Inteiro Teor - ADC 19 (Maria Da Penha)

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    Ementa e Aórdão

    09/02/2012 PLENÁRIO

    AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 DISTRITO FEDERAL

    RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIOREQTE.(S) :PRESIDENTE DA REPÚBLICA AD.(A / S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO INTDO.(A / S) :CONSELHO  FEDERAL  DA  ORDEM  DOS 

    ADVOGADOS DO BRASIL AD.(A / S) :MAURÍCIO GENTIL MONTEIRO INTDO.(A / S) :THEMIS  - ASSESSORIA  JURÍDICA  E  ESTUDOS  DE 

    GÊNERO INTDO.(A / S) : IPÊ  - INSTITUTO  PARA  A  PROMOÇÃO  DA 

    EQUIDADE INTDO.(A / S) : INSTITUTO ANTÍGONA AD.(A / S) :RÚBIA ABS DA CRUZ INTDO.(A / S) : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO DE FAMILIA -

    IBDFAM 

    AD.(A / S) :RODRIGO DA CUNHA PEREIRA 

    VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI N !!"#$%&%' – GÊNEROSMASCULINO E FEMININO – TRATAMENTO DIFERENCIADO" O()*+, ! .( L/+ 0 !!"#$%&%' 12),/3 14 50,26 . *)(*(7/0*.+8/)/09+(. /0*)/ 1 ,:0/)1 – 726;/) / ;7/7 –3 ;()7 F/./)(63 0 ?2/ 0/9/11@)+( ( )*/=> (0*/ (1 /926+()+.(./181+9( / 7)(6 .( 726;/) / ( 926*2)( 4)(1+6/+)("

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    VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER –REGÊNCIA – LEI N "%& – AFASTAMENTO" O ()*+, $! .( L/+ 0

    Documento assinado digitalmente conforme MP n°2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O

    documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1801929.

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    09/02/2012 PLENÁRIO

    AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 DISTRITO FEDERAL

    RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIOREQTE.(S) :PRESIDENTE DA REPÚBLICA AD.(A / S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO INTDO.(A / S) :CONSELHO  FEDERAL  DA  ORDEM  DOS 

    ADVOGADOS DO BRASIL AD.(A / S) :MAURÍCIO GENTIL MONTEIRO INTDO.(A / S) :THEMIS  - ASSESSORIA  JURÍDICA  E  ESTUDOS  DE 

    GÊNERO INTDO.(A / S) : IPÊ  - INSTITUTO  PARA  A  PROMOÇÃO  DA 

    EQUIDADE INTDO.(A / S) : INSTITUTO ANTÍGONA AD.(A / S) :RÚBIA ABS DA CRUZ INTDO.(A / S) : INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO DE FAMILIA -

    IBDFAM 

    AD.(A / S) :RODRIGO DA CUNHA PEREIRA 

    R E L A T Ó R I O

    O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO A!"#"$ % #'(" !)*)(%#+*,"$ % ,./"*0%12) 3*)#%!% 3)(% A)"*,%4

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    Supremo Tribunal Federal 

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    Supremo Tribunal Federal 

    ADC 19 / DF

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    ADC 19 / DF

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    Vto MIN MAR C O AU R ÉIO

    09/02/2012 PLENÁRIO

    AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 DISTRITO FEDERAL

    V O T O

    O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) – O

    conhecimento da ação deca!at"!ia !ecama a e#i$t%ncia de cont!o&'!$ia dicia !ee&ante $o*!e a a+icação do$ +!eceito$ em e#ame, a+ta a -e!a!in$e-!ança !.dica e a a/a$ta! a +!e$nção de e-itimidade do atono!mati&o0 1eco!!e o !e2i$ito da conce+ção +!'&ia $o*!e acon$titcionaidade do$ ato$ editado$ +eo Con-!e$$o Naciona0

    A$ deci$3e$ ntada$ 4 /oha 55 4 667, a &e!$a!em $o*!e a a+icaçãodo$ a!ti-o$ 68, 99 e :6 da Lei n8 6609:;, de !o$$o do S, do Rio de =anei!o, de Mina$ >e!ai$ edo Rio >!ande do S, o!a $e deca!a im+ica! a Lei Ma!ia da ?enhao/en$a ao$ +!inc.+io$ da i-adade e da +!o+o!cionaidade, o!a $e !emeteo -amento da$ in/!aç3e$ +enai$ +!aticada$ com &io%ncia dom'$ticacont!a a mhe! +a!a o$ i@ado$ e$+eciai$, o!a $e dete!mina a a+icaçãodo$ in$titto$ de$+enai@ado!e$ +!e&i$to$ na Lei n8 0;, de 65, com

     *a$e na $+o$ta incon$titcionaidade da e#ceção c!iada +eo a!ti-o :6 dano!ma0 Em $entido cont!B!io, /o!am ane#ado$ a deci$ão monoc!Btica+!o/e!ida +eo Mini$t!o =oa2im a!*o$a no Habeas Corpus n8 e!ai$, a demon$t!a!em, ne$$eGtimo ca$o, a e#i$t%ncia de di&e!-%ncia !i$+!dencia dent!o do +!"+!iot!i*na minei!o0

    Ve!i/icada a cont!o&'!$ia dicia !ee&ante ace!ca do tema, no$

    te!mo$ do a!ti-o 6:, inci$o III, da Lei n8 0D7D, de 6, +a$$o ao e#ame dom'!ito0

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    Vto MIN MAR C O AU R ÉIO

    ADC 19 / DF

    No -amento do Habeas Corpus n8 6;70

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    Vto MIN MAR C O AU R ÉIO

    ADC 19 / DF

    co!!eção de !mo$0 Mai$ do 2e i$$o, con/o!me o a!ti-o D,inci$o I, do 1i+oma Maio!, a de/inição de in/!ação +ena de

    meno! +otencia o/en$i&o, $*metendoa ao -amento do$ i@ado$ e$+eciai$, de+ende de o+ção +o.ticono!mati&a do$!e+!e$entante$ do +o&o o$ 1e+tado$ ede!ai$ e do$!e+!e$entante$ do$ E$tado$ o$ Senado!e$ da Re+G*ica0 No ca$o,ante at' me$mo o t!ato e$+ecia da mat'!ia, a/a$to$e,mediante o a!ti-o :6 da denominada Lei Ma!ia da ?enha, aa+ica*iidade da Lei n8 0;, de

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    Vto MIN MAR C O AU R ÉIO

    ADC 19 / DF

     !.dicocon$titciona, 4 +!oc!a do a&anço ct!a, aonece$$B!io com*ate 4$ &e!-onho$a$ e$tat.$tica$ do de$+!e@o 4$

    /am.ia$ con$ide!ada a c'a *B$ica 2e ' a mhe!0

    em anda!am o =.@o, o T!i*na de =$tiça e o S+e!io!T!i*na de =$tiça, e$te$ doi$ Gtimo$ ao mante!em o 2ad!odeci$"!io /o!mai@ado, 2e !e$to na a+icação da +ena de2in@e dia$ de +!i$ão $im+e$ $*$tit.da +o! !e$t!iti&a dedi!eito$ con$i$tente na +!e$tação de $e!&iço$ 4 comnidade,aiB$ me!a ad&e!t%ncia a ini*i! a !eite!ação de +!Btica da$ mai$condenB&ei$0

    Inde/i!o a o!dem, deca!ando a con$titcionaidade doa!ti-o :6 da Lei n8 6609:;;7, ca im+o!tncia +a!a a+!e$e!&ação do$ inte!e$$e$ maio!e$ da $ociedade e2i+a!a$e, $e' 2e não $+anta, 4 do$ a&anço$ oco!!ido$ com o C"di-oNaciona de T!n$ito, o C"di-o de 1e/e$a do Con$mido! e aLei de Re$+on$a*iidade i$ca0

    Como dei#a ante&e! a t!an$c!ição, hB tam*'m de $e e#+n-i!2a2e! dG&ida 2anto 4 con$titcionaidade do a!ti-o 68 da Lei Ma!iada ?enha, no 2e e$te, em ca!Bte! int!odt"!io, e#+3e o$ o*eti&o$ e/ndamento$ do ato no!mati&o0 Ao c!ia! mecani$mo$ e$+ec./ico$ +a!acoi*i! e +!e&eni! a &io%ncia dom'$tica cont!a a mhe! e e$ta*eece!medida$ e$+eciai$ de +!oteção, a$$i$t%ncia e +nição, tomando como *a$eo -%ne!o da &.tima, tii@a$e o e-i$ado! de meio ade2ado e nece$$B!io&i$ando /omenta! o /im t!açado +eo a!ti-o

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    Vto MIN MAR C O AU R ÉIO

    ADC 19 / DF

    não deco!!e de /ato!e$ ct!ai$ e $ociai$ e da $a di/e!ença de /o!ça/.$ica ent!e o$ -%ne!o$0

    Na $ea!a inte!naciona, a Lei Ma!ia da ?enha e$tB em ha!moniacom a o*!i-ação, a$$mida +eo E$tado *!a$iei!o, de inco!+o!a!, nae-i$ação inte!na, a$ no!ma$ +enai$, ci&i$ e admini$t!ati&a$ nece$$B!ia$+a!a +!e&eni!, +ni! e e!!adica! a &io%ncia cont!a a mhe!, ta como+!e&i$to no a!ti-o F8, item PcQ, da Con&enção de e'm do ?a!B e emot!o$ t!atado$ inte!nacionai$ !ati/icado$ +eo +a.$0

    So* a "+tica con$titciona, a no!ma tam*'m ' co!oB!io daincid%ncia do +!inc.+io da +!oi*ição de +!oteção in$/iciente do$ di!eito$

    /ndamentai$, na medida em 2e ao E$tado com+ete a adoção do$ meio$im+!e$cind.&ei$ 4 e/eti&a conc!eti@ação de +!eceito$ contido$ na Ca!ta daRe+G*ica0 A a*$tenção do E$tado na +!omoção da i-adade de -%ne!o$e a omi$$ão no cm+!imento, em maio! o meno! e#ten$ão, de /inaidadeim+o$ta +eo 1i+oma Maio! im+icam $itação da maio! -!a&idade+o.tico!.dica, +oi$ dei#o ca!o o con$titinte o!i-inB!io 2e,mediante in'!cia, +ode o E$tado *!a$iei!o tam*'m cont!a!ia! o 1i+omaMaio!0

