AAI – Avaliação Ambiental Integrada Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu Volume I São Paulo, Maio de 2009 Ministério de Minas e Energia
1. AAI Avaliao Ambiental Integrada Aproveitamentos Hidreltricos
da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu Volume I So Paulo, Maio de 2009
Ministrio de Minas e Energia
2. AAI - Avaliao Ambiental Integrada Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu Volume I ELETROBRS
So Paulo Maio de 2009
3. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan i
ndice 1. Abordagem
Metodolgica................................................................................................6
1.1. Estruturao da Aplicao da AAI e Procedimentos
Metodolgicos..................................6 1.2. Descrio dos
Captulos
.....................................................................................................7
2. Caracterizao dos
Empreendimentos.........................................................................13
3. Diagnstico da Bacia do Rio Xingu
..............................................................................22
3.1. Processos e Atributos do Meio Fsico e Ecossistemas
Terrestres...................................24 3.1.1. Dinmica do
Clima
Regional.............................................................................................24
3.1.2.
Terrenos............................................................................................................................33
3.1.3. Biota
Terrestre...................................................................................................................49
3.1.4. Presses sobre os Ecossistemas Terrestres Desflorestamento
...................................73 3.1.5. reas Legalmente
Protegidas...........................................................................................82
3.1.6. Ecossistemas Aquticos
...................................................................................................87
3.2. Meio
Socioeconmico.....................................................................................................123
3.2.1. Organizao
Territorial....................................................................................................123
3.2.2. Base Econmica
.............................................................................................................139
3.2.3. Finanas
Municipais........................................................................................................151
3.2.4. Modos de Vida
................................................................................................................152
3.2.5. Sistemas de Produo e Formas de Organizao Social
Predominantes.....................174 3.2.6. Sociedades
Indgenas.....................................................................................................179
Lista de Anexos Anexo I. Matriz de Simulao Anexo II. Matriz de
Atores Sociais Lista de Tabelas Tabela 2-1 Informaes Gerais das
PCHs da Bacia do Xingu Tabela 3-1- Lista de Flora Ameaada de Extino
da Bacia do Rio Xingu Tabela 3-2 Espcies Ameaadas de Extino Tabela
3-3 - Municpios da bacia hidrogrfica do Xingu, segundo as taxas de
desflorestamento observadas at 2007 Tabela 3-4 Carga orgnica (kg
DBO/dia) por municpio de Mato Grosso da bacia hidrogrfica do rio
Xingu Tabela 3-5 Carga de Nitrognio (N) por municpio, considerando
seu territrio dentro da bacia hidrogrfica do rio Xingu Tabela 3-6
Carga de Fsforo (P) por municpio, considerando seu territrio dentro
da bacia hidrogrfica do rio Xingu Tabela 3-7 - Postos Fluviomtricos
com medio de descargas slidas
4. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan ii
Tabela 3-8 Informaes sobre ciclo de vida e atividades reprodutivas
de algumas espcies de peixes Tabela 3-9 Espcies Endmicas Tabela
3-10 Municpios componentes da Bacia por grau de insero Tabela 3-11
Evoluo da Populao, Taxa de Crescimento e Contribuio ao Crescimento
no perodo 2000-2007 Tabela 3-12 PIB 2005 e Evoluo do PIB Setorial
2000-2005 Tabela 3-13 Composio e Participao do PIB na Bacia e nos
Estados Tabela 3-14 Evoluo da Populao, Taxa de Crescimento e
Contribuio ao Crescimento no Perodo 2000-2007. Tabela 3-15 Evoluo
do ndice de Desenvolvimento Humano Municipal IDH-M, 1991 e 2000
Tabela 3-16 Taxas de Mortalidade Infantil 2000 e 2005 Tabela 3-17
Taxa de Mortalidade Infantil por Municpio da Bacia do rio Xingu -
2006 Tabela 3-18 Educao de Base e Profissionalizante para Jovens
Tabela 3-19 Terras Indgenas segundo municpios da Bacia do Rio Xingu
Lista de Figuras Figura 1-1 Sequenciamento das sobreposies dos
mapeamentos e Compartimento Final Figura 2-1 Localizao da rea de
Estudo Figura 3-1- Variao sazonal dos sistemas atmosfricos na
Amrica do Sul e na bacia do Rio Xingu Figura 3-2- Isoietas Anuais
Figura 3-3 Sistemas de Terreno Figura 3-4 Endemismos Figura 3-5 Uso
do Solo e Cobertura Vegetal Figura 3-6 - Taxas de desflorestamento
nos Estados de Mato Grosso e Par entre 1988 e 2007 Figura 3-7
Variao relativa das taxas de desflorestamento nos Estados de Mato
Grosso e Par entre 1988 e 2007 Figura 3-8 - Vetores de
Desflorestamento e Temporalidade do Processo Figura 3-9 - Terras
Indgenas e Unidades de Conservao Figura 3-10- APCB Figura 3-11 Rede
Hidrogrfica Figura 3-12 - Vazes mdias mensais de longo termo no
posto fluviomtrico de Altamira Figura 3-13 Ciclo Sazonal da dinmica
hidrolgica e dos eventos ecolgicos no rio Xingu
5. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan
iii Figura 3-14 Localizao geogrfica dos pontos de registro de
ictiofauna na bacia do rio Xingu Figura 3-15 Unidades hidrolgicas
identificadas ao longo da bacia do rio Xingu e respectivas reas de
endemismo Figura 3-16 Localizao dos Municpios Figura 3-17 Populao
Figura 3-18 Hierarquia Funcional / Polarizao Figura 3-19 Sistema
Virio Figura 3-20 reas Legamente Protegidas Figura 3-21 Ttulos
Minerarios Figura 3-22 Taxas de Crescimento da Populao Figura 3-23
Densidade Demogrfica Figura 3-24 IDH Figura 3-25 Mortalidade
Proporcional (Todas as Idades) 2006 Figura 3-26 Mortalidade
Infantil Figura 3-27 Percentual de Anos de Estudo Acumulado Figura
3-28 Percentual de Domiclios com gua Encanada e Banheiro - MT
Figura 3-29 Percentual de Domiclios com gua Encanada e Banheiro PA
Figura 3-30 Cobertura da infraestrutura bsica nos municpios do Par
Figura 3-31 Cobertura da infraestrutura bsica nos municpios do Mato
Grosso Figura 3-32 Terras Indgenas
6. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 4
Apresentao O instrumento Avaliao Ambiental Integrada (AAI) d
prosseguimento Atualizao dos Estudos de Inventrio Hidreltrico da
Bacia do Rio Xingu finalizada em 20071 , e objetiva antever e
analisar de que modo os principais processos socioambientais
prevalecentes no territrio da Bacia sero alterados em decorrncia da
implantao dos novos aproveitamentos hidreltricos pretendidos para a
bacia, considerando-se aqueles j existentes. Trata-se de observar
como a entrada de investimentos para a ampliao da capacidade de
gerao hidreltrica poder alterar trajetrias em curso, seja da evoluo
econmica e demogrfica, seja da apropriao dos recursos naturais do
territrio da bacia. No contexto dos estudos realizados, a Reviso
dos Estudos de Inventrio (doravante Inventrio) teve como finalidade
a identificao do melhor conjunto de aproveitamentos hidroeltricos
possveis para a bacia hidrogrfica, a partir da combinao de critrios
energticos, econmicos e socioambientais, ou, selecionar a
alternativa de partio de queda2 capaz de contemplar simultaneamente
tais critrios. A resultante do Inventrio, no caso da bacia
hidrogrfica do Rio Xingu, reconheceu apenas um aproveitamento, o de
Belo Monte (AHE Belo Monte), como aquele capaz de atender aos
critrios estabelecidos. Em adio, outros aproveitamentos de pequeno
porte, Pequenas Centrais Hidreltricas (PCHs), foram identificadas
(em dezembro de 2008) e encontram-se recm implantadas ou projetadas
na Bacia do Rio Xingu. Tem-se assim um nico aproveitamento de
grande porte em conjunto com vrias PCHs, sendo, pois o objeto deste
estudo, avaliar como esses Aproveitamentos Hidreltricos (AHEs)
podero ser internalizados no mdio e longo prazo na complexa
ambincia desta bacia hidrogrfica, considerando-se os processos
socioeconmicos e ambientais prevalecentes e os novos que sero
desencadeados, a partir da existncia desse conjunto de
aproveitamentos em operao. No caso desta bacia hidrogrfica,
portanto, a composio de aproveitamentos contrastante, pois rene de
um lado, o AHE Belo Monte com porte primaz no contexto nacional da
gerao, isolado na poro norte da Bacia, e de outro, outras oito PCHs
distribudas pela poro sul no alto curso do rio Xingu e na sub-bacia
do rio Iriri, a mdio curso. 1 Na Reviso foi utilizado o Manual de
Inventrio em sua verso de 1997. A verso atualizada do Manual foi
lanada em dezembro de 2007 e integrou os procedimentos da AAI
metodologia dos estudos de inventrio. A AAI dever ser realizada
para a alternativa de diviso de queda selecionada. Ressalte-se que
as orientaes para a elaborao desta AAI esto tambm definidas no TR
do MME (2005). 2 Composta por um determinado nmero de projetos, de
usinas (grandes ou mdias centrais eltricas) com localizaes e
caractersticas tcnicas definidas, ressaltando-se que o inventrio no
considera as pequenas centrais eltricas.
7. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 5
A aplicao do instrumento Avaliao Ambiental Integrada a esta bacia
hidrogrfica foi de fato um desafio que necessitou que se
desenvolvessem procedimentos e solues metodolgicas para dar conta
desses contrastes e especificidades. Formalmente, a aplicao do
instrumento AAI consiste na identificao dos principais efeitos
socioambientais da insero de tais aproveitamentos hidreltricos no
mbito territorial da bacia, por meio de procedimentos sistemticos
que possam avaliar com critrios a natureza e a intensidade destas
alteraes, bem como possveis cumulatividades e sinergias entre essas
manifestaes no territrio da bacia hidrogrfica. Considerando esse
objetivo e escopo da AAI, importa ressaltar desde logo o quanto
este instrumento se diferencia do Estudo de Impacto Ambiental
(EIA), uma vez que este tem por objetivo a avaliao de impactos de
um nico empreendimento em suas reas de influencias, realizado no
mbito do licenciamento ambiental. Assim, os EIAs se caracterizam
por terem uma natureza necessariamente afirmativa no sentido da
existncia ou no de determinados impactos do projeto. J a AAI tem
outros objetivos. Trata-se de um instrumento de planejamento,
operando com vrios projetos hidreltricos em simultneo num espao
territorial mais amplo, qual seja, o da bacia hidrogrfica. Assim,
pode orbitar tambm o plano das possibilidades da ocorrncia de
certas interaes entre regies, pode discutir, especular e aventar
sobre determinados impactos e suas decorrncias, alertando sobre as
chances de serem deflagrados processos degenerativos das condies
socioambientais que possam ser evitados com o intuito de orientar o
planejamento do setor eltrico de mdio e longo prazo. Objetiva-se
assim com a AAI contribuir para o processo de planejamento e de
suporte tomada de deciso e atuao do setor eltrico na bacia em
estudo, considerando-se a potencial existncia desses
empreendimentos hidreltricos, para que se alcance as melhores
condies de sustentabilidade possiveis, medida que o estudo rene,
evidencia e oferece um espao de anlise e discusso sobre a evoluo da
bacia hidrogrfica.
8. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 6
1. Abordagem Metodolgica 1.1. Estruturao da Aplicao da AAI e
Procedimentos Metodolgicos Este documento foi estruturado em dois
volumes. O Volume I contm os trs primeiros captulos da Avaliao
Ambiental Integrada e o Volume II inicia-se a partir do quarto
captulo: a Avaliao Ambiental Distribuda. Considerando os objetivos
a serem alcanados, apresenta-se a seguir os captulos que estruturam
este trabalho, ao mesmo tempo em que se expem os encaminhamentos
metodolgicos adotados. Inicialmente, deve-se ressaltar que este
estudo tem a peculiaridade de ter sido parcialmente elaborado
simultaneamente Reviso dos Estudos de Inventrio Hidreltrico do rio
Xingu, o que permitiu articulaes analticas de esforos entre ambos.
