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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO ELVIRA DAYRELL VIRGINÓPOLIS/MG EDUCAÇÃO FÍSICA E PEDAGOGIA DISCIPLINAS: TEORIA DO LAZER LAZER E ATIVIDADES DE RECREAÇÃO PROF. MESTRE JAIRO JOSÉ DE SOUZA JÚNIOR

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO ELVIRA DAYRELL VIRGINÓPOLIS/MG

EDUCAÇÃO FÍSICA E PEDAGOGIA

DISCIPLINAS:

TEORIA DO LAZER LAZER E ATIVIDADES DE RECREAÇÃO

PROF. MESTRE JAIRO JOSÉ DE SOUZA JÚNIOR

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO ELVIRA DAYRELL

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E PEDAGOGIA

Virginópolis – MG

Apostila destinada ao Curso de

Educação Física e Pedagogia do

Instituto Superior de Educação

Elvira Dayrell, como fonte de

estudos via adquirir conhecimentos

e realizar possíveis avaliações.

Área de Concentração: Lazer e

Recreação.

Orientador: Ricardo José Rabelo.

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SOUZA JÚNIOR, Jairo José de. Apostila das disciplinas Teoria do Lazer e Lazer e Atividades de Recreação Virginópolis: ISEED-MG Educação Física e Pedagogia Número de páginas: 53

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“Numa vila da Grécia vivia um sábio famoso por saber a resposta para

todas as perguntas que lhe fossem feitas. Não errava uma, acertava todas na

mosca.

Um dia, um jovem pensou: “Acho que sei como enganar esse sábio. Vou

levar um passarinho na mão e perguntar se está vivo ou não. Se ele disser que

está vivo, aperto a mão e mato o bichinho. Se ele disser que está morto, abro a

mão e deixo-o voar. Quero ver esse velho sair dessa!”

Assim, o jovem chegou para o sábio e fez a pergunta: “Sábio, o passarinho

em minha mão está vivo ou morto?” O sábio olhou para o rapaz e disse: “Meu

jovem, a resposta está em suas mãos!”. “

(Lair Ribeiro).

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Agradeço a todas aquelas pessoas que contribuíram

significativamente para que esta apostila pudesse ser

confeccionada em especial à saudosa professora Belinha –

Unileste/MG e aos coordenadores de Curso do ISEED: Renato

Valony (Educação Física) e Marcelo Seabra (Ex-professor) que

tanto opinaram no momento de necessidade.

Caros alunos, acredito fielmente que esta apostila seja de

grande valia em seus estudos cotidianos e que traga uma vasta

contribuição para a carreira que está seguindo.

Ao ensejo elevo meus sinceros votos de apreço,

admiração e respeito a todos os meus alunos e que Deus os

Abençoe.

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SUMÁRIO

1. JOGOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS E ATUAIS ............................................. 3

1.1 Jogo, Brinquedo e Brincadeiras ........................................................................................ 3

1.2 Tipos de Brinquedos e Brincadeiras ................................................................................. 5

1.2.1 Brinquedo educativo (jogo educativo): ..................................................................... 5

1.2.2 Brincadeiras tradicionais infantis .............................................................................. 5

1.2.3 Brincadeiras de faz-de-conta ..................................................................................... 5

1.2.4 Brinquedos de construção .......................................................................................... 6

2. CARACTERÍSTICAS DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO HUMANO ................ 6

3. VALOR EDUCACIONAL DAS ATIVIDADES RECREATIVAS ...................................... 8

4. UM BREVE PASSEIO PELA HISTÓRIA DO LAZER E DA RECREAÇÃO .................... 9

4.1 O lazer em nossos dias.................................................................................................... 12

5. CARTA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA O LAZER .................................... 14

6. CLASSIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES RECREATIVAS ................................................ 21

7. JOGOS RECREATIVOS ..................................................................................................... 23

BRINCADEIRAS RECREATIVAS (Passatempos) ............................................................. 23

GINÁSTICA RECREATIVA ............................................................................................... 23

7.1 Jogos Recreativos ........................................................................................................... 24

7.2 Brincadeiras Recreativas ................................................................................................ 24

7.3 Ginástica Recreativa ....................................................................................................... 24

8. ENUNCIADO DE UMA ATIVIDADE RECREATIVA .................................................... 25

9. PLANEJANDO UMA ATIVIDADE DE LAZER ............................................................... 26

10. OCORRÊNCIA HISTÓRICA DO LAZER ....................................................................... 31

11. O CONTEÚDO DO LAZER .............................................................................................. 32

12. ATIVIDADE E PASSIVIDADE........................................................................................ 33

13. AS BARREIRAS PARA O LAZER .................................................................................. 34

14. EQUIPAMENTOS NÃO-ESPECÍFICOS ......................................................................... 36

15. EQUIPAMENTOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 37

16. UM DUPLO PROCESSO EDUCATIVO .......................................................................... 38

17. O AGENTE DE RECREAÇÃO ......................................................................................... 39

18. ATIVIDADES SISTEMATIZADAS DE LAZER ............................................................ 42

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18.1 Estafetas e circuito: ....................................................................................................... 42

18.2 Dinâmica de grupo: ...................................................................................................... 43

18.3 Gincana ......................................................................................................................... 44

18.4 Recreação Aquática ...................................................................................................... 44

18.5 Recreação Especial ....................................................................................................... 45

18.6 Ruas de Lazer ............................................................................................................... 47

18.7 Colônia de Férias .......................................................................................................... 47

18.8 Acampamento e Acantonamento .................................................................................. 50

18.9 Matroginástica e Macroginástica .................................................................................. 51

19. BIBLIOGRAFIAS .............................................................................................................. 52

19.1 Bibliografia Básica ....................................................................................................... 52

19.2 Bibliografia Complementar .......................................................................................... 52

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1. JOGOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS E ATUAIS

1.1 Jogo, Brinquedo e Brincadeiras

Kishimoto (2001) afirma que definir Jogo não é uma tarefa muito fácil. Pode-se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou amarelinha, xadrez, adivinhas, contar histórias, brincar de “mamãe e filhinha”, futebol, dominó, quebra-cabeça, brincar na areia e uma infinidade de outros.

Pimentel (2003) relata que o jogo é considerado por alguns autores como uma brincadeira com regras, porém para outros, jogo e brincadeira são sinônimos. Há muitas interpretações sobre o jogo e diversos pesquisadores buscam explicar seu funcionamento e origem e propor-lhe uma metodologia.

Para Huizinga (1993) citado por Pimentel (2003), até os animais jogam, pois jogar é algo anterior à própria civilização. Segundo o autor, o jogo é “uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço” tendo-se “consciência de ser diferente da ´vida cotidiana` “. Para autores como o mesmo Huizinga e Piaget o jogo é uma atividade gratuita e marcada pelo prazer. Porém Vygotsky afirma que nem todo jogo é agradável, pois o prazer depende da qualidade das interações sociais que ocorrem durante o jogo e do nível de expectativa de quem brinca. Alguns atribuem prazer à vitória. Daí podem sair insatisfeitos ao serem excluídos ou derrotados.

Pesquisadores do Laboratoire de Recherche su lê Jeu et lê Jouet, da Université Paris-Nord, como Gilles Brougère (1981, 1993) e Jacques Henriot (1983, 1989), começam a desatar o nó deste conglomerado de significados atribuídos ao termo jogo ao apontar três níveis de diferenciações. O jogo pode ser visto como:

1. O resultado de um sistema lingüístico que funciona dentro de um contexto social;

2. Um sistema de regras; 3. Um objeto.

No primeiro caso, o jogo enquanto fato social assume a imagem, o sentido que

cada sociedade lhe atribui. O essencial, portanto, é respeitar o uso cotidiano e social da linguagem, pressupondo interpretações e projeções sociais, sendo que toda denominação pressupõe um quadro sociocultural transmitido pela linguagem e aplicado ao real. É este o aspecto que nos mostra por que, dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações distintas. Se o arco e a flecha hoje aparecem como brinquedos, em certas culturas indígenas representam instrumentos para a arte da caça e da pesca.

Percebe-se que no Brasil, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma indistinta, demonstrando um nível baixo de concentração deste campo.

Enfim, cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus valores e modo de vida, que se expressa por meio da linguagem.

No segundo caso, um sistema de regras permite identificar, em qualquer jogo, uma estrutura seqüencial que especifica sua modalidade. O Xadrez tem regras explícitas diferentes do jogo de damas. São as regras do jogo que os distinguem, por exemplo, jogar buraco ou truco, usa-se o mesmo objeto, o baralho. Tais estruturas seqüenciais de regras permitem diferenciar cada jogo, permitindo que ambas situações o transfiram ludicidade, ou seja, quando alguém joga, está

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executando as regras do jogo e, ao mesmo tempo, desenvolvendo uma atividade lúdica.

O terceiro sentido refere-se ao jogo enquanto objeto. O xadrez materializa-se no tabuleiro e nas peças que podem ser fabricadas com papelão, madeira, plástico, pedra ou metais, dentre estas existe o pião. Existe também o pião, confeccionado de madeira, casca de fruta ou plástico, que representa o objeto empregado na brincadeira de rodar pião.

Portanto os três aspectos citados permitem uma primeira compreensão do jogo, diferenciando significados atribuídos por culturas diferentes, pelas regras e objetos que o caracterizam.

Em síntese, os autores assinalam pontos comuns como elementos que interligam a grande família dos jogos:

1. Liberdade de ação do jogador ou o caráter voluntário, de motivação interna e episódica da ação lúdica; prazer (ou desprazer), futilidade, o “não-sério” ou efeito positivo;

2. Regras (implícitas ou explícitas); 3. Relevância do processo de brincar (caráter improdutivo), incerteza de

resultados; 4. Não-literalidade, reflexão de segundo grau, representação da realidade,

imaginação. 5. Contextualizado no tempo e no espaço. Diferindo do jogo, o Brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma

indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização.

Uma boneca permite à criança várias formas de brincadeiras, desde a manipulação até a realização de brincadeiras como “mamãe e filhinha”. O brinquedo estimula a representação, a expressão de imagens que evocam aspectos da realidade. Ao contrário, jogos, como xadrez e jogos de construção exigem, de modo explícito ou implícito, o desempenho de certas habilidades definidas por uma estrutura preexistente no próprio objeto e suas regras.

Assim o brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. Portanto, o brinquedo não reproduz apenas objetos, mas uma totalidade social.

Hoje em dia os brinquedos reproduzem o mundo técnico e científico e o modo de vida atual, com aparelhos eletrodomésticos, naves espaciais, bonecos e robôs.

Os brinquedos podem incorporar um mundo imaginário preexistente criado pelos desenhos animados, seriados televisivos, mundo da ficção científica com motores e robôs, mundo encantado dos contos de fada, estórias de piratas, índios e bandidos. Ao representar realidades imaginárias, os brinquedos expressam, preferencialmente, personagens sob forma de bonecos, como manequins articulados ou super-heróis, misto de homens, animais, máquinas e monstros.

O brinquedo propõe um mundo imaginário da criança e do adulto, criador do objeto lúdico. No caso da criança, o imaginário varia conforme a idade: para o pré-escolar de 3 anos, está carregado de animismo; 5 e 6 anos, integra predominantemente elementos da realidade.

Bachelard (1998) citado por Kishimoto (2001), nos mostra que há sempre uma criança em todo adulto, que o devaneio sobre a infância é um retorno à infância pela memória e imaginação. Aponta a poesia como estimulante que permite esse

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devaneio, essa abertura para o mundo, que se manifesta no momento da solidão. Há em nós uma infância represada que emerge quando algumas imagens nos tocam.

Aliás, o que é Brincadeira? É a ação que a criança desempenha ao concretizar

as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Desta forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo.

1.2 Tipos de Brinquedos e Brincadeiras

1.2.1 Brinquedo educativo (jogo educativo): Entendido como recurso que ensina, desenvolve e educa de forma prazerosa. O

uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Ao permitir a ação intencional (afetividade), a construção de representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e o desempenho de ação sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social), o jogo contempla várias formas de representação da criança ou suas múltiplas inteligências, contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora. Exemplo: quadrilha – noções de conjunto (pares e ímpares), boliche – construção de números.

Portanto, o brinquedo educativo apresenta algumas considerações: 1. Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando

escolhido voluntariamente; e 2. Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o

indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. 1.2.2 Brincadeiras tradicionais infantis Filiada ao folclore, incorpora a mentalidade popular, expressando-se, sobretudo,

pela oralidade. Considera como parte da cultura popular, essa brincadeira guarda a produção espiritual de um povo em certo período histórico. Por ser um elemento folclórico, a brincadeira tradicional infantil assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade. Não se conhece a origem da amarelinha, do pião, empinar papagaios, etc. Sabe-se, apenas, que provêm de práticas abandonadas por adultos, de fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos. Tais atividades são transmitidas de geração em geração através de conhecimentos empíricos e permanecem na memória infantil.

1.2.3 Brincadeiras de faz-de-conta Conhecida como simbólica, de representação de papéis ou sócio-dramática, é a

que deixa mais evidente a presença da situação imaginária. O faz-de-conta permite não só a entrada no imaginário, mas a expressão de regras implícitas que se materializam nos temas das brincadeiras. É importante registrar que o conteúdo do

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imaginário provém de experiências anteriores adquiridas pelas crianças, em diferentes contextos. Surge com o aparecimento da representação e da linguagem, em torno de 2-3 anos, quando a criança começa a alterar o significado dos objetos, dos eventos, a expressar seus sonhos e fantasias e a assumir papéis presentes no contexto social.

1.2.4 Brinquedos de construção Os jogos de construção são considerados de grande importância por enriquecer

a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades da criança. Tem uma estreita relação com o faz-de-conta.

Construindo, transformando e destruindo, a criança expressa seu imaginário, seus problemas e permite aos terapeutas o diagnóstico de dificuldades de adaptação bem como a educadores o estímulo da imaginação infantil e o desenvolvimento afetivo e intelectual. Dessa forma, quando está construindo, a criança esta expressando suas representações mentais, além de manipular objetos. Diante disso, é necessário considerar tanto a fala quanto à ação da criança, além de considerar as idéias presentes em tais representações.

2. CARACTERÍSTICAS DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Ao estudar a cognição (capacidade de raciocinar) diversos pesquisadores

descobriram que existe uma grande relação entre movimento e pensamento. Se, por um lado, os estímulos devem ser dosados e os resultados não são homogêneos entre as crianças, por outro, é através do brincar e do brinquedo que a criança age sobre a realidade e aperfeiçoa o pensar/agir.

Piaget, pesquisador sobre a inteligência infantil, afirma que existem dois processos básicos de adaptação do ser humano ao meio ambiente: Assimilação (incorporação de novos objetos aos esquemas já construídos) e Acomodação (tentativa de se ajustar a uma nova situação). No jogo infantil, há prevalência de assimilação sobre acomodação porque a criança tende a satisfazer no jogo seus próprios interesses.

Piaget considera que o ser humano passa por diferentes etapas cognitivas até chegar à maturação. Assim propôs quatro fases de desenvolvimento:

1. Fase sensório-motora (0-2 anos): Jogo de exercício (realiza a mesma tarefa repetidas vezes); Estágio motor (estágio de muitos movimentos);

2. Fase pré-operatória (2 a 6-7 anos): Jogo simbólico – entra na representação da linguagem; Estágio egocêntrico (dificuldade em sociabilização);

3. Operacional concreto (6-7 a 11-12 anos):

Jogos com regras – espontâneas e transmitidas (experimenta a “paixão pela regra”);

Estágio cooperativo (busca interagir com outras pessoas, formando grupos).

4. Pós-operatório ou Operatório formal (a partir dos 12 anos):

Jogos com abstrações: domina o jogo simbólico e estabelece suas regras.

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Cada brinca de acordo com a etapa em que se encontra. Assim, por exemplo,

uma criança de 0 a 2 anos realiza brincadeiras denominadas “jogos de exercício”: ela encontra satisfação em manipular objetos, experimentá-los em seu corpo – em especial na boca. Repeti diversas vezes a mesma coisa, exercitando determinada habilidade motora. Exemplo: ficar falando a mesma palavra em seqüência ou ficar batendo com a mão num só lugar.

No período pré-operatório a criança está no auge do egocentrismo, ou seja, mais centrada em si. Por isso, ela costuma ficar falando ou brincando sozinha. Já no Operacional Concreto, ela está mais disposta a brincar em grupo, participando de jogos coletivos e aceitando as regras e fazendo novos jogos. Quanto chega ao estágio Operatório formal (pós-operatório), é capaz de jogar com regras complexas, como nos jogos de interpretação tipo game (RPG). Ao chegar ao último período, o pensamento lógico está semelhante ao do adulto (faltando apenas maturidade psicológica e experiências).

Uma pessoa incorpora fases, com prevalência de uma sobre as outras. Percebe-se que um adulto tem dificuldades de um período que ele não maturou de forma adequada. Por isso, é importante ajudar a pessoa na experimentação de muitos jogos objetivando um desenvolvimento satisfatório. Porém é compreensivo que essas fases são importantes e que o papel do professor é justamente auxiliar o aluno na passagem de uma fase a outra.

Assim Vygotsky aponta a teoria do “desenvolvimento proximal” onde trata o estágio intermediário entre não saber e saber. Nessa fase, a pessoa consegue realizar a tarefa com o auxilio de uma pessoa mais experiente que pode ser os pais, professor ou colega.

Este adota uma abordagem histórico-cultural; sendo que existem duas formas da criança aprender: uma pela própria interação com o meio social e outra quando uma pessoa mais experiente auxilia em um último detalhe em seu aprendizado de determinado aspecto. Ao fazer isso, o professor promove o aprendizado dentro da “zona do desenvolvimento proximal” na qual a criança vivencia funções ainda não amadurecidas, mas que são evoluídas por auxílio de um estímulo cultural.

