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    INTEGRALISMO NA BAHIAGnero, Educao e Assistncia Social em O Imparcial

    1933-1937

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    ReitorNaomar Monteiro de Almeida Filho

    Vice-ReitorFrancisco Jos Gomes Mesquita

    EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    DiretoraFlvia Goullart Mota Garcia Rosa

    Conselho EditorialTitulares

    ngelo Szaniecki Perret SerpaCaiuby Alves da CostaCharbel Nin El-Hani

    Dante Eustachio Lucchesi RamacciottiJos Teixeira Cavalcante FilhoMaria do Carmo Soares Freitas

    SuplentesAlberto Brum Novaes

    Antnio Fernando Guerreiro de FreitasArmindo Jorge de Carvalho BioEvelina de Carvalho S Hoisel

    Cleise Furtado MendesMaria Vidal de Negreiros Camargo

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    Las Mnica Reis Ferreira

    INTEGRALISMO NA BAHIAGnero, Educao e Assistncia Social em O Imparcial

    1933-1937

    SalvadorEDUFBA

    2009

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    F383 Ferreira, Las Mnica Reis.Integralismo na Bahia: gnero, educao e assistncia social em O

    Imparcial: 1933-1937 / Las Mnica Reis Ferreira. Salvador: EDUFBA, 2009.142 p. il.

    Originalmente apresentado como dissertao da autora (Programa de

    Ps-Graduao em Histria da FFCH / UFBA).ISBN 978-85-232-0568-3

    1. Integralismo Bahia. 2. OImparcial(Jornal). 3. Gnero. I. Ttulo.

    CDD: 333.53309814 2 22 ed.

    2009, by Las Mnica Reis Ferreira.Direitos para esta edio cedidos EDUFBA.Feito o depsito legal

    Projeto grfico, capa e editorao eletrnicaAlana Gonalves de Carvalho

    NormalizaoSnia Chagas Vieira

    Foto da capa

    Praa MunicipalArquivo Pblico Municipal Fundao Gregrio de Mattos

    Biblioteca Ansio Teixeira Faculdade de Educao da UFBA

    EDUFBARua Baro de Jeremoabo, s/n, Campusde Ondina,

    40170-115, Salvador-BA, BrasilTel/fax: (71) 3283-6164

    www.edufba.ufba.br | [email protected]

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    AGRADECIMENTOS

    O presente estudo se originou da dissertao de mestradoapresentada ao Programa de Ps-Graduao em Histria daUniversidade Federal da Bahia (UFBA) em 6 de fevereiro de 2006. Aolongo do trabalho de pesquisa pude contar com a colaborao dediversas pessoas. No incio da pesquisa, quando comeava a ter contato

    com a bibliografia sobre o integralismo, tive a ajuda dos funcionriosda Biblioteca da Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas. Agradeoespecialmente a Marina pela presteza e ateno com que atendia noapenas a mim, mas todos aqueles que precisavam de seus servios.

    Obrigada a D. Lgia, funcionria do Museu da Imprensa, comsua valiosa ajuda pude localizar uma rara edio do jornalA Provncia.Agradeo tambm aos demais funcionrios da Biblioteca da AssociaoBahiana de Imprensa (ABI), como aos funcionrios da Seo dePeridicos Raros da Biblioteca Pblica do Estado da Bahia, onde passei

    vrios meses copiando e fotografando as matrias de O Imparcial eoutros jornais.

    Obrigada aos colegas da graduao e do mestrado pelo estmulo.Um agradecimento especial aos professores Lina Maria Brando

    Aras e Antnio Luigi Negro pelas sugestes, crticas e pelas palavrasde incentivo que me deram foras para superar os obstculos e acreditarem mim mesma. Estendo esses agradecimentos ao Prof MunizFerreira pela orientao. Enfim, agradeo a todos aqueles que colabo-raram para a realizao deste trabalho.

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    PREFCIO

    No livro Integralismo na Bahia: Gnero, Educao eAssistncia Social em O Imparcial (1933-1937), Las Mnica ReisFerreira discute uma pgina da histria do Integralismo na Bahia naprimeira metade do sculo XX. uma leitura que propicia o acesso aomundo de um grupo poltico de destaque na cidade do Salvador, mas

    que tambm explicita a existncia de seus partidrios espalhados portodo o Estado.

    O Imparciale o Integralismo so temas que motivam o interessede pesquisadores especializados e leitores atentos histria da Bahiana dcada de 1930. Nesse perodo, no calor da chamada Revoluo de30, foras polticas das mais diversas tonalidades (verde para integralistae vermelho para os comunistas) se articulavam para influenciar naconformao da sociedade baiana daquele momento.

    O estudo sobre O Imparcial sedutor para os estudiosos do

    perodo. A prpria histria do peridico e de seus proprietrios, osvnculos com as mais diferentes vertentes polticas, em especial, com oIntegralismo, a disponibilidade de colees para pesquisa, fazem comque, em suas edies, possamos encontrar objetos de estudo, comofez Las Ferreira ao escolher a relao entre o iderio integralista, aperspectiva educacional e as relaes de gnero, estudadas atravs daspginas do jornal, onde a pesquisadora acompanhou aes, discussessobre as representaes sobre a mulher e os papis a serem desempe-nhados por elas na sociedade de ento.

    Partindo da apresentao de uma seleta bibliografia, a autoraprocura situar as origens e os pressupostos tericos do Integralismo,os textos bsicos que sistematizam sua concepo de Estado e desociedade, onde encontramos a insero do Integralismo na sociedadebrasileira e seu esforo de aclimatao no seio da sociedade baiana. Apreocupao com a ao integralista na Bahia tratada de forma a

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    demonstrar suas articulaes, interlocuo social, as interaes entreseus representantes e outros atores/atrizes sociais e as formas dedivulgao do seu iderio.

    Nesse ponto reside o primeiro mrito deste trabalho que demonstrar a importncia desempenhada pela imprensa na exposiodas propostas polticas e das formulaes ideolgico/discursivas juntoaos setores letrados da sociedade baiana da dcada de 1930. Ao faz-lo, enriquece a investigao acadmica sobre a situao da imprensabaiana na primeira metade do sculo XX e expe, com competncia, a

    forma como O Imparcial desempenhou um papel proeminente nadifuso do discurso e das propostas integralistas, no apenas junto aparcelas da populao soteropolitana, mas tambm junto a segmentosde mltiplas localidades interioranas, onde essa fora poltica angariouseus simpatizantes.

    Uma das contribuies mais significativas aportadas pelo estudode Las Ferreira a recuperao do papel desempenhado pelasmulheres no interior do movimento integralista baiano. Este aspectodo trabalho reveste-se de grande importncia, no apenas em funoda enorme atualidade adquirida pela realizao dos estudos de gnero,mas tambm porque ilumina uma dimenso da experincia femininaem nosso tempo: o engajamento de mulheres em um movimentoassumidamente antifeminista.

    Apoiando-se em uma bibliografia que discute relaes de gneroe histria das mulheres, foi possvel entender o papel definido pelosintegralistas para ser exercido pelas mulheres em nome do seu iderio.Para trabalhar com as mulheres integralistas, a autora buscou o perfilde mulher adequada ao iderio integralista, os atributos femininosnecessrios composio de uma mulher honrada e de respeito, futurames dos filhos da nao.

    A preocupao com o perfil de mulher, de me, de esposa e decomo se dava sua insero na sociedade, emerge num contexto maisamplo que o da expanso da vagas para mulheres no mercado detrabalho e do rompimento da crena de que as mulheres deveriampermanecer no ambiente domstico e no se vincular ao espao pblico,

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    eminentemente masculino. Esse o momento de organizao dasmulheres em associaes e instituies que discutem e apiaminiciativas que valorizem a figura feminina, mesmo que dentro domodelo patriarcal familiar. No esqueamos ainda que a estruturaoformal da Ao Integralista Brasileira (AIB) como associao polticacoincide cronologicamente com a conquista feminina do direito ao voto.

    Em uma poca caracterizada pela sada das mulheres da vidadomstica para o mercado de trabalho e a ocupao do espao pblico,a AIB tambm canalizou os desejos de atuao poltico-social das

    mulheres baianas. Atravs dos grupos organizados, no seio da AIB, asmulheres integrantes do Departamento Feminino e da Diviso deAssistncia Social realizavam atividades de carter filantrpico eassistencialista que contribuam para o fortalecimento do integralismomotivando essas mesmas mulheres a assumirem papis a seremexercido longe de casa, mas sem romper com suas obrigaesdomsticas.

    Mais ainda, procuravam converter a militncia feminina em umaescola de educao poltica e cultural, pautada nos princpios donacionalismo, da obedincia hierarquia e dos valores patriarcais. Amilitncia feminina no movimento integralista adquiria assim umacomplexa ambigidade. Por um lado, procurava contemplar sua sedede participao poltico-social e exerccio da cidadania; por outro, subor-dinava nitidamente tal participao aceitao, defesa e reproduodos elementos imagticos e culturais hegemnicos em uma sociedademachista patriarcal. Tais elementos encontram expressamente verba-lizados nas caracterizaes acerca da mulher e de sua funo socialveiculados nas pginas do O Imparcial.

    Chama ateno no estudo a preocupao da autora com areproduo do perfil das militantes integralistas, mormente no que dizrespeito formao escolar destas e sua extrao social. A autoramapeou as diversas aes desenvolvidas pelas blusas verdesatravs dacidade do Salvador, destacando-se aquelas vinculadas fundao deinstituies educacionais e na promoo de eventos que agregavam aspessoas e onde se buscava novas adeses. Particularmente significativa

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    a constatao de que o movimento buscava ampliar sua interlocuojunto aos setores populares da sociedade soteropolitana empreendendoaes de filantropia e assistncia social em uma poca na qual o poderpblico ainda se mostrava fortemente omisso na realizao de taistarefas.

    Ao realizar uma investigao acadmica pioneira sobre ointegralismo em terras baianas, Las Ferreira no apenas contribui parao conhecimento de um aspecto at ento inexplorado da histria daBahia, como tambm inaugura uma vertente de estudos e pesquisas

    cujos horizontes parecem ser os mais promissores.

    Lina Maria Brando de ArasProfessora Doutora em Histria

    Muniz Gonalves FerreiraProfessor Doutor em Histria

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    PRLOGO

    Este estudo pretende demonstrar como as aes educacionais eassistenciais realizadas pela Ao Integralista Brasileira (AIB) na Bahiaforam tratadas no discurso do jornal O Imparcial entre os anos de 1934a 1937, e assim compreender como esse discurso, imbudo dapropaganda integralista, revela interesses, contradies e resistncias

    ao processo de expanso do movimento.A principal razo que nos estimulou a desenvolver a pesquisa

    que resultou neste livro foi a ausncia de estudos que abordassem atrajetria do integralismo na Bahia como tema central, haja vista queestudos foram realizados sobre a experincia integralista em outrosestados do Nordeste. Portanto, trata-se de um estudo pioneiro sobre ointegralismo na Bahia. Havia a necessidade de atentarmos para doisfatores: primeiro, o posicionamento da imprensa local frente ao contextopoltico-ideolgico dos anos trinta; e segundo, a relevncia da atuao

    da AIB junto s camadas populares atravs das aes educacionais eassistenciais que realizava. Essas aes muitas vezes eram efetuadaspelas militantes, revelando a importncia da participao da mulher nomovimento integralista. Esses fatores tambm nos instigaram a realizara pesquisa.

