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Interdisciplinaridade e suas práticas em documentos de "Avaliação e Perspectivas" do CNPq 1978,1982. *Ph.D. - Antropologia Social Samuel * UFPa/ENSP. INTRODUÇÃO O tema da interdisciplinaridade tem merecido referên- cias incidentais nos meios de comunicação de massa: um programa de televisão sobre Centros Interdisciplinares de Ciência ou uma alusão a uma Fundação Internacional e Interdisciplinar de Aids. Entretanto, ainda é escasso o aprofundamento do significado como relação entre o con- ceito e suas práticas. O presente artigo faz parte de um es- tudo nessa direção. O autor tem acompanhado uma década de experiên- cias e de indagações mas, somente, agora se dispõe a siste- matizá-las em uma análise. É que, em 1987, não é verda- de o que o filósofo Georges Gusdorf escreveu em 1977: falam muito sobre este assunto mas ninguém fala contra o mesmo (Georges Gusdorf, 1977: 581). Atualmente, o estado da questão não pode tomar o tema como represen- tação de um modismo ou de uma panacéia inconseqüente e abstrata. É possível encontrar referências incidentais ou não, à interdisciplinaridade em documentos assinados por técni- cos do Ministério da Educação, como do atual diretor da Capes ou de um ex-membro do Conselho Federal de Edu- cação. Mas ela não é objeto explícito de políticas oficiais, muito mais tendentes para o status quo da fragmentação. (Edson de Souza Machado: 1980 e Armando Mendes, 1986.) O primeiro, faz referência incidental e o segundo, referência explícita. Uma das motivações para este estudo resulta de que, além do lado oficial, ideológico e sociográfico, é possível examinar os documentos do tipo "Avaliação e Perspecti- vas", do CNPq, como uma fonte de referências, vinda da experiência ou da expectativa, relacionada com a interdisci- plinaridade. Uma releitura metódica em busca da relação unidisciplinaridade (dominante) e interdisciplinaridade

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Interdisciplinaridade e suas práticas emdocumentos de "Avaliação e Perspectivas"do CNPq 1978,1982.

*Ph.D. - Antropologia Social Samuel Sá *UFPa/ENSP.

INTRODUÇÃO

O tema da interdisciplinaridade tem merecido referên-cias incidentais nos meios de comunicação de massa: umprograma de televisão sobre Centros Interdisciplinares deCiência ou uma alusão a uma Fundação Internacional eInterdisciplinar de Aids. Entretanto, ainda é escasso oaprofundamento do significado como relação entre o con-ceito e suas práticas. O presente artigo faz parte de um es-tudo nessa direção.

O autor tem acompanhado uma década de experiên-cias e de indagações mas, somente, agora se dispõe a siste-matizá-las em uma análise. É que, em 1987, já não é verda-de o que o filósofo Georges Gusdorf escreveu em 1977:falam muito sobre este assunto mas ninguém fala contra omesmo (Georges Gusdorf, 1977: 581). Atualmente, oestado da questão não pode tomar o tema como represen-tação de um modismo ou de uma panacéia inconseqüentee abstrata.

É possível encontrar referências incidentais ou não, àinterdisciplinaridade em documentos assinados por técni-cos do Ministério da Educação, como do atual diretor daCapes ou de um ex-membro do Conselho Federal de Edu-cação. Mas ela não é objeto explícito de políticas oficiais,muito mais tendentes para o status quo da fragmentação.(Edson de Souza Machado: 1980 e Armando Mendes,1986.) O primeiro, faz referência incidental e o segundo,referência explícita.

Uma das motivações para este estudo resulta de que,além do lado oficial, ideológico e sociográfico, é possívelexaminar os documentos do tipo "Avaliação e Perspecti-vas", do CNPq, como uma fonte de referências, vinda daexperiência ou da expectativa, relacionada com a interdisci-plinaridade. Uma releitura metódica em busca da relaçãounidisciplinaridade (dominante) e interdisciplinaridade

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(emergente) permite coletar dados que facilitam a análise.Essa análise toma, como pressupostos, outros textos provo-cados pela contribuição do filósofo brasileiro, Hilton Ja-piassú e da socióloga, Miriam Limoeiro.

