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Interciência 1 & Sociedade - FMPFM · Conclusão de Curso (TCC) do Curso de Graduação em Nutrição da Faculdade Municipal “Professor Franco Montoro”. O TCC é uma exigência

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ISSN 2238-1295Fundação Educacional Guaçuana – FEG

Presidente – Bruno Franco de Almeida

Faculdade Municipal Prof. Franco Montoro - FMPFMDiretor Geral – Prof. Me. Márcio Antonio Ferreira

Secretária Geral – Profa. Alessandra Zaganin FalaschiCoordenadora do Curso de Administração – Profa. Me. Marli Delfino Campos

Coordenador do Curso de Ciências da Computação – Prof. Dr. José Tarcísio Franco de CamargoCoordenador do Curso de Engenharia Ambiental – Prof. Dr. Mário Roberto Barraza Larios

Coordenadora do Curso de Engenharia Química – Profa. Dra. Vanessa Dias AlvesCoordenadora do Curso de Nutrição – Profa. Me. Daniela Soares de Oliveira

Coordenadora do Curso de Psicologia – Profa. Esp. Luciene Aparecida Scanavachi de Jesus

Editor: Prof. Dr. José Tarcísio Franco de CamargoEditora Convidada: Profa. Me. Daniela Soares de Oliveira

Conselho Editorial

Prof. Dr. Antonio Medina Rivilla – Universidade Nacional de Educação a Distância (UNED) - Madrid (Espanha) Profa. Dra. Darcília Marindir Pinto Simões – UERJ

Prof. Dr. Francisco García García – Faculdade de Ciências da Informação da Universidade Complutense de Madrid (UCM) - Madrid (Espanha)

Profa. Dra. Ivani Aparecida Carlos – UFSCarProf. Dr. João Alexandre Bortoloti – FMPFM

Prof. Dr. José Tarcísio Franco de Camargo – FMPFMProfa. Dra. Liliane Santos – Université Charles-de-Gaulle – Lille 3 (França)

Prof. Dr. Márcio Henrique Zancopé – UFGProfa. Dra. Maria Suzett Biembegut Santade – FMPFM

Prof. Dr. Mario Roberto Barraza Larios – FMPFMProf. Dr. Moacyr Rodrigo Hoedmaker de Almeida – FMPFM

Prof. Dr. Norian Marranghello – UNESP

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Diagramação e ArteEdmar Pereira

Editora FMPFM

FICHA CATALOGRÁFICA

Ficha Catalográfica: Adriano Madaleno Miossi – CRB 8 / nº 6981

Os textos publicados na revista são de inteira responsabilidade de seus autores.Permite-se a reprodução desde que citada a fonte e o autor.

Endereço para correspondência e contato:REVISTA INTERCIÊNCIA & SOCIEDADE

Faculdade Municipal Professor Franco Montoro – FMPFMRua dos Estudantes, s/nº, Cachoeira de Cima, Caixa Postal 293,

CEP: 13843-971 - Mogi Guaçu - SP.Fone: (19) 3861-6255 e 3861-6606

Homepage: www. fmpfm.edu.bre-mail: [email protected]

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EDITORIAL

Trabalho em equipe

A Revista Interciência & Sociedade condensa, neste número, um conjunto de arti-gos que apresentam os resultados de pesquisas desenvolvidas no âmbito do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Curso de Graduação em Nutrição da Faculdade Municipal “Professor Franco Montoro”. O TCC é uma exigência curricular na formação acadêmica e profissional dos alunos de graduação e consiste no desenvolvimento de um trabalho escrito, abrangente, sistematizado e exposto com o pertinente rigor científico, de pesquisa sobre tema livre, de escolha do aluno, desde que relacionado à Nutrição, sendo desenvolvido sob a supervisão de um docente do curso.

Esta edição apresenta artigos originais de pesquisa e revisões nas áreas de alimen-tos, alimentação coletiva e segurança alimentar; nutrição clínica; saúde coletiva; merenda escolar; nutrição materna, da criança e do adolescente; nutrição esportiva; marketing de ali-mentos; imunonutrição; nutrigenômica/nutrigenética, tecnologia dos alimentos.

A produção de artigos pelo corpo discente tem como objetivo aprimorar a formação acadêmica e profissional dos alunos através de habilidades que os capacitem a realizar in-vestigações de natureza cientifica ou acadêmica em Nutrição.

Além disso, permite ao aluno utilizar os conhecimentos obtidos durante o Curso de Nutrição, no desenvolvimento de um trabalho de pesquisa, sob orientação docente; utilizar o conhecimento adquirido ao longo do curso para a identificação de problemas e propostas de soluções para questões inerentes à área de atuação do nutricionista, de forma a contribuir para a melhoria da qualidade de vida do indivíduo, população ou comunidade.

Através de orientação adequada, com uma equipe treinada e qualificada, com objeti-vos claros e definidos e comprometimento do corpo discente, foi possível produzir resultados importantes para a pesquisa em Nutrição e conduzir os alunos para uma próxima etapa em sua vida profissional.

Profa. Ms. Daniela Soares de Oliveira

Coordenadora do curso de Nutrição

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SUMÁRIO

OLIVEIRA, Vanessa; MALDONADO, Rafael Resende 36

HIPOTIREOIDISMO E HIPERTIREOIDISMO – UMA BREVE REVISÃO SOBRE AS DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS

OLIVEIRA, Adriana Cristina; REGGIOLLI, Márcia Regina; RIBEIRO, Karina Rosa 9

A IMPORTÂNCIA DO ÁCIDO FÓLICO NA REDUÇÃO DOS DEFEITOS DO TUBO NEURAL DURANTE A GESTAÇÃO

LAURINDO, Tereza Raquel; RIBEIRO, Karina Antero Rosa 17

APROVEITAMENTO INTEGRAL DE ALIMENTOS

GUIMARÃES, Larissa Machado; OLIVEIRA, Daniela Soares 60

INFLUÊNCIA DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA LONGEVIDADE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

SCAPIN, Edlaine Cristina; REGGIOLLI, Márcia Regina; RIBEIRO, Karina Antero Rosa 45

IDENTIFICAÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E ENERGIA TOTAL DA MERENDA EM UMA ESCOLA ESTADUAL

HYPPOLITO, Keila Pereira Penteado; RIBEIRO, Karina Antero Rosa 51

IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DE NEOPLASIAS

PAULINO, Márcia Terezinha; MALDONADO, Rafael Resende 27

DIABETES MELLITUS E RESISTÊNCIA À INSULINA

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SILVA, Jéssica de Assis; OLIVEIRA, Daniela Soares; OLIVEIRA, Thaís 68

PRESENÇA DE ALIMENTOS-FONTE DE ÁCIDO FÓLICO NADIETA DE GESTANTES DE MOGI GUAÇU, SP

FERREIRA, Karina Milharezi; OLIVEIRA, Daniela Soares de; REGGIOLLI, Márcia Regina 77

QUALIDADE DOS ALIMENTOS CONSUMIDOS POR UNIVERSITÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE MOGI GUAÇU / SP

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A IMPORTÂNCIA DO ÁCIDO FÓLICO NA REDUÇÃO DOS DEFEI-TOS DO TUBO NEURAL DURANTE A GESTAÇÃO

OLIVEIRA, Adriana Cristina1 Faculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)

[email protected]

REGGIOLLI, Márcia Regina2 Faculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)

[email protected]

RIBEIRO2, Karina Rosa2 Faculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)

[email protected]

RESUMO: Introdução: A deficiência de ácido fólico é o principal fator de risco relacionado aos defeitos do tubo neural. A fortificação de alimentos com ácido fólico é uma intervenção indispensável na pre-venção desta alteração no feto. Objetivo: Realizar uma revisão bibliográfica destacando o efeito de ali-mentos fortificados com ácido fólico e da suplementação de folato na prevalência dos defeitos do tubo neural. Metodologia: Levantamento bibliográfico de artigos relacionados às necessidades específicas de nutrientes durante a gestação. Considerações: A suplementação oral de folato periconcepcional e durante o primeiro trimestre de gravidez diminuí o risco de ocorrência dos defeitos do tubo neural em cerca de 50 a 70%, enquanto que os alimentos fortificados demonstram efeito significativo na prevalên-cia de defeitos do tubo neural, variando de 19 a 78%. PALAVRAS – CHAVES: Alimentos fortificados, Suplementação de Folato na gestação, Defeito do Tubo Neural.

ABSTRACT: Introduction: The deficiency of folic acid is the main factor of risk related to the defects in the neural tube. The enrichment of food with folic acid is an indispensable interference for the prevention of this fetal alteration. Objective: Make a bibliographical revision highlighting the effect of enriched food with folic acid and the supplement of folate in the predominance of defects of closure in the neural tube. Methodology: Bibliographical survey of articles related to the specific needs of nourishing during the pregnancy. Considerations: The use of oral supplementations of folate periconceptional and during the first three months of pregnancy diminishes the risk of occurrence of the defects in the neural tube in about 50 to 70 %, while the enriched food shows a variable protector effect of significance in the preva-lence of defects in the neural tube, varying from 19 to 78%. KEYWORDS: Enriched food, Supplementation of Folate in the Gestation, Defects in the Neural Tube.

1. INTRODUÇÃO

A gravidez provoca mudanças fi-siológicas no organismo que causam a necessidade aumentada de nutrientes es-senciais. O aporte energético inadequado da gestante, seja em termos de macro ou micronutrientes, pode induzir a uma concor-rência nutricional entre a mãe e o feto, limi-tando a disponibilidade energética necessá-ria ao adequado crescimento fetal (MELLO et al., 2007).

O estado nutricional materno é in-

dicador de saúde e qualidade de vida tanto para a mulher quanto para o crescimento do seu filho. O peso do bebê ao nascimento é um importante indicador do estado nutri-cional da mãe durante a gestação, uma vez que, a única fonte de nutrientes do concep-to é composta pelas reservas nutricionais e ingestão alimentar materna (MELO et al., 2007).

A dieta, no primeiro trimestre da gestação, é muito importante para o de-senvolvimento e diferenciação dos diversos órgãos fetais. Já nos trimestres subsequen-

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tes, a dieta está mais envolvida com a otimi-zação do crescimento e do desenvolvimen-to cerebral do feto (RIFAS-SCHIMAN et al., 2006).

O sucesso de uma gestação sem complicações está relacionado a uma dieta balanceada e equilibrada, contendo todos os nutrientes necessários (energia, proteí-nas, carboidratos, lipídeos, vitaminas A, D, E, C, piridoxina, cobalamina, tiamina, ribo-flavina, niacina, cálcio, fósforo, zinco, ferro, ácido fólico) para a saúde da mulher duran-te a gravidez, a saúde do concepto, o bem--estar materno, possibilitando a nutrição do recém nascido, e proteção contra o desen-volvimento de más formações congênitas e doenças crônicas durante a vida adulta (LUCYK e FURUMOTO, 2008).

As gestantes estão predispostas especialmente a desenvolver deficiência de ácido fólico, devido ao aumento da neces-sidade desse nutriente para o crescimento fetal e tecidos maternos, o que pode desen-cadear modificações na síntese de DNA e alterações cromossômicas (MEZZOMO et al., 2007). Uma dieta normal não é capaz de suprir as necessidades de ácido fólico da gestante e do feto durante o período ges-tacional, devido ao aumento da demanda dessa vitamina, sendo necessário o uso de suplementação de folato (SANTOS e PE-REIRA, 2007).

O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão bibliográfica destacando o efei-to de alimentos fortificados com ácido fólico e suplementação de folato na prevalência de defeitos de fechamento do tubo neural.

2. METODOLOGIA

Uma extensa revisão de literatura permitiu analisar os estudos científicos re-lacionados aos objetivos deste trabalho de maneira sistemática e ampla.

O levantamento da pesquisa foi realizado através da biblioteca virtual em saúde, através dos bancos de dados como Scielo (Scientific Electronic Library Online), BDENF (Base de Dados Bibliográficos Es-pecializados na Área de Enfermagem no Brasil), BVS MS (Biblioteca Virtual em Saú-de Ministério da Saúde), ambos da área da saúde relacionados às necessidades espe-

cíficas de nutrientes durante a gestação. Essas bases de dados foram selecionadas devido às mesmas possuírem publicações de ordem nacional e internacional.

A escolha dos artigos foi obtida através de palavras chaves como: “Suple-mentação de Folato na gestação, Alimentos fortificados e Defeito do Tubo Neural”.

Foram analisadas para a pesquisa bibliográfica, vinte e uma publicações cien-tíficas, sendo dezesseis nacionais e cinco internacionais.

3. DEFEITOS DO FECHAMENTO DO TUBO NEURAL (DFTN)

O tubo neural é uma estrutura pre-cursora do cérebro e da medula espinhal do feto. O fechamento do tubo neural, primór-dio do sistema nervoso central, ocorre em quatro ou cinco locais, em múltiplos pontos simultâneos e de forma bidirecional nas pri-meiras quatro semanas após a concepção. Quando esse tubo não consegue completar a neurulação ou envoltórios, ocorre o defei-to de fechamento, sendo uma malformação ocorrida na fase inicial do desenvolvimento fetal, que tem a sua morfologia dependente do tipo de falha e do local afetado, originan-do doenças que causam morte ou seqüelas graves nos recém-nascidos (AGUIAR et al., 2003).

A incidência dos DFTN é em mé-dia de 1/1.000 nascidos vivos. Destacando ainda, que 95% das mulheres com filhos afetados por DFTN não apresentam ante-cedentes pessoais ou familiares (CONCEI-ÇÃO, 2011).

As gestações com complicações como defeito de fechamento de tubo neural, resultam em abortos, e quando nascidos vi-vos, morrem poucas horas ou poucos dias após o parto, ou ainda resultam em lesão nervosa permanente, causando paralisias em níveis diversos dos membros inferiores, bexiga, intestino, comprometimento físico e dificuldade de aprendizagem (MEZZOMO et al., 2007).

De acordo com Melo e Rio (2008) mulheres cujos fetos ou recém-nascidos apresentam defeitos do tubo neural preci-sam ser norteadas quanto à possibilidade do risco de recorrência nas próximas ges-

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tações, sendo necessário manter a suple-mentação contínua de folato diariamente, no período periconcepcional, até a 12ª se-mana da gestação.

As causas dos defeitos do tubo neural não são completamente conhecidas, mas as evidências indicam que, pelo menos em parte, se devem a obesidade materna, a problemas nutricionais, a agentes ambien-tais, a causas genéticas, ao uso de drogas e ao uso de certos medicamentos, como os anticonvulsivantes, e à nutrição deficiente, especialmente em ácido fólico sendo consi-derado o principal fator de risco relacionado aos defeitos do tubo neural (SANTOS e PE-REIRA, 2007).

Mezzomo et al., (2007) relataram em um estudo de caso-controle de base populacional em Pelotas, Rio Grande do Sul, no Brasil, a ocorrência de 71.500 nas-cimentos durante o período de 1° de janeiro de 1990 à 31 de dezembro de 2002, sendo que deste total, 980 recém-nascidos apre-sentaram-se malformados (1,37%). Destes, 49 (5%) tiveram diagnóstico de anencefa-lia. Dos 980 recém-nascidos malformados,

150 apresentavam defeitos do tubo neural. Estes dados demonstram uma prevalência importante, estimada em 1/mil, sendo ne-cessária maior atenção aos cuidados pre-ventivos dessas malformações.

Peralta (2001) descreve que os Estados Unidos possui um gasto anual em torno de 200 milhões de dólares com os pa-cientes com DFTN.

3.1 Consequências dos efeitos de fecha-mento do tubo neural

Estudos têm indicado que a defici-ência de ácido fólico pode desencadear de-feitos no tubo neural e várias complicações na gestação (TAMURA, 2006).

As consequências mais frequen-tes causadas pelo fechamento incompleto do tubo neural são a anencefalia (Figura 1), ocasionada quando a extremidade superior do tubo neural não se fecha, resultando na ausência do cérebro, e a espinha bífida (Fi-gura 2), ocorrida quando a extremidade in-ferior do tubo neural não se fecha, causan-do danos medulares significativos.

Figura 1 : Anencefalia. Adaptado de: http://www.brasiliacatolica.com/2011.Acesso em: 12 out

Figura 2: Espinha Bífida. Fonte: <http://www.espinhabifida.com/> Acesso em: 12 out. 2011

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3.2. Grupo de risco para o defeito do fecha-mento do tubo neural

Em um estudo recente, foi identifi-cado que uma em cada sete pessoas pode portar uma mutação genética que favorece uma deficiência de ácido fólico, mesmo que a alimentação contenha a quantidade reco-mendada de ácido fólico natural. Estas pes-soas têm problemas para processar a forma da vitamina que se encontra naturalmente nos alimentos, comprometendo assim a ab-sorção, diminuindo os níveis de ácido fólico no sangue. Desta forma as mulheres que possuem esta mutação genética contêm um risco maior de gerar um feto com defeito de tubo neural (SANTOS e PEREIRA, 2007).

De acordo com Souza e Machado (2008), é considerado grupo de risco toda mulher grávida e em idade reprodutiva que não fazem o uso da suplementação de fo-lato corretamente durante a gestação, ou ainda, todas aquelas que possuem alimen-tação deficiente em ácido fólico.

3.3. Ácido fólico

De acordo com Nasser (2005), o ácido fólico é a forma sintética do folato, lo-calizado em suplementos vitamínicos e ali-mentos fortificados, e tem maior biodispo-nibilidade na forma sintética que na forma natural. É também considerado um termo genérico para os compostos que têm ati-vidade vitamínica parecida a do ácido pte-roilglutâmico sendo a forma de vitamina na-turalmente encontrada nos alimentos. Sua importância foi descoberta há cerca de 70 anos, quando foi testado que a anemia ges-tacional podia ser tratada com extrato de levedura, identificando e extraindo o folato das folhas de espinafre. Compõe um gran-de aliado da gestante no período de gravi-dez, onde o organismo materno precisa de uma maior quantia dessa vitamina para a constituição de componentes maternos e também desenvolvimento do feto.

O ácido fólico é a vitamina B9 do complexo B, abundante nas folhas verdes (daí o nome fólico), elemento de grande im-portância que deve ser administrado duran-te a gravidez, devido a sua ação no período da formação do bebê, por agir em conjunto

com a vitamina B12 na transformação, sín-tese de proteínas, formação dos glóbulos vermelhos, crescimento dos tecidos e na formação do ácido desoxirribonucléico, que intervém na hereditariedade (SOUZA e MA-CHADO, 2008).

Freitas et al., (2010) relatam que o ácido fólico tem desempenho fundamen-tal no processo de reprodução celular, no aumento dos eritrócitos, no alargamento do útero, no crescimento da placenta e do feto, no crescimento normal, na fase repro-dutiva (gestação e lactação), na formação de anticorpos, na atuação como coenzima no metabolismo de aminoácidos (glicina), na síntese protéica, na síntese de purinas e pirimidinas, sendo portanto, indispensável durante a gestação.

3.4. A importancia da administração pré--concepcional do ácido fólico

De acordo com Machado e Sou-za (2008), estudos têm confirmado que a suplementação de ácido fólico, desde três meses antes da concepção até a décima segunda semana da gestação pode preve-nir até 95% dos problemas de malformação fetal, devido o tubo neural se formar entre o 25º e 27º dia após a concepção.

Na literatura há evidências que afirmam que há diminuição de incidência das malformações do tubo neural por meio da suplementação periconcepcional com ácido fólico entre um e três meses antes da concepção até o final do primeiro trimestre de gestação (MEZZOMO et al., 2007).

O tubo neural se converte em me-dula espinhal e cérebro entre os dias 18 a 26 da gestação, período no qual, muitas mulheres desconhecem seu estado gra-vídico (SANTOS e PEREIRA, 2007). Com isso, é muito importante que a mulher em idade fértil tenha acesso a uma quantidade adequada de ácido fólico pelo menos um mês antes de engravidar, ressaltando ainda que o correto é fazer o uso do suplemen-to de folato três meses antes da gravidez. Entretanto, como a gravidez nem sempre é planejada, relevam-se medidas de mais ampla abrangência, como a fortificação de alimentos com este micronutriente e dieta adequada (contendo alimentos com teor de

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ácido fólico natural). Acredita-se que a associação das

medidas de fortificação de alimentos com a suplementação de folato periconcepcional administrado na quantidade recomendada pelo médico, possa suprir as necessidades deste micronutriente, e evitar as possíveis falhas destas estratégias quando empre-gadas separadamente na prevenção dos defeitos de fechamento do tubo neural (PA-CHECO et al., 2009).

3.5. Quantidades necessárias de Ácido Fó-lico

Todas as mulheres com antece-dente ou não de gestação com defeito de fechamento do tubo neural, e mulheres em idade fértil, deveriam consumir 400 mcg de ácido fólico diariamente em forma de dieta, alimentos fortificados e suplemento, tendo isso como uma medida de redução da inci-dência de defeito do tubo neural (MEZZO-MO et al., 2007).

O ácido fólico deve ser administra-do no início com pelo menos 30 dias antes da possível concepção, na dose de 0,4 mg por dia, e para populações de risco a dose recomendada é de 4 mg, iniciada 90 dias antes da concepção e mantida pela embrio-gênese (até 12 semanas) (CABRAL et al., 2011).

Grillo e Silva (2003) afirma que a dose recomendada de folato 4 mg/dia para mulheres com histórico de gestação anterior com defeitos de fechamento do tubo neural, não é possível ser alcançada através da in-gestão de farinha fortificada com ácido fóli-co, sendo necessário a suplementação de folato na forma de comprimidos.

De acordo com Mezzomo et al., (2007), é difícil alcançar os requerimen-tos de folato com uma dieta normal balan-ceada, pois a mesma fornece em média 0,25mg/dia, avaliando o valor energético total de 2.200Kcal diárias, sendo um valor muito baixo em relação a prevenção de má formações. Contudo, a fortificação dos ali-mentos e dieta que contenha fontes de áci-do fólico naturais, são medidas importantes e cabíveis.

3.6. Uso irregular ou não uso de folato

São diversos fatores relaciona-dos a não utilização ou utilização incorreta do ácido fólico, notando-se que boa parte desses fatores associa-se a gestação não planejada, visto que a mesma ocasiona a concepção sem a adoção do uso da vita-mina, resultando em uso tardio e irregular, tornando - se inútil.

Segundo Mezzomo et al., (2007), a prevalência do uso de ácido fólico peri-concepcional muda vastamente na litera-tura, permanecendo entre 0,5% e 52% em estudos desenvolvidos em diversos países das Américas, Europa, Austrália e Ásia, ob-servando que o baixo nível educacional e sócio-econômico, a menor idade materna, a falta de um parceiro, e a gestação não planejada, são fortes indicadores do uso reduzido de ácido fólico no período pericon-cepcional.

Algumas mulheres tomam a suple-mentação de folato sem ter consciência dis-so, fazendo o uso do mesmo em períodos tardios e em dosagens menores que o es-tabelecido pelo Ministério da Saúde na pre-venção dos defeitos do tubo neural durante a gestação (MEZZOMO et al., 2007) .

3.7. Fortificação dos alimentos com ácido fólico

A fortificação dos alimentos foi im-plantada em 2004, deve ser feita na forma sintética do folato, tendo como propósito prevenir os defeitos do tubo neural. Desde a data da implantação, cerca de quarenta países (Austrália, Zelândia, África, Ásia, Brasil), tornaram obrigatória a fortificação de farinha de trigo.

No Brasil a RDC n° 344 da ANVI-SA, determinou, a partir de junho de 2004, que cada 100g de farinhas contenham 0,15mg de ácido fólico através da fortifica-ção (SANTOS e PEREIRA, 2007).

A fortificação dos alimentos, com 0,1mg a 0,2mg de ácido fólico, possui uma redução de incidência de defeitos do tubo neural entre 7% e 23%, porém é uma porcentagem bem inferior em relação a porcentagem que a suplementação me-dicamentosa oferece (5mg de ácido fólico) reduzem entre 75% e 91% a incidência de defeitos do tubo neural (MEZZOMO et al.,

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2007). Vários estudos sobre os efeitos

da fortificação com ácido fólico foram pu-blicados, mostrando, também, reduções significativas na prevalência de defeitos do tubo neural, ocasionando um efeito protetor comprovado nos diversos países e regiões estudados, variando de 16 a 78% (SANTOS e PEREIRA, 2007).

Almeida e Cardoso (2010) descre-vem que a fortificação de alimentos com ácido fólico implantada nos Estados Uni-dos, Canadá e Chile, produziu resultados positivos na redução da freqüência de de-feitos de tubo neural.

Honein et al., (2001) observaram redução de 19% na prevalência de defeito de tubo neural, nos Estados Unidos, um ano após a instituição da medida de fortifi-cação alimentar com ácido fólico.

3.8 Fontes de ácido fólico

O Ácido Fólico é encontrado em vegetais de coloração verde escuro, frutas cítricas, cereais, vísceras, feijão, abacate, abóbora, batata, carne de vaca, carne de porco, cenoura, couve, fígado, laranja, leite, maçã, milho, ovo, queijo, alimentos enrique-cidos (sob a forma sintética) e sob a forma de comprimidos, muitas vezes distribuídos de forma gratuita em ambulatórios públicos

para gestantes carentes (Tabela 1).A preparação de uma fonte de áci-

do fólico exige muito cuidado devido o mes-mo ser frágil e poder desaparecer do ali-mento, principalmente se a comida não for manipulada direito, onde o excesso do cozi-mento de um alimento que contenha ácido fólico pode diminuir até 70% da quantidade total dessa vitamina no alimento por causa da folacina não ser estável ao calor e por isso o processamento de alimentos a tem-peraturas elevadas resulta em perdas con-sideráveis de ácido fólico. A maneira mais recomendada é que se utilize o alimento todo cru ou parcialmente cozido.

Ultimamente tem sido acrescenta-do ácido fólico em cereais de forma sinté-tica através das recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) e OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde). A implantação das ações de fortificação de fa-rinhas de trigo e farinhas de milho, com ferro e ácido fólico, ocasiona grandes benefícios para a diminuição do risco de patologias do tubo neural, uma vez que são amplamente consumidas pela população brasileira, visto também que o ácido fólico na forma sintéti-ca é mais absorvido que em sua forma na-tural, pois não necessita de ser processado pelo organismo (ANVISA, 2008).

ALIMENTO Medida Caseira Quantidade de Ácido FólicoFígado bovino frito 1 porção pequena – 90g 187 mcgEspinafre cozido ½ xícara 131 mcgFeijão cozido ½ xícara 122 mcgGerme de trigo ¼ xícara 70 mcgSuco de laranja fresco ½ xícara 55 mcgOvo 1 gema 23 mcgLeite 1 xícara 12 mcg

Disponível em: < http://www.farmacia.us.es/bromatologia/bromaweb/docu/folatos> Acesso em 21 set. 2011

Tabela 1 – Principais Alimentos Fonte de Folato e Quantidade do Nutriente na Porção

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ingestão de alimentos fortifica-dos demonstrou redução do defeito do fe-chamento do tubo neural, mas a fortificação de alimentos ainda não possibilita a inter-rupção da suplementação de folato, pois a mesma é considerada uma intervenção inquestionável na prevenção primária dos defeitos do tubo neural.

O uso de suplementação de ácido fólico demonstra resultado positivo na pre-venção de malformações, tendo redução de 40 a 85% da ocorrência de defeito de tubo neural em população de alto e baixo risco, desde que o mesmo seja administra-do no início com pelo menos 30 dias antes da possível concepção, na dose de 0,4 mg por dia, e para populações de risco a dose recomendada é de 4 mg, iniciada 90 dias antes da concepção e mantida pela embrio-gênese (até 12 semanas).