    O presente estudo se divide em trs captulos. No primeiro,discutiremos o posicionamento da imprensa local e, principalmente,do jornal O Imparcialperante o movimento integralista na Bahia. Visandocompreender melhor a questo, dividimos a sua trajetria em duas fases,

    a primeira pr-integralista, quando o jornal faz aberta propagandaintegralista principalmente entre os anos de 1934 a 1937. A segundafase ocorre no incio dos anos quarenta quando O Imparcial setransformou num poderoso instrumento poltico, comandando umaferoz campanha antiintegralista.

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    No segundo captulo, procuramos traar um perfil da mulherintegralista, e, em especial, das integralistas baianas demonstrando comoseus valores e conduta se apresentavam como contraponto s mudanasno comportamento feminino que se processavam desde o incio dosculo. Procuramos compreender o papel que era destinado a essasmulheres na Ao Integralista e a importncia dessa participaofeminina no processo de expanso do movimento.

    E no terceiro captulo, nos dedicamos anlise do discurso de OImparcialsobre as aes assistenciais e educacionais realizadas pela

    AIB-BA, utilizando artigos, reportagens e outras matrias publicadasdurante a fase pr-integralista do jornal. Procuramos demonstrar comoesse discurso revelava as estratgias do movimento no processo deexpanso, visando atingir as camadas populares.

    Assim, procuramos naturalmente despertar o interesse do leitorpelo tema histrico aqui abordado, bem como estimular a produo denovos estudos sobre a trajetria do integralismo na Bahia, querepresenta um vasto campo de pesquisa a ser explorado pelos nossoshistoriadores.

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    INTRODUO

    O Integralismo nas Cincias Humanas

    O integralismo se tornou tema de discusso nas Cincias

    Humanas; cientistas polticos, filsofos e historiadores se debruaramsobre esse fenmeno poltico e cultural nas ltimas trs dcadas.Apresentaremos, sucintamente, alguns dos estudos mais representa-tivos, caracterizados pela anlise da ideologia integralista.

    Essas pesquisas surgiram do interesse dos pesquisadores pelasideologias de direita, influenciados pela atmosfera autoritria resultantedo recrudescimento da ditadura militar nos anos setenta. Entre osestudos produzidos nesse perodo, destacaremos os seguintes:Integralismo: o fascismo brasileiro na dcada de 30, de Hlgio Trindade

    (1974); O Integralismo de Plnio Salgado: forma de regressividade docapitalismo hiper tardio, de Jos Chasin (1978);Apontamentos para umacrtica da ao integralista brasileira, de Marilena Chau (1978) eIdeologia Curupira: anlise do discurso integralista, de GilbertoVasconcellos (1979).

    Em estudo fundamental sobre o integralismo, Trindade (1974)analisou a origem, a formao e natureza ideolgica da Ao IntegralistaBrasileira, mesclando as metodologias historiogrfica e sociolgica. Oponto alto e polmico da tese Integralismo: o fascismo brasileiro na

    dcada de 30 consiste na anlise da natureza ideolgica dessemovimento, quando o autor considera que o integralismo norepresentou uma mera imitao do fascismo europeu, mas reconhecea influncia fascista nesta ideologia,

    No pretendemos afirmar que o integralismo tenha sidoexclusivamente fruto de um mimetismo ideolgico (a

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    tradio do pensamento poltico autoritrio brasileirocontribuiu tambm decisivamente para a formao dadoutrina), mas a influencia do fascismo europeu foi, semdvida crucial na configurao da A.I.B. enquanto movimentopoltico. [...] o estudo da Ao Integralista nos leva a concluirque os aspectos centrais de sua ideologia, a forma deorganizao altamente hierarquizada, o estilo carismtico eautocrtico do poder do Chefe e, inclusive, os rituais domovimento no se podem explicar sem a influencia do modeloeuropeu de referncia externo. (TRINDADE, 1974, p. 278)

    Em ensaio, Chau (1978) parte do pressuposto que, para fazer

    uma anlise do integralismo, necessrio revisar a historiografiabrasileira referente aos anos de 20 e 30. Segundo esta autora, essesinterpretes partiram do pressuposto de que haveria uma sociedademodelo, ideal. Da, a utilizao das ideias de atrasado e tardio emsuas anlises, passando assim, uma viso evolutiva da histria. E quanto idia de vazio na obra desses interpretes, [...] pressupe,implicitamente, que a luta de classes no constituinte do processo,mas um efeito em sua superfcie [...] o Estado surge como opreenchimento do vazio. (CHAU, 1978, p. 27)

    Dando prosseguimento a essa crtica, a autora constata a existnciade uma viso demirgica da histria do Brasil. Esse demiurgo,dependendo da anlise[...] ora o Estado [...], ora o empresariado[...], ora deveria ser o proletariado. [...].(CHAU, 1978, p. 30)

    No intuito de esclarecer a questo ideolgica, a autora dedica-sea anlise do discurso integralista questionando a qual parcela dasociedade esse discurso se destinava. Conclui que a classe mdia era odestinatrio do discurso integralista. A AIB pretendia incorporar essesegmento social ao movimento, bem como tambm transform-la na

    vanguarda polticado mesmo. A autora no considera relevante se ointegralismo representou a

    [...] importao do modelo fascista europeu, [mas] compre-ender que importando ou no idias que no poderiaespelhar a situao brasileira, as formulaes integralistasexprimiam, na forma da construo pura, a verdade donacionalismo como poltica autoritria mesmo quando os

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    militantes aderiram AIB, pelo medo do comunismo ou peloanti-liberalismo na esperana de ver realizados idias que,de outra maneira, permaneceriam como simples desiderata.(CHAU, 1978, p. 117)

    Em extenso estudo sobre as especificidades do integralismo,Chasin (1978) objetiva contestar a tese que considera o integralismoum movimento mimtico do fascismo europeu. Esse autor condena asanlises que partem do pressuposto do mimetismo, dirigindo essacrtica, principalmente, a obra de Trindade (1974). Nessa pesquisa, oautor concentra sua anlise sobre a obra de Plnio Salgado por consider-

    lo o criador da ideologia integralista. Basicamente, aps negar a naturezafascista da ideologia integralista, considera que o fascismo seria uma[...] ideologia de mobilizao nacional para a guerra imperialista quese pe nas formaes do capitalismo tardio (CHASIN, 1978, p. 647) eque esta resultou de uma fase mais avanada do capitalismo, enquantoo integralismo surgiu como:

    [...] uma manifestao das formaes do capitalismohipertardio, uma proposta de freagem do desenvolvimentodas foras produtivas, com um apelo ruralista no preciso

    momento em que estas principiam a objetivar o capitalismoverdadeiro, [...] fascismo um fenmeno de expanso dafase superior do capitalismo, e o integralismo se pe comofenmeno do capitalismo imaturo e nascente, a traduzir umaproposta de regresso [...]. (CHASIN, 1978, p. 647)

    Na direo contrria, Vasconcellos (1979, p. 18) admite a naturezafascista da ideologia integralista e se prope a investigar [...] aespecificidade do integralismo enquanto discurso fascista que se inserenuma sociedade capitalista perifrica. Tomando a teoria dadependnciacomo suporte terico, o autor pretende...

    [...] mostrar que o contexto de dependncia, no qual semoviam os camisas verdes, acabou por afetar (indepen-dentemente de sua conscincia) a apropriao dos fascismoseuropeus. Embora de ponta a ponta mimtico, o discursointegralista ostenta um trao que o diferencia de seuscongneres europeus, e cuja razo de ser nasce da respostaequivocada (mas sociologicamente compreensvel)

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    heteronomia de pas perifrico, a saber: a fantasmagoria deuma utopia autonomstica em relao s naes capitalistashegemnicas. Fantasmagoria, no s porque irrealizvel dodesejo de converter o pas numa regio apartada do processocivilizatrio ocidental, mas tambm porque so elididos,nessa utopia, os fundamentos concretos da dependncia:relaes determinadas de subordinao entre sociedades nocontexto do sistema capitalista global. O agente dessa utopiaseria o Estado Integral; o objetivo, proteger o Brasil da lutade classes, que vista como intruso estrangeira.(VASCONCELLOS, 1979, p. 18)

    E conclui que, a especificidade do integralismo, enquanto discursofascista,

    [...] no o irracionalismo em si, o corporativismo, a hipteseespiritual ou o elemento cristo, nem sequer o nacionalismoliterrio ou poltico que confere especificidade ao integra-lismo enquanto discurso totalitrio de pas perifrico. O queo diferencia dos fascismos europeus a falcia autonomsticaem relao s naes capitalistas hegemnicas, cuja gnese imaginvel sem o contexto da dependncia estrutural.(VASCONCELLOS, 1979, p. 57)

    Essas obras, como vimos, abordaram a questo da influncia dofascismo na ideologia integralista. Enquanto Chau (1978) consideramenos importante essa questo, Trindade (1974) admite a influnciafascista. Por sua vez Vasconcellos (1979) admite o mimetismo integralistaem relao ao fascismo europeu. Em contraponto a essas interpretaes,Chasin (1978) rejeita a ideia do integralismo como mera imitao dofascismo. A polmica em torno da natureza ideolgica do integralismo,ou seja, se este seria ou no imitao do fascismo europeu, no seesgota nessas anlises. Mas no pretendemos neste trabalho realizar

    uma discusso exaustiva em torno das interpretaes sobre essaquesto. Porm, se admitirmos a influncia do fascismo no integralismo,perceptvel em determinadas caractersticas, a exemplo da defesa doEstado forte e corporativo, anticomunismo e antilibe-ralismo, precisoconsiderar suas peculiaridades como espiritualismo e apelo religioso.(OLIVEIRA, 2004, p. 34)

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    um movimento de carter cultural e objetivava revolucionar amentalidade dos brasileiros.O Integralismo surgiu num momento denso da histria

    contempornea brasileira em que profundas e rpidas transformaesse manifestavam nos campos poltico, econmico, social e cultural cujosefeitos acabaram influenciando a formao da ideologia integralista.

    Os anos vinte se iniciam com a inovao esttica proposta naSemana de 22, evento que lanou as bases do modernismo brasileiro,e que suscitou entre artistas e intelectuais reflexes em torno da

    realidade o pas. A crise mundial de 1929 trouxe complicaes economia e agravou os problemas sociais, abalando a confiana noliberalismo econmico. O advento da Revoluo de 1930 representou aruptura poltica entre as principais oligarquias nacionais. Com razesno tenentismo esta revoluo trouxe mudanas poltico-sociaissignificativas como aponta Fausto (1997, p. 151):

    Na descontinuidade de outubro de 1930, o Brasil comea atrilhar enfim o caminho da maioridade poltica. Parado-xalmente, na mesma poca em que tanto se insistia noscaminhos originais autenticamente brasileiros para a soluo

    dos problemas nacionais, iniciava-se o processo de efetivaconstituio das classes dominadas, abriam-se os caminhosnem sempre lineares da polarizao de classes, e as grandescorrentes ideolgicas que dividem o mundo contemporneodividem o pas.

