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CDD 574.524811 '616.9883811 CDU 576.8 :616 (213) (81 1936/1986" MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO SERViÇOS DE SAÜDE PÜBLICA INSTITUTO EV ANDRO CHAGAS SO ANOS DE CONTRIBUIÇÃO ÀS CIF-NCIAS BIOLóGICAS E À MEDICINA TROPICAL VOLUME 1 BELÉM 1986

INSTITUTO EV ANDRO CHAGASiah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/pc/monografias/iec/iec50anos/vol1/cap07... · panosoma cmzi no sangue de doentes en San Salvador (1913), por Segóvia;

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CDD 574.524811'616.9883811

CDU 576.8 :616 (213) (81 1936/1986"

MINISTÉRIO DA SAÚDEFUNDAÇÃO SERViÇOS DE SAÜDE PÜBLICA

INSTITUTO EV ANDRO CHAGAS

SO ANOS DE CONTRIBUIÇÃO ÀS CIF-NCIASBIOLóGICAS E À MEDICINA TROPICAL

VOLUME 1

BELÉM1986

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Capa: Benedicto Mello

INSTITUTO

EV ANDRO CHAGAS; 50 anos de contribuiça:o àsciências biológicas e à medicina tropical. Delém, Fundaça:oServiços de Saúde Pública, 1986.2v

5.1. Parasitologia. Virologia 3. Bacteriologia 4. Micologia.Entomologia 6. Epidemiologia 7. Imunologia 8. Biotérios.Instituto Evandro Chagas.

CDD 574.524811616.9883811I

CDU 576.8:616 (213) (811) "1936/1986"

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EV ANDRO CHAGAS; 50 anos de contribuiça:o às ciências biológicas e à medicina tropical. Delém, Fundaça:o Serviços de Saúde Pública, 1986. 2v 5. 1. Parasitologia. Virologia 3. Bacteriologia 4. Micologia. Entomologia 6. Epidemiologia 7. Imunologia 8. Biotérios. Instituto Evandro Chagas. CDD 574.524811 616.9883811I CDU 576.8:616 (213) (811) "1936/1986"
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TRIPANOSSOMÍASES HUMANAS, TRYPANOSOMA CRUz[E OOENÇADECHAGAS. TRYPANOSOMA RANGELI.

Adelson A. A. de SouzaMichael A. Miles

Marinete M. PóvoaIzabel C. Rodrigues

Reinaldo de Amorim CarvalhoSebastião Aldo da Silva Valente

HISTÓRICO

A doença de Chagas fci descoberta em 1909, pelo ilustre cientista bra-sileiro Carlos Justiniano Ribeiro Chagas, nascido a 9 de julho de 1879, na Fre-guesia de Passatempo, Minas Gerais. Matriculou-se no 19 ano da Faculdade deMedicina do Rio de Janeiro em 1896, e em 1902 foi apresentado por seu pro-fessor, Dr. Fajardo, a Oswaldo Cruz, com quem fez profícua amizade. Em1908, com o prolongamento da Estrada de Ferro Central do Brasil, para o in-terior de Minas Gerais, a malária passou a ser a responsável pela devastação demuitos operários, constituindo-se numa grande preocupação para as autorida-des sanitárias. Por tal razão, Oswaldo Cruz enviou Carlos Chagas para encarre-gar-se da campanha profilática contra o impaludismo na frente de trabalho daferrovia. Na região de Lassance, tomou conhecimento de que, nas paredes dascasas de pau-a-pique, havia insetos hematófagos denominados de "Chupança"que à noite saíam de seus econderijos e sugavam o sangue de indivíduos ador-mecidos. Examinando as fezes desses triatomíneos, Carlos Chagas encontrou amorfologia de critídias, os quais, inoculados em sangue (Callithrix), após trin-ta dias, faziam surgir no sangue de tais anin:lais formas de tripanosomas a quedenominou Trypanosoma crnzi, em homenagem a Oswaldo Cruz, seu diretor.Estendeu suas pesquisas ao ser humano, alcançando pleno êxito, ao examinaruma menina, Berenice, de menos de dois anos de idade. Chagas terminou porassociar a infecção humana a um conjunto de sintomas e sin:ais clínicos apre-sentados por grande número de pacientes da região. Em 1912, encontrou ta-tus naturalmente parasitados pelo T. crnzi, reconhecendo a in1portância des-ses animais como reservatórios silvestres dos tripanosomas. Estavam assim es-tudados, por um único pesquisador, os quatro pontos cardeais de uma doen-ça, denominada por Miguel Couto de "Doença de Chagas":a) o agente etiológico, b) os transmissores, c) os sintomas da doença, d) os

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reservatórios.Apesar da grande repercussão causada pela notícia da descoberta da no-

va doença e de suas conseqüências, houve algumas contestações à veracidadedas afirmações de Chagas, destacando-se entre os contestadores o cientistaalemão Krause, durante a participação de Chagas em um Congresso Médicoem 1916, em Buenos Aires, Argentina e na polêmica na Academia Nacionalde Medicina em 1922-1923. Isso gerou o descrédito à doença, havendo, po-rém, algumas contribuições importantes ao estudo da mesma, merecendo re-ferência especial o trabalho de cientistas como Clementino Fraga, NascimentoSilva e Olympio da Fonseca e ainda o Dr. Bento Oswaldo Cruz, fIlho de Os-waldo Cruz, cuja participação ativa foi decisiva para o restabelecimento daverdade. Outra conquista inlportante foi a perfeita identificação da forma car-díaca, iniciada por Carlos Chagas e completada com a utilização dos métodos,então novos, de eletrocardiografia, por Carlos Chagas e Eurico Vilela, aosquais se juntou Evandro Chagas. Nesse período polêmico, foi encontrado Try-panosoma cmzi no sangue de doentes en San Salvador (1913), por Segóvia;na Venezuela (1919), por Tejera e no Peru por Escomel. No &asil, outros ca-sos, fora de Lassance, foram detectados por Bayma, Carim e Maciel Villela.Outro fato associado com essa fase foi o da relação entre Bócio Endêmico edoença de Chagas, em conseqüência da descrição deste, em zonas como La-faiete, de comprovada inexistência de barbeiros, e, portanto, de doença deChagas. Tal confusão permaneceu por algum tempo, dificultando a compreen-são da doença por parte de outros. Mais tarde, a questão foi esclarecida pelacompleta disfunção dos dois processos mórbidos, não restando, após 1923,quaisquer dúvidas sobre a existência da doença de Chagas, permanecendo, po-rém, a divergência de opiniões com relação à sua importância médico-social equanto à validade de certos conceitos e formas clínicas.

Em 1935, um ano após a morte de Chagas, Mazza dedicou a reuniãoanual da Sociedade de Medicina Tropical Argentina, realizada na cidade de lu-juy, aos estudos sc;bre a tripanosomíase Americana. Evandro Chagas e Ema-nuel Dias, que sempre se dedicaram aos estudos da Patogenia, da clínica e daEpidemiologia da doença de Chagas, representaram o Brasil naquele conclave.Na volta do Congresso, Evandro Chagas criou, no Instituto Oswaldo Cruz, oserviço das Grandes Endemias, através do qual procurou estabelecer, em todoo país, postos de estudos dos problemas tropicais, estando em primeiro pla-no, no seu programa, a malária, a leishmaniose e a doença de Chagas.