“A zona de desenvolvimento proximal” é um espaço criado pela criança entre o aprendizado real e o potencial, no qual ela lida com funções em amadurecimento. No momento ela ainda precisa de alguma referência ou auxílio para desempenhar essas funções. Cada fase do aprendizado conclui-se quando as tarefas forem realizadas com autonomia.

As teorias cognicistas contribuíram para o desenvolvimento de ações profissionais relacionadas ao jogo e ao brinquedo. Aqui estão cinco aplicações:

1. Classificação dos brinquedos conforme faixa etária: como cada brinquedo exige certo nível de cognição e motricidade, as embalagens dos brinquedos industrializados indicam para qual faixa etária foram projetados;

2. Implantação de equipes especializadas (babás, recreadores, pediatras) e espaços apropriados nos hotéis, parques e exposições para atendimento às necessidades da criança e do adolescente;

3. Respeito ao modo de pensar da criança: antes se pensava que a criança era um adulto em miniatura. A compreensão de que a forma como a criança raciocina é diferente do adulto ajudou a mudar a maneira de educar e tratar as crianças nos hospitais, meios de hospedagem, programas de TV, entre outros;

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4. Ensino através de brincadeiras: a criança aprende melhor através de vivências nas quais ela possa criar e manipular a realidade em sua volta. Em geral, as pré-escolas aplicam as abordagens piagetianas, proporcionando muitos ambientes e situações lúdicas apropriadas ao desenvolvimento infantil;

5. Programas de Educação Física compatíveis com a fase do desenvolvimento. Freire (1999), adepto das idéias de Piaget, afirma que a inteligência passa por não separar corpo e mente e nem dar modelos prontos e acabados ao aluno.

Abaixo algumas dicas

2° a 3° ano (6, 7 anos): a compreensão da criança é insegura. Ela confunde-se com facilidade. Por isso elas costumam não entender jogos cheios de regras. Nesta fase, a criança precisa compreender suas próprias ações e ser estimulada a somar seus esforços ao do grupo (jogos de grupo em cooperação).

4° a 5° anos (9, 10 anos): ela já não acredita tanto no “faz-de-conta”. Ainda tem dificuldades com atividades abstratas, mas já conhece aspectos mais concretos, como posição de cada professor. Ela sente mais prazer nos jogos porque confia mais no potencial de seu corpo.

6° a 7° ano (11, 12 anos): é um período de grandes transformações porque quase sempre coincide com a puberdade. Já se percebe quem possui mais sensibilidade e senso crítico que os outros. Como o corpo muda, muitos sentem dificuldades em realizar tarefas motoras (ficam desengonçados).

8° a 9° ano (13, 14 anos): está numa fase propícia ao pensamento crítico e racional. Gosta de desafiar os adultos. Possui certa preguiça para fazer exercícios, mas precisa deles para poder manter-se hábil. As aulas devem proporcionar um bom equilíbrio entre a razão e emoção.

No entanto é necessário salientar que não existe, neste caso, receita pronta,

porém um amontoado de informações que podem orientar os profissionais para que possam desempenhar suas funções. Assim considera-se a Educação um conjunto de procedimentos que deve ensinar pessoas a se descobrirem, a fazer as coisas de seu jeito único, ou seja, que produz autonomia.

Contudo observa-se que a realidade social também modela o caráter infantil. Portanto, determinadas manifestações esperadas como naturais para uma faixa etária, podem estar acontecendo de maneira diferenciada conforme o contexto onde a criança vive. A carência nutricional ou determinismos de classe podem ser fatores de mudanças no desenvolvimento infantil.

3. VALOR EDUCACIONAL DAS ATIVIDADES RECREATIVAS

As atividades recreativas se constituem em um meio eficaz de alcançar muitas das finalidades da Educação em geral, e da Educação Física em particular. Eis as suas principais contribuições, dentre várias:

1- Contribuição Física Através do trabalho de grandes massas musculares, da avaliação das

funções orgânicas e do desenvolvimento da elasticidade ou amplitude articular, entre outros.

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2- Contribuição Psicológica Quando uma criança joga, raciocina rapidamente e procura fazê-lo de maneira

correta, diante das diversas situações que se apresentam isto equivale a uma “ginástica mental”, que ativa sua inteligência. A repetição dessas oportunidades, que o jogo proporciona, possibilita um melhor desenvolvimento psicológico.

3- Contribuição Moral Levada pelo entusiasmo, durante o jogo, a criança manifesta suas inclinações

naturais. Isto permite estudar sua conduta descobrindo-se qualidades e defeitos, devendo estimular as qualidades e combater os defeitos.

4- Contribuição Social Os jogos despertam ou fomentam, nas crianças, o espírito de cooperação,

solidariedade, proporcionando oportunidades de vivenciar varias situações ao lado dos companheiros.

4. UM BREVE PASSEIO PELA HISTÓRIA DO LAZER E DA RECREAÇÃO

Existem diferentes formas de experimentarmos o lazer em nossas vidas; seja

por meio de ler um livro, de ouvir uma música, de visitar lugares desconhecidos, de compartilhar da companhia agradável de amigos, em longas conversas, sem nenhum objetivo que não fosse a alegria de estar juntos.

Quando falamos de lazer, estamos nos referindo a atividades que acontecem no período de tempo livre que temos para nós, depois de atendidas as necessidades da vida e as obrigações do trabalho. Contém também a idéia de repouso ou ocupação voluntária, de disponibilidade para o prazer e de atividade produtora de satisfação. Assim, nos momentos de lazer você pode se divertir, estudar descansar ou, até mesmo, “trabalhar”. O termo lazer vem do latim licere, que significa “ser permitido”. Ou seja, significa poder executar livremente tarefas não obrigatórias. A idéia de lazer remete a noção de ócio.

A palavra ócio se refere a idéia de tempo de repouso. É semelhante à idéia de pausa, de suspensão das atividades ligadas às tarefas da vida. Esse termo vem de fonte latina, otium, que significa o fruto das horas vagas, do descanso, do sossego, ocupação suave e prazerosa.

Todos sonhamos com horas de ócio, com viagens e situações de lazer. Esses momentos também podem ser ocupados de forma agradável com atividades voluntariamente escolhidas e geralmente praticadas nas horas de folga, pelo próprio prazer que delas deriva. É a recreação, que se distingue do trabalho porque nela você usa à vontade seu tempo livre. Recrear vem da raiz latina recreare, que quer dizer restaurar, renovar, reanimar. Se o trabalho ocupa a maior parte do dia e obedece a horário certo, na recreação temos liberdade de escolher ocupações voltadas para nossos interesses, no entanto, há momentos em que o trabalho se mescla com o divertimento, transformando-se em curtição.

A recreação envolve atividade lúdica. A atividade lúdica se refere a jogos, brincadeiras e divertimento, cujas atividades são desenvolvidas nas horas de lazer. Para os adultos, preenchem a necessidade de relaxamento, após um dia estafante ou rotineiro; já para as crianças e pré-adolescentes, os jogos e brincadeiras praticamente se identificam com a vida. Na atividade lúdica imitam o que observam,

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aprendem sobre si mesmos e seu ambiente e expressam a intensidade de suas emoções.

O adjetivo lúdico nasceu de ludo, origem latim ludus, sendo relativo a jogos, brinquedos, divertimento. Ludus tem como sinônimo jocus, que se refere aos jogos públicos.

Nos vestígios arqueólogos da idade da pedra, pode-se observar que o homem primitivo, não criou objetos com uso apenas utilitário. Ele buscou prazer na criação do belo, o que evidencia na feitura de ornamentos de pedra ou osso, colares de recorte caprichoso, machadinhas, delicados potes de cerâmica e jóias feitas de presas de marfim ou conchas. Outros sinais desse cuidado com a beleza se encontram nas estatuetas de argila, representando seres humanos e animais, e nas pinturas multicores em paredes de cavernas.

Outro tipo de produção também ocupou começos da história que foi o brinquedo. De túmulos e ruínas de civilizações remotas provêm numerosos brinquedos, como bolas de couro recheadas de crina e de palha, bonecos feitos de madeira, barro cozido, pedra ou metal, tabuleiros como os de xadrez, bolinhas de gude, piões, arcos e gangorras, testemunhando a atenção dada à atividade recreativa. Aqui admite-se a origem religiosa dos jogos. Muitos jogos e folguedos guardam marcas de um passado no qual lhes foi atribuído caráter sagrado. Por exemplo: as cirandas em torno de um mastro enfeitado remetem à lembrança da adoração da árvore. O hábito de pular fogueira já teve o sentido de um ato purificador.

Considerando a Antiguidade e a Idade média, os egípcios apreciavam a música e a escultura, divertindo-se com caçadas, enquanto os cretenses preferiam danças, jogos e corridas de touros. Os chineses prezavam também os jogos, as lutas corporais, a equitação e a pintura. Já os gregos valorizavam o atletismo, a música, a poesia e o teatro. Os romanos preferiam festins e diversões em hipódromos e arenas. Muitas vezes, essas atividades lúdicas eram usadas como recursos de apaziguamento da inquietação social.

Mais tarde, com a Instituição do Cristianismo, essas atividades prazerosas foram sendo substituídas pelos eventos do calendário religioso. Na Idade Média, diminuem as festividades de caráter mais popular. Apenas os senhores feudais se divertiam me “justas” e “torneios”, onde exercitavam as artes da cavalaria e estimulavam a exibição de jograis e menestréis que cantavam trovas e narravam romances.

Na Renascença foi o período da inovação literária, artística e científica que se produziu na Europa dos séculos XV e XVI, particularmente sob a influência da cultura antiga, redescoberta e prestigiada. Voltam a destacar letras e artes, pintura, arquitetura e escultura, renovando-se o teatro. Na reforma protestante, se reacende o espírito religioso, incentivando-se a restrição aos prazeres da diversão.

Da Grécia antiga aos atuais Jogos Olímpicos Na Grécia antiga foram marcantes as manifestações esportivas, atividades que

sempre ofereceram diversão. Tradicionalmente, elas cumpriram também uma função pedagógica, ensinando a ganhar ou a perder, a lutar.

A história dos esportes se mescla com a instituição dos célebres Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, que se alinham entre os mais antigos e completos de que se tem registro. Os Jogos Olímpicos tinham muita importância entre os gregos, e não apenas sob o aspecto esportivo, mas também o religioso, o cívico e mesmo o político. Durante sua realização, suspendiam-se todas as outras atividades, até mesmo as guerras.

No século II a. C. Roma dominou a Grécia e a Macedônia, assim as competições entraram em decadência. Aos torneios atléticos, os romanos preferiam o circo, onde

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gladiadores lutavam pela vida, em bárbaros espetáculos. Para os romanos, os Jogos Olímpicos não passavam de torneios esportivos de pouco interesse. Foram extintos em 393 d. C., pelo imperador de Roma, Teodósio I, junto com as demais festas e cerimônias pagãs.

Dezesseis séculos depois da extinção no vasto império romano, os Jogos Olímpicos foram restaurados por Pierre de Fredi, Barão de Coubertin (1863-1937). Em 1894, esse francês lançou a idéia de reviver a antiga tradição grega. Sua esperança era unir os povos através do esporte. Na presença de representantes de 15 países, fundou o Comitê Olímpico Internacional – COI, organismo que até hoje controla todo o mundo olímpico.

Em abril de 1896, realizou-se em Atenas a primeira disputa dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Participaram 13 países, representados por um total de 311 atletas, competindo em nove modalidades esportivas: atletismo, natação, ginástica, halterofilismo, luta, esgrima, tênis, ciclismo e tiro ao alvo.

Depois de Atenas, em homenagem a seu idealizador, foi a vez de a França sediar os primeiros jogos do século XX. Desde então, as Olimpíadas acontecem a cada quatro anos, tendo sido interrompidas, apenas, pelas duas guerras mundiais.

Hoje em dia são mais de 20 modalidades esportivas, as quais foram sendo popularizadas e hoje fazem parte da recreação urbana. Exerceram importante papel nas sensíveis transformações ocorridas no espírito do lazer moderno, favorecendo a inclusão do esporte e dos jogos coletivos entre as melhores opções para muitas pessoas.

No Brasil Em meios a Colonização, pouco se fez para cuidar das atividades que

proporcionavam divertimento, prazer. No século XVII, em Pernambuco, depois Minas Gerais, famílias se reuniam em “tertúlias” (reunião de parentes e amigos) de caráter lítero-musical, saraus (festa ou concerto noturno); promoviam jogos de salão e dança.

Na capital havia festas oficiais para o povo, obedecendo o calendário. Haviam procissões, festejos, cavalhadas, touradas, óperas e desfiles alegóricos.

Misturando-se ao aspecto religioso, as festas mostravam sempre um lado profano, com música, danças e fogos de artifício em pátios; havendo leilões de prendas, barraquinhas, comes-e-bebes, teatros e fantoches.

A vida urbana brasileira, com teatros, bailes nos paços (palácios reais) e ampla atividade social, só começou de fato com a vinda da família real. A chegada da Corte portuguesa ao Brasil (a partir 1808) trouxe novo modo de entretenimento, sendo danças francesas e inglesas, nascendo gosto pelo teatro lírico.

Dentre os festejos de rua destaque a Festa do Divino, dedicada ao Espírito Santo; um folguedo carnavalesco antigo, que consistia em lançar, uns nos outros, água, farinha e tinta. Essa situação só mudou ao findar o século, com o crescimento das cidades e a chegada dos inúmeros imigrantes substituindo a mão-de-obra escrava.Trouxeram seus padrões de vida urbana e fundaram clubes de prática esportiva, ginástica e concertos musicais.

Com a chegada da República, as capitais se ampliaram e modernizaram, as comunicações e os transportes melhoraram e o início da industrialização instalou no país novos modos de recreação.

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4.1 O lazer em nossos dias

Na Idade Moderna, o gosto pelo divertimento é resgatado. As grandes invenções, descobertas e o progresso das ciências contribuem para que a recreação deixe de ser privilégio da aristocracia. Ela se estende, então, a outras camadas sociais. A industrialização revolucionou os costumes e criou novas formas de trabalho e de vida nas cidades que surgiram junto às fábricas.

Para satisfazer a necessidade de espaço livre, que o crescimento urbano foi sacrificando, criaram-se os primeiros jardins e parques públicos, nos moldes dos jardins então privados da Corte. Esses novos espaços representam uma tentativa de oferecer, à burguesia em ascensão, os passatempos antes reservados à nobreza.

No decorrer do século XIX, organizaram-se clubes e agremiações para as práticas de entretenimento, gerando mudanças de atitudes e valores. Com o avanço da urbanização, no século XX, e o agigantamento das cidades, a recreação vai-se tornando uma exigência social, aguçada pelas dificuldades de convívio nos aglomerados urbanos, pela fadiga nervosa do trabalho automatizado e pela ampliação das ofertas de lazer.

As páginas de revistas e jornais, programas de TV se enchem de notícias e imagens que nos convidam a desfrutar as delícias de lugares fantásticos – parques temáticos, geleiras da Antártica, sítios arqueológicos recém-descobertos e outros tantos recantos aprazíveis (lugar belo), verdadeiros paraísos terrestres. Toda a promoção ao consumo desses bens nos permite perceber o prestígio do lazer em nossos dias.

Hoje em dia o homem dispõe de mais horas de lazer, conquistadas pela legislação que lhe reduziu a jornada de trabalho e regulamentou a aposentadoria, as férias anuais, o repouso semanal e a idade mínima para trabalhar. Soma-se a isso o tempo que o progresso da medicina e da higiene lhe assegurou, estendendo a duração de sua vida e a ela acrescentando vigor. Em contrapartida observa-se a falta de espaço na metrópole, onde o ruído e a poluição o maltratam, aumentando-lhe as tensões e o cansaço nervoso, gerados por um trabalho cada vez mais automatizado e subdividido, despojado das oportunidades de criação. Contudo percebe-se a necessidade de programas públicos para o desempenho do lazer, observando que as quatro funções de vida urbana são a recreação, trabalhar, habitar e circular.

Com base nestes princípios, desenvolveu-se uma cultura urbanística preocupada em oferecer locais e acomodações para o lazer. Houve igualmente o cuidado de preparar profissionais especializados em planejar e orientar a execução de programas de “recreação pública”, destinados a grupos de todas as idades e condições sociais.

A moderna tecnologia desempenhou papel importante: o automóvel, os novos meios de comunicação e as transmissões via satélite permitiram pôr ao alcance das regiões mais remotas toda uma gama de informações diversificadas. A instalação de receptores portáteis de rádio e TV constitui fator de mudanças; destacando a expansão e modernização da indústria gráfica, os novos processos de gravação de som, os cassetes, os discos a laser, os materiais fabricados em plásticos especiais e em fibra de vidro, que revolucionaram o equipamento esportivo.

Devido a grande importância dada a este “mundo do lazer”, surgiram e proliferaram organizações destinadas a explorar as atividades recreativas com fins lucrativos. Multiplicam-se os parques de diversões, os centros de apostas e jogos de azar, as companhias de teatro e balé, enquanto se agigantavam as empresas de

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rádio, cinema e televisão. Porém, vários entretenimentos, contribuem para gerar, nas pessoas, uma atitude mais passiva, de espectadores.

Ao buscar novas experiências no lazer, o homem também lucra tanto fisicamente quanto mentalmente e intelectualmente isso devido a experiências inovadoras, diferentes da profissional. Além disso, ao gastar nosso tempo livre em atividades produtoras de satisfação, investimos na reconstrução dinâmica do equilíbrio interno.

O lazer também amplia sua condição de fator importante de bem-estar social para se tornar recurso econômico de peso, capaz, até, de sustentar toda uma comunidade; empregando milhares de pessoas, inclusive àquelas que conduzem e estimulam a recreação salutar no lazer: guias de turismo, animadores, recreadores.

