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24/12/13 Inteiro Teor (8734331) jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/inteiro_teor.php?orgao=2&documento=8734331&termosPesquisados=montador| calcados| aposentadoria| especial 1/6 RECURSO CÍVEL Nº 5008732-63.2011.404.7108/RS RELATOR : LUÍS HUMBERTO ESCOBAR ALVES RECORRENTE : JOSE CARLOS ROSA ADVOGADO : MAYSA TEREZINHA GARCIA FERNANDES RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ACÓRDÃO ACORDAM os Juízes da 1A TURMA RECURSAL DOS JEFs DO RIO GRANDE DO SUL, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso da parte autora, nos termos do voto do(a) Relator(a). Porto Alegre, 31 de outubro de 2012. Luís Humberto Escobar Alves Juiz Federal Relator Documento eletrônico assinado por Luís Humberto Escobar Alves, Juiz Federal Relator , na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.jfrs.jus.br/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 8734331v5 e, se solicitado, do código CRC D462591B. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): Luís Humberto Escobar Alves Data e Hora: 30/10/2012 18:12 RECURSO CÍVEL Nº 5008732-63.2011.404.7108/RS RELATOR : LUÍS HUMBERTO ESCOBAR ALVES RECORRENTE : JOSE CARLOS ROSA ADVOGADO : MAYSA TEREZINHA GARCIA FERNANDES RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS VOTO

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RECURSO CÍVEL Nº 5008732-63.2011.404.7108/RS

RELATOR : LUÍS HUMBERTO ESCOBAR ALVES

RECORRENTE : JOSE CARLOS ROSA

ADVOGADO : MAYSA TEREZINHA GARCIA FERNANDES

RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ACÓRDÃO

ACORDAM os Juízes da 1A TURMA RECURSAL DOS JEFs DO RIO GRANDEDO SUL, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso da parte autora, nos termos dovoto do(a) Relator(a).

Porto Alegre, 31 de outubro de 2012.

Luís Humberto Escobar AlvesJuiz Federal Relator

Documento eletrônico assinado por Luís Humberto Escobar Alves, Juiz Federal Relator, na forma do

artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26

de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônicohttp://www.jfrs.jus.br/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 8734331v5

e, se solicitado, do código CRC D462591B.

Informações adicionais da assinatura:

Signatário (a): Luís Humberto Escobar Alves

Data e Hora: 30/10/2012 18:12

RECURSO CÍVEL Nº 5008732-63.2011.404.7108/RS

RELATOR : LUÍS HUMBERTO ESCOBAR ALVES

RECORRENTE : JOSE CARLOS ROSA

ADVOGADO : MAYSA TEREZINHA GARCIA FERNANDES

RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

VOTO

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Cuida-se de recurso interposto pela parte autora contra sentença que julgouparcialmente procedentes os pedidos veiculados na inicial.

Tempo de serviço especial

Inicialmente cabe dizer que resta totalmente afastado o alegado cerceamento dedefesa, porquanto foi oportunizado ao demandante juntar toda a documentação possível a fim decomprovar os períodos de trabalho desempenhados em condições especiais (evento 3 - DESP1e evento 14 - DESP1). No mesmo sentido, não havendo indícios de qualquer contradição oufraude nos documentos (DSS8030 e PPP), entendo desnecessária realização de prova pericial afim de comprovar o tempo de serviço especial requerido.

Além disso, o cargo de serviços gerais exercido pelo autor em diversas empresas,conforme CTPS apresentada no evento 11 -PROCADM3-4, impede a utilização de laudo/períciatécnica similar, uma vez que abrange a realização de atividades diferentes, de regra, semespecificidades.

De outra parte, quanto à realização de prova testemunhal, entendo que não sepresta a comprovar atividade especial , a qual depende basicamente de análise técnica dascondições em que o trabalho era exercido.

Dito isso, passo a analisar especificamente os períodos especiais pleiteados.

Vejamos.

Períodos de 10/10/74 a 04/02/77 (empresa Calçados Navio S/A), de 24/08/77a 31/01/80 (empresa Adams S/A - Calçados e Couros Ind. e Comércio), de 18/11/80 a05/09/81 (empresa Calçados Evocri Ltda.), e de 01/08/91 a 31/10/97 (empresa MaxximInd. e Comércio de Calçados e Comp. Ltda- ME)

No tocante a esses interregnos, tenho que a sentença de improcedência deve sermantida pelos próprios fundamentos, uma vez que, conforme já explanado, o autor trabalhavacomo "serviços gerais", não havendo como precisar quais as atividades desempenhadas por eledurante os contratos de trabalho.

