrar, se esta nova agncia ter capacidade para impulsionar projeto de desenvolvimento e se est realmente blindada contra as aes de desvios ilegais como aconteceu nas extinta agncia. Diversos estudos (BUNKER, 1980), mostram que a poltica agrria da Amaznia se viu afetada por impedimentos burocrtico-institucional, devido ao desempenho de instituies como a SUDAM e o Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA). Segundo Bunker, a superposio de objetivos entre as duas agncias teve como conseqncia um aumento dos custos, que repercutiram negativamente para a populao de pequenos camponeses. Nos projetos de desenvolvimento, as instituies burocrticas atuaram desvirtuando a funo modernizadora pela qual foram concebidas. A concluso a que chega o autor, a existncia de disfunes nos rgos do Estado que no permitem condies para modernizar a agricultura. Apesar das medidas iniciadas pela mobilizao da cidadania e as polticas sociais implementadas paulatinamente pelo Estado, conformaram-se um conjunto de polticas que ainda no conseguiram alcanar a universalizao, especialmente a populao rural. Em relao s instituies estatais, na primeira dcada do sculo XXI, diversas Secretrias do governo estadual se encontram ainda em um processo de redefinio de funes, como o caso da Secretria Especial da Cincia Tecnologia e Meio Ambiente (SECTAM), durante o mandato do Partido Social-Democrata Brasileiro (PSDB). Segundo Rocha e Barbosa (2003, p. 75):

    sua ao tambm prejudicada pela falta de definio e diviso das obrigaes entre os rgos ambientais municipal, estadual e federal (que a principio deveriam atuar de maneira coordenada e complementar), o que acaba criando sobreposio de responsabilidades na atuao dessas agncias e, muito mais freqentemente, pontos cegos, nos quais nenhum nvel governamental se faz presente

    Diversos indicadores e prticas de gesto apontam que o atual governo estadual da Partido dos Trabalhadores (PT) do estado de Par, esta reorganizando as funes e objetivos da SECTAM, para uma maior eficincia e eficcia em suas aes. As instituies so produto tambm de diversas formas culturais. A ordem social como as instituies, surge segundo Berger e Luckmann- da produo permanente do ser humano. Neste contexto, analisam-se as circunstncias que motivaram populao a estabelecer-se na regio, a interao cultural que teve lugar

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    e a correspondente atuao das instituies. Grupos religiosos como a Pastoral da Juventude assim interpreta esta situao:

    (...) porque as pessoas que chegaram aqui, embora com diferentes culturas, costumes diferentes, esta gente sofreu um abandono expressivo por parte do estado. Chegaram e lhes entregaram terras. Com isso as pessoas tinham a terra, mas no tiveram as condies para viver dela. Como conseqncia, as pessoas se juntaram, se ajustaram e se agruparam para sobreviver.

    Plano de Desenvolvimento Sustentvel e Hidreltrica de Belo Monte O Plano do Desenvolvimento Sustentvel (PDRS) faz parte de uma estratgia mais ampla promovida pelo Governo Federal, a qual toma como referncia os instrumentos de planificao federal, e especialmente o Plano Amaznia Sustentvel (PS). Este Plano apia-se na premissa de impulsionar um novo modelo de desenvolvimento para a Amaznia a partir da valorizao das potencialidades naturais e socioculturais. Para a realizao deste plano o governo do estado de Par subdividiu a regio em 12 regies de integrao, incluindo a Regio Metropolitana de Belm, subdiviso que serve de apie para a descentralizao administrativa impulsionada pelo governo atual do Partido dos Trabalhadores (PT) no estado. A deciso governamental de iniciar PDRS na regio do Xingu no fortuita, mas sim esta estreitamente vinculada deciso governamental de iniciar as obras de construo da UHB. O PDRS, compreende uma srie de aes estruturantes para a regio, como os programas impulsionados pelo governo federal o Plano Plurianual 2004-2007 (PPA), e o projeto Territrios da Cidadania6 e o programa do governo do estado Par Terra de Direitos, programas integrados dentro da Poltica Nacional do Desenvolvimento Regional (PNDR) e que compreendem aes conjuntos de diversos ministrios federais. Este Plano compreende uma srie de aes em diversas escalas que determinam a ao das instituies e os respectivos papis que exercem: nvel nacional, macro-regional, sub-regional e intra-urbano. Na regio do Xingu, os recursos econmicos provm do nvel sub-regional, enquanto que a realizao destas aes provm de recursos especiais como os Fundos do Desenvolvimento Regional do Nordeste e da Amaznia. O PPA, do governo federal orienta o planejamento a gesto da administrao pblica durante quatro anos, estando em vigor o perodo compreendido entre os anos 2003 aos 2007 e organizando programas para que sejam alcanados os objetivos centrais da Orientao Estratgica do Governo. Inserida nestes programas se encontra o projeto de infra-estrutura central da hidreltrica de Belo Monte, cujo projeto se remonta aos meados da dcada dos anos 1970. Em 1980, a empresa de participao estatal Eletronorte7 props a construo do Complexo Hidreltrico da Altamira, com a construo de trs centrais com uma capacidade total de 17,6 megawatios. Desde esta dcada os diversos governos tentaram iniciar as obras iniciando uma batalha tcnica, jurdica poltica e scio ambiental sobre a viabilidade do projeto. A