Em outro nível, a motivação deriva do conhecimentodas conexões entre interdisciplinaridade e Saúde Coletiva.Basicamente, no mesmo mês de março de 1986 o Ministérioda Saúde do Brasil fazia realizar a VIII Conferência Nacio-nal de Saúde, em cujas conclusões há uma implicação dainterdisciplinaridade tanto pelo conceito de saúde utilizadocomo pelo interesse em equipes multiprofissionais, comoparte de uma organização "social do conhecimento e, não,por efeito de mera contigüidade; e a OMS publicou umnúmero especial da revista Saúde no Mundo (Março 86)reservada para o tema da cooperação intersetorial, que apa-rece com um outro nome, para práticas de interdisciplina-ridade. Esta conjuntura ilustra uma situação, onde ocorreuma demanda e um processo para "tirar de letra" a interdis-ciplinaridade.

Como parte de um projeto maior, o presente estudoconfronta dados secundários e um referencial teórico.Tomando dados secundários disponíveis, este passo da pes-quisa requer a continuidade do exame: a busca dos volumesque faltam para a coleção de 1978, bem como os demais de1982. Há uma ênfase na área da saúde, inclusive pelas razõesindicadas acima. Há outra ênfase nos aspectos práticos, poruma opção heurística de que o cohecimento só avança àmedida em que relaciona teoria e práticas.02 -Sinopse de 1978.Interdisciplinaridade, em documentos de "Avaliação & Pers-pectivas" do CNPq, 1978: cinco das nove áreas.

A fim de reunir informações sobre o título acima, atabela, a seguir, procura registrar os dados disponíveis:

De modo mais detalhado o que cada uma das discipli-nas incluiu como significativo se desdobra do modo seguinte:

l - Na área de Física"As áreas interdisciplinares, relacionadas com este do-

cumento, compreendem campos de pesquisa que reúnemduas ou mais das principais áreas da ciência ou da tecnolo-gia, uma delas sendo a física. Consideramos aqui, apenas,algumas das subáreas enquadradas nesta definição: l -Ciência dos materiais - situada entre a física e a tecnologiados materiais. 2 — Físico-Química — problemas de químicaresolvidos com técnicas físicas. 3 - Dispositivos elétricos emagnéticos - fronteira entre a física de estado sólido e atecnologia. 4 — Biofísica, Física Médica e Engenharia Bio-médica - físicos no estudo dos processos biológicos (Áreaessencialmente interdisciplinar). 5 — Fontes de energia

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não-convencionais. Muitos físicos estão participando noestudo dos problemas de energia, ao lado dos engenheiros,economistas, urbanistas e cientistas sociais, tendo contri-buído, significativamente, para os progressos do campo.6 - Geofísica, Aeronomia e Física do Espaço - Fronteiraentre a física e as ciências da terra e do espaço.

Como visão geral das atividades interdisciplinares, noPaís, podemos dizer que as áreas que fazem fronteira comassuntos tecnológicos têm surgido, principalmente, comoconseqüência do reconhecimento, pelos próprios físicos, dointeresse de certos aspectos de sua pesquisa. O crescimentorelativo dessas áreas mostra o aumento de interesse dospesquisadores em darem uma contribuição prática e mate-rial imediata à sociedade em que vivem, além das "suascontribuições culturais e educacionais.

O desenvolvimento e fortalecimento de projetosinterdisciplinares deve ser meta prioritária, desde que esta

é uma das maneiras mais diretas, pelas quais a física intera-ge com a sociedade. Programas deste tipo devem envolveralunos, desde a fase dos estudos de graduação, através debolsas de iniciação científica, devendo-se criar e ministrardisciplinas que levem a estudos interdisciplinares. Da brevedescrição apresentada, fica claro que o sucesso de progra-mas interdisciplinares depende do desenvolvimento prévioou simultâneo dos principais ramos de pesquisa em físicabásica". (CNPq, Avaliação & Perspectivas, 1978; 60-64,76 - subárea de Física )

A longa referência expressa uma perspectiva interdis-ciplinar vinda do interior de uma ciência do campo das cha-madas exatas. Aí está incluída uma ilação de que, a aborda-gem em tela, faz uma aproximação entre a disciplina, atecnologia e áreas de interesse da sociedade. A listagem dosdiferentes campos interdisciplinares, tangentes à física,ilustra a possível ocorrência de experiências e por issoinclui, também, algumas cautelas como: a qualidade dascontribuições específicas de cada disciplina, a hipótese dainterdisciplinaridade começar na graduação e a oportunida-de de bolsas de iniciação. No conjunto dos demais textosesse é o que desce a maiores detalhes práticos.

