INTRODUÇÃO DE DIREITO MARITIMO

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  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

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    INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    CAPTULO I - INTRODUO

    1.Delimitao da Matria

    O Direito Martimo absorve assuntos variados e vastos , justificando a autonomia que lhe

    reivindicam renomados maritimistas. A elaborao de um corpo de texto sobre o assunto no

    tarefa fcil, vez que a complexidade da matria e as alternativas existentes impedem obra

    que se repute completa.

    Isto posto, identificados por meio de critrios axiolgicos puramente subjetivos os propsitos

    que se quer atendidos, tem-se como bastante delimitar a matria ao contedo que se segue .

    2. Definio

    Direito Martimo, segundo o Dicionrio de Tecnologia Jurdica de Pedro Nunes, o conjunto de

    normas que regem as relaes jurdicas relativas navegao e ao comrcio martimo, fluvial

    ou lacustre, bem como dos navios a seu servio e os direitos e obrigaes das pessoas que por

    ofcio se dedicam a essa espcie de atividade (Dicionrio de Tecnologia Jurdica - 12 edio.

    Freitas Bastos, 1990) .

    3. Alcance do Direito Martimo

    O Direito Martimo no se resume ao estudo jurdico das operaes do transporte por mar, vez

    que cogita tambm das pessoas e dos bens que delas participam. Por outro lado, o carter

    internacional dos transportes martimos, a par da capacidade que tm os Estados de

    soberanamente legislar sobre questes de seu interesse, d lugar a freqentes conflitos de

    leis, pois no raro a lei do pavilho e a lei do lugar disciplinam de maneira diversa o mesmo

    problema . O estudo do Direito Martimo encerra, como visto, o de instituies de Direito

    Pblico e Privado, nacional e internacional .

    Como decorrncia da extenso e do particularismo do Direito Martimo, muitos so os

    institutos que orbitam este peculiar ramo do Direito, podendo-se citar, dentre outros, o

    crdito martimo, a armao de embarcao, o fretamento, a abalroao, o direito de

    passagem inocente, a fortuna do mar, as guas internacionais, a hipoteca naval, o registro da

    propriedade martima, e etc.

    Conforme sugere o ilustre comercialista Sampaio de Lacerda , para fins propeduticos deve-se

    considerar distribudas as normas do direito martimo da seguinte forma :

    a) normas de direito pblico martimo, ou melhor, do direito martimo administrativo e penal,compreendendo as normas relativas Marinha Mercante, Polcia dos Portos, organizao e

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    funcionamento dos Tribunais Martimos.

    b) normas de direito internacional martimo: pblico ou privado. As primeiras regulam a

    liberdade dos mares, o direito e obrigaes entre beligerantes e neutros. As segundas ocupam-

    se em solucionar os conflitos de leis derivados da navegao martima.

    c) normas de direito comercial martimo ou de direito martimo privado, ou ainda de direito

    civil martimo que so as que regem a armao e expedio de navios e as relaes

    decorrentes dos fatos inerentes navegao.

    No Direito da Navegao se v regulamentado o trfego, visando a segurana dos fluxo de

    navios, e a tem-se, dentre outras, as normas de sinalizao nutica e os regulamentos internos

    e internacionais para o trfego da navegao, nos portos, vias navegveis, e no alto mar. Aqui

    se destaca a natureza pblica, prevalecendo, evidentemente, caractersticas do direito pblico

    interno e internacional, tais como a universalidade, o particularismo a origem costumeira, a

    irretroatividade e a imutabilidade.

    O Direito Martimo, por seu turno, ora se confronta com normas de natureza pblica, ora com

    aquelas de natureza privada, como as que regem o comrcio martimo em geral. Por mais

    abrangente alcana este natureza mista, isto , s caractersticas do Direito da Navegao

    acrescem-se aquelas regentes do direito privado, como por exemplo, a onerosidade, a

    simplicidade, a mutabilidade e a codificao, dentre outras inerentes a esse ramo do direito.

    Para fins didticos, os tratadistas costumam ter em considerao a seguinte classificao :

    DIREITO DA NAVEGAO PBLICO INTERNACIONAL OU EXTERNO - Trata especificamente dotrfego da navegao internacional em alto-mar, e como tal regido pelas normas

    internacionais, verti gratis, o Regulamento Internacional para Evitar Abalroamento no Mar -

    RIPEAM, abrangendo tambm o Direito do Mar, isto , a liberdade dos mares, o limite do mar

    territorial, zonas contguas, zonas econmicas, e etc.

    DIREITO DA NAVEGAO PBLICO INTERNO - Ramo do Direito da Navegao cujas normas se

    aplicam aos atos e fatos ocorridos nas guas sob jurisdio nacional, isto , dentro do mar

    territorial, guas interiores, rios, lagos, lagoas, baas, canais, portos, etc., e no limite destas

    DIREITO MARTIMO PBLICO INTERNO - Compreende normas de Direito Administrativo, Penal,

    Processual, Fiscal e Constitucional, aplicveis a atos e fatos do comrcio martimo no mbito

    da jurisdio nacional.

    DIREITO MARTIMO PRIVADO INTERNO - Trata da matria referente ao Direito Martimo

    Comercial exercido entre praas nacionais, abrangendo normas relativas aos contratos de

    transporte martimo, alugul de navios e etc.

    DIEITO MARTIMO PRIVADO INTERNACIONAL - Trata da matria referente ao Direito Martimo

    Comercial exercido entre praas internacionais, abrangendo normas relativas aos contratos de

    transporte martimo, alugul de navios e etc.

    CAPTULO II - INSTITUTOS DO DIREITO MARTIMO

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    4. Armador

    Construda a embarcao, poder o proprietrio, de pronto, dela usar e fruir, cedendo-a em

    locao a terceiro. Entretanto, decidindo dela usar e fruir de forma diversa, ou seja,

    empregando-a na indstria do transporte, antes se faz necessrio, por exigvel, que se registre

    como armador e a apreste, isto , a aprovisione e equipe .

    A Lei no. 9.537/97 que dispe sobre Segurana do Trfego Aquavirio em guas sob a

    jurisdio nacional, define armador como pessoa fsica ou jurdica que, em seu nome e sob sua

    responsabilidade, apresta a embarcao com fins comerciais, pondo-a ou no a navegar por

    sua conta ( Lei 9.537/97 , artigo 2 , inciso III ) .

    Na definio dada pela Lei 9.432/97, que dispe sobre a ordenao do transporte aquavirio,

    armador brasileiro a pessoa fsica ou jurdica residente e domiciliada no Brasil que, em seu

    nome ou sob sua responsabilidade, apresta a embarcao para sua explorao comercial (Lei

    9.432/97, artigo 2, inciso IV ) .

    O Regulamento no. 737/1850, no seu art. 19, pargrafo 5 , considera como atividade

    mercantil a armao e a expedio de navio .

    5. Armador-Proprietrio

    Armador-proprietrio ( Owner ) - o proprietrio de embarcao que, aprestando-a, a explora

    no transporte, ou a cede a emprego de terceiro .

    6. Armador-Locatrio

    Armador-locatrio ( Shipowner ) - aquele que, atravs da formalizao de contrato de

    locao com o proprietrio, apresta a embarcao para explor-la no transporte ou, ento,

    para ced-la a outrem .

    7. Registro de Armador

    obrigatrio o registro no Tribunal Martimo de armador de embarcao mercante sujeita a

    Registro de Propriedade, mesmo quando a atividade for exercida diretamente pelo prprio

    proprietrio.

    8. Cadastro de Armador

    O armador se obriga a manter cadastro em rgo competente da autoridade martima.

    9. Amador x Transportador

    O comrcio martimo exercido de formas variadas, no se esgotando em frmula nica. Da

    porque nem sempre a figura do armador coincidir com a do transportador. Identificar aquele

    que se obriga pelo transporte, ou seja, o transportador, , na prtica, tarefa rdua, por vezes,

    dado a possibilidade da existncia de vrios contratos de sublocao transferindo s partes oexerccio da gesto comercial da embarcao. O armador, ao contrrio, facilmente

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    identificado, pois ainda que tenha cedido o exerccio da gesto comercial da embarcao a

    terceiro, sempre restar determinado naquele que deter e responder pela gesto nutica.

