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990 FIM DO FUTURO? O TEMPO NO MANIFESTO ECOLÓGICO BRASILEIRO DE JOSÉ LUTZENBERGER ELENITA MALTA PEREIRA Doutoranda em História na UFRGS – Bolsista Capes. [email protected] INTRODUÇÃO Na noite de 05/11/1976, o engenheiro agrônomo porto-alegrense José Lutzenberger (1926-2002) desembarcou no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para o lançamento nacional de Fim do Futuro? Manifesto Ecológico Brasileiro, a realizar-se no dia seguinte, em Cotia, a cerca de 35 km da Capital. Esse seria o primeiro dos três principais lançamentos porque a obra passou, nos formatos de livro e tablóide. No Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, houve mais duas sessões de autógrafos, uma na sede da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural - AGAPAN (08/11/1976) e outra na Feira do Livro da Capital (13/11/1976). Fim do Futuro? foi o primeiro manifesto de cunho ecológico publicado no Brasil, em que o autor, subscrito por nove entidades ecológicas brasileiras, listava os problemas ambientais brasileiros e, ao mesmo tempo, pretendia indicar novos rumos onde procurar soluções para os mesmos. Essas soluções decorreriam de um novo paradigma, de um novo esquema mental que o grupo pretendia transmitir: “a visão ecológica das coisas” (LUTZENBERGER, 1983:10). O autor do Manifesto, José Lutzenberger, em meados dos anos 1970, começava a firmar-se como um dos principais ecologistas do país. Após trezes anos trabalhando na multinacional da agroquímica BASF 1 (quando morou na Alemanha, Venezuela e Marrocos, orientando e vendendo adubos a agricultores), e após uma crise de consciência, já que a empresa resolvera fabricar agrotóxicos, Lutzenberger pediu demissão e voltou a residir em Porto Alegre. Afinando-se com um grupo de pessoas que resolvera lutar contra 1 A BASF é uma empresa que fabrica produtos químicos, de origem alemã, com sede em Ludwigshafen, fundada em 1865.

INTRODUçãO - encontro2010.rj.anpuh.org 990 FIM DO FUTURO? O TEMPO NO MANIFESTO ECOLÓGICO BRASILEIRO DE JOSÉ LUTZENBERGER El E n i t a Ma l t a PE r E i r a Doutoranda em História

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FIM DO FUTURO? O TEMPO NO MANIFESTO ECOLÓGICO BRASILEIRO DE JOSÉ LUTZENBERGER

ElEnita Malta PErEira

Doutoranda em História na UFRGS – Bolsista [email protected]

INTRODUçãO

Na noite de 05/11/1976, o engenheiro agrônomo porto-alegrense José Lutzenberger (1926-2002) desembarcou no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para o lançamento nacional de Fim do Futuro? Manifesto Ecológico Brasileiro, a realizar-se no dia seguinte, em Cotia, a cerca de 35 km da Capital. Esse seria o primeiro dos três principais lançamentos porque a obra passou, nos formatos de livro e tablóide. No Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, houve mais duas sessões de autógrafos, uma na sede da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural - AGAPAN (08/11/1976) e outra na Feira do Livro da Capital (13/11/1976).

Fim do Futuro? foi o primeiro manifesto de cunho ecológico publicado no Brasil, em que o autor, subscrito por nove entidades ecológicas brasileiras, listava os problemas ambientais brasileiros e, ao mesmo tempo, pretendia indicar novos rumos onde procurar soluções para os mesmos. Essas soluções decorreriam de um novo paradigma, de um novo esquema mental que o grupo pretendia transmitir: “a visão ecológica das coisas” (LUTZENBERGER, 1983:10).

O autor do Manifesto, José Lutzenberger, em meados dos anos 1970, começava a firmar-se como um dos principais ecologistas do país. Após trezes anos trabalhando na multinacional da agroquímica BASF1 (quando morou na Alemanha, Venezuela e Marrocos, orientando e vendendo adubos a agricultores), e após uma crise de consciência, já que a empresa resolvera fabricar agrotóxicos, Lutzenberger pediu demissão e voltou a residir em Porto Alegre. Afinando-se com um grupo de pessoas que resolvera lutar contra

1 A BASF é uma empresa que fabrica produtos químicos, de origem alemã, com sede em Ludwigshafen, fundada em 1865.

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a devastação das paisagens naturais gaúchas, fundou a AGAPAN em 1971.A exemplo de outros importantes manifestos ecológicos publicados em diversos

países nos anos 1970, como Limites do Crescimento (MEADOWS et al, 1972) e A Blueprint for Survival (GOLDSMITH et al, 1972), Fim do Futuro? está inserido num contexto de emergência das preocupações ecológicas em todo o mundo. Desde os anos 1960, com a publicação de Silent Spring2 (primeira edição em 1962), denunciando o uso de DDT e, em 1972, com a Conferência das Nações Unidas (ONU), em Estocolmo, o tema se tornou amplamente difundido.