2 - Na área de Ecologia"A abertura de novos cursos de pós-graduação deve

levar em conta situações ecológicas regionais e a possibi-lidade de implantação de programas de pesquisa, de largoespectro, nos ecossistemas locais com ênfase em aspectosinterdiciplinares.

A implantação de grupos de pesquisa ecológica noNordeste, em atividades interdisciplinares e que possamcontribuir para um maior desenvolvimento do campo daecologia, nessa região.

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A partir desse programa e do desenvolvimento cientí-fico que um esforço interdisciplinar, desse nível, porpor-ciona, poder-se-á contar com equipes treinadas com umavisão sistêmica do problema e com capacidade de interpre-tação muito mais elevados, do ponto de vista científico ede grande interesse em aplicação". Nesta área, que derivade uma disciplina de estrutura mais recente, a ênfase inter-disciplinar é mais estrutural que nos demais casos. (CNPq,Avaliação e Perspectivas, 1978: 18, 20, 21, 22 - Subáreade Ecologia )

3 - Nas áreas de Alimentação e Zoologia as referên-cias são indiretas, isto é, não referem, explicitamente, ainterdisciplinaridade, mas referem a conjugação com áreasafins.03 -Sinopse de 1982.

Interdisciplinaridade em documentos de "Avaliação & Pers-pectivas, do CNPq, 1982; área de Ciência da Saúde.

Um estudo inicial do volume, disponível na bibliotecada Escola Nacional de Saúde Pública, mostra o resultadoorganizado na tabela a seguir (Tabela II) como um primeironível de dados.

O que esta tabela oferece, explicitamente, é um sinalde uma preocupação mais qualitativa e menos verbalista, emrelação à interdisciplinaridade. Isto quer dizer que, além de

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referir o termo dentro do âmbito da pesquisa e da gradua-ção ou da pós-graduação, surge um esforço para tirar conse-qüências, para referir uma história de experiências, paradetalhar práticas e distinguir sua aplicabilidade melhor,neste lugar ou, ainda, não ocorrida em outros casos. Surge,até mesmo, um certo senso das limitações e certa nostalgiapor situações que ficaram para trás.

Especificamente falando, é possível compor, comoque um grande painel com o conjunto das referênciasrecapituladas, dentro de uma tipologia preliminar.

1 - O nível da nomenclatura. Interdisciplinar apareceassociado com multidisciplinar, integração, cooperação,multiprofissional, coletivo. Associação, aqui, não é omesmo que equivalente. Por exemplo:

"Deverão, na área da Saúde, ser atendidos os aspectosque se referem a ações de alcance individual, ligados à assis-tência médica integral no âmbito da prevenção, promoção,tratamento e reabilitação, bem como ações de alcancecoletivo e multidisciplinar" (CNPq, Avaliação & Perspecti-vas, 1982:224).

2 — 0 termo interdisciplinaridade aparece ligado àproposta de programação:

"O programa propõe-se a apoiar a formação de gru-pos interdisciplinares e regionais, e o intercâmbio entreeles, com grupos de planejamento e execução" (CNPq,Avaliação e Perspectivas, 1982: 421: subárea de nutrição ealimentação).

3-O termo aparece como expressão de uma lacunasentida: "Em sua maioria, as pesquisas não são interdisci-plinares e não são centradas em temas-problema, mas pre-dominam as do tipo "acompanhamento" e as que reprodu-zem experiências alhures" (CNPq, Avaliação e Perspectivas,1982: 323; 221; 79 — respectivamente, nas subáreas deMedicina Interna e Especializada, Saúde Materno-Infantil,e Educação Física).