O Centro de Estudos sobre doença de Chagas em Bambuí,já depois damorte de Evandro Chagas, registrou, em menos de 6 meses, mais casos dadoença de Chagas na fase aguda, do que todos os casos que Chagas constata-r~ em Lassance. Nessa mesma época, Cecílio Romana, na Argentina, iniciouos primeiros estudos sobre a Cardiopatia chagásica fora do Brasil. Ao mesmo

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pesquisador, devemos a descrição da síndrome da porta de entrada ocular, emque chamava a atenção para o sinal que leva o seu nome. Tal detalhe facilitouo diagnóstico dos pacientes na fase aguda da doença, sendo responsável peloaumento do número de casos diagnosticados na Argentina e no exterior. As-.sim, a doença de Chagas transformou-se de um pequeno problema de Las-sance para um grande problema sanitário da América latina, confornle pre-viu seu descobridor. Em 1943, já haViam sido descritos casos da doença em 15países, geralmente manifestando-se na forma de casos agudos esporádicos, ex-reto no Brasil. A forma cardíaca crônica havia sido diagnostica da somente emuma centena de pacientes, embora Machado e Guerreiro, desde 1913, descre-vessem a reação de fiXação do complemento, e Brumpt criado o xenodiagnós-tico, e o uso de Eletrocardiograma já fosse bastante difundido. A partir de1945, apareceram os trabalhos de Laranja, Dias e Nóbrega, que trouxeramgrande contribuição aos estudos eletrocardiográficos da rniocardite chagásica.Com isso, o diagnóstico dessa forma clínica passou a ser realizado com maiorfacilidade, ao mesmo tempo em que o uso da sorologia foi generalizado com amultiplicação dos inquéritos em muitos países: constatando-se que o núme-ro de chagásicos chegava a milhões. Em 1949, Dao comprovou, na Venezue-Ia, a transmissão c(Jfigênita, anteriormente descrita por Chagas, e Pedreira deFreitas e colaboradores confirmaram, em 1952, que a doença de Chagas eratransrnissível por transfusão sangüínea. A criação da Faculdade de Medicinade Ribeirão Preto tomou-se um marco importante na história da doença deChagas pelos estudos realizados por Fritz Koerbele e seus assistentes. Desde oséculo passado sabia-se da existência endêrnica do megaesôfago, que era co-nhecido popularnlente como "mal de engasgo". Observou-se urna coincidên-cia geográfica entre megaesôfago e doença de Chagas. Após 1956, começarama aparecer publicações de Koerbele, mostrando intensa destruição neuronal dadoença de Chagas. Este achado permitiu melhor entendimento acerca da pato-genia dos "megas". Nesse período, multiplicaram-se os estudos sobre doençade Chagas na América do Sul. Na Venezuela, Tejera estudou as fornlas cardía-ca e congênita da doença e descobriu o Trypanosoma rangeli, que não é pato-gênico para o homem. Evidenciou-se que na Venezuela não existe a síndromedos "megas" descobertos e atribuídos ao 1: crnzi de outros países. O Congres-so Internacional da doença de Chagas, realizado no Rio de Janeiro, em 1959,em comemoração ao cinqüentenário da descoberta da doença, contribuiu pa-ra o reconhecimento fmal, internacional da doença de Chagas. O Congressoassinalou o início dos estudos fundanlentais da Bioquímica, Farmacologia eMorfclogia com a aplicação das técnicas mais modernas, tais como a micros-copia eletrônica, da eletroforese e do metabolismo básico.

Nestes últimos 20 anos, transcorridos vários Congressos e Simpósios,muito se tem discutido sobre os mecanisrnos patogênicos, as diferenças de ce-

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pas do parasito, as variações geográficas da patologia, o significado da formaindeternlinada da doença, o emprego de novos agentes terapêuticos para ocombate da doença e muitos outros aspectos, sendo cada vez crescente o nú-mero de trabalhos sobre a doença de Chagas em nosso país e no exterior.

INTRODUÇÃO

No imenso território brasileiro existem várias doenças de grarlde impor-tância epidemiológica, cuja transmissão se faz através de insetos. Dentre elaspodemos destacar a febre amarela, malária, filariose e, principalmente, doençade Chagas, não só pela sua vasta distribuição geográfica, como pela sua altaabrangência social, apresentando elevados índices de morbidade e mortalida-de. Depois da malária, a doença de Chagas é considerada o maior problema desaúde pública nas Américas do Sul e Central, onde ela é estimada a atingirmais de 10 milhões de pessoas, as quais são portadoras do protozoário Trypa-nosoma crnzi. A tripanosomíase americana ou doença de Chagas é causada pe-lo protozoário T. crnzi, que após se reproduzir no interior das células do seuhospedeiro vertebrado, ganha a circulação sangüínea em busca de novos ór-gãos. Os vetores naturais dessa doença sã"o os triatomíneos, também chamados"barbeiros", "chupões", "fmcóes", "bicudos", "vinchucas" ou "procotós",sendo insetos muito conhecidos das populações rurais de várias regiões doBrasil. É importante ressaltar que todos os barbeiros nascem livres do tripa-nossoma, mesmo que seus pais estejam infectados. Eles se infectam ao suga-rem o sangue de um animal parasitado. Somente os mamíferos sã"o susceptí-veis à infecção pelo I: crnzi, apesar de os barbeiros se alimentarem em quasetodo tipo de animal, incluindo répteis, anfloios e aves. As aves constituem umgrupo importante como fonte alimentar dos triatomídeos não só no peridomicí-lio (galinhas e pombos) como também no ambiente silvestre (pássaro preto, ga-vião, anumbius, etc.). Em razão desse comportamento, encontramos na natu-reza muitos barbeiros não infectados. De maneira geral, os barbeiros são inse-tos lentos e pouco agressivos. Eles são relativamente pesados, caminhando omínimo necessário para encontrar sua fonte alimentar e achar seu abrigo. So-mente os adultos voam e seu vôo não é muito longo e o potencial das distân-cias percorridas varia de espécie para espécie. Tem sido observado que os barbei-ros mudam de domicllio apenas por falta de alimentação ou diante de umaameaça à sua vida; é comum, porém, ninfas serem transportadas passivamentenas penas das aves, e, com certa freqüência, através de cargas ou mudanças ououtros utensüios carregados pelo homem. Os inimigos naturais dos barbeirossão algumas espécies de formigas, abelhas, certos tipos de hemípteros, predado-res,galinhas outras aves e o homem.OT. cruzzi parece não afetar os tratomíneos

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contaminados. A infecção é transmitida ao homem não exatamente pela pi-cada do vetor, mas por contaminação através de suas fezes, eliminadas duran-te o repasto sangüíneo, quando infectados por formas de tripomastigotas me-tacíclicos. Estes organismos penetram através das mucosas, mesmo íntegras,ou com solução de continuidade da pele. Multiplicanl-se nos tecidos do hospe-deiro sob a forma de amastigotas, em pseudocistos. Novos tripomastigotasque aí se formam abandonanl os tecidos e caem na corrente sangüínea, de on-de podem vir a infectar insetos vetores. Observa-se que estudos efetuados al-guns anos atrás consideravam a tripanosomíase americana primitivamenteuma erlZootia, afetando exclusivamente animais silvestres e sendo transmitidapor triatomíneos tarrlbém silvestres. Com o transcorrer do tempo, tomou-seuma zoonose, a partir do momento em que o honiem entrou em contato comos focos naturais, provocando unia alteração no equilíbrio ecológico e dandocondições para a invasão domiciliar e depois a domiciliação de algumas espé-cies de triatomíneos que, desse modo, conduziram o T. crnzi para os ec6toposartificiais, ou seja para as habitações humanas e suas dependências. Em razãoda grande susceptibilidade do homem e de certos animais domésticos, em par-ticular o cão e o gato, e em função da enorme proliferação de trianomíneosnos ec6topos artificiais, o parasitismo humano se expandiu e o ciclo domésti-co da infecção assumiu grande importância, principalmente considerando-sea gravidade da infecção humana. Desse modo não causa tanto impacto o fatoda atenção dos epidemiologistas no passado ter-se concentrado na infecçãohumana com a descoberta de casos cada vez mais numerosos, à medida que osmétodos de diagnóstico foram sendo mais aperfeiçoados. Por outro lado, umavez estabelecido o ciclo domiciliar da doença de Chagas, os animais silvestrespodem deixar de constituir parâmetros essenciais na cadeia epidemiológica.Estes dois parâmetros, a difusão da infecção domiciliar e a não obrigatorieda-de da participação dos animais silvestres no ciclo de transmissão fizeram comque, no passado, se desse menor atenção ao estudo do ciclo silvestre da tripa-nosomíase. Por outro lado, os estudos realizados nos últimos anos demons-ttam a importância cada vez maior da erlZootia silvestre, pela periculosidade,não apenas nas áreas pioneiras que estão sendo penetradas pelo homem comotambém naquelas onde a infecção j á adquiriu caráter eminentemente domici-liar. Após sua descoberta pelo eminente pesquisador brasileiro Carlos Chagas,essa doença tem sido investigada nos mais diversos aspectos: parasito16gico,epidemiológico, clínico e profilático.