Assim, os fatores ambientais re-lacionados aos defeitos de fechamento do tubo neural são passíveis de intervenção, e boa parte deles poderiam ser evitados, caso as gestantes ou futuras gestantes que planejam a gravidez, fossem adequa-damente informadas sobre a importância de sua utilização, seguissem corretamente a recomendação prescrita pelo médico e a orientação de um profissional nutricionista, para a prescrição de uma dieta adequada, contendo alimentos com teor de ácido fóli-co de fontes naturais e alimentos fortifica-dos com ácido fólico promovendo assim a prevenção de más formações fetais e uma gestação saudável à gestante e ao feto.

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APROVEITAMENTO INTEGRAL DE ALIMENTOS

LAURINDO, Tereza RaquelFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

RIBEIRO, Karina Antero RosaFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

RESUMO: Este artigo teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica enfatizando as possibi-lidades da redução do desperdício através do aproveitamento integral dos alimentos. Atualmente a produção diária de alimentos no mundo origina comida em quantidade suficiente para alimentar toda a população do planeta, no entanto, a fome ainda mata uma pessoa a cada 3,5 segundos no mundo. O aproveitamento integral dos alimentos é uma alternativa capaz de propiciar às pessoas um melhor consumo nutricional e melhoria da economia relacionada aos alimentos. Apesar de todos os benefícios relacionados ao aproveitamento alimentar, muitas pessoas ainda desconhecem o valor nutritivo con-tido nas partes vistas como “menos nobres” dos alimentos. O aproveitamento integral passa de mera utilização de cascas, folhas, talos e brotos para uma prática de consumo consciente dessas partes, tornando-se um exercício da cidadania, das relações e inter-relações entre o homem e o meio ambiente cultural, econômico, nutricional e ecologicamente correto.PALAVRAS CHAVE: aproveitamento integral de alimentos, reaproveitamento alimentar e redução de desperdício alimentar.

ABSTRACT: This article aims to review literature emphasizing the possibilities of reducing waste throu-gh the full use of food. Currently the daily production of food in the world originates enough food to feed the entire population of the planet. However, hunger still kills one person every 3.5 seconds in the world. The full use of food is an alternative capable of providing people with a better nutritional intake and re-ducing the cost related to food. And despite all the benefits related to food utilization, many people are still unaware of the nutritional value contained in the parts seen as “less noble” food. The integral use of bark, leaves, stems and buds encourages the conscious consumption of these parts, making it an exercise of citizenship, relationships and interrelationships between man and the environment cultural, economic, nutritional and is environmentally friendly.KEYWORDS: full use of food, food recycling and reducing food waste.

1. INTRODUÇÃO

Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), artigo 25, todo ser humano tem direito a alimentação adequada (ONU, 1948), uma vez que, tem garantido segunda à mesma constituição, o direito à vida (FESAN, 2004). Entretanto, ainda que estejamos vivendo em pleno sé-culo XXI, a era da tecnologia, o desperdício representa um sério problema na produção, distribuição e aproveitamento de alimentos, especialmente nos países subdesenvolvi-dos ou em desenvolvimento (BANCO DE ALIMENTOS, 2003).

A Organização Mundial de Saúde

(OMS) e a Organização para a Agricultura e Alimentos (FAO) afirmaram, na conferência Internacional de Nutrição realizada no ano de (1993), na cidade de Roma, que cerca de 1/3 da população mundial de baixa ren-da, convive com a deficiência de nutrientes, especialmente com a falta de ferro, cálcio, iodo, vitamina A, vitaminas do complexo B, vitamina C, selênio e zinco (FERREIRA et al, 2004). Dentre os indivíduos afetados, os que mais sofrem com as carências nutricio-nais são as crianças, que podem desen-cadear, além de alterações imunológicas e fisiológicas, desordens no crescimento e desenvolvimento geral, relacionadas aos baixos teores de vitaminas e sais minerais.

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Segundo o Relatório Mundial So-bre a Fome de 2006, a produção diária de alimentos no mundo origina comida em quantidade suficiente para alimentar toda a população do planeta, no entanto, a fome ainda mata uma pessoa a cada 3,5 segun-dos no mundo.

Aproximadamente 30% da produ-ção mundial de alimentos são desperdiça-das devido às falhas no sistema de colheita, transporte, armazenagem e comercializa-ção (IBGE, 2005).

No Brasil, estima-se que cerca de 70 mil toneladas de alimentos são jogadas no lixo diariamente, o que torna este lixo um dos mais ricos do mundo, e o Brasil, o país do desperdício (BADAWI, 2009). Os super-mercados são os maiores responsáveis pe-las perdas alimentares, jogando fora 13 mi-lhões de toneladas de alimentos por ano. As feiras livres de São Paulo contribuem com mais de mil toneladas diárias, e o desperdí-cio no consumo doméstico chega a 20%. In-felizmente, as perdas não se resumem ape-nas aos alimentos, mas também envolve questões de cunho financeiro do país, uma vez que há uma cifra de 12 bilhões de reais desperdiçada junto a eles (MAPA, 2007).

O desperdício de alimentos promo-ve ainda um impacto negativo no meio am-biente em função da inadequada deposição do lixo alimentar no solo, tendo conseqüên-cias danosas como o odor gerado pela pu-trefação da matéria orgânica e a formação do chorume, que normalmente encontra-se contaminado e tem potencial para atingir rios e os lençóis freáticos (SANTOS, 2008).

O aproveitamento integral dos ali-mentos é uma alternativa capaz de propi-ciar às pessoas um melhor consumo nutri-cional, melhoria da economia relacionada aos alimentos e a relação ecológica entre o homem e o meio ambiente em que vive, uma vez que o aproveitamento tem como conseqüência a redução do lixo (SILVA et al, 2005). Através do aproveitamento das partes comumente inutilizadas, é possível não só alimentar um número maior de pes-soas, mas também reduzir as deficiências nutricionais que possam existir, uma vez que, boa parte dos alimentos desperdiça-dos contém nutrientes com alto valor nutri-cional.

Apesar de todos os benefícios re-lacionados ao aproveitamento alimentar, muitas pessoas ainda desconhecem o va-lor nutritivo contido nas partes vistas como “menos nobres” dos alimentos (BADAWI, 2009), tais como as cascas, os talos, as se-mentes e as folhas.

O incentivo a redução do desper-dício através do aproveitamento alimentar depende, em partes, de políticas públicas específicas, voltadas a prevenção da des-nutrição, a redução da pobreza e das desi-gualdades entre países e entre os habitan-tes de um mesmo país (MAHLER, 2000).

Com base na representatividade dos alimentos nas mais diferentes esferas da ciência da nutrição, saúde e economia, este artigo teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica que possibilite o co-nhecimento acerca das possibilidades da redução do desperdício através do aprovei-tamento integral dos alimentos, dando ênfa-se à atual situação do Brasil frente ao des-perdício e aos benefícios à saúde humana que o aproveitamento das partes “menos nobres” como talos e cascas poderiam pro-mover.

2. METODOLOGIA

O método escolhido para a realiza-ção desta revisão foi baseado em revisão bibliográfica de artigos e demais documen-tos publicados à partir de do ano de 2001 que enfatizassem o aproveitamento integral dos alimentos voltados a redução do des-perdício e manutenção da saúde huma-na. As palavras chaves utilizadas para a pesquisa em Bancos de Dados indexados como Scielo, Bireme, Pubmed e Medline fo-ram: aproveitamento integral de alimentos, reaproveitamento alimentar e redução de desperdício alimentar e, utilizados de forma isolada ou em combinação.

Do total de 48 artigos e demais do-cumentos encontrados, foram excluídos 14 em função da dubiedade das fontes e/ou ir-relevância do artigo para a construção da pesquisa, tendo sido utilizados para a cons-trução desta revisão 32 artigos e 2 docu-mentos acadêmicos (teses e monografias).

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3. REVISÃO

3.1. Panorama do desperdício do Brasil

Em função do clima privilegiado, o Brasil apresenta uma rica variedade de fru-tas, verduras e legumes, contudo, alguns dados estatísticos mostram que com o que se desperdiça em condições de aproveita-mento a cada ano, é o suficiente para ali-mentar 19 milhões de pessoas, com três refeições ao dia (HARDISSON et al, 2001).

Entretanto, um quarto de toda pro-dução nacional de frutas, verduras e legu-mes não são aproveitados (BADAWI 2009).

MEDEIROS (2005) e GODIM et al, (2005) afirmam que há milhões de indivídu-os excluídos sem acesso aos alimentos em quantidade e/ou qualidade em nosso país, e que, a fome e o desperdício de alimen-tos são dois dos maiores problemas que o Brasil enfrenta, originando um grande pa-radoxo, uma vez que somos um dos maio-res exportadores de produtos agrícolas do mundo.

A fome da população brasileira tem origem à partir de um problema econômico, pois a pobreza que impede a população de alimentar-se adequadamente é reflexo da desigualdade de renda existente no país, agravada pelos altos índices de desempre-gos e falta de políticas públicas no campo da segurança alimentar e nutricional (SIL-VA, 1986).

A maior parte do lixo brasileiro é or-gânico, ou seja, restos alimentares de uma sociedade consumista que utiliza de forma incorreta os recursos alimentares, aumen-tando o desperdício (SESI, 2004).

De forma geral, a população bra-sileira não está habituada a aproveitar o máximo dos alimentos, deixando de utilizar algumas partes dotadas de altos valores nutricionais, que acabam indo para o lixo por falta de conhecimento (BADAWI (2009).

Segundo o Instituto Akatu, respon-sável por pesquisas relacionadas as perdas alimentares, juntas, todas as casas brasi-leiras desperdiçam em média, 20% dos ali-mentos que compram semanalmente, o que remete a uma perda de US$ 1 bilhão por ano, ou seja, o suficiente para alimentar 500 mil famílias (AKATU, 2004).

3.2. Nutrientes não aproveitados e benefí-cios desperdiçados

A forma mais comum de desperdí-cio caseiro é a distorção no uso do alimen-to. Talos, folhas e cascas são, muitas vezes, mais nutritivos do que a parte dos alimentos que estamos habituados a comer (BADAWI, 2009) e, ainda assim, são desperdiçados.

Nutriente é qualquer substância química consumida normalmente como componente de um alimento que propor-ciona energia; contribuindo para o cresci-mento, desenvolvimento e a manutenção da saúde e da vida, cuja carência possa ocasionar mudanças químicas ou fisiológi-cas. Todas as partes das frutas, legumes e vegetais contém algum tipo de nutriente, e em sua maioria, vitaminas e sais minerais (MEDEIROS, 2005).

Estudos relatam que as vitaminas e os minerais têm um papel preventivo nas enfermidades e no tratamento da desnutri-ção (ROSADO et al, 1995).

O consumo regular de frutas, a principal fonte de sais minerais do ser hu-mano (HARDISSON, et al, 2001), pode reduzir o risco de doenças degenerativas, devido à presença de elementos antioxi-dantes, como por exemplo, os compostos fenólicos.

Algumas frutas concentram o seu maior teor de antioxidantes nas sementes e cascas (GUO et al, 2003), porções parcial-mente descartadas.

O cálcio é o mineral mais abun-dante no organismo. Sua deficiência, assim como a deficiência de vitamina D (KRAUSE E MAHAN, 2005), pode levar ao raquitismo, osteomalácia e osteoporose. Grandes con-centrações deste mineral são encontradas nas cascas dos ovos e dos vegetais, des-perdiçada durante o consumo do alimento (LIMA et al, 2008).

A vitamina A atua na manutenção da visão e da pele, além de ter outras im-portantes atividades orgânicas. Ainda que de fundamental importância ao organismo, em todas as regiões brasileiras há carência marginal desta vitamina, com prevalência nas mais diferentes faixas etárias (RAMA-LHO, 2002). Altas concentrações desta vi-tamina são encontradas nas folhas da be-

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terraba e da cenoura, descartadas ainda na colheita (SOUZA E BOAS, 2002).

Para mantermos normais nossas funções fisiológicas, necessitamos de uma ingestão mínima diária de proteínas. Costa et al, (2003) encontraram teores de prote-ínas que variaram em torno de 2,9% nas folhas e 1,2% na casca de beterraba, dificil-mente utilizadas na culinária convencional.

Lima (2000) relata que a casca da banana também é rica em proteínas, além de fibras, carboidratos, cálcio e ferro, ob-tendo valores superiores aos da polpa, po-dendo ser utilizada como fonte alternativa de nutrientes, evitando o desperdício de ali-mentos (GONDIN et al, 2005).

As fibras podem ser classificadas como solúveis ou insolúveis, de acordo com a solubilidade dos seus componentes em água e apresentam um importante papel na proteção contra doenças cardiovasculares,

diabetes (SPILLER, 1986), hiperlipidemia e cálculo biliar. Também apresentam efeitos no metabolismo dos lipídios e controle da obesidade (SPILLER & FREEMAN, 1983), com conseqüente redução dos níveis de colesterol. Aproximadamente um terço das fibras alimentares totais ingeridas com a dieta típica são solúveis (PIMENTEL et al, 2005). As fibras podem ser encontradas nas cascas das frutas e verduras, especialmen-te nas cascas da manga e do abacaxi (BO-TELHO et al, 2002), que durante o consumo da fruta, normalmente são desprezadas.

A Tabela 1 apresenta o teor de al-guns nutrientes contidos em 100 gramas de determinadas partes dos alimentos frescos e permite visualizar de forma clara o quanto se perde em nutrientes ao serem descarta-das estas importantes fontes nutritivas.

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3.4. O APROVEITAMENTO INTEGRAL É POSSÍVEL

Segundo OLIVEIRA et al, (2002) citado por DAMIANI et al, (2008), nos últi-mos anos, diversos pesquisadores brasilei-ros vêm estudando o aproveitamento das partes de vegetais, legumes e frutas não consumidas, tais como as cascas, descar-tadas pela agroindústria, que podem ser utilizadas para a produção de alimentos ou ingredientes, e inclusive, incluídos na dieta humana.

No que tange a saúde humana, a utilização integral dos alimentos pode con-tribuir de forma bastante eficiente para uma refeição mais nutritiva, resultando em uma melhor qualidade de vida.

O aproveitamento integral de ali-mentos, como prática de saúde, é possível através da criação de novas receitas, como, sucos, doces, geléias e farinhas (GONDIM et al, 2005) e pode ser utilizado nas comuni-dades produtoras de alimentos, tendo como meta a produção de alimentos saudáveis, seja a nível familiar, educacional ou institu-cional (TEIXEIRA et al, 2001).

Mudar a realidade do desperdício alimentar significa também mudar valores sociais que compõem as práticas de prepa-ro dos alimentos.

Portanto hoje, os órgãos governa-mentais, e não governamentais, e pesqui-sadores estão se dedicado em buscar solu-ções para um destino correto dos resíduos alimentares com alguns programas de Edu-cação Ambiental,assim desenvolvendo ati-vidades de aproveitamento desses resíduos a partir de cascas, folhas, talos e sementes, na elaboração de novos pratos da culiná-ria. Entretanto estas ações têm atingido não somente os programas de combate à fome

de populações carentes, desenvolvidos por ONGs e outras entidades, mas também es-colas e universidades que realizam oficinas com alunos e comunidade difundindo essas idéias, e colaborando para a redução dos desperdícios de alimentos no país (VILHE-NA et al, 2007).

Para OLIVEIRA et al (2002) e PRIM (2003), no momento em que houver um trabalho de educação alimentar que promova a consciência de que os resíduos de vegetais e frutas desprezados também são ricos em sais minerais, vitaminas e fi-bras, o desperdício de alimentos diminuirá, a fome terá maneiras de ser evitada, haverá uma maior economia doméstica, ou seja, a estes restos será agregado valor econômi-co e social e, conseqüentemente diminuirão os resíduos depositados no meio ambiente.

Desta forma, o aproveitamento integral passa de mera utilização de cas-cas, folhas, talos e brotos para uma práti-ca de consumo consciente dessas partes, tornando-se um exercício da cidadania, das relações e inter-relações entre o homem e o meio ambiente cultural, econômico, nutri-cional e ecologicamente correto (TEIXEIRA et al, 2001).

As propostas para o combate ao desperdício de alimentos representam en-carar o “lixo” como uma fonte de riquezas e é certamente equivocado pensar que só as pessoas com um baixo poder aquisitivo devem se beneficiar com alimentos prepa-rados com partes que geralmente são des-cartadas (VILHENA et al, 2007).

A tabela 1 apresenta alternativas de aproveitamento das partes dos alimen-tos comumente desprezados e que podem ser transformadas em receitas ricas em nu-trientes e sabor.

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Folhas Forma de utilização PreparaçõesCenoura Cruas, cozidas e assadas Sopas, saladas, bolinhos, pão

e arroz colorido.Beterraba Assadas e refogadas Bolinhos, recheio de

rocambole e pão.Nabo Assadas e Refogadas Bolinhos, recheio de

rocambole e pãoCouve-Flor Cozidas Creme e arroz coloridoMostarda Cozido Arroz coloridoRabanete Assados BolinhosTalos Forma de utilização PreparaçõesCouve-Flor Assados BolinhosBrócolis Assados, Fritos e refogado Bolinhos, falso tempurá e patêBeterraba Refogado FarofaAcelga Assados BolinhosSalsa Fritos Falso tempuráAgrião Cozido e refogado Sopa e patêEspinafre Refogado Patê

Cascas Forma de utilização PreparaçõesAbacaxi Cruas SucoBatata Inglesa Fritas, assada e Cozido Bolinho da casca da batata,

suflê e sopaBanana Fritas e Assada Empanar bife, pão e boloLaranja Cozida Casca cristalizadaMamão Cozido GeléiaMaçã Cruas, assada e cozida Suco,torta e geléiaGoiaba Assada TortaBerinjela Cozido Molho para macarrãoBeterraba Assado e Cozido Suflê e sopasMelão Cozida GeléiaAbóbora Cozida e Assada Sopa, torta e doceManga Cruas SucoChuchu Assados e Cozido Bolinhos, suflê e sopaCenoura Assado Suflê

Entrecascas Forma de utilização PreparaçõesMelancia Cozido, cozido Ensopado, doceMaracujá Cozido Doce

Sementes Forma de utilização PreparaçõesAbóbora Assadas e Torradas Aperitivo e paçocaMelão Assadas AperitivoMelancia Torradas PaçocaJaca Assado Bolo

Fonte: Elaborada pela autora.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aproveitamento integral dos alimentos é capaz de aumentar a dispo-

nibilidade de nutrientes disponíveis para o consumo, melhorar a qualidade de vida da população que sofre com a fome e ainda pro-mover uma acentuada economia financeira e

Tabela 1 – Sugestões de utilização das partes não convencionais dos alimentos.

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redução de impactos ao meio ambiente. En-tretanto, para que o aproveitamento integral seja possível, é necessário que haja uma mudança de paradigmas na população, através da redução do desperdício na co-lheita, transporte, armazenagem, comercia-lização e especialmente no consumo casei-ro e industrial dos alimentos, enxergando as partes menos nobres das frutas, legumes e vegetais como potenciais fontes nutritivas e não como “lixo”.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Karina Antero Rosa Ribeiro é Doutora em Clínica Médica – Ciências Básicas pela Universidade Estadual de Campinas UNICAMP. Possui especiazação em Análises Clínicas pelo Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas e é Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Atualmente desenvolve pesquisa Pós Doc na área de Imunogenética, Biologia Celular e Molecular na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e é docente das disciplinas de Genética, Biologia Molecular, Ciências Morfológicas (Biologia Celular e Histologia), Imunologia e Bioquímica em Faculdades privadas.

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DIABETES MELLITUS E RESISTÊNCIA À INSULINA

PAULINO, Márcia TerezinhaFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

MALDONADO, Rafael Resende Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo abordar as principais definições a respeito do dia-betes, apresentando aspectos gerais da doença, causas, evolução e estatísticas, bem como discutir alguns aspectos metabólicos relacionados ao desenvolvimento da resistência à insulina (RI) e ainda refletir sobre o papel da alimentação, especialmente no que diz respeito ao consumo de ácidos graxos e de fibras alimentares, no aumento ou na diminuição da ocorrência de RI. A partir dos artigos analisa-dos foi possível notar uma correlação entre processos inflamatórios relacionados à obesidade com RI e ao surgimento e desenvolvimento do DM. Em relação à dieta, ainda não há consenso sobre a influência da quantidade e da qualidade dos ácidos graxos e também das fibras sobre a doença, merecendo este aspecto maior aprofundamento nos estudos. PALAVRAS-CHAVE: Insulina, Ácidos graxos, Fibras Alimentares, Resistência à Insulina, Diabetes Mellittus.

ABSTRACT: This work aimed to evaluate main definitions about diabetes, presenting general aspects of disease, causes, evolution and statistics, as well as discuss some metabolic aspects related to the development of insulin resistance (IR) and also reflect about importance of food, especially in as regards consumption of fatty acids and dietary fiber, and increase or decrese due to the occurrence of IR. Throu-gh the analyze of the articles it was possible to observe a correlation between inflammatory processes related to obesity and IR and the emergence and development of DM. Regarding the diet, there is still no consensus about influence of the quantity and quality of fatty acids and also dietary fibers on the disease, this aspect most deserving further studies. KEYWORDS: Insulin, Fatty Acids, Food Fibers, Insuline Resistance, Diabetes Mellitus

1. INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença que envolve distúrbios metabólicos relacionados ao aumento da glicemia, re-sultante de ação insatisfatória da insulina, podendo também provocar alterações no metabolismo de proteínas e lipídeos. Uma série de doenças, tais como cardiopatias, acidente vascular cerebral, nefropatia, reti-nopatia, dentre outras, podem surgir asso-ciadas a um quadro de DM. Envelhecimen-to da população, urbanização, mudança nos hábitos alimentares e sedentarismo são fatores extrínsecos que tem levado a um aumento considerável do DM no mun-do, alcançando níveis de epidemia global.

Fatores intrínsecos, como desenvolvimento de resistência à insulina (RI) também contri-bui para o agravamento do quadro de DM. Também a obesidade é um fator que esta-belece relação com o avanço da ocorrência da doença, uma vez que há evidências de que níveis elevados de ácidos graxos livres circulantes no organismo levam a respostas inflamatórias, que por sua vez parecem es-tar correlacionadas ao aumento da RI e ao desenvolvimento do DM tipo 2.

2. OBJETIVO

Avaliar a relação entre DM tipo 2 e RI, bem como os fatores que levam ao apa-recimento da RI, principalmente em relação

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a processo inflamatórios ligados a obesida-de. O consumo de ácidos graxos e o papel das fibras alimentares também é alvo de in-vestigação nesta revisão.

3. METODOLOGIA

Através de uma revisão bibliográfi-ca nas bases de dados do Pubmed, Scielo, lilacs e Medline, foram selecionados artigos com relevância nas áreas de diabetes meli-tos, alimentação e resistência à insulina pu-blicada a partir dos anos 2000.

4. REVISÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é defi-nido como uma doença que agrupa vários distúrbios metabólicos que apresentam em comum o aumento da glicemia, sendo este resultante de defeitos na ação ou na secre-ção de insulina ou de ambos. Além da hiper-glicemia, o DM também ocasiona distúrbios no metabolismo de lipídios e proteínas. Pa-cientes portadores de DM tem risco aumen-tado de desenvolver casos de nefropatia, cardiopatia, retinopatia, acidente vascular cerebral e de necessitarem de amputações de membros inferiores (BARRERA et al., 2012).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o DM pode ser classifi-cado em quatro grupos, sendo eles DM tipo 1, DM tipo 2, DM gestacional e outros tipos específicos de DM (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2006)

DM tipo 1 é decorrente da des-truição das células β-pancreáticas, o que promove uma deficiência na produção ou ação da insulina; esta destruição pode ser decorrente de um processo autoimu-ne, envolvendo anticorpos anti-insulina, antidescarboxilase do ácido glutâmico e antitirosina-fosfatase, ou idiopático que se caracteriza pelo aumento de marcadores de autoimunidade contra as células β e que não possui associação com o sistema de antígeno leucocitário. Já o DM tipo 2, o mais frequente, afeta normalmente pesso-as acima dos 40 anos, sendo causadas por defeito na ação e/ou secreção de insulina; de modo geral a maioria dos pacientes pos-suem como característica predominante o

excesso de peso e cetoacidose.(ERLICH et al., 2008).

O diabetes gestacional ocorre du-rante a gestação, sendo ocasionado por uma intolerância a glicose promovida pela diminuição da função das células β do pân-creas e assemelha-se ao DM tipo 2, porém na maioria dos casos após o parto dá-se reversão do quadro, fazendo com que a glicose volte as níveis normais. Os outros tipos específicos de DM envolvem qua-dros menos comuns e defeitos genéticos nas células β do pâncreas ou na ação de insulina, doença exócrina do pâncreas e outras condições; dentre essas categorias encontram-se DM mitocondrial, pancreatite, neoplasias, defeito do gene HNF-4 alfa, re-sistência à insulina tipo A, etc.(LAWRENCE et al., 2008).

Como consequência do aumento da glicose circulante no sangue, os por-tadores de DM são afetados por diversas patologias que decorrem desta de falta do controle glicêmico, dentre elas algumas se destacam devido à frequência que acome-tem os pacientes como os casos de doen-ças vasculares, neuropatias, nefropatias, retinopatias e amputações de membros. (KOKA et al., 2006).

Pesquisa realizada em unidade bá-sica de saúde em Porto Alegre ilustra que há uma alta frequência de comorbidades relacionadas ao DM. Dos pacientes avalia-dos 76,8% apresentavam hipertensão arte-rial; 48%, dislipidemia; 83,9%, excesso de peso; 23,2%, complicações oftalmológicas como glaucoma ou catarata; 3,2%, retino-patias; 5,6%, insuficiência renal e 15,2% tinham sofriado acidente vascular cerebral (GRILLO & GORINI, 2007).

O ritmo de crescimento da epide-mia de DM no mundo é acelerado. Em 1995 ela afetava 135 milhões de indivíduos, pas-sando a cerca de 173 milhões em 2002, ou seja, aumento de 28% no número de casos em menos de uma década. Há ainda uma estimativa de que o DM atinja cerca de 300 milhões de pessoas em 2030, ou seja, um avanço de 122% em 35 anos, segundo os dados citados. A OMS atribui este aumento da incidência de DM ao crescimento e enve-lhecimento populacional, à urbanização, ao aumento dos casos de obesidade e ao se-

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dentarismo. Somente nas Américas, o nú-mero de indivíduos foi estimado em 35 mi-lhões no ano 2000 e projeta-se 64 milhões para 2025. Nos países em desenvolvimento estima-se que a incidência da doença irá tri-plicar na faixa entre 45 e 64 anos e duplicar nas faixas de 20 a 44 e acima de 65 anos (WILD et al., 2004).

O aumento da incidência do DM tipo 2 tem se dado de forma exponencial, adquirindo características epidêmicas em vários países, especialmente nos países em desenvolvimento. Alterações na dieta, na prática de atividades físicas e o aumen-to dos casos de obesidade tem destacada contribuição no processo de avanço epidê-mico do DM tipo 2 (RIBAS et al., 2009).