4-O termo aparece em um contexto de históriarecente: "O ordenamento das disciplinas deverá ser modifi-cado. Os alunos, ao passarem por disciplinas da área básica,tais como : Anatomia, Fisiologia, Bioquímica, Bioestatística,etc., recebem uma carga de ensinamentos teóricos e algumasdemostrações práticas em animais, cuja importância e apli-cações, no exercício da medicina, desconhecem. Dois a trêsanos após, passam a valorizar o que lhes foi ensinado e nãofoi aprendido. Tentando corrigir esse tipo de situação, em1952, a Escola de Medicina da "Western Reserve ", nosEstados Unidos, propos, pela primeira vez, o ensinei, atravésde programas multidisciplinares, onde se consegue uma inte-gração interdisciplinar e multidisciplinar — Este tipo de en-sino, também chamado "em blocos", tem sido utilizado por

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várias outras escolas de medicina, inclusive em nosso país,onde pioneira foi a Faculdade de Ciências da Saúde, da Uni-versidade de Brasília (UNB), que o utilizou nos seus primór-dios, com grande satisfação docente e discente - O ensino"em blocos" permite uma excelente integração entre disci-plinas básicas e clínicas. O aprendizado das ciências básicasse faz com o concurso de docentes das áreas clínicas. Porsua vez, a integração interdisciplinar entre áreas clínicas,também é conseguida, pois, o ensino é conseguido de formaconjunta. O sistema de blocos evita a atomização do conhe-cimento e talvez seja a única maneira de se integrar os do-centes e a docência" (CNPq, Avaliação e Perspectivas,1982: 235-236, subárea de Saúde Materno-infantil).

5-O termo é tomado para expressar uma articulaçãocom a estrutura de uma disciplina:

"A Fonoaudiologia insere-se nas Ciências da Saúde,pois, abrange, fundamentalmente, os três níveis de atençãoda mesma: preventivo, curativo e reabilitacional, mas tem,antes de tudo, um caráter multidisciplinar, pelas significa-tivas interfaces com as Ciências Sociais Aplicadas: Lingüís-tica, Psicologia, Educação", (CNPq, Avaliação e Perspecti-vas, 1982; 117, Subárea de Fonoaudiologia).

6-O termo é usado com relação à possibilidade depublicação:

"O pesquisador deve publicar seu trabalho, quandoachar que está amadurecido e consistente, e que outrosterão oportunidade de julgá-lo, sem objeções que não sejamas de discussão de conteúdo do trabalho. Isso incorporaoutras influências quando a pesquisa passa de individuale isolada para uma pesquisa institucional e de grupo mul-tidisciplinar", (CNPq, Avaliação & Perspectivas, 1982: 152,subárea de Enfermagem).

7 - Bem mais complexo é o uso do termo no contex-to da experiência que obteve patrocínio institucional, sejado Brasil seja do exterior:

"Foram feitas tentativas para promover a cooperaçãointerdisciplinar em problemas que afetam a saúde, cujasraízes estão na estrutura social e econômica. De 1974 a1977, CNPq, Capes, Fadesp e Fundação Ford mantiveram oPrograma Multidisciplinar de Nutrição que aprovou auxíliospara pesquisa e treinamento na área de nutrição e alimenta-ção, envolvendo cientistas de saúde, tecnologia de alimen-tos, sociólogos, economistas, psicólogos e administradores.Dois estudos, por grupos interdisciplinares, produziram umaanálise epidemiológica e social da desnutrição na cidade deS. Paulo e no agreste pernambucano, e está em início, umprojeto de cooperação interdisciplinar sobre variáveis envol-vidas na mortalidade infantil, em Recife. A avaliação de al-guns programas do INAN atraiu, para a área de nutrição,

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cientistas sociais da Universidade Federal de Viçosa, doInstituto de Pesquisas Econômicas da USP e do InstitutoJoaquim Nabuco de Estudos Sociais, de Recife. A As-sociação de grupos e a interdisciplinaridade são estratégiasflexíveis, promovidas em função do interesse da sociedadee desativadas, logo que sua função tenha sido cumprida

(grifo deste autor), (CNPq, Avaliação e perspectivas, 1982:36-37, subárea de Nutrição).

