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1 1. INTRODUÇÃO A hipertensão arterial é conceituada como uma síndrome, caracterizada por valores elevados das pressões sistólica e diastólica, associados a alterações metabólicas, hormonais e a fenômenos como hipertrofia cardíaca e vascular. A prevalência da hipertensão arterial no Brasil é elevada, estimando-se que cerca de 30% da população brasileira adulta possa ser rotulada como hipertensa (VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2010). Apesar da mortalidade por doenças circulatórias ter apresentado uma queda no período entre 1979 a 1996, atualmente ela é causa primária de morte no Brasil (MANSUR, FAVARATO, SOUZA, AVAKIAN, ALDRIGHI, CESAR, RAMIRES, 2001). Estudos em países mais desenvolvidos demonstram que a incidência de doenças cardiovasculares está diretamente relacionada à alta prevalência de hipertensão arterial (STEGMAYR, VINOGRADOVA, MALYUTINA, PELTONEN, NIKITIN, ASPLUND, 2000). Além de ser um importante fator de risco de morbidade e mortalidade cardiovascular, a hipertensão tem alto custo socioeconômico, sendo responsável pela maior parte dos casos de aposentadoria precoce e de absenteísmo no trabalho, decorrentes de complicações associadas como: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular periférica (KANNEL, GORDON, SCHWARTZ, 1971; SCHMIDT, ALP, 2007). Sabe-se que esta síndrome esta diretamente relacionada à disfunção endotelial, a qual é caracterizada pela diminuição na biodisponibilidade de fatores vasodilatadores como: o óxido nítrico e prostaciclinas, e aumento de fatores vasoconstritores como: superóxido e endotelina, todos estes produzidos e liberados pelo endotélio (GONGORA, QIN, LAUDE, KIM, MCCANN, FOLZ, DIKALOV, FUKAI, HARRISON, 2006; GALILI, VERSARI, SATTLER, OLSON, MANNHEIM, MCCONNELL, CHADE, LERMAN, LERMAN, 2007). Tem sido caracterizado na hipertensão experimental que a excessiva produção vascular de espécies reativas de oxigênio (EROs), específicamente o superóxido, resulta em menor biodisponibilidade de óxido nítrico (NO), decorrente do aumento da sua reação com superóxido. Esta reação é capaz de formar outra ERO

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1. INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial é conceituada como uma síndrome, caracterizada por

valores elevados das pressões sistólica e diastólica, associados a alterações

metabólicas, hormonais e a fenômenos como hipertrofia cardíaca e vascular. A

prevalência da hipertensão arterial no Brasil é elevada, estimando-se que cerca de

30% da população brasileira adulta possa ser rotulada como hipertensa (VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2010).

Apesar da mortalidade por doenças circulatórias ter apresentado uma queda

no período entre 1979 a 1996, atualmente ela é causa primária de morte no Brasil

(MANSUR, FAVARATO, SOUZA, AVAKIAN, ALDRIGHI, CESAR, RAMIRES, 2001).

Estudos em países mais desenvolvidos demonstram que a incidência de doenças

cardiovasculares está diretamente relacionada à alta prevalência de hipertensão

arterial (STEGMAYR, VINOGRADOVA, MALYUTINA, PELTONEN, NIKITIN,

ASPLUND, 2000).

Além de ser um importante fator de risco de morbidade e mortalidade

cardiovascular, a hipertensão tem alto custo socioeconômico, sendo responsável

pela maior parte dos casos de aposentadoria precoce e de absenteísmo no trabalho,

decorrentes de complicações associadas como: doença cerebrovascular, doença

arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença

vascular periférica (KANNEL, GORDON, SCHWARTZ, 1971; SCHMIDT, ALP, 2007).

Sabe-se que esta síndrome esta diretamente relacionada à disfunção

endotelial, a qual é caracterizada pela diminuição na biodisponibilidade de fatores

vasodilatadores como: o óxido nítrico e prostaciclinas, e aumento de fatores

vasoconstritores como: superóxido e endotelina, todos estes produzidos e liberados

pelo endotélio (GONGORA, QIN, LAUDE, KIM, MCCANN, FOLZ, DIKALOV, FUKAI,

HARRISON, 2006; GALILI, VERSARI, SATTLER, OLSON, MANNHEIM,

MCCONNELL, CHADE, LERMAN, LERMAN, 2007).

Tem sido caracterizado na hipertensão experimental que a excessiva

produção vascular de espécies reativas de oxigênio (EROs), específicamente o

superóxido, resulta em menor biodisponibilidade de óxido nítrico (NO), decorrente do

aumento da sua reação com superóxido. Esta reação é capaz de formar outra ERO

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(peróxido de nitrito), a qual não têm função vasodilatadora e pode danificar a célula

endotelial. Estes fatores estão associados à disfunção endotelial vasomotora, com

prejuízos à vasodilatação e exarcebação da vasoconstrição, entre outras alterações

maléficas ao funcionamento e estrutura vascular (GRAHAM, RUSH, 2004;

GONGORA et al., 2006; GALILI et al., 2007).

Devido ao crescente papel do estresse oxidativo na hipertensão, diferentes

estratégias terapêuticas estão sendo investigadas com o objetivo de minimizá-lo. Em

modelos animais, o tratamento com antioxidantes, embora estes não atuem

diretamente nas vias de produção de EROs, melhoram a função vascular e reduzem

a pressão arterial por diminuírem a ação das EROs nos vasos (CHEN, TOUYZ,

PARK, SCHIFFRIN, 2001).

Grande esforço também tem sido feito para atenuar a produção vascular de

EROs. Dentre estes esforços estão, o bloqueio do receptor de angiotensina II (AT1) e

inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), bem como inibição direta da

NAD(P)H oxidase pela apocinina, os quais estão diretamente ligados a produção das

EROs no vaso (GHIADONI, MAGAGNA, VERSARI, KARDASZ, HUANG, TADDEI,

SALVETTI, 2003; UNGER, PATIL, 2009). Além disso, estudos com antioxidantes não

enzimáticos também têm sido usados, com o mesmo propósito (MULLAN, YOUNG,

FEE, MCCANCE, 2002).

Entretanto, o tratamento com antioxidantes ainda é muito controverso, pois

alguns estudos clínicos têm mostrado a ineficácia deste tratamento em diminuir a

mortalidade por doenças cardiovasculares e incidência de eventos cardiovasculares

(VIVEKANANTHAN, PENN, SAPP, HSU, TOPOL, 2003). Do mesmo modo, as

estratégias para diminuição da produção de EROs, apesar de exercerem impacto

positivo nesta patologia, por outro lado , não parece ser a melhor forma de

tratamento, pois sua importância na regulação biológica não só do vaso, como

também em outros sistemas do organismo, pode interferir negativamente quando

manipulada (HAMILTON, MILLER, AL-BENNA, BROSNAN, DRUMMOND,

MCBRIDE, DOMINICZAK, 2004).

Devido à complexidade e magnitude do problema tem sido constante a

preocupação científica mundial em ampliar e aperfeiçoar os métodos para

diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial. Assim, diante dos recentes avanços

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científicos e tecnológicos, surgem conceitos novos sobre a etiologia, fisiopatologia e

tratamento da doença.

O treinamento físico aeróbio é amplamente indicado no tratamento não

farmacológico da hipertensão (SCHMIDT, ALP, 2007). É evidenciado em animais,

que o treinamento físico (TF) diminui o estresse oxidativo vascular, promove melhora

da vasodilatação e, consequentemente, diminui a pressão arterial (GRAHAM, RUSH,

2004; HARRISON, WIDDER, GRUMBACH, CHEN, WEBER, SEARLES, 2006).

No entanto, apesar de estar bem definido que a atividade física pode trazer

benefícios à saúde e minimizar a progressão de doenças crônico-degenerativas,

dentre elas a hipertensão, os mecanismos pelos quais o TF modula os processos

celulares e fisiológicos, não são completamente conhecidos. Assim, é importante

salientar que a compreensão destes mecanismos pode ajudar na atuação direta no

foco do problema, aumentando a expectativa de vida dos indivíduos que possuem

esta patologia ou seus fatores de risco.

Apesar disso, aspectos éticos e metodológicos dificultam o avanço do

conhecimento desses mecanismos em humanos, justificando a realização de estudo

com animais de experimentação para uma melhor compreensão dos efeitos do TF na

hipertensão. Desta forma, utilizaremos um modelo experimental de hipertensão

arterial em ratos espontaneamente hipertensos (SHR), para investigar os

mecanismos envolvidos na melhora da função endotelial (resposta vasodilatadora)

decorrentes do TF aeróbio.

A hipótese principal deste estudo é que o TF aeróbio irá atenuar o estresse

oxidativo vascular e aumentar a biodisponibilidade de NO, por diminuir a produção de

EROs pela NAD(P)H oxidase e aumentar a atividade antioxidante.

2. OBJETIVO PRINCIPAL

O presente estudo tem como objetivo avaliar os efeitos do treinamento físico

aeróbico (natação) sobre a resposta vasomotora (dilatação) em aorta de ratos SHR,

destacando-se o papel da biodisponibilidade de EROs e de NO nestas respostas.

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3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar, em aorta isolada de ratos SHR, os efeitos do treinamento físico da

natação sobre:

A resposta vasodilatadora endotélio-dependente: agonista acetilcolina (ACh)

A resposta vasodilatadora endotélio-independente: agonista nitropussiato de

sódio (NPS);

O envolvimento da sintase de NO na resposta vasodilatadora endotélio-

dependente: pré-incubação com inibidor da óxido nítrico sintase endotelial (eNOS)

com L-NAME e agonista ACh;

O índice de biodisponibilidade de EROs (superóxido);

A expressão protéica da enzima eNOS;

A expressão protéica de subunidades NOX1 e NOX4 do complexo enzimático

NAD(P)H oxidase;

O índice de biodisponibilidade de NO: concentração de nitrato e nitrito.

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1. Hipertensão arterial

De acordo com a medida casual da pressão arterial no consultório médico

são considerados hipertensos indivíduos com valores ≥ 140 mmHg para pressão

arterial sistólica (PAS) e ≥ 90 mmHg para a pressão arterial diastólica (PAD) em

adultos maiores de 18 anos segundo a V diretrizes Brasileiras de Hipertensão

Arterial. Entretanto, o VII Join National Committe (JNC 7), em 2003, começou a

considerar pré-hipertensão valores ≥ 120 mmHg (PAS) e ≥ 80 mmHg (PAD) , pois

valores ligeiramente alterados estão sendo também acompanhados à incidência de

doença cardiovascular (DCV) em populações distintas (KOKUBO, KAMIDE,

OKAMURA, WATANABE, HIGASHIYAMA, KAWANISHI, OKAYAMA, KAWANO,

2008; KOKUBO, KAMIDE, 2009).

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A hipertensão arterial é uma síndrome multifatorial e apesar da maioria dos

seus casos ser de origem idiopática essa patologia pode ser desenvolvida a partir de

etiologias diferentes, como, insuficiência renal, doença vascular aterosclerótica,

obesidade, induzida por medicamentos ou drogas, síndrome da apnéia obstrutiva do

sono, dentre outras causas (SCHMIDT, ALP, 2007).

Além de suas múltiplas origens vários são os fatores de risco para o

desenvolvimento de hipertensão, como: diabetes, alcoolismo, idade, etnia, sexo,

sedentarismo, obesidade e fatores sócios econômicos, que associada à estes fatores

ou a outra patologia pode ser considerada como hipertensão secundária. Todos

estes fatores contribuem, por mecanismos diferentes, para elevação da pressão

arterial, e evidentemente a soma destes fatores classificam o grau da doença

(CHOBANIAN, BAKRIS, BLACK, CUSHMAN, GREEN, IZZO, JONES, MATERSON,

OPARIL, WRIGHT, ROCCELLA, 2003; SCHMIDT, ALP, 2007).

Estudos tanto clínicos, quanto experimentais têm mostrado, em várias

etiologias da hipertensão, a distinção dos mecanismos envolvidos em cada causa,

onde, além de dados clínicos com humanos, modelos com animais de

experimentação que desenvolvem hipertensão espontânea ou induzida são

estudados a fim de mimetizar o desenvolvimento da hipertensão arterial essencial,

objetivando a compreensão das vias que desencadeiam essa patologia (OKAMOTO,

AOKI, 1963; FROHLICH, 2009).

Porém, umas das alterações metabólicas que parece estar envolvida na

maioria dos casos é o controle redox, ou seja, o equilíbrio entre a produção e

remoção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (ERNs). Esta regulação da

biodisponibilidade das EROs e ERNs é de extrema importância para a manutenção

da homeostase do organismo humano, onde seu estado de desequilíbrio parece

desencadear alterações fisiológicas e funcionais importantes para o controle do

sistema vascular, no caso da hipertensão (STOJILJKOVIC, LOPES, ZHANG,

MORROW, GOODFRIEND, EGAN, 2002; SEKIGUCHI, YANAMOTO, SUNANO,

2004; TOUYZ, SCHIFFRIN, 2004).

Indivíduos hipertensos exibem aumento das EROs no vaso associado a

prejuízos na vasodilatação e aumento na vasoconstrição (TOUYZ, SCHIFFRIN,

2004; YAMANARI, NAKAMURA, MIURA, YAMANARI, OHE, 2009). Além de estudos

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clínicos, este fato ocorre nos vários tipos de hipertensão experimental como: as

induzidas por alterações no padrão de dietas (aumento de sal ou gordura) (TOJO,

ONOZATO, KOBAYASHI, GOTO, MATSUOKA, FUJITA, 2002; GALILI et al., 2007),

hipertensão induzida por Angiotensina II (VIRDIS, NEVES, AMIRI, VIEL, TOUYZ,

SCHIFFRIN, 2002), por mineralocorticóides (SCHAFER, WALLERATH, CLOSS,

SCHMIDT, SCHWARZ, FORSTERMANN, LEHR, 2005), associado a outras

patologias (diabetes, obesidade etc), pós-menopausal (FORTEPIANI, ZHANG,

RACUSEN, ROBERTS, RECKELHOFF, 2003), hipertensão de origem genética

(SHR), dentre outras.

