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Xingu Vivo - Belo Monte

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Uma cartilha informativa sobre todo impacto ambiental na região do Xingu. Um projeto d ONG Xingu Vivo

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Belo MonteO desastre da Natureza

Usina Hidrelétrica de

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Não Temos culpa se vocês estãoatrapalhando o

desenvolvimento!!

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Belo MonteO desastre da Natureza

Usina Hidrelétrica de

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Apresentação

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Altamira é o maior município do mundo. Tem 159.679 quilômetros de extensão territorial, e 105.030 habitantes. Ela dá nome à microrregião de Altamira, composta também pelos municípios de Vitória do Xingu, Brasil Novo, Medicilân-cia, Anapu e Pacajá. Toda a região é cortada pelo rio Xingu, que nasce no Mato Grosso e desemboca no rio Amazonas. A região do Xingu é

um símbolo da diversidade biológica e cultural brasileira e mais da metade do seu território é formada por áreas protegidas, abrigando 30 terras indígenas e 15 unidades de conservação. São mais de 20.000 indígenas de 24 etnias, cerca de 15.000 extrativistas e milhares de ribeirinhos, agricultores familiares, quilombolas, fazendeiros. Nesta região querem construir a Barragem de Belo Monte que vai custar em torno de R$ 30.000.000.000,00 (30 bilhões de reais), produzir somente 39% de sua capacidade instalada, deslocando mais de 40.000 moradores e atraindo umas 200 mil pessoas em busca de em-prego. O projeto vai atingir aldeias indígenas, ribeirinhos, colonos e muitos bairros da cidade - vai mexer com tudo. Nossa vida vai mudar. Para onde vamos? Qual será a nossa casa? Onde vamos pescar? Onde será nossa roça? Como chegar na cidade?

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EXPEDIENTE:

Produção: Movimento Xingu Vivo Para

Sempre (MXVPS)

Criação, edição, projeto gráfico e ilustrações: Paulo Emmanuel

[email protected](091) 8715.2096

MXVPSRua Lindolfo Aranha, 400 - Altos

Centro - Altamira/ PA

Contatos: (93) 3515.2927

[email protected]

“No fundo, o que você acha sobre Belo Monte?” A resposta mais sincera e comum para esta pergunta é “não sei”. Especialmente quando sai da boca das po-pulações de Altamira e da região atingida pelo empre-endimento.

A esta altura do campeonato, esta é uma situação preocupante. Por que isto acontece? Não temos dúvida que nada tem a ver com nossa própria ignorância. Em realidade, isto é resultado de um processo complexo que envolve bloqueio de informações na imprensa e má vontade intencional do governo e do consórcio Norte Energia em dar explicações sobre o empreendimento. Por quê? Porque, em boa parte do tempo, a construção de Belo Monte não envolve só concreto e barragens. Isso é fácil de explicar. Envolve também violações de direitos humanos e descumprimento de leis. Isso é difícil de explicar.

E foi para furar este bloqueio, para romper com o não-saber (que gera um silêncio danado!) que prepara-mos esta cartilha. Se bem usada, torna-se um facão bem afiado - e não apenas para que finalmente tomemos uma posição certeira sobre a construção da Usina. Não só para nos defendermos e exigir que a lei seja cumpri-da e nossos direitos garntidos. Mais do que isso: serve para encher nossa cabeça de sonhos e planos sobre um outro projeto para a Amazônia. Quando sabemos o que não queremos, sabemos mais o que queremos. E não queremos Belo Monte.

com tanta destruiÇão?

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CARTA DOS INDIGENAS

Nós indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte

Por Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna.

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Nós indígenas do Xingu, estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas ter-ras, mas lutamos também pelo futuro do mundo.

O presidente Lula disse na semana passada que ele se preocupa com os índios e com a Amazônia, e que não quer ONGs internacionais falando contra Belo Monte. Nós não so-mos ONGs internacionais. Nós, 62 lideranças indígenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kara-raô, Terra Wanga, Boa Vista Km 17, Tukumã, Kapoto, Moika-rako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone, já sofremos muitas invasões e amea-ças. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nós índios já estávamos aqui e muitos morreram e perderam enormes territórios, perdemos mui-tos dos direitos que tínhamos, muitos perderam

parte de suas culturas e outros povos sumiram completamente. Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão crescer com nossa cul-tura.

Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque

entendemos que a usina só vai trazer mais destruição para

nossa região. Não estamos pensando só no local onde

querem construir a barragem, mas em toda a destruição

que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragens depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o

que mais o governo quer?

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Pra que mais energia com tanta destruiÇão?

Já fizemos muitas reuniões e grandes encontros contra Belo Monte, como em 1989 e 2008 em Altamira--PA, e em 2009 na Aldeia Piaraçu, nas quais muitas das lideranças daqui estiveram presentes. Já falamos pessoalmente para o presidente Lula que não queremos essa barragem, e ele prometeu que essa usina não seria enfiada goela abaixo. Já falamos também com a Eletronorte e Eletrobrás, com a Funai e com o Ibama. Já alertamos o governo que se essa barragem acontecer, vai ter guerra. O Governo não entendeu nosso re-cado e desafiou os povos indígenas de novo, falando que vai construir a barragem de qualquer jeito. Quan-do o presidente Lula fala isso, mostra que pouco está se importando com o que os povos indígenas falam, e que não conhece os nossos direitos. Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas.

Por isso nós, povos indígenas da região do Xingu, convidamos de novo o James Cameron e sua equipe, representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre (com movimento de mulheres, ISA e CIMI, Amazon Watch e outras organizações). Queremos que nos ajudem a levar o nosso recado para o mundo inteiro e para os brasileiros, que ainda não conhecem e que não sabem o que está acontecendo no Xingu. Fizemos esse convite porque vemos que tem gente de muitos lugares do Brasil e estrangeiros que querem ajudar a proteger os povos indígenas e os territórios de nossos povos. Essas pessoas são muito bem-vindas entre nós.

Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas florestas, pelos nosso rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados. Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sa-bemos que essas florestas trazem benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro. Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois já estão sofren-do com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o sangue que une uma família.

O mundo tem que saber o que está acontecendo aqui, perceber que destruindo as florestas e povos indí-genas, estarão destruindo o mundo inteiro. Por isso não queremos Belo Monte representa a destruição de nosso povo.

Para encerrar, dizemos que estamos prontos, fortes, duros para lutar, e lembramos de um pedaço de uma carta que um parente indígena americano falou para o presidente deles muito tempo atrás: “Só quando o homem branco destruir a floresta, matar todos os peixes, matar todos os animais e acabar com todos os rios, é que vão perceber que ninguém come dinheiro”.

Cacique Raoni Kayapó e Yakarepi Juruna representando 62 lideranças indígenas da Bacia do Xingu.

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Desde 1975, a Eletronorte pretende transformar os Rios Xingu e Iriri para produzir eletricidade.

Em 1979, os estudos indicavam que poderiam ser construídas cinco barragens no Rio Xingu e uma no rio Iriri. Os estudos foram feitos pelo CNEC, uma empresa que pertence à Camargo Corrêa.

O primeiro projeto, feito em 1979, ia começar com duas barragens: Cararaô e Juruá, e ia produzir 11 mil MW.

A primeira proposta para represar o rio Xingu e o rio Iriri causou revolta dos povos indígenas, am-bientalistas de antropólogos e movimentos sociais. O encontro dos povos indígenas em Altamira em 1989 , enterrou a proposta de construir Cararaô. Ín-dia Tuira com seu gesto colocando o facão nas bo-chechas do engenheiro da Eletronorte simbolizou

a indignação e desrespeito aos povos ribeirinhos e indígenas.

De 1989 até 2002 não esqueceram dos projetos e vários estudos foram feitos tentando dizer ao povo e aos índios que a área alagada seria menor e não alagaria a terra indígena.

O que temos hoje é um projeto remendado que, se não alaga terra indígena, rouba sua água e a possibilidade de viver dos índios e dos ribeirinhos da Volta Grande, complica a vida de Altamira, dos moradores próximos aos Igarapés, complica a vida de quem mora nos travessões.

As audiências públicas não serviram para dar in-formações ao povo que continua sem saber o que pode acontecer com ele. O licenciamento infeliz-mente foi goela abaixo !!