8 — Finalmente, o emprego do termo e as práticasrelacionadas à subárea de Saúde Pública parecem esboçar,como fundamento, uma teoria da multicausalidade e suasconseqüências:

- "Os estudos em andamento, nesta subárea, mos-tram a preferência pela análise das condições de saúde dapopulação e seus indicadores, determinantes biológicossociais e ambientais e avaliação das políticas. Foi, recente-mente, criado um centro de Estudos e Pesquisas em Antro-pologia Médica que evoluiu de uma série de projetos sobrepráticas alimentares e de saúde, em várias regiões do país.Então sendo implantados alguns programas de integraçãodocente-assistencial, de natureza interdisciplinar. Existe uminteresse crescente em saúde ocupacional, face aos riscoscriados pela tecnologia da agroindústria moderna e pelossetores de ponta da produção industrial. Atenção crescentevem sendo dada a moléstias crônicas degenerativas, seusdeterminantes sociais e à influência de modificações do am-biente, na determinação da doença. A organização da assis-tência médica em áreas rurais e urbanas, a tecnologia ematenção primária e a pesquisa operacional em saúde públicavêm despertando uma atenção crescente. - Essa atividadese desenvolve, em grande parte, com iniciativa pessoalsem participação e sem apoio das instituições de ensino.A consolidação de grupos com linhas bem definidas de tra-balho, sua integração com as políticas de saúde pública esua contribuição pára a avaliação destas políticas estão,ainda, em fase inicial e dependem do suporte continuadoque lhes for dado pelos organismos de apoio ao desenvolvi-mento científico. Essa consolidação da subárea em gruposde análise e planejamento em saúde não poderá prescindirde uma íntima cooperação com as ciências sociais. Tantoas atividades de pesquisa como de ensino deverão desen-volver-se em um contexto de prestação de serviços".(CNPq, Avaliação e Perspectivas - 1982: 38-39, Subáreade Saúde Pública, Medicina Comunitária e Social).

04 - Notas para discussão.

a) A análise das referências de 1978 e de 1982 reúnemateriais, cujo ponto de contacto é a alusão à interdiscipli-

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naridade. Como parte de uma análise, ainda em processa-mento, o conjunto de 1978 examinou várias áreas e o de1982 se ateve, apenas, a uma delas. A estrita disponibilidadedo material limitou o exame exaustivo, mas esta limitação,de algum modo, constrói como que uma mostra não-inten-cional. No conjunto, ressalta a constância da interdiscipli-naridade, como preocupação, na área das ciências exatas,das ciências sociais aplicadas e de disciplinas, cuja estruturafaz apelo a interseções como a Ecologia ou a Saúde Coleti-va, ainda, sob o nome de Saúde Pública.

Nos textos selecionados, aparece como que um lentoacúmulo de esforços, em direção à construção social das ca-racterísticas da interdisciplinaridade. Tipicamente interface,as várias indicações da experiência desvendam as práticasque são recorrentes, sob a "máscara social" da interdiscipli-naridade. Quer dizer, aí surgem traços tais como: a) memó-ria crítica de experiências que aparecem em andamento,descontinuadas ou desejadas, isto é, recomendadas; b) apercepção de limitações da interdisciplinaridade (programasprovisórios, flexíveis); c) a raiz de certo modo conjuntural,mediante as respostas dadas a necessidades da sociedade;d) o registro e o reconhecimento de apoio vindo do exterior(Fundação Ford) ou de agencias nativas como o CNPq, aFINEP, A Capes, a FAPESP; e) a afirmação de situaçõesonde o que há de interdisciplinar tem uma constituiçãooriunda das combinações que levaram à disciplina como éo caso da fonoaudiologia, da ecologia, e das áreas interdis-ciplinares relacionadas com a Física.

Retrospectivamente, pode-se perguntar: como o con-ceito de interdisciplinaridade foi provocado a se inserir nosdocumentos do CNPq? Conotando muito mais a iniciativadas diferentes disciplinas do que um item da política ofi-cial, o acervo de alusões às práticas abrange, também, umaporção de ideologia, na direção das ciências aplicadas e datecnologia. Fica patente a lacuna de uma teoria consistentedo processo de construção do conhecimento interdiscipli-nar. É dinâmica e não mágica a relação entre interdiscipli-naridade e totalidade.

b) As praticas de interdisciplinaridade resumidas, nosdocumentos de "Avaliação e Perspectivas, se baseiam emque pressuposto teórico? — Nesta discussão o conceito deteoria é muito mais do que uma possibilidade de generali-zação, a partir de um arcabouço de análise e de abstração.Pelo contrário, aqui, a teoria inclui uma necessária visãocrítica do que seja uma argumentação que não pode serneutra e que se situa em um processo do conhecimento, aum tempo subordinado e resistente aos parâmetros coloni-ais do passado e pós-coloniais (via imperialismo das multi-

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nacionais ou padrões de dominação com tentáculos, já den-tro "de casa", e não, só vindos do exterior, como lembramuito bem Miriam Palmeira, 1985). Dito de outro modo,a discussão, que vale a pena enfrentar, é aquela que inclui acaracterística de inserção histórica do conhecimento e desuas contradições; a autora, antes referida, chama a isso de"inserção sócio-histórica" do conhecimento.