    6 O programa se estende a 60 territrios por todo o pas, participando 19 Ministrios federais. 7 Empresa Centrais Eltricas do Norte do Brasil S/A, ELETRONORTE, sociedade annima de economia mista.

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    construo da hidreltrica tem um impacto direto sobre 3.500 famlias, que compreende 2.000 famlias de bairros da cidade da Altamira, 800 da rea rural da cidade de aclama do Xingu, 400 ribeirinhos, muitos deles pertencentes a diferentes etnias indgenas, alm de outras 1.400 famlias que se encontram ameaadas pela construo. A estas cifras, acrescentam-se vrios milhares de famlias que sofrero um impacto indireto por causa das obras, o aumento de trfico de caminhes e maquinaria pesada por suas terras de lavoura. Atores na regio do Xingu A regio esta composta por uma grande diversidade de atores sociais no governamentais. Diversos autores (VELASQUEZ; VILAS BOAS; SCHARTZMANN, 2006, apud. AGUIAR, 2005) constatam a existncia de cinco tipos de atores na regio do Xingu:

    - Fazendeiros, proprietrios de grandes e meias exploraes (tamanho superior a 2.500 ha., existindo exploraes de mais de 50.000ha. de extenso). A maioria dos boiadeiros desenvolvem atividades agropecurias, embora a partir de denncias tambm surja atividades ilegais como a grilagem8, trabalho escravo e desmatamento ilegal. - Colonos. Trata-se de pequenos agricultores que vivem a partir de atividades ligadas agricultura de subsistncia. As propriedades variam de 50 ha. (como meia) a 100 ha., algumas destas propriedades alcanam as 300 h. - Colonos que no utilizam mo de obra externa. Trata-se de produtores rurais que desenvolvem atividades associadas criao de gado e a especulao de terras. A extenso das propriedades varia entre 100 e 2.500 ha. - Populao ribeirinha, pouco numerosa e se localiza nas margens do rio Xingu e de outros menores como o Iriri, Curuar. Vivem nas reservas do rio Irir, do Riozinho do Anfrsio e nas reas da Estao Ecolgica Terra do Meio e no Parque Nacional d Serra do Pardo. - Populao indgena: Vive basicamente nas nove terras indgenas, alm das terras dos kayap, nas margens do rio Xingu.

    Esta classificao, de carter generalista oferece uma viso sobre os atores da rea rural, sem especificar outros atores sociais e polticos. Outros autores e estudos indicam a existncia de outro tipo de atores sociais, mas tradicionais e atuantes da regio e nos municpios, como: comunidades indgenas, boiadeiros, empresas madeireiras, Igreja catlica, Igrejas evanglicas, sindicalismo rural, associaes de pequenos agricultores, ONGs ecolgicas, empresariado urbano local e os militares (Relatrio, PDSBM, 2002). O relatrio inclui como atores mais importantes: os grandes proprietrios de terra, particularmente boiadeiros, as empresas madeireiras e o Movimento para o Desenvolvimento da Transamaznica e Xingu (MDTX). A estes atores se pode acrescentar a Fundao Viver, Preservar e Produzir (FVPP). A partir destas classificaes se estabelece uma tipologia sobre os movimentos sociais, como atores de mudana:

    8 Apropriao indevida de terras pblicas atravs da falsificao de documentos.

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    - Movimento Pr-Belo Monte e Desenvolvimento Sustentvel da regio do Xingu. Surge a partir do movimento contra a construo da UHB. O movimento tem na coordenao o Comit Pr-Belo Monte, composto por 170 entidades. Desde sua criao se realizaram diversas manifestaes e aes. Entre as reivindicaes est a retomada de estudos de impacto para a construo da central hidreltrica, a elaborao de uma poltica para o setor florestal, o asfaltamento das estradas federais, a conservao das estradas vicinais, o zoneamento scio-econmico, e o ordenao fundirio. - Movimento Xingu vivo para Sempre. As origens deste movimento se remontam em meados da dcada dos anos 80 a partir do I Encontro dos Povos Indgenas (Altamira) e com a primeira proposta de construo da hidreltrica. Desde esta dcada, o movimento teve fases de mobilizao dependendo dos projetos e a retomada de construo da central hidreltrica. O atual momento de revitalizao do movimento se remonta a princpios de 2008, na ocasio do encontro Xingu Vivo para Sempre, com representantes das populaes indgenas, ribeirinhas, extrativistas, dos agricultores e agricultoras familiares, dos moradores da cidade, dos movimentos sociais e das Organizaes No Governamentais da foz do rio Xingu, para discutir e avaliar o projeto de construo da hidreltrica. Este movimento formado por 60 entidades e associaes da sociedade civil. - O movimento de Mulheres surge a princpios da dcada dos anos 1990. Compe-se do Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira Campo Cidade (MMTACC), Movimento de Mulheres Maria Maria (MMM), Instituto Feminista para a Democracia, e o Frum de Mulheres da Amaznia Paraense. - Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), representa um amplo movimento em nvel federal com importante implantao e mobilizaes no estado do Par. Este Movimento est vinculado a outros movimentos sociais, como o Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH). Em relao s redes, constata-se a existncia das seguintes redes formais: Grupo Trabalho Amaznico (GTA), o Frum da Amaznia Oriental (FAOR) e a RECEPARA, esta ltima de carter educativo9. Atitude e estratgias institucionais Como instituies se entendem neste estudo o governo local, estadual e federal, as respectivas autarquias, todo tipo de organizaes, sejam altrustas, Organizaes No Governamentais, comerciais ou empresariais e as de carter social e religioso. Estabelecem-se trs variveis principais: a primeira, referente ao estratgica das instituies e atores, a segunda, referente definio comum entre os

    9 A maioria de Organizaes No Governamentais da regio faz parte de redes nacionais como o Frum Brasileiro do ONGs e Movimentos Sociais para ou Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS).

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    atores, frente a diversas situaes, e a terceira, referente harmonizao de aes para o desenvolvimento da regio. Ao Institucional Neste artigo se entende por ao institucional, a ao instrumental e estratgica empreendida pelas instituies e entidades da sociedade civil, estabelecendo-se nos nveis federal, estadual, regional e local. No mbito federal, a colaborao entre o IBAMA, a Policia Federal e a Fora Nacional da Segurana deu incio em 2008, Operao Arco de fogo, a qual tinha como objetivo combater a explorao ilegal de madeira, assim como tambm desmascarar grupos de extermnio e o trfico de drogas. Para isso foram fechadas e multadas vrias empresas e serradoras ilegais de madeira na regio do Xingu e em outras regies amaznicas10. Estas medidas de fiscalizao e controle necessrias desembocaram em uma onda de protestos de grupos de empresrios e de trabalhadores desempregados das empresas fechados em diversos municpios da regio que s arrefeceram com o envio urgente de tropas especiais da Polcia Federal. A reao da sociedade civil organizada, grupos ambientalistas, movimentos sociais se mostrou crtica frente a esta operao governamental. No governo local, o Secretrio de Administrao do governo municipal da Altamira afirmou:

    Eu no concordo com a operao arco de fogo, porque feriu a dignidade do povo daqui. O INCRA nunca foi eficiente e eficaz. Te dou um salrio mnimo, comida e te trago aqui para morrer. Antes de tudo necessrio fazer preparao, com toda existncia tcnica, para voc produzir

    Frente s crticas recebidas pelos agentes sociais, o governo ps em prtica a comeos de 2009 a operao Arco verde, a qual tem como objetivo oferecer alternativas tcnicas sustentveis e de capacitao, para a explorao racional dos recursos naturales. No municpio da Altamira, existem escritrios e representao dos rgos federais e estaduais governamentais especializados em questo agrria e meio-ambiental. Entre estes o Instituto Nacional de Reforma Agrria (INCRA), o Instituto Brasilerio do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA), trabalho dos quais questionada pelos atores sociais. No estudo do Barbosa & Rocha (2003:72), destaca-se:

    sua ao tambm prejudicada pela falta de definio e diviso das obrigaes entre os rgos ambientais municipal, estadual e federal (que a principio deveriam atuar de maneira coordenada e complementar), o que acaba criando sobreposio de responsabilidades na atuao dessas agncias e, muito mais freqentemente, pontos cegos, nos quais nenhum nvel governamental se faz presente