    A Lei Ma!ia da ?enha !eti!o da in&i$i*iidade e do $i%ncio a &.timade ho$tiidade$ oco!!ida$ na +!i&acidade do a! e !e+!e$ento mo&imentoe-i$ati&o ca!o no $entido de a$$e-!a! 4$ mhe!e$ a-!edida$ o ace$$oe/eti&o 4 !e+a!ação, 4 +!oteção e 4 =$tiça0 A no!ma miti-a !eaidade dedi$c!iminação $ocia e ct!a 2e, en2anto e#i$tente no +a.$, e-itima aadoção de e-i$ação com+en$at"!ia a +!omo&e! a i-adade mate!ia,$em !e$t!in-i!, de manei!a de$a!!a@oada, o di!eito da$ +e$$oa$

    +e!tencente$ ao -%ne!o ma$cino0 A dimen$ão o*eti&a do$ di!eito$/ndamentai$, &ae !e$$ata!, !ecama +!o&id%ncia$ na $a&a-a!da do$

     *en$ +!ote-ido$ +ea Lei Maio!, 2e! mate!iai$, 2e! !.dico$, $endoim+o!tante em*!a! a +!oteção e$+ecia 2e me!ecem a /am.ia e todo$ o$$e$ inte-!ante$0

    Ne$$a inha, o me$mo e-i$ado! B edito mic!o$$i$tema$ +!"+!io$,em oca$i3e$ ante!io!e$, a /im de con/e!i! t!atamento di$tinto e +!oteçãoe$+ecia a ot!o$ $eito$ de di!eito em $itação de hi+o$$/ici%ncia, como

    5

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    Supremo Tribunal Federal 

    ADC 19 / DF

    não deco!!e de /ato!e$ ct!ai$ e $ociai$ e da $a di/e!ença de /o!ça/.$ica ent!e o$ -%ne!o$0

    Na $ea!a inte!naciona, a Lei Ma!ia da ?enha e$tB em ha!moniacom a o*!i-ação, a$$mida +eo E$tado *!a$iei!o, de inco!+o!a!, nae-i$ação inte!na, a$ no!ma$ +enai$, ci&i$ e admini$t!ati&a$ nece$$B!ia$+a!a +!e&eni!, +ni! e e!!adica! a &io%ncia cont!a a mhe!, ta como+!e&i$to no a!ti-o F8, item PcQ, da Con&enção de e'm do ?a!B e emot!o$ t!atado$ inte!nacionai$ !ati/icado$ +eo +a.$0

    So* a "+tica con$titciona, a no!ma tam*'m ' co!oB!io daincid%ncia do +!inc.+io da +!oi*ição de +!oteção in$/iciente do$ di!eito$

    /ndamentai$, na medida em 2e ao E$tado com+ete a adoção do$ meio$im+!e$cind.&ei$ 4 e/eti&a conc!eti@ação de +!eceito$ contido$ na Ca!ta daRe+G*ica0 A a*$tenção do E$tado na +!omoção da i-adade de -%ne!o$e a omi$$ão no cm+!imento, em maio! o meno! e#ten$ão, de /inaidadeim+o$ta +eo 1i+oma Maio! im+icam $itação da maio! -!a&idade+o.tico!.dica, +oi$ dei#o ca!o o con$titinte o!i-inB!io 2e,mediante in'!cia, +ode o E$tado *!a$iei!o tam*'m cont!a!ia! o 1i+omaMaio!0

    A Lei Ma!ia da ?enha !eti!o da in&i$i*iidade e do $i%ncio a &.timade ho$tiidade$ oco!!ida$ na +!i&acidade do a! e !e+!e$ento mo&imentoe-i$ati&o ca!o no $entido de a$$e-!a! 4$ mhe!e$ a-!edida$ o ace$$oe/eti&o 4 !e+a!ação, 4 +!oteção e 4 =$tiça0 A no!ma miti-a !eaidade dedi$c!iminação $ocia e ct!a 2e, en2anto e#i$tente no +a.$, e-itima aadoção de e-i$ação com+en$at"!ia a +!omo&e! a i-adade mate!ia,$em !e$t!in-i!, de manei!a de$a!!a@oada, o di!eito da$ +e$$oa$

    +e!tencente$ ao -%ne!o ma$cino0 A dimen$ão o*eti&a do$ di!eito$/ndamentai$, &ae !e$$ata!, !ecama +!o&id%ncia$ na $a&a-a!da do$

     *en$ +!ote-ido$ +ea Lei Maio!, 2e! mate!iai$, 2e! !.dico$, $endoim+o!tante em*!a! a +!oteção e$+ecia 2e me!ecem a /am.ia e todo$ o$$e$ inte-!ante$0

    Ne$$a inha, o me$mo e-i$ado! B edito mic!o$$i$tema$ +!"+!io$,em oca$i3e$ ante!io!e$, a /im de con/e!i! t!atamento di$tinto e +!oteçãoe$+ecia a ot!o$ $eito$ de di!eito em $itação de hi+o$$/ici%ncia, como

    5

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  • 8/20/2019 Inteiro Teor - ADC 19 (Maria Da Penha)

    16/72

    Vto MIN MAR C O AU R ÉIO

    ADC 19 / DF

    $e de+!eende da a+!o&ação +eo Con-!e$$o Naciona do$ E$tatto$ doIdo$o e da C!iança e do Adoe$cente0

    Mo$t!a$e tam*'m con$titciona o +!eceito +!e&i$to no a!ti-o 99 daLei em e#ame, $e-ndo o 2a, Pen2anto não e$t!t!ado$ o$ =i@ado$de Vio%ncia 1om'$tica e amiia! cont!a a Mhe!, a$ &a!a$ c!iminai$acma!ão a$ com+et%ncia$ c.&e e c!imina +a!a conhece! e -a! a$ca$a$ deco!!ente$ da +!Btica de &io%ncia dom'$tica e /amiia! cont!a amhe!, o*$e!&ada$ a$ +!e&i$3e$ do T.to IV de$ta Lei, $*$idiada +eae-i$ação +!oce$$a +e!tinenteQ0

    Não hB o/en$a ao$ a!ti-o$ 7, inci$o I, a.nea PaQ, e 6

  • 8/20/2019 Inteiro Teor - ADC 19 (Maria Da Penha)

    17/72

    Vto MIN MAR C O AU R ÉIO

    ADC 19 / DF

    +!e!!o-ati&a da União de e$ta*eece! !e-!a$ $o*!e +!oce$$o e, emcon$e2%ncia, edita! no!ma$ 2e aca*am +o! in/encia! a atação do$

    "!-ão$ !i$dicionai$ ocai$0A$$im, o*$e!&a$e a e#i$t%ncia da$ no!ma$ -e!ai$ !eati&a$ 4

    com+et%ncia no$ +!"+!io$ C"di-o$ de ?!oce$$o Ci&i e ?ena e na Lei n80;, de 65, na 2a $ão e$+eci/icada$ a$ at!i*iç3e$ do$ i@ado$e$+eciai$ c.&ei$ e c!iminai$0 Im+o!ta menciona!, mai$, a Lei de a%ncia$0Se-ndo e$$e di+oma, ca*e ao i@ c!imina do -a! onde dec!etada a/a%ncia a e#c$i&idade +a!a -a! o$ c!ime$ nea +!e&i$to$0 O a!ti-o 8da Lei n8 0

  • 8/20/2019 Inteiro Teor - ADC 19 (Maria Da Penha)

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    Vto MIN R OSAWEBER

    09/02/2012 PLENÁRIO

    AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 DISTRITO FEDERAL

    V O T O

    A Senhora !n!"#ra Ro"a $e%er& Trata-se de ação declaratória deconstitucionalidade, com pedido de medida cautelar, ajuizada pela

    Presidência da República, a respeito dos arts. 1º, e !1 da "ei11.!#$%##& ' "ei (aria da Pen)a ' de se*uinte teor+

    rt. 1º - Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a

    violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o doart. 226 da Constituiço !ederal, da Convenço sobre a Eliminaço de"odas as !ormas de #iolência contra a $ulher, da Convenço%nteramericana para &revenir, &unir e Erradicar a #iolência contra a

     $ulher e de outros tratados internacionais ratificados pela 'ep(blica!ederativa do )rasil* disp+e sobre a criaço dos ui-ados de #iolênciaoméstica e !amiliar contra a $ulher* e estabelece medidas deassistência e proteço /s mulheres em situaço de violência domésticae familiar

     0rt. 11. Enuanto no estruturados os ui-ados de #iolênciaoméstica e !amiliar contra a $ulher, as varas criminais acumularo

    as competências c3vel e criminal para conhecer e 4ul5ar as causasdecorrentes da prtica de violência doméstica e familiar contra amulher, observadas as previs+es do "3tulo %# desta Lei, subsidiada pelale5islaço processual pertinente.

     0rt. 7. 0os crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, no seaplica a Lei no 9.:99, de 26 de setembro de 99;.

    /0amino os dispositios 2uestionados.

    Supremo Tribunal Federal 

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    Supremo Tribunal Federal 

    09/02/2012 PLENÁRIO

    AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 DISTRITO FEDERAL

    V O T O

    A Senhora !n!"#ra Ro"a $e%er& Trata-se de ação declaratória deconstitucionalidade, com pedido de medida cautelar, ajuizada pela

    Presidência da República, a respeito dos arts. 1º, e !1 da "ei11.!#$%##& ' "ei (aria da Pen)a ' de se*uinte teor+

    rt. 1º - Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a

    violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o doart. 226 da Constituiço !ederal, da Convenço sobre a Eliminaço de"odas as !ormas de #iolência contra a $ulher, da Convenço%nteramericana para &revenir, &unir e Erradicar a #iolência contra a

     $ulher e de outros tratados internacionais ratificados pela 'ep(blica!ederativa do )rasil* disp+e sobre a criaço dos ui-ados de #iolênciaoméstica e !amiliar contra a $ulher* e estabelece medidas deassistência e proteço /s mulheres em situaço de violência domésticae familiar

     0rt. 11. Enuanto no estruturados os ui-ados de #iolênciaoméstica e !amiliar contra a $ulher, as varas criminais acumularo

    as competências c3vel e criminal para conhecer e 4ul5ar as causasdecorrentes da prtica de violência doméstica e familiar contra amulher, observadas as previs+es do "3tulo %# desta Lei, subsidiada pelale5islaço processual pertinente.

     0rt. 7. 0os crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, no seaplica a Lei no 9.:99, de 26 de setembro de 99;.