O pós-colonial tem que ser levado em conta pelo fatode que o campo de forças do mesmo é uma barreira para aemancipação de quem opera como contraforça, em relaçãoa quem detém papéis hegemônicos. O modo de pensar pós-colonial se agarra à acumulação de poder e, portanto, serecusa a acatar outra voz, outro voto, outra opção. Ascríticas, feitas ao taylorismo e ao "homem unidimensio-nal", são reforçadas pela perspectiva interdisciplinar, namedida em que ela se insurge contra o que Hilton Japiassúdiscutiu como "Patologia do saber" fragmentado. Por sob adireção descolonizadora possível existe, também, a históriada ciência refletida na história da conexão de diferentesdisciplinas que convergem não tanto por si mesmas, isolada-mente, mas por efeito de uma demanda e de uma perspecti-va que vem da sociedade.

c) A interdisciplinaridade não pode ser confundidacomo uma espécie de pulsão hegemônica ou com a exclusi-va gênese de novas disciplinas. Experiências houve que deri-varam em novas disciplinas: Ecologia, Fonoaudiologia, Bio-estatística, Geofísica, Biotecnologia. Mas estes casos indi-cam um patamar entre aqueles possíveis. A interseçãotemporária será outro patamar. Em todo caso, o temporá-rio ou o aspecto mais permanente indicam etapas diferen-tes do processo interdisciplinar ou do esforço dedesfragmentação.

Conviver com a unidisciplinaridade é um postuladofundamental desta discussão. Até porque não haverá boa in-terdisciplinaridade, sem o passo constitutivo dos pontos devista, com uma tradição específica.

Em algumas situações, a abordagem interdisciplinarvisa, especialmente, no âmbito de programas e de serviços,tomadas de posição mais pragmáticas que, puramenteacadêmicas. Entre o conhecimento puramente acadêmico ea tecnologia, a interdisciplinaridade avança em uma articula-ção que ultrapassa o senso estrito do tipo de evidência car-tesiana geométrica; ela se constitui em categorias de angula-ção múltipla, especialmente, considerando a urgência denão separar ciências exatas e ciências humanas,sem anulara especificidade de cada uma delas.

Desse modo é que pode-se entender como a análiseda interdisciplinaridade, feita pelo matemático e filósofoSinaceur Muhammed Allal (l977), chamou a atenção para a

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possibilidade de tratar a referida abordagem, enquanto ins-trumental, para decisões. Então não se trata, apenas, de teruma escolha de alternativas, mas ter um tipo de argumen-tação fundada na recorrência de perspectivas que se reúnemem lugar de indicações isoladas. O princípio da prova recor-rente e multiplicada decorre de um sistema aberto e tentadar solução para o problema da "ars gratia artis" ou da ciên-cia, por si mesma, diletante. Ele tenta dar resolutividade pa-ra a possibilidade de cruzamentos férteis, entre as diferen-tes perspectivas. E, nessa linha de argumentação, é bom re-cordar o documento da OMS sobre cooperação interseto-rial; examinando o Centro de Desenvolvimento em Educa-ção e Saúde (Arustra., Tanzânia) ali se refere: "Os profes-sores do futuro devem ser bons planejadores e gestores enão somente especialistas, em determinados assuntos"(1986:22). Com isto, emerge a alternativa de que a interdis-ciplinaridade contribua para semear um tipo de profissio-nal que ligue o conhecimento — à visão alternativa e à pra-ticidade.