A história da Usina de Belo Monte

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USINA DE BELO MONTE - O QUE VAI ACONTECER?

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FONTE: AdAPTAdO dE APRESENTAçãO ElETROBRáS: ATuAlizAçãO dO

iNvENTáRiO HidREléTRiCO dA BACiA HidROGRáFiCA dO RiO XiNGu 31/10/2007

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A UsiNA de BelO MONte HOje

No projeto atual da Usina de Belo Monte pretende-se

construir:

m 2 BARRAGENS

A barragem Pimental, na volta Grande; A barragem de Belo Monte na vila de Santo Antônio de Belo Monte.

m 5 REPRESAS GRANDES

vão alargar e rasgar os igarapés de Maria e Gaioso.

Com paredões enormes na região dos travessões 27, 45.

m 2 CANAIS

O que você acha?

Estes igarapés vão deixar de existir como são hoje. Seriam rasgados até a largura de 500 metros com a profundidade de quase 20 metros que seriam canalizados, concretados e depois unidos para for-mar represas alagando as terras ocupadas desde os anos 70 nos travessões 18 e 27 da Transamazônica perto de São Francisco das Chagas. Uma das represas seria formada cortando o Igarapé Pakisamba, outra represa cortaria o igarapé Ticaruca, o qual seria cortado por uma barragem, e alagaria terras do travessão 45 da Transamazônica; outra represa formada pelo igarapé Cobal, que teria uma barragem e alagaria as terras dos travessões 45 e Cenec da Transamazônica; e mais uma repre-sa encima do igarapé Santo Antonio, barrado pelo paredão perto de Belo Monte.

O projeto foi feito pela Camargo Correa, a mesma que construiu Tu-curuí. Pela Andrade Gutierrez que grilou terras em São Félix do Xingu e pela Norberto Odebrecht, uma empresa baiana que também quer a sua fatia na Amazônia. A Leme S.A. foi contratada por estas empresas para fazer o estudo. Na verdade, a ELETROBRAS, que é a empresa do governo, entregou o projeto a quem está há 30 anos esperando para construir a barragem. Elas vão dizer que o projeto é ruim?

Igarapés De Maria e Gaioso

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OlHANdO de ciMA A VOltA GrANde

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A energia produzida por Belo Monte vai para o Sul e Sudeste do país e para as empresas de mineração. Quem constrói a barragem é quem vende a energia. E quem vende, fica com os lucros.Mudou alguma coisa com a barragem de Tucuruí para nosso povo?Vai mudar com Belo Monte? Conversa fiada. Prometem o progresso em cada obra.

E PARA ONDE VAI A ENERGIA?

Alguém falou isso para o povo brasileiro?

Ninguém falou da linha de transmissão até agora!! Para onde vai a energia?

A populaÇão precisa

estão dizendo que a

barragem vai gerar 11 mil MW e será a maior do Brasil. Esqueceram

de avisar o Rio Xingu, você sabe que no verão não tem água. ou a usina vai ficar parada no verão ou vão construir mais

barragens para segurar a água e soltar no verão?O que você acha que vai

acontecer?

saber!!!

A energia não vai ser distribuída para a populaÇão

COM A ChEGADA DA TRANSAMAzô-NICA fOI ASSIM..

VEIO O PROGRESSO?

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A barragem da Ilha Pimental vai cortar a desci-da da água do Xingu para passar pelos canais. Um paredão de seis quilômetros cortando o rio será construido. Para construir os canais vão escavar toneladas de terra e rochas, que vão assorear os igarapés. Essa terra vai ficar amontoada bem próximo dos

igarapés Gaioso e de Maria, nas proximidades da terra Juruna do Pakisamba, próximo de São Fran-cisco das Chagas atrapalhando e cortando outros igarapés. Outra represa também será construida no igarapé do Paquiçamba. O Ticaruca terá outra bar-ragem que alagará o travessão do Km 45. E o Cobal será cortado por formação de outra represa.

Dá PARA IMAGINAR?

O que vai restar serão paredões de concreto...

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...água parada e Igarapés sem vida.

