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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO): DESENVOLVIMENTO E ESTUDOS PSICOMÉTRICOS TESE DE DOUTORADO Marizete Ilha Ceron Santa Maria, RS, Brasil 2015

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA

COMUNICAÇÃO HUMANA

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA

(INFONO): DESENVOLVIMENTO E ESTUDOS

PSICOMÉTRICOS

TESE DE DOUTORADO

Marizete Ilha Ceron

Santa Maria, RS, Brasil

2015

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO): DESENVOLVIMENTO E ESTUDOS PSICOMÉTRICOS

Marizete Ilha Ceron

Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em

Distúrbios da Comunicação Humana, da Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Doutor em Distúrbios da Comunicação Humana.

Orientador: Profa. Dra. Márcia Keske-Soares

Santa Maria, RS, Brasil

2015

© 2015 Todos os direitos autorais reservados a Marizete Ilha Ceron. A reprodução de partes

ou do todo deste trabalho só poderá ser feita com autorização por escrito do autor. Endereço:

Rua Bem-Te-Vi, 215, Bairro Jucelino Kubitschek, Santa Maria – RS, 97035- 130 Fone:

(55)99856067; Endereço eletrônico: [email protected].

Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação

Humana

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

aprova a Tese de Doutorado

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO):

DESENVOLVIMENTO E ESTUDOS PSICOMÉTRICOS

elaborada por

Marizete Ilha Ceron

como requisito parcial para obtenção do grau de

Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana

COMISSÃO EXAMINADORA:

Santa Maria, 05 março de 2015

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, fonte maior de amor e força.

À minha família, Mãe e Pai, pelo amor, companheirismo, incentivo, apoio

incondicional e a fé de que tudo daria certo.

À Profa. Márcia Keske-Soares, orientadora deste trabalho, pelo incentivo, apoio e,

acima de tudo, pelos ensinamentos. Minha admiração, carinho e respeito. A conquista de hoje

é nossa! Muito Obrigada!

Às Profªs Drªs, Márcia Keske-Soares, Tatiana Bagetti, Haydée Fiszbein, Karina

Carlesso Pagliarin, Helena Bolli Mota por aceitarem a participar deste momento, contribuindo

para o aprimoramento deste trabalho.

Às minhas colegas de profissão e amigas queridas, Karina Carlesso Pagliarin,

Marileda Barrichello Gubiani, Joviane Bonini pelo companheirismo, carinho, incentivo, troca

de experiências e momentos de descontração.

A todas que me ajudaram diretamente na coleta dos dados nas escolas, Marileda

Gubiani, Luciana Barberena, Ana Cristina Prates, meu muito obrigado. Sem vocês o trabalho

seria inviável!

Às colegas do Laboratório de Fala, Marileda Gubiani, Luciana Barberena, Ana

Cristina Prates, Gabrieli Donicht, Mariéli Barrichello Gubiani, Isabela Fattore, Simone de

Simoni e Caroline Portalete que também colaboraram com os dados desta pesquisa, muito

obrigada.

Ao graduando do Curso de Ciências da Computação e bolsistas do Laboratório de

Fala, Jonatas Corteze por desenvolver os vários programas que auxiliaram a

elaboração/testagem do INFONO.

Aos graduandos do Curso de Desenho Industrial e bolsistas do Laboratório de Fala,

Matheus Tanuri por desenvolver todos os desenhos do INFONO e Matheus Moreira por

desenvolver a Logomarca. Ao Marcos Silveira pelas animações das imagens do software.

A Camila Rosa de Oliveira pelas conversas (via Skype) agora no final. A cada

conversa uma nova ideia, uma nova análise. Sou muito grata a você pelo carinho, auxilio e

dedicação que sempre teve comigo.

Às escolas e professores das instituições pela disponibilidade e cooperação. Às

crianças que participaram deste estudo e seus pais, por depositarem confiança no meu

trabalho.

À Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em especial ao Programa de Pós-

Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana (PPGDCH), por disponibilizar

aprimoramento científico de qualidade.

Ao Núcleo de Inovação Tecnológica da UFSM pelos esclarecimentos sobre o registro

de programas de computador.

A CAPES e FAPERGS, pela bolsa concedida.

A todos aqueles que, de uma forma ou de outra, me auxiliaram na elaboração e

aprimoramento deste trabalho.

RESUMO

Tese de Doutorado

Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana

Universidade Federal de Santa Maria

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO): DESENVOLVIMENTO

E ESTUDOS PSICOMÉTRICOS

AUTORA: Marizete Ilha Ceron

ORIENTADORA: Márcia Keske-Soares

Santa Maria, 05 de março de 2015.

O instrumento de avaliação fonológica (INFONO) foi desenvolvido para diagnosticar o desvio

fonológico em crianças monolíngues do Português Brasileiro (PB). Esta tese teve como objetivo

contribuir com o desenvolvimento e normatização do INFONO verificando a influência da idade,

sexo, e tipo de escola (pública ou privada) na produção de consoantes e encontros consonantais

para a população do sul do Brasil, assim como, apresentar evidências de validade e fidedignidade

do instrumento. Foram realizados três estudos, no primeiro foi realizada a testagem da versão

preliminar do INFONO em uma situação real de avaliação (amostra piloto) e verificar sua

adequação quanto à identificação da figura; e, se esta permite a produção da palavra-alvo

desejada. Foi realizada uma análise descritiva sobre a aplicação do instrumento e analisado o

percentual de reconhecimento de cada palavra-alvo. O segundo estudo analisou os efeitos do sexo,

idade e tipo de escola na produção dos fonemas de 733 participantes. Foi realizada uma análise de

regressão linear múltipla com método stepwise. Os dados normativos para cada grupo foram

relatados através das médias e desvios-padrão, além da pontuação referente ao percentil 5 e

percentil 10. O terceiro estudo verificou as evidências de validade e fidedignidade do INFONO.

Participaram deste estudo 847 crianças, divididas em três grupos: típico, controle e clínico. A

consistência interna foi analisada a partir da técnica Alpha de Cronbach. Para a validade de

critério comparou-se o desempenho entre os grupos através do teste t de Student para amostras

independentes. Realizou-se a análise discriminante stepwise com o método do Ʌ de Wilks. A

concordância intra e inter-avaliadores foi investigada por meio do Teste de Kendall. Os dados

foram analisados através do software SPSS versão 22, considerando-se significativo quando p ≤

0.05. Os resultados permitiram verificar que a maioria das palavras-alvo, com as respectivas

figuras elaboradas, obtiveram um percentual de reconhecimento alto, sendo estas consideradas

adequadas para comporem o INFONO. Algumas figuras precisaram ser reelaboradas para facilitar

a produção espontânea do alvo e outras foram excluídas do instrumento. O efeito da idade foi

consideravelmente mais frequente, quando comparado ao sexo e ao tipo de escola para a produção

dos fonemas por nomeação espontânea. Em geral, observou-se o aumento da produção correta dos

fonemas com o aumento da idade; melhor desempenho das meninas quando comparado aos

meninos; e, oscilação em relação ao desempenho na produção dos fonemas entre participantes de

escola pública e privada. O INFONO apresentou adequadas evidências de validade (consistência

interna e análise discriminante) e fidedignidade (consistência interna) indicando uma

confiabilidade satisfatória dos itens, bem como, excelente concordância entre os escores do teste

(confiabilidade intra e inter-avaliador). O desempenho do grupo clínico para todos os fonemas foi

inferior ao grupo controle mostrando que os escores são sensíveis para identificar crianças com

desenvolvimento fonológico típico e atípico. Os resultados dos estudos contribuíram para o

desenvolvimento do primeiro instrumento de avaliação fonológica no computador normatizado

para a população do sul do Brasil, além de apresentar evidências de validade e fidedignidade para

o diagnóstico do desvio fonológico.

Palavras-Chave: Validade dos testes, Testes de Articulação da Fala; Criança; Fala; Transtornos da

Articulação; Avaliação

ABSTRACT

Doctoral Thesis

Graduate Program in Human Communication Disorders

Universidade Federal de Santa Maria

PHONOLOGICAL EVALUATION INSTRUMENT (INFONO): DEVELOPMENT AND

PSYCHOMETRIC STUDIES

AUTHOR: Marizete Ilha Ceron

MAIN SUPERVISOR: Márcia Keske-Soares

Santa Maria, 05 de março de 2015.

The phonological evaluation instrument (Instrumento de Avaliação Fonológica - INFONO) was

developed to diagnose speech disorder in Brazilian Portuguese (BP) monolingual children. The

current thesis aims to help developing and standardize INFONO by checking the influence of age,

gender and the kind of school (public or private) on the production of consonants and consonant

clusters in the population in the South of Brazil, as well as to present evidences of validity and

reliability of the instrument. Three studies were done, the first study tested INFONO’s

preliminary version in a real evaluation scenario (pilot sample) and checked its adequacy to the

identification of the figure; and, whether such adequacy enables the production of the expected

target-work. A descriptive analysis on the use of the instrument was done and the recognition

percentage of each target-word was analyzed. The second study assessed the effects of gender,

age and type of school on the 733 participants’ phoneme production. A multiple linear regression

analysis was done using the stepwise method. The normative data of each group were reported

through means and standard deviation, besides the score of percentiles 5 and 10. The third study

checked evidences of INFONO’s validity and reliability. Eight hundred and forty-seven (847)

children participated in the study and they were divided into three groups: typical, control and

clinical. The internal consistency was analyzed according to the Alpha Cronbach technique. The

performance among groups was compared through the Student T test in independent samples to

validate the criteria. The stepwise discriminant analysis was done using the Wilks Ʌ method. The

intra and inter-rater agreement was investigated by means of Kendall test. Data were analyzed in

the SPSS software version 22, and they were considered significant when p ≤ 0.05. Results

enabled observing that most of the target-words, along with the respective elaborated figures,

reached a high recognition percentage and they were considered adequate to be part of INFONO.

Some figures needed to be re-elaborated in order to facilitate the target’s spontaneous production

and other figures were excluded from the instrument. The effect of age was considerably more

often in the production of phonemes by spontaneous naming in comparison with gender and the

type of school. Overall, it was observed increase in the correct production of phonemes with

aging; better performance of girls if compared with boys; and, oscillation in phoneme production

performance among public and private school participants. INFONO presented adequate

evidences of validity (internal consistency and discriminating analysis) and reliability (internal

consistency). It indicates satisfactory reliability of items as well as excellent agreement among the

test’s scores (intra and inter-rater reliability). The clinical group’s phoneme performance was

lower than that of the control and it shows that the scores are sensitive to identify children with

typical or atypical phonological development. The current results helped developing the first

computer phonological evaluation instrument standardized to the population in the South of

Brazil, besides presenting evidences of validity and reliability to diagnose speech disorders.

Keywords: Validity of Tests; Speech Articulation Tests; Child; Speech; Articulation Disorders;

Evaluation

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8

1.1. Teoria Fonológica: Fonologia Autossegmental ............................................................. 11

1.2. Desenvolvimento da fala ............................................................................................... 12

1.3. Desvio fonológico ......................................................................................................... 14

1.4. Avaliação fonológica ..................................................................................................... 15

1.5. Propriedades Psicométricas ........................................................................................... 22

1.6. Objetivos ........................................................................................................................ 31

1.7. Contexto da pesquisa ..................................................................................................... 31

2. ESTUDOS EMPÍRICOS .................................................................................................. 41

2.1. Estudo 1- INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO): ESTUDO

PILOTO .................................................................................................................................... 41

Resumo ..................................................................................................................................... 41

Abstract ..................................................................................................................................... 42

Introdução ................................................................................................................................. 43

Método ...................................................................................................................................... 45

Resultados ................................................................................................................................. 50

Discussão .................................................................................................................................. 62

Conclusão ................................................................................................................................. 64

Referências ............................................................................................................................... 65

2.2. Estudo 2 - FATORES EXTRALINGUÍSTICOS NA PRODUÇÃO DOS SONS E

DADOS NORMATIVOS DA AVALIAÇÃO FONOLÓGICA - INFONO ............................ 68

Resumo ..................................................................................................................................... 68

Abstract ..................................................................................................................................... 69

Introdução ................................................................................................................................. 69

Método ...................................................................................................................................... 72

Resultados ................................................................................................................................. 75

Discussão .................................................................................................................................. 88

Conclusão ................................................................................................................................. 92

Referências ............................................................................................................................... 92

2.3. Estudo 3 - EVIDÊNCIAS DE VALIDADE E FIDEDIGNIDADE DE UM

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA - INFONO ......................................... 96

Resumo ..................................................................................................................................... 96

Abstract ..................................................................................................................................... 97

Introdução ................................................................................................................................. 98

Método .................................................................................................................................... 100

Resultados ............................................................................................................................... 104

Discussão ................................................................................................................................ 111

Conclusão ............................................................................................................................... 113

Referências ............................................................................................................................. 114

3. DISCUSSÃO GERAL .................................................................................................... 117

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 122

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 124

6. APÊNDICES ................................................................................................................... 133

1. INTRODUÇÃO

Esta Tese aborda como tema o desenvolvimento parcial do instrumento de avaliação

fonológica (INFONO), mais precisamente, apresenta o estudo piloto realizado para verificar a

adequação dos estímulos para posterior elaboração do instrumento e o desenvolvimento de

estudos de normatização, validade e fidedignidade deste.

Este instrumento de avaliação fonológica está sendo elaborado desde 2011 quando o

projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa

Maria. O objetivo do projeto foi elaborar, criar e validar um instrumento de avaliação

fonológica no computador, que auxiliasse o diagnóstico rápido e fácil dos distúrbios dos sons

da fala (desvio fonético e/ou desvio fonológico), sendo que apenas este último (desvio

fonológico) foi enfatizado neste estudo.

O desvio fonológico1 caracteriza-se por omissão e/ou substituição de fonemas na fala

durante o desenvolvimento fonológico, porém em idades em que estas alterações não

deveriam mais ocorrer. Na população infantil, o desvio fonológico é uma das alterações com

alto percentual de ocorrência (CASARIN, 2006; CAVALHEIRO, 2007; NEWMEYER et al.,

2007; SKAHAN, WATSON e LOF, 2007; PAGAN-NEVES e WERTZNER, 2010; SOUZA,

MARQUES e SCOTT, 2010; RABELO et al., 2011; MÜÜRSEPP et al., 2012).

O INFONO está sendo desenvolvido para auxiliar no diagnóstico de desvio

fonológico. Para isto, este instrumento constará de três formas de avaliação dos dados da fala:

repetição, nomeação espontânea e fala encadeada. As duas primeiras já foram desenvolvidas

no software, mas nesta tese será abordada apenas a nomeação espontânea. A avaliação pela

nomeação espontânea deste instrumento precisou passar por rigorosas etapas de elaboração,

criação, estudos de validade e fidedignidade (propriedades psicométricas) e processo de

normatização e padronização. O INFONO poderá ser utilizado para avaliação fonológica em

outras patologias ou distúrbios de linguagem como, por exemplo, no distúrbio específico de

linguagem; bem como, em outras regiões do país. Porém, nesses casos salienta-se a

necessidade de realizar novos estudos psicométricos e de normatização para tal população,

uma vez que os testes só devem ser usados com crianças cujos dados demográficos pessoais

estão representados na amostra normativa (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; FRIBERG,

2010; KIRK e VIGELAND, 2014). Testes padronizados ajudam o clínico a determinar se a

1 O termo “desvio fonológico” será utilizado nesta tese por abranger uma terminologia linguística. Os termos

“transtorno fonológico” ou “distúrbio fonológico” podem ser usados como sinônimo.

9

pontuação de uma criança é semelhante ou não a de um grupo de indivíduos com

características semelhantes.

No Brasil, são poucos os instrumentos de avaliação adequados à realidade

sociocultural na área da saúde, inclusive na Fonoaudiologia (GIUSTI e BEFI-LOPES, 2008;

OSHIMA et al., 2010). A escassez de instrumentos faz com que profissionais avaliem uma

determinada patologia, algumas vezes, baseando-se na sua própria experiência clínica; e,

outras vezes, utilizando instrumentos internacionais não adaptados e/ou que não passaram por

estudos psicométricos para a população brasileira.

É importante que os testes que serão utilizados na clínica e/ou na pesquisa sejam

confiáveis para fornecer resultados fidedignos e válidos para atingir o objetivo para os quais

eles foram desenvolvidos, como diagnosticar os desvios e fornecer subsídios para o

planejamento terapêutico. Dessa forma, estudos que busquem evidências de validade e

fidedignidade são essenciais para que qualquer instrumento seja aplicado e interpretado com o

devido rigor. Para tanto, é fundamental a realização de estudos das propriedades

psicométricas que são métodos de medidas utilizadas para a investigação, descrição e

comprovação do teste (análises de validade e fidedignidade, normatização e padronização).

Um instrumento de avaliação deve incluir estudos que envolvam evidências de

validade, meio pelo qual se examina a legitimidade das interpretações do instrumento; e, de

fidedignidade que se refere à estabilidade dos resultados obtidos no teste (MCCAULEY,

2001; KIRK e VIGELAND, 2014). Essas propriedades são essenciais para que o INFONO

possa ser aplicado e interpretado com o devido rigor. A normatização de um teste diz respeito

às normas de interpretação de desempenho do grupo no instrumento. A padronização refere-se

a um método claro de aplicação e pontuação do instrumento, ou seja, a forma de

administração do instrumento deve, rigorosamente, ser a mesma para que os resultados

possam ser interpretados adequadamente (PASQUALI, 1999; 2003).

Portanto, para desenvolver testes, algumas recomendações importantes são realizadas,

como: fornecer evidências psicométricas de que o teste é apropriado para o uso pretendido e

utilizar amostras normativas representativas da população para uma maior confiabilidade

(MCCAULEY e SWISHER, 1984a; FRIBERG, 2010; VIGELAND e KIRK, 2013). A

validade de um teste inicia no momento em que se pensa em construí-lo e subsiste durante

todo o processo de elaboração, aplicação, correção e interpretação dos resultados

(RAYMUNDO, 2009).

10

A avaliação fonológica realizada pelo INFONO fornece automaticamente a análise dos

dados da avaliação (lista das palavras-alvo e transcrições) e os resultados: análise contrastiva,

inventário fonético e fonológico (fonemas em diferentes posições e estruturas silábicas),

análises dos traços distintivos, análise dos processos fonológicos2 e da gravidade do desvio.

Ao final do processo de desenvolvimento do INFONO, os fonoaudiólogos poderão contar

com um instrumento padronizado, condizente com a realidade do Rio Grande do Sul, que

avalia todos os fonemas do Português Brasileiro (PB) através de repetição, nomeação

espontânea e fala encadeada, e que fornece as evidências psicométricas essenciais. Salientasse

que apenas a repetição e a nomeação espontânea encontram-se prontas para uso, sendo

possível realizar a análise contrastiva que foi utilizada nesta pesquisa (inventário fonético e

fonológico). As demais análises, dos traços distintivos, dos processos fonológicos e da

gravidade do desvio estão sendo desenvolvidas no software ainda.

A elaboração, desenvolvimento e realização de estudos de validade e fidedignidade do

INFONO visou contribuir com o desenvolvimento de um instrumento de avaliação fonológica

confiável, bem como, buscar evidências de validade e fidedignidade para a população do Rio

Grande do Sul. Ainda, analisou-se a influência de fatores extralinguísticos como idade, sexo e

tipo de escola na produção dos fonemas. Realizaram-se três estudos: (a) “Instrumento de

avaliação fonológica (INFONO) – estudo piloto” em que o instrumento de avaliação no

computador foi aplicado em uma amostra piloto a fim de testar a versão preliminar do

INFONO por nomeação espontânea em estudo piloto e verificar sua adequação quanto à

identificação da figura; e, se esta permite a produção da palavra-alvo; (b) “Fatores

extralinguísticos na produção dos sons e dados normativos da avaliação fonológica -

INFONO”, que objetivou analisar os efeitos da idade, sexo e tipo de escola na produção dos

fonemas na avaliação fonológica de crianças sem queixas de alterações; e, (c) “Evidências de

validade e fidedignidade do instrumento de avaliação fonológica (INFONO)”, que visou

apresentar as evidências de validade e fidedignidade do instrumento de avaliação fonológica.

Abaixo uma breve revisão de tópicos importantes que auxiliaram para o desenvolvimento

desta tese.

2 O termo “processo fonológico” foi utilizado nesta tese por ser uma terminologia comumente utilizada em

estudos internacionais. O termo “estratégia de reparo” pode ser usado como sinônimo, no entanto ambas se

referem a denominações de enfoques teóricos distintos.

11

1.1. Teoria Fonológica: Fonologia Autossegmental

A fonologia é o aspecto da linguagem que se refere ao modo como os sons se

organizam e funcionam dentro de uma língua. Na Fonologia Autossegmental (GOLDSMITH,

1976) os segmentos (fonemas) deixam de ser entendidos como um conjunto desordenado de

traços e passam a ser representados com uma organização interna, hierárquica entre os traços

que compõem o fonema da língua. Isso permite a segmentação independente de suas partes,

isto é, ao omitir um fonema, não necessariamente todos os traços que o compõem

desaparecerão (BISOL, 2005). A substituição de um fonema por outro, durante os estágios de

desenvolvimento fonológico, deve ser entendida como a não aquisição do valor fonológico

daquele traço e não de todos os traços que o compõem (MIRANDA e MATZENAUER,

2010).

A Geometria de Traços (CLEMENTS, 1985; CLEMENTS e HUME, 1995) foi

proposta com o objetivo de representar a hierarquia (organização interna) existente entre os

traços fonológicos e o fato de poderem ser manipulados isoladamente ou em conjunto. Essa

representação possibilitou expressar a naturalidade dos processos fonológicos que ocorrem

nas línguas do mundo. A existência de cada nó de classe e a subordinação de traços na

estrutura não é aleatória, os nós têm razão de existir porque funcionam como uma unidade em

regra fonológica.

A Geometria de Traços para as consoantes do PB (MOTA, 1996) está representada na

Figura 1.1.1. Nesse modelo, há uma estrutura representada por Nós (de Raiz, Laríngeo, de

Cavidade Oral, de Ponto de Consoante), os quais estão hierarquicamente organizados.

Raiz soante

aproximante

Laríngeo - vocóide

[ voz] Cavidade Oral

Ponto de C [ contínuo]

[labial] [coronal] [dorsal]

[anterior]

Figura 1.1.1 - Geometria de traços das consoantes, adaptada por Mota (1996, p. 107).

12

O Nó de Raiz domina todos os traços, sendo constituído pelos traços de classe

principal [soante], [aproximante] e [vocóide]. O Nó Laríngeo representa o papel da laringe na

produção dos sons, sendo representado pelo traço de sonoridade [voz]. O Nó de Cavidade

Oral representa a função desta na produção articulatória dos sons, e a ele estão ligados os

traços de ponto de articulação (Nó de Ponto de Consoante) e de modo de articulação

[contínuo]. O Nó Ponto de Consoante, que representa o ponto de articulação na produção

dos sons, estão os traços [labial], [coronal] e [dorsal], e o [±anterior], que são dependentes do

[coronal] (MOTA, 1996).

Com base na Fonologia Autossegmental, o processo de aquisição de fonemas pode ser

entendido como a ativação gradual de traços na estrutura interna dos fonemas (MOTA, 1996;

LAZZAROTTO-VOLCÃO, 2009). A fonologia de toda língua integra um inventário de

fonemas que promovem a contrastividade (“gato x galo”, “bala x mala”), tendo sua estrutura

previsível por regras e/ou restrições da língua (por exemplo, no PB, são observadas

sequências como “pr” e “pl”, mas não são permitidas “sm” e “sp”) (MIRANDA e

MATZENAUER, 2010).

Esta teoria ao propor a hierarquia de traços distintivos contribuiu para os estudos da

aquisição fonológica. Ainda, ao explicar a constituição dos fonemas forneceu subsídios

importantes para a interpretação da avaliação fonológica, além de fundamentar a seleção de

alvos de tratamento. .

1.2. Desenvolvimento da fala

O desenvolvimento da fala, e em particular a aquisição de fonemas, é um processo

complexo, determinado por aspectos fisiológicos/motores da articulação da fala, por questões

relacionadas à percepção da criança e pelo desenvolvimento da gramática/do léxico (VAN

SEVEREN et al., 2013). O processo de desenvolvimento da fala inicia no nascimento, com a

emissão dos primeiros sons e continua de forma progressiva até a idade aproximada de cinco

anos (LAMPRECHT, 2004; LINASSI, KESKE-SOARES e MOTA, 2005). Neste período, as

crianças são capazes de adquirir e estabilizar a produção dos fonemas (aquisição fonológica)

de acordo com a comunidade linguística onde estão inseridas.

O inventário fonológico de uma língua é adquirido gradativamente pelas crianças

(MIRANDA e MATZENAUER, 2010). Inicialmente ocorre a aquisição das vogais, junto com

as plosivas e nasais, que são os primeiros sons a serem adquiridos por volta de 1 ano e 6

13

meses (RANGEL, 2002). Em geral, observa-se a aquisição das consoantes plosivas e nasais

sucedidas das fricativas e, por último, as líquidas. Em relação à sílaba, a ordem de aquisição é

Consoante-Vogal (CV), seguida de Consoante-Vogal-Vogal (CVV), sucedida de Consoante-

Vogal-Consoante (CVC) e, por fim, Consoante-Consoante-vogal (CCV) (OLIVEIRA et al.,

2004).

Há controvérsias quanto à exata cronologia de aquisição dos fonemas do PB, pois vários

fatores podem influenciar, como as diferenças regionais, fatores socioeconômicos, fatores

ambientais, etc. Um estudo (OLIVEIRA et al., 2004) realizado no sul do Brasil referiu a

aquisição de /m, n, , p, b, t, d/ com 1 ano e 6 meses; /k/, 1 ano e 7 meses; /, v/, 1 ano e 8

meses; /f/, 1 ano e 9 meses; /z/, 2 anos; /s, /, 2 anos e 6 meses; /l/, 2 anos e 8 meses; //, 3

anos e 4 meses; //, 3 anos e 6 meses; //, 4 anos; e, /r/ aos 4 anos e 2 meses. Outro

(WERTZNER, 1994) realizado na região sudeste sugeriu uma cronologia um pouco diferente

em que aos 3 anos todos os fonemas da classe das nasais, plosivas, fricativas e das líquidas /l,

r, / estavam dominados; e, aos 3 anos e 7 meses a líquida //. Ainda, outro estudo (GALEA,

2008) também realizado na região sudeste relatou que até os 3:0 anos os fonemas /p/, /b/, /t/,

/d/, /k/, /f/, /m/, /n/, //, /l/, /g/, // estavam adquiridos em pelo menos uma posição de sílaba,

o que confirma o estudo anterior.

No que diz respeito ao domínio do Onset Complexo (OC) também há algumas

controvérsias. Um estudo (OLIVEIRA et al., 2004) afirmou que ambas as líquidas da

estrutura do OC são adquiridas ao mesmo tempo, aos 5 anos, enquanto outro (WERTZNER,

1994) observou a aquisição da plosiva/fricativa+/r/ aos 4 anos e 1 mês e da

plosiva/fricativa+/l/ aos 5 anos e 7 meses. Ambos os estudos (WERTZNER, 1994;

OLIVEIRA et al., 2004) foram realizados em diferentes regiões do Brasil o que pode ter

influenciado nas diferenças nos resultados quanto à aquisição.

A capacidade de articular corretamente os sons consonantais começa cedo e continua

até a primeira infância, com o aumento na habilidade ocorrendo durante a fase pré-escolar. O

número de erros de articulação deve diminuir com o aumento da idade cronológica,

demonstrando declínio rápido nos primeiros anos e pouca ou nenhuma mudança nos últimos

anos (GOLDMAN e FRISTOE, 2000).

Para que o desenvolvimento dos fonemas ocorra de maneira adequada é necessário que

a criança aprenda tanto os movimentos físicos da sua produção (aspectos fonéticos) quanto os

aspectos organizacionais ou estruturais do inventário de fonemas da sua língua (aspectos

14

fonológicos) (RABELO et al., 2011). Durante este desenvolvimento, algumas dificuldades

podem ocorrer, tais como substituição de um som por outro, omissão de um som, dificuldade

nos movimentos articulatórios, etc. (NEWMEYER et al., 2007; FERRANTE, BORSEL e

PEREIRA, 2009; RABELO et al., 2011). Essas dificuldades vão sendo superadas à medida

que ocorre o desenvolvimento da fala, porém, algumas crianças com idade superior a

quatro/cinco anos continuam apresentando algumas dessas alterações, embora não mais

esperadas para a idade em que se encontram.

Essas dificuldades são chamadas de distúrbios dos sons da fala e englobam uma série de

problemas relacionados à produção da fala por crianças, incluindo desde dificuldades

decorrentes de base linguística, ou seja, o desvio fonológico até dificuldades relacionadas à

articulação, isto é, o desvio fonético (NAMASIVAYAM et al., 2013; STRAND et al., 2013);

ou, ainda, dificuldade de realizar uma sequência articulatória (apraxias) (STRAND et al.,

2013). Neste estudo, abordaremos o desenvolvimento de um instrumento de avaliação que

pode ser utilizado para auxiliar no diagnóstico de desordens dos sons da fala, o desvio

fonológico.

1.3. Desvio fonológico

O desvio fonológico é caracterizado por uma desorganização linguística do inventário

de fonemas, sendo identificado por omissões e substituições destes na fala, especialmente

consoantes e encontros consonantais (GRUNWELL, 1981; FERRANTE, BORSEL e

PEREIRA, 2009; RABELO et al., 2011). O desvio fonológico foi definido por Grunwell

(1990) como uma desorganização, inadaptação ou anormalidade do inventário fonológico da

criança em relação ao sistema padrão de sua comunidade linguística.

Outros autores (WERTZNER et al., 2005; 2007) referem que o desvio fonológico é

uma alteração de fala, caracterizada pela produção inadequada dos sons, de acordo com a

idade e as variações regionais, que podem envolver erros na produção, percepção ou

organização dos sons. O desvio fonológico é uma das alterações com alto percentual de

ocorrência na população infantil (CASARIN, 2006; CAVALHEIRO, 2007; NEWMEYER et

al., 2007; SKAHAN, WATSON e LOF, 2007; PAGAN-NEVES e WERTZNER, 2010;

SOUZA, MARQUES e SCOTT, 2010; RABELO et al., 2011; MÜÜRSEPP et al., 2012).

Crianças com desenvolvimento fonológico típico e com desvio fonológico apresentam

semelhanças e diferenças no inventário fonológico, porém há mais semelhanças do que

15

diferenças entre os dois sistemas. Segundo alguns autores (MOTA, 1996; WERTZNER,

PAPP e GALEA, 2006), as crianças que apresentam dificuldades fonológicas têm um atraso

na aquisição do inventário de fonemas e, por isto, apresentam padrões de fala semelhantes as

com desenvolvimento típico porém, mais novas.

Para avaliar o desvio fonológico é necessário que o clínico tenha conhecimento prévio

dos padrões típicos de desenvolvimento da fala, mais precisamente da aquisição fonológica

(FERRANTE, BORSEL e PEREIRA, 2008; 2009), bem como, tenha disponível bons

instrumentos de avaliação para auxiliar o diagnóstico das alterações fonológicas. O INFONO,

assim como outros testes de avaliação fonológica, permite analisar o desenvolvimento

fonológico, isto é, se existem substituições e/ou omissões de fonemas e, se essas são

esperadas para a idade da criança ou não mais. A diferença é que o INFONO está sendo

desenvolvido totalmente no computador, será composto por três formas de coleta para avaliar

a fala e passou por alguns dos estudos de validade e fidedignidade, além de fornecer

pontuações normativas para a população do Rio Grande do Sul.

1.4. Avaliação fonológica

Uma das principais ferramentas para o clínico e para o pesquisador é uma avaliação

realizada com qualidade. Esta deve indicar claramente a sua finalidade e o público-alvo para o

qual ela foi projetada. Uma avaliação fonológica possui quatro objetivos: (a) determinar se

existe uma alteração fonológica; (b) se diagnosticada a alteração, possibilitar orientações e

encaminhamentos; (c) proporcionar base para uma intervenção eficaz; e, (d) avaliar o

progresso da criança durante o tratamento (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; LOWE, 1996).

Ainda, uma avaliação fonológica deve ser capaz de: (a) oferecer uma descrição dos

padrões de produção da fala da criança em sua língua materna; (b) identificar as diferenças

entre os padrões típicos da língua do falante e o sujeito que está sendo avaliado; (c) indicar

que tipo de implicações comunicativas tem os padrões de fala alterados e examinar as

consequências funcionais de sua fala (inteligibilidade) para priorizar no tratamento; (d)

oferecer indicações sobre o nível alcançado no desenvolvimento da fala. Assim como, a

avaliação fonológica deve dar conta do (a): (a) inventário fonético; (b) inventário fonológico;

(c) distribuição contrastiva dos fonemas; e, (d) estrutura da sílaba (GALCERAN, 2005).

Nas últimas décadas, a avaliação fonológica mudou, passando de testes exclusivamente

de articulação (repetição) para baterias mais complexas com base em teorias fonológicas que,

16

por sua vez, exigem mais tempo para aplicação e análise. Esta mudança decorreu da

necessidade de entender a organização do inventário fonológico de cada criança, além de

obter informações das suas capacidades fonéticas. Os testes articulatórios de repetição ainda

são utilizados, mas com o objetivo de avaliar se os sons ausentes no inventário fonético são

estimuláveis e/ou para detectar dificuldades articulatórias (MOTA, 2001; CASTRO e

WERTZNER, 2009; CASTRO e WERTZNER, 2012).

Os dados de fala para a avaliação fonológica podem ser coletados de três formas

distintas: repetição, nomeação espontânea e fala encadeada, as quais apresentam suas

vantagens e desvantagens. Na repetição de palavras o terapeuta dá o modelo e a criança repete

logo em seguida o que ouviu. A desvantagem é que ao imitar a criança pode melhorar a

produção linguística não refletindo a realidade da produção fonológica. Entretanto, é um

método simples, rápido e que permite testar todos os fonemas da língua (YAVAS,

HERNANDORENA e LAMPRECHT, 2002; WERTZNER, PAPP e GALEA, 2006).

Na nomeação espontânea os dados são obtidos com o auxílio de figuras e/ou objetos

estimulando a criança a dizer o nome, ações e/ou características. Esta forma de coleta

proporciona uma amostra balanceada da fala da criança com todos os sons da língua em todas

as diferentes posições da sílaba e da palavra evitando as repetições, além de ter menor tempo

de coleta e análise da fala quando comparada a amostra de fala encadeada (YAVAS,

HERNANDORENA e LAMPRECHT, 2002; MASTERSON, BERNHARDT e HOFHEINZ,

2005; WERTZNER, PAPP e GALEA, 2006).

Na fala encadeada, o terapeuta observará os possíveis processos fonológicos que

ocorrem na fala. A fala encadeada representa o real inventário fonológico da criança, porém

depende da participação desta podendo ocorrer amostras incompletas pela não ocorrência de

todos os fones contrastivos da língua em todas as posições da sílaba e da palavra. Ainda, seria

necessário maior tempo de gravação para obter consoantes menos frequentes da língua e para

algumas crianças seria impossível determinar o que estão querendo dizer (em casos de

problemas fonológicos graves) (YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT, 2002;

MASTERSON, BERNHARDT e HOFHEINZ, 2005; WERTZNER, PAPP e GALEA, 2006).

Devido a essas vantagens e desvantagens para uma adequada avaliação da fala deve-se utilizar

diferentes formatos de coleta.

Atualmente, dentre os instrumentos de avaliação fonológica mais utilizados no Brasil

estão a Avaliação Fonológica da Criança – AFC (YAVAS, HERNANDORENA e

LAMPRECHT, 2002) e o ABFW - Teste de Linguagem Infantil - Fonologia (WERTZNER,

17

2004). Essas avaliações são completas e detalhadas, no entanto a aplicação desses

instrumentos, algumas vezes, não contempla de modo satisfatório a necessidade clínica do

fonoaudiólogo, seja pela demanda excessiva de tempo para sua aplicação, ou por

apresentarem palavras desatualizadas e/ou fora do vocabulário da criança, ou por possuírem

análises complexas e demoradas (BUENO, VIDOR e ALVES, 2010). Em contrapartida,

instrumentos mais simples e, por isso, mais rápidos de serem aplicados têm sido

desenvolvidos, por exemplo: o Teste de Rastreamento de Alterações de Fala para Crianças –

Terdaf (GOULART e FERREIRA, 2010) e o Protocolo de Avaliação Fonológica Infantil -

PAFI (BUENO, VIDOR e ALVES, 2010). Porém, nenhum dos quatros instrumentos

referidos apresentam estudos psicométricos.