Apresenta-se a seguir uma viso geral do estudo. A AAI inicia-se com
a caracterizao dos AHEs a partir do levantamento das informaes
disponveis, foi possvel obter dados sobre a potncia instalada,
localizao, rea do reservatrio, entrada em operao, formando um
quadro bsico de informaes. Analogamente, buscou-se conhecer as
principais caractersticas socioambientais da bacia hidrogrfica,
suas condies fsicas, biticas e socioeconmicas foram analisadas por
meio de um conjunto de dados secundrios pertinentes, e visitas a
campo em dois longos trechos da bacia hidrogrfica. Elaborou-se
assim um diagnstico focado, uma sntese dos principais aspectos
socioambientais, que inclusive foi organizado de forma
regionalizada, mediante critrios de homogeneidade do territrio, ou
graus de semelhana. Essa regionalizao ou compartimentao da bacia
atende a necessidade de se poder avaliar os impactos que os
aproveitamentos tero sobre tais regies na medida em que tendam a
interagir e acomodar de forma semelhante os efeitos provocados pela
implantao dos aproveitamentos hidreltricos. Portanto, a seqncia do
trabalho consistiu na avaliao dos impactos dos aproveitamentos
sobre os compartimentos em que esto ou sero implantados. E, a
partir das avaliaes dos impactos por empreendimento, pode-se
considerar a possibilidade de um mesmo impacto provindo de vrios
aproveitamentos localizadas num mesmo compartimento se acumular. E
tambm, verificou-se a possibilidade da ocorrncia de sinergia entre
impactos distintos, ou se existem mecanismos de causa e efeito
entre eles que possam provocar interaes, s quais est se denominando
de sinergias. Esse trabalho denomina-se Avaliao Ambiental
Distribuda (AAD), ou seja, procura-se entender o processo de
transformao nos compartimentos, considerando-se os efeitos que os
empreendimentos iro provocar medida que forem acumulados ou criarem
sinergias. Para tanto, foram selecionados indicadores de impactos
representativos de processos mais amplos, que sejam passveis de
avaliao e que possam ser cumulativos ou apresentar sinergias.
9. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 7
Por cumulatividade, entende-se a possibilidade de um mesmo impacto
provindo de vrios AHEs localizadas num mesmo compartimento se
acumular, se intensificar. Por sinergia, entende-se a possibilidade
de impactos de distintas natureza interagirem, o que exige a
verificao da existncia de mecanismos de causa e efeito entre eles
que possam suportar essa interao. Ainda no mbito da AAD, so
identificados os atores sociais intervenientes na bacia hidrogrfica
e os conflitos existentes e potenciais, relativos implantao de
novos empreendimentos hidreltricos e tambm a planos e programas
previstos nesse territrio. Na seqncia, tendo em conta a apreciao
dos efeitos da implantao dos aproveitamentos sobre a ambincia da
bacia hidrogrfica, renem-se elementos para, por meio da tcnica de
cenrios, visualizar provveis comportamentos de variveis
socioambientais essenciais no horizonte de planejamento deste
trabalho (20 anos) a populao, o valor adicionado e o desmatamento -
que expressam e sintetizam o fenmeno da antropizao e sua evoluo. Ao
cenarizar as trajetrias de tais variveis, pode-se extrair tambm
como resultado, sinalizaes sobre possveis impactos a elas
associados. Assim, os cenrios so tambm uma forma de avaliao de
impactos. Deste ponto em diante tem-se condies de avanar para a
Avaliao Ambiental Integrada da bacia do rio Xingu, denominao
homnima ao estudo, momento em que so examinados como os
compartimentos alterados pelos impactos dos AHEs se relacionam,
conjugando processos socioambientais, que podem a depender da
natureza e intensidade, transformar a dinmica socioambiental da
bacia como um todo. O conhecimento obtido e organizado desde a fase
da Caracterizao dos empreendimentos d suporte elaborao de um
conjunto de concluses, sob forma de diretrizes voltada atuao do
setor eltrico na bacia no que se refere principalmente ampliao das
unidades geradoras. Os resultados obtidos so apresentados e
discutidos em reunio tcnica com os principais entes institucionais
envolvidos nesse processo, onde o trabalho apresentado, com
destaque para as diretrizes, buscando obter retornos substantivos
que iro integrar o relatrio final do trabalho. Por fim, cabe
ressaltar que em cada captulo so apresentados detalhamentos
adicionais para melhor esclarecer a metodologia utilizada 1.2.
Descrio dos Captulos Neste subitem busca-se descrever em maior
detalhe os contedos de cada captulo. Volume I Caracterizao dos
Empreendimentos No captulo 2, denominado Caracterizao dos
Empreendimentos, os empreendimentos hidreltricos existentes e
pretendidos para a bacia do rio Xingu so apresentados,
informando-se as suas principais caractersticas tcnicas como:
potncia instalada,
10. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 8
localizao, rea do reservatrio, entrada em operao, e demais
informaes relevantes que estejam disponveis, formando um quadro
bsico de informaes. Ressalta-se que h um extenso conjunto de dados
e informaes para o AHE Belo Monte, mas, o mesmo no ocorre em relao
s PCHs,3 assim, a disponibilidade de um mesmo bloco de informaes
para o conjunto dos AHEs condicionou os procedimentos adotados.
Diagnstico da Bacia do rio Xingu O captulo 3, denominado Diagnstico
da Bacia do rio Xingu, teve como base a Caracterizao da Bacia do
Rio Xingu 4 para sua estruturao, as condies fsicas, biticas e
socioeconmicas da bacia hidrogrfica foram analisadas por meio de um
conjunto de dados secundrios pertinentes, com visita a campo em
dois trechos da bacia hidrogrfica. As questes relevantes
identificadas nessa extensa caracterizao permitiram a elaborao de
um diagnstico focado, uma sntese dos principais aspectos
socioambientais, sendo utilizados, sempre que possvel, indicadores
para tanto. Entende-se por Indicador a sinalizao de fenmenos
maiores, ou seja, no caso do Diagnstico, quantificaes simplificadas
que expressam uma determinada questo socioambiental. Com esse
conhecimento, dispe-se de elementos para facilitar a identificao
dos efeitos ou impactos socioambientais que sero desencadeados pela
implantao dos aproveitamentos hidroeltricos ao longo do tempo em
conjunto com aqueles j em operao. Particularmente, no diagnstico da
socioeconomia, dada nfase ao tratamento da Organizao Social
prevalecente na regio, formada pelos entes institucionais, atores
sociais e grupos de interesse, que se traduz numa determinada
Matriz Institucional que define as condies de governana da bacia, e
mais que isso, se estende para a identificao dos principais
conflitos latentes ou j manifestados, envolvendo principalmente as
formas de uso das guas. Volume II Avaliao Ambiental Distribuda e
Conflitos Na seqncia no captulo 4, com base nesse diagnstico
efetua-se a compartimentao da bacia hidrogrfica, segundo o conceito
de homogeneidade, ou melhor, segundo o grau de semelhana das
condies fsicas, biticas e socioeconmicas. Neste sentido, a
expectativa dessa regionalizao que cada compartimento identificado
tenda a acomodar de forma semelhante os efeitos provocados pela
implantao dos aproveitamentos hidreltricos em seu territrio. 3
Reuniu-se informaes a partir da base de informaes disponveis na
ANEEL por empreendimento , e pesquisas realizadas na Internet. Alm
disso, foram feitas consultas diretamente aos empreendedores e
Secretarias de Meio Ambiente do Estado do Mato Grosso e Par que, no
entanto, no tiveram sucesso no sentido da obteno de informaes
adicionais. 4 ELN, Engevix, Intertechne, Arcadis Tetraplan, 2007
.
11. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 9
Considerando-se que no mbito do Inventrio foram delimitadas subreas
5 da bacia para cinco Componentes-Sntese, conforme diagrama abaixo
dispe-se de vises regionalizadas por temas para se orientar e
construir uma compartimentao funcional s necessidades da AAI. A
espacializao que leva delimitao territorial dos compartimentos
realizada utilizando- se a tcnica de sobreposio de cartas
considerando os determinantes socioambientais, as questes-chave no
contexto de cada tema tratado, os paradoxos e conflitos existentes
e potenciais, bem como os principais vetores de transformao da
paisagem e, por conseguinte, de seus processos fsicos e biticos e
socioeconmicos. O resultado dessa etapa consiste um conjunto de
mapas das subreas de cada um dos aspectos socioambientais, que
foram sobrepostos com um dado seqenciamento, de modo a se captar
semelhanas considerando-se todos os aspectos socioambientais em
conjunto. Na Figura 1-1 a seguir apresenta-se esquematicamente a
metodologia adotada. Figura 1-1 Sequenciamento das sobreposies dos
mapeamentos e Compartimento Final No processo de delimitao dos
compartimentos, os elementos que mais influenciaram os subespaos da
Bacia do Rio Xingu traduzem suas diferenciaes, dando-lhes
identidade e diferenciando-os dos demais compartimentos. 5 So
termos prprios da metodologia utilizada nos estudos de inventrio. A
designao subreas guarda semelhana com os compartimentos da AAI e os
componentes snteses so campos temticos para os quais essas subreas
existem, so eles: Populaes Indgenas, Ecossistemas Aquticos,
Ecossistemas Terrestres, Modos de Vida, Organizao Territorial e
Base Econmica. Sistemas de Terrenos + Hierarquia Fluvial
Ecossistemas Aquticos Ecossistemas Tipologias Municipais Modos de
Vida Organizao Territorial Base Econmica Sistemas de terrenos +
Cobertura vegetal e uso do solo Ecossistemas Terrestres
Compartimentao Socioeconmica Compartimentos (Dinmica Atual da
Paisagem)
12. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 10
Dessa forma, compartimentos que tm presena marcante de uma dada
atividade econmica (gros ou pecuria bovina, por exemplo),
determinante de sua dinmica e a feio da paisagem, tm esta atividade
como elemento definidor do Compartimento. Ou alternativamente, em
outro compartimento da bacia hidrogrfica, em que o elemento
definidor seja a infra-estrutura e o processo de ocupao posterior,
como o caso da rodovia Transamaznica, ou ainda um condicionante
fsico bitico (bioma), institucional (presena de reas protegidas)
ou, combinao de alguns desses elementos. Na seqncia, o captulo 4
rene trs vertentes de anlise: Avaliao de Impactos dos
empreendimentos captados individualmente: trata-se de procedimento
necessrio para qualificar e/ou quantificar os impactos previstos
sobre os meios fsico, bitico e socioeconmico por empreendimento em
seu respectivo compartimento Anlise de Cumulatividade de Impactos:
a partir das avaliaes dos impactos por empreendimento, pode-se
considerar a possibilidade de um mesmo impacto provindo de vrios
AHEs localizadas num mesmo compartimento poderem se acumular. A
metodologia utilizada permite a obteno de magnitudes quantitativas,
que devem, contudo ser verificadas pelos especialistas
participantes sobre a pertinncia da soma de um mesmo impacto.