    10. Operador de Transporte No-Armador

    Operador de Transporte No-Armador - Novcc ( Non-Vessel-Operating Common Carrier ) - ,

    segundo a Resoluo no 9.068, de 01/04/86, da extinta Sunamam - Superintendncia Nacional

    da Marinha Mercante, um Operador que assume todas as responsabilidades da movimentao

    da carga de ponto a ponto, emitindo documentao apropriada e utilizando navios de

    terceiros, na qualidade de usurio.

    11. Operador de Navio

    Operador de navio - , em geral, a empresa de navegao que alm da atividade principal que

    possa desenvolver como armador/transportador, intermedia negcios empregando navios

    afretados de terceiros, obtendo, assim, receita que resulta da diferena entre o valor da

    locao que faz e da sublocao que realiza.

    12. Embarcao - Navio

    12.1 Definio

    Os termos ""navio"" e ""embarcao"" se confundem . Em cada pas o termo ""navio""

    definido tendo em vista as necessidades da ordem jurdica. A doutrina de h muito se esfora

    por definir navio, porm, sem alcanar consenso . O que certo, pode-se dizer, que todo

    navio uma embarcao, mas que nem toda embarcao vem a ser um navio. Da se inferir

    que embarcao "" gnero "" do qual navio espcie "".

    Mas para o comrcio martimo, disciplinado como o quer o conjunto de normas contidas no

    Livro II do Cdigo Comercial de 1850, definir o que seja navio de crucial importncia. Por esta

    razo, ainda que a construo conceitual no se exima, talvez, de imperfeies jurdicas que se

    lhes possa atribuir quem sobre a questo se debruce, cabe que se rebusque aquela que

    melhor atenda a critrio de generalidade.

    Navio, pois, agasalhada a conceituao atribuda ao insgne jurista Hugo Simas, toda

    construo destinada a correr sobre a gua, utilizada na indstria do transporte.

    O navio , na navegao, um bem instrumental com destinao econmica.

    Quando uma embarcao deixa de ser considerada uma embarcao ? Uma embarcao no

    deixa de ser considerada como tal porque se encontra encalhada numa praia, ou perde o leme,

    ou, ainda, porque se encontra repousando no fundo aguardando ser reflutuada ou no por

    meios prprios .

    Diz-se fenmeno nutico a circulao da embarcao como meio de transporte.

    Navegao . O termo ""navegao"" deriva da conjugao dos vocbulos latinos ""navis"" -

    navio, nave - e ""agere"" - dirigir, direcionar . Juridicamente, o termo em questo tem sido

    definido como "" a arte ou cincia nutica de conduzir um navio de um lugar para outro "" .

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    Navegao significa, pois, a arte de conduzir uma embarcao por meio de movimentos

    planejados e ordenados . Determinado ordenamento jurdico, guisa de exemplo"" define

    navegao como sendo qualquer movimento de embarcao de um lugar para outro,

    independentemente da embarcao mover-se.

    12.2 Natureza Jurdica

    Os navios so considerados pela maioria dos tratadistas bens mveis sui generis, posto que a

    estes se aplicam regras dos bens de raiz.

    Assim como o moribundo no deixa de ser homem enquanto houver chances clnicas de se o

    restabelecer, tambm a embarcao encalhada ou naufragada no deixar de ser considerada

    como tal enquanto o proprietrio estiver envidando esforos para a salvar, e, assim, continuar

    a explor-la, haja visto que, guisa de exemplo, nada impede que uma embarcao soobrada

    possa vir a reflutuar .

    12.3 Individualizao do Navio

    Em toda ordem jurdica, quer a nacional quer a aliengena, h a previso de que a embarcao

    deva externar sinais que lhe caracterizem, tais como, o nome, a nacionalidade e o porto de

    inscrio. Isto, porque, para fins legais se faz necessrio individualizar a embarcao,

    identificar a legislao que a ampara, e determinar o seu domiclio. A Conveno de Direito

    Privado Internacional, assinada em Havana em 20 de fevereiro de 1928, conhecida como

    Cdigo Bustamante, e ratificada pelo Brasil em 25 de junho de 1929, contm vrios

    dispositivos relativos aplicao da lei do pavilho nos casos por ela previstos, o que

    demonstra a importncia, por exemplo, da nacionalidade do navio.

    12.4 Inscrio e Registro

    Inscrio da embarcao - o cadastramento desta em repartio prpria da autoridade

    martima, onde se lhe atribudo tanto o nome quanto o nmero de inscrio.

    Registro de Propriedade da Embarcao - o registro da embarcao perante o Tribunal

    Martimo, rgo competente para expedir a Proviso de Registro da Propriedade Martima .

    13. Comandante - Capito

    Os termos Comandante e Capito , embora empregados indistintamente na prtica do dia adia, no so sinnimos. Enquanto o primeiro transmite idia de cargo, funo, o segundo

    refere-se a profissional habilitado, integrante de categoria profissional .

    O Comandante aquele que dirige e responde pela embarcao. Desta feita, para fins legais

    sero considerados indistintamente Comandante, tanto o que conduz uma simples

    embarcao de recreio quanto aquele que responde pela administrao de embarcao

    comercial de grande porte e de elevado grau de complexidade tcnica-operacional.

    O Comandante o representante legal do armador.

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    Caso o transportador no seja o prprio armador, os poderes de representao comercial

    delegados ao Comandante devero estar definidos claramente no contrato de explorao do

    navio que as partes vierem a firmar entre si.

    14. Servios Auxiliares da Navegao

    14.1 Praticagem

    Praticagem a pilotagem de embarcaes em certas zonas geogrficas cujas condies

    peculiares navegao exijam conhecimentos especficos do local e dos fenmenos naturais

    prevalecentes que, de forma direta ou indireta, afetem ou possam afetar o comportamento

    nutico desta.

    O servio de praticagem contribui para a segurana do trfego, da vida humana e da

    propriedade martima.

    A praticagem exercida pelo grupo aquavirio denominado Prticos.

    14.2 Reboque

    Reboque o ato pelo qual uma embarcao desprovida de fora motriz ou que por qualquer

    razo no pode temporariamente dela dispor conduzida ou removida por uma outra.

    H empresas que empregam embarcao especial denominada rebocador nas fainas de

    reboque no porto ou em alto-mar. Entretanto, pode ocorrer que, face a circunstncias

    imperiosas, uma embarcao qualquer, no necessariamente aquela voltada a este propsito

    especfico, rebocar uma outra.

    14.3 Agenciamento

    Agenciamento o ato pelo qual, algum, agindo em nome e por conta do armador, promove a

    representao para certos e determinados negcios de esfera privada e pblica .

    14.4 Corretagem de Navios ( Brokerage )

    Corretagem de navios , segundo a lei comercial, o ato de intermediao de fretamentos,

    seguros, entrada e sada de navios, traduo de manifestos, arqueao, etc.

    15. Crdito Martimo

    Crdito, segundo ensinamentos de Theophilo de Azeredo Santos, palavra de origem latina (

    credo - creio, confio ) que possui vrios significados, tais como :

    1. Crena ou confiana de que o devedor cumpre o compromisso que assumiu ou pague a

    dvida contrada ;

    2. A Troca de uma riqueza presente por uma riqueza futura, e

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    3. Eqivale a um emprstimo.

    O crdito martimo, salienta aquele autor, distingue-se dos demais por existir tendo por objeto

    ou razo de existncia a embarcao, tornando a dvida, na linguagem do nosso Cdigo

    Comercial, em dvida da embarcao. Existe assim, prossegue ainda o citado autor, estreitavinculao entre o crdito e o navio, atribuindo ao credor o direito de ser pago sobre o valor

    do veculo, preferencialmente a qualquer outro credor ( Direito da Navegao - Martima e

    Area, 2 edio. Forense, 1968 ) .

    16. Privilgios Martimos

    16.1 Definio

    Privilgios martimos so garantias que asseguram a preferncia para certos credores no

    recebimento das dvidas oriundas de negcios martimos .

    16.2 Registro dos Privilgios

    A Lei 7.652/1988 estabelece que o registro de direitos reais e de outros nus que gravem

    embarcaes brasileiras dever ser feito no Tribunal Martimo, sob pena de no valer contra

    terceiros.

    16.3 Privilgios Previstos pelo Cdigo Comercial

    Os artigos 470, 471 e 474 do C. Comercial estabelecem as dvidas consideradas dvidas

    privilegiadas.

