Integração Sensorial Déficts Sugestivosde Disfunções No

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A integração sensorial e os déficits sugestivos no autismo

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    INTEGRAO SENSORIAL: DFICTS SUGESTIVOSDE DISFUNES NO PROCESSAMENTO SENSORIAL E A INTERVENO DA TERAPIA OCUPACIONAL

    Bruna Mara Nunes Watanabe

    Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium Unisalesiano

    [email protected]

    Mirella Augusta de Souza - Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium- Unisalesiano - [email protected] Mnica de Souza - Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium

    Unisalesiano - monicaluasol@ yahoo.com.br Thais Cristina de Oliveira - Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium- Unisalesiano - [email protected] Renata Tunes Antoneli - Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium

    Unisalesiano [email protected]

    RESUMO

    A Integrao Sensorial o processo neurolgico que organiza as sensaes do prprio corpo e do ambiente de forma a ser possvel o seu uso eficiente no meio ambiente. uma teoria que trata da relao entre o crebro e comportamento, num processo que ocorre no Sistema Nervoso Central. Cada vez que a criana responde de maneira adaptativa, seu sistema nervoso armazena a percepo e o conhecimento adquirido a partir desta experincia, utilizando-o para guiar organizaes futuras ou diferentes experincias sensoriais como resposta s demandas do meio.Magalhes (2004) definiu a disfuno de integrao sensorial como a inabilidade de processar determinada informao recebida pelos sistemas.O trabalho tem por objetivo demonstrar os possveis dficts sugestivos de m processamento sensorial e evidenciar a interveno da Terapia Ocupacional baseado no levantamento bibliogrfico realizado.

    Palavras chave:Integrao Sensorial.Terapia Ocupacional.Disfunes.

    INTRODUO O presente trabalho faz um breve levantamento bibliogrfico sobre a

    Integrao Sensorial e suas possveis disfunes. Desde o incio das pesquisas na rea de Integrao Sensorial por Ana

    Jean Ayres, Terapeuta Ocupacional, no incio dos anos 60, at a dcada atual vem sendo desenvolvido estudos e pesquisas sobre o mtodo, sendo utilizado cada vez mais em larga escala, tanto no exterior quanto no Brasil.

    Inicialmente foi destinado aos portadores de distrbios de Aprendizagem, hoje utilizado em vrias patologias, nas quais o sujeito venha apresentar disfunes no processamento sensorial, utilizao esta possvel, em decorrncia dos vrios estudos realizados e resultados evidenciados.

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    A terapia de Integrao Sensorial visa auxiliar o indivduo na aquisio ou regulao de uma modulao no seu processamento sensorial, visto que este indivduo apresenta uma disfuno sensorial, fazendo com que o seu Sistema Nervoso Central no processe, no organize estmulos sensoriais e consequentemente no emita as respostas adaptativas necessrias s demandas do ambiente.

    O trabalho tem por objetivo demonstrar possveis dficts sugestivos de m processamento sensorial e evidenciar a interveno da Terapia Ocupacional nesses casos, pois a proposta de interveno da Terapia Ocupacional, utilizando-se da Integrao Sensorial est diretamente ligada a integrao do indivduo como um todo atuando como uma proposta de melhora as condies de vida, proporcionando oportunidades de uma integrao relevante nos vrios contextos em que encontra-se inserido: ambiente domiciliar, escolar, social, entre outros.

    DESENVOLVIMENTO Integrao Sensorial definida como sendo um processo pelo qual o Sistema Nervoso Central organiza estmulos sensoriais para fornecer respostas adaptativas s demandas do ambiente. (AYRES, 1979, p.58).

    Segundo Ayres (apud WILLARD; SPACKAM, 1998), a integrao sensorial um processo neurolgico que organiza a sensao do nosso corpo e do ambiente e torna possvel a utilizao do corpo dentro do contexto ambiental. Os aspectos espaciais e temporais das informaes recebidas de diferentes modalidades sensoriais so interpretadas, associadas e unificadas; sendo ento emitida uma resposta de acordo com as exigncias do meio.

