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__________________________________________________________________________________________ Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 1 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI FACULDADES IDEAU TÉCNICA DE CONSERVAÇÃO ANATÔMICA E HISTOLÓGICA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE UM SUÍNO GOLICZESKI, Tatiane Thaís 1 * COMANDULLI, Renata Carla¹ SALVI, Miguel Henrique¹ LUCINI, Ricardo Luíz¹ MATEJEC, Luciana Paula¹ OLIVEIRA, Daniela dos Santos de 2 MAHL, Deise Luiza² BAZZAN, Alan Eduardo² URIO, Elisandra Andréia² PIEROZAN, Morgana Karin² ALMEIDA, Mauro Antonio de² WRZESINSKI, Andiara² COPPE, Bruna Claudia² RESUMO: O sistema digestório dos suínos é monogástrico (animais não ruminantes com um estômago simples). É uma estrutura tubular com pouca capacidade de armazenamento, formado pelos seguintes órgãos: boca (lábios, bochechas, gengivas, língua, palato duro e mole, dentes, glândulas salivares), faringe, esôfago, estômago, intestino delgado (dividido em duodeno, jejuno, íleo), intestino grosso (dividido em ceco, colo, reto), ânus, e possui alguns órgãos acessórios (fígado, pâncreas). Este trabalho teve por objetivo mostrar todas as estruturas e respectivas funções do sistema, além das técnicas de dissecação, formalização e salinização nas quais foram utilizadas. Essas técnicas consistem em manter a peça em bom estado de conservação para a utilização em estudos, e apresenta também a elaboração de lâmina histológica. Os resultados obtidos no trabalho foram satisfatórios tendo em vista a facilidade para a realização das técnicas, e por não deixar a peça com forte odor. Palavras-chave: salinização, formalização, suíno. ABSTRACT: The pig digestive system is monogastric (non-ruminant animals with a single stomach). It is a tubular structure with little storage capacity, formed by the following organs: mouth (lips, cheeks, gums, tongue, hard and soft palate, teeth, salivary glands), pharynx, esophagus, stomach, small intestine (divided into duodenum, jejunum , ileum), large intestine (divided into cecum, colon, rectum), anus, and has some accessory organs (liver, pancreas). The objective of this work was to show all the structures and respective functions of the system, besides the techniques of dissection, formalization and salinization in which they were used. These techniques consist in keeping the piece in good condition for use in studies, and also present the elaboration of histological slide. The results obtained in the work were satisfactory in view of the easiness to perform the techniques, and for not leaving the piece with strong odor. Keywords: salinization, formalization, pig. 1 INTRODUÇÃO Os suínos surgiram a mais de 40 milhões de anos e são animais pertencentes à família Suidae. O suíno doméstico (Sus domesticus) evoluiu a partir do javali selvagem, embora haja 1 Discentes do Curso de Medicina Veterinária, Nível 2 2017/1- Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. 2 Docentes do Curso de Medicina Veterinária, Nível 2 2017/1 - Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. *E-mail para contato: [email protected]

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TÉCNICA DE CONSERVAÇÃO ANATÔMICA E HISTOLÓGICA DO SISTEMA

DIGESTÓRIO DE UM SUÍNO

GOLICZESKI, Tatiane Thaís1*

COMANDULLI, Renata Carla¹

SALVI, Miguel Henrique¹

LUCINI, Ricardo Luíz¹

MATEJEC, Luciana Paula¹

OLIVEIRA, Daniela dos Santos de2

MAHL, Deise Luiza²

BAZZAN, Alan Eduardo²

URIO, Elisandra Andréia²

PIEROZAN, Morgana Karin²

ALMEIDA, Mauro Antonio de²

WRZESINSKI, Andiara²

COPPE, Bruna Claudia²

RESUMO: O sistema digestório dos suínos é monogástrico (animais não ruminantes com um estômago

simples). É uma estrutura tubular com pouca capacidade de armazenamento, formado pelos seguintes órgãos:

boca (lábios, bochechas, gengivas, língua, palato duro e mole, dentes, glândulas salivares), faringe, esôfago,

estômago, intestino delgado (dividido em duodeno, jejuno, íleo), intestino grosso (dividido em ceco, colo, reto),

ânus, e possui alguns órgãos acessórios (fígado, pâncreas). Este trabalho teve por objetivo mostrar todas as

estruturas e respectivas funções do sistema, além das técnicas de dissecação, formalização e salinização nas

quais foram utilizadas. Essas técnicas consistem em manter a peça em bom estado de conservação para a

utilização em estudos, e apresenta também a elaboração de lâmina histológica. Os resultados obtidos no trabalho

foram satisfatórios tendo em vista a facilidade para a realização das técnicas, e por não deixar a peça com forte

odor.

