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IntroduÇÃO

IntroduÇÃO - combullyingnaosebrinca.files.wordpress.com · Além do Cartoon Network, os parceiros são Plan Internacional, Visão Mundial, as Secretarias de Educação do Distrito

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  • IntroduO

  • INTRODUO

    Um estudo realizado pela Plan International e pelo UNICEF4 reuniu as principais concluses de vrias pesquisas desenvolvidas na Amrica Latina pelas duas organizaes.

    O bullying acontece quando uma criana ou adolescente intencionalmente diz ou faz algo para prejudicar um(a) colega que, por sua vez, tem dificuldade para se defender. um padro de comportamento agressivo que ocorre entre pares e envolve aes indesejadas, negativas e repetidas ao longo do tempo. O bullying implica um desequilbrio de poder ou fora.1

    Na Amrica Latina, cada vez mais estudos sobre o bullying mostram que se trata de um problema crtico e srio em nveis individual, escolar e social. Uma pesquisa recente mediu a prevalncia do bullying nessa regio, em comparao ao resto do mundo, e concluiu que a Amrica Latina apresenta os nveis mais elevados de bullying escolar.2

    No mundo todo e na Amrica Latina, as pesquisas mostram que estudantes que sofrem assdio escolar inclusive os que apenas o testemunham tm resultados piores em exames padronizados de conhecimento do que seus colegas que no so alvo de agresses. O estudo da Amrica Latina, com estudantes do ensino fundamental que foram agredidos fsica ou verbalmente, revelou que eles tm desempenho significativamente inferior em leitura e matemtica do que os colegas que no sofreram maus-tratos.3

    1 Olweus Bullying Prevention Program http://olweus.org/public/bullying.page2 Roman y Murillo, Amrica Latina: violencia entre estudiantes y desempeo escolar. Revista CEPAL 104, agosto de 2011. 3 Ibid, p. 51. 4 Violencia escolar en Amrica Latina: Superficie y fondo, Plan International y UNICEF, 2011.

  • Percepes sobre deficincia, enfermidade, orientao sexual, raa e origem tnica esto entre os motivos mais comuns para que meninos e meninas sejam excludos do grupo.

    O bullying ocorre nas escolas pblicas e particulares, mas as formas mais sofisticadas de maus-tratos, humilhao e excluso predominam nas escolas particulares.

    Os estudos e a experincia na regio demonstram que ainda so necessrias ferramentas de fcil acesso e uso, que sejam teis para os diversos integrantes da comunidade escolar na abordagem e na preveno ao bullying.

    A grande maioria das escolas no tem regras de conduta ou procedimentos adequados para enfrentar o bullying. Os professores no esto preparados para lidar adequadamente ou prevenir o problema.

    Legislaes federais sobre a violncia nas escolas em geral e sobre o bullying em particular so inexistentes ou insuficientes.

    Estima-se que entre 50% e 70% dos estudantes da regio foram testemunhas ou alvos de bullying.

    A violncia entre estudantes parece estar aumentando na regio.

    Entre as concluses se destacam:

  • Nesse contexto, o Cartoon Network lidera a campanha CHEGA DE BULLYING, NO FIQUE CALADO, a primeira iniciativa desse tipo coordenada em nvel internacional. Alm do Cartoon Network, os parceiros so Plan Internacional, Viso Mundial, as Secretarias de Educao do Distrito Federal do Mxico e do Estado de So Paulo, Brasil, e a Organizao dos Estados Iberoamericanos para a Educao, Cincia e Cultura (OEI).

    A campanha inspirada na bem-sucedida iniciativa do Cartoon Network nos Estados Unidos, Stop Bullying, Speak Up, que enfatiza a importncia das testemunhas e dos adultos no combate e preveno ao bullying. Os resultados de uma extensa pesquisa qualitativa realizada pelo Cartoon Network Amrica Latina no Brasil, Argentina e Mxico em abril de 2011 tambm formaram a base da campanha.

    Preocupados com a realidade que afeta um nmero cada vez maior de estudantes na Amrica Latina, os parceiros da campanha CHEGA DE BULLYING desenvolveram estas apostilas para crianas, adolescentes, docentes, autoridades escolares, pais e mes. Dedicado preveno e abordagem efetiva do bullying, o material tem como objetivo oferecer ferramentas de apoio aos diversos pblicos que devem agir diante desse problema.

  • Onde quer que ocorra e seja qual for a forma em que se manifeste, o bullying inaceitvel. Com a campanha CHEGA DE BULLYING, NO FIQUE CALADO e estas apostilas, procuramos pr o bullying em debate ao mesmo tempo em que proporcionamos comunidade escolar recursos que sensibilizam por meio da educao, do dilogo e da tolerncia. Alm disso, propomos solues viveis para reduzir e combater o bullying, permitindo assim que crianas e adolescentes possam usufruir de seu direito de viver sem violncia e aprender em escolas seguras e protetoras.

    A LINGUAGEM QUE USAMOS

    Sabemos que, s vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres invisveis. Portanto, em muitos casos, usamos meninos e meninas em vez de apenas crianas, e mes e pais no lugar de pais. No entanto, preferimos no recorrer a formulaes como assediado(a) ou professor(a) de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difcil, especialmente para as crianas.

    Para mais informaes e para aderir campanha, acesse nosso site: chegadebullying.com.br

  • As apostilas para a preveno ao bullying nascem da campanha CHEGA DE BULLYING, NO FIQUE CALADO, liderada pelo Cartoon Network e seus parceiros Plan Internacional, Viso Mundial, as Secretarias de Educao do Distrito Federal do Mxico e do Estado de So Paulo, Brasil, e a Organizao dos Estados Iberoamericanos para a Educao, Cincia e Cultura (OEI).

    Coordenao editorial e de contedo: Plan Internacional Mnica Darer, Marti Ostrander.Comit de coordenao: Cartoon Network Amrica Latina Larissa Pissarra; Rain Barrel Communications Robert Cohen, Paul Hoeffel; Plan Internacional. Desenvolvimento de contedo: Nicols Chausovsky e Associao Chicos.net Andrea Urbas, Nuria Alonso, Natalia Szlachevsky, Mariela Reiman, Marcela Czarny. Reviso tcnica: Secretaria de Educao do Estado de So Paulo, Brasil; Clo Fante; Viso Mundial e Secretaria de Educao do Distrito Federal do Mxico.

    Esta publicao pode ser encontrada em diversos sites. Sua reproduo e distribuio so permitidas, desde que respeitada a integridade de seu contedo e desenho. Para fazer o download, acesse:

    chegadebullying.com.br (verso em portugus)bastadebullying.com (verso em espanhol)www.bibliotecaplan.orgwww.visionmundial.org/antibullying

    Para mais informaes:

    Cartoon Network Amrica Latina - [email protected] Internacional - [email protected]

    CRDITOS

  • Coordenao de contedo: Plan Internacional e Cartoon Network

    chegadebullying.com.br

  • APOSTILA 1

    Estudantes do ensino fundamental I

    INFORMAES E ATIVIDADES

  • 2 ESTUDANTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    DO QUE SE TRATA O CHEGA DE BULLYING?

    3

    Voc e seus colegas podero completar atividades e participar de jogos que ajudaro a entender bem o que significa incomodar, perseguir, ameaar ou discriminar algum, e como se sentem as pessoas que participam dessas situaes.

    Talvez voc no conhea essa palavra, mas temos certeza de que poder reconhecer rapidamente do que se trata depois de ler esta apostila.

    JUNTE-SE A NS!

    O programa CHEGA DE BULLYING quer ajud-lo a pensar sobre o assunto. Conhecer o tema permitir encontrar novas solues para um problema que afeta milhes de meninos e meninas. Os adultos prximos a voc tambm devem participar da preveno e ajudar para que o bullying no ocorra.

    Se voc no sabe, muito importante considerar que todos os meninos e meninas tm direito de ser quem so. Esses direitos esto escritos na Conveno sobre os Direitos da Criana, um tratado internacional do qual fazem parte todos os pases e governos da Amrica Latina.

    Esse documento diz que todos os meninos e meninas devem ser protegidos e no discriminados, nem sequer por outros meninos e meninas.

    Por isso, o convidamos a conhecer um pouco mais sobre algumas situaes que podem afetar voc ou seus colegas. importante estar informado para poder participar e dar sua opinio sobre tudo o que diz respeito a voc e aos que o rodeiam.

    Por isso, aqui propomos pensar juntos sobre um problema grave, para o qual temos que dizer CHEGA. Esse problema o bullying.

    Nesta apostila, descrevemos situaes que acontecem com meninos e meninas como voc e seus amigos e amigas. Certamente, a maioria das coisas legal e divertida, mas, s vezes, pode haver situaes com colegas que no so agradveis. E mais, que podem ser muito tristes e prejudiciais.

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I 54

    So todas perguntas muito difceis de responder. Porm, se entendermos melhor do que se trata o bullying, podemos evitar que continue acontecendo. O certo que todas as crianas que participam do bullying, de uma maneira ou de outra, no se sentem bem consigo mesmas, nem com seus colegas.

    O bullying pode acontecer entre meninos e meninas na escola, no clube, no bairro ou em outros lugares onde eles se encontram com frequncia.

    Por que acontece? Por que os meninos e as meninas fazem bullying? Por que h meninos e meninas que so vtimas de bullying?

    Bullying quando um menino, uma menina ou um grupo de crianas maltratam outra pessoa com a inteno de prejudicar e fazer com que se sinta mal, de forma repetida ao longo do tempo.

    Maltratar significa tratar mal a outra pessoa. Pode-se maltratar algum de vrias maneiras. Por exemplo, bater ou empurrar maltratar fisicamente. Existem tambm outras maneiras muito agressivas de maltratar, mesmo que no usem o corpo.

    Com as palavras ou com os gestos se pode insultar, zombar, no deixar um colega brincar ou jogar, excluir do grupo, deixar algum sempre de lado, etc. Tambm se causa dano quando falamos mal de algum pelas costas, para que os demais no sejam seus amigos ou amigas, por exemplo.

    Maltratar sempre a mesma pessoa, com inteno de faz-la sentir-se mal, no o mesmo que brigar com algum uma vez ou discutir em um jogo.

    O QUE O BULLYING?

    Bullying um termo em ingls que significa intimidar algum. Em outras palavras, perseguir, incomodar ou prejudicar outra pessoa, causando dano e medo de maneira frequente.

    Voc j ouviu essa palavra alguma vez?

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I6 7

    Nesta apostila, aplicamos a palavra vtima para descrever um(a) estudante que est sendo intimidado(a). Porm, no a usamos como uma condio em si, mas como um comportamento temporal. Essa palavra de uso comum nas conversas cotidianas, nos meios de comunicao e, inclusive, para a lei.

    No entanto, ela no nos convence, j que frequentemente d a ideia de passividade ou debilidade. No assim que vemos os meninos e meninas que so intimidados. Pelo contrrio, so jovens ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e que tm toda possibilidade de mudana. Da mesma maneira, usamos o termo agressora(a) para nos referir a um comportamento e no a uma condio permanente.