    /0amino os dispositios 2uestionados.

    Supremo Tribunal Federal 

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    19/72

    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    Ar#!'o 1(3 autor pede seja o art. 1º da "ei (aria da Pen)a declarado

    constitucional 4 luz do princ5pio da i*ualdade 6art. 7º, 8, da 9:;.Resultado de denúncia apresentada na 9omissão 8nteramericana de

    ncia com relação 4 iolência contra a mul)er, 2ue leou 4elaboração ' por um *rupo interministerial, a partir de anteprojetocun)ado por or*anizaç?es não-*oernamentais ' do projeto de lei 2ueculminou na aproação da "ei 11.!#$%##&, a c)amada "ei (aria daPen)a, o processo de elaboração, discussão e, @inalmente, aproação e

    i*ência dessa "ei, alAm de ter contado com intensa participação dediersos setores do /stado e da sociedade ciil, resultou dorecon)ecimento, no plano do sistema re*ional de proteção internacionaldos direitos )umanos, da permanência de uma d5ida )istórica do /stado

     brasileiro em relação 4 adoção de mecanismos e@icazes de preenção,combate e punição da iolência de *ênero.

    9omo A sabido, (aria da Pen)a A uma pro@essora uniersitBria declasse mAdia 2ue irou s5mbolo da iolência domAstica contra a mul)erpor ter sido 5tima, em duas oportunidades, de tentatia de )omic5diopor seu marido ' tambAm pro@essor uniersitBrio, na dAcada de C# ' aprimeira com um tiro, 2ue a dei0ou paraplA*ica, a se*unda pora@o*amento e eletrocussão ' e a punição só eio por inter@erência deor*anismos internacionais.

    Desse sentido, a 9omissão 8nteramericana de ncia das obri*aç?es por eleassumidas ' ao tomar parte da 9onenção 8nteramericana para Preenir,Punir e /rradicar a Eiolência 9ontra a (ul)er 69onenção de FelAm doParB;, de 1GG! ' de condenar todas as @ormas de iolência contra amul)er, seja pelo insucesso em a*ir, seja pela toler>ncia com a iolência. !ne-!.!n.!a "e,e#!+a do sistema judicial brasileiro, em relação 4 iolênciadomAstica, @oi tida como e+!n.!a e #ra#aen#o !".r!!na#r!o  paracom a iolência de *ênero 69@r. $aria da &enha v. )rasil , HH 77 e 7&;.

    %

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    Supremo Tribunal Federal 

    ADC 19 / DF

    Ar#!'o 1(3 autor pede seja o art. 1º da "ei (aria da Pen)a declarado

    constitucional 4 luz do princ5pio da i*ualdade 6art. 7º, 8, da 9:;.Resultado de denúncia apresentada na 9omissão 8nteramericana de

    ncia com relação 4 iolência contra a mul)er, 2ue leou 4elaboração ' por um *rupo interministerial, a partir de anteprojetocun)ado por or*anizaç?es não-*oernamentais ' do projeto de lei 2ueculminou na aproação da "ei 11.!#$%##&, a c)amada "ei (aria daPen)a, o processo de elaboração, discussão e, @inalmente, aproação e

    i*ência dessa "ei, alAm de ter contado com intensa participação dediersos setores do /stado e da sociedade ciil, resultou dorecon)ecimento, no plano do sistema re*ional de proteção internacionaldos direitos )umanos, da permanência de uma d5ida )istórica do /stado

     brasileiro em relação 4 adoção de mecanismos e@icazes de preenção,combate e punição da iolência de *ênero.

    9omo A sabido, (aria da Pen)a A uma pro@essora uniersitBria declasse mAdia 2ue irou s5mbolo da iolência domAstica contra a mul)erpor ter sido 5tima, em duas oportunidades, de tentatia de )omic5diopor seu marido ' tambAm pro@essor uniersitBrio, na dAcada de C# ' aprimeira com um tiro, 2ue a dei0ou paraplA*ica, a se*unda pora@o*amento e eletrocussão ' e a punição só eio por inter@erência deor*anismos internacionais.

    Desse sentido, a 9omissão 8nteramericana de ncia das obri*aç?es por eleassumidas ' ao tomar parte da 9onenção 8nteramericana para Preenir,Punir e /rradicar a Eiolência 9ontra a (ul)er 69onenção de FelAm doParB;, de 1GG! ' de condenar todas as @ormas de iolência contra amul)er, seja pelo insucesso em a*ir, seja pela toler>ncia com a iolência. !ne-!.!n.!a "e,e#!+a do sistema judicial brasileiro, em relação 4 iolênciadomAstica, @oi tida como e+!n.!a e #ra#aen#o !".r!!na#r!o  paracom a iolência de *ênero 69@r. $aria da &enha v. )rasil , HH 77 e 7&;.

    %

    Supremo Tribunal Federal 

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    20/72

    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    Iou das 2ue compartil)am do entendimento de 2ue a "ei (aria daPen)a inau*urou uma noa @ase no iter das aç?es a@irmatias em @aor da

    mul)er brasileira, consistindo em erdadeiro microssistema de proteção 4@am5lia e 4 mul)er, a contemplar, inclusie, norma de direito do trabal)o.

    "ei 11.!#$%##&, batizada em )omena*em a (aria da Pen)a,traduz a luta das mul)eres por recon)ecimento, constituindo marco)istórico com peso e@etio, mas tambAm com dimensão simbólica, e 2uenão pode ser ames2uin)ada, ensombrecida, des@i*urada, desconsiderada.Iinaliza mudança de compreensão em cultura e sociedade de iolência2ue, de tão comum e aceita, se tornou inis5el ' em bri*a de marido e

    mul)er, nin*uAm mete a col)er, pacto de silêncio para o 2ual a mul)ercontribui, seja pela er*on)a, seja pelo medo.

    3 objetio da "ei (aria da Pen)a A .o!%!r  e )re+en!r  a iolênciadomAstica e @amiliar contra a mul)er. 3r*anicamente, insere-se noconte0to, iniciado nos anos G#, de especialização da le*islação em @ace dosdistintos modos de apresentação da iolência na sociedade, com@re2uente amparo em dados estat5sticos. ssim como, para @icar comapenas al*uns e0emplos dessa tendência normatia, o /statuto da9riança e do dolescente trata de @orma especializada da iolência contraa criança, o 9ódi*o de nsito en@renta a especialidade da iolência no tr>nsito, namesma lin)a identi@icam-se aborda*ens especializadas de di@erentes@ormas de iolência no /statuto do 8doso, na "ei de 9rimes mbientais e,por @im, na "ei (aria da Pen)a.

    /sta 9orte Iuprema jB se mani@estou, em duas ocasi?es, ao jul*amento de habeas corpus , sobre os arts. 1& e !1 da "ei (aria da Pen)a.Do jul*amento do =9-GCCC#$(I 6Relator (inistro (arco urAlio de(ello;, entendeu a Primeira Turma 2ue a audiência preista no art. 1& da"ei (aria da Pen)a pressup?e a iniciatia da 5tima isando a a@astar arepresentação. Ii*ni@ica dizer, tratando-se de crime processado medianteação penal pública condicionada 4 representação da o@endida, a audiênciasó serB desi*nada se, antes de recebimento da denúncia, a 5tima )ouer

    Supremo Tribunal Federal 

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    Supremo Tribunal Federal 

    ADC 19 / DF

    Iou das 2ue compartil)am do entendimento de 2ue a "ei (aria daPen)a inau*urou uma noa @ase no iter das aç?es a@irmatias em @aor da

    mul)er brasileira, consistindo em erdadeiro microssistema de proteção 4@am5lia e 4 mul)er, a contemplar, inclusie, norma de direito do trabal)o.

    "ei 11.!#$%##&, batizada em )omena*em a (aria da Pen)a,traduz a luta das mul)eres por recon)ecimento, constituindo marco)istórico com peso e@etio, mas tambAm com dimensão simbólica, e 2uenão pode ser ames2uin)ada, ensombrecida, des@i*urada, desconsiderada.Iinaliza mudança de compreensão em cultura e sociedade de iolência2ue, de tão comum e aceita, se tornou inis5el ' em bri*a de marido e

    mul)er, nin*uAm mete a col)er, pacto de silêncio para o 2ual a mul)ercontribui, seja pela er*on)a, seja pelo medo.

    3 objetio da "ei (aria da Pen)a A .o!%!r  e )re+en!r  a iolênciadomAstica e @amiliar contra a mul)er. 3r*anicamente, insere-se noconte0to, iniciado nos anos G#, de especialização da le*islação em @ace dosdistintos modos de apresentação da iolência na sociedade, com@re2uente amparo em dados estat5sticos. ssim como, para @icar comapenas al*uns e0emplos dessa tendência normatia, o /statuto da9riança e do dolescente trata de @orma especializada da iolência contraa criança, o 9ódi*o de nsito en@renta a especialidade da iolência no tr>nsito, namesma lin)a identi@icam-se aborda*ens especializadas de di@erentes@ormas de iolência no /statuto do 8doso, na "ei de 9rimes mbientais e,por @im, na "ei (aria da Pen)a.

    /sta 9orte Iuprema jB se mani@estou, em duas ocasi?es, ao jul*amento de habeas corpus , sobre os arts. 1& e !1 da "ei (aria da Pen)a.Do jul*amento do =9-GCCC#$(I 6Relator (inistro (arco urAlio de(ello;, entendeu a Primeira Turma 2ue a audiência preista no art. 1& da"ei (aria da Pen)a pressup?e a iniciatia da 5tima isando a a@astar arepresentação. Ii*ni@ica dizer, tratando-se de crime processado medianteação penal pública condicionada 4 representação da o@endida, a audiênciasó serB desi*nada se, antes de recebimento da denúncia, a 5tima )ouer

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    21/72

    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    mani@estado o desejo de renunciar 4 representação. Recebida a denúnciasem not5cia de 2ual2uer mani@estação da parte o@endida no sentido de se

    retratar da propositura da ação penal, a não realização da audiênciaespecialmente desi*nada para tal @inalidade, preista no re@erido art. 1&,não acarreta a nulidade da ação penal.

    seu turno, no jul*amento do =9-1#&%1%$(I, tambAm relatadopelo (inistro (arco urAlio de (ello, o Pleno do Iupremo Tribunal:ederal recon)eceu a constitucionalidade do art. !1 da "ei 11.!#$%##&6"ei (aria da Pen)a;, de modo a a@astar a incidência da "ei G.#GG$1GG76Juizados /speciais;, ainda 2ue se cuidasse, na )ipótese concreta, de

    contraenção, e não de crime stricto sensu , em decisão assim ementada+

    #%C%0 .17:D:6 A 0LC0>CE. "< 0 LE% >

    9.:99D9; A C@"%"C%0L%0E.  $nte a opç"o pol%tico&normati!a pre!ista no artigo '(, inciso ), e a proteç"o !ersada

    no artigo **6, + (º, amos da onstituiç"o -ederal, surge

    harmnico com esta ltima o a#astamento peremptrio da Lei

    nº '.0''/' 2 mediante o artigo 41 da Lei nº 11.340/06 2 no

     processo&crime a re!elar !iolncia contra a mulher .