Em 2002, a OMS relatou que no mundo, cerca de 987.000 pessoas falece-ram em decorrência do DM, caracterizando 1,7% da mortalidade geral. Recentemente, os pesquisadores passaram a utilizar outro modelo de relação entre a incidência, pre-valência e morbidade específica da doença, o que tem aumentado o número de casos. Por este novo modelo foram relatados em 2000 aproximadamente 27,9 milhões de mortes relacionadas ao DM equivalendo a 5,2% mortalidade geral, sendo 2 a 3% em países subdesenvolvidos e 8% em países desenvolvidos (LYRA et al, 2006).

Fora o impacto epidemiológico, destaca-se também o impacto econômi-co. Pesquisa realizada nos EUA em 2002 demonstrou que o governo gastou apro-ximadamente 132 bilhões de dólares com tratamento, prevenção e controle do DM (American DIABETES ASSOCIATION, 2003). Além dos gastos com tratamento e do investimento para criação de novas dro-gas para tratamento da doença, dados epi-demiológicos demonstram que apenas 50% dos portadores mantém a doença sob con-trole (KORO et al., 2004).

Um fator complicador no DM é a resistência à insulina (RI), que pode ser definida como um processo decorrente de uma menor resposta biológica dos tecidos periféricos com relação ao hormônio insu-lina; está resistência pode ser causada por fatores como defeito de secreção e/ou uma ação menos eficiente deste hormônio.

O receptor de insulina pertence

a uma família de receptores de fatores de crescimento que têm atividade tirosina qui-nase intrínseca. Após a ligação da insulina o receptor sofre autofosforilação em múltiplos resíduos de tirosina. Isto resulta na ativação da quinase do receptor, com consequente fosforilação em tirosina de uma família de substratos do receptor de insulina (IRS). O processo de fosforilação e as interações proteína-proteína disparam o sinal do re-ceptor gerando efeitos celulares, tais como a translocação de vesículas contendo trans-portadores de glicose (GLUT4) do pool in-tracelular para a membrana plasmática, o que promove a ativação da síntese de glico-gênio e de proteínas e transcrição de genes específicos. Apesar do avanço na compre-ensão dos mecanismos de ação da insulina e nas alterações moleculares que levam a RI, ainda há muitas lacunas que permane-cem desconhecidas, tais como os mecanis-mos de inter-relação (cross-talk) com outros hormônios, a susceptibilidade genética da RI, as interações entre os genes, influência da obesidade, da dieta, da atividade física e do ambiente (CARVALHEIRA, ZECCHIN & SAAD, 2002; BOSI et al., 2009).

Estudos relatam efeitos positivos da atividade física com relação a melhora na RI. Há evidências de que a atividade fí-sica pode apresentar efeitos positivos tanto na via de sinalização dependente de insuli-na quanto na não dependente de insulina, o que promove uma melhora na RI, por mini-mizar a atividade e/ou expressão proteínas inflamatórias de ação negativa ao efeito da insulina (ROPELLE et al., 2006; PAULI et al, 2008).

Outro estudo demonstrou que a prática regular de atividade física melhora a RI, pois tal prática promove a estimulação de translocação de GLUT 4, gerando maior capitação de glicose circulante com redu-ção da concentração da glicose sanguínea. Além disso, o exercício promove um maior transporte de glicose ao músculo esquelé-tico, independente de insulina, através de uma enzima chave de resposta à contração muscular, a AMPK (proteína quinase ativa-da por AMP – adenosina monofosfato) que durante a sua ativação promove vesículas de GLUT 4, facilitando o transporte de glico-se ao músculo (PAULI et al., 2009).

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A RI é o principal defeito metabó-lico da obesidade e do DM tipo 2. Tradicio-nalmente, o conceito de RI é definido como um defeito na ação da insulina que resulta em uma hiperinsulinemia compensatória para manter os níveis de glicemia dentro da normalidade. O acúmulo de lipídios está fortemente relacionado a uma capacidade reduzida da insulina em ativar a cascata de eventos de fosforilação que conduzem aos efeitos metabólicos desse hormônio. Estu-dos apontam que níveis séricos elevados de ácidos graxos livres, provenientes do aumento da mobilização de triglicerídeos do tecido adiposo, atuam nesta redução de ação da insulina (ECKEL, SCOTT & ZIM-MET, 2005).

Tem sido observado, em diversos locais do mundo, uma associação entre a prevalência de obesidade e a RI, devido à disfunção das células β, anormalidade que está relacionada ao surgimento do DM tipo 2. A maior quantidade de ácidos graxos li-vres e de citocinas pró-inflamatórias plas-mática presentes na obesidade, podem de-sencadear a RI, dentre outros fatores, pela fosforilação inibitória do substrato do recep-tor de insulina 1 (IRS-1), via ativação de quinases relacionadas ao estresse, como a quinase C-jun N-terminal (JNK). Em obe-sos, a RI correlaciona-se com alterações do sistema imune, e com a baixa expressão da proteína de choque térmico de 72kDa (Hsp72) e aumento da ativação da JNK no músculo esquelético (MATOS, 2012).

Estudo realizado com dieta su-plementada de ácidos graxos saturados e polinsaturados mostrou que o aumento da concentração desses na dieta leva a um au-mento da concentração destes subtipos no plasma e nos tecidos de ratos, desencade-ando resposta sinalizadora sobre a insulina. Ambas as dietas ricas em ácidos graxos in-duziram defeitos no sítio específico de fos-forilação do substrato recepetor da insulina (IRS-1) e da proteína quinase B (PKB), em músculo esquelético, fígado, mas não no tecido adiposo branco. Os resultados deste estudo são interessantes no sentido de su-gerir que o aumento no consumo de gordu-ras apresenta impacto no desenvolvimento da sinalização de defeitos no IRS-1 e na PKB, mas que isso não depende do tipo de

ácido graxo presente na dieta, saturado ou insaturado (FRANGIOUDAKIS & COONEY, 2008).

A descrição das citocinas pró-in-flamatórias é recorrente na literatura como fator de desencadeamento da RI, no entan-to, ainda não há dados conclusivos sobre a ação de diferentes tipos de ácidos graxos livres neste processo. Estudo realizado com suplementação de óleo de peixe contendo EPA e DHA em camundongos mostrou uma diminuição da glicemia de forma depen-dente do tempo e da dose, com verificação no aumento da fosforilação de IR e IRS1 e Akt, indicando um aumento na transdução do sinal insulínico no fígado. Os resultados obtidos sugerem uma melhora na via de si-nalização da insulina no fígado de camun-dongos induzida por ômega-3, devido à re-dução em processos inflamatórios (LUZ et al., 2012).

Tanto em estudos epidemiológi-cos em indivíduos que consumiram grande quantidade de ácidos graxos ω-3 como em triagens nas quais foram usadas doses de 4g/dia desses ácidos observou-se tendên-cia de aumento na glicemia e na quantida-de de insulina em jejum em homens hiper-lipêmicos após a ingestão de óleo de peixe (DEWAILLY et al, 2001; MORI et al, 2000).

Em outro trabalho, conclui-se que a ingestão de cápsulas de óleo de peixe foi capaz de diminuir os níveis de triacilglice-róis, mas provocou aumento no colesterol total e nos níveis de LDL. O perfil glicêmico e a RI também apresentaram piora em pa-cientes portadores de síndrome metabólica. O consumo de ácidos graxos polinsatura-dos ω-3 não levaram ao aumento do estres-se oxidativo e ainda foi capaz de melhorar a capacidade antioxidante total. A partir des-tes resultados são necessários mais estu-dos para avaliar a relação custo-benefício e os efeitos adversos do consumo de ácidos graxos em pacientes com síndrome meta-bólica (GODENY et al, 2010).

Estudos relacionados às anormali-dades metabólicas ligadas a RI e hiperlipi-demia tem sido frequentes. Alguns apontam que o aumento no consumo de ácidos gra-xos promoveria uma piora no quadro, uma vez que a exposição aguda a glicose e aos ácidos graxos levaria a inibição da libera-

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ção insulínica, outros demonstram que o aumento da concentração de ácidos graxos livres (AGL) por exposição crônica promo-vem uma diminuição da oxidação de carboi-dratos e de captação de glicose por tecidos como o músculo cardíaco e esquelético; em controvérsia alguns autores acreditam que quanto maior a cadeia dos ácidos graxos e o menor o grau de insaturação maior seria a secreção de insulina em resposta a concen-tração basal de glicose (SINAIKO, 2007).

Outro estudo demonstra que a li-beração de insulina pode ser controlada de acordo com o tipo de ácido graxo ingerido, sendo que o consumo de ácidos graxos de cadeia longa potencializa a ação da insulina em relação à resposta da concentração ba-sal de glicose (VIDAL et al., 2005), em con-trapartida os AGL e os ácidos graxos trans, promovem a diminuição/inibição da secre-ção de insulina e aumento de DM e doen-ças cardiovasculares (SIMÕES et al, 2010).

A sindrome metabólica (SM) é um conjunto de fatores de risco que incluem principalmente aqueles que promovem do-enças cardiovasculares (aumento do coles-terol, dos triglicérides, hipertensão arterial, etc.) e que também atuam no DM (DIB, 2007;STEEMBURGO et al., 2007). Pes-quisas que surgiram devido ao aumento de diagnósticos de SM, demonstram que a alimentação é um fator chave tanto no tra-tamento quanto na prevenção da síndrome (LAYMAN & WALKER, 2006; SARTORELLI, FRANCO & CARDOSO, 2006b). A base do tratamento da SM envolve uma mudança de hábitos vida, em que o paciente passe a praticar atividades físicas, promovendo perda ponderal de peso, melhorando a to-lerância à glicose e diminuindo os riscos de doenças cardiovasculares (SARTORELLI & CARDOSO, 2006a; MADEIRA et al., 2009).

Nota-se uma tendência no aumen-to de casos de obesidade e diabetes no mundo. O crescente consumo de alimen-tos ricos em açúcares e gorduras, através de uma dieta hiperglicídica e hiperlipídica vem promovendo o surgimento de mais ca-sos de SM. Para diagnosticar esta síndro-me fatores como circunferência abdominal, pressão arterial, glicemia e presença de dis-lipidemias, vem sendo o ponto chave para buscar uma prevenção (FORD & GILES,

2002; PITSAVOS et al., 2003). Estudo mos-tra que a SM é um dos fatores contribuintes para o desenvolvimento de DM (LORENZO et al., 2003). Pacientes com DM tipo 2 foi avaliados e observou-se que 80% dos pa-cientes diabéticos possuíam a SM (ISO-MAA et al., 2001).

A hipertensão arterial também está ligada diretamente a DM, pois o aumento de glicose no sangue promove um comprome-timento da vasodilatação periférica promo-vendo uma maior resposta a angiostensina, ou seja, o excesso de glicose no sangue promove uma ação sobre o sistema renina--angiostensina, fazendo com que ocorra uma maior produção de angiostensina des-regulando o equilíbrio deste sistema, geran-do uma maior absorção de sódio e cloreto, aumentando assim o volume sanguíneo e a pressão arterial (BARROSO, ABREU & FRANCISCHETTI, 2002). Já as dislipide-mias estão associadas ao DM através da diminuição do metabolismo de lipoproteína de baixa densidade (LDL) enquanto os tri-glicerídeos estão aumentados e a lipopro-teína de alta densidade (HDL) encontra-se diminuída (GRUNDY et al., 2004). Quanto à circunferência abdominal, nota-se que o processo inflamatório causado pela obesi-dade promove aumento nas concentrações de interleucina-6 e de proteína C reativa que estão associadas a resistência a insu-lina, ao DM e a SM; acredita-se que este mecanismo esta relacionado ao processo adaptativo do sistema imune (FERNAN-DÉS-REAL et al., 2003; MOZAFARRIN et al., 2004; HAMDY et al., 2003).

Em relação à dieta, o consumo de carboidratos é amplamente discutido, pois o aumento da concentração de carboidra-tos simples promove a rápida liberação de glicose no organismo, com consequente aumento nas taxas glicêmicas no sangue. Como forma de minimizar tais efeitos é re-comendada a introdução de carboidratos que promovem uma digestão mais lenta, como as fibras alimentares (SANTOS et al., 2006). De modo geral, alimentos com baixa carga glicêmica diminuem os riscos e me-lhoram a qualidade de vida do tratamento de pacientes com DM, o que torna impor-tante conhecer o índice de glicêmico dos alimentos ingeridos na dieta, como forma

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de melhorar a alimentação dos pacientes com DM (SARTORELLI et al., 2005).

As denominadas fibras alimentares (FA) são amplamente estudadas, inclusive por nutricionistas, a fim de compreender a ação deste grupo de compostos sobre do-enças crônicas não transmissíveis como a DM. Há dois tipos de fibras alimentares: as solúveis e as insolúveis, ambas possuem ações divergentes no organismo, bem como no controle glicêmico. As fibras solú-veis reduzem o tempo do trânsito intestinal, melhorando a tolerância à glicose, além de diminuir as concentrações séricas de coles-terol. Por outro lado, fibras insolúveis pro-movem aumento da saciedade, o que pode levar o indivíduo a perder peso, o que me-lhora a tolerância à glicose. (SARTORELLI et al., 2005;MELLO & LAAKSONEN, 2009).

Outro estudo aponta que as FA são digeridas no intestino delgado e passam por processo de fermentação no intestino gros-so, essa passagem pelo intestino garante a essa fonte de alimento propriedades físico--químicas que agem sobre o metabolismo de certos nutrientes e a normalização de al-gumas patologias (LIESE et al., 2009).

Em um estudo de revisão biblio-gráfica foi relatado que o consumo de FA promove a diminuição da velocidade do esvaziamento gástrico, promovendo uma diminuição na absorção de glicose melho-rando a glicemia pós prandial, além da di-minuição da hemoglobina glicosada e de glicemia pós prandial. No mesmo estudo, os autores relatam os benefícios causados por diversos tipos de FA, relatando que a pectina atuaria melhorando o controle glicê-mico pós prandial e que o psyllium e as be-ta-glucanas melhoram o controle glicêmico e lipídico (MIRA, GRAF & CÂNDIDO, 2009).

Outro estudo que também compro-va os benefícios das FA está ligada a inges-tão de gomas e mucilagens. O estudo intro-duziu a ingestão de barras de cereais rica em fibra solúvel gular (é uma fibra solúvel extraída do endosperma da espécie Cya-moposis tetragonolobus). Observou-se que os pacientes que consumiram a barra de cereal com gular apresentaram melhor res-posta glicêmica e insulínica (FLAMAMMG et al., 2006).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O DM é uma doença grave e que avança rapidamente nos dias atuais, rela-cionada a fatores extrínsecos e intrínsecos, tomando proporções de epidemia global e constituindo um sério problema de saúde pública. A mudança de hábitos alimenta-res, de atividade física, redução do estresse entre outros podem ajudar na redução da incidência da doença no que diz respeito a aspectos extrínsecos. No que diz respei-to a aspectos intrínsecos, os mecanismos que levam ao surgimento e desenvolvimen-to do DM e a melhor elucidação das cau-sas e mecanismos envolvidos na RI, bem como sua relação com obesidade, proces-sos inflamatórios e alimentação se fazem necessários. Até o presente momento, ainda não há dados conclusivos a respei-to da composição de ácidos graxos como fator complicador da RI, mas há indicativos de que a quantidade de ácidos graxos na dieta, e não a sua constituição, é que tem impacto mais relevante sobre a RI. Em re-lação à atividade física e a dieta, melhorias nestes dois aspectos mostram-se bastante significativos na melhora tanto em relação à prevenção como no tratamento do DM. A atividade física regular promove redução do peso corporal e melhores respostas a glico-se, enquanto a redução de lipídeos e a in-trodução de fibras alimentares provocam al-terações metabólicas em nível intracelular e no processo digestório que contribuem para reduzir a RI e melhorar os índices glicêmi-cos, fatores essenciais para melhor controle e prevenção da DM.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Márcia Terezinha Paulino é graduanda em Nutrição pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro.

Rafael Resende Maldonado é graduado em Engenharia de Alimentos (UNICAMP-2005) e Química (UNI-CAMP-2012), possui Mestrado em Engenharia de Alimentos (UNICAMP-2006) e doutorado em Engenharia de Alimentos (UNICAMP-2012). Atua como professor universitário desde 2008 e professor de ensino técnico desde 2010. Atualmente leciona na Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (Mogi Guaçu) nos cursos de Nutrição e Engenharia Química, nas Faculdades Integradas Maria Imaculada (Mogi Guaçu) no curso de Química Industrial, na Escola Superior de Administração e Marketing (Campinas), no curso de Engenharia Química e na Universidade Estadual de Campinas (Campinas), no curso técnico de Alimentos. Seus interesses de pesquisa abrangem áreas de Nutrição, Alimentos, Química e Engenharia Química, Enzimologia e Biocombustíveis.

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HIPOTIREOIDISMO E HIPERTIREOIDISMO – UMA BREVE REVISÃO SOBRE AS DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS

OLIVEIRA, VanessaFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

MALDONADO, Rafael Resende Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

RESUMO: Hipotireoidismo e hipertireoidismo são disfunções da glândula tireoide que causam diversas alterações no organismo humano. Este trabalho teve como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre aspectos gerais dessas duas disfunções, tais como tipos, definições, sintomas, efeitos sobre o organismo, diagnósticos e tratamento. Foi realizada uma busca de artigos científicos em diferentes bases de dados com termos associados a hipotireoidismo e hipertireoidismo. Existe vasta literatura sobre o assunto, indicando que estas disfunções podem ocorrer de diferentes formas, com impactos no sistema cardiovascular, pulmonar, cérebro e também durante a gestação. O diagnóstico é feito atra-vés da dosagem dos hormônios TSH, T3 e T4. Quanto à questão nutricional, poucos trabalhos foram encontrados sobre o papel da alimentação tanto no surgimento, como no controle destas disfunções. PALAVRAS-CHAVE: Hipoteiroidismo, hipertireoidismo, doença de Graves, sistema cardiovascular, ati-vidade física.

ABSTRACT: Hypothyroidism and hyperthyroidism are disorders of thyroid gland which cause several changes in the human body. This study aimed to review the literature on general aspects of these two di-sorders, such as types, definitions, symptoms, effects on the body, diagnosis and treatment. A search of scientific articles in different databases with associated hypothyroidism and hyperthyroidism terms was performed. There is vast literature on the subject, indicating that these disorders can occur in different ways, with impacts on the cardiovascular system, lung, brain, and also during pregnancy. The diagnosis is made by the dosage of the hormones TSH, T3 and T4. Regarding nutritional issue, few studies were found about the role of food both in appearance as in controlling these disorders.KEYWORDS: Hypothyroidism, hyperthyroidism, Graves disease, cardiovascular system, physical ac-tivity.

1. INTRODUÇÃO

Hipotireoidismo e hipertireoidismo são duas disfunções da glândula tireoide que causam uma série de alterações no organismo humano. O hipotireoidismo é definido como um estado clínico resultante de quantidade insuficiente ou ausência de hormônios circulantes da glândula tireoide, denominados T4 (tiroxina) e T3 (tri-iodo-tironina), para suprir uma função orgânica normal. Enquanto que o hipertireoidismo consiste em um estado hipermetabólico causado pelo aumento na função da glân-dula tireoide e, consequente, aumento dos níveis circulantes dos hormônios T3 e T4 li-vres. As causas mais comuns são hiperpla-

sia difusa da tireoide associada à doença de Graves, bócio multinodular hiperfuncionan-te e adenoma hiperfuncionante da tireoide.

2. HIPOTIREOIDISMO

Hipotireoidismo é definido como um estado clínico resultante de quan-tidade insuficiente ou ausência de hormô-nios circulantes da glândula tireoide, deno-minados T4 (tiroxina) e T3 (tri-iodotironina), para suprir uma função orgânica normal. A forma mais prevalente é a doença ti-reoidiana primária, denominada de hipoti-reoidismo primário, que é uma deficiência hormonal causada devido à incapacidade, parcial ou total, da glândula tireoide de pro-

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duzir os hormônios tireoidianos (MÜLLER et al., 2008). No entanto, o hipotireoidismo pode se apresentar de outras maneiras, tais como hipotireoidismo congênito, central e subclínico.

O hipotireoidismo congênito (HC) é a causa mais comum de retardo mental passível de prevenção. Ele resulta da de-ficiência dos hormônios tireoidianos, fun-damentais na organogênese do sistema nervoso central até os dois anos de vida, quando estimulam o crescimento dos den-dritos e axônios, além de contribuírem para a formação do córtex cerebral anterior, hi-pocampo, córtex auditivo e cerebelo (BE-NEVIDES et al., 2006).

Geralmente este tipo de hiperti-reoidismo é decorrente de defeitos na for-mação glandular durante a embriogênese e evidências sugerem que mutações nos fa-tores de transcrição (TTF2, TTF1 e PAX-8) muitas vezes são os responsáveis pela do-ença. A falta de estímulo do TSH (hormônio estimulador da tireoide) na glândula tireoide leva a ocorrência da doença, motivada por má formação ou disfunção hipofásica ou hi-potalâmica. Ocorre geralmente por dis-hor-mogênese da glândula tireoide, por defeito no transportador de iodeto na membrana basal e/ou apical, defeitos na síntese da TG ou defeitos na organificação do iodeto (PERRONE et al., 2004). A biossíntese dos hormônios da tireoide tem na enzima tire-operoxidase (TPO) uma função chave de catalisar importantes reações. Mutações no gene relacionado a esta enzima são consi-derados a principal causa de HC por disor-monogênese (SOUZA, 2011).

Doenças neuropsiquiátricas po-dem apresentar múltiplos enfoques, dentre eles relação com os hormônios da tireoide. Pesquisa realizada com um menino de cin-co anos de idade com hipotireoidismo con-gênito associado a problemas do desenvol-vimento de ordem instrumental e estrutural, relata retardo no desenvolvimento psicomo-tor, principalmente na fala, hipotonia mus-cular e hipoacusia bilateral. A evolução do caso relatado apontou melhora da sintoma-tologia assim que se obteve controle dos hormônios tireoidos (Bragatti-Winckler & Rotta,1994).

Problemas fonoudiológicos tam-

bém são relatados em crianças que apre-sentam hipotireoidismo congênito. Trabalho realizado com crianças de 2 a 7 anos no Acre e em Rondônia, apontaou para atraso no início da linguagem oral, trocas na fala, fala ininteligível, comportamento agitado e comportamento nervoso. Verificou-se alte-ração na fala em 80% do grupo avaliado e alteração auditiva em 7,7%. Para aqueles que tiveram diagnóstico e tratamento mais tardio do hipotireoidismo, o índice de quei-xas foi maior do que para aqueles com diag-nóstico e tratamento mais precoce (FER-REIRA et al, 2011). A incidência do HC é variável, sendo que no Brasil, ela é de apro-ximadamente 1 caso para cada 2500 nasci-dos vivos (DE CARVALHO et al., 2007).

O hipotireoidismo primário (HP) pode ser permanente ou transitório. Cerca de 85% do HP permanente é decorrente de defeitos na formação glandular durante a embriogênese e é denominado disgenesia tireoidiana (KLETT, 1997). Por outro lado, defeitos genéticos no desenvolvimento e função da hipófise podem resultar em vá-rias formas de deficiência características do hipotireoidismo central (PERRONE et al., 2004). O hipotireoidismo central ocorre por deficiência de hormônios tireoidianos por falta de estímulo do TSH hipofisário ou do TRH (hormônio liberador da tireotrofina) hi-potalâmico.

Enquanto isso, o hipotireoidis-mo subclínico (HS) ou doença tireodiana mínima é definido pela elevação do nível sérico do TSH, acima do limite superior da normalidade, associada a níveis normais de tiroxina livre (T4L) (PIMENTEL & HANSEN, 2005; TEIXEIRA et al., 2006). Outro traba-lho relata que o hipotireoidismo subclínico (SHT) é uma disfunção caracterizada por valor sérico aumentado do TSH com con-centrações normais de T4 e T3, na ausên-cia de sintomas clínicos manifestos. Esta entidade já foi denominada de hipotireoi-dismo préclínico, diminuição da reserva da tireoide ou mixedema pré-clínico (ROMAL-DINI, SGARBI & FARAH, 2004). A preva-lência do SHT varia com a idade e o sexo da população selecionada de 2,5 a 10,4% e, quando acompanhado de valores eleva-dos de anticorpos anti-tiroideanos o risco de progressão para hipotireoidismo clínica au-

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menta em 5% ao ano. Incide mais no sexo feminino e, principalmente, em pacientes com mais de 60 anos de idade, podendo al-cançar índices de 15%.

O hipotireoidismo subclínico pa-rece ser o primeiro sinal de disfunção da tireoide e parece estar relacionado com eventos cardiovasculares, mortalidade, dis-lipedmia, depressão e déficit cognitivo. Es-tudos recentes sugerem, porém, que esta seja uma possível condição inerente ao envelhecimento atuando como uma adap-tação fisiológica de proteção às exigências de consumo exagerado ou catabolismo. A avaliação dos hormônios tireoidianos em idosos é complexa, devido à presença de doenças concomitantes e uso frequente de medicações que podem influenciar a dosa-gem destes hormônios e a sintomatologia também é diferente com o avanço desta idade, de forma que tanto os níveis de re-ferência dos hormônios tireoidianos como o tratamento aplicado devem ser diferen-ciados em faixas etárias mais avançadas (RAUEN et al., 2011).

Um dos impactos relacionados ao SHT diz respeito à prescrição de exercícios físicos. Os hormônios da tireoide atuam sobre o sistema cardiovascular, regulando a contração e o relaxamento do músculo cardíaco, além de regular o tônus vascular. No hipotireoidismo subclínico, quando há níveis alterados de T3 e T4 ocorrem dis-funções como, por exemplo, diminuição da contratilidade e da frequência cardíaca, di-minuição do débito cardíaco, diminuição da pressão arterial e da variabilidade da frequ-ência cardíaca, além de aumento nos níveis de colesterol sérico e diminuição da sensibi-lidade à insulina. Um dos tratamentos para reverter os comprometimentos cardiovas-culares causados pelo hipotireoidismo é a reposição hormonal com levotiroxina. Ainda há possibilidade da prática de exercícios fí-sicos para ajudar tanto na parte respirató-ria quanto na parte vascular/cardiovascular (COELHO et al., 2011).

Vários estudos associam o SHT a fatores de risco de doença arterosclerótica, mas poucos correlacionam esse distúrbio à diminuição da tolerância ao esforço físico. A reposição hormonal com L-tiroxina no tra-tamento dos doentes permanece controver-

sa. Mulheres portadoras de SHT na faixa de 40 a 60 anos com TSH acima de 4,4 mU/L, T3 livre e T4 normais foram avaliadas em teste de esforço progressivo, com análise da concentração de lactato sanguíneo nos períodos pré e pós-tratamento com L-tiro-xina e observou-se melhora significativa na tolerância ao lactato e, consequentemente, tolerância ao esforço após o tratamento, mostrando o potencial da L-tiroxina sódica para aumentar a tolerância ao esforço físico progressivo em portadoras de SHT (GON-ÇALVES et al., 2011).

Em outro trabalho foi feito um le-vantamento de estudos publicados entre 1995 e 2011 na base de dados PubMed considerando artigos que avaliaram a fun-ção cardiovascular de hipotireoideos subclí-nicos e clínicos e a influência do exercício físico sobre as funções cardiovasculares afetadas nesta doença. Verificou-se que a capacidade aeróbia de hipotireoideos sub-clínicos e clínicos está reduzida, e que a função endotelial, o estresse oxidativo e a função autonômica estão prejudicados nes-tes sujeitos. Apesar de ser uma enfermida-de tão prevalente quanto o diabetes, não existe uma recomendação para prescrição de atividade física para os hipotireoideos, tal como há para obesos, cardiopatas e dia-béticos (SOUZA et al., 2013).