Anlise de Sinergia de Impactos: o raciocnio o mesmo, mas trata-se
de uma soma de impactos de distintas naturezas, o que exige a
verificao se existem mecanismos de causa e efeito entre eles que
possam provocar sinergias. Neste caso, fundamental que os
especialistas das vrias reas possam discutir a respeito de tais
processos e das magnitudes quantitativas obtidas. Para efetuar
essas analises so utilizados indicadores que sintetizam a
intensidade de impactos subjacentes aos diferentes fenmenos
relacionados aos diversos temas em anlise, recursos hdricos, meio
fsico e ecossistemas terrestres e meio scio econmico, inicialmente
de cada empreendimento. Os resultados dessas avaliaes de impactos
de cada empreendimento em seu compartimento so inseridos em uma
matriz, denominada de matriz de sensibilizao de impactos, tem-se
assim um quadro dos impactos, de suas intensidades e das
possibilidades de cumulatividade e sinergia, conforme apontado
acima. Esse trabalho denomina-se Avaliao Ambiental Distribuda, ou
seja, procura-se entender o processo de transformao nos
compartimentos, considerando-se os efeitos que os empreendimentos
iro provocar medida que forem acumulados e/ou sinergizados. O
fenmeno da cumulatividade dos impactos num dado compartimento pode
ser compreendido quando se verifica a consistncia da sua atuao
conjunta. Exemplificando. O impacto referente ao aumento do valor
adicionado fiscal dos municpios devido operao dos AHEs em um dado
compartimento onde se localizam, por exemplo, podem ser somadas. O
fenmeno da sinergia, mais complexo, diz respeito avaliao da
complementaridade entre os impactos de distintas naturezas num
compartimento, ou seja, entre fenmenos
13. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 11
socioambientais, que ao interagirem, ao final geram efeitos
diversos ou maiores que os impactos originalmente deflagrados num
dado compartimento. Para concluir sobre isso, entretanto, necessrio
que se identifique mecanismos de causa e efeito plausveis entre
eles. Por exemplo, o impacto da animao da economia local, dada a
contratao de mo-de-obra local, gera empregos relativamente mais
qualificados, com maior nvel salarial, o que fortalece o mercado
consumidor local que passa a demandar maior quantidade e qualidade
de bens e servios que, por sua vez, acaba atraindo novas atividades
produtivas para atender a demanda. Na medida em que se tenha mais
de um empreendimento impactando desse modo, tais impactos podem se
acumular gerando o efeito animao numa escala maior, ou seja, ocorre
um efeito cumulativo e tambm sinrgico. Adicionalmente, tais
impactos sobre a economia local em conjunto com os impactos
positivos sobre as finanas pblicas municipais podem sinergizar-se
de modo que o poder pblico local, com maior poder de gasto sob uma
administrao eficaz, ser capaz de melhorar as condies de vida da
populao do municpio a mdio e longo prazo. Cenrios A partir dos
resultados do captulo 4 e do diagnstico apresentado no captulo 3,
tm-se os elementos para no captulo 5 dedicado aos cenrios, fazer
sua elaborao, que se inicia com um cenrio tendencial da evoluo da
bacia, considerando-se seus mecanismos e ritmos de antropizao
presentes na Bacia. O objetivo da construo dos cenrios para as
variveis, populao, valor adicionado e desflorestamento evidenciar
os impactos da implantao dos AHEs na bacia do Rio Xingu. Um segundo
cenrio ser elaborado a partir do cenrio anterior, quando so
considerados, portanto, os efeitos provocados pela entrada em
operao dos AHEs. Cabe ressaltar desde logo que as pequenas centrais
eltricas no tm condies de sensibilizar o comportamento das variveis
cenarizaveis no contexto da modelagem utilizada, isso ocorre em
funo da reduzida magnitude de seus impactos. Assim, apenas os
impactos do AHE Belo Monte so capazes de alterar de fato as
trajetrias de tais variveis de modo significativo. Ambos os cenrios
so construdos por meio de hipteses sobre o comportamento futuro
dessas trs variveis, as quais tm alto poder de expressar e
sintetizar aspectos cruciais acerca da complexidade que enfeixa a
evoluo socioambiental de uma regio qualquer. Portanto, do contraste
entre os dois cenrios e de suas variaes que se manifestam vises e
avaliaes sobre como podero ser as principais dinmicas
socioambientais da bacia, ora numa trajetria, ora em outra, e dessa
forma subsidiar a discusso sobre processos socioambientais no mbito
da avaliao ambiental integrada dos compartimentos da bacia e da
formulao de Diretrizes. Avaliao Ambiental Integrada da Bacia do rio
Xingu No captulo 6, denominado, Avaliao Ambiental Integrada da
bacia do rio Xingu, denominao homnima ao estudo, so examinados como
os compartimentos alterados pelos impactos dos AHEs se relacionam,
conjugando processos socioambientais, que
14. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 12
poderiam transformar a dinmica socioambiental da bacia como um
todo, ou seja, o momento do trabalho em que se verifica em que
medida tais transformaes ocorreriam. Tm-se dois tipos de situao: i.
Compartimentos com AHEs podem impactar outros compartimentos em que
no h empreendimentos e, ii. Compartimentos com AHEs em interao com
outro compartimento com AHEs podero ter seus impactos
socioambientais intensificados, ou sinergizados, do mesmo modo que
vimos no interior de um compartimento na AAD. Neste caso, essas
avaliaes so feitas por discusses entre os especialistas
participantes de modo qualitativo. Diretrizes Finalmente, no
captulo 7, o conhecimento obtido e organizado desde a fase da
Caracterizao dos empreendimentos, d suporte elaborao de um conjunto
de concluses, sob forma de algumas recomendaes gerais e diretrizes
voltada atuao do setor eltrico na bacia no que se refere
principalmente ampliao das unidades geradoras. Referncias
Bibliogrficas Por fim, no captulo 8 so apresentadas as referncias
bibliogrficas utilizadas neste trabalho.
15. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 13
2. Caracterizao dos Empreendimentos As informaes sobre as pequenas
centrais eltricas (PCHs) foram obtidas em dezembro de 2008,
portanto, o nmero de empreendimentos pretendidos para a bacia
aquele identificado nesse perodo de acordo com a Agencia Nacional
de Energia Eltrica, ANEEL. AHE Belo Monte O Aproveitamento
Hidreltrico, denominado AHE Belo Monte, a ser implantado na Volta
Grande do rio Xingu, afluente pela margem direita do rio Amazonas,
consiste de uma barragem principal, um reservatrio (abrangendo
parcialmente a calha do rio Xingu e parcela dos terrenos da margem
esquerda deste curso dgua, na altura do trecho denominado Volta
Grande) e duas casas de fora: a principal na localidade de Belo
Monte e uma casa de fora complementar a ser posicionada na barragem
principal. A barragem principal, localizada no stio Pimental, ser
de terra homognea e de enrocamento, possuindo cerca de 6.200 m de
comprimento total e altura mxima de 36 m. Nesta barragem est
prevista uma usina complementar visando o aproveitamento da vazo
que dever ser mantida a jusante do barramento principal (trecho
denominado estiro jusante). Esta usina ter uma potncia instalada de
233,1 MW, contando com nove turbinas tipo bulbo, com potncia
unitria de 25,9 MW e dever se situar na margem esquerda do rio
Xingu. A usina principal, a ser construda no stio Belo Monte, ter
uma potncia instalada de 11.000 MW, vinte unidades geradoras tipo
Francis com eixo vertical e potncia unitria de 550 MW. O
reservatrio dever apresentar duas partes distintas: a parte
denominada calha do Xingu, que compreende a rea de inundao do rio
Xingu na cota 97 m, a montante da barragem principal, e a parte
denominada reservatrio dos canais. Este reservatrio compreende a
rea que ser inundada pelas vazes desviadas do rio Xingu atravs dos
canais de derivao. Nesta parte do reservatrio ser construda uma
estrutura complementar de extravazo (vertedor complementar). O
reservatrio ter rea total do espelho dgua de 516 km, e nvel mximo
normal de operao na cota 97 m. A usina de Belo Monte foi projetada
para uma gerao a fio dgua, isto : o nmero de turbinas acionadas
depende essencialmente das vazes naturais afluentes a casa de fora,
uma vez que o reservatrio no tem capacidade de acumulao. PCHs
Segundo a Resoluo da ANEEL 394 04.12.98, uma PCH caracterizada por
possuir potncia entre 1.000KW e 30.000 KW, com reservatrios de rea
no superior a 3 Km para a cheia centenria.
16. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 14
Neste estudo so abordadas as oito PCHs registradas pela ANEEL6
dentro da Bacia do Rio Xingu7 , so elas: Localizadas na poro leste
da Bacia, no Estado no Par e na sub-bacia do Rio Iriri: Salto
Buriti Salto Curu Salto Trs de Maio Localizadas na poro sul da
Bacia, no Estado do Mato Grosso e nas cabeceiras do Rio Xingu: ARS
Paranatinga I Paranatinga II Culuene Ronuro A seguir apresentada na
Tabela 2-1 um resumo das informaes gerais das PCHs, e na sequncia
apresenta-se a Figura 2-1 com a localizao dos empreendimentos, e ao
final feita a caracterizao de cada uma das PCHs de acordo com o
levantamento, at o presente momento, de informaes de fonte
secundrias. 6 http://sigel.aneel.gov.br, consulta em dezembro de
2008. 7 Sub-bacia 18 do Rio Amazonas, denominada Xingu e Paru que
compreendida entre a confluncia do Rio Tapajs, exclusive, e a foz
do Rio Xingu, inclusive.
17. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 15
Tabela 2-1 Informaes Gerais das PCHs da Bacia do Xingu Nome Rio*
UF* Municpio Estgio Potncia* (MW) Destino da Energia** Nvel d'gua
mx. normal* (m) Nvel d'gua normal jusante* (m) rea do Reservatrio.*
(km) rea de drenagem* (km) SALTO BURITI CURU PA Altamira Operao 10
Produo Independente de Energia 435,5 395 2,9 1118 SALTO CURU CURU
PA Altamira Operao 30 Produo Independente de Energia 394 253,6 0,3
1150 TRS DE MAIO TRS DE MAIO PA Altamira Operao 15 Produo
Independente de Energia 426 260 0,16 420 ARS VON DEN STEINEN MT
Nova Ubirat Em Construo 6,66 Produo Independente de Energia 330,5
312,75 1,64 0 PARANATINGA I CULUENE MT Campinpolis e Paranatinga Em
Construo 22,3 Produo Independente de Energia 359 344,31 4,24 5940
PARANATINGA II CULUENE MT Campinpolis e Paranatinga Operao 29,02
Produo Independente de Energia 343,5 326 7,83 6203 CULUENE CULUENE
MT Primavera do Leste e Paranatiga Operao 1,794 Servio Pblico 104,1
94,1 0,39 1100 RONURO** RONURO MT Paranatinga Operao 1,04
Autoproduo - - - - Fonte: SIPOT (Sistema de Informaes do Potencial
Hidroeltrico Brasileiro) julho de 2005.