Na bacia amazônica, os primeiros estudos sobre a doença de Chagas da-tam de 1938, através de pesquisas realizadas por Perreira e Deane 8, com oobjetivo de investigar a existência da esquizotripanose, na região do estuáriodo Amazonas. Ambos tentavam investigar os hábitos domiciliares de duas es.

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pécies de triatomíneos, o Panstrongylus geniculatus e o Rhodnius pictipes,únicos triatomíneos encontrados na região. Identificaram, porém, um novoinseto hematófago, com hábitos domiciliares (Clerada apicicomis-Signoret,1863). Os pesquisadores ressaltaram, ainda, que as duas espécies de triato--míneos referidas acima costumavam ser vistas nos domicílios entre os me-ses de agosto e janeiro, quando sugavanl o sangue do homem, regressando à

mata em seguida.Ferreira e Deane 9 identificaram um protozoário que, pela morfolo-

gia, comportamento em cultura, evolução em inverte brados e infectividade,foi classificado como Schizotrypanum cruzi (Chagas, 1909). Em 1939, coubeà comissão responsável pelo estudo da leishnlaniose visceral anlericana exami-nar, em áreas silvestres do município de Abaetetuba, Estado do Pará, o sanguea fresco e esfregaço de 40 amostras de pequenos marsupiais, identificados co-mo Marmosa cinerea por pesquisadores do Museu Emílio Goeldi. Em 1939,Deane e Jansen 16 observaram, em 3 exemplares dessa espécie, tripa,nosomascom o aspecto morfológico semelhante ao do T. cruz i, no sangue a fresco e

após coloração pelo Leishmam.Rodrigues e Mel034 realizaram o primeiro estudo epidemiológico da

doença de Chagas na Amazônia, na região do Aurá, localizada cerca de 10 kmde Belém. Cento e dezessete habitantes da área foram submetidos a exame desangue e xenodiagnóstico, porém nenhum apresentou a infecção humana porT. cruzi. Entre seis animais domésticos, um cão apresentou xenodiagnósticopositivo, e os autores sugeriram a hipótese de o mesmo ter sido infectado pe-la ingestão de vísceras de animais contaminados, considerando que dos 115animais silvestres capturados, 47 apresentaram xenodiagnóstico positivo. Dea-ne 59 confirmou a existência de exemplares de 11'iatoma rubrofasciata, já re-ferida desde 1910, infectados com Tripanosoma conorhini, no bairro da Ci-dade Velha em Belém. Naquele momento, o autor se referiu à facilidade comque se pode confundir as formas metacíclicas desse tripanosoma com aquelasde T. cruzi. Deane 136, estudando hemoflagelados de animais silvestres daAmazônia brasileira, examinou 721 mamíferos, no Estado do Pará, entre1936 e 1938 e verificou a presença das seguintes espécies: T. cruzi, T. lewisi,T. legeri e T. devei. Deane e Damasceno (1961B) registraram a presença deT. saimiri em macacos da Zona do Salgado, Estado do Pará, e constataram ocrescimen to do nÚmero de espécies de tripanosomas na Amazônia, as quais semultiplicam em triatomíneos.

Deane et aI. (1963), realizando um inquérito sobre toxoplasmose e tri-panosomíase no Território do Amapá, fIZeram 353 reações de fIXação docomplemento para doença de Chagas (prova de Machado Guerreiro) e 116 xe-nodiagnósticos, tendo obtido resultados negativos.

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Deane et aI. (1964) realizaram o mesmo inquérito em Cachoeira do Ara-ri, ilha do Marajó, Pará. Nessa ocasião, 334 pessoas se submeteram à sorologiapela prova de fiXação do complemento. Um dos pacientes apresentou resulta-do positivo, porém a e1etrocardiografia e o xenodiagnóstico não confirmarama infecção chagásica. Os xenodiagnósticos realizados em 180 residentes locaistiveram resultados negativos. Deane (1964), em pesquisa de tripano-somas em mamíferos de duas áreas silvestres nos arredores de Be1ém, detec-tou cinco tipos de tripanosomas. Entre os tripanosomas encontrados, o maiscomum foi o T. cruzi, que parasitava seis espécies de mamíferos distribuídosentre morcegos, marsupiais, desdentados e roedores. Em 1967, esse mesmoautor, dando continuidade ao inquérito sobre os reservatórios animais doagente etiológico da d~nça de Chagas na Amazônia, examinou 370 mamíferossilvestres capturados em um trecho da estrada Belém-Brasüia e procedeu àpesquisa de T. cruzi. Nesta investigação foi evidenciada a prevalência de T.cruz i em 80.2% dos morcegos da espécies Phyllostomus hastatus e em 36%dos gambás da espécie Didelphis marsupialis. NQ dia 19 de fevereiro de 1968,o laboratório da Campanha de Erradicação~a Malária ~EM) solicitou à Se-ção de Parasito1ogia do mstituto Evandro Chagas que identificasse tripanoso-mas encontrados em gota espessa do sangue de 3 pessoas de uma familia resi-dente no bairro de Canudos, Belém. Esses casos eram originalmente suspeitosde Malária, e durante a pesquisa de plasmódio, foram encontrados parasitosmorfo1ogicamente semelhantes ao T. cruzi. Os quatro casos então descritospor Shaw, et aI. 238 correspondem aos primeiros casos autóctones de doença

de Chagas registrados em Belém do Pará. Tais casos tomaram-se importantespor terem sido detectados simultaneamente, na mesma residência, na ausên-cia de triatomíneos antropófllos domiciliares. Os autores sugeriram naquelaocasião que a infecção tenha sido contraída de modo diverso do habitual, pro-vavelmente por via oral, a partir de um alimento contaminado com fezes debarbeiro. Lainson, et al.423, em trabalho desenvolvido, confirmaram a trans-missão via oral em animais de laboratório. Os autores verificaram que formasde cultura de T. cruzi sobreviveram, por um tempo mínimo de 3 horas a26-28OC, em vários alimentos, incluindo-se leite, arroz, feijão, peixe e carnepicada cozidos. Um percentual de 100% dos 30 camundongos que foram ali-mentados com a comida contaminada tomaram-se contaminados. Os autoresadmitem que a transmissão por via oral da doença de Chagas possa tambémocorrer em casos humanos de modo semelhante ao que ocorreu em animais

experimen tais.l11cerda Junior et aI. 1974 descreveram um caso clínico no Território

Federal do Amapá, diagnosticado clínica e sorologicamente no Hospital Esco-

la São Camilo e São Luís.

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10 e São Luís.Fràihà345 referiu-se à ocorrência de 7 casos autóctones, registrados, na

literatura, de doença de Chagas no Pará: 4 deles foram descritos em 1969 e 2em 1972 e 1977 em Belém, nos bairros da Pedreira e Sacramenta, respectiva-mente e um em Abaetetuba (1976). A epidemiologia desses 3 últimos casosnão foi esclarecida.