    O contexto internacional favoreceu o fortalecimento do pensa-mento autoritrio no Brasil.3A Europa assistia a ascenso do fascismo,particularmente na Itlia e Alemanha. Paralelamente influncia dessesacontecimentos, outros elementos ideolgicos contriburam para agestao do integralismo, destacando primeiramente o pensamentonacionalista autoritrio representado principalmente pelos intelectuais:Oliveira Vianna4, Azevedo Amaral5e Alberto Torres.6Este ltimo seriaredescoberto nos anos 30, sendo muito admirado pelos integralistas.

    O pensamento tradicionalista catlico teve em Jackson deFigueiredo7, fundador do Centro Dom Vital na dcada de 20, seu maiorexpoente. Este Centro irradiou o pensamento tradicionalista catlico,

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    antiliberal e anticomunista. Teve tambm na revista A Ordem oinstrumento difusor de suas ideias. A influncia desta linha depensamento no integralismo se expressa no prprio lema destemovimento: Deus, Ptria e Famlia. Sob este lema, a Ao Integralistapregava a necessidade de um Estado forte, autoritrio e corporativocapaz de eliminar os males originados da malograda experincia liberalnos campos poltico e econmico, harmonizando a sociedade e assimimpedindo turbulncias advindas da luta de classes.

    Portanto, todas essas influencias estiveram presentes no processo

    de formao da ideologia integralista, caracterizando-a enquantoideologia conservadora expressa, sobretudo, no ultranacionalismo,antiliberalismo e anticomunismo. Enquanto movimento de massas, aAo Integralista Brasileira se caracterizou: pela rgida hierarquia; pelafigura de um chefe carismtico; pelo culto personalidade; a formaode milcias; alm da composio de uma juventude do movimento osplinianos; forte mstica e a simbologia que tinha um papel importanteno movimento como uso de camisa verde, a saudao indgenaanau,o emblema do sigma entre outros. Em 1936 mais de meio milho debrasileiros haviam ingressado nas fileiras da AIB. Esse crescimento domovimento se refletiu nas urnas, com a eleio de dezenas devereadores, alm de prefeitos, deputados estaduais e federais em todoo pas.

    Integralismo na Bahia

    A trajetria do integralismo na Bahia se inicia com a instalao doncleo provincial da Ao Integralista em junho de 1933, sob a chefia

    de um triunvirato formado por Messias Tavares, Joo Alves dos Santose Jos Cesimbra. Aps a reorganizao do ncleo, o triunvirato passoua ser composto pelos lderes Caldas Coni,Augusto Alexandre Machadoe Messias Tavares. Estes, posteriormente, foram substitudos porMilcades Ponciano Jaqueira que assumiu a chefia do ncleo. Em abrilde 1935 o engenheiro Joaquim de Arajo Lima se tornou o novo chefe

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    do ncleo provincial.8

    (SAMPAIO, 1985, p. 115-116) As decises queorientavam a vida do movimento partiam da sede provincial, localizada ladeira de So Bento n.6, onde eram realizadas as principaisconferncias de membros da direo local e nacional do movimento.

    A expanso do integralismo na Bahia parece ter se iniciado nomeio universitrio, tanto que em agosto de 1933, durante sua visita Bahia, Plnio Salgado realizou conferncias na Escola Politcnica e, emdiscurso no anfiteatro da Faculdade de Medicina, afirmou que haviachegado [...] ahora culminante da luta decisiva em defesa da Ptria! A

    mocidade estudantina cabe a maior parcela de responsabilidade. Cruzaros braos, agora, desertar!(O Imparcial, n. 743, 25 ago. 1933, p. 1)Evidentemente que essa luta pela Ptria se faria ao lado do integralismo.Dando continuidade a propaganda integralista junto aos estudantes,Plnio Salgado discursou na Associao Universitria da Bahia (AUB),organizao que reunia estudantes de diversas correntes poltico-ideolgicas. As conferncias do lder integralista parecem ter contri-budo para estimular a expanso da AIB no estado. (SAMPAIO, 1985)

    Em novembro de 1933 foi a vez de Gustavo Barroso vir Bahiapropagar a doutrina integralista. Alm dos estudantes que assistiram aconferncia de Barroso na AUB, o lder integralista se dirigiu a outropblico, os representantes do comrcio, realizando conferncias naAssociao dos Empregados do Comrcio e no Clube Comercial.

    O integralismo obteve forte insero no meio estudantil, atraindomuitos jovens estudantes acadmicos e secundaristas. Durante os cincoanos que atuou no estado a AIB fundou ncleos em vrias instituiesde ensino como: Carneiro Ribeiro, Salesiano, Ginsio da Bahia e GinsioYpiranga, este ltimo considerado um reduto da juventude integralista.Nas instituies de ensino superior, existiam ncleos integralistas nasFaculdades de Medicina e de Direito. O Departamento Universitrioda AIB-BA procurou ampliar adeses no meio acadmico.

    Nos anos 30 esse movimento representou um caminho poltico-ideolgico para parte da juventude brasileira. A Ao Integralista eraum movimento formado em sua maioria por pessoas jovens, a comearpelos seus lderes; Plnio Salgado tinha pouco mais de trinta anos e

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    Miguel Reale ingressou no movimento com apenas 25 anos. Na Bahia,pertenceram a AIB jovens que posteriormente se destacariam na vidapoltica e cultural do estado, como o jovem militante Jos CalazansBrando da Silva9, que apresentou seus estudos em reunies doutri-nrias, tratando entre outros temas da relao entre integralismo ecatolicismo. Bem como Rmulo Almeida10que em suas memrias, tratoude sua insero na AIB, quando residia no Rio de Janeiro aps forma-se em Direito na Bahia. Inicialmente ligado ao socialismo, Almeida seaproximou do integralismo em razo da sua formao nacionalista. Essa

    formao se deu no Ginsio Ypiranga de propriedade de seu primoIsaas Alves:11Eu era nacionalista, eu me formei nacionalista no ginsio.O ginsio tinha uma preparao cvica tremenda. (ALMEIDA, 1986,p. 25)

    O integralismo representava uma das correntes ideolgicas ainfluenciar o meio estudantil na Bahia, disputando espao comsocialismo, comunismo, liberalismo e outras. Por isso mesmo, ocrescimento da AIB entre os estudantes no se fez sem resistncia.Em julho de 1936 o Departamento Universitrio da AIB-BA divulgouem O Imparcial uma declarao em nome de 586 estudantesintegralistas universitrios e secundaristas em repdio contra omanifesto da Frente Universitria Democrtica da Bahia dirigida aosuniversitrios baianos, cujo contedo desferia violentos ataques aosintegralistas. Os autores do manifesto foram acusados de comunistas.(O Imparcial, n. 1737, 01 jul. 1936, p. 1) Em agosto, o ncleo integralistada Faculdade de Direito, representado pelo acadmico Barachisio Lisboa,dirigiu uma representao ao diretor daquela instituio Filinto Bastosprotestando contra a campanha antiintegralista movida pelo DiretrioAcadmico da Faculdade. (O Imparcial, n.1772, 04 ago. 936, p. 3)

    As organizaes polticas de esquerda realizaram inmeras aesde combate ao integralismo no estado, resultando em confrontos, porvezes violentos, a exemplo do conflito com os aliancistas, no ato deinstalao da Aliana Nacional Libertadora (ANL), no Cine Jandaia,em 3 maio de 1935. (TAVARES, 2001) Em junho, ocorreu mais umconflito durante a realizao do 1 Congresso da Juventude Proletria

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    da Bahia. Em agosto, uma bomba foi lanada contra o Cinema Victria,onde integralistas do ncleo de Ilhus se reuniam. O atentado foiatribudo aos comunistas. (O Imparcial, n.1417, 10 ago.1935, p. 1) Entreas diversas aes realizadas pela Aliana Nacional Libertadora (ANL)e pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) contra o integralismo noestado estava a intensa campanha antifascista.

    As manifestaes antifascistas na Bahia no se limitaram ao perodode existncia legal da AIB. Durante a Segunda Guerra, principalmente apartir de 1942, os integralistas se tornaram alvo de campanhas

    antifascistas comandadas pelos comunistas e segmentos progressistas.Mesmo encontrando resistncias, a Ao Integralista conseguiuobter rpido crescimento na Bahia. Segundo dados da prpria AIB, emmeados de 1936 haveria aproximadamente 46.000 integralistas noestado, distribudos por mais de 300 ncleos municipais e distritais.(O Imparcial, n. 1715, 21 maio 1936, p. 5)

    Neste processo de expanso os integralistas se utilizaram dediversas estratgias, comeando pela fundao de ncleos. Em Salvador,registramos a existncia de ncleos distritais nos seguintes locais:Nazar, S, So Bento, Largo da Sade, Caixa dgua, Cidade Nova,Santo Antnio, Penha, Pao, Garcia, Liberdade, Brotas, Calada,Itapagipe, Paripe, Rio Vermelho, Piedade e Barra Avenida.

    O processo de expanso da AIB foi mais intenso no interior. Emtodas as regies do estado foram fundados ncleos municipais edistritais, como nos municpios de Jequi, Poes, Rio Novo (Ipia),Ilhus, Itabuna, Belmonte, Santa Ins, Lenis, Miguel Calmon,Maragogipe, Santo Amaro, Muritiba, So Flix, Feira de Santana,Serrinha, Cumbe (Euclides da Cunha), Tucano, entre outros.

    As bandeiras integralistas, excurses organizadas pelo ncleoprovincial, desempenhavam um papel relevante na difuso da propa-ganda integralista pelo interior. Em 1935, duas grandes bandeirasse dirigiram aos municpios das regies Sul e Recncavo. Em fevereiro,a cidade de Ilhus foi visitada pela bandeira integrada pelo chefeprovincial Milciades Ponciano Jaqueira e outros lderes provinciais. Nestacidade, uniram-se a estes, os militantes dos vrios ncleos distritais e

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    municipais principalmente os de Ilhus, Itabuna e gua Preta, chefiadosrespectivamente pelos militantes Pedro Ribeiro Filho, Nelson Oliveirae Orlando Ribeiro.

    Em junho, do mesmo ano, foram visitados os municpios de SantoAmaro, Muritiba, So Felix, Cachoeira e Maragogipe. No ano seguinteoutra bandeira voltaria a percorrer esses municpios. Em julho de1936 uma bandeira visitou Feira de Santana, cujo ncleo municipalda AIB estava sob a chefia de Jobelino Pitombo. Nessa ocasio, integravaa bandeira o chefe provincial Arajo Lima e outras lideranas. Durante

    essa passagem foram promovidas sesses doutrinrias, conferncias,comcios, desfiles nas ruas principais das cidades, formatura demilicianos entre outras atividades que reforavam a propagandaintegralista junto s populaes interioranas.