As ocupações consideradas como recreativas são: jogos ativos e esportes (individuais, de dupla, de equipe), jogos de salão (tanto de habilidade quanto de raciocínio), música (vocal e instrumental), dança (popular e social), dramatizações (que vão do teatro de sombras ou pantomima à representação de peças clássicas), artes plásticas (com destaque para pintura e escultura), artes literárias, atividades ao ar livre (jardinagem, excursões e campismo), atividades mais sociais (reuniões, festas), passatempo e coleções, além das chamadas “atividades especiais” como esportes náuticos (navegação, remo, vela, pesca, mergulho, etc), esportes aéreos (como planadores, ultraleves, asas delta e pára-quedismo) e outros denominados de risco.

É importante ressaltar, entretanto, que cada sociedade têm seus entretenimentos prediletos e típicos. No Brasil, o futebol; nos Estados Unidos, o beisebol e o futebol americano.

De acordo com especialistas em saúde, o lazer é uma fórmula pela qual o homem se entrega espontaneamente e descarrega parte de suas tensões acumuladas durante horas ou dias de trabalho, aliviando portanto os reflexos, permitindo mais fácil repouso e reformulação das dinâmicas de encarar os problemas da sociedade.

Voltando-se para o lazer doméstico tem-se a televisão que comanda o espetáculo, vídeo, agora o DVD e algumas informações do cotidiano permitem amenizar preocupações e solidão.

Já a juventude os jogos de vídeo tornaram-se mania irrefreável. Trás consigo estimulação da coordenação motora, porém este é um fator favorável dentre de poucos. Quanto às condições de lazer extra-doméstico, observa-se que estes são voltados para o consumismo, o que favorece a proliferação de estabelecimento exclusivamente com fins lucrativos – hotéis, campings, clubes de férias, casas de campo.

Acredita-se que tais forças aliadas às atividades físicas e artísticas possam ser de notável e positiva importância a qualquer povo, de qualquer país.

Para que haja lazer, é necessária disponibilidade de tempo, além das horas dedicadas à produção, ao sono e à alimentação. Esse tempo de lazer pode ser diário (cotidiano), semanal (fim de semana), ou de longa duração (férias, licenças, aposentadoria). Mas a forma preferida de lazer depende, naturalmente, da maneira como ocorre o desgaste físico e mental, psicológico, segundo as rotinas de cada pessoa. Exemplo: Moro no interior e nas férias quero ir para a Capital. Moro na Capital e quero ir para o interior.

De qualquer forma parece que a função restauradora do lazer parece ser mais psicológica do que física, pois não se trata apenas de repouso. Um período de simples descanso físico não chega a melhorar automaticamente o desempenho das pessoas nas atividades produtivas. As estatísticas revelam haver predominância de acidentes de trabalho exatamente às segundas-feiras ou no retorno das férias.

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Em todo o mundo, o agigantamento das cidades demonstra a necessidade de rigor e adequação nos projetos de desenvolvimento dos centros populacionais, a fim de que habitantes possam ter mais qualidade de vida. Ao mesmo tempo em que cresce o processo de urbanização, esses núcleos habitacionais devem ser criados com planejamento correto, permitindo a seus habitantes direitos básicos, como o de trabalhar não muito distante de sua residência e poder gastar suas horas de lazer com efetiva satisfação.

Essa necessidade de melhorar as condições e vida envolve um aproveitamento racional do espaço, de maneira a aprimorar a situação de moradia, como também adequar a circulação viária, controlando a poluição ou o barulho excessivo (fatores componentes dos grandes centros urbanos), propiciando o tão necessário e revigorante contato com a natureza.

Na maioria das cidades – e nas metrópoles, principalmente – enfrenta-se o problema do crescimento urbano muito rápido e desordenado. Disso decorrem condições precárias de moradia – com casebres e barracos, sem saneamento básico, sem áreas de lazer ou vegetação, distritos industriais com poluição, problemas com trânsito, enfim, todas as mazelas de uma cidade sem planejamento.

Daí a necessidade de um planejamento preventivo e de soluções eficazes e sistemáticas para as situações que surgem, de modo a garantir aos habitantes uma melhor qualidade de vida e de descanso, de conforto e lazer.

5. CARTA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA O LAZER

Associação Mundial de Recreação e Lazer (World Leisure and Recreation Association) - WLRA

I - Preâmbulo

1. Finalidade

A finalidade desta Carta é informar aos governos, às organizações não-governamentais e às instituições de ensino a respeito do significado e dos benefícios do lazer e da educação para e pelo lazer. É também orientar os agentes de educação, incluindo as escolas, a comunidade e as instituições envolvidas na capacitação de recursos humanos sobre os princípios nos quais poderão se desenvolver políticas e estratégias de educação para o lazer.

2. Lazer

Considerando que:

2.1 Lazer se refere a uma área específica da experiência humana com seus próprios benefícios, incluindo liberdade de escolha, criatividade, satisfação, diversão e aumento de prazer e felicidade. Abrange formas amplas de expressão e de atividades cujos elementos são tanto de natureza física quanto intelectual, social, artística ou espiritual.

2.2 Lazer é um meio privilegiado para o desenvolvimento pessoal, social e econômico; é um aspecto importante de qualidade de vida. Lazer é também um produto cultural e industrial que gera empregos, bens e serviços. Fatores políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais podem ampliar ou dificultar o lazer.

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2.3 O lazer promove a saúde e o bem-estar geral oferecendo uma variedade de oportunidades que possibilitam aos indivíduos e grupos escolherem atividades e experiências que se adeqüem às suas próprias necessidades, interesses e preferências. As pessoas atingem seu pleno potencial de lazer quando estão envolvidas nas decisões que determinam as condições de seu lazer.

2.4 Lazer é um direito humano básico, como educação, trabalho e saúde, e ninguém deverá ser privado deste direito por discriminação de sexo, orientação sexual, idade, raça, religião, credo, saúde, deficiência física ou situação econômica.

2.5 O desenvolvimento do lazer é facilitado pela provisão de condições básicas de vida, tais como segurança, moradia, alimentação, renda, educação, salários, eqüidade e justiça social.

2.6 As sociedades são complexas e inter-relacionadas e o lazer não pode ser separado de outras metas da vida. Para atingir um estado de bem-estar físico, mental e social, um indivíduo ou grupo deve ser capaz de identificar e realizar aspirações, satisfazer necessidades e interagir positivamente com o ambiente. O lazer é, portanto, visto como um recurso para melhorar a qualidade de vida.

2.7 Muitas sociedades em todo o mundo são caracterizadas pela insatisfação crescente, estresse, tédio, falta de atividade física, falta de criatividade e alienação na vida cotidiana das pessoas. Todas essas características podem ser aliviadas pela participação em atividades de lazer.

2.8 As sociedades em todo o mundo estão passando por profundas transformações sociais e econômicas, que produzem mudanças significativas no padrão e na quantidade de tempo livre disponível para o indivíduo durante o transcorrer da vida. Essas tendências terão implicações diretas para uma gama de atividades de lazer que, por sua vez, influenciarão a demanda pelo suprimento de bens e serviços de lazer.

3. Educação

Considerando que:

3.1 A finalidade básica da educação é desenvolver os valores e atitudes das pessoas e provê-las com o conhecimento e aptidões que lhes permitirão sentir-se mais seguras e obter mais prazer e satisfação na vida. Essa perspectiva subentende que a educação, além de ser importante para o trabalho e para a economia, é igualmente importante para o desenvolvimento do indivíduo como um membro plenamente participativo da sociedade e para a melhoria da qualidade de vida.

4. Educação para o Lazer

Considerando que:

4.1 Os pré-requisitos e as condições para o lazer não podem ser garantidos somente pelo indivíduo. O desenvolvimento do lazer exige ação coordenada por parte de governos, organizações não-governamentais e voluntárias, indústrias, instituições de ensino e da "mídia". A educação para o lazer desempenha papel importante na diminuição de diferenças das condições de lazer e na garantia de igualdade de oportunidades e

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recursos. Possibilita, ainda, que as pessoas atinjam seu maior potencial de lazer.

4.2 A educação para o lazer deve ser adaptada às necessidades locais e às demandas de determinados países e regiões, levando-se em consideração os diferentes sistemas sociais, culturais e econômicos.

4.3 A educação para o lazer é um processo de aprendizado contínuo que incorpora o desenvolvimento de atitudes, valores, conhecimentos, aptidões e recursos de lazer.

4.4 Os sistemas de ensino formal e informal ocupam uma posição central para implementação da educação para o lazer, incentivando e facilitando o envolvimento do indivíduo neste processo.

4.5 A educação para o lazer há muito tem sido reconhecida como parte da área da educação, mas não tem sido amplamente implementada. Tem sido entendida como parte importante do processo de socialização no qual uma variedade de agentes desempenha um papel importante. Nesta Carta, a ênfase será concentrada na escola, na comunidade e na capacitação de recursos humanos.

4.6 O século XXI exige estruturas interdisciplinares inovadoras para oferecimento de serviços de lazer. Os atuais profissionais da área necessitam desenvolver currículos e modelos de capacitação de recursos humanos congruentes com as crescentes necessidades do futuro, preparando os profissionais de amanhã para o desenvolvimento de novas abordagens na oferta de serviços de lazer.

Por conseguinte:

À luz do papel crítico emergente do lazer e seus benefícios em todas as sociedades, e da importância de todos os agentes envolvidos neste processo, recomendamos a expansão do desenvolvimento de programas de educação para o lazer.

A Associação Mundial de Recreação e Lazer (WLRA) advoga a educação para o Lazer em todos os cenários e foros apropriados e convoca todos os países a apoiarem devidamente a implementação de estratégias e programas de educação para o lazer. Se a WLRA e outros órgãos como a UNESCO, os governos nacionais, as organizações não-governamentais e voluntárias unirem esforços para introduzir estratégias de educação para o lazer, em concordância com os princípios que formam a base desta Carta, então, os benefícios do lazer ficarão acessíveis a todos.O "Seminário Internacional da WLRA sobre Educação para o Lazer", realizado em Jerusalém, Israel, de 2 a 4 de agosto de 1993, apresenta esta Carta para levar o lazer a todos através da educação para o lazer até e além do ano 2000.

II - Educação para o lazer nas escolas

1. Meta

A meta geral da educação para o lazer é ajudar estudantes em seus diversos níveis a alcançarem uma qualidade de vida desejável através do lazer. Isto pode ser obtido pelo desenvolvimento e promoção de valores, atitudes, conhecimento e aptidões de lazer através do desenvolvimento pessoal, social, físico, emocional e intelectual. Isto, por sua

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vez, terá um impacto na família, na comunidade e na sociedade como um todo.

2. Princípios e Estratégias

Para atingir essa meta, sugere-se:

2.1 Educação para o Lazer é parte integrante de ampla variedade de estudos, atividades e experiências em cada estágio do ensino formal e informal.

2.2 Estruturas Formais:

Dentro das estruturas formais de educação, o programa propõe:

I. detectar o potencial para o conteúdo de lazer que existe em cada matéria, currículo e atividades extracurriculares.

II. incluir matérias apropriadas e relevantes para o estudo de lazer, tanto direta como indiretamente. Cada matéria deve ser enriquecida com conteúdo de lazer.

III. incorporar o lazer em todas as atividades educacionais e culturais, dentro e fora da escola.

2.3 Estruturas Informais:

Dentro das estruturas informais de ensino, o programa propõe:

I. promover flexibilidade curricular que amplie o envolvimento extra-escolar e da comunidade.

II. implementar o entendimento mútuo e o compartilhar de experiências culturais de lazer dentro do processo de aprendizagem.

III. permitir a liberdade de escolha na seleção e participação em atividades educacionais.

IV. incorporar princípios de tentativa e erro, que promovam o prazer sem medo de falhar.

2.4 Abordagem de Ensino e Aprendizagem:

As abordagens de ensino e aprendizagem da educação para o lazer nas escolas devem incluir a facilitação, animação, criatividade, experimentação pessoal, auto-aprendizado, aulas teóricas e orientação. Recomenda-se que a aprendizagem ocorra individualmente e em grupo, dentro e fora da sala de aula e mesmo da escola. Isto permitirá uma variedade de formatos expressivos e instrumentais. A abordagem de ensino deve ser a de estimular mais do que a de instruir.

2.5 Pessoal

A implementação da educação para o lazer nas escolas deve envolver uma variedade de profissionais, incluindo coordenadores de lazer na escola e na classe, professores,

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orientadores e especialistas externos.

III - Educação para o lazer na comunidade

1. Metas

A implementação da educação para o lazer na comunidade inclui o processo de desenvolvimento comunitário.Comunidade é definida como lugar geográfico e agregado de interesses, que tem afinidade e interconexão mútuas. O desenvolvimento comunitário refere-se a um processo que utiliza o ensino formal, informal e o não-formal, bem como a liderança para aumentar a qualidade de vida dos indivíduos e dos grupos que vivem na comunidade. De acordo com as metas globais de ensino de lazer na sociedade, o que se segue são as metas do ensino de lazer na comunidade:

1.1 Capacitação: desenvolver a capacidade do indivíduo e do grupo para melhorar a qualidade de vida através do lazer e ampliar a organização auto-gerida.

1.2 Acessibilidade: trabalhar com grupos comunitários existentes para minimizar as barreiras e otimizar o acesso a serviços de lazer.

1.3 Aprendizado para a Vida Toda: promover o aprendizado durante todo o ciclo da vida humana como uma meta viável.

1.4 Participação Social: criar a oportunidade para desenvolver inter-relações sociais necessárias a todos os seres humanos

1.5 Redução de Obstáculos: prover estratégias criativas para reduzir obstáculos à (minimizar impedimentos) satisfação de necessidades pessoais, familiares e comunitárias.

1.6 Abrangência: promover o desenvolvimento comunitário, respeitando a existência de grupos multiculturais, sócio-culturais, raciais, sexuais, etários, de habilidades e outros grupos que constituem a sociedade.

1.7 Responsabilidade Cívica e Moral: desenvolver um senso de comunidade, cidadania nacional e internacional, através de comportamento de lazer responsável e confiável.

1.8 Preservação: intensificar uma conscientização de preservação e conservação naturais e culturais.

2. Princípios e estratégias

Para alcançar essas metas, sugere-se os seguintes princípios e estratégias:

2.1 Integração: os serviços comunitários de lazer necessitam promover a integração com outras oportunidades de educação para o lazer.

2.2 Suporte: estimular as organizações comunitárias para incluírem ofertas de educação

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para o lazer.

2.3 Elos: criar potencial para unir escolas, serviços de recreação e outras organizações comunitárias em todos os níveis.

2.4 Continuidade e Mudança: fomentar tanto a continuidade dos atuais padrões de lazer quanto à aquisição de novos padrões de comportamento de lazer.

2.5 Intervenção Social: desenvolver serviços inovadores de lazer para satisfazer as necessidades específicas das pessoas que vivem em comunidades rurais ou urbanas.

2.6 Envolvimento Efetivo: envolver os residentes da comunidade no planejamento coletivo e nos processos de programação de multiserviços e na aceitação de responsabilidade por resultados efetivos.

3. Estruturas Comunitárias de Educação para o Lazer

São sugeridas as estratégias a seguir:

3.1 Serviços de Educação para o Lazer: centros comunitários, centros de educação de adultos, clubes para jovens, centros de interpretação, ambiental e cultural.

I. Desenvolvimento de Bases de Suporte: consumidores, profissionais e voluntários que podem promover educação para o lazer.

II. Estratégias de Marketing / Comunicação: avaliar necessidade, determinar demanda e promover programas.

III. Facilitação: descobrir, incentivar, possibilitar, apoiar e sustentar iniciativas populares.

IV. Redefinição e Reordenamento: dar ênfase às prioridades de qualidade de vida da comunidade nas agências prestadoras de serviço.

V. Eliminando barreiras, impedimentos e iniqüidades: através de programas de intervenção direta, indireta, de fomento e de suporte.

3.2 Serviços de Lazer e de Turismo (por exemplo, parques, playgronds, centros esportivos, bibliotecas, teatros, galerias de vídeo). [Nota: as estratégias (itens II a V) em 3.1 acima são aplicáveis a serviços de lazer e turismo.]

3.3 Mídia: televisão, rádio, jornais, entre outros.

VI. Informar os cidadãos sobre as oportunidades da educação para o lazer oferecidas pelas agências supracitadas e também prestar serviços de educação para o lazer através da mídia de massa.

3.4 Outros serviços: hotéis, bares, lanchonetes.

VII. Incluir ofertas de educação para o lazer em um pacote de serviços de recreação.

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4. Abordagens de ensino e aprendizagem na educação para o lazer, mencionadas anteriormente em 2.4 (facilitação, animação, aprendizado experimental e criativo, experimentação individual, auto-aprendizado, aulas teóricas e aconselhamento), são também aplicáveis à educação para o lazer comunitário. Entretanto, as estruturas de educação para o lazer comunitário, mencionadas no item 3 acima, sugerem estratégias adicionais, através de técnicas de suporte, estratégias de marketing e de comunicação e programas de extensão.

5. Recursos Humanos

A liderança no campo da educação para o lazer comunitário abarca um continnum, abrangendo desde profissionais empregados em tempo integral até voluntários, líderes locais e líderes comunitários. Há uma necessidade de influenciar na capacitação dos profissionais e gerentes que não estão envolvidos especificamente em organizações de lazer, para que reconheçam a importância e o potencial da educação para o lazer.

IV - Preparação e capacitação profissional em educação para o lazer

1. Metas

De conformidade com as metas globais de educação para o lazer na sociedade, o profissional deve estar apto para:

1.1 Entender o papel do lazer no meio humano em desenvolvimento.

1.2 Entender as tendências emergentes sociais, ambientais, técnicas e de comunicação, e chegar a conclusões, tendo em vista suas implicações nas ofertas de serviços de lazer.