Algumas vezes, devido ao pouco tempo para atendimento e a grande demanda de

pacientes, os profissionais precisam criar adaptações dos testes encontrados. No entanto, nem

sempre as características essenciais desses testes são respeitadas, o que pode comprometer a

avaliação realizada (YGUAL-FERNÁNDEZ, CERVERA-MÉRIDA e ROSSO, 2008;

BUENO, VIDOR e ALVES, 2010) e a interpretação dos resultados.

A prática de elaboração de instrumentos de avaliação no Brasil é pouco desenvolvida.

Alguns testes apresentam limitações no seu uso, principalmente, devido à falta de estudos

psicométricos. Evidencia-se que a Fonoaudiologia carece de instrumentos que demandem de

pouco tempo de aplicação e que apresentem estudos psicométricos para a população a ser

avaliada. Segue uma breve revisão de alguns instrumentos de avaliação fonológica

desenvolvidos para avaliar o PB (Quadro 1.4.1) ou para avaliar outras línguas (Quadro 1.4.2)

que apresentam alguma semelhança ao instrumento que está sendo desenvolvido. O critério

para a inclusão dos instrumentos nestas listas (Quadro 1.4.1 e 1.4.2) foi obter na íntegra o

manual de aplicação do teste, e as informações incluídas foram retiradas exclusivamente do

manual. Salienta-se que nenhum dos instrumentos faz uso das três formas de coletas dos

dados (repetição, nomeação espontânea e fala encadeada), conforme o manual. A maioria dos

testes utiliza uma ou duas formas de coleta, geralmente a nomeação espontânea e, se

necessário, a repetição.

18

Instrumentos Avalia Consta de: Forma de

coleta

Desenvolvido

para a idade

Testagem

REALFA (FARIA, 1996) Fonética

Fonologia

Um fichário evocativo com 69

estímulos visuais.

Nomeação

espontânea.

3:1 a 8:0 Em 192 crianças entre 3:1 e 8:0 anos de ambos

os sexos e classes socioculturais diferentes.

Local: Rio de Janeiro

AFC - Avaliação Fonológica da

Criança (YAVAS,

HERNANDORENA e

LAMPRECHT, 2002)

Fonologia Cinco figuras temáticas (veículos,

sala, banheiro, cozinha e zoológico)

que auxiliam a produção de 125

itens (97 palavras básicas e 28

opcionais).

Nomeação

espontânea e, se

necessário,

imitação

retardada.

3:0 ou mais. Não refere.

ABFW - Fonologia

(WERTZNER, 2004)

Fonologia Prova de imitação com 39

vocábulos.

Prova de nomeação com 34 figuras.

Imitação e

Nomeação.

3:0 a 12:0 Refere que foi testado na população de São

Paulo para definir os parâmetros de

normalidade, mas não especifica em quantas

crianças.

PAFI - Protocolo de Avaliação

Fonológica Infantil (BUENO,

VIDOR e ALVES, 2010)

Fonologia 43 figuras Nomeação. 4 a 6 anos Em 26 crianças de 4 a 6 anos de ambos os

sexos.

Local: Pelotas - RS

Terdaf - Teste de rastreamento de

alterações de fala para crianças

(GOULART e FERREIRA, 2010)

Alterações

de fala

20 figuras Nomeação. 6:0 ou mais. Em 2.027 crianças. Pode ser utilizado por

profissionais não fonoaudiólogos para

rastreamento inicial quando há suspeita de

alterações de fala. Ainda deverá sofrer

modificações como revisão de algumas figuras e

a possibilidade de avaliar o fone [].

Local: Canoas - RS

AVALIE – Avaliação da fala e

linguagem

(BRAUN, s/a)

Fala

Linguagem.

Um software específico para uso de

Fonoaudiólogos. Utiliza 87 imagens

de alta definição.

Nomeação

espontânea.

Não refere. Não refere.

Quadro 1.4.1 – Instrumentos brasileiros de avaliação fonológica

19

Instrumentos Avalia Consta de: Forma de coleta Faixa etária Testagem

Assessment Link between

phonology and articulation –

ALPHA (LOWE, s/a)

Fonologia e a

articulação do inglês

pela imitação de frases.

50 palavras-alvo

incluídas nas frases.

Repetição. 3:0 a 8:11 Em 1.310 sujeitos (amostra de

normatização) com idades entre

3:0 e 8:11 anos.

Goldman Fristoe 2 – Test of

articulation – GFTA 2

(GOLDMAN e FRISTOE, 2000)

Produção do som do

Inglês.

34 imagens que

possibilitam obter 53

palavras-alvo.

Nomeação

espontânea.

2:0 a 21:11 Em 2.350 crianças de 2:0 a 21:11

para normatização no inglês.

Clinical Assessment of

Articulation and Phonology –

CAAP (SECORD e DONOHUE,

2002)

Fonologia e articulação

do Inglês.

Prova de nomeação: 44

palavras.

Prova de sentenças: 8

frases de diferentes

tamanhos (8-11 palavras,

totalizando 73 palavras).

Nomeação.

Repetição de

sentenças.

Pré-escolar e escolar. O

teste apresenta a idade em

que cada som do

inventário é produzido

corretamente por 75% e

95% das crianças.

Em 1.668 crianças com idades

entre 2:6 a 8:11 para

padronização no inglês.

Evaluación fonológica del habla

infantil (GALCERAN, 2005)

Fonologia do Espanhol. 12 cenas com 32

palavras (62 elementos

fonéticos).

Nomeação. 3:0 a 7:11 Em 293 crianças com nível

intelectual normal e sem

problemas auditivos conhecidos.

Prova de avaliação de

capacidades articulatórias –

PACA (BAPTISTA, 2009)

Fonologia do Português

de Portugal.

51 figuras. Produção

espontânea e, se

necessário,

repetição.

3:0 a 6:0 Não refere.

Avaliação da Fonologia Infantil –

Prova de avaliação fonológica em

formatos silábicos – PAFFS

(LIMA, 2009)

Fonologia do Português

Europeu.

62 imagens desenhadas

sem que tenham sido

excluídos os traços

identificativos básicos

dos mesmos.

Nomeação. 3:0 ou mais. Em 432 crianças de 3:0 a 7:6

meses de diferentes regiões.

Test para evaluar procesos de

simplificación fonológica -

TEPROSIF-R (PAVEZ,

MAGGIOLO e COLOMA, 2009)

Fonologia do Espanhol. 37 figuras em preto e

branco. Prancha com um

desenho e uma cena

utilizando o desenho.

Nomeação. 3:0 a 6:0 Em 620 crianças considerando 3

níveis socioeconômico e seis

regiões do Chile. É o único

instrumento criado e normatizado

no país.

Quadro 1.4.2 – Instrumentos de avaliação fonológica de outras línguas

Além destes testes, existem muitos outros elaborados em diversas línguas cujo

objetivo é avaliar a fonologia, os quais são referidos em estudos (MCLEOD e VERDON,

2013; 2014) e no site http://www.csu.edu.au/research/multilingual-speech/speech-assessment.

Neste site há uma lista de mais de 90 testes de avaliação fonológica em diversos idiomas

como o Italiano, Alemão, Turco, Suéco, Coreano, Frances, PB, etc. Muitos destes testes não

foram referidos nesta revisão por não ser possível ter acesso na íntegra do manual de

aplicação do instrumento. Embora esta revisão mostre a disponibilidade de uma série de

avaliações de fala publicadas em outros idiomas além do PB, pode não ser apropriado utilizá-

las fora do contexto para o qual foram criadas.

Em relação aos instrumentos apresentados no Quadro 1.4.1 alguns aspectos merecem

ser salientados. O AFC (YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT, 2002) não refere em

seu manual de aplicação (livro) a realização de testagem durante sua elaboração. No entanto,

foram encontrados estudos (MOTA et al., 2007; KESKE-SOARES, PAGLIARIN e CERON,

2009; BAGETTI et al., 2012; DIAS et al., 2013; WIETHAN E MOTA, 2013), no Rio Grande

do Sul, que aplicaram este instrumento em crianças para auxiliar o diagnóstico de desvio

fonológico.

O ABFW (Fonologia) refere em seu manual de aplicação que este instrumento foi

aplicado para definir os parâmetros de normalidade, porém não apresenta detalhes. Na

literatura foram encontrados vários estudos publicados (WERTZNER, 1995; WERTZNER,

PAPP e GALEA, 2006; GALEA, 2008) que usaram esse teste em crianças de 2:0 a 7:0 anos.

Esses estudos contribuem com dados de normalidade relacionados ao desenvolvimento

fonológico para a população de São Paulo e, consequentemente, auxiliam no diagnóstico do

desvio fonológico. Os resultados mostram que tanto a prova de imitação como a de nomeação

foram precisas para auxiliar o diagnóstico do desvio fonológico.

O AVALIE (BRAUN, s/a) foi o único instrumento desenvolvido em software para

avaliação da fala encontrado na literatura nacional. Ele está disponível para aquisição pela

empresa CTS Informática (http://www.ctsinformatica.com.br/#avalie.html). É um software

específico para a Fonoaudiologia, com o objetivo de facilitar o processo de avaliação da fala e

linguagem. Este instrumento permite que as avaliações sejam realizadas diretamente no

computador, facilitando o processo de gerenciamento de informações (cadastro de paciente,

quadros fonêmicos). O AVALIE é composto por dois módulos: o primeiro, avaliação

fonêmica que compreende um álbum de figuras para nomeação; o segundo, avaliação da fala

encadeada que compreende um conjunto de sequência lógico-temporal para a criança ordenar

21

e contar a história. Não foram encontradas pesquisas utilizando esse software, acredita-se que

por ser comercializado ele seja prioritariamente utilizado na clínica fonoaudiológica.

Em relação ao Quadro 1.4.2 vale salientar que o GFTA-2 (GOLDMAN e FRISTOE,

2000) é um instrumento que avalia os fonemas do Inglês no nível de palavras, sentenças e

estimulabilidade. Este instrumento é composto por imagens, palavras-alvo e histórias. O

GFTA-2 foi reelaborado com algumas modificações que se fizeram necessárias devido a

questionamentos que surgiram ao longo de 17 anos de uso, como por exemplo, se o teste usa

palavras-alvo: (a) que se tornaram politicamente incorretas; b) que não são mais comumente

conhecidas por crianças pequenas; c) que representam alguma coisa que não faz mais parte da

cultura; e, d) de difícil produção por crianças pequenas. Após analisar as respostas de

profissionais que usavam o teste, foram realizadas as modificações necessárias. No nível da

palavra foram excluídas 12 palavras-alvo, acrescentados seis novos alvos para avaliar o OC;

novas figuras foram acrescentadas, bem como, outras tiveram partes reformuladas. No nível

da sentença, uma nova história foi criada e novas artes para as duas histórias foram realizadas.

No nível da estimulabilidade, algumas palavras foram modificadas para outras mais familiares

ou comuns para crianças pequenas. Depois das modificações, um estudo piloto foi realizado e

novas propriedades psicométricas foram obtidas.

Os fonoaudiólogos em geral usam testes compostos por palavras, porque eles são uma

maneira eficaz de recolher informações sobre a produção dos sons da fala de uma criança.

Dos testes referidos no Quadro 1.4.2 observou-se que alguns utilizam poucas figuras, menos

de 40, como por exemplo, o Evaluación fonológica del habla infantil (GALCERAN, 2005)

que analisa 32 figuras e o Test para evaluar procesos de Simplificación fonológica -

TEPROSIF-R (PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA, 2009) que utiliza 37 figuras para a coleta

de amostra da fala. Um teste que avalia a fala pela nomeação espontânea de palavras precisa

ter figuras e palavras adequadas e suficientes para a compilação dos inventários fonético e

fonológico da criança. Deve-se observar o número de possibilidades de produção dos fonemas

para concluir com precisão que um som não produzido pela criança está ausente do seu

inventário, ela deve ter oportunidade suficiente para produzir este som (YGUAL-

FERNÁNDEZ, CERVERA-MÉRIDA e ROSSO, 2008; EISENBERG e HITCHCOCK,

2010).

Alguns testes padronizados para avaliar as consoantes do Inglês foram analisados em

um estudo (EISENBERG e HITCHCOCK, 2010) para saber se um único teste seria suficiente

para avaliar completamente o inventário fonológico de uma criança. Os autores observaram

22

que os testes foram úteis para diagnosticar crianças com desvio fonológico, porém os testes

não forneciam o número necessário de oportunidades para produzir as palavras e gerar um

inventário fonológico completo das consoantes do Inglês. Nesses casos, a avaliação devia ser

complementada com sondagem por meio de palavras foneticamente controladas a fim de

estabelecer quais sons que estão realmente ausentes no inventário fonológico.

Não foram encontrados estudos sobre qual seria o número suficiente de oportunidades

de produção para avaliar a fonologia de crianças. No entanto, têm-se sugerido a necessidade

de testar fonemas em mais de uma palavra, pelo efeito dos sons que antecedem ou que

seguem o fonema a ser avaliado. Estes contextos podem influenciar a capacidade da criança

produzir o fonema-alvo (KESKE-SOARES et al., 2007; KESKE-SOARES, PAGLIARIN e

CERON, 2009; EISENBERG e HITCHCOCK, 2010; GONÇALVES, KESKE-SOARES e

CHECALIN, 2010).

A partir das sugestões dos estudos referidos acima e da revisão dos instrumentos de

avaliação fonológica foi possível observar as semelhanças e diferenças entre eles, obtendo-se

bons subsídios para a elaboração e desenvolvimento de um novo teste. A carência de

instrumentos formais e objetivos, além de refletir certamente no diagnóstico, também reflete

na definição de condutas terapêuticas e na elaboração dos planos de intervenção, podendo

comprometer a eficácia dos tratamentos oferecidos (WERTZNER, 2004).

Para tentar minimizar a falta de instrumentos normatizados, padronizados e que

apresentem estudos de validade e fidedignidade, de rápida aplicação e análise, é que o

INFONO para avaliação por repetição e por nomeação espontânea foi desenvolvido para uso

no computador. A avaliação do INFONO por fala encadeada encontra-se em desenvolvimento

no software. Dessa forma, acredita-se ser possível diminuir o tempo de aplicação, uma vez

que se torna interessante para a criança que nos dias atuais possui contato precoce com o

computador; e, também, de análise dos resultados, sendo que o próprio software analisa e

organiza os resultados (inventário fonético, inventário fonológico, etc.) para o fonoaudiólogo

interpretar.

1.5. Propriedades Psicométricas

Ressalta-se que a prática de construção de instrumentos fonoaudiológicos e/ou de

adaptação de ferramentas clínicas internacionais para o PB é, ainda, incipiente. O crescimento

desta área é extremamente importante para complementar o processo diagnóstico (FONSECA

23

et al., 2008a; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014) e planejamento

terapêutico (MCLEOD e VERDON, 2014). O desenvolvimento de um instrumento de

avaliação exige uma análise cuidadosa para garantir que eles meçam o que se pretende e que

os resultados reflitam a habilidade em análise (PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA,

2007; STRAND et al., 2013; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014), pois

os itens de um teste não devem ser “frutos da inspiração” de seu criador e sim devem ser

construídos com base em exaustivos estudos da teoria que os originou.

A psicometria é um conjunto de métodos e instrumentos de medidas que são utilizados

para a investigação, descrição e comprovação de dados do teste. Assim, é importante que o

instrumento obtenha propriedades psicométricas satisfatórias, isto é, que incluam dados de

validade, fidedignidade, normatização e padronização.

Define-se por validade o processo de examinar a precisão de uma determinada

inferência realizada a partir de escores do teste (RAYMUNDO, 2009). A validade de um teste

determina o quão bem o teste mede o que ele diz que mede e as evidências de validade vão

mostrar isso (GOLDMAN e FRISTOE, 2000; MCCAULEY, 2001; STRAND et al., 2013;

KIRK e VIGELAND, 2014). Valida-se não propriamente o teste, mas a interpretação dos

dados decorrentes de um procedimento específico (PRIMI, MUNIZ e NUNES, 2009).

Um estudo (MCCAULEY e SWISHER, 1984a) examinou a validade psicométrica de

30 testes de linguagem padronizados comumente utilizados por fonoaudiólogos. Foram

analisados os manuais de aplicação dos instrumentos quanto à presença ou ausência de 10

critérios psicométricos: (a) o objetivo da avaliação é identificado; (b) as qualificações do

examinador são explicitadas; (c) os procedimentos de testagem são suficientemente

explicados; (d) o tamanho da amostra de normatização é adequado; (e) fornece informações

em relação à amostra normativa: representação geográfica, status socioeconômico, sexo,

idade, ausência ou presença de comprometimentos; (f) fornece evidência de análise dos itens

do teste; (g) apresenta as medidas de tendência central; (h) a validade concorrente é relatada;

(i) a validade preditiva é referida; (j) a fidedignidade teste/reteste é relatada. Os resultados

indicaram que nenhum teste possuía os 10 critérios e, apenas 12 dos 30 instrumentos de

avaliação apresentavam três dos 10 critérios avaliados. Estes resultados serviram como a

primeira indicação de que os testes padronizados frequentemente utilizados por

fonoaudiólogos poderiam não ser válidos, o que poderia comprometer a exatidão dos

diagnósticos.

24

Outro estudo 10 anos depois (PLANTE e VANCE, 1994), utilizando uma metodologia

similar ao estudo de McCauley e Swisher (1984a), analisou 21 testes de linguagem utilizando

os mesmos 10 critérios. Os resultados indicaram que quatro testes possuíam seis ou mais

critérios psicométricos (de 10 possíveis), refletindo um ganho global em termos de

confiabilidade e validade dos instrumentos em 10 anos.

Mais tarde, outro estudo (Friberg, 2010) foi realizado analisando nove ferramentas de

avaliação de linguagem para determinar seus níveis gerais de validade psicométrica na

utilização para o diagnóstico de presença/ausência de deficiência de linguagem. Foram

utilizados 11 critérios específicos baseados naqueles concebidos por McCauley e Swisher

(1984a). Houve acréscimo do critério: a confiabilidade inter-examinador foi analisada. Os

resultados indicaram que cada um dos instrumentos de avaliação selecionados atenderam pelo

menos oito dos 11 critérios analisados. Cinco testes reuniram 10 dos 11 critérios.

Esses estudos (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; PLANTE e VANCE, 1994;

FRIBERG, 2010) demonstram a crescente preocupação relacionada às propriedades

psicométrica dos testes que estão sendo utilizados por fonoaudiólogos para fins de diagnóstico

e tomada de decisão para o início do tratamento. A validade de um teste pode ser obtida de

várias maneiras. O mais conhecido é o modelo tripartite, que envolve três categorias: validade

de conteúdo, validade de critério e validade do construto (MCCAULEY e SWISHER, 1984a;

MCCAULEY, 2001; PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA, 2007; PRIMI, MUNIZ e

NUNES, 2009; RAYMUNDO, 2009). A validade de conteúdo refere-se ao julgamento do

instrumento, ou seja, se os itens do teste constituem uma representação adequada do construto

teórico (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; GOLDMAN e FRISTOE, 2000; PAWLOWSKI,

TRENTINI e BANDEIRA, 2007; RAYMUNDO, 2009). Esta validade envolve a

demonstração de que o conteúdo do teste é relevante e representativo da gama de itens que se

enquadram no objetivo para o qual ele foi desenvolvido, evitando conteúdo alheio sem

relação com o construto (assegurando, assim, a relevância do conteúdo) (MCCAULEY e

SWISHER, 1984a; MCCAULEY, 2001).

A validade de critério verifica a eficácia do instrumento em identificar o desempenho

de um grupo específico de sujeitos (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; PAWLOWSKI,

TRENTINI e BANDEIRA, 2007; RAYMUNDO, 2009). Dois tipos de estudo de validade de

critério são geralmente descritos: preditiva e concorrente. A preditiva é mais relevante quando

a medida em estudo será utilizada para prever o desempenho futuro em alguma área. A

concorrente é realizada quando as medidas de critério e de destino serão estudadas

25

simultaneamente em um grupo de indivíduos, como aqueles para os quais o teste será

utilizado (MCCAULEY, 2001).

A validade de construto refere-se à demonstração de que o instrumento realmente

mede aquilo que se propõe a medir de forma não influenciada pela relação de outros aspectos

que não foram estabelecidos nos objetivos de uso do instrumento (GOLDMAN e FRISTOE,

2000; MCCAULEY, 2001; RAYMUNDO, 2009).

Esse modelo tripartite foi questionado pelo fato de as informações de validade de

conteúdo e de critério contribuírem para a validade de construto (PRIMI, MUNIZ e NUNES,

2009; PAGLIARIN, 2013). Assim, foram propostas algumas reformulações: o conceito de

validade de construto passa a ser reconhecido como sinônimo de validade; e, a expressão

“tipos de validade” foi substituída por “fontes de evidência” de validade (PRIMI, MUNIZ e

NUNES, 2009).

Em decorrência das reformulações foram definidas cinco fontes de evidências de

validade (PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA, 2007; PRIMI, MUNIZ e NUNES,

2009; KIRK e VIGELAND, 2014): (a) Evidências baseadas no conteúdo; (b) Evidências

baseadas na estrutura interna; (c) Evidências baseadas nas relações com variáveis externas;

(d) Evidências baseadas nas consequências da testagem; (e) Evidências baseadas no processo

de resposta. Os três primeiros tipos são os mais usados em testes usuais que avaliam a

fonologia. O quarto tipo de evidência, que analisa as consequências de testagem, refere-se às

consequências intencionais e não intencionais do uso do teste para verificar se a sua utilização

está surtindo efeito desejado para o qual ele foi criado; e o quinto tipo, que examina o

processo de resposta, refere-se à maneira que os examinados chegam às respostas para as

perguntas do teste. Assim, a seguir detalharemos os três primeiros tipos.

Evidências baseadas no conteúdo referem-se à abrangência e a representatividade dos

itens de um teste em abarcar tudo o que o teste se propõe a medir (PAWLOWSKI,

TRENTINI e BANDEIRA, 2007; PRIMI, MUNIZ e NUNES, 2009; KIRK e VIGELAND,

2014). Também, refere-se à informação ou habilidades necessárias para responder

corretamente aos itens do teste, bem como aos procedimentos de administração e pontuação

do teste (KIRK e VIGELAND, 2014). Estes últimos autores referem que os testes que não

avaliam todas as competências essenciais ou que avaliam habilidades irrelevantes não têm seu

conteúdo apropriado. Os testes que avaliam a fonologia são destinados a medir a produção

dos padrões fonológicos comuns da fala. Para fornecer provas suficientes de validade de

26

conteúdo estes testes devem proporcionar oportunidades suficientes para avaliar alterações

evidenciadas em um conjunto de padrões fonológicos.

Evidências baseadas na estrutura interna indicam o quanto as relações entre os itens do

teste ou subtestes são coerentes com a estrutura proposta pela teoria (PAWLOWSKI,

TRENTINI e BANDEIRA, 2007; PRIMI, MUNIZ e NUNES, 2009; KIRK e VIGELAND,

2014). Kirk e Vigeland (2014) referem que os testes de avaliação fonológica avaliam vários

padrões de erro, e a pontuação total de uma criança em um teste deste tipo depende de seu

desempenho combinado aos itens do teste. Para ter uma estrutura interna

adequada/equilibrada, testes de avaliação fonológica devem proporcionar um número igual de

oportunidades para cada padrão de erro. Isso irá evitar a superestimação ou subestimação dos

escores de crianças com determinados padrões de erro.

Evidências baseadas nas relações com as variáveis externas refere-se as relações entre

os escores obtidos no teste com os de outras variáveis externas relevantes à validade , como

por exemplo, comparação dos escores de outros testes medindo construtos semelhantes

(PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA, 2007; PRIMI, MUNIZ e NUNES, 2009). Este

tipo de validade é avaliado por meio dos escores dos participantes no teste de interesse e em

um teste previamente validado.

Além dos tipos de validade enumerados acima, Kirk e Vigeland (2014) acrescentam a

evidência relacionada à precisão do diagnóstico. Na identificação de crianças com desvio

fonológico é frequentemente citado como fundamental o uso de testes de avaliação fonológica

e, para serem clinicamente úteis, os testes devem auxiliar no diagnóstico do desvio fonológico

com precisão. Evidências relacionadas à precisão podem ser examinadas de duas maneiras:

(a) sensibilidade e especificidade, e (b) valores preditivos positivos e negativos. A

sensibilidade refere-se ao grau em que um teste identifica corretamente todos os indivíduos

que tem uma dificuldade previamente diagnosticada com o teste "Padrão ouro". A

especificidade refere-se ao grau em que um teste identifica corretamente todos os indivíduos

que não têm a dificuldade. Por exemplo, se um teste tem uma sensibilidade de 0,90, isto

significa que se 100 crianças classificadas pelo teste padrão-ouro como tendo a dificuldade, o

teste que está sendo validado teria que diagnosticar corretamente 90 crianças como tendo a

alteração, e incorretamente, no máximo, 10 crianças. Ao contrário da sensibilidade e

especificidade, o valor preditivo positivo (VPP) e o valor preditivo negativo (VPN) não são

influenciados pela prevalência da dificuldade na população de interesse. VPP mede a

27

probabilidade de um indivíduo ter a dificuldade quando o teste é positivo; e o VPN mede a

probabilidade de um indivíduo não ter a dificuldade quando o teste é negativo.

A validade de um instrumento é garantida pela integração de várias evidências de

validade que, juntamente com a teoria, sustentam a interpretação pretendida aos escores de

um teste para uso específico (PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA, 2007). Alguns

fatores que podem afetar a validade são (MCCAULEY, 2001): (a) a seleção de uma medida

apropriada que é obtida pela adequação entre o propósito do teste e a qualidade de seus

escores, sendo provavelmente o maior fator que afeta a validade nas decisões realizadas,

tendo o criador do instrumento o papel fundamental de assegurar essa validade fornecendo

informações completas sobre o teste, seu objetivo, seu uso, quem pode usar o teste; como

usar, etc.; (b) a administração do teste, o clínico desempenha um papel crítico em assegurar a

validade por meio de sua habilidade e precisão na administração do teste; (c) fatores

individuais do avaliado também é uma característica fundamental para um teste válido

realizado com crianças, pois a motivação afeta o desempenho de adultos e crianças; (d) a

confiabilidade ou consistência na medida é uma condição necessária para a validade, o que

significa que uma medida só pode ser válida se ela também é confiável. A confiabilidade não

garante a validade, conforme demonstrado no esquema abaixo.

Figura 1.4.1 – Gráfico demonstrando a relação entre a validade e a confiabilidade de Mccauley (2001, p. 65)

Instrumentos padronizados adequados para o uso no processo de diagnóstico de um

distúrbio devem incluir além de estudos de validade, estudo de fidedignidade (FRIBERG,

2010; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014). A fidedignidade pode ser

definida como a consistência de uma medida através de várias condições como: (a) teste-

reteste, o mesmo teste aplicado em ocasiões diferentes; (b) confiabilidade inter-avaliadores e

intra-avaliadores, a administração individual do instrumento e dos escores; e (c) consistência

interna, alterações em itens específicos do instrumento (MCCAULEY, 2001; KIRK e

VIGELAND, 2014). Existe um quarto tipo de confiabilidade (formas paralelas) sendo pouco

usado em testes fonoaudiológicos (MCCAULEY, 2001).

Alta confiabilidade e

validade

Alta confiabilidade e

baixa validade

Baixa confiabilidade e

validade

28

O teste-reteste do instrumento: avalia a estabilidade temporal. A confiabilidade teste-

reteste é uma medida da consistência das pontuações do teste ao longo do tempo. O teste ideal

atribui os mesmos resultados para o mesmo indivíduo cada vez que ele é administrado (KIRK

e VIGELAND, 2014). Ele diz o quanto a pontuação normativa do indivíduo poderá,

eventualmente, alterar na repetição do teste decorrido um período de tempo entre os testes

(GOLDMAN e FRISTOE, 2000; FRIBERG, 2010).

A confiabilidade inter-avaliadores e a intra-avaliadores são importantes para

instrumentos que avaliam a fala (MCLEOD e VERDON, 2014). Estes tipos de evidências

permitem medir o grau de consistência da medida, isto é, garante que os resultados do teste

não flutuem quando aplicado em uma mesma pessoa por clínicos diferentes (confiabilidade

inter-avaliadores) ou aplicado pelo mesmo clínico em momentos diferentes (confiabilidade

intra-avaliadores). A confiabilidade inter-avaliadores mede a consistência dos resultados dos

testes através de diferentes marcadores. Para estabelecer que um teste tenha adequada

confiabilidade inter-avaliadores, um teste é administrado a um grupo de participantes, em

seguida, dois ou mais indivíduos marcam as respostas dos participantes de forma

independente (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; KIRK e VIGELAND, 2014). Os

avaliadores podem influenciar os resultados do teste uma vez que o resultado depende da

habilidade do examinador em julgar a produção de cada som como correta ou incorreta

(MCCAULEY e SWISHER, 1984a; GOLDMAN e FRISTOE, 2000).

A consistência interna é uma medida do quão bem os itens do teste são projetados para

medir o mesmo construto produzindo resultados semelhantes (KIRK e VIGELAND, 2014). A

consistência interna aborda a homogeneidade dos itens ou tarefas em teste. Se o teste tem alta

confiabilidade interna ou homogeneidade do item, em seguida, todos os itens ou tarefas do

teste estão medindo o mesmo tipo de desempenho (GOLDMAN e FRISTOE, 2000). A

confiabilidade interna pode ser analisada por meio da correlação simples, do Alfa de

Cronbach ou do método das duas metades, em que um teste é dividido em duas partes

equivalentes, sendo calculada a correlação entre os escores obtidos nas duas metades. Nas

Formas Paralelas são aplicadas duas formas de um mesmo teste com o objetivo de analisar a

equivalência das mesmas.

A fidedignidade pode ser afetada pelo tamanho do teste (menos itens resultam em

menor confiabilidade) e pela gama de habilidades representadas no teste (com uma menor

gama de habilidades, resulta em menor confiabilidade) (MCCAULEY, 2001).

29

Recentemente McLeod e Verdon (2014) referem dois estágios para o desenvolvimento

de uma avaliação: conceituação e operacionalização. A conceituação de uma ferramenta de

avaliação é o estabelecimento de seu objetivo. Considerações feitas na conceituação de

avaliações incluem: indicar claramente a sua finalidade e público para o qual se destina o

teste; a adequação dos itens selecionados; o tipo de palavras incluídas; e, os métodos

utilizados para extrair as palavras-alvo. Enquanto que a operacionalização refere-se à

avaliação e validação do instrumento para: (a) assegurar a sua precisão diagnóstica na

medição (Validade); e (b) assegurar que estes resultados sejam estáveis (Confiabilidade).

Instrumentos de avaliação que demonstram validade preditiva (probabilidade de um indivíduo

ter a dificuldade) devem apresentar alta sensibilidade (identificação precisa da dificuldade da

criança) e especificidade (identificação precisa da ausência de dificuldade pela criança).

Validade preditiva alta é importante para a tomada de decisões no diagnóstico e na

intervenção. O cuidado nestes estágios de desenvolvimento (conceituação e

operacionalização) é fundamental para garantir a especificidade e sensibilidade do teste como

uma ferramenta de diagnóstico. A falta de informação em relação à sensibilidade e

especificidade parece ser uma grande limitação de práticas de desenvolvimento de teste atuais

(FRIBERG, 2010).

A sensibilidade e a especificidade são medidas em percentuais, que indicam a precisão

global de uma ferramenta de avaliação para fazer um diagnóstico preciso. Estes valores de

sensibilidade e especificidade ocorrem num intervalo de 0 a 1.0, os valores próximos de 1,0,

refletem os diagnósticos mais precisos. É sugerido que os valores de limiar para níveis

aceitáveis de sensibilidade e especificidade devem ser de pelo menos 0,80 ou superior,

embora níveis de precisão de 0,90 ou superior são considerados o ideal (PLANTE e VANCE,

1994).

A normatização diz respeito ao padrão (norma) de referência para a interpretação dos

resultados do teste, ou seja, a uniformidade na interpretação dos resultados; e, a padronização

refere-se à forma adequada de aplicação e levantamento dos resultados do instrumento, isto é,

a uniformidade na aplicação do teste (PASQUALI, 1999; 2003).

E, por fim, um estudo de revisão (MCLEOD e VERDON, 2014) que avaliou 30

instrumentos destinados a avaliar a produção da fala de crianças em várias línguas, entre elas

o: Inglês, PB, Japonês, Alemão, Espanhol, etc. revelou que muitas avaliações utilizadas

regularmente por fonoaudiólogos não atendem, ou em alguns casos, não abordam, os critérios

30

utilizados desde a conceituação até a operacionalização, pondo em discussão a validade e a

confiabilidade destas avaliações como ferramentas de diagnóstico.

Dos testes revisados para esta pesquisa, a partir do manual de aplicação do

instrumento, poucos referem ou apresentam as evidências de validade e fidedignidade

(Quadro 1.5.1), sendo que nenhum deles foi desenvolvido para avaliação do PB.

Instrumentos Validade Fidedignidade

Assessment Link between

phonology and articulation

– ALPHA (LOWE, s/a)

Dados empíricos sobre a validade de construto

mostraram sucesso na diferenciação entre os 154

alunos com desenvolvimento típico e os 154 com

desenvolvimento atípico de fala tanto na análise de

fonemas como de processos.

Técnica: teste-reteste.

Resultados: a confiabilidade variou

de 0,83 a 0,99, sendo 12 dos 15

itens com confiabilidade superior a

0,90.

Técnica: inter-avaliador.

Resultado. Alta confiabilidade.

Goldman Fristoe 2 – Test

of articulation – GFTA 2

(GOLDMAN e FRISTOE,

2000)

O manual cita evidências de validade de conteúdo (23

dos 25 sons consonantais em Inglês foram incluídos no

GFTA 2, assim como 16 encontro consonantal comuns

foram incluídos nas palavras-alvo) e de construto

(GFTA-2 mediu corretamente a habilidade de articular

os sons consonantais e do encontro consonantal).

Técnica: consistência interna

(coeficiente alpha). Resultado:

confiabilidade alta (0,90).

Técnica: teste-reteste. Resultados:

confiabilidade alta (0,98).

Técnica: inter-avaliador. Resultado.

Alta confiabilidade (0,90).

Clinical Assessment of

Articulation and Phonology

– CAAP (SECORD e

DONOHUE, 2002)

CAAP foi comparado com os resultados do Bankson-

Bernthal Test of Phonology (BBTOP). Resultado:

Evidências baseadas na estrutura externa – forte (+

0,90) relação entre a CAAP e BBTOP; Evidências

baseadas na estrutura interna - alta correlação (+ 0,90)

entre os Processos Fonológicos e o inventário de

consoantes do próprio CAAP, o que indica valores que

são essencialmente equivalentes.

Correlações variavam de 0,87 a 0,77.

Todas as correlações foram significativas além de p

<0,01.

Técnica: teste-reteste.

Resultados: a confiabilidade alta

(0,97).

Técnica: inter-avaliador.

Resultado. Alta confiabilidade

(0,99).

Test para evaluar procesos

de simplificación

fonológica - TEPROSIF-R

(PAVEZ, MAGGIOLO e

COLOMA, 2009)

O TEPROSIF-R foi comparado com o TEMPROSIF.

Resultado: existe correlação significativa entre os

resultados dos instrumentos (0,92). Foram realizados

outros estudos estatísticos de validade que tiveram alta

correlação (0,97).

Técnica: consistência interna

(coeficiente alpha).

Resultados: alta confiabilidade

interna (0,90).