O modelo SHR, por desenvolverem hipertensão de origem genética no inicio

da propagação da síndrome (a partir de aproximadamente 8 semanas de vida), dá-se

grande relevância ao estudo deste modelo, pois o aumento da pressão arterial é a

primeira e principal alteração funcional envolvida. Outro fator importante é devido ao

aumento da pressão arterial estar isolada de outras alterações metabólicas ou

funcionais no inicio do desenvolvimento da síndrome mimetizando a hipertensão

arterial essencial desenvolvida em humanos (OKAMOTO, AOKI, 1963). É importante

salientar que as principais alterações desta patologia são na estrutura e função das

artérias, onde é de grande importância o estudo dessas alterações, porém não se

descartam alterações secundárias a órgãos alvo que ocorrem em fases mais

avançadas da doença (CORDELLINI, NOVO, LANZA JUNIOR, 2006; LOCH, CHAN,

HOEY, BROWN, 2009).

Entretanto, as alterações vasculares deste modelo ainda não são consenso

na literatura, parecem que dependem da idade, tipo de leito vascular e metodologias

utilizadas para acessá-lo, e todos esses aspectos podem resultar em respostas

vasculares diferentes as quais serão discutidas nos próximos tópicos (BERNATOVA,

CONDE, KOPINCOVA, GONZALEZ, PUZSEROVA, ARRIBAS, 2009).

4.2. Alterações no endotélio vascular

O vaso sanguíneo é constituído por três camadas, seguindo da parte externa

para a luz do vaso, a primeira é a camada adventícia, composta principalmente de

tecido conjuntivo, a segunda camada refere-se à camada motora do vaso, altamente

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especializada na contração e relaxamento, a qual consiste no tecido muscular liso, e

por fim, a camada íntima chamada de endotélio vascular (MCALLISTER, 1995).

Sabe-se desde 1980 que o endotélio é uma camada vascular unicelular que

recobre a luz de todos os vasos. E devido a sua localização estratégica, entre o

sangue circulante e o músculo liso, tem alta atividade metabólica e controla

ativamente a homeostase cardiovascular, exercendo importante influência autócrina,

parácrina e endócrina, atuando em células musculares lisas, plaquetas e leucócitos

(FURCHGOTT, ZAWADZKI, 1980; GALLEY, WEBSTER, 2004).

Dentre as funções do endotélio estão, o controle da trombolise, da aderência

plaquetária , do tônus vascular e consequentemente do fluxo sanguíneo, sendo

assim indispensável para a homeostase de todo o organismo. Além dessas funções

descritas acima, ele é uma importante barreira de passagem livre de moléculas e

células, do sangue para o interstício até às células, e também uma barreira seletiva

para o egresso de moléculas para a circulação (GALLEY, WEBSTER, 2004). Por

exemplo, já foi descrito que as células endoteliais possuem transportadores de

glicose (GLUT-1) e de aminoácidos, possuem também caveolas, as quais são

invaginações da membrana responsáveis pelo transporte transcelular e regulação da

atividade de uma proteína importante para o mecanismo de vasodilatação, a óxido

nítrico sintáse (eNOS) (MANN, YUDILEVICH, SOBREVIA, 2003; GRATTON,

BERNATCHEZ, SESSA, 2004). E, por último, possuem junções intracelulares

importantes para o transporte paracelular, onde fazem a interligação das células

endoteliais entre si. Todas estas funções são essenciais para a permeabilidade

endotelial, auxiliando na regulação do fluxo, viscosidade do sangue, e nos processos

inflamatórios (DOMEIER, SEGAL, 2007).

Devido o objetivo do presente estudo ter grande relação com a função de

controle do tônus vascular, este tema será abordado com maior ênfase. Porém, não

se descarta a importância e a relevância das outras funções, onde somente

associadas podem manter a homeostase dos sistemas em geral.

O tônus vascular é controlado pelo endotélio por meio de estímulos químicos

(acetilcolína, insulina, bradicinina), físicos (estresse de cisalhamento do sangue na

parede do vaso ou estresse de estiramento do vaso) e neurais (atividade nervosa

simpática), liberando substâncias vasoativas, como óxido nítrico, endotelina e

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prostaciclinas, onde, por meio desses é capaz de modular de maneira importante o

fluxo sangüíneo, a coagulação e a angiogênese. Essas substâncias vasoativas

denominam-se como fatores relaxantes (FRDE), constritores (FCDE) e

hiperpolarizantes (FHDE) derivados do endotélio (FURCHGOTT, ZAWADZKI, 1980;

FURCHGOTT, VANHOUTTE, 1989; MOMBOULI, VANHOUTTE, 1999).

Dentre os FRDE, o óxido nítrico (NO) e as prostaciclinas são liberados

principalmente por estímulo da acetilcolina e bradicinina, quando liberados pelo

endotélio têm ações aditivas, porém o NO tem maior representação no mecanismo

de vasodilatação (MORO, RUSSEL, CELLEK, LIZASOAIN, SU, DARLEY-USMAR,

RADOMSKI, MONCADA, 1996). Os FCDE são representados sobretudo pela

endotelina, e espécies reativas de oxigênio em destaque, o superóxido, e são

produzidas principalmente pelo estímulo da angiotensina-II aos receptores ATI no

endotélio. Já os FHDE são considerados também FRDE, pois promovem a

vasodilatação pelo resultado da abertura dos canais de potássio e o fechamento dos

canais de cálcio (FURCHGOTT, VANHOUTTE, 1989; TOUYZ, SCHIFFRIN, 2004).

Outros estímulos como insulina, serotonina, substância P, histamina, também

podem agir como vasodilatadores dependentes do endotélio e, além da angiotensina

II, a noradrenalina também pode estimular a produção de endotelina, dentre outros

(TOUYZ, SCHIFFRIN, 2004). O estresse de cisalhamento e de estiramento na

parede do vaso também parecem favorecer a vasodilatação, porém ainda é

controverso e serão discutidos posteriormente (HARRISON et al., 2006; LAUGHLIN,

NEWCOMER, BENDER, 2008).

Todas estas interações entre estímulo e produção de FRDE e FCDE citadas

acima estão relacionadas ao endotélio íntegro. Por outro lado, quando ocorre

disfunção, as células endoteliais começam exercer efeitos diferentes ou até mesmo

opostos aos de natureza fisiológica (GALLEY, WEBSTER, 2004).

O organismo depende do suprimento de oxigênio e energético para seu

funcionamento, bem como do endotélio vascular íntegro para que esta oferta seja

adequada. Porém, parece que alterações no seu funcionamento estão associadas a

patologias em geral, mas principalmente ás que se referem a função vascular e

cardíaca (MOMBOULI, VANHOUTTE, 1999).

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Essas alterações estão ligadas diretamente às funções desempenhadas pelo

endotélio, como o desequilíbrio entre a produção de substâncias vasodilatadoras e

vasoconstritoras, onde componentes vasoconstritores estão aumentados em relação

aos vasodilatadores, caracterizando a disfunção endotelial. Deste modo, fatores que

estão envolvidos na vasodilatação, como o óxido nítrico, parece ter a sua

biodisponibilidade prejudicada (LESNIEWSKI, DONATO, BEHNKE, WOODMAN,

LAUGHLIN, RAY, DELP, 2008).

Humanos com hipertensão essencial (HIGASHI, SASAKI, KURISU,

YOSHIMIZU, SASAKI, MATSUURA, KAJIYAMA, OSHIMA, 1999) e ratos

espontaneamente hipertensos (SHR) (GRAHAM, RUSH, 2004; SEKIGUCHI,

YANAMOTO, SUNANO, 2004) exibem prejuízos na vasodilatação dependente do

endotélio comparados com controles normais. Essa menor vasodilatação parece ser

devido, em partes, a uma disfunção endotelial, a qual esta associada em maior grau

à menor biodisponibilidade de NO (GONZALES, CARTER, KANAGY, 2000). Porém,

o comprometimento da função vasomotora mediada pelo endotélio pode ser

resultado de uma ou três maiores determinantes da biodisponibilidade de NO como:

a produção endotelial pela enzima óxido nítrico sintase endotelial (eNOS) (SCHMIDT,

ALP, 2007), a sensibilidade do músculo liso ao NO (GERASSIMOU, KOTANIDOU,

ZHOU, SIMOES, ROUSSOS, PAPAPETROPOULOS, 2007) e/ou desativação do NO

pela interação com as espécies reativas de oxigênio (GONGORA et al., 2006).

Desde a descoberta do NO como um importante FRDE, este tem sido alvo de

grande interesse da literatura, pois parece estar envolvido em muitas patologias e

desordens metabólicas, demonstrando assim um papel central no controle da

homeostase vascular (PALMER, FERRIGE, MONCADA, 1987; YETIK-ANACAK,

CATRAVAS, 2006). Não só como modulador do tônus vasomotor, mas também na

inibição da agregação plaquetária, função imune, crescimento celular,

neurotrasmissão, regulação metabólica e acoplamento exitação-contração. Todas

estas funções são de grande importância, entretanto destaca-se na literatura sua

função vasomotora, pela sua ligação com a maioria das patologias cardiovasculares

(BREDT, 1999).

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4.3. Oxido nítrico sintases

Três isoformas distintas desta enzima têm sido identificadas, produtos de três

genes diferentes, com diferente localização, regulação, propriedade catalítica e

sensibilidade a inibidores. São nomeadas como: nNOS (também conhecida por tipo I,

NOS-I e NOS 1) predominante em tecido neuronal; iNOS (tipo II, NOS-II, NOS-2) é

induzível em várias células e tecidos tais como: macrófagos, leucócitos

polimorfonucleares, endotélio, músculo liso vascular, fígado e baço; e eNOS, (tipo III,

NOS-III, NOS-3), a qual foi descoberta na célula endotelial. As nNOS e eNOS são

expressas de maneira constitutivas e são dependentes de cálcio (Ca2+) e a iNOS é

induzível e independente de cálcio (ALDERTON, COOPER, KNOWLES, 2001).

Em humanos, além da expressão da eNOS nas células endoteliais, ela é

descrita também nas células musculares lisas e músculo cardíaco, trato reprodutivo e

cérebro , enquanto a nNOs é expressa em cérebro, medula espinhal, gânglios

simpáticos, nervos periféricos, pâncreas e células epiteliais, mostrando sua

importância pela vasta gama de funções e localizações (ALDERTON, COOPER,

KNOWLES, 2001; HARRISON et al., 2006). A eNOS por ser expressa em maior

quantidade nas células endoteliais será estudada com mais ênfase.

A eNOS está situada principalmente na região das cavéolas da célula

endotelial, como já dito anteriormente, representando o estado inativo quando ligada

à proteína calveolina, principalmente a calveolina-1, quando ocorre aumento na

concentração de cálcio intracelular estimula a ligação cálcio/calmodulina e favorece a

dissociação da eNOS com a calvelina e subseqüente produção de NO (GRATTON,

BERNATCHEZ, SESSA, 2004).

Seguido o estímulo e a dissociação da eNOS com a calveolina, a síntese de

NO se deve a partir do aminoácido L-Arginina e pode ser divida em duas etapas. Na

primeira fase ocorre a hidroxilação da L-Arginina, formando N-Hidróxi-L-Arginina

através da utilização de uma molécula de oxigênio e duas de NADPH.

Posteriormente, com um elétron proveniente do NADPH e outro da molécula de

oxigênio, a N-Hidróxi-L-Arginina é convertida a citrulina e NO (ROUSSEAU, LI,

COUTURE, YEH, 2005). Desta forma, o NO se difunde facilmente para o músculo

liso vascular estimulando a guanilato ciclase solúvel (GCs) que por sua vez, catalisa

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a saída de dois fosfatos da guanosina trifosfato (GTP), aumentando os níveis de

guanosina monofosfato cíclico (GMP cíclico). A ativação de proteínas quinases

dependentes de GMP cíclico acarretam em redução na concentração de Ca2+

intracelular através da saída de Ca2+ da célula (sequestro para o retículo

sarcoplasmático), diminuição na entrada do Ca2+ e até mesmo redução na

sensibilidade de proteínas contráteis ao Ca2+. Representando o conjunto de fatores

que promovem o relaxamento dos vasos sanguíneos por mecanismos relacionados à

via NO-GMP cíclico (WALSH, KARGACIN, KENDRICK-JONES, LINCOLN, 1995).

Vários estímulos contribuem para a produção de óxido nítrico no vaso, dentre

eles forças hemodinâmicas podem contribuir para a produção basal de NO pela

ativação da eNOS, como o shear stress (estresse de cisalhamento do sangue na

parede do vaso) e o estresse circunferencial na parede do vaso, frequentemente

chamado de stretch, ou seja, o efeito da pressão na parede arterial. Ainda não se

sabe quais mecanismos que envolvem a produção de NO a partir destes estímulos,

entretanto especula-se que seja via aumento do cálcio intracelular (FALCONE, KUO,

MEININGER, 1993; AYAJIKI, KINDERMANN, HECKER, FLEMING, BUSSE, 1996;

TRONC, WASSEF, ESPOSITO, HENRION, GLAGOV, TEDGUI, 1996).