Palavras-chave: salinização, formalização, suíno.

ABSTRACT: The pig digestive system is monogastric (non-ruminant animals with a single stomach). It is a

tubular structure with little storage capacity, formed by the following organs: mouth (lips, cheeks, gums, tongue,

hard and soft palate, teeth, salivary glands), pharynx, esophagus, stomach, small intestine (divided into

duodenum, jejunum , ileum), large intestine (divided into cecum, colon, rectum), anus, and has some accessory

organs (liver, pancreas). The objective of this work was to show all the structures and respective functions of the

system, besides the techniques of dissection, formalization and salinization in which they were used. These

techniques consist in keeping the piece in good condition for use in studies, and also present the elaboration of

histological slide. The results obtained in the work were satisfactory in view of the easiness to perform the

techniques, and for not leaving the piece with strong odor.

Keywords: salinization, formalization, pig.

1 INTRODUÇÃO

Os suínos surgiram a mais de 40 milhões de anos e são animais pertencentes à família

Suidae. O suíno doméstico (Sus domesticus) evoluiu a partir do javali selvagem, embora haja

1 Discentes do Curso de Medicina Veterinária, Nível 2 2017/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.

2 Docentes do Curso de Medicina Veterinária, Nível 2 2017/1 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.

*E-mail para contato: [email protected]

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controvérsia quanto à espécie exata. É suposto que a esses sejam decentes dos Sus scrofa, uma

espécie de javali que habitava regiões da Europa. Porém outros pesquisadores dizem que a

origem ocorreu a partir da espécie Sus vitatus, que habitavam a Ásia e na bacia do Mar

Mediterrâneo.

Por vários séculos, o suíno doméstico conservou as características físicas de seus

antepassados, no entanto, com o aperfeiçoamento da criação, foi modificando suas

características externas: o tamanho do corpo e do cérebro diminuiu, os dentes tornaram-se

menores e o focinho encolheu. Em muitas raças, as orelhas também se modificaram,

tornando-se caídas. Dependendo do lugar e da raça, também se alterou a forma do corpo,

assim como o tamanho, densidade e coloração dos pêlos.

Ainda nos dias de hoje, os suínos desfrutam de uma imagem bastante negativa em

muitas culturas, e os motivos estão ligados, possivelmente, a idéia de "impureza" da espécie,

que foi transmitida pela história. No entando, esse contexto vem tentando ser modificado e

hoje também pode-se perceber um grande crescimento da suínocultura como fonte de renda

de muitas pessoas.

Em relação ao trato digestório, o suíno é um animal monogástrico que possui o trato

digestivo relativamente pequeno, com baixa capacidade de armazenamento. Tem alta

eficiência na digestão dos alimentos e no uso dos produtos da digestão, necessitando de dietas

bastante concentradas e balanceadas. Sua dieta se baseia principalmente em cereais, que têm a

finalidade de fornecer energia ao animal, e os mais utilizados são o milho, o trigo e a cevada.

A conservação das peças, objetiva preservar da melhor maneira possível, as

características e a morfologia delas como nos animais vivos, e atualmente pode-se contar com

diversas técnicas de preservação dessas estruturas anatômicas. Dentre as técnicas mais

conhecidas para a preparação de peças anatômicas, estão a formolização, a glicerinização, a

criodesidratação, e a salinização.

Diante do que foi apresentado, o presente trabalho objetivou a aplicação da técnica

anatômica de formalização e salinização, e a preparação de lâminas histológicas do sistema

digestório de um suíno.

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2 DESENVOLVIMENTO

Nesta parte do trabalho será detalhado o referencial teórico, a metodologia empregada

e os resultados encontrados. Contém a exposição ordenada e pormenorizada do assunto

tratado do estudo.

2.1 Referencial Teórico

2.1.1 Sistema Digestório

O sistema digestório (trato digestório) é formado por um tubo muscular revestido por

mucosa contínua com a pele externa da boca e do ânus. Suas funções básicas são a preensão, a

mastigação, a digestão e a absorção de alimento, bem como a eliminação dos resíduos sólidos.