Já no título do Manifesto Lutzenberger faz alusão ao tempo, numa interrogação: Fim do Futuro? Esse título – e o anteriormente pensado por ele, “O consumo do Futuro” – refletia sua preocupação com possibilidade de não existência do futuro, tamanha a crise ecológica que estaria atingindo o planeta. Além disso, numa leitura atenta do texto, podemos perceber que Lutzenberger utiliza diferentes visões de tempo na articulação de seus argumentos.

Dessa forma, nesta comunicação, proponho-me a analisar os diferentes regimes de historicidade (HARTOG, 1997, 2006, 2007) que convivem no manifesto escrito por Lutzenberger. Escrito num contexto de patrimonialização do meio ambiente, a obra contém passagens que poderíamos chamar de “passadistas”, outras “presentistas”, e algumas “futuristas”. Articulando diferentes percepções do tempo, o autor apresenta o passado como tempo de “enlace harmônico entre Civilização e Natureza” (LUTZENBERGER, 1983:20), para onde parece querer voltar. O presente é muito ruim, tempo de destruição do ambiente causada pelo homem, no entanto, para o futuro, a perspectiva é terrível. Tal como um profeta, Lutzenberger (1983:59) prevê: “a calamidade será global e irreversível. Nossos filhos, as crianças e os jovens de hoje, sentirão em carne e osso o preço de nossa imprevidência atual”. Portanto, é interessante, além das ideias que inspiraram Lutzenberger na construção do documento, compreender a forma como ele percebe o tempo, a partir do conceito de regimes de historicidade. Este trabalho faz parte da pesquisa que desenvolvo em meu doutorado no Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS, uma biografia histórica de José Lutzenberger.

OS REGIMES DE hISTORICIDADE

François Hartog (2007:16) entende “regime de historicidade” como algo mais ativo do que “época” (que se refere à periodização), ou seja, como “os diferentes modos

2 “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson (1964). Segundo Mc Neill (2000, p. 338), Carson, através de seu livro, ajudou a mobilizar a opinião pública americana sobre o uso de pesticidas e a conservação ambien-tal. Se o moderno ambientalismo nos Estado Unidos teve um progenitor, foi Rachel Carson.

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de articulação das categorias de presente, passado e do futuro. Conforme a ênfase seja colocada sobre o passado, o futuro ou o presente, a ordem do tempo, com efeito, não é a mesma. O regime de historicidade não é uma realidade acabada, mas um instrumento heurístico”.

O regime de historicidade não é uma entidade metafísica, que desce dos céus, mas antes um arcabouço durável, que é desafiado tão logo se torna predominante ou simplesmente funcional; Um regime jamais existe em estado puro (HARTOG, 1997:10). O autor identifica, primeiramente, dois regimes de historicidade principais, o regime antigo (antiguidade clássica), ou “passadista”, pois a escrita da história se orientava para o passado - a historia magistra vitae - e, com seu questionamento, a partir do final do século 16, surge o regime moderno, otimista, orientado para o futuro. Já em meados do século 20, ascende um novo regime, o presentismo. Para Hartog, o slogan “esqueça-se o passado” constitui a contribuição dos anos sessenta para este retiro no presente. Houve então uma estranha combinação entre utopia ou aspirações revolucionárias (de orientação para o futuro) com um horizonte estritamente limitado ao presente. Apareceu a formulação “Sem Futuro”, a partir da percepção de uma realidade insatisfatória. Vieram desilusões, o fim das esperanças revolucionárias, a crise econômica de 1974, e com elas várias respostas, mais ou menos desesperadas ou por vezes cínicas: o presente, e nada além. Transpondo essas reflexões para o nosso caso de estudo, a realidade insatisfatória é a devastação do patrimônio natural, no tempo presente. A patrimonialização do meio ambiente significa a sua inserção na história, movimento que teve início nos anos 1970, mais precisamente em dezembro de 1972, na Conferência Geral da UNESCO, quando foi adotada a “Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural”, poucos anos antes da escrita do Manifesto por Lutzenberger. Como o meio ambiente é alçado à Patrimônio da Humanidade, devemos colocá-lo numa ordem do tempo (MARTINEZ, 2011). Hartog (2006, p. 271) se pergunta pelo porquê de uma convenção internacional. O que estava ocorrendo, naquele contexto, era a constatação de que o patrimônio universal era cada vez mais ameaçado de destruição pela evolução da vida social e econômica que causava “fenômenos de alteração ou de destruição ainda mais temíveis”. O imperativo da preservação passou a ser a tônica da maioria dos discursos em relação à natureza. Para o historiador, trata-se de proteger e preservar o presente e também o futuro, o que era, certamente, um dos objetivos do Manifesto de Lutzenberger. Essa proliferação patrimonial – em diversos setores, não apenas a natureza – é sinal de ruptura “entre um presente e um passado, o sentimento vivido da aceleração sendo uma forma de fazer a experiência: a mudança brusca de um regime de memória