18. Rio das Mortes Rio Xingu Rio Xingu Rio Curu Rio Xingu Rio
Xingu Rio Amazonas Rio Amazonas Rio Iriri Rio Xingu Rio Araguaia
Rio Xingu Rio Tapajs G OG O M TM T T OT O P AP A A MA M Belo Monte
Salto Trs de Maio Ronuro Salto Curu Salto Buriti Paranatinga II
Paranatinga I Culuene ARS Novo Repartimento Parauapebas Rio Maria
Pau D'Arco Redeno Anapu Senador Jos Porfrio Vitria do Xingu
Altamira Prainha Brasil Novo Medicilndia Uruar Placas gua Azul do
NorteOurilndia do Norte Tucum Bannach Cumaru do Norte So Flix do
Xingu Rurpolis Itaituba Trairo Novo Progresso Santana do Araguaia
Santa Terezinha Vila Rica So Flix do Araguaia Confresa Porto Alegre
do Norte Canabrava do Norte Alto Boa Vista So Jos do Xingu
Marcelndia Unio do Sul Ribeiro Cascalheira Querncia Canarana Gacha
do Norte Campinpolis Paranatinga Primavera do Leste gua Boa Nova
Xavantina Cludia Itaba Feliz Natal Santa Carmem Sinop Vera Sorriso
Nova Ubirat Planalto da Serra Guarant do Norte Matup Peixoto de
Azevedo Melgao Portel Gurup Porto de Moz Nova Brasilndia CUIAB 50W
50W 52W 52W 54W 54W 56W 56W 2S 2S 4S 4S 6S 6S 8S 8S 10S 10S 12S 12S
14S 14S Legenda UHE Belo Monte PCHs Capital Estadual Sedes
Municipais Limite Estadual Limites Municipais Massa D'gua Bacia do
Xingu Terras Indgenas Unidade de Conservao de Proteo Integral
Unidades de Conservao de Uso Sustentvel 0 100 200 30050 km Sistema
de Coordenadas Geogrficas Datum horizontal: SAD 69 1:4.25 45W 45W
60W 60W 0 0 15S 15S 30S 30S Localizao 2.1 Localizao da rea de
estudo Fontes: Base Cartogrfica Digital do Brasil ao Milionsimo
(IBGE, 2005) IBGE, Malha Municipal Digital do Brasil. 2005 Compilao
de dados MMA e ICMBIO ANEEL, 2008 Elaborao: ARCADIS Tetraplan,
2009
19. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 17
PCH Salto Buriti Localiza-se no Rio Curu, no municpio de Altamira,
com potncia de 10.000KW, em duas unidades geradoras de 5.000KW. De
propriedade da Buriti Energia S.A., encontra-se em construo e ser
ligada ao Sistema Interligado Nacional aps a construo de Linha de
Transmisso com 200 km de extenso, at a subestao Altamira da CELPA
(conforme previsto no documento obtido no site da ONS: Definio da
Modalidade de Operao de Usinas, Operao Futura). Contar com um
reservatrio de 2,9km. Casa de Fora Vista Area
20. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 18
PCH Salto Curu Localiza-se no Rio Curu, no municpio de Altamira,
com potncia de 30.000KW. De propriedade da Curu Energia S.A.,
encontra-se ser ligada ao Sistema Interligado Nacional aps a
construo de Linha de Transmisso com 200 km de extenso, at a
subestao Altamira da CELPA Centrais Eltricas do Par, com contrato
de compra de energia por esta empresa at 2032. Atualmente
enquadra-se como Produtora Independente de Energia e no est ligada
ao SIN. Seu reservatrio ter 0,3 km. Obteve da ANEEL em outubro de
2008 a permisso para o incio da operao comercial das unidades 1,2 e
4. Cada unidade com potncia de 7,5MW, totalizando 22,5MW. Com isso
esta PCH est beneficiando 220 mil habitantes do municpio de
Altamira. Vista Area do Alojamento PCH Salto Trs de Maio
Localiza-se no Rio Trs de Maio, no municpio de Altamira, com
potncia de 15.000KW. De propriedade da Eletricidade Paraense Ltda.
encontra-se em construo e ser ligada ao Sistema Interligado
Nacional por meio do uso compartilhado do sistema de transmisso da
PCH Salto Curu, at a subestao Altamira da CELPA - Centrais Eltricas
do Par. Seu reservatrio ter 0,16 km. Esta PCH foi enquadrada pelo
MME em 03.04.2008, pela Portaria n 142, no Regime Especial de
Incentivos para o Desenvolvimento da Infra-Estrutura (REIDI).
21. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 19
PCH ARS Localiza-se no Rio Von Den Steinen8 (ou Atelchu), no
municpio de Nova Ubirat-MT, com potncia de 6.600KW e duas unidades
geradoras de 3.300KW cada. De propriedade da Tecnovolt Centrais
Eltricas Ltda., encontra-se em construo e ser ligada ao Sistema
Interligado Nacional (conforme previsto no documento obtido no site
da ONS: Definio da Modalidade de Operao de Usinas, Operao Futura)
atravs da subestao PCH ARS e linha de transmisso de 57,2 km de
extenso no Municpio de Nova Ubirat. A energia gerada substituir, em
parte, a gerao eltrica baseada em combustveis fsseis, esperando
reduzir as emisses de GEE (gases de efeito estufa) em
aproximadamente 11.962 toneladas de CO equivalente por ano em um
perodo de crdito de 10 anos. Atualmente enquadra-se como Produtora
Independente de Energia. Seu reservatrio ter 1,64 km. PCH
Paranatinga I Localiza-se no Rio Culuene, nos municpios de
Parantinga-MT e Campinpolis-MT, com potncia de 22.300KW. Seu
reservatrio ter 4,2km. De propriedade da Paranatinga Energia Ltda.,
encontra-se em construo e enquadra-se como Produtora Independente
de Energia. A venda de energia ser feita para a Centrais Eltricas
Matogrossenses - CEMAT. As instalaes de transmisso previstas sero
compostas de 1 subestao com capacidade de 30/37,50MVA, 13,8/138KV
interligando-se por meio de uma linha de transmisso 138,0KV,
circuito simples, a SE Paranatinga II, com 25 km de extenso, de
propriedade da prpria Paranatinga Energia Ltda. O funcionamento
desta PCH est atrelado ao da PCH Paranatinga II, que em conjunto, e
em sistema isolado, fornecero energia suficiente para substituir a
gerao trmica de UTEs movidas a leo diesel localizadas nos municpios
de Ribeiro Cascalheira, (produz 1.005MWh/ms), Querncia do Norte
(produz 6.250 MWh/ms) e Gacha do Norte (produz 770MWh/ms). O
funcionamento conjunto com a PCH Paranatinga II se deve ao regime
hidrolgico do Rio Culuene que para viabilizar a potncia total
necessria para a substituio das UTE, necessita de dois
aproveitamentos distintos. Devido ao fato do Sistema Isolado do
Estado do Mato Grosso no ter previso para integrar o Sistema
Interligado Nacional, a ANEEL autorizou que a gerao de algumas PCHs
tenha direito a 8 O Rio Von Den Steinen tributrio do Rio Ronuro,
que por sua vez afluente do Rio Xingu.
22. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 20
sub-rogao da Conta de Consumo de Combustvel Fssil CCC, por se
considerar a alternativa mais adequada para a substituio das UTEs,
inclusive sobre a tica econmica. PCH Paranatinga II Localiza-se no
Rio Culuene, nos municpios de Parantinga-MT e Campinpolis-MT, com
potncia de 29.020 KW. Seu reservatrio ter 12,92 km. De propriedade
da Paranatinga Energia Ltda., encontra-se em operao desde fevereiro
de 2008. Enquadra-se como Produtora Independente de Energia. A
venda de energia feita para Centrais Eltricas Matogrossenses -
CEMAT. As instalaes de transmisso so compostas de 1 subestao com
capacidade de 13,8/138KV 45/56,25MVA e 138/34,5KV 5MVA, de onde
partem duas linhas de transmisso, sendo uma que interligar a PCH
Paranatinga II at a Subestao Quercia do Norte, em circuito simples,
em 138KV 10/12,5MVA e 13,8/34,5KV - 5MVA e desta partindo outra LT,
circuito simples, com 60 km de extenso, na tenso de em 34,5/13,8KV
2MVA, at a subestao Ribeiro Cascalheira, conectando-se ao sistema
de distribuio da CEMAT, e outra LT partindo da PCH Paranatinga II
at a subestao Gacha do Norte, em circuito simples, na tenso de
34,5KV, com 90 km de extenso at a subestao Gacha do Norte, 34,5/
13,8KV 2MVA, conectando-se ao sistema de distribuio da CEMAT. Ao
todo so 406 km de LTs. Fonte:port.pravda.ru - junho 2006
Fonte:port.pravda.ru - junho 2006 Como j dito anteriormente, o
funcionamento desta PCH est atrelado ao da PCH Paranatinga I, que
em conjunto, e em sistema isolado, fornecero energia suficiente
para substituir a gerao trmica das referidas UTEs. Alm disso, a
construo desta PCH faz parte no contexto do Programa Luz para Todos
do Governo Federal objetivando abastecer 16 municpios do Baixo
Araguaia no nordeste mato- grossense. Sua implantao contou com a
construo de uma escada de peixes, item que pela primeira vez
apareceu em empreendimentos do tipo PCH. Tambm conta com programas
de resgate de fauna e flora e de recomposio de uma faixa de 100m
com vegetao nativa tendo em vista a recuperao da mata ciliar para
evitar o assoreamento e a poluio do rio Culuene.
23. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 21
No mbito de seu licenciamento, o Ministrio Pblico Federal,
solicitou um estudo para identificar o exato local de um dos stios
sagrados da mitologia dos povos do Alto Xingu, o Kuarup, e
verificar a interferncia com esta PCH. O estudo foi realizado de
acordo com os critrios indicados pelo IPHAN e pela Fundao Nacional
do ndio (FUNAI) durante um ano por 21 cientistas, e identificou que
o Sagihenhu, local onde ocorreu a primeira celebrao do Kuarup,
conhecido como Travesso do Adelino, fica a 7 quilmetros abaixo da
obra. PCH Culuene Localiza-se no Rio Culuene, nos municpios de
Primavera do Leste-MT e Paranatinga-MT, com potncia de 1,794MW. Seu
reservatrio tem 0,39km. De propriedade da VP Energia S.A,
encontra-se em operao e sua produo destinada ao Servio Pblico de
Energia Eltrica por intermdio da CEMAT. Suas instalaes de
transmisso possuem as seguintes caractersticas tcnicas: uma
subestao interna de manobra, de barramento simples em 0,46KV com
trs mdulos em 0,46KV sendo uma para cada unidade geradora de 747
KVA, mais um mdulo em 0,46KV para o trafo de servio auxiliar e mais
1 mdulo em 0,46KV para o trafo 0,46/34,6KV e respectiva conexo em
34,5KV na subestao local da concessionria distribuidora CEMAT. PCH
Ronuro Localiza-se no Rio Ronuro, no municpio de Paranatinga-MT,
com potncia de 1.040MW. De propriedade da Sopave Norte S.A. e
Mercantil Rural, encontra-se em operao e sua energia destina-se ao
consumo prprio (Autoproduo de Energia APE).
24. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 22
3. Diagnstico da Bacia do Rio Xingu A presente anlise da bacia
hidrogrfica do Xingu foi delineada visando compreender as
caractersticas scio-ambientais, quais sejam, os ecossistemas que
constituem e organizam a paisagem e provem recursos naturais e
servios ambientais, bem como a dinmica scio- econmica que determina
as vrias formas de apropriao desses recursos e servios. A partir
desse quadro, pode-se inferir sobre quais processos podero se
estabelecer nesse espao territorial com a implantao de
aproveitamentos hidreltricos e em que medida as alteraes ambientais
decorrentes podero se intensificar como resultado da cumulatividade
ou de sinergias de impactos. A bacia hidrogrfica do rio Xingu tem
rea total aproximada de 509.000 km e se desenvolve no sentido
sul-norte, desde a Regio Centro-Oeste, aproximadamente no paralelo
15 S, at o paralelo 3 S, na Regio Norte. Est limitada, pela bacia
hidrogrfica do rio Tapajs, a oeste e, a leste, pela bacia dos rios
Araguaia Tocantins. As cabeceiras dos formadores do rio Xingu e
seus principais afluentes encontram-se no setor norte do Estado de
Mato Grosso, nos terrenos mais elevados situados ao sul dos
divisores da Chapada dos Parecis. O clima, fortemente estacional,
condiciona a vegetao savnica, caracterstica do bioma Cerrado onde
se insere esse trecho superior da bacia hidrogrfica. Nesse trecho
inicial da bacia hidrogrfica predominam formaes de transio entre as
savanas, que caracterizam as reas das nascentes, e as extensas
florestas ombrfilas presentes no mdio e no baixo curso. Essa situao
ecotonal traduz-se pela presena de extensas formaes de contato
floresta ombrfila/floresta estacional, esta ltima caracterstica do
limite entre os biomas Amaznia e Cerrado. nesse setor da bacia
hidrogrfica que a agropecuria, notadamente as culturas cclicas
tecnificadas, tm maior expresso, notadamente no sul/sudoeste da
bacia, prximo BR-163, polarizada por Sinop e por Cuiab, quando
considerado um raio maior. Os vetores de ocupao se expandem s reas
de nascentes e aos altos cursos dos formadores do rio Xingu. Avanam
sobre as formaes de contato floresta ombrfila/floresta estacional,
em direo as Terras Indgenas a presentes, em um processo de
crescente utilizao da base de recursos naturais e dos servios
ambientais decorrentes principalmente da explorao da madeira, do
consumo de nutrientes e de gua para produo de gros e para a
pecuria. De ocupao relativamente recente, esse trecho da bacia
hidrogrfica apresenta um processo de alterao da paisagem em curso,
onde se evidencia o confronto de modos de vida e formas opostas de
ocupao: uso dos produtos da floresta, pesca e cultivo de pequenas
roas, presente notadamente nas Terras Indgenas, e a agricultura
tecnificada. Desenvolvendo-se em direo norte, o rio Xingu
apresenta, em seu trecho mdio, canal com ilhas e pedrais que formam
rpidos e cachoeiras. As plancies fluviais so estreitas e
descontinuas com
25. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 23
canais abandonados, lagoas e alagadios. Esse padro ocorre na maior
parte do canal principal do Rio Xingu, entre a Cachoeira de Von
Martius e Belo Monte, incluindo a regio da Volta Grande, grande
parte do Rio Iriri e de seu afluente Rio Curu. Todo esse trecho da
bacia, correspondente ao mdio curso, situa-se na Depresso da
Amaznia Meridional, recoberta por florestas ombrfilas, onde
encraves de savanas ou contatos savana/floresta ombrfila se
destacam em correspondncia aos planaltos residuais a existentes.