O sistema digestório reduz os constituintes nutritivos do alimento a compostos

moleculares pequenos o bastante para serem absorvidos e usados para a obtenção de energia e

a formação de outros compostos para incorporação nos tecidos do corpo (FRANDSON;

WILKE; FAILS, 2011). Os órgãos desse aparelho recebem o alimento, degradam química e

mecanicamente, absorvem seus componentes, para depois eliminarem os excretos que não

foram absorvidos.

O aparelho digestório estende-se dos lábios até o ânus e apresenta as seguintes

divisões: boca, faringe, canal alimentar e orgãos acessórios – dentes, língua, glândulas

salivares, fígado e pâncreas (GETTY, 2013).

2.1.2 Boca

A boca usada basicamente para manter, triturar e misturar o alimento com saliva, mas

também pode ser usada para manipular o ambiente (pegando objetos) e como uma arma de

defesa e ataque (FRANDSON; WILKE; FAILS, 2011), ela é a entrada do sistema digestório,

composta por dentes, língua, lábios, bochechas, palato e glândulas salivares.

A cavidade oral se divide em vestíbulo e cavidade própria da boca. A cavidade

própria da boca é o espaço delimitado pelas arcadas dentárias, cercada dorsalmente pelo

palato duro, ventralmente pela língua que é composta pelas glândulas salivares que são as

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parótidas, mandibulares e sublingual, e pela mucosa refletida, e lateral e rostralmente pelos

dentes, arcos dentais e gengiva (KONIG, 2016). O espaço externo aos dentes e processos

alveolares, circundado pelos lábios e bochechas é denominado vestíbulo da boca (EVANS,

1993).

O palato é uma divisória composta parcialmente de tecido ósseo e parcialmente de

tecido mole que separa as passagens digestiva e respiratória da cabeça (KONIG, 2016). É o

teto da cavidade oral, dividido em palato duro (rostralmente) e palato mole (caudalmente).

O limite dorsal da boca, céu da boca, é constituído pela abóbada palatina ou palato

duro (palatum durum), formado pelos processos palatinos dos ossos incisivos, maxilares e

palatinos (EVANS, 1993). Estendendo-se caudalmente do ducto incisivo, junto à sua entrada

na cavidade nasal, está o órgão vomeronasal, localizado na ase do septo nasal, dorsalmente ao

palato duro, sendo um receptor olfatório de estímulos sexuais (EVANS & LAHUNTA, 1994).

O palato mole ou véu palatino prossegue caudalmente desde o palato duro até o óstio

intrafaríngeo, cuja margem rostral é formada pela borda caudal do palato mole (KONIG,

2016).

Quanto à dentição, cada espécie apresenta sua dentição característica quanto à forma e

quantidade de dentes. Os dentes estão dispostos em duas arcadas dentárias, uma associada a

mandíbula e outra aos ossos incisivos e maxila (FRANDSON; WILKE; FAILS, 2011). O

primeiro conjunto de dentes são os dentes decíduos que já estão presentes quando o animal

nasce, ou aparecem logo em seguida. Estes dentes mais tarde são substituídos pelos dentes

permanentes, que propiciam uma melhor mastigação no animal adulto.

A língua é responsável pela captação de água e alimento, pela manipulação do

alimento dentro da boca e pela deglutição. Ela possui receptores para paladar, temperatura e

dor e ainda possui papilas. Com base em suas funções, elas se dividem em papilas mecânicas

e papilas gustativas, as quais são cobertas por botões gustativos (KONIG, 2016).

Papilas filiformes, fungiformes e circunvaladas são encontradas em todos os animais

domésticos, enquanto papilas folhadas estão presentes em equinos, suínos e cães, mas não nos

ruminantes (FRANDSON; WILKE; FAILS, 2011).

2.1.3 Faringe

A faringe é a cavidade comum através da qual passam o ar e o material ingerido. Ela

conecta a cavidade oral ao esôfago e a cavidade nasal à laringe (KONIG, 2016). É na faringe

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que ocorre o processo de deglutição, em que a epiglote se fecha para evitar que o alimento vá

até a traqueia (Figura 1).

A faringe pode ser dividida de forma arbitrária em parte nasal da faringe (nasofaringe),

parte oral da faringe (orofaringe) e parte laríngea da faringe (laringofaringe), assim

denominadas por sua associação a essas regiões (FRANDSON; WILKE; FAILS, 2011).