A ativação da eNOS e produção de NO pelo shear stress (laminar) pode

ocorrer, com o aumento agudo do shear stress, o qual a eNOS é ativada e produz

NO agudamente por um aumento transiente da concentração de Ca2+ intracelular e

fosforilação da eNOS, com estímulos constantes esta produção ainda é continuada

mesmo quando os níveis de Ca2+ nas células endoteliais retornam ao basal. Esta

ativação da eNOS independente de cálcio pelo shear stress laminar parece ser

resultado da fosforilação de sítios específicos da enzima durante um shear stress

prolongado, aumentando a expressão protéica e RNAm da eNOS e

consequentemente a produção basal de NO (HARRISON et al., 2006).

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FIGURA 1 – Efeito do Shear Stress unidirecional e laminar na síntese de óxido nítrico endotelial. eNOS; óxido nítrico síntase endotelial, NO; óxido nítrico, mRNA; ácido ribonucléico mensageiro.(Adaptado de Harrison, Widder et al., 2006).

Uma outra forma de estimular a eNOS no vaso e muito usada em protocolos

da reatividade vascular in vitro para testar a integridade do endotélio é a acetilcolina,

pois é um vasodilatador dependente do endotélio e estimula a eNOS pelo aumento

da concentração de cálcio também, e desencadeia a sequência de mecanismos

descritos acima, os quais caracterizam a função da eNOS em células endoteliais

íntegras (FURCHGOTT, ZAWADZKI, 1980; GONZALES, CARTER, KANAGY, 2000).

4.4. Espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (EROs e ERNs)

O organismo sofre ação constante de EROs e ERNs geradas em processos

inflamatórios, por alguma disfunção biológica ou provenientes da alimentação, agindo

na manutenção dos sistemas em geral. São caracterizadas geralmente como radicais

livres por sua alta reatividade biológica, pois algumas delas apresentam um ou mais

elétrons não pareados no último orbital atômico ou molecular, entretanto, nem todas

tem esta característica onde as tornam mais estáveis, e menos prejudiciais ao

organismo (FERREIRA, MATSUBARA, 1997).

As principais EROs produzidas no vaso são : superóxido (O2·_), peróxido de

hidrogênio (H2O2), radical hidroxila (OH.) e as consideradas também ERNs,

peróxniitrito (ONOO-), NO, nitritos (NO2-) e nitratos (NO3

-) (TOUYZ, SCHIFFRIN,

2004).

Tradicionalmente, as EROs são consideradas maléficas ao organismo, por

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provocarem danos oxidativos irreversíveis aos lipídios, proteínas e DNA. No entanto,

atualmente, existem evidências de que as EROs não são apenas lesivas às células

mas que apresentam papel na função celular normal, por meio da regulação de vias

de sinalização que regulam a expressão gênica e a síntese protéica, entre outras

funções (GRIENDLING, SORESCU, LASSEGUE, USHIO-FUKAI, 2000).

Em condições normais, as EROs produzidas não se acumulam nas células,

pois são continuamente eliminadas pela ação de antioxidantes enzimáticos, como a

superóxido desmutase (SOD), catalase (CAT) e glutationa peroxidase (GPx) e não

enzimáticos como vitaminas C e E e peptídeos. No entanto, quando ocorre um

desbalanço entre as taxas de produção e de eliminação de EROs, pode ocorrer um

acúmulo de EROs nas células, o que resulta no estado de estresse oxidativo (LI,

SHAH, 2004).

Por serem subprodutos do metabolismo do O2 estão envolvidas em todo

sistema biológico, tendo sua formação por meio da mitocôndria e/ou por fontes

enzimáticas como: NAD(P)H oxidases, xantina oxidases, lipogenases e oxido nítrico

sintases e são formadas em um processo de oxiredução com a redução univalente

do oxigênio na presença de um elétron livre (e-), como um dos produtos primários, o

superóxido (O2-). Este radical é capaz de reagir com outros e desencadear uma série

de reações, em uma delas ele é oxidado quando interage com o óxido nítrico

produzindo ONOO-, o qual é altamente reativo e danoso quando em alta

concentrações. Quando ocorre esta reação, a função vasodilatadora do NO é

prejudica (LI, SHAH, 2004; GONGORA et al., 2006).

O superóxido também pode ser reduzido formando o peróxido de hidrogênio

(H2O2) por meio da ação da superóxido dismutase (SOD) e por sua vez o H2O2 pode

reagir com outras moléculas ou ser disputado pela catalase ou glutationa peroxidase

formando aguá - estas últimas enzimas citadas também fazem parte do sistema

antioxidante, além da SOD (LI, SHAH, 2004).

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4.5. Síntese e biodisponibilidade de NO na hipertensão arterial

Como dito anteriormente, o shear stress laminar atua no aumento da

atividade e expressão da eNOS, pois é uma força de arraste unidirecional comum em

vasos saudáveis. Por outro lado, vasos com a função vasomotora comprometida

sendo modulado por um shear stress oscilatório, ou seja, turbilhonado, provoca

efeitos deletérios ao vaso, porém estes efeitos e mecanismos de sinalização ainda

não estão bem definidos na literatura e serão discutidos a seguir (LAURINDO,

PEDRO MDE, BARBEIRO, PILEGGI, CARVALHO, AUGUSTO, DA LUZ, 1994; DE

KEULENAER, CHAPPELL, ISHIZAKA, NEREM, ALEXANDER, GRIENDLING, 1998).

Alguns estudos mostram que há um aumento na atividade e expressão da

eNOS em vasos de ratos espontaneamente hipertensos e na hipertensão induzida ,

onde estes também demonstram aumento das espécies reativas de oxigênio no vaso

. Entretanto, este fato não coincide com a biodisponibilidade aumentada de NO

(DOBRIAN, DAVIES, SCHRIVER, LAUTERIO, PREWITT, 2001; GRAHAM, RUSH,

2004).

Sabe-se que a biodisponibilidade de NO não depende somente de sua

produção e que depende também de sua desativação pelas EROs, especificamente

o superóxido (O-2) que, no caso, parece ter uma produção aumentada nesta

patologia (ZALBA, BEAUMONT, SAN JOSE, FORTUNO, FORTUNO, ETAYO, DIEZ,

2000).

O peróxido de hidrogênio (H2O2) pode explicar em partes o aumento da

expressão da eNOS na hipertensão, pois é um importante intermediário na produção

de NO em resposta ao shear stress, onde agudamente o aumento de H2O2 parece

estar associado a maior atividade da eNOS (CAI, LI, DAVIS, KANNER, HARRISON,

DUDLEY, 2003). Este fato talvez seja uma forma de sinalização celular co o intuito

de adaptar o fluxo às condições de equilíbrio (HARRISON et al., 2006).

Outro fato importante que também se refere à eNOS com maior atividade na

hipertensão é o desacoplamento desta enzima. A falta do cofator tetrahidrobiopterina

(BH4), torna a eNOS desacoplada, a qual produz superóxido ao invés de NO,

contribuindo para o aumento do stress oxidativo no vaso e menor biodisponibilidade

de óxido nítrico por interação com o superóxido, desta forma, mesmo que a eNOS

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esteja com a sua atividade ou expressão aumentada não terá o óxido nítrico como

produto final (MITCHELL, DORRANCE, WEBB, 2003; ZHENG, YANG,

LOOKINGLAND, FINK, HESSLINGER, KAPATOS, KOVESDI, CHEN, 2003;

SCHMIDT, ALP, 2007).

Por outro lado, há trabalhos que encontram a expressão ou atividade da

eNOS diminuída ou sem alterações na hipertensão, alguns estudos mostram que

este mecanismo de adaptação à patologia parece também estar associado ao

aumento do estresse oxidativo no vaso, porém o exato mecanismo ainda não é claro,

o que se sabe é que esta ligado diretamente à síntese do NO pela interrupção de

sinais de transdução de receptores endoteliais, como a defosforilação ou fosforilação

de sítios específicos da enzima, responsáveis pela produção de NO , sendo que

estes fatores podem também depender do estágio da doença (NEWAZ,

YOUSEFIPOUR, NAWAL, ADEEB, 2003; GONGORA et al., 2006).

Pesquisas realizadas com inibidores da eNOS como L-NAME, L-NMMA, L-

NA, L-NAA , 7-NI e NIO, onde participam como análogos à L-arginina, competindo

com o substrato na produção de NO, demonstram que a administração aguda destes

inibidores causam aumento da pressão arterial de longa duração, mostrando mais

uma vez a importância desta enzima e a produção de NO na hipertensão

(ALDERTON, COOPER, KNOWLES, 2001).

Entretanto ainda há conflitos se ocorre, o aumento ou diminuição da

expressão da eNOS , que também esta relacionado a diferentes estágios da

hipertensão arterial , tipo de vaso investigado, etiologia da hipertensão e metodologia

utilizada. Sabe-se que a maioria dos estudos mostram, que em SHRs com estágios

iniciais de hipertensão, não apresentarem disfunção endotelial e alterações na

síntese de NO. Em estágios mais avançados da patologia é onde parece desenvolver

alterações mais expressivas no vaso. Contudo, dúvidas á respeito destes

mecanismos ainda estão presentes no meio científico, onde são necessários mais

investigações a respeito (CHOU, YEN, LI, DING, 1998; BERNATOVA et al., 2009)

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4.6. Produção das EROs no vaso

Dentre as fontes capazes de produzir EROs no vaso, estudos mostram que o

complexo enzimático NAD(P)H oxidase é predominante e esta presente nas células

endoteliais, adventícias e célula muscular lisa. A NAD(P)H oxidase é originalmente

descrita em fagócitos, mas está claramente estabelecido que também é importante

funcionalmente em não fagócitos (BABIOR, LAMBETH, NAUSEEF, 2002; LYLE,

GRIENDLING, 2006).

Ela é composta por 5 subunidades, onde originalmente tem 2 subunidades

localizadas na membrana plasmática (gp91phox, subunidade catalítica, e p22phox)

e 3 subunidades citosólicas (p47phox, p67phox e p40phox), que em situações basais

não interagem com as subunidades de membrana. Além destas, um componente

adicional, a Rac, uma proteína de pequeno peso molecular. Na estimulação de um

agonista, a p47phox é fosforilada, a qual interage com a p22phox facilitando a

translocação da membrana, levando à atividade catalítica. (LEUSEN, VERHOEVEN,

ROOS, 1996; BABIOR, LAMBETH, NAUSEEF, 2002).

Foi recentemente descoberto que a subunidade catalítica, gp91phox é mais

um membro de uma família de homólogos denominados NOX. Deste modo, também

são expressas nas células vasculares, NOX1, NOX4 e NOX5, além da gp91phox,

conhecida como NOX2 (BANFI, MATURANA, JACONI, ARNAUDEAU, LAFORGE,

SINHA, LIGETI, DEMAUREX, KRAUSE, 2000).

A NOX1 é expressa em baixos níveis nas células vasculares, e pelo

contrário, a NOX4 é altamente expressa, Já a NOX5 é encontrada somente nas

células vasculares de humanos. É importante ressaltar que a expressão de múltiplos

homólogos desta subunidade com diferentes regulações e localizações sugerem que

estas oxidases têm distintas funções (LYLE, GRIENDLING, 2006).

Como uma multisubunidade enzimática a NAD(P)H oxidase catalisa a

produção de O2- por um elétron de oxigênio reduzido usando o substrato NAD(P)H

como doador do elétron: 2 O2 + NAD(P)H 2 O2- + NAD(P)H + H+ (TOUYZ,

SCHIFFRIN, 2004).

Os estímulos para a produção de O2- no vaso pela NAD(P)H oxidase podem

ser fatores de crescimento, citosinas inflamatórias, agentes vasoativos e/ou shear

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stress, onde a tornam uma enzima constantemente ativa, produzindo superóxido

intracelular em baixas e sustentáveis concentrações (DE KEULENAER et al., 1998;

LI, SHAH, 2004; LI, WHEATCROFT, FAN, KEARNEY, SHAH, 2004).

FIGURA 2 – Produção de espécies reativas de oxigênio em células vasculares. H2O: água; O2: oxigênio; H2O2: peróxido de hidrogênio; ONOO-: peroxinitrito; Fe: Ferro; OH. : radical hidroxila; SOD: superóxido desmutase.(Adaptado de Touyz e Schiffrin, 2004)

4.7. Produção das EROs na hipertensão

Grande corpo de evidências na literatura demontram que a NAD(P)H oxidase

está com a sua atividade aumentada em hipertensos, contribuindo para ambos,

elevação da pressão arterial e disfunção endotelial sugerindo que as EROs têm um

papel fisipatológico importante no desenvolvimento da hipertensão (CHEN et al.,

2001; LI et al., 2004). Não só a atividade da NAD(P)H oxidase como também a

expressão de suas subunidades é aumentada em ratos hipertensos, demonstrando

que há um efeito crônico da hipertensão nesta enzima (ULKER, MCKEOWN,

BAYRAKTUTAN, 2003).

Xantina oxidase

Ciclooxigenase

eNOS desacoplada

Mitocondria

Fatores de crescimento

Citocinas

Agentes vasoativos

Shear stress

Catalase

Glutationa peroxidase

Oxidação

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Envolvendo condições patológicas, o aumento da produção das EROs pela

NAD(P)H oxidase leva à disfunção endotelial, crescimento e apoptose da célula

muscular lisa, migração de monócitos e peroxidação lipídica, onde todos esses

processos contribuem para o prejuízo vascular na hipertensão (TOUYZ, SCHIFFRIN,

2004).

Além da NAD(P)H oxidase, existem outras fontes de espécies reativas de

oxigênio como, mitocondia, a qual libera as EROs como escape no metabilismo

oxidadtivo e xantina oxidase , onde é ativada pelo processo de isquemia/reperfusão

dentre outras fontes. Apesar de ocorrer produção de EROs na célula endotelial por

estas fontes também a mais abundante produção no vaso é a partir da NAD(P)H

oxidase (LI, SHAH, 2004)

Um dos radicais mais envolvidos na patogênese da hipertensão é o anion

superóxido por estar diretamente ligado aos mecanismos de vasodilatação e

vasoconstrição ao destivar o NO tirando sua ação vasodilatadora e diminuindo sua

biodisponibilidade (SEKIGUCHI, YANAMOTO, SUNANO, 2004).