    Segundo o C. Comercial, portanto, so as seguintes os privilgios martimos :

    (a) Os salrios devidos por servios prestados ao navio, compreendidos os de salvados e

    pilotagem ;

    (b) Todos os direitos de porto e impostos de navegao ;

    (c) Os vencimentos de depositrios e despesas necessrias feitas na guarda do navio,

    compreendido o aluguel dos armazns de depsito dos aprestos e aparelhos do mesmo navio ;

    (d) Todas as despesas do custeio do navio e seus pertences, que houverem sido feitas para sua

    guarda e conservao depois da ltima viagem e durante a sua estadia no porto da venda ;

    (e) As soldadas do capito, oficiais e gente da tripulao, vencidas na ltima viagem ;

    (f) O principal e prmio das letras de risco tomadas pelo capito sobre o casco e aparelho ou

    sobre os fretes durante a ltima viagem, sendo o contrato celebrado e assinado antes do navio

    partir do porto onde tais obrigaes forem contradas ;

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    (g) O principal e prmio de letras de risco, tomadas sobre o casco e aparelhos, ou fretes, antes

    de comear a ltima viagem, no porto da carga ;

    (h) As quantias emprestadas ao capito, ou dvidas por ele contradas para o conserto e custeio

    do navio, durante a ltima viagem, com os respectivos prmios de seguro, quando em virtude

    de tais emprstimos o capito houver evitado firmar letras de risco ( art. 1218, inciso X do

    CPC/73, com remisso aos arts 754 e 755 do CPC/69 ) ;

    (i) Faltas na entrega da carga, prmios de seguro sobre o navio ou fretes, e avarias ordinrias,

    e tudo o que respeitar ltima viagem somente.

    (j) As dvidas provenientes do contrato da construo do navio e juros respectivos, por tempo

    de 3 (trs) anos, a contar do dia em que a construo ficar acabada ;

    (l) As despesas do conserto do navio e seus aparelhos, e juros respectivos, por tempo dos 2 (dois ) ltimos anos, a contar do dia em que o conserto terminou.

    (m) As prestaes da compra do navio ainda por vencerem e os respectivos juros , por tempo

    de 3 ( trs ) anos, a contar da data do instrumento do contrato.

    Os crditos provenientes das dvidas especificadas nos itens d , f , g , h , j , l somente sero

    considerados privilgios aps registro, cujo prazo previsto de 10 ( dez ) dias a contar da data

    do documento ( art. 472 c.c art. 10, inciso 2, ambos do C.Comercial ).

    17. Hipoteca Martima

    Por sua natureza jurdica de bem mvel sui generis a embarcao suscetvel de ser gravada

    por hipoteca .

    A hipoteca naval deve ser registrada no Tribunal Martimo.

    O Brasil signatrio da Conveno de Bruxelas de 1926, que trata da unificao de certas

    regras relativas aos privilgios e hipotecas martimas .

    18. Abandono Liberatrio

    Todos os proprietrios e compartes so responsveis solidariamente pelas dvidas que oComandante contrair para consertar, habilitar e aprovisionar o navio, ou pelos prejuzos que

    este causar a terceiros por falta da diligncia que obrigado a empregar, para a boa guarda,

    acondicionamento e conservao dos efeitos recebidos. Esta responsabilidade cessa fazendo

    aqueles abandono do navio e fretes vencidos e a vencer na respectiva viagem aos credores,

    em pagamento das dvidas.

    19. Abandono Sub-Rogatrio

    o ato pelo qual o segurado, acontecendo a perda total ou excedendo esta a metade do

    verdadeiro valor da embarcao e bens segurados decorrente de sinistro, cede ao segurador o

    objeto do seguro, para exigir deste a indenizao da importncia constante da aplice .

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    lcito ao segurado fazer abandono dos objetos seguros e pedir ao segurador a indenizao de

    perda total em caso de presa ou arresto por potncia estrangeira por mais de seis meses,

    naufrgio, varao ou qualquer outro sinistro do mar, perda total ou deteriorao.

    20. Acidentes da Navegao

    20.1 Classificao Legal

    So tidos como acidentes da navegao : naufrgio, encalhe, exploso, incndio, gua aberta,

    varao, arribada, alijamento e avaria ou defeito na embarcao que gere riscos esta e s

    vidas e fazendas de bordo.

    20.2 Naufrgio

    Naufrgio a perda ou inutilizao do navio por acidente martimo.

    20.3 Encalhe

    Encalhe o ato que consiste na embarcao ser levada involuntariamente a seco.

    20.4 gua aberta

    gua aberta a invaso de gua do mar no corpo da embarcao, resultado de fissura, rasgo

    ou rombo no costado.

    20.5 Varao

    Varao o encalhe voluntrio promovido com o propsito de se evitar mal maior

    embarcao, carga e s vidas a bordo.

    20.6 Arribada

    Arribada o desvio voluntrio ou forado para porto ou local no previsto na rota usual da

    viagem que se performa ( arribada forada - art. 1218, XVI, do CPC/73, com remisso aos arts.

    772 a 775, do CPC/69 ) .

    20.7 Alijamento

    Alijamento o lanamento consciente e voluntrio ao mar de qualquer das coisas a bordo .

    21. Fatos da Navegao

    So tidos como fatos da navegao : mau aparelhamento ou impropriedade da embarcao e

    a deficincia de equipagem, alterao da rota, a m estivagem da carga que imponha riscos

    expedio, a recusa injustificada de socorro embarcao em perigo, e todos os fatos que

    prejudiquem ou ponham em risco a incolumidade e a segurana da embarcao, as vidas e as

    fazendas de bordo.

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    22. Fortuna do Mar

    A expresso "" fortuna do mar "" indica o patrimnio de mar pertencente ao armador. ,

    portanto, o conjunto de bens representados pelo navio e pelos fretes vencidos ou a vencer,

    bens estes que ao armador facultado abandonar em favor dos credores. Cada navio, valedizer, representa uma determinada fortuna do mar por si s individualizada.

    Alm desse sentido prprio, a expresso empregada tambm em sentido comum, querendo

    significar os acidentes ocorridos no mar, o caso fortuito, a fora maior ou os riscos martimos.

    23. Coliso & Abalroao

    23.1 Coliso

    Coliso o choque entre uma embarcao e um objeto fixo.

    23.2 Abalroao

    Abalroao o choque entre duas ou mais embarcaes no vinculadas entre si por contrato.

    A abalroao classifica-se em fortuita, culposa, por culpa comum ou recproca, por culpa de

    terceiro, duvidosa ou dbia e sucessivas.

    23.3 Coliso e Abalroao no Direito Ingls

    No direito ingls o vocbulo que corresponde abalroao "" collision "". Se o choque da

    embarcao com objetos fixos ou flutuantes, o termo empregado vem a ser "" contact "",

    conforme o que se l na obra de F.N. Hopkins - Bussiness and Law for the Shipmaster, Brown,

    Son & Ferguson Ltd, 1982, na pgina 676 :

    .... "" but this warranty shall not exclude collision, contact with any fixed or floating object (

    other than a mine or torpedo ), stranding, heavy weather or fire ... ""

    24. Avaria Particular & Avaria Grossa

    24.1 Avaria

    Avaria tanto o dano material quanto o pecunirio.

    24.2 Avaria Simples ou Avaria Particular

    Avaria simples ou particular aquela suportada s pelo navio ou s pela coisa que sofreu o

    dano ou deu causa despesa.

    24.3 Avaria Comum ou Avaria Grossa

    Avaria comum ou avaria grossa todo dano carga ou embarcao, ou toda despesa

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    extraordinria, voluntariamente feito com resultado, em benefcio comum ( armador e

    interessados na carga ) .

    O valor das despesas apuradas como avaria comum repartida proporcionalmente entre o

    navio, o frete e a carga.

    No h que se falar em avaria grossa se ao tempo do dano ou despesa a embarcao se

    apresentava sem carga.

    24. Assistncia & Salvamento

    Enquanto a assistncia prestada por uma embarcao outra previne ou evita o sinistro, diz

    Sampaio de Lacerda, o salvamento que aquela presta a esta repara ou atenua os efeitos do

    sinistro ( Curso de Direito Privado da Navegao - Vol. 1, 3 edio. Freitas Bastos,1984 ) .

    Quando se tratar de vidas humanas em perigo no mar, a assistncia, por fora da Conveno

    de Bruxelas de 1910, ratificada pelo Brasil, mandatria.