    O sistema nervoso coordena todas as atividades orgnicas, integra sensaes e idias, conjuga fenmenos da conscincia e adapta o organismo s condies do momento. (WATANABE, 2000, p.87)

    Ayres (1974) define resposta adaptativa como uma ao apropriada em que o indivduo responde, com sucesso, a alguma resposta ambiental. Respostas adaptativas exigem que o indivduo experimente um tipo e uma quantidade de estimulao sensorial que desafia, mas no sobrecarrega o sistema nervoso central, neste caso, a manifestao de uma resposta adaptativa potencializada. Portanto a Integrao Sensorial refere-se ao processo neural atravs do qual o crebro recebe, registra e organiza o input sensorial para uso na generalizao das respostas adaptativas do corpo ao meio circundante, comeando durante o desenvolvimento pr-natal. Baseado nas citaes acima, procede-se com o seguinte comentrio referente ao presente assunto: durante o caminho da criana para ampliar a percepo de seu corpo do mundo, e durante suas contnuas experincias interativas, a mesma comea a dar significado s sensaes que ela percebe. Conforme experimenta vrios graus, tipos e combinaes de informao sensorial no meio, ela responde produzindo respostas adaptativas: uma resposta intencional que provoca com sucesso uma mudana no meio. Cada vez que a criana responde de maneira adaptativa, seu sistema nervoso

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    armazena a percepo e o conhecimento adquirido a partir desta experincia, utilizando-o para guiar organizaes futuras ou diferentes experincias sensoriais como resposta s demandas do meio. Quando a criana capaz de enfrentar com sucesso os desafios de seu meio h um aumento na habilidade do crebro em organizar sensaes para produzir complexas respostas adaptativas, processo este chamado Integrao Sensorial.

    Inicialmente foi destinada aos portadores de distrbios de aprendizagem. Estudos conduziram sua utilizao ao tratamento de portadores de leses neurolgicas, autismo, deficincia mental e de outras patologias, para as quais Ayres idealizou a terapia. (MAGALHES; 2001)

    Estudos e pesquisas apontam sinais precoces de problemas nos processamentos sensoriais que repercutem em desordens de integrao sensorial.

    Segundo Magalhes (2004) a estudiosa Ayres em 1979 definiu a disfuno de integrao sensorial como a inabilidade de processar determinada informao recebida pelos sistemas. Quando uma criana tem disfuno de Integrao Sensorial, pode ser incapaz de responder a determinada informao sensorial para planejar e organizar automaticamente. Isto porque, para que o desempenho das habilidades funcionais seja eficaz necessria a integrao de mltiplas experincias sensoriais. Assim, uma desordem pode conduzir a interaes desorganizadas e no adaptativas com o meio. O quadro clnico, pode variar muito de criana para criana. As diferenas podem ocorrer tanto pela severidade da desordem como pela configurao dos fatores que compem o quadro individual de cada criana. O processo sensorial disfuncional em algumas crianas pode, resultar em dificuldades de aprendizagem, que podem conduzir ao fracasso escolar; em outras crianas, ele pode ser refletido em frustrantes movimentos globais desajeitados ou em constante dificuldade em adquirir habilidades ocupacionais que outras crianas adquirem com facilidade.

    OBJETIVOS DA INTEGRAO SENSORIAL Os objetivos dos procedimentos da Integrao Sensorial iro variar de

    acordo com o tipo de disfuno diagnosticada e as diferenas individuais que fazem cada criana nica, em sntese, os objetivos so individualizados para cada um, contudo possvel citar algumas metas gerais das quais os objetivos especficos podem ser derivados. As metas propostas podem ser aplicadas a maioria das crianas submetidas aos procedimentos de Integrao Sensorial, embora os objetivos traados vo variar de acordo com as necessidades especficas e individuais de cada criana.

    Sistemas de Integrao sensorial Sistema Somatossensorial ou somestsico

    definido como a capacidade que as pessoas e os animais possuem de receber diferentes informaes sobre as diferentes partes do corpo, uma modalidade sensorial constituda por quatro submodalidades: o tato, a propriocepo, a termossensibilidade e a dor. (LENT, 2001, p.210)

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    Para Ayres (1975) o sistema somatossensorial ou somestsico considerado primordial, pois o tato considerado um sentido predominante durante a evoluo humana, sendo um componente essencial para a evoluo ativa do ambiente no desenvolvimento infantil.