d) De um ponto de vista político, ou seja, de umaefetividade da contribuição interdisciplinar é importantenotar que o tipo de argumentação ou de prova resultante,não se destina, exclusivamente, a uma absorção ou a um usointradisciplinar. Pelo contrário, a direção da demanda, pelaanálise interdisciplinar, pode seguir caminhos críticosdiferentes: ou se originar de um profissional unidisciplinar,porém, visando um resultado que ultrapassa o seu campoúnico e se orienta para respostas a problemas novos ou arespostas a problemas colocados pela sociedade; ou se ori-ginar em um primeiro passo de uma demanda, vinda dasociedade, em uma situação de apelo a uma "junta médica"(por analogia), dado o inusitado ou a gravidade, seja mo-mentânea, seja estrutural, de certo problema. Por exemplo:os chamados relatórios de "impacto ambiental", os proble-mas e soluções colocadas pela 8a Conferência Nacional deSaúde, ou o tema da Aids, bem como o problema da cons-trução de naves espaciais ou de colônias espaciais. Nessescasos, o que pode haver de político está, em primeiro lugar,combinado com um princípio elementar de epistemologia:a recorrência de reforços para provas que não são mecâni-cas, axiomáticas e invulneráveis: e em segundo lugar: apresença de um tipo de parceiro no jogo da descoberta(aquele que vai tomar decisões com base na força maiorou menor de dados convergentes vinda de disciplinas di-ferentes, fazendo assertivas, basicamente, ligadas à especi-ficidade de cada campo, mas qualificada pela colaboraçãointersetorial ou interdisciplinar). Há, pois, uma situação deincerteza ou de risco, pedindo um tratamento de "para-digma" diferente daquele da unidisciplinaridade ; e há a

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construção social do contra-risco, que serão as premissas,levando a uma decisão ou a decisões, cujo efeito ultrapassaum processo de isolamento e fragmentação. O tema dopoder, imbricado no processamento interdisciplinar da des-coberta, ainda está relativamente intocado? - É possívelalertar, pelo menos, para duas situações em que esse poderfoi reduzido à inocuidade : no caso da hidroelétrica de Tucu-ruí (Pará) as análise de Robert Goodland resultaram emrecomendações das quais, provavelmente, 9/10 não foramimplementadas; no caso de um dos conselhos técnicos, deuma grande estatal brasileira, realizando trabalho de altacomplexidade e implicando a Amazônia, um biólogo con-selheiro indicava, frustradamente, que a totalidade de suasrecomendações não eram acolhidas. Esses dois casos,apenas, dramatizam o lado político da interdisciplinaridade.

e) Há, também, o aspecto, em parte, levantado pelosrelatores dos textos de avaliação e perspectivas: a interdis-ciplinaridade no conjunto das práticas (Quatro disciplinasde um total de vinte e seis, no caso da tabela I, e seis de umtotal de dez, no caso da tabela dois) é quase uma exceção,levando-se em conta que a freqüência na listagem ulterior,apenas, tomou — como um exercício — uma área, enquantoque, a outra tomou a maioria das áreas. As duas séries aindanão permitem, sozinhas, uma conclusão melhor do queaquela que considere os dados, ainda, como emergentes.

Independentemente da questão quantitativa, existeo ponto de vista qualitativo. Por exemplo: o posicionamen-to dos Físicos e o posicionamento dos Ecólogos não são,qualitativamente, insignificantes. Aí, não foram colocadasapenas as espectativas ou um vago impressionismo; alémdo mais, no caso da Física, eles já falam de práticas comuma certa história.

Resta a discutir se, no caso da interdisciplinaridade,"dois olhos vêem mais do que um". Nesse ponto, existe oproblema histórico de que as disciplinas foram se consti-tuindo por fragmentação e, em alguns casos, por rejunção:quando Galileu reagrupa disciplinas e realiza o que foichamado de "matematização da Física", ou quando geógra-fos brasileiros assumem a posição de "historização da geo-grafia" ou tomam o espaço como "espaço interdisciplinar".Que se passa? Galileu negou a Física? ou negou a Matemá-tica? -Ficando a salvo, o que era característico de cadacontribuição, o reagrupamento opera uma conjunção depontos de vista que passam pelo crivo do que podemos cha-mar de passo em direção às mesmas cautelas, que teria umacomunidade científica, velando pela qualidade dos argu-mentos, mas também, velando pelos desdobramentos queo uso das disciplinas traz em seu bojo: basta lembrar o casoOppenheimer, o caso Camlot ou, então, o recente proble-

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ma entre psicanalistas e a tortura. Nesses casos a hipótesefica, relativamente, aluída pelo desvio tangente à ética pro-fissional, mas que, também, é uma questão de comunidadecientífica resguardando o fluxo possível entre disciplinase suas conseqüências (boas ou más) para terceiros.

f) Um ponto de importância - porque tenta desven-dar a relação entre práticas e estruturas- diz respeito àquestão: como a interdisciplinaridade emerge, concreta-mente, para fora da "torre de marfim" conceitual? Ou queindicadores de instâncias concretas vêm à cena?