Ademais, o formulário preenchido pelo sindicato apenas com base eminformações prestadas pelo próprio segurado ou em sua CTPS, não pode ser acolhido comoprova válida por estar em desacordo com a legislação (art. 58, § 1º, da Lei nº 8.213/91 c/c arts.162 da Instrução Normativa nº 118/2005 e nº 20/2007 do INSS). Nessa linha, já apontou a 1ªTurma Recursal da SJRS que 'em que pese o encerramento das atividades da empresa, oreferido formulário deve ser preenchido pela empresa/empregador (o que poderia ter sidoefetuado à época da prestação do trabalho) ou seu preposto', inexistindo 'previsão nosentido de que o formulário DSS-8030 possa ser preenchido pelo sindicato' (RJEF nº2005.71.95.001035-4/RS, Rel. Juiz Federal Daniel Machado da Rocha, j. 26.10.2005).

Períodos de 01/02/80 a 04/11/80, de 03/11/81 a 19/03/83 (empresa AdamsS/A - Calçados e Couros Ind. e Comércio), de 21/04/83 a 19/07/85 (empresa Ruy Chaves

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S/A Ind. e Comércio), de 24/07/85 a 10/11/88, de 12/12/88 a 22/02/91 (empresa CalçadosLayra Ltda.)

Entendo que os períodos referidos devem ser considerados como laborados emcondições especiais. Isso porque a atividade de "Montador" registrada na CTPS (evento 11 -PROCADM3-4) expunha o autor aos agentes nocivos ruído de até 90 decibéis, cola e solventes(hidrocarbonetos aromáticos), de modo habitual e permanente, conforme laudo pericial emempresa calçadista similar (evento 1 - LAU21-9).

Assim, embora os formulários DSS8030 (evento 11- PROCADM3) tenham sidopreenchidos por Entidade Sindical, a atividade específica de Montador registrada em CTPS e olaudo pericial referido, dão conta de que o autor laborou em condições especiais exposto ahidrocarbonetos, bem como a ruído em intensidade superior a permitida pela legislação, nostermos da Súmula nº 32 da TNU.

Cumpre salientar, que em relação ao agente nocivo ruído, deve ser observada aSÚMULA nº 32 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados EspeciaisFederais, REVISADA em sessão de julgamento realizada em 24/11/2011, que passou a ter aseguinte redação:

" O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para finsde conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência doDecreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, porforça da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando aadministração pública que reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice deruído".

Além disso, seguindo orientação da Turma Regional de Uniformização, é de serconsiderada para aferição da especialidade ou não da atividade a intensidade máxima (pico) deruído. Nesse sentido, as seguintes decisões:

TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. EXPOSIÇÃO A RUÍDO EM DIFERENTES NÍVEIS.IMPOSSIBILIDADE DE VERIFICAÇÃO DA MÉDIA PONDERADA. TEMPO ANTERIOR A1995.Não sendo possível a aplicação da média ponderada e tratando-se de período anterior aLei n. 9.032/95, quando a prova técnica demonstrar que em parte da jornada aexposição ao ruído se dava acima dos níveis máximos, deverá ser reconhecida a

atividade especial.(IUJEF 0008655-57.2009.404.7255/SC, Rel. Juíza Federal Luísa Gamba).

TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. EXPOSIÇÃO A RUÍDO EM DIFERENTES NÍVEIS.DOSIMETRIA. PICOS DE RUÍDO. TEMPO POSTERIOR A 1995.Quando não for possível a aferição do ruído pela média ponderada e tratando-se deperíodo posterior à Lei n. 9.032/95, deve-se utilizar o critério dos picos de ruído (maiornível de ruído no ambiente durante a jornada de trabalho. (IUJF 0006222-92.2009.404.7251/SC. Relator Juiz Federal Antonio Schenkel)

Ainda, no que respeita ao uso de equipamento de proteção individual ou coletivapelo segurado para a neutralização dos agentes agressivos, e, em consequência, adescaracterização do labor em condições especiais, esta Turma Recursal adota os seguintes

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parâmetros:

(a) ruído: "O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que eliminea insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especialprestado." (Súmula 09 da TNU)

(b) demais agentes agressivos: A utilização de equipamento de proteção individual- EPI ou de proteção coletiva - EPC somente descaracteriza a especialidade do tempo de serviçose comprovado, por laudo técnico, a sua real efetividade, bem como a intensidade da proteçãopropiciada ao trabalhador. (TRU - IUJEF 2007.72.95.001463-2/SC, D.E. 17/09/2008).

Logo, o demandante faz jus ao reconhecimento como especial dos interregnos de01/02/80 a 04/11/80, de 03/11/81 a 19/03/83, de 21/04/83 a 19/07/85, de 24/07/85 a10/11/88 e de 12/12/88 a 22/02/91.