1.3 Interpretar e integrar o papel da educação para o lazer em diversos ambientes profissionais da sociedade, por exemplo, escolas, meios esportivos, clubes recreativos, centros culturais, pólos turísticos, na mídia e outras agências importantes para a área de lazer.

1.4 Garantir que a educação para o lazer complemente, intensifique e se relacione com outras competências importantes como programação, planejamento, administração e liderança comunitária.

1.5 Entender a diversidade etnocultural da sociedade no planejamento de serviços de educação para o lazer.

1.6 Desenvolver os conhecimentos interculturais e a capacidade de ampliar estes conhecimentos a programas de lazer, esporte, cultura, mídia e turismo.

1.7 Entender o papel da educação para o lazer na promoção do desenvolvimento humano (questões relacionadas a sexo, idade, segmentos especais da população) em uma sociedade pluralista de mudanças rápidas.

2. Princípios e Estratégias

2.1 Os profissionais da educação para o lazer devem ser preparados para aplicar seus

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conhecimentos, valores e habilidades nas seguintes áreas de estudo:

I. tendências, filosofia, serviços, abrangência, acessibilidade;

II. aconselhamentos, animação, ensino, defesa da causa;

III. atividades especiais - artes e trabalhos manuais, esportes, música;

IV. sistemas de serviço - exemplo: ensino, esporte, cultura, mídia, turismo, abordagem clínica/terapêutica, teatro.

2.2 A integração da capacitação para a educação para o lazer em outros currículos profissionais variará em estrutura, forma e modelos de oferta de acordo com as necessidades e nível de desenvolvimento da sociedade.

2.3 O conteúdo curricular da educação para o lazer pode variar em um continuum desde módulos que fazem parte de currículos de lazer existentes, até opções isoladas ou áreas de concentração.

2.4 Quando apropriado, os módulos de educação para o lazer podem ser desenvolvidos para refletirem especializações, levando em consideração diferentes populações, metodologias de ensino, sistemas de serviços e grupos culturais.

3. Preparação e Capacitação de Educação para o lazer devem ser desenvolvidos de forma a transmitir valores, atitudes, conhecimentos e habilidades a indivíduos em outras áreas profissionais de atuação, como ensino, medicina, turismo, arquitetura, enfermagem, serviço social, gerência de hotel e clero.

Elaborada e aprovada no "Seminário Internacional da WLRA de Educação para o Lazer"

Jerusalém - Israel 2 a 4 de agosto de 1993

e ratificada pelo Conselho da WLRA Jaipur - Índia 3 de dezembro de 1993

Wolrd Leisure and Recration Association - WLRA

http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=195

6. CLASSIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES RECREATIVAS

Quanto à forma A recreação pode ser Ativa ou Passiva Ativa quando dela participamos fazendo a atividade. Pode ser mental

(palavras cruzadas, damas, xadrez, jogos educativos, de mesa, etc.). Passiva quando somos simples espectadores. Exemplo: quando assistimos a

uma partida de futebol, um filme, etc. Em qualquer forma de atividade recreativa o elemento atuante nunca se

apresenta sob o aspecto físico, psíquico ou social, separadamente, mas sim em conjunto, sobrejugando-se aos demais, um deles.

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Se uma pessoa vai à praia para nadar, a atividade recreativa típica, sem dúvida, é física; entretanto, não deixa de apresentar características de ordem psíquica e social.

Quanto à direção A recreação pode ser livre ou dirigida. É livre quando executa livremente, sem a presença do professor, do recreador ou qualquer pessoa que oriente a atividade. É dirigida quando executada sob a orientação do professor, do recreador ou qualquer pessoa que se proponha a ensinar alguma atividade.

As atividades recreativas podem ser orientadas sem tirar-lhes um dos aspectos fundamentais que é a livre escolha, porque a recreação não só depende de uma necessidade interna, de uma predisposição pessoal, mas é motivada por estímulo da natureza externa, por influência do meio físico e social em que nos encontramos. Assim a técnica para orientação de recreio repousa na modificação do ambiente, na introdução de estímulos sadios e ricos de sugestão para a atividade humana.

Quanto à finalidade utilitária:

Recreativa: não se destinam à aprendizagem de atividades esportivas. Os jogos e as brincadeiras recreativas visam apenas o aspecto lúdico, proporcionando satisfação pessoal.

Preliminares: atividades de curta duração, sem regulamentação definida, não necessitando de material específico e nem de campo oficial para a sua execução. Podem ser realizados com número ilimitado de jogadores. Servem para despertar no aluno o interesse por um determinado esporte, através da prática de fundamentos básicos. Ex: estafetas, queimada, nunca três, etc.

Pré-desportivos: auxiliam a aprendizagem de uma modalidade de esportiva.

Desenvolvem habilidades táticas mínimas. Necessita de campo definido para a sua realização e material similar ao do esporte propriamente dito. Ex. “Cambio” (voleibol), 10 passes (handebol).

Quando à intensidade:

Calma: pequena intensidade ou movimentação. São atividades que estimulam a memória, a observação, a decisão e o controle emocional. Servem como valiosos auxiliares no aprendizado de outras disciplinas, podendo ser relacionado com diferentes centros de interesses. Consistem no trabalho da memorização. Ex: Pum (atenção, ritmo, conhecimento de fatos).

Moderadamente Ativa: intensidade média com movimentação de alguns

participantes, ficando os demais a espera de sua vez de participar. Ex: estafetas, nunca três, coelhinho saí da toca, etc.

Ativa: grande intensidade com movimentação de todos os participantes. Ex:

queimada, pique bandeira, etc. Quanto à organização:

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Formação: são os que iniciam e se desenvolvem em formação. Ex: estafetas, galinha e seus pintinhos, etc.

Dispersa: sem formação específica. Ex: queimada, 10 passes, piques, etc. Mista: inicia-se em formação, durante a atividade há dispersão e novamente,

uma formação. Ex: patepe, cara e careta, etc. Quanto à natureza da atividade:

Física (Motora): a participação física supera a participação mental. Ex: queimada, estafetas, etc.

Mental (psíquica): a participação mental supera a participação física. Ex:

Pum, alfândega, etc.

Em relação ao espaço onde são desenvolvidas: Internas: realizam-se em ambientes fechados ou restritos, como salas de

festas; ginásios esportivos; salas para aulas de ginástica, musculação; danças modernas e clássicas; salas de música; salas de leitura; salas de projeção para televisão ou cinema; piscinas térmicas ou naturais, saunas; salões de jogos para a prática de atividades como sinuca, bilhar, tênis de mesa, totó, bocha, boliche, dardo; salões de jogos de mesa para a prática de carteados, xadrez, damas e os de adivinhação; estandes fechados para a prática de tiro ao alvo e arco e flecha; salas de jogos eletrônicos; auditórios; espaços culturais para amostra de pinturas, livros, poesias, esculturas; outros.

Externas: realizam-se em ambientes abertos e amplos, como campos de

esportes; quadras poliesportivas; playgrounds infantis onde haja, especialmente, caixas de areia; piscinas com totogãs, túneis, rampas; pátios; quadras de atletismo; caminhos e picadas (atalho estreito feito a golpes de facão) para excursões e alpinismo; trilhas; pistas para Karts; pistas para competições de cross; ciclovias; lagos para aeromodelismo aquático; ambientação propícia às atividades de pesca (lagos, rios); outros.

Em relação ao ambiente:

Atividades terrestres: todas aquelas que se desenrolam em terra, como jogos, caminhadas, excursões, brincadeiras e entretenimentos; pode-se incluir também certas atividades aquáticas, praticadas em parques aquáticos ou pequenos lagos e córregos.

Atividades marinhas ou náuticas: desenvolvidas em águas livres ou

profundas, como os mares, rios, represas e grandes lagos. Atividades aéreas: vôo livre, ultraleve, pára-quedas etc.

7. JOGOS RECREATIVOS BRINCADEIRAS RECREATIVAS (Passatempos)

GINÁSTICA RECREATIVA

A recreação escolar tem como objetivos:

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Despertar no educando o sentido de grupo, ensinando-o a conviver com o

outro, praticando cooperação, lealdade, cortesia, espírito de luta e respeito ao semelhante. Favorecer a aprendizagem de atividades lúdicas, para que possam ser utilizadas nas horas de lazer, fora da escola e na vida adulta. Ensinar habilidades fundamentais variadas, oferecendo a aprendizagem de gestos simples, despertando o gosto e o interesse por um determinado esporte.

7.1 Jogos Recreativos

Conclui-se que jogo e brincadeira recreativa não são atividades idênticas. É necessário que se estabeleça suas diferenças. Jogos são formas variadas de atividades físicas e mentais, cuja finalidade principal é a recreação; praticados de acordo com regras preestabelecidas, porém sujeitas a mudanças caso entenda-se necessário. Os jogos recreativos apresentam as seguintes características:

Atividade física e mental; Caráter recreativo, pré-desportivo ou preliminar; Evolução; Final definido; Regras mais ou menos complexas e rígidas; Competição; Objetivos determinados.

Assim sendo, podemos emitir um conceito para jogo. “É uma atividade física ou mental, praticada com finalidade recreativa ou pré-desportiva, que se desenvolve obedecendo a uma certa evolução e com final previsto, subordinada a regras pré-estabelecidas, porém sujeitas à alteração, pressupondo a competição e objetivos definidos”.

7.2 Brincadeiras Recreativas

As brincadeiras recreativas apresentam as seguintes características: Atividade física; Caráter recreativo (espontâneo); Nem sempre há evolução e final previsto; Regras simples e flexíveis; O maior objetivo é a prática da atividade em si; Quando há competição, ela não é definida. Isto é, não se observa a

condição de adversários durante todo o desenrolar da atividade.

7.3 Ginástica Recreativa

Apresentam as seguintes características: Atividade física; Caráter recreativo (induzido); Objetivo – desenvolvimento físico;

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Evolução e final previsto.

A ginástica recreativa divide-se em: Ginástica Recreativa com aparelho: Quando a atividade é praticada manuseando algum objeto de pequeno porte. Ex: bolas (de borracha, de meias, de isopor, balões), arcos, cordas, bastões, latinhas de refrigerante, etc. Ginástica Recreativa no aparelho: Quando a atividade é praticada sobre um aparelho de grande porte. Ex: bancos, traves, muros baixos, etc. Os movimentos deverão ser os mais variados possíveis, e não somente os específicos para aquele determinado aparelho, no caso os movimentos da ginástica olímpica-trave. Ginástica Recreativa sem aparelho: Quando a atividade é praticada sem aparelho, usando somente o corpo.

8. ENUNCIADO DE UMA ATIVIDADE RECREATIVA

Enunciar uma atividade recreativa é descrevê-la, obedecendo a uma determinada seqüência técnica, desde o seu nome até o final. Assim, o enunciado completo deve conter os seguintes itens:

Nome da atividade: o nome deve estar relacionado com as atividades desenvolvidas no jogo ou na brincadeira recreativa.

Categoria: é a atividade predominante. Objetivos: são os resultados que se esperam alcançar através das atividades

desenvolvidas. Organização: é a formação dos participantes no início e durante a execução

da atividade. Desenvolvimento: é o item mais importante do enunciado. Constitui-se na

descrição da movimentação dos jogadores como na regulamentação do mesmo (regras).

Final: após o término da movimentação (que deverá estar toda contida no desenvolvimento desde o início até o término) é a atribuição da vitória, é o resultado.

Exemplo de um enunciado: jogo recreativo Nome: saltar o riacho (estafeta). Categoria: saltar. Objetivos: aprimorar habilidades físicas, promover a socialização. Organização: em colunas distanciadas cerca de dois metros uma da outra. Desenvolvimento: ao sinal do professor o primeiro participante de cada coluna

corre, salta a distância entre as cordas, passa por trás do medicine-ball, volta em direção à sua coluna, salta novamente a distância entre as cordas, entrega o bastão ao 2º aluno da coluna e vai ocupar um lugar atrás do último da mesma. O 2º aluno, repete a ação do primeiro, entregando o bastão ao 3º aluno, e assim sucessivamente, até que o último aluno, recebendo o bastão do que antecede proceda da mesma forma que os anteriores e, ao voltar entregue o bastão ao 1º aluno, ao recebe-lo deverá ergue-lo acima da cabeça.

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OBS: nenhum participante poderá partir da linha de partida, sem ter recebido o bastão ou deixar de realizar quaisquer determinações do jogo, se o fizer desclassificará sua equipe (coluna).

Final: Vencerá a equipe (coluna) que realizar a atividade em primeiro lugar.

9. PLANEJANDO UMA ATIVIDADE DE LAZER

Nossa prática cotidiana nos diz que “nada” conseguimos fazer se não temos o senso de direção de nossas ações, se não sabemos quais são os obstáculos a nossa frente e se também desconhecemos as passagens livres.

Toda ação humana dirige-se no sentido de alcançar uma finalidade. Por isso, sempre que perseguimos um objetivo procuramos nos organizar, saber se dispomos do conhecimento adequado daquela situação, dos instrumentos necessários para manejá-la, de pessoas com quem podemos contar. Esse conjunto de providências é necessário nas mais diferentes circunstâncias, desde a organização de uma simples festa familiar até a de um empreendimento financeiro de pequeno ou grande porte, por exemplo.

O termo planejamento, amplamente conhecido e utilizado, refere-se justamente a essa forma de agir do homem – a necessidade de se organizar para atingir uma finalidade desejada.

Dentre inúmeras definições, pode-se dizer que planejar consiste em organizar os recursos disponíveis (materiais e humanos) e administrá-los adequadamente, tendo em vista a realização de determinado objetivo. Planejar é prever os métodos e técnicas para alcance dos objetivos.

Muitos profissionais acham que basta saber administrar o evento e ter animação constante para se obter sucesso, mas a formação do profissional do lazer deve atender todos os estágios (visão de mundo + princípios + estratégias + atividades). Sem dúvida é importante possuirmos um estoque abundante de atividades além de didática para conduzí-los. Contudo, o profissional vai mais além e quer saber das conseqüências mais amplas de seus atos.

Ao montar a programação lembre-se ainda de: Conhecer o público alvo, o local e o tipo de atividade; Ter à disposição atividades alternativas (“plano B”); Planejar, de fato, a atividade nos seus pormenores; Sintonizar a equipe com a proposta do evento.

Para organizar um anteprojeto de sua atividade ou evento, responda às perguntas básicas:

1. O quê? 2. Quem? 3. Quando? 4. Onde? 5. Por quê? 6. Como?.

O mínimo, necessário para apresentar uma idéia é descrever o que irá ser realizado, prever os recursos humanos e materiais, período, local, justificar a necessidade e prever como pô-la em prática. É importante responder às questões para poder dar uma direção ao trabalho. Somente o planejamento não garante que o

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evento saia, mas quando o evento é fruto de planejamento a margem de sucesso é muito maior.

Ao iniciar o projeto, o principal é colher informações adequadas e confiáveis. Nesse sentido, seguem alguns tópicos sugeridos por Ruschamnn (1999) citado por Pimentel (2003) para realização do inventário. O inventário é a relação de todas as características do ambiente. A partir dele é dado um diagnóstico sobre qual é a vocação (potencialidade) e atividades que poderiam obter êxito no local.

1. Características Básicas: Localização (endereço, condições do local, estrada, a quantos Km do

centro); Mapeamento do local (podendo valer croqui, fotos, planta); Histórico do empreendimento (quando surgiu, por quê, mudanças); Sistema administrativo do ambiente (quem administra, como administra,

hierarquia); Equipamentos que possui (quantidade e características); Equipamentos mais procurados; Objetivo do empreendimento; Serviços que presta (quanto cobra, o que oferece, ofereceu e oferecerá

ao cliente).

2. Características Ambientais: Temperatura média do local; Influência de fatores climáticos na atividade; Época do ano e horário de maior e de menor fluxo de clientes; Utilização de alguma paisagem como atrativo; Utilização da flora ou fauna como atrativo.

3. Características Sociais: Discriminação dos eventos realizados em datas especiais; Como divulga seus produtos ou serviços para a clientela alvo; Utilização de monumentos históricos ou arquitetura como atrativo; Utilização de manifestações artísticas da região; Utilização de recursos humanos (profissionais) de nível superior; Atividades, exercícios, brincadeiras ou esportes estimulados no local; Responsável por programar as atividades. Como faz para planejar; Perfil dos clientes (idade, gênero, nível de educação, ocupação, gosto); Cadastros ou pesquisas da empresa sobre a clientela.

Roteiro para projetos Identificação: Título, resumo, dados completos do proponente (que ou quem

propõe). Objetivos: O que espera alcançar em termos qualitativos (sociais, políticos, ...)

Exemplo: promover o contato de alunos do ensino fundamental com a natureza, através de dinâmicas recreativas voltadas à educação ambiental.

Metas: O que espera alcançar em termos quantitativos (pessoas, doações, ...).

Exemplo: Atingir ente 150 e 80 alunos do ensino fundamental.

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Justificativa: Argumentos lógicos que fundamentam os motivos de realizar-se o projeto. Argumentar sobre os méritos e a viabilidade.

Programação e cronograma: Aspecto instrumental do projeto. Dados auxiliares (optativos/necessários em certos projetos): Sistema de

avaliação do evento, fundamentação teórica, tabelas, estatística, fotos, ilustrações, gráficos.

Conclusão: Despedida resumindo os principais tópicos tratados nos projetos e

comparando os benefícios com o investimento. Dados pessoais (tel./ contato, formação, ...). Quanto ao investimento (especificar bem cada gasto previsto). Faça um orçamento realista com recursos humanos (do coordenador ao faxineiro), físicos (ambientais) e materiais (de consumo e permanente).

Quanto ao Custo, esse define a quantia que vai se gastar em cada parcela do

projeto. É o levantamento financeiro de todos os gastos inerentes ao Programa Recreativo. Deve refletir, de forma o mais real e objetiva possível, a análise das diversas despesas que se farão necessárias ao desenvolvimento do Programa Recreativo.