    10 Somente na regio do Xingu, foram detidas 19 pessoas e apreendidos 39.000 m3 de madeira serrada de forma ilegal. No municpio da Tailndia, era destrudos 107 fornos para a produo de carvo vegetal e na Altamira foram confiscadas 18.500 H. de bosques j destrudos

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    No mbito do estado de Par, a Secretria Integrao Regional (SEIR), participa do Grupo do Trabalho Interministerial (GTI). Estes rgos governamentais impulsionam a implementao do PDRS, a partir de um processo de consultas publicas. O processo compreende a elaborao de um diagnstico e um prognstico de gesto, alm disso, consultas pblicas nos principais municpios da regio. As consultas levantaram fortes expectativas entre a sociedade civil, especialmente nos aspectos de desenvolvimento sustentvel e a reforma agrria da regio, como manifesta a Pastoral da Juventude:

    Um instrumento poltico que comea a se articular em todo Brasil em parceria com a Via Campesina e trabalhando nesse processo que a Via vem construindo no Brasil, desenvolvimento sustentvel, a reforma agrria pelo MST, o MAB na questo dos atingidos por barragens, trabalho de base e ns somos, na Consulta Popular um instrumento poltico da Via.

    Nas consultas, realizadas durante o ms de fevereiro de 2009, discutiram-se diversos temas em grupos de trabalho e o prprio PDRS, estabelecendo uma srie de prioridades de ao. A participao da sociedade civil nestas consultas foi desigual, dependendo do municpio e das temticas abordadas. O projeto da UHB de Belo Monte foi considerado o mais conflitivo nessas discusses. A finalidade do PDRS foi estabelecer linhas de desenvolvimento para sua execuo em polticas pblicas para a regio. No entanto, um aspecto que preocupou a sociedade civil e a populao em geral foi o impacto que poderia causar a construo da UHB. No mbito local, atores semi-institucionais como a Pastoral da Juventude, questionam a forma em que foi levada a cabo a operao policial governamental:

    Porque teve a operao Arco do Fogo aqui, o Estado veio com a mo repressiva. E simplesmente parou o processo, mas no tem nenhuma poltica de contraponto a isso. A regio, as cidades aqui prximo de Altamira pararam. Ento pensar em outras formas e regularizar esse processo de extrao de madeira, estes so atores importantes que no podemos esquecer deles.

    O Sindicato dos Professores (SINTEPP) critica esta ao e se estende inclusive ao papel e funo de instituies como o IBAMA: Ns estamos discutindo a questo da operao Arco de Fogo. Veio o IBAMA e disse que a partir de hoje no podemos seguir fazendo isto ou aquilo. Esta proibido queimar. Mas, o que fazer ento?. Mas concisas so as critica realizadas pelos atores econmicos como a Associao das Indstrias Madeireiras da Altamira. (AIMAT):

    O IBAMA no est aqui como fabricante de multas, ele no esto aqui s para repreender, ele est aqui pra educar, pra ensinar. Mas, no entanto, no isso que acontece. Temos, por exemplo, essa operao Arco de Fogo, Guardies da Amaznia que s vem aqui pra repreender. Ns temos propostas

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    Segundo os empresrios Eles nunca vo acabar com a ilegalidade, se eles primeiro no se legalizarem e o fazem cooperando conosco, ampliando a critica at o governo federal e estadual: Desde que o PT assumiu o poder, meteu-se e moveu tantas coisas que no conseguiu solucionar nada. Na atualidade s existe uma palavra proibio. Deveria estar proibido proibir. Absolutamente tudo aqui est proibido e ningum chega com solues. Ao estratgica orientada ao xito A Ao estratgica se apia na racionalidade do ator dirigida a procurar realizar seus objetivos levando em considerao outros atores. Na regio estudada se manifesta especialmente no trabalho em rede e na busca do consenso entre diversos atores. Entre as autarquias, o INCRA coopera a nvel regional com a sociedade civil e entidades empresariais como a Comisso Executiva do Plano para o Cultivo do Cacau (CEPLAC), e o Instituto Empresa da Assistncia Tcnica (EMATER), com o objetivo de implementar a reforma agrria. O Programa Nacional de Incentivo Agricultura Familiar (PRONAF) surge como determinante para a concesso de crditos:

    Ns temos parceria com os rgos aqui da regio, EMATER, CEPLAC, inclusive convnios em termos de assistncia tcnica com a EMATER, e ns temos parceria com os bancos, que so os agentes financiadores, o INCRA que repassa recursos pra essas entidades pra PRONAF e pra fins de crditos. Ento nossa parceria aqui muito intensa com os rgos daqui da regio n, com as organizaes sociais tambm, sindicatos, associaes.