    25. Protesto Formados a Bordo

    O vocbulo protestar nem sempre significa discordar. Protestar tambm manifestar

    solenemente o desejo de fazer prova de um fato, de algo.

    A processualstica admite o protesto martimo como relato verdadeiro dos fatos ocorridos a

    bordo at prova em contrrio ( art. 1218, inciso VIII, do CPC/73, com remisso aos arts. 725 a

    729, do CPC/69 ) .

    O protesto martimo depois de ratificado numa corte de justia produz os mesmos efeitos doprotesto judicial. O protesto martimo ratificado, pois, se valida como notificao que se faz

    dirigida erga omnes diante da necessidade de se prevenir responsabilidade e prover a

    conservao e a ressalva de direito.

    26. Tribunal Martimo

    O Tribunal Martimo um tribunal administrativo e, portanto, dos acrdos decisrios que

    prolata cabe apreciao pelo Poder Judicirio quando provocado.

    Ao Tribunal Martimo compete :

    (a) julgar os acidentes e fatos da navegao, definindo-lhes a natureza e determinando-lhes as

    causas, circunstncias, e extenso ;

    (b) aplicar penas aos responsveis, de acordo com as leis martimas ;

    (c) propor medidas preventivas para a segurana da navegao ;

    (d) manter o registro geral da propriedade naval, da hipoteca naval e demais nus sobre

    embarcaes brasileiras.

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    12/31

    A jurisdio do Tribunal Martimo alcana as embarcaes nacionais ainda quando surtas no

    exterior .

    CAPTULO III - DA RESPONSABILIDADE

    27. Consideraes Gerais

    No fazer mal a ningum ( neminem laedere ) uma mxima da convivncia social, que se

    reflete como princpio geral do direito. Infringido este preceito, exsurge para o agente o dever

    de indenizar, a responsabilidade civil.

    28. Culpa

    A idia de culpa est ligada a de falta de cuidado, de previso ou previsibilidade no agir.

    A culpa em sentido amplo ( lato sensu ) no direito civil abrange o dolo .

    Diz-se culpa stricto sensu quando o agir viola direito de outrem como decorrncia denegligncia ( sabia ou devia saber que era para fazer, mas no fez ) , impercia ( falta ou

    insuficincia de habilidade tcnica no exerccio de atividade tcnica ) ou imprudncia ( sabia ou

    devia saber que no era para fazer, mas fez ) .

    Diz-se culpa prpria aquela em que a violao de direito decorre diretamente da ao ou

    omisso ilcita do agente.

    Diz-se imprpria a culpa quando a violao do direito de outrem decorre quer de fato de

    terceiro a ele subordinado, quer de fato da coisa que se encontre sob sua guarda. Da falar-se

    no primeiro caso em culpa in vigilando ( a leso a terceiro provocada pelo jarro que cai dajanela do apartamento ) e , no segundo, culpa in eligendo ( presumida a culpa do patro por

    dano a terceiro decorrente de ato de funcionrio a servio daquele ).

    Caracterizada a culpa, duas situaes se apresentam :

    (a) a ao culposa viola direito daquele com quem o infrator contratou, configurando o que se

    entende como culpa contratual ;

    (b) a ao culposa viola direito de quem no mantm qualquer vnculo contratual com o

    infrator, caracterizando o que se entende como culpa extracontratual ou, como tambm sediz, aquiliana .

    29. Responsabilidade Civil

    A responsabilidade civil, como informa Silvio Rodrigues em citao da definio dada por Ren

    Savatier ( Trait de la responsabilit civil en droit franais, 2 edio, Paris, 1951 ) , a

    obrigao que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuzo causado a outra, por fato

    prprio ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam.

    A responsabilidade penal difere da responsabilidade civil.

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    13/31

    Diz-se subjetiva a responsabilidade fundada na culpa. Comporta esta duas espcies, a saber :

    (a) Responsabilidade contratual - aquela que resulta do descumprimento de contrato ; e

    (b) Responsabilidade extracontratual, tambm chamada AQUILIANA - aquela que institui o

    dever de indenizar a todo aquele que agindo dolosa ou culposamente causa dano a outrem.

    Neste caso, inexiste relao contratual entre o causador do dano e a vtima. Os pressupostos

    da responsabilidade AQUILIANA so : a ao ou omisso culposa do agente, o dano

    experimentado pela vtima, e a relao de casualidade entre este e aquela .

    Enquanto na responsabilidade subjetiva contratual cabe ao imputado o nus de provar a

    ausncia de culpa, na responsabilidade subjetiva extracontratual cabe a quem suporta o dano

    o nus de provar a culpa do infrator .

    Diz-se objetiva a responsabilidade quando ao agente causador do dano, independentemente

    haver este concorrido com culpa ou no, se imputa o dever de indenizar por fora demandamento legal. o damnum sine injuria, a responsabilidade sem culpa .

    So excludentes da responsabilidade :

    (a) Legtima defesa . a ao de carter defensiva adotada por aquele que sofre agresso

    injusta dirigida contra si ou seus familiares, ou seus bens .

    (b) Exerccio regular de um direito.

    (c) Estado de necessidade . o mal praticado para a preservao de direito prprio ou alheio

    de perigo certo e atual, que no provocou, nem podia de outro modo evitar, e o agente no

    era legalmente obrigado a arrostar o perigo.

    (d) Fato da vtima. a culpa da vtima, da qual redunda o dano.

    (e) Fato de terceiro. a interveno de qualquer pessoa estranha que por sua conduta atraia

    os efeitos do fato prejudicial.

    (f) Caso Fortuito e Fora Maior. So fatos necessrios, cujos efeitos no era possvel evitar-seou impedir. Enquanto o caso fortuito decorre de acontecimento derivado da fora da natureza,

    a fora maior decorre de acontecimento derivado da ao humana - factum principis .

    30. Limitao de Responsabilidade do Proprietrio de Navio

    A despeito da tecnologia disponvel hodiernamente, o risco na aventura martima permanece,

    como possibilidade, elevado. Diante dessa realidade, a iniciativa privada manter-se-ia , por

    certo, afastada do comrcio do mar fosse o transportador martimo responsabilizado in

    infinitum. Assim que, por razes de estado, dado as repercusses do transporte martimo

    sobre o interesse pblico, admite-se a limitao da responsabilidade do transportador.

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    14/31

    O abandono liberatrio, instituto de que trata o Cdigo Comercial e a Conveno Internacional

    de Bruxelas de 1924 promulgada pelo decreto no. 350/1935, o processo que institui a

    limitao da responsabilidade dos proprietrios de embarcao.

    A limitao da responsabilidade do proprietrio de embarcao diz respeito ao quantum esta

    alcana. Este quantum limite ser composto pelo valor da embarcao, pelo do valor dosrespectivos acessrios, e pelo valor do frete ( ainda que a embarcao no tenha auferido

    nenhum frete ) .

    Estatudo, pois, por fora de lei, o proprietrio da embarcao somente responde at a

    concorrncia do valor desta, dos acessrios e do frete :

    (a) pelas indenizaes devidas a terceiros em virtude de prejuzos causados em terra ou no

    mar por faltas do Comandante, da tripulao, do Prtico ou de qualquer outra pessoa a servio

    da embarcao ;

    (b) pelas indenizaes devidas em virtude de prejuzos causados tanto carga entregue ao

    Comandante para ser transportada, como a todos os bens e objetos que se acharem a bordo ;

    (c) pelas obrigaes resultantes do conhecimento ;

    (d) pelas indenizaes devidas em virtude de uma falta nutica cometida na execuo de um

    contrato ;

    (e) pela obrigao de remover uma embarcao afundada e pelas obrigaes que com ela

    tenham relao ;

    (f) pelas remuneraes de assistncia e salvamento ;

    (g) pela cota de contribuio que incumbe ao proprietrio nas avarias comuns ;

    (h) pelas obrigaes resultantes de contratos celebrados ou das operaes efetuadas pelo

    Comandante em virtude de seus poderes legais, fora do porto de registro da embarcao, para

    as necessidades reais da conservao da embarcao ou da continuao da viagem, desde que

    essas necessidades no provenham nem de insuficincia nem de defeito do equipamento oudo aproveitamento no comeo da viagem .

    O abandono liberatrio no transfere a propriedade martima. A embarcao, por efeito do

    abandono liberatrio, se transmuda em bem em liquidao, isto , num bem destinado

    converso em espcie para a paga dos credores .