Em termos de procura de patrocinadores este item é um dos mais importantes. Portanto, deve ser muito bem elaborado e analisado. Sua elaboração deve ser precisa e clara para que alcancemos decisão positiva dos patrocinadores convidados.

Também pode fazer parte, em anexo, o Plano de Marketing do projeto.

Marketing está relacionado a desenvolver a imagem de uma pessoa, empresa, produto ou serviço junto ao público. Uma das estratégias de marketing é o patrocínio. Empresas como Banco do Brasil e Coca-Cola patrocinam projetos em áreas relacionadas ao lazer, como as artes e os esportes. Um bom projeto de patrocínio é aquele que se identifica com o perfil da empresa e apresenta boa relação custo benefício. Avalia-se muito se haverá cobertura da mídia.

Roche (2002) citado por Pimentel (2003) lembra que todo plano deve ser voltado ao planejamento estratégico, assumindo as seguintes características: pouca rigidez (pode receber correções), global (feito para todos), operacional (realista), participativo (feito com todos), formal (escrito e organizado) e conhecido (lido e assumido pela equipe).

Recomenda-se para a organização do lazer o Monitoramento da programação (croqui, registro, check-list e cronograma); e Avaliação (entrevistas, desenhos, questionários, filmagens, dinâmicas de grupo, exames e/ou reuniões de diagnóstico).

Avalie a excursão pontuando 1 para insatisfatório, 2 para regular e 3 para

satisfatório: ( ) ônibus ( ) guia ( ) alojamento ( ) custo

Programa (horário): constitui a previsão das ocorrências durante a atividade.

Ckeck-list: lista para conferir se todos os detalhes ou requisitos da atividade ou

de funcionamento de um equipamento foram atendidos:

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Checagem do casamento

Sábado (21/05)

Manhã Tarde ( ) confirmar padrinhos (telefone) ( ) ensaio dos músicos ( ) terno do noivo ( ) arranjo da noiva ( ) previsão climática ( ) conferir flores ( ) buscar convidados na rodoviária e aeroporto ( ) abrir salão para buffet ( ) confirmar reserva hotel núpcia ( ) tapete vermelho

Cronograma: item que consta em alguns projetos e relaciona-se à preparação dias ou semanas antes, durante e após a realização da atividade em si.

DATA PROVIDÊNCIA

De 02 a 15/09/06

Constituição da comissão organizadora da Festa da Uva

De 15 a 30/09/06

Apresentação do esboço da Festa da Uva

De 01 a 14/10/06

Apreciação do esboço apresentado e sugestão de alteração

De 14 a 31/10/06

Homologação do projeto da Festa e envio aos patrocinadores

De 01 a 30/11/06

Fechamento dos contratos e seleção de funcionários

De 08 a 30/11/02

Lançamento da programação, logotipo e patrocinadores

De 01 a 21/12/06

Divulgação da Festa. Manutenção do parque...

Croqui: é uma representação visual do ambiente. Marcam-se os principais

pontos de referência, os fluxos e limites do espaço. A posse de um croqui melhora o controle sobre o desenvolvimento do projeto, principalmente se não é possível visualizar a olho nu todo o processo. Um croqui deve ser realizado em folha apropriada para desenho, padronizar uma escala (cada cm no mapa representa determinada metragem) e inserir legenda para identificar o local.

Equilíbrio das características Ao montar uma programação nunca se pode esquecer de atender à plenitude do

ser humano. Deve-se privilegiar todos os tipos de manifestação de lazer, desde que adequados ao meio ambiente natural e cultural. Caillois (1994) citado por Pimentel (2003) afirma que seria necessário fazer uso de jogos/atividades de competição, azar, imitação e vertigem; além de envolver em alguns momentos um rigor maior, com regras e bastante organização e noutras atividades uma liberdade maior com menor grau de organização.

Equilíbrio dos interesses Geralmente se associa o lazer somente à diversão enquanto se esquece que as

atividades recreativas promovem também descanso (repouso, paz) e

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desenvolvimento pessoal (habilidades individuais e sociais). Portanto, o lazer proporciona três D´s: descanso, diversão e desenvolvimento. Assim há necessidade de se realizar uma programação com várias abordagens, objetivando atender a todos os interesses e expectativas, aumentando contudo a participação das pessoas envolvidas no programa. Jamais esquecer de observar que há atividades específicas para cada faixa etária.

Equilíbrio fisiológico Um programa recreativo deverá respeitar a capacidade orgânica das pessoas. Ao

preparar atividades de variado esforço devemos procurar ordená-las, considerando a necessidade do organismo:

1. recompor energias (via repouso ativo); 2. adequar às cargas (via aumento progressivo do esforço).

Assim, existem três possibilidades para se proporcionar uma recreação correta do pondo de vista fisiológico.

1. intercalar brincadeiras muito ativas com atividades mais brandas; 2. iniciar pela menos intensa, chegando ao clímax na metade do horário e

depois haveria gradativa diminuição da intensidade; 3. oferecer mais intervalos para água e descanso.

Muitos profissionais “matam a atividade antes dela morrer”, ou seja, mantém o tempo de clímax maior o que leva a uma queda na motivação das pessoas. Recomenda-se que se encerre a atividade no “pico”, pois as pessoas sairão da atividade demonstrando entusiasmo (fator este considerado por gerentes como o indicador de sucesso). Nas escolas, se utiliza uma atividade menos intensa ao final da recreação como forma de deixar a pessoa mais calma. Isso é mais verdadeiro à medida que o aluno for ter de retornar para a aula ou para ambiente que requeira silêncio.

Equilíbrio financeiro: Importante levar em consideração a disponibilidade financeira das pessoas para

não aumentar as barreiras ao acesso a bens culturais. Vale a lei, “nada se perde, tudo se transforma”.

Equilíbrio interpessoal: É necessário montar uma boa equipe que atenda a proposta de animação

sociocultural. Sabe-se que o que se considera padrão ou correto para um contexto pode causar aborrecimentos para outro.

Cuidado com o tratamento preferencial! Existem pessoas mais comunicativas e outras, mais brincalhonas, é necessário respeitar àquelas que são o contrário e que não querem entrar no clima de recreação (estão sem vontade). Porém é necessário observar:

1. o uso ideológico de nosso trabalho; 2. riscos à integridade física dos participantes; 3. adequação das atividades à faixa etária, gênero, valores e expectativas

dos praticantes; 4. valor educativo de nossa relação (atitude) com as outras pessoas.

Equilíbrio espacial: Não só muitas atividades fracassam pela má escolha do local, mas igualmente,

muitos ambientes para o lazer são mal projetados. Ao planejar bairros e cidades, é

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recomendado reservar 4 metros quadrados por habitante para áreas de lazer. Em geral, se encontram problemas desde equipamentos estaduais de lazer construídos sem consultar a população até piscinas públicas feitas sem ducha.

O equilíbrio espacial também pode ser verificado na forma como organizamos o espaço segundo o fluxo de pessoas. A regra do cheio-fora X vazio-dentro ocorre nessa circunstância de planejamento espacial. No exemplo de uma festa no colégio onde os pais irão conhecer o local e os filhos irão brincar: quando há muitos convidados (cheio) buscamos trabalhar o máximo possível longe da área central (fora) para uma atividade não atrapalhar a outra, mas quando vierem poucos convidados (vazio) as atividades recreativas são feitas mais próximas (dentro) para se dar uma idéia de vitalidade e preenchimento do local.

10. OCORRÊNCIA HISTÓRICA DO LAZER

Todos os assuntos ligados aos estudos do lazer são bastante polêmicos. Para não fugir à regra, a questão da ocorrência histórica do lazer também é bastante discutida. Alguns autores consideram que, se os homens sempre trabalharam, também paravam de trabalhar, existindo assim um tempo de não-trabalho, e que esse tempo seria ocupado por atividades de lazer, mesmo nas sociedades chamadas “tradicionais”. Para outros, o lazer é fruto da sociedade moderna-urbano-industrial.

Não há, a rigor, um caráter de rejeição entre as duas correntes, mas sim enfoques diferentes: a primeira aborda a “necessidade de lazer”, sempre presente, e a segunda se detém nas características que essa necessidade assume na sociedade moderna. Em outros tipos de organização social, o que se verifica é o não-isolamento das atividades obrigatórias das lúdicas, o que de modo algum significa a não-existência do lúdico. E mais ainda, o que não nos permite prever se essa divisão, verificada atualmente na sociedade moderna, urbano-industrial, permanecerá efetivamente ou não.

No caso da sociedade brasileira, e tendo em vista suas características próprias, é a partir do momento que marca o início da transição do estágio tradicional para o moderno, que se verifica uma ruptura entre a vida como um todo e o lazer, fazendo com que este adquira significação própria.

Tem-se assim, dois estágios – considerados separadamente para fins de análise, mas que se apresentam num continuum, ou são contemporâneos dentro da mesma sociedade, representativos de estilos de vida diferentes:

1. Na sociedade tradicional, marcadamente rural, e mesmo nos setores pré-industriais, não havia uma separação rígida entre as várias esferas da vida do homem. Os locais de trabalho ficavam próximos, quando não se confundiam com a própria moradia, e a produção era ligada basicamente ao núcleo familiar, obedecendo ao ciclo natural do tempo. O trabalho, freqüentemente interrompido para conversas, acompanhava o ritmo do homem e não raro era executado ao som de cantos. O mutirão constitui o exemplo mais marcante da relação produção/festa nas sociedades tradicionais. O “binômio” trabalho/lazer não era caracterizado e as ações se desenrolavam como na representação de uma peça teatral, com os “atores” atuando de forma integrada e linear, dominando toda a história de seus personagens.

2. Na sociedade moderna, marcadamente urbana, a industrialização acentuou a divisão do trabalho, que se torna cada vez mais especializado

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e fragmentado, obedecendo ao ritmo da máquina e a um tempo mecânico, afastando os indivíduos da convivência nos grupos primários e despersonalizando as relações. As pessoas passam a fazer parte de grupos variados, sem ligações uns com os outros. Caracteriza-se o “binômio” trabalho/lazer, e as ações se desenvolvem como na gravação de um filme, onde os “atores” participam de cenas estanques, sem conhecer a história de seus personagens, cenas essas freqüentemente interrompidas para serem retomadas em seqüências totalmente diferenciadas.

É importante frisar que ao fazermos a distinção, não estamos romantizando o

primeiro tipo de organização, mesmo porque a dominação entre classes também era uma de suas características.

A industrialização, que pode ser considerada o divisor de águas entre os dois estágios, só vem se consolidando, entre nós, há algumas décadas. Ao se consolidar, provoca uma série de modificações no comportamento das pessoas, acelera o processo de urbanização de novas áreas e promove a concentração populacional em torno de áreas já urbanizadas.

A caracterização de nossa sociedade como preponderantemente urbana começa a se configurar a partir do censo de 70, tendência essa confirmada pela análise dos números levantados em 80, e mais contemporaneamente com ênfase na concentração da população nos grandes centros urbanos.

Mesmo que convivam, ainda hoje, os dois “modelos” de sociedade, em diferentes regiões do país, os valores veiculados pela indústria cultural, através dos meios de comunicação de massa, são os da sociedade moderno-urbano-industrial, fazendo que as questões relativas ao lazer sejam atendidas a partir desses valores hegemônicos.

11. O CONTEÚDO DO LAZER A realização de qualquer atividade de lazer envolve a satisfação de aspirações

dos seus praticantes. Há alguma coisa em comum entre o que se busca indo ao cinema ou ao teatro, e que difere as razões que motivam o desenvolvimento de esportes, por exemplo. Enquanto, no primeiro caso, a satisfação estética pode ser considerada como critério orientador, no segundo caso, via de regra, prevalece o movimento – o exercício físico.

Segundo Dumazedier citado por Marcellino (1996), é exatamente a distinção entre o que se busca de forma preponderante no desenvolvimento das várias atividades, que abre a possibilidade para a classificação dos seus conteúdos. Embora os campos abrangidos sejam de difícil demarcação, a separação pode ser estabelecida em termos de predominância. Dessa forma, ainda com referência ao exemplo citado acima, pode-se argumentar que o domínio do movimento e do exercício físico também é um campo para manifestação estética, mas não de modo tão específico como ocorre no terreno das artes. Os vários interesses que as aspirações pela prática do lazer envolvem, formam um todo interligado e não constituído por partes estanques. A distinção só pode ser estabelecida em termos de predominância, representando escolhas subjetivas, o que evidencia uma das características das atividades de lazer – a opção.

Não há dúvidas de que as atividades de lazer devem procurar atender as pessoas no seu todo. Mas, para tanto, é necessário que essas mesmas pessoas

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conheçam os conteúdos que satisfaçam os vários interesses, sejam estimuladas a participar e recebam um mínimo de orientação que lhes permita a opção. Em outras palavras, a escolha, a opção, está diretamente ligada ao conhecimento das alternativas que o lazer oferece. Por esse motivo é importante à distinção as áreas abrangidas pelos conteúdos do lazer.

A classificação mais aceita é a que distingue seis áreas fundamentais: os interesses artísticos, os intelectuais, os físicos, os manuais, os turísticos e os sociais.

O campo de domínio dos interesses artísticos é o imaginário – as imagens, emoções e sentimentos; seu conteúdo é estético e configura a busca da beleza e do encantamento. Abrangem todas as manifestações artísticas.

Já nos interesses intelectuais, o que se busca é o contato com o real, as informações objetivas e explicações racionais. A ênfase é dada ao conhecimento vivido, experimentado. A participação em cursos ou a leitura são exemplos.

Por sua vez, as práticas esportivas, os passeios, a pesca, a ginástica e todas as atividades onde prevalece o movimento, ou o exercício físico, incluindo as diversas modalidades esportivas, constituem o campo dos interesses físicos.

O que delimita os interesses manuais é a capacidade de manipulação, quer para transformar objetos ou materiais – por exemplo o artesanato, lidar com a natureza, como no caso da jardinagem e o cuidado com animais.

A quebra da rotina temporal e espacial, pela busca de novas paisagens, de novas pessoas e costumes é a aspiração mais presente nos interesses turísticos. Os passeios e as viagens constituem exemplos.

Quando se procura fundamentalmente o relacionamento, os contatos face-a-face, o convívio social, manifestam-se os interesses sociais no lazer. Exemplos específicos são os bailes, os bares e cafés servindo de pontos de encontro e a freqüência a associações.

Tendo em vista os conteúdos do lazer, o ideal seria que cada pessoa praticasse atividades que abrangessem os vários grupos de interesses, procurando, dessa forma, exercitar, no tempo disponível o corpo, a imaginação, o raciocínio, a habilidade manual, o contato com outros costumes e o relacionamento social, quando, onde, com quem e da maneira que quisesse. No entanto, o que se verifica é que as pessoas geralmente restringem suas atividades de lazer a um campo específico de interesses. E geralmente o fazem não por opção, mas por não terem tomado contato com outros conteúdos.

12. ATIVIDADE E PASSIVIDADE

Um dos temas sempre presente nas discussões que envolvem o lazer, diz respeito à distinção entre a prática e o consumo. É comum o alerta sobre os riscos do consumismo e, por outro lado, a lamentação pela perda de oportunidades, sempre crescente, para o desenvolvimento prático de atividades culturais.

Não podemos negar que as condições sociais são bem mais favoráveis ao consumo do que à criação cultural. Porém, a questão precisa ser examinada com cuidado, para que não se reduz a constatações simplistas.

A distinção entre a prática e o consumo é acompanhada, via de regra, por juízos de valor. À apologia da prática, freqüentemente colocada, opõem-se os perigos da passividade do consumo. No entanto, em se considerando as atividades de lazer, o que seriam a atividade e a passividade?

Todo o “assistir”, todo o consumo, pertenceria ao campo da passividade? Então seria preferível tocar um instrumento, mesmo com harmonias primárias, a tomar

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contato com obras musicais mais elaboradas, indo a um concerto, ou ouvindo uma gravação?

Dumazedier procura estabelecer que, em si mesma, a atividade de lazer não é ativa ou passiva, e que essa distinção é dependente da atitude que o indivíduo assume. Assim, tanto a prática, como o consumo, poderão ser ativos ou passivos, dependendo de níveis de participação da pessoa envolvida, níveis esses que podem ser classificados em elementar, caracterizado pelo conformismo; médio, onde prepondera a criticidade; e superior ou inventivo, quando impera a criatividade. Um espectador ativo teria como características a seletividade, a sensibilidade, a compreensão, a apreciação e a explicação. Assim, é preciso reunir todas as suas possibilidades racionais e da sensibilidade para interpretar e recriar o objeto do “consumo”.

Também é necessário considerar que as barreiras socioeconômicas e o baixo nível educacional criam todo um clima favorável para a indústria cultural. As poucas pesquisas de que dispomos na área dão conta que a grande maioria do tempo disponível é usufruída nos próprios locais de moradia, dentro das casas, o que propicia a formação de um “público cativo” da televisão. É notadamente através desse veículo que os padrões dos grandes centros, em especial do eixo Rio-São Paulo, vêm sendo impostos a todo o país, em virtude do fortalecimento das redes, alternativa econômica para a produção. Esse fato, aliado a outros, como o crescente processo de urbanização, vem contribuindo para o desaparecimento de manifestações culturais autênticas, notadamente das festas, tanto lúdico-religiosas como lúdico-folclóricas.

A necessidade do estímulo para o consumo rápido faz com que o nível da maioria das obras veiculadas seja elementar e fragmentário. A pobreza do conteúdo é uma constante na produção oferecida ao grande público, nos vários conteúdos culturais, notadamente naqueles mais consumidos, caso dos filmes feitos para a televisão, das fotonovelas, da música pop e dos best sellers. É uma enfadonha repetição de estilos, de ritmos, de temas, de estrutura.