Estudos mostram que o ãnion superóxido esta associado a prejuízos na

vasodilatação via óxido nítrico, porém a diversidade entre metodologias dificulta o

entendimento de como O-2 esta atuando na hipertensão (ULKER, MCMASTER,

MCKEOWN, BAYRAKTUTAN, 2003; SEKIGUCHI, YANAMOTO, SUNANO, 2004).

4.8. Remoção das EROs no vaso (papel dos sistemas antioxidantes na HA)

As células estão constantemente produzindo EROs como parte de processos

metabólicos, sendo neutralizadas por sistemas antioxidantes que são constituídos

por enzimas como: catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD), glutationa

peroxidase (GPx) e numerosos antioxidantes não enzimáticos, incluindo vitaminas C,

A e E , glutationa, ubiquinone e flavonóides. Para que não haja um desequilíbrio

redox no vaso é importante o equilíbrio entre a produção e a remoção das EROs,

com auxílio dos sistemas antioxidantes (URSO, CLARKSON, 2003).

A glutationa está presente na maioria das células podendo ser considerada

um dos agentes mais importantes do sistema de defesa antioxidante não enzimático

da célula. Pode ser reciclada do estado oxidado (GSSG) para o estado reduzido

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(GSH) por meio da enzima glutationa peroxidase, onde a relação GSSG/GSH se

torna também um marcador de estresse oxidativo muito usado (LI, SHAH, 2004).

Já foi demonstrado que a depleção de glutationa no vaso prejudica a

vasodilatação induzida por acetilcolina, parecendo estar relacionada com a

biodisponibilidade de NO (FORD, GRAHAM, DENNISS, QUADRILATERO, RUSH,

2006). Por outro lado Ulker et. al. (2003), observou um aumento nos níveis de

mRNA da GPx sem aumento da sua atividade em ratos SHR associado à diminuição

da vasodilatação.

Uma outra enzima participativa nos sistemas antioxidativos por eliminar H2O2

é a catalase, pois parece não estar alterada em ratos SHR, pois quando incubada

antes da infusão de doses crescentes de ACh parece melhorar o relaxamento neste

modelo, demonstrando que o prejuízo na vasodilatação pode ser de alguma forma

associado ao H2O2 também (ULKER et al., 2003).

Apesar de esses antioxidantes fazerem parte do processo oxidativo do vaso,

a enzima que está mais diretamente ligada a função motora do vaso é a SOD. A

SOD é responsável pela desativação do superóxido, formando H2O2 que por sua vez

é parcialmente eliminado pela catalase e glutationa peroxidase (LI, SHAH, 2004).

A SOD corresponde a uma família de enzimas com diferentes grupos

protéicos em sua composição. Nos sistemas eucariontes existem três formas de

SOD. A forma SOD cobre-zinco (Cu/ZnSOD) é predominante no citoplasma das

células endotéliais e é regulada principalmente pelo shear stress (INOUE,

RAMASAMY, FUKAI, NEREM, HARRISON, 1996). A SOD manganês (MnSOD) é

mitocondrial, pode ser induzida por fatores de crescimento e a ecSOD que

representa 30% a 50% do total de SOD no tecido vascular, pois é a isoforma que

regula a bioatividade extracelular do NO (DIDION, RYAN, DIDION, FEGAN,

SIGMUND, FARACI, 2002; LI, SHAH, 2004).

Camundongos deficientes de ecSOD têm maior indução de hipertensão por

angiotensina II do que camundongos normais demonstrando o envolvimento desta

enzima na função vascular (GONGORA et al., 2006).

Em ratos espontaneamente hipertensos as duas isoformas Cu/ZnSOD e

MnSOD parecem estar aumentadas e ao incubar aortas de SHR pré relaxamento

induzido por ACh, não altera a sua resposta prejudicada. Desta forma, demostra que

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a disfunção endotelial é provocada pelo aumento do superóxido neste estudo e não

pelo prejuízo na defesa antioxodante (ULKER et al., 2003). Em contrapartida

humanos com hipertensão essencial, apresentem menor capacidade antioxidante em

relação aos indivíduos normotensos (RUSSO, OLIVIERI, GIRELLI, FACCINI,

ZENARI, LOMBARDI, CORROCHER, 1998). Entretanto, metodologias distintas,

dificultam o entendimento dos mecanismos envolvidos.

Alguns estudos mostram haver eficácia no tratamento com antioxidantes,

porém existem ainda muitas controversas de como e qual realmente é a regulação

antioxidante no vaso de hipertensos e consequentemente qual o melhor tratamento.

A atividade e expressão destas enzimas parecem depender da idade e níveis de

hipertensão, gênero, entre outras variáveis como forma de tratamento e tipos de

hipertensão, todavia o sistema antioxidante não é composto somente de enzimas e

também de antioxidantes não enzimaticos, em que estes parecem ter eficácia no

tratamento, da disfunção endotelial (ULKER, MCKEOWN, BAYRAKTUTAN, 2003).

Contudo a regulação da atividade antioxidante depende do estado redox do

vaso na hipertensão e qual mecanismo leva a estas alterações. Cada etiologia da

doença tem características e mecanismos moleculares diferentes que causam

adaptações distintas. A suplementação com antioxidante não enzimático, mesmo

com demonstração de eficácia, ainda não é recomendada para prevenção ou

tratamento da hipertensão, pois foi demonstrado em uma triagem feita com o

consumo de frutas e vegetais de hipertensos que a alimentação consegue suprir

estas deficiência com redução da pressão arterial (JOHN, ZIEBLAND, YUDKIN,

ROE, NEIL, 2002; TOUYZ, 2004).

No caso das pesquisas experimentais, mais investigações ainda precisam

ser feitas para elucidar quais são as reais alterações de cada modelo,

proporcionando a descoberta de intervenções terapêuticas mais adequadas e

individualizadas.

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4.9. Exercício físico aeróbio na hipertensão

Muitas formas de tratamento estão sendo estudadas a fim de minimizar ou

retardar os efeitos deletérios da hipertensão arterial, mas ainda não é bem

estabelecido qual realmente seria o melhor tratamento (GHIADONI et al., 2003).

Para isso, é necessário um melhor entendimento dos mecanismos e alterações

causados por tratamentos e situações diferenciados.

Dentre os diferentes tratamentos, o treinamento físico aeróbio parece ter

efeitos positivos, onde estudos clínicos já têm mostrado esta resposta positiva do

exercício não só em hipertensos, mas também envolvendo outras patologias que

trazem prejuízos ao sistema cardiovascular, como diabetes e hipercolesterolemia

(JEN, CHAN, CHEN, 2002b; GREEN, MAIORANA, O'DRISCOLL, TAYLOR, 2004).

Em humanos a resposta pressórica após uma sessão de exercício é

diminuída em relação pressão arterial basal de indivíduos saudáveis, caracterizando

a hipotensão pós-exercício (FORJAZ, MATSUDAIRA, RODRIGUES, NUNES,

NEGRAO, 1998). O mesmo acontece em hipertensos, sendo de grande importância

para estes indivíduos, pois sabe-se que este fato traz menor sobrecarga cardíaca e

renal, já que estes indivíduos podem desenvolver patologias decorrente das

sobrecargas de pressão e metabólica constantes à estes órgãos (FORJAZ,

TINUCCI, ORTEGA, SANTAELLA, MION, NEGRAO, 2000)

Talvez esta resposta pressórica diminuída seja decorrente de mecanismos

como maior sensibilidade aos estímulos vasodilatadores após uma sessão de

exercício (JEN, CHAN, CHEN, 2002a). Parece que uma única sessão de exercício

aeróbio pode aumentar a vasodilatação possivelmente por aumentar a liberação de

NO em aorta de ratos saudáveis, além de atenuar a vasoconstrição (BECHARA,

TANAKA, SANTOS, JORDAO, SOUSA, BARTHOLOMEU, RAMIRES, 2008).

Uma das possíveis respostas a esta melhora no controle vascular pelo

endotélio parece ser via cálcio dependente, onde há um aumento do influxo de

cálcio na célula endotelial que estimula a eNOS a produzir NO nos ratos que

realizam a sessão de exercício (JEN, CHAN, CHEN, 2002a).

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Entretanto há dúvidas se essa melhora é devido há produção aumentada de

NO pela maior atividade da eNOS ou por outros mecanismos intrínsecos do vaso,

como sensibillidade ao NO ou até mesmo ação de outras vias que participam da

vasodilatação (GREEN et al., 2004). Sabe-se que o estresse de cisalhamento agudo

na parede do vaso pode causar aumento das EROs no vaso e no exercício agudo

ocorre aumento do estresse de cilhamento pelo aumento da demanda energética, a

qual necessita de aumento do debito cardíaco , desta forma podemos descartar a

possíbilidade da diminuição da interação do superóxido com o óxido nítrico após

uma sessão aguda de exercício. (LAURINDO et al., 1994).

A resposta aguda ao exercício aeróbio na hipertensão tem grande

importancia, porém não tem implicações diretas ao tratamento, por apresentar

alterações transitórias. Por outro lado, parece que a soma de várias sessões de

exercício e estímulos subseqüentes, onde caracteriza o treinamento físico, causam

adaptações mais duradouras e diferenciadas, diminuindo ainda mais a sobrecarga

aos órgãos alvo (DELP, LAUGHLIN, 1997; LEE, KIM, KIM, CHO, JOO, LEE, LEE,

PARK, JEON, 2009).

Desta forma, após um período de treinamento físico aeróbio de intensidade

moderada em humanos, ocorre melhora na vasodilatação em sujeitos saudáveis e

individuos com hipertensão essencial, onde essa resposta em hipertensos é

associada à queda dos níveis de pressão arterial (HIGASHI et al., 1999). Também

parece melhorar o relaxamento vascular induzido por ACh em ratos hipertensos e

paralelamente aumentar a biodisponibilidade de óxido nítrico (GRAHAM, RUSH,

2004).

Pórém, o treinamento físico causa adaptações estruturais além de funcionais

e moleculares, assim melhoras na biodisponibilidade de NO e na resposta

vasodilatadora à ACh não é encontrada após períodos longos de treinamento

demostrando que a influencia da duração têm grande importância nos resultados

encontrados na literatura (GREEN et al., 2004; JASPERSE, LAUGHLIN, 2006). Em

SHRs as alterações estruturais parecem ocorrer após 20 semanas de treinamento

físico e mudanças moleculares e funcionais são transitórias (DELP, LAUGHLIN,

1997; HORTA, DE CARVALHO, MANDARIM-DE-LACERDA, 2005).

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Um dos motivos pelo qual o exercício aumenta a vasodilatação na

hipertensão é o estímulo do shear stress (HARTMANNSGRUBER, HEYKEN,

KACIK, KAISTHA, GRGIC, HARTENECK, LIEDTKE, HOYER, KOHLER, 2007). Pelo

aumento da necessidade energética durante o exercício, há um aumento do fluxo

sanguíneo e conseqüentemente do débito cardíaco fazendo com que este aumento

do fluxo ative receptores endoteliais na parede do vaso aumentando a concentração

de cálcio, assim proporcionando síntese de óxido nítrico pela ação da eNOS via

cálcio dependente, como já citado (JEN, CHAN, CHEN, 2002a).

Por outro lado, já foi demonstrado que o aumento do fluxo, ou seja, o

aumento do shear stress também aumenta a produção de espécies reativas de

oxigênio pela ativação da NAD(P)H oxidase no vaso como já citado, mas parece que

a soma de varias sessões agudas provocam adaptações como, aumento nos fatores

de transcrição e expressão das eNOS, promovendo equilíbrio do estado redox do

vaso do rato hipertenso, como forma de regulação deste meio (LAURINDO et al.,

1994; DE KEULENAER et al., 1998).

Outro fator importante a respeito do shear stress é de qual é a sua natureza,

se oscilatório ou laminar, podendo causar adaptações diferentes. O estímulo do

shear stress laminar, ocorre no momento do exercício com períodos de recuperação

proporcionando a adaptação do vaso após a sessão, contraditório é o shear stress

oscilatório que é constante em hipertensos, pois parece ocorrer pela obstrução do

vaso causada por aumento na vasoconstrição, sem períodos de adaptação, desta

forma causando efeitos deletérios (HARRISON et al., 2006).

As adaptações que causam a diminuição da pressão arterial em resposta ao

treinamento físico em hipetensos podem estar relacionadas não só com os controle

das células endoteliais quando se observa os seus mecanismos de controle nos

sistemas orgânicos em geral. Pesquisas desenvolvidas com humanos desmontram

que o sistema nervoso simpático também é responsável por esta queda na pressõ

arterial (RONDON, LATERZA, DE MATOS, TROMBETTA, BRAGA, ROVEDA,

ALVES, KRIEGER, NEGRAO, 2006). Porém ao se tratar de um estudo in vitro com

vasos isolados, não podemos descartar estas outras evidências.

Diante dessas observações e citações surgem dúvidas sobre quais

mecanismos intrínsecos do vaso estão envolvidos nessas respostas, se ocorre

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realmente o aumento da biodisponibilidade de óxido nítrico com o treinamento físico

e se esse aumento é devido a maior produção de NO. melhor capacidade

antioxidante ou menor produção de EROs no vaso. Entretanto, estas resposta são

influenciadas e podem variar com o período de treinamento e intensidade do

exercício.