    31. Responsabilidade Contratual do Transportador

    Vrias so as obrigaes assumidas pelo transportador por fora do contrato de transporte,

    antes durante e depois da viagem. Se descumprir qualquer delas por fato a si imputvel,

    responde por perdas e danos.

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    15/31

    O transportador poder ilidir a responsabilidade a ele atribuda se provar que o

    descumprimento deveu-se por falta do afretador ( vcio prprio da mercadoria ou embalagem

    deficiente ou precria ), caso fortuito ou fora maior .

    31.1 Clusulas de Irresponsabilidade

    Clusulas de irresponsabilidade do transportador foram incorporadas tanto pela Conveno

    Internacional para a Unificao de certas Regras de Lei concernentes aos Conhecimentos de

    Embarque - Hague Rules 1924, quanto por aquelas que lhe seguiram ( Visby Rules 1963,

    Hague-Visby Rules 1968 e Hamburg Rules 1978) . O Brasil, entretanto, no ratificou qualquer

    delas. A priori, o ordenamento jurdico brasileiro nega validade a qualquer clusula de no

    indenizar. Nesta questo, entretanto, o que se observa que a jurisprudncia nacional ainda

    vacilante ao interpretar a validade ou no da insero dessas clusulas no contrato.

    31.2 Responsabilidade pelo Transporte

    Questo relevante saber, face a diversidade de relaes jurdicas que hoje em dia o contrato

    de utilizao de navio suscita, quem responde pelas obrigaes decorrentes do transporte. A

    ttulo de se ressaltar esta questo da apurao de responsabilidade decorrente de perdas ou

    avarias da carga durante o transporte martimo, vale citar o artigo intitulado "" Who is the

    carrier? "", disposto na internet por Christopher Giaschi, ainda que ausentes algumas

    ressalvas que se fariam pertinentes. Diz este autor em sntese que tece sob a gide das

    convenes internacionais sobre conhecimentos de embarque :

    "" Quando o transportador o prprio armador-proprietrio ou o armador-locatrio, a estes

    invariavelmente se imputar responsabilidade por perda ou avaria da carga . Quando,entretanto, o transportador o locatrio de coisa e servio ( time charterer ), as cortes vemconsiderando responsveis por perdas ou avarias da carga tanto o locatrio quanto o armador-

    proprietrio. ""

    31.3 O Cdigo de Defesa do Consumidor no Negcio Martimo

    Outra questo que se destaca aquela relativa a aplicao dos preceitos do Cdigo de Defesa

    do Consumidor s relaes jurdicas exsurgidas do negcio martimo.

    Sobre o conceito de consumidor a jurista e pesquisadora Cludia Lima Marques, presidente doInstituto Brasileiro de Poltica e Direito do Consumidor, sustenta que "" segundo a

    interpretao teleolgica do artigo 2 do CDC no basta ser destinatrio ftico do produto,

    retir-lo da cadeia de produo, lev-lo para o escritrio ou residncia, necessrio ser final

    econmico do bem, no adquiri-lo para revenda, no adquiri-lo para uso profissional, pois o

    bem seria novamente um instrumento de produo cujo preo ser includo no preo final do

    profissional que o adquiriu "" ( Contratos no Cdigo de Defesa do Consumidor, ed. Revista dos

    Tribunais, 1992 ).

    "" importante frisar que o fator nuclear para definio do consumidor exatamente o carter

    de destinatrio final, a partir do qual ficam excludos revendedores e intermedirios, que tosomente repassam um dado produto"" , disserta sobre a questo o advogado, Dr. Leandro

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    16/31

    Cardoso Lages, em artigo mantido no site da internet "" Jus Navegandi "" , com o ttulo ""Consumidor ... "" .

    O usurio do transporte martimo invariavelmente um empresrio revendedor ou

    intermedirio que faz do frete valor agregado do produto que transaciona no mercado. Isto

    posto, das exposies a respeito do conceito de consumidor, portanto, se apreende que, salvomelhor juzo, os dispositivos do CDC no so aplicveis espcie.

    Em se tratando de transporte de pessoas, o CDC, entretanto, sem dvidas que estar

    tutelando os direitos do usurio, isto , do passageiro.

    CAPTULO IV - CONTRATOS DE UTILIZAO DO NAVIO

    32. Preleo

    Sobre o assunto prediz Flvia de Vasconcellos Lanari que "" o uso de navios visando obteno

    direta de benefcios pode ocorrer sob a forma de diferentes contratos, sendo importante ademarcao cuidadosa do mbito de aplicao de cada um, dado que a classificao doscontratos de utilizao tpica de navios est longe de ser generalizada e muito menoscoincidente nos diferentes ordenamentos jurdicos, sendo de se registrar at mesmo uma certaconfuso da doutrina na tarefa de identific-los"" ( Direito Martimo - Contratos e

    Responsabilidade, Del Rey/1999 ) .

    Alguns destes contratos de utilizao de embarcao se caracterizam por terem como

    natureza jurdica quer a simples locao de coisa quer a locao ou sublocao mista de coisa e

    servio, enquanto outros se caracterizam por terem como natureza jurdica o transporte .

    33. Contrato de Locao a Casco Nu ( Bareboat )

    Contrato realizado entre o proprietrio da embarcao e um armador. Caracteriza-se,

    principalmente, por :

    (a) se tratar de contrato de locao de coisa ;

    (b) caber ao armador tanto a gesto nutica quanto a gesto comercial da embarcao ;

    (c) caber ao armador prestar alugul ( hire ), em vez de frete ( freight ) .

    34. Contrato de Locao Mista ( Time Charter )

    Contrato realizado entre o armador da embarcao e terceiro. Caracteriza-se, principalmente,

    por :

    (a) se tratar de contrato de locao de coisa ( embarcao ) e, ao mesmo tempo, locao de

    servio ( prstimos da tripulao ) ;

    (b) caber ao terceiro, apenas, a gesto comercial da embarcao, j que a gesto nutica

    permanece a cargo do armador ;

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    17/31

    (c) caber ao terceiro prestar alugul ( hire ), em vez de frete ( freight ) .

    35. Contrato de Transporte

    Contrato realizado entre o transportador, aquele a quem cabe a gesto comercial do navio, e o

    usurio de transporte ( comissrio de carga, exportador, importador, operador multimodal,

    embarcador ). Caracteriza-se, principalmente, por :

    (a) se tratar de contrato de servio unicamente ;

    (b) figurar o responsvel pela gesto comercial como transportador ;

    (c) caber ao usurio do transporte prestar frete ( freight ), em vez de alugul.

    36. Contrapartida Contratual36.1 Contrapartida nas Locaes a Casco Nu e Mista

    Tanto na locao a casco nu ( bareboat ) quanto na locao mista ( time charter ), bem como

    nas eventuais sublocaes que por desdobramentos inerentes atividade do comrcio

    martimo venham a ser contratadas, a contrapartida a prestar o valor de alugul ( hire ) .

    Estes contratos de locao e de sublocao de embarcao se instrumentalizam atravs da

    Carta-Partida ( Charterparty ) .

    36.2 Contrapartida no Servio de Transporte

    No contrato de transporte, a contrapartida a prestar o valor frete. O contrato se

    instrumentalizar por meio da Carta-Partida ( Charterparty ) ou de documento desta derivada (

    Slot Charterparty ), sempre que a quantidade de carga disposta para embarque for de tal

    ordem que seja imperioso se reservar todos os espaos de bordo para acondicion-la. Se

    instrumentalizar por meio de Conhecimento de Embarque ( Bill of Lading ) ou similar (

    Booking Note ) quando a quantidade de carga posta a embarque exigir apenas uma parcela

    dos espaos de bordo para seu acondicionamento.

    37. Gesto Nutica

    Considera-se gesto nutica a administrao dos fatos relativos ao aprovisionamento,

    equipagem, segurana pessoal e material a bordo, operao tcnica em geral (

    carregamento, descarga, estabilidade e etc.), ao cumprimento da normas de Direito

    Administrativo e Penal Martimo nacional e internacional, manuteno apropriada da

    embarcao/navio, navegao e a tudo mais que se fizer necessrio para a consecuo desta.

    38. Gesto Comercial

    Considera-se gesto comercial a administrao dos fatos relativos ao angariamento de carga,

    negociao do contrato de transporte e de locao/sublocao da embarcao/navio, e ao

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    18/31

    adimplemento das obrigaes comerciais assumidas quer na esfera pblica quer na esfera

    privada.