Figura 1: Relação da faringe e da boca com a laringe e o esôfago durante (A) a respiração normal e (B) a

deglutição. Fonte: FRANDSON; WILKE; FAILS. Anatomia e Fisiologia dos Animais de Fazenda.

2.1.4 Esôfago

O órgão muscular que é responsável por transportar o alimento da faringe ao estômago

através de movimentos peristálticos é o esôfago. Em sua origem passa para a esquerda da

traqueia, de forma que, na entrada da cavidade torácica, ele se posiciona na face lateral

esquerda da traqueia (KONIG, 2016). Entre o esôfago e o estômago, há o esfíncter

gastroesofágico que impede o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago (LOWE &

ANDERSON).

2.1.5 Estômago

O estômago se interpõe entre o esôfago e o intestino delgado. Nos mamíferos

domésticos, o estômago apresenta grande variação quanto à forma e distribuição dos

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diferentes tipos de mucosa que o revestem. Considerando sua forma, eles podem ser divididos

em estômago unicavitário, com apenas um compartimento, e pluricavitário, com diversos

compartimentos (KONIG, 2016).

O estômago simples é subdividido macroscopicamente em cárdia (sua entrada), fundo,

corpo e região pilórica (sua saída); a região pilórica tem um músculo esfincteriano denso,

denominado piloro, que controla o esvaziamento gástrico nas partes mais distais do trato

digestório (FRANDSON; WILKE; FAILS, 2011).

Segundo Konig (2016) a arquitetura geral da parede gástrica corresponde à do

esôfago, composta por mucosa, submucosa, camada muscular e peritônio. A mucosa é

aglandular quando próxima da união do esôfago com o estômago, e glandular no revestimento

do restante do estômago. A submucosa tem uma camada delgada, contêm vasos sanguíneos,

nervos, tecido linfático e adiposo, além de fibras de colágeno e elastina. Já a camada muscular

é muito importante, pois tem a função de misturar o alimento com o suco gástrico e o

empurrar para o intestino delgado.

Como estômago pluricavitário há o dos ruminantes. É na verdade, um estômago

simples modificado pela expansão acentuada da região esofágica em três divertículos distintos

e volumosos, o rúmen, o retículo e o omaso, conhecidos coletivamente como compartimentos

gástricos anteriores (FRANDSON; WILKE; FAILS, 2011).

De acordo com Konig (2016) o rúmen, o retículo e o omaso costumam ser chamados

de proventrículos, os quais possuem uma mucosa aglandular e são responsáveis pela

destruição enzimática dos carboidratos complexos e a produção de ácidos graxos de cadeia

curta com auxílio de micróbios. Já o abomaso é glandular e pode ser comparado com o

estômago unicavitário.

2.1.6 Intestino delgado e intestino grosso

O intestino é a parte caudal do canal alimentar, que se inicia no piloro e vai até o ânus,

medindo cerca de 20 metros de comprimento no suíno. O intestino delgado compreende três

porções: duodeno, jejuno e íleo. Já o intestino grosso compõe-se de ceco, colo e reto.

As principais funções do intestino delgado são digestão e absorção, no qual abrem-se

ductos pancreáticos e biliares. O duodeno é a primeira porção do intestino delgado e surge no

piloro do estômago e recebe ductos do pâncreas e do fígado (FRANDSON; WILKE; FAILS,

2011). No jejuno, que é a maior parte do intestino delgado, há uma maior mobilidade devido

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ao longo mesojejuno, que suspende o jejuno e o íleo do teto abdominal. Compondo a última e

menor porção do intestino delgado, está o íleo, que tem uma mucosa rica em tecido linfoide, o

qual agrega muitos linfonodos, formando assim as placas de Peyer (KONIG, 2016).

Iniciando o intestino grosso temos como primeira porção o ceco. Trata-se de um tubo

cego, cuja delimitação do colo é marcada pela entrada do íleo. Em carnívoros, ruminantes e

no equino, o ceco posiciona-se na metade direita do absome; no suíno ele se encontra na

metade esquerda (KONIG, 2016).

O colo é a segunda porção do intestino grosso e pode ser dividido em ascendente,

transverso e descendente. Há consideravelmente mais variação no intestino grosso de uma

espécie para outra do que no intestino delgado e, a maioria dessa variação resulta de

modificações do colo ascendente (FRANDSON; WILKE; FAILS, 2011).