    Sistema Vestibular O sistema vestibular contribui para a base neurolgica do

    desenvolvimento da movimentao, orientao, controle da extremidade superior e atravs de extensivas conexes com a formao do sistema lmbico, d base para o controle de alerta, ateno e regulao emocional. (GOODRICH; MAGALHES, 2002, p. 22)

    Responsvel pela percepo da posio da cabea no espao, por sua movimentao, mudana da velocidade ou direo do movimento. Influencia tambm no processo auditivo e de linguagem, no aprendizado, nos comportamentos, na funo culo motora e no esquema corporal.

    Sistema Ttil O sistema ttil fornece informaes importantes sobre o ambiente

    durante toda vida. o primeiro a ser desenvolvido, o maior em extenso e divide-se em sistema de proteo e discriminao. (GUYTON; 1988 p. 504) Os receptores tteis esto localizados no corpo todo, tendo como lugares mais sensveis a face, os dedos, a regio genital e a sola dos ps.

    Sistema Proprioceptivo A propriocepo consciente o sentido que nos permite, sem auxlio da

    viso, situarmos uma parte do nosso corpo no espao ou percebemos o seu movimento. (MIRANDA; RODRIGUES, 2001, p. 30)

    O sistema proprioceptivo permite saber exatamente em que posio esto as diversas partes do corpo em cada momento. A estimulao proprioceptiva permite que o indivduo obtenha percepo e controle do segmento do seu corpo como um todo.

    Sistema visual A viso produzida pela ao integral entre muitas partes do crebro, tambm incluindo estmulos visuais, somatossensorial, vestibular e comportamentos motores relativos (AYRES, apud LAMPERT, 1999, p. 19).

    Segundo GOODRICH;MAGALHES (2002), esse sistema recebe informaes do meio ambiente tais como forma, cor, movimentos, profundidade, e tambm memria. Esta ligado diretamente com o controle de equilbrio e postura, sempre reagindo as mudanas do corpo.

    Sistema Auditivo Os receptores para estmulos auditivos esto localizados dentro do

    ouvido. Estes estmulos so captados e enviados at o crebro para reas especficas, localizadas nas regies temporais, onde so identificados e interpretados. (GUYTON, 1988, p. 568).

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    Por meio dos sons, tornou-se possvel identificar a presena de certos objetos, mesmo quando estes se situam fora do campo de viso.

    Sistema Gustativo Segundo Guyton (1988) os receptores gustativos so excitados por

    substncias qumicas presentes nos alimentos ingeridos. Considera-se que o rgo receptor da gustao a lngua, porque nele se encontra a maior parte dos receptores diferenciados para a diversa sensao gustativa como doce, salgado, azedo e amargo. A importncia da gustao permitir que uma pessoa selecione os alimentos de acordo com seus desejos e, muitas vezes, de acordo com as necessidades metablicas dos tecidos e de substncias especficas . (GUYTON; 1988; p. 572).

    Sistema Olfativo Segundo Teixeira et al (2003) a funo do sistema olfativo traduzir a estimulao dos odores de impulsos que so reconhecidos pelas regies corticais apropriadas.

    Modulao do Sistema Sensorial A forma como os sistemas processam o estmulo afetam a qualidade da capacidade da criana responder de maneira adaptativa. A disfuno da modulao sensorial pode ser definida como problemas no ajuste e processamento de informaes sobre a intensidade freqncia, durao, complexidade e novidade de estmulos sensoriais . (TEIXEIRA et al 2003, p. 244) Pessoas que tm problemas de modulao do Sistema Sensorial tm alteraes no nvel de reaes, maiores ou menores do que o normal. Isto resulta em problemas com resposta adaptativa porque os sistemas ficam instveis. A modulao do sistema sensorial influenciada pela dieta sensorial da criana.