Um estudo realizado com pacien-tes portadores de hipotireoidismo subclínico avaliou durante seis meses o treinamento aeróbio, sendo que os pacientes apresenta-ram melhoras da função endotelial. O estu-do apontou características e comportamen-tos funcionais semelhantes ao de pacientes cardíacos e pulmonares. Sendo assim, a prescrição de exercícios físicos deve levar em consideração o tipo, a frequência, a du-ração e nível de hidratação dos pacientes (XIANG et al., 2009).

Outra questão que tem levanta-do interesse é a similaridade de sintomas entre o hipotireoidismo e a fibriomialgia. A fibromialgia é definida como uma sín-drome dolorosa músculo-esquelética não inflamatória de caráter crônico, sendo as principais manifestações clínicas, as de queixas álgicas distribuídas difusamente pelo corpo, sensação de fadiga e distúrbios do sono. Por outro lado, os sintomas mús-

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culo-esqueléticos também tem sido relata-dos no hipotireoidismo na proporção entre 30 e 80% dos casos (FREIRE et al., 2006). Outro estudo também apresenta concomi-tância de fibromialgia em pacientes porta-dores de hiportireoidismo e alterações ti-reoidianas em pacientes com fibromialgia. Foram avaliados 222 pacientes, sendo que 56 possuíam hipotireoidismo. Os pacientes foram submetidos às dosagens séricas do hormônio estimulador da tireoide (TSH), ti-roxina livre (T4 livre) e anticorpo antitireo-peroxidase (a-TPO), por método de quimio-luminescência. Desse grupo, 166 pacientes eram portadores de fibromialgia, sendo que o hipotireoidismo subclínico foi encontrado em 35 indivíduos, sendo 16 com hipotireoi-dismo subclínico com provável causa de tireoidite crônica autoimune (TSH elevado, T4 livre normal e a-TPO elevado), 10 com hipotireoidismo subclínico idiopático (TSH discretamente elevado, T4 livre normal e a--TPO normal), 8 com hipotireoidismo clínico por tireoidite crônica autoimune (TSH eleva-do, T4 livre diminuído e a-TPO elevado) e 1 com hipotireoidismo por causa não definida (TSH elevado, T4 livre diminuído e a-TPO normal). Nos pacientes com hipotireoidismo previamente diagnosticado, a fadiga, o sono não restaurador e a cefaleia crônica foram estatisticamente mais frequentes naqueles em que foi feito o diagnóstico de fibromial-gia (CUNHA, SÁ & BARCELOS, 2008).

Em outra área, é importante acom-panhar o funcionamento da glândula tireoide durante a gestação. A gestação induz diver-sas alterações fisiológicas maternas, sendo uma delas a função tireoidiana. Quando há a presença de anticorpos antitireoidianos ou ingestão deficiente de iodo, as altera-ções aumentam ainda mais, resultando em hipotireoidismo materno e/ou fetal ocasio-nando complicações para a mãe e para o feto durante a gravidez. Estudos relatam que filhos de mães hipotireoidianas não tra-tadas durante a gravidez podem apresentar deficiências no desenvolvimento do siste-ma nervoso central (SNC). É aconselhável que mulheres que possuem hipotireoidismo estabilizem a doença antes da gestação para a prevenção de maiores complicações (BARTH et al., 2010).

O diagnóstico passa normalmente

pelas dosagens do TSH. O TSH é o exa-me de escolha utilizado no rastreamento para disfunção tireoidiana. É possível de-tectar alterações mínimas ou subclínicas da deficiência de hormônios tireoidianos com dosagem sérica do TSH. Existem di-ferentes ensaios para dosagem de TSH com diferentes sensibilidades, no entanto, não se deve centrar estratégia diagnóstica apenas na dosagem de TSH, porque neste caso, o eixo hipotálamo-hipófise-tireoide te-ria que estar sempre intacto. A relação log/linear entre TSH e T4 livre comprova que o TSH é o melhor exame para detectar hipo-função tireoidiana. O método utilizado atu-almente para dosar TSH é o imunométrico não isotópico (IMA) e deve ter sensibilidade funcional de pelo menos 0,02 mU/L (NO-GUEIRA et al., 2011). Os valores de refe-rência de TSH para eutireoideos são 0,4 a 4 mUI/L; para hipotireoidismo < 0,01 mUI/L e para hipertireoidismo de 7,1 a 7,5 mUI/L (MILHARANSA & SOARES, 2009).

3. HIPERTIREOIDISMO

O hipertireoidismo consiste em um estado hipermetabólico causado pelo aumento na função da glândula tireoide e, consequente, aumento dos níveis circulan-tes dos hormônios T3 e T4 livres. As cau-sas mais comuns são hiperplasia difusa da tireoide associada à doença de Graves, bócio multinodular hiperfuncionante e ade-noma hiperfuncionante da tireoide (BAR-ROSO et al., 2012).

As principais etiologias do hiperti-reodismo são: doença autoimune da tireoi-de, deficiência de iodo, redução do tecido tireodiano por iodo radioativo ou por cirur-gia para tratamento da Doença de Graves ou câncer da tireoide (NYS & CORDRAY, 2009). As principais manifestações clínicas são: cansaço, fadiga, exaustão, sonolên-cia, perda de memória e de concentração, intolerância ao frio, ganho de peso, cons-tipação, depressão, menstruação irregular, aumento de volume da tireoide, síndrome do túnel do carpo, pele seca, unhas quebra-diças, déficit de audição, edema palpebral, bradicardia, pressão alta, entre outras.

A doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo. Trata-se

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de uma doença autoimune, caracterizada por anticorpos contra o receptor de TSH. Os sintomas mais frequentes são ansieda-de, tremor, fraqueza, palpitação, perda de peso, intolerância ao calor, dentre outras (VALENTE et al., 2001). As opções terapêu-ticas atualmente disponíveis são as drogas antitireoidianas (DAT), a cirurgia e o iodo radioativo (I131), sendo que nenhuma delas é considerada ideal, visto que não atuam diretamente na patogênese da disfunção (MOMOTAMI et al., 1997).

Um estudo retrospectivo com aná-lise de prontuários hospitalares avaliou 107 pacientes (93 mulheres e 14 homens), com mediana de idade de 54 anos, comparando grupo que recebeu tratamento com iodo ra-dioativo para doença de Graves e pacientes eutireoidianos pós-tratamento com drogas antitireoidianas (DAT). Observou-se um significativo aumento da hipertensão arterial e da dislipidemia, mas não na taxa de mortalidade em pacientes tratados com iodo radioativo. O estudo sugere a necessidade de um maior acompanhamento dos pacientes tratados com iodo radioativo para estabelecer uma melhor correlação entre o tratamento, as comorbidades observadas e a taxa de mortalidade em pacientes com hi-pertireoidismo (AZEVEDO et al., 2013)

O tratamento ideal para o hiper-tireoidismo da doença de Graves seria a correção dos distúrbios autoimunes para restaurar a função tiroidiana normal. O tra-tamento com iodo radioativo (I131) é uma das opções de tratamento do hipertireoidis-mo relacionado a doença de Graves, sendo indicado para pacientes idosos com doen-ça de Graves pré-tratados com tionamidas; tratamento inicial para adultos com doença de Graves com hipertireoidismo leve e bem tolerado; para pacientes com recidiva após remissão com tionamida ou com efeitos co-laterais graves a esta droga e para pacien-tes com recidiva após tratamento cirúrgico. É contra indicado durante a gestação e recomenda-se que mulheres em idade re-produtiva evitem a gravidez no período de 6 a 12 meses após a terapia (LOPES, 2007).

Outra sugestão de tratamento da doença de Graves consiste na abordagem terapêutica do hipertireoidismo com uso de beta-bloqueadores e na redução da síntese

de hormônios da tireoide através da admi-nistração de tionamidas, iodo radioativo ou cirurgia (NEVES et al., 2008). Outro estudo aponta que o I131 tem sido cada vez mais utilizado como primeira escolha terapêutica por tratar-se de um tratamento definitivo, de fácil administração e seguro (ANDRADE, GROSS & MAIA, 2004).

Assim como no caso do hipotireoi-dismo, também há no caso do hipertireoi-dismo os casos considerados subclínicos (SHT). A prevalência do SHT varia com ida-de e sexo da população, entre 2,5 e 10,4% e, quando acompanhado de valores eleva-dos de anticorpos antitiroideanos, o risco de progressão para hipotireoidismo clínico au-menta em 5% ao ano. A ocorrência é maior no sexo feminino e em pacientes com mais de 60 anos, podendo atingir índices de até 15% (SAWIN et al., 1985).

Na presença de hipertireoidismo, a função cardíaca pode se alterar por ação direta do T3 ou por variações hemodinâmi-cas e vasculares. O excesso de hormônio tireoidiano provoca diferentes respostas cardiovasculares dependentes do tempo de exposição. Os hormônios tireoidianos, par-ticularmente o T3, modulam a síntese geral da fosfocreatina (PCr), aumentam a taxa de fosforilação oxidativa mitocondrial, regulam a atividade total da creatina quinase (CK) e a distribuição de suas isoenzimas. Estudo em ratos Wistar, utilizando-se o modelo ex-perimental de hipertireoidismo, avaliou-se a ação da leucina na hipertrofia cardíaca e na concentração de creatina quinase (CK) e os resultados apontaram para uma ação da leucina no sentido de inibir a hipertrofia cardíaca induzida no hipertireoidismo, além de reduzir as concentrações séricas de cre-atina quinase (FIDALE et al., 2013).

Em outro estudo, também com ra-tos Wistar, em situação de hipertireoidismo crônico foi avaliado o efeito da vitamina E sobre a modulação da resposta hipertrófica cardíaca. Foram feitos 4 grupos, sendo um tratado com vitamina E, um hipertireóideo, um hipertireóideo tratado com vitamina E e um grupo controle. Os resultados aponta-ram para um grande aumento do coração no grupo dos hipertireóideos enquanto que aqueles tratados com vitamina E apresenta-ram hipertrofia reduzida, concluindo-se que

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a vitamina E reduz a hipertrofia cardíaca em situação de hipertireoidismo crônico, por re-dução do estresse oxidativo (DREHER et al., 2009).

Estudo experimental avaliou o per-fil lipídico em ratos Wistar com hipertireoi-dismo induzido em repouso e após exercício físico agudo. No grupo com hipertireoidismo observou-se menor peso do tecido adiposo nas regiões mesentérica, retroperitoneal e subcutânea, menores valores de colesterol total, LDL e HDL e também menores con-centrações de lipídeos totais no coração quando estes encontravam-se em repou-so em comparação com grupo controle. Após sessão aguda de exercícios físicos não houve alteração do perfil lipídico dos animais com hipertireoidismo, exceto pelo aumento de lipídeos totais do coração. Os resultados são um indicativo da correlação entre hipertireoidismo e perfil lipídico, o que é importante para avaliar relação da doença com possíveis problemas cardiovasculares (CAMBRI et al., 2013). Em outro estudo, em condições similares, foram encontradas alterações no peso corporal e em variáveis plasmáticas quando comparados animais com hipertireoidismo sob repouso e após exercício agudo, indicando que o exercício físico agudo pode alterar a dinâmica meta-bólica glicídica e protéica, plasmática e teci-dual em ratos com hipertireoidismo (BECK et al., 2011).

Outra questão que vem sendo abordada em estudos recentes é a relação entre hipertensão arterial pulmonar (HAP) e tireoidopatias (hipotireoidismo e hipertireoi-dismo). Esta hipótese tem sido levantada porque o aumento da HAP é leve e rever-sível com o tratamento de tireoidopatia. O mecanismo exato envolvido na patogênese desta associação não está estabelecido e a influência direta dos hormônios da tireoide e autoimunidade são consideradas como hipóteses. Devido à alta prevalência de do-enças da tireoide em pacientes com HAP, testes de função tireoidiana devem ser con-siderados na investigação de todo paciente com HAP (SILVA et al., 2009).

O zinco (Zn) é um íon intracelular e é um dos elementos-traço e está no or-ganismo em cerca de 2 a 3 g. As principais fontes de zinco são alimentos de origem

animal, como carnes, leite e seus derivados. Estudo realizado procurou avaliar o estado nutricional de pacientes com hipertireoidis-mo em relação ao zinco. De 30 pacientes avaliados, 18 apresentavam concentração plasmática de zinco abaixo do ideal. Estudo experimental em animais observou uma di-minuição significativa de zinco nos eritróci-tos, mas diminuições no nível plasmático do mineral não haviam sido observadas, o que ocorre somente em casos de deficiências muito graves de zinco no organismo. Os re-sultados indicam é que pode ser importante fazer o monitoramente nutricional de zinco em pacientes portadores de hipertireoidis-mo, a fim de evitar deficiências nesse grupo (BARROSO et al., 2012).

Também são frequentes manifes-tações comportamentais associadas ao hipertireoidismo, como, por exemplo, hi-percinesia, nervosismo, irritabilidade, exci-tabilidade, dificuldade de aprendizagem e distúrbios do sono. Um estudo descritivo de casos com adolescentes com hipertireoidis-mo foi realizado com nove adolescentes, com predomínio do sexo feminino e idade média de 14 anos. Os principais sintomas relatados foram perda de peso, insônia, hi-perativismo, palpitações, nervosismo e tre-mores, com tempo de manifestação clínica da doença de aproximadamente 4 anos.

Em outro estudo descritivo, adoles-centes com hipertireoidismo de idade entre 12 e 16 anos foram submetidos à avaliação clínica e laboratorial e testagem psicomé-trica. A média do coeficiente de inteligência (QI) total foi de 65,22, do QI Verbal de 68,66 e do QI de Execução de 68,44. Sete indiví-duos apresentaram comportamentos condi-zentes com transtornos neuropsicológicos específicos. Os resultados indicaram uma influência do hipertireoidismo sobre o de-senvolvimento cognitivo dos adolescentes avaliados (SÉRGIO et al., 2007).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos artigos analisados foi possível descrever os principais tipos de hipotireoidismo e hipertireoidismo, causas, sintomas, formas de diagnóstico e tipos de tratamentos disponíveis. Em relação ao hi-potireoidismo é importante destacar a re-

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lação deste com o sistema cardiovascular como um fator que aumenta o risco de apa-recimento de doenças cardíacas e deve-se ter atenção ao tipo de exercício físico que deve ser prescrito em função das altera-ções no sistema cardiovascular. No caso do hipotireoidismo congênito, este está re-lacionado principalmente com problemas de retardo no desenvolvimento mental e cognitivo de crianças, quando não são de-vidamente diagnosticadas. O hipotireoidis-mo ainda apresenta uma semelhança de sintomas com a fibromialgia e as alterações fisiológicas durante a gravidez podem levar ao surgimento dessa disfunção tireoidiana. Em relação ao hipertireoidismo, a doença de Graves (doença autoimune) é a princi-pal causa do surgimento desta disfunção. Assim como no hipotireoidismo, a função cardíaca é alterada em função das altera-ções hormonais da tireoide. Em relação aos aspectos nutricionais, dentre os artigos ava-liados, pouco tem sido citado sobre o papel da alimentação no surgimento e no controle destas disfunções, sendo o aspecto mais relevante encontrado o de que a vitamina E leva a diminuição da hipertrofia cardíaca em pacientes com hipertireoidismo. Sendo assim, no campo nutricionial, ainda é pre-ciso investigar mais o papel da alimentação sobre estas duas disfunções.

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Vanessa Oliveira é graduada em Nutrição pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (2013).

Rafael Resende Maldonado é graduado em Engenharia de Alimentos (UNICAMP-2005) e Química (UNI-CAMP-2012), possui Mestrado em Engenharia de Alimentos (UNICAMP-2006) e doutorado em Engenharia de Alimentos (UNICAMP-2012). Atua como professor universitário desde 2008 e professor de ensino técnico desde 2010. Atualmente leciona na Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (Mogi Guaçu) nos cursos de Nutrição e Engenharia Química, nas Faculdades Integradas Maria Imaculada (Mogi Guaçu) no curso de Química Industrial, na Escola Superior de Administração e Marketing (Campinas), no curso de Engenharia Química e na Universidade Estadual de Campinas (Campinas), no curso técnico de Alimentos. Seus interesses de pesquisa abrangem áreas de Nutrição, Alimentos, Química e Engenharia Química, Enzimologia e Biocombustíveis.

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1. INTRODUÇÃO

Crianças e adolescentes apresen-tam nos dias atuais um estilo de vida total-mente informatizado, onde a diversão de jogar bola, correr, nadar e outras brincadei-ras foram substituídos pelos computadores, vídeo games e televisão. E os alimentos saudáveis foram substituídos pelas famo-sas comidas rápidas, e alimentos industria-lizados, contribuindo para o aumento das crianças e adolescentes com problemas de sobrepeso ou obesidade.

É crescente o sobrepeso e a obe-

sidade em idades cada vez mais precoces. Isso tem despertado a preocupação de pes-quisadores e profissionais da área de saú-de, em razão dos danos e agravos à saúde que podem ser provocados pelo excesso de peso, tais como hipertensão arterial, car-diopatias, diabetes, dislipidemias e outras (ENES e SLATER, 2010).

De acordo com a Pesquisa de Or-çamentos Familiares (POF), realizada no ano de 2009, crianças entre 5 e 9 anos de idade e adolescentes, a frequência do ex-cesso de peso, que vinha aumentando mo-destamente até o final da década de 1980,

IDENTIFICAÇÃO DOS MACRONUTRIENTES E ENERGIA TOTAL DA MERENDA EM UMA ESCOLA ESTADUAL

SCAPIN, Edlaine CristinaFaculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)

[email protected]

REGGIOLLI, Márcia ReginaFaculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)

[email protected]

RIBEIRO, Karina Antero RosaFaculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)

[email protected]

RESUMO: O mundo tem registrado o aumento de crianças e adolescentes obesos. A obesidade é fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não- transmissíveis. Visando a adequação dos cardápios ofertados nas escolas a Resolução nº38/2009/PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), determina quantitativamente os nutrientes a serem ofertados. O objetivo deste trabalho foi realizar uma comparação entre os valores nutricionais descritos na resolução e os valores de macronu-trientes e energia ofertados na merenda aos alunos de uma escola estadual. O método utilizado foi a pesagem de todos os alimentos oferecidos na merenda durante três meses consecutivos com posterior análise da composição nutricional. Conclui-se que os cardápios necessitam de ajustes nutricionais para evitar danos aos alunos.PALAVRAS CHAVE: PNAE; macronutrientes; merenda escolar.

ABSTRACT: The world has seen the increase of obese children and adolescents. Obesity is a risk factor for developing chronic non – diseases. Aiming at the adequacy of the menus offered in schools, the Resolution Nº 38/2009/PNAE (National School Nutrition Programme), determines quantitatively the nutrients to be offered. The objective of this study was to compare the nutritional values described in the resolution and the values of macronutrients and energy in meals offered to students of elementary edu-cation at a public school. The method used was the weighing of all foods offered in the menu of meals for three consecutive months with subsequent analysis of the nutritional composition. We conclude that the menus offered need nutritional adjustments to prevent harm to students.KEY WORDS: PNAE; macronutrients; school lunch.

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praticamente triplica nos últimos 20 anos, alcançando entre um quinto e um terço dos jovens (IBGE, 2010).

Quanto à análise do consumo ali-mentar pessoal no Brasil, resultados do IBGE (2012) mostram o consumo muito in-ferior do recomendado para frutas, verduras e legumes e consumo elevado de bebidas com adição de açúcar, como sucos, refrige-rantes e refrescos, os quais são particular-mente referidos pelos adolescentes.

A adolescência é um período de crescimento rápido em termos físicos, psi-cológicos e sociais, no qual os adolescen-tes costumam ganhar 50% do seu peso adulto, mais de 20% de sua altura adulta e 50% da massa esquelética adulta, (MANN e TRUSWELL, 2009).

Devido à importância dos hábitos saudáveis para o crescimento eutrófico na fase da infância para a adolescência, a es-cola, um dos locais onde os adolescentes passam pelo menos metade do tempo, tem tido grande importância em oferecer meren-da nutricionalmente adequada.

Um dos objetivos da nutrição esco-lar é o de suprir as necessidades energé-ticas e nutricionais de alunos que não tem condições socioeconômicas para suprir es-sas necessidades fora do ambiente escolar, além de melhorar os hábitos de alunos que se alimentam mal, influenciados pelos cole-gas, pelo mau exemplo dos pais e principal-mente pela mídia.

De acordo com a Resolução nº 38 de 16 de julho de 2009, publicada pelo Ministério da Educação que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, o artigo 15 determina que quando ofereci-da uma refeição, no mínimo 20% (vinte por cento) das necessidades nutricionais diá-rias dos alunos matriculados na educação básica, em período parcial, devem ser aten-didos.

O PNAE tem como objetivo aten-der as necessidades nutricionais dos alu-nos durante sua permanência em sala de aula, contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o ren-dimento escolar dos estudantes, bem como promover a formação de hábitos alimenta-

res saudáveis.Segundo Moysés e Lima (1982

apud FROTA et al., 2008) sabe-se que inú-meros fatores estão envolvidos no fracasso escolar, tais como: más condições de vida e subsistência de grande parte da população escolar brasileira, bem como as péssimas condições econômicas, responsáveis den-tre outros fatores pela fome e desnutrição.

Considerando os aspectos expos-tos, o objetivo deste trabalho foi analisar e comparar se a quantidade dos macronu-trientes e o valor energético total oferecido pela merenda de uma escola pública de Mogi Mirim, no estado de São Paulo, cor-respondem aos valores recomendados pela Resolução n°38 de 16 de julho de 2009.

2. METODOLOGIA

Após o término da revisão biblio-gráfica, teve início a coleta dos dados nutri-cionais do cardápio escolar, tendo por base os cardápios mensais, preparados por uma nutricionista de empresa terceirizada, refe-rentes aos meses de março, abril e maio de 2011, de uma escola pública de Mogi Mirim.

Para a definição da quantidade da per capita de cada alimento presente no cardápio, os alimentos foram pesados e medidos. As medidas caseiras foram trans-formadas em gramas.

O público alvo foi os alunos do en-sino fundamental, de 5ª a 8ª série, que pos-suiam entre onze e quinze anos, caracteri-zando a fase da adolescência e estudavam em período parcial, neste caso, apenas no período da tarde.

As tabelas de composição centesi-mal utilizadas como base para análise dos dados foram a Tabela de Composição Bra-sileira (TACO), Tabela Brasileira de Com-posição de Alimentos (TBCAUSP) e United States Department of Agriculture (USDA).

Os resultados encontrados foram confrontados com as recomendações ex-pressas em legislação específica para a merenda escolar brasileira – Resolução n° 38 de 16 de julho de 2009/PNAE e litera-tura, visando comparar as quantidades de nutrientes do cardárpio estudado às quanti-dades recomendadas.

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3. RESULTADOS

Após a análise dos cardápios e comparação com o recomendado pelo PNAE, o valor energético total dos cardá-

pios oferecido não atingiu o recomendado de 435 kcal em nenhum dos meses avalia-dos, conforme mostra o gráfico 1, embora a média dos três meses tenha atingido 95% da adequação.

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Gráfico 1 - Valor energético total (kcal) dos cardápios oferecidos na merenda escolar em uma escola de ensino fundamental de Mogi Mirim, 2011.

O mês de maio foi o que apresen-tou menor valor calórico nas refeições com 389 kcal, enquanto os meses de março e abril foram respectivamente 429 e 414 kcal.

A média dos carboidratos oferta-

dos no cardápio se apresentou abaixo do recomendado, que corresponde a 70,7 g, tendo sido no mês de março 62,3 g, no mês de maio 56,7 g, e o mês de abril 58,3g de carboidrato, conforme mostra o gráfico 2.

Gráfico 2 - Valores dos carboidratos dos cardápios oferecidos na merenda escolar em uma esco-la de ensino fundamental de Mogi Mirim, 2011.

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Enquanto os carboidratos não apresentaram os valores mínimos reco-

mendados, a média das proteínas ofertadas nos cardápios excedeu a adequação, apre-

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Gráfico 3 - Valores das proteínas dos cardápios oferecidos na merenda escolar em uma escola de ensino fundamental de Mogi Mirim, 2011.

sentando 147%, como mostra o gráfico 3.O menor valor encontrado foi no

mês de maio com 18,9 g, sendo que o reco-mendado é 13,6 g e o maior valor encontra-do foi no mês de abril com 21,9 g, seguido por 19,1g encontrado em março. Por fim, a comparação dos lipídios apresentou o me-

lhor índice de adequação com 97%, confor-me o gráfico 4.

O recomendado é de 10,8 g, sendo que o mês de abril mais se aproximou com 10,6 g, enquanto o mês de março e maio apresentou respectivamente 11,7 e 9,4 g.

Gráfico 4 - Valores dos lipídios dos cardápios oferecidos na merenda escolar em uma escola de ensino fundamental de Mogi Mirim, 2011.

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4. DISCUSSÃO

Neste estudo foi possível observar que as calorias ofertadas não atingiram o recomendado pelo PNAE. Uma vez que as calorias ingeridas correspondem as fontes de energia do corpo humano provinda dos macronutrientes encontrado nos alimentos, é fundamental a adequação da dieta para o correto funcionamento do organismo e ma-nutenção do peso eutrófico.

A glicose, provinda dos carboidra-tos, é uma fonte essencial de energia para o cérebro, hemácias e medula renal. Se as necessidades diárias não forem supridas, esses órgãos podem adaptar-se a utilizar as cetonas derivadas da oxidação dos áci-dos graxos como fonte de energia, porém o estado de cetose não é desejável, uma vez que a função cognitiva pode ficar prejudi-cada e aumentam a chances de ocorrência de acidose metabólica. Assim, a inadequa-ção do carboidrato na dieta pode ser preju-dicial à saúde, inclusive a dos adolescentes (MANN e TRUSWELL, 2009).

A ingestão de proteína, além de fornecer energia é importante na formação dos músculos, na síntese de hormônios e restauração de tecidos, porém quando in-gerida em excesso, como observado neste estudo, pode causar danos futuros a saúde, pois promove o aumento de reações cata-bólicas, aumentando assim a produção de subprodutos como uréia, gás carbônico, gli-cose e corpos cetônicos, que apresentam efeitos adversos ao organismo se estiverem em grandes quantidades. Em longo prazo ocorre o aumento da filtração glomeru-lar, sobrecarregando os rins (PAIVA et al., 2007).

Um resultado semelhante a este foi encontrado no estudo de Silva (1998), que observou que a dieta dos escolares estava em média, deficiente em energia provinda de carboidratos e com elevado conteúdo protéico, muito acima do preconizado.

Segundo Mondini e Monteiro (1994), cujo estudo avaliou as mudanças no padrão de alimentação da população urba-na brasileira entre 1962 e 1988, ocorreu um crescente consumo de proteína animal na dieta. No entanto, este aumento não deve estar desacompanhado dos demais nutrien-

tes vitais à manutenção da saúde.A adequação dos lipídios da dieta

também é necessária e benéfica a saúde, pois proporciona menores riscos de LDL – colesterol acima dos valores considerados normais, e menores riscos de redução dos valores de HDL – colesterol, assim como previne o risco de outras patologias prove-nientes do excesso de lipídios. Outra vanta-gem da adequação dos lipídios, é que ele é essencial para a digestão, absorção e trans-porte das vitaminas lipossolúveis, que são as vitaminas A, D, E e K, e os fitoquímicos como carotenóides e licopenos (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2010).