    Essa forte insero da AIB no interior baiano se revela como umapeculiaridade do movimento na Bahia, indo na contramo de estudosque apontam a AIB como um movimento basicamente urbano, tomandocomo referncia o movimento nas cidades de So Paulo e Rio de Janeiro.(OLIVEIRA, 2004)

    O crescimento eleitoral da AIB refletiu esse processo de expansodo movimento. Os dados eleitorais confirmam essa tendncia:

    Nas eleies para a Assemblia Estadual Constituinte deoutubro de 1934, a AIB obteve somente 302 votos. Mas emdezembro de 1935, apenas no municpio de Ilhus, osintegralistas dispunham de mais de 700 eleitores. Em meadosde 1936, na pobre e inspita Tucano, localizada no Nordesteda Bahia, mais de mil moradores envergaram a camisa verde.O municpio de Rio Novo, hoje Ipia, registrava cerca de trsmil integralistas. Na campanha para as eleies de janeiro de1936, as disciplinadas falanges integralistas mostravam ser

    fortes concorrentes do PSD governista e das velhas oligarquiasque controlavam os currais eleitorais. Vereadores integralistasforam eleitos atravs do estado, inclusive na capital e nosmunicpios de Jequi, Poes, Ipia, Mundo Novo, Itabuna,Maragogipe etc. (SAMPAIO, 1985, p. 117)

    Outro fator que demonstra o xito eleitoral do movimento foi oregistro no Tribunal Regional Eleitoral de delegados integralistas em 65

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    municpios baianos entre os anos de 1935 e 193612

    , conforme relacionadosa seguir. Segundo O Imparcial, em quatro anos, a AIB-BA conseguiueleger 65 vereadores, alm do prefeito da cidade de Santa Ins. Na capital,Joo Alves dos Santos foi eleito Cmara Municipal pela legendaINTEGRALISMO. (O Imparcial, n. 1715, 21 maio 1936, p. 5)

    MUNICPIO DELEGADOAfonso Pena Gilberto da Silva RibeiroAreia Jos Castro

    Barra Carlos SimesBarraco Luis de Souza PitangueiraBelmonte Paulo PaternostroBomfim Jovino do Prado PereiraCachoeira Joaquim FalcoCastro Alves Renato BellaziCat Jos Arajo LimaConceio de Feira Pedro Pinheiro de CarvalhoConceio do Coit Jos Ferreira FilhoConde Pedro Lima CarvalhoConquista Ivan Dantas FreireCumbe Jos Camerino AbreuDjalma Dutra Antonio Silva FonsecaFeira de Santana Jobelino Rogrio PitomboIlhes Gustavo FonsecaInhambupe Permnio Bacelar FilhoItaberaba Jos Santos SerraItabuna Nelson OliveiraJaguaquara Jos Ramos FerreiraJandara Francisco Fontes de FariaJequi Fernando Humberto de SouzaJequiri Italino VitaJoazeiro Dimas Rodrigues MadeiraMaragogipe Nestor Fernandes TvoraLenis Manoel Messias Pereira

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    So Felipe Joo Eliseu MelloMonte Santo Luiz Gonzaga CardosoIrec Osvaldo Pereira DouradoParamirim Francisco Queiroz MattosAlagoinhas Salomo Antonio de BarrosBoa Nova Francisco Marinho Oliveira

    Os bons resultados eleitorais da AIB-BA no representaram umasria ameaa a hegemonia eleitoral dos dois grandes partidos polticos

    da poca, representados pelo Partido Social Democrtico (PSD), dogovernador Juracy Magalhes, e a Concentrao Autonomista, quedisputavam a maior parcela do eleitorado.

    A bibliografia sobre o integralismo na Bahia suscita questes emtorno dos possveis fatores que contriburam para essa expanso domovimento. O ex-governador Juracy Magalhes, reconhecendo a forada Ao Integralista, principalmente no interior, afirma que:

    Os integralistas na viso de Dr. Getlio podiam ser poucos;mas na Bahia eles chegaram a organizar vrios ncleos fortes.Havia, por exemplo, o de Rio Novo, que atuava de maneiramuito agressiva. O ncleo de Jequi tambm era forte, pois

    vivia nesta cidade uma expressiva corrente de descendentesde italianos. Em Ilhus, no sul do Estado, e em Itabunatambm conseguiram muitos adeptos. Em Salvador,ganharam o meio universitrio, alguns professores e mesmooficiais da Polcia e do Exrcito. (MAGALHES, 1982, p. 97)

    A alegao do ex-governador de que a forte insero da AIB nomunicpio de Jequi resultava da presena de uma comunidade deimigrantes italianos, deixando subentendido que esses imigrantesteriam aderido ao integralismo por identific-lo com o fascismo, contestada pelo ex-lder integralista Rubem Nogueira em suasmemrias, segundo ele [...] mais italianos do que Jequi, tinha a cidadevizinha de Jaguaquara e no entanto l o Integralismo cresceu menos,bem menos. (NOGUEIRA, 1997, p. 114)

    Essa discusso nos remete a necessidade de esclarecer atravsda pesquisa histrica a relao entre a pequena comunidade italiana e

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    a expanso da AIB-BA. Bertonha (2000) afirma que o fascismo disputoucom o integralismo espao junto s comunidades italianas. Sendo que,o primeiro, atraa mais italianos natos; enquanto que o segundo exerceumaior influncia entre os talo-brasileiros, estes ltimos ansiosos parase inserirem na sociedade brasileira.

    Magalhes (1982, p. 97) apontou outros fatores que explicariama expanso do integralismo como o cenrio internacional, marcado pelaascenso do fascismo e a aliana entre a AIB-BA e a oposio:

    O integralismo realmente teve grande repercusso na Bahia,

    compreensivelmente, als, porque a tendncia estava emmar alta no mundo, com o nazismo na Alemanha, o fascismona Itlia etc. O movimento integralista criou muita fora noBrasil, expandindo-se na Bahia de maneira relativamente fcil,porque conseguiu reunir os oposicionistas. Para meusadversrios mais combativos, por exemplo, o caminho maisfcil era aderir AIB, e este fato acabou me tornando ogovernador que mais aguerridamente lutou contra ointegralismo.

    Nogueira (1997) tambm contesta essa afirmao de JuracyMagalhes. Na sua viso, a AIB manteve-se distante tanto do juracisismo

    quanto da oposio, representada principalmente pelos autonomistas.A Concentrao Autonomista aparentemente procurou manter-seequidistante dos integralistas, no condenando nem apoiandoexplicitamente os mesmos. No entanto o comportamento de algunspolticos autonomistas aponta para uma aproximao do partido com aAIB impulsionada pelo antijuracisismo, como nos casos dos deputadoslvaro Catharino e Rafael Jambeiro. Este ltimo fez declaraesfavorveis ao integralismo em diversas ocasies. Em agosto de 1937,Jambeiro suscitou polmica na Assemblia Legislativa quando requereu

    que um discurso de Plnio Salgado fosse registrado nos Annaes daAssemblia, resultando no imediato repdio dos deputados da bancadasituacionista, um dos quais questionou se o mesmo era autonomistaou integralista.13

    O ex-governador Juracy Magalhes procurou conter o avano dointegralismo no estado, desencadeando forte represso ao movimento

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    e, para isto, obteve o apoio dos chefes polticos locais, seus principaisaliados no estado.Nomeado interventor federal na Bahia em 1932, substituindo o

    ex-interventor Arthur Neiva, Juracy Magalhes foi imediatamenterejeitado pelas elites locais que inicialmente, no apoiaram a Revoluode 1930. Considerado demasiado jovem, apenas vinte e seis anos, militare cearense, o novo interventor enfrentou os preconceitos das eliteslocais. Sem contar com o apoio de tradicionais lideranas, JuracyMagalhes teceu ampla rede de alianas com os chefes polticos do

    interior baiano, os coronis. Mesmo contradizendo os princpios darevoluo que o levou ao poder, ou seja, combater as oligarquias, ointerventor conseguiu a base de sustentao poltica que garantiu aestabilidade de seu governo at 1937, quando rompeu aliana comVargas. (SAMPAIO,1985)

    Juracy Magalhes fundou o Partido Social Democrtico (PSD) eem torno deste, reuniu aliados polticos para disputar o poder no estadocom os autonomistas. Estes eram liderados pelo ex-ministro do governoWashington Luiz, Octvio Mangabeira. Integravam tambm a oposioos autonomistas Aloysio de Carvalho Filho, Nestor Duarte, Luiz VianaFilho, Jayme Junqueira Ayres, entre outros nomes de destaque dapoltica local, a exemplo do ex-governador J.J. Seabra. Juracisistas eautonomistas no se diferenciavam ideologicamente, apenas havia a forterejeio destes ltimos liderana de Juracy Magalhes. (TOURINHO,1997)

    Entre os aliados de Juracy Magalhes destacamos: Medeiros Neto,Edgar Sanches, Manoel Novaes, Magalhes Neto, Arthur Neiva,Clemente Mariani e Marques dos Reis. No interior, o interventor obteveapoio de fortes lideranas como: Gileno Amado (Itabuna) Lauro Passos(Cruz das Almas), Elpdio Nova (Feira de Santana), Albrico Fraga(Muritiba), Antnio Honorato de Castro (Casa Nova), Franklin LinsAlbuquerque (regio do So Francisco), Joo Duque entre outros.(GUEIROS, 1996)

    O ex-governador Juracy Magalhes de fato se destacou pelocombate ferrenho ao integralismo na Bahia. Essa represso se

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    Magalhes de que a AIB fora proscrita na Bahia, Vargas, sementusiasmo, respondeu lacnica e ambiguamente, dizendoestar certo de que s motivos srios podiam ter determinadotal medida.