    Sabemos que, s vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres invisveis. Portanto, em muitos casos, usamos meninos e meninas em vez de apenas crianas, e mes e pais no lugar de pais. No entanto, preferimos no recorrer a formulaes como assediado(a) ou professor(a) de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difcil, especialmente para as crianas.

    O bullying um problema que afeta milhes de meninos e meninas, sem importar de onde eles vm, nem onde vivem, ou quem so seus pais e suas mes. um problema grave, principalmente nas escolas e, cada vez mais, na Internet e nas redes sociais.

    h uma briga com um amigo ou amiga, uma discusso ou at mesmo um insulto entre colegas por no estarem de acordo com algo. Ainda que no seja uma boa maneira de resolver um problema, no bullying.

    alguma vez no permitem que participe de um jogo ou brincadeira, ou zoem de voc. Ainda que isso, sem dvida, faa voc se sentir mal e no seja uma boa atitude, no se trata de bullying.

    A LINGUAGEM QUE USAMOS

    o agressor pode sentir que tem mais poder, fora ou inteligncia que a pessoa perseguida.

    quem agride tem inteno de magoar ou ameaar um colega.

    o maltrato ocorre frequentemente e sem motivos claros.

    NO bullying sempre:

    No se trata de bullying quando:

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I8 9

    Atividade 1: PROBLEMAS NO PTIO Descubra no ptio de sua escola trs situaes que possivelmente sejam bullying.

    POSSO BRINCAR? NO0!!!NOOO!!!

  • 10 ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I 11

    Atividade 1: PROBLEMAS NO PTIO Quando bullying? Marque as respostas corretas com um X.

    Agora compartilhe com seus colegas as situaes que encontraram. Descreva as trs situaes que voc viu.

    Respostas: a) muitas vezes; b) tem inteno de magoar; c) sente-se mal, discriminado(a) ou humilhado(a).

    SITUAO 1:

    SITUAO 2:

    SITUAO 3:

    a) Para que se trate de bullying, essas situaes deveriam acontecer:

    ( ) uma vez( ) duas vezes( ) muitas vezes

    b) Para que seja bullying, o menino, a menina ou o grupo que agride:

    ( ) tem inteno de magoar( ) faz sem perceber( ) faz por brincadeira

    c) Trata-se de bullying quando o menino ou a menina que magoado(a) ou perseguido(a):

    ( ) no se sente afetado(a) ou ofendido(a) pela perseguio ( ) sente-se mal, discriminado(a) ou humilhado(a)( ) ignora o que acontece

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I12 13

    PERIGO! Se trata de bullying.

    ATENO! Ainda que no seja bullying, isso pode magoar algum.

    CORRETO. Agir dessa maneira ajuda na boa convivncia com os outros.

    Indique uma cor do semforo para cada frase do quadro.

    COR SITUAO

    Ajudar um colega ou uma colega quando perde algo.

    Dar ateno a um colega somente quando jogam futebol, porque ele um bom jogador.

    Pr apelidos e rir de um colega todos os dias.

    Convidar um colega para brincar, mesmo que no seja meu amigo ou amiga.

    Inventar mentiras sobre outra pessoa e divulg-las na Internet.

    Escutar e ter considerao pelo que os outros dizem.

    No ajudar um colega com a tarefa, porque no tem tempo hoje.

    Participar da perseguio quando agridem um colega ou uma colega.

    Proibir um(a) colega de participar das brincadeiras sempre que ele ou ela pede para brincar.

    AS CORES DO SEMFORO NOS DIZEM ALGO. O VERMELHO PERIGO; O AMARELO, ATENO; O VERDE, PERMISSO. VAMOS USAR ESSE CDIGO PARA O BULLYING.

    Atividade 2: ATENO AO SEMFORO

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIA 15ENSINO FUNDAMENTAL I14

    Alm disso, esses comentrios podem permanecer na Internet durante toda a sua vida. Por isso, importante que, se acontecer algo assim, voc busque ajuda e conte o que est acontecendo a um adulto de confiana.

    O bullying pela Internet muito diferente do que se faz cara a cara, porque as mensagens podem ser enviadas a qualquer momento do dia, de qualquer lugar e compartilhadas com muitas pessoas ao mesmo tempo, inclusive de forma annima (isto , quando no se sabe quem est magoando voc, porque a pessoa no se identifica em suas mensagens).

    Importante: nunca use as tecnologias para agredir. Se acontecer algo ruim na Internet ou se voc souber de algum colega que est sofrendo cyberbullying, avise sempre seu pai, sua me ou um adulto de confiana.

    Alguma vez voc prejudicou ou foi prejudicado por uma mensagem de texto em seu celular ou na Internet? Voc conhece colegas que passaram por essa situao?

    Voc acredita que ofender algum cara a cara ou usando tecnologia igual? Por qu?

    E O QUE CYBERBULLYING?

    O cyberbullying tambm magoar ou maltratar outra pessoa, mas usando para isso as tecnologias de comunicao, como o celular ou Internet (Facebook, Twitter, Orkut e outras redes sociais).

    Pode ser que a colega ou o colega que magoado(a) receba mensagens de texto com insultos ou caoadas, comentrios falsos por e-mail ou pelas redes sociais ou, ainda, que algum publique uma foto ou vdeo que o(a) deixe com vergonha.

    importante lembrar que as redes sociais no so permitidas para meninos e meninas menores de 13 anos. Isso quer dizer que as coisas que acontecem nas redes sociais, os comentrios, os vdeos, as fotos podem ser inapropriados para algum da sua idade. Nesses sites, no existem controles suficientes para cuidar de meninos e meninas. As redes sociais tm polticas de proteo, porm, nem sempre elas podem ser cumpridas risca.

    Por isso, com a ajuda de um adulto de confiana, voc deve aprender como se proteger e quais medidas tomar se ocorrer o cyberbullying.

    PARA PENSAR

    COMO SE PRODUZ O CYBERBULLYING?

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I 1716

    POR QUE O BULLYING UM PROBLEMA?

    Nestes quadros esto descritos alguns sentimentos ou comportamentos que podem afetar cada um e cada uma. Escolha um de cada quadro e faa um desenho para represent-lo.

    SEU DESENHO

    QUEM SOFRE A PERSEGUIO

    O que perseguido ou ameaado, o que persegue e tambm os que assistem a essa situao, especialmente se eles ou elas no sabem o que fazer a respeito ou tm medo de que os persigam, se tentarem impedir.

    Muitas vezes no tem vontade de ir escola. Geralmente se sente triste. Pode ter pesadelos e no dormir bem. Pode sentir medo. Pode sentir vergonha. Pode tirar notas baixas na escola. Talvez se sinta sozinho ou sozinha. Pode sentir que precisa de ajuda. Pode no saber como pedir ajuda. Pode sentir raiva ou dio. Pode comear a comer demais ou, ao contrrio, muito

    pouquinho.

    O bullying um problema porque traz incmodo e prejuzos para todos os que participam, no somente para quem agredido.

    Todos os meninos e meninas que fazem parte desse problema se sentem mal.

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I18 19

    SEU DESENHOSEU DESENHO

    QUEM PERSEGUE QUEM TESTEMUNHA

    Pode tirar notas baixas na escola. Pode se mostrar agressivo(a). Pode provocar medo nos demais. Pode se sentir sozinho(a) ou estar atravessando

    algum problema que no sabe como resolver e, por isso, s vezes, utiliza a violncia.

    Talvez no saiba se comunicar de outra maneira com os demais.

    Pode precisar de ajuda e no sabe como pedir.

    Sente medo de tambm ser agredido.

    Pode sentir culpa por no intervir para mudar a situao.

    Pode acreditar que a violncia a forma de conseguir o que se quer.

    Sente-se afetado ainda que no demonstre.

    No tem vontade de assistir s aulas ou ir escola.

    Pode pensar que a violncia que observa algo normal.

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I 2120

    TODOS E TODAS SOMOS DIFERENTES, E TODOS E TODAS TEMOS DIREITOS IGUAIS

    Qualquer coisa pode servir como desculpa para incomodar/perseguir outra pessoa ou zoar dela. Pode ser porque no usam a roupa da moda ou por sua cor de pele. Pode ser porque esto acima do peso, usam culos ou porque so muito estudiosos e tiram boas notas.

    A verdade que os meninos e meninas que magoam, perseguem ou ameaam outros e outras no necessitam muito para se inspirar se tm a inteno de ferir ou deixar de lado algum de seu crculo de amigos ou amigas. Porm, precisam saber que isso se chama discriminar.

    E, mesmo que voc ainda seja criana, deve aprender que no tem o direito de discriminar os outros, porque todos ns temos o compromisso de respeitar os direitos dos demais.

    E sabe de uma coisa? Os meninos e as meninas tm direito de no serem discriminados. Isso to importante que est escrito em um documento internacional, que se chama Conveno sobre os Direitos da Criana.

    No existe nenhuma razo que justifique a discriminao de outra pessoa.

    No importa se voc alto ou baixo, magra ou gorda, mexicano ou boliviano, muulmano, catlico ou judeu. No importa se tem alguma deficincia, se sua me e seu pai esto ou no separados. No importa se seu pai est preso, se rico ou pobre, se fala bem o portugus ou no. No importa se voc menino ou menina, se gosta ou no de esportes, se gosta de usar maquiagem ou nada disso.

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I 2322

    Verifique se as suas respostas foram corretas: O bullying uma brincadeira entre meninos e meninas. F

    Se voc vtima de bullying, pode sentir medo, tristeza e no ter vontade de ir escola. V

    Se voc diferente dos demais, merece sofrer bullying. F

    Se agridem voc, por sua culpa. F

    Ser agredido algo normal que acontece com todos os meninos e meninas. F

    O bullying afeta quem perseguido(a), quem persegue e os colegas que observam o que acontece. V

    V ou F

    O bullying uma brincadeira entre meninos e meninas.

    Se voc vtima de bullying, pode sentir medo, tristeza e no ter vontade de ir escola.

    Se voc diferente dos demais, merece sofrer bullying.

    Se agridem voc, por sua culpa.

    Ser agredido algo normal que acontece com todos os meninos e meninas.

    O bullying afeta quem perseguido(a), quem persegue e os colegas que observam o que acontece.

    Atividade 3: VERDADEIRO OU FALSO?

    Leia as frases e decida quais so verdadeiras (V) e quais so falsas (F). Explique o porqu no caso das falsas.

    Agora invente cinco frases para que outro colega adivinhe se so verdadeiras ou falsas.

    Use a sua imaginao e seus conhecimentos sobre o bullying!

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I 25

    O QUE DEVO FAZER DIANTE DO BULLYING?

    24

    Diga no! Junto com seus colegas, pea ao agressor ou agressora que pare de perseguir.

    Tente controlar seu medo ou raiva. O que persegue ou intimida gosta de ver o efeito que causa em outras pessoas. Tente no ficar com raiva e recorra aos adultos que podem ajudar.

    Se alguma vez praticou bullying, pense como se sentiu e como se sentiu o outro menino ou menina. Busque ajuda se no sabe como deter o problema.