    39. Mercado Internacional de Afretamento

    39.1 Oferta de Embarcao

    M/V 'MAGIC SKY' Liberian Flag, built 1983 single deck bulk carrier

    37,554 MT DWT on 35' 3.75'' SSW LOA 615' 11'' EXT BREADTH 93' 3.5""

    1,618,800 cuft grain/1,560,900 cuft bale5 holds/hatches 4 @ 24 MT cranes

    14 Kts on 30 MT (1500') plus 2.5 MT blended F.O.

    AVAILABLE 2/2 BALTIMORE .

    39.2 Oferta de Carga

    Require vessel of abt 40.000 mt Dwt for single voyage from NY. To Naples carrying full cargo

    Heavy Grain. Delivery in NY. for loading first half February.

    39.3 Mercado : Nvel de Frete - Fechamento Realizado

    US East Coast to Italy - Magic Sky, 36,000 t, heavy grains/sorghum/soya beans, $12.50, 4

    days/1,000 t, Feb. 6-10. (Andreas)

    CAPTULO V - O TRANSPORTE MARTIMO

    40. Compra e Venda Mercantil

    facultado ao comprador e ao vendedor estabelecerem livremente clusulas relativas ao lugar

    da entrega e s despesas com o transporte das mercadorias. Referem-se algumas dessas

    clusulas no s ao transporte como, igualmente, a outras despesas, a exemplo daquelas

    relativas a aplice de cobertura dos riscos durante o perodo de translado.

    Nas negociaes de venda e compra se consagrou o uso de siglas conhecidas como incoterms (cif, fob, c&f, faz, etc.), indicativas dos mandamentos contidos em ditas clusulas. Os incoterms

    mais usualmente empregados nas transaes comercias so:

    (a) Cif - Cost Insurance & Freight , significando que fica a cargo do vendedor as despesas de

    transporte das mercadorias, bem como, do correspondente seguro que d cobertura aos riscos

    decorrentes do transporte.

    (b) Fob - Free on Board , significando que o vendedor deve entregar as mercadorias a bordo da

    embarcao, ficando a cargo do comprador as despesas com o frete e o seguro de cobertura

    dos riscos do transporte das mercadorias.

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

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    guisa de esclarecimento, salienta-se que o contrato de venda e compra do qual fazem parte

    estas clusulas representadas pelos incoterms no deve ser confundido com o contrato de

    transporte realizado entre aquele a quem cabe prover o transporte ( vendedor ou comprador )

    e o transportador.

    Em regra, as despesas com a tradio ou entrega da coisa ficam a cargo do vendedor. Oinverso se d quando do recebimento, isto , as despesas ficam a cargo do comprador . Visto

    dessa forma, quer a venda se d sob o amparo da clusula CIF quer sob o da clusula FOB,

    ficar a cargo do vendedor as despesas com o carregamento, e, por seu turno, a cargo do

    comprador as despesas com a descarga.

    Os riscos de avaria, perda, deteorizao e etc. da coisa transacionada ficam, em geral, a cargo

    do vendedor se ocorrerem antes da tradio, isto , antes da entrega, e vice-versa, isto , a

    cargo do comprador depois de efetuada esta. Como exceo a regra, cabe citar, por interesse

    da matria

    41. Transaes Internacionais - Crdito Documentrio

    O comrcio internacional envolve riscos tanto para o vendedor quanto para o comprador. A

    busca por uma forma de atenuao destes riscos polticos e econmicos que circundam as

    operaes mercantis internacionais fez com que se desenvolvesse o Crdito Documentrio,

    instituto acessrio destas operaes. Hodiernamente, vendedor e comprador do cenrio

    internacional contam com a segurana que este propicia aos seus negcios .

    As transaes internacionais se processam atravs do Crdito Documentrio da seguinte

    maneira : o comprador dos bens, aquele que deve pagar o preo, deposita o crdito em umbanco de sua confiana solicitando que este emita um documento ( em geral, uma Carta de

    Crdito ) segundo o qual o vendedor dos bens, aquele que deve receber o preo, to logo

    satisfaa as condies estabelecidas no prprio texto do documento toma para si o crdito

    depositado.

    Embora muitas vezes as expresses Crdito Documentrio e Carta de Crdito sejam

    confundidas, na verdade a primeira mais ampla e inclui a segunda. Crdito documentrio ,

    na verdade, todo arranjo que prev desembolso de recursos mediante a apresentao de

    documentos por parte do favorecido pelo crdito. A Carta de Crdito gnero do qual o

    Crdito Documentrio espcie .

    Os principais documentos comumente requeridos para a liberao da Carta de Crdito pelo

    banco so a fatura comercial, o conhecimento de embarque, e aquele relativo ao contrato de

    seguro .

    No apresentados os documentos requeridos ou encontrando-se estes em desconformidade

    com o estatudo pelo comprador, o banco denegar a liberao do crdito.

    42. Transporte

    42.1 Definio

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    20/31

    Transporte o ato de conduzir de um lado para o outro pessoa ou coisa, por caminho areo,

    terrestre ou martimo.

    42.2 Transportador

    Transportador aquele que contra pagamento se obriga a transportar aquilo que tiver sidoconvencionado no contrato de transporte.

    42.3 Fretador

    Fretador ( Shipowner ). Diz-se daquele que dispe embarcao indstria do transporte. Ainda

    que impropriamente, o termo tanto se refere quele que cede embarcao ou navio em

    locao quanto quele que se dispe a prestar o servio de transporte .

    42.4 Afretador

    Afretador ( Charterer ). Diz-se daquele que contrata com o fretador . Ainda que

    impropriamente, o termo tanto se refere quele que toma embarcao em locao quanto

    quele toma embarcao para o transporte de suas mercadorias .

    42.5 Subafretador

    Subafretador ( Charterer ). Diz-se daquele que toma embarcao j afretada em locao.

    No h cesso de contrato no subafretamento. No este acessrio do afretamento, vez que

    trata-se de contrato autnomo.

    42.6 Embarcador

    Embarcador ( Shipper ) aquele a quem cabe processar o embarque das mercadorias a bordo.

    No Brasil, o processo de embarque ou realizado por Operador Porturio ou diretamente pelo

    prprio Terminal. O embarcador , em geral, mero prestador de servio, embora em certos

    casos a figura deste coincida com a do vendedor/exportador, a exemplo da Vale do Rio Doce.

    Quer seja ou no o embarcador aquele que contrata com o transportador, segundo o Decreto

    no. 116/1967, regulamentado pelo Decreto no. 64.387/1969, a mercadoria, que passa a tomar

    a denominao tcnica de carga, ter sido repassada responsabilidade da embarcao/navioa partir de sua efetiva entrega a bordo, esta nos termos do pargrafo primeiro do referido

    decreto.

    43. Modalidades de Transporte

    Relativo s modalidades dos transportes, estes podem ser :

    (a) modais - os que se realizam mediante utilizao de apenas um meio de transporte ;

    (b) intermodais - quando concorrem dois ou mais meios de transportes .

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

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    (c) segmentados - quando vrios transportadores participam em fases separadas da mesma

    operao de transporte, regidos cada qual por contrato diverso .

    (d) sucessivos - quando, sob um nico contrato de transporte, vrios transportadores

    participam da mesma operao de transporte.

    44. Regimes de Navegao

    44.1 Navegao

    O termo navegao, como j se disse antes, deriva da conjugao dos vocbulos latinos ""

    navis "" - navio, nave - e "" agere "" - dirigir, direcionar . Juridicamente, o termo em questo

    tem sido definido como "" a arte ou cincia nutica "" de conduzir um navio de um lugar para

    outro. Navegao significa, pois, a arte de conduzir uma embarcao por meio de movimentos

    planejados e ordenados .

    44.2 Regimes de Navegao

    Em se tratando de transporte aquavirio, estatui a Lei 9.432/97 os seguintes regimes de

    navegao :

    Navegao de Longo Curso - aberta aos armadores, s empresas de navegao e s

    embarcaes de todos os pases, observados os acordos firmados pela Unio, atendido o

    princpio da reciprocidade.

    Navegao Interior de Percurso Internacional - aberta s empresas de navegao e

    embarcaes de todos os pases, exclusivamente na forma dos acordos firmados pela Unio,atendido o princpio da reciprocidade.