    A dieta sensorial so estmulos ambientais que podem ser introduzidos na vida da criana para ajud-la a funcionar melhor. Recursos sensoriais podem fazer com que a criana acalme ou melhore o nvel de alerta necessrio para uma melhor aprendizagem. (GOODRICH; OLIVEIRA, 2006, p. 8)

    Portanto, a dieta sensorial a necessidade essencial, mas mutvel, de todos os seres humanos de terem uma quantidade ideal de sensaes organizadoras e integrativas sendo registradas pelo Sistema Nervoso Central durante todo o tempo. A dieta sensorial a acumulao total de estmulos sensoriais da criana e seus efeitos, que deve ser organizada e ofertada de acordo com as necessidades, particulares e especificidades de cada um.

    Disfuno de Integrao Sensorial Disfuno de integrao sensorial um distrbio caracterizado por

    problemas no processamento das aferncias sensoriais pelo Sistema Nervoso Central (FISHER, MURRAY, 1991). As trs principais categorias da disfuno

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    de integrao sensorial mais freqentes tratadas por terapeutas so: problema da modulao sensorial, dispraxia e deficincia vestibular e da Integrao bilateral ( FISHER& MURRAY,1991;KIMBALL, 1993; PARHAM, MAILLOUX, 1995).

    Problemas de modulao sensorial. Segundo Teixeira et al (2003) modulao a habilidade para monitorar e

    regular as informaes garantindo uma resposta apropriada a um estmulo sensorial. Portanto, so caracterizados por um aumento da capacidade de respostas -hiper, ou uma diminuio da capacidade de respostas -hipo s aferncias sensoriais. Disfunes ocorrem quando essas flutuaes extremas, tornam a interao do indivduo com o ambiente ineficiente importante ressaltar que as disfunes de modulao sensorial so

    problemas na capacidade de regular e organizar de maneira gradual e adaptada ao meio ambiente, a intensidade e natureza da resposta estmulos sensoriais. Crianas com disfunes de modulao sensorial tero dificuldades na regulao de entrada de informaes, influenciando no controle do nvel de alerta, que sero importantes para a organizao do comportamento e desenvolvimento emocional. (MAGALHES; 2001, p.83),

    Magalhes (2001), classifica trs padres tpicos de respostas: Resposta excessiva

    overresponsivity: ou seja, sob as mesmas condies apresenta resposta maior do que uma pessoa sem problemas de modulao;

    Baixa resposta - underresponsivity: Resposta menor a um estmulo,se comparada de uma pessoa sem problemas de modulao; Resposta Flutuante: maior variao nas respostas -over/under- do que observado em pessoas sem problemas de modulao, dificuldade para emitir respostas adaptativas.

    Segundo Bundy, (2002) so encontradas as seguintes dificuldades em modulao sensorial

    a) Insegurana gravitacional: medo excessivo ou desproporcionado de estmulos vestibulares; b) Defensividade ttil: Respostas emocionais excessivas, com aumento de atividade ou outras respostas aversivas quando o indivduo tocado inesperadamente ou ao contato leve; c) Hipo respostas: Responde pouco ou no responde a estmulos que geralmente causariam uma resposta; d) Evitar experincias sensoriais: Evita atividades e experincias que outras pessoas acham agradveis, devido ao fato de a pessoa sentir-se desorientada ou assustada quando h muita informao sensorial; e) Distraibilidade: Tendncia a prestar ateno em estmulos irrelevantes o que dificulta o direcionamento da ateno para a tarefa a ser executada; f) Atividade aumentada: Nvel alto de atividade motora que ocorre em uma variedade de situaes.

    Problemas de Dispraxia a dificuldade de planejar e executar padres de movimento de natureza habilidosa ou no habitual. Este problema geralmente comea na infncia.