Quadro 1.5.1 – Instrumentos que apresentam evidências de validade e fidedignidade

31

A partir dos dados revisados no Quadro 1.5.1, observa-se quais são as técnicas mais

utilizadas para a obtenção da validade e fidedignidade de instrumentos de avaliação

fonológica. E, ainda, é possível observar que foram realizadas várias análises para que um

teste seja considerado válido e confiável para auxiliar no diagnóstico de desvio fonológico.

1.6. Objetivos

1.5.1 Objetivo geral

Desenvolver, em software, um instrumento de avaliação fonológica por nomeação

espontânea e apresentar os resultados das propriedades psicométricas (dados normativos e

evidências de validade e fidedignidade) para a população do Rio Grande do Sul.

1.5.2 Objetivos específicos

Estudo 1 – Testar a versão preliminar do Instrumento de Avaliação Fonológica (INFONO)

por nomeação espontânea em estudo piloto, e verificar sua adequação quanto à identificação

da figura; e, se esta permite a produção da palavra-alvo.

Estudo 2 - Analisar a influência de fatores extralinguísticos (sexo, idade e tipo de escola) no

desempenho da produção dos sons e apresentar dados normativos do INFONO.

Estudo 3- Apresentar as evidências de validade e fidedignidade dos escores do INFONO.

1.7. Contexto da pesquisa

Esta tese e os estudos nela descritos foram desenvolvidos como parte de um projeto

maior “Elaboração, criação e validação de um instrumento de avaliação fonológica”. Este

projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de Ensino Superior sob

o protocolo número 23081.005433/2011-65.

Para melhor compreensão do leitor, dividiram-se o processo de desenvolvimento do

INFONO em seis etapas (Figura 1.7.1), descritas a seguir. Ao final de cada etapa sempre

ocorreu a análise dos autores.

32

Figura 1.7.1. Fluxograma das etapas de elaboração, desenvolvimento e testagem do INFONO

Etapa 1 – Revisão de literatura/seleção de palavras – foi realizada a análise de outros

instrumentos de avaliação fonológica e uma revisão na literatura para busca de palavras

possíveis para compor o instrumento. Selecionaram-se 722 palavras que foram classificadas

de acordo com o fonema e a posição para serem julgadas. Todos os fonemas do PB nas

diferentes posições que ocorrem na sílaba e na palavra foram contemplados com mais de 15

possibilidades de alvo.

Etapa 2 - Análise dos juízes especialistas – foi realizada a análise pelos juízes

especialistas (4 fonoaudiólogos doutores, 3 fonoaudiólogos clínicos, 3 linguistas), os quais

escolheram as dez melhores palavras de cada lista para cada fonema em cada posição para

compor o instrumento. Os juízes apresentaram seus critérios para a escolha das palavras, os

quais foram encaminhados junto à lista das palavras escolhidas. A análise dos resultados pelas

autoras possibilitou reduzir para 316 palavras-alvo que foram representadas por figuras a

serem julgadas pelos juízes não especialistas (crianças).

Etapa 3 – Análise dos juízes não especialistas – as palavras-alvo representadas em

figuras foram julgadas quanto à familiaridade e eliciação pelos juízes não especialistas (72

crianças de 3 a 8 anos). Após o julgamento das palavras pelas crianças, novas análises foram

realizadas e os autores obtiveram as 116 melhores palavras com as respectivas figuras para

compor o instrumento. Foram selecionadas três ocorrências de cada fonema por posição,

permanecendo, no mínimo, três palavras de cada fonema por posição.

Para uma análise mais detalhada destas três primeiras etapas recomenda-se consultar

os estudos (SAVOLDI, 2012; SAVOLDI, CERON e KESKE-SOARES, 2013), os quais

foram importantes para definir as melhores palavras e as figuras para compor um instrumento

ETAPA 1 - Revisão de Literatura / Seleção de

palavras

ETAPA 2 - Análise dos juízes especialistas

(n = 10)

ETAPA 3 - Análise dos juízes não especialistas

(n = 72)

ETAPA 4 - Estudo piloto (n = 48)

ETAPA 5 - Desenvolvimento do

instrumento:

- Repetição

- Nomeação Espontânea

-Fala encadeada

ETAPA 6 - Propriedades psicométricas do

instrumento

(n=847)

33

de avaliação fonológica. Nesta Tese serão apresentados os estudos realizados a partir da Etapa

4 – Estudo Piloto.

1.7.1. Etapa 4 – Estudo Piloto

Após obter o consenso dos juízes não especialistas quanto aos estímulos (palavras-

alvo e as respectivas figuras) para compor o INFONO, iniciou-se o desenvolvimento de uma

versão preliminar do instrumento para a avaliação por nomeação espontânea. Esta etapa foi

realizada especificamente para aplicar em uma amostra-piloto, sendo o INFONO já

apresentado em software. O objetivo desta etapa foi testar o INFONO - Nomeação

Espontânea por nomeação em um estudo piloto, e verificar a adequação das figuras, se estas

permitiam a produção das palavras-alvo.

A amostra deste estudo foi de conveniência. A versão preliminar do INFONO -

Nomeação Espontânea (Estudo 1) foi aplicada em 48 crianças (n = 26 com desenvolvimento

fonológico típico e 22 com desenvolvimento fonológico atípico), representando os grupos

normativos, categorizados por: idade (constituída por seis faixas de idade entre os 3 a 8 anos e

11 meses, n = 8 crianças em cada faixa), tipo de escola (constituída por dois tipos de escolas -

pública e privada-, n = 24 crianças em cada tipo de escola) e sexo (constituída por crianças do

sexo masculino e feminino, n = 24 meninas e 24 meninos). Os critérios de inclusão dos

participantes no estudo quanto à não apresentar outras alterações significativas, à exceção de

poder apresentar desvio fonológico foram analisados a partir dos questionários respondidos

pelos pais (Apêndice II) e professores (Apêndice III). Ainda, foram descartadas crianças que,

através de uma breve conversa ou durante a avaliação pelo INFONO - Nomeação Espontânea,

percebeu-se qualquer indício de alterações de linguagem e/ou vocabulário, alterações

fonéticas e/ou cujos pais e/ou professores relataram alguma dificuldade relacionadas a

problema auditivo, neurológico e/ou psicológico. Nesta breve conversa, a criança foi

questionada sobre: a idade, se tinham irmãos, o nome destes, se tinham algum animal de

estimação, o que estava fazendo na sala de aula, o que ela mais gostava de comer, o nome dos

colegas e da professora, etc.

Esta versão preliminar do INFONO - Nomeação Espontânea fornecia para cada

estímulo perguntas-chave, como: “O menino vai dar um?” (beijo), “Ele vai usar o lápis

para?” (escrever), “Que bicho é este?” (cavalo), etc. que possibilitou direcionar para a

produção da palavra-alvo desejada. O software apresentava as seguintes opções para

34

marcação da produção da criança: eliciou corretamente (alvo produzido corretamente), eliciou

com alterações (alvo produzido corretamente, porém com omissão e/ou substituição de

fonemas), eliciou palavras similares (outra palavra relacionada à figura foi produzida no lugar

do alvo) e não eliciou (não produziu o alvo e nem outra palavra relacionada). Esta versão do

software continha as transcrições fonéticas (correta e com alterações) para cada palavra-alvo.

No momento da avaliação, a criança nomeava a palavra e o avaliador selecionava a

transcrição, mediante uma série de opções desde a transcrição fonética correta ou a alterada e

dentre as alteradas há lista de possibilidades de transcrição que foi elaborada a partir das

alterações descritas na literatura quanto aos processos fonológicos presentes na fala típica e

desviante. Havia, ainda, a possiblidade de transcrever outras opções de palavras a partir do

teclado virtual, que apresenta teclas com sons do Alfabeto Fonético Internacional.

Esta versão do software não gravava a fala da criança e nem mesmo fornecia outra

forma de resultado das análises da avaliação fonológica, como por exemplo, a análise

contrastiva, pois estas informações não influenciariam diretamente nos objetivos do estudo

nesta etapa. A aplicação do INFONO foi individual, seguindo os procedimentos de aplicação

e registro próprios dessa versão preliminar do instrumento. A coleta dos dados foi realizada

somente pela nomeação espontânea das palavras-alvo.

Os resultados desta etapa foram gerados em HTML. Para a análise dos dados,

calculou-se o percentual de reconhecimento das figuras para produção de cada uma das

palavras-alvo. Com esse resultado foi possível analisar as dificuldades de identificação do

objeto representado nas figuras; de reconhecimento e produção da palavra-alvo; entre outros

aspectos importantes para dar continuidade ao desenvolvimento do instrumento. Se verificado

a existência de alguma dificuldade na obtenção das palavras-alvo do INFONO, os estímulos

foram reelaborados ou excluídos do instrumento.

Após, a análise dos resultados do estudo piloto, alguns estímulos foram excluídos do

INFONO, permanecendo 84 palavras-alvo possíveis para compor o instrumento (mais

detalhes são descritos no Estudo 1 desta Tese). Após finalizar o Estudo 1 e verificar a

adequação dos estímulos deu-se continuidade ao desenvolvimento do INFONO (Etapa 5). No

Estudo 1 o delineamento foi transversal, quantitativo e descritivo.

1.7.2. Etapa 5 – Desenvolvimento do INFONO

O INFONO é um software para avaliação fonológica que avalia as 19 consoantes do

PB nas diferentes posições e estruturas silábicas. Esse instrumento não analisa as vogais

35

porque elas são menos propensas a serem produzidas com alterações em casos de desvio

fonológico.

Nesse software de avaliação é fornecido o cadastro do paciente, uma anamnese geral, e

a avaliação fonológica. A avaliação fonológica pode ser realizada de três formas: repetição,

nomeação espontânea e fala encadeada. As duas primeiras formas de coletas (repetição e

nomeação espontânea) estão prontas para uso, e a última (fala encadeada) está em

desenvolvimento e testagem no software. Após o desenvolvimento das três formas de coleta,

o INFONO deverá ser registrado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)

antes de sua divulgação na íntegra (orientação recebida do Núcleo de Inovação e

Transferência de Tecnologia (NIT) da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM). O

escopo do instrumento está apresentado na Figura 1.7.2.1.

Figura 1.7.2.1- Escopo do INFONO

A partir do escopo é possível verificar como o INFONO está organizado com: uma

parte introdutória (home + login + cadastro), o gerenciamento de pacientes, a anamnese geral,

a avaliação fonológica realizada através das três formas de coletas de dados e a visualização

dos resultados fornecidos pelo instrumento. Este software está em fase de desenvolvimento,

mas algumas partes já foram concluídas como: o gerenciamento de paciente; a anamnese

geral; a avaliação por repetição e por nomeação espontânea; e, a visualização dos resultados

das análises dos dados (lista das palavras-alvo e transcrições), da contrastiva, dos inventários

fonético e fonológico - fonemas e onset complexo.

HOME LOGIN +

CADASTRO GERENCIAMENTO DE PACIENTES

ANAMNESE GERAL

AVALIAÇÃO FONOLÓGICA

REPETIÇÃO

Análise dos dados da avaliação

Análise contrastiva

Análise do inventário fonético

Análise do inventário fonológico - Fonemas

Análise do inventário fonológico - Onset

Complexo

Análise dos traços

distintivos

Análise dos processos

fonológicos

NOMEAÇÃO ESPONTÂNEA

FALA ENCADEADA

FORMAS DE COLETA

RESULTADOS

36

No gerenciamento de pacientes é possível cadastrar os dados de uma criança (nome,

data de nascimento, etc.), editar os dados, excluir, importar e exportar cadastros, bem como

ter acesso a crianças cadastradas anteriormente. É possível armazenar centenas de pacientes,

bem como salvar a avaliação e todas as reavaliações de uma mesma criança. A anamnese

geral apresenta questões relacionadas ao histórico da criança em relação à gestação, parto,

condições do recém-nascido, desenvolvimento motor e da linguagem, alimentação, dentição,

etc.

Para a avaliação fonológica por repetição, o INFONO fornece o áudio das 84 palavras-

alvo obtidas para a criança ouvir e repetir, além dos estímulos (figuras) em preto e branco

para diferenciar da nomeação espontânea. Para a avaliação fonológica por nomeação

espontânea, o INFONO fornece as mesmas 84 palavras-alvo representadas em figuras

“animadas” com gif’s (termo dado às animações formadas por várias

imagens GIF compactadas numa só dando movimento a figura), com perguntas-chave para

facilitar a produção do alvo, como por exemplo, “Para apagar a vela o menino

vai....?”(soprar), “Que bicho é este?” (cobra), etc. Para a maioria das figuras utilizou-se a

pergunta “O que é isto?”, no entanto, para alguns estímulos foram necessárias outras

perguntas. É importante que todas as palavras-alvo sejam produzidas, uma vez que elas

avaliam todos os fonemas do PB nas diferentes posições na sílaba e na palavra, em no mínimo

três possibilidades de ocorrência.

A avaliação por repetição e por nomeação espontânea (já concluídas no software)

permitem a gravação da fala da criança e o avaliador pode selecionar a transcrição da

produção do alvo no momento da avaliação, ou depois ao ouvir a gravação. Porém, sugere-se

que a transcrição seja realizada no momento da avaliação selecionando-a na lista de

transcrições fornecida pelo software e, se necessário, seja conferida pela gravação da fala em

momento posterior a realização da avaliação. Caso não tenha a opção registrada na lista de

transcrições, esta pode ser digitada no teclado fornecido pelo software, assim como as

distorções presentes na produção da criança. A lista de transcrição foi elaborada com base nos

processos fonológicos que ocorrem na fala da criança.

Para a coleta da fala encadeada (ainda em desenvolvimento no software), serão

disponibilizadas sequências lógico-temporais de quatro fatos, as quais a criança deverá

ordenar. Após ordenar corretamente, ela ouvirá a história para depois contar o que ouviu. No

reconto da história será oferecido às mesmas 84 palavras-alvo presentes nas outras formas de

coleta (que fixarão a atenção da criança por permanecerem coloridas na tela do computador).

37

A avaliação por fala encadeada será gravada e as palavras-alvo deverão ser transcritas pelo

avaliador depois de realizar a avaliação para visualizar os resultados. Ainda, para a fala

encadeada haverá uma página para transcrever a fala da criança, caso o avaliador deseje

incluir outras palavras produzidas pela criança no reconto das histórias, neste caso o INFONO

– Fala Encadeada não fornecerá automaticamente os resultados acima mencionados devido a

complexidade e diferenças de cada reconto.

Os resultados da avaliação fonológica disponibilizados para qualquer uma das três

formas de coletas são: análise dos dados da avaliação (lista das palavras-alvo e transcrições);

análise contrastiva; análise do inventário fonético e fonológico (fonemas em diferentes

posições e estruturas silábicas); análise dos traços distintivos; análise dos processos

fonológicos; e análise da gravidade do desvio. As três últimas (análise dos traços distintivos,

dos processos fonológicos e da gravidade do desvio) estão em fase de desenvolvimento no

software. O software fornece esses resultados, porém os mesmos precisam ser interpretados

pelo fonoaudiólogo conforme as normas fornecidas pelo INFONO. É possível ver os

resultados no software e, se necessário, gerar um arquivo para impressão.

Por estar totalmente pronta no software, a avaliação por nomeação espontânea

(INFONO – Nomeação espontânea) foi a forma de coleta utilizada para a realização da Etapa

6 – Propriedades psicométricas do instrumento (Estudos 2 e 3 descritos nos resultados desta

tese). Sendo importante ressaltar que outros estudos deverão ser realizados em relação a

normatização e as evidências de validade e fidedignidade para as demais formas de coletas

(INFONO - Repetição e Fala Encadeada).

O INFONO por utilizar diretamente o computador apresenta algumas vantagens:

maior interesse da criança durante a avaliação; arquivar todas as avaliações de diferentes

crianças; arquivar a avaliação e as reavaliações de uma mesma criança para fins de

comparação da evolução terapêutica; utilizar 84 figuras compostas de desenhos “animados”

com gif’s; maior rapidez na avaliação e na obtenção da análise dos resultados. Antes de usar

este instrumento é importante ler o manual de aplicação (que está em elaboração), se

familiarizar com o teste (figuras, palavras-alvo, transcrições, fonte fonética IPA,

funcionamento do software), bem como, aderir às regras de administração considerando os

escores da normatização para a interpretação dos resultados.

Para a elaboração e desenvolvimento do INFONO foi necessária uma equipe composta

por diferentes áreas profissionais que reuniram seus conhecimentos com o objetivo de obter

um instrumento de avaliação fonológica em software. Participaram desta equipe

38

Fonoaudiólogos que contribuíram com a ideia e todo o conhecimento teórico e prático para a

criação, desenvolvimento e aplicação do INFONO; Linguistas que contribuíram com o

conhecimento teórico e avaliação dos estímulos; graduandos do Curso de Fonoaudiologia que

conferiram, organizaram e arquivaram os dados; graduandos do Curso de Desenho Industrial

que criaram os estímulos e delinearam as artes do instrumento (logomarca, cores, elementos

gráficos, etc.); graduando do Curso de Ciência da Computação, que operacionalizou todas as

ideias e etapas que envolveram a construção do INFONO. O trabalho em equipe será

necessário até o término do desenvolvimento deste software.

1.7.3. Etapa 6 – Propriedades Psicométricas do instrumento

Para o levantamento dos dados desta etapa, foram contatadas 12 escolas (8 públicas e

4 privadas) a maioria do município de Santa Maria – Rio Grande do Sul (RS), sendo uma do

município de Guaíba - RS. No total foram enviados 1448 Termos de Consentimento Livre

Esclarecido a pais e/ou responsáveis (Apêndice 1), dos quais 73% (1076 crianças) retornaram

autorizando as crianças a serem avaliadas com o INFONO - Nomeação Espontânea. As

crianças para serem avaliadas deveriam concordar em participar.

Todas as crianças autorizadas foram avaliadas, no entanto, 210 crianças tiveram seus

dados excluídos da pesquisa por vários motivos, dentre eles: mordida aberta anterior, ceceio,

interposição lingual anterior, problemas neurológicos, tratamento fonoaudiológico anterior,

diagnóstico de autismo, síndrome de down, prováveis alterações auditivas e déficits de

linguagem e/ou vocabulário (detectados através de uma breve conversa com a criança antes de

realizar a avaliação pelo INFONO- Nomeação Espontânea ou durante a realização desta), etc.

Das demais crianças, 733 apresentavam desenvolvimento fonológico típico, e 133 atípico. A

inclusão da criança nos grupos com desenvolvimento típico ou atípico foi realizada pelo

julgamento clínico do fonoaudiólogo em uma breve conversa com a criança, considerando-se

a produção dos sons de acordo com a idade. Para verificar a idade de aquisição dos fonemas

foram consideradas as etapas de aquisição indicadas no trabalho de Oliveira (OLIVEIRA et

al., 2004).

A aplicação do INFONO - Nomeação Espontânea foi individual, seguindo os

procedimentos de aplicação e registro do INFONO. A fala da criança foi gravada e transcrita

no momento da avaliação. Após realizar as avaliações, criou-se um banco de dados com os

39

escores e percentuais da produção correta, omissão e substituição de cada fonema do inentário

fonológico. Esses dados foram analisados pelo software SPSS versão 22.0 para Windows.

A análise descritiva incluiu a verificação de médias, desvios-padrão e frequências

absolutas e relativas. A normalidade da distribuição dos dados foi investigada através do teste

Kolmogorov-Smirnov. Para a verificação do efeito da idade, tipo de escola e sexo na

produção dos fonemas (Estudo 2) utilizou-se a análise de regressão linear múltipla com

método stepwise, sendo a análise de independência dos erros verificada com a estatística de

Durbin-Watson. As crianças típicas foram divididas em grupos de acordo com a idade, tipo de

escola e sexo e a comparação do desempenho entre os grupos foram realizados utilizando-se o

Teste t de Student para amostras independentes e análise de variância ANOVA com post hoc

Tukey (Apêndice IV). Os dados normativos de referência para cada um dos grupos são

referidos através das médias e desvios-padrão, além da pontuação referente ao percentil 5 e

percentil 10. Os resultados foram considerados significativos quando p ≤ 0.05.

O Estudo 3 apresenta as análises de validade e fidedignidade. Para a validade realizou-

se as análises de comparação de desempenho entre grupos e análise discriminante. Na

validade de critério comparou-se o desempenho entre os grupos (clínico e controle) através do

teste t de Student para amostras independentes. Realizou-se uma análise discriminante

stepwise com o método do Ʌ de Wilks a fim de verificar a capacidade dos escores da

INFONO em estimar a qual grupo a criança pertencia (desenvolvimento típico ou atípico). Os

pressupostos da normalidade e de homogeneidade das matrizes de variâncias-covariâncias de

cada grupo foram testados, respectivamente, com o teste de Shapiro-Wilk e o teste M de Box.

Os resultados foram considerados significativos quando p ≤ 0.05. A consistência interna foi

analisada a partir da técnica Alpha de Cronbach. Este método é utilizado em delineamentos

em que os participantes são avaliados com um teste em uma única ocasião. A técnica Alpha

de Cronbach consiste em calcular a correlação entre cada item do teste e o restante dos itens

ou o escore total dos itens. Essa técnica serve para análise da validade e fidedignidade.

Para análise de fidedignidade, além da consistência interna, foi analisada a

confiabilidade inter e intra-avaliadores. Na avaliação intra-avaliador o mesmo avaliador

realizou novamente a transcrição fonética de modo manual, sem analisar a transcrição já

realizada e sem o auxílio da lista de transcrições disponível no software, a partir da gravação

prévia de áudio do software. Esse procedimento foi realizado para 9% da amostra (n = 77

crianças) num intervalo mínimo de 2 meses após a realização da avaliação. Da mesma forma,

a confiabilidade inter-avaliadores foi realizada para aproximadamente 15% da amostra (n =

40

120 crianças). As transcrições para a confiabilidade inter-avaliadores foi realizada por duas

graduandas do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

com experiência em transcrições fonéticas, bolsistas do projeto. As transcrições da fala foram

realizadas de forma independentemente e sem ter acesso à primeira transcrição de avaliação.

A análise de concordância intra e inter-avaliadores foi realizada através do Teste de Kendall.

Em todas as análises os resultados foram considerados quando p < 0.05.

2. ESTUDOS EMPÍRICOS

2.1. Estudo 1

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO): ESTUDO PILOTO

Resumo

Este estudo teve como objetivo testar a versão preliminar do instrumento de avaliação

fonológica (INFONO) em uma situação real de avaliação e verificar sua adequação quanto à

identificação do objeto da figura; e, se este permite a produção da palavra-alvo. A amostra foi

constituída por 48 crianças (n=26 com desenvolvimento fonológico típico e n=22 com

desenvolvimento atípico), representando os grupos normativos, categorizados por: idade (6

faixas de idade de 3 a 8 anos e 11 meses: n=8 em cada faixa), tipo de escola (n=24

provenientes de escolas públicas e n=24 de escolas privadas) e sexo (n=24 meninas e n=24

meninos). Utilizou-se o instrumento organizado no computador composto por figuras para

serem nomeadas espontaneamente pela criança. Foi realizada uma análise descritiva sobre a

aplicação do instrumento e analisado o percentual de reconhecimento de cada palavra-alvo.

Os resultados mostraram que a maioria das palavras-alvo, com as respectivas figuras

elaboradas, obteve um percentual de reconhecimento alto, sendo estas consideradas

adequadas para comporem o instrumento de avaliação fonológica. Algumas figuras

precisaram ser reelaboradas para facilitar a produção espontânea do alvo e outras foram

excluídas do instrumento. O INFONO permitiu a correta identificação dos objetos das figuras

e produção do alvo desejado. Ainda, obteve-se uma quantidade mínima de estímulos que

possibilitam a avaliação de todos os fonemas do Português Brasileiro.

Palavras-chave: Testes de Articulação da Fala; Transtornos da Articulação; Avaliação;

Criança; Fala

42

PHONOLOGICAL EVALUATION INSTRUMENT (INFONO): PILOT STUDY

Abstract

The current study aims to test phonological evaluation instrument’s (Instrumento de

Avaliação Fonológica - INFONO) preliminary version in real evaluation scenario and to

check its adequacy to the identification of the figure’s object; and, whether it enables

producing the expected target-word. The sample consisted of 48 children (n=26 with typical

phonological development and n=22 with atypical development) who represented the

normative groups which were categorized by: age (6 age groups between 3 and 8 years and 11

months, n=8 in each age group), type of school (n=24 from public schools and n=24 from

private schools) and gender (n=24 girls and n=24 boys). The computer-organized instrument

was used and comprised by figures to be spontaneously named by the child. A descriptive

analysis on the use of the instrument was done and the percentage of recognition from each

target-word was analyzed. The results showed that most of the target-words, along with their

respective elaborated figures, reached a high recognition percentage. Such percentages were

considered adequate to the phonological evaluation instrument. Some figures needed to be re-

elaborated to facilitate the spontaneous target production and other figures were excluded

from the instrument. The INFONO enabled the correct identification of the figures’ objects

and the expected target production. So far, the minimum amount of target-words was obtained

and it allowed evaluating all the Brazilian Portuguese phonemes.

Keywords: Speech Articulation Tests; Articulation Disorders; Evaluation; Child; Speech;

43

Introdução

A capacidade de produzir corretamente os sons começa na infância, com expansão da

mesma durante a fase pré-escolar. O número de omissões e substituições de fonemas deve

decrescer com o aumento da idade cronológica, acontecendo um rápido declínio nos primeiros

anos e pouca ou nenhuma mudança nos últimos anos (GOLDMAN e FRISTOE, 2000).

A aquisição fonológica inicia no nascimento, com a emissão dos primeiros sons e

acontece de forma progressiva até a idade aproximada de cinco anos. Inicialmente, ocorre a

aquisição dos fonemas das classes das plosivas e nasais, posteriormente aparecem as fricativas

e, por último, as líquidas. Em relação à estrutura da sílaba, a ordem de aquisição no Português

Brasileiro (PB) é Consoante-Vogal (CV), Consoante-Vogal-Vogal (CVV), Consoante-Vogal-

Consoante (CVC) e, por fim, Consoante-Consoante-Vogal (CCV) (OLIVEIRA et al., 2004).

Para um adequado desenvolvimento da fala é necessário que a criança aprenda tanto

os movimentos articulatórios da sua produção (aspectos fonéticos) quanto os aspectos

organizacionais ou estruturais do inventário de fonemas da sua língua (aspectos fonológicos)

(RABELO et al., 2011). Para algumas crianças esta aquisição parece ser muito complexa e

elas podem apresentar um e/ou outro destes aspectos alterados. Em relação ao aspecto

fonológico, frequentemente encontram-se crianças que apresentam omissão e/ou substituição

de fonemas na fala em idade que isso não deveria mais acontecer. Quando isso ocorre, tem-se

o que denominamos de desvio fonológico. As crianças com desvio fonológico ao tentarem

produzir um número grande de palavras, encontrarão dificuldades, pois não apresentam em

seu inventário fonológico fonemas suficientes para produzi-los (WILLIAMS, 2000), o que

torna sua fala de difícil compreensão (WILLIAMS, 2000; ATHAYDE, MOTA e

MEZZOMO, 2010; NAMASIVAYAM et al., 2013).

O desvio fonológico é frequentemente alvo de pesquisas (FRANÇA et al., 2004;

WERTZNER, PAPP e GALEA, 2006; NEWMEYER et al., 2007; SKAHAN, WATSON e

LOF, 2007; ATHAYDE, MOTA e MEZZOMO, 2010; OSHIMA et al., 2010; PAGAN-

NEVES e WERTZNER, 2010; RABELO et al., 2011; MÜÜRSEPP et al., 2012) e pode

repercutir de maneira negativa na qualidade de vida das crianças. Este desvio pode influenciar

o desenvolvimento escolar uma vez que a fala é essencial para o processo de alfabetização e

os erros nela ocorridos poderão ocorrer na escrita. A adequada aquisição fonológica é fator

preditivo para o desenvolvimento da escrita (FRANÇA et al., 2004; MCLEOD e VERDON,

2014). Dessa forma, é fundamental o diagnóstico e intervenção precoces para evitar o

44

agravamento do desvio e, até mesmo o surgimento de outros, como os agravos sociais,

psicológicos e cognitivos, por dificuldade de comunicação (RABELO et al., 2011).

Uma intervenção eficaz depende de muitos fatores, um deles é a utilização de

instrumentos que permitam a realização de um diagnóstico preciso e que forneça normas de

desempenho para a correta interpretação dos resultados (MCLEOD e VERDON, 2014). Para

isso, é importante cada vez mais a construção e/ou adaptação de instrumentos clínicos de

qualidade que passem por etapas bem definidas e procedimentos rigorosos, bem como

apresentem estudos psicométricos para que sua utilização seja confiável (PAWLOWSKI,

TRENTINI e BANDEIRA, 2007; MCLEOD e VERDON, 2014). Assim, os instrumentos

poderão fornecer subsídios suficientes para auxiliar o diagnóstico de possíveis alterações de

fala, como o desvio fonológico. Estes devem ser construídos com base em estudos da teoria

que os originou e não por inspiração do pesquisador/criador.

Vários instrumentos internacionais, como por exemplo, o Clinical Assessment of

Articulation and Phonology – CAAP (SECORD e DONOHUE, 2002), o Test para evaluar

procesos de simplificación fonológica - TEPROSIF-R (PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA,

2009), o Assessment Link between phonology and articulation – ALPHA (LOWE, s/a) e o

Goldman Fristoe 2 – Test of Articulation – GFTA 2 (GOLDMAN e FRISTOE, 2000)

apresentam estudos psicométricos. No Brasil há uma escassez de instrumentos formais e

objetivos que forneçam evidências de validade e fidedignidade para avaliar e diagnosticar

alterações em qualquer uma das áreas da fonoaudiologia, inclusive para avaliar o desvio

fonológico. Essa escassez pode refletir no diagnóstico, na definição de condutas terapêuticas,

na elaboração de planos de intervenção (GIUSTI e BEFI-LOPES, 2008) e até mesmo nas

reavaliações para seguimento ou não da terapia.

Existem alguns estudos (FONSECA et al., 2007; FONSECA et al., 2008a; FONSECA

et al., 2008b; OSHIMA et al., 2010; CASARIN, 2011) preocupados em adaptar instrumentos

de avaliação com qualidade. Estes passaram por uma série de etapas para tornarem-se

adequados à realidade brasileira, porém, ainda são poucos e não na área da fonologia. Os

testes de avaliação fonológica existentes no Brasil, e que são usados frequentemente na

clínica e/ou na pesquisa, não apresentam estudos psicométricos de validade e fidedignidade

(FARIA, 1996; YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT, 2002; WERTZNER, 2004;

BUENO, VIDOR e ALVES, 2010; BRAUN, s/a).

Este trabalho apresenta o estudo piloto realizado como uma das etapas do processo de

elaboração de instrumento de avaliação fonológica, denominado Instrumento de Avaliação

45

Fonológica (INFONO). Este foi desenvolvido no computador para auxiliar no diagnóstico do

desvio fonológico. O objetivo deste estudo piloto foi testar a versão preliminar do INFONO

por nomeação espontânea em estudo piloto, e verificar sua adequação quanto à identificação

do objeto da figura; e, se este permite a produção da palavra-alvo.

Método

Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e transversal. O estudo foi aprovado

no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) de uma instituição de ensino superior, sob o protocolo

número 23081.005433/2011-65. Todas as crianças foram autorizadas a participar do estudo

pela assinatura dos pais e/ou responsáveis do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Apêndice I). Além disso, as crianças só foram avaliadas se assentissem oralmente sua

participação (ver e nomear as figuras no computador).

Participantes e Critérios de Inclusão

Participaram do estudo 48 crianças representando os futuros grupos normativos,

pareados a partir de uma combinação quanto ao desenvolvimento fonológico (n=26 típico e

n=22 atípico); idade (6 faixas de idade de 3 a 8 anos e 11 meses, n=8 em cada faixa), tipo de

escola (n=24 provenientes de escolas públicas e 24 de escolas privadas) e sexo (n=24 meninas

e 24 meninos). A descrição da amostra é apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 - Caracterização dos participantes quanto ao desenvolvimento fonológico, idade, tipo

de escola e sexo

Sexo M/F

Idade 3,0 - 3.11

(n=8)

4,0 - 4.11

(n=8)

5,0 - 5.11

(n=8)

6,0 - 6.11

(n=8)

7,0 - 7.11

(n=8)

8,0 - 8.11

(n=8)

DFT Pública 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1

Privada 1/1 1/1 1/1 1/1 1/2 1/2

DFA Pública 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1

Privada 1/1 1/1 1/1 1/1 1/0 1/0

Legenda: DFT = desenvolvimento fonológico típico; DFA= desenvolvimento fonológico atípico; M =

masculino; F = feminino

46

Nas idades de 7 e 8 anos, escola privada, não foi possível encontrar participantes do

sexo feminino com aquisição atípica, conforme planejado, permanecendo duas meninas com

aquisição típica. Acrescentou-se a combinação “tipo de escola” com o intuito de abranger

crianças com diferentes realidades sociais, embora nesse estudo este dado não tenha sido

analisado separadamente.

A amostra do estudo piloto foi de conveniência, sendo constituída por crianças que

satisfaziam as categorias anteriormente descritas. As crianças incluídas no estudo não

poderiam apresentar alterações significativas, à exceção de alterações fonológicas na

produção da fala. Para isso, realizou-se uma breve conversa com a criança anteriormente a

avaliação pelo INFONO, para que o fonoaudiólogo pudesse verificar e descartar dados de

crianças que apresentassem possíveis alterações de linguagem e/ou vocabulário, alterações

fonéticas. Ainda, foram excluídos os dados de crianças cujos pais e/ou professores relataram

nos questionários respondidos pelos pais (Apêndice II) e professores (Apêndice III) alguma

dificuldade relacionadas a problema auditivo, neurológico e/ou psicológico.

O diagnóstico de desenvolvimento típico ou atípico foi realizado pelo julgamento

clínico do fonoaudiólogo em uma breve conversa com a criança, considerando-se a produção

dos sons de acordo com a idade (OLIVEIRA et al., 2004). A breve conversa e a aplicação da

versão preliminar do INFONO foram realizadas por duas fonoaudiólogas doutorandas e

experiente na área do estudo, com treinamento prévio.

Material

Para a coleta de dados utilizou-se a versão preliminar do INFONO desenvolvido no

computador. Para a elaboração dessa versão do instrumento foram realizadas três etapas

sucessivas, descritas resumidamente a seguir. Ao final de cada etapa sempre ocorreu a análise

dos autores.

Etapa 1 – Análise de outros instrumentos de avaliação fonológica e revisão de

literatura para a busca de palavras-alvo. Essa etapa foi realizada a fim de encontrar palavras-

alvo que pudessem ser representadas em figuras, de fácil compreensão para crianças

pequenas. Foram obtidas 722 palavras que foram classificadas e divididas em listas de acordo

com o fonema e a posição na palavra. Estas listas foram enviadas para análise por juízes

especialistas.

Etapa 2 – Análise de juízes especialistas. Cada juiz especialista (fonoaudiólogos

doutores, fonoaudiólogos clínicos e linguistas) recebeu as listas de palavras e escolheu as dez

47

melhores palavras de cada uma delas (considerando o fonema e a posição deste na palavra)

para compor o instrumento justificando o motivo de suas escolhas. Após análises, foram

selecionadas 316 palavras às quais foram representadas em figuras para serem analisadas

pelos juízes não especialistas.

Etapa 3 – Análise de juízes não especialistas. As palavras foram julgadas pelos juízes

não especialistas (crianças de 3 a 8 anos) quanto à familiaridade e eliciação. No final desta

etapa, permaneceram 116 palavras-alvo, com, no mínimo, três ocorrências por fonema e

posição (na sílaba e na palavra) e as respectivas figuras para compor o instrumento.

Estas etapas foram importantes para definir os melhores estímulos (palavras-alvo e as

figuras) para compor a avaliação fonológica de crianças e encontram-se publicadas

detalhadamente (SAVOLDI, 2012; SAVOLDI, CERON e KESKE-SOARES, 2013). Após,

elaborou-se a versão preliminar do INFONO (Etapa 4), a qual foi testada em crianças e os

resultados serão detalhados neste artigo.