    Seja solidrio. Dizer palavras amveis ao menino ou menina que sofre bullying far com que se sinta melhor. Um gesto to simples faz a diferena. Tente algo como: Sinto muito pelo que aconteceu. Deixe o colega saber que bullying inaceitvel, que ele ou ela no deve se culpar por isso. Melhor ainda, convide esse menino ou menina para ser seu amigo. Pense que o menino ou menina que vtima de bullying deve se sentir mal e precisa da sua ajuda.

    Junte-se a uma campanha de preveno ao bullying em sua escola. Proponha aos seus professores falar do tema, criar regras para conviver melhor com o grupo, fazer reunies que tratem e resolvam problemas de assdio na escola.

    No responda ao bullying da mesma forma. Reagir com violncia gera mais violncia, o que far com que a situao piore.

    Se esto perseguindo voc ou se sente que esto fazendo bullying, ou ainda, se testemunha de um ataque contra outros colegas, amigos ou amigas, h vrias coisas que voc pode fazer para fre-lo. O melhor no ficar calado.

    Converse com um adulto de confiana. Voc deve contar para algum, seu pai e sua me, para um professor(a) ou outro adulto de confiana que possa intervir. Lembre-se: pedir ajuda no acusar ou dedurar, ajudar algum.

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I 2726

    ATIVIDADE 4: OS SINS E OS NOS SOBRE O BULLYING

    Escreva SIM ou NO ao lado de cada situao, de acordo com o que voc considera que possa deter ou no o bullying.

    SITUAES

    O QUE EST ACONTECENDO? POSSO AJUD-LO?

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I28 29

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I30 31

    SITUAO SOLUO

    Una com flechas cada situao sua soluo.

    ATIVIDADE 5: ENCONTREI A SOLUO!

    Voc tem outras solues para essas situaes?

    Verifique se as suas respostas foram corretas:

    Felipe viu como um garoto maior perseguia Joo. / Aproximou-se de seu amigo para encoraj-lo e acompanh-lo a falar com um professor.Desde que comearam as aulas, um grupo de colegas zomba de Paula. / Falou com seus pais, professores e professoras.Na escola de Mariana, um grupo de colegas sempre deixa uma menina de lado, porque ela muito tmida. Nunca a deixam brincar e zoam dela com frequncia. / O 5 ano organizou uma campanha com cartazes e mensagens para informar sobre o bullying.Daniela recebe agresses pela Internet, vdeos que a fazem sentir envergonhada, insultos e zoaes.Tambm espalham boatos maldosos sobre ela. / Eliminou os contatos que a agridem e falou com seu pai e sua me sobre o assunto.

    Felipe viu como um menino maior perseguia Joo.

    Desde que comearam as aulas, um grupo de colegas zomba de Paula.

    Na escola de Mariana, um grupo de colegas sempre deixa uma menina de lado, porque ela muito tmida. Nunca a deixam brincar e zoam dela com frequncia.

    Daniela recebe agresses pela Internet, vdeos que a fazem sentir envergonhada, insultos e zoaes. Tambm espalham boatos maldosos sobre ela.

    O 5 ano organizou uma campanha com cartazes e mensagens para informar sobre o bullying.

    Eliminou aqueles contatos que a agridem e falou com seu pai e sua me sobre o assunto.

    Falou com seus pais, professores e professoras.

    Aproximou-se de seu amigo para encoraj-lo e acompanh-lo a falar com um professor.

  • ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I 3332

    1- O bullying :a)Um passatempo.b)Algo normal que acontece enquanto crescemos.c)Um abuso e causa dor.d)Uma brincadeira.

    2- Quais so algumas das consequncias do bullying? Marque todas as que correspondem.a)Sentir medo.b)Abandonar a escola.c)Tirar notas baixas.d)No tem consequncias.

    3- Quem afetado pelo bullying? Marque todas as que correspondem.a) Meninos e meninas que sofrem o bullying.b) Meninos e meninas que o assistem (as testemunhas). c) Os que atacam.d) Todos e todas.

    4- O que posso fazer para deter o bullying? Marque todas as que correspondem.a) Ficar calado e olhar para o outro lado.b) Junto com meus colegas pedir ao agressor que pare.c) Contar ao professor ou professora ou a algum adulto

    da escola.d) Dizer ao meu pai ou minha me.e) Ajudar a criar ou fortalecer o programa antibullying da

    minha escola.

    Verifique se as suas respostas foram corretas: 1-c; 2-a, b, c; 3-a, b, c, d; 4- b, c, d, e.

    ATIVIDADE 6: DESCUBRA O QUANTO VOC SABE SOBRE BULLYING (de CHEGA DE BULLYING chegadebullying.com.br)

    ENTRE TODOS E TODAS DIZEMOS CHEGA DE BULLYING

    Desenho do contorno de uma mo.

    No desenho da mo, escrever esta mensagem: Apoie quem vtima de bullying. Diga que ele ou ela no culpado(a).

    Desenho de muitas mos com vrias mensagens diferentes: Chega de bullying, no fique calado. No guarde segredos que fazem mal a voc. Quebre o silncio, diga no ao bullying.

    PASSO 1 PASSO 2 PASSO 3

    Propomos esta campanha em trs passos:

    Para ter uma escola livre de bullying, onde haja um ambiente saudvel e boa convivncia, uma grande ideia organizar com seus colegas uma campanha de preveno ao bullying.

  • ESCUELA PRIMARIAENSINO FUNDAMENTAL I 3534

    1. Desenhar o contorno de sua mo em uma folha de papel e recort-lo.2. Escrever em cada contorno recortado uma mensagem que sirva para deter o bullying.

    3. Todos e todas devem colar os desenhos com mensagens em uma cartolina ou na porta da escola, e assim difundir a mensagem de preveno.

    Depois de tudo o que aprendeu, voc certamente deve ter notado que o bullying traz problemas e aborrecimentos para todos os envolvidos e pode virar um pesadelo.

    A campanha CHEGA DE BULLYING prope que voc assine este compromisso de preveno ao bullying. Leve-o sua escola para que seus colegas tambm assinem e colaborem para o fim do bullying no ambiente escolar. Convencer toda a comunidade escolar a assumir o compromisso significa ser Escola 100% Comprometida e merecedora de um reconhecimento por parte do Cartoon Network e dos demais parceiros desta campanha.

    SUA CAMPANHA PASSO A PASSO

    Todos os participantes da campanha devem:

    No ficarei calado Vou dizer algo quando vir crianas humilhando ou machucando outras. Eu vou falar sobre bullying com os meus amigos e com os adultos que me rodeiam. Vou mostrar para todo mundo que acho que maltratar os outros est errado.

    Serei um defensor Vou ajudar todos aqueles que possam precisar do meu apoio, e no apenas os meus amigos prximos. No ficarei calado quando algum estiver sendo maltratado.

    ASSINATURA:

    NOME:

    DATA:

    Eu posso deter o abuso tomando algumas atitudes especficas. Aqui est o meu compromisso:

    Serei um exemplo Serei um modelo a seguir todos os dias, mostrarei que podemos conviver bem na minha escola, resolvendo conflitos pacificamente. No vou maltratar ou excluir ningum, espalhar fofocas, seja pessoalmente, pelo celular ou computador.

    Prevenir o bullying comea comigo. Ao assumir este compromisso posso mudar a minha vida e a de outra pessoa para melhor. Vou encaminhar esta mensagem para os meus amigos e familiares, e aumentar o nmero de pessoas dispostas a dizer: chega de bullying. No vou ficar calado.

    COMPROMISSO CHEGA DE BULLYING

    Para assinar este compromisso online, acesse chegadebullying.com.br

    ESTUDANTES

  • ENSINO FUNDAMENTAL I 37ESTUDANTES36

    QUE JUNTOS PODEMOS DIZER CHEGA DE BULLYING.

    Que ser diferente dos demais no motivo para que zoem de voc ou o atormentem.

    Que muito importante nunca usar as tecnologias de comunicao para agredir e que sempre deve avisar seu pai, sua me ou algum adulto se acontecer algo ruim na Internet.

    Que todos temos direito a no ser discriminados e temos a obrigao de respeitar os direitos dos demais.

    Que importante pedir ajuda aos adultos de confiana se voc vtima de bullying, se est intimidando algum e no sabe como parar, ou se presencia uma situao de bullying contra outra pessoa.

    Que o bullying se produz quando um menino, uma menina ou um grupo perseguem algum com a inteno de faz-lo(a) se sentir mal, de forma frequente.

    Que o bullying um problema que afeta muitos meninos e meninas.

    Nesta apostila aprendemos: NOTAS:

  • 3938 ENSINO FUNDAMENTAL I

    NOTAS:

    ESTUDANTES

    Health Resources and Services Administration. El alcance y el impacto de los actos de molestar e intimidar.U.S.Department of Health & Human Services emwww.StopBullying.gov. Health Resources and Services Administration.Los actos de molestia e intimidacin (bullying) en nios pequeos.U.S.Department of Health & Human Services emwww.StopBullying.gov. Health Resources and Services Administration. Nios que molestan o intimidan.U.S.Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. Health Resources and Services Administration.Qu debo hacer si me molestan o intimidan.U.S.Department of Health & Human Services emwww.StopBullying.gov. Health Resources and Services Administration. Qu sabemos sobre los actos de molestar o intimidar (bullying).U.S.Department of Health & Human Services emwww.StopBullying.gov. Health Resources and Services Administration. Cmo intervenir para detener los actos de molestia o intimidacin (bullying): consejos para la intervencin inmediata en la escuela.U.S.Department of Health & Human Services emwww.StopBullying.gov. Abente Pfannl, Daisy,Lesme Romero,Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodrguez Leith, Margarita,Zeren Reyes, Yasmina.Manual didctico para la prevencin e intervencin del acoso escolar. Assuno,Secretaria da Infncia e Planejamento do Ministrio da Educao do Paraguai, 2010. Abente Pfannl, Daisy,Lesme Romero,Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodrguez Leith, Margarita,Zeren Reyes, Yasmina.Gua de actividades para la prevencin e intervencin del acoso escolar. Segundo ciclo. Assuno,Secretaria da Infncia e Planejamento do Ministrio da Educao do Paraguai, 2010. Abente Pfannl, Daisy,Lesme Romero,Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodrguez Leith, Margarita,Zeren Reyes, Yasmina. Gua de actividades para la prevencin e intervencin del acoso escolar. Primer ciclo. Assuno,Secretaria da Infncia e Planejamento do Ministrio da Educao do Paraguai, 2010. Educacin, Redes y Rehiletes, Associao Civil. Somos una comunidad educativa: hagamos equipo. Una propuesta de intervencin integral educativa contra el bullying.Cidade do Mxico, UNICEF, 2011. Cartoon Network. Chega de bullying, no fique calado, emwww.chegadebullying.com.br Plan Internacional. Aprender sem medo, em http://plan.org.br/index.html

    REFERNCIAS:

  • Coordenao de contedo: Plan Internacional e Cartoon Network

    chegadebullying.com.br

  • APOSTILA 2

    docentes doensino fundamental I

    INFORMAES E ATIVIDADES

  • 32 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    DO QUE SE TRATA O CHEGA DE BULLYING?