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para outro (...) o patrimônio é um recurso para o tempo de crise” (HARTOG, 2006, p. 272). Depois dos regimes de historicidade antigo e moderno, no século XX, firmou-se um novo regime, o Presentismo, em que o “presente é, para si mesmo, seu próprio horizonte”, um presente inquieto, preocupado com a preservação e ansioso pela defesa do meio ambiente: a ecologia, a partir dos anos 1970, tornou-se um dos temas mobilizadores e mensageiros, e seu sucesso pressupõe um reconhecimento partilhado da preservação em si mesma, como valor (HARTOG, 1997).

Para Hartog (2006, p. 272-73), a patrimonialização do meio ambiente é considerada a extensão mais massiva e mais nova da noção de patrimônio, que “abre indubitavelmente sobre o futuro ou sobre novas interações entre presente e futuro”. A preocupação com o futuro existe, no entanto, é diferente daquela do regime moderno de historicidade. O futuro, no Presentismo, “não é mais promessa ou princípio de esperança, mas ameaça (...). Esse futuro não é mais um horizonte luminoso para o qual marchamos, mas uma linha de sombra que colocamos em movimento em direção a nós, enquanto parecemos marcar passo no presente e ruminar um passado que não passa”.

O TEMPO NO MANIFESTO

Em vários trechos de Fim do Futuro?, perpassa um saudosismo do passado, quando as populações tradicionais, os indígenas, viviam em harmonia com a natureza, e o desejo que a humanidade voltasse a esse estado de equilíbrio, como podemos perceber no trecho abaixo:

Durante talvez dois milhões de anos, durante mais de 99% de sua história, a Espécie Humana praticou um estilo de vida semelhante ao que podemos hoje observar no coração do Continente Sulamericano, entre os últimos remanescentes de culturas indígenas que ainda não sucumbiram às agressões do homem que se diz civilizado. Neste modo de vida, vivendo da caça e da coleta, o homem se encontra perfeitamente integrado em seu ambiente natural, não tem os meios e, o que é mais importante, não tem a ambição de destruir o mundo natural do qual se considera apenas parte (...). Este estilo de vida é permanentemente sustentável, o que comprova sua longevidade. Não há explosão demográfica e não há degradação ambiental. A visão do mundo, as convenções sociais e os tabus são tais que levam, automaticamente, à situação de equilíbrio estável (LUTZENBERGER, 1983, p. 53).

Além dos indígenas sul-americanos, sociedades “primitivas” como budistas e hinduístas “sobreviveram milhares de anos sem alterar significativamente seu ambiente ou estabelecendo belíssimas paisagens culturais, ecologicamente sustentáveis” (1983, p. 18). Também os camponeses da Europa Central ou do Norte, na Ásia ou Indonésia e em outras partes do mundo, os Incas nos Andes, souberam criar magníficas paisagens

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agrícolas de enlace harmônico entre Civilização e Natureza, no passado (p. 20). Essas sociedades, com persistência e “amor à terra”, conseguiram melhorar o solo, atingindo uma produtividade elevada e sustentável. O agricultor contemporâneo, ao contrário, “só sabe espalhar a desolação na paisagem, só conhece a exploração imediatista” (p. 20).

Enquanto o indígena há milhares de anos realizava pequenas derrubadas e posterior coivara - que constituíam até vantagem ecológica, pois acrescentavam diversidade ao sistema - o colonizador europeu, que “possuía uma tecnologia mais violenta” e “uma ambição sem limites”, acabou com a caça, alterou e destruiu ecossistemas inteiros pela queimada para a introdução do gado ou nas derrubadas para exploração da madeira (p. 21). Para o autor, o pior era que essas técnicas, aplicadas no século 16, ainda eram utilizadas em pleno século 20 na exploração da Amazônia. Com o discurso da integração ao resto do Brasil, partia-se das mesmas atitudes predatórias do colono de 1500, porém utilizando “tecnologias que exponenciam as ordens de magnitude dos estragos” (p. 22).

Também a ciência deveria voltar a ser o que fora no passado, especialmente na Grécia Antiga. Para os gregos, era “percepção de harmonias, gozo estético, deleite espiritual, exercício intelectual” (p. 75). O problema é que, no presente, Ciência e Tecnologia produzem mecanismos que permitem a exploração massiva dos elementos naturais. No entanto, Lutzenberger não é contra todo tipo de ciência e tecnologia. Ele não propõe seu abandono, mas sim que se aplique “ciência com ética”. Da junção entre ciência e ética surgiriam novas formas de tecnologia, menos agressivas e mais sustentáveis.