A versão preliminar foi composta por 116 estímulos que continham todos os fonemas

do PB, em diferentes posições na sílaba e na palavra. Este instrumento apresenta três ou mais

oportunidades de produção para avaliar um mesmo fonema-alvo. As palavras-alvo variam

quanto à posição do fonema, tonicidade do alvo e número de sílabas, a fim de balancear as

dificuldades de cada estímulo. A produção das palavras-alvo foi obtida por nomeação

espontânea.

Para cada um dos estímulos foi desenvolvida uma pergunta-chave a ser realizada pelo

avaliador, como por exemplo, “O menino vai dar um...?” (beijo), “Ele vai usar o lápis

para...?” (escrever), “Que bicho é este?” (cavalo), etc. A pergunta-chave junto com a figura

direciona para a produção da palavra-alvo desejada. Esta versão do programa apresentava

opções de marcação de acordo com a produção da criança, como: eliciou corretamente,

eliciou com alterações, eliciou palavras similares e não eliciou.

A opção “eliciou corretamente” foi marcada somente quando a criança produziu o alvo

corretamente sem omissão e/ou substituição de fonema; a opção “eliciou com alterações” foi

selecionada quando a criança falou o alvo desejado, mas com presença de omissão e/ou

substituição de fonema. A opção “eliciou palavras similares” foi selecionada quando a criança

falou outra palavra relacionada à figura e/ ou a pergunta-chave, neste caso, sempre se anotava

ao lado a palavra dita pela criança; e, a opção “não eliciou” foi marcada quando a criança não

produziu o alvo e/ou produzia outras palavras não relacionadas à figura.

48

No momento da avaliação, a criança nomeava a palavra e o avaliador selecionava a

transcrição, mediante uma série de opções desde a transcrição fonética correta ou a alterada.

Dentre as alteradas há lista de possibilidades de transcrição que foi elaborada a partir das

alterações descritas na literatura quanto aos processos fonológicos presentes na fala típica e

desviante. Havia, ainda, a possiblidade de transcrever outras opções de palavras a partir do

teclado virtual, que apresenta teclas com sons do Alfabeto Fonético Internacional.

Na versão preliminar, a fala da criança não foi gravada e nem mesmo foi possível

visualizar nenhum forma de resultado da avaliação fonológica, como por exemplo, a análise

contrastiva, pois estas informações não influenciariam diretamente nos objetivos deste estudo.

Posteriormente, os resultados dos dados de fala de cada criança foram gerados no formato

HTML para realização dos procedimentos de análise.

Procedimentos

A coleta dos dados foi realizada por nomeação espontânea, a fim de verificar se a

criança produzia o alvo desejado representado pela figura. No momento da coleta foi marcado

para cada palavra-alvo uma das opções do programa: eliciou corretamente, eliciou com

alterações, eliciou palavras similares e não eliciou. Algumas vezes, foi necessário utilizar a

pergunta-chave fornecida, por exemplo, “O menino vai dar um...?” para o alvo “beijo”, mas

em outras vezes a criança falava o alvo antes mesmo de ser realizada a pergunta. Quando não

foi obtido o alvo correto, outra pergunta-chave poderia ser utilizada, mas a pergunta realizada

pelo avaliador devia ser anotada no campo de observação desta versão preliminar.

Após a coleta dos dados da fala, os resultados foram gerados no formato HTML, os

quais foram utilizados para elaborar uma planilha no Excel com as respostas de todas as

crianças para as 116 palavras-alvo. Com esta planilha foi possível calcular o percentual de

reconhecimento de cada uma das figuras. O percentual foi calculado pela frequência de

respostas das opções “eliciou corretamente” e “eliciou com alterações”. Em seguida, criou-se

outra planilha, dividindo as palavras-alvo por fonema e posição da sílaba que estava sendo

avaliada, em ordem decrescente do percentual de reconhecimento da figura. Por meio desta

última planilha, as dificuldades apresentadas no reconhecimento e na produção dos alvos

foram analisadas conforme os seguintes critérios estabelecidos pelas autoras:

Critério 1 – Complexidade da aquisição dos fonemas e estruturas silábicas. Iniciou-se

a análise pelos fonemas mais complexos e últimos a serem adquiridos: (1º) Palavras que

apresentavam a estrutura de Onset Complexo (OC); (2º) Palavras que avaliam a posição de

49

Coda; (3º) Palavras que avaliam a posição de Onset - fonemas de menor ocorrência de

palavras na avaliação, como, o //, /z/, /f/, //; (4º) Palavras que avaliam a posição de Onset -

fonemas de grande ocorrência no instrumento.

Critério 2 – Percentual de reconhecimento das palavras que avaliam a estrutura de OC.

Foram considerados os seguintes percentuais: 80% ou mais, o estímulo permaneceu no

instrumento; de 60% a 79%, a figura-alvo ou a pergunta-chave necessita ser adequada para

obter a palavra-alvo; menos de 60%, o estímulo foi eliminado da avaliação.

Critério 3 – Percentual de reconhecimento das palavras que avaliam a posição de

Coda. Estímulos com 80% ou mais de reconhecimento permaneceram no instrumento, os

demais foram eliminados. Considerou-se um único percentual porque nesta posição obteve-se

um número suficiente de palavras-alvo para avaliar o fonema sem que prejudicasse a

avaliação de outros fonemas no instrumento.

Critério 4 – Percentual de reconhecimento das palavras que avaliam a posição de

Onset - fonemas de menor ocorrência. Considerou-se o percentual de 80% ou mais, o

estímulo permaneceu no instrumento; de 60% a 79%, a figura-alvo ou a pergunta-chave foi

modificada; menos de 60% o estímulo foi eliminado da avaliação.

Critério 5: Percentual de reconhecimento das palavras que avaliam a posição de Onset

- fonemas de grande ocorrência. Considerou-se o percentual de 80% ou mais para o estímulo

permanecer no instrumento. Também, considerou-se somente esse percentual pelo mesmo

motivo referido no Critério 3. Mesmo assim, alguns estímulos com percentuais maiores de

80% foram eliminados da avaliação com o objetivo diminuir o número de itens do INFONO.

A exclusão destes estímulos foi criteriosa quanto a não prejudicar a ocorrência mínima de três

possibilidades do fonema na mesma posição ou de outros fonemas no instrumento.

Com base nas respostas das crianças foi possível verificar a existência de falhas na

elaboração dos estímulos como, por exemplo, figura não reconhecida, palavra-alvo não

familiar; uso de pergunta-chave inadequada ou insuficiente para gerar a produção do alvo

desejado, etc. Dessa forma, obtiveram-se os estímulos finais para compor o INFONO.

Análise dos Dados

Foi realizada uma análise descritiva das respostas das crianças. Analisaram-se, pelo

percentual de reconhecimento dos estímulos, as dificuldades de identificação do objeto

representado nas figuras, a familiaridade na produção da palavra-alvo; adequação das

50

perguntas-chave, e ainda, foi possível verificar as transcrições faltantes e outros aspectos

importantes para o desenvolvimento do INFONO. O percentual de reconhecimento das

figuras foi calculado pela frequência de respostas das opções “eliciou corretamente” e “eliciou

com alterações” para cada estímulo.

Resultados

O índice de reconhecimento encontrado foi alto para a maioria dos estímulos, isto é,

superior a 80% em 93 estímulos (80,2%) testados, sendo que destes, 69 estímulos tiveram um

índice superior a 90% de acertos; entre 60 a 79% em 16 estímulos; e, menor que 60% apenas

para sete estímulos. Para melhor compreensão, os resultados serão apresentados por classe de

sons e não pela ordem dos critérios estabelecidos.

Em relação aos fonemas da classe das nasais (Tabela 2) observou-se que quase todas

as palavras-alvo, nas diferentes posições, apresentaram um percentual de reconhecimento

maior que 80%, sugerindo que os estímulos estavam adequados para obter a produção da

palavra-alvo desejada. Apenas a figura e a pergunta-chave para a palavra-alvo “navio”

(66,67%) precisaram ser adequadas (Critério 4). Este alvo era importante para manter as três

possibilidades de produção do /n/ em OI. A figura de um “navio comum” precisou ser

modificada para um “navio pirata” e, dessa forma, a pergunta-chave que era “O que é isto?”

passou a ser “É de pirata, é um ...?”. Várias crianças identificavam inicialmente a figura como

“barco”.

51

Tabela 2 - Percentual de reconhecimento das palavras-alvo com os fonemas da classe das nasais

Nas

ais Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento

OI n (%) OM n (%) CM** n (%) CF** n (%)

m

Mesa 48 (100) Cama 48 (100)

Macaco 47 (97,92) Grama 42 (87,50)

Mão 47 (97,92) Caminhão 42 (87,50)

Magro 42 (87,50) Tomate 39 (81,25)

Microfone 39 (81,25)

n

Nuvem 42 (87,50) Chinelo 48 (100) Língua 47 (97,92) Trem 48 (100)

Nariz 42 (87,50) Banana 48 (100) Presente 47 (97,92) Batom 47 (97,92)

Navio* 32 (66,67) Panela 46 (95,83) Brinco 47 (97,92) Nuvem 42 (87,50)

Tênis 46 (95,83) Dente 44 (91,67)

Anel 43 (89,58) Ventilador 44 (91,67)

Jornal 40 (83,33) Branco 44 (91,67)

Microfone 39 (81,25) Laranja 40 (83,33)

Galinha 44 (91,67)

Passarinho 44 (91,67)

Caminhão 42 (87,50)

Legenda: OI= Onset Inicial; OM = Onset Medial; CM = Coda Medial; CF = Coda Final; * = necessidade de adequar a figura e/ou a pergunta-chave; ** = fonema nesta posição é

marcado pela nasalidade

52

Para os fonemas da classe das plosivas (Tabela 3) verificou-se que os percentuais mais

baixos de reconhecimento das palavras-alvo estavam relacionados com as que avaliam

também a estrutura do OC (Critério 2). As figuras correspondentes às palavras-alvo

“biblioteca”, “beijo”, “terra”, “plástico”, “gritar”, “floresta”, “chiclete” e “placa” que

permaneceram no instrumento, foram reelaboradas para facilitar a produção. Por exemplo, a

figura que representava a palavra chiclete, muitas crianças identificavam e produziam como

balão. Para obter a produção desse alvo, percebeu-se que o essencial foi tornar a figura

“animada” com gif’s (termo dado às animações formadas por várias

imagens GIF compactadas numa só dando movimento a figura), ou seja, colocar uma

sequência de movimentos: menino mastigando, fazendo uma bolha, a bolha estourando e o

chiclete grudado no rosto do menino. O mesmo aconteceu para os alvos “beijo” e “gritar” que

depois de tornarem-se “animadas” facilitaram a compreensão do estímulo. Para o alvo

“terra”, muitas crianças falavam areia molhada. A figura foi modificada aparecendo os

movimentos de um menino plantando uma muda de árvore. A pergunta-chave “O que é isto?”

passou a ser “O menino está plantando na ...?”. Modificações como estas foram realizadas

para os outros quatro alvos que precisaram ser reelaborados. Todos os estímulos do INFONO

foram “animados” com gif’s, alguns por necessidade e outros para se tornarem mais atrativos.

Tabela 3 - Percentual de reconhecimento das palavras-alvo com os fonemas da classe das

plosivas

Plosivas Palavras

% de

reconhecimento Palavras

% de

reconhecimento

OI n (%) OM n (%)

p

Pé 48 (100) Sapo 48 (100)

Porta 48 (100) Sapato 47 (97,92)

Porco 47 (97,92) Copo 47 (97,92)

Panela 46 (95,83) Espelho 47 (97,92)

Pedra 45 (93,75) Lápis 46 (95,83)

Passarinho 44 (91,67) Tapete 46 (95,83)

Pastel 43 (89,58) Chapéu 46 (95,83)

Zíper 16 (33,33)

b

Bola 48 (100) Cabelo 46 (95,83)

Banana 48 (100) Rabo 43 (89,58)

Bolsa 47 (97,92) Bebê 42 (87,50)

Batom 47 (97,92)

Bicicleta 45 (93,75)

53

Plosivas Palavras

% de

reconhecimento Palavras

% de

reconhecimento

OI n (%) OM n (%)

Barriga 44 (91,67)

Bebê 42 (87,50)

Biblioteca* 33 (68,75)

Beijo* 31 (64,58)

Bíblia 15 (31,25)

t

Tapete 46 (95,83) Gato 48 (100)

Tênis 46 (95,83) Prato 48 (100)

Tesoura 46 (95,83) Porta 48 (100)

Tomate 39 (81,25) Sapato 47 (97,92)

Terra* 33 (68,75) Presente 47 (97,92)

Baton 47 (97,92)

Tapete 46 (95,83)

Bicicleta 45 (93,75)

Ventilador 44 (91,67)

Dente 44 (91,67)

Pastel 43 (89,58)

Fruta 41 (85,42)

Tomate 39 (81,25)

Plástico* 35 (72,92)

Biblioteca* 33 (68,75)

Gritar* 32 (66,67)

Floresta* 32 (66,67)

Chiclete* 30 (62,50)

d

Dedo 46 (95,83) Cadeira 48 (100)

Dente 44 (91,67) Escada 48 (100)

Dado 41 (85,42) Dedo 46 (95,83)

Ventilador 44 (91,67)

Fralda 43 (89,58)

Roda 42 (87,50)

Dado 41 (85,42)

Crocodilo 31 (64,58)

k

Cavalo 48 (100) Faca 48 (100)

Cama 48 (100) Óculos 48 (100)

Cadeira 48 (100) Escada 48 (100)

Casa 48 (100) Vaca 48 (100)

Calça 48 (100) Macaco 47 (97,92)

Cachorro 47 (97,92) Brinco 47 (97,92)

54

Plosivas Palavras

% de

reconhecimento Palavras

% de

reconhecimento

OI n (%) OM n (%)

Copo 47 (97,92) Porco 47 (97,92)

Colher 47 (97,92) Jacaré 46 (95,83)

Coração 47 (97,92) Branco 44 (91,67)

Coelho 47 (97,92) Plástico* 35 (72,92)

Cabelo 46 (95,83) Biblioteca* 33 (68,75)

Caixa 46 (95,83) Crocodilo 31 (64,58)

Cobra 44 (91,67) Placa* 31 (64,58)

Café 43 (89,58)

Caminhão 42 (87,50)

Garfo 46 (95,83) Língua 47 (97,92)

Gato 48 (100) Fogo 47 (97,92)

Galinha 44 (91,67) Barriga 44 (91,67)

Dragão 41 (85,42)

Legenda: OI = Onset Inicial; OM = Onset Medial; * = necessidade de adequar a figura e/ou a pergunta-chave

Observou-se que, para os fonemas da classe das fricativas (Tabela 4), a maioria das

palavras-alvo que permaneceram no instrumento apresentaram um percentual de

reconhecimento maior que 80%, sugerindo a adequação das figuras utilizadas para obter a

produção do alvo. No entanto, algumas palavras como “vidro”, “plástico”, “cruz”, “zero”,

“floresta”, “chiclete”, “chifre”, “igreja” e “navio” foram reelaboradas para facilitar a produção

do alvo. Estas, com exceção das palavras de “zero” e “navio”, permaneceram no instrumento

pela necessidade de avaliar a estrutura de OC (Critério 2).

55

Tabela 4 - Percentual de reconhecimento das palavras-alvo com os fonemas da classe das fricativas

Fri

cati

vas

Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento

OI n (%) OM n (%) CM n (%) CF n (%)

f

Faca 48 (100) Sofá 48 (100)

Fogo 47 (97,92) Garfo 46 (95,83)

Folha 46 (95,83) Girafa 45 (93,75)

Café 43 (89,58)

Microfone 39 (81,25)

v

Vaca 48 (100) Cavalo 48 (100)

Vassoura 47 (97,92) Avião 48 (100)

Ventilador 44 (91,67) Ovo 48 (100)

Vidro* 38 (79,17) Chave 46 (95,83)

Luva 44 (91,67)

Nuvem 42 (87,50)

Travesseiro 42 (87,50)

Escrever 40 (83,33)

Navio* 32 (66,67)

s

Sapo 48 (100) Calça 48 (100) Escada 48 (100) Óculos 48 (100)

Sofá 48 (100) Coração 47 (97,92) Espelho 47 (97,92) Lápis 46 (95,83)

Sapato 47 (97,92) Vassoura 47 (97,92) Estrela 46 (95,83) Tênis 46 (95,83)

Soprar 44 (91,67) Bolsa 47 (97,92) Pastel 43 (89,58) Nariz 42 (87,50)

Bicicleta 45 (93,75) Escrever 40 (83,33) Cruz* 31 (64,58)

Passarinho 44 (91,67) Plástico* 35 (72,92)

Travesseiro 42 (87,50) Floresta* 32 (66,67)

56

Fri

cati

vas

Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento

OI n (%) OM n (%) CM n (%) CF n (%)

Classe 12 (25)

Glacê 2 (4,17)

z

Zebra 42 (87,50) Casa 48 (100)

Zero* 34 (70,83) Mesa 48 (100)

Zíper 16 (33,33) Presente 47 (97,92)

Tesoura 46 (95,83)

Blusão 17 (35,42)

Blusa 12 (25)

Chinelo 48 (100) Cachorro 47 (97,92)

Chave 46 (95,83) Bruxa 46 (95,83)

Chapéu 46 (95,83) Caixa 46 (95,83)

Chifre* 31 (64,58)

Chiclete* 30 (62,50)

Jacaré 46 (95,83) Relógio 47 (97,92)

Girafa 45 (93,75) Beijo 43 (89,58)

Jornal 40 (83,33) Laranja 40 (83,33)

Joelho 38 (79,17) Igreja* 35 (72,92)

Legenda: OI = Onset Inicial; OM = Onset Medial; CM = Coda Medial; CF = Coda Final; * = necessidade de adequar a figura e/ou a pergunta-chave

57

O alvo “vidro” várias vezes foi identificado como janela dificultando a produção do

alvo. Assim, a figura foi modificada para uma pedra quebrando o vidro da janela e a pergunta-

chave passou a ser “A pedra quebrou o ...?” em vez de “A janela tem ...?”. Para o alvo

“plástico” apenas a pergunta foi reelaborada para “Este copo não é de vidro é de ...?”. A

figura correspondente ao alvo “zero” foi reelaborada, aumentando a sequência de números

que era [0 1] para [0 1 2 3], e o número “zero” foi “animado”, aumentando de tamanho, pois

muitas crianças produziam o numeral [ds] ou a vogal aberta []. Da mesma forma, os demais

alvos (“igreja”, “navio”, “chifre”, “cruz”, “plástico”, “floresta”) que tinham necessidade de

adequação foram modificados.

Quanto aos fonemas da classe das líquidas (Tabela 5), observou-se que a maioria das

figuras, correspondentes às palavras-alvo, estavam adequadas para se obter a produção

desejada. Poucos estímulos (“refri”, “terra”, “zero”, “floresta”, “gritar”) precisaram ser

adequadas em termos de desenho para facilitar a nomeação espontânea.

58

Tabela 5 - Percentual de reconhecimento das palavras-alvo com os fonemas da classe das líquidas

Líq

uid

as

Palavras % de

reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento

OI n (%) OM n (%) CM n (%) CF n (%)

R

Relógio 47 (97,92) Cachorro 47 (97,92)

Rabo 43 (89,58) Barriga 44 (91,67)

Roda 42 (87,50) Terra* 33 (68,75)

Refri* 37 (77,08)

r

Cadeira 48 (100) Porta 48 (100) Flor 47 (97,92)

Coração 47 (97,92) Porco 47 (97,92) Colher 47 (97,92)

Vassoura 47 (97,92) Garfo 46 (95,83) Ventilador 44 (91,67)

Jacaré 46 (95,83) Jornal 40 (83,33) Soprar 44 (91,67)

Tesoura 46 (95,83) Escrever 40 (83,33)

Girafa 45 (93,75) Gritar* 32 (66,67)

Passarinho 44 (91,67) Zíper 16 (33,33)

Nariz 42 (87,50)

Travesseiro 42 (87,50)

Laranja 40 (83,33)

Zero* 34 (70,83)

Floresta* 32 (66,67)

Clara 18 (37,50)

l

Livro 47 (97,92) Cavalo 48 (100) Calça 48 (100) Anel 43 (89,58)

Língua 47 (97,92) Bola 48 (100) Bolsa 47 (97,92) Pastel 43 (89,58)

Lápis 46 (95,83) Óculos 48 (100) Fralda 43 (89,58) Jornal 40 (83,33)

Luva 44 (91,67) Chinelo 48 (100)

Letra 41 (85,42) Relógio 47 (97,92)

59

Líq

uid

as

Palavras % de

reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento

OI n (%) OM n (%) CM n (%) CF n (%)

Laranja 40 (83,33) Cabelo 46 (95,83)

Estrela 46 (95,83)

Panela 46 (95,83)

Galinha 44 (91,67)

Ventilador 44 (91,67)

Crocodilo 31 (64,57)

Espelho 47 (97,92)

Colher 47 (97,92)

Coelho 47 (97,92)

Folha 46 (95,83)

Joelho 38 (79,17)

Legenda: OI = Onset Inicial; OM = Onset Medial; CM = Coda Medial; CF = Coda Final; * = necessidade de adequar a figura e/ou a pergunta-chave

60

Em relação à estrutura de OC (Tabela 6), a intenção de conseguir duas palavras para

permanecer no instrumento em cada posição da palavra não foi possível, porque alguns

apresentavam menos possibilidades, assim tentou-se manter o máximo possível de estímulos

que avaliassem essa estrutura. Foram excluídas do instrumento apenas os alvos que

apresentaram um percentual muito baixo de reconhecimento (Critério 2) como, por exemplo,

para o “bl” (blusa, blusão), “kl” (clara, classe) e “gl” (glacê). Para estes não foi possível obter

alvos que fossem compatíveis com o vocabulário infantil na posição de OI na estrutura de

OC. Para outros foi possível obter apenas uma palavra, como para o “vr” (livro). Essa

dificuldade reside, principalmente, em conseguir palavras-alvo representáveis por meio de

figuras e que pertençam ao léxico de crianças pequenas.

Tabela 6 - Percentual de reconhecimento das palavras-alvo com OC

Onset

Complexo

Palavras % de

reconhecimento Palavras

% de

reconhecimento

OI n (%) OM n (%)

pr Prato 48 (100) Soprar 44 (91,67%)

Presente 47 (97,92)

pl Plástico 35 (72,92)

Placa* 31 (64,58)

br

Brinco 47 (97,92) Cobra 44 (91,67)

Bruxa 46 (95,83) Zebra 42 (87,50)

Branco 44 (91,67)

bl Blusão 17 (35,42) Biblioteca* 33 (68,75)

Blusa 12 (25) Bíblia 15 (31,25)

tr Trem 48 (100) Estrela 46 (95,83)

Travesseiro 42 (87,50) Letra 41 (85,42)

dr Dragão 41 (85,42) Pedra 45 (93,75)

Vidro* 38 (79,17)

kr Cruz* 31 (64,58) Escrever 40 (83,33)

Crocodilo 31 (64,58) Microfone 39 (81,25)

kl Clara 18 (37,50) Bicicleta 45 (93,75)

Classe 12 (25) Chiclete* 30 (62,50)

gr Grama 42 (87,50) Magro 42 (87,50)

Gritar* 32 (66,67) Igreja* 35 (72,92)

gl Glacê 2 (4,17)

fr Fralda 43 (89,58) Refri* 37 (77,08)

Fruta 41 (85,42) Chifre* 31 (64,58)

61

fl Flor 47 (97,92)

Floresta* 32 (66,67)

vr Livro 47 (97,92)

Legenda: OI = Onset Inicial; OM = Onset Medial; * = necessidade de adequar a figura e/ou a pergunta-chave

Após a análise dos resultados deste estudo piloto, percebeu-se que ainda era possível

excluir algumas figuras sem prejudicar o mínimo de ocorrências (três possibilidades) do

fonema na mesma posição ou de outros fonemas no instrumento (Critério 5). De acordo com

esse critério, algumas palavras como, escada, luva, tomate, óculos, banana, etc. puderam ser

excluídas. Após as alterações o INFONO ficou composto por 84 palavras-alvos representadas

por figuras, atendo-se ao objetivo do teste de ser rápido e de fácil aplicação. A síntese do

número de estímulos para cada fonema que compõem o instrumento por posição, número de

sílaba e tonicidade é apresentada na Tabela 7.

Tabela 7 - Número de estímulos que permaneceram no INFONO para cada fonema por

posição, número de sílabas e tonicidade Número de estímulo x Posição

m n p b t d k f v S z l R

OI 3 3 - 4 7 3 3 11 3 3 3 4 2 4 3 4 - 3 -

OM 3 5 3 5 3 16 4 7 4 4 5 5 4 3 3 7 4 3 8

CM - 5 - - - - - - - - 6 - - - 3 - - 3

CF - 3 - - - - - - - - 4 - - - 3 - - 6

Número de estímulo x Número de sílabas

m n p b t d k f v s z l R

Monossílabas 1 1 - 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 - 0 1

Dissílabas 4 11 0 5 6 10 4 10 5 5 4 9 4 4 2 10 2 3 8

Trissílabas 1 2 2 2 2 6 0 7 2 1 2 6 2 3 4 6 2 3 5

Polissílabas 1 2 3 1 2 3 1 1 0 1 2 3 0 0 0 1 0 0 3

Número de estímulo x Tonicidade

m n p b t d k f v s z l R

Tônica 2 9 1 5 4 7 4 5 3 5 5 3 4 2 0 12 1 2 13

Átona 4 5 2 4 5 12 1 13 4 2 3 16 2 5 6 5 3 4 4

Legenda: OI = Onset Inicial; OM = Onset Medial; CM = Coda Medial; CF = Coda Final

62

Discussão

As figuras estavam adequadas para compor o INFONO, sendo isso verificado pelo alto

índice de reconhecimento da maioria dos estímulos testados. A produção exata da palavra-

alvo é importante para não deixar de avaliar e/ou oferecer menos possibilidades de produção

para algum fonema em alguma posição na sílaba e/ou palavra.

Nas etapas de elaboração de uma ferramenta de avaliação deve-se indicar claramente a

sua finalidade e o público-alvo a que se destina; avaliar a adequação dos itens selecionados; o

tipo de palavras incluídas; e, os métodos utilizados para extrair as palavras-alvo (FRIBERG,

2010; MCLEOD e VERDON, 2014). Quanto aos estímulos, devem-se ter alguns cuidados

como: não usar palavras que não são comumente conhecidas por crianças pequenas; ou evitar

alvos que não fazem parte da cultura do país, sendo importante considerar as diferenças

regionais; etc. (GOLDMAN e FRISTOE, 2000).

Estes itens são importantes para um instrumento, pois este deve assegurar a sua

precisão diagnóstica, assim como apresentar alta sensibilidade (identificação precisa da

dificuldade da criança) e especificidade (identificação precisa da ausência de dificuldade em

crianças que não têm) (FRIBERG, 2010; MCLEOD e VERDON, 2014). Uma avaliação

precisa é uma das principais ferramentas para o clínico obter um diagnóstico confiável e

possibilitar o planejamento da intervenção. Pensando nisso, o INFONO foi elaborado para

fornecer uma amostra de fala completa incluindo diversas possibilidades para a produção de

todas as consoantes do PB, nas diferentes posições que ocorrem na sílaba e na palavra.

Pelos percentuais de reconhecimento dos itens, foi possível analisar se os estímulos

pertenciam realmente ao vocabulário infantil, pois antes de nomear a criança precisa

identificar a figura ou a ação representada. O processo de nomeação por confrontação visual

passa por três estágios: (1) identificação do objeto representado; (2) acesso à sua

representação semântica, permitindo que o objeto seja reconhecido; e (3) lexicalização, ou

ativação da representação fonológica, por meio da qual o nome da figura é recuperado e

pronunciado (SPEZZANO, MANSUR e RADANOVIC, 2013). Há uma relação entre o

desenvolvimento lexical e o inventário fonológico das crianças, sendo importante a realização

de pesquisas que mostrem como os fatores lexicais e fonológicos podem influenciar a

produção da fala, e como esta informação pode ser utilizada no diagnóstico e tratamento de

crianças com desenvolvimento fonológico atípico (SOSA e STOEL-GAMMON, 2012).

63

Oferecer no mínimo três possibilidades de produção de cada fonema do PB em cada

posição em que ocorre; e, duas para a estrutura de OC eram metas para o INFONO. No

entanto, pelos critérios estabelecidos e considerados importantes para a seleção dos estímulos,

não foi possível atingir esta meta para o fonema “z” em OI e para alguns OC (“cl”, “cr”, “gl”,

“bl”), devido ao baixo percentual de reconhecimento apresentado. Acredita-se que isso pode

ter ocorrido por dois motivos, ou pelos estímulos não pertencerem ao vocabulário de crianças

pequenas ou pela dificuldade de representação da palavra-alvo de modo que fossem

reconhecidas e produzidas pelas crianças (BUENO, VIDOR e ALVES, 2010).

Mesmo assim, verificou-se que o INFONO avaliou todos os fonemas do PB em todas

as posições da sílaba e da palavra, ou seja, os alvos que permaneceram no instrumento foram

suficientes para a compilação do inventário fonético e fonológico da criança. Este aspecto foi

considerado importante para um instrumento que avalia a fala pela nomeação espontânea de

palavras, uma vez que para concluir com precisão que um som não produzido pela criança

está ausente no seu inventário, ela deve ter oportunidades suficientes para produzir este som

(YGUAL-FERNÁNDEZ, CERVERA-MÉRIDA e ROSSO, 2008; EISENBERG e

HITCHCOCK, 2010). Não foram encontradas pesquisas que indicassem quantas seriam o

número suficiente de oportunidades para concluir que uma criança consegue ou não produzir

um determinado som. Mas, com base no critério que os sons, para serem atribuídos ao

inventário fonético, teriam que ser produzidos pelo menos duas vezes, teria de ser dada para

uma criança pelo menos duas oportunidade para a produção de cada fonema (EISENBERG e

HITCHCOCK, 2010).

Pela análise, ainda verificou-se que alguns fonemas como, por exemplo: /p/ e /k/ em

OI e OM; /b/ em OI; /t/, /r/ e /l/ em OM apresentavam mais de oito oportunidades de

produção, o que seria desnecessário. Com o intuito de reduzir o número de estímulos do

instrumento, alguns alvos foram excluídos sem que prejudicassem a ocorrência de outros

fonemas de menor ocorrência como, /d/, /g/, /f/, /s/, /z/ em OI ou a avaliação do OC. Mesmo

assim, alguns fonemas de grande ocorrência na avaliação permaneceram com mais de três

possibilidades, a fim de preservar a presença do OC e de alguns fonemas de menor

ocorrência.

Um estudo (EISENBERG e HITCHCOCK, 2010) analisou se 11 testes padronizados

para avaliar as consoantes do inglês forneciam estímulos suficientes para avaliar

completamente o inventário consonantal de uma criança. Este estudo observou que os testes

foram uteis para identificar crianças com desvio fonológico, porém, eles não forneciam o

64

número necessário de oportunidades de produção de fonemas para avaliar todas as consoantes

do Inglês. Nesses casos, a avaliação devia ser complementada com sondagens por meio de

palavras foneticamente controladas a fim de estabelecer os sons que estavam ausentes no

inventário fonológico da criança.

Esse mesmo estudo (EISENBERG e HITCHCOCK, 2010) sugeriu a necessidade de

testar fonemas em mais de uma palavra, pelo efeito dos sons antecedentes e seguintes ao

fonema a ser avaliado. No caso do INFONO são oferecidos três ou mais alvos em palavras

com diferente número de sílabas, tonicidades e contexto antecedente e seguinte. Estas

variáveis podem influenciar a capacidade de uma criança na produção do som-alvo (KESKE-

SOARES, PAGLIARIN e CERON, 2009; EISENBERG e HITCHCOCK, 2010). Assim,

considerou-se importante que o INFONO oferecesse palavras com diferentes números de

sílabas (mono, di, tri e polissilábicas) em que o alvo estivesse presente, na medida do

possível, tanto em sílaba tônica quanto sílaba átona. Testes que não incluem palavras de

complexidade variada (EISENBERG e HITCHCOCK, 2010) ou que incluem somente

palavras de alta frequência de uso lexical (YGUAL-FERNÁNDEZ, CERVERA-MÉRIDA e

ROSSO, 2008) podem não diagnosticar corretamente o desvio fonológico ou fornecer

respostas não reais à capacidade da criança como em situações reais de fala.

Ao encerrar a análise do estudo piloto continuou-se o desenvolvimento do INFONO.

Este instrumento de avaliação oferece no computador, uma anamnese geral e a avaliação

fonológica. A avaliação fonológica pode ser realizada de três formas: repetição, nomeação

espontânea e fala encadeada. As duas primeiras formas de coletas (repetição e nomeação

espontânea) estão prontas para uso e a última (fala encadeada) está em desenvolvimento no

software. Após seu completo desenvolvimento, o software deverá ser registrado junto ao

Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) por meio do Núcleo de Inovação e

Transferência de Tecnologia (NIT) da Universidade Federal de Santa Maria, antes de sua

divulgação na íntegra.

Conclusão

Este estudo analisou uma situação real de avaliação utilizando o INFONO. Concluiu-

se que a maioria das figuras utilizadas permitiu o correto reconhecimento dos estímulos, e

consequentemente possibilitou a produção do alvo desejado. Poucos precisaram ser

reelaborados para permitir a produção espontânea do alvo. Ainda, obteve-se uma quantidade

65

mínima, mas suficiente de alvos para compor o instrumento, os quais permitiram uma

avaliação eficaz de todo o inventário fonético e fonológico da criança.

Este instrumento ofereceu duas ou mais oportunidades de produção para avaliar um

mesmo som-alvo, com o intuito de certificar-se se o som/fonema está mesmo presente ou

ausente no inventário fonético e fonológico da criança. Ainda, o INFONO oferece palavras

com diferentes números de sílabas em que o alvo está presente, na medida do possível, tanto

em sílaba tônica quanto átona.

Referências

BRAUN, C. M. Avalie - Avaliação de fala e linguagem: CTS Informática s/a.

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68

2.2. Estudo 2:

FATORES EXTRALINGUÍSTICOS NA PRODUÇÃO DOS SONS E DADOS

NORMATIVOS DA AVALIAÇÃO FONOLÓGICA - INFONO

Resumo

Este estudo analisou a influência do sexo, idade e tipo de escola (pública ou privada) na

produção de fonemas no INFONO, além de apresentar os seus dados normativos.

Participaram 733 crianças (idades entre 3 e 8 anos e 11 meses) falantes monolíngues do

Português Brasileiro (PB), com desenvolvimento fonológico típico. Os participantes foram

avaliados pelo INFONO por meio da nomeação espontânea. Realizou-se uma análise de

regressão linear múltipla com método stepwise. Os dados normativos para cada grupo foram

relatados através das médias, desvios-padrão e pontuações referentes ao percentil 5 e 10. A

comparação de desempenho entre os grupos foi realizada pelo Teste t de Student e análise de

variância ANOVA com post hoc Tukey. Os resultados mostraram que a idade teve maior

impacto na produção dos fonemas. Em geral, observaram-se aumento da produção correta dos

fonemas com o aumento da idade, valores de produção dos fonemas semelhantes entre os

sexos e uma oscilação em relação ao desempenho entre participantes de escola pública e

privada. Por fim, o INFONO é um instrumento de avaliação fonológica desenvolvido no

computador normatizado para a população do sul do Brasil.

Palavras-chave: Testes de Articulação da Fala; Transtornos da Articulação; Avaliação; Idade

Criança; Fala

69

EXTRALINGUISTIC FACTORS IN THE PRODUCTION OF SOUNDS AND

NORMATIVE DATA OF PHONOGICAL EVALUATION – INFONO

Abstract

The current study analyzed the influence of gender, age and the type of school (public or

private) on phoneme’s production within INFONO, besides presenting its normative data.

Seven hundred and thirty-three children (ages between 3 and 8 years and 11 months), who are

Brazilian Portuguese monolingual speakers with typical phonological development

participated in the study. The participants were assessed using INFONO by means of

spontaneous naming. A multiple linear analysis was done using the stepwise method. The

normative data from each group were reported through the means, standard-deviation and

scores of percentiles 5 and 10. The performance comparison between groups was done by

Student T test and ANOVA variance analysis with post hoc Tukey. Results showed that age

presented stronger impact on phoneme production. The increase in correct phoneme

production due to aging was observed as well as the values of similar phoneme production

between genders and an oscillation in performance among participants from private and

public schools. Finally, INFONO is the first computer developed phonological evaluation

instrument standardized to the population in the South of Brazil.