Caracterizado pelo contnuo florestal e ocupado em grande parte por
Terras Indgenas e Unidades de Conservao, este amplo espao geogrfico
encontra-se fragmentado na altura da cidade de So Flix do Xingu
devido ocupao antrpica, onde se destaca a pecuria extensiva. A BR
158, que se desenvolve longitudinalmente a leste da bacia
hidrogrfica, corresponde ao principal vetor da ocupao, polarizada
por Marab no que se refere ao escoamento bovino de maior escala. A
presso antrpica e os conflitos de uso se traduzem por extensos
desflorestamentos em meio floresta ombrfila e em derrubadas
menores, porm gradativas, em Terras Indgenas e em Unidades de
Conservao. Evidencia-se nessa rea, denominada Terra do Meio,
conflitos fundirios e um processo de explorao no sustentvel dos
produtos da floresta e dos recursos hdricos, que se reflete em
desflorestamentos irregulares e na ausncia de boas prticas
ambientais. No curso mdio inferior, o rio Xingu recebe seu
principal afluente, o rio Iriri e, nas imediaes da cidade de
Altamira, sofre uma acentuada deflexo formando a chamada Volta
Grande, de grandes corredeiras, com um desnvel de 85 m em 160 km.
No fim desse trecho, altura da localidade de Belo Monte, o rio se
alarga consideravelmente, apresentando baixa declividade at a sua
foz e sofrendo, inclusive, efeitos de remanso provocados pelo rio
Amazonas (CNEC, 1988). Nesse trecho, as extensas formaes florestais
sofrem soluo de continuidade, em decorrncia da presena a rodovia
Transamaznica, implantada na dcada de 1970. Transversal bacia, esta
via de acesso trouxe como resultado uma ocupao em ncleos de
colonizao associados rodovia e s estradas vicinais, onde o
desflorestamento se intensificou, determinando um padro de
fragmentao da floresta correspondente geometria dessa rede viria.
Ao norte desse trecho intensamente ocupado e alterado
desenvolvem-se novamente extensas florestas, em grande parte
abarcadas por Unidade de Conservao de uso sustentvel, que se
estendem at as vrzeas do rio Amazonas. Assim, parte as reas
legalmente protegidas, vetores de ocupao se evidenciam em
localidades bem definidas da bacia: (i) ao sul, no alto curso do
rio Xingu, na regio das savanas e no contato destas com as formaes
florestais amaznicas (ii) a leste, notadamente na regio de So Flix
do Xingu e a sul/sudeste desta e; (iii) ao norte, em correspondncia
Rodovia Transamaznica. Embora relativamente recente e circunscrita
a determinados setores da bacia hidrogrfica, a dinmica ditada pelas
intervenes antrpicas altera a dinmica original e passa a ter grande
importncia, definindo espaos organizados pela lgica da atividade
produtiva predominante.
26. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 24
Conforme evidenciado, fatores indutores externos bacia ditam essas
ocupaes. Em grande parte esto relacionadas ao modelo voltado ocupao
induzida, por meio de um planejamento centralizado, adotado entre
as dcadas de 1960 a 80, que privilegiava uma viso externa ao
territrio e em que a infra-estrutura precedia a ocupao. Este modelo
determinou uma nova geometria de ocupao do espao amaznico,
contrapondo-se ao modelo histrico de ocupao ao longo dos cursos
dgua, por onde se dava a circulao e a rede de comunicao (Becker,
2001). A ltima configurao do modelo de ocupao, que privilegia o
crescimento e a autonomia local, baseado em reas relativamente
isoladas, dependentes da produo local, tambm est circunscrito no
caso da bacia do rio Xingu, a setores definidos. Incipiente,
entretanto, esse o modelo pretendido para grande parte desse
territrio, como atesta a criao das vrias e extensas Unidades de
Conservao de Uso Sustentvel. nesse quadro que se realiza a anlise
dos possveis processos que podem se estabelecer com a implantao de
aproveitamento para gerao de energia eltrica. A anlise dos efeitos
sinrgicos que podem emergir implica a elaborao de um estudo
dirigido integrao dos diversos temas abordados no diagnstico,
buscando evidenciar fenmenos relevantes, que determinam, em grande
medida, a dinmica atual desse espao e, portanto, que podero
recrudescer ou se alterar em cenrios futuros com os empreendimentos
que se pretende implantar. 3.1. Processos e Atributos do Meio Fsico
e Ecossistemas Terrestres 3.1.1. Dinmica do Clima Regional O
presente captulo trata da caracterizao do regime climtico da bacia
do rio Xingu, com nfase na dinmica climtica que rege os principais
sistemas atmosfricos atuantes na bacia. O Continente Sul Americano
A Amrica do Sul est situada entre dois grandes oceanos. O Oceano
Atlntico e o Oceano Pacfico exercem grande influncia sobre o clima
desse continente. As caractersticas da circulao regional sobre a
Amrica do Sul somente podem ser compreendidas considerando-se os
efeitos climticos desses dois oceanos. Um aspecto geogrfico
importante da Amrica do Sul a presena da elevada Cordilheira dos
Andes que se estende ao longo de toda a costa oeste, desde 10 N a
60 S. Outra caracterstica especial da Amrica do Sul a floresta
amaznica que ocupa cerca de 65% de sua rea tropical. O continente
sul americano possui ainda alguns desertos dos mais inspitos e
regies ridas, como o deserto de Atacama no Chile, o deserto da
Patagnia e o rido serto do Nordeste do Brasil. A circulao
atmosfrica sobre a Amrica do Sul exibe diversas caractersticas
especiais, como a alta da Bolvia, a zona de convergncia do Atlntico
Sul (South Atlantic Convergence Zone, SACZ), a rea de baixa presso
do Chaco no vero e o fenmeno da friagem na regio equatorial durante
o inverno do Hemisfrio Sul. Os oceanos tropicais dos dois lados do
continente sul americano so os nicos do mundo que no so castigados
por furaces e tufes. No Oceano Atlntico tropical, a zona de
convergncia intertropical (Intertropical Convergence Zone,
ITCZ)
27. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 25
estende-se de oestesudoeste para lestenordeste, tendo seu extremo
oestesudoeste uma amplitude meridional de migrao sazonal bastante
grande. A Circulao Regional Existem dois centros subtropicais de
alta presso, um sobre o Oceano Pacfico e o outro sobre Oceano
Atlntico, respectivamente do lado oeste e do leste da Amrica do
Sul. Sobre o continente predominam presses relativamente baixas
todo o ano. No interior do continente, a presso ao nvel do mar
mnima no vero e mxima no inverno. A alta do Oceano Pacfico mais
intensa no vero e a alta do Oceano Atlntico no inverno. Esses dois
centros de alta afastam-se do continente no vero, quando ocorre a
estao das chuvas na maior parte da Amrica do Sul tropical e
subtropical. O anticiclone do Atlntico Sul migra durante o ano,
passa da posio (15 W, 27 S) em agosto para a posio (5 W, 33 S) em
fevereiro. Em combinao com a migrao sazonal da ITCZ no perodo de
fevereiro maio determina a estao chuvosa na regio do Nordeste do
Brasil (HASTENRATH, 1991). Sobre o continente, h uma zona
equatorial de baixa presso (cavado) que se funde com a ITCZ sobre o
oceano. A posio e a intensidade do cavado equatorial um fator de
grande influncia sobre a estao chuvosa no lado norte da regio
amaznica, incluindo as Guianas, a Venezuela e a Colmbia. Uma
caracterstica importante da circulao geral da Amrica do Sul o
enfraquecimento do anticiclone subtropical no vero, devido ao
aquecimento das guas ocenicas. Ao deslocar-se para o sul, no incio
do vero, o anticiclone do Atlntico Sul d ensejo ao desenvolvimento
da SACZ que o divide em duas partes. A circulao das camadas mais
baixas da troposfera (ventos alsios), oriunda do lado norte do
centro de alta presso do anticiclone do Atlntico Sul, atinge os
Andes, no Peru e na Colmbia, onde bloqueada pelas altas montanhas e
desviada para o sul, quando se torna lentamente ventos de norte e
de noroeste do lado leste das Cordilheiras. Na costa leste, os
ventos alsios penetram o continente com diferentes ngulos e
velocidades a cada estao. Isto tem efeitos significativos sobre a
precipitao litornea (KOUSKY, 1955). Sobre o continente, regio do
colo entre os dois anticiclones do Atlntico e do Pacfico, nas
latitudes entre 15 S e 40 S, o campo do escoamento caracterizado
por uma forte deformao, que foi qualificada como geradora de
frentes, ou frontogentica (SATYAMURTY e MATTOS, 1989). H evidncias
de que nessa regio ocorre um jato de baixo nvel de norte, abaixo de
850 hPa, que responsvel pelo transporte de vapor de gua e calor do
Amazonas para a regio do Paraguai e Argentina (PEAGLE, 1987). Em
abril, ao norte de 10 N sobre o Atlntico, os alsios tm uma
componente mais de norte e a ITCZ fica situada ao sul do mar do
Caribe. A ITCZ, no oeste do Oceano Atlntico e no leste do Oceano
Pacfico, vista sob o aspecto do eixo de confluncia dos alsios,
atinge sua posio mais ao norte no final do inverno do Hemisfrio
Sul, isto , cerca de 10 N no Atlntico e 13 N no Pacfico. Por outro
lado, a ITCZ chega mais ao sul no final do vero do Hemisfrio Sul,
cerca de 3 N no Oceano Atlntico, no perodo de fevereiro-abril, e 5
N no Oceano Pacfico, no perodo janeiro e fevereiro (HASTENRATH,
1991).
28. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 26
3.1.1.1. Variao Anual da Circulao Atmosfrica O texto a seguir
apresenta as anlises sobre as situaes de inverno-primavera e de
vero- outono. A Figura 3 -1 mostra a variao sazonal dos sistemas
atmosfricos na Amrica do Sul e sobre a bacia do Xingu, em
particular, com a direo preferencial de expanso desses sistemas e
sua faixa de flutuao. As situaes sazonais referem-se ao
comportamento mdio da dinmica da atmosfera em cada estao, no sendo,
portanto, representativas de eventos anormais causadores de grandes
enchentes ou de estiagens singulares. Situao de Inverno Primavera
Em condies normais, nesse perodo, o sistema Equatorial Atlntico
(Ea) domina o tempo na costa nordeste do Brasil, penetrando pelo
interior at as vizinhanas de Belm e controlando o tempo na bacia do
Xingu. Ocasiona aguaceiros contnuos e sem trovoadas em toda a costa
oriental, da Bahia ao Rio Grande do Norte, mas, em seu avano pelo
continente, as chuvas se reduzem, atingindo um mnimo nesta poca do
ano, quando o sistema apresenta grande estabilidade. No alto
Amazonas, esse sistema cede lugar ao Equatorial Continental
Amaznico (Ec), que se limita a esta rea, atraindo o alseo de
nordeste para o continente. Na primavera, o sistema Ec tem maior
expanso para leste, alcanando o trecho superior da bacia, conforme
est esquematizado na Figura 3 -1.
29. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 27
Figura 3-1- Variao sazonal dos sistemas atmosfricos na Amrica do
Sul e na bacia do Rio Xingu
30. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 28
A Convergncia Intertropical (CIT), durante a primavera, encontra-se
no Hemisfrio Norte, ocupando sua posio mais setentrional a 8N, mas
mantendo-se um pouco mais ao sul no inverno, de modo a exercer
influncia sobre o extremo norte do continente. A Frente Polar
Atlntica (FPA), em sua trajetria martima, pode atingir a latitude
de Natal, inflectindo, em seguida, em direo ao Par. Quando a frente
est ntida, produzem-se chuvas e trovoadas na costa norte, at Belm,
havendo queda mdia de 3C na temperatura e vento de sul. Sob um
avano continental, o sistema Polar Atlntico (Pa) penetra pela
Bolvia e pelo Estado de Mato Grosso, seguindo rumo norte, sendo
desviado para a esquerda altura da Serra do Roncador, que flanqueia
o setor direito da poro superior da bacia do Xingu, atravessando o
Acre, o Alto Amazonas e a Colmbia, gerando o fenmeno da friagem. Na
FPA que precede esse sistema, produzem-se cumulonimbus, trovoadas e
pancadas rpidas. A friagem pode afetar o setor superior da bacia do
Xingu, mas no atinge o estado do Par e, portanto, a maior parte da
bacia. Quando o sistema polar se instala no Amazonas, cessam as
trovoadas e aguaceiros do sistema Ec, que recua para o norte; aps
dois ou trs dias, o ar frio se mistura com o alseo que,
instabilizando-se, traz novas trovoadas. A permanente instabilidade
do sistema Ec, no inverno, na regio do Alto Amazonas, liga-se,
justamente, aos freqentes jatos de ar polar. Muitas vezes, o avano
de frentes superiores vindas do Pacfico sentido na zona equatorial.
O ar frio sul atinge a latitude de Cuiab a uns 1.000 ou 2.000
metros, determinando aumento da presso, das temperaturas e
possivelmente trovoadas, sendo que ao nvel do solo, persiste o
sistema Tropical Atlntico de ventos do nordeste. Essa invaso
superior caminha para leste, atingindo os estados de Gois, Minas
Gerais e Bahia, at o Atlntico, formando cumulonimbus no contato com
a superfcie do mar. As cabeceiras dos rios formadores do Xingu,
embora no estejam includas na faixa mdia de ao dessas invases
superiores, podem, ocasionalmente, ser afetadas. O prprio sistema
Tropical Atlntico (Ta) no chega a agir sequer sobre o trecho
superior da bacia, mas, estando este trecho numa rea de ao
perifrica do sistema Ec, durante a primavera, pode sofrer,
esporadicamente, uma interveno do primeiro sistema. De modo geral,
as massas polares dificilmente invadem a poro Central do Brasil,
ficando a regio do baixo Amazonas sob o domnio estvel do alseo, que
no sofre resfriamento das invases polares, definindo um inverno
mais seco. Situao de Vero Outono Durante esse semestre, a CIT
encontra-se no Hemisfrio Sul, e, introduzindo-se pela regio
nordeste, balanceia os sistemas Equatorial Continental Amaznico
(Ec), Equatorial Atlntico (Ea) e Tropical Atlntico (Ta). O sistema
Equatorial Continental Amaznico domina toda a regio central do
Brasil, ao norte do Trpico, inclusive a bacia do Xingu, tendo sua
expanso limitada a oeste pelos Andes, e alcanando, muitas vezes, o
litoral sul do pas. A instabilidade desse sistema est ligada prpria
circulao do vero, durante o qual o continente torna-se um centro
aquecido, para onde convergem os alseos de norte e de leste,
ocenicos, originando uma tpica mono. O sistema apresenta, ento,
umidade e temperatura elevadas, sendo que a convergncia e
31. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 29
ascenso produzidas em seu interior so responsveis por forte
instabilidade convectiva, de modo que as reas sob sua influncia
recebem chuvas e trovoadas locais quase dirias. O sistema
Equatorial Atlntico (Ea) no chega a afetar a bacia, pois no
ultrapassa o litoral nordestino A CIT, no vero, se encurva para o
sul, atravessando o centro do continente, atrada pela depresso
trmica interior. O mesmo acontece no outono, quando atinge sua
posio mais meridional, de aproximadamente 4S, na costa, e 0S sobre
o oceano, controlando o tempo no trecho inferior da bacia. Este
setor da bacia do Xingu apresenta, assim, um mximo pluviomtrico de
outono e um mnimo de primavera coincidente com o maior afastamento
da CIT. Quando ocorrem fortes avanos do ar polar atlntico, a CIT
recua para noroeste e os sistemas Ea e Ta substituem o Ec,
desaparecendo as trovoadas deste ltimo, substitudas por chuvas
contnuas e estabilidade. No caso de invases polares vindas do
Hemisfrio Norte a mono se refora e o sistema Equatorial Continental
(Ec) avana para o leste, deslocando a CIT para o oceano. No sistema
Ec formam-se, freqentemente, pequenas depresses trmicas, onde se
intensificam as trovoadas, que caminham, em geral, de oeste para
leste e de norte para sul, deslocando-se do Amazonas ao Cear. Duram
dois ou trs dias e provocam elevao trmica de 4C, em mdia. Sob um
avano do sistema polar pelo litoral, a Frente Polar Atlntica (FPA),
ao atingir o equador, no mais se define como no inverno, mas sim
mistura-se ao alseo, produzindo chuvas. Se o ar polar avana pelo
interior, segue uma trajetria mais a leste que no inverno, podendo
mesmo alcanar o norte do Par, afetando a bacia do Xingu. Produz-se
uma friagem pouco intensa com decrscimo em torno de 3C na
temperatura, sendo que as trovoadas locais do sistema Equatorial
Continental so reforadas pelo ar frio que se mistura. As Variaes
Interanuais As anlises sinpticas das variaes interanuais da
circulao tropical de vero mostram que nos veres com circulao do
tipo Hadley forte, as precipitaes so acima do normal na rea
costeira do Nordeste do Brasil e no sul do Brasil. Durante os
perodos de fraca circulao de Hadley, as chuvas so acima do normal
no interior sul do Nordeste do Brasil e abaixo do normal no Sul do
Brasil. Os estudos demonstraram que a circulao do tipo de Hadley
sobre a Amrica do Sul era forte quando a circulao ciclnica de 850
hPa, centrada na posio 28 S e 65 W, era bem definida, e a circulao
de Hadley era fraca quando ambas a circulao ciclnica de 850 hPa e a
anticiclnica de 150 hPa eram fracas e deslocadas para norte na
direo da Bacia do Rio Amazonas. Nesses veres, a invaso de ar frio
do sul foi mais freqente. As situaes sinpticas de perodos
relativamente secos ou relativamente midos no Nordeste do Brasil,
nos meses de fevereiro a abril, parecem estar associados a um ndice
zonal baixo no Hemisfrio Sul e um alto ndice zonal no Hemisfrio
Norte. Essa situao sinptica facilita a penetrao das frentes frias
do sul no Nordeste do Brasil, as quais
32. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 30
interagem com uma perturbao mvel no cavado equatorial e produz
fortes precipitaes na regio. As Variaes Sazonais Madden e Julian,
em 1971, descobriram algumas oscilaes de durao de 30 a 60 dias e as
chamaremos de MJOs (Madden and Julian Oscillations), que ocorrem
sobre o Oceano Pacfico. Posteriormente foi verificado que atingem
todas as regies tropicais do globo, com intensidade varivel. O
efeito da MJO sentido na Amrica do Sul cerca de seis semanas depois
que se manifesta no oeste do Oceano Pacfico. J existem estudos
(KOUSKY e CAVALCANTI, 1988) mostrando que essa oscilao tem efeito
de baixa intensidade sobre a conveco na Bacia Amaznica e no Sudeste
do Brasil, especialmente no vero. Nos anos do fenmeno El Nio9 ,
parece haver um aumento da freqncia das oscilaes MJOs. 3.1.1.2.
Variaes Espaciais e Temporais dos Elementos do Clima At 1975 a rede
de postos pluviomtricos e climatolgicos existentes na bacia era
restrita a alguns pluvimetros, localizados em fazendas da regio das
cabeceiras do Xingu, e s estaes climatolgicas de So Flix do Xingu,
Altamira e Porto de Moz. A partir de 1975, com o incio dos Estudos
de Inventrio do Rio Xingu, a rede pluviomtrica da bacia foi
ampliada com a instalao de novos postos, de modo a aumentar a
densidade da rede, bem como melhorar sua distribuio espacial,
totalizando 21 postos pluviomtricos e trs estaes meteorolgicas.
Devido ausncia de estaes meteorolgicas no trecho alto da bacia, j
que as trs nicas estaes existentes situam-se no trecho mdio baixo e
baixo da bacia, foram utilizados os dados da estao de Diamantino,
situada fora da bacia, porm prxima aos limites das cabeceiras do
Xingu. Com base nos dados coletados so apresentadas a seguir as
principais caractersticas dos parmetros meteorolgicos relativos a
precipitao, temperatura e umidade do ar. Precipitao Os registros de
precipitao dos postos considerados como representativos da bacia,
foi obtido o mapa de isoietas anuais apresentado na Figura 3-2
Isoietas Anuais. As isoietas mostram que na bacia do rio Xingu a
precipitao aumenta no sentido de seu desenvolvimento, de montante
para jusante, variando de 1.500mm nas nascentes a 2.600mm na
proximidade da foz. J a precipitao mdia anual na bacia resultou em
1.800mm 9 O fenmeno La Nina, ou episdio frio do Oceano Pacfico,
tambm tm freqncia de 2 a 7 anos, todavia tem ocorrido em menor
quantidade que o El Nio durante as ltimas dcadas. Os episdios mais
recentes de La Nia ocorreram nos anos de 1998/99. Os principais
efeitos de episdios do La Nia observados sobre a regio
norte-nordeste do Brasil so, entre outros: tend~encia de chuvas
abundantes no norte e leste da Amaznia, possibilidade de chuvas
acima da mdia sobre a regio semi- rida do Nordeste do Brasil, bem
como de chegadas de frentes frias nessa regio.