    A maioria dos integralistas presos em setembro permaneceudetida por pouco tempo. Porm, aqueles acusados de envolvimentocom os planos subversivos, foram mantidos presos e processados peloTribunal de Segurana Nacional. Aps cinco meses detidos na Bahia,foram transferidos para o Rio de Janeiro em 29 de janeiro de 1937 e,em maro, foram soltos, respondendo processo em liberdade entre os

    quais estavam: os civis: advogado Melciades Ponciano Jaqueira,engenheiro Aluzio Meirelles, Nelson Oliveira, Valter Brando OliveiraAguiar, Jos Esteves Leito Silva, Archimedes Queiroz Mattos, JosMuniz Nascimento, Joaquim Pereira Dias e Joaquim Cerqueira;militares: tenente-coronel Jos Aurelino Alves, major Jos FranciscoAmorim, capito Manoel Adolpho Santos, tenentes Arsnio Alves deSouza e Ulysses Rocha Pereira, sargento Joaquim de Souza, caboArmindo Julio de Carvalho e soldado Euzbio Rocha Santos. Almdos citados, haviam ainda o ex-chefe provincial Joaquim de Arajo Lima

    e outros dois integralistas. (O Imparcial, n.1995, 20 mar. 1937, p. 5)A situao da AIB era inusitada; proibida na Bahia e atuando

    legalmente no restante do pas. No entanto, essa situao no semanteve por muito tempo. Mesmo com a represso que se seguiu aofechamento das sedes, os integralistas no cessaram de todo suasatividades. Tanto que em julho de 1937, a AIB reabriu oficialmentesuas sedes no estado, com a autorizao da justia. A partir da, sob achefia de Victor Hugo Aranha, as aes do movimento foramintensificadas, reunies doutrinrias, desfiles, fundao de ncleos,

    atividades de propaganda, entre outras, visando o pleito eleitoral de1938. Logo aps a instaurao do Estado Novo, os integralistas baianosforam prestigiados pelo interventor federal Antnio Dantas Fernandes,que os convidou a participarem do desfile do Dia da Bandeira. Porm,poucos dias depois, a AIB seria extinta em todo pas, a exemplo deoutros partidos polticos.

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    Os ex-membros da AIB retornariam cena poltica com o fim doEstado Novo e a redemocratizao de 1945 com a fundao do Partidode Representao Popular (PRP). Desta vez, os ex-integralistas estavamsem os smbolos e rituais que caracterizaram a AIB. Na Bahia, o PRPapoiou a candidatura de Octvio Mangabeira ao governo estadual em1945 e lanou a candidatura do ex-lder integralista Rubem Nogueira,eleito pelo partido deputado estadual por duas vezes e tambmdeputado federal. Em 1949, Plnio Salgado veio Bahia e visitou osmunicpios de Serrinha e Tucano, antigos redutos da AIB, entre outros

    municpios. Os esforos de Plnio Salgado e os demais membros doPRP espalhados pelo pas no conseguiram fazer com que o partidosequer lembrasse a fora poltica da AIB em meados dos anos trinta.

    Notas

    1 Poltico, jornalista e escritor, nascido em 1895 na cidade de So Bento do Sapuca,situada na regio do Vale do Paraba, interior paulista. De famlia profundamentecatlica e de tradio poltica, seu pai foi chefe poltico local. Salgado teve sua forma-o intelectual marcada pelo apego ao nacionalismo e catolicismo. Como jornalista

    atuou como redator dos jornais Correio Paulistanoe A Razo, rgo de imprensa doPartido Republicano Paulista (PRP).2Alfredo Buzaid, Rui Arruda, Leo Sobrinho, Silva Bruno, entre outros.3Alm da Ao Integralista havia no cenrio poltico brasileiro, outros movimentos

    autoritrios e de inspirao fascista, como a Ao Social Brasileira, a Legio Cearensedo Trabalho, o Partido Nacional Sindicalista, e a Ao Imperial Patrianovista Brasilei-ra. Segundo Trindade (1988, p. 103) deste grupo a [...] exceo da Legio Cearenseque teve uma penetrao importante, estes movimentos so organizaes reunindoum pequeno grupo de indivduos e com audincia poltica restrita cuja relevncia ter precedido e reforado a convergncia ideolgica de direita.

    4Advogado e professor Francisco Jos de Oliveira Vianna (1883-1951) nasceu no Rio deJaneiro. Autor de vrias obras de carter sociolgico foi o mais importante e influente

    pensador da corrente autoritria. Sua obra mescla idias autoritrias com teoriaspsicorraciais, as quais se apresentam em suas obras mais conhecidas Populaes

    meridionais do Brasil(1920) e Raa e assimilao(1932).5Entre todos os tericos do pensamento nacionalista autoritrio, o mdico e jornalistaAntnio Jos de Azevedo Amaral (1881-1942) o menos conhecido. Nos anos 30, escre-veu suas obras mais importantes Ensaios brasileiros; A aventura poltica do Brasil;O Brasil na crise atual e O estado autoritrio e a realidade nacional.

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    6Bacharel em Direito, Alberto Torres (1865-1917) nasceu no Rio de Janeiro. Suas obrasmais conhecidas so: O problema brasileiro e A organizao nacional.

    7Jackson de Figueiredo (1891-1928) formou-se em Direito em 1913. EscreveuA reaodo bom senso; Literatura reacionria; Do nacionalismo na hora presente entre ou-tras obras.

    8A maioria desses lderes integralistas tinha formao universitria como o mdicoCaldas Coni, os advogados Messias Tavares e Micades Ponciano Jaqueira, o profes-sor e economista Augusto Alexandre Machado e o engenheiro Joaquim Arajo Lima.Os outros lderes Joo Alves dos Santos e Jos Cesimbra eram comercirios, esteltimo presidente da Unio Caixeral.

    9Nascido em Sergipe, Jos Calazans Brando da Silva formou-se em Direito. Lecionouna Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas da Universidade Federal da Bahia.Pesquisador renomado tornou-se o maior estudioso da Guerra de Canudos, escreven-do vrias obras sobre o tema.

    10 Rmulo Almeida nasceu em Santo Antnio de Jesus em 1914. Tornou-se um dosmaiores economistas brasileiros. Na dcada de 40 foi diretor do Departamento deGeografia e Estatstica do Territrio do Acre. Lecionou na Faculdade de CinciasEconmicas e Administrativas do Rio de Janeiro e integrou a Comisso Mista Brasi-leiro-Americano de Estudos Econmicos.

    11Educador e diretor do Ginsio Ypiranga. Em 1940 fundou a Faculdade de Filosofia,integrada Universidade da Bahia, em 1946. Ainda nos anos quarenta se tornouSecretrio de Educao do Estado da Bahia durante o governo de Landulpho Alves.

    12Pesquisa realizada no Livro de Registro de Delegados e Representantes de Partido.Tribunal Regional Eleitoral (17/03/1933 - 07/08/1937), do Arquivo Pblico do Estado da

    Bahia (APEB), Seo Legislativa.13Discurso proferido pelo Snr. Deputado Alfredo Amorim, em sesses de 7 de Agosto de1937. (Arquivo Pblico do Estado da Bahia (APEB), Seo Legislativa, srie: discur-sos; local: Salvador, livro 978, ano 1937.

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    Captulo 1IMPRENSA E INTEGRALISMO

    O embate social no campo jornalstico

    O advento da imprensa enquanto empresa capitalista na segundametade do sculo XIX marcou o incio de sua fase industrial na Europae Estados Unidos e teve impulso com as inovaes tecnolgicas, poispermitiu um salto produtivo, com a ampliao de tiragens. A introduoda impressora mecnica (1814), posteriormente superada pelaimpressora rotativa (1867), tornou o processo de impresso mais rpido.Em 1880 foi publicada a primeira fotografia num jornal, graas tcnicada fotogravura. A distribuio dos jornais foi facilitada pelo desenvol-

    vimento dos meios de transporte, que aliado a inovaes como otelgrafo, facilitaram a circulao da produo material e simblica emtodo mundo, acompanhando o desenvolvimento tcnico e cientfico doperodo.

    Com a nascente empresa jornalstica se encerrava a fase dojornalismo caracterizado pelo vis moralizador, sensacionalista e,principalmente, poltico-literrio. Assim, o ingresso da imprensa na faseindustrial representou mudanas significativas, pois, se durante a faseromntica privilegiava principalmente a difuso de idias polticas

    dos mais diversos segmentos sociais, agora a sustentao econmicada empresa jornalstica tornava-se prioridade. Segundo MarcondesFilho (2000, p. 13):

    A transformao tecnolgica ir exigir da empresa jornalsticaa capacidade financeira de auto-sustentao; pesadospagamentos peridicos para amortizar a modernizao de suasmquinas; ir transformar uma atividade praticamente livre

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    de pensar e de fazer poltica em uma operao que precisarvender muito para se autofinanciar.

    A veiculao da publicidade nos jornais aparece como conse-quncia desta necessidade de autofinanciamento, assumindo, muitasvezes, maior relevncia na sustentao econmica do que venda avulsae assinaturas do jornal. E ainda, a notcia consiste numa mercadoria venda, passvel de recursos tcnicos textuais e grficos que a tornemais atrativa aos olhos do leitor.

    A imprensa tem a funo social de elaborar e divulgar notcias,

    atravs das quais transmite a ideologia da classe dominante. As grandesempresas jornalsticas, em suas publicaes, no emitem opinies queatendam aos interesses apenas de seus proprietrios, mas tambm dedeterminados grupos ou segmentos econmicos, polticos e sociais,objetivando que suas ideias e interesses repercutam junto opiniopblica aqui entendida como [...] a condensao das posies e daspreferncias num determinado momento, oriundas dos debatesocorridos na esfera pblica. (MARCONDES FILHO, 2000, p. 17)

    A ampliao do lucro consiste no objetivo principal da empresa

    jornalstica da fase industrial, enquanto a transmisso de contedopoltico-ideolgico acaba, quase sempre, assumindo um papelsecundrio.

    As inovaes pelas quais passou a imprensa, no se restringiramao aspecto tecnolgico. A prtica jornalstica passou por muitastransformaes, principalmente na forma de tratamento da notcia, pois[...] a revoluo que significou para o jornalismo a introduo dareportagem, do artigo de fundo e de todas as formas desenvolvidas detratar a notcia pode ser vista, ento, como aprimoramento daembalagem mercadoria com o objetivo de torn-la mais atraente.(MARCONDES FILHO, 1989, p. 35)

    Esse tratamento dado notcia implica numa manipulaoideolgica, iniciada desde o momento da obteno do conjunto deinformaes, a partir da ocorrncia de um fato at a publicao da notcia.Trata-se de um processo que se caracteriza por uma sequncia defiltragens que comea pelo prprio jornalista, que aborda e trata o fato

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    social com toda a carga de subjetividade que carrega consigo, ou seja,valores, viso de mundo, identidade de classe, enfim, toda a sua formaocultural. E seguem-se outros filtros, como: a pauta, uma espcie deroteiro detalhado da reportagem que seleciona o assunto a ser abordadoe descarta outros; o copidesque, um redator que reescreve a matria,ampliando a manipulao ideolgica; h ainda a interferncia do editore, muitas vezes, dos diretores e proprietrios das empresas jornalsticas.

    Do ponto de vista terico, o jornalismo deveria ser orientado pelaobjetividade e pela imparcialidade. Porm na prtica, a atividade

    jornalstica, pelas razes que identificamos acima, torna a objetividadee a imparcialidade metas inatingveis, no passando de mitos dojornalismo.

    Portanto, o jornalismo se configura como espao de disputasimblica entre os segmentos sociais. Esse conflito se inicia na prpriaredao das empresas jornalsticas, pois o discurso jornalsticoproduzido reflete os interesses e a subjetividade do jornalista, maisprecisamente de todos os profissionais envolvidos no seu processo deelaborao. Precedendo a publicao da notcia, ocorre a avaliao dadireo dessas empresas, considerando a convergncia ou no cominteresses polticos, sociais e econmicos principalmente aquelesligados publicidade veiculada ajustando o discurso jornalstico sua poltica editorial.