5. CONCLUSÃO

Os cardápios avaliados neste es-tudo não apresentaram adequação dos nu-trientes e valor energético total preconiza-dos pelo PNAE para a faixa etária avaliada.

O valor energético total e a quanti-dade de carboidratos não atingiram o valor recomendado pela Resolução n°38 de 16 de julho de 2009/PNAE, enquanto as pro-teínas excederam em 47% o recomendado, estando apenas os lipídios presentes em quantidades adequadas.

Dependendo do estilo alimentar adotado pelos alunos fora da escola em função dos hábitos adquiridos ou da baixa condição sócio-econômica, a inadequação dos cardápios pode ser prejudicial ao alu-nado, contribuindo para o aumento da ca-rência de importantes nutrientes da dieta, que contribuem de forma fundamental para o bom desenvolvimento intelectual e físico dos alunos.

Para a melhora dos cardápios, su-gere-se aumentar a quantidade de carboi-dratos de baixo índice glicêmico, através da inserção de alimentos que contenham car-boidratos complexos e redução da ingestão de proteína através da diminuição das por-ções, resultando em melhora qualitativa e quantitativa dos alimentos.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº 38, de 16 de julho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação bá-sica no Programa Nacional de Alimentação Escolar

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- PNAE. Brasília, DF, 2009.

ENES, C. C.; SLATER, B. Obesidade na adolescên-cia e seus principais fatores determinantes. Revista Brasileira de Epidemiologia, 2010, v.13, p.163-171.

FROTA et al. Má alimentação: fator que influencia na aprendizagem de crianças de uma escola pública. Revista APS, 2009, v. 12, n. 3, p. 278-284.

IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares: Antropo-metria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro, 2010.

IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares: Análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Ja-neiro, 2010.

MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: alimen-tos, nutrição e dietoterapia. 12ª ed. São Paulo: Else-vier, 2010.

MANN, J.; TRUSWELL S. Nutrição Humana. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

MONDINI, L. ; MONTEIRO, C. A. Mudanças no pa-drão de alimentação da população urbana brasileira

(1962-1988). Revista de Saúde Pública, 1994, v.28, p. 433-439.

NEPA-UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos. Versão II. 2ª ed. Campinas: NEPA-UNI-CAMP, 2006.

PAIVA, A.C.; ALFENAS, R.C.; BRESSAN, J. Efeitos da alta ingestão diária de proteínas no metabolismo. Revista Brasileira Nutrição Clinica, 2007, v.22, p.83-88.

SILVA, M. V. Alimentação na escola como forma de atender às recomendações nutricionais de alunos dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPS). Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 1998, v.14, p.171-180.

TABELA DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMEN-TOS. U.S. Department of agriculture, USDA, 2001. Disponível em: <http://www.unifesp.br/dis/servicos/nutri>. Acesso em 03 jul. 2011.

TBCA-USP. Tabela Brasileira de Composição de Ali-mentos. Disponível em: <http://www.fcf.usp.br/Tabe-la>. Acesso em: 20 jul. 2011.

Edlaine Cristina Scapin é graduanda do 8º semestre do curso de Nutrição na Faculdade Municipal Professor Franco Montoro.

Márcia Regina Reggiolli é Mestre em Nutrição Humana Aplicada pela Universidade de São Paulo. Graduação em Nutrição pela Faculdade de Ciências da Saúde São Camilo. Atualmente é docente do curso de nutrição das Faculdades de Jaguariúna, Faculdade Municipal Professor Franco Montoro em Mogi Guaçu e UNIP. Atuou por 17 anos como supervisora de Recursos Humanos e de Produção em multinacional de grande porte sendo responsável pela área de benefícios, administração de pessoal, relações trabalhistas e produção de 5000 componentes e pela gestão direta de 200 colaboradores.

Karina Antero Rosa Ribeiro é Doutora em Clínica Médica – Ciências Básicas pela Universidade Estadual de Campinas UNICAMP. Possui especiazação em Análises Clínicas pelo Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas e é Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Atualmente desenvolve pesquisa Pós Doc na área de Imunogenética, Biologia Celular e Molecular na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e é docente das disciplinas de Genética, Biologia Molecular, Ciências Morfológicas (Biologia Celular e Histologia), Imunologia e Bioquímica em Faculdades privadas.

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IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DE NEOPLASIAS

HYPPOLITO, Keila Pereira Penteado Faculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)

[email protected]

RIBEIRO, Karina Antero RosaFaculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)

[email protected]

RESUMO: Câncer é o termo utilizado para representar um conjunto de mais de cem doenças, incluindo tumores malignos de diferentes localizações. O papel da nutrição no cuidado dos pacientes portadores de neoplasias é relevante durante todo o processo da doença, desde seu diagnóstico até a recupe-ração do paciente. O objetivo deste trabalho é destacar através de uma revisão da literatura nacional em periódicos especializados, a relação existente entre a dieta e desenvolvimento de tumores, além das modificações alimentares que podem minimizar suas ocorrências. Foi possível verificar também que o consumo de vegetais, frutas, fibras, vitamina D, cálcio e ácido fólico em uma dieta equilibrada podem ter ação preventiva no tratamento do câncer. Este estudo permitiu ainda concluir que os cuida-dos nutricionais podem aumentar a qualidade de vida destes pacientes melhorando sua tolerância ao tratamento.PALAVRAS-CHAVE: neoplasias, prevenção e alimentação.

ABSTRACT: Cancer is the term used to represent a set of more than one hundred diseases, including malignant tumors of different locations. The role of nutrition in the care of patients with cancer is relevant throughout the disease process, from diagnosis to recovery of the patient. The objective of this work is to highlight through a review of national literature in specialized periodics, the relationship between diet and the development of tumors as well as feed modifications that can minimize their occurrence. It was possible verify also that consumption of fruits, vegetables, fiber, vitamin D, calcium and folic acid in a balanced diet can have preventive action in cancer development. This study allowed yet to conclude that the nutritional care can increase the quality of life of these patients improving their tolerance to treatment.KEYWORDS: neoplasms, prevention and diet.

1. INTRODUÇÃO

Câncer é o termo utilizado para representar um conjunto de mais de 100 (cem) doenças, incluindo tumores malig-nos de diferentes localizações (BOLIGON e HUTH, 2011). Esta enfermidade considera-da crônica e multifatorial se caracteriza prin-cipalmente pelo crescimento descontrolado das células (FRIEDRICH, 2008).

Os índices de mortalidade asso-ciada ao câncer têm crescido significativa-mente nos últimos anos em função não só do envelhecimento populacional, mas espe-cialmente do processo de industrialização dos itens de consumo e das mudanças de hábito de vida da população como um todo.

O processo de reorganização glo-

bal da sociedade determinou grande modi-ficação nos padrões de saúde-doença no mundo. Esta modificação, conhecida como transição epidemiológica, foi caracterizada pela mudança no perfil de mortalidade com diminuição da taxa de doenças infecciosas e aumento concomitante da taxa de doen-ças crônico-degenerativas, especialmente as doenças cardiovasculares e o câncer.

A cada ano, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o câncer atinge 9 (nove) milhões de pessoas e mata cerca de 5 (cinco) milhões, sendo conside-rada atualmente, a segunda causa de morte por doença na maioria dos países, inclusive no Brasil. Ainda segundo a OMS, se medi-das de prevenção e controle não forem to-madas a contento, a incidência de câncer

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aumentará em 100% dentro dos próximos vinte anos, sobretudo nos países em de-senvolvimento, que caminham a passos curtos para resolver problemas básicos da saúde (CUPPARI, 2005).

Leser e Soares (2001), afirmam que os hábitos alimentares, na forma de fa-tores dietéticos específicos, têm influência determinante na carcinogênese, seja com uma suposta ação preventiva ou desenca-deadora de tumores.

A análise relativa de diversos es-tudos epidemiológicos demonstrou a es-treita relação existente entre obesidade, consumo exagerado de carnes vermelhas, gorduras e álcool com o aumento do risco de câncer. Em contrapartida, o consumo de vegetais, frutas, fibras, vitamina D, cálcio e ácido fólico em uma dieta equilibrada po-dem ter ação preventiva.

Santos e Cruz (2001), demonstra-ram que alguns nutrientes antioxidantes, como vitaminas A, C e E, minimizam os efeitos tóxicos produzidos pelas drogas an-tineoplásicas e interferem positivamente na resposta ao tratamento empregado.

Além das dores e dos efeitos co-laterais do uso de medicamentos, uma vez instalado, o câncer também provoca uma série de alterações nutricionais que se ma-nifestam de diferentes formas. A desnutri-ção, também conhecida como caquexia, está presente em 30 a 50% dos pacientes portadores de doenças neoplásicas e ca-racteriza-se como a principal manifestação clínica a anorexia (CUPPARI, 2005).

Pesquisas realizadas pela The Life Extension Foundation indicam que a terapia nutricional pode exercer grandes benefícios ao tratamento oncológico por meio da mi-nimização dos efeitos adversos produzidos pelo tratamento antineoplásico, promoven-do um melhor estado de saúde ao paciente (SANTOS E CRUZ, 2001).

A capacidade de interferência que os alimentos têm no estímulo ao desenvol-vimento ou na proteção contra os tumores foi o fator norteador deste estudo, que tem como objetivo destacar os principais bene-fícios promovidos pelo suporte nutricional adequado na prevenção e tratamento de neoplasias.

2. METODOLOGIA

O presente artigo trata-se de uma revisão da literatura nacional, disponível nos bancos de dados do Scielo (Scientific Electronic Library Online) e livros, entre os anos de 1984 e 2010, a respeito do tema “importância da nutrição na prevenção e no tratamento de neoplasias”.

Dos quarenta e nove (49) artigos encontrados, (17) dezessete foram selecio-nados para compor o trabalho devido à rele-vância dos estudos com a presente revisão.

3. FATORES MOTIVACIONAIS DA CARCI-NOGÊNESE

Especialistas em epidemiologia fo-cados no estudo do câncer têm observado que a sua prevalência no mundo aumentou de maneira significativa no último século. Países em franco desenvolvimento que apresentam maiores índices de industriali-zação e urbanização registram um número maior de mortalidade associada ao câncer do que países desenvolvidos.

As formas distintas de câncer tam-bém são observadas entre indivíduos que emigram para um novo país ou região, que tem uma relativa mudança em seus hábi-tos de consumo, integrando-se à cultura do país ou região que começa a fazer parte. Contudo, o desenvolvimento de várias das formas mais comuns de câncer resulta de uma interação entre fatores endógenos e ambientais, sendo o mais notável desses fatores a dieta.

Cerca de 35% dos diversos tipos de câncer ocorrem em razão de dietas ina-dequadas e identifica-se, entre os casos, associações relevantes entre alguns pa-drões alimentares observados em diferen-tes regiões do globo (GARÓFOLO et al., 2004).

Outros fatores ambientais, tais como o tabagismo, a obesidade, a atividade física e a exposição a tipos específicos de vírus, bactérias e parasitas, além do con-tato freqüente com algumas substâncias carcinogênicas como produtos de carvão e amianto, também merecem ser salientados.

Toscano et al (2008), relaciona a incidência de câncer aos fatores ambien-

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tais, destacando entre eles a exposição à radiação, o uso de tabaco, a ingestão de ál-cool, a obesidade, o sedentarismo e o con-sumo de nitritos e nitratos.

Além disso, tem ocorrido nos pa-íses em desenvolvimento, o processo de transição epidemiológica e nutricional, ca-racterizado pela modificação do perfil de morbi-mortalidade, com envelhecimento da população, urbanização, mudanças socioe-conômicas, alimentares e no estilo de vida. Dessa forma, verificou-se diminuição das doenças infecciosas e aumento na preva-lência e na incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer.

Dentre os estudos que envolvem câncer e dieta em diversas populações, o tema de maior discussão é a existência de uma diferença na incidência das várias for-mas de câncer, que pode estar relacionada às variações na ingestão de determinados componentes da dieta. A base para respon-der a esta e outras questões referentes ao câncer tem sido a epidemiologia (TOSCA-NO et al., 2008).

No entanto, uma das grandes li-mitações que podem conduzir a erros ou vieses dessa área é a escolha do inquéri-to dietético adotado nos estudos, uma vez que estes dependem tanto das informações fornecidas pelos entrevistados, quanto da habilidade do entrevistador em estimar o porcionamento correto do alimento consu-mido. Empregam-se esses levantamentos, valorizando alguns nutrientes isoladamente, enquanto que a população, de forma geral, consome alimentos como combinações de um grande número de compostos. Por isso, é complexo e merece análise cautelosa atri-buir um papel carcinogênico ou anticarcino-gênico a um único fator da dieta.

Independente dos possíveis er-ros inerentes ao levantamento da ingestão habitual, não é possível ignorar o valor de inquérito alimentar. Este inquérito trata-se de um instrumento que permite o conheci-mento do padrão alimentar e da sua varia-ção temporal para diferentes populações mundiais. Com ele, é possível identificar as modificações temporais no hábito alimentar e estimar o seu impacto sobre a ocorrência do câncer, tanto em grupos populacionais isolados, como em comparações entre po-

pulações de diversas regiões e países (GA-RÓFOLO et al., 2004).

Todos os fatores citados promo-vem desordem no ciclo celular do indiví-duo exposto, ocorrendo excesso na taxa de proliferação e deficiência nas taxas de morte celular. Este processo culmina com a formação de agrupamentos de clones de células neoplásicas, isto é, tumores.

4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS NUTRI-CIONAIS DO CÂNCER

As manifestações clínicas do cân-cer dependem do tipo, da localização do tumor e do estadiamento. Os sinais e sinto-mas mais comuns são: perda ponderal pro-gressiva, anemia, anorexia, dor, náuseas, vômitos e fadiga. Esses sintomas aumen-tam a morbimortalidade de indivíduos com câncer e prejudicam sua qualidade de vida.

A perda de peso involuntária, como conseqüência da presença de um tumor maligno, é um desafio para os portadores de câncer. Diferente da perda de peso in-tencional em indivíduos saudáveis, a per-da de peso involuntária nos pacientes com câncer é associada a um pior prognóstico (TOSCANO et al., 2008).

A perda de peso e a desnutrição são os distúrbios nutricionais mais freqüen-temente observados em pacientes com câncer (40% a 80% dos casos), sendo que até 30% dos pacientes adultos apresentam perda superior a 10% do peso. Em crianças, a prevalência de desnutrição aproxima-se de 30% a 35%, sendo mais freqüente entre portadores de tumores sólidos (GARÓFO-LO E PETRILLI, 2006).

A Caquexia do câncer é uma sín-drome caracterizada pela perda de peso progressiva, anorexia, definhamento gene-ralizado, imunossupressão, taxa metabólica basal alterada e anormalidades no metabo-lismo de líquidos e energia. A etiologia des-te desarranjo metabólico complexo não é inteiramente conhecida e pode se manifes-tar em pacientes com doenças metastática assim como aquelas com doença localizada (MAHAN E STUMP, 2005).

Dentre muitos fatores associados à desnutrição, destaca-se, principalmente, a ingestão alimentar, que é influenciada pelo

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tumor e pela presença de várias substâncias tóxicas utilizadas no tratamento oncológico, as alterações no metabolismo energético e dos nutrientes e o aumento nas perdas nu-tricionais, devido a vômitos, má-absorção, diarréia e falência renal.

O emagrecimento, associado à perda de massa magra, é um fenômeno ob-servado com freqüência em pacientes com câncer. Tal condição predispõe o paciente ao maior risco de infecções e, como conse-qüência, desfavorece o prognóstico de cura (GARÓFOLO E PETRILLI, 2006).

Além disso, a desnutrição também está associada à pior qualidade de vida. Dessa forma, algumas terapias têm sido propostas na tentativa de reverter o catabo-lismo, por meio da atenuação da resposta inflamatória, observado em grande porcen-tagem de pacientes com câncer e caquexia. Entre elas, a suplementação com ácidos graxos da família ômega-3 pode represen-tar uma estratégia na redução da formação de citocinas pró-inflamatórias, favorecendo a tolerância metabólica dos substratos ener-géticos e atenuando o catabolismo protéico, com o intuito de melhorar o prognóstico de cura de pacientes com câncer.

Entretanto, os estudos mostram al-guns resultados conflitantes da suplementa-ção com ômega-3 na resposta imunológica. Por outro lado, em pacientes com câncer, os ensaios clínicos mostraram atenuar a res-posta inflamatória e melhorar o estado nu-tricional (GARÓFOLO E PETRILLI, 2006).

5. PREVENÇÃO NUTRICIONAL DO CÂN-CER

Nenhum alimento sozinho é capaz de proteger contra o câncer, mas a com-binação correta de certos alimentos pode realmente estimular o sistema imunológico a lutar contra a doença. Na luta contra o câncer, a alimentação tem valor, sobretudo preventivo, porém quando já está diagnos-ticado o câncer, a dieta continua desem-penhando papel importante (PAMPLONA, 2007).

Embora a avaliação do risco nu-tricional seja um componente essencial na rotina dos cuidados na doença oncológica, a avaliação do mesmo ainda não é prática

comum, provavelmente devido à falta de métodos simples, validados e reprodutíveis.

É provável que os resultados de estudos populacionais sobre o papel dos alimentos como fator de risco tenham sido mais eficazes em demonstrar a redução do risco de câncer, do que as pesquisas isola-das sobre determinados nutrientes (GARÓ-FOLO et al., 2004).

Os alimentos anticancerígenos expostos nos sub-tópicos seguintes, cons-tituem um recurso a mais no tratamento do câncer, que não deve ser ignorado, princi-palmente por existirem provas experimen-tais de sua eficácia para travar o desenvol-vimento das células cancerosas, e o seu uso como arma terapêutica está bem fun-damentado.

5.1. Frutas e hortaliças

Estudos científicos têm comprova-do o efeito protetor de algumas hortaliças como brócolis, repolho, couve-flor e couve--de-bruxelas, no câncer colorretal. Estas hortaliças contêm substâncias químicas, indóis e isotiocianatos, capazes de estimu-lar enzimas de destoxificação ou reduto-ras da atividade de enzimas hepáticas que convertem compostos químicos ambientais em potentes carcinógenos, aumentando a solubilidade aquosa de toxinas corpóreas e sua conseqüente eliminação (FORTE et al., 2007).

Estes estudos comprovam que há uma relação inversa entre a diversidade dietética através do aumento da ingestão de hortaliças e frutas e o risco de desen-volvimento de câncer, demonstrando que esses alimentos exercem um papel crucial na etiologia dessa neoplasia. Porém, ainda não está esclarecido na literatura qual é o determinante anticarcinogênico das frutas e hortaliças, uma vez que as mesmas são fontes de vitaminas, minerais, fibras, fito-químicos, β-caroteno, ácido linoléico con-jugado, genisteína, indóis, isotiocianatos, flavonóides, dentre outras substâncias que exercem efeito protetor contra o câncer.

As frutas são, juntamente com as hortaliças, o alimento anticancerígeno mais eficaz. Centenas de investigações científi-cas realizadas em todo o mundo compro-

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varam que o consumo abundante de frutas evita a maior parte dos tipos de câncer que afetam os seres humanos. Todas as hortali-ças protegem contra o câncer em maior ou menor grau. Sua riqueza em provitamina A, em vitamina C e em elementos fitoquímicos

de ação antioxidante explica seu efeito anti-cancerígeno (PAMPLONA, 2007).

O Quadro 1 aponta algumas frutas e hortaliças e suas principais características de atuação sobre o câncer.

Cítricas (limão, laranja, etc.)Sua capacidade anticancerígena deve-se à ação

combinada da vitamina C, flavonóides, limonóides e a pectina.

Ameixa e maça Protegem contra o câncer de cólon.Abacaxi Previne contra o câncer de estômago.

Uva O resveratrol que contém, especialmente na casca, é anticancerígeno.

Amora, morango, arando e groselhaSão ricas em antocianinas de poderosa ação

antioxidante, que neutralizam a ação cancerígena dos radicais livres.

Acerola, goiaba e kiwi Por sua grande riqueza em vitamina C.Hortaliças Características

Beterraba Contém elementos fitoquímicos de ação anticancerígena

CenouraSua grande concentração em Beta-caroteno

(provitamina A), em outros carotenóides e em fibra explicam sua provada ação anticancerígena.

Pimentão, Tomate e BerinjelaContribui sua riqueza em Beta-caroteno (provitamina

A), em carotenóides e em vitamina C, todos eles potentes antioxidantes.

Cebola e alho Contém flavonóides e essências sulforosas que protegem do câncer.

Repolho, couve-flor, brócolis e rabanete São as crucíferas mais conhecidas como preventivas contra o câncer.

Tabela 1 – Sugestões de utilização das partes não convencionais dos alimentos.

As frutas e as hortaliças têm assu-mido posição de destaque nos estudos que envolvem a prevenção do câncer. Através de um estudo baseado em uma extensa análise de pesquisas epidemiológicas mun-diais, realizadas de forma independente por comitês de especialistas do World Cancer Research Fund and the American Institute for Cancer Research e do Chief Medical Officer’s Committee on Medical Aspects of Food and Nutrition Policy, foi possível ob-servar evidências do efeito protetor do con-sumo de hortaliças e frutas sobre diversos tipos de câncer (GARÓFOLO et al., 2004).

De acordo com Byers e cols., (2002 apud MAHAN E STUMP 2005), estu-dos mostram que o consumo aumentado de

frutas e vegetais está associado ao menor risco de cânceres da cavidade oral, esôfa-go, estômago, cólon, reto e bexiga.

Fazendo uma projeção na esti-mativa de prevenção, pode-se supor que o aumento no consumo de frutas e hortaliças promove uma redução na incidência glo-bal de câncer, que varia de 7% (estimativa conservadora) a 31% (estimativa otimista). Tendo por base os resultados das pesqui-sas avaliadas, os comitês foram unânimes em recomendar o aumento na ingestão de frutas e hortaliças, visando a prevenção do desenvolvimento do câncer (GARÓFOLO et al., 2004).

5.2. Fibras

Fonte: PAMPLONA (2007).

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Há algumas décadas tem sido en-fatizado o efeito protetor da fibra alimentar contra o câncer. A dificuldade em avaliar a relação entre fibra da dieta e câncer pode estar relacionada aos diversos tipos de fi-bras encontrados na composição dos ali-mentos. Embora plausível que haja um efei-to protetor contra o câncer em alguns tipos de fibras, ainda é necessário maior núme-ro de investigações que visem identificar as fontes reais do efeito anticarcinogênico (GARÓFOLO et al., 2004).

Evidências científicas têm de-monstrado que a carência de fibras na dieta eleva o tempo de trânsito intestinal, aumen-tando a concentração do conteúdo luminal, propiciando um maior contato de agentes nocivos e carcinógenos com a mucosa co-lônica. Dentre esses agentes, destacam-se os sais biliares, metabólitos de ácidos gra-xos de cadeia curta, gerados pelo aumento do pH intraluminal com dietas pobres em fibras, que são formados pelo metabolismo de gorduras e proteínas animais, determi-nando alterações epiteliais importantes, po-dendo culminar com o desenvolvimento dos cânceres de cólon e reto.

Por outro lado, estudos compro-vam que o aumento das fibras na dieta promove incremento nas concentrações de ácidos graxos de cadeia curta formados pela fermentação de bactérias colônicas, desempenhando conseqüentemente impor-tante papel no metabolismo intestinal. Den-tre os efeitos dos ácidos graxos de cadeia, destacam-se a indução da diferenciação de linhagens celulares, trofismo sobre o epité-lio atrófico, inibição do crescimento e de-senvolvimento do epitélio hiperproliferativo e ação celular anticarcinogênica (FORTE et al., 2007).

Acredita-se que a principal atuação dos ácidos graxos de cadeia curta se deve à ação do butirato no controle e na promo-ção da diferenciação celular, apoptose e su-pressão de células neoplásticas, através da regulação de vários oncogenes e indução de hiperacetilação de histonas.

Além disso, as fibras podem reduzir os níveis glicêmicos e melhorar a resistên-cia à insulina, influenciando positivamente no IGF-1 que é um promotor do processo de carcinogênese colorretal (FORTE et al.,

2007).As fibras que os cereais integrais

proporcionam aceleram o trânsito intestinal. Além disso, arrasta substâncias canceríge-nas que possam estar no tubo digestivo e as elimina nas fezes. Os cereais integrais também contêm fitatos, o qual, embora re-duzindo um pouco a absorção do ferro e do zinco, também atuam como anticanceríge-nos (PAMPLONA, 2007).

5.3. Fitoquímicos

Os resultados de pesquisas que envolvem os fitoquímicos, representam um grande avanço na elucidação do papel pre-ventivo do alimento no combate ao câncer. Inúmeros fitoquímicos, como isoflavonas (genisteína, daidzeína), lignanas (matai-resinol, secoisolariciresinol), terpenos e carotenóides entre outros, presentes em diversos alimentos, são identificados como tendo papel preventivo contra várias formas de câncer.

Os fitoquímicos podem interferir direta ou indiretamente na prevenção do câncer, uma vez que participam em diver-sas etapas do metabolismo, por exemplo, atuando como antioxidantes ou na redução da proliferação de células cancerígenas. A soja, bem como seus derivados, são apon-tados como tendo um efeito protetor em re-lação às várias formas de câncer, tanto na-queles hormônio-relacionados, quanto em outros tipos de neoplasias.

O seu papel preventivo contra o câncer de mama feminina, observado nas populações que fazem uso habitual da soja, tem como possível explicação o seu ele-vado teor de isoflavona. Essa substância revela comportamento semelhante ao do medicamento “tamoxifen”, utilizado no trata-mento desta neoplasia. No entanto, chama--se a atenção para a existência de diferen-tes grãos de soja, em que a quantidade e os tipos de isoflavonas são distintos. Isto pode justificar as divergências encontradas nos diversos estudos.

Por outro lado, uma segunda ge-ração de alimentos contendo soja, como hambúrguer, salsicha, iogurte e queijo, apresenta teores diferentes de isoflavonas,

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menores, quando comparados aos encon-trados naturalmente na alimentação asiáti-ca (GARÓFOLO et al., 2004).

Na literatura, a relação entre o cân-cer e as leguminosas não está completa-mente elucidada e estudos epidemiológicos demonstram efeitos contraditórios. Entre-tanto as leguminosas contêm carboidratos complexos, proteínas de origem vegetal, fi-bras, fitoquímicos, minerais como o cálcio, ferro, potássio, zinco e manganês e subs-tâncias bioativas que exercem diversos efeitos protetores contra o câncer (FORTE et al., 2007).

Portanto, há necessidade de mais investigações envolvendo os biomarcado-res, para elucidar-se o papel dos fitoquí-micos na prevenção do câncer, antes de recomendá-los especificamente como an-ticancerígenos, que devem fazer parte da alimentação habitual.

5.4. Vitaminas

Entre os micronutrientes mais in-vestigados por sua atuação quimiopreventi-va na carcinogênese é importante ressaltar as vitaminas antioxidantes, sendo as vitami-nas A, C e E.

Uma das ações das vitaminas e minerais é a defesa contra as espécies rea-tivas de oxigênio, que são responsáveis por danos ao DNA, regulação da diferenciação celular e, conseqüentemente, inibição do crescimento de células cancerígenas (PA-DILHA E PINHEIRO, 2004).

5.4.1. VITAMINA A

A vitamina A foi a primeira vitamina lipossolúvel a ser reconhecida em 1913 e o β-caroteno é o carotenóide encontrado na natureza com maior poder de formação de vitamina A, sendo capaz de conferir prote-ção contra diversos tipos de tumores. Entre as suas funções está a capacidade de inibir a oxidação de compostos pelos peróxidos. O mecanismo pelo qual estas substâncias protegem os sistemas biológicos contra os danos mediados pelos Radicais Livres (RL) parece depender da taxa de repressão da reação de formação dos RL (SANTOS E

CRUZ, 2001).