    EDUCAR PARA UMA BOA CONVIVNCIA

    Estas pginas so destinadas aos docentes de escolas do ensino fundamental I, porque so eles que acompanham diariamente os meninos e as meninas, que melhor os conhecem e procuram seu bem-estar desde a infncia.

    grande o papel da escola em detectar e deter o bullying. No um problema simples, envolve toda a comunidade escolar (estudantes, docentes, familiares) e requer informaes para abord-lo profundamente.

    Trabalhar o tema a partir da perspectiva de melhorar a convivncia na escola permite avanar no fortalecimento da cultura democrtica. Abordar a noo do outro ou da outra como semelhante implica o reconhecimento das diferenas e, ao mesmo tempo, a afirmao da sua condio de igualdade de direitos.

    Para acabar com o bullying necessrio se informar e no ficar calado. Se os meninos e meninas conversarem com seus pais, mes, educadores e outros adultos de confiana, possvel acabar com o bullying. Mas so necessrios um plano de ao, debates construtivos, um pouco de coragem e muitos conselhos prticos para fazer frente a esse problema.

    Se os docentes no ficarem calados e abordarem o tema em suas aulas, pode-se fazer das escolas lugares onde meninos e meninas aprendam e desfrutem de um ambiente seguro.

    Assim, o respeito mtuo se tornar uma norma de convivncia vlida para toda a comunidade.

    As informaes contidas nesta apostila sero apenas o ponto de partida para saber o que o bullying. Sem dvida, conhecer o problema o primeiro passo para det-lo.

    Todos os meninos e meninas tm direito de viver sem ser vtimas de violncia. Docentes, meninos e meninas tm direito a escolas seguras, ao respeito mtuo e a que se assuma a responsabilidade de proteger a todos.

    Trabalhar em uma escola onde existe dilogo, incluso, espao para a resoluo de conflitos e onde so firmadas diretrizes para regras de convivncia, com a participao dos e das estudantes, diminui visivelmente a violncia na escola e os conflitos entre pares (estudantes).

    Uma vez que no contexto escolar surge uma diversidade significativa de conflitos, que podem resultar em problemas srios, considera-se que os enfoques preventivos na escola constituam uma via privilegiada para transformar essas situaes de forma positiva e conseguir uma convivncia escolar harmnica. Isto , um ambiente confortvel para aprender e ensinar.

  • 54 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    Uma escola que se interessa pela sua comunidade necessita trabalhar diariamente os conflitos emergentes. preciso que possa v-los, escut-los, reconhec-los e, sobretudo, dar-lhes espao, abrir-lhes as portas. Negar os conflitos, ocult-los ou ignor-los no detm a violncia; ao contrrio, leva a sua potencializao, naturalizao e legitimao.

    Lidar com a violncia e com os problemas que surgem dela implica assumir um desafio. H de ser capaz de propor ferramentas que permitam considerar as situaes sob vrias perspectivas, como a poca/tempo, as condies sociais e emocionais dos meninos e meninas, os vnculos familiares e os envolvimentos na instituio escolar, seja entre pares ou adultos.

    Os docentes devem ajudar a resolver conflitos, desenvol-vendo nos meninos e nas meninas aspectos relacionados empatia, compaixo, compreenso, comunicao e ao res-peito pelo outro. trabalho dos adultos formar as crianas, oferecendo-lhes recursos para que se sintam seguras.

    Alm disso, as escolas devem promover a valorizao da diversidade. Isto , reconhecer todos e todas, no s os que se sobressaiam nos esportes, nas artes ou estudantes de destaque em alguma rea. No se deve promover somente uma maneira de ser e de agir. Todos e todas as estudantes tm valor.

    agredir ou humilhar outra pessoa. Outras formas de fazer bullying so insultar, espalhar boatos, ferir fsica ou emocionalmente e ignorar algum.

    O bullying pode ocorrer pelo celular, pessoalmente, por escrito, na escola, no bairro, em algum meio de transporte ou em outros espaos onde os estudantes se encontrem com frequncia, como as redes sociais. Seja onde for, o bullying no deve ser permitido, inaceitvel.

    O bullying um problema grave que afeta milhes de meninos e meninas sem importar de onde so, nem de onde vm. Quando esse problema acontece nas escolas, deve ser resolvido o quanto antes.

    Os que praticam bullying perseguem meninos e meninas mais vulnerveis. Escolhem aqueles e aquelas que so diferentes, porque no usam roupas da moda, porque fazem parte de uma minoria social ou racial, porque esto em desenvolvimento e parecem desajeitados com o corpo, porque esto acima do peso ou tm algum trao fsico caracterstico (como orelhas ou nariz grandes), porque apresentam uma deficincia ou porque so mais estudiosos ou muito tmidos.

    Os meninos e meninas que praticam bullying no precisam de muito para se inspirar se tm a inteno de ferir, humilhar ou excluir algum de seu crculo de amigos ou amigas. O bullying no afeta somente os meninos e meninas que so atacados, mas tambm prejudica as testemunhas prximas, especialmente se eles e elas no sabem o que fazer a respeito.

    Na maioria dos casos, a vtima de assdio permanece calada perante o abuso a que est sendo submetida. Essa situao intimidadora produz angstia, dor e medo.

    o que BULLYING?

  • 76 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    Nesta apostila, aplicamos a palavra vtima para descrever um(a) estudante que est sendo intimidado(a). Porm, no a usamos como uma con-dio em si, mas como um comportamento tempo-ral. Essa palavra de uso comum, nas conversas cotidianas, nos meios de comunicao e, inclusive, para a lei. No entanto, ela no nos convence, j que frequentemente d a ideia de passividade ou debi-lidade. No assim que vemos os meninos e meni-nas que so intimidados. Pelo contrrio, so jovens ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e que tm toda possibilidade de mudana. Da mesma maneira, usamos o termo agressora(a) para nos referir a um comportamento e no a uma condio permanente.

    Sabemos que, s vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres invisveis. Portanto, em muitos casos, usamos meninos e meninas em vez de apenas crianas, e mes e pais no lugar de pais. No entanto, preferimos no recorrer a formulaes como assediado(a) ou professor(a) de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difcil, especialmente para as crianas.

    importante distinguir as situaes de abuso que podemos enquadrar no bullying de outras manifestaes agressivas espordicas, que no so propriamente bullying, como as habituais zoaes, as brincadeiras brutas, grosserias ou brigas que, muitas vezes, ocorrem entre colegas no mbito escolar.

    Deve-se observar que frequente nas relaes entre pares o surgimento de divergncias que geram conflitos e maus-tratos entre eles e elas, sem que devam ser con-siderados situaes de abuso/intimidao propriamente ditas. As brigas, os problemas entre colegas ou entre amigos, o uso de palavres ou vocabulrio inapropriado so frequentes em todas as populaes de meninos e meninas. Desde cedo, tais hbitos merecem ser trata-dos na escola, dando uma resposta apropriada que no naturalize essas formas de relao.

    Porm, se esses cenrios no so resolvidos adequada-mente, podero evoluir para situaes de assdio constante.

    Outra distino importante a que ocorre em situaes de conflito intragrupal, em que um ou mais estudantes se desafiam ou se enfrentam em lutas/brigas, a fim de resolver seus conflitos ou para estabelecer o poder de uma pessoa sobre as demais ou de um grupo sobre outro.

    A LINGUAGEM QUE USAMOS

    TODA AGRESSO BULLYING?

    O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com frequncia e sempre existe a inteno de magoar ou humilhar quem o sofre, gratuitamente. O bullying afeta toda a comunidade escolar e no piada ou brincadeira. inaceitvel.

  • 98 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    O que distingue essas situaes do bullying a igualdade de condies, fsicas ou psicolgicas, entre os grupos em disputa.

    Ainda que diferentes, sem dvida, as duas formas de violncia requerem ateno e interveno imediata e apropriada dos e das docentes.

    Para facilitar a distino das situaes de assdio daquelas que no so, oferecemos uma lista de algumas das caractersticas que devem estar presentes para que uma situao seja definida como bullying:

    Intencionalidade na agresso, seja fsica, verbal ou virtual.

    Desequilbrio de poder entre o assediado ou a assediada e o assediador ou a assediadora (em que o ltimo mais forte que o primeiro, seja essa diferena real ou subjetiva, percebida por um(a) deles(as) ou por ambos). A desigualdade de poder pode ser de ordem fsica, psicolgica ou social, gerando um desequilbrio de fora nas relaes interpessoais.

    Repetio da agresso ao longo de um tempo e de forma constante contra a mesma vtima e sem motivo algum.

    O assdio escolar envolve uma srie de consequncias negativas, no somente para quem assediado(a), mas tambm para o(a) assediador(a) e para as testemunhas do fato. No bullying h trs partes envolvidas. O agredido a parte mais prejudicada do processo. Alm disso, h as testemunhas e o que assedia, que so fundamentais para a compreenso do problema.

    aquele menino ou menina alvo de comportamentos ofen-sivos ou de intimidao constante. Pode exibir sinais de:

    O que assediado:

    TODOS E TODAS SO AFETADOS

    No assdio escolar ou bullying h uma desigualdade entre o(s) assediador(es) e o assediado, que no encontra uma maneira de se defender e se submete ao poder da outra parte.

    Baixa autoestima ou autoimagen negativa. Queda em seu rendimento acadmico. Sensaes de medo.Fobia e absentesmo escolar. Pesadelos e insnia. Depresso e ansiedade. Desconfiana nas relaes sociais e na soluo pacfica dos conflitos.Desconfiana nos adultos e nas adultas por sua interveno inadequada. Sentimentos de vingana. Naturalizao da agresso, humilhao, desvalorizao e discriminao.Impotncia ante a falta de ajuda e respostas.Mudana nos padres alimentares (comer em excesso ou muito pouco).

  • 1110 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    So aqueles meninos e meninas que fazem parte do grupo em que se desenvolve o assdio. No participam diretamente da agresso, mas observam e, s vezes, atuam passivamente diante da mesma, porque respondem com um silncio complacente. Em algumas ocasies, atuam adequadamente e querem deter o bullying, porm, muitas vezes no sabem como faz-lo ou a quem pedir ajuda. Em alguns casos, podem chegar a participar das agresses. Este grupo pode sofrer consequncias como:

    quem deliberadamente faz uso da fora para assediar outro ou outra, normalmente perante o olhar dos demais colegas. Assim, sente-se poderoso perante os demais, porm tentando esconder seu comportamento na frente dos docentes e outros adultos. Esse tipo de conduta pode estar refletindo necessidades afetivas, conflitos familiares ou problemas no resolvidos adequadamente.

    Isso pode lev-lo(a) a:

    importante levar em considerao que o bullying escolar envolve tanto os meninos quanto as meninas, porm com formas de se manifestar diferentes. As meninas so mais propensas agresso verbal, enquanto os meninos so mais inclinados s agresses fsicas. Alm disso, as meninas podem ser frequentemente agredidas pela difuso de rumores que as convertem em alvos de comentrios sexuais. Por trs de muitas dessas situaes, se reconhecem concepes machistas, que parecem ter uma relao direta ou indireta com a violncia ou o exerccio errado do poder. Todas as formas de bullying causam danos significativos.

    Testemunhas:

    O que assedia:

    Aprender a obter o que quer de forma distorcida.

    Ver afetado seu desempenho acadmico.

    Adquirir atitude precursora de uma futura conduta delituosa.