5. MATERIAIS E MÉTODOS

5.1. Amostragem

Foram estudados 20 ratos machos Wistar (WKY) e 20 ratos

espontaneamente hipertensos (SHR), um modelo genético caracterizado por altos

valores de pressão arterial (OKAMOTO, AOKI, 1963). Os ratos foram mantidos em

caixas plásticas (3 ratos por caixa) em uma sala com temperatura controlada (22°C),

com ciclo claro/escuro invertido de 12:12h. O peso inicial dos ratos foi de 250 a 300

g.

5.2. Desenho experimental

Inicialmente, todos os ratos foram submetidos individualmente ao teste de

esforço máximo em esteira rolante para determinação do consumo de oxigênio pico

(VO2pico) e tolerância ao esforço. Em dias separados foi determinada a pressão

arterial diastólica (PAD), sistólica (PAS) e média (PAM) e freqüência cardíaca (FC)

de repouso, pelo método de pletismografia da artéria caudal.

Em seguida, os ratos controle (Wistar Kyoto) foram distribuídos

aleatoriamente em dois subgrupos experimentais: grupo sedentário (WKYsd, N=10) e

treinado (WKYtr, N=10), o mesmo procedimento foi feito com os ratos SHR,

sedentário (SHRsd, N=10) e grupo SHR treinado (SHRtr, N=10). O grupo WKYtr e

SHRtr foram submetidos ao protocolo de treinamento físico aeróbico de natação de

10 semanas que será descrito na próxima sessão. Os demais grupos (WKYsd e

SHRsd) permaneceram sedentários nas caixas plásticas com água e ração a

vontade.

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Após o período de treinamento físico (TF) foi realizado novamente o teste de

esforço máximo, a determinação da pressão arterial (PAD, PAS e PAM) e freqüência

cardíaca de repouso.

Após 48hs da última sessão de treino, os ratos foram sacrificados para

retirada dos tecidos, onde dois anéis da aorta torácica de cada rato foram utilizados

imediatamente para o protocolo de reatividade vascular e os anéis restantes

congelados para posteriores análises bioquímicas. O esquema experimental esta

representado na figura abaixo.

5.3. Sequência experimental

A Figura 3 ilustra a sequência dos procedimentos experimentais.

FIGURA 3 - Esquema experimental. PA: pressão arterial; FC: freqüência cardíaca.

1ª 2ª 10ª 11ª

Semanas

Natação (10 semanas) ou sedentarismo

Teste Máximo

Medida de PA e FC

Sacrifício

Adaptação ao meio aquático

Teste Máximo

Medida de PA e FC

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5.4. Protocolos experimentais

5.4.1. Determinação do consumo de oxigênio de pico (VO2pico)

Todos os ratos foram submetidos a um teste de esforço máximo em esteira

rolante, utilizando-se um protocolo com incremento progressivo de carga de 3m/min

a cada 3 min, até a exaustão, adaptado de Brooks e White (1978), para a

determinação das variáveis: VO2pico, velocidade máxima e tempo e distância

percorrida.

No protocolo de consumo de oxigênio, os ratos correram na esteira dentro de

uma caixa metabólica, que serve como câmara de mistura dos gases expirados. O

fluxo de ar dentro da caixa é unidirecional e mantido em 3.500 mL/min por bomba de

vácuo. Amostras de ar foram retiradas e analisadas para determinação das frações

de O2 e CO2.

Os valores de VO2 e VCO2 foram calculados pela fórmula (BROOKS, WHITE,

1978):

Onde:

VO2 = ml.g-¹.min-1

Fluxo de ar = 3.500 mL/min

FiO2 = fração de oxigênio inspirada (ar ambiente)

FeO2 = fração de oxigênio expirada (caixa de mistura)

Peso corporal = g

VO2 = fluxo de ar X (FiO2-FeO2)/ peso corporal

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27

5.4.2. Protocolo de medida da pressão arterial caudal

A pressão arterial foi aferida pelo método não invasivo de pletismografia da

artéria caudal (registro indireto da pressão), onde os ratos foram colocados

individualmente em caixa de acrílico e mantidos sob restrição de movimentos, a

temperatura dentro da caixa de acrílico foi aumentada com o intuito de aumentar a

temperatura corporal do animal e promover vasodilatação da artéria caudal. O

registro da pressão arterial de cauda foi realizado por meio da colocação de

manguito de borracha na região proximal da cauda e ligado ao esfigmomanômetro

para insuflar e desinsuflar gradualmente o manguito entre 0 e 250/300 mmHg.

Numa porção mais distal da cauda foi acoplado um transdutor pneumático

para detecção dos sinais de passagem da onda de pulso de pressão arterial e

registrado no sistema AT/CODAS (DataQ Instruments, Inc., Ohio, USA), com

freqüência de amostragem de 1000 Hz.

A pressão arterial de cauda equivale à pressão do manguito em que o pulso

de pressão desaparece ou reaparece, quando a pressão exercida sobre a cauda

tornar-se ligeiramente menor que o valor da pressão intra-arterial, desobstruindo o

fluxo sangüíneo na artéria caudal é permitido a detecção do pulso da pressão arterial

sistólica . A pressão arterial diastólica foi considerada o menor valor do pulso de PA

detectado. A freqüência cardíaca foi calculada a partir do intervalo de tempo de cada

pulso de pressão arterial detectado pelo transdutor sem a oclusão da passagem do

fluxo sangüíneo na cauda. Foram realizadas, para cada animal, cinco medidas de

pressão arterial de cauda e freqüência cardíaca em repouso, sendo desprezadas a

primeira e a última medidas e calculada a média aritmética entre os valores

restantes.

5.4.3. Protocolo de treinamento físico aeróbico

O protocolo de treinamento de natação foi realizado durante 10 semanas, 5

vezes por semana e duração de 60 minutos/sessão, o qual foi desenvolvido em uma

piscina adaptada para ratos, com subdivisões individuais e temperatura da água

controlada em 30oC. Este protocolo foi adaptado e previamente caracterizado como

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aeróbico moderado (MEDEIROS, OLIVEIRA, GIANOLLA, CASARINI, NEGRAO,

BRUM, 2004).

Inicialmente, todos os ratos foram adaptados ao ambiente aquático, 5 vezes

por uma semana sem carga acoplada à cauda, onde a duração das sessões foram

de 30, 40, 50, 60 e 60 respectivamente, desta forma já caracterizando o início do

treinamento. Em seguida, foi iniciado o incremento de carga progressivo até 3% do

peso corporal amarrada à cauda do animal. Os ratos foram pesados semanalmente

para o ajuste da carga de treino.

5.4.4. Remoção e preparação da aorta

Após um período de 48 h da última sessão de treino, ou sedentarismo, os

ratos foram sacrificados com alta dose de anestésico (pentobarbital). Com intuito de

minimizar fatores de influência externos, foram sacrificados um rato de cada grupo no

mesmo dia de experimento.

A aorta torácica foi imediatamente retirada e dissecada em uma placa de

petri contendo tampão Krebs-Henseleit (em mM: NaCl=115; KCl=4,7; MgSO4=1,2;

KH2PO4=1,5; NaHCO3=25; CaCl2 =2,5; glicose=11,1 e pH=7,4) para a remoção dos

tecidos conectivo e adiposo, e cortada em 6 segmentos de 5 mm de comprimento.

Os anéis foram distribuídos da seguinte maneira: 2 aneis foram

imediatamente utilizados para análise da reatividade vascular in vitro, 1 anel foi

congelado (-80°C) para posterior quantificação de nitrato e nitrito, 1 anel foi

emblocado em gel de congelamento e isopentano para posterior análise de EROs e

os outros 2 anéis foram congelado (-80°C) para posterior determinação da

expressão da eNOS e subunidades da NAD(P)H oxidase.

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5.4.5. Estudo da reatividade vascular

Com a finalidade de se mensurar in vitro as respostas de tensão isométrica

desenvolvida pelos anéis aórticos frente aos agonistas utilizados no protocolo, estes

foram suspensos, através de um par de ganchos de aço inoxidável, em uma cuba de

vidro para órgão isolado contendo 14 ml de solução Krebs-Henseleit (descrito

anteriormente), mantidos a 37ºC e aerados com uma mistura gasosa de 95% O2 e

5% CO2 (carbogênio).

Um gancho foi fixado na parte inferior da cuba enquanto o outro gancho foi

conectado a um transdutor de sinal isométrico (BIOPAC, EUA), acoplado a um

computador para o registro da tensão isométrica desenvolvida pelo vaso.

Os anéis aórticos foram submetidos a uma tensão de repouso inicial de 2

gramas, e mantidos nesta tensão durante 70 minutos para que ocorra a estabilização

decorrente do manuseio. Durante o período de estabilização foi feita a troca da

solução Krebs 3 vezes . A 1ª e a 2ª a cada 20 minutos, com a finalidade de remover

eventuais metabólitos liberados no meio, após 40 minutos de estabilização, na 3ª

troca da solução de Krebs, um anel de cada rato foi pré-incubado com N-nitro-L-

arginina metil-éster (L-NAME, 10-4M), um análogo ao substrato da eNOS, a L-

arginina, durante 30 minutos.

Após período de incubação de 30 minutos foram realizadas as curvas

concentração-efeito cumulativas ao agente vasodilatador dependente do endotélio,

acetilcolina (ACh; 10-10 a 10-4 M) tanto nos anéis com L-NAME quanto nos anéis sem

o inibidor, sendo pareados.

Em seguida foi realizada novamente a troca da solução Krebs e 5 lavagens

foram feitas de 5 em 5 minutos a fim de limpar as cubas do agente vasodilatador

(ACh) para realização das curvas concentração-efeito cumulativas ao agente

vasodilatador independente do endotélio, nitropussito de sódio (NPS; 10-11 a 10-4 M),

porém sem incubação com L-NAME (GONZALES, CARTER, KANAGY, 2000).

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5.4.6. Variáveis avaliadas na reatividade vascular

Para cada curva concentração-efeito foi avaliado, através da análise de

regressão não-linear para curvas sigmóides (GraphPad Prism Software, San Diego,

CA), o efeito máximo (Emax) frente aos agonistas vasodilatadores (responsividade),

bem como a concentração molar dos agonistas que gera um efeito igual a 50% da

resposta máxima vasodilatadora (EC50) (sensibilidade).

5.4.7. Homogeneização e concentração de proteína

Os anéis aórticos congelados para análises bioquímicas foram inicialmente

incubados em tampão e diluição específicos para cada experimento descrito abaixo;

temperatura 4ºC; pH 7,4, e então homogeneizado com pestilo sobre nitrogênio

líquido. O homogenato foi centrifugado a 12.000 G em temperatura de 4ºC, durante

15 minutos. Uma parte do sobrenadante foi separada para a análise da concentração

de proteína pela técnica “Bradford”, utilizando-se a albumina bovina como padrão

(BRADFORD, 1976).

5.4.8. Quantificação de nitrato e nitrito vascular

Para verificar a biodisponibilidade vascular de óxido nítrico, primeiramente as

aortas foram homogeneizadas em tampão fosfato salino (PBS), em seguida, as

concentrações de nitrato e nitrito, produtos do metabolismo do NO, nos homogenatos

das artérias conforme descrito em (LEITE, DANILOVIC, MORIEL, DANTAS,

MARKLUND, DANTAS, LAURINDO, 2003) foram analisadas por

quimioluminescência no analisador de NO (Sievers, modelo NOA 280, EUA). Este

método requer a redução de nitrato e nitrito para óxido nítrico por meio da reação do

cloreto de vanádio (VnCl4) em ácido clorídrico a 95ºC. O óxido nítrico gerado é

carregado por N2, um gás inerte, a uma câmara de geração de ozônio. A reação

entre NO e ozônio gera luz, quantificada por fotomultiplicadoras. As curvas de

calibração em níveis múltiplos foram realizadas com padrão externo (nitrato de sódio-

Aldrich), utilizando-se um programa específico (Sievers versão 2.2, EUA). Amostras

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de homogenatos totais de artérias (10 ul) foram analisadas. Os valores medidos de

nitrato e nitrato foram corrigidos pela quantidade total de proteínas dos homogenatos

(método Bradford).

5.4.9. Expressão da enzima óxido nítrico sintase endotelial e subunidades da

NADPH oxidase (Western Blotting)

As aortas dos ratos foram inicialmente homogeneizadas em tampão RIPA

contendo Tris-Base (20 mM), NaCl (137mM), NP-40 (1%) e Glicerol (10%). O

homogenato foi centrifugado por 10 minutos à 4°C com 12000 rpm. Alíquotas do

homogeneizado, de 30 g de proteína, foram diluídas em tampão de amostra

contendo Tris-HCL ph 6.8 240mM, azul de bromofenol 0,02%, glicerol 40%,

βmercaptoetanol 200mM e SDS 0,8%. As amostras e um padrão de bandas de

pesos moleculares conhecidos (Kaleidoscope, Bio-Rad, EUA) foram aplicadas ao gel

de eletroforese de poliacrilamida com SDS-PAGE 12% (Dodecilsulfato de Sódio) e

submetidas à corrente elétrica contínua por 120 minutos para separação

eletroforética das proteínas, o qual consiste na migração de moléculas com carga,

numa solução, decorrente da aplicação de um campo elétrico no aparelho para

minigel (Mini Protean).