5.4.2. Vitamina E

A vitamina E é outro antioxidante dietético de grande importância, e sua for-ma mais importante é o α-tocoferol, que de-monstrou ser capaz de inibir o crescimento das células malignas de linfomas de câncer. Sua função como antioxidante é proteger os tecidos adiposos do ataque de RL, como por exemplo, a formação de radicais peró-xidos a partir de ácidos graxos poliinsatura-dos nas membranas fosfolipídicas.

Em estados de deficiência desta vitamina, os danos celulares causados pela produção de RL pelo tumor causam pero-xidação lipídica e destruição celular (SAN-TOS E CRUZ, 2001).

5.4.3. Vitamina C

O ácido ascórbico é uma vitamina hidrossolúvel e antioxidante que reage di-retamente com o oxigênio simples, radical hidroxila e radical superóxido, além de re-generar a vitamina E. Além disto, esta vi-tamina mantém as enzimas tiols em seus estados reduzidos e poupa a glutationa pe-roxidase, que é um importante antioxidante intracelular e cofator enzimático (SANTOS E CRUZ, 2001).

5.5. Zinco

O zinco é cofator de diversas enzi-mas que atuam na replicação celular, imuni-dade, combate aos radicais livres de oxigê-nio e manutenção da integridade do ácido desoxirribonucléico.

O zinco é fundamental para o orga-nismo, atuando também sobre os fatores de transcrição, defesa antioxidante e reparo do DNA e a deficiência alimentar desse mineral pode contribuir para danos e modificações oxidativas do DNA, que aumentam o risco de câncer.

Em muitas doenças neoplásicas, alterações nos níveis de zinco plasmático têm sido encontradas e, parece que a su-plementação deste mineral está associada

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com menor estresse oxidativo e melhora da resposta imune em pacientes com câncer.

O zinco participa ainda da estrutu-ra de uma proteína denominada metalotio-neína, que tem propriedades antioxidantes em condições como exposição a radiações, drogas e metais pesados, inibindo a propa-gação de radicais livres através de ligações seletivas de íons de metais pró-oxidantes como ferro e cobre, e dos potencialmente tóxicos como mercúrio e cádmio (FERNAN-DES E MAFRA, 2005).

5.6. Ômega-3 E Ômega-6

Os ácidos graxos ômega-3 per-tencem a uma categoria muito especial de gorduras denominada ácidos graxos essen-ciais. Essa classificação particular é atribu-ída a tais gorduras que são necessárias à saúde e não são produzidas pelo organis-mo, ou seja, tem que ser adquiridas através da dieta, pois a não ingestão desses com-postos através da dieta pode trazer sérias conseqüências para a saúde.

Os ácidos graxos ômega-6 são representados pelo ácido linoléico e seus derivados. O ácido linoléico é um ácido gra-xo essencial. Esse composto é um ácido graxo poliinsaturado, mais abundantemen-te encontrado nos tecidos humanos (SESI, 2009).

Os efeitos da suplementação com ômega-3 vêm sendo investigados, porém uma revisão recente apontou que a reco-mendação para o uso da suplementação com ômega-3 está bem estabelecida para determinadas condições clínicas, entre elas doença cardiovascular, hipertrigliceridemia e artrite reumatóide. Entretanto, outras con-dições, que podem se beneficiar da ação antiinflamatória do ômega-3, ainda estão sendo estudadas, apresentando evidências desses benefícios.

Entre as ações que estão sendo estudadas, observam-se propriedades anti-neoplásica, imunossupressora e anticaqué-tica (GARÓFOLO E PETRILLI, 2006).

Alguns alimentos ricos em ôme-ga-3 com características anticancerígenas são:

Semente de linhaça: contêm gran-des quantidades de ácido graxo ômega-3,

ácidos graxos ômega-6, quantidades signi-ficativas de fibras, possui uma substância chamada lignina, que tem ação anticarci-nogênica (SESI, 2009); azeite de oliva: seu consumo reduz o risco de sofrer câncer de mama quando substitui outras gorduras ali-mentares (PAMPLONA, 2007); peixes: ação antioxidante, diminuição da proliferação de células retais cancerígenas, redução do ris-co de câncer da laringe (ICESP, 2011).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As neoplasias ganham cada vez mais relevância, devido a sua importância como a segunda causa de morte em todo o mundo, tornando-se um problema de saú-de pública. Levando-se em consideração as estimativas que apontam que 80 a 90% dos novos tumores diagnosticados estão relacionados a fatores ambientais, e deste percentual, 35% esta relacionado à dieta, podemos deduzir que a maioria dos cânce-res humanos pode ser prevenida.

Este trabalho nos permitiu obser-var que a utilização de alguns nutrientes específicos na terapia antineoplásica tem sido constantemente abordada em estudos recentes relativos à prevenção do câncer. No entanto, os resultados ainda não são definitivos e mais estudos são necessários não apenas para confirmação dos benefí-cios, como também para que se determine a dose ideal sem que haja toxidade.

Acreditamos que a cada dia que passe se torna ainda mais imprescindível a realização de programas educacionais mul-tidisciplinares com a atuação de nutricionis-tas, médicos, educadores físicos, entre ou-tros profissionais da área de saúde, com o intuito de orientar os pacientes na melhoria da qualidade de vida e reforçar os hábitos de vida saudáveis, a fim de diminuir a inci-dência do desenvolvimento de tumores re-lacionados a estes fatores.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Keila Pereira Penteado Hyppolito é graduada do curso de Nutrição da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro.

Karina Antero Rosa Ribeiro é Doutora em Clínica Médica – Ciências Básicas pela Universidade Estadual de Campinas UNICAMP. Possui especiazação em Análises Clínicas pelo Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas e é Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Atualmente desenvolve pesquisa Pós Doc na área de Imunogenética, Biologia Celular e Molecular na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e é docente das disciplinas de Genética, Biologia Molecular, Ciências Morfológicas (Biologia Celular e Histologia), Imunologia e Bioquímica em Faculdades privadas.

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INFLUÊNCIA DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA LONGEVI-DADE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

GUIMARÃES, Larissa MachadoFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

OLIVEIRA, Daniela SoaresFaculdade Municipal Professor Franco Montoro

[email protected]

RESUMO: A expectativa de vida da população aumentou significativamente no decorrer dos anos, por conseguinte a longevidade e a procura por alimentos que de alguma forma irão proporcionar uma longevidade saudável e prevenir o aparecimento de doenças. O objetivo do presente trabalho foi de comprovar o beneficio da alimentação relacionado à saúde, a metodologia foi realizada através de revisão bibliográfica. Comprovou-se através de estudos que a alimentação tem forte influencia tanto beneficamente quanto negativamente, aumentando e diminuindo o risco de vários tipos de câncer e outras patologias e foi comprovado que alimentos funcionais podem ajudar para tal finalidade. Histo-ricamente, a utilização de determinados alimentos na redução do risco de doenças é considerada há milhares de anos, por isso a imensa preocupação por alimentos saudáveis e funcionais tem se tornado tão significativa nos dias atuais.PALAVRAS–CHAVE: Envelhecimento. Longevidade. Alimentação saudável. Qualidade de vida. Pro-moção de saúde.

ABSTRACT: The life expectancy of the population has increased significantly over the years , therefore the longevity and look for foods that will somehow provide a healthy longevity and prevent the onset of diseases . The objective of this study was to prove this benefit of health-related food, the methodology was carried out through literature review It was shown through studies that the food has strong influen-ces both beneficially and negatively , increasing and decreasing the risk of various cancers and other diseases , and it was proven that functional foods can help for this purpose. Historically , the use of certain foods in reducing the risk of disease is regarded for thousands of years , so immense concern for healthy and functional foods has become so significant today. KEYWORDS: Aging, Longevity, Healthy nutrition, Quality of life, Health promotion.

1. INTRODUÇÃO

Assim como a infância e adoles-cência, o envelhecimento é um processo em que ocorrem mudanças biopsicosso-ciais, resultando em graus e momentos di-versos, é um ato contínuo individual, univer-sal e irreversível (CARDOSO, 2009).

Segundo Botelho (2007) envelhe-cimento é um processo inevitável, fisioló-gico, gradual e previsível próprio dos seres vivos, no qual é influenciado pela genética e modificado pelo ambiente.

Patrício et al (2008) relata que, nos dias atuais, é notável a mudança da queda da mortalidade e aumento da expectativa

de vida no século XX. Fato este decorren-te das melhorias no saneamento básico, maior controle de doenças infecto parasitá-rias, imunizações e outros avanços.

O conhecimento e intervenções a esse fenômeno se faz importante diante do aumento e envelhecimento da população mundial (SILVA, 2007).

A percepção de que hábitos e es-tilo de vida saudáveis influenciam no enve-lhecimento, tem feito com que as pessoas adotem práticas mais saudáveis como exer-cício físico e melhor qualidade de ingestão de alimentos na dieta, afirma Tramontino et al (2009). Sendo assim, a nutrição desem-penha um importante papel que influencia

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uma gama de processos degenerativos que se relacionam com a idade (WENZEL, 2006).

Os cientistas afirmam que para se ter saúde e longevidade são necessários um conjunto de hábitos como dieta, exer-cícios físicos, um bom estado emocional, repouso, sol, ar puro, ingerir muita água, entre outros. O que mais se tem observado em relação à longevidade é a questão ali-mentar, pois uma alimentação errônea e ex-cessiva acarreta obesidade e várias outras doenças, o que faz com que a pessoa viva menos (BOTELHO, 2007).

Nunca se observou tamanho in-teresse relacionado à juventude e longevi-dade como se teve nessa última década. Segundo Cardoso (2009) há vários estudos que mostram a importância dos alimentos e seus compostos no qual contribuem para a longevidade e previnem doenças associa-das ao envelhecimento.

A busca pelo envelhecimento sau-dável, pela conscientização e promoção da saúde faz com que o idoso mantenha sua capacidade funcional e emocional por um longo período de tempo (BARBOSA, 2012).

A nutrição está intimamente ligada à longevidade e ao envelhecimento e a sua importância já foi descrita por vários auto-res que associam a alimentação saudável a uma vida mais sadia e uma alimentação in-correta a doenças crônicas não transmissí-veis nos idosos como hipertensão, diabetes e obesidade (BARBOSA, 2012).

Com o envelhecimento o organis-mo apresenta uma capacidade reduzida de combater essas doenças e, com o decor-rer do tempo, o que pode fazer a diferença neste contexto é a alimentação adequada e intervenção nutricional, podendo adiar o surgimento e/ou agravamento dessas do-enças. Uma alimentação saudável pode ajudar no bom funcionamento dos órgãos, na defesa as agressões do meio ambiente, entre outros fatores (BARBOSA, 2012).

As doenças crônicas, incluindo as doenças cardiovasculares, diabetes melitus tipo 2, obesidade, osteoporose, síndrome metabólica e câncer, são causas de morte e morbidade em todo o mundo, acometendo adultos e crianças. As evidências clínicas e epidemiológicas mostram que o estilo de

vida e os hábitos alimentares são os princi-pais fatores causais desta epidemia (COR-DAIN et al., 2005).

Com a mudança de hábitos e cos-tumes, as pessoas tornaram-se mais cons-ciente e procuram, nos dias atuais, uma vida mais saudável, aumentando assim o interesse e a procura de uma alimentação que além de conter valor nutritivo, traga be-nefícios às funções fisiológicas do organis-mo humano (OLIVEIRA, 2008).

Dentro deste contexto, o objetivo desse artigo foi abordar alguns alimentos e/ou dietas que interferem positivamente na saúde da população, proporcionando qua-lidade de vida e prevenção das doenças crônicas degenerativas, colaborando assim para a tão esperada longevidade.

2. METODOLOGIA

Este trabalho é um estudo descri-tivo do tipo revisão bibliográfica. As pesqui-sas foram realizadas em bancos de dados online como o Scielo, Pubmed e Bireme. As obras utilizadas para a revisão bibliográfi-ca foram publicadas no período de 2002 a 2013. Os descritores utilizados foram: “lon-gevidade”, “idosos”, “envelhecimento”, “ali-mentação saudável”, “qualidade de vida”, “promoção de saúde”.

3. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA LONGEVIDADE

“Deixe que a alimentação seja o seu remédio e o remédio a sua alimenta-ção” (Hipócrates). Frases como estas ditas a centenas de anos comprovam a necessi-dade de uma boa alimentação e sua asso-ciação diretamente com a saúde (BRASIL, 2006).

Uma alimentação para ser consi-derada saudável é necessário que a mes-ma contenha porções de todos os grupos de alimentos, como proteínas, lipídeos, car-boidratos, fibras, vitaminas e minerais, pois nenhum alimento consumido isoladamente fornecerá tudo o que o organismo necessi-ta. Alimentação saudável é primordial para saúde humana, em todas as fases da vida

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(BRASIL, 2006).As substâncias ou compostos fun-

cionais caracterizam-se por apresentar pro-priedades que são benéficas ao ser humano como, por exemplo, a ação de substâncias capazes de modular as respostas meta-bólicas do indivíduo, resultando em maior proteção e estímulo à saúde. Promovem o bem-estar dos indivíduos, prevenindo o aparecimento precoce de doenças degene-rativas e permitindo o aumento da longevi-dade com qualidade de vida (PENHA et al, 2007).

De acordo com Amaral (2006) a ali-mentação é um fator essencial na qualidade de vida, por tal motivo ela deve ser com-posta por alimentos saudáveis, não apenas para promover a nutrição, mas para produ-zir efeitos benéficos ao organismo, sendo capaz até de prevenir doenças e promover saúde, características relativas aos chama-dos “alimentos funcionais”.

3.1. Alimentos Funcionais

Atualmente, observa-se um au-mento de pessoas a procura de uma ali-mentação balanceada, que tragam benefí-cios ao organismo humano. Neste cenário, encontram-se os alimentos funcionais, tidos como alimentos que além de suas proprie-dades nutricionais, fornecem outros benefí-cios ao organismo (RONCONI, 2009).

A ingestão de frutas e hortaliças for-nece compostos funcionais que beneficiam as funções orgânicas pelos níveis elevados de carboidratos, fibras e micronutrientes. A fibra alimentar tem por característica efeitos preventivos na prisão de ventre, obesidade, diabetes, câncer de cólon, úlceras e doen-ças coronarianas (CARVALHO, 2006).

Carvalho (2006) ainda concluiu que não basta o consumo do alimento iso-lado, é necessária uma dieta variada que forneça diferentes substâncias essenciais para a saúde.

Na atualidade observa-se a im-portância dos alimentos funcionais, pois os brasileiros estão enfrentando um aumento das doenças crônicas degenerativas por motivos como um estilo de vida desequi-librado, hábitos alimentares incorretos e

sedentarismo. O consumo regular desses alimentos pode conter o avanço dessas do-enças e fazer com que as pessoas tenham conhecimento do quão importante é o papel da alimentação sobre a saúde delas (CAR-DOSO; OLIVEIRA, 2008).

3.2. Soja

A soja também é considerada um alimento funcional, de acordo com Penha et al (2007) pois fornece nutrientes ao orga-nismo e benefícios para a saúde. A autora relata que a soja é rica em proteínas, con-tém isoflavonas e ácidos graxos poliinsatu-rados, que auxiliam na redução de riscos de doenças crônicas degenerativas. Também apresenta boa fonte de minerais como fer-ro, potássio, magnésio, zinco, cobre fósfo-ro, manganês e vitaminas do complexo B, entre elas riboflavina, niacina e também vi-tamina C.

Além desses fatores citados, acon-selha-se o consumo da soja, principalmente em mulheres em período de climatério (me-nopausa), pois ajuda a aliviar os sintomas da mesma (ESTEVES; MONTEIRO, 2011).

As isoflavonas podem exercer fun-ção de reposição hormonal, sendo uma de suas formas de ação, peculiarmente da genisteína, o bloqueio de fosforilações nos processos inflamatórios e na osteoporose (BARNES, 2002).

Jenkins et al (2003) estudaram o uso de isoflavonas por indivíduos com cân-cer de próstata, obtendo resultados positi-vos em termos de prevenção e de tratamen-to. Apuzzio (2003) detectou efeito positivo do uso de isoflavonas como forma de pre-venção do câncer de mama em mulheres na fase de pré-menopausa. A ingestão de isoflavonas desde a infância produz maior efeito na redução dos riscos de câncer, em-bora a dieta com soja a partir da fase adulta também possa trazer benefícios (WU et al, 2002).

A longevidade em humanos, asso-ciada ao consumo de isoflavonas, foi estu-dada por Nagata et al (2002). A pesquisa durou 7 anos e envolveu 13.355 homens e 15.724 mulheres (japoneses). Mesmo ajus-tando fatores associados à dieta, o resul-tado mostrou que o consumo de soja pode

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ter efeitos benéficos moderados perante a mortalidade total.

3.3. Linhaça

A linhaça também se classifica como alimento funcional, que além de pro-mover nutrição, promove benefícios ao or-ganismo (MARQUES, 2008).

Cada vez mais se estuda sobre a semente da linhaça, a qual possui estrutu-ra química semelhante ao estrogênio (hor-mônio feminino), ainda contém substâncias consideradas como quimioprotetoras e apresenta influência na prevenção do cân-cer de mama.

Existem dois tipos de linhaça: a semente de linhaça dourada e a semente de linhaça marrom, as quais não se dife-renciam significativamente na composição química, pois ambas são ricas em lignanas e fibras dietéticas e contem mais de 50% de fenólicos (LIMA, 2008).

A linhaça dourada contém me-nor quantidade de fibra dietética total em comparação com a linhaça marrom, porém possui maiores teores de proteína (LIMA, 2008).

A linhaça dourada é cultivada em climas frios como o Canadá e o norte dos Estados Unidos, e seu sabor é mais sua-ve do que a linhaça marrom que é cultivada em regiões de clima quente e úmido, como o Brasil, e apresentam a casca um pouco mais resistente. No cultivo da linhaça mar-rom são utilizados agrotóxicos, enquanto no cultivo da linhaça dourada não e, por isso, estas são consideradas orgânicas (MAR-QUES, 2008).

A linhaça é uma semente olea-ginosa, rica em proteínas, lipídeos e fi-bras dietéticas (ALMEIDA, 2009). Possui três componentes que apresentam ações farmacológicas importantes como acido α-linolenico, fibras solúveis e lignana, os quais vem sendo avaliados em pesquisas clinicas e estudos relacionados ao câncer de mama, próstata e colón, diabetes, lúpus, perda óssea, doenças hepáticas, renais e cardiovasculares, com resultados favorá-veis quanto ao efeito benéficos da semente

(CARRARA et al, 2009).O interesse pela semente de linha-

ça vem aumentando devido a efeitos fisio-lógicos favoráveis ao organismo humano, revelados em algumas pesquisas. Estudos têm apontado que a ingestão de 10g/dia de linhaça promove alterações hormonais, contribuindo com a redução do risco de cân-cer e diabete, dos níveis de colesterol total e LDL, assim como, favorecem a diminui-ção de agregação plaquetária, fortalecem unhas, dentes e ossos, além de tornar a pele mais saudável (OLIVEIRA et al, 2007).

3.4. Probióticos e prebióticos

A palavra probiótico significa “pela vida”, que consiste em um suplemento ali-mentar a base de microorganismos vivos. Quando consumido regularmente traz efei-tos positivos para a saúde humana, pois po-dem melhorar os movimentos peristálticos do intestino, aumentando a absorção dos nutrientes, prevenindo ou controlando infec-ções intestinais (MATTA, 2009).

Os microorganismos probióticos alteram beneficamente a flora intestinal, ini-bem o crescimento de bactérias patogêni-cas, promovem digestão adequada, estimu-lam a função imunológica local e aumentam a resistência à infecção (MORAES, 2006).

Já o termo prebiótico é utilizado para se referir a componentes alimentares que não são digeridos pelo organismo hu-mano, mas o afeta beneficamente, pois po-dem impedir a proliferação e multiplicação de patógenos, garantindo assim, benefícios a saúde, segundo Matta (2009).

São definidos como substâncias que, quando ingeridas, não são digeridas e absorvidas no intestino delgado, e, ao atingirem o cólon, estimulam seletivamente uma bactéria ou grupo de bactérias da mi-crobiota (por exemplo, bifidobactérias), cau-sando efeito benéfico à saúde do hospe-deiro. E os simbióticos são definidos como produtos que contêm prebióticos e probió-ticos juntos, apresentando as propriedades funcionais de ambos, mantendo um equi-líbrio da microbiota intestinal por completo (MORAES, 2006).

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3.5. Alimentos Antioxidantes

Nos últimos 30 anos, aumentou o interesse pelos problemas relacionados ao estresse oxidativo e aos radicais livres (RL), que acarretam a injúria celular, acentuan-do algumas patologias. Dessa modo, pes-quisas buscam alternativas para reduzir os efeitos prejudiciais do excesso de espécies reativas de oxigênio (EROs) e melhorar a capacidade antioxidante do organismo, como forma de tratamento e prevenção das enfermidades e suas complexidades (ZIM-MERMANN; KIRSTEN, 2008).

Os principais nutrientes com papel antioxidante, capazes de evitar ou minimi-zar os efeitos cardiovasculares e complica-ções diabéticas é o ácido ascórbico (vitami-na C), o β-caroteno, o α-tocoferol, o zinco, os flavonoides e o selênio, sendo que cada um possui seu mecanismo de ação e seus alimentos fontes. No entanto, uma alimenta-ção adequada é o melhor recurso para uma vida com qualidade, tendo em vista que pesquisadores garantem que o suprimento das necessidades diárias de antioxidantes pode prevenir ou tratar doenças crônicas não transmissíveis (ZIMMERMANN; KIRS-TEN, 2008; KENNEDY, 2006).

O ácido ascórbico é encontrado em frutas cítricas como laranja, acerola, melão e morango. É um antioxidante hidrossolúvel no qual reage não apenas com superóxido e radical hidroxila, mas também com radical tocoferoxil, resultando na regeneração de tocoferol (CHAO, 2002; KRAUSE; MAHAN, 2005).

Estudos sugerem que suplemen-tação de zinco e vitaminas do complexo B ambos considerados como antioxidantes poderiam prevenir a aterosclerose. Porém, em estudos clínicos, através de tentativas, não houve benefícios nessas suplementa-ções na avaliação de eventos cardiovascu-lares. As fontes dietéticas do zinco são leite, fígado, moluscos, arenque e farelo de trigo (KRAUSE; MAHAN, 2005).

O selênio é encontrado principal-mente na castanha-do-Brasil, que é uma amêndoa oleaginosa que possui elevado valor energético. A concentração desse elemento na amêndoa varia de região para região onde a planta é cultivada (SOUZA;

MENEZES, 2004).

3.6. Culinária Japonesa

O principal fator para a longevida-de dos japoneses é a dieta tradicional da-quele país. O Japão é um dos países com maior taxa de longevos, seus centenários batem o record de 17.934 em uma popula-ção estimada em 120 milhões de pessoas. Segundo a OMS em 2020 o Japão será o país com mais idosos no mundo, com apro-ximadamente 31% da população (DEME-TRIO, 2009).

Segundo Demetrio (2009) os japo-neses prezam por uma alimentação elabo-rada, cheia de cores e texturas, gostam de sentir a pureza dos alimentos e, por isso, adotam métodos de cocção que visam uma maior preservação do sabor natural e nu-trientes de cada ingrediente.

Os japoneses também adotam dois princípios: os alimentos devem estar absolutamente crus, principalmente os pei-xes, que devem estar frescos e os temperos servem apenas para realçar sabores dos alimentos e nunca transformá-los (DEME-TRIO, 2012).

3.7. Dieta do mediterrâneo

É notável o aumento das doenças crônicas não transmissíveis, devido ao avanço da tecnologia e industrialização que proporciona ao homem uma vida sedentária e má alimentação, resultando no surgimen-to e/ou agravamento dessas doenças. Essa situação não é vista comumente no Medi-terrâneo, possivelmente pela dieta saudá-vel, exercícios físicos e hábitos saudáveis (REZENDE, 2006).

O estudo em relação à dieta do mediterrâneo comprova sua ligação com a saúde e longevidade. A dieta é complexa e rica, com variedades de cores e sabores, e está cada vez mais adquirindo adeptos a ela (REZENDE, 2006).

A dieta se baseia em alto consumo de frutas, hortaliças, leguminosas, azeite de oliva, vinho, cereais, oleaginosas, peixes, leite e derivados, e moderado consumo de

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produtos de origem animal, produtos indus-trializados e doces, o que proporciona a esse povo os menores índices de doenças crônicas não transmissíveis e altas taxas de expectativa de vida (REZENDE, 2006).

A população mediterrânea utiliza--se do vinho tinto durante as refeições que possui altas quantidades de compostos fe-nólicos (antioxidantes), que tem a capaci-dade de aumentar o HDL - bom colesterol e evitar a formação de placas de gordura na parede interna dos vasos sanguíneos e, consequentemente, diminuir o risco de do-enças cardiovasculares (SANTOS, 2004).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aumento das doenças crônicas degenerativas tem sido atribuído a estilo de vida e alimentação e, com o envelhecimen-to, o organismo apresenta uma capacidade reduzida de combater essas doenças.

Por isso é importante conhecer a influência dos alimentos na promoção de saúde, com o objetivo de prevenir o surgi-mento e/ou agravamento das doenças e possibilitar uma melhor qualidade de vida à quantidade de anos vividos.

Além da alimentação saudável para a longevidade, é necessário um con-junto de hábitos de vida saudáveis como exercícios físicos regulares, um bom estado emocional, repouso, sol, ar puro, ingestão de água, entre outros.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Larissa Machado Guimarães é graduanda em Nutrição pela Faculdade Municipal Prof. Franco Montoro (FMPFM).

Daniela Soares de Oliveira, nutricionista pela Unimep (2000), Especialista em Nutrição Clínica pela Unimep (2001), Mestre em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi (2012), Pós graduanda em Bioquímica, fisiologia, treinamento e nutrição desportiva pela Unicamp (2014). Coordenadora e docente do curso de Nutrição da Faculdade Municipal Prof. Franco Montoro (FMPFM).

Interciência & Sociedade (ISSN: 2238-1295) - Vol. 3, N. 2, 2014

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1. INTRODUÇÃO

Folato é a palavra designada para compostos com atividade similar ao ácido pteroilglutâmico, estando esse nutriente presente em alimentos naturais, alimentos enriquecidos ou suplementos (COZOLLI-NO, 2007). Nos alimentos, o ácido fólico está presente na forma de poliglutamato e possui taxa de absorção intestinal de 60% enquanto que nos suplementos ou em ali-mentos fortificados a taxa de absorção in-

testinal é de 98%. (MCGUIRE, 2010) O termo “ácido fólico” pode ser

aplicado aos monoglutamatos presentes em alimentos fortificados, suplementos ou na circulação sanguínea (ALMEIDA; CAR-DOSO, 2010). No entanto, folato e ácido fólico não são metabolicamente ativos. Eles precisam ser reduzidos a L-5-metil--tetrahidrofolato (L-metilfolato), forma ativa circulante na corrente sanguínea, a qual participa de reações biológicas (PIETRZIK; BAILEY; SHANE, 2010).