    Da oportunidade, discutiu-se a constitucionalidade do art. !1 da "ei

    (aria da Pen)a ao e0cluir a aplicação da "ei G.#GG$1GG7, nos delitoscontra a mul)er, inclusie 2uando consubstanciada contraenção penal,a@astando-se a interpretação *ramatical da e0pressão nos crimespraticados com iolência domAstica e @amiliar contra a mul)er. Dohabeas corpus , o paciente buscaa anular o processo por não l)e ter sidoo@erecido o tratamento benA@ico ersado na "ei G.#GG$1GG7, em especial asuspensão do processo 6art. CG;.

    Ks ale*aç?es de 6a; a-ron#a ao ar#3 945 I5 a Con"#!#6!78o a

    !

    Supremo Tribunal Federal 

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  • 8/20/2019 Inteiro Teor - ADC 19 (Maria Da Penha)

    22/72

    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    Re)%,!.a , no 2ue prescree a competência dos juizados especiais para oscrimes de menor potencial o@ensio, e 6b; o@ensa ao )r!n.:)!o a

    !'6a,ae , ao l)e ser con@erido, tomada a pessoa da 5tima como critArio,#ra#aen#o )ro.e""6a, )ena, !-eren.!ao , respondeu esta 9orte, 4primeira, 2ue não )aeria @alar em o@ensa ao postulado isonLmico. situação de dese2uil5brio de @ato en@rentada pela mul)er, e 2ue a "ei(aria da Pen)a eio en@rentar, ;6"#!-!.a o !".r:en. /, 4 se*unda,respondeu 2ue o art. !1 da "ei (aria da Pen)a não colide com o art. GC, 8,da 9:, por2ue esse dispositio constitucional se limita a preer acompetência dos juizados especiais para a conciliação, o jul*amento e a

    e0ecução de in@raç?es penais de menor potencial o@ensio, sem, noentanto, pre@i0ar o seu conteúdo.

    Dessa ordem de ideias, impende ter em mente o amplorecon)ecimento do @ato de 2ue, uma ez marcadas, em uma sociedademac)ista e patriarcal como a nossa, as relaç?es de *ênero, pelodese2uil5brio de poder, a concretização do princ5pio isonLmico 6art. 7º, 8,da "ei (aior;, nessa es@era ' relaç?es de *ênero ' reclama a adoção deaç?es e instrumentos a@irmatios oltados, e0atamente, 4 neutralização dasituação de dese2uil5brio.

    9om e@eito, a 9onstituição e0pressamente con@ere 4 mul)er, emal*uns dispositios, tratamento di@erenciado, protetio, na perspectiade, nas palaras da (inistra 9Brmen "úcia, acertar, na diferença de cuidado

     4ur3dico, a i5ualaço do direito / di5nidade na vida 6R39=, 9Brmen "úciantunes. O Pr!n.:)!o Con"#!#6.!ona, a I'6a,ae. Felo =orizonte+/ditora "ê, 1GG#, p. M7;.

    ssim, @oi por ter presente a constatação da )istória dedes@aorecimento 4 mul)er no mercado de trabal)o, 2ue o constituinte,no art. Mº, NN, incumbiu ao le*islador de elaborar mecanismos jur5dicosde incentios espec5@icos para a proteção do mercado de trabal)o damul)er.

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    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    N8N, da 9:, @i0a-l)e a duração de cinco dias, a licença 4 *estante, nostermos do art. MO, NE888, não serB in@erior a cento e inte dias.

    /ntendo 2ue uma e@etia i*ualdade substantia de proteção jur5dicada mul)er contra a iolência baseada em *ênero e0i*e atuação positiado le*islador, superando 2ual2uer concepção meramente @ormal dei*ualdade, de modo a eliminar os obstBculos, sejam @5sicos, econLmicos,sociais ou culturais, 2ue impedem a sua concretização. uando o pontode partida A uma situação indesejBel de desi*ualdade de @ato, o @imdesejado da i*ualdade jur5dica 6art. 7º, caput e 8 da 9:;, materialmente,somente A alcançado ao se con@erir aos desi*uais tratamento desi*ual na

    medida da sua desi*ualdade.8ndi5duos identi@icados como especialmente ulnerBeis em @unção

    do *rupo social a 2ue pertencem têm recon)ecido pelo sistemaconstitucional o direito 4 proteção do /stado, na @orma de mecanismose@icazes de dissuasão, contra iolaç?es da sua inte*ridade pessoal 6Eejam-se, e0empli@icatiamente, os arts. 1%G, inciso E ' populaç?es ind5*enasQ%%M, H 1O, 88 ' portadores de necessidades especiais @5sicas, sensoriais oumentaisQ %#, H 1O ' idoso;.

    Iobre os desa@ios )ermenêuticos apresentados pela ur*ência naconcretização dos direitos @undamentais demandada nacontemporaneidade, têm se debruçado não só as 9ortes constitucionaisdas mais diersas jurisdiç?es nacionais, mas tambAm as 9ortesinte*rantes dos sistemas internacionais de proteção dos direitos)umanos. Pode-se a@irmar 2ue a eolução de praticamente todas asdemocracias constitucionais modernas coner*e para uma compreensão

    do princ5pio da i*ualdade se*undo a 2ual, na precisa de@inição da 9orte/uropeia de

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    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    tematizando a i*ualdade, da (inistra 9Brmen "úcia e de 9elso ntLnioFandeira de (ello+

    < princ3pio 4ur3dico da i5ualdade refa-Ise na sociedade erebali-a conceitos, reelaboraIse ativamente, para i5ualar i5uaisdesi5ualados por ato ou com a permisso da lei. < ue se pretende,ento, é ue a Ji5ualdade perante a leiJ si5nifiue Ji5ualdade por meioda leiJ, vale di-er, ue se4a a lei o instrumento criador das i5ualdades

     poss3veis e necessrias ao florescimento das relaç+es 4ustas eeuilibradas entre as pessoas. FK < ue se pretende, pois, é ue a lei

    desi5uale i5uais, assim tidos sob um enfoue ue, todavia, tra-conseuências desi5ualadoras mais fundas e perversas. Enuantoantes buscavaIse ue a lei no criasse ou permitisse desi5ualdades,a5ora pretendeIse ue a lei cumpra a funço de promover i5ualaç+esonde se4a poss3vel e com os instrumentos de ue ela disponha,inclusive desi5ualando em al5uns aspectos para ue o resultado se4a oeuil3brio 4usto e a i5ualdade material e no meramente formal.

    FK 0o comportamento ne5ativo do Estado, passaIse, ento, a

    reivindicar um comportamento positivo. < Estado no pode criarle5alidades discriminatMrias e desi5ualadoras, nem pode deiNar decriar situaç+es de i5ualaço para depurar as desi5ualdades ue seestabeleceram na realidade social em detrimento das condiç+es i5uaisde di5nidade humana ue impeçam o eNerc3cio livre e i5ual dasoportunidades, as uais, se no eNistirem le5almente, devero sercriadas pelo ireito. @omente ento se ter a efetividade do princ3pio

     4ur3dico da i5ualdade materialmente asse5urado. 6R39=, 9Brmen

    "úcia ntunes. O Pr!n.:)!o Con"#!#6.!ona, a I'6a,ae. Felo=orizonte+ /ditora "ê, 1GG#, p. G e !1;

    F... no é ualuer diferença, conuanto real e lo5icamenteeNplicvel, ue possui suficiência para discriminaç+es le5ais. >obasta, pois, poderIse estabelecer racionalmente um neNo entre adiferença e um conseuente tratamento diferençado. 'euerIse, demaisdisso, ue o v3nculo demonstrvel se4a constitucionalmente

     pertinente. ? di-erO as vanta5ens calçadas em al5uma peculiaridade

    M

    Supremo Tribunal Federal 

    Documento assinado digitalmente conforme MP n°2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O

    documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1829244.

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    tematizando a i*ualdade, da (inistra 9Brmen "úcia e de 9elso ntLnioFandeira de (ello+

    < princ3pio 4ur3dico da i5ualdade refa-Ise na sociedade erebali-a conceitos, reelaboraIse ativamente, para i5ualar i5uaisdesi5ualados por ato ou com a permisso da lei. < ue se pretende,ento, é ue a Ji5ualdade perante a leiJ si5nifiue Ji5ualdade por meioda leiJ, vale di-er, ue se4a a lei o instrumento criador das i5ualdades

     poss3veis e necessrias ao florescimento das relaç+es 4ustas eeuilibradas entre as pessoas. FK < ue se pretende, pois, é ue a lei

    desi5uale i5uais, assim tidos sob um enfoue ue, todavia, tra-conseuências desi5ualadoras mais fundas e perversas. Enuantoantes buscavaIse ue a lei no criasse ou permitisse desi5ualdades,a5ora pretendeIse ue a lei cumpra a funço de promover i5ualaç+esonde se4a poss3vel e com os instrumentos de ue ela disponha,inclusive desi5ualando em al5uns aspectos para ue o resultado se4a oeuil3brio 4usto e a i5ualdade material e no meramente formal.