    Navegao de Cabotagem, Navegao Interior de Percurso Nacional & Navegao de Apoio

    Martimo - embarcaes estrangeiras somente podero participar quando afretadas por

    empresas brasileiras de navegao, observado o disposto nos artigos 9 e 10 da referida lei.

    45. Instrumentos do Contrato de Transporte

    O contrato de transporte pode ser instrumentalizado pelo Conhecimento de Embarque, pela

    Carta-Partida ( Charterparty ), ou outras formas destes derivados ( Slot Charterparty, Booking

    Note, Waybill e etc. ) .

    Os embarques de pequenos lotes de carga, tais como umas tantas sacarias, uns tantos tonis

    de vinho, ou uns tantos conteiners ( cofres de carga ), no ocupam todos os espaos de carga

    do navio, o que faz com que o usurio opte por aderir ao contrato padro de transporte

    disponibilizado praa pelos transportadores que performam linhas regulares de carga geral

    e/ou conteiners. O instrumento do contrato neste tipo de servio de transporte o

    Conhecimento de Embarque ( Bill of Lading ) .

    Os embarques de grandes lotes de carga homogneas, a exemplos das cargas a granel slido

    ou lquido ( gros, minrios, carvo, derivados de petrleo, e etc. ) e quase-homogneas, aexemplo do neo-granel ( produtos siderrgicos, produtos florestais e etc.), ocupam todo, ou

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

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    quase todo espao de bordo, justificando o afretamento da embarcao por inteiro. O

    instrumento do contrato neste tipo de servio de transporte , nestes casos, a Carta-Partida (

    Charterparty ) .

    46. Peculiariedades do Conhecimento de Embarque - B/L

    O conhecimento de embarque ( bill of lading ) um documento verstil que, performando

    diferentes funes simultneamente, alterna sua natureza conforme as circunstncias .

    At o advento do Decreto 19.473/1930 e do Decreto 19.754/1931, que lhe segue, o

    conhecimento de embarque era regulado pelo Cdigo Comercial. Em 1988 foi promulgada a

    Lei no. 9.611/1988, que dispe sobre o transporte multimodal de cargas, a qual contm vrios

    dispositivos referentes ao conhecimento de embarque inerente quela modalidade de

    transporte.

    46.1 Funes do Conhecimento

    So trs as funes desempenhadas pelo conhecimento de embarque :

    a) recibo, pois que aceito como prova da entrega da mercadoria .

    Nos embarques em navios de linha regular ( liners ), aps a entrega e acondicionamento da

    mercadoria a bordo, o staff do navio assina os talhes ( tallies ) apresentados pelo conferente, e

    relativos s parcelas de carga ou conteiners recebidos. Se, alternativamente, tratar-se de

    embarque de grandes lotes de carga em navios eventuais ( tramps ), aps a entrega e

    acondicionamento destes a bordo, ao invs de talhes, o que o staff do navio ir assinar so os

    assim chamados recibos do piloto ( mate's receipt ), que declaram o recebimento da carga abordo. Os talhes ou os recibos do piloto, conforme o caso, so entregues, ento, ao agente do

    transportador, a quem cabe emitir os B/Ls.

    Os B/Ls assim emitidos pelo representante do transportador e em seu nome, confirmam, pois,

    o recebimento da carga a bordo.

    Por fora do fato de que o Comandante passar a ser o fiel depositrio da carga sua guarda

    entregue - C.Civil, art. 1.282, tem ele o poder-dever de apor nos talhes ou recibos do piloto

    qualquer ressalva que razoavelmente julgar necessria com respeito ao estado e condies das

    mercadorias recebidas a bordo, devendo os B/Ls correspondentes conter de forma exata econforme o que tiver sido ressalvado.

    Para evitar ressalvas no B/Ls e, consequentemente, a no liberao pelo banco da Carta de

    Crdito emitida pelo comprador a favor do vendedor das mercadorias, comum estes

    proporem ao transportador, em troca da promessa de no haver ressalvas, uma carta de

    garantia isentando o navio de responsabilidades quanto a carga . Essa prtica, no entanto, no

    conta com o aval do segurador que promove o seguro de responsabilidade civil do armador.

    O B/L dito limpo( Clean B/L ) se no contm ressalvas. Contendo-as, dito sujo ( Dirty/Foul

    BL ).

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    23/31

    Ocorrendo a entrega das mercadorias para embarque no cas ou em armazm, o responsvel

    pelo recebimento o confirma atravs de recibo que na lngua inglesa conhecido como ""

    dock's receipt ""

    b) evidencia da existncia de um contrato de transporte .

    O B/L no , de pronto, o contrato de transporte em si, mas apenas uma evidncia ( prima

    facie evidence ) da existncia deste.

    Se o contrato de transporte estiver sendo regido por uma Carta-Partida ( Charterparty ), por

    exemplo, o B/L funcionar apenas como recibo de confirmao do embarque e como ttulo de

    propriedade das mercadorias. Mas, se este for endossado a favor de terceiro na mesma

    viagem, passar, forosamente, a configurar contrato de transporte entre o armador e aquele

    para quem o ttulo foi transmitido. Face a esta circunstncia, haver 2 contratos de transporte

    operando simultneamente : o primeiro, a Carta-Partida, representando o contrato entre o

    embarcador/exportador e o transportador, e, o segundo, o B/L, representando o contratoentre o novo detentor do ttulo e o armador .

    c) titulo representativo das mercadorias nele discriminadas .

    O B/L daqueles ttulos de crdito que em doutrina se conhece como ttulo de crdito

    imprprio. Rene, portanto todas as qualidades inerentes aos demais ttulos de crdito, a

    saber :

    (a) Literalidade - atende ao que expressa e diretamente menciona ;

    (b) Autonomia - cada obrigao que se estabelece autnoma com relao s demais ;

    (c) Cartularidade - titulo e direito se confundem, tornando imprescindvel o documento para o

    exerccio do direito que nele se contm ;

    (d) Abstrao - o ttulo se desvincula da causa que lhe deu origem .

    Segundo o artigo 1508 do Cdigo Civil o credor no pode pleitear o recebimento do seu

    crdito sem estar de posse do ttulo. Entretanto, se a falta do ttulo decorre de extravio ou

    destruio, possvel requerer ao juiz competente do lugar do pagamento a reconstituio do

    ttulo, conforme o que dispe o Decreto no. 2.044/1908 .

    Endosso o meio pelo qual se transfere a propriedade de um ttulo de crdito. Endosso em

    preto aquele que menciona expressamente no ttulo o nome do beneficirio do endosso.

    Endosso em branco aquele em que o nome do beneficirio no ttulo omitido. Tem a

    vantagem de no obrigar cambialmente os portadores sucessivos .

    O Decreto 2.044/1908, visando o favorecimento da circulao do ttulo de crdito, ao

    estabelecer que "" na ao cambial somente admissvel defesa fundada no direito pessoal do

    ru contra o autor, em defeito de forma do ttulo e na falta de requisito necessrio ao

    exerccio da ao "", embasou a seguinte regra prevista no Decreto 19.473/1930 :

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    24/31

    "" Artigo 8 - A tradio do conhecimento ao consignatrio, ao endossatrio ou ao portador,

    exime a respectiva mercadoria de arresto, seqestro, penhora, arrecadao ou qualquer outro

    embarao judicial, por fato, dvida, falncia ou causa estranha ao prprio dono atual do ttulo,

    salvo caso de m f provada.""

    Na prtica, por fora da lei natural do menor esforo, costuma-se usar a sigla B/L, iniciais deBill of Lading, quando se quer dizer do conhecimento de embarque.

    No Brasil, os conhecimentos nominativos podem se "" ordem "" e "" no ordem "".

    Conhecimento nominativo "" ordem "" o que admite endosso. Conhecimento nominativo

    "" no ordem "" no pode ser endossado.

    O endosso, por seu turno, deve ser puro e simples, reputando-se nulo o endosso parcial.

    So emitidos originais negociveis e cpias no negociveis dos B/Ls. A bordo mantido um

    conjunto de cpias no negocivel dos B/Ls.

    A apresentao do B/L original no porto de destino condio sem a qual a carga no

    descarregada e entregue.

    47. Peculiaridades das Cartas-Partidas - C/P

    A Carta-Partida, cujo correspondente termo em ingls Charterparty, por vezes instrumento

    do contrato de locao de navio ( carta-partida a casco nu - bareboat charterparty e carta-

    partida por tempo - time charterparty ), por vezes instrumento de contrato de transporte (

    carta-partida por viagem - voyage charterparty ) .