    A finalidade desta ao a implantao da reforma agrria na regio. Similar a ao da Fundao Nacional do ndio (FUNAI), a qual participa de outras redes como o Conselho Missionrio Indigenista (CIME): Participamos de colaborao com todas as entidades. Entre os atores semi-isntitucionais, a Pastoral da Terra (CPT) e os sindicatos colaboram regularmente com outros movimentos: No sul de Par se encontra, o Movimento da Via Camponesa (MBA), e o Movimento dos Sem Terra, o CIME, MBA, os movimentos das mulheres, na Altamira tambm j esto alguns deles (Pastoral da Terra). No caso do Sindicato dos Professores do Par (SINTEPP):

    Estamos ligados aos movimentos sociais e ns trabalhamos com, embora haja todas as divergncias polticas e ideolgicas, mas ns aglutinamos foras junto aos movimentos sociais aqui, trabalhamos com a prelazia do Xingu, o movimento de mulheres, o movimento negro, a fundao viver, produzir e preservar, a Universidade Federal tambm.

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    O objetivo da cooperao a consecuo de interesses comuns: colaboramos com aquilo que tenha interesses comuns a ns, situamo-nos dentro dos movimentos sociais (SINTEPP). Para a Fundao Viver Produzir e Preservar, o objetivo final a consolidao da rede: A idia no dispor de uma estrutura regional grande, a no ser dispor de uma rede que tenha laos fortes, e por isso necessrio especializar-se para ter laos fortes. No obstante, as redes informais isoladamente no conseguem aglutinar de forma continuada a sociedade civil, motivo pelo qual se tenta institucionalizar o frum:

    Na esfera assim, local, municipal, as entidades criadas l pro frum que a gente faz a discusso, onde ta o sindicato, o movimento de mulheres, a associao da radio comunitria, que tambm foi criada pela fundao, a associao de pais de l da casa de agricultura familiar, outro projeto que a gente mantm isso um frum. Esse frum, ele se amplia s vezes dentro do municpio, por exemplo, dependendo da capacidade de articulao dos atores envolvidos com o governo local, com a prefeitura, com os rgos de governo, EMATER, CEPLAC, INCRA

    Agncias e instituies federais como a FUNAI detectam insuficincias no poder municipal: O nvel municipal, dbil, muito dbil. No tem alternativas. Na gesto municipal anterior se observava muito trabalho e emprego. Hoje em dia, s vejo desemprego. Muito fraco. Diagnostico semelhante procede da agncia federal INCRA: Penso que se teria que realizar uma melhor cooperao com o governo do Estado, os prefeitos junto com o governo federal, porque uma regio muito necessitada de infra-estrutura, alm de ser uma rea territorial muito grande. A empresarial Associao Comercial Industrial e Agropastoril (ACIAPA) questiona o papel de vazio institucional:

    A dificuldade maior que eles no tm apoio do INCRA, IBAMA, CEPLAC, DEMATER, EMBRAPA, no porque eles no queiram dar apoio, mas sim devido a falta de apoio do Governo Federal que no d estrutura suficiente de trabalho. J o INCRA e o IBAMA, possuem estrutura, mas no executam suas funes.

    Do setor empresarial, a agncia federal INCRA, foi a fonte de muitos problemas devido a sua ineficcia:

    O INCRA nos ltimos anos, aqui na regio parou com a regularizao fundiria, agora comeou de novo em Novo Progresso, tem vrias equipes l trabalhando, e aqui na regio da transamaznica est previsto pro ano que vem retomar essa questo da regularizao fundiria nessa regio, que estava parada por algum tempo.

    As autarquias como a FUNAI receiam do papel de vazo de atribuies e competncias por parte do governo, ao retirar-lhes capacidade operativa: Quanto mais tempo passa na FUNAI, esta instituio est mais debilitada. O governo federal quer terminar com a FUNAI. No lhes interessou o tema da sade, e mas tarde foi a temtica da educao. Da sociedade civil de Fundao FVPP, tambm o papel e a funo das agncias de desenvolvimento estatais e federais fortemente questionado:

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    Todo dinheiro investido na SUDAM, s nessa regio aqui daria para alavancar a agricultura familiar de vrias pessoas, foram milhes. Por qu? Porque o judicirio resolveu no condenar por razes que ele mesmo desconhece que precisava arquivar os processos porque no tinha provas o suficiente. Resumindo lesou-se o patrimnio publico, ningum foi pra cadeia e os milhes foram distribudos.