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SE A hIDRELéTRICA fOR CONSTRUíDA?

O que vai acontecer na Volta Grande?

nAs ilhas vão se acabar – vai ficar só a terra

nPeixes ornamentais desaparecerão

nA floresta vai secar. Não vai ter água de poço – só se o poço for muito fundo.

nVai ter muito carapanã da pedra e muita Malária!

nOs peixes que sobrevi-verem no verão serão poucos.Os igarapés irão secar e a água vai ficar muito quente.

nVai ter muito garimpeiro procurando ouro nas areias do rio seco

nOs igarapés que sobrarem vão ficar cheios de aguapé. Até o Bacajá no encontro com o Xingu vai abaixar.

nHaverá pouca água, como no verão de 1998.

nA caça vai fugir

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Este será o destino da região: A barragem , os canais de navegaÇão e a floresta seca e destruida.

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Dá PARA IMAGINAR?

Paz e Sossego? Acabaram!Ninguém fala disso, deixa para a hora que acontecer.

pNa Pimental vão construir alojamentos para 5.150 homens, os que vão ganhar os menores salários;

pEm Belo Monte também, vão tirar o povo que mora lá para construir a usina para produção de energia e alojamentos para 8.700 homens.

pvão chegar mais de 100 mil pessoas, só de coleta de lixo e de serviço de saúde já vai comprometer a cidade..

e a seguranÇa?

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Dá PARA IMAGINAR?

n Os que trabalham na barragem vão ter escola e posto médico. E os que chegarem procurando emprego?

n E os moradores de vitória do Xingu, Brasil Novo, Altamira e Anapu, sem falar nos outros? O SuS vai dar conta? vai ter escola prá todo mundo?

n Tem lugar digno e decente prá todo mundo? Como vai ser? Onde vai ser ? Ninguém fala disso!

n Algumas doenças endêmicas podem voltar a aparecer. é o caso da febre hemorrágica de Altamira, transmitida por um tipo de piuns muito comuns nos anos 1970 durante a chegada dos colonos.

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E O EMPREGO?

Vai ter emprego, mas não é prá todo mundo!Empregos

No primeiro ano 6500 No segundo ano 15400No terceiro ano 18700No quarto ano 17300No sétimo ano 1700depois da obra: 700

n Quem ganha com esta obra além das empresas empreiteiras?

n Os municípios só ganhariam de acordo com a energia gerada, que não é tanta quanto dizem que é !!

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PROBLEMAS

n Todos aqueles que não aparecem no relatório pois os estudos não foram bem feitos.

n Todas as casas foram visitadas? Só moram três pessoas na sua casa ?

n Todos teriam as mesmas terras que tinham antes? vão continuar vivendo da plantação como antes?

n O povo está preocupado e com razão. Ninguém sabe onde iria morar, se haveria água do rio na volta Grande para navegar e para beber.

n Será que teriam água nos poços? Só falam em indenização.

n O recomeço para mais de 50 mil pessoas da cidade, da zona rural e da beira do rio seria muito difícil

Devemos desconfiar de tudo?

Cadê as garantias? n O governo federal não garantiu nada. Os municípios de Anapú e Senador José Porfírio nem apareceram como atingidos! Eles não estão na volta Grande?

n A vila da Ressaca, Garimpo do Galo, Ilha da Fazenda, vão ficar no trecho...

...SECO !!

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Será que vai vazar água na cidade?

E COMO VAI fICAR ALTAMIRA?

A cidade de Altamira será invadida pelas águas do rio. O lençol freáti-co que fica debaixo de Altamira irá juntar-se com a força das águas do Xingu e inundar a cidade numa en-chente pior do que ocorreu em abril de 2009. As principais avenidas e ruas da cidade ficarão submersas. Mais de 30% da cidade vai ficar debaixo dágua.

E COMO VãO fICAR?

Vitória do Xingu?as cachoeiras vão virar outra coisa. A navegação ficará impossível no verão

São Raimundo Nonato: alagado e bota fora de entulho

São Francisco das Chagas: canteiro de obras, bota fora, travessão interrompido pelas águas e pelos aterros.

Boa esperanca, Vila Rica: vai virar bota fora de entulho, terra e pedra.