Keywords: Speech Articulation Tests; Articulation Disorders; Evaluation; Age; Child;

Speech;

Introdução

Os instrumentos de avaliação fonológica brasileiros mudaram passando de simples

testes de articulação para baterias de avaliações mais complexas (MOTA, 2001). Esta

mudança decorreu da necessidade de entender melhor a organização fonológica da criança,

além de obter informações das suas habilidades articulatórias. Essas baterias exigem mais

tempo de aplicação e análise dos resultados que os testes de articulação (YGUAL-

FERNÁNDEZ, CERVERA-MÉRIDA e ROSSO, 2008; BUENO, VIDOR e ALVES, 2010;

EISENBERG e HITCHCOCK, 2010), que ainda são utilizados, mas com o objetivo de avaliar

se os sons ausentes no inventário fonético são ou não estimuláveis e/ou para detectar

70

dificuldades articulatórias (MOTA, 2001; CASTRO e WERTZNER, 2009; EISENBERG e

HITCHCOCK, 2010; CASTRO e WERTZNER, 2012).

Dentre os instrumentos de avaliação fonológica existentes no Brasil, os mais utilizados

em pesquisas são a Avaliação Fonológica da Criança – AFC (YAVAS, HERNANDORENA e

LAMPRECHT, 2002) e o Teste de Linguagem Infantil – Fonologia – ABFW (WERTZNER,

2004). Esses testes são os mais completos existentes no país e apesar de serem muito

utilizados, ainda não apresentam estudos de normatização, validade e fidedignidade.

Internacionalmente cada vez mais os pesquisadores (MCCAULEY e SWISHER, 1984a;

b; PLANTE e VANCE, 1994; MCCAULEY, 2001; SECORD e DONOHUE, 2002; PAVEZ,

MAGGIOLO e COLOMA, 2009; FRIBERG, 2010; STRAND et al., 2013; VIGELAND e

KIRK, 2013; KIRK e VIGELAND, 2014; GOLDMAN e FRISTOE, s/a) estão preocupados

em analisar ou até mesmo apresentar dados normativos e estudos das propriedades

psicométricas dos instrumentos usados pelos fonoaudiólogos. Dentre esses instrumentos

destacam-se o Goldman Fristoe 2 – Test of Articulation – GFTA 2 (GOLDMAN e FRISTOE,

2000), o Clinical Assessment of Articulation and Phonology – CAAP (SECORD e

DONOHUE, 2002) e o Test para evaluar procesos de simplificación fonológica - TEPROSIF-

R (PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA, 2009). Nestes últimos, os manuais de aplicação

fornecem informações importantes e detalhadas sobre os dados normativos e estudos

psicométricos de validade e fidedignidade dos instrumentos.

Essa prática no Brasil ainda é pouco desenvolvida, e em geral os manuais de aplicação

não trazem essas informações. O aumento de estudos sobre a validade e fidedignidade é

extremamente importante para obter testes cada vez mais confiáveis e que auxiliem no

processo de diagnóstico e planejamento terapêutico de crianças com desvio fonológico

(FONSECA et al., 2008a; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014). A

norma de um teste é o resumo estatístico das pontuações recebidas por uma amostra

normativa.

Conhecendo essa necessidade a fim de minimizar essa lacuna no desenvolvimento de

testes, iniciou-se a criação de um instrumento para avaliação fonológica do Português

Brasileiro (PB), denominado INFONO. Esse instrumento está sendo desenvolvido em

software para uso por fonoaudiólogos. Este software permitirá que os dados da fala sejam

obtidos por repetição, nomeação espontânea e/ou fala encadeada. A avaliação por repetição e

nomeação espontânea já estão prontas para uso, enquanto a fala encadeada está sendo

elaborada.

71

Atualmente, o INFONO é composto por 84 estímulos (auditivos para coleta por

repetição; figuras “animadas” com gif’s (termo dado às animações formadas por várias

imagens GIF compactadas numa só dando movimento a imagem), para a coleta através de

nomeação espontânea) que avaliam as 19 consoantes do PB nas diferentes posições silábicas e

a estrutura de Onset Complexo (OC). Para a avaliação da fala encadeada serão

disponibilizadas sequências lógico-temporais (em desenvolvimento no software), sendo

testadas todas as 84 palavras estímulo do INFONO nesta forma de coleta.

Todas as formas de coleta no INFONO permitem a gravação da fala da criança e a

visualização dos resultados: análise dos dados da avaliação (lista das palavras-alvo e das

transcrições da produção da criança); análise contrastiva (quantidade de acerto, omissão e

substituição na avaliação para cada fonema do PB); análise do inventário fonético (presença

ou ausência da produção do fonema) e fonológico (percentuais de acerto, omissão e

substituição para cada fonema em diferentes posições e estruturas silábicas); análise dos

traços distintivos; análise dos processos fonológicos; e, análise da gravidade do desvio. As

três últimas análises encontram-se em desenvolvimento no software.

No momento da avaliação, o avaliador escolhe por meio de uma lista de possibilidades a

transcrição fonética da produção da criança. Apenas para a fala encadeada a transcrição

deverá ser realizada após o término da avaliação. Os resultados são disponibilizados para

qualquer uma das três formas de coletas.

No desenvolvimento de normas para instrumentos que avaliam a fonologia é importante

considerar alguns fatores extralinguísticos como sexo, idade e nível socioeconômico. Esses

fatores garantem que o instrumento, de fato, reflita os dados da população em que será

utilizado (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND, 2014).

A falta de representação desses fatores na amostra normativa pode levar a comparações

equivocadas da criança avaliada com grupo ao qual ela será comparada (grupo normativo), o

que pode conduzir a erros de diagnóstico (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; b), além de um

planejamento terapêutico inadequado.

O efeito da idade no desempenho fonológico é inquestionável, uma criança de 3 anos de

idade, terá desempenho inferior a uma de 8 anos e isso deve aparecer na amostra normativa. A

situação socioeconômica é pertinente, principalmente quando os resultados podem ser

afetados pelo nível socioeconômico (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; FRIBERG, 2010;

KIRK e VIGELAND, 2014).

72

Outro fator referido pela literatura (FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND, 2014) como

importante é o tamanho da amostra. Esta deve ser suficientemente grande para cada subgrupo

testado, porque isto aumenta a probabilidade de que a amostra represente a variabilidade e

distribuição dos escores da população em geral. A escolha de um instrumento de avaliação

que considera todas essas variáveis é importante para um diagnóstico adequado e preciso

(FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND, 2014).

O conhecimento de que um teste com estudos psicométricos possui desejáveis

características oferece uma garantia para o avaliador que os efeitos de tais fatores

extralinguísticos foram reduzidos, e que o comportamento avaliado pelo teste é

provavelmente os de interesse para o avaliador. Em outras palavras, este conhecimento

oferece ao usuário do teste alguma garantia de que o teste pode ajudar na identificação da

deficiência (MCCAULEY e SWISHER, 1984b).

Tendo em vista o que foi exposto acima, o objetivo deste estudo foi analisar a influência

de fatores extralinguísticos como sexo, idade e tipo de escola (pública ou privada) no

desempenho da produção dos fonemas na avaliação fonológica e apresentar dados normativos

de desempenho para o INFONO.

Método

Participantes

A amostra deste estudo foi de conveniência, sendo a maioria dos participantes

recrutada em escolas (8 públicas e 4 privadas). Foram contatadas 1448 crianças da região sul

do Brasil, das quais 1076 (73%) foram autorizadas a participar do estudo e avaliadas pela

fonoaudióloga.

Os participantes que eram bilíngues e/ou que apresentavam queixas ou suspeitas de

perda auditiva, problema neurológico e/ou psicológico, déficits intelectuais, diagnóstico de

autismo, síndrome de Down, tratamento fonoaudiológico anterior foram excluídos do estudo.

Esses itens foram analisados considerando os questionários respondidos pelos

pais/responsáveis (Apêndice II) e professores (Apêndice III); bem como, foram excluídos os

participantes que, através de uma breve conversa com a fonoaudióloga ou durante a realização

do INFONO, apresentavam prováveis alterações como: mordida aberta anterior, ceceio,

interposição lingual anterior, suspeitas de déficits de linguagem e/ou vocabulário, etc.

Considerando esses critérios, foram excluídos os dados de 210 crianças.

73

Participaram do estudo 733 crianças monolíngues do PB com desenvolvimento

fonológico típico, divididas a partir de uma combinação quanto à idade (16 faixas de idade de

3 a 8 anos e 11 meses), tipo de escola (n = 311 provenientes de escolas públicas e 422 de

escolas privadas) e sexo (n = 401 meninas e 332 meninos) (Tabela 1). O tipo de escola foi

analisado com o intuito de abranger as diferentes realidades sociais.

Tabela 1. Distribuição da amostra normativa geral e por grupo etário conforme idade, sexo e

tipo de escola

Amostra n

Idade

(anos e meses) Sexo Tipo de escola

M DP Feminino

n (%)

Masculino

n (%)

Privada

n (%)

Pública

n (%)

Geral 733 6,08 1,58 401 (54,7) 332 (45,3) 422 (57,6) 311 (42,4)

Grupo

etário

3:0 – 3:3 25 3,14 0,11 14 (56,0) 11 (44,0) 15 (60,0) 10 (40,0)

3:4 – 3:7 38 3,47 0,09 18 (47,4) 20 (52,6) 26 (68,4) 12 (31,6)

3:8 – 3:11 34 3,79 0,09 18 (52,9) 16 (47,1) 17 (50,0) 17 (50,0)

4:0 – 4:3 31 4,14 0,10 18 (58,1) 13 (41,9) 9 (29,0) 22 (71,0)

4:4 – 4:7 34 4,50 0,11 20 (58,8) 14 (41,2) 22 (64,7) 12 (35,3)

4:8 – 4:11 35 4,83 0,11 15 (42,9) 20 (57,1) 25 (71,4) 10 (28,6)

5:0 – 5:3 44 5,18 0,08 26 (59,1) 18 (40,9) 21 (47,7) 23 (52,3)

5:4 – 5:7 40 5,49 0,10 18 (45,0) 22 (55,0) 21 (52,5) 19 (47,5)

5:8 – 5:11 51 5,82 0,09 33 (64,7) 18 (35,3) 18 (35,3) 33 (64,7)

6:0 – 6:3 53 6,18 0,09 29 (54,7) 24 (45,3) 35 (66,0) 18 (34,0)

6:4 – 6:7 59 6,49 0,10 20 (50,8) 29 (49,2) 40 (67,8) 19 (32,2)

6:8 – 6:11 59 6,82 0,09 34 (57,6) 25 (42,4) 43 (72,9) 16 (27,1)

7:0 – 7:6 72 7,22 0,13 36 (50,0) 36 (50,0) 44 (61,1) 28 (38,9)

7:7 – 7:11 58 7,73 0,15 35 (60,3) 23 (39,7) 32 (55,2) 26 (44,8)

8:0 – 8:6 61 8,25 0,14 35 (57,4) 26 (42,6) 33 (54,1) 28 (45,9)

8:7 – 8:11 39 8,72 0,15 22 (56,4) 17 (43,6) 21 (53,8) 18 (46,2)

Legenda: n = número de sujeitos; M = Média; DP = Desvio Padrão

Instrumento e Procedimentos

Trata-se de uma pesquisa quantitativa transversal desenvolvida no Curso de Pós-

Graduação de uma instituição de ensino superior. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética

em Pesquisa (CEP) da mesma instituição de ensino superior, sob o protocolo

23081.005433/2011-65. O representante legal de cada criança concordou com a participação

74

destas no estudo pela assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice I)

e as crianças aceitaram a participar da atividade oralmente.

Primeiramente foi realizada uma breve conversa com a criança a fim de detectar

possíveis alterações que justificassem a exclusão do participante no estudo. Essa breve

conversa, assim como a aplicação do INFONO- Nomeação Espontânea foi realizada por três

fonoaudiólogas doutorandas e por uma fonoaudióloga com mais de 10 anos de experiência na

área do estudo. Todas tiveram um treinamento prévio para a aplicação do instrumento.

O INFONO - Nomeação Espontânea foi aplicado individualmente em cada criança, em

sala cedida pela escola com duração de aproximadamente 15 a 20 minutos. Parte deste

instrumento está em desenvolvimento, porém para este estudo utilizou-se a avaliação por

nomeação espontânea que já estava concluída.

As 84 figuras “animadas” presentes na avaliação por nomeação espontânea apresentam

uma pergunta-chave (a ser realizada pelo avaliador) para facilitar a produção do alvo, como

por exemplo: “Ele usa o lápis para...?” (escrever), “Que bicho é este?” (cachorro), etc. Se

necessário, o avaliador pode recorrer a outro tipo de questionamento para obter a palavra-

alvo. Neste estudo, raramente foi necessário oferecer outra pergunta para obter a produção da

palavra-alvo. Dessa forma, foi possível obter todas as palavras-alvo disponíveis no INFONO -

Nomeação Espontânea. Para cada consoante do PB nas diferentes posições da sílaba e da

palavra são oferecidas, no mínimo, três palavras-alvo. Esse instrumento não analisa as vogais

porque estas são menos propensas a serem produzidas com alterações no desvio fonológico,

porém todas elas aparecem nas palavras-alvo.

A produção da criança foi gravada e a transcrição escolhida no próprio software, no

momento da avaliação, podendo ser conferida após a finalização do teste. O INFONO

disponibiliza uma lista de transcrições de cada palavra-alvo para ser selecionada conforme a

produção da criança, podendo ser complementada pelo avaliador. Esta lista foi elaborada com

base nos processos fonológicos presentes na fala de crianças. Para realizar a avaliação pelo

INFONO é importante o avaliador estar familiarizado com o instrumento de avaliação

(figuras, palavras-alvo, funcionamento do software), conhecer a aquisição fonológica e ter

experiência com transcrição.

Após a realização das avaliações, elaborou-se o banco de dados no software SPSS com

os dados da análise do inventário fonológico (percentuais de acerto, omissão e substituição

para cada fonema) de cada sujeito fornecido pelo software.

75

A confiabilidade da transcrição foi calculada pela concordância ponto-a-ponto das

consoantes avaliadas pelo INFONO - Nomeação Espontânea. A confiabilidade inter-

examinador foi realizada de forma independente para 15% da amostra (120 crianças). A

confiabilidade da transcrição foi alta (M = 95,3%, variando de 93,3% a 98,6%).

Análise dos dados

Os dados foram analisados através do software SPSS versão 22 para Windows. A

análise descritiva incluiu a verificação de médias, desvios-padrão e frequências absolutas e

relativas. A normalidade da distribuição dos dados foi investigada através do teste

Kolmogorov-Smirnov. Na verificação dos efeitos da idade, sexo e tipo de escola na produção

dos fonemas utilizou-se a análise de regressão linear múltipla com método stepwise, sendo a

análise de independência dos erros verificada com a estatística de Durbin-Watson. As crianças

típicas foram divididas em grupos de acordo com a idade, tipo de escola e sexo e a

comparação de desempenho entre os grupos foram realizadas utilizando-se o Teste t de

Student para amostras independentes e análise de variância ANOVA com post hoc Tukey

(Apêndice IV). Os dados normativos de referência para cada um dos grupos foram relatados

através das médias e desvios-padrão, além da pontuação referente ao percentil 5 e percentil

10. Os resultados foram considerados significativos quando p ≤ 0.05.

Resultados

A influência de fatores extralinguísticos como idade, sexo e tipo de escola na produção

dos fonemas nas estruturas de onset simples, coda e OC foram analisadas (Tabela 2). De

modo geral, o modelo foi útil para prever as variáveis extralinguísticas que se associaram a

produção dos fonemas.

Na produção dos fonemas /p/, /b/, /d/, /g/, /f/, /s/, /z/, /m/, /n/ em onset e arquifonemas

/N/, /L/ em coda, a associação da variável significativa para o modelo (apenas idade) foi fraca

e positiva, sendo a variável idade responsável por um percentual pequeno de variância (todos

abaixo de 8%). Nos fonemas //, //, //, /l/, //, a associação com a idade foi moderada e

positiva. Essa variável foi responsável por uma variância 10% a 19% dependendo do fonema.

A associação das variáveis significativas (idade e tipo de escola) na produção do

fonema /t/ em onset e /s/ em coda foi moderada, do /r/ em coda foi forte e para /k/ e /v/ foi

76

fraca. As variáveis foram responsáveis por 14,80%, 22,80%, 41,70%, 4,48% e 7,10%,

respectivamente da variância da produção nesses fonemas. Além disso, a idade demonstrou

estar positivamente relacionada ao desempenho na produção desses fonemas. Estudar em

escola pública demonstrou associação com um melhor desempenho para a produção dos

fonemas /t/, /r/, /s/ e /v/, enquanto estudar em escola privada, para a produção do /k/. Os

coeficientes de regressão padronizados indicam que a idade apresenta maior impacto do que

as demais variáveis nesse modelo, seguido por tipo de escola.

Na produção do fonema // em onset, a associação das variáveis significativas para o

modelo (idade, tipo de escola e sexo) foi moderada. As variáveis foram responsáveis por

14,80% da variância nesse fonema. A idade demonstrou estar negativamente relacionada ao

desempenho na produção. Além disso, ser do sexo masculino e de escola privada demonstrou

associação com um melhor desempenho na produção desse fonema. Os coeficientes de

regressão padronizados indicam que a idade apresenta maior impacto do que as demais

variáveis nesse modelo, seguida por tipo de escola.

A associação das variáveis significativas para o modelo (idade e sexo) foi moderada

para a produção do fonema /r/ em onset e forte para a estrutura Fricativa + /r/. As variáveis

foram responsáveis por 28,60% e 42,10% da variância da produção, respectivamente. A idade

demonstrou estar positivamente relacionada ao desempenho na produção. Além disso, ser do

sexo feminino demonstrou associação com um melhor desempenho na produção de ambos.

Os coeficientes de regressão padronizados indicam que a idade apresenta maior impacto do

que as demais variáveis nesse modelo, seguido por sexo.

A associação das variáveis significativas para o modelo (idade, tipo de escola e sexo)

foi forte para a produção da estrutura OC (Plos. + /l/; Plos. + /r/; Fric. + /l/). As variáveis

foram responsáveis por uma variância de 44,6%, 48,0% 46,9%, respectivamente, na produção

dos fonemas. A idade demonstrou estar positivamente relacionada ao desempenho na

produção desses fonemas. Ser de escola pública e do sexo masculino demonstrou associação

com um melhor desempenho para a produção dessas estruturas. Os coeficientes de regressão

padronizados indicam que a idade apresenta maior impacto do que as demais variáveis nesse

modelo, seguido por tipo de escola.

77

Tabela 2 – Influência de fatores extralinguísticos na produção dos fonemas - Modelos da

Regressão Linear Múltipla

Modelos b±SE β T IC de 95% R R2 R2a F p

Onset Simples

/p/ Constante 8,847±0,023 - 386,276 8,802 – 8,892 0,208 0,043 0,042 33,030 ≤ 0,001

Idade 0,021±0,004 0,208 5,747 0,014 – 0,028

/b/ Constante 9,550±0,056 - 170,008 9,440 – 9,660 0,231 0,053 0,052 41,165 ≤ 0,001

Idade 0,057±0,009 0,231 6,416 0,040 – 0,075

/t/ Constante 17,847±0,105 - 170,532 17,642 – 18,053

Idade 0,169±0,016 0,355 10,389 0,137 – 0,200 0,385 0,148 0,146 63,333 ≤ 0,001

Tipo de escola -0,214±0,052 -0,142 -4,143 -0,316 – -0,113

/d/ Constante 6,869±0,065 - 105,885 6,741 – 6,996 0,095 0,009 0,008 6,607 0,010

Idade 0,027±0,010 0,095 2,570 0,006 – 0,047

/k/ Constante 17,593±0,056 - 312,748 17,482 – 17,703

Idade 0,050±0,009 0,206 5,693 0,033 – 0,067 0,218 0,048 0,045 18,234 ≤ 0,001

Tipo de escola 0,059±0,028 0,076 2,115 0,004 – 0,113

/g/ Constante 6,745±0,035 - 192,218 6,676 – 6,814 0,228 0,052 0,051 40,081 ≤ 0,001

Idade 0,035±0,006 0,228 6,331 0,024 – 0,046

/f/ Constante 6,756±0,033 - 204,790 6,691 – 6,821 0,229 0,052 0,051 40,377 ≤ 0,001

Idade 0,033±0,005 0,229 6,354 0,023 – 0,044

/v/ Constante 7,325±0,077 - 94,884 7,174 – 7,477

Idade 0,070±0,012 0,210 5,889 0,047 – 0,094 0,267 0,071 0,069 28,101 ≤ 0,001

Tipo de escola -0,173±0,038 -0,162 -4,533 -0,248 – -0,098

/s/ Constante 8,549±0,061 - 140,492 8,429 – 8,668 0,231 0,053 0,052 41,092 ≤ 0,001

Idade 0,062±0,010 0,231 6,410 0,043 – 0,081

/z/ Constante 5,764±0,047 - 123,741 5,672 – 5,855 0,167 0,028 0,027 20,934 ≤ 0,001

Idade 0,034±0,007 0,167 4,575 0,019 – 0,048

// Constante 5,554±0,119 - 46,566 5,320 – 5,788

0,365 0,134 0,132 112,650 ≤ 0,001

Idade 0,201±0,019 0,365 10,614 0,164 – 0,239

// Constante 4,593±0,125 - 36,825 4,348 – 4,838

0,369 0,136 0,135 115,259 ≤ 0,001

Idade 0,213±0,020 0,369 10,736 0,174 – 0,252

// Constante 4,912±0,103 - 47,762 4,710 – 5,114

0,324 0,105 0,104 86,005 ≤ 0,001

Idade 0,152±0,016 0,324 9,274 0,120 – 0,184

/m/ Constante 5,740±0,036 - 159,467 5,670 – 5,811 0,213 0,045 0,044 34,601 ≤ 0,001

Idade 0,034±0,006 0,213 5,882 0,022 – 0,045

/n/ Constante 7,543±0,047 - 159,587 7,450 – 7,636 0,284 0,081 0,080 64,354 ≤ 0,001

Idade 0,060±0,008 0,284 8,022 0,046 – 0,075

// Constante 4,879±0,160 - 30,438 4,564 – 5,193

Idade -0,227±0,024 -0,322 -9,404 -0,274 – -0,179 0,385 0,148 0,145 42,274 ≤ 0,001

78

Modelos b±SE β T IC de 95% R R2 R2a F p

Tipo de escola 0,421±0,077 0,187 5,475 0,270 – 0,572

Sexo -0,217±0,076 -0,097 -2,836 -0,367 – -0,067

/l/ Constante 9,831±0,105 - 93,691 9,625 – 10,037 0,340 0,116 0,114 95,575 ≤ 0,001

Idade 0,163±0,017 0,340 9,776 0,130 – 0,196

// Constante 2,480±0,086 - 28,943 2,312 – 2,648

0,439 0,193 0,192 174,449 ≤ 0,001

Idade 0,180±0,014 0,439 13,208 0,153 – 0,207

/r/ Constante 3,702±0,247 - 14,977 3,217 – 4,188

Idade 0,639±0,038 0,524 16,753 0,564 – 0,713 0,534 0,286 0,284 145,976 ≤ 0,001

Sexo -0,347±0,121 -0,090 -2,871 -0,584 – -0,110

Coda

/N/ Constante 7,388±0,127 - 58,295 7,139 – 7,637 0,131 0,017 0,016 12,715 ≤ 0,001

Idade 0,072±0,020 0,131 3,566 0,032 – 0,112

/L/ Constante 5,749±0,035 - 165,781 5,681 – 5,817 0,225 0,051 0,049 39,107 ≤ 0,001

Idade 0,035±0,006 0,225 6,254 0,024 – 0,045

/r/ Constante 1,603±0,230 - 6,959 1,151 – 2,056

Idade 0,808±0,036 0,639 22,613 0,738 – 0,878 0,646 0,417 0,415 261,078 ≤ 0,001

Tipo de escola -0,329±0,114 -0,082 -2,886 -0,553 – -0,105

/s/ Constante 8,001±0,265 - 30,173 7,481 – 8,522

Idade 0,593±0,041 0,470 14,436 0,513 – 0,674 0,477 0,228 0,226 107,742 ≤ 0,001

Tipo de escola -0,315±0,131 -0,078 -2,404 -0,573 – -0,058

Onset Complexo

Plos.

+ /l/

Constante - - -1,483 -0,699 – 0,097

Idade 0,720±0,031 0,651 23,581 0,660 – 0,780

0,668 0,446 0,444 195,491 ≤ 0,001 Tipo de escola -0,416±0,097 -0,118 -4,278 -0,608 – -0,225

Sexo -0,213±0,097 -0,061 -2,202 -0,403 – -0,023

Plos.

+ /r/

Constante -0,627±0,796 - -0,788 -2,190 – 0,936

Idade 3,044±0,120 0,679 25,421 2,809 – 3,280

0,693 0,480 0,478 224,416 ≤ 0,001 Tipo de escola -0,416±0,097 -0,118 -4,278 -0,608 – -0,225

Sexo -0,213±0,097 -0,061 -2,202 -0,403 – -0,023

Fric.

+ /l

Constante -0,406±0,090 - -4,528 -0,582 – -0,230

Idade 0,330±0,014 0,661 24,464 0,304 – 0,357

0,685 0,469 0,467 214,718 ≤ 0,001 Tipo de escola -0,242±0,043 -0,152 -5,622 -0,327 – -0,158

Sexo -0,098±0,043 -0,062 -2,280 -0,181 – -0,014

Fric.

+ /r/

Constante -0,087±0,204 - -0,424 -0,488 – 0,315

Idade 0,712±0,032 0,637 22,600 0,651 – 0,774 0,649 0,421 0,419 264,923 ≤ 0,001

Sexo -0,371±0,100 -0,105 -3,711 -0,567 – -0,175

Legenda: B = Coeficiente de regressão não-padronizado; SE = Erro padrão; β = Coeficiente de regressão

padronizado; t = Estatística teste de Student; R = Coeficiente de correlação múltiplo; R2 = R quadrado; R

2a

= R quadrado ajustado; F = Razão F; Plos. = plosiva; Fric. = fricativa

79

As Tabelas 3 e 4 apresentam os escores normativos do INFONO obtidos através do

número de produções corretas no inventário fonológico. Sugere-se que preferencialmente seja

utilizada a Tabela 3 para verificar o desempenho de uma criança em relação aos escores

normativos, porque o efeito da idade foi significativo para todos os fonemas, em diferentes

posições e estruturas silábicas, e quando associada às outras variáveis (tipo de escola e sexo) o

impacto da variável idade foi maior. Ainda, nestas tabelas é apresentado o número de

possibilidades de produções de cada fonema em diferentes posições e estruturas silábicas.

Salienta-se que para alguns fonemas (/t, d, z, , , l, r/ em onset e /N, s/ em coda) o número de

possibilidades de produção pode ser maior do que o apresentado nas tabelas. Isso ocorre

porque algumas das palavras-alvo são produzidas acrescentando fonemas como, por exemplo,

o alvo “refri” pode ser produzido como “refrigerante”, “magro” como “magrinho”, “cachorro”

como “cachorrinho”, “trem” como “trenzinho”, “chiclé” como “chiclete”, etc. Ao comparar o

resultado da avaliação de uma criança com os dados normativos em que o escore ultrapassa o

número de possibilidades de produção deve-se considerar que o esperado de produção seja

igual ao número de possibilidades de produção, ou seja, não necessariamente a criança

avaliada deve ultrapassar o número de possibilidades de produção, mas deve atingir o

esperado para sua faixa etária.

Na Tabela 3, as médias e desvio padrão são apresentados por faixa etária para cada

fonema em diferentes posições e estruturas silábicas avaliado pelo INFONO - Nomeação

Espontânea. De modo geral, observa-se o aumento da produção correta dos fonemas

conforme o avanço da idade. Para alguns fonemas, por exemplo, /p/ e /b/, a produção do

fonema se mantém com o aumento da idade, pelo fato desses fonemas serem adquiridos antes

da faixa etária analisada neste estudo.

São apresentados na Tabela 4 as médias e desvios padrão para cada fonema em

diferentes posições e estruturas silábicas que mostraram diferença significativa na

comparação do desempenho quanto aos sexos e tipos de escola. De modo geral, observam-se

valores de produção dos fonemas bastante semelhantes entre os sexos conforme avança a

idade havendo diferença significativa apenas para //, /r/ e para a estrutura de OC. Em relação

ao tipo de escola, observa-se uma oscilação em relação ao desempenho entre escola privada e

escola pública na produção dos fonemas e OC com diferença significativa na comparação do

desempenho (/t/, /k/, /v/, //, //, etc.). Nota-se o aumento da produção correta da estrutura de

OC conforme avança a idade.

80

A idade com que 90 e 95% (percentil 5 e 10) da amostra de normatização produziu

corretamente (superior a 80% de produção correta) as consoantes e encontros consonantais do

PB (Tabela 5). Os fonemas /r/ em Coda, // em onset, e as estruturas de OC estão entre os

mais difíceis de serem adquiridos pelas crianças. A Tabela 6 mostra a idade com que 90 e

95% (percentil 5 e 10) da amostra de normatização produziu corretamente as variáveis

(consoantes e encontros consonantais) que tiveram diferença significativa no desempenho

entre o sexo e tipo de escola.

A comparação de desempenho na produção dos fonemas de acordo com o sexo e tipo

de escola é apresentada na Tabela 7. Quanto ao sexo, para todas as variáveis houve um

melhor desempenho das meninas. No entanto, foi encontrada diferença significativa na

produção do // e /r/ em onset e para todos os encontros consonantais, sendo que o sexo

feminino apresentou melhor desempenho. Em relação ao tipo de escola, também houve

algumas diferenças significativas, com desempenho oscilando entre participantes de escola

pública e privada na produção dos fonemas.

81

Tabela 3 – Escores normativos do INFONO por faixa etária

Fonemas

(n)

Onset Coda Onset Complexo

/p/

(9,00)

/b/

(10,00)

/t/

(19,00)

/d/

(7,00)

/k/

(18,00)

/g/

(7,00)

/f/

(7,00)

/v/

(8,00)

/s/

(9,00)

/z/

(6,00)

/ /

(7,00)

/ /

(6,00)

//

(6,00)

/m/

(6,00)

/n/

(8,00)

//

(3,00)

/l/

(11,00)

//

(4,00)

/r/

(8,00)

/N/

(8,00)

/L/

(6,00)

/r/

(9,00)

/s/

(10,00)

Plos.+

/l/

(5,00)

Plos +

/r/

(21,00)

Fric.+

/l/

(2,00)

Fric.+

/r/

(5,00)

3:0 –

3:3

M 8,88 9,56 17,80 6,88 17,56 6,72 6,84 7,12 8,64 5,68 5,20 3,92 4,20 5,76 7,60 4,32 9,44 2,80 3,76 7,08 5,72 2,80 8,44 0,56 2,08 0,08 0,44

DP 0,33 0,96 1,38 1,09 0,96 0,74 0,47 0,88 0,86 0,69 1,96 2,31 2,06 0,44 0,71 1,68 1,92 1,00 2,70 1,29 0,68 1,96 2,58 1,04 4,45 0,28 1,26

3:4 –

3:7

M 8,82 9,71 18,29 6,95 17,76 6,82 6,79 7,42 8,66 5,87 5,66 4,87 5,03 5,74 7,58 4,37 10,05 3,11 4,68 7,61 5,76 3,21 9,66 1,34 5,55 0,45 1,37

DP 0,39 0,57 1,09 0,77 0,59 0,46 0,58 0,79 0,75 0,74 2,17 1,83 1,48 0,60 0,72 1,57 1,84 0,92 3,22 1,31 0,54 2,16 2,26 1,65 6,93 0,69 1,87

3:8 –

3:11

M 8,97 9,76 18,38 6,85 17,82 6,85 6,88 7,35 8,41 5,76 6,21 5,38 5,56 5,94 7,82 4,15 10,15 2,91 4,82 7,68 5,85 3,44 9,09 1,50 6,71 0,38 1,71

DP 0,17 0,78 1,07 0,74 0,67 0,44 0,33 0,65 1,40 0,74 1,41 1,26 1,08 0,24 0,46 1,44 1,52 1,14 3,12 0,98 0,44 2,41 2,52 1,64 7,62 0,74 2,08

4:0 –

4:3

M 8,90 9,71 18,19 6,84 17,84 6,94 6,87 7,55 8,87 5,90 6,68 5,77 5,74 5,87 7,87 4,19 10,77 3,32 5,97 7,52 5,90 4,84 10,23 2,03 9,77 0,65 2,61

DP 0,30 0,59 1,05 0,52 0,45 0,25 0,34 0,62 0,34 0,60 1,14 1,23 0,89 0,34 0,34 1,47 0,50 0,70 3,21 0,93 0,40 2,13 2,17 1,96 8,15 0,80 2,35

4:4 –

4:7

M 8,94 9,82 18,65 7,09 17,85 6,91 6,88 7,76 9,00 6,03 6,74 5,94 5,79 5,91 7,79 4,03 10,88 3,41 6,88 7,79 5,97 5,50 11,32 2,74 12,32 0,91 2,97

DP 0,24 0,52 0,88 0,45 0,44 0,38 0,41 0,50 0,00 0,30 0,79 0,60 0,48 0,38 0,41 1,22 0,33 0,70 2,60 1,20 0,17 1,89 1,47 2,02 8,34 0,75 2,24

4:8 –

4:11

M 9,00 9,89 18,71 6,97 17,86 6,97 6,97 7,71 8,97 5,97 6,80 5,91 6,00 5,94 7,89 3,80 10,97 3,54 7,57 7,69 6,00 6,14 11,63 3,43 14,97 1,26 3,63

DP 0,00 0,32 0,46 0,38 0,43 0,17 0,17 0,46 0,17 0,17 0,47 0,37 0,00 0,24 0,32 1,28 0,17 0,51 1,20 0,90 0,00 1,42 1,83 1,72 7,50 0,82 1,93

5:0 –

5:3

M 9,00 9,82 18,73 7,05 17,98 6,93 6,93 7,66 9,00 6,00 6,91 5,95 6,00 5,93 7,86 3,68 10,91 3,34 7,84 7,70 6,00 6,41 11,57 3,50 17,07 1,30 4,16

DP 0,00 0,39 0,59 0,48 0,15 0,33 0,25 0,53 0,00 0,00 0,29 0,37 0,00 0,25 0,41 1,05 0,29 0,61 0,64 0,93 0,00 0,92 1,48 1,66 6,11 0,82 1,55

5:4 –

5:7

M 8,98 9,98 18,83 7,18 17,95 6,98 6,98 7,80 8,95 6,03 6,98 6,08 5,98 5,98 7,93 3,50 10,98 3,58 8,05 8,10 5,98 6,95 11,60 4,05 18,78 1,43 4,60

DP 0,16 0,16 0,55 0,50 0,22 0,16 0,16 0,41 0,22 0,16 0,16 0,42 0,16 0,16 0,27 1,26 0,16 0,50 0,45 0,96 0,16 1,15 1,60 1,30 4,25 0,75 1,03

5:8 –

5:11

M 9,00 9,98 18,71 7,08 17,92 7,00 6,98 7,69 8,98 6,02 6,98 6,00 6,00 5,98 7,96 3,61 10,94 3,51 7,90 7,88 5,98 6,51 11,41 3,94 17,84 1,45 4,24

DP 0,00 0,14 0,50 0,27 0,34 0,00 0,14 0,47 0,14 0,14 0,14 0,20 0,00 0,14 0,20 0,92 0,24 0,54 0,30 0,62 0,14 0,92 1,43 1,42 5,48 0,70 1,42

6:0 –

6:3

M 8,98 10,00 18,98 7,09 17,98 7,00 7,00 7,75 9,00 6,00 6,98 6,11 6,00 5,96 7,98 3,43 10,98 3,66 8,11 8,02 6,00 7,13 11,87 4,60 20,40 1,77 4,96