Após a separação, as proteínas foram transferidas para a membrana de

nitrocelulose (Amersham Biosciences, Piscataway) com corrente elétrica contínua

por 60 minutos (Semiphor, Hoefer-Pharmacia, Suécia). A membrana de nitrocelulose

foi então corada com solução de Ponceau para visualização da correta transferência

de proteínas das amostras e do padrão de pesos moleculares. A membrana foi

bloqueada através da incubação TBS-T 0,1% - 5% leite durante duas horas com o

objetivo de minimizar a ligação inespecífica dos anticorpos. Os anticorpos primários

anti eNOS (Rabbit polyclonal, Cell Signaling, 1:1000), NOX1(Goat polyclonal, Santa

Cruz Biotechnology, 1:1000) e NOX4 (Rabbit polyclonal, Santa Cruz Biotechnology,

1:1000) , foram incubados durante toda a noite sob agitação a 4ºC. Após a lavagem

com TBS-T 0,1% (3 vezes por dez minutos cada) a membrana foi incubada por uma

hora e trinta minutos à temperatura ambiente com os anticorpos secundários

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específicos para reconhecer os anticorpos primários, sendo os mesmos conjugados

com peroxidase. Após novas lavagens, a membrana foi então revelada por método

quimioluminescente, (peroxidase-H2O2-luminol), utilizando-se para tal fim o kit ECL

(Amersham-Pharmacia, Grã-Bretanha). Após 1 minuto de reação, em seguida a

membrana foi exposta ao filme radiográfico e revelada manualmente. A expressão

protéica foi determinada densitometricamente através de um software de imagem

(Scion Image), pelo número de pixels de cada imagem. O mesmo procedimento foi

feito simultaneamente com o anti GAPDH (Mouse polyclonal Santa Cruz

Biotechnology, 1:1000) para verificar a expressão da mesma, como proteína controle,

não modificável com treinamento físico e tipo de patologia estudada.

5.4.10. Medidas de espécies reativas de oxigênio - Dihidroetídio (DHE)

Primeiramente, um anel aórtico de cada animal foi emblocado em gel de

congelamento (OCT) e isopentano para, posteriormente, realizar cortes (6 a 8 cortes)

de 30 µm em criostato.

Após os cortes, as lâminas foram lavadas cuidadosamente com PBS e

incubadas com dihidroetídeo (DHE , 3 µM) por 20 minutos a 37 ºC em ambiente

úmido e protegido de luminosidade. Após o período de incubação, as lâminas foram

lavadas com PBS pH 7,4 novamente e a análise foi feita em microscópio de

fluorescência confocal (modelo Axiovert 200M, Zeiss, Alemanha) com objetiva de 10x

, conforme método adaptado (MILLER, GUTTERMAN, RIOS, HEISTAD, DAVIDSON,

1998).

Os derivados de oxidação da DHE geram uma coloração avermelhada,

sendo proporcional à produção de espécies reativas de oxigênio, especificamente o

superóxido.

Como controle negativo bem como, a especificação da espécie reativa

analisada, algumas lâminas foram previamente incubadas por 30 minutos a 37 ºC

com a SOD conjugada com polietilenoglicol (peg-SOD), um mimético da SOD que é

capaz de atravessar a membrana da célula inibindo reação do superóxido com o

substrato (DHE).

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A analise quantitativa das imagens foi feita por meio do programa Leica Qwin

Plus, por meio da média da fluorecência emitida (µm2) de 4 a 5 aneis de cada animal.

6. ANALISES ESTATÍSTICAS

Os dados foram submetidos à análise estatística utilizando-se o programa

GraphPad Prism (v. 4.00, San Diego, CA). As variáveis dependentes: massa

corporal, pressão arterial (PAD, PAS e PAM) e frequencia cardíaca, VO2pico, tempo

de tolerância ao esforço, distancia percorrida, velocidade máximar e respostas

vasomotoras (Emax e EC50), dados bioquímicos aórticos (expressões enzimáticas,

concentrações de nitrato e nitrito e de EROs) foram submetidas a ANOVA 2

caminhos (sd x tr) e (WISTAR X SHR) e Post Hoc de Duncan. O nível crítico de

significância estatística será de 5% (P<0,05). Os dados fora apresentados como

média e erro padrão da média.

7. RESULTADOS

Inicialmente, serão apresentadas as características dos grupos constituídos

na fase pré-treinamento físico: pressão arterial e freqüência cardíaca em repouso,

massa corporal, capacidade aeróbica e tolerância ao esforço. Em seguida, serão

apresentados os efeitos do protocolo de 10 semanas de treinamento físico aeróbio

em natação sobre estas características, bem como sobre as respostas vasomotoras

in vitro e os parâmetros bioquímicos em aorta torácica dos ratos SHR e WKY.

7.1. Características pré-treinamento físico aeróbio em natação

7.1.1. Pressão arterial e freqüência cardíaca de repouso

Na fase pré-treinamento físico, ambos os grupos SHRsd e SHRtr

apresentaram maior PAS, PAD e PAM de repouso comparados aos grupos WKYsd e

WKYtr, respectivamente (Figura 4). No entanto, a FC de repouso foi semelhante

entre os grupos estudados (Figura 5).

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PAS PAD PAM0

50

100

150

200WKYsd

WKYtr

SHRsd

SHRtr

**

*

#

##P

A (

mm

Hg

)

FIGURA 4 - Pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e

pressão arterial média (PAM) dos grupos SHR sedentário (SHRsd, n=7), SHR treinado (SHRtr, n=7), WKY sedentário (WKYsd, n=7) e WKY treinado (WKYtr, n=6) na fase pré-treinamento físico. Valores expressos como média ± erro padrão. *p< 0,001 SHR vs WKY.

WKYsd WKYtr SHRsd SHRtr0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

FC

(b

at/

min

)

FIGURA 5 - Frequência cardíaca dos grupos SHR sedentário (SHRsd, n=7), SHR

treinado (SHRtr, n=7), WKY sedentário (WKYsd, n=7) e WKY treinado (WKYtr, n=6) na fase pré-treinamento físico. Valores expressos como média ± erro padrão.

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7.1.2 Massa Corporal, capacidade aeróbica e tolerância ao esforço

Na fase pré-treinamento, a massa corporal, a velocidade máxima, a distância

total e o VO2 pico foram semelhantes entre os grupos estudados (Tabela 1).

TABELA 1 - Massa corporal, distância total e VO2pico dos grupos SHR sedentário

(SHRsd, n=7), SHR treinado (SHRtr, n=7), WKY sedentário (WKYsd, n=7)

e WKY treinado (WKYtr, n=6) na fase pré-treinamento físico. Valores

expressos como média ± erro padrão.

7.2. Características pós-treinamento físico aeróbio de natação

7.2.1 Massa corporal e gordura intraperitonial

Como visto anteriormente, todos os grupos iniciaram o protocolo com a

massa corporal semelhante (Tabela 1). No entanto, a massa corporal aumentou

gradativamente nos grupos sedentários e, no final dos experimentos, foi

significativamente maior em ambos os SHRsd e WKYsd comparados com seus

respectivos grupos na fase pré-TF. Por outro lado, o protocolo de TF de natação

diminuiu significativamente a massa corporal dos ratos. A partir da 7ª semana de TF,

a massa corporal dos grupos SHRtr e WKYtr foi significativamente menor

comparados aos grupos SHRsd e WKYsd, respectivamente (Figura 6).

Em relação à gordura intraperitonial dos ratos após o período de treinamento

físico, pode-se observar menor conteúdo (corrigido pela massa corporal dos ratos)

nos ratos dos grupos SHRtr e WKYtr em relação aos seus respectivos sedentários.

WKYsd WKYtr SHRsd SHRtr

Massa corporal (g)

50,88±4,85 250,73±5,03 271.45±4,86 273,91±3,79

Distância total (m)

475.45±17,40 467.30±22,08 508.02±27,79 478.43±10,35

VO2 pico (ml.kg-1./min-1)

68.87±3,45 69.09±2,44 71,93±1,99 73,33±2,98

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Além disso, os ratos SHR apresentaram menor conteúdo de gordura intraperitoneal

em relação aos WKY (Figura 7).

0 2 4 6 8 10 12

200

300

WKYsd

WKYtr

SHRsd

SHRtr

*

* **#

#

Semanas

Massa c

orp

ora

l (g

)

FIGURA 6 - Evolução da massa corporal durante 10 semanas de treinamento físico em natação dos grupos SHRsd (n=7), SHRtr (n=7), WKYsd (n=7) e WKYtr (n=6). *p<0,005 tr vs. sd e #p<0,05 pré-TF vs. pós-TF. Dados expressos como média ± erro padrão

WKY SHR0

10

20sd

tr

**

#

Go

rdu

ra I

ntr

ap

eri

ton

ial

(mg

/g)

FIGURA 7 - Conteúdo de gordura intraperitonial (mg/g massa corporal) dos grupos SHRsd (n=7), SHRtr (n=7), WKYsd (n=7) e WKYtr (n=6) pós-treinamento físico. Dados expressos como média ± erro padrão.*p< 0,001 tr vs sd e #p<0,001 SHR vs WKY.

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7.2.2. Freqüência cardíaca e pressão arterial de repouso

A freqüência cardíaca de repouso foi semelhante entre os grupos SHRsd e

WKYsd. O treinamento físico de natação diminuiu significativamente a freqüência

cardíaca em ambos os grupos WKYtr e SHRtr em relação aos grupos WKYsd e

SHRsd (Figura 8).

O treinamento físico de natação diminuiu significativamente a PAS, PAD e

PAM no grupo SHRtr comparado ao grupo SHRsd. Entretanto, apenas a PAD do

grupo SHRtr diminuiu foi normalizada (valores do WKY). Deste modo, a PAS e PAD

do grupo SHRtr permaneceram significativamente maiores comparado aos grupos

WKYsd e WKYtr. Além disso, o TF não modificou a PAS, PAD e PAM do grupo

WKYtr comparado ao grupo WKYsd (Figura 9).

WKYsd WKYtr SHRsd SHRtr0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

# #

FC

(b

at/

min

)

FIGURA 8 - Freqüência cardíaca dos grupos SHRsd (n=7), SHRtr (n=7), WKYsd (n=7) e WKYtr (n=6) pós-treinamento físico. Dados expressos como média ± erro padrão , #p<0,05 tr vs sd

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PAS PAD PAM0

50

100

150

200WKYsd

WKYtr

SHRsd

SHRtr

**

*

#

##P

A (

mm

Hg

)

FIGURA 9 - Pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e média (PAM) dos grupos SHRsd (n=7), SHRtr (n=7), WKYsd (n=7) e WKYtr (n=6) pós-treinamento físico. Dados expressos como média ± erro padrão, *p<0,05 SHR vs WKY , #p<0,05 tr vs sd.

7.2.3. Capacidade funcional e tolerância ao esforço no teste em esteira rolante

Na fase pré-TF, o VO2 pico (teste em esteira) foi semelhante entre os grupos

estudados. No entanto, na fase pós-TF, o VO2 pico diminuiu significativamente em

ambos os grupos sedentários (SHRsd e WKYsd) comparados com os grupos SHRsd

e WKYsd, respectivamente, na fase pré-TF. Por outro lado, o treinamento físico de

natação aumentou significativamente o VO2 pico no grupo SHRtr comparado ao

grupo SHRtr na fase pré-TF. (Figura 10).

Na fase pré-TF, distância percorrida no teste em esteira (Figura 11) foi

semelhante entre os grupos estudados. No entanto, na fase pós-TF, essa variável

diminuíu significativamente em ambos os grupos sedentários (SHRsd e WKYsd)

comparados com os grupos SHRsd e WKYsd, respectivamente, na fase pré-TF. Por

outro lado, o treinamento físico de natação aumentou significativamente a distância

percorrida no grupo SHRtr comparado ao grupo SHRtr na fase pré-TF (Figura 11).

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WKYsd WKYtr SHRsd SHRtr40

50

60

70

80

90PréTF

PósTF

*

* *

#

#

VO

2p

ico

(m

L.k

g.-1

min

-1)

FIGURA 10 - Consumo de oxigênio pico (VO2 pico) pré e pós o período de 10 semanas de treinamento físico dos ratos SHRsd , SHRtr , WKYsd e WKYtr. Dados expressos como média ± erro padrão *p< 0,05 vs. pré-TF e #p< 0,05 vs.sd.

WKYsd WKYtr SHRsd SHRtr0

500

1000

1500PréTF

PósTF

*

*

*

*#

#$

Dis

tân

cia

Perc

orr

ida (

m)

FIGURA 11 - Distância percorrida dos grupos SHRsd (n=7), SHRtr (n=7), WKYsd (n=7) e WKYtr (n=6) pós-treinamento físico. Dados expressos como média ± erro padrão *p<0,05 vs. pré-TF, #p<0,05 vs. sd e $p<0,05 vs. WKYtr.

7.3 Reatividade Vascular

Na fase pós-TF, o percentual de relaxamento máximo à ACh (vasodilatador

dependente do endotélio) foi significativamente menor no grupo SHRsd comparado

ao grupo WKYsd. Além disso, o treinamento físico não modificou o relaxamento

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máximo no grupo WKYtr comparado ao grupo WKYsd. Por outro lado, o treinamento

físico de natação aumentou significativamente o relaxamento máximo à ACh no

grupo SHRtr comparado ao grupo SHRsd. Deste modo, a relaxamento máximo à

ACh não foi significativamente diferente entre o grupo SHRtr comparado aos grupos

WKYsd e WKYtr (figura 12).

A figura 13 demonstra a curva concentração-efeito à dose crescente de ACh.

Assim, pode-se observar que, em doses elevadas de ACh, o grupo SHRsd

apresentou um resposta paradoxal de vasoconstrição à ACh e, portanto, em altas

doses, obteve uma menor resposta vasodilatadora comparado aos grupos SHRtr,

WKYsd e WKYtr. Cabe destacar, que o treinamento fisico foi eficiente em

proporcionar um relaxamento à ACh significativamente maior em aortas do grupo

SHRtr comparado ao grupo SHRsd.

A figura 14 demonstra a curva concentração-efeito à doses crescentes de

ACh, em anéis aórticos previamente incubados com L-NAME (inibidor da eNOS).