    Alcanar reconhecimento social e status dentro do grupo baseado no poder e na violncia.

    Transferir essas condutas a outros mbitos.

    Naturalizar as atitudes violentas, discriminatrias e de desvalorizao do outro ou da outra.

    Aprofundar problemas afetivos ou sociais no solucionados adequadamente.

    DIFERENTE ENTRE MENINOS E MENINAS?

    Sentir medo de que acontea o mesmo com eles ou elas.No querer ir escola.Queda em seu rendimento acadmico. Adquirir uma aprendizagem deficiente sobre como se comportar diante de situaes injustas.Ficar expostos a modelos inadequados de atuao.Naturalizar a discriminao, a desvalorizao e o sofrimento de outros meninos e meninas.

    Desconfiar dos adultos por sua interveno inadequada.

  • 1312 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    COMO INTERVIR? CONSELHOS PRTICOS PARA OS DOCENTES

    O QUE O CYBERBULLYING?

    Esta seo prope aos docentes trabalhar com os alunos na construo de valores de convivncia e ambientes escolares cooperativos, onde os conflitos possam ser tratados e resolvidos de forma construtiva. Porque no se trata somente de pr a violncia no centro do debate, mas tambm de aprender novas formas de convivncia para o exerccio de uma cidadania responsvel em um ambiente escolar democrtico, inclusivo e equitativo.

    As habilidades para conseguir uma boa convivncia no podem ser inculcadas aos meninos e s meninas por imposio, devem ser transmitidas como um modo de vida, uma forma de se comportar, de estar com o outro. Trabalhar com esse enfoque desde as primeiras sries ajuda meninos e meninas a aprender desde pequenos a reagir intolerncia e provocao, a controlar a raiva, a ser geradores de propostas e buscar solues pacficas. Em resumo, a ser capazes de reconhecer as consequncias negativas e destrutivas da violncia e do abuso, tanto para eles e elas quanto para os demais.

    Cada escola deve decidir como atuar ao detectar uma situao de bullying. O primeiro passo proteger o estudante que est sendo agredido. O docente deve saber que existe uma grande diferena entre frear o bullying quando est nas fases iniciais e det-lo quando j leva um tempo instalado.

    O cyberbullying se produz quando a agresso e a intimidao a um(a) colega ocorrem por meio do uso da tecnologia e da Web (computadores, celu-lares e outros dispositivos eletrnicos).

    Como se produz? Pode ser com mensagens de texto cruis, divulgao de falsos boatos ou menti-ras por e-mail ou nas redes sociais, publicao de vdeos constrangedores para o assediado e cria-o de perfis falsos nas redes sociais ou sites des-tinados a zombar de algum.

    O cyberbullying se expande viralmente pela Web e pode humilhar de uma maneira muito difcil de ser detida. Por isso, muito invasivo e danoso. As mensagens e as imagens podem ser enviadas pelo agressor(a) a qualquer momento do dia e de qualquer lugar (inclusive de forma annima), e po-dem ser compartilhadas com muita gente. Dessa maneira, a vtima est exposta a receber agresses o tempo todo, mesmo estando em sua prpria casa. Alm disso, as agresses permanecem na Internet durante muito tempo, podendo afetar o menino ou menina em longo prazo.

  • 1514 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    A SEGUIR, MENCIONAMOS ALGUNS CONSELHOS PRTICOS PARA DETER O BULLYING:

    Escute seus alunos e alunas. Leve a srio tudo o que dizem sobre o bullying, especialmente se informam sobre casos concretos que ocorrem no centro educativo (ou fora dele) e envolvem seus estudantes. D ateno a cada caso particular e adote aes corretivas para impedir a situao. Use sua autoridade como docente para exigir o fim das hostilidades contra qualquer menino e menina.

    Se presenciar uma situao de assdio, detenha ime-diatamente a agresso. Coloque-se entre o menino, a menina ou o grupo de crianas que perseguem ou intimidam, e aqueles que foram perseguidos ou intimi-dados. De preferncia, procure bloquear o contato visual entre eles. No afaste nenhum menino ou meni-na, especialmente as testemunhas. No pergunte de imediato, no discuta sobre o motivo da agresso, nem trate de descobrir os fatos.

    Fale sobre as consequncias negativas de agredir ou intimidar e das regras de convivncia da escola. Use um tom natural para descrever quais comporta-mentos voc viu/ouviu. Deixe claro que assediar ou in-timidar inaceitvel e que vai contra as regras da esco-la. Ajude-os a refletir sobre suas atitudes e reconhecer o dano que provocam.

    Apoie a criana assediada ou intimidada para faz-la se sentir respaldada e a salvo das represlias. Ajude o menino ou a menina a encontrar manei-ras de pedir que no o incomodem mais e a procurar ajuda. Relate o que aconteceu aos demais docentes.

    O trabalho com o grupo deve almejar desmitificar quem exercita seu poder mediante a violncia. O meni-no ou menina que recorre violncia pode ter alguma necessidade no satisfeita. fundamental escut-lo e entend-lo para ento estabelecer limites por meio da empatia e da justia.

    Se considerar apropriado, imponha consequncias para os meninos e as meninas que perseguem ou intimidam outros. No exija que os meninos e meninas se desculpem ou que faam as pazes no calor do momento. Todos deveriam ter seu tempo para acalmar os nimos. Todas as consequncias devem ser lgicas e ligadas ofensa. fundamental que as consequncias sejam justas e que tenham como objetivo compreender e ajudar tanto quem sofre o bullying quanto quem o pratica. Pergunte aos agressores sobre o seu comportamento e oferea apoio para mudar as condutas nocivas. Certas medidas punitivas, como a suspenso ou a expulso, tendem a ser contraproducentes, porque os meninos e meninas ficam calados e no possvel trabalhar as causas psicossociais que motivam o comportamento dos que abusam ou dos que so abusados.

    Notifique os pais e as mes dos meninos e meninas envolvidos. aconselhvel tambm tratar o tema em reunies com mes e pais, a fim de gerar conscienti-zao sobre o problema e promover a aproximao entre famlias e escola. Os pais e mes devem sentir que a escola cuida de seus filhos e filhas, que escuta seus problemas e colabora com a famlia na educao. muito importante envolver os pais e mes. Embora em alguns casos tanto o(a) assediado(a) quanto o(a) que assedia possa chegar a receber ajuda teraputica formal, na maioria das vezes suficiente a participao de um orientador escolar que fornea apoio psicossocial informal.

    Inclua as testemunhas na conversa. Enfatize a importncia de pedir ajuda a um docente ou a outro adulto e d orientao sobre como poderiam intervir corretamente ou obter apoio da prxima vez. Deixe bem claro que pedir ajuda no ser delator. Pelo contrrio, ser solidrio. No pea s testemunhas que expliquem publicamente o que observaram.

  • 1716 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    importante dar espao ao assediado ou assediada para conversar com um adulto de confiana, em particular. Que o menino ou a menina possa explicar abertamente o que est ocorrendo. Pedir ao assediado que conte sua experincia diante dos outros pode ser contraproducente e at inibidor.

    O professor deve acompanhar tanto o menino ou a menina assediado(a) e tambm aqueles e aquelas que foram agressores. Todas as partes devem sentir que o docente est ciente da situao para garantir que a violncia no volte a ocorrer.

    necessrio que os problemas entre pares possam ser includos como parte do trabalho de convivncia na sala de aula. Dessa maneira, haver muitas oportunidades de transformar situaes negativas em outras positivas e favorecer uma convivncia escolar harmnica, um ambiente confortvel para aprender e ensinar.

    Intervir unicamente quando surge um conflito ou um processo de bullying constitui um grave erro. A preveno deve ser parte do programa escolar. As estratgias de preveno devem estar destinadas a fomentar habilidades emocionais e comunicativas para que os alunos aprendam a evitar conflitos e tambm a enfrent-los de maneira no violenta.

    Se o bullying detectado nas primeiras fases, docentes, pais e mes podem intervir a tempo de pr fim rapidamente aos episdios de violncia. Por outro lado, se descobrem um assdio de longa durao, desarticular o problema levar mais tempo.

    A SEGUIR, ALGUMAS PROPOSTAS PARA LEVAR EM CONSIDERAO:

    Proponha assembleias semanais. As trocas ou assembleias em sala de aula, programadas de forma regular, em que se reflete sobre o que aconteceu na semana, os conflitos grupais e as relaes, podem ajudar a reduzir atos de perseguio ou intimidao. Esses encontros participativos favorecem um clima positivo para a aprendizagem e as relaes sociais. Tambm facilitam a identificao e interveno do docente em situaes conflituosas. A interveno em sala de aula efetiva, porque alcana todos os meninos e meninas, vrios dos quais muitas vezes so testemunhas de atos de agresso ou intimidao. Tratar o grupo como um todo cria a sensao de comunidade, na qual todos se fazem responsveis por suas condutas, gerando laos solidrios e atitudes de empatia.

    Planeje dinmicas de trabalho grupais. O trabalho em grupos colaborativos pe em jogo uma dinmica diferente, na qual podem ser reveladas habilidades, talentos e potencialidades dos integrantes. A meta atingida somente se a totalidade do grupo participa, de maneira que importante ceder protagonismo (atribuir funo), escutar as opinies e contribuies do outro e solucionar tenses de forma criativa. Por meio da cooperao, os alunos e as alunas exercitam interdependncia positiva e alcanam um crescimento pessoal e social. A interveno docente na organizao de subgrupos e o trabalho com cada um fundamental, para favorecer a cooperao e mediar os conflitos prprios do trabalho com outros e outras.

    QUE TRABALHO PREVENTIVO PODEMOS FAZER EM SALA DE AULA?

  • 1918 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    Crie novas regras para a formao de grupos de trabalho, de maneira a favorecer a incluso e evitar que sempre os mesmos meninos e as mesmas meninas fiquem marginalizados. Pode-se variar os grupos semanalmente ou de acordo com os diferentes projetos e utilizar mltiplos critrios de agrupamento, por meio de jogos que permitam montar equipes de modo aleatrio.

    Trabalhe com obras literrias e filmes. As histrias so um convite permanente fantasia, ao jogo, brincadeira, imaginao. No entanto, sua funo cultural e seu valor pedaggico no se esgotam a. As histrias nos falam do amor ou do desamor, da amizade e da solido, da solidariedade e do egosmo, do respeito pelo outro e da discriminao. Assim, os filmes e as obras literrias constituem insumos privilegiados para falar e refletir sobre diferentes temas sociais.

    Inclua o jogo tanto nas atividades de aprendizagem quanto na abordagem da temtica do bullying especifi-camente. Os jogos so uma ferramenta de grande utilidade para o trabalho interno (autoconhecimento, ateno, cuidado, comunicao direta, superao de resistncia) e para facilitar o contato com o outro. Os jogos tambm visam desenvolver competncias, como o trabalho em equipe e as relaes sociais.

    Convide seus alunos e alunas a realizar campanhas de divulgao e preveno do bullying. Isso exigir que se informem, reflitam sobre o tema e elaborem mensagens para alcanar toda a sua comunidade. Os meninos

    e as meninas se sentiro muito mais comprometidos se abordarem algo que os afeta diretamente. Algumas campanhas podem ser realizadas com a confeco grupal de cartazes ou psteres para pendurar na escola, concursos de fotografia, mostras de arte, palestras para as crianas menores, publicaes em blog da escola ou em um blog criado para essa finalidade, entre outros.