DP 0,14 0,00 0,50 0,30 0,14 0,00 0,00 0,43 0,00 0,00 0,14 0,32 0,00 0,19 0,14 0,84 0,14 0,48 0,42 0,57 0,00 1,14 1,78 0,74 0,95 0,47 0,27

6:4 – M 8,98 9,90 18,83 7,00 17,88 7,00 7,00 7,73 8,95 5,98 6,97 6,07 5,98 5,97 7,93 3,46 10,97 3,68 8,00 7,95 5,95 6,92 11,73 4,46 20,12 1,83 4,81

82

Fonemas

(n)

Onset Coda Onset Complexo

/p/

(9,00)

/b/

(10,00)

/t/

(19,00)

/d/

(7,00)

/k/

(18,00)

/g/

(7,00)

/f/

(7,00)

/v/

(8,00)

/s/

(9,00)

/z/

(6,00)

/ /

(7,00)

/ /

(6,00)

//

(6,00)

/m/

(6,00)

/n/

(8,00)

//

(3,00)

/l/

(11,00)

//

(4,00)

/r/

(8,00)

/N/

(8,00)

/L/

(6,00)

/r/

(9,00)

/s/

(10,00)

Plos.+

/l/

(5,00)

Plos +

/r/

(21,00)

Fric.+

/l/

(2,00)

Fric.+

/r/

(5,00)

6:7 DP 0,13 0,36 0,67 0,19 0,56 0,00 0,00 0,45 0,29 0,13 0,18 0,25 0,13 0,18 0,31 1,07 0,26 0,47 0,37 0,47 0,22 1,00 1,26 1,18 2,69 0,38 0,75

6:8 –

6:11

M 9,00 9,93 19,02 7,07 17,98 7,00 7,00 7,83 9,00 6,00 6,98 6,14 6,00 5,97 8,00 3,19 11,00 3,81 8,12 7,98 6,00 6,98 11,58 4,76 20,47 1,85 4,93

DP 0,00 0,25 0,51 0,25 0,13 0,00 0,00 0,38 0,00 0,00 0,13 0,35 0,00 0,18 0,00 0,57 0,00 0,39 0,38 0,66 0,00 1,09 1,43 1,80 0,88 0,41 0,25

7:0 –

7:6

M 9,00 9,99 19,08 7,08 18,00 7,00 7,00 7,74 9,00 6,00 7,00 6,17 6,00 6,00 7,99 3,35 10,99 3,79 8,19 8,03 6,00 7,07 12,10 4,50 20,60 1,85 4,96

DP 0,00 0,12 0,47 0,33 0,00 0,00 0,00 0,44 0,00 0,17 0,00 0,41 0,00 0,00 0,12 1,01 0,12 0,41 0,40 0,73 0,00 1,28 1,59 0,98 0,87 0,43 0,20

7:7 –

7:11

M 9,00 10,00 19,19 7,00 18,00 7,00 7,00 7,78 9,00 6,00 7,00 6,21 6,00 5,97 8,00 3,26 11,02 3,86 8,24 7,91 6,00 7,91 12,66 4,88 20,66 1,97 4,91

DP 0,00 0,00 0,44 0,00 0,00 0,00 0,00 0,42 0,00 0,00 0,00 0,52 0,00 0,18 0,00 0,71 0,13 0,35 0,43 0,71 0,00 1,19 1,65 0,33 0,64 0,26 0,28

8:0 –

8:6

M 9,00 9,93 18,92 7,10 17,97 7,00 7,00 7,70 8,98 6,02 6,97 6,00 5,89 6,00 7,97 3,25 10,97 3,87 8,05 7,85 6,00 7,54 12,62 4,84 20,77 1,93 4,98

DP 0,00 0,31 0,46 0,35 0,18 0,00 0,00 0,49 0,13 0,13 0,18 0,41 0,78 0,00 0,18 0,62 0,26 0,34 0,28 0,75 0,00 1,07 1,37 0,42 0,46 0,25 0,13

8:7 –

8:11

M 9,00 10,00 18,92 7,03 18,00 7,00 7,00 7,79 9,00 6,00 6,97 6,10 6,00 6,00 8,00 3,10 11,00 3,92 8,10 7,59 6,00 7,56 12,38 4,85 20,82 1,95 4,95

DP 0,00 0,00 0,53 0,16 0,00 0,00 0,00 0,41 0,00 0,00 0,16 0,31 0,00 0,00 0,00 0,38 0,00 0,27 0,31 0,97 0,00 1,17 1,41 0,37 0,39 0,22 0,32

Legenda: M = Média; DP = Desvio Padrão; n = número de possibilidade de produção

Tabela 4 – Escores normativos das consoantes e encontros consonantais que apresentaram diferença significativa na produção entre os sexos e

tipo de escola

Sexo //

(3,00)

/r/

(8,00)

Plos.+ /l/

(5,00)

Plos + /r/

(21,00)

Fric.+ /l/

(2,00)

Fric.+ /r/

(5,00) Tipo de escola

/t/

(19,00)

/k/

(18,00)

/v/

(8,00)

//

(3,00)

//

(4,00)

/r/

(8,00)

/r/ C

(9,00)

/s/ C

(10,00)

Plos.+ /l/

(5,00)

Fric.+ /l/

(2,00)

3:0 – 3:3

Feminino M 4,32 3,76 0,64 1,79 0,14 0,29 Privada M 17,73 17,27 7,20 4,07 2,67 3,27 2,47 8,73 0,47 0,07

DP 1,68 2,70 1,15 5,03 0,36 1,07 DP 1,58 0,96 0,94 1,67 1,05 2,49 1,92 2,40 0,92 0,26

Masculino M 4,64 3,64 0,45 2,45 0,00 0,64 Pública M 17,90 18,00 7,00 4,70 3,00 4,50 3,30 8,00 0,70 0,10

DP 1,91 2,46 0,93 3,80 0,00 1,29 DP 1,10 0,82 0,82 1,70 0,94 2,95 2,00 2,91 1,25 0,32

83

Sexo //

(3,00)

/r/

(8,00)

Plos.+ /l/

(5,00)

Plos + /r/

(21,00)

Fric.+ /l/

(2,00)

Fric.+ /r/

(5,00) Tipo de escola

/t/

(19,00)

/k/

(18,00)

/v/

(8,00)

//

(3,00)

//

(4,00)

/r/

(8,00)

/r/ C

(9,00)

/s/ C

(10,00)

Plos.+ /l/

(5,00)

Fric.+ /l/

(2,00)

3:4 – 3:7

Feminino M 4,94 5,28 1,61 7,44 0,56 1,78 Privada M 18,50 17,77 7,46 4,04 3,19 5,00 3,42 9,85 1,54 0,50

DP 1,76 3,30 1,82 7,49 0,78 2,05 DP 1,14 0,51 0,81 1,51 0,80 3,19 2,12 2,31 1,79 0,76

Masculino M 3,85 4,15 1,10 3,85 0,35 1,00 Pública M 17,83 17,75 7,33 5,08 2,92 4,00 2,75 9,25 0,92 0,33

DP 1,18 3,13 1,48 6,07 0,59 1,65 DP 0,83 0,75 0,78 1,51 1,16 3,33 2,26 2,18 1,24 0,49

3:8 – 3:11

Feminino M 4,67 5,83 1,72 9,61 0,44 2,44 Privada M 18,35 17,65 7,29 3,53 2,82 5,29 4,12 9,29 1,82 0,65

DP 1,41 2,64 1,67 7,68 0,78 2,18 DP 1,46 0,86 0,77 1,23 1,38 3,04 2,23 1,16 2,01 0,93

Masculino M 3,56 3,69 1,25 3,44 0,31 0,88 Pública M 18,41 18,00 7,41 4,76 3,00 4,35 2,76 8,88 1,18 0,12

DP 1,26 3,30 1,61 6,27 0,70 1,67 DP 0,51 0,35 0,51 1,39 0,87 3,22 2,46 3,41 1,13 0,33

4:0 – 4:3

Feminino M 4,28 6,83 2,50 12,33 0,78 3,39 Privada M 18,67 17,89 7,67 3,78 3,22 7,00 4,67 10,67 2,56 0,67

DP 1,56 2,77 2,01 7,65 0,81 2,28 DP 0,87 0,33 0,50 0,83 0,44 2,69 2,24 1,94 2,24 0,87

Masculino M 4,08 4,77 1,38 6,23 0,46 1,54 Pública M 18,00 17,82 7,50 4,36 3,36 5,55 4,91 10,05 1,82 0,64

DP 1,38 3,49 1,76 7,73 0,78 2,07 DP 1,07 0,50 0,67 1,65 0,79 3,36 2,14 2,28 1,84 0,79

4:4 – 4:7

Feminino M 4,20 7,55 2,85 12,95 1,00 3,10 Privada M 18,68 17,86 7,86 4,18 3,50 7,27 5,77 11,41 3,27 1,23

DP 1,44 1,90 2,06 8,61 0,73 2,29 DP 1,04 0,47 0,47 1,40 0,51 2,33 1,41 1,65 2,07 0,69

Masculino M 3,79 5,93 2,57 11,43 0,79 2,79 Pública M 18,58 17,83 7,58 3,75 3,25 6,17 5,00 11,17 1,75 0,33

DP 0,80 3,20 2,03 8,16 0,80 2,22 DP 0,51 0,39 0,51 0,75 0,97 3,01 2,56 1,11 1,54 0,49

4:8 – 4:11

Feminino M 4,40 7,80 3,87 15,80 1,33 4,00 Privada M 18,80 17,88 7,76 3,44 3,56 7,56 6,12 11,68 3,68 1,40

DP 1,55 0,77 1,64 7,20 0,82 1,93 DP 0,41 0,44 0,44 0,77 0,51 1,19 1,51 2,04 1,60 0,76

Masculino M 3,35 7,40 3,10 14,35 1,20 3,35 Pública M 18,50 17,80 7,60 4,70 3,50 7,60 6,20 11,50 2,80 0,90

DP 0,81 1,43 1,74 7,84 0,83 1,93 DP 0,53 0,42 0,52 1,83 0,53 1,26 1,23 1,27 1,93 0,88

5:0 – 5:3

84

Sexo //

(3,00)

/r/

(8,00)

Plos.+ /l/

(5,00)

Plos + /r/

(21,00)

Fric.+ /l/

(2,00)

Fric.+ /r/

(5,00) Tipo de escola

/t/

(19,00)

/k/

(18,00)

/v/

(8,00)

//

(3,00)

//

(4,00)

/r/

(8,00)

/r/ C

(9,00)

/s/ C

(10,00)

Plos.+ /l/

(5,00)

Fric.+ /l/

(2,00)

Feminino M 3,58 7,96 3,54 19,27 1,35 4,73 Privada M 19,00 17,95 7,80 3,30 3,50 7,90 6,55 11,55 3,75 1,55

DP 0,76 0,45 1,56 1,97 0,80 0,60 DP 0,46 0,22 0,41 0,57 0,51 0,79 1,05 1,28 1,41 0,76

Masculino M 3,83 7,67 3,44 13,89 1,22 3,33 Pública M 18,50 18,00 7,54 4,00 3,21 7,79 6,29 11,58 3,29 1,08

DP 1,38 0,84 1,85 8,39 0,88 2,09 DP 0,59 0,00 0,59 1,25 0,66 0,51 0,81 1,67 1,85 0,83

5:4 – 5:7

Feminino M 3,56 8,17 4,28 19,94 1,61 4,83 Privada M 19,00 17,95 7,95 3,57 3,52 8,05 6,43 11,86 3,76 1,43

DP 1,10 0,51 1,23 1,55 0,61 0,38 DP 0,45 0,22 0,22 1,43 0,51 0,50 0,98 1,53 1,67 0,81

Masculino M 3,45 7,95 3,86 17,82 1,27 4,41 Pública M 18,63 17,95 7,63 3,42 3,63 8,05 7,53 11,32 4,37 1,42

DP 1,41 0,38 1,36 5,43 0,83 1,33 DP 0,60 0,23 0,50 1,07 0,50 0,40 1,07 1,67 0,60 0,69

5:8 – 5:11

Feminino M 3,61 7,88 4,18 19,12 1,61 4,67 Privada M 18,78 17,83 7,83 3,33 3,28 7,89 6,61 11,50 4,17 1,67

DP 0,97 0,33 1,04 3,28 0,56 0,82 DP 0,55 0,51 0,38 0,59 0,57 0,32 0,98 1,42 1,34 0,49

Masculino M 3,61 7,94 3,50 15,50 1,17 3,44 Pública M 18,67 17,97 7,61 3,76 3,64 7,91 6,45 11,36 3,82 1,33

DP 0,85 0,24 1,89 7,69 0,86 1,92 DP 0,48 0,17 0,50 1,03 0,49 0,29 0,90 1,45 1,47 0,78

6:0 – 6:3

Feminino M 3,52 8,17 4,59 20,62 1,79 5,00 Privada M 19,09 18,00 7,80 3,26 3,71 8,20 7,26 11,71 4,77 1,89

DP 0,91 0,47 0,87 0,78 0,49 0,00 DP 0,45 0,00 0,41 0,70 0,46 0,41 1,07 1,58 0,49 0,32

Masculino M 3,33 8,04 4,63 20,13 1,75 4,92 Pública M 18,78 17,94 7,67 3,78 3,56 7,94 6,89 12,17 4,28 1,56

DP 0,76 0,36 0,58 1,08 0,44 0,41 DP 0,55 0,24 0,49 1,00 0,51 0,42 1,28 2,12 1,02 0,62

6:4 – 6:7

Feminino M 3,70 8,03 4,40 19,63 1,87 4,67 Privada M 18,93 17,85 7,85 3,10 3,78 8,00 7,15 11,80 4,63 1,85

DP 1,37 0,32 1,28 3,66 0,35 1,03 DP 0,73 0,66 0,36 0,44 0,42 0,39 1,05 1,16 1,17 0,36

Masculino M 3,21 7,97 4,52 20,62 1,79 4,97 Pública M 18,63 17,95 7,47 4,21 3,47 8,00 6,42 11,58 4,11 1,79

DP 0,56 0,42 1,09 0,73 0,41 0,19 DP 0,50 0,23 0,51 1,55 0,51 0,33 0,69 1,46 1,15 0,42

6:8 – 6:11

85

Sexo //

(3,00)

/r/

(8,00)

Plos.+ /l/

(5,00)

Plos + /r/

(21,00)

Fric.+ /l/

(2,00)

Fric.+ /r/

(5,00) Tipo de escola

/t/

(19,00)

/k/

(18,00)

/v/

(8,00)

//

(3,00)

//

(4,00)

/r/

(8,00)

/r/ C

(9,00)

/s/ C

(10,00)

Plos.+ /l/

(5,00)

Fric.+ /l/

(2,00)

Feminino M 3,21 8,09 4,79 20,53 1,91 4,91 Privada M 19,07 17,98 7,86 3,23 3,81 8,16 7,09 11,77 4,72 1,84

DP 0,54 0,38 0,59 0,79 0,29 0,29 DP 0,51 0,15 0,35 0,57 0,39 0,37 1,09 1,46 0,91 0,43

Masculino M 3,16 8,16 4,72 20,40 1,76 4,96 Pública M 18,88 18,00 7,75 3,06 3,81 8,00 6,69 11,06 4,88 1,88

DP 0,62 0,37 1,02 1,00 0,52 0,20 DP 0,50 0,00 0,45 0,57 0,40 0,37 1,08 1,24 0,34 0,34

7:0 – 7:6

Feminino M 3,44 8,19 4,47 20,61 1,78 4,97 Privada M 19,14 18,00 7,80 3,30 3,86 8,20 7,25 12,45 4,77 1,95

DP 1,25 0,40 0,97 0,60 0,48 0,17 DP 0,46 0,00 0,41 1,15 0,35 0,41 1,45 1,61 0,68 0,21

Masculino M 3,25 8,19 4,53 20,58 1,92 4,94 Pública M 19,00 18,00 7,64 3,43 3,68 8,18 6,79 11,54 4,07 1,68

DP 0,69 0,40 1,00 1,08 0,37 0,23 DP 0,47 0,00 0,49 0,74 0,48 0,39 0,92 1,43 1,21 0,61

7:6 – 7:11

Feminino M 3,20 8,23 4,91 20,80 2,00 5,00 Privada M 19,16 18,00 7,88 3,16 3,91 8,16 8,03 12,44 4,91 2,00

DP 0,47 0,43 0,28 0,41 0,00 0,00 DP 0,37 0,00 0,34 0,45 0,30 0,37 1,12 1,87 0,30 0,00

Masculino M 3,35 8,26 4,83 20,43 1,91 4,78 Pública M 19,23 18,00 7,65 3,38 3,81 8,35 7,77 12,92 4,85 1,92

DP 0,98 0,45 0,39 0,84 0,42 0,42 DP 0,51 0,00 0,49 0,94 0,40 0,49 1,27 1,32 0,37 0,39

8:0 – 8:6

Feminino M 3,17 8,03 4,89 20,80 1,91 4,97 Privada M 18,97 17,94 7,70 3,09 3,94 8,09 7,94 12,76 4,94 1,97

DP 0,57 0,30 0,40 0,41 0,28 0,17 DP 0,47 0,24 0,53 0,29 0,24 0,29 1,03 1,60 0,24 0,17

Masculino M 3,35 8,08 4,77 20,73 1,96 5,00 Pública M 18,86 18,00 7,71 3,43 3,79 8,00 7,07 12,46 4,71 1,89

DP 0,69 0,27 0,43 0,53 0,20 0,00 DP 0,45 0,00 0,46 0,84 0,42 0,27 0,94 1,04 0,53 0,31

8:7 –8:11

Feminino M 3,14 8,05 4,91 20,95 1,91 4,91 Privada M 18,86 18,00 7,86 3,14 4,00 8,05 7,90 12,76 4,90 2,00

DP 0,47 0,21 0,29 0,21 0,29 0,43 DP 0,48 0,00 0,36 0,48 0,00 0,22 0,89 1,26 0,30 0,00

Masculino M 3,06 8,18 4,76 20,65 2,00 5,00 Pública M 19,00 18,00 7,72 3,06 3,83 8,17 7,17 11,94 4,78 1,89

DP 0,24 0,39 0,44 0,49 0,00 0,00 DP 0,59 0,00 0,46 0,24 0,38 0,38 1,34 1,47 0,43 0,32

Legenda: M = Média; DP = Desvio Padrão; C = Coda; n = número de possibilidade de produção

86

Tabela 5 – Idade em que 90 e 95% da amostra de normatização produziram corretamente as consoantes e encontros consonantais

3:0 – 3:3 3:4 – 3:7 3:8 – 3:11 4:0 – 4:3 4:4 – 4:7 4:8 – 4:11 5:0 – 5:3 5:4 – 5:7 6:0 – 6:3 6:4-6:7 6:8 – 6:11 7:0 – 7:6 8:7 – 8:11

/m/ em onset ■

/n/ em onset ■

// em onset ■

/p/ em onset ■

/b/ em onset ■

/t/ em onset ■

/d/ em onset ■

/k/ em onset ■

/g/ em onset ■

/f/ em onset ■

/v/ em onset ■

/s/ em onset ■

/z/ em onset ■

/ / em onset ■

/ / em onset ■

// em onset □

/l/ em onset

// em onset

/r/ em onset ■

/N/ em coda ■

/L/ em coda ■

/s/ em coda ■

/r/ em coda ■

Plosiva + /l/ ■

Plosiva + /r/ ■

Fricativa + /l/ ■

Fricativa + /r/

Nota: = 90%; = 95%

Tabela 6 – Idade em que 90 e 95% da amostra de normatização produziram corretamente as consoantes e encontros consonantais (com diferença

significativa na produção) na comparação quanto ao sexo e tipo de escola

3:0 – 3:3 3:4 – 3:7 3:8 – 3:11 4:0 – 4:3 4:8 – 4:11 5:0 – 5:3 5:4 – 5:7 6:0 – 6:3 6:8 – 6:11 7:0 – 7:6 7:7 – 7:11 8:7 – 8:11

// em onset

pri pri púb púb

/t/ em onset púb púb pri pri

/v/ em onset pri pri púb púb

// em onset pri pri

/r/ em onset

púb pri

Plosiva + /l/ púb pri púb pri

Plosiva + /r/

Fricativa + /l/

pri púb pri

Fricativa + /r/

Nota: = 90%; = 95%; = meninas; = meninos; pub = pública; pri = privada

Tabela 7 - Comparação de desempenho na produção dos fonemas de acordo com o sexo e o

tipo de escola

Fonemas

Feminino

(n = 401)

Masculino

(n = 332) F p

Particular

(n = 422)

Pública

(n = 311) F p

M DP M DP X M DP M DP

/p/ em Onset 8,98 0,15 8,97 0,17 1,693 0,516

8,97 0,17 8,98 0,15 0,998 0,618

/b/ em Onset 9,90 0,38 9,89 0,41 0,376 0,779

9,91 0,40 9,88 0,39 5,647 0,284

/t/ em Onset 18,78 0,76 18,79 0,74 0,229 0,884

18,88 0,77 18,65 0,70 12,274 ≤ 0,001

/d/ em Onset 7,03 0,49 7,03 0,38 2,237 0,995

7,04 0,47 7,02 0,41 2,346 0,465

/k/ em Onset 17,91 0,41 17,93 0,35 1,708 0,469

17,90 0,43 17,95 0,30 8,646 0,038

/g/ em Onset 6,97 0,20 6,95 0,29 8,546 0,153

6,95 0,28 6,97 0,19 4,143 0,285

/f/ em Onset 6,97 0,16 6,94 0,29 12,396 0,097

6,96 0,22 6,95 0,24 2,126 0,461

/v/ em Onset 7,70 0,51 7,65 0,55 4,599 0,210

7,76 0,51 7,58 0,54 36,139 ≤ 0,001

/s/ em Onset 8,96 0,27 8,89 0,56 14,694 0,057

8,94 0,32 8,90 0,54 6,904 0,247

/z/ em Onset 5,99 0,22 5,95 0,41 15,875 0,077

5,98 0,26 5,95 0,39 4,447 0,212

// em Onset 6,81 0,83 6,75 0,91 2,598 0,365

6,78 0,86 6,77 0,89 0,045 0,913

// em Onset 5,91 0,87 5,86 0,96 1,492 0,499

5,89 0,96 5,89 0,84 0,587 0,959

// em Onset 5,88 0,67 5,79 0,81 9,196 0,110

5,83 0,72 5,84 0,76 0,000 0,973

/m/ em Onset 5,96 0,25 5,93 0,25 7,868 0,149

5,96 0,21 5,93 0,29 8,929 0,152

/n/ em Onset 7,91 0,34 7,91 0,33 0,457 0,806

7,92 0,31 7,89 0,37 3,996 0,277

// em Onset 3,67 1,19 3,47 1,01 8,255 0,016

3,40 0,96 3,83 1,25 27,410 ≤ 0,001

/l/ em Onset 10,86 0,67 10,78 0,85 5,551 0,194

10,85 0,74 10,79 0,78 2,554 0,312

// em Onset 3,58 0,62 3,57 0,68 1,236 0,807

3,62 0,64 3,52 0,66 2,886 0,049

/r/ em Onset 7,61 1,66 7,21 2,18 23,616 0,005

7,52 1,81 7,30 2,06 3,563 0,123

/n/ em Coda 7,84 0,88 7,81 0,85 0,000 0,668

7,79 0,97 7,87 0,71 11,631 0,198

/l/ em Coda 5,97 0,18 5,95 0,30 6,140 0,194

5,95 0,23 5,96 0,26 0,424 0,593

/r/ em Coda 6,51 1,83 6,22 2,17 4,500 0,057

6,54 1,97 6,16 2,00 1,077 0,012

/s/ em Coda 11,59 1,88 11,35 2,12 2,382 0,105

11,63 1,91 11,28 2,10 0,721 0,019

Plosiva + /l/ 3,93 1,66 3,65 1,84 10,717 0,033

4,00 1,70 3,54 1,78 6,524 ≤ 0,001

Plosiva + /r/ 17,67 6,33 15,96 7,78 34,568 ≤ 0,001

17,32 6,82 16,32 7,38 4,677 0,062

Fricativa + /l/ 1,51 0,75 1,39 0,83 16,104 0,030

1,57 0,74 1,31 0,83 25,191 ≤ 0,001

Fricativa + /r/ 4,28 1,60 3,84 1,92 27,776 ≤ 0,001

4,17 1,70 3,95 1,85 5,066 0,107

Legenda: df = 731; M = Média; DP = Desvio Padrão; n = número de sujeitos; F = Razão

Discussão

É indispensável para o tratamento fonológico que a avaliação prévia seja bem realizada.

A partir da avaliação, o clínico consegue delinear os objetivos apropriados a fim de

maximizar os resultados do tratamento. Testes com normas são projetados para comparar o

desempenho de uma criança avaliada a uma amostra normativa com características

89

semelhantes (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; PENA, SPAULDING e PLANTE, 2006;

KIRK e VIGELAND, 2014). Quando o desempenho da criança está fora do intervalo da

pontuação recebida pela maioria dos indivíduos da amostra normativa, a criança pode estar

apresentando algum déficit (MCCAULEY e SWISHER, 1984a).

Nos dados normativos do INFONO, observa-se que o efeito da idade foi

consideravelmente mais frequente, quando comparado ao sexo e ao tipo de escola para a

produção dos fonemas por nomeação espontânea. Das 27 possibilidades de produção das

consoantes analisadas, todas tiveram associação com a idade, enquanto apenas nove com o

tipo de escola e seis com o sexo. Neste estudo, assim como em outros, os resultados

mostraram que alguns fonemas atingem um nível de domínio mais cedo, por exemplo, para o

/m/, /n/, //, /p/, /t/, /k/, e outros mais tarde como ocorre para /r/, // e a estrutura de OC

(GOLDMAN e FRISTOE, 2000; STOEL-GAMMON, 2010; BRANCALIONI, MAGNAGO

e KESKE-SOARES, 2012; VAN SEVEREN et al., 2013).

Os grupos com idade mais elevada tiveram melhor desempenho na produção de

algumas consoantes avaliadas pelo INFONO. Esse resultado é semelhante a outro estudo

(DODD et al., 2003) que refere que crianças mais velhas produzem os fonemas com mais

precisão que as mais jovens.

O inventário fonológico é adquirido gradativamente pelas crianças, consequentemente,

os erros na produção dos fonemas devem diminuir com o aumento da idade cronológica

(GOLDMAN e FRISTOE, 2000). Inicialmente ocorre a aquisição de estruturas mais simples e

menos marcadas como as vogais, junto com as plosivas e nasais, que são os primeiros sons a

serem adquiridos por volta de 1 ano e 6 meses (RANGEL, 2002).

As estruturas mais complexas ou mais marcadas são adquiridas gradativamente. Em

geral, observa-se a aquisição das consoantes plosivas e nasais sucedidas das fricativas e, por

último, as líquidas. Em relação à sílaba, a ordem de aquisição é Consoante-Vogal (CV),

seguida de Consoante-Vogal-Vogal (CVV), sucedida de Consoante-Vogal-Consoante (CVC)

e, por fim, Consoante-Consoante-vogal (CCV) (OLIVEIRA et al., 2004; VAN SEVEREN et

al., 2013).

Para que o desenvolvimento dos fonemas ocorra de maneira adequada é necessário que

a criança aprenda tanto os aspectos organizacionais ou estruturais do inventário de fonemas da

sua língua (aspectos fonológicos) quanto os movimentos articulatórios da sua produção

(aspectos fonéticos) (RABELO et al., 2011). Consoantes que são relativamente mais fáceis de

articular provavelmente serão adquiridas antes de que consoantes que são mais difíceis de

90

articular, especialmente porque o aparelho articulatório infantil é fisiologicamente diferente

do adulto e porque as crianças estão em fase de desenvolvimento do controle motor da fala, e

essas habilidades estão mais limitadas do que no adulto (VAN SEVEREN et al., 2013). Com

a maturação, as crianças avançam em direção a um aumento na complexidade de aquisição

dos fonemas através do desenvolvimento de capacidades cognitivas e articulatórias

(RVACHEW e BERNHARDT, 2010; BRANCALIONI, MAGNAGO e KESKE-SOARES,

2012).

Neste estudo não houve diferença significativa quanto ao sexo para a produção da

maioria das consoantes, apenas para a produção de //, /r/ e a estrutura de OC. Um estudo

(DODD et al., 2003) não mostrou diferenças entre os sexos nas faixas etárias mais jovens, no

entanto, na faixa etária mais velha, a precisão fonológica das meninas em cada uma das

medidas foi melhor do que os meninos. Os resultados deste estudo são diferentes de

outro(MCINTOSH e DODD, 2008), que não encontrou diferença no desempenho quanto ao

sexo.

Para a produção dos fonemas /t/, /k/, /v/ e // em onset simples, /r/ e /s/ em coda; e, do

OC houve associação significativa da variável tipo de escola. O desempenho oscilou entre

participantes de escola pública e privada na produção dos fonemas. O tipo de escola foi

inserido neste estudo com o intuito de abranger diferentes realidades sociais. Um estudo

(DODD et al., 2003) não encontrou diferenças significativas entre os grupos socioeconômicos

para as faixas etárias analisadas, porém o nível socioeconômico foi referido na literatura

(GOLDMAN e FRISTOE, 2000; FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND, 2014) como sendo

importante, pois podem influenciar o desenvolvimento da fala de uma criança e a amostra

normativa deve representar toda a população a ser avaliada.

Ainda, observam-se nos dados uma variabilidade (regressão) na produção dos fonemas

com o avanço da idade, por exemplo, para o fonema /z/ a média de produção diminui em

algumas faixas etária e depois volta a aumentar. Isso é possível durante a aquisição porque a

variabilidade envolve a experiência da criança com a palavra e com o fonema em aquisição.

De forma semelhante outros estudos (SOSA e STOEL-GAMMON, 2006; RVACHEW e

BERNHARDT, 2010; SOSA e STOEL-GAMMON, 2012) referem essa variabilidade como

típica do desenvolvimento de crianças.

Há relação entre a idade de aquisição das consoantes e a variabilidade de produção,

palavras com consoantes que são adquiridas mais tarde são produzidas com maior

variabilidade do que palavras com consoantes adquiridas mais cedo (SOSA e STOEL-

91

GAMMON, 2012). O desenvolvimento fonológico é caracterizado por “continuidades” e

“descontinuidades” na produção de consoantes e do OC em direção a uma produção madura

(RVACHEW e BERNHARDT, 2010).

Desenvolver instrumentos de avaliação que apresentem dados normativos não é uma

tarefa fácil, pois envolve diferentes áreas de conhecimento e diferentes profissionais que

devem trabalhar em equipe. O uso da tecnologia (informática) em procedimentos de avaliação

fonológica ainda é limitado. Os computadores podem ser fortes aliados aos fonoaudiólogos na

realização de avaliações, uma vez que apresentam algumas vantagens: maior interesse do

avaliado, armazenamento dos dados, auxiliar nas transcrições e, ainda, os softwares de

computador podem ser usados para completar as análises fonológicas (WILLIAMS, 2002).

O uso desse recurso tecnológico faz com que o tempo de aplicação do instrumento e

análise dos resultados diminua consideravelmente. Considerando esses fatores, o INFONO foi

desenvolvido em software para auxiliar fonoaudiólogos no diagnóstico de crianças com

desvio fonológico e identificar quais são os fonemas que apresentam alterações durante a fala

de acordo com a faixa etária, tipo de escola e sexo. Esses três fatores são apresentados em

outros estudos (GOLDMAN e FRISTOE, 2000; FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND,

2014) como fundamentais para serem incluídos em amostras normativas.

Os instrumentos de avaliação fonológica mais utilizados em pesquisas no Brasil são a

Avaliação Fonológica da Criança – AFC (YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT,

2002) e o Teste de Linguagem Infantil – Fonologia – ABFW (WERTZNER, 2004), mas

nenhum deles apresenta ainda dados normativos para a população. Este estudo é muito

importante por apresentar o primeiro instrumento normatizado para a população do sul do

País que auxiliará no diagnóstico de crianças com queixas de alterações fonológicas.

Entretanto, o estudo ainda apresenta algumas limitações: (a) não inclusão de

indivíduos de diferentes regiões demográficas do país, sendo a normatização realizada apenas

para a população do sul do Brasil, não podendo ser utilizada como parâmetros para as outras

regiões; (b) Não ter sido aplicado em crianças menores de 3 anos, pois sabe-se que alguns

fonemas estão em processo de aquisição antes dos 3 anos; (c) o número de crianças da

amostra de normatização nos grupos ser inferior a 100 sujeitos, aspecto importante para que

os dados normativos represente a variabilidade presente na população em geral (KIRK e

VIGELAND, 2014); (d) impossibilidade de fazer faixas etárias ainda menores devido as

rápidas mudanças (variabilidade) na aquisição dos fonemas. Porém, estudos futuros devem

92

considerar tais limitações e tentar minimizá-las, para isso é importante a colaboração entre os

pesquisadores de diferentes universidades e fonoaudiólogos clínicos.

Conclusão

Os resultados deste estudo têm implicações significativas para a avaliação do desvio

fonológico, pois apresenta o primeiro instrumento de avaliação fonológica desenvolvido no

computador normatizado para a população do sul do Brasil. Os dados normativos

apresentados foram baseados em um número expressivo de crianças, embora ainda haja a

necessidade de aumentar o tamanho da amostra, de compor faixas etárias menores, e ser

aplicado em crianças menores de três anos em futuros trabalhos.

Com o INFONO, é possível o fonoaudiólogo avaliar, refletir e tomar decisões clínicas

sobre o desenvolvimento fonológico das crianças. Ainda, foi possível verificar a influência do

tipo de escola, do sexo e, principalmente, da idade no desempenho da produção da fala. O

INFONO é simples e rápido de ser aplicado e fornece os resultados para o clínico interpretar

de acordo com a idade, sexo e tipo de escola da criança.

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2008.

96

2.3. Estudo 3:

EVIDÊNCIAS DE VALIDADE E FIDEDIGNIDADE DE UM INSTRUMENTO DE

AVALIAÇÃO FONOLÓGICA - INFONO

Resumo

Este estudo tem o objetivo de apresentar as evidências de validade e fidedignidade de um

instrumento de avaliação fonológica (INFONO) desenvolvido para avaliar o inventário

fonológico do Português Brasileiro. Participaram do estudo 847 crianças com idades entre 3 e

8:11 anos, divididos em três grupos: típico, controle e clínico. Os participantes foram

avaliados pelo INFONO através de nomeação espontânea. A produção da criança foi gravada

e transcrita no momento da avaliação, no próprio software. A consistência interna foi

analisada a partir da técnica Alpha de Cronbach. Para a validade de critério comparou-se o

desempenho entre os grupos através do teste t de Student para amostras independentes.

Realizou-se a análise discriminante stepwise com o método do Ʌ de Wilks. A concordância

intra e inter-avaliadores foi investigada por meio do Teste de Kendall. Considerou-se

significância quando p ≤ 0.05. O desempenho do grupo clínico para todos os fonemas foi

inferior ao grupo controle mostrando que os escores são sensíveis para identificar crianças

com desvio fonológico. O INFONO apresentou evidências de validade e fidedignidade

(consistência interna) indicando uma confiabilidade satisfatória dos itens, bem como,

excelente concordância entre os escores do teste (confiabilidade intra e inter-avaliador).

Palavras-chave: Fala; Testes de Articulação da Fala; Transtornos da Articulação; Avaliação;

Validade dos testes; Criança

97

VALIDITY AND RELIABILITY EVIDENCES OF A PHONOLOGICAL

EVALUATION INSTRUMENT - INFONO

Abstract

The current study aims to present the validity and reliability evidences of a phonological

evaluation instrument (Instrumento de Avaliação Fonológica - INFONO) developed to assess

the Brazilian Portuguese phonological system. Eight hundred and forty-seven children

between 3 and 8 years and 11 months participated in the study and were divided into three

groups: typical, control and clinical. The participants were assessed by INFONO through

spontaneous naming. Children’s production was recorded and broadcasted in the software

itself, in the time of the evaluation. The internal consistency was analyzed using Cronbach

Alpha technique. The performance among groups was compared through Student T test in

independent samples to validate the criteria. The stepwise discriminant analysis was done

using the Wilks Ʌ method. The intra and inter-rater agreement was investigated by means of

Kendall test. The significance was taking under consideration when p ≤ 0.05. The clinical

group’s performance, for all the phonemes, was lower than that from the control group and it

showed that the scores are sensitive to identify children with phonological disorder. INFONO

presented evidences of validity and reliability (internal consistency) that indicate satisfactory

reliability of items, as well as excellent agreement among the test’s scores (intra and inter-

rater reliability).

