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8/18/2019 Introdução ao curso de Políticas Linguísticas http://slidepdf.com/reader/full/introducao-ao-curso-de-politicas-linguisticas 1/3 Introdução Esse trabalho aborda e analisa algumas questões sobre a prática portunhol (mescla entre o português brasileiro e o castelhano) dentro do espaço enunciativo de São Carlos e na região fronteiriça entre rasil e !ruguai (Santana do "ivramento e #ivera)$ %l&m de questões que apresentam considerações quanto a sub'etivação e identicação dos falantes$ Espaço de enunciação, língua, falante, argumentação problema da l*ngua não & tratado somente pela questão geográca ou por espaço f*sico+ mas pelo espaço de enunciação + no qual ocorre o con,ito entre as l*nguas$ %ssim a questão geográca & convertida em um espaço imaginário de divisão politica$ conceito politico deste trabalho se reforça no fato de que dentro do pertencimento de uma l*ngua+ e-clui.se as outras$ %l&m da negação dos falantes frente a pr/pria l*ngua$ % analise aqui tamb&m & feita 0 partir do cru1amento entre l*ngua imaginaria e l*ngua ,uida$ A argumentação e o movimento de línguas 2rimeiramente+ esclareceremos o signicado de alguns termos3 4iretividade & algo relativo a direção5 enunciação relaciona.se 0 e-pressão ou declaração5 e enunciado & o segmento de um discurso+ aquilo que foi anunciado+ declarado$ 4iretividade argumentativa & o que se estabelece como o enunciado & interpretado e diretividade da enunciação & a direção a qual o enunciado será direcionado pelo memorável$ que & a argumentação6 !m enunciado que+ com sua pr/pria signicação (sentido)+ ao ser dito leva o interlocutor a determinada conclusão5 & dada ao interlocutor não como uma prova de sua posição+ mas sim como um reforço argumentativo$ Sendo assim+ a argumentação & vista como uma relação de linguagem+ não relacionada a intenção do falante+ sendo formada a partir do cru1amento da diretividade da enunciação com a diretividade argumentativa no espaço de enunciação+ dando uma direção ao di1er do interlocutor$ Portunhol % legitimação do portunhol depende da designação dentro do espaço enunciativo+ isto &+ o mecanismo do funcionamento da referenciação no acontecimento+ tendo designação como o pr/prio lugar de constituição dos sentidos$ ob'etivo do trabalho consiste em entender a construção dos sentidos de 7portunhol8+ como seus falantes o designam e+ sobretudo+ não tomá.lo em comparação com as l*nguas sistemati1adas+ mas analisar os processos discursivos materiali1ados$ %l&m disso+ deve.se considerar o portunhol como se fosse o 7encontro8

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8/18/2019 Introdução ao curso de Políticas Linguísticas

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-ao-curso-de-politicas-linguisticas 1/3

Introdução

Esse trabalho aborda e analisa algumas questões sobre a prática portunhol(mescla entre o português brasileiro e o castelhano) dentro do espaçoenunciativo de São Carlos e na região fronteiriça entre rasil e !ruguai

(Santana do "ivramento e #ivera)$ %l&m de questões que apresentamconsiderações quanto a sub'etivação e identi cação dos falantes$

Espaço de enunciação, língua, falante, argumentação

problema da l*ngua não & tratado somente pela questão geográ ca ou porespaço f*sico+ mas pelo espaço de enunciação + no qual ocorre o con,itoentre as l*nguas$ %ssim a questão geográ ca & convertida em um espaçoimaginário de divisão politica$ conceito politico deste trabalho se reforçano fato de que dentro do pertencimento de uma l*ngua+ e-clui.se as outras$%l&m da negação dos falantes frente a pr/pria l*ngua$ % analise aquitamb&m & feita 0 partir do cru1amento entre l*ngua imaginaria e l*ngua,uida$

A argumentação e o movimento de línguas

2rimeiramente+ esclareceremos o signi cado de alguns termos34iretividade & algo relativo a direção5 enunciação relaciona.se 0 e-pressãoou declaração5 eenunciado & o segmento de um discurso+ aquilo que foi anunciado+declarado$