Ao entrar na pelve, o colo descendente se torna o reto, o qual passa caudalmente como

a parte mais dorsal das vísceras pélvicas (KONIG, 2016), sendo a estrutura de antecede a

ultima porção, que é o esfíncter anal. O ânus é curto e controlado por esfíncteres, compostos

respectivamente de músculo estriado e músculo liso.

2.1.7 Órgãos digestórios acessórios

Além das glândulas que são presentes nas paredes do estômago e intestino, há as

glândulas de acessoria, que são as salivares, o fígado e o pâncreas.

O fígado é a maior glândula do corpo e tem função tanto exócrina quanto endócrina.

Seu produto exócrino, a bile, é armazenado e concentrado na vesícula biliar antes de ser

eliminado no duodeno (KONIG, 2016). A sua localização exata e número de lobos podem

variar dependendo da espécie, mas está sempre localizado caudalmente ao diafragma, e tende

a ficar ao lado direito do corpo.

O pâncreas é outra glândula do sistema digestório, que tem partes exócrinas e

endócrinas. Situa-se na parte dorsal da cavidade abdominal e está intimamente relacionado

com a parte proximal do duodeno (KONIG, 2016). As principais glândulas salivares são as

parótidas, mandibulares e sublinguais (FRANDSON; WILKE; FAILS, 2011).

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2.1.8 Histologia da parede do trato digestório

A parede do trato digestório apresenta quatro camadas ou túnicas, que são a túnica

mucosa, a submucosa, a muscular e a túnica adventícia.

De acordo com Frandson; Wilke; Fails (2011), a túnica mucosa é a camada mais

próxima do espaço (lúmen) dentro do trato digestório e tem três camadas histológicas: a mais

interna composta de epitélio estratificado pavimentoso, que vai da boca ao nível da parte

glandular do estômago, outra até o ânus que é composta de epitélio colunar simples, e uma

subjacente ao epitélio da túnica mucosa que apresenta uma camada de tecido conjuntivo e

uma de músculo liso.

Segundo Eurell e Frappier (2012), a tela submucosa, ou simplesmente submucosa é

uma camada de tecido conjuntivo que pode conter glândulas. Também estão presentes vasos

sanguíneos, vasos linfáticos e o plexo submucoso (de Meissner). Em órgãos sem lâmina

muscular a lâmina própria e a submucosa se fundem formando uma própria submucosa.

A túnica muscular é o revestimento do músculo liso ou do músculo esquelético

responsável pela mobilização do material ingerido através do trato. As fibras musculares da

camada interna estão orientadas circularmente, enquanto as fibras musculares da camada

externa estão arranjadas em sentido longitudinal. Entre essas duas camadas há um plexo

nervoso ganglionar, o plexo mientérico (de Auerbach). (EURELL; FRAPPIER, 2012).

Ainda de acordo com as informações de Eurell e Frappier (2012), a túnica mais

externa pode ser uma túnica serosa ou uma túnica adventícia. A túnica serosa é composta por

uma camada de tecido conjuntivo com revestimento de mesotélio. Os órgãos que limitam as

cavidades pleural, pericárdica e peritoneal são revestidos por uma serosa. Todos os órgãos que

não margeiam essas cavidades, como a parte cervical do esôfago, não possuem mesótelio.

Esses órgãos exibem uma camada de tecido conjuntivo, chamada túnica adventícia, ou

simplesmente adventícia.

2.2 Material e Métodos

O presente trabalho foi realizado na sala de patologia do Hospital Veterinário São

Francisco de Assis (Figura 2) decorrente do Curso de Graduação de Medicina Veterinária,

situado na cidade de Getúlio Vargas-RS.

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O animal utilizado foi um suíno macho da raça landrace que pesava cerca de 15 quilos,

o mesmo foi obtido na Granja Lucini, localizada na cidade de Severiano de Almeida, onde

veio a óbito, e levado até o hospital por integrantes do grupo.

O corpo deste suíno passou por técnicas de dissecação, que consistem na retirada de

muscúlos e tecidos, mantendo somente os órgãos desejados sem a danificação dos mesmos.

Após foi realizada a formalização, que consiste em conservar e enrijecer as peças anatômicas,

e de salinização que consiste também em conservar as peças para toda a vida, sendo assim

necessário somente repôr a salina, pois como a mistura consiste em água e sal pode vir a

evaporar ao longo do tempo.