Pode-se observar, que não houve diferença na resposta vasodilatadora entre os

grupos em relação à resposta máxima de relaxamento. Entretanto, a diferença no

relaxamento em doses altas de ACh permaneceu no grupo SHRsd vs SHRtr, WKYsd

e WKYtr. O SHRtr esta igual ao WKYtr e WKYsd após a incubação com L-NAME.

A curva de relaxamento ao vasodilatador independente do endotélio, NPS,

não apresentou diferença entre os grupos (Figura 15).

A figura 16 (a e b) demonstram o relaxamento máximo e a curva de

relaxamento à ACh dos grupos WKYsd e SHRsd com e sem incubação do L-NAME,

com intuito de visualizar melhor essa resposta.

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Emax

WKY SHR0

25

50

75

100

125sd

Tr

*

% (

pré

-co

ntr

ação

)

FIGURA 12 - Resposta vasodilatadora máxima à acetilcolina em anéis aóticos (pré-contração com NE 10-7) dos grupos SHRsd (n=7), SHRtr (n=7), WKYsd (n=7) e WKYtr (n=6) pós-treinamento físico. Dados expressos com média ± erro padrão, *p<0,05 vs. WKY.

-10 -9 -8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

WKY sd

WKY tr

SHR sd

SHR tr

* * **

(-)L-NAME

Log M [ACh]

% (

pré

-co

ntr

ação

)

FIGURA 13 - Curva concentração-efeito à acetilcolina (ACh, 10-10 á 10-4 M) em anéis aórticos dos grupos SHRsd (n=7), SHRtr (n=7), WKYsd (n=7) e WKYtr (n=6) pós-treinamento físico. Dados expressos como média ± erro padrão *p<0,05 SHRsd vs. SHRtr , WKYsd e WKYtr.

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FIGURA 14 - Curva concentração-efeito à acetilcolina (ACh, 10-10 á 10-4 M) em anéis aórticos pré-incubados (30 min) com L-NAME dos grupos SHRsd (n=7), SHRtr (n=7), WKYsd (n=7) e WKYtr (n=6) pós-treinamento físico. Dados expressos com média ± erro padrão , *p<0,05 vs.WKY.

-12.5 -10.0 -7.5 -5.0 -2.5-25

0

25

50

75

100

125WKY sd

WKY tr

SHR sd

SHR tr

NPS (Emax)

NPS(LogM)

% (

pré

-co

ntr

ação

)

FIGURA 15 - Curva concentração-efeito ao nitropussiato de sódio (NPS, 10-11 á 10-4

M) em anéis aórticos em anéis aórticos dos grupos SHRsd (n=7), SHRtr (n=7), WKYsd (n=7) e WKYtr (n=6) pós-treinamento físico. Dados expressos como média ± erro padrão.

-10.5 -8.0 -5.5-10

15

40

65

90

WKY sd

WKY tr

SHR sd

SHR tr

* *

(+) L-NAME

Log M [Ach]

% (

pré

-co

ntr

ação

)

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EMAX

c/L-N

AM

E

s/L-N

AM

E0

25

50

75

100

WKY

WKY SHR

SHR

*

(a)

% (

pré

-co

ntr

ão

)

Curva de Relaxamento

-10 -8 -6 -4

0

50

100

150

WKYsd

SHRsd

}

}

*

* com L-NAME

sem L-NAME

(b)

Log M [ACh]

% (

pré

-co

ntr

ação

)

FIGURA 16 - Resposta vasodilatadora máxima à acetilcolina (a) e curva de relaxamento á ACh (b) em anéis aóticos pré-contraídos com noradrenalina (NE 10-7) , SHRsd (n=7) e WKYsd (n=7) com e sem pré-incubação de L-NAME. Dados expressos como média ± erro padrão, *p<0,05 vs. WKYsd sem L-NAME.

7.4 Expressões protéicas da eNOS, NOX1 e NOX4

O conteúdo protéico da enzima eNOS foi significativamente maior no grupo

SHRsd comparado aos grupos WKYsd e WKYtr . O treinamento físico de natação

diminuiu significativamente a conteúdo de eNOS no grupo SHRtr comparado aos

grupos SHRsd, embora este conteúdo ainda permaneceu maior comparado ao grupo

WKY sd e WKYtr (Figura 17).

A expressão protéica da subunidade da NAD(P)Hoxidase, NOX1 (Figura

18a), não apresentou diferença significante entre os grupos SHR e WKY, tanto

sedentários como treinados. No entanto, a expressão da NOX4, a outra subunidade

estudada, (Figura18b) está significativamente aumentada nos grupos SHRsd e SHRtr

comprados aos grupos WKY. Por outro, o treinamento físico de natação diminuiu

significativamente a expressão protéica da NOX-4 no grupo SHRtr comparado ao

grupo SHRsd.

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WKY SHR0

100

200

300sd

tr

*E

xp

res

são

Pro

téic

a e

NO

S-A

ort

a(%

do

co

ntr

ole

)

FIGURA 17 - Expressão protéica da óxido nítrico sintáse endotelial (eNOS) em aorta dos grupos SHRsd (n=4), SHRtr (n=4), WKYsd (n=4) e WKYtr (n=4) pós-treinamento físico. Dados expressos como média ± erro padrão, porcentagem do grupo controle (WKYsd). *p<0,05 vs.WKYsd, WKYtr.

WKY SHR0

50

100

150

200SD

TR

(a)NOX1

Exp

ressão

Pro

téic

a N

OX

1-A

ort

a

(% d

o c

on

tro

le)

WKY SHR0

100

200

300

400SD

TR

*

#

NOX4

Exp

ressão

Pro

téic

a N

OX

4-A

ort

a

(% d

o c

on

tro

le)

(b)

FIGURA 18 - Expressão protéica das NOX1 (a) e NOX4 (b), subunidades da NAD(P)Hoxidase em aorta dos grupos SHRsd (n=4), SHRtr (n=4), WKYsd (n=4) e WKYtr (n=4) pós-treinamento físico. Dados expressos como média ± erro padrão, porcentagem do grupo controle (WKYsd). *p<0,05 vs.WKYsd, WKYtr e SHRtr e #p<0,05 vs.WKYsd, WKYtr e SHRsd.

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7.5 Biodisponibilidade de Óxido Nítrico.

A concentração de nitrito (NO-2), esta menor no SHRsd em relação aos

outros grupos WKYsd, WKYtr e SHRtr (Figura 19b). Já o nitrato (NO-3) não

apresentou diferença estatística entre os grupos (Figura 19a).

Nitrato

WKY SHR0

20

40

60

80

100sd

tr

(a)

uM

/ug

de p

rote

ina

Nitrito

WKY SHR0

1

2

3

4sd

tr

*

#

(b)

uM

/ug

de p

rote

ina

FIGURA 19 - Concentração de nitrato (a) e nitrito (b) em aorta, produtos do metabolismo do NO dos grupos SHRsd (n=4), SHRtr (n=4), WKYsd (n=4) e WKYtr (n=4) pós-treinamento físico. Dados expressos como média ± erro padrão, µM dividido por µg de proteína. *p<0,05 vs.WKYsd, WKYtr e SHRtr, #p<0,05 SHRsd.

7.6 Anion superóxido

A quantificação da fluorescência dada pela interação do DHE com o

superóxido (µm2) representada em porcentagem do grupo controle (WKYsd) no

grupo SHRsd esta maior em relação aos outros grupos (Figura 21).

A abaixo estão representadas as imagens feitas com microscópio confocal dos

quatros grupos WKYsd, WKY tr, SHRsd e SHRtr (Figura 20 a,b,c e d

respectivamente)

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(a) (b)

(c) (d)

FIGURA 20 - As figuras representam o superóxido vascular mensurado por fluorescência de DHE em aorta de ratos, por microscopia confocal (40x) dos grupos WKYsd (a), WKYtr (b), SHRsd (c) e SHRtr (d).

WKY SHR0

100

200

300sd

tr

*

#

An

ion

Su

peró

xid

o

(% d

o c

on

tro

le)

FIGURA 21 - Conteúdo de superóxido (µm2) em aorta dos grupos SHRsd (n=4), SHRtr (n=4), WKYsd (n=4) e WKYtr (n=4) pós-treinamento físico. Dados expressos como média ± erro padrão, porcentagem do controle. *p<0,05 vs.WKYsd, WKYtr e SHRtr, #p<0,05 SHRsd.

8. DISCUSSÃO

Nossos resultados demonstram que, na oitava semana de vida (fase pré-

treinamento), os ratos SHR apresentaram valores de PAS, PAD e PAM

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significativamente maiores do que os ratos WKY. No entanto, a massa corporal, a FC

de repouso e o VO2 pico foram semelhantes entre os grupos. Quanto à função

vasomotora aórtica, os ratos apresentaram menor resposta vasodilatadora à ACh,

bem como resposta contrátil em concentrações elevadas de ACh. Além disso, os

ratos SHR apresentaram um estado de estresse oxidativo vascular, evidenciado pelo

índice de produção de superóxido aumentado, associado à maior expressão protéica

da NOX4 e menor biodisponibilidade de NO, embora a expressão protéica da eNOS

esteja aumentada. O programa de treinamento físico de natação foi eficiente em

promover bradicardia de repouso, aumentar significativamente o VO2pico e diminuir

as PAS, PAD e PAM no grupo SHRtr comparado ao grupo SHRsd. Além disso, o

treinamento físico modificou sobremaneira a função vasomotora e a bioquímica da

aorta torácica, destacando-se uma melhorar na resposta vasodilatadora à ACh,

associada à diminuição do índice de produção de superóxido e expressão da NOX4,

bem como aumento na biodisponibilidade de NO vascular.

Sabe-se que os modelos SHR apresentam aumento da pressão arterial, a

partir aproximadamente 5-6 semanas de vida (HORTA, DE CARVALHO,

MANDARIM-DE-LACERDA, 2005). De fato em nosso trabalho, onde foi realizado

com ratos que apresentavam 8 semanas de idade no inicio do protocolo, o grupo

SHR tinha esta mesma resposta de aumento em relação aos controles WKY. Já nas

outras variáveis como freqüência cardíaca e as observadas no teste de esforço

(Tabela 1) parecem não ter alterações em SHR com 8 semanas de idade, isto

também já observado em outros trabalhos (AZEVEDO, BRUM, MATTOS,

JUNQUEIRA, RONDON, BARRETTO, NEGRAO, 2003; GRAHAM, RUSH, 2004;

REN, 2007). Estas observações demosntram, no presente estudo, que o aumento da

pressão arterial, provavelmente, é a primeira alteração cardiovascular em SHR, visto

que a freqüência cardíaca e VO2 pico não estão diferentes dos controles, onde esta

última variável é a resposta da capacidade funcional destes ratos.

Em relação à massa corporal em nossos ratos não tem diferença entre os

grupos, e esta resposta parece ser característico da faixa etária dos ratos

hipertensos (GRAHAM, RUSH, 2004). Entrentanto, Jun Ren, 2007 demontrou que

SHRs com 12 meses de idade apresentavam menor peso corporal em relação aos

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seus controles , provavelmente devido à característica do desenvolvimento desta

patologia (REN, 2007).

Após o período de treinamento físico, os ratos SHRtr apresentaram menor

pressão arterial (sistólica, diastólica e média) em relação aos SHRsd, mas ainda a

PAS e a PAM permaneceram diferentes dos WKYsd e WKYtr. O mesmo foi

observado em outro estudo (HORTA, DE CARVALHO, MANDARIM-DE-LACERDA,

2005) onde o grupo que realizou treinamento físico aeróbio (55% do VO2max.), neste

caso em esteira rolante, apresentou menor pressão arterial sistólica em relação aos

seus respectivos que permaneceram sedentários, e só se igualaram ao grupo dos

WKY na décima terceira semana de treinamento físico aproximadamente. O presente

estudo, foi realizado com 10 semanas de treinamento físico, onde restaurou

parcialmente a PAM e PAS destes ratos, talvez seria necessário um período maior

de treinamento para que as alterações se tornem mais expressivas.

Em relação á PAD, a qual foi normalizada, sabe-se que esta diretamente

relacionada à resistência vascular periférica (RVP), desta forma, de acordo com a Lei

de Poiseuille referente à dinamica dos fluidos, um fator de grande importância que

determina a resistência vascular é o raio do tubo condutor, no caso, o raio do vaso, o

qual é elevado à quarta potência (Gradiente de pressão x Raio do vaso4 /

comprimento do vaso x viscosidade do líquido). Deste modo, pequenas alterações

no raio do vaso, como aumento da resposta vasodilatadora à Ach, causam grandes

mudanças na RVP (WILLIAN D. MCARDLE, 2008). Entretanto, os resultados obtidos

na reatividade vascular serão discutidos posteriormente, e por se tratar de um

experimento in vitro, os dados não podem ser extrapolados para os resultados in

vivo somente relacinados de forma sucinta.

Se as características de freqüência cardíaca e relacionadas ao teste máximo

anteriores ao período de treinamento físico não apresentaram diferenças entres os

grupos, por outro lado, no presente estudo o exercício teve influência significativa

nestas variáveis.

Já foi bem demonstrado que o treinamento de natação tem predominância

oxidativa, e que em ratos normotensos a partir da sexta semana de treino

apresentam bradicardia de repouso com o treinamento de natação (MEDEIROS et

al., 2004). Este fato em nosso trabalho foi observado, tanto na bradicardia de

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repouso quanto na melhora no VO2pico, dos ratos que realizaram o treinamento

(WKYtr e SHRtr). Além disso, os mesmos ratos melhoram a tolerãncia ao esforço,

este fato demonstrado da distancia percorrida no teste de esforço máximo. Estas

respostas demonstram a efetividade do treinamento físico de natação realizado, em

melhorar a capacidade física funcional destes ratos.