    FK 0o comportamento ne5ativo do Estado, passaIse, ento, a

    reivindicar um comportamento positivo. < Estado no pode criarle5alidades discriminatMrias e desi5ualadoras, nem pode deiNar decriar situaç+es de i5ualaço para depurar as desi5ualdades ue seestabeleceram na realidade social em detrimento das condiç+es i5uaisde di5nidade humana ue impeçam o eNerc3cio livre e i5ual dasoportunidades, as uais, se no eNistirem le5almente, devero sercriadas pelo ireito. @omente ento se ter a efetividade do princ3pio

     4ur3dico da i5ualdade materialmente asse5urado. 6R39=, 9Brmen

    "úcia ntunes. O Pr!n.:)!o Con"#!#6.!ona, a I'6a,ae. Felo=orizonte+ /ditora "ê, 1GG#, p. G e !1;

    F... no é ualuer diferença, conuanto real e lo5icamenteeNplicvel, ue possui suficiência para discriminaç+es le5ais. >obasta, pois, poderIse estabelecer racionalmente um neNo entre adiferença e um conseuente tratamento diferençado. 'euerIse, demaisdisso, ue o v3nculo demonstrvel se4a constitucionalmente

     pertinente. ? di-erO as vanta5ens calçadas em al5uma peculiaridade

    M

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    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    distintiva ho de ser conferidas presti5iando situaç+es conotadas comos interesses acolhidos no sistema constitucional. 6(/""3, 9elso

    ntLnio Fandeira de. O Con#eo =6r:!.o o Pr!n.:)!o aI'6a,ae. %. ed. Ião Paulo+ /d. Reista dos Tribunais, 1GC!, p.7!;

    "ei (aria da Pen)a recon)ece o @enLmeno da iolência domAsticacontra a mul)er como uma -ora e")e.:-!.a e +!o,n.!a e, diante disso,incorpora ao direito instrumentos 2ue leam em consideração asparticularidades 2ue l)e são inerentes. Recon)ece, pois, a desi*ualdade

    de *ênero, e em assim a prote*er a mul)er no )orizonte de@inido peloart. %%&, H CO, da 9onstituição Republicana. o encarre*ar o /stado deasse*urar assistência 4 @am5lia na pessoa de cada um dos ue a inte5ram, a9onstituição reela não i*norar 2ue os di@erentes inte*rantes da @am5liaostentam necessidades assistenciais distintas, a depender da posição 2ueocupam no >mbito das relação @amiliar.

    Da Resolução %##$!7, a 9omissão das Daç?es nidas para os

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    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    Dão descon)eço 2ue o )omem possa ser 5tima de iolênciadomAstica. Do entanto, a le*islação não l)e dB maior ên@ase ao preenir e

    coibir, por se tratar da e0ceção, não da re*ra, como reelam os dadosestat5sticos estarrecedores da iolência de *ênero. Para esses casos, osarts. !!, 88, *, e &1, 88, @, do 9ódi*o Penal jB o@ereceriam proteçãosu@iciente.

    discriminação a@irmatia 2ue se projeta da "ei (aria da Pen)a se@az acompan)ar de razão 2ue, na e0ata medida em 2ue se presta acompensar a discriminação de @ato cuja e0istência recon)ece, a justi@ica.

    nte os @undamentos e0postos, entendo 2ue o art. 1O da "ei

    11.!#$%##& 6"ei (aria da Pen)a; não A apenas compat5el com oprinc5pio constitucional da i*ualdade 6inciso 8 do art. 7º; como odensi@ica, tratando-se de preceito nele diretamente inspirado e balizado,ocacionado 2ue A 4 sua plena concretização ' ou, nas palaras da

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    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    Pede-se a declaração da constitucionalidade do art. !1 da "ei (ariada Pen)a @rente aos arts. GC, 8, da 9:.

    o a@irmar inaplicBel a "ei G.#GG$1GG7, ten)o por clara a atribuição,pelo le*islador, a tais crimes, de tratamento espec5@ico ' di@erenciado 'dando noa dimensão, 2uanto 4 sua import>ncia, a esse tipo de il5cito.Procedendo a noa aloração, alterou o seu processamento de maneiraabran*ente.

    3 propósito da le*islação em e0ame ' escorada em compromissosassumidos no te0to da 9onstituição Republicana e em tratadosinternacionais ' A a@irmar um sistema de persecução e punição

    minimamente e@icaz para o tipo espec5@ico de iolência 2ue A a iolênciadomAstica direcionada contra a mul)er.

    Eale ressaltar 2ue o /stado somente se desincumbe satis@atoriamentedo seu deer de a*ir positiamente na criação de mecanismos para coibira iolência no seio @amiliar 2uando tais mecanismos são ade2uados ee@icazes 4 concretização do seu @im.

    /sse aspecto @icou muito bem delineado no jul*amento do caso ncia, a esse tipo de il5cito.Procedendo a noa aloração, alterou o seu processamento de maneiraabran*ente.

    3 propósito da le*islação em e0ame ' escorada em compromissosassumidos no te0to da 9onstituição Republicana e em tratadosinternacionais ' A a@irmar um sistema de persecução e punição

    minimamente e@icaz para o tipo espec5@ico de iolência 2ue A a iolênciadomAstica direcionada contra a mul)er.

    Eale ressaltar 2ue o /stado somente se desincumbe satis@atoriamentedo seu deer de a*ir positiamente na criação de mecanismos para coibira iolência no seio @amiliar 2uando tais mecanismos são ade2uados ee@icazes 4 concretização do seu @im.

    /sse aspecto @icou muito bem delineado no jul*amento do caso

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    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    3 deer do /stado de coibir e preenir a iolência no >mbito dasrelaç?es @amiliares se concretiza na de@inição e implementação das

    pol5ticas públicas, oltadas a esse @im, cujas @eiç?es são dependentes dasopç?es @eitas pelo le*islador. Dão obstante, o espectro de escol)asle*islatias dispon5eis, do ponto de ista constitucional, somente incluia2uelas 2ue @ornecem proteção su@iciente ao bem jur5dico tutelado,a2uelas 2ue sejam, por assim dizer, e@icazes, sob pena de ser ne*ada a@orça normatia da 9onstituição. !n"6-!.!n.!a na )re"#a78o e"#a#a,)ro#e#!+a  con@i*ura, e "! e"a , uma a-ron#a @ 'aran#!a !n".r!#a no#e#o .on"#!#6.!ona,.

    Dão tiesse a e0periência com a aplicação da "ei G.#GG$1GG7 semostrado inade2uada ou insu@iciente para lidar com a iolência praticadano >mbito @amiliar, e não teria o le*islador inserido, na "ei 11.!#$%##&, oseu art. !1.

    /m arti*o publicado em %##&, no 2ual analisaa as e0pectatias emrelação 4 recAm-aproada "ei 11.!#, a (inistra do Iuperior Tribunal de

     Justiça /liana 9almon c)amou atenção para o @racasso da "ei G.#GG$1GG7,em termos de pol5tica criminal, no tocante aos casos de iolênciadomAstica contra a mul)er+

    Lamentavelmente, a realidade mostrouIse inteiramentediferente da ideia conceitual dos ue lutaram pela aprovaço dos

     ui-ados. Em pouco tempo, che5ouIse / concluso de ue o diplomale5al serviu para a legali7aç"o da 8surra doméstica8 .

    F... 0 suavidade da pena e o desaparecimento da culpa do

    agressor pelas tratati!as procedimentais  levavam /reincidncia, ou se4a, outra surra, outra agress"o, acompanhadade coaç"o, para que a !%tima n"o usasse o suporte legal nos

     pr9imos emates. 6"E/I. /liana 9almon. A Le! ar!a aPenha 8n  8n@ormatio Jur5dico da Fiblioteca (inistro 3scarIaraia, . 1C, n. 1, jan.$jun. %##&;

    3ra, o art. GC, 8, da 9:, limita-se a prescreer a competência dos

    11

    Supremo Tribunal Federal 

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    3 deer do /stado de coibir e preenir a iolência no >mbito dasrelaç?es @amiliares se concretiza na de@inição e implementação das

    pol5ticas públicas, oltadas a esse @im, cujas @eiç?es são dependentes dasopç?es @eitas pelo le*islador. Dão obstante, o espectro de escol)asle*islatias dispon5eis, do ponto de ista constitucional, somente incluia2uelas 2ue @ornecem proteção su@iciente ao bem jur5dico tutelado,a2uelas 2ue sejam, por assim dizer, e@icazes, sob pena de ser ne*ada a@orça normatia da 9onstituição. !n"6-!.!n.!a na )re"#a78o e"#a#a,)ro#e#!+a  con@i*ura, e "! e"a , uma a-ron#a @ 'aran#!a !n".r!#a no#e#o .on"#!#6.!ona,.

    Dão tiesse a e0periência com a aplicação da "ei G.#GG$1GG7 semostrado inade2uada ou insu@iciente para lidar com a iolência praticadano >mbito @amiliar, e não teria o le*islador inserido, na "ei 11.!#$%##&, oseu art. !1.

    /m arti*o publicado em %##&, no 2ual analisaa as e0pectatias emrelação 4 recAm-aproada "ei 11.!#, a (inistra do Iuperior Tribunal de

     Justiça /liana 9almon c)amou atenção para o @racasso da "ei G.#GG$1GG7,em termos de pol5tica criminal, no tocante aos casos de iolênciadomAstica contra a mul)er+

    Lamentavelmente, a realidade mostrouIse inteiramentediferente da ideia conceitual dos ue lutaram pela aprovaço dos

     ui-ados. Em pouco tempo, che5ouIse / concluso de ue o diplomale5al serviu para a legali7aç"o da 8surra doméstica8 .

    F... 0 suavidade da pena e o desaparecimento da culpa do

    agressor pelas tratati!as procedimentais  levavam /reincidncia, ou se4a, outra surra, outra agress"o, acompanhadade coaç"o, para que a !%tima n"o usasse o suporte legal nos

     pr9imos emates. 6"E/I. /liana 9almon. A Le! ar!a aPenha 8n  8n@ormatio Jur5dico da Fiblioteca (inistro 3scarIaraia, . 1C, n. 1, jan.$jun. %##&;

    3ra, o art. GC, 8, da 9:, limita-se a prescreer a competência dos

    11

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    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

     juizados especiais para a conciliação, o jul*amento e a e0ecução dein@raç?es penais de menor potencial o@ensio, sem, no entanto, pre@i0ar o

    seu conteúdo. 2uali@icação de determinados crimes como de menorpotencial o@ensio @oi dei0ada ao aledrio do le*islador 2ue, ao elaborare atualizar a pol5tica criminal, alora as condutas penalmente imputBeis,de@inindo o 2ue aalia dea ser inserido ou não no conceito.