    A ao estratgica: cooperao institucional? A cooperao institucional, apoiada no individualismo metodolgico e no dilema de prisioneiro estuda o jogo no qual a cooperao de vrios atores pode deixar a todos em melhor situao. No entanto, isto pode no ocorrer devido insegurana de cada jogador em relao ao comportamento do outro jogador, tendo como resultado coletivo uma perda para todos. Na investigao na regio do Xingu, diversos atores evidenciam a frgil cooperao existente. Da Secretria de administrao do governo local: Vivemos em uma sociedade em decadncia. Com insegurana e ilegais. As autarquias (FUNAI) manifestam uma opinio similar: O maior problema so nossos polticos. Em nvel municipal, dbil, dbil. No oferece alternativas. Nosso gestor anterior gerou muito emprego. Nossos polticos, senadores, deputados so muito fracos. O setor empresarial representado pelo SINCORT se mostra crtico com os diferentes nveis da ao governamental: Se os governos municipal, estadual e federal no comeam a olhar para o pequeno produtor, que muito importante na junta econmica, este desenvolvimento comprometido. Do governo municipal se pretende que o Plano Diretor constitua um elemento aglutinador da sociedade civil: O Plano Diretor tem que ser o carro que impulsiona a cidadania. A administrao, quanto mais transparente, melhor. Temos inteno de criar um escritrio de reclamaes para a cidadania (Secretrio de Administrao da Prefeitura da Altamira). A interao sociedade e instituies manifestam-se no apoio de uma administrao pblica, como o governo local, s iniciativas estruturadas na sociedade civil. Um exemplo o constitui o Conselho Municipal de Sade:

    Os maiores dificuldades e a viso da gesto municipal (...) E uma grande luta e batalha dos movimentos sociais (...) Dificuldade: a gesto da prefeitura. Porque eles no assumem o seu papel. A prefeitura no reconheceu a conferencia. Tivemos que entrar no Tribunal de Justia do Estado. Depois de 08 meses a Secretaria de Sade assumiu as diretrizes do conselho.

    Esta situao de falta de entendimento mtuo entre o poder pblico e a sociedade civil organizada e de comunicaes a diferentes nveis se repete em outros conselhos municipais: Os outros conselhos no so bem vistos pelo poder municipal. A gesto no gosta do papel fiscalizador dos conselhos (...) Temos dificuldades com o Conselho Municipal de Educao. No funciona (o conselho) e o governo municipal no tem nenhum interesse em que funcione.

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    Observa-se um problema importante na relao entre o setor econmico e as entidades da sociedade civil, especialmente as Organizaes No Governamentais. Segundo Habermas, surgem discordncias na ao social estratgica e comunicativa. Neste sentido, os atores econmicos no procuram realizar seus objetivos a partir da considerao de outros atores, assim como no orientam sua ao ao entendimento mtuo, quer dizer na harmonizao de suas aes. Segundo a associao empresarial AIMAT, as ONG esto classificadas entre o ONGs do bem e ONGs do mal: difcil diferenciar as ONGs boas ou as ms da regio do Xingu. o que as pessoas daqui chamamos as ONG do bem e as ONG do mal. Por exemplo, o Greenpeace. No estou de acordo com a maioria das aes que realiza. Embora com algumas delas esteja de acordo. Similares som as declaraes de outro empresrio: As ONG, solo so boas para elas mesmas, Os empresrios no olham os benefcios que traz para a sociedade. O interesse ganhar dinheiro. Poucos se preocupam de garantir incentivos para o trabalhador. Oferecer condies. A base a educao Empresrio da Associao das Indstrias Madeireiras da Altamira (AIMAT). Como argumentao se estima que a ineficincia poltica contribuiu para esta situao, em que as ONG assumiram o poder na regio (AIMAT):

    A interferncia das ONGs do mau, por exemplo, os nossos polticos no tm essa conscincia poltica e a sofremos a presso dessas ONGs internacionais, que so ONGs de grande poder e que exercem uma influncia muito grande e a gente sabe, que de certa forma, mudou muita coisa, o mundo mudou, o clima do mundo mudou

    A ao comunicativa, entre o governo (estadual e federal) e a sociedade aparece como um grande problema para o setor empresarial (AIMAT):

    Desde que o PT assumiu mexeu-se tanto, em tanta coisa, que no se achou soluo pra nada. Hoje s existe uma palavra proibido. Devia ser proibido proibir. Tudo aqui proibido mas ningum chega trazendo uma soluo.