Enquanto a percepção do passado é bastante positiva, como tempo de equilíbrio e interações sustentáveis, o presente é bastante obscuro em Fim do Futuro?. Lutzenberger cita o exemplo das obras rodoviárias no Brasil:

É de tal maneira tubular a visão dos construtores de nossas rodovias, que até estradas ideadas para fins turísticos são construídas com métodos tão simplistas e brutais que acabam destruindo aquilo que deveriam valorizar. A BR 101 constitui um dos maiores descalabros que já se cometeram no mundo nesse sentido. Ali destruiu-se irremediavelmente uma paisagem que rivalizava com as mais belas jóias do Pacífico (...). Talvez o caso mais gritante, ridículo mesmo, não fosse tão triste, seja o da Via dos Imigrantes, a autopista São Paulo-Santos. Os estragos são estupendos. Não há esquema conceitual que possa justificar o que ali foi feito. Para coroar toda a insensatez pretende-se ainda iluminar a autopista de ponta a ponta para deixá-la mais clara que uma rua de centro de cidade. Assim, além dos estragos da terraplanagem orgiástica, se garante também sejam sugados da floresta contígua os insetos noturnos, para estender um pouco mais o deserto biológico. Estes são apenas dois exemplos entre milhares que se espalham e multiplicam pelo Brasil. A Transamazônica está bem dentro dessa tradição (LUTZENBERGER, 1983, p. 32).

Além dos absurdos na construção de estradas, as cidades, devido ao crescimento urbano não planejado, “estão cada dia mais feias, a vida em seu seio se torna sempre

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mais irritante, insalubre e insuportável. As paisagens circundantes perdem seu potencial criativo, pois inexiste o cuidado e a preocupação pela sua preservação”. Entre os principais problemas urbanos, Lutzenberger cita a substituição de velhas praças com árvores por concreto armado, a terraplanagem, os depósitos de lixos e escombros, a poluição do ar e da água, a deposição de entulhos e detritos de forma incorreta, causando contaminação, a destruição de monumentos arquitetônicos de caráter histórico pela especulação imobiliária e, algumas vezes, pelas próprias prefeituras, e o baixo índice de tratamento de esgotos na maioria das cidades (1983, p. 34). Até mesmo as guerras do passado causavam menos impacto do que as do presente. Enquanto os grupos que lutavam no passado eram pequenos e as armas primitivas, causando apenas estragos localizados e limitados, nos “tempos modernos, com o surgimento dos estados nacionais e de potências sempre maiores, concomitantemente com o estouro da tecnologia, os estragos foram se tornando cada vez graves e envolventes, como demonstra sua progressão nas guerras de 1914-18, 1939-45 e, mais recentemente, no Vietnã” (LUTZENBERGER, 1983, p. 55). Ele não se esquece de mencionar a guerra fria (não esqueçamos que escreve entre 1974-75), em que “dois grupos gigantes mantêm e ampliam arsenais com capacidade destruidora suficiente para acabar muitas vezes com a vida na Terra” (1983, p. 55). Nesse cenário sombrio, em que a humanidade parecia caminhar para um futuro apocalíptico, extinta pelo caos nuclear, “nunca haverá bomba que chegue”. Lutzenberger denuncia que, à custa desse medo subjacente, “o que realmente interessa é o meganegócio que a fabricação dessas armas representa, tanto para o fabricante como para os inúmeros interessados no dinheiro que flui” (p. 57). Nesse “cinismo perfeito”, havia quem estivesse disposto a sacrificar os próprios filhos, e até mesmo a própria velhice, pelo lucro imediato. Como estamos percebendo, para o autor do Manifesto, o passado é bom, especialmente o passado longínquo, e para onde parece querer voltar; o presente é muito ruim, já que a humanidade está presa ao imediatismo e cega quanto aos problemas causados pela exploração intensiva da natureza. E o futuro, será que pode ser melhor? Diante da utilização massiva dos elementos naturais para produzir mercadorias voltadas a satisfazer os desejos de consumo insuflados pela propaganda, a sociedade industrial, ou sociedade de consumo, não oferece muita perspectiva de futuro, segundo Lutzenberger. Ele chama esse processo de “bacanal do esbanjamento”, de “orgia”, em que “estamos agindo como se fôssemos a última geração e a única espécie que tem direito à vida. Nossa ética que não abarca os demais seres, não inclui sequer os nossos filhos” (1983, p. 37).Esse formato da sociedade industrial só funciona eficientemente num esquema de crescimento exponencial constante. Para manter esse crescimento econômico, utiliza a