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    A dispraxia definida por Ayres (1979) como dificuldade para idealizar, planejar e executar um ato motor no habitual na seqncia correta. J a praxia engloba a capacidade de saber o que fazer e como fazer. Para Groodrich, Oliveira, (2006) a praxia envolve trs processos bsicos:

    a) Ideao: o que fazer b) planejamento: como fazer c) execuo: a projeo da ao propriamente dita A dispraxia envolve dificuldades em uma ou em todas as reas

    relacionadas acima. Portanto, segundo Ayres (1979) a somatodispraxia se refere dificuldade na habilidade de planejar e executar tarefas motoras sofisticadas ou no habituais secundrio a um distrbio de processamento sensorial. Segundo Bundy, Lane, Murray (2000) so encontradas as seguintes dificuldades em somatodispraxia:

    a) Flexo em supino: Flexo simultnea dos joelhos, quadris, tronco e pescoo contra a gravidade, a partir da posio supina; b) Tocar os dedos sequencialmente: Movimentos de oposio, seqenciados do polegar a cada dedo; c) Manipulao de objetos na mo: Destreza no manuseio de pequenos objetos com uma s mo; d) Diadococinesia: Movimentao rtmica de prono-supinao de antebrao.

    Desordem vestibular e de integrao bilateral e sequnciamento Refletem problemas no processamento vestibular central. Deficincia na coordenao dos dois lados do corpo, reaes de equilbrio fracas, tnus muscular diminudo, e falha na organizao do comportamento na organizao so manifestaes comuns desse tipo de desordem.

    Para Lampert (1999, p. 21), no sistema vestibular e proprioceptivo, h distrbio de movimento postural-ocular e dficit da integrao bilateral e sequenciamento. O distrbio de movimento postural-ocular caracteriza-se pelo pobre controle postural e ocular. Esto presentes manifestaes clnicas como baixo tnus da musculatura extensora, inabilidade para assumir ou manter a postura de prono-extenso, pobre estabilidade proximal, reaes de equilbrio e endireitamento deficitrias, baixo escore na prova de nistagmo ps-rotatrio entre outras.O dficit de integrao bilateral e sequenciamento tem como base o distrbio de movimento postural-ocular, sendo definido como inabilidade para usar os dois hemicorpos de maneira coordenada. Observa-se confuso de direita e esquerda e dificulade no sequenciamento de ao projetada.

    Segundo Bundy, Lane, Murray l (2000) so encontradas as seguintes dificuldades de Integrao bilateral e sequenciamento:

    a) Dominncia manual cruzada ou atrasada: Usa qualquer mo para desempenhar a mesma tarefa; b) Cruzamento de linha mdia: inaabilidade para cruzar a linha mdia do corpo com uma ou duas mos, para manipular objeto no espao contralateral;

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    c) Seqncia de aes projetadas: inabilidade para planejar e produzir seqncias de ao antecipatria, nas quais a meta formulada e desenvolvido um plano de ao antes do movimento ser inciado. d) Polichinelo: Movimentao simultnea e bilateral dos membros.

    Alm das disfunes j citadas, para Goodrich; Magalhes (2006), alguns outros sinais so sugestivos de m processamento sensorial, podendo conduzir futuras disfunes, entre eles:beb que tem clica excessiva,difcil de acalmar,que se assusta facilmente; dificuldade de regular os ciclos de sono; reao excessiva a toque, gosto, sons, odores; detesta banho, cortar cabelos ou unhas; no usa fora apropriada ao manusear objetos, colorir, interagir com pessoas; baixo tnus muscular, cansa-se facilmente; atraso nos marcos de desenvolvimento ou aquisio prematura demais; problemas na fala na ausncia de outros diagnsticos; dificuldade em aprender novas tarefas motoras; desajeitado, cai frequentemente, bate nas moblias ou nas pessoas; no gosta de atividades motoras apropriadas idade; medo excessivo de escadas rolantes, brinquedos de playground; no sabe brincar, no usa brinquedos de forma construtiva, pois a habilidade de brincar geralmente um bom indicador de bom processamento sensorial. Portanto, torna-se vivel, manter ateno quanto aos comportamentos citados acima, para verificar a necessidade de avaliao de integrao sensorial, para detectar possveis disfunes que possam interferir no desempenho das tarefas cotidianas.