    A imprensa baiana e o integralismo: o caso de O Imparcial

    A insero da imprensa brasileira na fase industrial teria ocorridono final do sculo XIX, quando surgiram as empresas jornalsticas

    voltadas para o lucro, mercantilizando a notcia e que passaram pelamodernizao tecnolgica, tendo como conseqncia o aumentoquantitativo e qualitativo da produtividade. Entretanto, no houve umingresso generalizado da imprensa brasileira na fase industrial.Inicialmente so identificadas empresas jornalsticas estruturadas emSo Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

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    O surgimento desse tipo de jornalismo mais maduro eavanado, na regio Sul do Brasil, est ligado a dois fatoressociohistricos: a urbanizao e industrializao, que gerampopulaes urbanas com algum poder aquisitivo. O Rio de

    Janeiro, centro administrativo do pas, plo econmico ligado exportao e importao, ser o primeiro estado a reunirestas condies, seguido por So Paulo, localizando-se a osprimeiros ncleos da indstria cultural. (SANTOS, J., 1985,p. 31)

    Posteriormente, a imprensa, em outras regies, como a Nordeste,se inseriu na fase industrial, acompanhando o desenvolvimento

    econmico. No caso especfico da Bahia, isto ocorreu nas primeirasdcadas do sculo XX. A grande imprensa na Bahia, segundo JosWeliton A. dos Santos (1985), estava representada pelos jornais:Dirioda Bahia, Dirio de Notcias, A Tarde eO Imparcial, pois foram aquelesque se adaptaram ao modelo de empresa jornalstica da fase industrial,impulsionada e dinamizada pelo avano da urbanizao de Salvador,levando os jornais a realizarem a cobertura do cotidiano da cidade, epublicarem grande volume de informaes recebidas das agncias denotcias internacionais que na poca realizavam a cobertura da Primeira

    Guerra Mundial (1914-1918).Dentre esses jornais baianos, apenas A Tarde e O Imparcial

    surgiram na condio de modernas empresas jornalsticas. Este ltimo fundado em 1918 por Lemos Britto, substitudo, alguns anos depois,por Homero Pires durante a Segunda Campanha Civilista apoiou acampanha de Ruy Barbosa Presidncia da Repblica. Durante os anos1920, o jornal passou por grave crise financeira, chegando a deixar decircular em 1928, ressurgindo pouco tempo depois, em 1929, sob adireo de Mrio Monteiro e Mrio Simes. (CURVELO, 1987, p. 1)

    Em julho de 1933, O Imparcialsofreu um empastelamento.1

    Asuspeita recaiu sobre o ento interventor Arthur Neiva, que em respostas duras crticas do jornal, teria ordenado o atentado que destruiu agrfica e redao daquele matutino. (SAMPAIO, 1985, p. 161) Estahiptese foi afastada pela maioria dos diretores da Associao Bahianade Imprensa (ABI), ao analisarem o caso e, concomitantemente, se

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    solidarizaram com os profissionais daquele jornal. As crticas dirigidasao governo estadual j haviam resultado ao O Imparcial, a suspensoda circulao por determinao policial em 1931, seguida da priso deseu diretor Mrio Monteiro.

    Novas suspenses voltariam a ocorrer em 1933 e 1934, ambassob protestos veementes do diretor Laudomiro Menezes e demaisredatores. Segundo Consuelo N. Sampaio, a Revoluo de outubro de1930 no atendeu s expectativas de liberdade de imprensa, pois aaplicao da [...] nova Lei de Imprensa (Decreto 24.776 de 15 de julho

    de 1934) admitia a apreenso de peridicos por iniciativa da autoridadepolicial. (SAMPAIO, 1985, p. 161)As disputas eleitorais na Bahia doincio dos anos 1930 acarretaram diversos atos de violncia praticadoscontra a imprensa, tanto no sentido da suspenso da circulao dosjornais e censura de notcias, quanto na prtica do empastelamento,alm de prises e agresses fsicas contra jornalistas, como ocorrera aSimes Filho.

    Entre os anos 1918 a 1930, O Imparcialapareceu constitudo comosociedade annima e tinha seu capital social dividido entre acionistas,[...] o capital de 110 contos foi divido em 550 aes de 200$000. Todosos acionistas tinham direito a voto e o pargrafo nico do artigo 19 [dosEstatutos] no permitia Assemblia Geral discutir, analisar ou intervirna orientao redacional do jornal.(SANTOS, J., 1985, p. 43)

    Nesse perodo sua sustentao financeira advinha principalmentedo amplo espao cedido publicidade e a participao de acionistasligados ao forte segmento do comrcio local. Quanto orientaoideolgica do jornal, a exemplo de outros grandes jornais do perodo,O Imparcialassumia a posio de um jornal conservador, pretendendorepresentar os interesses dos setores do comrcio, indstria e lavoura.

    Posteriormente, em 1933, O Imparcialtornou-se propriedade daCompanhia Editora e Grfica da Bahia, pertencente ao industrial epoltico lvaro Martins Catharino, que foi eleito deputado AssembliaEstadual Constituinte em 1934, pela legenda Governador OctavioMangabeira, representando a oposio autonomista.

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    Ao assumir posio de defesa do autonomismo, representadopor lideranas como Octavio Mangabeira, Aloysio de Carvalho Filho,Simes Filho e Pedro Lago, sendo estes dois ltimos proprietriosrespectivamente deA TardeeDirio da Bahia, O Imparcialmanteve-se na oposio em relao as sucessivas interventorias iniciadas em1930.

    Em agosto de 1934, estampando a mancheteA Bahia luctar ato fim pela conquista de sua autonomia!(O Imparcial, n. 1063, 11 ago.1934, p. 1), O Imparcial noticiava com alarde o retorno de Octavio

    Mangabeira Bahia, aps alguns anos no exlio. Em editorial, o jornaldefende o nome de Mangabeira, j visando s eleies destinadas escolha de deputados federais e estaduais constituintes, previstas paraoutubro daquele ano,

    O preclaro cidado cujos servios Ptria so inestimveis,merece, sem dvida, o apoio do eleitorado para os mais altospostos na Repblica. Nenhum brasileiro, conscientemente,deixar de contribuir para Victoria do ex-chanceller nos pleitosem que o seu nome avultar entre os mais dignos e capazes.O Brasil e, especialmente, a Bahia no podem prescindir dosservios de um estadista moo e j experimentado em funesde grandes responsabilidades. (O Imparcial, n. 1063, 11 ago.1934, p. 4)

    Ao analisarmos a relao entre o integralismo e a imprensa,especificamente o jornal O Imparcial, entendemos ser necessriofazermos as seguintes indagaes: Em linhas gerais, como se posicionoua imprensa local em relao ao integralismo? Como a propagandaintegralista se apresentava nas pginas de O Imparcial? Qual o intuitodessa propaganda poltica? Quais as razes que levaram a aproximaoe ao distanciamento da linha editorial do jornal em relao aointegralismo, no perodo entre 1933 a 1945? A partir de agora essas soalgumas das questes que tentaremos responder neste captulo.

    As eleies de 1934 comprovaram a fora do Partido SocialDemocrtico (PSD). A legenda que reunia os aliados polticos dointerventor Juracy Magalhes conseguiu eleger 32 deputados estaduaisconstituintes contra apenas 10 deputados da Concentrao Autono-

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    mista. O partido do governo obteve quase 60% dos votos. Outraslegendas participaram do pleito, obtendo resultados inexpressivos comoa Aliana Trabalhista com 1,21%, Comrcio e Trabalho 0,26%,Proletrio, uni-vos0,06% e os integralistas que reunidos sob legendaIntegralismoobtiveram apenas 0,20% dos votos. (SAMPAIO, 1985) Osresultados das eleies de 1935 e 1936 demonstraram o rpidocrescimento do movimento integralista na Bahia. A partir de ento aAIB no poderia ser ignorada pelas duas maiores agremiaes polticasque reuniam autonomistas e juracisistas.

    O comportamento da imprensa baiana em relao ao integralismofoi bastante diverso, variando entre a intensa propaganda, a discrio ecerto distanciamento, at o repdio. Compreendendo o jornalismoenquanto espao de disputa, onde diferentes segmentos sociais buscamexpressar e fazer prevalecer seus interesses, evidencia que o comporta-mento da imprensa local frente ao integralismo, bem como em relaoa outras correntes polticas, refletiu de certa maneira, o contexto polticoda poca e, simultaneamente, busca influir sobre o mesmo. Levandoainda em considerao os prprios interesses econmicos e polticosdessas empresas jornalsticas, alguns de seus proprietrios eramfiguras de relevo da poltica estadual.

    Dentre os grandes jornais baianos, o Dirio de Notcias teveposicionamento oscilante perante o integralismo. As notcias divulgadasinformavam as aes do movimento integralista na Bahia. Em agosto de1933, este jornal assim apresentou Plnio Salgado, por ocasio de suavisita Bahia para a propaganda do integralismo:

    [...] o valor extraordinrio e fulgurante do autor de OEstrangeiro, O Esperado, Cavaleiro de Itarar e tantasoutras obras formidveis com o seu esprito brilhante e culto

    nos tem enthusiasmado. E, depois, a consagrao que lhe hafeito o povo baiano, que, em massa, o tem applaudido, bemo atestado da indiscutvel victoria de suas ideas. (Dirio de

    Notcias, n. 8 877, 24 ago. 1933, p. 1)

    ODirio de Notciaspermaneceu simptico ao integralismo at1936, a partir da o jornal passou a combater com veemncia a AIB,

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    apoiando abertamente as aes repressivas do governo estadual contraos integralistas. Notamos que esse combate est mais relacionado aocontexto poltico local do que linha ideolgica seguida pelo jornal.Entre os anos de 1935 a 1939, perodo em que Altamirando Requioesteve frente da direo do Dirio de Notcias, o jornal apoiou ointegralismo, e, principalmente, empreendeu intensa propaganda dogoverno da Alemanha nazista. Segundo Peixoto Jr., durante esse perodoAltamirando Requio refletiu [...] todo o discurso perpetrado peladireita nacional e internacional, [...] a atuao do jornalista no dar

    margens a dvida quanto ao seu engajamento ideolgico antiliberal.(PEIXOTO JNIOR, 2003, p. 43) Da pode-se explicar o entusiasmoinicial em relao ao integralismo.