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publicidade e a tecnologia de comunicações em massa, apelando à frivolidade, à vaidade e ânsia de aparentar status social, criando necessidades fúteis e artificiais que não contribuem para a felicidade; do contrário, são a causa de muitas frustrações. Além disso, os produtos gerados nesse processo seguem a filosofia da obsolescência planejada, ou seja, são fabricados para durar pouco tempo, propositalmente. Com isso, os fabricantes garantem que vão vender sempre mais. Esse desperdício de matéria-prima é visto por Lutzenberger como uma espoliação das gerações futuras (p. 38). Outro agravante para o futuro é a energia nuclear. Lutzenberger se preocupava com os efeitos da radiação ionizante, inventada pelo homem como se fosse um “aprendiz de feiticeiro”; em sua opinião, é o maior perigo que o homem e a natureza já enfrentaram, pois pode alterar o código genético e causar mutações nos seres. Mas o problema maior é que os elementos radioativos, tais como plutônio3 - subproduto do uso do urânio pelas usinas nucleares -, levam muito tempo para desintegrar-se. Dependendo do tipo de elemento, podem levar milhares e até milhões de anos. A exploração nuclear, dessa forma, “constitui nota promissória contra nossos filhos e descendentes remotos! Para satisfazer e manter por mais algum tempo nossos atuais desmandos, condenamos seres humanos e civilizações num futuro longínquo (...), se é que com nossas loucuras permitiremos ainda que haja gerações futuras” (p. 46). O aumento populacional também era uma ameaça ao futuro, para Lutzenberger. Utilizando a metáfora da Terra como nave espacial, ele acreditava ser “evidente que uma nave finita não pode acomodar número indefinidamente crescente de passageiros”. Esse aumento súbito da população a partir do século 19 é descrito por ele como uma “avalanche humana”, um desequilíbrio, uma corrida desenfreada que só pode levar ao desastre. Nesse assunto, o autor propõe a “escolha entre duas alternativas inexoráveis: controles deliberados ou controles naturais, entre comportamento consciente e sábio ou submissão a forças cegas” (p. 46). O problema seria a interferência humana, através da tecnologia agrícola e da medicina, “nas taxas de mortalidade, deslocando assim o equilíbrio demográfico natural que existiu durante milhões de anos” (p. 47). Atingir um ponto de equilíbrio era imperativo para o futuro: “se quisermos bem a nossos filhos, já deveríamos estar mudando de atitude” (p. 49). Para conter tanto a explosão demográfica quanto o aumento do consumo, na visão de Lutzenberger, só havia uma saída, a estabilidade: “o futuro não pode pertencer à mudança contínua, porque somente a estabilidade tem futuro (...), somente situações

3 Existem vários tipos de plutônio - de acordo com seus isótopos - que possuem diferentes períodos de meia-vida (tempo que o elemento químico radioativo leva para ter sua atividade reduzida pela metade). Exemplos são o plutônio- 239, que tem meia vida de 24 mil anos e o plutônio-244, cuja meia-vida é de cerca de 80 milhões de anos. Segundo Marques (2012:310), o plutônio 239 é “uma das substâncias mais radiotóxicas e perigosas das quais se têm notícia. Para isso, basta dizer que sua inalação ou ingestão é sim-plesmente fatal”.

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equilibradas podem garantir a sobrevivência e o verdadeiro progresso, o progresso espiritual e moral, o progresso da qualidade de vida, que nada tem a ver com a quantidade de materiais que movimentamos (p. 53). Catastrofista, o autor vaticina, se a humanidade não modificar suas atitudes, que “a calamidade será global e irreversível. Nossos filhos, as crianças e os jovens de hoje, sentirão em carne e osso o preço de nossa imprevidência atual” (59). Por isso, precisamos reconquistar o futuro, partindo para a ação: “devolver às gerações futuras aquilo que hoje lhes arrebatamos, através da recomposição do patrimônio avariado” [grifo meu] (idem). A natureza, como patrimônio, precisa ser recomposta, para que o futuro se torne possível, diante do cenário sombrio que se avizinha. Para Lutzenberger, a primeira mudança necessária nesse sentido era o reexame dos valores, a redefinição de progresso e desenvolvimento. A solução passa também por uma reorientação na ciência e na tecnologia: numa ciência com ética e na produção de tecnologias brandas, menos agressiva ao ambiente, mais sustentável. Deveria ter início um freio “já e já, e com todos os meios, a tremenda, absurda e irreversível devastação de nosso patrimônio natural. Devemos compreender que esse patrimônio é nosso mais precioso capital, o único que temos” [grifos meus] (60). Outras medidas são a guerra total contra o fogo nas florestas, o incentivo fiscal para florestamento, a criação de reservas naturais particulares (já que o poder público se demonstrava incapaz de implantar, manter e proteger as reservas existentes), moratória para todas as formas de caça, a reorientação da agricultura (transição para uma agricultura ecológica, sem utilização de agrotóxicos), o incentivo à desconcentração do poder econômico e à produção de tecnologias brandas. Essas medidas, fruto de uma decisão voluntária de mudança de nossa ética em relação à natureza poderia levar à inversão do processo de devastação em curso, afinal,