PRESENÇA DE ALIMENTOS-FONTE DE ÁCIDO FÓLICO NA DIETA DE GESTANTES DE MOGI GUAÇU, SP

SILVA, Jéssica de AssisFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

OLIVEIRA, DanielaSoaresFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

OLIVEIRA, ThaísFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

RESUMO:A gestação é uma fase demarcada por intensas modificações no organismo, que alteram as necessidades nutricionais e a ingestão alimentar, podendo levar a carências nutricionais, dentre elas a de ácido fólico (AF), a qual prejudica a metilação e expressão gênica, ocasionando defeitos no tubo neural e outras complicações. O presente estudo visou avaliar o consumo de alimentos-fonte de AF por gestantes nas unidades básicas de saúde de Mogi Guaçu, SP. Foi aplicadoum questionário de frequência alimentar adaptado com questões abordando características socioeconômicas, uso de medicamentos e suplementação de AF. Dentre as 84 gestantes entrevistadas, 40,5% estavam entre 21 e 25 anos de idade; 10,71% eram portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e 15,47% das gestantes não tomaram suplementação de AF durante a gestação. Os alimentos fonte de AF mais consumidos foram feijão e carne bovina, enquanto os menos consumidos foram espinafre, brócolis, pão integral e fígado.PALAVRAS-CHAVE: Ácidofólico;gestação; nutrição de gestantes.

ABSTRACT:Pregnancy is a period demarcated by intense modifications in the organism which alters the nutritional needs and the alimentary intake, possibly leading to nutritional deficiencies including folic acid (FA), which impairs the metilation and gene expression, contributing to the development of neural tube defects and other complications. The following study aimed to evaluate the intake of folic acid food sources by pregnant women in health care centers in Mogi Guaçu, SP. An adapted food frequency questionnaire with questions concerning socioeconomic characteristics, use of pharmaceutical drugs and folic acid supplementation was used for the interviews. Among the 84 interviewees, 40.5% were between 21 and 25 years-old; 10.71% presented chronic non communicable diseases. 15.47% of the pregnant women didn’t take folic acid supplementation during pregnancy. The most consumed foods source of folic acid were beans and meat. The least consumed were spinach, broccoli, whole grain bread and cow liver.KEYWORDS:folic acid; pregnancy; pregnant nutrition.

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A quantidade de ácido fólico sérico e tecidual em seres humanos é de aproxi-madamente 34-68µmol (15 – 30 mg), es-tando 50% deste valor localizado no fígado. Nos eritrócitos o ácido fólico encontra-se sob a forma de poliglutamatos ligados à he-moglobina. O ácido fólico participa da me-tilação do ácido desoxirribonucléico (DNA) e da eritropoiese, em sinergia com a coba-lamina e o ferro. Ainda, essas reações de metilação estão diretamente relacionadas às concentrações plasmáticas de homo-cisteína (Hcy), evitando que essas concen-trações aumentem. O aumento da Hcy no plasma dá origem à hiper-homocisteinemia (Hhcy), quadro clínico que pode favorecer o desenvolvimento de problemas cardiovas-culares (GREENBERG, 2011) (MARTINEZ, 2009).

A gestação consiste numa fase caracterizada por intensas modificações fi-siológicas, metabólicas e endócrinas, que alteram as necessidades nutricionais e a ingestão alimentar (BAIÃO; DESLANDES, 2006). O período periconcepcional e os dois primeiros meses gestacionais são críticos para a formação fetal, e têm influência dire-ta da ingestão materna de ácido fólico, de-vido a sua participação na síntese de DNA (LUMLEY, 2001).

A deficiência de ácido fólico em gestantes ocorre devido à dieta com baixa quantidade de alimentos fonte do nutriente, hemodiluição fisiológica gestacional, au-mento da demanda para o crescimento fetal e tecidos maternos, podendo prejudicar a metilação e a expressão gênica e originar defeitos no tubo neural (DTN) e Síndrome de Down (NASSER, 2005; PATTERSON, 2008; SILVA, 2005). Fatores ambientais como nível de educação materna, ingestão de altas doses de vitamina A, obesidade, diabetes e dislipidemia materna também estão relacionados ao desenvolvimento de DTN (ALMEIDA; CARDOSO, 2010).

Além do efeito sob o fechamento do tubo neural, sabe-se que deficiências de folato, ferro, riboflavina ou cobalamina po-dem conduzir a alterações hematológicas que, por sua vez, podem evoluir para uma anemia, patologia que, quando presente durante a gestação, reduz as chances de sobrevida do recém-nascido. A anemia é

considerada pela Organização Mundial da Saúde como um problema de saúde pública mundial que atinge todas as faixas etárias, sendo as gestantes um dos principais gru-pos de risco (WHO, 2008).

No Brasil, os defeitos congênitos representam a segunda maior causa de mortalidade infantil (HOROVITZ; LLERE-NA; MATTOS, 2005). Por isso, a suplemen-tação durante o período periconcepcional e durante a gestação é amplamente disse-minada no Brasil através de programas de suplementação fomentados pelo governo, como por exemplo, o Programa Nacional de Suplementação com Ferro (PNSF), destina-do a crianças de 6 a 18 meses de idade e gestantes a partir da 20ª semana de gesta-ção, e que prevê a distribuição de xarope e comprimido de sulfato ferroso e de ácido fólico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

Recomenda-se que a suplemen-tação de ácido fólico inicie-se um mês an-tes da concepção e mantenha-se por dois a quatro meses após a concepção. Em gestações não-planejadas, a suplementa-ção inicia-se tão logo a gestante descubra seu estado gestacional e mantém-se até o quarto mês de gestação. A quantidade reco-mendada a ser suplementada por dia é de 400µg diários de ácido fólico antes da ges-tação e 600µcg durante a gestação, além da quantidade ingerida através do consumo de alimentos fonte do nutriente em questão (MARTINEZ, 2009) (VITOLO, 2008). No en-tanto, em alguns estudos a suplementação acima de 350µg por dia mostrou-se preju-dicial, pois diminui a absorção de zinco e pode mascarar deficiência de cobalamina, dificultando o diagnóstico de anemia perni-ciosa (PONTES; PASSONI; PAGANOTO, 2008). Para resolver este problema, Ueha-raet al (2010) , sugerem que as farinhas se-jam fortificadas com ácido fólico e cobalami-na (UEHARA; ROSA, 2010).

Até 2010, cerca de 40 países já haviam adotado a fortificação compulsória farinhas de trigo com ácido fólico (SANTOS; PEREIRA, 2007). No Brasil a fortificação só foi implantada em 2004, segundo a Reso-lução nº 344, sancionada pela Agência Na-cional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 13 de dezembro de 2002. Esta lei regula a fortificação em 4,2mg de ferro e 150µg de

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AF para cada 100g de farinha de trigo e tem contribuído para redução da prevalência de anemia ferropriva e deficiência de ácido fó-lico (ANVISA, 2002). Entretanto, cabe res-saltar que a fortificação de alimentos deve fazer parte de nossa política de saúde, mas não como fator único. A fortificação deve ser aplicada em conjunto com campanhas de educação nutricional, e ambas devem ser fiscalizadas assiduamente (UEHARA; ROSA, 2010). Além da fortificação e da suplementação, as gestantes devem ser orientadas quanto aos alimentos-fonte de ácido fólico e quanto à dieta rica em vísce-ras, feijões, vegetais folhosos de coloração verde-escura, abacate, abóbora, batata, carne de vaca, cenoura, couve, laranja, leite e derivados, maçã, milho e ovos, por profis-sionais devidamente capacitados e atuan-tes (ALMEIDA; CARDOSO, 2010) (FONSE-CA, 2003) (FRANCO, 2001) (MONTEIRO; CAMELO JUNIOR, 2007).

2. OBJETIVOS

Este estudo teve como objetivo avaliar a frequência do consumo de alimen-tos ricos em ácido fólico por gestantes usu-árias do sistema único de saúde do municí-pio de Mogi Guaçu, SP, bem como levantar dados sobre o uso de suplementação via oral de ácido fólico, uso de medicamentos que interfiram com a absorção do folato e presença de doenças crônicas não-trans-missíveis.

3. METODOLOGIA

A metodologia desta pesquisa con-sistiu na aplicação de um questionário de frequência alimentar adaptado, contendo dezessete alimentos-fonte de ácido fólico e medidas de frequência, além de questões para avaliação de escolaridade, idade, pre-sença de patologias, uso de medicamento e suplementação de ácido fólico. Este ques-tionário foi uma adaptação do Questionário de Frequência Alimentar, criado por Sichieri e Everhart (1998), atualmente o mais utiliza-do para analisar frequência de consumo ali-mentar para a população brasileira, podendo também ser utilizado para avaliar quantitati-vamente a ingestão alimentar,devido ao fato

de abranger questões sobre o tamanho das porções (SICHIERI; EVERHART, 1998). Segundo Giacomelloet al (2008), que fize-ram um estudo de validação relativa da fide-dignidade deste questionário, o QFA é uma ferramenta útil na avaliação do consumo, mas ainda necessita de alguns ajustes para que não hajasuperestimativa da ingestão de macro e micronutrientes. Devido ao fato de o presente projeto de pesquisa não ter como objetivo avaliar quantitativamente o consumo alimentar, mas apenas a frequên-cia de ingestão dos alimentos-fonte de áci-do fólico, os demais alimentos foram excluí-dos do questionário, bem como as medidas caseiras (GIACOMELLOet al, 2008).

Para a aplicação da pesquisa,foram selecionados cinco postos de saúde, sendo eles: U.B.S. Jardim Zaniboni I, U.B.S. Jar-dim Suécia, U.B.S. Jardim Fantinato, U.B.S. Santa Terezinha e U.B.S. Santa Cecília. A escolha dos postos de saúde baseou-se no relato da Secretaria de Saúde Munici-pal de que estes são os postos com maior demanda de gestantes e apresentam ho-mogeneidade em termos de classe social. A Secretaria de Saúde de Mogi Guaçu-SP foi contactada previamente e após emissão de ofício de liberação para a realização da pesquisa, as enfermeiras responsáveis pe-los respectivos postos consentiram com a pesquisa. O projeto de pesquisa foi apro-vado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro.

Todas as gestantes presentes na sala de espera foram convidadas a respon-der o questionário de frequência alimentar, sendo previamente avisadas de que teriam a liberdade de abandonar a pesquisa em qualquer momento, sem nenhum prejuízo. Um modelo de questionário era mostrado à gestante, para que a mesma tivesse ciência da natureza das questões às quais respon-deria e, caso se sentisse confortável para respondê-las, o termo de consentimento li-vre e esclarecido era lido e assinado. Uma vez que a participante estivesse ciente do propósito da pesquisa e de como esta seria conduzida, o termo era assinado, conce-dendo a liberdade para o início do questio-nário.

Os dados foram tabelados e pro-

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cessados utilizando o software Excel 2007, da empresa Microsoft®.

4. RESULTADOS

Todas as gestantes avaliadas res-ponderam os questionários de maneira completa, possibilitando a utilização de to-dos os dados. Não houve nenhuma desis-tência durante a aplicação dos questioná-rios.

A Tabela 1 mostra os resultados obtidos através do inquérito sobre a frequ-ência de consumo alimentar, classificando o consumo como diário (1 a 2 vezes ao dia), semanal (1 a 3 vezes por semana), mensal (1 a 3 vezes por mês), esporádico ou nulo.

Pôde-se observar que o alimen-to fonte de ácido fólico mais consumido é o feijão, pois está presente diariamente na dieta de 91,66% das gestantes. A alface (52,38%), a laranja (em forma de fruta ou suco - 35,71%) e a carne bovina (29,76%) também têm representação significativa no consumo diário de AF por gestantes. Outros alimentos como batata (66,66%), bolo feito com farinha de trigo (55,95%), carne bovina (55,95%), ovo (52,38%) e repolho (45,24%) demonstraram serem os alimentos fonte de

AF mais consumidos em uma frequência semanal. Os alimentos relatados como me-nos consumidos (consumo nulo) foram es-pinafre (79,76%), brócolis (58,33%) e pão integral (60,71%).

Na Tabela 2, que expõe as caracte-rísticas socio-demográficas das participan-tes, pôde-se notar que o maior número de gestantes se concentra na faixa etária en-tre 21 e 25 anos (40,47%) e no terceiro tri-mestre de gestação (48,80%). Metade das gestantes (50%) concluiu o ensino médio, apenas três (3,57%) haviam participado de cursos técnicos e nenhuma possuía ensino superior.

A Tabela 3, referente às condições de saúde e uso de suplementação de áci-do fólico, mostra que a patologia mais pre-sente entre as gestantes é a hipertensão (7,14%). A grande maioria (91,66%) das gestantes não fazia uso contínuo de ne-nhum medicamento. 84,52% das entrevis-tadas fazia suplementação via oral de ácido fólico sob prescrição médica, considerando que 71,42% havia iniciado a suplementação no primeiro trimestre gestacional e apenas 2,38% iniciaram a suplementação no perío-do pré-gestacional

Alimentos/Frequência de Consumo Diário % Semanal % Mensal% Esporádico% Nulo %

Abacate 02 02,38% 11 13,09% 22 26,19% 24 28,57% 25 29,76%

Alface 44 52,38% 30 35,71% 02 02,38% 03 03,57% 05 05,95%

Amendoim 05 05,95% 08 9,52% 20 23,81% 25 29,76% 26 30,95%

Batata 12 14,28% 56 66,66% 11 13,09% 05 05,95% 00 00,00%

Beterraba 05 05,95% 30 35,71% 26 30,95% 08 09,52% 15 17,86%

Bolo com farinha de trigo 07 08,33% 47 55,95% 20 23,81% 07 08,33% 03 03,57%

Brócolis 01 01,19% 10 11,90% 14 16,66% 10 11,90% 49 58,33%

Carne Bovina 25 29,76% 47 55,95% 06 07,14% 03 03,57% 03 03,57%

Espinafre 00 00,00% 02 02,38% 04 4,76% 11 13,09% 67 79,76%

Feijão 77 91,66% 04 4,76% 01 01,19% 01 01,19% 01 01,19%

Fígado 00 00,00% 09 10,71% 18 21,43% 25 29,76% 32 38,09%

Laranja/Suco 30 35,71% 37 44,05% 11 13,09% 05 05,95% 01 01,19%

Mexerica 00 00,00% 10 11,90% 19 22,62% 36 42,86% 19 22,62%

Ovos 07 08,33% 44 52,38% 21 25,00% 07 08,33% 05 05,95%

Pão Integral 15 17,86% 05 05,95% 04 4,76% 09 10,71% 51 60,71%

Peixe 01 01,19% 19 22,62% 27 31,24% 23 27,38% 14 16,66%

Repolho 06 07,14% 38 45,24% 17 20,24% 11 13,09% 12 04,28%

Tabela 1 - Frequência de consumo alimentar de alimentos fontes de ácido fólico pelas gestantes avaliadas, em número absoluto e porcentagem (n=84). Mogi Guaçu, SP.

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Variável Número absoluto Porcentagem (%)Faixa Etária

<15 2 02,38%16-20 15 17,85%21-25 34 40,47%26-30 21 25,00%>30 12 14,28%

Idade Gestacional1º trimestre 13 15,48%2º trimestre 30 35,71%3º trimestre 41 48,80%

EscolaridadeFundamental incompleto 15 17,85%Fundamental completo 12 14,28%Médio incompleto 12 14,28%Médio completo 42 50,00%Técnico 3 03,57%Superior 0 00,00%

Variável Número absoluto Porcentagem (%)Patologia

Hipertensão 6 7,14%Diabetes 2 2,38%Hipercolesterolemia 1 1,19%Anemia 2 2,38%Epilepsia 2 2,38%

Uso de MedicamentosSim 7 8,33%Não 77 91,66%

Suplementação de FolatoSim 71 84,52%Não 13 15,48%

Início da SuplementaçãoPré-gestacional 2 2,38%1º trimestre 60 71,42%2º trimestre 8 9,52%3º trimestre 1 1,19%

Tabela 2 - Características sócio-demográficas das gestantes avaliadas(n=84). Mogi Guaçu, SP.

Tabela 3 - Condição de saúde e uso de suplementos de ácido fólico pelas gestantes avaliadas (n=84). Mogi Guaçu, SP.

5. DISCUSSÃO

Mesmo em uma dieta equilibrada, atingir os níveis ideais de ácido fólico é di-fícil. Por isso, a suplementação durante o período periconcepcional e durante a ges-

tação é amplamente disseminada no Brasil (UEHARA, 2010).

O período periconcepcional e os dois primeiros meses gestacionais consti-tuem o período em que o ácido fólico exer-ce seu papel mais importante em relação à

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o parto ou aborto ingerir o xarope de sulfato ferroso por mais três meses. Esta medida visa reduzir as incidências de anemia re-lacionada à gestação e início da vida, mas não visa reduzir os índices de ocorrência de DTN, uma vez que a formação do tubo neural se encerra antes da 20ª semana gestacional(ALMEIDA, 2010; MS, 2005).

Segundo relatos das gestantes en-trevistadas, a maioria das gestações não foi planejada. Apenas 2 gestantes (2,38%) iniciaram a suplementação no período pré--gestacional,fase ideal para o início da su-plementação. 71,42% das gestantes inicia-ram a suplementação no primeiro trimestre gestacional, 9,52% no segundo trimestre e 1,19% no terceiro, diminuindo a probabilida-de de desenvolvimento de anemia materna, mas sem alterar as chances de ocorrência de DTN.

Em uma pesquisa semelhante re-alizada na maternidade pública FIOCRUZ, no estado do Rio de Janeiro em 2003, Fon-seca et al entrevistaram 285 gestantes e observaram que os alimentos-fonte de áci-do fólico mais consumidos foram abacate, beterraba e couve-flor. Dentre as gestantes com poder aquisitivo maior, a carne bovina também foi considerada um alimento bas-tante presente na dieta (FONSECA, 2003). Quando comparando estes dados com os obtidos no presente estudo, pode-se afir-mar que o consumo alimentar das gestan-tes entrevistadas se difere, uma vez que os alimentos que foram relatados como mais frequentes na dieta foram feijão, alface, la-ranja e carne bovina.

Quanto à suplementação medica-mentosa de ácido fólico, a porcentagem de gestantes que ingeriam os comprimidos de AF (22,4%) relatada por Fonseca foi acen-tuadamente menor do que a quantidade encontrada em Mogi Guaçu (84,52%). Essa discrepância nos dados provavelmente deve-se ao fato de que a pesquisa realiza-da por Fonseca foi realizada nos anos de 2000 e 2001, apesar de ter sido publicada apenas em 2003. Até esta data o Programa Nacional de Suplementação de Ferro e Áci-do Fólico não estava em vigência e a dis-tribuição de comprimidos de ácido fólico às gestantes não era mandatório. (MS, 2005)

Relacionando a ingestão de su-

formação fetal. A suplementação durante o período periconcepcional tem por fun-ção potencializar a fertilidade, aumentan-do a possibilidade da fecundação. Apesar de ainda haver pouca literatura sobre a influência da nutrição sobre a fertilidade, é reconhecido que o ácido fólico promove o aumento da contagem de espermatozói-des, efeito que é ainda maior quando há su-plementação simultânea de AF e zinco. Em mulheres, essa suplementação promove a redução de homocisteína no fluido folicular e possibilita a produção de ovócitos melho-res e mais maduros. O ácido fólico também evita a homocisteinemia, responsável por complicações gestacionais como ruptura da placenta, aborto, morte fetal uterina, desen-volvimento fetal irregular e defeitos do tubo neural (UEHARA, 2010).

Durante os primeiros dias de ges-tação, o ácido fólico irá garantir a divisão ce-lular correta pela qual o embrião é formado e, posteriormente, aperfeiçoar o fechamen-to do tubo neural, que ocorre entre o 22º e 28º dia após a concepção, fase na qual muitas mulheres ainda não perceberam seu estado gestacional. Para evitar o de-senvolvimento de DTN devido à deficiência de AF, recomenda-se que a suplementação seja iniciada um mês antes da concepção e mantenha-se por dois a quatro meses após a concepção. Em gestações não-planeja-das, a suplementação inicia-se tão logo a gestante descubra seu estado gestacional e mantém-se até o quarto mês de gestação. A quantidade ideal a ser suplementada por dia é de 400µg diários de ácido fólico an-tes da gestação e 600µcg durante a ges-tação, além da quantidade ingerida através do consumo de alimentos fonte do nutriente em questão (VITOLO, 2008).

No Brasil, o Programa Nacional de Suplementação com Ferro (PNSF), admi-nistrado pelo Ministério da Saúde, propõe--se a distribuir gratuitamente frascos de xarope de sulfato ferroso e comprimidos de sulfato ferroso e ácido fólico. O programa beneficia crianças de 6 a 18 meses de ida-de que devem tomar o xarope de sulfato fer-roso durante este período; gestantes a par-tir da 20ª semana de gestação, que devem ingerir os comprimidos de sulfato ferroso e ácido fólico até o final da gestação e, após

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plementos com o grau de escolaridade das gestantes entrevistada, Fonseca et al ob-servaram que as mulheres com menor grau de instrução eram as que deixavam de in-gerir a suplementação (FONSECA, 2003). No presente estudo, observou-se que 50% das gestantes haviam concluído o ensino médio e 3,57% possuíam curso técnico, ca-racterizando uma população instruída, um dos possíveis fatores que justifiquem a alta adesão das gestantes de Mogi Guaçu à su-plementação.

A epilepsia, relatada por 2 gestan-tes (2,38%) foi incluída na pesquisa pois o medicamento utilizado no tratamento da epilepsia (fenitoína) reduz a absorção do ácido fólico. Além disto, altas concentra-ções de AF podem induzir crises convulsi-vas em pacientes portadoras de epilepsia. A epilepsia foi relatada por duas gestantes (2,38%), mas ambas já haviam cessado o tratamento com fenitoína antes do início da gestação (NASSER, 2005).

6. CONCLUSÃO

O uso contínuo de medicamentos e incidência de doenças crônicas não trans-missíveis, anemia e epilepsia foram relati-vamente baixos, caracterizando as gestan-tes de Mogi Guaçu como um grupo em sua maioria saudável, com um grau de instru-ção razoável. Apesar de apresentar um nú-mero reduzido de gestantes adolescentes, a maioria das gestações não foi planejada e a suplementação só teve início no 1º tri-mestre gestacional. Houve grande adesão à suplementação de AF e as gestantes que não o fizeram justificaram desconhecimen-to quanto à importância do nutriente ou es-quecimento quanto à ingestão dos compri-midos.

A dieta das gestantes de Mogi Guaçu contém diversos alimentos ricos em ácido fólico, sendo o feijão o alimento-fonte presente com maior frequência. Futuros es-tudos devem ser realizados para uma aná-lise quantitativa da ingestão de AF através destes alimentos.

O folato, por ser um nutriente es-sencial para a replicação do DNA e por ser-vir como substrato em reações enzimáticas presentes na síntese de aminoácidos e no

metabolismo de vitaminas, assume papel primordial no controle do desenvolvimento fetal (GREENBERG, 2011). Uma vez que durante a gestação o requerimento deste nutriente fica muito elevado, a maioria das gestantes é incapaz suprir o requerimento de AF apenas através da dieta, evidencian-do assim a necessidade de suplementação caso não seja possível, associada à Edu-cação Nutricional permanente (PONTES, 2008).

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Jéssica de Assis Silva é graduanda em Nutrição (2012) pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro, Mogi Guaçu, São Paulo.

Daniela Soares de Oliveira possui graduação em Nutrição (2000) e Especialização em Nutrição Clínica (2001) pela Universidade Metodista de Piracicaba, Mestranda em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi. Atualmente é coordenadora do Curso de Nutrição e Docente na Faculdade Municipal Professor Franco Montoro.

Thaís de Oliveira possui Graduação em Nutrição e Metabolismo em 2007 pela Universidade de São Paulo, Mestre em Saúde na Comunidade em 2010 pela Universidade de São Paulo. Professora na Faculdade Municipal Professor Franco Montoro desde 2010, atuando em vários projetos de Extensão nas áreas de Saúde Coletiva, Nutrição Materno-Infantil e Higiene dos Alimentos.

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QUALIDADE DOS ALIMENTOS CONSUMIDOS POR UNIVERSITÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE MOGI GUAÇU/SP

FERREIRA, Karina MilhareziFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

OLIVEIRA, Daniela Soares deFaculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM)

[email protected]

REGGIOLLI, Márcia Regina Faculdade Municipal “Prof. Franco Montoro” (FMPFM)

[email protected]

RESUMO: Ao ser inserido na universidade, diversos fatores influenciam os jovens na escolha dos ali-mentos, ocorrendo substituição de refeições completas por lanches práticos e rápidos, com alto valor calórico. O objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade dos alimentos consumidos no intervalo da aula por universitários e detectar de onde provém essa alimentação, seja trazida de casa ou comprada na Instituição. Aplicou-se questionário, de perguntas fechadas e abertas, em uma Instituição de Ensino (IES) na cidade de Mogi Guaçu/SP. Foi concluído que dos 100% (n=560) entrevistados, a maioria 56% (n=312) era do sexo feminino e encontrava-se na faixa etária entre 18 e 22 anos 42% (n=235). Dos 85% (n=478) universitários que estavam inseridos no mercado de trabalho, 83% (n=395) trabalhavam em horário comercial e 81% (n=456) passavam em suas casas antes de irem para a Faculdade. Com relação às principais refeições 70% (n=392) universitários realizavam o café da manhã, 93% (n=525) o almoço e 58% (n=324) o jantar, apenas 41% (n=230) estudantes jantavam antes de ir para a faculdade. No intervalo de aula a maioria 31% (n=174) optava pelos salgados assados e a maioria 55%(n=309) comprava seu lanche do intervalo na cantina da IES, e mesmo assim, 76%(n=424)dos estudantes co-miam algo em suas casas quando retornavam da faculdade, sendo a maioria 32% (n=182) um copo de leite. Portanto, os universitários se alimentam de forma inadequada, fazendo-se necessário ações de educação nutricional tanto para os discentes quanto para os proprietários das cantinas universitárias.PALAVRAS-CHAVE: Hábitos Alimentares. Consumo alimentar. Universitários.

ABSTRACT: When inserted in the university, several factors influence young people in the choice of food, occurring replace full meals a practical and quick snacks with high calorie. Aiming to evaluate the quality of the food consumed in the range of tuition for college and detect where their food comes from, whether brought from home or purchased at the institution with a questionnaire of open and closed questions in an HEI in the city of Mogi Guaçu / SP. It was found that 100% (n = 560) respondents, the majority 56% (n = 312) were female and is aged between 18 and 22 years 42% (n = 235). Among the 85% (n = 478) college students that are inserted in the labor market, 83% (n = 395) work hours and 81% (n = 456) go to college straight from their homes. With regard to main meals 70% (n = 392) col-lege students carry the breakfast, 93% (n = 525) lunch and 58% (n = 324) dinner, only 41% (n = 230) students dine before to go to college. In most class interval 31% (n = 174) of college students opt for savory baked goods and most 55% (n = 309) buy his lunch break in the canteen of the IES, and even then, 76% (n = 424) students eat something when they arrive at their homes after college, the majority 32% (n = 182) a glass of milk. Therefore, the students are fed improperly, making it necessary actions nutrition education for both students and for the owners of university canteens.KEYWORDS: Food Habits. Food consumption.College.