Silveira et al41 O descreveram um caso clínico na Enfermaria São Mi-

guel, Serviço de Doenças Tropicais e Infecciosas da Universidade Federal doPará, originalmente suSpeito de malária. O diagnóstico fmal foi feito pelaequipe da Seção de Parasitologia do Instituto Evandro Chagas, através daobservação de founas semelhantes ao 7: crnzi em gota espessa e esfregaço,imunotluorescência indireta, inoculação em camundongos, cultura e xeno-diagnóstico, todos positivos para doença de Chagas. Esse caso, originário doMosqueiro-Vila balneária distante 75 km de Belém, corresponde ao nono casoautóctone registrado da tripanosorníase americana na Amazônia e teve suaepidemiologia estudada pelo Instituto Evandro Chagas.

O Inquérito Sorológico Nacional sobre"'a doença de Chagas, realizadopela Superintendência de Campanhas de Saúde Pública do Ministério da Saú-de (SUCAM), no período de 1975-1980, revelou que a prevalência da doençade Chagas em 2 Estados e 2 Territórios da Amazônia brasileira está assim dis-tribuída: Amapá 0,0%; Amazonas 1,9%; Roraima 0,3%; Pará 0,5%.

Dórea (1981) descreveu o décimo caso autóctone de doença de Chagasem um lactente procedente de Santo Antonio do Tauá, município do Estadodo Pará, distante cerca de 60 km de Belém.

Rodrigues et aI. (1985) descreveu 8 casos autóctones em 2 famílias ori-ginárias do Território Federal do Amapá e morando em 2 bairros diferentes ege ograflcamen te opostos.

Sou~ et aI. 1985 descreveram novo caso autóctone de doença de Cha-gas, no Estado do Pará, em uma criança de 7 anos de idade, procedente domunicípio de São Félix do Xingu, região sul do Pará.

EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA DE CHA GAS NA AMAZÔNIA

Ainda que o estudo da Tripanosomíase Americana na Amazônia tenhase iniciado em 1938, o programa de pesquisas específico sobre doença de Cha-gas do IEC somente foi implantado em 1977, com a chegada do Dr. MichaelMiles da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e WelIcome Trust.O referido pesquisador e alguns colegas brasileiros deram início aos estudos deepidemiologia e isolamento de cepas de T. cruzi e/ou T. rangeli para caracte-rização bioquímica por eletroforese de enzimas. Estes isolamentos foram ori-

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ginariamente de 3 fontes: a) origem humana; b) de vetores triatomíneos; c) ede reservatórios naturais, tanto da região amazônica como de outras áreas en-dêmicas do Brasil e da América do Sul, através de programa de colaboraçãocom outros pesquisadores.

INFECÇÃO NATURAL ENTRE MAMIFEROS S/L VESTRES NA REGIÃO

Lainson et al.4 O 1 examinaram um total de 1.197 animais silvestres para

hematozoários. Organismos semelhantes ao Tripanosoma cruzi foram encon-trados em 13 espécies diferentes sendo particularmente comuns em uma varie-dade de marsupiais (Dide/phidae), porco espinho (Coendou sp), tatus (Dasy-pus novemcinctus) e quatis (Nasua nasua). Três infecções humanas são refe-ridas, perfazendo um total de sete casos autóctones de doença de Chagas noPará desde os primeiros descritos em 1969. O inquérito sorológico de 5.319habitantes de subúrbios de Belém revelou 14 reações positivas por imunofluo-rescência com títulos maiores do que I :64 e 15 re~tados duvidosos com tí-tulo I :16. Não houve evidência de espécies silvestres de triatomíneos (Hemip-tera: Reduviidae) colonizando casas, porém ocasionalmente exemplares infec-tados de Panstrongy/us genicu/atus e Rhodnius pictipes foram encontradosem casas nos subúrbios de Belém, próximas das florestas. As infecções huma-nas são consideradas de origem silvestre. A doença de Chagas pode se tornarendêmica na bacia amazônica, se as espécies silvestres se adaptarem ao ciclodoméstico ou mesmo se espécies já domiciliadas procedentes de áreas endêmi-cas chegarem através das rodovias. Outras espécies de tripanosomas foram re-feridas em uma variedade de animais silvestres. Hemogregarinas foram encon-tradas em alguns marsupiais e roedores, e piroplasma, em marsupiais e um ta-tu. Miles et aI. 454 isolaram 316 cepas de Tripanosoma cruzi de três áreas geo-gráficas: I -Venezuela, onde a doença de Chagas não causa megacardia, me-gaesôfago e megacolon; 2 -bacia amazônica, onde T. cnlzi está presente emreservatórios naturais e vetores triatomíneos silvestres onde a infecção huma-na é rara; 3 -Nordeste e centro do Brasil, onde a infecção por T. cnlzi é co-mumente associada com a síndrome dos "megas". A distribuição nestas re-giões de três zimodemas de T. cnlzi foi comparada através dos estudos dosperfis enzimáticos das amostras coletadas nas diferentes áreas. A doença deChagas na Venezuela é predominante devido ao zimodema I de T. cnlzi e ra-ramente ao zimodema 3. Os zimodemas I e 3 de T. cnlzi também caUSaramesporádicos casos de doença de Chagas na bacia amazônica. O zimodema 2 deT. cruzi não foi encontrado na Venezuela nem na bacia amazônica, sendo queos isolamentos foram originários de pacientes da área central e nordeste doBrasil.

Essas observações sugerem que diferentes agentes etiológicos podem ex

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p1icar as diferenças entre as formas da doença de Chagas do Brasil e da Vene-zue1a. Os mesmos pesquisadores estudaram a distribuição dos zimodemas 1 e3 do Tripanosoma crnzi no Estado do Pará. As cepas foram isoladas de 12 es-pécies de mamíferos silvestres, 5 espécies de triatomíneos e pacientes comdoença de Chagas na fase aguda. Foram caracterizadas 100 cepas como zimo-dema 1, 23 como zimodema 3 e nenhuma como zimodema 2 de T. crnzi li-moderna 1 foi predominantemente isolado de mamíferos arbóreos, especial-mente Didelphis mfD'supialis; zimodema 3 foi principalmente encontrado emanimais vivendo em buracos no chão, particularmente Dasypus novemcinctuse Monodelphis brevicaudata. Não está bem esc1arecida se ocorrem trocas ge-néticas entre os grupos designados como zimodemas, porém as distâncias en-zimáticas entre Zl, Z2 e Z3 de I: crnzi, uma diferente distribuição geográ-fica, associação com hospedeiros e ciclos de transmissão local reforçam oponto de vista de que estes zimodemas representam uQidades taxonômicasde significativa importância epidemio1ógica. O zimodema 1 de T. crnzi foiisolado pela primeira vez de Cyclopes didactylus, tamanduaí, (Edentado).