Keywords: Speech; Speech Articulation Tests; Articulation Disorders; Evaluation; Validity

of tests; Child

98

Introdução

Os distúrbios dos sons da fala podem ser decorrentes de diversas etiologias e resultam

em prejuízo nos diferentes níveis de produção da fala, incluindo os de base linguístico-

fonológica e/ou no aspecto motor da fala (NAMASIVAYAM et al., 2013; STRAND et al.,

2013). Um dos muitos desafios para o fonoaudiólogo é diagnosticar corretamente esses

distúrbios e posteriormente, planejar uma intervenção eficaz.

Neste estudo, abordaremos o aspecto fonológico dos distúrbios dos sons da fala,

denominado de desvio fonológico. O desvio fonológico é uma das alterações de maior

incidência na população infantil (NEWMEYER et al., 2007; SKAHAN, WATSON e LOF,

2007; PAGAN-NEVES e WERTZNER, 2010; SOUZA, MARQUES e SCOTT, 2010;

RABELO et al., 2011; MÜÜRSEPP et al., 2012) e é caracterizado por uma desorganização

linguística do inventário de fonemas. Crianças com desvio fonológico apresentam omissões e

substituições de fonemas, especialmente de consoantes e encontros consonantais em idade em

que estas não deveriam ocorrer mais (GRUNWELL, 1981; FERRANTE, BORSEL e

PEREIRA, 2009; RABELO et al., 2011).

Para avaliação do desvio fonológico existem alguns instrumentos, no Brasil nenhum

desses testes apresenta evidências de validade e fidedignidade. O desenvolvimento de

instrumentos de avaliação deve garantir que estes mensurem o que se pretende e que os

resultados reflitam a habilidade em análise de forma não influenciada pela relação de outros

aspectos que não foram estabelecidos nos objetivos de uso do instrumento (GOLDMAN e

FRISTOE, 2000; MCCAULEY, 2001; PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA, 2007;

STRAND et al., 2013; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014).

A validade é o processo que examina a precisão de uma determinada inferência

realizada a partir de escores do instrumento (RAYMUNDO, 2009; STRAND et al., 2013). As

evidências de validade de um teste determinam o quão bem o teste mede o que ele se propõe a

mensurar (GOLDMAN e FRISTOE, 2000). Assim, os autores esperam apresentar provas de

evidências de validade para as mais comuns habilidades do seu teste.

A consistência de uma medida é um dos principais fatores que afetam a validade,

porque é uma condição necessária para a validade, o que significa que uma medida só pode

ser válida se também for confiável. Entretanto, a confiabilidade não garante a validade

(MCCAULEY, 2001).

99

A evidência de fidedignidade é fundamental no desenvolvimento de um teste, porque

essas medidas estimam o grau que um teste é vulnerável às várias fontes de erro (por

exemplo, a variação de avaliadores, ou inconsistências do avaliador). Essas fontes de erro

constituem ameaças à validade do teste (STRAND et al., 2013).

Internacionalmente, há uma crescente busca por instrumentos que apresentam

propriedades psicométricas para a avaliação dos distúrbios dos sons da fala (MCCAULEY e

SWISHER, 1984a; b; PLANTE e VANCE, 1994; MCCAULEY, 2001; FRIBERG, 2010;

MCLEOD e VERDON, 2013; STRAND et al., 2013; VIGELAND e KIRK, 2013; KIRK e

VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014). No entanto, no Brasil é ainda recente esta

prática (FONSECA et al., 2008a; FONSECA et al., 2008b; PAGLIARIN et al., 2014).

Estudos internacionais (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; MCLEOD e VERDON,

2013; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014) analisaram vários

instrumentos de avaliação fonológica que apresentam evidências de validade e fidedignidade.

Dentre estes instrumentos internacionais com estudos psicométricos destacamos o Goldman

Fristoe 2 – Test of Articulation – GFTA 2 (GOLDMAN e FRISTOE, 2000) e o Clinical

Assessment of Articulation and Phonology – CAAP (SECORD e DONOHUE, 2002).

No Brasil, dentre os instrumentos de avaliação fonológica mais utilizados estão: a

Avaliação Fonológica da Criança – AFC (YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT,

2002) e o ABFW - Teste de Linguagem Infantil - Fonologia (WERTZNER, 2004). Estes estão

disponíveis para uso na clínica e na pesquisa fonoaudiológica, no entanto, nenhum deles

apresenta estudos de validade e fidedignidade.

Essa limitação na área da avaliação fonológica pode comprometer o processo

diagnóstico e o planejamento terapêutico de crianças com alterações de fala, dessa forma, o

crescimento da área de avaliação é extremamente importante para a clínica e a pesquisa

fonoaudiológica (FONSECA et al., 2008a; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e

VERDON, 2014).

Considerando o que foi exposto acima e a crescente preocupação em oferecer aos

clínicos e pesquisadores instrumentos válidos e confiáveis, este estudo foi desenvolvido com

o objetivo que apresentar as evidências de validade e de fidedignidade dos escores de um

instrumento de avaliação fonológica – INFONO desenvolvido para avaliar os fonemas do

Português Brasileiro (PB).

100

Método

Participantes

Foram contatadas 1448 crianças em escolas (8 públicas e 4 privadas) na região sul do

Brasil, das quais 1076 (73%) foram autorizadas a participar do estudo. Foram excluídos da

amostra participantes bilíngues e/ou que apresentavam queixas ou suspeitas de perda auditiva,

problema neurológico e/ou psicológico, déficits intelectuais, diagnóstico de autismo,

síndrome de Down, tratamento fonoaudiológico anterior. Essas informações foram obtidas em

questionários respondidos pelos pais/responsáveis (Apêndice II) e professores (Apêndice III).

Também, foram excluídos os participantes com indicativos de prováveis alterações como:

mordida aberta anterior, ceceio, interposição lingual anterior, prováveis déficits de linguagem

e/ou vocabulário, etc. Essas prováveis alterações foram detectadas durante uma breve

conversa com as crianças e/ou durante a realização do INFONO. Dessa forma, considerando

os critérios de exclusão, 210 crianças foram excluídas da amostra da pesquisa.

A amostra total deste estudo foi constituída por n = 847 participantes, divididos em

três grupos: típico, sendo crianças com desenvolvimento fonológico típico (n = 733); controle,

n = 228 crianças do grupo típico que foram emparelhadas ao grupo clínico quanto à idade,

sexo e tipo de escola; e, clínico, crianças com desenvolvimento fonológico atípico (n = 114).

A amostra está caracterizada na Tabela 1.

Tabela 1. Caracterização dos grupos

Grupos n

Idade em anos

e meses Sexo Tipo de escola

M DP Feminino

n(%)

Masculino

n(%)

Privada

n(%)

Pública

n(%)

Típico 773 6,08 1,58 332 (45,3) 401 (54,7) 422 (57,6) 311 (42,4)

Controle 228 5,89 1,31 100(43,9) 128(56,1) 104(45,6) 124(54,4)

Clínico 114 5,88 1,32 50(43,9) 64(56,1) 52(45,6) 62(54,4)

Nota: n = número de sujeitos; M = Média; DP = Desvio Padrão

Instrumento

O INFONO é um instrumento que está sendo desenvolvido em software para uso do

fonoaudiólogo com auxílio de um computador. Ele avalia as 19 consoantes do PB em todas as

101

possíveis posições que ocorrem na sílaba e na palavra, além da estrutura do encontro

consonantal. Atualmente, o INFONO permite que a avaliação possa ser realizada pela

nomeação espontânea e repetição. A coleta da fala encadeada está em desenvolvimento no

software. As três formas de coletas podem ser gravadas e o avaliador deve selecionar a

transcrição da palavra-alvo realizada pela criança (o instrumento oferece uma lista de

transcrições para cada alvo) no momento da avaliação, podendo ser conferida após a

gravação.

A nomeação espontânea é composta por 84 desenhos coloridos e “animados” com gif’s,

(termo dado às animações formadas por várias imagens GIF compactadas numa só dando

movimento a figura) representando a palavra-alvo e, ainda, fornece uma pergunta-chave (para

o avaliador fazer no momento da avaliação) para facilitar a produção da palavra-alvo

desejada, como por exemplo: “Ele usa o lápis para...?” (escrever), “Que bicho é este?”

(cachorro), etc. Também podem ser usadas outras perguntas para auxiliar na produção do

alvo. É importante que todas as palavras-alvo sejam produzidas, uma vez que elas avaliam

todos os fonemas do PB nas diferentes posições na sílaba e na palavra.

Para a coleta através de repetição, o INFONO fornece uma gravação de áudio com 84

palavras-alvo que permite que a criança ouça e repita a palavra. Já para a coleta da fala

encadeada (ainda em desenvolvimento), serão disponibilizadas sequências lógico-temporais

contendo quatro fatos, as quais a criança deve ordenar, depois ouvirá a história e num terceiro

momento ela deverá recontar a história que deve ter as palavras-alvo (estas fixarão a atenção

da criança por permanecerem coloridas na tela do computador). Nessas sequências estão

presentes, entre outras palavras, as mesmas 84 palavras que deverão ser transcritas pelo

avaliador depois da avaliação para visualização os resultados.

Após o término da avaliação, o software disponibiliza os seguintes resultados: análise

dos dados da avaliação (lista das palavras-alvo e das transcrições fonéticas da produção da

criança), análise contrastiva (quantidade de acertos, omissões e substituições na avaliação

para cada fonema do PB) que permite determinar o inventário fonético (presença ou ausência

som) e o fonológico (percentuais de acerto, omissão e substituição para cada fonema e para o

Onset Complexo (OC)). As análises dos traços distintivos, processos fonológicos e gravidade

do desvio estão em fase de desenvolvimento no software. Esse instrumento não analisa as

vogais, pois como são adquiridas cedo, elas são muito menos propensas a serem produzidas

com alterações em casos de desvio fonológico. Para este estudo foi realizado o INFONO por

102

nomeação espontânea e para os procedimentos de análise dos resultados utilizou-se o

inventário fonológico – fonemas e estruturas silábicas.

Procedimentos

Todos os procedimentos éticos para o desenvolvimento desta pesquisa foram

respeitados como a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade

Federal de Santa Maria sob o protocolo 23081.005433/2011-65 e o consentimento dos pais ou

representantes legais das crianças. Só foram avaliadas crianças que concordaram em

participar da avaliação (assentimento oral da criança).

Primeiramente foi realizada uma breve conversa com a criança a fim de detectar

possíveis alterações que justificassem a exclusão do participante no estudo. Essa breve

conversa, assim como a aplicação do INFONO – Nomeação espontânea foi realizada por três

fonoaudiólogas doutorandas e por uma fonoaudióloga com mais de 10 anos de experiência na

área do estudo. Todas tiveram um treinamento prévio.

Após, os participantes foram avaliados com o INFONO – Nomeação espontânea em

sessão individual na escola, em um ambiente disponibilizado pela mesma. A produção da

criança foi gravada e transcrita no momento da avaliação no próprio software. Após as

avaliações, os resultados do inventário fonológico (gerados pelo software) foram utilizados

para a elaboração de um banco de dados no programa estatístico SPSS com o objetivo de

realizar os procedimentos psicométricos para a busca de evidências de validade e

fidedignidade do INFONO, que serão detalhados a seguir:

(a) Validade

As evidências de validade analisadas neste estudo foram: consistência interna e a

validade de critério (análise discriminante). A consistência interna foi calculada a partir do

grupo típico (n = 733), enquanto que para a análise da validade de critério utilizou o grupo

clínico e grupo controle. As crianças do grupo clínico (n = 114) foram previamente

diagnosticadas como apresentando provável desvio fonológico pelo julgamento clínico do

fonoaudiólogo com experiência em avaliação e terapia. Esse julgamento aconteceu através de

uma breve conversa com a criança em que se considerou a produção inadequada dos sons de

acordo com a idade. A idade de aquisição dos sons foi considerada de acordo com o trabalho

de Oliveira (OLIVEIRA et al., 2004).

103

Os participantes do grupo controle foram recrutados do grupo típico e emparelhados ao

grupo clínico pela faixa etária, tipo de escola e sexo. Um total de 342 crianças participou

desta análise, sendo os grupos controle e clínicos não diferiram significativamente em relação

à média de idade (F = 0,000; p = 0,977), distribuição de sexo (X2 = 0,000; p = 1,000) e tipo de

escola (X2 = 0,000; p = 1,000).

(b) Fidedignidade

Foram analisados três componentes da fidedignidade do INFONO: consistência interna,

confiabilidade intra-avaliador e confiabilidade inter-avaliadores. A consistência interna foi

calculada da mesma forma que para a validade. Para a confiabilidade intra-avaliador, o

mesmo avaliador analisou apenas a gravação de áudio da administração original do

instrumento, realizando manualmente novas transcrições (sem o uso do software)e análises

dos resultados de forma independente da primeira avaliação. Este procedimento foi realizado

pelo mesmo avaliador no mínimo um mês após a avaliação da criança para um subgrupo de

77 crianças (aproximadamente 10% da amostra) escolhidas aleatoriamente. Da mesma forma,

para o procedimento de confiabilidade inter-avaliadores os áudios de outras 120 crianças

(aproximadamente 15% da amostra) foram analisados por outras duas estudantes do último

ano do curso de graduação com experiência em fonologia. As novas transcrições e análises

dos resultados foram realizadas de forma independente da primeira avaliação.

Análise dos dados

Os dados foram analisados através do software SPSS versão 22 para Windows. A

consistência interna foi analisada a partir da técnica Alpha de Cronbach. Este método é

utilizado em delineamentos em que os participantes são avaliados com um teste em uma única

ocasião.

A técnica Alpha de Cronbach consiste em calcular a correlação entre cada item do

teste e o restante dos itens ou o escore total dos itens. Essa técnica mede o grau de covariância

de uma e varia de 0 a 1 e, quanto mais elevada a contagem, maior a confiabilidade. Valores

acima de 0,7 refletem uma fidedignidade adequada. Ainda, a concordância intra e inter-

avaliadores foi investigada por meio do Teste de Kendall, sendo que valores acima de 0,6 já

indicam um bom nível de concordância.

Para a validade realizou-se as análises de comparação de desempenho entre grupos e

análise discriminante. Na validade de critério comparou-se o desempenho entre os grupos

104

(clínico e controle) através do teste t de Student para amostras independentes. Realizou-se

uma análise discriminante stepwise com o método do Ʌ de Wilks a fim de verificar a

capacidade dos escores da INFONO em estimar a qual grupo a criança pertencia

(desenvolvimento típico ou atípico). Os pressupostos da normalidade e de homogeneidade das

matrizes de variâncias-covariâncias de cada grupo foram testados, respectivamente, com o

teste de Shapiro-Wilk e o teste M de Box. Os resultados foram considerados significativos

quando p ≤ 0.05.

Resultados

Em relação à validade e fidedignidade do INFONO, a Tabela 2 apresenta os

coeficientes Alpha de Cronbach para as diferentes faixas etárias em relação aos fonemas.

Todas as faixas etárias do estudo apresentaram alta consistência interna, variando entre 0,713

e 0,922 (mediana 0,816), o que sugere uma adequada confiabilidade dos itens por faixa etária.

Tabela 2 – Análise da consistência interna do INFONO por faixa etária

Faixa etária n Alpha de Cronbach

3:0 – 3:3 25 0,922

3:4 – 3:7 38 0,916

3:8 – 3:11 34 0,922

4:0 – 4:3 31 0,917

4:4 – 4:7 34 0,903

4:8 – 4:11 35 0,862

5:0 – 5:3 44 0,820

5:4 – 5:7 40 0,815

5:8 – 5:11 51 0,809

6:0 – 6:3 53 0,746

6:4 – 6:7 59 0,861

6:8 – 6:11 59 0,743

7:0 – 7:6 72 0,713

7:7 – 7:11 58 0,714

8:0 – 8:6 61 0,732

8:7 – 8:11 39 0,718

Mediana 0,816

Legenda: n = número de sujeitos

105

A Tabela 3 apresenta o percentual de concordância para a produção correta da mesma

testagem realizada pelo mesmo avaliador para cada consoante e encontro consonantal testado

pelo INFONO.

Tabela 3 – Confiabilidade intra-avaliadores medida pela de concordância da produção correta

dos fonemas

Posições

Onset Coda Onset Inicial Onset Medial Coda Medial Coda Final

/p/ 0,811 1,000 1,000

/b/ 1,000 1,000 1,000

/t/ 0,973 1,000 0,973

/d/ 1,000 1,000 1,000

/k/ 0,702 1,000 0,702

/g/ 1,000 1,000 1,000

/f/ 1,000 1,000 1,000

/v/ 0,964 1,000 0,964

/s/ 1,000 0,690 0,935 1,000 0,631 0,678

/z/ 1,000 1,000 1,000

// 1,000 1,000 1,000

// 1,000 1,000 1,000

// 1,000 1,000 1,000

/m/ 0,653 0,653 1,000

/n/ 1,000 0,856 1,000 1,000 0,962 1,000

// 1,000 0,974

/l/ 0,816 1,000 1,000 0,816 1,000 1,000

// 0,945 0,945

/r/ 0,973 0,830 0,971 0,700 0,878

Plos.+/l/ 0,872 0,920 0,891

Plos.+/r/ 0,765 0,622 0,862

Fric.+/l/ 0,801 0,801

Fric.+/r/ 0,676 0,795 0,661

Média 0,911 0,844 0,936 0,944 0,823 0,889

A concordância variou de 62,2% a 100 %. A concordância foi excelente, com

percentuais acima de 80% para a maioria dos fonemas nas diferentes posições. A

concordância foi considerada boa apenas para o /s/ nas posições coda, coda medial (CM) e

106

coda final (CF); o /k/ em onset e onset medial (OM); o /m/ em onset e onset inicial (OI); o /r/

em CM; a Plosiva + /r/ em onset e OI; e, a fricativa + /r/ em onset, OI e OM. Os percentuais

médios de concordância por posição foram considerados excelentes, variando entre 82,2% e

94,4%.

A Tabela 4 lista o percentual de concordância para a produção correta da mesma

testagem por dois avaliadores diferentes para cada consoante e encontro consonantal testado

pelo INFONO.

Tabela 4 – Confiabilidade inter-avaliadores medida pela de concordância da produção correta

dos fonemas

Fonemas Posições

Onset Coda Onset Inicial Onset Medial Coda Medial Coda Final

/p/ 1,000 1,000 1,000

/b/ 1,000 1,000 1,000

/t/ 0,941 1,000 1,000

/d/ 0,663 1,000 1,000

/k/ 0,772 1,000 0,704

/g/ 1,000 1,000 1,000

/f/ 1,000 1,000 1,000

/v/ 0,920 1,000 0,899

/s/ 1,000 0,909 1,000 1,000 0,946 0,863

/z/ 1,000 1,000 1,000

// 0,996 0,997 1,000

// 1,000 1,000 1,000

// 1,000 1,000 1,000

/m/ 0,791 0,658 1,000

/n/ 1,000 0,952 1,000 1,000 1,000 1,000

// 0,993 0,993

/l/ 0,748 1,000 1,000 0,866 1,000 1,000

// 0,958 0,958

/r/ 0,960 0,873 0,960 0,996 0,870

Plos.+/l/ 0,866 0,970 0,826

Plos.+/r/ 0,892 0,897 0,892

Fric.+/l/ 0,972 0,972

Fric.+/r/ 1,000 1,000 1,000

Média 0,934 0,934 0,975 0,959 0,986 0,933

107

A concordância variou de 66,3% a 100 %. Os menores percentuais de concordâncias

ocorreram para /d/ em onset, /k/ em onset e OM, /m/ em onset e OI e /l/ em onset e foram

considerados bons. As demais concordâncias inter-avaliadores foram excelente, todas acima

de 82,6%. Os percentuais médios de concordância por posição foram excelentes todos acima

de 93%.

A Tabela 5 apresenta os escores médios e desvios padrão do desempenho dos dois

grupos para a produção de todos os fonemas em onset, coda e OC. Os resultados mostraram

que a média de produção do grupo clínico para todos os fonemas foi inferior ao grupo

controle. A análise mostrou diferenças significativas na produção dos fonemas entre os grupos

com exceção para /p/, /d/ e // em onset e /n/ em coda; /p/ em OI; /b/, /d/ e /m/ em OM; /n/ em

CM; e, /l/ e /s/ em CF.

Tabela 5 – Desempenho na produção dos fonemas entre os grupos clínico e controle

Controle

n = 228

Clínico

n = 114 F p

M DP M DP

Onset /p/ 8,99 0,09 8,95 0,26 21,215 0,084

/b/ 9,90 0,34 9,54 1,33 50,876 0,004

/t/ 18,73 0,67 18,12 1,80 34,793 ≤ 0,001

/d/ 7,02 0,42 6,77 1,35 44,188 0,060

/k/ 17,94 0,27 16,72 3,71 81,367 ≤ 0,001

/g/ 6,97 0,20 6,18 1,86 193,940 ≤ 0,001

/f/ 6,98 0,17 6,64 1,23 63,277 0,004

/v/ 7,68 0,51 6,97 1,52 34,942 ≤ 0,001

/s/ 8,96 0,25 8,28 1,78 111,313 ≤ 0,001

/z/ 5,99 0,28 5,17 1,54 225,076 ≤ 0,001

// 6,82 0,85 4,69 2,79 395,252 ≤ 0,001

// 5,93 0,77 4,20 2,40 406,058 ≤ 0,001

// 5,93 0,45 5,28 1,60 128,677 ≤ 0,001

/m/ 5,96 0,21 5,86 0,40 36,231 0,016

/n/ 7,91 0,31 7,67 0,67 73,707 ≤ 0,001

// 3,75 1,20 3,75 1,21 0,044 1,000

/l/ 10,92 0,32 9,73 2,63 146,593 ≤ 0,001

// 3,60 0,60 2,92 1,12 27,320 ≤ 0,001

/r/ 7,56 1,68 3,72 3,47 241,044 ≤ 0,001

Coda /n/ 7,89 0,74 7,70 1,05 27,162 0,087

/l/ 5,96 0,23 5,80 0,67 47,966 0,011

108

Controle

n = 228

Clínico

n = 114 F p

M DP M DP

/r/ 6,37 1,69 3,72 2,67 74,978 ≤ 0,001

/s/ 11,41 1,93 10,64 2,97 15,361 0,013

Onset Inicial /p/ 3,99 0,09 3,95 0,26 21,215 0,084

/b/ 6,92 0,29 6,61 1,04 56,702 0,003

/t/ 2,99 0,11 2,93 0,29 28,152 0,045

/d/ 2,98 0,13 2,81 0,64 71,780 0,004

/k/ 11,00 0,07 10,32 2,19 87,960 ≤ 0,001

/g/ 2,98 0,17 2,59 0,96 182,586 ≤ 0,001

/f/ 3,00 0,00 2,89 0,53 46,051 0,023

/v/ 2,99 0,11 2,75 0,62 136,383 ≤ 0,001

/s/ 3,36 0,49 3,16 0,88 9,707 0,021

/z/ 2,00 0,07 1,70 0,61 297,829 ≤ 0,001

// 3,90 0,46 2,61 1,61 413,576 ≤ 0,001

// 2,95 0,31 2,08 1,21 400,694 ≤ 0,001

// 2,96 0,28 2,60 0,85 154,203 ≤ 0,001

/m/ 2,96 0,20 2,87 0,36 38,125 0,013

/n/ 2,93 0,27 2,77 0,50 54,132 0,002

/l/ 4,00 0,00 3,65 0,97 145,847 ≤ 0,001

Onset Medial /p/ 5,00 0,00 5,00 0,00 * *

/b/ 2,99 0,11 2,92 0,38 23,865 0,073

/t/ 15,75 0,65 15,19 1,60 38,803 ≤ 0,001

/d/ 4,01 0,37 3,92 0,82 27,029 0,256

/k/ 6,94 0,26 6,39 1,62 92,131 ≤ 0,001

/g/ 3,99 0,09 3,60 1,02 157,564 ≤ 0,001

/f/ 3,98 0,17 3,75 0,77 71,917 0,003

/v/ 4,69 0,48 4,22 1,05 37,185 ≤ 0,001

/s/ 5,60 0,53 5,12 1,19 24,948 ≤ 0,001

/z/ 4,00 0,24 3,46 1,11 199,564 ≤ 0,001

// 2,92 0,43 2,08 1,26 315,886 ≤ 0,001

// 2,97 0,54 2,12 1,30 263,857 ≤ 0,001

// 2,97 0,21 2,68 0,83 110,945 ≤ 0,001

/m/ 3,00 0,07 2,99 0,09 1,001 0,617

/n/ 4,98 0,13 4,89 0,31 59,123 0,004

// 3,75 1,20 3,75 1,21 0,044 1,000

/l/ 6,92 0,32 6,08 1,77 154,948 ≤ 0,001

// 3,60 0,60 2,92 1,12 27,320 ≤ 0,001

/r/ 7,56 1,68 3,72 3,47 241,044 ≤ 0,001

Coda Medial /n/ 5,12 0,47 5,11 0,73 13,032 0,862

109

Controle

n = 228

Clínico

n = 114 F p

M DP M DP

/l/ 2,96 0,23 2,82 0,63 41,904 0,016

/r/ 2,74 0,75 1,54 1,35 175,508 ≤ 0,001

/s/ 5,79 0,92 4,90 1,80 67,513 ≤ 0,001

Coda Final /n/ 2,83 0,38 2,71 0,47 23,184 0,021

/l/ 3,00 0,00 2,98 0,13 16,785 0,158

/r/ 3,63 1,19 2,18 1,55 12,968 ≤ 0,001

/s/ 5,62 1,56 5,74 1,80 1,383 0,531

Onset Complexo Plosiva +/l/ 3,82 1,69 1,83 1,83 5,643 ≤ 0,001

Plosiva +/r/ 16,87 6,68 6,52 7,45 11,713 ≤ 0,001

Fricativa + /l/ 1,40 0,79 0,57 0,74 1,399 ≤ 0,001

Fricativa + /r/ 4,10 1,67 1,70 1,99 20,797 ≤ 0,001

Plosiva +/l/ - OI 1,59 0,74 0,78 0,86 14,035 ≤ 0,001

Plosiva +/l/ - OM 2,23 1,06 1,05 1,11 0,448 ≤ 0,001

Plosiva +/r/ - OI 8,16 3,15 3,54 3,80 25,418 ≤ 0,001

Plosiva +/r/ - OM 8,71 3,62 2,98 3,79 4,261 ≤ 0,001

Fricativa + /l/ - OI 1,40 0,79 0,57 0,74 1,399 ≤ 0,001

Fricativa + /r/ - OI 1,63 0,71 0,72 0,92 41,572 ≤ 0,001

Fricativa + /r/ -OM 2,46 1,02 0,98 1,20 10,794 ≤ 0,001

Nota: M = Média; DP = Desvio Padrão; n = número de sujeitos; F = Razão; OI = Onset Inicial; OM= Onset

Medial; * = Não foi possível redor o teste t em função dos desvios-padrão serem equivalentes a zero.

A análise discriminante stepwise extraiu uma função discriminante, retendo como

estatisticamente significativa a produção de 18 fonemas e OC, explicando 100% da

variabilidade entre os grupos (Ʌ = 0,494; X2(18) = 602,403; p ≤ 0,001). A Tabela 6 apresenta

os coeficientes estandardizados dos fonemas incluídos na função discriminante. Esses foram

os principais fonemas que auxiliaram na diferenciação entre os grupos com desenvolvimento

fonológico típico e atípico.

110

Tabela 6 – Coeficientes da função discriminante

Fonemas Coeficientes da função discriminante

/p/ em Onset -1,066

/s/ em Onset 0,232

/z/ em Onset 0,417

// em Onset -0,368

/r/ em Onset 0,179

/s/ em Coda -0,119

/k/ em OI 0,324

/v/ em OI 0,768

// em OI 0,802

/l/ em OI 0,253

/p/ em OM -1,784

// em OM -0,330

/n/ em OM 0,610

// em OM 0,153

/r/ em CF 0,095

plosiva + /r/ -0,172

plosiva + /r/ em OM 0,484

fricativa + /r/ em OI -0,494

Constante 3,081

Eingenvalue 1,023

Legenda: OI = Onset Inicial; OM= Onset Medial; CM = Coda Medial; CF = Coda Final

A Tabela 7 apresenta as estatísticas de classificação e função discriminatória utilizada.

O percentual de crianças classificadas corretamente com a classificação original foi de 91,7%

mostrando que o INFONO apresenta um alto percentual de discriminação entre crianças

típicas e atípicas.

Tabela 7 – Resultados da classificação e função discriminatória utilizada

Grupo original

Grupo predito

Total Típica

n (%)

Atípica

n (%)

Típica n (%) 704 (96%) 29 (4%) 733

Atípica n (%) 43 (32%) 90 (68%) 133

111

Discussão

O INFONO apresentou adequados indicadores de validade e fidedignidade para sua

aplicação como instrumento de avaliação fonológica em crianças com possíveis alterações

fonológicas. Verificou-se uma consistência interna (Mediana 0,816) adequada indicando uma

confiabilidade satisfatória dos itens. Outros instrumentos (GOLDMAN e FRISTOE, 2000;

PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA, 2009) também analisaram a confiabilidade pelo

coeficiente Alfa de Cronbach. O GFTA-2 (GOLDMAN e FRISTOE, 2000) analisou pela

faixa etária e sexo e obteve resultados variando de 0,85 a 0,98. O Test para Evaluar Procesos

de Simplificación Fonológica - TEPROSIF-R (PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA, 2009) e o

CAAP (SECORD e DONOHUE, 2002) também obtiveram alta confiabilidade interna (0,90).

Um teste tem alta fidedignidade ou homogeneidade dos itens quando todos os itens ou

tarefas do teste apresentam o mesmo tipo de desempenho ou domínio do conteúdo

(GOLDMAN e FRISTOE, 2000). Neste estudo, a análise de consistência interna não foi

realizada entre faixa etária e sexo ou faixa etária e tipo de escola, pois não foi encontrada

variabilidade suficiente para realização da análise dos dados.

O uso de instrumentos padronizados pressupõe que os mesmos mensurem

corretamente a presença ou a ausência de determinado distúrbio, porém isso nem sempre

ocorre. Alguns fatores podem comprometer a exatidão das medidas e dessa forma,

comprometer o diagnóstico (FRIBERG, 2010).

A validade pode ser afetada pela qualidade de suas medidas, pela habilidade do

aplicador no teste e pela confiabilidade das medidas (MCCAULEY, 2001). Dessa forma, há

necessidade do clínico ou pesquisador em compreender as questões relacionadas à validade e

a fidedignidade que acompanham o uso do instrumento de avaliação padronizado como parte

de sua bateria diagnóstica para o desvio fonológico (FRIBERG, 2010).

A fidedignidade pode ser definida como a consistência de uma medida, embora ocorra

mudanças no tempo, na administração individual ou nos escores das medidas (MCCAULEY e

SWISHER, 1984b; MCCAULEY, 2001). A fidedignidade aceitável permite a generalização

dos resultados obtidos na situação de avaliação a um conjunto mais amplo de situações

(MCCAULEY, 2001).

Neste trabalho, a fidedignidade intra-avaliador foi mensurada através da concordância

nos julgamentos do mesmo avaliador em momentos distintos. A concordância média dos

julgamentos da produção dos fonemas por posição foi considerada excelente (percentuais

112

entre 82,2% e 94,4%). Isso demonstra que para a metade dos julgamentos das 77 avaliações,

os dois julgadores concordaram em 82,2% demonstrando boa reprodutibilidade/confiabilidade

diagnóstica do instrumento pelo mesmo avaliador em dois momentos distintos da avaliação

no processo de padronização.

Não se encontrou na literatura instrumentos de avaliação fonológica que relatem a

confiabilidade intra-avaliador. No entanto, este tipo de confiabilidade é dito como importante

para instrumentos que avaliam a fala (MCLEOD e VERDON, 2014) porque permite mensurar

o grau de consistência da medida quando aplicado pelo mesmo clínico em momentos

diferentes.

A concordância média da fidedignidade inter-avaliadores por posição foi excelente,

sendo que todas foram acima de 93%. Isso demostra que para a metade dos julgamentos das

120 avaliações, os dois julgadores concordaram em mais de 93%. Por se tratar de um método

de avaliação subjetivo em que sua precisão depende da habilidade/experiência do avaliador, a

consistência dos resultados inter-avaliadores para o INFONO refletiu uma boa

reprodutibilidade/confiabilidade diagnóstica do instrumento entre os avaliadores no processo

de padronização. Da mesma forma, no GFTA-2 (GOLDMAN e FRISTOE, 2000), os

percentuais de concordância variaram de 70 a 100%, com média de 93% ou mais dependendo

da posição do fonema. O coeficiente de confiabilidade no CAAP (SECORD e DONOHUE,

2002) foi 99% indicando que os examinadores foram altamente consistentes em suas

pontuações.

Os resultados da análise discriminante entre os grupos clínico e controle mostraram

fortes evidências de validade de critério para o INFONO. Como eram esperados, os escores

médios de produção para todos os fonemas do grupo clínico foram inferiores ao grupo

controle, mostrando que os escores são sensíveis para identificar crianças com

desenvolvimento fonológico típico e atípico (desvio fonológico). O desempenho entre os

grupos teve diferenças significativas na produção para a maioria dos fonemas e OC, com

exceção para /p/, /d/ e // em onset e /n/ em coda; /p/ em OI; /b/ e /m/ em OM; /n/ em CM; e,

/l/ e /s/ em CF. Tal fato pode estar relacionado a aquisição e estabilização desses fonemas

antes dos 3 anos, faixa etária não avaliada neste estudo.

Um percentual alto (91,7%) de crianças foi classificado corretamente com a

classificação inicial. Os principais fonemas que auxiliaram nesta classificação entre os grupos

clínico e controle foram /p/, /s/, /z/, //e /r/ em Onset; /s/ em Coda; /k/, /v/, // e /l/ em OI; /p/,

//, /n/ e // em OM; /r/ em CF; plosiva + /r/; plosiva + /r/ em OM; fricativa + /r/ em OI.

113

Dessa forma, o INFONO atende a um de seus objetivos, o de auxiliar no diagnóstico de

desvio fonológico. Outros instrumentos (CAAP e GFTA-2) também apresentam alto

percentual de identificação de crianças com desvio fonológico (GOLDMAN e FRISTOE,

2000; SECORD e DONOHUE, 2002).

O INFONO foi desenvolvido para suprir a necessidade de uma avaliação fonológica

formal normatizada para a população brasileira. No entanto, após a realização dos estudos de

validade e fidedignidades, este instrumento foi normatizado apenas para a população do sul

do Brasil, tendo como limitação a não inclusão de indivíduos de diferentes regiões

demográficas do país. A inclusão de indivíduos de outras regiões é muito importante no caso

de avaliação de fala, já que no Brasil há muita variação dialetal. Outra limitação deste estudo

é não apresentar coeficientes de confiabilidade para cada subgrupo para o qual o teste fornece

dados normativos (faixa etária, sexo, tipo de escola). Os coeficientes de confiabilidade podem

variar de acordo com as diferenças de habilidade entre os grupos, por exemplo, grupos mais

jovens tendem a ter menor confiabilidade (KIRK e VIGELAND, 2014).

O processo inicial de investigação das propriedades psicométricas do INFONO

mostrou evidências de validade e fidedignidade importantes. A falta de um instrumento

padrão-ouro de avaliação fonológica no Brasil impossibilita a realização de algumas análises

importantes. Porém, outros estudos devem ser realizados em busca de outras evidências de

validade e fidedignidade. Apesar das limitações o desenvolvimento deste instrumento tem

importantes implicações clínicas para a avaliação do desvio fonológico no país por

representar a primeira avaliação fonológica normatizada que apresenta evidências de validade

e fidedignidade para a avaliação do desvio fonológico.