    Inclua em suas aulas temas como a discriminao e direitos de meninos e meninas. importante que se possa form-los para a incluso, para reconhecer a igualdade e para aceitar e valorizar as diferenas.

    Mobilize todas as partes envolvidas na escola para criar um comit/comisso de convivncia integrado por docentes, alunos e alunas. necessrio que o tema seja abordado na escola de maneira integral e no somente em sala de aula. Assim, ser possvel elaborar um projeto escolar consistente, que envolva os docentes e estudantes, no qual se estabeleam regras e normas acordadas a partir do debate e troca de opinies.

    Valorize a diversidade. As escolas devem promover a valorizao da diversidade e reconhecer todos e todas, no s os que se sobressaiam nos esportes, nas artes ou os estudantes mais destacados. No se deve promover e premiar somente uma maneira de ser e de agir. Todos os meninos e meninas tm valor e devem ser reconhecidos por suas qualidades particulares.

  • 2120 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    ATIVIDADES E JOGOS/BRINCADEIRAS PARA A SALA DE AULATodas as atividades propostas podem ser realizadas em grupos de idades diferentes. Os ajustes so determinados pelo nvel de aprofundamento desejado em cada caso.

    Que os alunos e alunas possam:

    Reconhecer o bullying.Refletir sobre situaes de perseguio ou intimidao.Trabalhar em grupo.

    Divide-se a classe em grupos. Cada grupo recebe uma frase sobre o bullying, que pode ser a seguinte: Quando brigamos e nos agredimos fisicamente nos causamos dano, mas tambm causamos dano quando insultamos uma pessoa ou caoamos dela, ou quando no a deixamos brincar, a exclumos do grupo ou a deixamos sozinha. Tambm causamos dano quando falamos mal de algum pelas suas costas para que os demais no sejam seus amigos. Tudo isso maltratar.

    Os grupos devero representar um exemplo de bullying com uma imagem congelada.

    Como se faz uma fotografia grupal? Os elementos so os corpos e rostos dos e das participantes, que

    ATIVIDADE

    Desenvolvimento

    FOTOGRAFIA VIVA

    devero comunicar algo por meio de uma cena sem utilizar a palavra. O grupo deve concordar sobre o que apresentar aos demais e como. A cena deve transmitir os sentimentos vivenciados pelas pessoas que experimentam situaes de bullying.

    Cada grupo representar a fotografia que criou sem mencionar qual o exemplo de bullying escolhido. O desafio que os integrantes dos demais grupos identifiquem os exemplos. Assim que todos os grupos representarem sua fotografia, se compartilhar com os demais como conseguiram construir essa imagem.

    O docente considerar as contribuies de cada grupo para conceitualizar o tema e propor repen-sar os exemplos que no correspondem ao conceito. Levar em considerao que o bullying pode apre-sentar diferentes formas de agresso: fsica, verbal, psicolgica ou social. importante que essas des-cries apaream nos exemplos ou que o docente convide os grupos a pensar nas situaes que no foram representadas. Alm disso, deve reforar as caractersticas do bullying, como a repetio ao lon-go do tempo, o dano como resultado e a relao de assimetria por parte das pessoas envolvidas no con-flito, j que nem todas as agresses constituem por si mesmas um ato de bullying.

    Objetivos

    Que os alunos e alunas possam: Reconhecer os valores positivos em si mesmos e nos outros.Fortalecer laos grupais.

    Papel e lpis.

    ATIVIDADE

    Objetivos

    Materiais

    MENSAGENS POSITIVAS

  • 2322 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    O grupo formar uma roda. Cada aluno e aluna escrever seu nome em uma folha. Quando se d o sinal para comear, cada um passar a folha para a direita. Cada vez que um menino ou menina recebe uma folha, dever escrever uma mensagem positiva para esse menino ou menina. Ao completar a volta, cada menino ou menina poder ler na folha com seu nome todas as mensagens que ressaltaram seus aspectos positivos, seus feitos e receber assim o carinho de seus colegas.

    Desenvolvimento

    Cada menino ou menina receber dois cartes. Em um escrever algo positivo sobre si mesmo e no outro algo positivo sobre o companheiro ou companheira da direita.

    Variante do jogo

    Que os alunos e alunas possam: Cooperar com seus colegas para alcanar o objetivo.

    Manifestar atitudes solidrias.

    Resolver os conflitos prprios da atividade.

    Fortalecer os laos grupais.

    Mostrar empatia.

    Cinco envelopes.Cinco quebra-cabeas recortados em cerca de 10 peas.Cinco imagens dos quebra-cabeas completos.

    ATIVIDADE

    Objetivos

    Materiais

    QUEBRA-CABEAS

    Desenvolvimento

    A classe se dividir em cinco grupos. O docente entregar a cada grupo um envelope que conter as peas misturadas de cinco quebra-cabeas e a imagem completa de um deles. Quando o sinal dado, cada grupo dever montar o quebra-cabea que corresponde imagem recebida. Para mont-lo, seus integrantes tero que conseguir as peas que faltam e que esto nos envelopes dos outros grupos. O jogo termina quando todos os grupos montarem todos os quebra-cabeas. Durante o jogo no se pode falar nem se comunicar por escrito, no se pode tirar peas do outro grupo, mas permitido trocar e ceder peas. Ser interessante se o docente no avisar os meninos e meninas que as peas esto misturadas, para que eles lidem com o problema a resolver.

    Para finalizar, o docente propor uma socializao para discutir em grupo o que aconteceu durante o jogo a partir de perguntas como: Como se sentiram quando algum tinha uma pea que precisava e no lhe passaram? O que fizeram quando terminaram os quebra-cabeas? Prestaram ateno para ver o que os outros estavam precisando?

    Que os alunos e alunas possam:

    Cooperar com seus colegas para alcanar o objetivo.

    Manifestar atitudes solidrias.

    Resolver os conflitos prprios da atividade.

    ATIVIDADE

    Objetivos

    CUIDADO COM A GUA!

  • 2524 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    Corda ou banco comprido.Materiais

    O docente relatar uma pequena histria para introduzir o jogo. Contar aos meninos e meninas que o barco em que viajavam acaba de afundar e tiveram que subir em um tronco, que sua nica salvao para chegar costa. Eles devem se organizar em fila sobre uma corda, uma linha marcada no cho ou sobre um banco comprido. Os meninos e meninas devero se manter sobre essa linha e cumprir as regras que o docente dar. Se algum ou alguma cair ou desistir, todos e todas perdem.

    Algumas propostas possveis: Ordenar-se da esquerda para a direita, primeiro as meninas e depois os meninos.

    Do maior ao menor, segundo a altura.

    Do menor ao maior, segundo a data de nascimento.

    Em ordem alfabtica, segundo o nome.

    Do menor ao maior, segundo a quantidade de irmos e irms.

    Do maior ao menor, segundo a quantidade que somam as letras do nome e do sobrenome.

    Fortalecer os laos grupais.Organizar estratgias para resolver as propostas.

    Objetivos

    Ao terminar o jogo, o docente propor uma socializao para discutir em grupo o que aconteceu ao longo do jogo. Pedir a seus alunos e alunas que contem como se sentiram, se puderam se organizar, como o fizeram, que coisas dificultaram a realizao das propostas, se houve

    algum com mais protagonismo, algum que incomodou os demais, etc. Ser uma boa maneira de refletir sobre os vnculos.

    Que os alunos e alunas possam: Assumir como prprios os problemas de convivncia em sala de aula.

    Expressar e compartilhar sentimentos de desconforto e incmodos.

    Buscar, em equipe, solues para situaes individuais e grupais.

    ATIVIDADE

    Objetivos

    EU NO GOSTO DISTO

    Papel e lpis para cada aluno.

    Cartolina, canetas coloridas e outros materiais para fazer um cartaz ou pster.

    Materiais

    Desenvolvimento

    Cada aluno e aluna escrever em uma folha duas coisas que no gosta que lhe faam ou digam. Em pequenos grupos lero o escrito por cada um e conversaro para refletir sobre o exposto. O docente assistir a cada grupo, tratando de mediar e levar as situaes expostas a concluses positivas.

    Os meninos e meninas tero que escrever propostas de solues para essas situaes. Cada grupo ler

    Desenvolvimento

  • 2726 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    Que os alunos e alunas possam:

    Aceitar as diferenas.

    Reconhecer a igualdade.

    Objetos significativos que os alunos traro de suas casas (fotos, objetos, livros, brinquedos, etc.).

    ATIVIDADE

    Objetivos

    Materiais

    EU MUSEU

    Desenvolvimento

    Com o propsito de conhecer um pouco mais todos os colegas, o docente convidar os alunos a criar na sala de aula um Eu Museu feito com objetos pessoais que os alunos selecionaram em suas casas e levaram escola. Podem ser brinquedos preferidos, fotos da famlia e deles mesmos em diferentes idades e situaes de vida, livros, recordaes de seus lugares favoritos, CDs com suas msicas prediletas, etc. O passo seguinte cada aluno ou aluna preencher uma ficha do objeto para contar sua histria significativa.

    as concluses para toda a turma. Logo, analisaro as propostas e elegero aquelas que todo o grupo considere adequadas. A meta final da assembleia/reunio ser converter a concluso do debate em meta do ms para cumpri-la entre todos.

    Como fechamento da atividade, ser elaborado um cartaz, que ficar exposto na classe durante um ms, com a proposta positiva.

    Devero dedicar outra aula para avaliar em que medida puderam cumprir a meta.

    Para recordar

    O bullying um problema que afeta milhes de crianas e adolescentes. Tem consequncias para todos os envolvidos, tanto para aqueles que so perseguidos, incomodados ou intimidados quanto para aqueles que intimidam e tambm os que presenciam as situaes de assdio como testemunhas.

    possvel prevenir e atuar frente a esse problema, realizando uma parceria entre as escolas e a famlia, com o objetivo de cuidar, proteger e construir ferramentas para educar e evitar o bullying entre pares. Lidar com os problemas entre pares deve ser parte do trabalho de convivncia em sala de aula, j que se trata de contedo transversal a toda matria/disciplina formal. Dessa maneira, haver muitas oportunidades de transfor-mar situaes negativas em outras positivas, favorecer uma convivncia escolar harmnica e criar um ambiente confortvel para aprender e ensinar.

    Os objetos de todos sero dispostos em um espao comum e o grupo recorrer ao museu para conhecer o que importante a cada aluno e aluna. Podem-se formular perguntas e convidar cada um a contar os motivos que o levou a escolher esses objetos. Essa mostra pode ser concluda com uma galeria, feita em papel ou virtualmente, com o Eu Museu de cada integrante da classe.

    Pode-se concluir com uma reflexo sobre as semelhanas e as diferenas entre as escolhas dos integrantes do grupo.

  • 2928 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    Estabelecer uma comisso de convivncia na escola, composta por docentes, pais, mes e alunos, ajuda a levar adiante aes acordadas previamente. Isso permite atuar de maneira coerente dentro da instituio e envolver a comunidade no problema.