33. Rio Tapajs Rio Amazonas Rio Iriri Rio Xingu Rio Xingu Rio
Xingu Rio Xingu Rio Araguaia Rio Amazonas Rio das Mortes Rio Curu
Rio Xingu Rio das Mortes Rio Xingu Rio Xingu P AP A M TM T G OG O T
OT O A PA P Vera Anapu Curu Sinop Uruar Placas Tucum bidos Aveiro
Juruti Itaba Matup Breves Portel Gurup Pacaj Prainha Bannach Trairo
Lucira Cludia Colder Sorriso Melgao Altamira Alenquer SANTARM
Belterra Itaituba Confresa Canarana Almeirim gua Boa Carlinda
Oriximin Rurpolis Vila Rica Cocalinho Querncia Nova Mutum Novo
Mundo Brasil Novo Marcelndia Paranatinga Feliz Natal Monte Alegre
Medicilndia Unio do Sul Campinpolis Nova Guarita Santa Carmem Nova
Ubirat Porto de Moz Alta Floresta Novo Progresso Alto Boa Vista
Cumaru do Norte Santa Terezinha Gacha do Norte Vitria do Xingu Novo
So Joaquim Nova Brasilndia So Jos do Xingu Planalto da Serra gua
Azul do Norte So Flix do Xingu Canabrava do Norte Lucas do Rio
Verde Peixoto de Azevedo Santana do Araguaia Terra Nova do Norte
Nova Cana do Norte Ribeiro Cascalheira Senador Jos Porfrio So Flix
do Araguaia Porto Alegre do Norte 52W 52W 54W 54W 56W 56W 2S 2S 4S
4S 6S 6S 8S 8S 10S 10S 12S 12S 14S 14S Legenda Capital Estadual
Sedes Municipais Limite Estadual Limites Municipais Massa D'gua
Bacia do Xingu Terras Indgenas Unidade de Conservao de Proteo
Integral Unidades de Conservao de Uso Sustentvel Precipitao Mdia
Anual 3500 3250 3000 2750 2500 2250 2000 1750 1500 1250 At 1000 0
100 200 30050 km Sistema de Coordenadas Geogrficas Datum
horizontal: SAD 69 1:4 45W 45W 60W 60W 0 0 15S 15S 30S 30S
Localizao Figura 3-2 Isoietas Anuais (mm) Fontes: Base Cartogrfica
Digital do Brasil ao Milionsimo (IBGE, 2005) Adaptado de : IBGE,
Geografia do Brasil, volume 1 e 3, 1991 Compilao de dados MMA e
ICMBIO ANEEL, 2008 Elaborao: ARCADIS Tetraplan, 2009
34. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 32
Pode-se concluir que bacia do rio Xingu apresenta uma sazonalidade
bem definida. O perodo chuvoso, das cabeceiras do rio at a parte
mdia alta da bacia, compreende os meses de dezembro a maro; j na
faixa mdia da bacia at o baixo curso, o perodo chuvoso vai de
fevereiro a maio. Nota-se claramente que, entre as cabeceiras e o
baixo curso, o perodo chuvoso sofre um atraso de cerca de um a dois
meses. Este fato favorece a ocorrncia de grandes deflvios nos
trechos do mdio e baixo cursos. As descargas que ocorrem nesses
trechos, no perodo de fevereiro a abril, so provenientes do
escoamento superficial das chuvas que atingem o segmento mdio
inferior da bacia e do escoamento dos deflvios originrios das
precipitaes de um a dois meses antes, nas partes mdia superior e
alta da bacia. Merece citao tambm a grande acumulao na prpria calha
do rio e nas baixadas marginais adjacentes, o que tem grandes
efeitos sobre o amortecimento das cheias e seu tempo de trnsito ao
longo da calha principal do rio Xingu. Temperatura Pela sua posio
geogrfica prxima ao Equador e pelas suas baixas altitudes, a bacia
se caracteriza por um clima quente, ocorrendo de agosto a dezembro
as temperaturas mais elevadas. As mximas no so excessivas, devido
forte umidade relativa e a intensa nebulosidade. Em contrapartida,
nos meses mais frios, junho a julho, dificilmente a temperatura
mdia fica abaixo dos 24 C. Em casos particulares, quando ocorre a
invaso do ar polar continental, as mnimas absolutas podem chegar
aos 8 C. Na regio de Altamira e Porto de Moz, trecho inferior da
bacia, a temperatura mdia durante o ano fica entre 25,4C e 27,3C,
com mnimas em fevereiro e mximas em outubro. Como indicador do
trecho mdio, tem-se a localidade de So Flix do Xingu. Nesta, em
posio mais meridional e em altitude mais elevada que o trecho
inferior, as mdias mensais ficam entre 24,6C (mnima em julho) e
25,4C mxima em setembro. Para o trecho alto da bacia verifica-se
que a temperatura mdia de 25,2C, com as mnimas ocorrendo em maio
com valores em torno dos 24,4C . As mximas geralmente ocorrem a
partir de fevereiro com valores entre 27,0C e 28C. Umidade Relativa
No trecho inferior da bacia, tanto na latitude de Porto de Moz
quanto de Altamira, a curva da umidade relativa cresce a partir de
novembro at abril-maio, variando de 83% a 89% e 79% a 88%,
respectivamente. Entre junho e outubro ela reduz at 82% em Porto de
Moz, e entre maio e outubro at 78% em Altamira. Caracterizando o
trecho mdio da bacia, So Flix do Xingu demonstra uma ligeira
modificao na curva de umidade relativa em relao ao trecho inferior,
apresentando mxima em janeiro (89%) e mnimas entre julho e agosto
(81%). J no trecho alto da bacia, a umidade relativa fica pouco
abaixo do trecho mdio, com mximas em janeiro/ fevereiro (80% e 83%)
e mnimas em agosto/setembro (60,7 e 64,5%).
35. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 33
3.1.2. Terrenos Para o desenvolvimento deste tema foi adotado o
conceito de terreno, que classifica o espao segundo suas condies
ambientais predominantes, suas qualidades ecolgicas e avalia seu
potencial de uso, bem como suas fragilidades. Tais estudos tm sido
utilizados para fornecer uma viso sinttica do meio, para estudos
cientficos e aplicados ao planejamento das atividades antrpicas no
meio fsico. O presente diagnstico abrange a Bacia Hidrogrfica do
rio Xingu, evidenciando-se os diversos compartimentos, seus
principais atributos e dinmicas. Dados de relevo, substrato
rochoso, solo e vegetao da rea de estudo foram analisados para
definir os sistemas de terrenos e estabelecer os atributos abiticos
dos principais ecossistemas terrestres que caracterizam a Bacia
Hidrogrfica do rio Xingu (Figura 3-3). A bacia compreende parte de
dez grandes unidades de relevo, que foram diferenciadas com base
nos dados do IBGE (1993) e do Projeto RADAMBRASIL (1981 e 1982). De
montante para jusante ocorrem: Planalto dos Guimares /
Alcantilados, Depresso do Alto Araguaia / Tocantins, Depresso de
Paranatinga, Planalto dos Parecis / Alto Xingu, Depresso da Amaznia
Meridional, Planaltos Residuais do Sul da Amaznia, Planalto
Marginal do Amazonas, Depresso do Amazonas, Plancie Fluvio-lagunar
do Amazonas e Plancies Fluviais. O rio Xingu e seus afluentes
cortam rochas do embasamento cristalino, rochas sedimentares
paleozicas, mesozicas e cenozicas, que constituem unidades de
diferentes idades. Condicionados pelos diferentes tipos de rochas e
relevos ocorrem na Bacia do rio Xingu: Latossolos Amarelos,
Latossolos Vermelho-Amarelo, Argissolos Vermelho-Amarelo, Argisolos
Vermelhos, Neossolos Litlicos e Afloramentos Rochosos, Neossolos
Quartzoarnicos, Plintossolo Ptrico e Gleissolos. No que se refere
vegetao potencial, so diferenciados na bacia os seguintes tipos:
floresta ombrfila densa, floresta ombrfila aberta, floresta
estacional semidecidual, savana (cerrado), formaes pioneiras
(sistema edfico de primeira ocupao) e sistemas de transio ecolgica
ou tenso ecolgica (contato entre formaes vegetais distintas). Com
base nessas observaes so descritas as principais relaes entre as
Unidades de Relevo, as formaes vegetais potenciais, os sistemas de
transio (tenso ecolgica), substrato rochoso e solos, que
substanciaram a caracterizao dos diferentes tipos de terrenos que
ocorrem em cada uma das Unidades de Relevo da Bacia do Rio Xingu.
Para o mapeamento das unidades de terrenos em escala 1:1.000.000
foi realizada uma primeira aproximao da caracterizao da bacia com
base nos Mapas Geomorfolgico do Brasil (IBGE, 1993), de Vegetao
(IBGE, 1993) e Geolgico da Amrica do Sul (CPRM, 2000), em escala 1:
5.000.000, o que permitiu identificar, em escala macro, as
principais caractersticas do Meio Fsico e avaliar o nvel de
complexidade de seus elementos, o que se reflete na definio de
unidades de terrenos. Aps essa caracterizao inicial, foram
realizados estudos na escala 1: 1.000.000, com a utilizao dos
mapeamentos elaborados pelo Projeto RADAMBRASIL correspondentes s
folhas: Belm, Araguaia, Tapajs, Tocantins, Juruena, Gois e
Cuiab.
36. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 34
De forma complementar, foram analisadas informaes dos Diagnsticos e
Zoneamento Ambiental, elaborados pelos Estados do Mato Grosso
(SEPLAN/MT, 2003) e do Par (SECTAM/PA, 2004), dados do Inventrio
Hidreltrico da Bacia do Rio Xingu (ELETRONORTE, 1980), dados do
Plano de Desenvolvimento Sustentado da BR 163, as Folhas Geolgicas
ao milionsimo (CPRM, 2000) e elementos dos estudos realizados pelo
CNEC (1988 a e 1988b).
37. Sub bacia do Rio Ronuro Sub bacia do Baixo Xingu Sub bacia
do Rio Curu Sub bacia do Rio Von den Steinen Sub bacia do Rio
Culuene Sub bacia do Rio Curisevo G OG O M TM T T OT O P AP A A MA
M Rio das Mortes Rio Xingu Rio Xingu Rio Curu Rio Xingu Rio Xingu
Rio Amazonas Rio Amazonas Rio Iriri Rio Xingu Rio Araguaia Rio
Xingu Rio Tapajs Salto Trs de Maio Ronuro Salto Curu Salto Buriti
Paranatinga II Paranatinga I Culuene ARS Legenda Depresso da
Amaznia Meridional Dp AM - Relevos de rampas de aplanamento com
dissecao incipiente em colinas. Anfibolitos, charnoquitos,
dioritos, gnaisses, granitides, metabsicas, enderbitos,
granodioritos, monzogranitos, arenito grauvacas, quartzo grauvacas,
andesitos, traquitos, dacitos, riolitos e tufitos. Argissolos
Vermelho - Amarelo, Latossolos Vermelho Amarelos e Nitossolo
Vermelho. Floresta Ombrofila aberta. Depresso do Amazonas Dp AM1 -
Relevos de rampas de aplanamento extensas com dissecao incipiente
em colinas. Coberturas detrito-lateritica e Quartzo arenitos.
Latossolos Vermelho Amarelos Floresta Ombrofila Densa predomina. Dp
AM 2 - Associao de colinas e rampas de aplanamento. Quartzo
arenitos. Latossolos Vermelho Amarelos. Contato a Floresta Ombrfila
Densa e a Floresta Ombrofila Aberta. Depresso do Alto Tocantins /
Araguaia Dp ATA - Relevos de rampas de aplanamento extensas
Argilitos, folhelhos e siltitos Argissolos Vermelho - Amarelo e
CambissolosSavana Arbrea com floresta galeria Associam-se serras
residuais sustentadas por Arenitos com Latossolos e Neossolos
quartzoarenicos. Dp ATA 2 - Serras residuais da Depresso Alto
Tocantins/ Araguaia sustentadas por arenitos com Latossolos e
Neossolos quartzarnicos. Depresso de Paranatinga Dp P1 - Associao
de Relevos de Rampas de Aplanamento e Colinas Argilitos, folhelhos,
siltitos e Arenitos. Argissolos Vermelho - Amarelo e Neossolos
quartzoarenicos. Savana Arbrea aberta com floresta galeria. Dp P2 -
Relevos colinosos Argilitos, folhelhos, Siltitos e Arenitos.
Cambissolos Savana Parque predomina a floresta galeria. Planalto do
Guimares / Alcantilados Pl GA 1 - Relevos de rampas de aplanamento
extensas predominam e relevos colinosos subordinados. Arenitos
Neossolos quartzoarenicos. Savana com Floresta de Galeria P1 GA 2 -
Associao de relevos de rampas de aplanamento e
colinas.FolhelhosArgissolos Vermelho - Amarelo e Plintossolos
Ptricos.(T) Savana / Floresta Estacional - Savana Arbrea Densa.