Miles et aI. 458 descreveram a utilidade do método de seguir mamífe-ros para identificar seus ecótopos para coletas de triatomíneos. Para atingir es-te objetivo, foram construídos aparelhos de seguir mamíferos com diferentesdimensões de linhas e diferentes tamanhos e pesos para uma variedade de ta-manhos de mamíferos. Os aparelhos possuem a capacidade de alcançar dis-tâncias de 2.300, 1.350, 1.300, 280 e 160 metros e foram denominados ti-pos A, B, E, C e D, respectivamente. Uma taxa de recuperação de 64,6% dosanimais soltos foi alcança da com 263 animais de 16 espécies. Observações de-talhadas de ninhos ou refúgios e sobre o comportamento dos animais foramfeitas, contribuindo para o entendimento da ecologia das espécies. Foi de-monstrado que os aparelhos possuem um valor inestimável com algumas van-tagens sobre outros métodos, o que poderá se tomar uma rotina nas investiga-ções da ecologia dos mamíferos. Os mesmos autores descreveram os ec-ótoposde dez espécies de triatomíneos (Hemiptera: Reduviidae) dos arredores de Be-lém, Estado do Pará. Foram utilizadas várias técnicas e métodos para identifi-car os triatomíneos em seus ecótopos naturais, bem co o foi possível fazeruma associação com os reservatórios naturais do T. crnzi

Póvoa et al.5 93 estudaram os zimodemas de reservatórios naturais do1'rypanosoma crnzi dos Estados do Amazonas e Rondônia. 151 cepas de I:crnzi foram coletadas de 117 hospedeiros diferentes nos Estados do Amazonase Rondônia. 147 de 113 hospedeiros foram caracterizados como zimodema 1de T. cruzi Estes incluíram cepas de 3 espécies de marsupiais, duas espéciesde roedores e 3 espécies de triatomíneos ainda que muitos tenham sido deDidelphis marsupialis. Uma cepa de I: crnzi de R. robustus foi identificadacomo zimodema 1" uma de Sciureus sp. (esquilo) como zimodema 3 e duas

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de Monodelphis brevicaudata e Panstrongylus geniculatus como zimodema3. Os métodos utilizados para o crescimento e isolamento das cepas não in-fluenciaram os perfis enzimáticos. Tais resultados sugerem que o zimodema 2está ausente no Estado do Pará e bacia amazônica e que a distribuição dos zi-modernas de T cruzi nesta região é diferente de áreas endêmicas.

CASOS HUMANOS A UTÓcrONES

A doença de Chagas continua sendo rara na Amazônia, apesar da eleva-da prevalência da infecção natural entre mamíferos silvestres e triatomíneos.Até

ho~e são reconhecidos 19 casos autóctones, sendo 10 do Pará,238, 345,401,4 O. (Dórea, 1981; Souza et al. 1985) e 9 do Território Federal do Ama-pá,

(Lacerda Junior et aI. 1987; Rodrigues et al. 1985).Além destes casos, Ferraroni et aI. (1977) descreveram a ocorrência de

seis casos suspeitos, autóctones, sorologicamente positiyos....

CASOS HUMANOS AUTÓCTONES

Com referência l ao nono caso autóctone do Pará (Tabela 1), ocorridoem setembro de 1979, referido caso está associado com paciente do sexo mas-culino, de 19 anos, procedente da ilha do Mosqueiro, distante cerca de 75 kmde Belém. O paciente encontrava-se internado na Enfermaria São Miguel daSanta Casa de Misericórdia do Pará, com impressão diagnóstica inicial de ma-lária. Foi submetido aos exames de rotina para malária no Instituto EvandroChagas, quando se evidenciou, à microscopia óptica, a presença de 7: crnzi410.

A epidemiologia do referido caso foi estudada pela equipe do InstitutoEvandro Chagas. Os resultados, não publicados até o momento das pesquisasrealizadas em áreas adjacentes à residência do paciente, em Mosqueiro, reve-laram o achado de 3 exemplares vivos de Rhodnius pictipes adultos, infecta-dos com organismos semelhantes ao 7: crnzi, no interior do domicílio e numanexo a ele. Quando se procedeu à dissecação de palmeiras tipo mucajá (Acro-comia sclerocarpa) e inajá (Maximiliana regia) das proximidades da residênciado paciente, encontram-se, além do R. pictipes, ninfas e adultos de outros tria-tomíneos (R. robustus, Microtriatoma trinidadensis e Panstrongylus ligna-rius), num total de 117 barbeiros, alguns dos quais também infectados. Foitambém registrada a ocorrência de Didelphis marsupialis e outros mamífe-ros silvestres e peridomésticos nos arredores da residência do paciente, confi-gurando-se, dessa maneira, todos os elos da cadeia de transmissão do 7: crn-zi (Barreto, 1979; Souza, A., dados não publicados). Pelo exposto, presume-se a origem silvestre da infecção chagásica aguda do paciente do Mosqueiro,

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com a participação efetiva do barbeiro Rhodnius pictipes, associado a ninhode mucuras (Gambás) em palmeiras tipo mucajá e inajá.

Outro caso autóctone que nos chamou atenção pelo acesso ao estudoepidemiológico foi do menor A.S.C., de 1 ano e 4 meses de idade, sexo mas-culino, cor parda, paraense, residente e procedente do sítio Nazaré, municípiode Santo Antonio do Tauá, Pará. Referido menor foi internado no Hospitalda Santa Casa de Misericórdia do Pará em 28/7/1980. (Dórea, 1981).

História da doença -A 4 de julho de 1980, a mãe da criança perce-beu uma lesão punctifoDIle, semelhante a uma picada de inseto, ao nível daregião frontal esquerda do menor. No mesmo dia, observou o aparecimentode edema bipalpebral e unilateral à esquerda. 4 dias após, o menor apresentouhipertemia moderada e contínua, que cedia com o uso de antitéDIlicos co-muns. Em meados de julho, surgiu um exantema máculo-papular, que perdu-rou por cerca de duas semanas. No dia 25 de julho, o paciente apresentou ede-ma facial difuso e edema dos membros inferiores. O processo evoluiu com fe-bre moderada diária que regredia com o uso de antitérmicos. No dia 28 de ju-lho a mãe do menor procÜrou o Posto de Saúde do município de Santo Anto-nio do Tauá, de onde foi encaminhado ao Instituto Evandro Chagas. Foramrealizados os seguintes exames no paciente: a) Exame parasitoscópico direto,a fresco, do sangue periférico; b) Esfregaço e gota espessa corada pelo Giemsa;c) xenodiagnóstico, utilizando duas caixas, cada uma com 5 ninfas de 39 está-gio de Rhodnius prolixus; d) Semeadura do sangue periférico em meio deNNN, para cultura de flagelados; e) Imunofluorescência indireta para doença

de Chagas.Os resultados obtidos foram os seguintes:a) Exame direto, a fresco, do sangue periférico -positivo.b) Exame do sangue periférico em gota espessa e esfregaço -positivo.c) Xenodiagnóstico -33 dias após o repasto sangüíneo, foi feita a lei-

tura, tendo sido examinadas as fezes dos 10 triatomíneos utilizados. O resul-

tado foi negativo.d) Semeadura do sangue periférico em meio de NNN: presença de for-

mas epimastigotas, semelhantes às de 7: crnzi, observadas cerca de 20 dias

após.e) Imunofluorescência indireta para doença de Chagas -foram obtidos

os seguintes títulos: IgM -1/160, e IgG -1/160.Terapêutica -Após a confirmação do diagnóstico de doença de Chagas

aguda, a terapêutica foi feita à base de Nifurtimox (Lampit, Bayer) com umadieta adequada às necessidades do paciente.

Na investigação epidemiológica foi feita uma visita ao local, Sítio Naza-ré, no município de Santo Antonio do Tauá, distante 60 km de Belém. No lo-cal constatou-se o tipo primitivo de habitação do paciente, de paredes de bar-

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ro batido, não reboca das, uma típica cafua ou casa de pau-a-pique, como tan-tas encontradas no nordeste e sudeste do Brasil. Foram inspecionados todosos aposentos da casa, à procura de triatomíneos, desde as paredes, o teto, atéos objetos de uso doméstico. Um ninho de ratos com 4 filhotes foi encontra-do porém não continha barbeiros. Um mês após nossa visita foi capturada nointerior da casa uma fêmea de Panstrongylus geniculatus a qual tentava sugaro pé do pai da criança, durante o sono. A análise das dejeçães desse exemplar,à microscopia óptica, não revelou presença de parasitos.