Figura 2: Frente do Hospital Veterinário São Francisco de Assis, Getúlio Vargas-RS. Fonte:

http://www.jornalboavista.com.br/site/print/26754

O processo de dissecação teve início com a retirada da peça anatômica, a qual seria o

sistema digestório de um suíno, o mesmo citado acima. A retirada teve inicio com um corte

mediano na região ventral do animal com o auxilio de um bisturi n° 24, algumas facas e uma

serra de açougue (Figura 3), após foram sendo retirados respectivamente, a língua, faringe,

esôfago, estômago, fígado, intestino delgado e grosso, reto e ânus.

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Figura 3: Corte mediano na região ventral do animal. Fonte: Comandulli, Renata, 2017. Getúlio Vargas/RS

Deu-se continuidade ao trabalho fazendo primeiramente a lavagem de todas as partes

da peça para tirar o excesso de sangue (Figura 4). Seguindo com o processo de limpeza, foi

realizado um corte na região do corpo do estômago para a retirada do bolo alimentar que

havia restado, e no intestino foram feitas pequenas incisões para a retirada das fezes, que com

a ajuda de uma mangueira e água puderam ser eliminadas para fora.

Figura 4: Lavagem de todas as partes da peça. Fonte: Comanduli, Renata, 2017. Getúlio Vargas/RS

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Após o processo de limpeza a peça foi colocada ao sol por alguns minutos para que o

excesso de água evaporasse, para então seguir com o preenchimento do estômago e algumas

partes maiores do intestino, com o objetivo de uma estrutura mais realista. O preenchimento

foi realizado com uma espuma de travesseiro e por fim as incisuras foram costuradas para

manter a espuma fixa dentro da estrutura (Figura 5).

Figura 5: Preenchimento do estômago e algumas partes do intestino com a espuma. Fonte: Salvi, Miguel, 2017.

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Após o término de todos os procedimentos, a peça foi levada para o freezer onde ficou

conservada por sete dias, até iniciar-se a técnica de formalização. Para essa técnica usou-se

um recipiente de plástico resistente com capacidade para 45 litros, e então a peça foi

mergulhada no recipiente de forma a deixar todas as partes em suas devidas posições para

uma melhor visualização e explicação.

Para a mistura precisou-se transformar um formol 30% em um formol a 10%, então,

dentro da caixa colocou-se 9 litros de água para 1 litro de formol, tendo então, o formol a

10%. Esse processo repetiu-se duas vezes, pois a quantidade da solução não seria suficiente

para cobrir a peça, portanto, ao final do processo resultou-se em 18 litros de água para 2 litros

de formol.

Por conta da espuma usada no preenchimento de alguns órgãos, a peça ficava a flutuar

na solução de formol, então foram utilizadas garrafas pet cheias de água para manter a

estrutura submersa, sendo necessário mudar as garrafas de posição após três dias para o peso

não danificar o formato original da peça (Figura 6). A estrutura ficou no formol por 10 dias.

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Figura 6: Garrafas pet sendo colocadas para manter a estrutura submersa. Fonte: Comanduli, Renata, 2017.

Getúlio Vargas/RS.

Após a formalização iniciou-se a técnica de salinização. Retirou-se a peça do formol,

lavando-a algumas vezes para a retirada completa da substância, assim como a lavagem do

recipiente para a retirada de resíduos restantes, pois o mesmo foi utilizado para a técnica de

salinização. Então, colocou-se 5,400 kg de sal para 2 litros de água iniciando-se assim a

dissolução da substância sólida (Figura 7).

Figura 7: Sal sendo dissolvido. Fonte: Comanduli, Renata, 2017. Getúlio Vargas/RS.

Após dissolver o sal, completou-se a mistura com mais 10 litros e 600 ml de água, no

intuito de fechar os 18 litros, como fizera na técnica de formalização. A peça por fim, foi

colocada na mistura com cada parte no seu devido lugar, assim como na formalização e ali

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permanecerá para toda a vida, sendo necessária somente a reposição da salina, por conta de

poder vir a evaporar com o tempo.