Contudo, não podemos negar a importância dos meios de comunicação de massa na difusão das atividades de lazer, levando-se até mesmo à casa das pessoas. O que se questiona e o baixo nível dessas programações. Se por um lado é certo que as manifestações da indústria cultural poderiam cumprir pelo menos alguns requisitos que contribuíssem para o desenvolvimento cultural, é também verdadeiro que, na prática, as decisões são tomadas em termos de rentabilidade financeira, evidenciando a homogeneização do consumo, num nivelamento por baixo.

Dessa forma, não podemos deixar de considerar as questões colocadas quanto ao consumo puro e simples de bens culturais. Por outro lado, é importante reconhecer que o valor cultural de uma atividade está ligado, fundamentalmente, ao nível alcançado, seja na sua prática, seja no consumo. Isso não significa negar a importância ao estímulo para a prática do lazer como criação cultural. Esse aspecto não pode deixar de ser considerado, principalmente se levarmos em conta o caráter de desenvolvimento do lazer. Entretanto é importante salientar que a simples prática não significa participação, assim como nem todo “consumo” corresponde necessariamente à passividade.

13. AS BARREIRAS PARA O LAZER

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Embora possa ser discutida a qualidade das ocupações desenvolvidas pelas pessoas no seu tempo disponível, não se pode negar que ele é preenchido com atividades. No entanto, quanto se observa a realidade concreta, verifica-se um rompimento do quadro ideal do desenvolvimento do lazer pela população em geral, podendo ser observado que, mesmo em cidades de “tradição”, no que se refere a essa esfera de atividade, como o Rio de Janeiro, por exemplo, grande parcela dos habitantes trabalha nos finais de semana e, mesmo as pessoas que não exercem atividades profissionais, restringem suas programações, a grande maioria ficando presa ao ambiente doméstico.

O fato de que alguns conteúdos de atividades são bastante difundidos entre a população em geral, nos dá apenas uma visão muito particularizada da apropriação do lazer. É preciso que sejam considerados aspectos importantes, verificados na situação, que restringem quantitativa e, sobretudo, qualitativamente o acesso à produção cultural.

As pesquisas dispostas nessa área, no Brasil, são poucas e restritas ao uso de determinados equipamentos, como cinemas, teatros, bibliotecas, parques, etc., e não fornecem muitos indicadores que permitam caracterizar, com precisão, os participantes. A despeito disso, pode-se distinguir, em linhas bastante gerais, um público marcadamente jovem, com grau de instrução e condições econômicas acima da média, da população.

O fator econômico é determinante desde a distribuição do tempo disponível entre as classes sociais, até as oportunidades de acesso à Escola, e contribui para uma apropriação desigual do lazer. São as barreiras interclasses sociais.

Sempre tendo como pano de fundo esse fator econômico, pode-se distinguir uma série de fatores que inibem e dificultam a prática do lazer, fazendo com que ela se constitua em privilégio. São as barreiras intraclasses sociais.

Um desses fatores é o sexo, e nesse aspecto, as mulheres são desfavorecidas comparativamente aos homens, ou pela rotina do trabalho doméstico, ou pela dupla jornada de trabalho e, principalmente pelas obrigações familiares decorrentes do casamento, numa sociedade que, apesar dos avanços nesse campo, continua machista.

Outro aspecto a ser considerado é a faixa etária. Aqui as crianças e idosos são os esquecidos. A criança, por não ter ainda entrado no “mercado produtivo”, não é considerada como ser com uma faixa etária que deva ser vivenciada, mas apenas como uma etapa de preparação para o futuro. O idoso, por já ter saído do mesmo “mercado” também tem dificuldades de participação nas atividades de lazer.

Por outro lado, o aspecto tempo é fundamental na caracterização do lazer. Mas, não se pode esquecer que o tempo não se apresenta isolado do espaço. E as oportunidades desiguais na apropriação do espaço também constituem uma das barreiras mais importantes para o acesso ao lazer.

Além disso, no plano cultural, uma série de preconceitos restringe a prática do lazer aos mais habilitados, aos mais jovens, e aos que se enquadram dentro dos padrões estabelecidos de “normalidade”.

Dessa forma, a classe social, o nível de instrução, a faixa etária, o sexo, o acesso ao espaço, a questão da violência crescente nos grandes centros urbanos, entre outros fatores, limitam o lazer a uma minoria da população, principalmente se considerarmos a freqüência na prática e a sua qualidade.

São indicadores indesejáveis e que necessitam ser atacados por ações ou políticas que objetivem a democratização cultural.

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A Casa, o Bar, a Rua... 14. EQUIPAMENTOS NÃO-ESPECÍFICOS

Ponha-se no seu lugar! Uma simples frase, mas carregada de significados. Entre

outros o de “sugerir” que a pessoa ocupe o espaço que lhe é “próprio”, tendo em vista critérios os mais variados, mas todos de natureza política. O nosso espaço, que já não é mais o natural, mas social, é de natureza política. E o espaço onde o lazer é desenvolvido, com relação à cidade como um todo, conforme já vimos nos textos anteriores, não foge à regra. Nesses espaços estão constituídos os equipamentos para o lazer que fazem parte das cidades.

Todas as pesquisas dão conta de que a grande maioria da população, notadamente nos grandes centros urbanos, desenvolve suas atividades de lazer, prioritariamente, no ambiente doméstico. O lar é o principal equipamento não-específico de lazer, ou seja, um espaço não construído de modo particular para essa função, mas que eventualmente pode cumpri-la.

Nessa mesma categoria figuram os bares, as ruas, as escolas etc. Quanto ao lar, ainda que possa oferecer condições satisfatórias para uma

minoria privilegiada, constitui um dos poucos equipamentos disponíveis para grandes parcelas da população, empurradas para dentro de suas casas, por uma série de fatores, no tempo disponível para o lazer. Exatamente essas pessoas são as que menos condições têm para o desenvolvimento do lazer nas suas habitações. O espaço é exíguo, quer se considere as áreas construídas, ou os quintais e áreas abertas coletivas, quando existem. Na grande maioria de nossas cidades há favelados em barracos e também nas favelas de alvenaria, formadas pelas autoconstruções de fins de semana, ou pelos cubículos dos programas de habitação popular.

No que diz respeito aos bares, muito preconceito ainda existe, ligado ao consumo de bebidas alcoólicas. Via de regra, o bar vem perdendo a sua característica de ponto de encontro, muito embora algumas iniciativas ocorram, no sentido de sua transformação em espaço alternativo para outras atividades, como exposições, lançamento de livros, música ao vivo etc. A maioria dessas iniciativas ficam restritas aos chamados “barzinhos” ou cafés freqüentados, quase sempre, por jovens, basicamente estudantes. Os tradicionais “boletins”, onde se “jogava conversa fora”, são substituídos, nas áreas “nobres” pelas lanchonetes, onde o consumo rápido desestimula a convivência.

As escolas contam com grandes possibilidades para o lazer, em termos de espaço, nos vários campos de interesse: quadras, pátios, auditórios, salas etc. Deve-se considerar ainda seus períodos de ociosidade, em férias e fins de semana, e a existência de vínculos com a comunidade próxima. No entanto, a tão propalada abertura comunitária desses equipamentos não vem se verificando, talvez pelo temor dos riscos de depredação. Já tive oportunidade de desenvolver atividades de lazer em escolas, em trabalhos comunitários, e, ao contrário do que se possa imaginar à primeira vista, uma ação bem realizada nesse sentido só contribui para aumentar o respeito das pessoas pelo equipamento, uma vez que, à medida que o utilizam, vão desenvolvendo sentimentos positivos, passando a colaborar na sua conservação. No entanto, o que se verifica na grande maioria das vezes, é a “abertura” desses equipamentos apenas para “festas”, cujo objetivo principal é a arrecadação de fundos para a sua manutenção.

Com relação às ruas, e mesmo que se considere as praças, quase sempre são concebidas como locais de acesso, de passagem, de locomoção. Transitá-las é uma

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aventura. Algumas iniciativas são tomadas por grupos de moradores “fechando” espaços para festas juninas ou ruas de lazer. Mas são atitudes raras e efêmeras.

A precariedade na utilização dos equipamentos não-específicos coloca-nos duas questões igualmente importantes:

1. A necessidade de desenvolvimento de uma política habitacional, que considere, entre outros aspectos, também o espaço para o lazer – o que não é fácil num país como o nosso, com alto déficit habitacional, e que deve, portanto, estimular alternativas criativas em termos de áreas coletivas;

2. A consideração da necessidade da utilização dos equipamentos específicos para o lazer, através de uma política de animação.

15. EQUIPAMENTOS ESPECÍFICOS

Um teatro, um cinema, são exemplos de microequipamentos especializados de lazer, denominação que advém das suas dimensões, quase sempre reduzidas, e pelo fato de atenderem, de forma prioritária, a um dos conteúdos culturais do lazer.

Já um centro comunitário, ou cultural e esportivo, como são chamados alguns equipamentos, pelos mesmos critérios de tamanho e atendimento único ou diversificado aos interesses no lazer, recebem a denominação de equipamento médio.

Além desses, segundo Camargo citado por Marcellino (1996), podem ser classificados pelo porte e pela finalidade, os macroequipamentos polivalentes – grandes parques abrigando construções variadas, por exemplo -, e os equipamentos de turismo social, urbanos e não-urbanos, caso dos campings, colônias de férias etc.

Estou falando de espaços especialmente concebidos para a prática das várias atividades de lazer. São os chamados equipamentos específicos.

A grande maioria das nossas cidades não conta com um número suficiente desses equipamentos para o atendimento da população. E o que é pior: muitos deles, mantidos pela iniciativa privada, como teatros e cinemas, estão fechando e dando lugar a empreendimentos mais lucrativos.

Mesmo aquelas cidades que contam com um razoável número desses equipamentos, nem sempre têm seu uso otimizado, pela falta de conhecimento do grande público, ou seja, pela divulgação insuficiente entre os próprios moradores.

Iniciativas particulares vêm sendo tomadas e devem merecer apoio. Mas o poder público não pode ficar ausente.

Além da luta para obtenção de novos espaços é preciso tratar da conservação dos já existentes.

Muitas vezes a solução não está na construção de novos equipamentos, mas na recuperação e revitalização de espaços, destinando-os a sua própria função original, ou, com as adaptações necessárias, a outras finalidades. Algumas iniciativas já vêm sendo tomadas nesse sentido. Mas, muito mais pode ser feito, e na maioria das vezes despendendo recursos bastante menores do que os necessários para novas construções.

Se o espaço para o lazer é privilégio de poucos, todo o esforço para a sua democratização não pode depender unicamente da construção de equipamentos específicos.

Eles são importantes e sua proliferação é uma necessidade que deve ser atendida, contemplando as diversas classificações apontadas no início do texto. Mas a ação democratizada precisa abranger a conservação dos equipamentos já

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existentes, sua divulgação e incentivo à utilização, através de políticas específicas, e a preservação e revitalização do patrimônio ambiental urbano.

16. UM DUPLO PROCESSO EDUCATIVO

Praticamente todos os autores ligados aos estudos do lazer reconhecem seu duplo aspecto educativo. Trata-se de um posicionamento baseado em duas constatações: a primeira, que o lazer é um veículo privilegiado de educação; a segunda, que a prática das atividades de lazer é necessário o aprendizado, o estímulo, a iniciação aos conteúdos culturais, que possibilitem a passagem de níveis menos elaborados, simples, para níveis mais elaborados, complexos, procurando superar o conformismo, pela criticidade e pela criatividade. Verifica-se, assim, um duplo processo educativo – o lazer como veículo e como objeto de educação.

Tratando-se do lazer como veículo de educação, é necessário considerar suas potencialidades para o desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. Tanto cumprindo objetivos consumatórios, como o relaxamento e o prazer propiciados pela prática ou pela contemplação, quanto objetivos instrumentais, no sentido de contribuir para a compreensão da realidade, as atividades de lazer favorecem, a par do desenvolvimento pessoal, também o desenvolvimento social, pelo reconhecimento das responsabilidades sociais, a partir do aguçamento da sensibilidade pessoal, pelo incentivo ao auto-aperfeiçoamento, pelas oportunidades de contatos primários e de desenvolvimento de sentimentos de solidariedade.

Por outro lado, para o desenvolvimento de atividades no tempo disponível, de atividades de lazer, quer no plano da produção, quer no do consumo não-conformista e crítico-criativo, é necessário aprendizado. Entretanto, quando a análise é dirigida ao lazer como objeto de educação – o que implica na consideração da necessidade de difundir seu significado, esclarecer a importância, incentivar a participação e transmitir informações que tornem possível seu desenvolvimento ou contribuam para aperfeiçoá-lo, entra-se numa área polêmica e marcada por muitas interrogações.

A principal delas talvez seja: como educar para o lazer conciliando a transmissão do que é desejável em termos de valores, funções, conteúdos etc., com suas características de “livre” escolha e expressão? Creio que a escolha será tão mais autêntica quanto maior for o grau de conhecimento que permita o exercício da opção entre alternativas variadas.

Além disso, as barreiras impostas pelos preconceitos e pelas várias correntes ideológicas, verificadas no plano cultural, poderão ser relativizadas com mais facilidade, à medida que o lazer vá sendo convenientemente entendido em termos dos seus valores e funções. E tal fato contribuiria para a expressão, através das atividades de lazer, adquirisse uma extensão muito maior. A própria passagem de níveis elementares para superiores teria condições de se concretizar mais rapidamente, através da ação educativa para o lazer somada a sua vivência, do que se dependesse unicamente da participação nas atividades, ou seja, se se restringisse à educação pelo lazer.

A educação para o lazer pode ser entendida, como um instrumento de defesa contra a homogeneização e internacionalização dos conteúdos veiculados pelos meios de comunicação de massa, atenuando seus efeitos, através do desenvolvimento do espírito crítico. Além do mais, a ação conscientizadora da prática educativa, inculcando a idéia e fornecendo meios para que as pessoas vivenciem um lazer criativo e gratificante, torna possível o desenvolvimento de

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atividades até com um mínimo de recursos, ou contribui para que os recursos necessários sejam reivindicados, pelos grupos interessados, junto ao poder público.

17. O AGENTE DE RECREAÇÃO

O agente de recreação é a pessoa responsável pelo planejamento de serviços destinados a oferecer a melhor exploração possível do tempo de lazer de seus clientes. Seu trabalho é junto a grupos de pessoas, a quem orienta quanto ao uso dos serviços e para quem programa atividades de recreação.

Apesar de ser um representante dos proprietários e dirigentes da instituição onde trabalho, não pode se esquecer de que trabalha com gente, e gente muito especial: grupos formandos por pessoas de temperamento e de interesses diferentes, cujo objetivo único comum é o de usufruir de prazeres, emoções, conforto e bem-estar durante o período de tempo dedicado ao lazer.

Para um bom desempenho junto à empresa e à clientela, o agente de recreação precisa desenvolver um conjunto de conhecimentos e de atitudes, de técnicas e de habilidades específicas que compõem o perfil desse profissional e o torna apto à execução de suas muitas atribuições, dentre as quais se destacam a liderança de grupos e o planejamento das atividades recreativas.

O bom recreador é aquele que vive, na liderança, a condição de participante. Que sabe olhar o interesse de todos; que escuta o desejo comum; que procura, na medida do possível, aproximar-se de cada um, sem perder a noção de grupo.

Mas lembre-se: como profissional de recreação e lazer, você não é um simples animador de grupos. Seu trabalho proporciona alegria e descontração e, na liderança de um grupo, você responde pelo melhor aproveitamento do tempo gasto em jogos e brincadeiras.

Por isso é tão importante que o agente de recreação possua preparo técnico adequado e habilidades específicas, além de características peculiares ao bom desempenho da função.

O preparo técnico supõe o conhecimento das noções e dos princípios que fundamentam seu campo de atuação; um bom domínio da expressão oral, de informações sobre as possibilidades do mercado de trabalho, dos fundamentos de higiene e segurança no trabalho, de primeiros socorros, entre outras. Dentre as competências básicas necessárias ao exercício da função de recreador, é de fundamental importância o desenvolvimento da capacidade de relacionamento interpessoal.

Através do lazer você tem oportunidade de se encontrar consigo mesmo e também com o outro. O lazer ajuda a criar novas formas de expressão, proporcionadas por um fazer livre e descompromissado. Por isso, o agente de recreação deve, também, ter postura de estímulo, interesse e respeito pelas pessoas. Precisa ser, antes de tudo, acessível, de convívio agradável, bem-humorado e flexível no trato com os outros.

Depende muito da habilidade do profissional levar pessoas diferentes, com expectativas diversas, a se unirem num mesmo movimento de interesse e cooperação. Por isso, o profissional de recreação e lazer deve gostar de gente e desenvolver sua capacidade de se relacionar com os outros. Não é tarefa das mais fáceis, mas quanto mais habilitado estiver o recreador, melhor o seu desempenho na direção dos grupos.

As pessoas diferem umas das outras além do aspecto “visual”. Elas reagem de forma diversa, suas exigências variam e as maneiras de ser de cada um afetam a

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relação do grupo. Todas essas diferenças devem ser respeitadas, pois são elas que compõem as marcas da identidade de cada um, fazendo-os indivíduos. E a liderança de grupos exige um conhecimento mínimo sobre a diversidade de comportamentos dos seres humanos.

No que se refere à educação social e à escolaridade, é bom lembrar que o meio em que as pessoas nasceram e cresceram, a região do país onde vivem, as escolas que cursaram e sua formação profissional exercem forte influência sobre seu caráter e personalidade.

Um outro aspecto diz respeito à alimentação. Ela varia de pessoa para pessoa, às vezes por questão de gosto, outras vezes por necessidade. Os hipertensos ou os diabéticos, por exemplo, precisam de dietas especiais. Os pratos típicos, portanto, devem ser oferecidos com moderação, apenas com uma mostra da cozinha local.

As preferências recreativas compõem outro aspecto diferenciador. Futebol, vôlei, jogos de salão, banhos de mar, aeróbica, caminhadas, cada pessoa tem sua predileção. Conhecendo as características, gostos, interesses individuais, fica mais fácil organizar uma programação que atenda a todos.