Tais indicadores são interessantes, desde que coloca-dos em um contexto de um processo crítico. O conceito decrítica, adicionado a um processo, traz à mente a idéiade movimento, mas aproveitando as próprias contradições,como uma fonte de descoberta e de ultrapassamento.Assim, o que já existe não exaure aquilo que ainda não exis-te; dito de outro modo, o conceito não revela, inteiramen-te, a estrutura e a estrutura não revela, inteiramente, aspráticas. Mas, por meio do vestígio das práticas é que aideologia se exprime e se expõe à crítica, a estrutura "diz"sem indicar transformações por que ela passa no confrontocom a "tradução" da mesma, ao fazer face a situações nocampo das práticas.

Com esses pressupostos, o sentido das práticas é re-tomado como refletindo o que existe e o que ainda nãoexiste. Para fins de discussão, este item retoma o título doestudo e tenta torná-lo coerente com a expectativa de que a

interdisciplinaridade existe, além do discurso. O quadro aseguir é uma tentativa de listar instâncias ocorrentes einstâncias,ainda, não ocorrentes mas que, por conseqüên-cia da necessidade de construção da identidade, faz, dostraços, uma tentativa de esboço do que é possível haver deconcreto, na relação entre estruturas e práticas:

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A listagem acima, apenas, abre a possibilidade de con-sideração de alternativas. O aspecto pertinente é que umaúnica prática não dá conta do conjunto das possibilidadesinstitucionais. O fato de haver mais itens na coluna dospossíveis, apenas, sugere que o assunto está em andamentoe que as práticas de unidisciplinaridade ainda são as domi-nantes ao ilhar disciplinas e instâncias de passagem, do dis-curso à concretização.

g) Finalmente, ent re as conclusões da 8a ConferênciaNacional de Saúde, existe uma parte que diz respeito à

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composição de "equipes multiprofissionais" como um dosprincípios relacionados com uma política de recursoshumanos, nos seguintes termos: ". . . composição de equi-pes multiprofissionais, considerando as necessidades dademanda de atendimento de cada região e em consonânciacom os padrões mínimos estabelecidos pela cobertura as-sistencial" (Tema 2).

Tal como está expresso o item acima suporta, pelomenos, duas leituras. Uma, influenciada pelas preocupaçõescom a demanda e com a extensão de cobertura e com pa-drões mínimos. Outra, se a letra desse tópico for tomadaem conexão com o espírito do documento, onde a perspec-tiva de interdisciplinaridade é afirmada pelo próprio concei-to de saúde (Tema I), que se coloca sob o ângulo da multi-causalidade. Mas, adicionalmente, o sentido das equipesmultiprofissionais ganha significação no contexto de outrasgrandes linhas do documento: a integração, o destaque paraparticipação em processos decisórios, a descentralização.A descentralização não pode ser entendida como um meiode fazer concessões à fragmentação, mas como um meio deresistir ao absolutismo e à cegueira do poder acumulado,que "julga a todos e por ninguém é julgado". Quando odocumento fala que problemas de saúde ocorrem, comoefeito de "dadas formas de organização da produção" épossível desdobrar a sentença lembrando que existem,outrossim, "formas de organização do conhecimento"que admitem a fertilidade heurística dos processos, emoposição à tomada de verdades particulares e de classecomo se fossem verdades universais e da sociedade. Mas, ébom lembrar que para os fins da pesquisa, do ensino ou dosserviços, as formas de organização para processar e gerenciaro conhecimento de nível interdisciplinar ainda são, de al-gum modo, exceções e tentativas quase sem o peso de umatradição.

In two parts, this paper deals with the theme ininterdisicplinarity and its place both in programs of highereducation and services as well as in the frame of healthrelated disciplines. The first part sums up an agendafar-research of the topic. The second part advances a stepfurther and points to the use of an interdisciplinaryapproach within health programs of teaching andresearching: basic data were taken from secondary sources"Avaliação e Perspectivas " (CNPq -1979 and 1982). As ananthropologist, the author looks for a socialanthropoloyg-land".

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