    Esta falta de uma ao comunicativa eficiente se manifesta tambm na sociedade civil. O movimento de mulheres:

    Eu falo do Governo Estado, no estado do Par. Pelo menos a minha opinio porque se fosse eu que governasse tava bom de no se meterem sem a minha presena e o Governo Federal sabe tambm! Muito ruim o dialogo, o problema foi a primeira coisa errada que o governo fez que durante muito tempo foi por uma liminar que o governo fez que suspendeu os estudos de desenvolvimento e agora vem outra liminar que libera os estudos, mas quem foi que governo contratou para fazer os estudos?

    Construo da central Hidreltrica de Belo Monte (UHB): definies comuns de situaes?

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    O projeto de construo da UHB constitui o grande desafio para a regio do Xingu. Todos os atores se mostram preocupados frente a esta grande infra-estrutura hidrulica, embora com diferentes posicionamentos. As autarquias como o INCRA, manifestam falta de informao sobre os impactos que comportar esta infra-estrutura:

    Olha, a questo da hidreltrica, realmente acho que eles deveriam at informar mais os rgos, como o INCRA, rea de abrangncia at para a gente ter nossa poltica voltada pra essas reas, onde vai ser inundada, ningum sabe, nunca passaram isso pra gente do INCRA, n rea de abrangncia, rea de inundao, o qu que vai afetar, quais as famlias vo ser atingidas, pra gente trabalhar em cima disso, ou regularizar essa famlias pra que elas tenham um tipo de indenizao.

    Atores semi-institucionais como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) mostram-se cticos frente falta de informao:

    A maioria no tem, o que sabem que a regio se desenvolver, mas sobre os impactos eles no possuem conhecimento. Nos debates que fazemos, junto com o Comit Xingu Vivo, tentamos mostrar o que de bom e o que de ruim a construo poder trazer para a regio.

    Apesar das consultas pblicas organizadas pelo governo de estado do Para, terem como objetivo a deliberao democrtica sobre as prioridades da regio, a sociedade civil e os movimentos sociais sustentam como ponto central do debate a infra-estrutura e o impacto social e econmico da UHB. A Fundao Viver Preservar e Produzir (FVPP):

    O povo no quer discutir o plano de desenvolvimento regional, o povo quer discutir o complexo de Belo Monte, o que isso? De onde vem, pra onde vai? O plano no tem nada a ver com o complexo, ns estamos discutindo o plano de desenvolvimento dessa regio h mais de vinte anos. Ento no tem porque isso e isso com todas as nossas diferenas, com o empresariado, com todos os blocos.

    Os centros de educao pblica, como as universidades, tm um papel decisivo para a melhoria das comunicaes e a informao entre os atores: Na gesto passada, o campus esteve totalmente contra. Agora estamos discutindo os dois pontos de vista e o papel da universidade. (UFPA). O desenvolvimento sustentvel da regio: harmonizao de planos de ao? Embora no seja objetivo principal deste estudo, o institucionalismo e especificamente as diferentes correntes do Novo Institucionalismo, do ponto de vista normativo, so abordados. No caso da regio de Xingu, o institucionalismo, alm de contribuir para melhorar a efetividade das instituies e em

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    conseqncia a elaborao de polticas pblicas eficazes e eficientes, tem que estar dirigido ao desenvolvimento sustentvel da regio. A atitude de alguns atores a de responsabilizar: Se o resto do mundo quer conservar a selva, ter que investir massivamente aqui, dentro da perspectiva que conversamos. Precisamos realizar este tipo de coisas, para que exista uma compatibilidade entre o desenvolvimento e o bem-estar social. Precisamos realizar este tipo de coisas para que exista compatibilidade entre desenvolvimento e bem estar social (Secretrio de Administrao Prefeitura da Altamira). A interpretao de autarquias como a FUNAI sobre as causas externas no muito diferente que a do poder local:

    Altamira tem impedimentos de fora para o desenvolvimento. Vejo outras regies com queimadas, desmatamento, derrubadas e no passa nada. A gente v falta de organismos. Em outros municpios, o prefeito o deputado procuram desenvolvimento. Aqui no tem. Falta poltica, e muito por fazer. O maior problema so nossos polticos

    A questo fundiria e de pose das terras aparece como uma das causas principais que incidem no desenvolvimento sustentvel da regio. Os Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR) vem a questo fundiria e a posse da terra, como a principal fonte de conflitos e de violncia. O papel pouco efetivo de autarquias e instituies e a vontade de estabelecer melhores laos de colaborao com as instituies, como a Secretria Executiva Estado de Agricultura (SAGRI):

    O que prioritria questo da terra, conquista, legalizao. Melhoria da educao no campo, melhoria na economia e produo obedecendo o Meio Ambiente. Por parte da SEMA, IBAMA, INCRA autorizar e regularizar a terra. Uma parceria com a SAGRI, para fortificao de equipamentos para que seja evitada a derrubada.