    A interveno da Terapia ocupacional O papel da Terapeuta Ocupacional que utiliza-se dos procedimentos

    de integrao sensorial no o daquele que vem com uma lista de atividades e que convida a criana a execut-la. As atividades so escolhidas de acordo com as necessidades especficas da criana. A terapia geralmente muito divertida para a criana, pois o ambiente clnico inclui diversos brinquedos e equipamentos que atraem a ateno da criana. Nesse ambiente de brincadeira, o terapeuta ocupacional ajuda a criana a alcanar sucesso em atividades que provavelmente no ocorreriam no brincar no orientado. (CARVALHO, 2001, p. 26)

    Portanto, um dos pressupostos da integrao sensorial de que as atividades so autodirecionadas, ou seja, a criana tem atrao natural por atividades que promovem a organizao das informaes sensoriais pelo sistema nervoso central. A partir dessa premisso, o terapeuta utiliza as escolhas que a criana faz como indicadores de estmulos que necessita.

    O terapeuta deve orientar, mas a criana quem dirige a terapia. Contudo, a observao e a intuio do terapeuta o levaro a perceber que algumas crianas demonstram pouca ou nenhuma motivao interna havendo a necessidade de uma interveno mais incisiva durante o procedimento. A funo central do terapeuta que oferece os procedimentos de integrao sensorial o de preparar um ambiente que conduz a criana a organizar sua prpria conduta.

    A motivao ferramenta bsica em qualquer processo teraputico e, na integrao sensorial primordial para que ocorram processos e vivncias relevantes.

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    Para Carvalho (2001), deve-se graduar durante a terapia atividades para o sucesso, preferindo que o ambiente no seja competitivo, mas sim estimulante. A repetio de atividades importante somente em alguns casos, pois pode causar frustrao e falta de motivao no paciente e tambm no terapeuta.

    Segundo Teixeira et al (2003) oferecer o desafio na medida certa a condio bsica para manter a criana motivada. O terapeuta favorece a ampliao gradativa das habilidades atuais.

    Segundo Ayres apud (MAGALHES, 2001, p. 84), o terapeuta assiste o comportamento da criana, interpreta a adaptatividade de suas aes, e antecipa o evento seguinte, ajudando a criana sempre que necessrio.

    A interveno teraputica objetiva, de forma geral, favorecer o processamento adequado das informaes sensoriais, prioritariamente tteis, vestibulares e proprioceptivas, adotando a premissa de que estes so componentes essenciais para a formao de uma base slida, sob a qual se estruturam habilidades como potncia postural, integrao bilateral, sequnciamento e prxis, ou seja, atravs da Terapia de Integrao sensorial e dos estmulos proporcionados, visa-se que os dficts da integrao sensorial j descritos e discutidos no decorrer do trabalho, sejam minimizados.

    Concluso

    Por ser a integrao sensorial o processamento e a organizao das informaes sensoriais para uso funcional, nas atividades e ocupaes desempenhadas diariamente, como respostas adaptativas s exigncias do meio; os dficits de integrao sensorial afetam diretamente o cotidiano do indivduo, podendo resultar em dificuldades de aprendizagem, movimentos globais desajeitados, dificuldade em adquirir habilidades ocupacionais, que so exigncias do dia-a-dia entre outras mais. Torna-se necessrio, no entanto, um olhar clnico aguado para verificao do comportamento e condutas que sugerem disfunes de processamento sensorial, que interferem na qualidade das respostas no cotidiano do sujeito, para que se realize as avaliaes necessrias e se inicie o quanto antes a interveno, no sentido de minimizar os dficits apresentados.

    O mtodo de integrao sensorial est diretamente ligado a Terapia Ocupacional, pois objetivam no contexto de reabilitao a integrao dos sentidos e dos imputs sensoriais, proporcionando oportunidades de uma integrao biopsicosocial, estimulando o processo evolutivo e favorecendo a superao de obstculos impostos pelas disfunes.

    Sendo assim, conclui-se que com a abordagem da integrao sensorial bem sucedida, o indivduo torna-se capaz de processar informao sensorial de maneira mais eficiente que antes, levando a uma melhoria da auto-estima, das habilidades motoras, do comportamento e a adaptao aos diversos contextos em que encontra-se inserido, melhorando seus relacionamentos nos grupos sociais, e consequentemente propiciando uma melhor qualidade de vida ao indivduo e a todos que desfrutam de uma convivncia com o mesmo.

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