    Ie a duração da pena mB0ima imputada a uma dada condutatipi@icada @oi e A um critArio utilizado pelo le*islador para assim proceder,nada impede 2ue dele e0traia e0ceç?es com base em critArios outros ou2ue en)a a de@inir noos critArios para empreender essa conceituação. /

    a escol)a do le*islador na elaboração de um diploma normatio não oincula na elaboração de noas leis. Do jul*amento mencionado 6=9-1#&%1%;, esta 9orte entendeu 2ue aproue ao le*islador da "ei (aria daPen)a, no e0erc5cio de uma reaaliação do tratamento con@erido aoscrimes praticados com iolência domAstica contra a mul)er, e0clu5-los doconceito de in@raç?es penais de menor potencial o@ensio, não seaplicando, assim, o critArio objetio da duração mB0ima da pena nestescasos por2ue eleito outro @ator para a determinação do seu tratamento emtermos de pol5tica criminal.

    @i*ura-se clara a intenção do le*islador de con@erir, a tais crimes,tratamento especializado, de atribuir noa dimensão, 2uanto 4 suaimport>ncia, a este tipo de il5cito. Procedendo a noa aloração, alterou oseu processamento de maneira abran*ente. "ei (aria da Pen)a nãoretirou dos juizados especiais, portanto, a competência para conciliar,

     jul*ar e e0ecutar nen)uma in@ração penal de menor potencial o@ensio. 3

    le*islador tão-só e0cluiu, do conjunto das in@raç?es penais predicadascomo de menor potencial o@ensio, a2uelas praticadas com iolênciacontra a mul)er, atualizando o conceito se*undo a coneniência dapol5tica criminal.

    Dão islumbro, pois, lesão ao art. GC, 8, da 9arta da República.

    Con.,6"8onte o e0posto, oto no sentido de jul*ar procedente a presente ação

    1%

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     juizados especiais para a conciliação, o jul*amento e a e0ecução dein@raç?es penais de menor potencial o@ensio, sem, no entanto, pre@i0ar o

    seu conteúdo. 2uali@icação de determinados crimes como de menorpotencial o@ensio @oi dei0ada ao aledrio do le*islador 2ue, ao elaborare atualizar a pol5tica criminal, alora as condutas penalmente imputBeis,de@inindo o 2ue aalia dea ser inserido ou não no conceito.

    Ie a duração da pena mB0ima imputada a uma dada condutatipi@icada @oi e A um critArio utilizado pelo le*islador para assim proceder,nada impede 2ue dele e0traia e0ceç?es com base em critArios outros ou2ue en)a a de@inir noos critArios para empreender essa conceituação. /

    a escol)a do le*islador na elaboração de um diploma normatio não oincula na elaboração de noas leis. Do jul*amento mencionado 6=9-1#&%1%;, esta 9orte entendeu 2ue aproue ao le*islador da "ei (aria daPen)a, no e0erc5cio de uma reaaliação do tratamento con@erido aoscrimes praticados com iolência domAstica contra a mul)er, e0clu5-los doconceito de in@raç?es penais de menor potencial o@ensio, não seaplicando, assim, o critArio objetio da duração mB0ima da pena nestescasos por2ue eleito outro @ator para a determinação do seu tratamento emtermos de pol5tica criminal.

    @i*ura-se clara a intenção do le*islador de con@erir, a tais crimes,tratamento especializado, de atribuir noa dimensão, 2uanto 4 suaimport>ncia, a este tipo de il5cito. Procedendo a noa aloração, alterou oseu processamento de maneira abran*ente. "ei (aria da Pen)a nãoretirou dos juizados especiais, portanto, a competência para conciliar,

     jul*ar e e0ecutar nen)uma in@ração penal de menor potencial o@ensio. 3

    le*islador tão-só e0cluiu, do conjunto das in@raç?es penais predicadascomo de menor potencial o@ensio, a2uelas praticadas com iolênciacontra a mul)er, atualizando o conceito se*undo a coneniência dapol5tica criminal.

    Dão islumbro, pois, lesão ao art. GC, 8, da 9arta da República.

    Con.,6"8onte o e0posto, oto no sentido de jul*ar procedente a presente ação

    1%

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    Vto MIN R OSAWEBER

    ADC 19 / DF

    declaratória para declarar constitucionais os arts. 1º, e !1 da "ei11.!#$%##& ' "ei (aria da Pen)a ' 4 luz dos arts. 7º, 8, %%, 8, G&, 88, d, GC,

    8, e 1%7, H 1º, da 9onstituição da República, sem preju5zo da interpretaçãocon@orme do art. !1 da "ei 11.!#$%##&, eiculada na

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    Atec i aç ão ao Vto

    09/02/2012 PLENÁRIO

    AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 DISTRITO FEDERAL

    ANTECIPAÇÃO AO VOTO

    O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX - Senhor Presidente, em rápidaspalavras, porque depois teremos a oportunidade de fazer uma digressão

    sobre o núcleo essencial da temática - que é o problema dessa tutelaestatal ilegal em relação viol!ncia doméstica -, no que concerne questão da compet!ncia, Senhor Presidente, quando da criação dos

     "uizados especiais, a pr#pria $ei n% &'(&& estabeleceu uma série dematérias que não seriam submetidas aos "uizados especiais e uma série dematérias que seriam submetidas aos "uizados especiais' )ntão, naquelaépoca, não houve nenhuma pecha de inconstitucionalidade, porquantoisso "á é uma tradição do nosso *ireito, muito embora a $ei de

    +rganização udiciária crie as varas, mas a previsão pode ser feita poruma lei federal' ), como o inistro arco .urélio destacou, a lei confereuma possibilidade aos )stados de criarem essas varas'

    Por outro lado, a emin!ncia dessa violação de direitos fundamentaissugere realmente que se crie um #rgão espec/fico' .qui da tribuna n#souvimos o representante da +rdem dos .dvogados do 0rasil noticiar quehá 1(( mil casos de viol!ncia doméstica, o que torna, luz do princ/pioda proporcionalidade e da razoabilidade, perfeitamente fact/vel a criaçãode uma vara e2atamente para cuidar desses sistemas, ainda que se"a otema civil e penal, porque haverá sempre uma cone2ão probat#ria entre areparação do dano que ense"ou também a infração penal'

    + S)34+5 636S75+ .58+ .95:$6+ ;5)$.7+5< - 8omotivemos a criação de delegacias especializadas'

    O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX - )2atamente')u lembraria também, Senhor Presidente, mais um aspecto=

    Supremo Tribunal Federal 

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    09/02/2012 PLENÁRIO

    AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 DISTRITO FEDERAL

    ANTECIPAÇÃO AO VOTO

    O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX - Senhor Presidente, em rápidaspalavras, porque depois teremos a oportunidade de fazer uma digressão

    sobre o núcleo essencial da temática - que é o problema dessa tutelaestatal ilegal em relação viol!ncia doméstica -, no que concerne questão da compet!ncia, Senhor Presidente, quando da criação dos

     "uizados especiais, a pr#pria $ei n% &'(&& estabeleceu uma série dematérias que não seriam submetidas aos "uizados especiais e uma série dematérias que seriam submetidas aos "uizados especiais' )ntão, naquelaépoca, não houve nenhuma pecha de inconstitucionalidade, porquantoisso "á é uma tradição do nosso *ireito, muito embora a $ei de

    +rganização udiciária crie as varas, mas a previsão pode ser feita poruma lei federal' ), como o inistro arco .urélio destacou, a lei confereuma possibilidade aos )stados de criarem essas varas'

    Por outro lado, a emin!ncia dessa violação de direitos fundamentaissugere realmente que se crie um #rgão espec/fico' .qui da tribuna n#souvimos o representante da +rdem dos .dvogados do 0rasil noticiar quehá 1(( mil casos de viol!ncia doméstica, o que torna, luz do princ/pioda proporcionalidade e da razoabilidade, perfeitamente fact/vel a criaçãode uma vara e2atamente para cuidar desses sistemas, ainda que se"a otema civil e penal, porque haverá sempre uma cone2ão probat#ria entre areparação do dano que ense"ou também a infração penal'

    + S)34+5 636S75+ .58+ .95:$6+ ;5)$.7+5< - 8omotivemos a criação de delegacias especializadas'

    O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX - )2atamente')u lembraria também, Senhor Presidente, mais um aspecto=

    Supremo Tribunal Federal 

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  • 8/20/2019 Inteiro Teor - ADC 19 (Maria Da Penha)

    32/72

    Atec i aç ão ao Vto

    ADC 19 / DF

    >+ )stado assegurará a assist!ncia fam/lia na pessoa de

    cada um dos que a integram criando mecanismos '''>'

    9m dos mecanismos é a criação de uma vara especializada' )ntão,com relação a esse aspecto, não entreve"o nenhuma inconstitucionalidade'

    )stou plenamente de acordo com o inistro 5elator, como tambémestou de acordo com ele quando entende que efetivamente uma graveviolação aos direitos fundamentais da pessoa humana não pode serconsiderada uma infração de menor potencial ofensivo' 7odos os

    documentos transnacionais entendem haver aqui uma violação dignidade da pessoa humana, que é um dos fundamentos da 5epública?ederativa do 0rasil' )videntemente, não podemos menosprezar a 8arta8onstitucional para entendermos que essa modalidade de viol!ncia, quemancha a imagem do pa/s, se"a tratada como uma infração de menorpotencial ofensivo'

    Por outro lado, também não colhe nenhum ''''

    + S)34+5 636S75+ .58+ .95:$6+ ;5)$.7+5< @ *iria quemancha a imagem do g!nero masculino'

    O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX - *os homens do 0rasil, semdúvida alguma'

    ), por outro lado, Senhor Presidente, seria até despiciendodiscutirmos agora se isso fere o princ/pio da igualdade' 3#s "á tivemos

    aqui um debate sobre uma criação de uma Aara espec/fica num ha!a"#$%&'" - se não me falha a mem#ria' ) aqui estabeleceu-se que o princ/pioda igualdade - citando-se 8anotilho e todos os autores - e2ige que se trateigualmente os iguais e, desigualmente, os desiguais' )ntão, as mulheresque sofrem viol!ncia doméstica não são mulheres iguais quelas que t!muma vida comum'

    Por outro lado, também não se pode entrever, nessa tutela, nessaproteção da mulher, qualquer escolha discricionária do legislador' )le

    fundamentou a razão pela qual dá esse tratamento preferencial com base

    B

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    ADC 19 / DF

    >+ )stado assegurará a assist!ncia fam/lia na pessoa de

    cada um dos que a integram criando mecanismos '''>'