    Embora de outra perspectiva, similar a opinio da Associao Comercial Industrial Agropastoril da Altamira (ACIAPA):

    O problema maior da regio est na questo fundiria, na titularidade de terras, j que existem vrios proprietrios de terra com 30 anos que j tem a propriedade, mas no possuem documentao, e na sua maioria so terras produtivas.

    Entretanto, a mesma associao empresarial no momento de realizar propostas concretas no especificam que significa desenvolvimento organizado: Lutamos para o desenvolvimento sustentvel da regio, por um desenvolvimento organizado. No especificam, entretanto, que significa para estas organizaes o desenvolvimento sustentvel e organizado. A interpretao dos movimentos sociais difere das anteriores ao ampliar o conceito de desenvolvimento em aspectos como a agricultura familiar, a auto-sustentao e a conscientizao da populao. A Associao de Povos Indgenas afirma:

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    A reivindicao mais que bate nessa tecla de auto-sustentao, reflorestamento, porque a nossa rea esta devastada porque o pessoal tiraram a madeira tudo. A auto-sustentao d continuidade, fazer uma rea para os indgenas trabalhar na arte cultural para o desenvolvimento.

    Dos movimentos sociais as reivindicaes e propostas so similares, como a que realiza a Fundao FVPP:

    Ento dos ltimos anos que como desenvolver a Amaznia, como fortalecer, como consolidar a agricultura familiar, que foco mais forte, considerando a dimenso amaznica, a necessidade que ns temos na Amaznia, nas florestas. Ento esse um debate que tem sido mais forte, esse debate de modelos voltados pra o incremento de novas tecnologias pra pensar a produo, a sobrevivncia das pessoas tambm uma bandeira muito forte

    Como elemento comum entre a sociedade civil organizada surge o termo educao e conscientizao para o desenvolvimento sustentvel. A cultura poltica e a conscientizao da populao so bsicas para os grupos religiosos (Pastoral da Terra):

    Mas eu acho que o grande desafio trazer a conscientizao da realidade que agente vive em nosso pas. No contexto que agente vive na Amaznia, na regio Norte, no Estado do Par, na Trans amaznica, esse o grande desafio.

    O Sindicato dos Professores (SINTEPP) amplia esta demanda com a valorao profissional dos educadores:

    Primeira, a nossa principal reivindicao voltada para educao, naturalmente, que no que diz respeito a valorizao dos trabalhadores, isso a nossa grande bandeira. Quando a gente fala na valorizao dos trabalhadores, a agente no est falando somente na questo de remunerao, o reconhecimento profissional, a formao a qualificao, so as condies de higiene de trabalho.

    Consideraes Finais Aspectos histricos como a ausncia das instituies do estado e aspectos culturais como a confluncia de diversas culturas, marcaram o desenvolvimento institucional da regio, e paradoxalmente favoreceu o papel articulador dos movimentos sociais e a sociedade civil. A ao racional esta marcada por aes que favorecem somente a um ator (ao instrumental), geralmente entre os atores de carter econmico. Observa-se um baixo nvel de harmonizao dos planos de ao em relao s alternativas de desenvolvimento sustentvel, sobre a construo da central hidreltrica. Este fato se repete entre os atores polticos por um lado nos nveis municipal, estadual e federal, e um importante setor da sociedade civil

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    por outro. A construo da central hidreltrica aparece como uma dos pontos mais conflitivos. Apesar das diferenas existentes, as redes sociais constituem tentativas dos movimentos sociais e a sociedade civil para harmonizar planos de ao sobre a base de situaes comuns, neste caso propostas para o desenvolvimento sustentvel da regio. O ponto de vista apoiado no individualismo metodolgico se detecta entre os agentes econmicos principalmente na postura de free-rider. Entre este tipo de atores, historicamente desenvolveram prticas e vcios devido ausncia institucional estadual e federal, e que em parte, foram causadores da atual situao de desastre ecolgico devido ao desmatamento indiscriminado durante as ultimas dcadas, e em conseqncia da falta de trabalho na regio. Bibliografa ANDREWS, Ch. Implicaes Tericas do Novo Institucionalismo: Uma Abordagem Habermasiana, Dados, Revista de Cincias Sociais, n. 48, v.2, p.271-299, 2005.

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