Período de 01/06/98 a 23/06/2010 - empresa Doublexx Ind. de CalçadosLtda.

Buscando comprovar o labor especial , o autor apresentou o documento PPP noevento 11 - PROCADM6, informando que durante os interregnos de 01/06/98 a 05/05/2009,laborou exposto, de modo habitual e permanente, a colas, solventes e a ruído de até 90 decibéis,fazendo jus, além do intervalo já reconhecido pela sentença proferida pelo juízo a quo, tambéma especialidade dos períodos de 01/06/98 a 30/05/2005 e de 01/09/2008 a 05/05/2009, nostermos da Súmula nº 32 da TNU já referida.

Tempo de Serviço Total

Assim, reconhecido o labor sob condições especiais e convertido para tempocomum (mediante o fator de conversão 1,4) os períodos de 01/02/80 a 04/11/80, de 03/11/81 a19/03/83, de 21/04/83 a 19/07/85, 24/07/85 a 10/11/88, de 12/12/88 a 22/02/91, de 01/06/98a 30/08/2007 e de 01/09/2008 a 05/05/2009, acrescidos ao tempo de 31/05/2005 a30/08/2007 já reconhecidos na sentença exarada no evento 22 - SENT1, verifico que o autoralcançou direito à aposentadoria por tempo de contribuição com RMI de 100% do salário-de-benefício, com os critérios posteriores à Lei 9.876/99, pois computou na DER, em23/06/2010, 41 anos, 10 meses e 01 dia de tempo de serviço.

Cumpre dizer, que o autor não logrou alcançar tempo de serviço mínimo para aconcessão de aposentadoria, de acordo com as regras anteriores à EC nº 20/98, uma vez quealcançou apenas 26 anos, 06 meses e 23 dias; nem tão pouco atingiu o tempo mínimo e a idademínima prevista para a aplicação da regra de transição nos termos do art. 9º da mesma emendaconstitucional, uma vez que nascido em 13/07/55.

Importa referir, por fim, que o autor não laborou exposto a condições insalubresdurante 25 anos ou mais (tempo de serviço especial sem conversão) até a DER, em23/06/2010, de modo que improcede o pedido de concessão de aposentadoria especial nostermos do art. 57 da Lei n° 8.213/91.

Cálculo das parcelas vencidas e vencidas em conformidade com a sentençaproferida no evento 22 - SENT1.

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Decisão

A decisão da Turma Recursal assim proferida, no âmbito dos Juizados Especiais, ésuficiente para interposição de quaisquer recursos posteriores.

O prequestionamento é desnecessário no âmbito dos Juizados Especiais Federais.Isso porque o art. 46 da Lei 9.099/95 dispensa a fundamentação do acórdão. Com isso, nospedidos de uniformização de jurisprudência não há qualquer exigência de que a matéria tenhasido prequestionada. Para o recebimento de Recurso Extraordinário, igualmente, não se há deexigir, tendo em vista a expressa dispensa pela lei de regência dos Juizados Especiais, o quediferencia do processo comum ordinário.

Todavia, para evitar embargos futuros, dou por expressamente prequestionadostodos os dispositivos indicados pelas partes nos presentes autos, para fins do art. 102, III, daConstituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos e art. 15, caput,da Lei 10.259/2001. A repetição dos dispositivos é desnecessária, a fim de não causartautologia.

Importa destacar que "o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não estáobrigado a refutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão somente, aqueles queefetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema" (STJ, Resp 717265, DJ de 12/03/2007,p. 239).

Em assim sendo, rejeito todas as alegações que não tenham sido expressamenterefutadas nos autos, porquanto desnecessária sua análise para chegar à conclusão alcançada.

Dessa forma, o voto é por dar parcial provimento ao recurso da parte autora, a fimde reconhecer como tempo de serviço especial os períodos de 01/02/80 a 04/11/80, de03/11/81 a 19/03/83, de 21/04/83 a 19/07/85, 24/07/85 a 10/11/88, de 12/12/88 a 22/02/91,de 01/06/98 a 30/08/2007 e de 01/09/2008 a 05/05/2009, mediante o fator de conversão de1,4, e a revisar o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição n º 153.608.879-7,desde a DER, em 23/06/2010, nos termos da fundamentação.

Sem custas e sem condenação em honorários advocatícios por não haverrecorrente vencido.

Ante o exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso da parte autora.

Luís Humberto Escobar AlvesJuiz Federal Relator

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de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônicohttp://www.jfrs.jus.br/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 8734329v8

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