    Abrir o dilogo uma ferramenta fundamental que os adultos tm para ensinar as crianas e adolescentes a estabelecer relaes baseadas no respeito ao outro e outra e a valorizar as diferenas. Escutar os nossos alunos e acompanh-los na busca de solues est em nossas mos. isso que nos permitir deter o bullying.

    COMPROMISsO chega DE BULLYING PARA ADULTOS

    Propomos a voc assinar o seguinte compromisso para dizer CHEGA DE BULLYING! Compartilhe-o com outros docentes e com os gestores de sua escola para difundir a temtica e incentivar que ela seja trabalhada em sua escola.

    Convencer toda a comunidade escolar a assumir o com-promisso significa ser uma Escola 100% Comprometida, merecedora de reconhecimento por parte do Cartoon Network e dos demais parceiros desta campanha.

    O bullying no brincadeira de criana. Ele pode ter consequncias prejudiciais para elas, suas famlias e a comunidade. Como adulto, sei que posso ajudar de vrias formas. Este o meu compromisso:

    ASSINATURA:

    NOME:

    DATA:

    O bullying faz com que as crianas queiram ser invisveis. E ns podemos mostrar a elas, por meio de nossas aes, que as vemos, as escutamos e, o mais importante de tudo, que elas podem contar conosco para melhorar suas vidas. Assumir este compromisso o primeiro passo para for-mar uma comunidade que pensa: chega de bullying. No vou ficar calado.

    No ficarei calado. Reconheo que, como adulto, sou responsvel e devo assumir uma posio em relao ao problema, mesmo antes de ele atingir meus familiares e amigos. Vou mostrar a todos que ajo de maneira responsvel diante de uma situao de bullying, evitando combater a violncia com mais violncia.

    Serei um defensor. Vou defender as crianas que precisam de ajuda, tanto as minhas quanto outras que necessitem do meu apoio. Incentivarei a preven-o do bullying por meio da capacitao de toda a equipe da escola, para que todos conheam formas efetivas de proteger nossas crianas.

    Serei um exemplo. Tendo um comportamento exemplar, ajudarei as crianas a lidar com os con-flitos. Sei que posso fazer isso pacificamente, tan-to dentro da minha famlia quanto na escola e na minha comunidade.

    Serei um aliado. Vou me comprometer com as aes implementadas na minha escola. Trabalharei com pais e mes, educadores e outras pessoas que se esforam para acabar com o bullying, especialmente se souber que meu filho est envolvido.

    Para assinar este compromisso online, acesse chegadebullying.com.br

  • DOCENTES 31ENSINO FUNDAMENTAL I30

    NOTAS:NOTAS:

  • 3332 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I

    NOTAS: referncias

    Health Resources and Services Administration. El alcance y el impacto de los actos de molestar e intimidar. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBully-ing.gov.

    Health Resources and Services Administration. Los actos de molstia e intimidacin (bullying) en nios pequeos. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.

    Health Resources and Services Administration. Nios que molestan o intimidan. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.

    Health Resources and Services Administration. Qu sabemos sobre los actos de molestar o intimidar (bullying). U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.

    Health Resources and Services Administration. Cmo intervenir para detener los actos de molestia o intimidacin (bullying): consejos para la intervencin inmediata en la escuela. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.

    Abente Pfannl, Daisy,Lesme Romero,Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodrguez Leith, Margarita,Zeren Reyes,Yasmina. Manual didctico para la prevencin e intervencin del acoso escolar.Assuno,Secretaria da Infncia e Planejamento do Ministrio de Educao do Paraguai,2010.

    Educacin, Redes y Rehiletes, Associao Civil. Somos una comunidad educativa: hagamos equipo. Una proposta de intervencin integral educativa contra el bullying. Cidade do Mxico, UNICEF, 2011.

    Eljach, Sonia.Violencia escolar en Amrica Latina y el Caribe. Superficie y fondo. Panam, UNICEF, 2011.

    Associao Chicos.net.Manual de enfoque terico dentro doPrograma uso seguro y responsable de las tecnologas.Buenos Aires, fevereiro de 2011. Acesse: http://www.programatecnologiasi.org/index.php?option=com_content&view=article&id=27&Itemid=225.

    Rodrguez, Nora.Stop Bullying. Las mejores estrategias para prevenir y frenar el acoso escolar.Barcelona, Editorial RBA, 2006.

    Ministrio de Educao da Nao, La convivencia en la escuela. Recursos y orienta-ciones para el trabajo en el aula.Buenos Aires,Argentina, 2010. Acesse: http://www.me.gov.ar/construccion/pdf_coord/recursos-convivencia.pdf.

    Associao Chicos.net. Programa Tecnologa S, Acesse:www.programatecnologiasi.org

    Cartoon Network. Chega de bullying, no fique calado. Acesse:http://www.chegadebullying.com.br

    Plan Internacional. Aprender sem medo, acesse http://plan.org.br/index.html

  • Coordenao de contedo: Plan Internacional e Cartoon Network

    chegadebullying.com.br

  • APOSTILA 3

    ESTUDANTES DOensino fundamental II e mdio

    INFORMAES E ATIVIDADES

  • FUNDAMENTAL II E MDIOESTUDANTES32

    INTRODUOSe voc est cursando o ensino fundamental II ou mdio, j sabe por experincia que na escola, como em outros lugares, convivem pessoas que so diferentes entre si, que tm necessidades, personalidades e formas de ser distintas.

    Existem adultos, jovens, homens e mulheres nascidos aqui e vindos de outros pases; alguns que esto na escola h muito tempo e outros que vm de outras instituies; existem pessoas com diferentes costumes e estilos de vida. Essa diversidade um pilar fundamental e representa uma das coisas mais enriquecedoras e estimulantes da experincia educativa.

    Infelizmente, existem pessoas que no podem desfrutar de um grupo de amigos ou amigas porque so discriminadas. Por isso, importante levar em considerao que, apesar de existirem diferenas, todas as pessoas tm os mesmos direitos e, no caso dos jovens, so importantes especialmente o direito de estudar, o direito proteo contra a violncia e o direito no discriminao de qualquer forma.

    No entanto, no fcil dividir um espao muitas horas e cinco dias por semana com um grupo, porque podem surgir conflitos s vezes difceis de resolver. Mas, sem dvida, neste momento, o mais importante para voc seu grupo de amigos e amigas.

    Estas pginas convidam voc a pensar sobre como melhorar a convivncia com os demais e a refletir sobre um problema atual: o bullying.

    Voc j deve ter escutado essa palavra na escola ou nos meios de comunicao, mas acreditamos que esclarecer alguns conceitos e pensar um pouco mais sobre o tema ajudar a prevenir e deter o assdio entre colegas.

    Um colega ou uma colega tem o mesmo direito que todos a estudar em um clima tranquilo, a fazer amigos e amigas e a ter sua maneira de ser e de pensar. Aceitar-se e aceitar o outro fundamental, no somente na escola, mas tambm na vida.

    Com certeza, o dilogo, a criatividade e o respeito pelo outro(a) podero ajudar a estabelecer acordos quando surge um problema no grupo. Um ponto importante a lembrar: os conflitos sempre podem ser resolvidos de maneira no violenta, evitando a discriminao e o dano.

    Nesta apostila, voc tambm encontrar atividades e ferramentas que ajudaro a detectar atitudes e comportamentos que, s vezes, as pessoas tm e que podem machucar os outros e violar seus direitos.

  • FUNDAMENTAL II E MDIOESTUDANTES54

    Os que praticam bullying perseguem ou atacam os mais vulnerveis. Escolhem aqueles que so diferentes, porque no usam roupas da moda ou porque fazem parte de uma minoria social ou racial.

    O bullying um problema que afeta milhes de crianas e adolescentes sem importar de onde so, nem de onde vm. um problema grave, principalmente nas escolas, e precisa ser resolvido o quanto antes.

    O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com frequncia e sempre existe a inteno de magoar ou humilhar quem o sofre. uma violncia gratuita.

    O QUE BULLYING?

    Os agressores atacam colegas que esto em desenvolvimento e parecem desajeitados, quem est acima do peso e at os mais estudiosos ou muito tmidos

    Bullying agredir ou humilhar outra pessoa de forma repetida. Insultar, espalhar rumores, ferir fsica ou emocionalmente e ignorar algum tambm so formas de bullying entre pares.

    Pode ocorrer por meio do celular, pessoalmente, por escrito, na escola, no bairro, em algum meio de transporte ou em outros espaos onde os estudantes se encontram com frequncia, como as redes sociais. Seja onde for, o bullying no deve ser permitido. inaceitvel.

    Nesta apostila, aplicamos a palavra vtima para descrever um(a) estudante que est sendo intimidado(a). Porm, no a usamos como uma condio em si, mas como um comportamento temporal. Essa palavra de uso comum nas conversas cotidianas, nos meios de comunicao e, inclusive, para a lei. No entanto, ela no nos convence, j que frequentemente d a ideia de passividade ou debilidade.

    A LINGUAGEM QUE USAMOS

    No precisam muito para se inspirar se tm a inteno de ferir, humilhar ou deixar de lado algum do seu crculo de amigos ou amigas. Isso no somente humilha aqueles que so atacados, mas tambm afeta os que testemunham, especialmente se eles e elas no sabem o que fazer a respeito. Na maioria dos casos, o assediado ou a assediada permanece em silncio diante do abuso a que est sendo submetido(a). Essa situao intimidadora produz angstia, dor e medo.

  • FUNDAMENTAL II E MDIOESTUDANTES76

    O bullying um problema porque traz consequncias negativas para todos e todas que esto envolvidos, no somente para quem agredido(a). Todos e todas que fazem parte desse problema so afetados: quem perturbado, ofendido ou ameaado; quem perturba ou ofende; e tambm os que veem essa situao e so testemunhas dela, especialmente quando no sabem o que fazer a respeito ou tm medo de que os prejudiquem ou deixem de lado se ousarem intervir. No h motivo que justifique transformar algum em vtima s por ser diferente.

    No assim que vemos os meninos e meninas que so intimidados. Pelo contrrio, so jovens ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e que tm toda possibilidade de mudana. Da mesma maneira, usamos o termo agressora(a) para nos referir a um comportamento e no a uma condio permanente.

    Sabemos que, s vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres invisveis. Portanto, em muitos casos, usamos meninos e meninas em vez de apenas crianas, e mes e pais no lugar de pais. No entanto, preferimos no recorrer a formulaes como assediado(a) ou professor(a) de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difcil, especialmente para as crianas.

    POR QUE O BULLYING UM PROBLEMA?

  • FUNDAMENTAL II E MDIOESTUDANTES98

    Quem sofre a intimidao ou perseguio

    aquele menino, menina ou adolescente alvo de comportamentos incmodos ou intimidao.Podem apresentar sinais de:

    Baixa autoestima ou autoimagen negativa.

    Baixo rendimento acadmico.

    Sensao de raiva e medo.

    Fobia e afastamento escolar.

    Pesadelos e insnia.

    Depresso eansiedade.

    Desconfiana nas relaes sociais.

    Desconfiana dos adultos por sua interveno inadequada.