Existem as diferenças presentes no linguajar. Ainda que no grupo haja participantes expressando-se de várias maneiras, através de regionalismos interessantes ou de palavreado confuso - por vezes chulo -, o recreador deve manter sua expressão oral sempre clara e correta.

E a questão da formação religiosa e política? Esses são assuntos que sempre – ou quase sempre – geram polêmica. E aqui o princípio é o respeito às opiniões nas duas áreas, regidas pela pluralidade de tendências e opções.

Na condução de grupos, você talvez precise lidar com pessoas difíceis, que podem criar situações desconfortáveis. Habilidade e bom senso são extremamente úteis nessas circunstâncias. Mas, para ajudá-lo a melhor contornar tais situações apresentam-se a seguir, alguns dos traços mais característicos de certos temperamentos:

Os indivíduos de temperamento acentuadamente nervoso podem apresentar-lhes irrequietos, suscetíveis, mas também abertos a motivações e propostas. Como seu humor costuma ser mais instável, sugere-se que lhes seja dispensado um tratamento cordial e amistoso, evitando situações de conflito;

Nos tipos coléricos geralmente predominam a impulsividade e a capacidade de aplaudir ou explodir com igual vigor emocional. Essas pessoas costumam ter gosto pelo poder, pelo mando. É aconselhável delimitar as áreas, de modo firme e gentil, lembrando-lhes que em situações de lazer cabe ao recreador liderar, propor e viabilizar as preferências do grupo;

Outros já se mostram mais inclinados à apatia. Em geral, aderem ao proposto sem formular exigências. O que lhes sobra em concessão, freqüentemente falta-lhes em entusiasmo. Tais pessoas podem contribuir bastante nas decisões de interesse coletivo, por sua aptidão ao consenso. Quando estimuladas, apresentam respostas surpreendentes, agradáveis, que se revelam positivas para a agregação do grupo.

Convém observar que esses tipos de temperamento não retratam a maioria, que se caracteriza por mesclar duas ou mais tendências. Outro aspecto a ser destacado é que integrantes de grupo, fora de seus domínios habituais, tendem a se tornar mais participativos nos ambientes descontraídos do lazer.

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Para um bom desempenho no relacionamento interpessoal é importante também que você não descuide de certos aspectos indispensáveis ao seu próprio comportamento na condução de grupos, tais como os indicados a seguir:

A busca do autoconhecimento – quanto mais você se conhecer, souber de suas reações e do seu modo de viver o dia-a-dia, mais fácil será o trato com as dificuldades naturais, que surgem no convívio em grupo;

O gosto pelo convívio com as pessoas – prazer de orientá-las facilita o entrosamento, ajuda a ouvir as expectativas do grupo e a buscar formas de integrar seus componentes;

A facilidade de expressão – uma dicção clara e o cuidado com as palavras usadas garantem a correta e precisa transmissão das informações e o aproximam dos integrantes do grupo;

A discrição pessoal – fator importante para que você não leve aos grupos assuntos ou problemas seus, assim como temas polêmicos, que podem gerar desconforto. Aqui também se pode considerar a questão da apresentação pessoal: modo discreto de se vestir, sempre de acordo com a ocasião;

A tolerância – qualidade que permite compreender as diferenças individuais e, assim, evitar provocações e neutralizar comportamentos indesejáveis;

A clareza e a rapidez de raciocínio – fundamental para manter-se atento às respostas do grupo.

O bom recreador tem várias funções, sendo que dentre estas, e para uma melhor ação competente, está a capacidade de planejar. O planejamento é essencial para que se tenham bons resultados.

É necessário também que se conheça o ambiente. Seja qual for o local em que vá desempenhar sua função, o importante é entrosar-se com o ambiente e com as pessoas com quem vai trabalhar. Assim é importante que se observe com atenção e interesse os ambientes, a atitude das pessoas do setor, os materiais e equipamentos, as áreas disponíveis. Sua curiosidade é a de quem observa para melhor situar-se. O estágio de observação ajuda e facilita o trabalho que vem depois. É a fase de anotar falhas e acertos e de corrigir o mais urgente, sem esquecer que todas as ações futuras devem ser planejadas com base no interesse do público. Uma fórmula simples para atingir o objetivo principal da recreação é perguntar: “se fosse eu a me beneficiar das atividades recreativas, como gostar que as coisas acontecessem?”. De posse dos dados referentes ao ambiente, o recreador poderá, então elaborar programação adequada, sabendo onde, quando e como ir, os perigos e problemas que porventura pode enfrentar, os melhores horários para a programação. Outro fator importante é o conhecimento sobre o clima da região e sobre a relação entre a época do ano e os costumes locais, de modo a poder melhor definir que tipos de animação turística devem ser oferecidos. Por último mas, não menos importante, é necessário inteirar-se do tipo de grupo que vai coordenar: sua faixa etária, sua procedência, interesses e expectativas.

São vários os motivos que provocam o agrupamento de pessoas que vão em busca de atividades de lazer orientado. Conhecer esses motivos é fundamental para se montar um perfil da clientela. Observa-se que cada grupo ou pessoa utiliza seu momento de lazer como melhor lhe convier, porém é necessário que se determine o objetivo de cada grupo. Normalmente trabalhos com crianças e adolescentes envolvem jogos de corrida, natação, caminhada, escalada, atividade que as obrigue movimentar, sendo necessário salientar a utilização de atividades com caráter de cooperação. Já os adultos, de modo geral, preferem o total relaxamento, mas isso

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não os impede de aproveitar com prazer as caminhadas, exercícios de respiração e alongamento, jogos aquáticos, canto, dança de salão e tantas outras programações que venham ao encontro de seus interesses e gosto pessoais.

O importante é saber que o recreador deve buscar atividades adequadas ao momento, ao grupo etário e aos interesses gerais, assegurando-se de que cada um esteja totalmente entregue à atividade prazerosa e nela encontre formas de expressão pessoal e de relaxamento.

Conhecido o ambiente e a clientela, cabe ao recreador determinar o modo como o objetivo será alcançado. Essa forma compreende basicamente quatro etapas:

Especificação das atividades, quando se verificam que tarefas ou providências serão necessárias para que se alcance o objetivo;

Estabelecimento de prazos, o que consiste em definir o tempo necessário à execução de cada tarefa e organizar o cronograma geral de recreação;

Análise dos recursos humanos e materiais disponíveis, compreendendo a avaliação da quantidade e da qualidade desses recursos para a execução do que foi programado;

Determinação do local, escolhido a partir dos tipos de atividade recreativa que serão desenvolvidos e da quantidade prevista de participantes.

Outro ponto importante é o Marketing do evento. “A propaganda é a alma do

negócio”. Seja claro nos anúncios e de preferência bem objetivo. Seja qual for a forma de propaganda, deve-se colocar claro o local e o horário de inscrição, incluindo o nome do responsável pelo atendimento aos interessados. Precisa definir a hora e o local de realização da programação. Se o evento for externo, é fundamental comunicar também o local e o horário de partida. Importantíssimo é informar o valor dos serviços, relacionando as condições de pagamento, e, por fim, como obter dados complementares.

18. ATIVIDADES SISTEMATIZADAS DE LAZER

Quando se pensa em atividades de lazer é inevitável associá-las a conteúdos da recreação e educação física. Mas, sendo o lazer uma produção cultural no tempo livre, mostras de arte, óperas, passear, contemplar o nascer do sol, ver televisão ou escrever um poema podem ser também consideradas atividades de lazer. Basta serem experimentadas como opção cultural da pessoa no tempo livre.

Dado que este material está voltado a acadêmicos, educadores e profissionais do lazer das áreas da Educação Física, Turismo, Hotelaria e Pedagogia, serão tratados conteúdos mais diretamente ligados a esses cursos. Não obstante, ressalta-se que existem outras diferentes manifestações sistematizadas de lazer.

18.1 Estafetas e circuito:

Estafetas são atividades realizadas por equipes dispostas em fila, na qual cada componente deve concluir alguma ação para que o próximo integrante possa iniciá-la. O objetivo é a equipe cumprir a tarefa no menor tempo.

Estafeta matemática (exemplo): equipes com o mesmo número de integrantes e fila disposta em frente ao quadro negro. Entre o quadro e as equipes, existem caixas

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cheias de papeis com questões de aritmética. Ao sinal o primeiro da fila corre em direção ao quadro, retira o cálculo, resolve o problema, escreve o resultado e retorna para liberar a próxima de sua equipe.

O circuito integra a realização de várias tarefas dispostas em estações. Em um Festival de Peteca, os escolares passavam por 04 estações. Quatro grupos experimentavam a cada 20 minutos uma das vivências:

Quadras de peteca: partidas de peteca em duplas; Gramado: jogo de peteca com o grupo disposto em círculo; Salão: painéis sobre a história da peteca; Pátio: montagem de petecas (artesanato).

Podemos ter circuitos intelectuais, de obstáculos, de tarefas, esportivos, na água, de localização entre outros. As estações podem ser vivenciadas em seqüência nos casos de competição. Como na estafeta, vence quem concluir as estações no menor tempo. Também é possível organizar o circuito de modo a garantir que todas estejam ocupadas simultaneamente. Aleatoriamente ou restrito por tempo, as pessoas vão circulando pelas estações.

18.2 Dinâmica de grupo:

Exercícios que visam estimular atitudes esportivas dentro de um grupo ou alertar para comportamento desfavorável ao desenvolvimento pessoal/coletivo. Atividades como jogos, dramatização e charadas são algumas das possibilidades para fazer dinâmica de grupo.

Na recreação, os jogos de dinâmica de grupo, podem ser utilizados para identificar/desenvolver a personalidade das pessoas, o nível de cooperação no grupo ou sensibilizá-las para algum aspecto importante da realidade.

Ás vezes uma dinâmica bem dada pode até dispensar discursos ou sermões sobre algo errado no grupo. Porém, é importante criar um clima favorável à compreensão da “moral da história”, senão a dinâmica ficará apenas como uma “brincadeirinha”.

Quando iniciamos uma atividade com um grupo que pouco se conhece, realizamos dinâmicas para facilitar o relacionamento, a sociabilização (“quebra-gelo”).

Gonçalves e Perpétuo (1998) citados por Pimentel (2003) afirmam que esses tipos de jogos ajudam “as pessoas a se relacionarem, diminuindo tensões e facilitando a mudança de uma atividade para outra”. A atividade é estruturada em introdução, desenvolvimento e conclusão. Esta última se destina à pessoa avaliar o aprendizado obtido no processo. Exemplo: Dinâmica do barbante Material: Barbante de 30 cm. Objetivo: Autoconhecimento. Debater sobre a diferença entre nossa expectativa e o quanto conseguimos realizar. Desenvolvimento: Pedir que cada pessoa observe o seu barbante e anote quantos nós acha que conseguiria fazer, em 1 minuto, utilizando: 1º) somente a mão esquerda e 2º) somente a mão direita. Será proibido encostar o barbante no resto do corpo. Uma alternativa cooperativa é desenvolver a dinâmica em duplas. Depois, o professor pede para executarem a tarefa e realizar a comparação do resultado real com o imaginado. Geralmente, subestimamos nossa capacidade.

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18.3 Gincana

Caracteriza-se por ser uma atividade recreativa na qual a competição se dá através do cumprimento de tarefas (estabelecidas ou pré-estabelecidas). A cada atividade cumprida ou vencida atribui-se pontuação.

Considera-se uma modalidade recreativa muito atrativa, quer pelo seu dinamismo e pela variedade de provas, quer pela possibilidade de participação de muitas pessoas de idade, sexo e habilidades diferentes.

Atualmente, existem até gincanas virtuais pela internet. Porém, as mais comuns são aquelas nas quais se reúnem equipes organizadas por turma, bairro, grupo de amigos, setor de produção ou de forma aleatória. Tais equipes recebem com antecedência tarefas as quais devem ser entregues no(s) dia(s) da prova. Concomitante a realização do evento, mais tarefas e provas são acrescentadas pelos organizadores, intercalando provas prontas e provas surpresas.

Tarefas pré-determinadas: papagaio para “falar” o maior nº de palavras com uma determinada letra (pode estipular tempo caso queira); grito de guerra e mascote caracterizado; maior quantidade em Kg. de alimentos/agasalhos; a pessoa mais velha; a moeda mais antiga; carteira de identidade que comece com 9 e termine com 9; bigode natural mais comprido; apresentação de coreografia; trazer foto de infância do pároco, descobrir o nome completo do promotor do evento.

Provas surpresa: maior nº de pessoas dentro de um fusca; cabo de guerra; beber a maior quantidade de água em 1 minuto; estafetas; imitar cantor; pênalti feminino; responder perguntas sobre conhecimentos gerais; pintar o corpo; achar objeto escondido; colocar pessoas vendadas para identificar objetos.

18.4 Recreação Aquática

Com a expansão dos parques temáticos e, mais particularmente, dos parques aquáticos, aumentou a preocupação com formas agradáveis e atrativas de recreação no meio líquido. Embora existam tubos em diversas alturas, corredeiras lentas, brinquedos de escorregar, piscinas com ondas e com cascata ainda são necessários programas de animação sociocultural, até mesmo para dinamizar a ocupação dos atrativos físicos.

Os jogos e brincadeiras na água têm forte influência indígena (o brasileiro herdou uma relação lúdica com praias e cachoeiras). As brincadeiras foram sistematizadas para aulas de iniciação ao nado, em especial do público infantil nas fases de adaptação ao meio líquido, respiração, flutuação e deslizamento (locomoção na água).

A seguir algumas atividades para se fazer na piscina: 1. Caça ao tesouro: são atirados objetos na piscina (uns flutuando e outros mais

pesados, submersos). Dado o sinal de partida, as equipes (dispostas em lados diferentes da piscina) pulam para capturar o maior número de objetos; para segurança, irá uma equipe de cada vez, tendo o tempo cronometrado (vence o menor tempo).

2. Corrida da múmia: uma pessoa é envolta com papel higiênico (1 rolo). Vence a equipe que, carregando o colega, chegar ao final do trajeto sem molhar a múmia;

3. Briga de galos: disputa entre duas duplas para ver qual, através de empurrões, derruba primeiro a outra. Na dupla, um está assentado sobre os ombros do parceiro.

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18.5 Recreação Especial

Está relacionada a pessoas especiais, de vida especial. Deve conter os mesmos objetivos educacionais. As atividades podem ser as mesmas que as convencionais, feitas com algumas adaptações.

Pimentel (2003) detecta que a maior deficiência é a nossa mentalidade em não acreditar que o lazer traz benefícios a todas as pessoas, independente da diferença que cada uma possua. Portanto deve-se atender estas pessoas com atividades adaptadas e estimulá-las a ter um estilo de vida ativo.

Quando a pessoa em situação de deficiência física é dominada pela idéia de que é imperfeita, ela deixa-se apanhar pela ociosidade, apatia e desânimo; o que acarreta um círculo vicioso, pois quanto mais indisposta menor é a atividade física e, conseqüentemente, a qualidade de vida. Uma qualidade de vida pior leva a grau maior de indisposição. E, como reitera Vygotsky, quanto maior a privação de experiências, mais diminuto o grau de desenvolvimento.

A atividade física promove estímulos contínuos, seja uma estimulação neurofisiológica e psicológica (bem-estar), seja no ajustamento sócio-cultural (conviver em sociedade). No caso de amputados, após o acidente e superada a fase de choque, a pessoa em situação especial deve reassumir suas funções.

As aulas devem ser de características lúdicas tendo como objetivo favorecer o conhecimento de si mesmo; vivenciar situações de sucesso; estimular o convívio social; liberar o estresse (equilíbrio emocional); e aprimorar o condicionamento físico. Rosadas (1991) citado por Pimentel (2003) preconiza a estimulação do desenvolvimento global (na relação da atividade física com a cognição, entre outras funções); auxiliar no potencial criativo (recreação); treinar atividades em situações reais da vida (ex.: Mamãe da rua/atravessar rua); convívio comunitário (inclusão social); e ajustamento social pleno (cidadania).

A utilização de jogos e brincadeiras melhora o controle corporal de crianças com paralisia cerebral. As pessoas podem obter ganhos objetivos (equilíbrio estático, força muscular, amplitude de movimento) e subjetivos (sensibilidade, auto-estima, criatividade). Junto a deficientes mentais (D. M.) recomenda-se ao ensinar jogos, iniciar com explicação prévia da brincadeira e na execução da criança, agir com retroalimentação) elogiar no acerto e, se incorreto, dicas verbais de correção).

Na Educação Especial podemos dividir as pessoas em três níveis, conforme o grau de autonomia:

1. dependentes, precisam de atenção constante; 2. treináveis, podem ser condicionados a sozinhos realizarem tarefas; 3. educáveis, são capazes de se incluírem na sociedade e na educação.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 10% da população seria portadora de algum tipo de deficiência no mundo. Essas pessoas enfrentam dificuldades de acesso de lazer, educação, saúde e transporte, mas 70% deles podem ser integrados à sociedade.

Surge porém a pergunta! Será possível inserir crianças com déficit de cognição (síndrome de down e hiperativos) em colégios regulares sem prejuízos!? Aqueles que são favoráveis valem-se da teoria da zona de desenvolvimento proximal (Vygotsky). Colocam que uma criança influência a outra a subir os estágios de desenvolvimento. Logo, as crianças mais capacitadas serviriam de referência àquelas com alguma deficiência.

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Em contrapartida percebe-se a discriminação de alguns professores, pois, isolam o deficiente da sociedade, como se ele não pudesse superar os preconceitos. Observa-se que há crianças que não possuem condições de responder às necessidades da escola, no entanto, percebe-se a falta de preparação da escola e de vários profissionais para atuarem com estas crianças especiais.