    9m dos mecanismos é a criação de uma vara especializada' )ntão,com relação a esse aspecto, não entreve"o nenhuma inconstitucionalidade'

    )stou plenamente de acordo com o inistro 5elator, como tambémestou de acordo com ele quando entende que efetivamente uma graveviolação aos direitos fundamentais da pessoa humana não pode serconsiderada uma infração de menor potencial ofensivo' 7odos os

    documentos transnacionais entendem haver aqui uma violação dignidade da pessoa humana, que é um dos fundamentos da 5epública?ederativa do 0rasil' )videntemente, não podemos menosprezar a 8arta8onstitucional para entendermos que essa modalidade de viol!ncia, quemancha a imagem do pa/s, se"a tratada como uma infração de menorpotencial ofensivo'

    Por outro lado, também não colhe nenhum ''''

    + S)34+5 636S75+ .58+ .95:$6+ ;5)$.7+5< @ *iria quemancha a imagem do g!nero masculino'

    O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX - *os homens do 0rasil, semdúvida alguma'

    ), por outro lado, Senhor Presidente, seria até despiciendodiscutirmos agora se isso fere o princ/pio da igualdade' 3#s "á tivemos

    aqui um debate sobre uma criação de uma Aara espec/fica num ha!a"#$%&'" - se não me falha a mem#ria' ) aqui estabeleceu-se que o princ/pioda igualdade - citando-se 8anotilho e todos os autores - e2ige que se trateigualmente os iguais e, desigualmente, os desiguais' )ntão, as mulheresque sofrem viol!ncia doméstica não são mulheres iguais quelas que t!muma vida comum'

    Por outro lado, também não se pode entrever, nessa tutela, nessaproteção da mulher, qualquer escolha discricionária do legislador' )le

    fundamentou a razão pela qual dá esse tratamento preferencial com base

    B

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    Atec i aç ão ao Vto

    ADC 19 / DF

    em dados estat/sticos, dados fáticos, dados "ur/dicos - como aqui tambémrelembrou o Procurador-Ceral da 5epública, eminente 8olega 5oberto

    Curgel' *e sorte que, como não houve uma escolha arbitrária dolegislador, pelo contrário, temos de prestigiar a vontade do legislador'

    )ntão, também afasto esse fundamento, acompanhandointegralmente a proposta do eminente inistro 5elator com relação declaração de constitucionalidade da lei'

    1

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    ADC 19 / DF

    em dados estat/sticos, dados fáticos, dados "ur/dicos - como aqui tambémrelembrou o Procurador-Ceral da 5epública, eminente 8olega 5oberto

    Curgel' *e sorte que, como não houve uma escolha arbitrária dolegislador, pelo contrário, temos de prestigiar a vontade do legislador'

    )ntão, também afasto esse fundamento, acompanhandointegralmente a proposta do eminente inistro 5elator com relação declaração de constitucionalidade da lei'

    1

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    Vto MIN LU Z F UX

    09/02/2012 PLENÁRIO

    AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 DISTRITO FEDERAL

    V O T O

    O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX : Senhor Presidente,Vivemos a era da dignidade. O Direito, que outrora bradava pela sua

    independência em relação a outras ciências sociais, hoje torna

    arrependido ao seu lar o Direito reside na moral. !", entre esses doisconceitos, uma cone#ão não apenas contingente, mas necess"ria.

    Vivemos a era neo$antiana. %inda no S&culo 'V(((, (mmanuel )antnos ensinava que, independente de nossas crenças religiosas, & umae#igência da racionalidade reconhecer que o ser humano não tem preço,tem dignidade, e que não & poss*vel +aer dele meio para a consecução doque quer que seja. - a sobrepujança do ser sobre o ter. % cada dia essa

    lição, cravada no art. /, (((, da 0arta de outubro, nos revela novasnuanças, em um aprendiado perene.

    % tendência e#pansiva do sobreprinc*pio constitucional dadignidade humana resta bastante clara na doutrina de 1aria 0elina2odin de 1oraes, que dele e#trai os princ*pios da igualdade, daintegridade +*sica e moral 3psico+*sica4, liberdade e solidariedade 3Oconceito de dignidade humana substrato a#iol5gico e conte6donormativo. In 0onstituição, direitos +undamentais e direito privado.S%789:, (ngo ;ol+gang 3coord.4. ?. p. @4.

    %nalisando a +iloso+ia de )ant, 1ichael Sandel, pro+essor de!arvard, ensina que alguns preceitos b"sicos de justiça, como aigualdade, se utiliados indiscriminadamente, podem conduir A barb"rie

    e A ru*na da dignidade humana. Bas suas palavras Ca ideia de que somosdonos de n5s mesmos, se aplicada de maneira radical, tem implicaçes

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    09/02/2012 PLENÁRIO

    AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 DISTRITO FEDERAL

    V O T O

    O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX : Senhor Presidente,Vivemos a era da dignidade. O Direito, que outrora bradava pela sua

    independência em relação a outras ciências sociais, hoje torna

    arrependido ao seu lar o Direito reside na moral. !", entre esses doisconceitos, uma cone#ão não apenas contingente, mas necess"ria.

    Vivemos a era neo$antiana. %inda no S&culo 'V(((, (mmanuel )antnos ensinava que, independente de nossas crenças religiosas, & umae#igência da racionalidade reconhecer que o ser humano não tem preço,tem dignidade, e que não & poss*vel +aer dele meio para a consecução doque quer que seja. - a sobrepujança do ser sobre o ter. % cada dia essa

    lição, cravada no art. /, (((, da 0arta de outubro, nos revela novasnuanças, em um aprendiado perene.

    % tendência e#pansiva do sobreprinc*pio constitucional dadignidade humana resta bastante clara na doutrina de 1aria 0elina2odin de 1oraes, que dele e#trai os princ*pios da igualdade, daintegridade +*sica e moral 3psico+*sica4, liberdade e solidariedade 3Oconceito de dignidade humana substrato a#iol5gico e conte6donormativo. In 0onstituição, direitos +undamentais e direito privado.S%789:, (ngo ;ol+gang 3coord.4. ?. p. @4.

    %nalisando a +iloso+ia de )ant, 1ichael Sandel, pro+essor de!arvard, ensina que alguns preceitos b"sicos de justiça, como aigualdade, se utiliados indiscriminadamente, podem conduir A barb"rie

    e A ru*na da dignidade humana. Bas suas palavras Ca ideia de que somosdonos de n5s mesmos, se aplicada de maneira radical, tem implicaçes

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    35/72

    Vto MIN LU Z F UX

    ADC 19 / DF

    que apenas um libert"rio convicto poderia apoiarE um 9stado m*nimo, oque e#clui a maioria das medidas para diminuir a desigualdade e

    promover o bem comumE e uma celebração tão completa doconsentimento que permita ao ser humano in+ligir a+rontas A pr5priadignidadeF 3S%BD98, 1ichael. Gustiça O que & +aer a coisa certa. H= ed.7io de Ganeiro 0iviliação 2rasileira, . p. HIJH?4.

    % 8ei 1aria da Penha re+lete, na realidade brasileira, um panoramamoderno de igualdade material, sob a 5tica neoconstitucionalista queinspirou a 0arta de Outubro de @KK te5rica, ideol5gica e

    metodologicamente. % desigualdade que o diploma legal visa a combater+oi muito bem demonstrada na e#posição de motivos elaborada pelaSecretaria de Proteção A 1ulher

    %o longo dos 6ltimos anos, a visibilidade da violênciadom&stica vem ultrapassando o espaço privado e adquirindodimenses p6blicas. Pesquisa da Pesquisa Bacional de %mostraDomiciliar J PB%D do (nstituto 2rasileiro de Leogra+ia e

    9stat*stica J (2L9, no +inal da d&cada de @K>, constatou que?HM das agresses +*sicas contra as mulheres acontecem nosespaços dom&sticos e são praticadas por pessoas com relaçespessoais e a+etivas com as v*timas.

    Para en+rentar esse problema, que a+lige o n6cleo b"sico da nossasociedade N a +am*lia N e se alastra para todo o corpo comunit"rio por+orça dos seus e+eitos psicol5gicos ne+astos, & necess"ria uma pol*tica de

    açes a+irmativas que necessariamente perpassa a utiliação do DireitoPenal.

    % adoção das açes a+irmativas & o resultado de uma releitura doconceito de igualdade que se desenvolveu desde tempos remotos. Bacl"ssica obra %ristot&lica C% Pol*ticaF, o +il5so+o j" ponderava que C A

     primeira espécie de democracia é aquela que tem a igualdade por fundamento.

    Nos termos da lei que regula essa democracia, a igualdade significa que os ricos e

    <

    Supremo Tribunal Federal 

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    ADC 19 / DF

    que apenas um libert"rio convicto poderia apoiarE um 9stado m*nimo, oque e#clui a maioria das medidas para diminuir a desigualdade e

    promover o bem comumE e uma celebração tão completa doconsentimento que permita ao ser humano in+ligir a+rontas A pr5priadignidadeF 3S%BD98, 1ichael. Gustiça O que & +aer a coisa certa. H= ed.7io de Ganeiro 0iviliação 2rasileira, . p. HIJH?4.

    % 8ei 1aria da Penha re+lete, na realidade brasileira, um panoramamoderno de igualdade material, sob a 5tica neoconstitucionalista queinspirou a 0arta de Outubro de @KK te5rica, ideol5gica e

    metodologicamente. % desigualdade que o diploma legal visa a combater+oi muito bem demonstrada na e#posição de motivos elaborada pelaSecretaria de Proteção A 1ulher

    %o longo dos 6ltimos anos, a visibilidade da violênciadom&stica vem ultrapassando o espaço privado e adquirindodimenses p6blicas. Pesquisa da Pesquisa Bacional de %mostraDomiciliar J PB%D do (nstituto 2rasileiro de Leogra+ia e

    9stat*stica J (2L9, no +inal da d&cada de @K>, constatou que?HM das agresses +*sicas contra as mulheres acontecem nosespaços dom&sticos e são praticadas por pessoas com relaçespessoais e a+etivas com as v*timas.

    Para en+rentar esse problema, que a+lige o n6cleo b"sico da nossasociedade N a +am*lia N e se alastra para todo o corpo comunit"rio por+orça dos seus e+eitos psicol5gicos ne+astos, & necess"ria uma pol*tica de

    açes a+irmativas que necessariamente perpassa a utiliação do DireitoPenal.