    No arranjo do jogo poltico local, Altamirando Requio obtm dogovernador Juracy Magalhes apoio sua candidatura a deputado federalem 1934. As boas relaes entre oDirio de Notciase a Ao Integralistachegam ao fim quando o governo estadual decide, principalmente apartir de 1936, perseguir tenazmente o movimento integralista noestado. Portanto, a partir desse momento, politicamente fiel aogovernador, Requio passa a comandar a propaganda antiintegralistaem seu jornal. Ao analisar essa questo, Peixoto Jnior, constata acontradio doDirio de Notcias, sob a direo de Altamirando Requio,pois sua poltica editorial

    [...] refletia a tenso entre sua postura editorial, pr-Juracy, esua aproximao com integralismo. Concomitantemente esta situao o jornal se esmerava em noticiar propagandis-ticamente o regime do Terceiro Reich. Nas suas pginas, tantose falava de Magalhes, quanto de Hitler, assim como doIntegralismo. (PEIXOTO JNIOR, 2003, p. 152)

    Por sua vez,A Tardeposicionou-se com discrio e cautela diantedo integralismo. Em suas pginas se denunciou aes repressivasdesencadeadas pelo governo Juracy Magalhes contra integralistas eautonomistas, classificando-as como arbitrariedades cometidas contraa oposio, especialmente em perodos de disputa eleitoral. O episdiodo fechamento pelo governo estadual do ncleo provincial em setembro

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    de 1936, sob a alegao da existncia de planos subversivos dosintegralistas baianos, foi tratado com cautela pelo jornal, no havendonem condenao, nem defesa explcita dos integralistas. Posicionamentosemelhante em discrio, ao aproximar-se do integralismo, teve oDirioda Bahia. Portanto no podemos ignorar que o antijuracisismo consistianum ponto de aproximao poltica entre integralistas e autonomistas.

    Entre 1933-34, o posicionamento de O Imparcialvariava entre oapoio ao autonomismo e o crescente espao cedido ao integralismo.Em 1934, lvaro Martins Catharino entregou a direo do matutino a

    Victor Hugo Aranha, natural do Rio Grande do Norte tambm apontadocomo um dos proprietrios do jornal.2Vindo do Rio de Janeiro, essejornalista logo despontou como um dos principais lderes integralistasno estado, assumindo o cargo de chefe provincial do Departamento dePropaganda, tambm integrou a Cmara dos Quarenta, rgo consultivoda AIB. Em julho de 1937, Victor Hugo Aranha assumiu a chefiaprovincial, dirigindo-a at a extino da Ao Integralista Brasileira. Sobsua direo, a propaganda integralista ganha crescente espao em OImparcial, se intensificando a partir de 1935, a ponto de transformaresse jornal numa espcie de porta-voz do integralismo na Bahia(SAMPAIO, 1985), porm no perdeu seu carter noticioso, abordandoassuntos do interesse de diferentes segmentos da sociedade.

    Ao atentarmos para a linha editorial de O Imparcialfomos levadosa cogitar dois fatores que teriam levado o seu proprietrio lvaroCatharino a apoiar o integralismo na Bahia: primeiro, o temor em relaoa crescente influncia das ideologias de esquerda junto ao operariadolocal e, segundo, o antijuracisismo, pois o prprio tornou-se deputadoestadual pela sigla da Concentrao Autonomista.

    No incio da dcada seguinte, o pas encontrava-se num contextopoltico marcado pelo regime autoritrio do Estado Novo, em mbitolocal representado pela interventoria de Landulpho Alves. No planoexterno, a Segunda Guerra Mundial se desenrolava de incio distantedos brasileiros, mas que em pouco tempo atingiu o pas, culminandocom o envolvimento direto do Brasil no conflito com a declarao deguerra contra as naes do Eixo em 1943 e o envio Itlia da Fora

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    Expedicionria Brasileira (FEB) no ano seguinte. Neste perodo, OImparcialpassou por mudanas significativas, ingressando numa novafase aps mudar de mos, passando a pertencer a Franklin LinsAlbuquerque. A partir de ento, por razes que discutiremos maisadiante, o comportamento editorial deste jornal mudou em relao aointegralismo e outras correntes ideolgicas.

    Portanto, visando compreender a relao de O Imparcialem suatrajetria com a Ao Integralista Brasileira, podemos definir duas fasesdistintas na sua poltica editorial. A primeira nos anos 30, pr-

    integralista, caracterizada pelo compromisso com o movimentointegralista, especialmente na Bahia. E a segunda, antiintegralista,durante a primeira metade da dcada de 40, quando este encampouviolenta campanha de combate ao integralismo.

    Nesta primeira fase, entre os anos de 1933-37 O Imparcialproduziu um discurso jornalstico associando informao e propagandapoltica, esta entendida como [...] empresa organizada para influenciara opinio pblica e dirigi-la. (DOMENACH, 1963, p. 13) Esse tipo depropaganda, difundida pelos instrumentos de mdia destinada smassas, possui

    [...] tendncia totalitria, decorre da fuso da ideologia com apoltica; intimamente ligada progresso ttica, joga comtodas as molas humanas. No se trata mais de umaatividade parcial e passageira, mas da expresso concreta dapoltica em movimento, como vontade de converso, deconquista e de explorao. Est, essa propaganda ligada introduo, na histria moderna, das grandes e sedutorasideologias polticas, tais como o jacobinismo, o marxismo e ofascismo, e ao embate de naes e blocos de naes nas novasguerras. (DOMENACH, 1963, p. 20)

    Como consequncia dessa relao entre propaganda e ideologiaspolticas, originaram-se dois tipos de propaganda: a leninista e ahitlerista. A primeira tem por finalidade a conscientizao de classeutilizando basicamente duas tticas: a denncia que procura revelarao individuo sua real condio social e a palavra de ordem, queintroduz ideias e orienta a ao revolucionria. Portanto procura ir

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    alm da difuso e agitao, promovendo mesmo a educao polticado indivduo. Por outro lado, a propaganda hitlerista objetivafundamentalmente a mobilizao das massas. Ao compar-la com ade tipo leninista (DOMENACH, 1963, p. 39) diz que o:

    [...] hitlerismo corrompeu a concepo leninista depropaganda. Transformando-a numa arma em si, utilizadaindiferentemente para todos os fins. As palavras de ordemleninistas, mesmo ligando-se em definitivo aos instintos e amitos fundamentais, apresentam base racional. Quando,porm, ao dirigir-se s multides fanticas, que lherespondiam gritando Sieg Heil, Hitler invocava o sangue ea raa, importava-lhe apenas sobreexcit-las, nelas incutindoprofundamente o dio e o desejo de poder. Essa propagandano mais designa objetivos concretos; ela se derrama por meiode gritos de guerra, imprecaes, de ameaas, de vagasprofecias e, se faz promessas, essas so a tal ponto malucasque s atingem o ser humano num nvel de exaltao em quea resposta irrefletida. [...] Desde essa poca, a propagandano est mais vinculada a uma progresso ttica, converte-seela mesma em ttica, numa arte particular com leis prprias,to utilizvel como a diplomacia e os exrcitos. Em virtudede sua fora intrnseca, constitui uma verdadeira artilharia

    psicolgica, onde se emprega tudo quanto tenha valor dechoque, onde finalmente a idia no conta, contanto que apalavra penetre.

    A Ao Integralista por sua ideologia e estrutura organizacionalcaracteriza-se como um movimento autoritrio com influncias dofascismo, tendo a propaganda e a doutrinao como instrumentos deconquista e mobilizao das massas para a concretizao de seu projetopoltico. Porm, essa propaganda no se restringia mdia. Lanandomo de variada simbologia: bandeiras, insgnias, uniformes, desfiles,cerimnias pblicas de formatura de milicianos, marchas, entre outros,o movimento integralista procurou reforar a doutrinao de seu militante,e, concomitantemente, persuadir, influenciar o pblico externo, uma vezque essa simbologia transmitia elementos fundamentais de sua ideologiacomo ordem, disciplina, fora, obedincia, hierarquia e patriotismo.Portanto, era fundamental ao movimento diversificar os meios pelos quaissua ideologia deveria ser difundida, de maneira que atingisse amplamente

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    os segmentos sociais. A imprensa, assim, tornou-se vital para o movimento,a comear pela imprensa integralista como destaca Hlgio Trindade (1980,p. 429) O Integralismo foi, provavelmente, o movimento poltico que,na histria do Brasil, mais valorizou a imprensa partidria, seconsiderarmos o grande nmero de jornais e revistas que surgirampatrocinados pelos integralistas.

    Dentre os jornais mais importantes da AIB estavam os peridicosA Ofensiva e oMonitor Integralista, este ltimo funcionava como umdirio oficial do movimento, divulgando diretrizes das lideranas

    nacionais, programas, regulamentos e outros.O Monitor Integralista, em edio de 7 de outubro de 1937, noartigoAs realizaes da AIB, apresentava a imprensa integralista comoum dos grandes feitos da Ao Integralista Brasileira ao longo de suacurta existncia. Essa imprensa era representada pelos peridicos: 105hebdomadrios e quinzenrios espalhados por todas as provncias; trsrevistas ilustradas:Anau, Brasil Feminino eSigma, todas editadas noestado do Rio de Janeiro;Panorama, revista de cultura, editada em SoPaulo; O Monitor In tegral is ta, rgo oficial da AIB; alm deaproximadamente 3 000 boletins, semanais e quinzenais; oito grandesdirios:A Ofensiva, do Rio de Janeiro;A Aco,de So Paulo;Dirio doNordeste, do Recife; A Razo, de Fortaleza; Aco, de So Luiz doMaranho;A Provncia, de Macei; Correio da Noite, de Porto Alegre eO Imparcial, de Salvador. (CAVALARI, 1999)

    Dentre os jornais integralistas da Bahia se encontram: O Imparcial,A Provncia, O Popular, O Operrio eA Voz do Estudante, todos editadosem Salvador;A voz do Sigmae O Jornal, ambos de Jequi; O Sigma, deItabuna;A Faula, de Maragogipe;O Serrinhense, de Serrinha; O Serto,de Lenis;A Mocidade, de Santo Amaro. (CAVALARI, 1999)

    O jornal A Provncia, rgo oficial de imprensa do NcleoProvincial da AIB na Bahia foi fundado em 1934 por iniciativa do chefedo Departamento Provincial de Imprensa, Brasilino de Carvalho,primeiro diretor do jornal. Em editorial, o diretor Ewvaldo Caldas, expsos objetivos do jornal, afirmando ser este um [...] imperativo do grandedesenvolvimento do integralismo na Bahia. Era necessrio trazer

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    informados os ncleos que se formavam por toda parte no interiorbaiano, da marcha do movimento em todo o pas. Era necessriointensificar a idia da propaganda integralista. (A Provncia, ano I, n.5, 28 fev. 1935, p. 8)

    Mais do que manter informados os integralistas da capital einterior,A Provncia,como todos os demais jornais integralistas, tinhatambm a funo de reforar a doutrinao e promover a mobilizaodo militante atravs da uniformidade e padronizao tanto do contedoquanto da forma pela qual este deveria ser publicado e, portanto,

    apresentado ao leitor. Essa padronizao consistia numa das estratgiasadotas pelo movimento integralista, visando garantir sua unidade efortalecimento.