Santa Luzia: desaparece pelo alargamento dos canais e formação do reservatório

Bom Jardim I e II :ficam ilhados pelo reservatório e sem comunicação com ostravessões.

Deus é amor: alagado

Travessões ficam cortados pelo reservatório, pelos diques e pelas obras e aterros.

Brasil Novo?Todos os lotes ao sul de Brasil Novo irão inundar com o agravante do aumento populacional que acontecerá na região.

Anapu E Senador José Porfírio ?Junto com Senador José Porfírio, seriam os mais atingidos pelo secamento do rio principal e pelo rebaixamento do lençol freático ou lençol d’água ( que são as águas que ficam embaixo da terra e que abastecem nossos poços).

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VOCê VAI SER EXPULSO!

Se você é agricultor

familiar Haverá perda de lotes de terras, ameaça de invasão, faltará caça, água boa para beber. Terá terra no futuro para os seus filhos? dois milhões de pés de cacau serão destruídos na volta Grande do Xingu!

Se você é pescador

A água vai diminuir tanto que vários tipos de peixes desaparecerão. Andar de barco ficará mais difícil, nos meses mais secos terá mais pedra que água. E como chegar em Altamira? Ninguém disse nada sobre isso !! - vamos escalar o paredão??Os igarapés que serão cortados, das baixadas dos travessões, vai ter muita água parada e barrenta e paredões enormes vão complicar a vida de alguns peixes, outros vão desaparecer.

Se você é oleiroOs igarapés serão

inundados e a atividade será prejudicada.

Se você mora em RESEXO rápido crescimento

populacional na região acarretará o aumento da violência, da prostituição e exploração infantil, dos conflitos sociais e fundiários, do desemprego, da pobreza e miséria humana.

Se você é piloto de barco Vai ter muita dificuldade de navegar, o rio vai baixar, a comunicação por rio com a vila da Ressaca, ilha da Fazenda, Garimpo do Galo, Pakisamba e Arara será interrompida.

Se você é pequeno comerciante Sofrerá a concorrência dos grandes comerciantes

que fornecerão todo o material e equipamento necessário nas obras para a construção da barragem. Com preços mais baixos devido a larga produção, os produtos de fora serão mais competitivos, o que ocasionara o fechamento de muitos pequenos comércios.

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E mora nas TIs Pakisamba (aldeias Pakisamba e Muratu) ou Wangã (aldeia Arara da Volta Grande)

A água vai baixar tanto no verão que comprometerá a navegação, a sobrevivência dos peixes e da pesca e só beneficiará a reprodução de mosquitos transmissores de doenças como a malária! Próximo aos canteiros de obra e demais sítios da barragem, aumentará a chance de invasões, exploração ilegal de recursos naturais como madeira e peixes, potencializando conflitos sociais, violência, alcoolismo, prostituição e a pobreza. Se mora no Km-17, 27, nas baixadas. Tem gente que mal acabou de chegar nos assentamentos criados e já vai ter que sair? Para os que vão ficar, como vão vender os produtos? de barco, pulando os paredões?

SE VOCê é INDíGENA

Ninguém sabe?

Você que mora lá NÃO SABE !Se mora na volta Grande, itatá, Garimpo do Galo, na vila da Ressaca tem que saber que Belo Monstro vai fazer baixar as águas!! Os carizeiros não vão mais pegar o Acari, pois o peixe corre risco de desaparecer porque a água vai diminuir e esquentar, assim como os outros peixes. Se o pessoal tiver que sair da beira, irá para onde? Mas quem mora na beira do rio na volta Grande não é nem considerado atingido!

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REASSENTAMENTO OU INDENIzAçãO?

O recomeço no novo local – Mas onde? Em que condições?

Mas, se você mora na volta Grande principalmente em Senador José Porfírio e Anapu, nas margens do Xingu você não tem direito a nada! Vai ficar no sequeiro! Sem direito a indenização ou programa de compensação!

Que garantias teremos que as indenizações ocorrerão?

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Você vai ser expulso!

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Se você mora em outro local que vai ser inundado e não consta aqui é porque eles

fazem de conta que você não existe!

?

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