TRIPANOSOMA RANGE LI

o Tripanosoma rangeli foi descrito pela primeira vez por Tejera em1920, diante do encontro de flagelados morfologicamente distintos do Tripa-nosoma cmzi e que foram vistos em fezes de Rhodn~s prolixus capturadosem casas na Venezuela. Em 1936, De uon encoIttrou o organismo no ho-mem, na Guatemala. Ressalte-se que este organismo foi visto muito antes noPeru com o nome de 7: escomeli. Embora T. rangeli não cause maiores pro-blemas para o homem, a infecção é patogênica para os vetores naturais. Atransmissão é feita por inoculação da saliva infectada, durante o repasto, demodo antagônico à transmissão do 7: cmzi que é feita pela deposição das fe-zes infectadas na pele ou mucosa. O T. rangeli é largamente distribuído naAmérica Central e no norte da América do Sul, sendo freqüentemente simpá-trioos com o T. cmzi, o que acarreta muitas reações soro16gicas cruzadas entresoros humanos, e é sabido que infecções por 7: rangeli causam pequenas con-fus~s aos estudos epidemio16gicos. A história e biologia do 7: rangeli têm si-do revistas em detalhes por Hoare e D' Alessandro. Nos seus trabalhos, D' Ales-sandro refere-se a este organismo proveniente de triatomíneos e mamíferosnas Américas, cuja prova biológica pode ser feita pela introdução das glân-dulas salivares em transmissões experimentais. Muitos organismos semelhan-tes a T. rangeli, os quais podem desenvolver-se em triatomíneos, têm sido re-feridos e vários são identificados como espécies distintas, embora seu relacio-namento com o 7: rangeli não esteja esclarecido. Pelos critérios de D' Ales-sandro, os vetores naturais de T. rangeli são:R. prolixus, R. pallescens, R. pic-tipes, R. robustus, T. dimidiata e possivelmente R. brethesi. Os mamíferosnaturalmente infectados são Didelphis marsupialis, Philander opossum ~ucu-ra 4 olhos), Tamandua tetradacty/a, Cavia procellus (Cobaio), Oryzomys con-colar (rato do arroz), Eira barbara (tayra), Procyon lotor e os primatas Cebussp., Saimiri sp. e Saguinus geoffroy (tamarin). Em nossos trabalhos de pesqui-

sa na bacia amazônica, observamos também outras espécies de animais natu-ralmente infectados como o Nasua nasua (Quati), Coendou sp. (porco espi-nho), A. belzebul (guariba) e B. tridactylus (preguiça). Foram encontrados

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também vários exemplares de P. geniculatus naturalmente infectados com T.rangeli originários da Sena dos Carajás. A distribuição do T. rangeli inclui aColômbia, Costa Rica, EI Salvador, Guatemala, Honduras, Panamá, Peru, Ve-nezuela e Brasil. A presença do 7: rangeli no Chile, Guiana Francesa, Paraguaie Uruguai é controvertida. No Brasil, organismos semelhantes ao 7: rangeli fo-ram vistos no trato intestinal de um P. megistus capturado em uma casa e nahemolinfa de uma ninfa silvestre de IV estágio de R. domesticus. Em estudosintensivos de sangue de, mamíferos, Deane e seus colaboradores observaramem várias ocasiões a presença de 7: rangeli em animais da bacia amazônica. Oshospedeiros referidos são Didelphis marsupialis, Philander opossum e Saimirisciureus. 7: diasi e 7: saimiri, considerados por Hoare e D' Alessandro por se-rem semelhantes a 7: rangeli, foram encontrados em Cebus e Saimiri, respec-tivamente. Valente e colaboradores em trabalho experimental (não publicado)infectaram exemplares das espécies T. rubrofasciata, E. mucronatus e D. ma-xima, utilizando o método de alimentação por membranas, detectando orga-nismos semelhantes ao 7: rangeli nas fezes e naSyglâfldulas salivares. D' Ales-sandro e Prado pesquisaram T. rangeli no Brasil e na Argentina, porém sem su-cesso, embora essa pesquisa tenha sido baseada no exame de T. infestans do-mésticos e nos resultados dos xenodiagnósticos. Esses autores concluíram quetodos os achados de T. rangeli no Brasil necessitam de maiores estudos. O T.rangeli está presente no Brasil e os vetores naturais são o R. pictipes e R. ro-bustus que estão amplamente distribuídos na bacia amazônica. Os métodosusados foram o encontro de glândulas salivares naturalmente infectadas detriatomíneos, comparações morfológicas, transmissões experimentais confir-madas por comparações de perfis enziInáticos com aqueles de T. rangeli isola-dos do homem. As implicações epidemiológicas da presença do T. rangeli nabacia ~azônica são consideradas a seguir.

ÁREAS ESTUDADAS: As áreas de estudo foram planejadas e selecionadasem conseqüência do interesse para pesquisar reservatórios, mamíferos e fle-bótomos, vetores de leishmanioses cutâneas em associação com estudos dezimodemas de T. crnzi. As localidades incluídas no Estado do Amazonas fo-ram o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e os subúrbios daCidade Nova e Parque das Laranjeiras da cidade de Manaus, a reserva Ducke,perto de Manaus, km 65 da BR 319, rodovia Manaus-Porto Vellio. No Estadodo Pará, as áreas estudadas foram a Serra dos Carajás e área de influência dahidrelétrica de Tucuruí. Em Rondônia, as coletas foram feitas em vários pon-tos, entre os quilômetros 20 e 142 da BR-364, rodovia Porto Vellio-Cuiabá. Avegetação em todos estes locais foi uma combinação de florestas primárias esecundárias, com a presença de muitas árvores frondosas. Palmeiras são abun-

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dantes nos subúrbios de Manaus e em Rondônia e isto facilitou sobremaneiraas investigações, considerando que as palmeiras são conhecidas como ecóto-pos de triatomíneos do gênero Rhodnius.

CAPTURA E EXAME DE MAMIFEROS:

Os mamíferos foram capturados em armadilhas de arame, de madeira eem. tam bares de óleo vazios. Um pequeno número de animais foi compradode caçadores locais ou encontrado graciosamente nas florestas. Exame de san-gue ~ fresco e esfregaços corados pelo Giemsa de todos os animais foram fei-tos e inteiramente examinados para pesquisa de tripanosomas. Os tripanoso-mas foram isolados dos reservatórios animais, sendo adota dos os seguintesprocedimentos: culturas de sangue, xenodiagnósticos e inoculação em camun-dongos. Ninfas de 111 estágio de R. prolixus ou de D. maxima foram emprega-das para os xenodiagnósticos.

COLETA E EXAME DE VETORES TRIATOMINEOS:

A maioria dos triatomíneos foi coletada pelo sistema de dissecação depalmeiras pertencentes às espécies Inajá (Maximiliana regia), nas proximidadesde Manaus, e Babaçu (Orbignya speciosa) em Rondônia. Em Tucuruí e na Ser-ra dos Carajás foram disseca das estas duas espécies e mais palmeiras de Mucajá(Acrocomia sclerocarpa). Um pequeno número de R. pictipes adultos foi cap-turado em armadilhas de luz semelhantes às descritas por Whidaw e Chaniotisno Panamá (1979). Exemplares de P. geniculatus foram coletados em tocas detatu. O trato intestinal e as glândulas salivares de amostras de R. pictipes e R.robustus de cada coleção de campo foram dissecadas e examinadas em micros-cópios de fase para pesquisa de T. rangeli e/ou T. cruzi. A hemolinfa não foiexaminada em caráter de rotina. Quase todos os isolamentos de T. rangeli fo-ram de R. pictipes e R. robustus naturalmente infectados e através da culturadireta das fezes contaminadas ou pelas glândulas salivares. Ocasionalmente,cepas de T. rangeli foram obtidas por alimentação de triatomíneos em camun-dongos ou pela inoculação intraperitonial de fezes infectadas em camundon-gos e subseqüente cultura do sangue do coração do camundongo. Duas cepasde T. rangeli foram isoladas pela cultura direta do trato intestinal de Lutzo-myia sp. recentemente alimentada (flebótomos do grupo shannoni).