    Os propsitos doutrinrios da imprensa integralista eramatingidos, em grande medida, pela articulao entre o jornal e o livrodoutrinrio, o primeiro popularizava o contedo presente no segundo.Essa bibliografia doutrinria3, composta por dezenas de ttulos entreos quais obras de Plnio Salgado, Gustavo Barroso, Miguel Reale, dentreoutros intelectuais integralistas, tinham seu contedo veiculado pelosjornais de forma mais simplificada, acessvel e uniforme a todo militante,no importando se este vivesse no Rio Grande do Sul, So Paulo, Parou Bahia era fundamental transmitir a doutrina da mesma maneira.(CAVALARI, 1999)

    A uniformidade e padronizao da transmisso da doutrina pelaimprensa integralista eram garantidas por mecanismos de controlecomo a Secretaria Nacional de Imprensa (SNI), Sigma-Jornais Reunidose as Comisses de Imprensa. A Secretaria Nacional de Imprensa tinhaa funo de orientar o exerccio do jornalismo, agindo de acordo com oCdigo de tica do Jornalista do Chefe Nacional. O controle era rgido,e todos os rgos de imprensa integralistas eram obrigados a enviar aoSNI e ao chefe nacional Plnio Salgado um exemplar de cada edio.

    O jornal que no seguisse a orientao do SNI estava sujeito apunies. O consrcio jornalstico Sigma-Jornais Reunidos criado em1935, reunia mais de 88 jornais integralistas que circulavam por todo opas. Este consrcio estava submetido ao SNI que concedia autorizao

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    para a vinculao desses jornais Ao Integralista Brasileira. AsComisses de Imprensa funcionavam junto aos gabinetes dos chefesprovinciais e municipais, cuja funo era selecionar matrias e artigosdoutrinrios e censurar aquelas publicaes que se afastavam daorientao do SNI. Portanto esses trs instrumentos de controle agiam,se articulavam, buscando evitar qualquer desvio na orientao ideolgica.

    A padronizao grfica na imprensa integralista era obtida atravsda utilizao dos mesmos recursos tcnicos e modelo de diagramao.Esta se apresentava de diversas formas, como a utilizao de boxes

    contendo lembretes, manchetes panfletrias, ilustraes em que sedava mais destaque a personalidades do que aos acontecimentos. Eainda havia as colunas de ttulos variados, contendo informaes sobreas atividades realizadas pelo movimento.

    A imprensa integralista estava, portanto, direcionada aos membrosdo movimento, visando, como vimos, a doutrinao e mobilizao dosmesmos. A propaganda, necessria arregimentao de novos adeptos,estava voltada para o pblico externo, uma vez que:

    Por existirem num mundo que no totalitrio, os movimentos

    totalitrios so forados a recorrer ao que comumentechamamos de propaganda. Mas essa propaganda dirigida aum pblico de fora sejam as camadas no-totalitrias dapopulao do pas ou os pases no-totalitrios do exterior [...].(ARENDT, 1979, p. 74)

    A veiculao de sua propaganda atravs da imprensa no-partidria, principalmente pela grande imprensa, era vital s pretensesdo movimento integralista. Consideramos que os jornais se destinavama um conjunto restrito de consumidores, ou seja, a um reduzido pblicoleitor, devido ao altssimo ndice de analfabetismo existente no pas. O

    discurso produzido e veiculado pela imprensa tinha ampla inseroentre os setores mdios da sociedade, influenciando suas opinies.Portanto, entendemos que sendo um dos grandes jornais da imprensabaiana, O Imparcial ao adotar uma linha editorial pr-integralista,tornou-se um importante veculo difusor da propaganda da AoIntegralista Brasileira na Bahia.

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    As atividades da Ao Integralista e sua ideologia ganharam espaoem O Imparcial atravs de notas, comunicados, colunas, sees,editoriais e reportagens. Na coluna intitulada MovimentoIntegralistase informava: reunies doutrinrias, eventos litero-musicais e educaofsica; instalao de departamentos; fundao de ncleos distritais emunicipais; bandeiras; desfiles em comemoraes cvicas; celebraode cerimnias religiosas; desenvolvimento de aes de assistncia social;realizao de cerimnias de casamentos e funerais segundo o ritointegralista alm da instalao de ncleos em colgios, faculdades e

    sindicatos; realizao de congressos integralistas, orientao ao eleitorintegralista; fundao de escolas; denncias contra atos de repressoao integralismo na Bahia e em outros estados; visita de lideranasintegralistas ao estado; ingresso de novos adeptos, cerimnia deformao de milicianos; entre outras.

    O chefe nacional Plnio Salgado e outros lderes foramentrevistados. Na seo Pela Ordem... foram publicados, em 1934,artigos de Antnio Balbino, Guilherme Marback, Renato Couto, e, apartir de 1935, foram freqentes os artigos de integralistas, entre osquais lderes nacionais e locais: Plnio Salgado, Gustavo Barroso, Madeirade Freitas, Joaquim de Arajo Lima, Rubem Nogueira, AlbertoGuerreiro Ramos4, Augusto Alexandre Machado, Afrnio Coutinho5eIsaas Alves.

    A partir de 1937, O Imparcialdestinou quinzenalmente umapgina inteira, intituladaSemana Universitria, a publicao de artigosescritos por estudantes e professorares integralistas do meiouniversitrio e secundarista. Nesses artigos eram discutidos temasrelacionados doutrina integralista e ao pensamento de tericos comoOliveira Vianna e Alberto Torres e, tambm, transcries de textosdesses tericos.

    As atuaes e opinies de polticos integralistas ou simpticos aomovimento apareciam nas sees Cmara Municipal e AssembliaLegislativa. A atuao de Joo Alves dos Santos recebia visibilidade. Asreferncias ao trabalho do vereador integralista eram sempreacompanhadas de fotografia do mesmo. Esse destaque tambm era

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    atribudo aos deputados lvaro Catharino e Raphael Jambeiro em suasatuaes no legislativo estadual.Artigos, notas, comunicados, discursos, declaraes e entrevistas,

    extrados deA Ofensivae jornais do Rio de Janeiro foram transcritos,bem como documentos produzidos pela chefia nacional e provincial, aexemplo doManifesto Integralista, Cdigo de tica Jornalstica da AoIntegralista Brasileira, declaraes oficiais do chefe nacional PlnioSalgado, entre outros. Incluindo tambm transcrio de discursos doslderes nacionais e provinciais transmitidos pelo rdio.

    A relao de O Imparcialcom o rdio no se limitou a transcriode discursos. A rdio Voz dO Imparcial foi criada para servir decomplemento ao jornal. Em sua programao constava a transmissodo noticirio publicado no matutino. Assim, a propaganda integralistaera transmitida regularmente e presumivelmente chegava a um pblicomais amplo. A Ao Integralista utilizou o rdio como instrumento dedoutrinao, como explica Cavalari (1999, p. 125):

    O mais avanado meio de comunicao de massa da poca foiutilizado pela AIB de maneira espordica, isto , a AIB nopossua um horrio fixo ou um programa regular de rdio.Entretanto, atravs de horrio pago nos momentos consideradosdecisivos nao, a palavra do Chefe Nacional chegava, via rdio,s mais distantes regies do pas. Para ouvi-la, os militantes sepreparavam com antecedncia. Em clima de grande expectativaalgumas providncias eram tomadas: convocavam-se reuniescom todos os ncleos integralistas do pas e, no dia marcado, aorao de Plnio Salgado era ouvida pelos camisas-verdes, comreverncia e retransmitida para a populao local, atravs de alto-falantes colocados fora das sedes.

    Forma semelhante de utilizao do rdio foi feita pelos integralistas

    durante a visita de uma bandeira ao municpio de Santo Amaro daPurificao, quando os aparelhos de rdio foram colocados na principalpraa da cidade para que a populao ouvisse o discurso de PlnioSalgado. (O Imparcial, n. 1355, 08 jun. 1936, p.8) Em 03 de agosto de1937, o discurso do chefe nacional da AIB foi transmitido pela RdioMayrink Veiga. O Imparcialtranscreveu esse discurso na ntegra.

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    A propaganda integralista nas pginas de O Imparcialse destinavaao enaltecimento do movimento e seus lderes; transmisso emlinguagem simplificada da ideologia integralista, a minimizar ou omitirfatos considerados negativos imagem da AIB. Assim, a cobertura quaseque diria das aes do movimento integralista, entrelaando na notciainformao e propaganda, permitia o acompanhamento do movimentotanto em relao ao desenvolvimento de sua estrutura organizacional einsero nos diversos segmentos da sociedade, quanto do cotidiano deseus adeptos. E, assim, fazendo com que o integralismo deixasse a

    condio de obscura ideologia, para torn-la realidade conhecida, concretae familiar ao pblico leitor.A expanso do movimento consistia na meta primordial dos lderes

    integralistas baianos aps a instalao do ncleo provincial. O Imparcialdestacava as adeses ao movimento, afirmando que [...] as fileiras dosigma vo engrossando, a pouco e pouco. O movimento integralista dePlnio Salgado vai conquistando terreno, registrando o Ncleo da Bahianumerosas adeses, que se processam espontaneamente, depois deexaminada e compreendida a doutrina integralista. (O Imparcial, n. 981,20 maio 1934, p. 3)

    A divulgao da programao de atividades a serem realizadas peloAIB-BA passava a idia de um movimento poltico organizado, dinmicoe em constante crescimento, a exemplo desta matria sobre a visita dabandeira integralista ao Recncavo.

    Est despertando grande interesse a excurso que o ncleointegralista da Penha vai realizar a Santo Amaro no prximodomingo, dia 09 do corrente. Grande nmero de camisas

    verdes e outras pessoas tomaram parte na viagem que prometegrande entusiasmo. Os excursionistas vo assistir a grande

    concentrao que em Santo Amaro vo realizar os ncleos deMuritiba, Cachoeira, Maragogipe e So Felix, que convergiropara S. Amaro, por terra, outros por mar. Haver a fundao doncleo integralista de S. Amaro realizando-se uma grandiosasesso s 19 horas, em que devero falar o dr. Herbert Fortes,d. Dogmar Fortes, chefe do Departamento Feminino dacapital e Victor Hugo Aranha, chefe do Departamento dePropaganda. tarde ser instalado o ncleo, jurando nessa

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    ocasio, fidelidade ao integralismo os trinta primeiros camisasverdes de Santo Amaro. Na Praa da Purificao, a mais belae importante da cidade, sero instalados aparelhos de rdiopara que todos possam ouvir a voz do Chefe Nacional que vaifalar nesse dia. (O Imparcial,n. 1355, 08 jun. 1936, p. 8)

    Mais do que aproximar o integralismo do pblico, O Imparcialpretendia apresent-lo como uma ideologia aceita amplamente pelasociedade baiana, expressa em adeses ou manifestaes de simpatiae entusiasmo ao movimento. Empregando linguagem sensacionalista,to apropriada propaganda poltica, o jornal fez ampla cobertura do I

    Congresso Integralista da Bahia, em novembro de 1935, o evento maisimportante organizado pelos integralistas baianos. Atribuindo grandemagnitude ao acontecimento, transcreve em manchete a fala do chefenacional:

    Encontrei a Bahia de p! O Integralismo, a grande Revoluodo Esprito, o movimento das supremas aspiraes da ptria,despertou as energias tradicio