A preparação da lâmina histológia deu-se início com a retirada de uma pequena porção

da região do corpo do estômago com o auxílio de um bisturi n° 24, o tamanho dessa porção

era de aproximadamente 1 cm de comprimento por 1 cm de largura. Após ter sido retirada, a

peça foi lavada em água destilada que proporcionou uma melhor limpeza. Depois se colocou a

peça em um pequeno recipiente com formol a 10% em quantidade suficiente para cobri-lá.

Logo após a peça foi retirada do formol e lavada novamente em água destilada por três vezes,

para que se iniciasse a desidratação em álcool.

Depois deste processo a peça passou pelos procedimentos necessários que foram:

diafanização em capela, parafinização em estufa, emblocamento, microtomia, coloração em

hematoxilina e eosina, hidratação e montagem colando a lamínula com Entellan.

2.3 Resultados e Discussão

A técnica de dissecação permitiu que as partes indesejadas da peça anatômica fossem

retiradas, permitindo também a limpeza das partes que seriam utilizadas. A formalização

contribuiu na conservação da peça, mantendo-a rígida e sem o seu odor característico. Por fim

utilizou-se uma solução salina para que peça antômica se mantenha conservada por tempo

indeterminado, contribuindo assim para estudos futuros.

No decorrer do estudo, também foi possível entender muitas particularidades do

sistema digestório do suíno em relação a outros animais. Desenvolvendo pesquisas aprendeu-

se que o suíno possui um conjunto de dentes decíduos composto por 3 dentes incisivos, 1

canino e 3 pré-molares, e quando são substituídos por dentes permanentes ficam com 3

incisivos, 1 canino, 4 pré-molares e 3 molares, todos bilaterais.

Viu-se que, os dentes caninos grandes e curvados ou presas são a característica mais

marcante da dentição suína, os quais crescem continuamente por toda a vida (KONIG, 2016).

Por esse motivo que muitos criadores de suínos serram os dentes caninos e incisivos quando

os leitões nascem.

Foi possível entender durante o estudo que os suínos, juntamente com os equinos e

cães, apresentam em sua língua as papilas filiformes, fungiformes, circunvaladas e folhadas,

diferentemente dos ruminantes que não apresentam as papilas folhadas (Figura 11).

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Figura 11: Língua, faringe e esôfago de suíno (representação esquemática). Fonte: KÖNIG, H. E. Anatomia

dos animais domésticos: texto e atlas colorido.

Outra particularidade do animal do estudo é que o seu estômago é unicavitário e é

caracterizado por ter um divertículo acima do fundo gástrico. A área aglandular envolve a

abertura cárdica e se prolonga até o divertículo, do qual reveste uma pequena parte (Figura

12).

A parte principal do divertículo é revestida pela mucosa glandular. A região das

glândulas é relativamente extensa, composta pelas glândulas cardíacas responsáveis pela

produção de muco, grandulas gástricas que secretam o ácido clorídrico e enzimas (pepsina e

lipase) e glândulas pilóricas que também secretam muco e protegem a mucosa da ação do

ácido clorídrico. O piloro é evidenciado por uma protuberância carnosa, o toro pilórico

(KONIG, 2016).

Figura 12: Estômago de um suíno (região cárdica, interior). Fonte: KÖNIG, H. E. 2016.

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O ceco do suíno é um saco cego moderadamente grande (com capacidade ara 1,5 a

2,2L) que se projeta em direção cranioventral perto da linha média (FRANDSON; WILKE;

FAILS, 2011). Ele possui três faixas musculares longitudinais com três fileiras de saculações

entre eles. A faixa ventral proporciona fixação para a prega ileocecal; as faixas lateral e

medial permanecem livres (KONIG, 2016).

Segundo Frandson; Wilke; Fails (2011), o colo ascendente do suíno, como o dos

ruminantes apresenta uma forma espiralada de alças, embora no caso do suíno a alça espiral

esteja disposta em forma de cone, não plana.

Sobre o fígado, de acordo com Frandson; Wilke; Fails (2011) entendeu-se que, os

lóbulos hepáticos individuais do suíno são envoltos por septos de tecido conjuntivo resistente

que conferem um aspecto lobulado, de “paralelepípedos”, a superfície do órgão.

No caso do animal que está sendo estudado, o suíno, ele faz uma digestão que é

chamada de monogástrica. Nesta, o alimento deglutido estratifica-se no estômago com

movimentos peristálticos contínuos que misturam o alimento com o suco gástrico. Esta

mistura é jogada para o duodeno em pequenas quantidades, controlados pelo esfíncter

pilórico.