Planalto Marginal do Amazonas PI MA - Relevos colinosos suave
ondulados a ondulados.Arenitos, folhelhos, siltitos, conglomerados
e diabsios Latossolos Vermelho Amarelos, Nitossolo Vermelho e
Argissolo Vermelho - Amarelo.Transio entre a Floresta Ombrofila
Densa e Floresta Ombrofila Aberta. Planalto dos Parecis / Alto
Xingu PI PAX 1 - Relevos de rampas de aplanamento pouco dissecadas
no reverso da escarpa Cobertura Detritico-latertica e folhelhos
Latossolos Vermelho-Amarelo Ecotono Savana / Floresta estacional e
Savana Arbrea com floresta galeria. Escarpas sustentadas por
folhelhos e arenitos. Ocorre Plintossolos Ptricos Ecotono Savana /
Floresta estacional Savana Arbrea Densa. PI PAX 2 - Relevos de
rampas de aplanamento extensas. Cobertura Detritico-latertica
Latossolos Vermelho-Amarelo. Contato Floresta Ombrofila / Floresta
Estacional PI PAX 2B - Associam-se relevos residuais sustentadas
por andesitos, aplitos, basaltos, brechas piroclasticas, riolito,
tufo laplitico. Ocorre Plintossolos Ptricos. Neossolos Litlicos e
Argissolos Vermelho-Amarelo. Ectono Savana/ Floresta Estacional -
Savana Arbrea Aberta. Planalto Residual do Amazonas PI RA 1 -
Relevos residuais tabulares, dissecados em morros (de topos agudos
e convexos) e campos de inselbergs Granodioritos, monzogranitos,
sienogranitos, granitos, adamelitos, granulitos, charnoquitos,
enderbitos, xixtos, granitos porfiros, andesitos, xistos filitos e
formaes ferriferas, anfibolitos, quartzo xistos, folhelhos,
metabasaltos e granulitos bsicos.Neossolos Litlicos, Afloramentos
de Rochas, Argisolos Vermelho-Amarelo Floresta Ombrofila Densa
Submontana (predomina); PI RA 2 - Arenito Grauvaca, Quartzo
Grauvaca, Biotita Xisto, Filitos, Formaes Ferriferas Metacrseos,
Metarenitos e Micaxistos, Folhelho, Quartzo Arenito e Siltito,
Andesitos, Basaltos, Brechas Piroclsticas Riolito, Tufo Laplitico.
Neossolos Litlicos, Afloramentos de Rochas, Neossolos Quarzoarnicos
e Argisolos Vermelho - Amarelo. Savana: Florestada e Gramneo
Lenhosa e Transio Savana/Floresta Ombrfila. Plancie Flvio- Lagunar
do Amazonas Pfl AM - Plancies fluviais inundveis, alagadios,
terraos e lagoas Sedimentos aluviais. Gleissolos e Neossolos
Fluvicos Formaes Pioneiras fluviais arbustivas e herbceas
38. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 36
Unidades de Relevo e Tipos de Terrenos Planalto dos Guimares
/Alcantilados: Rampas arenosas e Colinas amplas e Rampas Unidade de
relevo que ocorre no extremo sul da Bacia Hidrogrfica do rio Xingu
e que abriga as cabeceiras do rio Culuene, formador do rio Xingu,
cujas nascentes encontram-se em altitudes de 750 a 800 m, no
divisor de gua com o rio das Mortes e com o rio Teles Pires. Dois
tipos de terrenos foram diferenciados nessa unidade de relevo,
ambos com encostas de baixa inclinao: as Rampas arenosas em que
predominam relevos de topo aplanado e as Colinas amplas e Rampas
que apresentam dissecao incipiente e relevos convexos de baixa
amplitude. Esses terrenos so sustentados por rochas do embasamento
cristalino do proterozico superior, e por rochas paleozicas e
mesozicas da Bacia Sedimentar do Paran. Essas rochas so
representadas pelas seguintes unidades litoestratigrficas: Formao
Raizama, Formao Furnas, Formao Ponta Grossa, Formao Aquidauana e
Grupo Bauru. A presena de sedimentos cenozicos est associada
principalmente s plancies fluviais. As Rampas arenosas so terrenos
planos e suave ondulados desenvolvidos sobre arenitos. Predominam
Neossolos Quartzarnicos rticos em associao com Latossolos Vermelho-
Amarelos. Ocorrem ainda Argissolos Vermelho-Amarelos associados com
Plintossolos Argilvicos e Cambissolos Hplicos. Em propores
pequenas, ocorrem Latossolos Vermelhos e Gleissolos Hplicos. As
Colinas amplas e Rampas constituem terrenos suave ondulados a
ondulados, pouco dissecados, sustentados por folhelhos, siltitos e
arenitos finos argilosos, onde ocorrem predominantemente Argissolos
Vermelho-Amarelos associados a Plintossolos Argilvicos e Neossolos
Quartzarnicos rticos. Latossolos Vermelho-Amarelos tambm ocorrem em
pequenas propores. Os Neossolos Quartzarnicos rticos no so
indicados para a lavoura devido as limitaes edficas, a drenagem
excessiva e a deficincia de bases trocveis, podendo ser utilizados
para pastagem, embora ainda apresentem limitaes relacionadas
susceptibilidade eroso, exigindo cuidados especficos. Os Argissolos
so indicados para uso com agricultura em geral, apresentando
limitaes nas declividades mais acentuadas, entre 15 e 25% pela
maior susceptibilidade eroso e pela deficincia nas bases trocveis.
Os Latossolos apresentam aptido agrcola boa para lavoura, com
limitaes relacionadas drenagem excessiva e deficincia em bases
trocveis. O clima no aparece como fator restritivo e quanto ao
relevo as limitaes so ligeiras, pela ocorrncia de declividades
entre 5% e 15%. Os Cambissolos apresentam aptido boa para culturas
permanentes, em especial com fruticultura, ou ento para a
silvicultura, em funo da ocorrncia de relevo com declividades
elevadas.
39. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 37
A deficincia de gua, a estrutura fraca, a textura arenosa, a
drenagem deficiente, o gradiente textural e o baixo teor de bases
trocveis, dos solos destes dois tipos de terreno, so limitaes que,
associadas alta susceptibilidade a eroso e a arenizao, favorecem a
sua utilizao para abrigo e proteo da fauna e da flora silvestre.
Esses terrenos apresentam baixo potencial mineral, bem como baixa
probabilidade de ocorrncia de cavernas, pois embora os arenitos
sejam rochas favorveis formao destas feies pseudocrsticas, o relevo
plano inibe o seu desenvolvimento. Depresso do Alto Araguaia /
Tocantins: Rampas e Morros residuais tabulares Ocupa uma pequena
rea na parte sul da Bacia Hidrogrfica do rio Xingu, onde esto
alojadas as nascentes do rio Sete de Setembro, um dos seus
formadores. As nascentes esto em altitudes de 380 400 m, associadas
a rea alagadia (guas emendadas), onde tambm nasce o rio Arees,
afluente do rio das Mortes, nas proximidades da localidade de gua
Boa. Dois tipos de terrenos foram diferenciados nessa unidade de
relevo: as Rampas com encostas de baixa inclinao em que predominam
relevos de topo aplanado, e os Morros residuais tabulares que so
limitados por escarpas e apresentam topos aplanados ou com dissecao
incipiente. Esses terrenos so sustentados por rochas do embasamento
cristalino do proterozico superior e por rochas paleozicas da Bacia
Sedimentar do Paran, representadas pelas unidades
litoestratigrficas Formao Diamantino, Formao Furnas e Formao Ponta
Grossa. A presena de sedimentos cenozicos associa-se s plancies
fluviais. As Rampas so terrenos planos e suaves ondulados
sustentados por folhelhos e siltitos micceos, com finas intercalaes
de arenitos arcoseanos, O solo predominante o Argissolo
Vermelho-Amarelo que se associa com Latossolo Vermelho-Amarelo.
Seguem-se Cambissolos Hplicos e Plintossolos Ptricos
Concrecionrios, associados a Neossolos Litlicos. Os Cambissolos
Hplicos desta unidade de relevo possuem carter distrfico indicativo
de baixa saturao por bases trocveis e textura mdia que, pode
condicionar deficincia hdrica s culturas nas pocas mais secas do
ano. Os Morros residuais tabulares so terrenos que se destacam pela
sua amplitude e pela presena de topos aplanados limitados por
escarpas sustentadas por arenitos mdios a grossos, ortoquartziticos
e feldspticos, com lentes de conglomerados e de siltitos argilosos.
Nessa unidade predominam nos topos Latossolos Vermelho-Amarelos em
associao com Neossolos Quartzarnicos rticos. Nas escarpas, ocorrem
Plintossolos Ptricos Concrecionrios, associados a Neossolos
Litlicos e Plintossolos Argilvicos. Os Argissolos Vermelho-Amarelos
e os Latossolos, predominantes nas Rampas e nos topos dos Morros,
so aptos para agricultura, sem limitaes quanto ao clima e relevo,
mas com limitaes quanto baixa disponibilidade de bases trocveis e
ao carter lico do solo. Nas escarpas as terras so aptas para a
utilizao como abrigo e proteo da fauna e da flora silvestre. Os
solos apresentam alta susceptibilidade eroso laminar e em
sulcos,
40. AAI Avaliao Ambiental Integrada dos Aproveitamentos
Hidreltricos da Bacia Hidrogrfica do Rio Xingu ARCADIS Tetraplan 38
problemas de toxidez por alumnio, alm de baixa profundidade efetiva
e ocorrncia de afloramentos rochosos. Os Morros residuais tabulares
apresentam alto potencial para a ocorrncia de abrigos e cavernas,
devido presena de arenitos e de relevos de escarpas que favorecem a
formao de feies pseudocrsticas. Esses terrenos apresentam baixo
potencial mineral. Depresso de Paranatinga: Rampas arenosas, Rampas
e Colinas amplas, mdias e Rampas Essa Unidade de relevo compreende
uma depresso interplanltica ampla, com altitudes de 450 a 680 m, na
qual esto inseridas as nascentes do rio Cuiab (Bacia do rio Paran),
do rio Teles Pires (Bacia do rio Tapajs) e dos rios Ronuro,
Tamitatoala ou Batovi e Curisevo, da Bacia do rio Xingu. Os
afluentes do Xingu nesse compartimento, formam perces que fazem
recuar os relevos escarpados que limitam o Planalto dos Parecis /
Alto Xingu. Trs tipos de terrenos foram diferenciados nessa
unidade, todos com encostas de baixa inclinao: Rampas arenosas, que
se associam relevos de topo aplanado, Rampas e as Colinas amplas,
mdias e Rampas onde se associam relevos com dissecao incipiente em
topos convexos de baixa amplitude. Associa-se a esses terrenos
morrotes e morros residuais tabulares que, por suas dimenses, no
foram individualizados. Esses terrenos so sustentados por rochas do
embasamento cristalino do proterozico superior, representado pela
Formao Raizama, de ocorrncia restrita, e pela Formao Diamantino
predominante. Intruses kimberlticas mesozicas ocorrem, cortando
essas rochas e, embora no condicionem terrenos especficos, so
responsveis pelo seu potencial mineral(diamantes). Na regio tm-se
ainda rochas sedimentares mesozicas representadas pela Formao
Parecis, e sedimentos cenozicos associados principalmente s
plancies fluviais, e as coberturas detrito-lateriticas que afloram
sobre os morrotes e morros residuais. Rampas arenosas so terrenos
suave ondulados que ocorrem na cabeceira dos rios Ronuro, Jatob,
Curisevo. Esses terrenos so sustentados por arenitos finos a mdios,
feldspt