o futuro não está na megatecnologia, está na tecnologia intermediária; não está no consumo desenfreado, está no uso frugal, com sentido, dos escassos recursos do planeta; está na descentralização das decisões e da produção, na auto-suficiência sempre que possível, na diversidade de estilos de vida e de culturas (LUTZENBERGER, 1983: 74).

Mas antes de tudo, o “dogma da necessidade do crescimento constante” deveria ser abandonado, já que Lutzenberger o identifica como “a mola mestra do presente desequilíbrio da humanidade” (como os outros manifestos ecológicos acima citados). Para que esse estado de desequilíbrio mude, ele propõe que o dogma do crescimento seja “substituído por outra doutrina – a doutrina da homeostase4. Podemos chamá-la como

4 Lutzenberger transpõe um conceito da ecologia para a economia. Homeostase possui uma série de definições, mas em geral, concorda-se que é uma tendência dos seres vivos à estabilidade, ao equilíbrio; fenômeno que envolve toda uma série de dinâmicas para manter estável o estado físico das células e dos organismos, sem o qual a vida não seria possível (SOARES, 1997, p. 9).

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quisermos – equilíbrio, estabilidade, sustentabilidade, desde que o alvo seja o abandono da exponencial pelo comportamento disciplinado, em integração com as leis da Vida” (p. 79). Por isso, segundo Lutzenberger, “o PNB5 deixará de ser o índice de progresso” de um país, e, quando ocorrerem as mudanças por ele sugeridas, “o termo desenvolvimento terá outro sentido, bem diferente do atual” (idem). Essas propostas estão alicerçadas na nova ética defendida por Lutzenberger: “O PRINCÍPIO DA REVERÊNCIA PELA VIDA”, formulado pelo médico e filósofo alemão Albert Schweitzer. De acordo com a ética defendida por Schweitzer, o homem é insignificante na imensidão do universo: nós gostamos de imaginar que o homem é o objetivo da natureza, mas os fatos não sustentam essa crença (SCHWEITZER. Online). O homem é apenas mais uma espécie, não a mais importante, por isso, ele deve reverenciar todas as diferentes formas de vida a seu redor. Partindo da vontade que o homem tem de viver, ele deve reconhecer o direito das demais espécies à vida, procurando tanto quanto possível, abster-se de destruí-las, independentemente do seu tipo específico. Segundo Schweitzer, essa ética culminaria numa união spiritual e harmônica com a vontade criadora que existe em e através de todos (idem). Trata-se de uma ética biocêntrica, ou seja, centrada na vida, na Terra, e não no homem. Para Lutzenberger, só essa ética holística poderia garantir o futuro da humanidade e do planeta. Esse deveria ser o novo paradigma a ser seguido: “nosso futuro está na Cultura Ecológica, no Patriotismo Ecosférico [grifos do autor]” (LUTZENBERGER, 1983: 81). A visão de futuro expressa no Manifesto é pessimista. Porém, nem tudo está perdido, pois o autor aponta para mudanças que poderiam torná-lo positivo, desejável. O futuro seria terrível, tempo de colapso e catástrofe, se a humanidade não modificasse seu esquema mental. Do contrário, se as pessoas seguissem as orientações do livro, tomando um “caminho brando”, ou “caminho suave”, o equilíbrio voltaria a reinar, e seria possível chegar a uma sociedade sustentável, desejo maior de Lutzenberger, que pode ser pensada como uma espécie de utopia. Segundo Schmidt (1999, p. 117), “as utopias são a mais pura manifestação do desejo, surgindo como forma de evasão de uma realidade considerada insatisfatória. Nesse sentido, a utopia pressupõe uma representação totalizante da alteridade em relação ao mundo vivenciado”. Para Bronislaw Baczko (1978, p. 30),

não há utopia sem representação global, idéia-imagem de uma sociedade outra, oposta à realidade social existente, às suas instituições, ritos, símbolos dominantes, aos seus sistemas de valor, de normas, de interdições, às suas hierarquias, às suas relações de dominação e de propriedade, ao seu domínio reservado ao sagrado, etc.