Outro fato, o qual é plausível de ser mensionado é a queda do VO2 pico e

nas variáveis de tolerância ao esforço após o período de sedentarismo dos WKYsd e

SHRsd. Baseado nestas respostas pode-se relatar que o treinamento físico, além de

previnir a queda também melhora a capacidade funcional destes ratos.

Os resultados discutidos até o momento estão relacionados á variáveis que

caracterizam os grupos, quanto à hipertensão e ao treinamento físico. A seguir, os

resultados que serão discutidos já se relacionam aos objetivos do estudo.

O objetivo do presente estudo foi de avaliar os efeitos do treinamento físico

aeróbico (natação) sobre a resposta vasomotora (dilatação) em aorta de ratos SHR,

destacando-se o papel da biodisponibilidade de EROs e de NO nestas respostas.

Entretanto para isto, primeiramente é necessário saber quais as alterações

encontradas no rato SHR.

O relaxamento induzido pelo NPS, vasodilatador independente do endotélio,

não alterou a magnetude do relaxamento nos anéis aorticos em ambos os grupos,

demonstrando integridade e funcionalidade da musculatura lisa vascular (ULKER et

al., 2003).

Neste estudo, ACh, vasodilatador dependente do endotélio, produziu

relaxamento em aneis aorticos de ratos WKY, onde foi dose-dependente.

Similarmente ACh produziu relaxamento em anéis aorticos de SHR em doses

menores e vasoconstrição em altas doses de ACh.

Deste modo, observamos que os ratos SHRsd apresentaram menor resposta

vasodilatadora máxima á acetilcolina (ACh 10-7) em relação aos ratos WKYsd,

apesar de apresentarem relaxamento nesta dose. Este fato, demostra claramente

que os ratos SHR apresentam disfunção endotelial (FURCHGOTT, ZAWADZKI,

1980; ULKER et al., 2003; GEROVA, KRISTEK, CACANYIOVA, CEBOVA, 2005).

Sabe-se que o grau de disfunção das células endoteliais é demonstrado, a

partir de um menor relaxamento á estímulos vasodilatadores e também resposta de

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vasocontrição em doses altas de acetilcolina (FURCHGOTT, ZAWADZKI, 1980;

ULKER et al., 2003), pois com provável disfunção ou perda das células endoteliais a

acetilcolina começa a agir diretamente nos receptores muscarínicos no vaso, os

quais promovem vasoconstrição (LUDMER, SELWYN, SHOOK, WAYNE, MUDGE,

ALEXANDER, GANZ, 1986). Quando os mesmos vasos foram pré-incubados com o

inibidor da síntese de NO, L-NAME, os anéis dos SHRsd e WKYsd apresentaram

diminuição do relaxamento. Além disso, como os ratos SHRsd apresentaram

respostas vasoconstritoras em doses altas de ACh, continuam diferentes dos WKY ,

quanto somente a sua resposta em doses altas de ACh, demonstrando que a

produção de NO não é a somente a responsável por esta vasocontrição paradoxal

encontrada neste modelo de SHR.

Sabe-se que á acetilcolina, pode estimular outras vias também responsáveis

pela vasodilatação, com a das prostaciclinas agindo em sinergismo com o NO

(FELETOU, VANHOUTTE, 2006). Entretanto, esta via não foi estudada para

confirmar esta suposição.

Parece que o prejuizo na vasodilatação em SHRs e a atenuação do

relaxamento pelo L-NAME em ratos hipertensos e seus controles não é devido a

diminuição da expressão protéica da eNOS, pois esta encontra-se aumentada em

relação ao grupo controle WKYsd. Evidências na literatura podem confirmar este

resultado (ULKER et al., 2003; GRAHAM, RUSH, 2004). Mas ainda existem

controversas em relação à este fato, onde alguns trabalhos observam a diminuição

da expressão desta proteína em estágios mais avançados da hipertenção (CHOU et

al., 1998), demonstrando que esta resposta depende da idade do animais estudados,

que por outro lado nos estágios iniciais do desenvolvimento da patologia a eNOS

encontra-se aumentada (VAZIRI, NI, OVEISI, 1998).

Apesar deste fato, a expressão protéica não pode confirmar atividade desta

proteína e, além disso, espelha o conteúdo da eNOS em uma grande variedade de

células aorticas, onde estas mudanças observadas não podem sobretudo refletir

somente o conteúdo endotelial.

Embora a disfunção endotelial aparecer, não somente na hipertensão

genética, mas também em diferentes tipos de etiologias, o estresse oxidativo pode

ser identificado como um denominador comum observado através do aumento da

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expressão das subunidades da NAD(P)H oxidase (FELETOU, VANHOUTTE, 2006).

A expressão da NOX4 em nossos ratos hipertensos esta aumentada em

relação aos controles WKYsd. Diferentemente da NOX1, que apesar de ter uma

tendência não mostrou diferença significante entre os grupos SHRsd e WKYsd.

Dentre os homólogos da gp91phox (NOX2) a NOX4 é a que apresenta o maior

quantidade na células vasculares (MILLER, DRUMMOND, SCHMIDT, SOBEY,

2005). Porém ainda não se descartar a função da NOX1 nestas células (WIND,

BEUERLEIN, ARMITAGE, TAYE, KUMAR, JANOWITZ, NEFF, SHAH, WINGLER,

SCHMIDT)

Observa-se em trabalhos que estudam SHR com mais idade que a

expressão de NOX4 não está aumentada ao contrario da expressão da NOX1 (WIND

et al.). Desta forma, as mudanças na expressão destas isoformas são depententes

também do estágio da patologia, onde a NOX1 é mais expressa em estágios mais

avançados, pois parece ser responsiva à estímulos como AngII (angiotensina II), a

qual encontra-se aumentada na hipertensão avançada (LASSEGUE, SORESCU,

SZOCS, YIN, AKERS, ZHANG, GRANT, LAMBETH, GRIENDLING, 2001;

WINGLER, WUNSCH, KREUTZ, ROTHERMUND, PAUL, SCHMIDT, 2001),

causando cronicamente aumento na expressão deste homólogo. A NOX4, por ser

mais expressa em células vasculares, suponha-se que ela tem um papel maior na

homeostase, a qual tem responsividade no inicio do desenvolvimento da hipertensão

com intuito de manter este equilíbrio orgânico, que esta sendo perdido pelo

desenvolvimento da hiperensão (WINGLER et al., 2001; LYLE, GRIENDLING, 2006).

Porém, mesmo diante destas especulações ainda não é claro na literatura qual o

papel de cada um destes homólogos.

Existe uma dificuldade no estudo das adaptações da NAD(P)H oxidase, pelo

fato de ela ser um complexo composto por multisubunidades enzimáticas. Desta

forma é possível uma resposta diferente de outros componentes que não foram

estudados. Entretanto, na ausência destes dados investigamos, a quantidade de

superóxido vascular em aorta de SHR, o qual é o componente produzido pela

interação das multisubunidades (citosólicas e ligadas à membrana) seguida do

estímulo a esta enzima. E, ao analisarmos por imunofluorescência o conteúdo aórtico

de superóxido encontramos aumentado no SHR em relação aos WKY demonstrando

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um estado de estresse oxidativo na aorta destes ratos.

Quanto aos produtos do metabolismo do NO, onde demonstraram a sua

biodisponibilidade aortica, observamos nos SHRsd que o nitrato tem uma forte

tendência, mas não é confirmada estatísticamente seu menor conteúdo em relação

aos WKY e somente o nitrito esta diminuído.

Os vários tipos de metodologias utilizadas para esta análise prejudicam a

comparação desta resposta com a literatura, além de o NO ser uma molécula

altamente reagível, mas de fato, no presente estudo esta diminuição não tem relação

alguma com a produção de NO pela eNOS (CHOU et al., 1998; VAZIRI, NI, OVEISI,

1998).

Sabe-se que a biodisponibilidade de NO depende também da sua remoção, a

qual é feita pela sua interação com o superóxido, onde elimina sua função

vasodilatadora produzindo outra espécie reativa de oxigênio como o peróxido de

nitrito, altamente lesiva às funções celulares e que não tem função vasodilatadora

(SEKIGUCHI, YANAMOTO, SUNANO, 2004; FELETOU, VANHOUTTE, 2006).

Desta forma, o modelo estudado apresenta disfunção endotelial,

demosntrada pela diminuição do relaxamento, a qual provavelmente é decorrente da

diminuição da biodisponibilidade de NO pela sua interação com o O-2, devido ao

aumento da sua produção provavelmente pela NOX4 em aorta de ratos SHR.

Com o avanço do conhecimento esforços têm sido feitos a fim de encontrar o

tratamento ideal para patologia estudada. Sabe-se que o treinamento físico é capaz

de melhorar a capacidade funcional e restaurar parcialmente a pressão arterial

destes ratos, como também demonstrado em nossos resultados, mas se este fato

esta relacionado á melhora da função endotelial ou à alguma alteração intrínsceca do

vaso, ainda não se sabe definitivamente.

Em nosso trabalho demonstramos que a disfunção endotelial foi parcialmente

revertida pelo treinamento físico aeróbio, ao observarmos o relaxamento máximo, o

qual nos ratos SHRsd esta diferente dos SHRtr. Além disso, o grupo SHRtr não

apresenta diferença dos WKYsd e tr em doses altas de acetilcolina, desta forma a

vasoconstrição em doses altas de ACh é revertida com o treinamento físico.

É de extrema importância enfatizar que se a resposta máxima e a

vasoconstrição em doses altas de ACh nos ratos hipertensos caracterizam a

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disfunção endotelial e neste estudo podemos demostrar que o treinamnto físico

aeróbio de natação pode reverte-la. Quando os mesmos vasos foram incubados com

L-NAME não observamos diferença entre os grupos SHRsd e SHRtr demonstrando

que a biodisponibilidade de NO tem relação com a melhora do relaxamento causada

pelo pelo treinamento físico realizado no presente estudo.

Para investigar este resultado a expressão da eNOS foi quantificado nos

ratos treinados e observamos que, ao passo que ela está aumentada em SHR, a fim

de restaurar a biodisponibilidade de NO, o treinamento físico pode diminui-la, pois

apesar de o grupo SHRtr não estar diferente do SHRsd , também não está diferente

dos WKYsd e tr.

Alguns trabalhos realizados com o objetivo de verificar o efeito do

treinamento físico aeróbio também observaram estas respostas. (GRAHAM, RUSH,

2004; JASPERSE, LAUGHLIN, 2006). Porém, ainda é difícil relacionar os trabalhos

encontrados na literatura, onde as intesidades e os tipos de exercícios estudos são

diferentes e, além disso, em relação ao treinamento de natação não encontramos

respaudo literário suficiente.

Existem várias evidências na literatura onde sugerem que o estresse

oxidativo em ratos SHR está elevado, e que isto poderia levar prejuízo da função

vasomotora dependente do endotélio, como já observado anteriormente (WIND et al.;

SEKIGUCHI, YANAMOTO, SUNANO, 2004; MIYAGAWA, OHASHI, YAMASHITA,

KOJIMA, SATO, UEDA, DOHI, 2007). O presente estudo mostrou que o aumento da

expressão dos homólogos da gp91phox (NOX4) causa desequilibriono estado redox,

pois leva ao aumento do superóxido, onde prejudica a biodosponibilifdade de NO.

Desta forma, o treinamento físico parece ser capaz de reverter parcialmente esta

alteração no estado redox, diminuindo a expressão da NOX4, porém ainda continuou

diferente dos grupos WKY.

Em relação á NOX1, como nesta fase da hipertensão ela parece não estar

alterada, no presente estudo, o treinamento físico não teve interferência neste

homólogo.

Para confirmar os resultados obtidos com expressão protéica o metabolitos

do NO e o conteúdo de superóxido vascular foram estudados também com o

treinamento físico aeróbio de natação, onde foi capaz de normaliza-los, igualando-se

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aos WKYsd e tr .

Se o aumento da expressão da eNOS em SHR é necessário a fim de

restaurar o conteúdo de NO disponível no vaso, a influência do TF de natação em

diminuir a expressão da eNOS se deve ao fato deste conteúdo estar normalizado

após este período.

Em relação ao superóxido, sabe-se que a expressão protéica não reflete a

atividade enzimática, e sabe-se também, que existem outras fontes de superóxido

que podem ser responsáveis pela sua produção, as quais não foram investigadas.

Entretanto, pode-se supor que existe um grande relação entre, as respostas de

expressão proteica e o conteúdo final encontrado pela fosforilação e/ou ativação

destas enzimas.

9. CONCLUSÃO

O objetivo do presente estudo foi de investigar o efeito do treinamento físico

aeróbio de natação sobre a resposta vasomotora em aorta de ratos SHR,

destacando-se o papel da biodisponibilidade de EROs e de NO nestas respostas.

Baseado nas evidências encontradas no presente estudo pode-se concluir que o

ratos SHR tem função vasodilatadora dependente do endotélio prejudicada pela

diminuição da biodisponibilidade de NO, causada pelo aumento interação com

superóxido.

O aumento do nível de atividade físíca tem sido identificado como redutor de

morbidade e mortalidade (RODRIGUEZ, CURB, BURCHFIEL, ABBOTT,

PETROVITCH, MASAKI, CHIU, 1994) mais especificamente como redutor de

marcadores fisiológicos de doença cardiovascular como hirpertensão arterial,

disfunção endotelial e rigidez arterial. Em nosso estudo pode-se concluir que os

potenciais mecanismos, pelos quais o treinamento físico aeróbio de natação reduz os

marcadores de difunção endotelial parecem estar envolvidos com o aumento da

biodisponibiladade de óxido nítrico pela diminuição da sua degradação via

superóxido reestabelecendo o equilíbrio entre a produção e a remoção do NO.

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