4iretividade argumentativa & o que se estabelece como o enunciado &interpretado e diretividade da enunciação & a direção a qual o enunciadoserá direcionado pelo memorável$

que & a argumentação6!m enunciado que+ com sua pr/pria signi cação (sentido)+ ao ser dito leva ointerlocutor a determinada conclusão5 & dada ao interlocutor não como umaprova de sua posição+ mas sim como um reforço argumentativo$Sendo assim+ a argumentação & vista como uma relação de linguagem+ nãorelacionada a intenção do falante+ sendo formada a partir do cru1amento dadiretividade da enunciação com a diretividade argumentativa no espaço deenunciação+ dando uma direção ao di1er do interlocutor$

Portunhol

% legitimação do portunhol depende da designação dentro do espaçoenunciativo+ isto &+ o mecanismo do funcionamento da referenciação noacontecimento+ tendo designação como o pr/prio lugar de constituição dossentidos$

ob'etivo do trabalho consiste em entender a construção dos sentidos de7portunhol8+ como seus falantes o designam e+ sobretudo+ não tomá.lo emcomparação com as l*nguas sistemati1adas+ mas analisar os processosdiscursivos materiali1ados$%l&m disso+ deve.se considerar o portunhol como se fosse o 7encontro8

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entre o português e o espanhol+ destacando sua de nição a partir domomento em que há mesclas de palavras em espanhol no vocabulário dobrasileiro e mesclas de palavras em português no vocabulário do uruguaio+tendo em vista o espaço enunciativo em recorte$

A subjetivação e a identi cação"*ngua & um processo de sub'etivação$ Cada individuo fa1 uso da mesma deforma singular (sub'etiva)+ há uma diferença considerável no que di1respeito a forma de falar entre um individuo e outro$ 2ode.se considerarassim+ que o su'eito constr/i a sua identidade atrav&s da linguagem$

O politico e os espaços de enunciação os processos de!des"legitimação do portunhol# Espaço de enunciação fronteiriço $antana do %ivramento !&$ 'rasil" &ivera !(ruguai"

%nalisando a fronteira do rasil com o !ruguai notamos a presença doportunhol como l*ngua legitimada+ disputando espaço enunciativo com oportuguês e o espanhol (l*nguas nacionais)$ 9esta disputa+ como l*ngua,uida+ o portunhol se tem por ve1es mais presente e por outras+ 7apagado8pelas duas l*nguas pelo qual & cercado+ mas garante espaço enquantol*ngua nacional+ normati1ada e legitimada$ % relação das três l*nguas varia+podendo ser como l*nguas ,uidas ou imaginárias$

#ecorte :;

(1) – a gente fala um pouco em português e um pouco em espanhol ...

então ele sai o verdadeiro portunhol né ... (...) falamos um pouco português e outro ... espanhol então nós aqui que moramos nafronteira a gente entende claramente o que que ... que a gente tafalando

% legitimação ocorre a partir da declaração dos falantes de que falamaquela l*ngua (portunhol) que veio da 'unção de outras duas (português eespanhol)$

#ecorte :<

(2)– não geralmente é o uruguaio que quer falar em português masraras ve es o português ou se!a o "rasileiro quer (...) vocês sãoconservadores e non misturam mas entendem corretamente o espanhol

que regula o portunhol & a compreensão do que se di1 a partir doconhecimento do português ou do espanhol+ não & necessário falar amistura dessas duas l*nguas$=ierarquicamente o português se apresenta superior+ 'á que na maioria dasve1es são os uruguaios quem falam o português$ %ssim+ & a nossa l*nguaquem regula as relações e a distribuição das l*nguas$%l&m disso+ há a relação com a lei$ 9a região da fronteira+ 'á & poss*vel obterdupla nacionalidade por um documento solicitado ao governo$ Sob a

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perspectiva p>blica+ não há legitimação do portunhol$ 2elo contrário+ oslugares são bem de nidos e cada um fala sua l*ngua nacional3 o brasileirofala o português+ e o uruguaio+ o espanhol$

Espaço enunciativo de $ão )arlos

9o espaço enunciativo de São Carlos não há espaço para o portunhol+ o quechamamos de portunhol entende.se somente por 7espanhol falado de formaerrada8+ portando não & entendido como l*ngua legitimada$ 2ortanto dentrodos limites f*sicos da cidade s/ & considerado falante de espanhol aqueleque tem formação bil*ngue ou o espanhol como l*ngua materna$

%íngua imaginaria * língua +uida a norma, a lei e o estado