5 Produto Nacional Bruto.

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Na utopia de Lutzenberger, há possibilidade de redenção para o homem. Apesar de demonstrar tanto apreço pelo passado, seria impossível voltar a ele. E Lutzenberger não queria isso. Em seu livro Garimpo ou Gestão, publicado postumamente em 2009, defendendo-se das acusações de preconizar um retorno ao passado, ele afirmou que, na verdade, acreditava que a humanidade poderia inspirar-se “nos métodos do passado para gerar uma tecnologia nova – e branda” (LUTZENBERGER, 2009:34). Deixou claro para seus críticos que “não se trata de voltar, mas de avançar. Avançar para uma visão holística, com atitudes sábias, que levem a práticas realmente sofisticadas, de integração, em contraste total com as práticas grosseiras e vandálicas que hoje predominam” (p. 179).

Para Lutzenberger, se a humanidade se inspirasse em alguns métodos do passado para construir práticas sustentáveis no presente, o futuro seria possível. Práticas que demonstraram serem eficazes em outros tempos, capazes de gerar tecnologias brandas e, principalmente, uma nova orientação ética, poderiam barrar a crise ambiental. O futuro de Lutzenberger, portanto, é fruto das decisões humanas. Não é algo dado, mas sim possível de se construir. Cabe a cada pessoa a postura ética de decidir pelo caminho melhor. Mas esse é um caminho em aberto.

UM PREFáCIO DEZ ANOS DEPOIS

Em julho de 1986, dez anos depois do lançamento, Lutzenberger escreveu um prefácio para Fim do Futuro?, onde fala sobre a escrita, o impacto do livro e realiza um balaço de sua luta ambiental nesse intervalo de tempo. No texto de duas páginas, deixa claro também a influência de Torres, um dos locais que ele mais apreciava no Rio Grande do Sul, na concepção das ideias do Manifesto.

Lutzenberger relata que a primeira versão do livro “foi escrita na hora da caipirinha, à tarde, num barzinho de Torres”, na época em que trabalhou como empreiteiro para o Governo do Estado no Parque Estadual da Guarita. Segundo Lutzenberger (1999, p. 7), a intenção do Parque “era integrar turismo com ecologia e beleza natural”, servindo de “moldura às magníficas ‘torres’ de Torres, especialmente para a Guarita, uma pedra espetacular de uns vinte metros de altura (...). Para quem sabe ler o Grande Livro da Natureza, essas rochas contam uma história fantástica (...), um processo dramático que na época não teve observadores”. Ele falava da separação dos continentes americano e africano, que teriam formado, anteriormente, a Gondwana, há milhões de anos. Lutzenberger acreditava que na Guarita - em sua opinião “a mais bela pedra das falésias de Torres” -, estavam registradas as mudanças geológicas provocada pela deriva dos

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continentes. As ideias do Manifesto amadureceram “neste grandioso cenário”. O trabalho no

Parque o enchia de esperança, poderia ser o testemunho do início de uma nova mentalidade, no entanto, tinha medo de que não o entendessem, o que acabou ocorrendo, pois “os trabalhos nunca foram terminados”. Apesar do descaso dos sucessivos governantes, dez anos depois, o parque estava “lindo, cheio de vida”, e, ao mesmo tempo, “ameaçado pela incompreensão burrice, safadeza de uns, negligência de outros”. O que ocorria em Torres era, para Lutzenberger (1999, p. 8), representativo do “quadro geral, local, nacional e mundial (...). Por enquanto, pouca esperança de inversão de tendências”.

Avaliando o livro, decorrido dez anos, constatava que a situação “não era muito diferente, só mais aguda - mais desespero e também mais esperança”. Em 1986, havia “uma consciência ecológica incipiente, muito além do que naquela época se podia esperar para tão cedo, mas ela é ainda insuficiente para a gravidade da situação que confrontamos”. Por esse motivo, o autor decidiu não realizar nenhuma alteração no livro para as edições seguintes: “prefiro deixar o livro como está. Ele documenta um momento importante na história do movimento ambiental brasileiro e mundial” (LUTZNEBERGER, 1999:8).

No intervalo entre a primeira edição e o prefácio, ocorreram avanços e novos desafios, na opinião de Lutzenberger. De um lado, crescia “a consciência entre agrônomos, veterinários, biólogos e consumidores, e, o que é mais importante, entre os próprios agricultores. Este processo, administrações comprometidas já não mais conseguirão inverter”. Por outro lado, “temos uma luta desesperada, de âmbito mundial, pela preservação das florestas tropicais úmidas, especialmente da Amazônia”; outro bioma, tão importante quanto a Amazônia, o Cerrado, também requeria atenção dos ambientalistas, pois estava sendo “demolido a um ritmo ainda mais vertiginoso”.