INFECÇÕES EM CAMUNDONGOS E COMPARAÇÕES MORFOLÓGlCAS

As infecções de camundongos foram feitas a partir da alimentação detriatorníneos naturalmente infectados em camundongos, pela inoculação in-

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traperitonial de organismos de culturas por ocasião do pique de crescimentoem camundongos ou por inoculação intraperitonial de fezes infectadas de tria-tomíneos de xenodiagn6sticos. Camundongos criados em biotérios de 4 a 5semanas de idade foram usados nesses isolamentos. Exame de sangue a fres-co e corados pelo Giemsa foram examinados periodicamente a partir do 49até o 3(1;> dia. Os tripanosomas foram fotografados e medidos tendo os índi-ces comparativos sido calculados de acordo com Hoare.

TRANSMISSÁ o EXPERIMENTAL

Cepas de T. rangeli em cultura foram utilizadas experimentalmente poralimentação em membranas para repasto de triatorníneos limpos, criados emlaboratório

das espécies Rhodnius spp. e subseqüente realimentadas em ca-mundongos jovens de 4 semanas. Desse modo, Valente et alo (não publicado)

conseguiram infectar exemplares das espécies Dipetalogaster maxima, Tria-toma rnbrofasciata e Eratyrns mucronatus. .

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RESULTADOS ALCANÇADOS: MANAUS E RONDONIA

Um total de 46 cepas de tripanosomas foram isoladas de mamíferos, devetores triatomíneos e identificados como T. rangeli. Deste total, 22 foram deD.

marsupialis, 1 de N. nasua, 7 de R. pictipes e 14 deR. robustus. Duas ce-pas foram isoladas de fie bótomos, os quais continham sangue de mamíferodesconhecido. As cepas de vetores triatomíneos incluem 10 isolamentos di-retos ou indiretamente de glândulas salivares. Os tripanosomas foram muitoraramente vistos em esfregaços de sangue de mamíferos naturalmente infecta-dos e nunca em número suficiente que permitisse estudos mais detalhados damorfologia através de esfregaços corados pelo Giemsa. Todas as cepas cresce-ram rapidamente em meio de cultura bifásica e sua morfologia examinada pormicroscópio de fase cujos resultados foram I: rangeli ou misturas de T. range-li/I: crnzi. Formas morfológicas similares foram vistas em triatomíneos natu-ralmente infectados ou triatomíneos usados para xenodiagnóstico. Um totalde 16 cepas foram identificadas como sendo misturas de T. rangeli/I: Cntzicom base na morfologia e comparando os perfis isoenzimáticos. Foram fei-tas 14 passagens em camundongos de culturas, quando estas atingiram o pi-que de crescimento, resultando 14 infecçoos. Elas tiveram as seguintes ori-gens: 3 de D. marsupialis, 2 de R. pictipes, 8 deR. robustus e o padrão de I:rangeli R. 1625. A morfologia de tripomastigotas em camundongos infecta-dos foi característica de I: rangeli,' ocasionalmente I: Cntzi foi tam~m obser-vado em camundongos inoculados com mistura de cepas de T. rangeli/I: crn-zi. Tripomastigotas de 4 cepas foram medidos em esfregaços de sangue de ca-

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mundongos corados pelo Giemsa e suas dimensões foram comparadas comaquelas do padrão R 1625. Os perfis enzimáticos das novas cepas isoladas cor-responderam com aquele do padrão de I: rangeli R 1625. Infecções mistas deI: rangeli/I: crnzi foram facilmente reconhecidas pela presença de caracterís-ticas superpostas de padrões dentro de um extrato simples de enzima. A in-tensidade dos padrões de I: rangeli e I: crnzi nessas misturas foi freqüente-mente fraca, em algumas misturas, nas quais uma população cresceu e a outrapode ter sido perdida. Várias cepas de I: rangeli foram transmitidas experi-mentalmente por todo o ciclo evolutivo usando-se triatomíneos criados emlaboratório, bem como camundongos. Em todos os aspectos, o comportamen-to e morfologia foram consistentes com aqueles de I: rangeli. A distribuiçãogeográfica dos hospedeiros originais de I: range/i mostra que o D. marsupialisfoi encontrado comumente infectado nos arredores de Manaus e ambos, R.pictipes e R. robustus, foram os vetores. .

No Estado de Rondônia, D. marsupialis, M ntlrJicaudatus, I: tetradac-tyla e N. nasua foram encontrados infectados, bem comoR. pictipes. Um de38 R. pictipes, examinados do Parque das Laranjeiras, apresentou infecção na-tural nas glândulas salivares. Não foram observadas infecções nas glândulas sa-livares em triatomíneos do Estado de Rondônia, apesar de terem sido exami-nadas 18 glândulas de R. robustus.

SERRA NORTE: Os trabalhos realizados em Serra Norte desde 1982 em 12diferentes áreas mostraram que o I: rangeli encontra-se presente naquela re-gião. 8 espécies diferentes entre marsupiais, primatas, carnívoros, edentados eroedores foram capturados possibilitando 53 isolamentos de I: rangeli carac-terizados por eletroforese de 6 enzirnas, segundo Miles (1980), ASAT, ALAT,PGM, GPI, ME e G6PD.

A espécie de D. marsupialis mostrou-se muito importante como reserva-tório natural de I: rangeli, com 25 cepas sendo caracterizadas como I: range-li e 8 com a mistura de I: rangeli/T. crnzi. O vetor R. robustus deu origem a18 cepas, sendo 16 caracterizadas como I: rangeli e 2 como cepas mistas deT. rangeli/I: crnzi. Outras cepas caracterizadas como T. rangeli foram originá-rias dos seguintes vetores e reservatórios:Panstrongy!us geniculatus 4;Philan-der opossum 4; Cebus apella 1; Nasua nasua 1 e Coendou sp. 2. Foi observa-da uma cepa mista de T. rangeli/I: crnzi originária de P. geniculatus e uma deTamandua tetradactyla.

TUCUR VI: Os trabalhos desenvolvidos em Tucuruí, nas operações fauna e cu-rupira, na área de influência da hidroelétrica, evidenciaram 25 isolamentos deT. range/i.

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o D. marsupialis foi o reservatório mais importante com 14 cepas carac-terizadas seguido por: Cebus apella 3; Oziropotes satanas 3; Alouatta belzebul2; Tamandua tetradactyla 2 e Bradipus tridactylus com 1 isolamento. Foi ca-racterizada apenas uma cepa mista de T. rangeli/T. cruzi originária de Didel-

phis marsupialis.Os resultados obtidos sugerem a presença do T. rangeli no Brasil, con-

firmando as suspeitas outrora referidas de tripanosomas localizados no tratointestinal e glândulas salivares de tratomíneos e no sangue de reservatórios

naturais.