Conclusão

O instrumento apresentou adequadas evidências de validade (consistência interna e

análise discriminante) e fidedignidade (consistência interna) indicando uma confiabilidade

satisfatória dos itens, bem como, excelente concordância entre os escores do teste

(confiabilidade intra e inter-avaliador). Essas propriedades podem ser consequências dos

procedimentos de administração, gravação e pontuações do instrumento, sugerindo assim que

o instrumento deve ser administrado por avaliadores experientes.

Os primeiros resultados demonstraram que o INFONO teve boa confiabilidade

diagnóstica da avaliação no processo de padronização. Assim, é válido e confiável para a

114

aplicação na clínica e em pesquisas fonoaudiológicas brasileiras para avaliação da aquisição

fonológica típica e do desvio fonológico.

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3. DISCUSSÃO GERAL

Desenvolver uma ferramenta de avaliação ideal para fins de auxiliar no diagnóstico do

desvio fonológico é uma tarefa difícil, uma vez que envolve muitas etapas, decisões e estudos

que vão desde a escolha dos melhores estímulos até os estudos de validade e fidedignidade do

instrumento. Para o desenvolvimento do INFONO várias etapas (SAVOLDI, 2012;

SAVOLDI, CERON e KESKE-SOARES, 2013) foram realizadas, entre elas o estudo piloto

que teve como objetivo testar a versão preliminar do instrumento em uma situação real de

avaliação e verificar sua adequação quanto aos estímulos (figuras e palavras-alvo). Os

resultados deste estudo mostraram que a maioria dos estímulos estavam adequados para

compor o INFONO – Nomeação Espontânea, uma vez que foram reconhecidos pelas crianças

da amostra piloto. O índice de reconhecimento de 93 (80,2%) estímulos foi superior a 80%,

destes, 69 tiveram um índice superior a 90% de acertos. Em 16 estímulos o índice de

reconhecimento variou entre 60 a 79%, os quais foram analisados para identificar as

modificações necessárias para facilitar a produção espontânea do alvo, enquanto que os

inferiores a 60% (apenas sete) foram excluídos do instrumento.

O baixo percentual de reconhecimento ocorreu principalmente para os estímulos que

avaliavam o fonema “z” em OI e a estrutura de OC (“cl”, “cr”, “gl”, “bl”). Tal resultado pode

ter ocorrido pelos estímulos não pertencerem ao vocabulário infantil ou pela dificuldade de

representação da palavra-alvo de modo que as crianças reconhecessem e produzissem o alvo

(BUENO, VIDOR e ALVES, 2010), além disso, esses sons são menos frequente na língua.

A realização deste estudo piloto foi importante para verificar a adequação dos estímulos

(palavras-alvo e desenhos), propondo reformulações quando necessário. Após as análises,

definiram-se quais estímulos iriam compor o instrumento de avaliação fonológica. Em

seguida, iniciou-se o desenvolvimento final do instrumento o qual passaria por estudos

psicométricos. Os profissionais antes de usarem algum instrumento de avaliação para fins de

diagnóstico devem conhecer as ferramentas de avaliação existente, seus objetivos e suas

propriedades psicométricas (FRIBERG, 2010). O desconhecimento de informações sobre o

teste, como a amostra e/ou para qual população o teste foi desenvolvido, pode levar a erros de

interpretação dos resultados e, consequentemente, erro de diagnóstico.

Em geral os instrumentos de avaliação internacionais normatizados (GOLDMAN e

FRISTOE, 2000; SECORD e DONOHUE, 2002; PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA, 2009;

LOWE, s/a) disponíveis no mercado contém o Manual do Examinador que fornece

informações detalhadas sobre o teste, como por exemplo, seu objetivo, seus dados

118

normativos, seus procedimentos de aplicação, suas propriedades psicométricas, etc.

(FRIBERG, 2010). Pesquisadores internacionais (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; b;

PLANTE e VANCE, 1994; MCCAULEY, 2001; FRIBERG, 2010; STRAND et al., 2013;

VIGELAND e KIRK, 2013; KIRK e VIGELAND, 2014) estão cada vez mais preocupados e

conscientes de questões relacionadas à normatização, validade e confiabilidade de

instrumentos que estão sendo usados para fins de diagnóstico, enquanto que nas pesquisas

brasileiras esta prática está iniciando (FONSECA et al., 2008a; FONSECA et al., 2008b;

PAGLIARIN, 2013; PAGLIARIN et al., 2014). Qualquer instrumento de avaliação deve

definir claramente o seu objetivo, procedimentos de avaliação e análise dos resultados, bem

como, fornecer dados de adequação psicométrica do teste como, por exemplo, a

normatização, validade e confiabilidade.

Os testes com normas são desenvolvidos para comparar o desempenho de uma criança a

uma amostra normativa com características semelhantes (MCCAULEY e SWISHER, 1984a;

PENA, SPAULDING e PLANTE, 2006; KIRK e VIGELAND, 2014). Assim, a amostra

normativa deve garantir que o instrumento faz de fato refletir os dados sociodemográficos da

população em que o instrumento vai ser utilizado (PENA, SPAULDING e PLANTE, 2006).

A falta de representação da idade, sexo, nível socioeconômico pode levar a comparações

incorretas da criança a ser avaliada com grupo ao qual ela será comparada (grupo normativo),

o que pode conduzir a erros de diagnóstico. Os dados normativos do INFONO – Nomeação

Espontânea mostraram que o efeito da idade na a produção dos fonemas foi

consideravelmente mais frequente que o sexo e tipo de escola. Observou-se que os grupos

com mais idade apresentaram um melhor desempenho na produção de consoantes e encontro

consonantais quando comparados aos grupos mais jovens. Outros estudos (DODD et al.,

2003; RVACHEW e BERNHARDT, 2010; BRANCALIONI, MAGNAGO e KESKE-

SOARES, 2012) corroboram esse resultado.

Em relação ao sexo, não houve diferença significativa para a produção da maioria das

consoantes, apenas para a produção de //, /r/ e a estrutura de OC. Entretanto, para todas as

variáveis houve um melhor desempenho das meninas. Outros estudos referiram não encontrar

diferença entre os sexos (DODD et al., 2003; MCINTOSH e DODD, 2008), no entanto, as

meninas tiveram uma melhor precisão fonológica nos grupos de mais idade (DODD et al.,

2003).

Em relação ao tipo de escola, encontrou-se associação significativa apenas para os

fonemas /t/, /k/, /v/ e // em onset simples; /r/ e /s/ em coda; e, da estrutura do OC, no entanto,

119

o melhor desempenho oscilou entre participantes de escola pública e privada na produção dos

fonemas. O tipo de escola foi analisado com o intuito de abranger as diferentes realidades

sociais o que é referido na literatura (GOLDMAN e FRISTOE, 2000; FRIBERG, 2010; KIRK

e VIGELAND, 2014) como um fator importante, que pode influenciar o desenvolvimento da

fala de uma criança.

Os dados normativos do INFONO - Nomeação Espontânea foram baseados em um

número expressivo de crianças, embora ainda tenha necessidade de aumentar a quantidade de

sujeitos em todos os grupos. O recomendado pela literatura (MCCAULEY e SWISHER,

1984a; FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND, 2014) é no mínimo 100 sujeitos para cada

grupo normativo para garantir que os dados normativos represente a variabilidade presente na

população em geral. Porém, não foi possível obter essa quantidade devido ao pouco tempo de

coleta dos dados, uma vez que esse instrumento ainda precisou ser desenvolvido pela

pesquisadora. Para atingir essa quantidade de participantes é importante a colaboração entre

pesquisadores e fonoaudiólogos clínicos na aplicação do instrumento.

Um instrumento de avaliação tem validade psicométrica se ele mede com precisão uma

determinada inferência a partir de seus escores (GOLDMAN e FRISTOE, 2000;

MCCAULEY, 2001; PASQUALI, 2009; RAYMUNDO, 2009; STRAND et al., 2013; KIRK

e VIGELAND, 2014). A precisão do teste em identificar crianças com desvio fonológico é

um fator importante que deve ser considerado pelo clínico no momento da escolha do

instrumento de avaliação que irá utilizar. Os clínicos que desconsideram esta informação

enfrentam o problema de um possível diagnóstico errado (FRIBERG, 2010). Se a informação

relacionada com a precisão de um teste não é fornecida, os clínicos devem questionar se o

instrumento de avaliação consegue identificar de forma confiável a presença ou a ausência do

problema (FRIBERG, 2010).

Neste estudo, resultados da análise discriminante entre as crianças típicas (grupo

controle) e atípicas (grupo clínico) mostraram fortes evidências de validade de critério do

instrumento. O INFONO – Nomeação Espontânea discriminou corretamente 91,7% das

crianças avaliadas e classificadas pelo clínico como tendo desenvolvimento fonológico típico

ou atípico (desvio fonológico).

Conforme o esperado, a média de produção do grupo clínico para todos os fonemas

avaliados foi inferior ao grupo controle mostrando que os escores do INFONO - Nomeação

Espontânea são sensíveis para identificar crianças com desenvolvimento fonológico típico e

120

atípico (desvio fonológico). O desempenho entre os grupos clínico e controle apresentou

diferenças significativas na produção da maioria dos fonemas.

A validade de um instrumento de avaliação fonológica pode ser afetada pela

habilidade do avaliador e pela confiabilidade das medidas (MCCAULEY, 2001) o que pode

comprometer o diagnóstico (FRIBERG, 2010). A análise da consistência interna do INFONO

– Nomeação Espontânea indicou uma adequada validade e confiabilidade dos itens.

Quanto à fidedignidade, foram analisadas a consistência interna, a confiabilidade intra-

avaliador e a confiabilidade inter-avaliador. Uma fidedignidade aceitável permite a

generalização dos resultados obtidos na situação de avaliação a um conjunto mais amplo de

situações (MCCAULEY, 2001).

O INFONO – Nomeação Espontânea apresentou concordância média excelente na

análise da confiabilidade intra-avaliador (percentuais entre 82,2% e 94,4%) e inter-avaliador

(variando entre 93% e 98%). Isso demonstra boa reprodutibilidade/confiabilidade diagnóstica

da avaliação realizada pelo mesmo avaliador ou por avaliadores distintos no processo de

padronização. Da mesma forma, outros instrumentos como o GFTA-2 (GOLDMAN e

FRISTOE, 2000) e o CAAP (SECORD e DONOHUE, 2002) apresentaram percentual alto

concordância indicando que os examinadores foram altamente consistentes em suas

pontuações.

Os primeiros estudos em relação ao INFONO – Nomeação Espontânea mostraram que

esse instrumento apresentou boa confiabilidade diagnóstica da avaliação no processo de

padronização. Entretanto, esta tese apresenta algumas limitações como a impossibilidade de

dividir os participantes em faixas etárias ainda menores, o que seria importante para

aprofundar as análises da aquisição fonológica e identificar as pequenas variações nas normas.

Ainda, o número de crianças participantes por grupos foi inferior a 100 sujeitos (número

mínimo recomendado internacionalmente para constituir uma amostra normativa que

represente a variabilidade presente na população em geral). Adicionalmente, a não inclusão de

crianças menores de 3 anos nos dados, pois sabe-se que alguns fonemas estão em processo de

aquisição antes dessa idade.

Outro fator limitante foi à falta de um instrumento padrão-ouro de avaliação

fonológica no Brasil que poderia permitir outras análises correlacionando os resultados de

ambas. Além das limitações apresentadas é importante salientar que o INFONO – Nomeação

Espontânea foi normatizado para a população do sul do País e pode auxiliar no diagnóstico de

crianças com queixas de alterações fonológicas nesta região. Como não foram incluídos

121

sujeitos de outras regiões demográficas do país, as normas não podem ser utilizadas como

parâmetros para essas outras regiões. Outros estudos devem ser realizados buscando a

normatização nacional, para isso a colaboração entre os pesquisadores de diferentes

universidades e fonoaudiólogos clínicos é importante. Assim como, estudos futuros devem ser

realizados para a continuidade das investigações psicométricas do INFONO para a nomeação

espontânea, repetição e fala encadeada.

Ainda, nesta tese não se abordou os dados normativos do inventário fonológico por

posição (OI, OM, CM e CF), bem como, a não se incluiu os dados do inventário fonético,

processos fonológicos, traços distintivos e gravidade do desvio fonológico nos estudos. Sabe-

se da importância destas análises na avaliação de crianças com desvio fonológico e para o

planejamento terapêutico. Outros estudos serão realizados para apresentar estas análises.

Enfim, o INFONO é a primeira avaliação fonológica normatizada para a população do

sul do País. Assim, tem importantes implicações clínicas como: auxiliar no diagnóstico de

crianças com desvio fonológico, fornecer subsídios para terapia, permitir a comparação entre

avaliações e reavaliações de uma mesma criança, fornecer dados de aquisição dos fonemas,

etc.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todo o processo de desenvolvimento e investigação das propriedades psicométricas do

INFONO foram importantes para obter um instrumento válido e confiável para avaliação do

desenvolvimento fonológico típico e atípico. Dessa forma, auxilia no diagnóstico de crianças

com desvio fonológico.

O Estudo 1 contribuiu para analisar a adequação dos estímulos em uma situação real

de avaliação evitando estímulos não identificáveis pelas crianças. A maioria dos estímulos

apresentou um percentual de reconhecimento alto, superior a 80%. Constatou-se também, que

alguns estímulos precisariam ser modificados para melhorar o reconhecimento e possibilitar a

produção da palavra-alvo, enquanto outros foram excluídos para a nova versão do INFONO.

Os estímulos que permaneceram no instrumento foram todos “animados” com Gif’s

possibilitando um melhor reconhecimento do alvo desejado e tornando-se mais atrativos para

as crianças.

O Estudo 2 verificou o efeito da idade, sexo e tipo de escola na produção dos fonemas.

O efeito da idade foi consideravelmente mais frequente, quando comparado ao sexo e ao tipo

de escola. Quanto ao efeito da idade, os grupos mais jovens apresentaram um desempenho

inferior quando comparados aos de mais idade. Os dados normativos foram apresentados por

grupos de idade; e, sexo e tipo de escola apenas quando houve diferença significativa no

desempenho. Em relação ao efeito do sexo, de modo geral, observam-se valores de

desempenho semelhantes entre ambos. As meninas apresentaram um melhor desempenho

quando comparado aos meninos, embora houvesse diferença significativa na produção apenas

para o // e /r/ em onset e para todos os encontros consonantais. O efeito do tipo de escola foi

pouco frequente apresentando uma oscilação em relação ao desempenho entre escola privada

e escola pública na produção dos fonemas.

O Estudo 3 apresentou as evidências de validade e fidedignidade. Os resultados da

análise discriminante entre os grupos clínico e controle mostraram fortes evidências de

validade de critério para o INFONO – Nomeação espontânea. Os participantes com desvio

fonológico (grupo clínico) apresentaram desempenho inferior ao grupo controle para todas as

consoantes e encontro consonantal, mostrando que os escores são sensíveis para identificar

crianças com desenvolvimento fonológico típico e atípico (desvio fonológico). Observou-se

que o desempenho entre os grupos teve diferença significativa na produção para a maioria dos

fonemas e estrutura de OC. A concordância da classificação do desenvolvimento típico e

atípico, entre a avaliação clínica e os escores do INFONO, foi alta (91,7%). Os fonemas que

123

mais auxiliaram nesta classificação foram /p/, /s/, /z/, //e /r/ em Onset; /s/ em Coda; /k/, /v/,

// e /l/ em OI; /p/, //, /n/ e // em OM; /r/ em CF; plosiva + /r/; plosiva + /r/ em OM;

fricativa + /r/ em OI. Quanto a fidedignidade, o INFONO – Nomeação Espontânea apresentou

na análise de confiabilidade uma excelente média de concordância intra e inter-avaliador no

processo de normatização. A análise da consistência interna indicou uma adequada

confiabilidade dos itens.

Cada um dos estudos trouxe importantes contribuições para a pesquisa e a clínica

fonoaudiológica brasileira por representar a primeira avaliação fonológica normatizada que

apresenta as evidências de validade e fidedignidade dos escores. Por fim, o INFONO por

utilizar diretamente o computador apresenta algumas vantagens em relação a outros

instrumentos que não utilizam o computador como: maior interesse da criança durante a

avaliação, arquivar todas as avaliações e reavaliações de diferentes crianças, utilizar desenhos

“animados” com Gif’s, maior rapidez na avaliação e na obtenção da análise dos resultados.

No entanto, antes de usar este instrumento é importante conhecer seus objetivos, sua forma de

aplicação, se familiarizar com o teste (figuras, palavras-alvo, transcrições, fonte fonética IPA,

funcionamento do software), conhecer a amostra normativa, etc. As propriedades

psicométricas são tão importantes quanto à experiência do clínico com o instrumento na

avaliação e interpretação dos resultados.

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2008.

6. APÊNDICES

APÊNDICE I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Autorização para participar de um projeto de pesquisa

Nome do estudo: Elaboração, criação e validação de um instrumento de avaliação fonológica.

Instituição: Universidade Federal de Santa Maria

Pesquisadores responsáveis: Márcia Keske-Soares (coordenadora), Ana Rita Brancalioni, Angélica Savoldi e

Marizete Ilha Ceron

Endereço para contato: Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF) – Rua Floriano Peixoto, 1750 – 7º

andar – Telefone: (55) 32209239 ou (55) 99398099

Profª Orientadora: Dra. Fga. Márcia Keske-Soares

Nome do participante:__________________________________________________

1. Objetivo do Estudo:

Elaborar e validar um instrumento de avaliação fonológica para crianças com alterações de fala

atualizado que seja de fácil aplicação e análise. Além disso, o teste auxiliará na formação de um diagnóstico

preciso e a elaboração de um bom plano terapêutico.

2. Possíveis riscos/ desconfortos e benefícios

Desconfortos: O possível desconforto está relacionado ao tempo que disponibilizará para responder ao

questionário e à fadiga. Você poderá ser contatado para mais uma sessão de avaliação, da qual participará, se

assim o desejar. Sua participação é voluntária. Só responderá a essa avaliação se concordar.

Benefícios: Como benefício a criança recebe avaliação fonoaudiológica no aspectos da fala e, no caso de serem

encontradas alterações, são realizados os encaminhamentos necessários. Os encaminhamentos não garantem o

atendimento, é realizada apenas a indicação de locais e/ou profissionais aos quais devem buscar atendimento.

3. Direito de desistência

Você pode desistir de participar a qualquer momento sem consequências para as atividades com as

quais está ou viria a estar envolvido nessa instituição.

4. Sigilo

Todas as informações obtidas neste estudo poderão ser publicadas com finalidade científica,

preservando-se o completo anonimato dos participantes, os quais serão identificados apenas por um número.

Assim, seu anonimato está totalmente garantido.

5. Consentimento

Declaro ter lido – ou me foram lidas – as informações acima antes de assinar este termo. Foi-me dada

oportunidade de fazer perguntas, esclarecendo totalmente as minhas dúvidas. Declaro que ficou clara a

possibilidade de contatar o pesquisador pelo telefone acima indicado ou os membros do Comitê de Ética em

Pesquisa da UFSM. Por este documento, tomo parte, voluntariamente, deste estudo.

___________________________

Assinatura do responsável

________________________________ _____________________________

Profa Dra Fga Márcia Keske-Soares Pesquisadora responsável

Santa Maria ___/___/___

Para dúvidas sobre a ética na pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa: Av. Roraima, 1000

- Prédio da Reitoria – 7º andar – Campus Universitário – 97105-900 – Santa Maria-RS. Tel: (55)3220 9362; e-

mail: [email protected]

134

APÊNDICE II – Questionário aos Pais

Questionário aos Pais

Srs. Pais,

Se você autorizou seu(sua) filho(a) a participar do estudo intitulado “Elaboração,

criação e validação de um instrumento de avaliação fonológica”, solicitamos que

preencha o questionário abaixo.

Quem preencheu ( ) pai ( ) mãe ( ) responsável

Fone residencial: Fone Celular: Endereço:

1. Nome completo da criança:

2. Nome do pai:

3. Nome da mãe:

4. Data de nascimento da criança:

5. A criança fala outra língua? ( ) não ( ) sim qual? __________________________

6. Já apresentou ou apresenta dores de ouvido frequentes (otites)? ( ) sim ( ) não

7. Já apresentou ou apresenta dificuldades para escutar ( ) não ( ) sim Usa aparelho para

ouvir? ( ) não ( ) sim

8. Dificuldades para enxergar ( ) não ( ) sim Usa óculos? ( ) não ( ) sim lente ( ) cirurgia

para correção visão ( )

9. Já apresentou ou apresenta alguma dificuldade para produzir ou para compreender a fala? ( )

não ( ) sim Descreva:

10. A criança já teve algum acidente grave (batida de carro, atropelado, batida na cabeça, etc.? (

) não ( ) sim Descreva:

11. Teve ou tem convulsões? ( ) não ( ) sim. Desde que idade? ________

12. A criança apresenta ou apresentou doença grave (por ex. epilepsia, tumor, meningite,

pneumonia) ou psiquiátricas (depressão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade,

psicoses) . ( ) não ( ) sim, qual / quais?

Faz tratamento? ( ) sim ( ) não

13. Já ficou hospitalizado? ( ) sim ( ) não Qual motivo?

Quanto tempo?

14. A criança já tomou algum tipo de medicação por um longo período de tempo? ( ) não ( )

sim Qual? Por que?

Por quanto tempo? Se já parou há quanto tempo?

15. Com que idade a criança entrou na escola?

Fez pré-escola? ( ) sim ( ) não

16. A criança tem ou teve problemas para aprender a ler e escrever? ( ) não ( ) sim Qual?

______________________

17. A criança repetiu alguma série? ( ) não ( ) sim Qual(is)?___________

18. Como você classifica o rendimento (ou desempenho) escolar de seu filho?

Regular ( ) Bom ( ) Muito bom ( ) Ótimo ( )

Qual a maior dificuldade dele? Leitura ( ) Escrita ( ) Matemática ( )

Outros _________________________

19. Tem problemas de sono ou para dormir? ( ) não ( ) sim Que tipo?

20. Frequenta algum tipo de tratamento (médico, psicológico, fonoaudiológico)?

( ) não ( ) sim. Qual?

Motivo?

21. Outras Informações que achar importante sobre seu(sua) filho(a):

____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

22 Qual a escolaridade da mãe (ou a responsável)

( ) Analfabeto/1ª a 4ª séries incompletas – última série que frequentou:

( ) 1ª a 4ª séries completas (primário ou ensino fundamental I)

( ) 5ª a 8ª séries incompletas – última série que frequentou:

( ) 5ª a 8ª séries completas (ginasial ou ensino fundamental II)

( ) 1º ao 3º anos incompletos – último ano que frequentou:

( ) 1º ao 3º anos completos (colegial, científico ou ensino médio)/curso técnico, qual?

( ) Ensino superior incompleto – quantos anos frequentou:

( ) Ensino superior completo

Qual a escolaridade do pai (ou responsável)

( ) Analfabeto/1ª a 4ª séries incompletas – última série que frequentou:

( ) 1ª a 4ª séries completas (primário ou ensino fundamental I)

( ) 5ª a 8ª séries incompletas – última série que frequentou:

( ) 5ª a 8ª séries completas (ginasial ou ensino fundamental II)

( ) 1º ao 3º anos incompletos – último ano que frequentou:

( ) 1º ao 3º anos completos (colegial, científico ou ensino médio)/curso técnico, qual?

( ) Ensino superior incompleto – quantos anos frequentou:

( ) Ensino superior completo

23 Qual a Profissão da mãe? Ocupação?

24 Qual a Profissão do pai? Ocupação?

25 Tem irmãos? ( ) sim Quantos: ___ ( ) não.

26 Quais e quantos desses itens sua família possui?

TV em cores: Vídeos-cassetes/DVD:

Rádios: Banheiros: Carros: Empregados mensalista: Máquina de lavar:

Geladeira: Freezer (separado ou 2ª porta da geladeira):

135

APÊNDICE III – Questionário aos Professores (Baseado na Escala de Conners, adaptada e

validada no Brasil por Barbosa et al. 1997)

Questionário aos Professores

Srs. Professores,

Dando continuidade à pesquisa Intitulada “Elaboração, criação e validação de um instrumento

de avaliação fonológica” que os pais autorizaram seu(sua) aluno(a) a participar, solicitamos

que preencha o questionário abaixo.

Obrigada pela Atenção.

Professor (a): ____________________________________________

Nome da Escola: ______________________________________________

Nome do aluno (a):

A criança demonstra dificuldades:

para escutar ( ) não ( ) sim

para enxergar ( ) não ( ) sim Usa óculos? ( ) não ( ) sim

para produzir ou para compreender a fala? ( ) não ( ) sim ___________________

A criança tem ou teve problemas de aprendizagem? ( ) não ( ) sim

Qual? _____________________________

Como você classifica o rendimento (ou desempenho) escolar?

Regular ( ) Bom ( ) Muito bom ( ) Ótimo ( )

Qual a maior dificuldade dele(a)? Leitura ( ) Escrita ( ) Matemática ( )

Outros ________________________

A criança apresenta alguma das características abaixo, relacionadas ao comportamento:

( ) constantemente se mexendo

( ) pedidos tem que ser imediatamente atendidos

( ) coordenação motora comprometida

( ) desatento, facilmente distraído

( ) não termina o que começa

( ) extremamente sensível

( ) chora com frequência

( ) perturba outras crianças

( ) provoca confusões

( ) destrutivo

( ) Mente

( ) explosões de raiva

A criança apresenta alguma das características abaixo, relacionadas a participação em grupo:

( ) isola-se das outras crianças

( ) parece não ser aceito pelo grupo

( ) não se relaciona bem com o sexo oposto

( ) não se relaciona bem com crianças do mesmo sexo

( ) parece se deixar levar com facilidade

( ) provoca outras crianças ou interfere com as suas atividades

Outras Informações que achar importante ___________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

136

APÊNDICE IV – Análise de variância ANOVA com post hoc Tukey

Esta Tabela complementar do artigo 2 apresenta a análise de variância ANOVA com

post hoc Tukey. Os resultados da análise univariada de comparação entre os grupos etários na

produção dos fonemas mostram que grupos mais jovens apresentaram um desempenho

inferior quando comparados aos mais velhos.

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

/p/ em Onset 4,695 ≤ 0,001 3,33 - 3,66 < 3,66 - 4,00 (p = 0,002) 3,33 - 3,66 < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p = 0,046) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

/b/ em Onset 4,267 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 5,33 - 5,66 (p = 0,002) 3,00 - 3,33 < 7,50 - 8,00 (p = 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,004)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p = 0,019) 3,33 - 3,66 < 6,00 - 6,33 (p = 0,031)

< 6,66 - 7,00 (p = 0,005) < 7,00 - 7,50 (p = 0,028)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,025)

/t/ em Onset 10,555 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) 3,33 - 3,66 < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,006)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 6,00 - 6,33 (p = 0,008)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,002)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,025)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 5,33 - 5,66 (p = 0,012)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,003)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 5,33 - 5,66 (p = 0,048) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p = 0,015) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 7,50 - 8,00 (p = 0,024)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) 5,66 - 6,00 < 7,50 - 8,00 (p = 0,023)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

137

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

/d/ em Onset 1,774 0,064 - - - -

/k/ em Onset 3,323 ≤ 0,001 3,00 – 3,33 < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 3,00 – 3,33 < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p = 0,005) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p = 0,008) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p = 0,028) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

/g/ em Onset 4,132 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,66 - 5,00 (p = 0,006) 3,00 - 3,33 < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p = 0,033) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p = 0,003) 3,33 - 3,66 < 5,66 - 6,00 (p = 0,027)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p = 0,025)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,019)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,019)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,011)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,020)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,017)

/f/ em Onset 3,766 ≤ 0,001 3,33 - 3,66 < 4,66 - 5,00 (p = 0,045) 3,33 - 3,66 < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p = 0,024) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p = 0,008) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,004)

/v/ em Onset 4,742 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) 3,00 - 3,33 < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p = 0,003) 3,33 - 3,66 < 6,66 - 7,00 (p = 0,012)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 5,33 - 5,66 (p = 0,017)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p = 0,031)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,002)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,029)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,013)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,022)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

/s/ em Onset 6,736 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 5,00 - 5,33 (p = 0,032) 3,33 - 3,66 < 8,00 - 8,50 (p = 0,009)

< 5,66 - 6,00 (p = 0,045) < 8,50 - 9,00 (p = 0,018)

< 6,00 - 6,33 (p = 0,021) 3,66 - 4,00 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p = 0,017) < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p = 0,012) < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p = 0,018) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p = 0,029) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p = 0,041) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,33 - 4,66 (p = 0,029) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

138

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

< 5,00 - 5,33 (p = 0,012) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p = 0,018) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p = 0,007) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p = 0,043) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p = 0,005) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p = 0,003) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p = 0,005)

/z/ em Onset 3,301 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,33 - 4,66 (p = 0,003) 3,00 - 3,33 < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p = 0,035) < 8,50 - 9,00 (p = 0,007)

< 5,00 - 5,33 (p = 0,005) 3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p = 0,044)

< 5,33 - 5,66 (p = 0,002) < 5,33 - 5,66 (p = 0,034)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p = 0,023)

< 6,00 - 6,33 (p = 0,003) < 6,66 - 7,00 (p = 0,043)

< 6,33 - 6,66 (p = 0,006) < 7,00 - 7,50 (p = 0,029)

< 6,66 - 7,00 (p = 0,002) < 7,50 - 8,00 (p = 0,045)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,018)

< 7,50 - 8,00 (p = 0,002)

// em Onset 16,576 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,66 - 4,00 (p ≤ 0,001) 3,33 - 3,66 < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 4,00 - 4,33(p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66(p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00(p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 5,00 - 5,33 (p = 0,005)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p = 0,002)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,002)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

// em Onset 18,556 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,33 - 3,66 (p ≤ 0,001) 3,33 - 3,66 < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 3,66 - 4,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

139

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 5,33 - 5,66 (p = 0,015)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p = 0,033)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p = 0,002)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,005)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,022)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,009)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

// em Onset 17,743 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,33 - 3,66 (p ≤ 0,001) 3,33 - 3,66 < 3,66 - 4,00 (p = 0,036)

< 3,66 - 4,00 (p ≤ 0,001) < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001)

< 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

/m/ em Onset 3,869 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 5,33 - 5,66 (p = 0,045) 3,33 - 3,66 < 5,00 - 5,33 (p = 0,028)

< 5,66 - 6,00 (p = 0,020) < 5,33 - 5,66(p = 0,002)

< 6,33 - 6,66 (p = 0,035) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p = 0,035) < 6,00 - 6,33 (p = 0,002)

< 7,00 - 7,50 (p = 0,003) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p = 0,037) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p = 0,004) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p = 0,012) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 3,66 - 4,00 (p = 0,034) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

140

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

< 4,66 - 5,00 (p = 0,028) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

/n/ em Onset 6,452 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 5,33 - 5,66 (p = 0,007) 3,33 - 3,66 < 5,00 - 5,33 (p = 0,006)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p = 0,015) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p = 0,004)

// em Onset 6,327 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 6,00 - 6,33 (p = 0,047) 3,66 - 4,00 < 6,66 - 7,00 (p = 0,003)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,026)

< 7,00 - 7,50 (p = 0,008) < 7,50 - 8,00 (p = 0,010)

< 7,50 - 8,00 (p = 0,003) < 8,00 - 8,50 (p = 0,007)

< 8,00 - 8,50 (p = 0,002) < 8,50 - 9,00 (p = 0,003)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 6,66 - 7,00 (p = 0,002)

3,33 - 3,66 < 5,33 - 5,66 (p = 0,027) < 7,00 - 7,50 (p = 0,019)

< 6,00 - 6,33 (p = 0,004) < 7,50 - 8,00 (p = 0,008)

< 6,33 - 6,66 (p = 0,004) < 8,00 - 8,50 (p = 0,005)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,002)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 6,66 - 7,00 (p = 0,021)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,046)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,018)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

/l/ em Onset 14,886 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,33 - 3,66 (p = 0,034) 3,33 - 3,66 < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 3,66 - 4,00 (p = 0,007) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 4,00 - 4,33 (p = 0,016)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

141

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

// em Onset 13,195 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,33 - 4,66 (p = 0,007) 3,66 - 4,00 < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p = 0,019) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 6,66 - 7,00 (p = 0,014)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,016)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,003)

3,33 - 3,66 < 5,33 - 5,66(p = 0,032) < 8,00 - 8,50 (p = 0,002)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,002)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 7,50 - 8,00 (p = 0,030)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,022)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,017)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 5,00 - 5,33 < 6,66 - 7,00 (p = 0,005)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,005)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p = 0,034) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

/r/ em Onset 35,805 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66(p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)

142

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p = 0,029) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 6,00 - 6,33 (p = 0,014)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,037)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,010)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,002)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,002)

3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,020)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,036)

/n/ em Coda 3,135 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) 3,00 - 3,33 < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p = 0,011) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,005)

< 6,33 - 6,66 (p = 0,002) < 8,00 - 8,50 (p = 0,013)

/l/ em Coda 5,090 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,33 - 4,66 (p = 0,005) 3,33 - 3,66 < 4,33 - 4,66 (p = 0,016)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 4,66 - 5,00 (p = 0,002)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p = 0,002) < 5,33 - 5,66 (p = 0,006)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p = 0,002)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p = 0,004) < 6,33 - 6,66 (p = 0,012)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

/r/ em Coda 49,913 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 4,66 - 5,00 (p = 0,017)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

143

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66(p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 4,66 - 5,00 < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,002)

3,66 - 4,00 < 4,00 - 4,33 (p = 0,007) 5,00 - 5,33 < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,005)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,019)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 5,66 - 6,00 < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,012)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,039)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) 6,33 - 6,66 < 7,50 - 8,00 (p = 0,013)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 6,66 - 7,00 < 7,50 - 8,00 (p = 0,033)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

/s/ em Coda 19,193 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,00 - 4,33 (p = 0,010) 3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 6,00 - 6,33 (p = 0,002)

144

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

3,33 - 3,66 < 4,33 - 4,66 (p = 0,004) < 6,33 - 6,66 (p = 0,008)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,032)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 7,50 - 8,00 (p = 0,028)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,033)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) 5,66 - 6,00 < 7,50 - 8,00 (p = 0,014)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,018)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

Plosiva + /l/ 50,366 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) 4,66 - 5,00 < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,009)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,003)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p = 0,004) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 5,00 - 5,33 < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,010)

145

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,003)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 5,66 - 6,00 < 6,66 - 7,00(p = 0,042)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,008)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,013)

< 8,50 - 9,00 (p = 0,047)

Plosiva + /r/ 70,656 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,66 - 4,00 (p = 0,011) 4,00 - 4,33 < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)

< 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33(p = 0,013) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 4,66 - 5,00 < 5,33 - 5,66 (p = 0,028)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66(p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 5,00 - 5,33 < 6,00 - 6,33 (p = 0,030)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,017)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,005)

146

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,008)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,004)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,017)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

Fricativa + /l/ 48,843 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,00 - 4,33 (p = 0,018) 4,00 - 4,33 < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 5,33 - 5,66 (p = 0,009)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p = 0,002)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,33 - 4,66 (p = 0,040) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 4,66 - 5,00 < 6,00 - 6,33 (p = 0,003)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 5,00 - 5,33 < 6,00 - 6,33 (p = 0,003)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p = 0,010) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) 5,33 - 5,66 < 6,33 - 6,66 (p = 0,037)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,023)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,014)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,004)

147

Fonemas ANOVA Post hoc

F p X Faixas etárias

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) 5,66 - 6,00 < 6,33 - 6,66 (p = 0,036)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,021)

4,00 - 4,33 < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,012)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,003)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

Fricativa + /r/ 55,064 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,66 - 4,00 (p = 0,008) 3,66 - 4,00 < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 8,50 - 9,00(p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p = 0,003) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 5,00 - 5,33 (p = 0,002)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) 4,66 - 5,00 < 5,33 - 5,66 (p = 0,048)

< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)

3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p = 0,002) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)

< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)

< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)

< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)

< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)

< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)

< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)