No final do prefácio, ele conclui que “muitos novos livros terão que ser escritos”, porém, mais importante do que isso, era a “luta de cada dia contra sempre novas máfias demolidoras”. Terminando com uma pergunta, queixa-se da falta de tempo: a luta “mal nos deixa tempo para sobreviver, como escrever novos livros? Como conseguir a conscientização geral sem a qual não haverá mudanças de rumos?”.

A avaliação do livro pelo autor, dez anos depois de sua primeira publicação, é interessante. Ele constatava aspectos positivos e negativos durante esse ínterim. Se, por um lado, a conscientização ecológica no Brasil havia aumentado mais do que esperava - em parte por influência da leitura do Manifesto -, por outro, a devastação também crescera em grande medida. As perguntas finais revelam que ele percebia a teoria e a prática em interconexão. O problema era que a prática, em virtude dos inúmeros problemas ambientais, tomava todo o tempo disponível, tornando difícil a escrita de livros que levariam a uma conscientização maior ainda.

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CONSIDERAçõES FINAIS

Para Lutzenberger, os problemas ecológicos enfrentados pela humanidade eram causados pelo aumento populacional - e consequente maior pressão sobre os elementos naturais; pelo esbanjamento causado pela sociedade de consumo; pela crença no progresso e no desenvolvimentismo; pelo dogma do crescimento econômico infinito. Todas essas causas, no entanto, estão fundamentadas num ponto essencial: o esquema mental, a visão de mundo antropocêntrica, egoísta, centrada no humano, que desconsidera a interligação entre todos os seres. É essa ética antropocêntrica a raiz de todos os demais problemas da humanidade e do planeta. A solução para a crise ambiental seria, portanto, o abandono dessa ética, trocando-a por outra, biocêntrica, holística, que considera o ser humano como mais um elemento da biosfera, não como o mais importante. O homem, nessa cosmovisão, não é detentor de nenhum direito especial de exploração do planeta; do contrário, deve ser quem promove sua preservação, porque, afinal de contas, depende do bom funcionamento da Terra para viver.

A ética antropocêntrica nem sempre predominou. Em outros tempos, outras sociedades – que atualmente são chamadas de “primitivas”, “atrasadas” – como as indígenas, utilizaram outro esquema mental, centrado na vida, e colocaram em prática métodos sustentáveis, causando pouco impacto ambiental. Por isso, Lutzenberger adota uma perspectiva de admiração do passado, como tempo idílico, em que o homem vivia em harmonia com a natureza.

Inserido num contexto de patrimonialização da natureza, porque, num cenário de previsões catastrofistas, ela estava prestes a acabar, o Manifesto retrata um presente muito ruim, tempo em que o homem, cego pela ganância e pelo egoísmo, devasta o ambiente e, com isso, ameaça a vida de todas as espécies, inclusive a sua. Para Lutzenberger, o futuro – se houvesse – seria terrível. Por isso a interrogação do título: Fim do Futuro? Porque o futuro corria o risco de não existir. A humanidade, com seu comportamento insano, poderia causar o colapso da vida como um todo.

É esse futuro sombrio que Lutzenberger vislumbra, diagnostica e contra o qual apresenta soluções em seu Manifesto. Fim do Futuro? é mais um discurso que circulou dentro do campo de possibilidades dos anos 1970, em que foram publicadas diversas obras catastrofistas, expressando o medo de que o homem acabasse com a natureza e consigo mesmo. Esses autores, utilizando a ecologia como mensageira para mobilizar a população, pretendiam alertar seus leitores de que, com suas atitudes antiéticas, desequilibradas, o homem podia acabar com a sobrevivência de sua espécie e da “nave espacial Terra”. A vida, a natureza, passa a status de patrimônio e, portanto, deve ser preservada.

No prefácio escrito dez anos depois, Lutzenberger abordou seu livro como fruto do contexto da escrita. Além disso, a linguagem utilizada foi deliberadamente escolhida

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para chocar, mobilizar. Com o Manifesto, ele queria despertar a consciência ecológica no maior numero de leitores possível. Em sua visão, as pessoas deveriam perceber seus erros, por isso a importância de demonstrar que já existiram modelos diferentes do atual. No passado, houve sociedades sustentáveis, que priorizaram tanto a diversidade cultural quanto ambiental. Relatando exemplos, seus argumentos seriam mais bem aceitos e poderiam provocar alguma transformação no presente. Do contrário, se nada mudasse, o futuro poderia ser terrível. No entanto, havia uma chance de a situação melhorar, e ela dependia da adoção de uma nova ética ecológica. Portanto, o regime de historicidade predominante no Manifesto tem seu foco no passado. É esse tempo, avaliado positivamente pelo autor, que deve inspirar e orientar o futuro. Só assim a resposta a pergunta-título do livro - Fim do Futuro? - poderia ser respondida com um expressivo “Não”.

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