Diversas iniciativas vêm sendo levadas a cabo para favorecer o acesso das pessoas com necessidades especiais a opções de lazer, dentro da capacidade adaptativa de cada pessoa. Um exemplo é o goalball: uma modalidade criada exclusivamente para cegos e portadores de visão subnormal. Participam dois times de três jogadores e o objetivo é lançar uma bola (com guiso) em direção ao gol adversário (09 metros de comprimento).

Algumas outras experiências já estão em andamento: brinquedoteca terapêutica para excepcionais; clubes recreativos adaptados; musicoterapia e arte reabilitação; esporte paraolímpico; natação para amputados, cegos e deficientes mentais; caminhadas de crianças da Apae pela cidade; deficientes visuais visitando zoológicos e museus (“museu do tato”); planejamento dos locais de lazer para receber paraplégicos

(acessibilidade); pacotes turísticos e hotéis com serviços especializados.

Deficientes auditivos e visuais devem realizar mais jogos sensoriais, ligados aos motores. Exemplo: quem sou eu?, bate o sino, pique-círculo (visuais); lenço risonho; corrida, barra manteiga (auditivos).

As atividades aquáticas são excelentes para as crianças especiais, pois solicitam todos os sentidos e também o aparelho locomotor.

Em estudo realizado por Melo et al (2001) citado por Pimentel (2003), com presidiários, homossexuais e prostitutas (HIV), descobriu que estes consideram o lazer como uma forma de diminuir o estigma e melhorar a qualidade de vida e que os momentos de lazer são compartilhados junto à família e filhos como uma forma de terem uma vida normal e os exercícios físicos visam a manutenção do corpo (estética).

É interessante observar que grupos especiais possuem lazeres ainda pouco esclarecidos, mas que possuem uma lógica. Adolescentes com dependência química pesquisados por Gimeno et al (1998) e Molinari (2000) citados por Pimentel (2003) apresentavam interesse por jogos de vertigem. Estranhamente, para Caillois (1994) citado pelo autor acima, as drogas seriam a corrupção (exagero) da vertigem experimentada nesses jogos. Na verdade, tanto o uso de drogas, quanto a prática de esportes radicais produzem vertigem (emoção, sensações, adrenalina), sendo que os jovens em tratamento buscavam trocar a dependência química por uma vertigem natural e socialmente aceita (skate, paraquedismo, rapel).

Atividades desse gênero, como os esportes radicais, têm a vantagem de estimularem maior cooperação social e a interação com o meio além de serem práticas emblemáticas da adolescência. Em complemento, estudiosos vêm introduzindo jogos cooperativos como estratégia de restabelecer a sociabilidade em parâmetros de confiança.

Os estudos dos hábitos, necessidades e desejos desses grupos podem em muito contribuir para formularmos diretrizes e intervirmos nessas realidades.

O importante é o tempo livre de pessoas com necessidades especiais ser pleno de possibilidades. Muitas vezes para poderem possuir condições de ir a um parque

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ou clube, são necessários tratamento e treinamento prévios. De outro lado, o espaço deve ser planejado para anular barreiras arquitetônicas.

Em todas as atividades devemos atentar para os perigos que rodeiam, como objetos que machucam e áreas de risco. A atenção deve ser redobrada e a paciência, triplicada.

Crianças portadores de mongolismo, procure atividades que motivem a criatividade, a força de pensamento (raciocínio) e a agilidade. Exemplo: fugir da bola, canguru, tartaruga sabida, corrida de equilíbrio, etc.

18.6 Ruas de Lazer

Embora brincar na rua seja uma prática antiga, ainda atrai várias crianças com propósitos de ludicidade. Esse tipo de evento visa a promoção do lazer comunitário utilizando-se das ruas ou praças para a realização de atividades recreativas sistematizadas.

A seqüência para efetivar as ruas consiste em: contato com a comunidade, definição das responsabilidades das partes, especificação do local e das atividades, orçamento, treinamento de pessoal, divulgação, solicitação de autorização e proteção pública, montagem, execução (o dia propriamente dito) e avaliação do evento.

As estratégias mais freqüentes são a montagem de um palanque para animação geral (concurso de calouros, mini-gincana, apresentações artísticas) e estações de brincadeiras (pintura, cama elástica, fantoches, “chutes a gol”, “arremessos à cesta”, rolamentos). Pode ainda haver montagem de postos de informação, barracas de alimentação ou salas para assembléia comunitária. Pode-se, ainda, enfatizar a face cultural desses eventos através de festas populares, teatro de rua, feiras de artesanato... na rua.

Como é repleta de várias atividades que se realizam ao mesmo tempo é necessário a atuação de vários instrutores. Marque o previamente o tempo de participação em cada atividade para que haja rodízio.

Outro aspecto inegável está na dimensão lúdica da rua, exercendo ligação entre o público e o privado. Na sociedade brasileira, a rua sempre ocupou lugar de destaque nas atividades sociais. Para populações de baixa renda é um dos equipamentos de lazer mais utilizados para brincar e conversar, apesar da violência urbana.

Como é repleta de várias atividades que se realizam ao mesmo tempo é necessário a atuação de vários instrutores. Marque o previamente o tempo de participação em cada atividade para que haja rodízio.

18.7 Colônia de Férias

Por este tipo de atividade entenda-se uma programação – em tempo integral ou parcial – realizada entre 5 a 30 dias, na qual as pessoas desenvolvem interesses recreativos, artísticos e esportivos de cunho educativo. Geralmente, as colônias de férias ocorrem em quartéis, fazendas, escolas, hotéis, acampamentos ou estâncias balneárias. E, embora pensemos imediatamente no público infantil, existe também colônia de férias destinadas ao público adulto e famílias.

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Finalidades: proporcionar as pessoas em férias oportunidade de preencherem esse período de forma orientada com atividade física, recreativa e desportiva, contato com a natureza, atividades artísticas, culturais e outras. Quanto aos Objetivos: Recreativo: Consideramos aquela cujas atividades desenvolvidas sejam somente de cunho recreativo. Em todas as Colônias de Férias, o cunho lúdico deve estar presente, o aspecto do prazer dos participantes é fundamental. Podem ser desenvolvidas Colônias de Férias cujas atividades tenham o cunho esportivo e serem classificadas em recreativas, desde que a atividade esportiva seja dinamizada e orientada para o objetivo recreativo. Desportiva: Consideramos aquelas que tenham como objetivo específico dinamização de técnicas e táticas de determinado ou determinados desportos. É o caso de um programa de meio período, durante 05 dias em que sejam ministradas somente atividade de voleibol. Mesmo que algumas dessas atividades sejam desenroladas de forma lúdica e recreativa, o objetivo principal é o aprimoramento dos participantes em determinada prática desportiva, o que não ocorra na Colônia de Férias cujo objetivo seja “recreativo”. Socializante: Toda Colônia de Férias deve ter como objetivo geral a socialização. Mas, podemos programar um em que o enfoque principal seja a socialização. Não são poucas as crianças, jovens e mesmo adultos com dificuldades de relacionamento. Cultural: Atividades culturais também são parte de quase toda programação de Colônia de Férias. Encontramos hoje em dia, algumas cujo objetivo central são as atividades culturais. Consideramos àquelas cujas atividades teatrais, artísticas e outras são o foco central. Exemplo de Colônia de Férias Cultural: a dinamizada em um teatro ou em ateliê artístico ou mesmo em praça pública ou praia desde que o enfoque seja centrado nas atividades culturais, ainda que, evidentemente, desenvolvidas de forma recreativa e lúdica. Específica: Consideramos aquelas que, além dos objetivos gerais citados, que desenvolvam suas atividades de forma recreativa, desportiva e cultural, tenham objetivo específico especial, tipo Colônia de Férias para diabéticos, para cardiopatas, para emagrecimento e outras. O enfoque nessas Colônias de Férias é muito mais amplo. Visa dar orientação específica aos participantes através de equipe multidisciplinar e poliprofissional. Por exemplo, em Colônia de Férias para diabéticos, o enfoque é a convivência do participante com seu problema, com a insulina, é o conhecimento nutricional, é o reconhecimento dos benefícios das atividades físicas. Em suma, como todas essas atividades podem contribuir para um melhor bem estar do indivíduo. É gratificante participar de uma Colônia de Férias desse tipo. Mista: A maioria das Colônias de Férias são do tipo mista. Consideramos aquelas que não possuem objetivo específico. São as realizadas de forma recreativa, desportiva e cultural. Desenvolvimento das atividades:

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Este é um parâmetro fundamental na decisão da realização de uma Colônia de Férias. Após identificarmos a classificação da mesma, é necessário estabelecer a forma como vamos executá-la em termos de atuação dos profissionais. Um dos fatores que influenciarão na decisão é os objetivos traçados para o programa. Podem ser três formas de atuação técnica: Professor Fixo na Turma: é aquela em que estipulamos um professor responsável pela turma e, este fica delegada a responsabilidade de desenvolver pela turma e, este fica delegada a responsabilidade de desenvolver as atividades fixadas no quadro de trabalho. O professor se coloca com a turma. Cabe a este profissional dinamizar as atividades na piscina, na quadra esportiva, no campo de futebol e assim sucessivamente. É a melhor opção operacional receptiva para uma Colônia de Férias Recreativa, cujos objetivos principais sejam os sociais e de integração comunitária. Onde não se tenha como meta o desenvolvimento técnico. Professor Fixo nas Atividades: é aquela em que o professor com especialização técnica permanece fixo em local determinado. Um professor na piscina, outro na quadra de basquetebol, outro no campo de futebol e assim sucessivamente. A turma se desloca de acordo com o quadro de trabalho, mas, o professor permanece nos respectivos locais. Esse tipo de trabalho foi utilizado em algumas unidades militares. Estipulava-se a um militar a responsabilidade de conduzir as turmas para os locais da prática desportiva onde, um professor de Educação Física dinamizava determinada atividade. É a melhor opção operacional receptiva para uma Colônia de Férias cuja meta seja o desempenho técnico. Misto: é a junção das duas anteriores. Um professor responsável pela turma, acompanhando a mesma em todos os setores e, um professor técnico em cada local de atividades. Sem dúvida alguma é a que melhor efeito terá em todos os sentidos. O professor fixo na turma terá condições de observar os participantes buscando a integração social ao passo que o professor fixo na atividade estará, auxiliado pelo professor da turma, desenvolvendo atividade específica, tais como basquetebol, teatro, arte, música, natação e outras. Poucas são as Colônias de Férias dinamizadas desta forma. O encarecimento do custo da mesma praticamente a inviabiliza. A forma mais utilizada é a do professor fixo na turma.

De acordo com Pimentel (2003), considera-se essencial para se realizar uma

colônia de férias: 1. definir público alvo, local mais apropriado e duração; 2. construção de projeto prevendo custos (dividir gastos totais com o nº de

“colonins”), tamanho da equipe, material necessário, aluguel do espaço, transporte, alimentação, divulgação, segurança e parte técnica: objetivos e metas, metodologia de trabalho, síntese da programação (nunca mostre o plano de ação muito detalhado: ninguém vai ler ou pode haver plágio de suas idéias);

3. acertos com os parceiros (clubes, igrejas, condomínios, escolas), apresentando o projeto de forma clara e sintética;

4. divulgação do evento e inscrições; 5. treinamento da equipe e preparação do local/material. Sempre após a colônia e, de preferência durante a mesma, realizar sua

avaliação, visando cobrir as falhas e melhorar o trabalho.

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18.8 Acampamento e Acantonamento

Acampamento é realizado com barracas enquanto acantonamento consiste na ida a um local com acomodações prontas, mesmo que rústicas, com adaptação de um local para alimentação, banho e acomodação do grupo para pernoitar. As idéias associadas a acampamento são autodisciplina, companheirismo, dormir fora de casa e contato com a natureza.

Possivelmente, os primeiros modelos de acampamento vieram do escotismo. Este, por sua vez, originou-se com a influência militar. Assim, quando os pais enviam seus filhos aos acampamentos, eles esperam coisas como todos ficarem em fila, arrumarem seus quartos ou barracas, obedecerem às ordens, enfrentarem situações difíceis na natureza e adquirirem senso de lealdade e disciplina. Assim o profissional deverá graduar o rigor com outras estratégias educacionais. Stoppa (1999) citado por Pimentel (2003) reforça, com base em seus estudos sobre acantonamentos, que a ação do profissional pode violentar o modo de ser da criança quando é feita de maneira manipuladora e autoritária. Tem-se resgatado a faceta de interação como o meio natural (movimento ecológico).

Salienta-se a importância de não “inchar” a programação, dando um tempo para que a criança possa criar suas próprias atividades e expandir sua responsabilidade, sociabilidade e independência.

Em geral existem acampamentos que recebem grupos escolares ou colônias de férias. Tanto existem locais com equipe própria (atreladas a um pacote de atividades) ou somente o aluguel de local para a realização do evento.

Tem-se surgido vários acantonamentos e acampamentos porém, nem todos são preparados de maneira a garantir segurança e o cumprimento dos objetivos (“ocupação sadia”, consciência ecológica, ...). É importante selecionar rigorosamente os especialistas, tanto pela necessidade de um trabalho diferenciado quanto para evitar riscos à integridade dos clientes. Os riscos vão desde acidentes devidos à negligência do monitor até casos de pedofilia.

É importante apontar outros aspectos importantes como ter os objetivos definidos, traçar o perfil do público, criar fichas médicas e disciplinares para controle e prevenção, determinar local, transporte, alimentação, equipe, materiais condizentes com a programação e não permitir viagem sem autorização dos pais.

A programação deve e/ou poderá prever: 1. Dia esportivo, incluindo tempo livre; 2. Banho e arrumação das camas; 3. Pequeno show ou concurso interno; 4. Jantar (de preferência um cardápio de fácil preparo, em que vários alunos

podem colaborar na execução, serviço e limpeza final); 5. Baile com discos e fitas; no final, concurso de dança; 6. Arrumação e repouso. No dia seguinte, após o café e arrumação, jogos e brincadeiras recreativas com

bola ou não, enquanto se espera a saída dos alunos; os quais normalmente são buscados pelos pais ou responsáveis. Contudo proporciona aos alunos a oportunidade de se relacionarem em melhores situações do que as possíveis em aula, ao mesmo tempo que oferece boas oportunidades de observação dos alunos pelos professores durante as atividades.

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18.9 Matroginástica e Macroginástica

A Matroginástica é originária da Espanha (mater = mãe; ginástica = exercício). Consiste numa atividade física orientada, realizada entre pais e filhos. Com o tempo percebeu-se sua eficácia na aproximação somática dentro da família, percebendo também que o ambiente familiar exerce grande influência no desenvolvimento motor da criança. Sua finalidade é propiciar educação motora e fortalecer o vínculo familiar através de movimentos corporais de contato.

Ocorre de forma parecida com uma sessão de ginástica. Primeiro um aquecimento, com pais/filhos realizando movimentos variados. Depois, uma fase aeróbia na qual todos participam de movimentos de deslocamento e coreografias simples. Por fim, a parte localizada com uso de materiais e atividades cooperativas entre pais e filhos. Encerra-se com alguma dinâmica integradora. Com o tempo a matroginástica foi perdendo forças devido o comparecimento de pessoas sem a família, originando Macroginástica.

Pode ser entendida como um conjunto de atividades físicas em forma de recreação, reunindo um grande número de pessoas que se movimentam ao mesmo tempo com liberdade, sob a coordenação de um orientador e o estímulo de músicas em consonância à realidade local.

Os movimentos durante a Macroginástica são os mais variados possíveis: andar, correr, saltar, sentar, deitar, imitar os movimentos de que está nadando ou tentando voar, imitar posições e movimentos de animais. Os exercícios e brincadeiras geralmente são sugeridos pelo andamento da música e vão se sucedendo à medida que o grupo vai se movimentando. Mas isso depende também da linha de trabalho que cada orientador desenvolva. Alguns preferem adotar movimentos baseados em danças folclóricas da região; outros enfatizam mais os exercícios de ginástica tradicional; ainda há os que dão mais ênfase às brincadeiras, sugerindo uma movimentação lúdica.

- Tanto na Matroginástica quanto na Macroginástica a comunicação é uma ferramenta muito importante para unir e organizar os eventos. Ela se dá de diferentes formas, uma vez que o ser humano possui formas de comunicação (a fala; a escrita; o contato com o corpo; a expressão facial e a mímica).

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19. BIBLIOGRAFIAS

19.1 Bibliografia Básica

CAMPOS, Luiz Cláudio de A. Menescal et al. Lazer e Recreação. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 1998. FERREIRA, Vanja. Educação Física: recreação, jogos e desportos. Rio de Janeiro: Sprint, 2003. KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a recreação. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e Humanização. 7ª ed. São Paulo: Papirus, 1983. MARCELLINO, Nelson Carvalho. Estudos do lazer: uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996. PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis. LAZER: fundamentos, estratégias e atuação profissional. Jundiaí/SP: Fontoura, 2003.

19.2 Bibliografia Complementar

BRUHNS, Heloísa Turini (org.). Introdução aos estudos do lazer. Campinas: UNICAMP, 1997. FRIETZEN, Silvino José. Dinâmicas de Recreação e Jogos. 7ª ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1985. GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 2000. GOUVÊA, Ruth. Recreação. 4ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1969. MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e Educação. 3ª ed. São Paulo: Papirus, 1995. MORENO, Guilherme. Recreação: 1000 jogos com acessórios. 3ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001. NOGUEIRA, Écio Madeira. e DIAS, Eduardo Alves. Ginástica Localizada: 1000 Exercícios. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1999. TUBINO, Manoel. As teorias da educação física e do esporte: uma abordagem epistemológica. São Paulo: Manole, 2002. UVINHA, Ricardo Ricci. Juventude, lazer e esportes radicais. São Paulo, Manole, 2001.

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WERNECK, Christianne. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões contemporâneas. Belo Horizonte: UFMG, 2000.

http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=195 (acessado em 04/02/2006).