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1. INTRODUÇÃO

As influências determinantes para um comportamento alimentar iniciam-se na infância, quando ainda bebê, a família es-timula o mesmo a experimentar alimentos comuns à eles, perdurando esses hábitos na criança, pelas práticas culturais e éticas dos pais. Aspectos como influências so-ciais, religião, intolerância pessoal, crenças, valores em relação aos alimentos, geogra-fia, forma de preparo são também fatores importantes, pois, tais hábitos são formados mediante interação de aspectos culturais, antropológicos, socioeconômicos e psicoló-gicos (ASSIS; NAHAS, 1999).

A transição entre infância e vida adulta é a adolescência, marcada por mo-dificações físicas, psíquicas, sociais e no comportamento, fase em que muitos hábi-tos e características, no que referem ao es-tilo de vida do adulto, são consolidados e/ou adquiridos. Momento em que os indivídu-os apresentam aumento na velocidade do crescimento estatural e no ganho de peso (SILVA, 2007).

Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada pelo Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos de 2008/2009 indicam que os brasilei-ros consomem alimentos com baixo teor de nutrientes e com teor energético elevado, sendo uma dieta passível de déficit em nu-trientes, obesidade e outras doenças crôni-cas não transmissíveis (IBGE, 2011).

O Brasil vem sendo caracterizado, nos últimos anos, por um período de transi-ção nutricional, ocorrendo queda nos índi-ces de desnutrição e aumento nas taxas de sobrepeso e obesidade, mostrando como sofre influência da industrialização e da im-portação de hábitos alimentares das regi-ões ocidentais, onde provém baixa ingestão de frutas, verduras, legumes e cereais inte-grais com alto consumo de alimentos pro-cessados, baixo teor nutricional e alto valor calórico (LÓPEZ et al., 2006).

O estudante, ao ser inserido em uma universidade, sofre influência de di-versos fatores, como as novas relações sociais, o estresse do cotidiano universitá-rio, instabilidade psicossocial, modismos na dieta, omissão de refeições, consumo

de fast-foods, álcool e cigarro, de forma com que os jovens de famílias estruturadas apresentem dificuldades em prover sua própria alimentação sem a orientação dos pais (FIATES; SALLES, 2001; VIEIRA et al., 2002; ALVES; BOOG, 2007). E, como as atividades acadêmicas diárias geram falta de tempo para realizar refeições com-pletas, os estudantes acabam escolhendo alimentos rápidos, substituindo as refeições por lanches práticos, com alto valor calórico (MATTOS; MARTINS, 2000).

Estes fatores, em conjunto, repre-sentam hábito alimentar prejudicial à saúde, podendo acarretar carências nutricionais, devido à grande oferta energética e o baixo valor nutricional dos alimentos que os com-põem, tornando-os vulneráveis, podendo favorecer o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis como câncer, diabetes mellitus, osteoporose, hiperten-são, obesidade, entre outras (TORAL et al., 2006; CARMO et al., 2006).

Na fase adulta surgem alterações fisiológicas e também no comportamen-to alimentar, o que tende a ser modifica-do em função do estilo de vida escolhido. Além dos fatores anteriormente menciona-dos, é comum observar adolescentes com atitudes inadequadas no que se refere à alimentação, como omissão de refeições, especialmente o café da manhã, consumo exagerado entre as refeições, maiores ali-mentos com alto teor de açúcares e gordu-ras saturadas, diminuindo assim a ingestão dos micronutrientes (RUVIARO; NOVELLO; QUINTILIANO, 2008).

Essas condutas podem determinar se a pessoa desenvolverá ou não doenças no futuro, pois um consumo insuficiente de hortaliças e frutas se encontra entre os dez fatores principais de risco de doença em todo o mundo (WHO, 2002). Vários estudos demonstram que um terço da população adulta apresenta problema de sobrepeso e obesidade proveniente de inadequada ali-mentação (NUCCIet al, 2001).

Evidências demonstram que as raízes das doenças cardiovasculares em adultos e idosos têm sua base na infância, pois é quando o processo aterosclerótico se inicia e leva décadas para avançar (OBAR-ZANEK et al., 2001; NOBRE et al., 2006).

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E, também, a relação estreita entre fatores da alimentação e o aparecimento de Doen-ças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) (STEEMBURGO et al., 2007; SANTOS et al., 2006).

Diante deste contexto, este artigo teve por objetivo avaliar a qualidade do con-sumo alimentar no horário de intervalo dos estudantes universitários de uma Instituição de Ensino Superior (IES) de Mogi Guaçu/SP, e se os mesmos eram trazidos de casa ou adquiridos dentro da própria IES.

2. METODOLOGIA

A partir de observação dos tipos de alimentos consumidos pelos universitários e disponíveis no interior do campus da Fa-culdade estudada, foi elaborado um ques-tionário com perguntas fechadas e abertas sobre dados gerais dos alunos, situação so-cioeconômica, rotina de trabalho e consu-mo alimentar (quais refeições eram feitas, quais os tipos de alimentos consumidos, horários e procedência).

A pesquisa foi aprovada pelo Co-mitê de Ética, pelo diretor da Instituição e através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os alunos foram pre-viamente avisados pela pesquisadora sobre os objetivos da pesquisa.

A coordenadora do curso enviou, por e-mail, as explicações sobre a pesquisa a todos os professores que lecionavam no dia e horário escolhido, e também ficou à

disposição uma semana antes da aplicação da mesma para explicação das dúvidas. Os questionários foram envelopados por sala e deixados, pela pesquisadora, nos esca-ninhos dos respectivos professores. Cada professor aplicou a pesquisa e a retornou aos escaninhos para a pesquisadora reco-lher.

Os questionários foram aplicados, simultaneamente, em outubro de 2012, no primeiro período de aula, com todos os alu-nos que aceitaram participar.

Os questionários foram analisados um a um e os dados mensurados através do Programa Microsoft Excel, e após foram elaborados tabelas e gráficos com os resul-tados. Devido ao tamanho da amostra, fo-ram calculadas média aritmética e porcen-tagens para verificação de tendências.

Os resultados foram separados por cursos e, para elaboração das tabelas fo-ram utilizadas as siglas dos cursos, a saber:

• Administração = ADM• Psicologia = PSICO• Nutrição = NUTRI• Ciências da Computação = CIENCO• Engenharia Ambiental = ENAMB• Engenharia Química = ENQUI

No início da pesquisa, a Facul-dade apresentava um total de 871 alunos distribuídos nos seguintes cursos e turmas, como mostra a Tabela 1:

Tabela 1 - Distribuição dos alunos classificados por cursos e turmas, IES, Mogi Guaçu, 2012

C u r s o /Turmas I II III IV V IX X XI XII XIII XIV XV XVI XVII XVIII XIX Total

PSICO 31 36 44 42 33 - - - - - - - - - - - 186

CIENCO - 28 28 20 20 - - - - - - - - - - - 96

ENQUI 39 32 31 - - - - - - - - - - - - - 102NUTRI - 27 19 7 10 - - - - - - - - - - - 63ADM - - - - - - - - - - 44 42 42 43 78 57 306ENAMB - - - - - 29 35 25 19 10 - - - - - - 118T o t a l Geral 871

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Dos 871 questionários entregues pela pesquisadora aos alunos da IES, 560 (64%) foram devolvidos preenchidos, e os resultados obtidos foram descritos confor-me mostra a Tabela 2.

Pode-se verificar (tabela 2) que houve a predominância de estudantes do sexo feminino com 56% (n=312) contra 44% (n=248) do sexo masculino. Com rela-ção à idade, a maioria dos estudantes, 42% (n=235), encontraram-se na faixa etária en-tre 18 a 22 anos, mostrando uma população jovem, adequado à faixa etária de ingres-

santes no ensino superior, seguindo-se de 34% (n=188) na faixa etária compreendida entre 23 e 28 anos e apenas 8% (n=43) es-tão na faixa etária com mais de 39 anos.

Estavam empregados 85% (n=478) dos alunos e 15% (n=82) estavam à procura de recolocação ou ingresso no mercado de trabalho. Destes 85% a maioria 83% (n=395) trabalhava em horário comer-cial e apenas 8% (38) trabalhava em turno. Verificou-se que 81% (n=456) dos universi-tários iam para a IES diretamente de suas casas, enquanto que 17% (n=91) iam direto do trabalho e somente 2% (n=13) iam direto do estágio.

Como mostra a Tabela 3, as refei-ções mais consumidas pelos alunos entre-vistados foram: almoço 525 (93%) pessoas, café da manhã 392 (70%), jantar 324 (58%), lanche da tarde 204 (36%), ceia 113 (20%) e o menor consumo se deu em lanches an-tes do almoço com 83 pessoas (15%); indi-cando que as três refeições maiores (almo-ço, jantar e café da manhã), foram as mais consumidas.

Tabela 2 - Dados gerais dos universitários entrevistados de uma IES, Mogi Guaçu, 2012, (n=560).

De acordo com Fontes (2006) o corpo necessita de calorias e nutrientes diá-rios para funcionar adequadamente. Quan-do não se consome algumas refeições, certamente o indivíduo irá compensar as calorias faltantes comendo de forma exa-gerada na próxima refeição, mostrando que as pessoas que omitem o café da manhã tendem a ser mais pesadas do que as que realizam um desjejum nutritivo.

Sexo N %Masculino 248 44Feminino 312 56Idade (anos) N %18 - 20 235 4223 - 28 188 3429 - 33 59 1034 - 38 35 639 ou mais 43 8Trabalha N %Sim 478 85Não 82 15Horário N %Comercial 395 83Meio período 45 9Turno 38 8Vem para a Faculdade N %Direto do trabalho 91 17Do estágio 13 2De casa 456 81

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C a f é da ma-nhã

Lanche a n t e s almoço

Almoço Lanche da tar-de

J a n -tar

Ceia

N % N % N % N % N % N %ADM 132 34 30 36 170 32 66 33 109 34 32 28CIENCO 48 12 7 8 67 13 25 12 53 16 14 13ENAMB 35 9 5 6 54 10 14 7 27 8 7 6ENQUI 48 12 7 8 64 12 21 10 45 14 11 10NUTRI 36 9 11 14 45 9 25 12 25 8 17 15PSICO 93 24 23 28 125 24 53 26 65 20 32 28Total 392 100 83 100 525 100 204 100 324 100 113 100

Tabela 3 - Distribuição das refeições realizadas diariamente pelos universitários entrevistados de uma IES, Mogi Guaçu, 2012.

De acordo com a Tabela 4, an-tes de irem para a Faculdade, 230 (41%) alunos jantam e 182 (32%) lancham, en-quanto 88 (16%) disseram não comer nada devido à correria do cotidiano, ou por não sentirem fome nesse horário, outros por se verem obrigados a fazer escolhas entre se alimentar ou tomar banho.No momento que ingressam na faculdade, os estudantes tem

de se responsabilizar por sua alimentação, moradia e gestão de suas finanças, porém a falta de habilidade para realizar essas ta-refas, junto com situações provenientes do meio acadêmico, pode resultar em omissão de refeições, consumo de refeições nutri-cionalmente desequilibradas, como inges-tão de lanches rápidos (VIEIRA et al., 2002; COTA et al., 2006).

Jantar Lanche Não come nada

Outro

N % N % N % N %ADM 75 33 63 35 27 30 12 30CIENCO 35 15 16 9 13 15 2 5ENAMB 25 11 17 9 14 16 - -ENQUI 31 13 19 10 7 8 4 10NUTRI 22 10 19 10 5 6 4 10PSICO 42 18 48 27 22 25 18 45Total 230 100 182 100 88 100 40 100

Tabela 4 - Distribuição das refeições realizadas pelos universitários entrevistados antes de irem para a Faculdade, Mogi Guaçu, 2012.

O gráfico 1 indica que os alimen-tos mais consumidos na hora do intervalo pelos universitários da IES foram: salgados assados 31%, refrigerantes 18%, lanches diversos 17% e chocolates 15%. Os me-nos consumidos foram bolachas salgadas e recheadas, ambas 3%, e a barra de cereal (alimento mais saudável) apenas 8%.

Pesquisas com universitários ob-servaram um baixo consumo de alimentos

saudáveis, com reduzido consumo de fru-tas e hortaliças e alto índice de alimentos gordurosos e doces (WARDLE et al.,1997; VIEIRA et al.,2002). Levy-Costa et al (2005) verificaram que hortaliças e frutas consu-midas no Brasil correspondiam a um terço da recomendação feita pela OMS, assim como Jaime; Monteiro (2005) constataram que menos de um terço da população relata o consumo diário de hortaliças e menos da

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metade dos brasileiros consome frutas dia-riamente.

Desses produtos consumidos na hora do intervalo, a maioria alimentos com alto valor calórico e baixo valor nutricional, do tipo industrializado, salgados fritos, refri-gerantes e afins, 309 (55%) universitários indicaram que compraram os mesmos na cantina da Faculdade, enquanto 97 (17%) trouxeram de suas casas e 74 (13%) com-praram de vendedores ambulantes dentro do campus.

Indicando assim que a cantina da faculdade, principalmente, por contar com Curso de Nutrição, deveria oferecer uma melhor opção de alimentos para esses alunos, que pela correria do cotidiano es-colhem alimentos rápidos na hora do inter-

Gráfico 1 - Alimentos consumidos no intervalo de aulas por estudantes universitários de uma IES, Mogi Guaçu, 2012.

valo, como mostra a Tabela 5, o que não deveria ocorrer, pois, de acordo com a por-taria nº 1.010 de 08/05/06, todos os locais que produzem e fornecem alimentos sejam refeitórios, restaurantes, lanchonetes, canti-nas, devem se adequar às boas práticas no serviço de alimentação, de forma com que garanta a segurança sanitária dos alimen-tos e das refeições, além do que a alimen-tação deve ser valorizada como promoção da saúde. Lembrando que instituições e en-tidades de ensino devem prestar apoio na implementação da alimentação saudável, incluindo na ajuda para capacitar profissio-nais de educação e de saúde, merendeiras, cantineiros, conselheiros de alimentação escolar e outros profissionais interessados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

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Trazidos de casa

Comprados na cantina

Comprados por ambu-lantes den-tro do cam-pus

N % N % N %ADM 21 22 101 33 40 54CIENCO 15 15 36 12 3 4ENAMB 5 5 28 9 6 8ENQUI 6 6 31 10 2 3NUTRI 21 22 26 8 5 7PSICO 29 30 87 28 18 24Total 97 100 309 100 74 100

De acordo com a Tabela 6, de um total de 560 alunos, 76% (n=424) comiam em suas casas depois que chegavam da fa-culdade e apenas 24% (n=136) não consu-miam nada nesse horário.

Segundo Vieira et al. (2002), a con-duta alimentar inadequada de universitários pode ser justificada como “válvula de esca-

Tabela 5 - Origem dos alimentos consumidos no intervalo de aula pelos universitários entrevistadosde uma IES, Mogi Guaçu, 2012.

pe” por ansiedade mediante a situações de estresse físico e mental decorrentes do ambiente universitário.

Tabela 6. Hábito de se alimen-tar em casa após o término da aula, roti-na de estudantes de uma IES, Mogi Gua-çu, 2012.

Sim Não TotalN % N % N %

ADM 122 68 58 32 180 100CIENCO 58 82 13 18 71 100ENAMB 47 85 8 15 55 100ENQUI 48 74 17 26 65 100NUTRI 39 80 10 20 49 100PSICO 110 79 30 21 140 100Total 424 76 136 24 560 100

Verificou-se na Tabela 7 que dos 424 (76%) alunos que consumiam algo depois que chegavam da faculdade, 182 (32%) bebiam leite, 113 (20%) consumiam uma refeição, 111 (20%) comiam bolacha, 104 (18%) ingeriam pão e 79 (14%) consu-miam outros tipos, como chás, vitaminas, sucos e afins.

Como mostra Haberman;Luffey (1998) em seu estudo, os hábitos alimen-tares adquiridos por estudantes durante a vida universitária, no decorrer dos anos cursados, se perduram pela idade adulta, deixando explícita a importância da correta conduta dietoterápica para a promoção da saúde.

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Refeição Leite Bolacha Pão OutroN % N % N % N % N %

ADM 34 30 55 30 40 36 35 33 18 23CIENCO 17 15 22 12 19 17 19 18 4 5ENAMB 11 10 21 11 10 9 9 9 8 10ENQUI 17 15 12 7 8 7 16 15 9 11NUTRI 3 3 23 13 11 10 7 7 10 13PSICO 31 27 49 27 23 21 18 18 30 38Total 113 100 182 100 111 100 104 100 79 100

De acordo com o Guia Alimentar da População Brasileira (2005) para a ga-rantia da saúde, é necessário realizar pelo menos três refeições grandes por dia (café da manhã, almoço e jantar), intercaladas por pequenos lanches. Ao avaliar a qualida-de do consumo alimentar de universitários verificou-se que os universitários precisam se adequar, pois 392 (70%) realizavam o café da manhã e 324 (58%) o jantar.

Lembrando que uma refeição com-posta por exageros pode potencializar as chances de desenvolvimento de doenças crônicas como obesidade, dislipidemias, aterosclerose, doenças cardiovasculares, diabetes por resistência à insulina (LARS-SON,1991 apud Manual de Orientação, 2006). Esse risco pode ser atenuado quan-do se adota hábitos alimentares adequados e saudáveis, aumentando o consumo de cereais integrais, verduras e frutas, legu-minosas, limitando sempre o consumo de gorduras, sal e açúcares (NICKLAS, 1998 apud Manual de orientação, 2006).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por diversos fatores os universitá-rios tem um consumo alimentar inadequa-do, pois uma alimentação saudável consis-te em reduzir a ingestão de alimentos que contenham excesso de gorduras, açúcar e sal (reduzindo o risco de ocorrência de obe-sidade, dislipidemias, hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares), é composta de 5 a 6 refeições por dia.

Isso demonstra a necessidade de ações de educação nutricional tanto para os

Tabela 7 - Distribuição dos alimentos ingeridos, após o horário de aula, de alunos de uma IES, Mogi Guaçu, 2012.

discentes quanto para os proprietários das cantinas universitárias, pois a maioria dos entrevistados compra tais alimentos nesses estabelecimentos, que, muitas vezes não oferecem opções consideradas saudáveis.

Porém, para ser mais conclusivo faz-se necessário mais pesquisas, como por exemplo, avaliação nutricional dos universi-tários para classificação do Índice de Massa Corporal (IMC), cálculo de gasto energético e quantificação da ingestão alimentar, para comprovação dos maus hábitos alimenta-res adotados pelos mesmos.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Interciência & Sociedade (ISSN: 2238-1295) - Vol. 3, N. 2, 2014

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Karina Milharezi Ferreira, graduada em Nutrição pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro – Mogi Guaçu/SP.

Daniela Soares de Oliveira é Mestre em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi; Pós graduanda em Bioquímica, fisiologia, treinamento e nutrição desportiva pela Unicamp (2014), graduação em Nutrição (2000) e Es-pecialização em Nutrição Clínica (2001) pela Universidade Metodista de Piracicaba. Atualmente é coordenadora do Curso de Nutrição e Docente na Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (Mogi Guaçu/SP).

Márcia Regina Reggiolli é Mestre em Nutrição Humana Aplicada pela Universidade de São Paulo. Graduação em Nutrição pela Faculdade de Ciências da Saúde São Camilo. Atualmente é docente do curso de nutrição das Faculdades de Jaguariúna, Faculdade Municipal Professor Franco Montoro em Mogi Guaçu e UNIP. Atuou por 17 anos como supervisora de Recursos Humanos e de Produção em multinacional de grande porte sendo responsável pela área de benefícios, administração de pessoal, relações trabalhistas e produção de 5000 componentes e pela gestão direta de 200 colaboradores.

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SUBMISSÃO DE TRABALHOS

Os artigos deverão ser encaminhados para o Conselho Editorial via mensagem eletrônica para: [email protected] (Assunto: Submissão). Os textos deverão ser publicados em português. Além disso, requer-se que os manuscritos submetidos a esta revista não tenham sido publicados anteriormente e não sejam submetidos simultaneamente em outro periódico. O conteúdo dos artigos aqui publicado é de responsabilidade, única e exclusiva, dos respectivos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião ou pensamento do conselho editorial.

NORMAS PARA FORMATAÇÃO

1. Formatação GeralCaracterísticas gerais: Número de páginas: um mínimo de 8 páginas e no máximo 12 páginas, incluindo as dedicadas às referências;

Papel: sulfite no formato A4 (297 x 210 mm);

Editor de texto: Word 2003 ou superior;

Margens: direita e esquerda – 3 cm; superior e inferior – 3 cm;

Fonte: Arial, para todo documento;

Parágrafo: espaçamento entre parágrafos: 0 cm; espaçamento entre linhas: simples; alinhamento justificado; recuo especial da primeira linha: 1,25 cm.

2. Estrutura do TrabalhoSeguem-se as recomendações em relação à estrutura dos trabalhos a serem avaliados e, posteriormente, se for o caso, publicados pelo periódico INTERCIÊNCIA & SOCIEDADE.2.1. TítuloO título deve estar na primeira página, centralizado, devendo ocupar no máximo duas linhas, com espaçamento entrelinhas 1,5, letras maiúsculas (caixa alta) em negrito, na fonte Arial, tamanho 14.2.2. AutoriaAs autorias constituem-se pelas pessoas físicas responsáveis na criação do conteúdo intelectual de um documento e são indicadas pelos nomes dos autores, IES de origem e pelo e-mail.2.2.1. NomeOs nomes são referenciados pelo último sobrenome, em letras maiúsculas, seguidos dos prenomes e outros sobrenomes, que podem ser abreviados ou não, no formato que se segue: SOBRENOME do 1º autor, letras maiúsculas (caixa alta), na fonte Arial, tamanho 11; seguido do nome do 1º autor, letras maiúsculas e minúsculas (caixa alta e baixa), normal, na fonte Arial, tamanho 11, alinhados à direita, espaçamento entrelinhas simples.2.2.2. IESO nome da Instituição de Ensino Superior deve estar em letras maiúsculas e minúsculas (caixa alta e baixa), normal, na fonte Arial, tamanho 10, alinhados à direita, com a sigla da IES, entre parênteses, em letras maiúsculas (caixa alta) normal, na fonte Arial, tamanho 10, alinhados à direita, espaçamento simples.2.2.2. E-mailO endereço eletrônico deve estar em letras minúsculas (caixa baixa), normal, na fonte Arial, tamanho 10, alinhados à direita, espaçamento simples.2.3. ResumoO texto deve ser escrito em português, com no máximo 10 linhas, cerca de 500 palavras, na fonte Arial, normal, alinhamento justificado e espaçamento simples. A palavra RESUMO, seguida de dois pontos, deve ser escrita em letras maiúsculas (caixa alta), em negrito, na fonte Arial, tamanho 10, o texto do resumo vem logo a seguir.2.4. Palavras-chaveAs palavras-chave devem ser escritas em português, em número máximo de cinco palavras-chave, na fonte Arial, normal, alinhamento justificado, espaçamento simples. PALAVRAS-CHAVE seguida de dois pontos devem ser escritas em letras maiúsculas (caixa alta), em negrito, na fonte Arial, tamanho 10. 2.5. AbstractO texto do abstract, que vem a ser a tradução para a língua inglesa do resumo, até 10 linhas, na fonte Arial, itálico, alinhamento justificado e espaçamento simples. A palavra ABSTRACT, seguida de dois pontos, deve ser escrita em letras maiúsculas (caixa alta), em negrito, na fonte Arial, tamanho 10.2.6. KeywordsSão as palavras-chave traduzidas para o inglês, em número máximo de cinco palavras, na fonte Arial, itálico, alinhamento justificado e espaçamento simples. KEYWORDS seguida de dois pontos devem ser escritas em letras maiúsculas (caixa alta), em negrito, na fonte Arial, tamanho 10, em itálico, as keywords propriamente ditas vêm logo a seguir.

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3. IntroduçãoO texto da Introdução deve ser escrito em português, na fonte Arial, tamanho 11, normal, alinhamento justificado, espaçamento entrelinhas simples, sem hifenação, com recuo de 1,25 cm na primeira linha. A palavra Introdução deve ser escrita em letras maiúsculas (caixa alta), na fonte Arial, tamanho 11, em negrito, alinhamento justificado, espaçamento 1,5, entre a palavra Introdução e o texto propriamente dito não há espaçamento entrelinhas.

4. Texto4.1. TópicosEm quantidade necessária para o desenvolvimento estruturado do trabalho deve estar na fonte Arial, tamanho 11, em negrito, alinhamento justificado, não sendo conveniente ultrapassar-se uma linha e deve obedecer a numeração arábica progressiva crescente. 4.2. Sub-tópicosSe fizerem necessários os sub-tópicos, até no máximo o terceiro nível, devem estar na fonte Arial, tamanho 11, em negrito, alinhamento justificado, espaçamento entrelinhas simples, não sendo conveniente ultrapassar-se uma linha. E, esses sub-tópicos devem obedecer a numeração arábica progressiva crescente. O texto referente ao conteúdo dos sub-tópicos deve(m) estar na fonte Arial, tamanho 11, normal, alinhamento justificado, espaçamento entrelinhas simples, obedecendo a um recuo de 1,25 cm para a primeira linha de cada parágrafo.4.3. FigurasO título da Figura e as legendas devem vir logo abaixo desta, na fonte Arial, tamanho 10, normal, centralizados, com uma entrelinha 1,5 entre a figura e o título da figura, obedecendo a numeração arábica progressiva crescente, e deve haver uma entrelinha 1,5 para a continuação do texto.4.4. Quadros e TabelasO título dos quadros e as tabelas devem vir logo acima desta, na fonte Arial, tamanho 10, normal, alinhado à esquerda, com uma entrelinha 1,5 entre o texto e o título dos quadros ou tabelas, obedecendo a numeração arábica progressiva crescente. 4.5. Notas de rodapéAs notas de rodapé devem ser inseridas somente se forem extremamente necessárias para a compreensão do texto, em numeração arábica progressiva crescente, na fonte Arial, tamanho 9, normal, alinhamento justificado, com entrelinhas simples.

5. Considerações finaisDeve ser escrito em letras maiúsculas (caixa alta), na fonte Arial, tamanho 11, em negrito, alinhamento justificado, espaçamento simples.

6. Referências bibliográficasAs referências citadas no corpo do texto, conforme padrão da ABNT (NBR-6023) deverão ser apresentadas em ordem alfabética no final do texto, na fonte Arial, tamanho 9, normal, alinhamento justificado, espaçamento entrelinhas simples, sem hifenação. Entre as referências deve ser utilizado um espaçamento antes do parágrafo de 6 pontos. Como nota de fim de texto deve ser inserido um minicurrículo do(s) autore(s), até no máximo 10 linhas, na fonte Arial, tamanho 9, normal, alinhamento justificado, espaçamento entrelinhas simples e espaçamento simples entre os minicurrículos (caso houver mais autores).

PROCESSO DE AVALIAÇÃO

Os artigos recebidos são submetidos à análise do Conselho Editorial para avaliação da adequação às áreas de interesse da revista e às exigências para submissão. Posteriormente, os artigos são encaminhados para análise por especialistas (pareceristas) nas respectivas áreas temáticas - método conhecido como avaliação por pares, peer review. Os nomes dos pareceristas e dos autores são mantidos em sigilo durante todo o processo. Os autores têm acesso aos pareceres referentes aos seus artigos, porém sem a identificação do parecerista.

DIREITOS AUTORAIS

Ao submeterem artigos à Revista, os autores declaram serem titulares dos direitos autorais, respondendo exclusivamente por quaisquer reclamações relacionadas a tais direitos. Os autores autorizam a Revista, sem ônus, a publicar os referidos textos em qualquer meio, ficando ainda a Revista também autorizada a adequar os textos a seus formatos.

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