    Sentimento de culpa por ser agredidos.

    Problemas de sade.

    Recorrer violncia como forma de defesa.

    quem deliberadamente faz uso da fora ou do poder para intimidar outro ou outra. Isso pode lev-lo(a) a:

    Envolver-se em brigas.

    Baixar seu rendimento escolar.

    Aprender de forma errada como atingir seus objetivos.

    Ter atitudes precursoras de uma conduta criminosa.

    Ser agressivo(a) em outros lugares ou situaes.

    Adotar o caminho da agresso e da violncia como forma de resolver seus problemas.

    Expressar suas dificuldades sociais ou familiares humilhando outro ou outra.

    So aqueles que fazem parte do grupo que presencia o assdio. No participam diretamente, mas observam e muitas vezes agem passivamente diante do bullying, porque no sabem como intervir. s vezes, inclusive, se aliam ao agressor(a). Embora no sejam vtimas diretas, tambm sofrem e podem ter medo de ser os prximos perseguidos se expressam desacordo ou pena da vtima, ou se no se juntam de forma complacente ao poderoso(a) do grupo.As testemunhas podem sofrer consequncias como:

    Aprendizagem deficiente sobre como se comportar diante de situaes injustas.

    Exposio, observao e reforo de modelos inadequados de atuao.

    Falta de sensibilidade perante o sofrimento de outras pessoas, j que ocorre uma desensibilizao pela frequncia dos abusos.

    Desconfiana dos adultos por sua interveno inadequada.

    Medo de serem vtimas.

    Quem intimida ou persegue

    Quem testemunha DIFERENTE ENTRE MENINOS E MENINAS?

    O bullying pode ser praticado pelas meninas e pelos meninos, mas a forma como se manifesta costuma ser diferente. Talvez voc j tenha percebido que as meninas adolescentes tm mais tendncia a se agredir verbalmente, enquanto os meninos so mais inclinados s agresses fsicas. As meninas tambm podem espalhar boatos maliciosos ou deixar de lado outras colegas e, por sua vez, podem se tornar alvo de comentrios sexuais ofensivos por parte dos garotos.

    Por exemplo, exigido dos homens que controlem suas emoes, que no demonstrem medo e que no chorem, porque se espera que sejam valentes, fortes e poderosos. Esse um esteretipo negativo sobre como ser um homem, que foi tirado de concepes da sociedade machista.

    Na sociedade em que vivemos, existem alguns esteretipos sociais que afetam negativamente os homens e as mulheres, porque se transformaram em modelos difceis de romper.

    Neste quadro esto descritos alguns sentimentos e consequncias negativas que podem afetar cada um dos envolvidos:

  • FUNDAMENTAL II E MDIOESTUDANTES1110

    Em muitas culturas, espera-se das mulheres uma atitude submissa em relao aos homens, porque elas so identificadas com a fragilidade e o afeto. Os meios de comunicao as mostram como objeto de desejo sexual e evidenciam o fsico e a beleza como condies de felicidade. Isso tem que mudar!

    comum que a televiso, os videogames, a publicidade e os meios de comunicao transmitam valores, modelos e relaes baseadas na violncia, na discriminao e na desigualdade. Felizmente, nem todos os exemplos so assim. Em nossas famlias, escolas, comunidades e pases podemos encontrar inmeros modelos de comportamento positivo e de valores mais saudveis, aos que todos e todas devemos aspirar.

    Esse tipo de formao no somente cria desequilbrios de poder entre homens e mulheres, mas tambm desigualdades e situaes violentas em muitos casos. Por isso, necessrio combater esses modelos negativos que causam dano e resultam em situaes de desigualdade entre as pessoas.

    COM TECNOLOGIAS... O CYBERBULLYING

    Quando o bullying usa a tecnologia, torna-se muito agressivo e prejudicial. As mensagens e as imagens podem ser enviadas a qualquer momento do dia, de qualquer lugar (inclusive de forma annima), e so compartilhadas com muitas pessoas ao mesmo tempo. Dessa maneira, a vtima fica exposta a receber agresses a toda hora, at em sua prpria casa. Alm disso, os comentrios podem permanecer na Internet durante toda a vida. Por isso, importante que, se acontecer algo assim com voc, busque ajuda e conte o que est acontecendo a um adulto de sua confiana.

    Como acontece o cyberbullying? Enviando SMS cruis, espalhando falsos boatos ou mentiras por e-mail ou nas redes sociais (Facebook, Twitter, MySpace, etc.), publicando vdeos que envergonham a outra pessoa, criando perfis falsos nas redes sociais ou sites para rir ou zoar de algum.

    O cyberbullying ocorre quando se utilizam as tecnologias e a Web para perturbar e agredir o outro ou outra.

  • FUNDAMENTAL II E MDIOESTUDANTES12 13

    Atividade 1

    QUANTO VOC SABE SOBRE O BULLYING?

    Para entrar no tema, propomos que responda a este questionrio. Em seguida, dedique alguns minutos a refletir sobre suas respostas.

    1. Seu grupo de amigos e amigas perturba frequentemente um garoto do curso. Fazem brincadeiras pesadas, o empurram ao sair da sala, pegam suas coisas. Voc

    a. Observa a situao, mas no se mete. No est de acordo com esse tipo de atitude.

    b. Junta-se s agresses. Se no faz isso, poderia ficar fora do grupo.

    c. Intervm quando o perturbam e pede aos seus amigos que parem de fazer isso, porque no certo.

    2. Um colega de classe falou com um dos professores e contou que uma menina est sofrendo abuso de alguns colegas. O que voc pensa?

    a . Acredito que um dedo-duro que conta tudo aos professores.

    b. Nesse caso, acho necessrio pedir ajuda a um adulto.

    c. Acho que, se a menina precisa de ajuda, deveria pedir ela mesma. Quem est fora no deve se meter.

    3. Para voc, o bullying ...

    a. Algo normal que acontece enquanto crescemos.

    b. Uma brincadeira, um jogo.

    c. um abuso e causa dor.

    4. Todos os dias, seus colegas o incomodam e ameaam bater em voc se no fizer o que dizem. Voc...

    a. Fala com seus pais ou com alguma pessoa de confiana para que ajudem.

    b. Se isola e tenta passar despercebido na escola.

    c. Agride seus colegas e muitas vezes acaba batendo neles.

    5. Quem afetado pelo bullying?

    a. Os meninos, meninas ou jovens que sofrem o bullying.

    b. Os meninos, meninas ou jovens que presenciam a situao (as testemunhas).

    c. Os que atacam.

    d. Todos.

  • FUNDAMENTAL II E MDIOESTUDANTES1514

    6. Quais so algumas das consequncias do bullying? Marque todas as que correspondem.

    a. Sentir medo.

    b. Abandonar a escola.

    c. Notas baixas.

    d. No tem consequncias.

    7. O que posso fazer para deter o bullying? Marque todas as que correspondem.

    a. Ficar calado e olhar para o outro lado.

    b. Com meus colegas, pedir ao agressor que pare.

    c. Contar ao professor ou a algum adulto da escola.

    d. Dizer ao meu pai e minha me.

    e. Ajudar a criar ou fortalecer o programa de preveno ao bullying em minha escola.

    Compartilhe suas respostas com um de seus colegas. Pensem quais seriam as respostas mais adequadas para prevenir ou parar o bullying. Que atitudes mudariam para melhorar a convivncia com os outros colegas de escola? Escrevam suas respostas aqui:

    Respostas: 1-c; 2-b; 3-c; 4-a; 5-d; 6- a, b, c; 7 - b, c, d, e.

    Em grupos, compartilhem a histria que segue abaixo. Ao terminar, respondam s perguntas para refletir sobre este caso.

    Renata uma menina de 14 anos. Tem um perfil em uma conhecida rede social, onde se conecta para conversar com outros meninos e meninas de sua idade. Por meio dessa rede, recebeu uma solicitao de amizade de Fbio, um garoto de 16 anos da sua escola. Renata se animou, estava muito feliz, porque um garoto estava prestando ateno nela e comeou a manter um relacionamento virtual com ele. Conversavam por chat, contava coisas, fazia confisses, falava de suas amigas...

    Tudo parecia ir bem. Havia conhecido um menino que a fazia se sentir bonita, estava feliz, mas sua relao sempre foi virtual. Eles nunca se falaram na escola, nem se relacionaram pessoalmente. Fbio tinha pedido isso e ela respeitava.

    Porm, um dia, recebeu uma mensagem dele que dizia: disseram que voc no legal, que anda falando coisas sobre mim. No quero mais nada com voc!

    A DECEPO DE RENATA

    UMA HISTRIA COMO MUITAS

    Atividade 2

  • 16FUNDAMENTAL II E MDIOESTUDANTES

    17

    ACHAM QUE UMA HISTRIA QUE ACONTECE RARAMENTE OU OCORRE COM FREQUNCIA?

    QUE MOTIVOS PODEM TER ALGUMAS GAROTAS PARA PERSEGUIR OUTRA?

    QUE CONSEQUNCIAS NEGATIVAS PODE TER O QUE ACONTECEU PARA RENATA?

    E ENTRE OS GAROTOS, NORMALMENTE QUAIS SO OS MOTIVOS PARA PERTURBAR OUTRO?

    IMAGINEM UM BOM FIM, ONDE TUDO TERMINE BEM. COMO SERIA?

    CONHECEM PESSOAS QUE FAZEM COISAS ASSIM?

    De nada serviram as tentativas de Renata para continuar a relao, nem seus apelos e splicas. No podia acreditar, no entendia o que tinha acontecido. Para piorar a situao, Fbio comeou a publicar mensagens com ataques contra ela, dizendo que era m pessoa, que ningum a suportava, que andava com todos os garotos da escolaEla nunca desconfiou que Fbio no era Fbio. Umas amigas suas haviam criado um perfil falso para ganhar sua confiana, zo-la e saber o que Renata realmente pensava delas.

  • FUNDAMENTAL II E MDIOESTUDANTES1918

    Atividade 3

    O PESO DA PALAVRA

    Voc sabia que as palavras podem ser to dolorosas quanto um soco? O que dizemos e o que nos dizem tm valor, tm um peso. Uma palavra maliciosa pode causar muito dano a uma pessoa, assim como um elogio pode fazer muito bem. Um apelido pode ser carinhoso ou pode ser vergonhoso.

    Neste exerccio, propomos que escrevam algumas das palavras, frases ou apelidos que so ditos com inteno de ofender outra pessoa.

    Que palavras ou frases so ofensivas para os meninos? Faa uma lista.

    Que palavras ou frases so ofensivas para as meninas? Faa uma lista.

    VOC J USOU ALGUMA DESSAS FRASES OU APELIDOS? COM QUE OBJETIVO?

    VOC ACHA QUE, QUANDO ALGUM USA ALGUMAS DESSAS PALAVRAS, FAZ ISSO PELO SEU SIGNIFICADO, LHES DO OUTRO SIGNIFICADO OU APENAS USAM PORQUE ESTO NA MODA?

    Em geral, as palavras usadas para insultar ou agredir es-to vinculadas s caractersticas fsicas, s questes que se referem sexualidade, nacionalidade ou origem social de uma pessoa. impor