O tempo que o alimento fica no estômago e intestino depende da consistência do

alimento bem como da espécie animal em questão. Os suínos precisam normalmente um dia

todo sem comer para esvaziar um estômago cheio.

Quanto à absorção dos nutrientes, nenhum é absorvido antes de o alimento chegar no

estômago. As proteínas e os carboidratos são digeridos parcialmente no estômago, mas a

maior parte da absorção acontece no intestino delgado.

Desenvolvendo pesquisas, entendeu-se que o suíno é um animal onívoro (do

latim omnis e vorus, que significa “aquele que come tudo”) são aqueles que se alimentam

tanto de fonte vegetal quanto de fonte animal. Sendo assim, ele tem maior possibilidade de

sobrevivência, pois corre menos risco de morrer de fome já que pode se alimentar de

alimentos variados.

Quanto à alimentação, em todas as fases da vida, especialmente na de engorda, as

vitaminas são muito importantes, pois auxiliam no ganho de peso e também previnem

inúmeras doenças. Alguns dos principais alimentos da dieta do suíno são o milho moído e o

farelo de soja que tem os nutrientes que o suíno necessita. No entanto, somente o consumo

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desses dois alimentos pode não ser suficiente para o animal, sendo assim necessário incluir-se

algum tipo de vitamina, específico para cada fase da vida.

3 CONCLUSÃO

Ao concluir o trabalho proposto, pode-se observar que a técnica de dissecação usada

para retirada da peça anatômica, teve um bom resultado, mas precisou-se desenvolvê-la da

maneira mais correta possível, com muito cuidado, atenção, e sem agir com pressa, caso

contrário os resultados não seriam os desejados. A peça anatômica ficou com aspecto rígido, e

após a ingeção do formol em alguns dos órgãos, eles ficaram com aparência desbotada.

Para empregar a técnica de formalização precisou-se tomar alguns cuidados, com a

peça na hora de medir a quantidade correta de formol para a quantidade necessária de água,

pois ao contrário a mistura não teria o mesmo efeito. E com a sua manipulação, pois o formol

é um componente químico muito forte, tornando-se assim tóxico e prejudicial à saúde.

Para a salinização que foi a principal técnica empregada, os cuidados não foram menos

importantes dos que se teve na formalização. Precisou-se medir a quantidade correta de sal

para a quantidade necessária de água, pois ao contrário a salina também não teria o mesmo

efeito. Está por sua vez não se tornou tóxica à saúde, pelo fato de não ser um composto

químico.

Na preparação da lâmina histológica conclui-se que é de extrema importância, pois

ajuda a conciliar o estudo teórico com a parte prática, principalmente na disciplina de

histologia. Durante sua preparação encontrou-se algumas dificuldades, pois a técnica

necessita de muito cuidado, prática e também auxílio. Não se obteve sucesso na primeira peça

retirada, pois não se tinha conhecimento das técnicas necessárias, porém, na segunda peça

com todo auxílio e cuidados necessários se obteve o resultado desejado.

Ao término do trabalho conclui-se que a execução dos processos ocorreu corretamente

para todas as técnicas desenvolvidas, que foram: coleta, dissecação, formalização e

salinização, alcançando-se assim o resultado desejado, que foi o sistema digestório de um

suíno.

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Produção Acadêmica Docente, v. 3, n. 4, p. 303-310, 2009.

EURELL, J. A.; FRAPPIER, B. L. Histologia veterinária de Dellman. 6. ed. Barueri, São

Paulo: Manole, 2012.

EVANS, H. E. Anatomy of the dog. 3. ed. Philadelphia, W.B. Saunders Company, 1993.

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Guanabara Koogan, 1994.

FRANDSON, R. D., WILKE, W. L., FAILS, A. D. Anatomia e fisiologia dos animais de

fazenda. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. 5. Ed. Guanabara, 2013.

GLOBO RURAL. Criação de porcos - importância da alimentação rica em vitaminas na

fase de engorda. Disponível em: <www.cpt.com.br>. Acesso em: 06 set, 2017.

KÖNIG, H. E. Anatomia dos animais domésticos: texto e atlas colorido. 6. ed. Porto

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LOWE, J. S.; ANDERSON, P. G. Stevens & Lowe´s Human Histology. 4.ed. Philadelphia:

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SUINOCULTURA INDUSTRIAL. A história do porco. Revista digital. Disponível em:

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