CARACTERIZAÇÃO BIOQUIMICA DAS CEPAS DE TRYPANOSOMACR UZY E TR YPANOSOMA RANGELI ISOLADOS NO INSTITUTO EV AN-

DROCHAGAS

A caracterização bioquímica, através estudo de isoenzimas em eletrofo-rese em gel de amido, realizado nas cepas de T. cruzi e Trypanosoma rangeli,começou a ser efetuada no Instituto Evandro Chag~ em 1978, quando foramselecionadas 18 enzimas a saber:aspartato aminotransferase (E.C. 2.6.1.1,ASAT); alanine aminotransferase (E.C. 2.6.1.2); ALAT fosfoglucomutase(E.C. 2.7.5.1., PGM); glicosefosfato isomerase (E.C. 5.3.1.9., GPI); malatedehydrogenase (descarboxilando e oxaloacetato) (NADP + ) (E.C. 1.1.4.0,ME); glicose-6-fosfato dehydrogenase (E.C. 1.1.1.49, G6PD); malate dehy-drogenase (E.C. 1.1.1.37, MDH); aconitate hidrase (E.C. 4.2.1.3, ACON);isocitrate dehydrogenase (NADP+) E.C. 1.1.1.42, ICD); álcool dehydrogenase(NADP+) E.C. 1.1.1.2, ADH); lactato dehydrogenase (E.C. 1.1.1.27, LDH);aminopeptidase (citosol) (E.C. 3.4.11.1, PEP); piruvato quinase (E.C.2.7.1.40, PK); fosfoglicerato quinase (E.C. 2.7.2.3, PGK); enolase (E.C.4.2.1.11, ENO); hexoquinase (E.C. 2.7.1.1., HK);manose fosfato isomerase(E.C. 5.3.1.8. MPI); e glutamato dehydrogenase (E.C. 1.4.1.2., GD); Estasforam selecionadas para o estudo rotineiro das cepas, dentre 38 isoenzimasque foram tentadas, as quais fazem parte do ciclo metabólico do parasita esão, em sua grande maioria, enzimas mediadoras de reações existentes na viametabólica clássica. A seleção foi realizada baseada no resultado que cadaisoenzima forneceu, quer na intensidade das bandas resultantes da detecçãoda isoenzima em questão com os reagentes utilizados para facilitar a visuali-zação das bandas, quer pela diferença da mobilidade eletroforética das dife-rentes cepas.

Eletroforese é um fenômeno de migração de partículas suspensas ou co-loidais num líquido devido ao efeito de uma força eletromotiva ou diferençade potencial através de eletrodos imersos. A eletroforese é importante no es-tudo de proteínas (isoenzimas) porque as moléculas de tais materiais agem co-mo partículas coloidais e suas cargas são positivas ou negativas, dependendo

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da solução em que se encontram ser ácida ou básica.No caso dos tripanosomas, usam-se extratos solúveis dos mesmos que

são aplicados em placa de gel de amido para eletroforese (8, 10 ou 15 extra-tos por placa) e cujas moléculas movem-se em direção do anodo ou catodo emdiferentes velocidades, o que depende da carga da molécula da superfície e daposição da enzima selecionada (mobilidade eletroforética). A visualização doresultado do processo descrito acima (formação de bandas) é efetivada pelareação de substratos específicos que dão como resultado um produto que seliga a um dado processo de coloração. Assim, consegue-se numa mesma placafazer-se a distinção, segundo as diferenças ou similaridades, entre as amostrasque são objeto do estudo. Desta forma, usando o resultado encontrado nas18 enzimas, foi possível dividir as amostras de Trypanosoma crnzi em 3 gru-pos, aos quais foi dado o nome de "zimodema" -termo que significa popu-lações que diferem numa isoenzima específica ou (coII\o no caso de Trypano-soma) num conjunto de propriedades isoenzimática6 (WHO 1978) -e foi da-da a classificação de Z1, Z2 e Z3. (Fig. I).

Cerca de 2.971 amostras de T. crnzi foram estudadas até hoje no Ins-tituto Evandro Chagas, sendo que a maioria oriunda do Brasil e o restante deoutros países da América do Sul (Venezuela, Bolívia, Chile, Peru, Argentina,etc.), países da América Cen tral (El Salvador e Costa Rica) e América do N or-te (México). As amostras foram isoladas em nosso laboratório através do culti-vo em meio bifásico (meio de Hoff) e tiveram, como origem, material de hos-pedeiros silvestres tais como: Didelphis marsupialis. Monodelphis brevicau-data, Dasypus novemcinctus, Nasua nasua, Proechimys guyannensis. Oryzo-myr sp., Cebus apella. Tamandua totradactyla. Coendou sp., Alouatta belze-bulo Chiropotes satanas. Bradypus tridacty/us; material de vetores silvestres doPará e outras áreas do Brasil: Panstrogylus lignarius. Panstrongylus genicula-tus. Eratyrns mucronatus. Rhodnius pictipes e Rhodnius robustus; materialde vetores domésticos de outras áreas do Brasil e de países da América do Sul:Panstrongylus megistus. Triatoma brasiliensis. Triatoma maculata. Triatomainfestans. Rhodnius prolixus e material humano de casos agudos e crônicos daBacia Amazônica, assim como de outros Estados do Brasil e de outros paísesdas Américas do Sul, Central e do Norte.

Esse estudo esclareceu os ciclos silvestres, peridoméstico e doméstico, ainterrelação dos mesmos e a correlação de um determinado vetor com um de-terminado zimodema, dando, desta forma, uma grande contribuição para oentendimento da bioecologia da doença de Chagas.

Além disso, mostrou a presença de heterogeneidade em algumas amos-tras do Chile 592, as quais, hoje, são objetos de estudos genéticos e molecula-res mais avançados.

Ainda mostrou a distribuição dos diferentes zimodemas, nas diferentes

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regiões do Brasil e outros países. Mostrou a presença dos zimodemas 1 e 3 e aausência do zimodema 2 na região Amazônica.

O 1)ypanosoma range!i também foi alvo de nossos estudos, o que resul-tou no isolamento de cerca de 130 amostras, oriundas de animais e triatomí-neos silvestres dos ~tados do Amazonas, Pará e Rondônia 554.

O isolamento e o estudo isoenzimático das amostras de 1)ypanosomarange!i forem feitos através de processos já descritos (Miles, 1980) e usadospara Trypanosoma crnzi.

A seleção de enzimas para o estudo rotineiro das amostras de Trypano-soma range!i foi feita segundo os mesmos critérios utilizados para aquelas deTrypanosoma crnzi. Neste caso, só foram selecionadas 11 enzimas a saber:aspartato dehydrogenase (E.C.2.6.1.1., ASAT); alanine aminotransferase(E.C.2.6.1.2, ALAT); fosfoglucomutase (E.C. 2.7.5.1, PGM); glucose fosfatoisomerase (E.C.5.3.1.9, GPI); malate dehydrogenase (oxaloacetato descarbo-

xilando) NADP+) (E.C.1.1.1.40, ME); glucose-6-fQsfato dehydrogenase(E.C.1.1.1.49, G6PD); malate dehydrogenase (E.~.1.1..1.37, MDH); aminopeptidase (citosol) (E.C.3.4.11.1., PEP); aCGnitate hydratase (E.C.4.2.1.3,ACON); isocitrato dehydrogenase NADP+) (E.C.1.1.1.42, ICD) -estas tam-bém fazem parte do grupo das enzimas selecionadas para Trypanosoma crn-zi -e fosfogluconato dehydrogenase (descarboxilando) (E.C.1.1.1.44.

6PGDH).Através da comparação visual dos perfis isoenzimáticos apresentados pe-

las amostras isoladas àquelas apresentadas pela amostra padrão de 1)ypanoso-ma range!i, R 1625, de paciente de EI Salvador e dos diferentes zimodemas deTrypanosoma crnzi, conseguiu-se classificá-Ias como Trypanosoma range!i.

~se estudo possibilitou a diferenciàção e separação de infecção mistade 1)ypanosoma range!i e 1)ypanosoma crnzi, bastante comum em animaissilvestres e a identificação deste tipo de infecção no homem, a qual foi regis-trada pela primeira vez na Amazônia, em paciente procedente de Manaus -

Estado do Amazonas (Souza Lima et aI. 1985).

A GRADEc.lMENTOS

Nosso especial agradecimento aos nossos colaboradores diretos no la-boratório e no campo, nas pessoas de José Aprígio Nunes Uma, RairnundoCunha Mendonça, Francisco dos Santos Gomes e Rairnundo Nivaldo de Al-meida. Somos muito gratos à Sra. Maria das Graças Soares da Silva pelo exce-lente serviço datilográfico desse capítulo. O suporte fmanceiro foi da Wellco-me Trust (Londres) e Fundação SESP.

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