    % adoção das açes a+irmativas & o resultado de uma releitura doconceito de igualdade que se desenvolveu desde tempos remotos. Bacl"ssica obra %ristot&lica C% Pol*ticaF, o +il5so+o j" ponderava que C A

     primeira espécie de democracia é aquela que tem a igualdade por fundamento.

    Nos termos da lei que regula essa democracia, a igualdade significa que os ricos e

    <

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    36/72

    Vto MIN LU Z F UX

    ADC 19 / DF

    os pobres não têm privilégios políticos, que tanto uns como outros não são

    soberanos de um modo exclusivo, e sim que todos o são exatamente na mesma

     proporção.F

    % nossa 0arta 1agna herdou da e#periência norte americana ae#pressa consagração da igualdade, que, a bem de ver, & mesmo umprinc*pio da raão pr"tica. % irginia !ill of "ig#ts de ? +oi o primeirodiploma constitucional a homenagear esse preceito, no seu artigo /,posteriormente repetido na Declaração +rancesa dos Direitos do !omem edo 0idadão de K@, logo no primeiro artigo. 9ra, por&m, uma concepção

    liberal da igualdade, simplesmente +ormal, ignorando a di+erença decondiçes sociais entre os sujeitos igualados.

    % partir do 9stado Social de Direito, cujo marco & o conhecido$elfare state , percebeuJse que a atitude negativa dos poderes p6blicos erainsu+iciente para promover, de +ato, a igualdade entre as pessoas. 9#igeJse uma atitude positiva, atrav&s de pol*ticas p6blicas e da edição denormas que assegurem igualdade de oportunidades e de resultados nadivisão social dos bens escassos. Ba lição de 0anotilho, não h" igualdadeno não direito 3Direito 0onstitucional e :eoria da 0onstituição. %lmedina, ed., >H. p.

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    37/72

    Vto MIN LU Z F UX

    ADC 19 / DF

    e+eitos e#emplar e pedag5gico +indam por institucionaliar epor tornar trivial, na sociedade, o sentimento e a compreensão

    acerca da necessidade e da utilidade da implementação e+etivado princ*pio universal da igualdade entre os seres humanos.F32%72OS% LO19S, Goaquim 2. %ção a+irmativa Q

    princ*pio constitucional da igualdade N o Direito comoinstrumento de trans+ormação social. % e#periência dos 9R%.7io de Ganeiro 7enovar, >. p. @4

    Sendo estreme de d6vidas a legitimidade constitucional das pol*ticas

    de açes a+irmativas, cumpre estabelecer que estas se desenvolvemtamb&m por medidas de car"ter criminal. Rma abordagem p5sJpositivistada nossa 0arta 1agna in+ere dos direitos +undamentais nela previstodeveres de proteção 3%c#ut&pflic#ten4 impostos ao 9stado. 0omo o DireitoPenal & o guardião dos bens jur*dicos mais caros ao ordenamento, a suae+etividade constitui condição para o adequado desenvolvimento dadignidade humana, enquanto a sua ausência demonstra uma proteçãode+iciente dos valores agasalhados na 8ei 1aior.

    (ngo Sarlet, em estudo sobre a proteção de+iciente no Direito Penal,empreendeu a seguinte an"lise

    Ccumpre sinalar que a crise de e+etividade que atinge osdireitos sociais, diretamente vinculada A e#clusão social e +altade capacidade por parte dos 9stados em atender as demandasnesta es+era, acaba contribuindo como elemento impulsionador

    e como agravante da crise dos demais direitos, do que dãoconta N e bastariam tais e#emplos para comprovar a assertiva Nos crescentes n*veis de violência social, acarretando umincremento assustador dos atos de agressão a bens+undamentais 3como tais assegurados pelo direito positivo4 ,como & o caso da vida, integridade +*sica, liberdade se#ual,patrimnio, apenas para citar as hip5teses onde se registrammaior n6mero de violaçes, isto sem +alar nas violaçes de bens+undamentais de car"ter transindividual como & o caso do meio

    Supremo Tribunal Federal 

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    ADC 19 / DF

    e+eitos e#emplar e pedag5gico +indam por institucionaliar epor tornar trivial, na sociedade, o sentimento e a compreensão

    acerca da necessidade e da utilidade da implementação e+etivado princ*pio universal da igualdade entre os seres humanos.F32%72OS% LO19S, Goaquim 2. %ção a+irmativa Q

    princ*pio constitucional da igualdade N o Direito comoinstrumento de trans+ormação social. % e#periência dos 9R%.7io de Ganeiro 7enovar, >. p. @4

    Sendo estreme de d6vidas a legitimidade constitucional das pol*ticas

    de açes a+irmativas, cumpre estabelecer que estas se desenvolvemtamb&m por medidas de car"ter criminal. Rma abordagem p5sJpositivistada nossa 0arta 1agna in+ere dos direitos +undamentais nela previstodeveres de proteção 3%c#ut&pflic#ten4 impostos ao 9stado. 0omo o DireitoPenal & o guardião dos bens jur*dicos mais caros ao ordenamento, a suae+etividade constitui condição para o adequado desenvolvimento dadignidade humana, enquanto a sua ausência demonstra uma proteçãode+iciente dos valores agasalhados na 8ei 1aior.

    (ngo Sarlet, em estudo sobre a proteção de+iciente no Direito Penal,empreendeu a seguinte an"lise

    Ccumpre sinalar que a crise de e+etividade que atinge osdireitos sociais, diretamente vinculada A e#clusão social e +altade capacidade por parte dos 9stados em atender as demandasnesta es+era, acaba contribuindo como elemento impulsionador

    e como agravante da crise dos demais direitos, do que dãoconta N e bastariam tais e#emplos para comprovar a assertiva Nos crescentes n*veis de violência social, acarretando umincremento assustador dos atos de agressão a bens+undamentais 3como tais assegurados pelo direito positivo4 ,como & o caso da vida, integridade +*sica, liberdade se#ual,patrimnio, apenas para citar as hip5teses onde se registrammaior n6mero de violaçes, isto sem +alar nas violaçes de bens+undamentais de car"ter transindividual como & o caso do meio

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  • 8/20/2019 Inteiro Teor - ADC 19 (Maria Da Penha)

    38/72

    Vto MIN LU Z F UX

    ADC 19 / DF

    ambiente, o patrimnio hist5rico, art*stico, cultural, tudo aensejar uma constante releitura do papel do 9stado democr"tico

    de Direito e das suas instituiçes, tamb&m no tocante Asrespostas para a criminalidade num mundo em constantetrans+ormação.

    % partir destes e#emplos e das alarmantes estat*sticas emtermos de avanços na criminalidade, percebeJse, sem maiordi+iculdade, que A crise de e+etividade dos direitos+undamentais corresponde tamb&m uma crise de segurança dosdireitos, no sentido do f!"#!$%& '(f)*)% '& +#,%&-., ',')#&)%, f$'!&$%!) !&"#!', +&, +,' +3)*,4 $,

    53)%, ', & '&6& '& +#,%&-.,  3...4. Por segurança nosentido jur*dico 3e, portanto, não como equivalente A noção desegurança p6blica ou nacional4 compreendemos aqui N naesteira de %lessandro 2aratta N um atributo inerente a todos ostitulares de direitos +undamentais, a signi+icar, em linhas gerais3para que não se recaia nas noçes reducionistas, e#cludentes eat& mesmo autorit"rias, da segurança nacional e da segurançap6blica4 a e+etiva proteção dos direitos +undamentais contra

    qualquer modo de intervenção ileg*timo por parte dedetentores do poder, quer se trate de uma mani+estação jur*dicaou +"tica do e#erc*cio do poder.F

    3S%789:, (ngo ;ol+gang. 0onstituição eProporcionalidade o direito penal e os direitos +undamentaisentre proibição de e#cesso e de insu+iciência. (n 7evista de9studos 0riminais n. H. p. K? e segs.4

    Rma 0onstituição que assegura a dignidade humana 3art. /, (((4 eque dispe que o 9stado assegurar" a assistência A +am*lia na pessoa decada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violênciano Tmbito das suas relaçes 3art.

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    8onge de a+rontar o princ*pio da igualdade entre homens e mulheres

    3art. I/, (, da 0onstituição4, a 8ei n/ .H>>? estabelece mecanismos deequiparação entre os se#os, em leg*tima discriminação positiva que busca,em 6ltima an"lise, corrigir um grave problema social.

    Por 5bvio, todo discr*men positivo deve se basear em parTmetrosrao"veis, que evitem o desvio de prop5sitos leg*timos para opressesinconstitucionais, desbordando do estritamente necess"rio para apromoção da igualdade de +ato. (sso porque somente & poss*vel tratar

    desigualmente os desiguais na e#ata medida dessa desigualdade. 9ssae#igência de raoabilidade para a edição de açes a+irmativas +oi muito

     bem analisada por 0anotilho

    C3...4 , +#)$*7+), '! )"!'!'& ( 6),!', 8!$', !'&)"!'!'& '& %#!%!&$%, #"& *,, !#3)%##)!. O arb*trioda desigualdade seria condição necess"ria e su+iciente daviolação do princ*pio da igualdade. 9mbora ainda hoje seja

    corrente a associação do princ*pio da igualdade com o princ*pioda proibição do arb*trio, este princ*pio, como simples princ*piode limite, ser" tamb&m insu+iciente se não transportar j", no seuenunciado normativoJmaterial, crit&rios possibilitadores davaloração das relaçes de igualdade ou desigualdade. 9sta a

     justi+icação de o princ*pio da proibição do arb*trio andarsempre ligado a um +undamento material ou crit&rio materialobjectivo. 9le costuma ser sintetiado da +orma seguinte &)%&

    ! 6),!-., !#3)%##)! '! )"!'!'& ;#7')*! 8!$', !')*)+)$! ;#7')*! $., & 3!&!# $:

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    Penha seria uma atividade essencialmente valorativa, acerca daraoabilidade dos +undamentos que lhe subjaem e da capacidade de

    seus institutos para colimar os +ins a que se destina. - que, no campo doprinc*pio da igualdade, qualquer interpretação da medida escolhida peloParlamento pressupe seja +eito um ju*o de valor. Bo entanto, salvo emcasos teratol5gicos, a decisão do legislador deve ser prestigiada. Se não &+act*vel de+ender que jamais ser" poss*vel a intervenção do Gudici"rionessa mat&ria, nem por isso se pode postular um e#cessivo estreitamentodas vias democr"ticas.