    Como instrumento de contrato de transporte, suas clusulas regem a prestao do servio,

    estabelecendo obrigaes para o transportador e para o usurio contratante.

    A despeito da Carta-Partida reger o contrato de transporte, o B/L se faz necessrio, posto que

    funcionar como recibo e como ttulo de propriedade das mercadorias transportadas .

    A Carta-Partida ser elegida como instrumento regente do contrato de transporte sempre que

    a quantidade de carga justificar o afretamento do navio por inteiro.

    O frete , tambm, neste caso, a contrapartida do servio .

    48. Conflitos de Lei

    Embora o Brasil possua costa de dimenso continental, o transporte martimo entre ns, ,

    pode-se dizer, quase exclusivamente internacional. Desse carter, por assim dizer,

    internacional do transporte martimo, decorrem conflitos de lei.

    As partes do contrato, por fora da autonomia de vontade, tem liberdade de eleger o foro

    onde devam ser dirimidos os conflitos de interesse surgidos. E, em geral, a lei inglesa aquelaelegida para reger o contrato internacional de transporte .

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

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    CAPTULO VI - ARBITRAGEM

    49. Compromisso

    As pessoas capazes de contratar, podero, em qualquer tempo, louvar-se, mediante

    compromisso escrito, em rbitros, que lhes resolvam as pendncias judiciais, ou extrajudiciais.

    50. Clusula Compromissria

    Clusula compromissria aquela que estabelece a obrigao das partes do contrato

    submeterem a rbitros, as divergncias que venham a surgir entre elas.

    51. Arbitragem

    Arbitragem, segundo a define J. Cretella Junior, "" o sistema especial de julgamento, comoprocedimento, tcnica e princpios informativos especiais e com fora executria reconhecida

    pelo direito comum, mas a este subtrado, mediante o qual, duas ou mais pessoas fsicas, ou

    jurdicas, de direito privado ou de direito pblico, em conflito de interesses, escolhem de

    comum acordo, contratualmente, uma terceira pessoa, o rbitro, a quem confiam o papel de

    resolver-lhes a pendncia, anuindo os litigantes em aceitar a deciso proferida"".

    O Professor Coordenador da PUC do Rio Grande do Sul, Dr. Cludio Mangoni Moretti, em

    artigo publicado em 31/12/97, sob o ttulo "" Arbitragem Internacional "", de forma

    sobremaneira pertinente, traz sobre o assunto as seguintes citaes :

    (a) "" Aristteles, na Retrica (L. 13, 1374, b, 420), ressalta tambm que o rbitro visa

    eqidade, enquanto que o juiz visa lei, motivo por que se criou a rbitro, para que se

    pudesse invocar eqidade"".

    (b) ""Ccero, no discurso em defesa de Roscio (...): Uma coisa o julgamento, outra a

    arbitragem. Comparece-se ao julgamento para ganhar ou perder todo o processo. Tomam-se

    rbitros com a inteno de no perder tudo e de no obter tudo"".

    A arbitragem, pode-se dizer em sntese, que consiste em submeter os litgios apreciao

    imparcial de pessoas independentes, intitulados rbitros.

    O rbitro, pois, a pessoa a quem confiada a soluo dos litgios submetidos uma

    arbitragem.

    51. Vantagens da Arbitragem

    As principais vantagens da arbitragem para as partes so :

    (a) Privacidade . Diferente da justia comum onde os feitos so abertos ao pblico, na

    arbitragem as partes no se obrigam a publicar informaes sobre o caso ;

    (b) Informalidade . Na arbitragem o procedimento relativamente simples e sem maiores

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

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    formalidades ;

    (c) Dispensa de recursos. Em geral no se interpe recurso contra o laudo arbitral ;

    (d) Economia. O custo da arbitragem inferior quele relativo s custas da justia comum .

    3. Desvantagens da Arbitragem

    A arbitragem apresenta algumas desvantagens. Pode ocorrer, por exemplo, que, apontando-se

    como rbitro um expert em negcios que no seja to bem versado em leis, a contenda no

    seja satisfatoriamente soluta, posto que envolvia apenas matria de direito, e vice-versa, isto

    , se a indicao recair em jurista sem conhecimento e experincia requerida pela matria de

    fato envolvida na disputa. Por outro lado, se cada parte indica o seu prprio rbitro, corre-se o

    risco de cada deles atuar em defesa dos interesses daquele que o tenha apontado. E,

    finalmente, pode ocorrer, ainda, que o laudo arbitral, por insatisfatrio, faa com que a

    questo litigiosa acabe na justia comum levada pela parte inconformada, representandoaquele juzo arbitral apenas perda de tempo e dinheiro .

    54. Matrias Admissveis Submisso de Arbitragem

    Com certas excees, qualquer matria admissvel de apreciao pelo judicirio pode ser

    levada uma arbitragem. As partes, querendo, podem fazer constar do contrato clusula

    compromissria.

    55. Indicao dos rbitros

    As partes podem livremente indicar um ou mais rbitros. Em geral, por economia, apontadoapenas um, indicado por pessoa neutra . Mas nada impede que cada parte aponte um rbitro

    e, consensualmente, indiquem um terceiro desempatador ( umpire ) quando as opinies dos

    rbitros forem discordes.

    mandatrio que se aponte o desempatador sempre que houver divergncias nos pareceres

    dos dois rbitros que conduzem a arbitragem.

    56. Poderes Reconhecidos aos rbitros

    Submetendo uma questo arbitragem, as partes tacitamente atribuem e reconhecem os

    seguintes poderes ao rbitro :

    (a) de ouvir as partes e testemunhas ;

    (b) de corrigir erros e enganos de expresso e tipografia contidos no laudo arbitral;

    (c) de requerer, sujeito objeo legal, documentos e tudo mais que for julgado necessrio

    para seu esclarecimento e convencimento ;

    (d) de ordenar, com certas excees, o cumprimento de determinados pontos do contrato em

    anlise ;

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    27/31

    (e) de apresentar um laudo arbitral ( award ) intermedirio ;

    (f) de apresentar o laudo arbitral ( award ) final ;

    (g) de estabelecer qual das partes dever arcar com o nus da sucumbncia.

    57. Honorrios do rbitro

    A menos que acordado de forma diversa, o rbitro tem o poder de fixar no laudo arbitral o

    valor do seu servio. No pago o valor do servio e das custas informadas no laudo

    intermedirio, o rbitro poder reter o laudo final e demandar o pagamento na justia face ao

    inadimplente.

    58. Reviso Judicial dos Laudos Arbitrais

    Os laudos arbitrais submetem-se a reviso judicial se requerida por qualquer das partes.

    59. Arbitragem no Brasil

    No Brasil a arbitragem regida pela Lei 9.307/96, estruturada segundo diretrizes do

    regramento internacional existente .

    O emrito Professor da PUC do Rio Grande do Sul, Dr.Cludio Mangoni Moretti, esclarece no

    artigo supra citado que, levando-se em considerao contratos possuindo clausulas arbitrais,

    as seguintes situaes apresentar-se-o :

    "" Situao 1: Parte A e B Brasileiras. Contrato firmado no Brasil. Clausula Arbitral dispondo a

    lei brasileira como o direito a ser utilizado pelo arbitragem. Sentena arbitral proferida no

    Brasil. Essa Arbitragem, no deixa dvidas, que Nacional.

    Situao 2: Parte A Brasileira e Parte B Estrangeira. Contrato firmado no Brasil. Clausula

    Arbitral dispondo a lei brasileira como o direito a ser utilizado pelo arbitragem. Sentena

    arbitral proferida no Brasil. Essa Arbitragem Nacional, muito embora uma das partes seja

    estrangeira, aconteceria o mesmo no caso de ambas as partes serem estrangeiras, j que o

    pargrafo nico do art. 34, considera estrangeira a arbitragem proferida no estrangeira. O

    critrio territorial.

    Situao 3: Parte A Brasileira e Parte B Estrangeira. Contrato firmado no Brasil. Clausula

    Arbitral dispondo a lei estrangeira como o direito a ser utilizado pelo arbitragem. Sentena

    arbitral proferida no Brasil. Essa Arbitragem Nacional, mesmo com a utilizao de direito

    internacional como critrio de julgamento, pois o que determina ser arbitragem internacional

    ou no, e como j foi dito, o local onde tenha sido proferida.

    Situao 4: Parte A Brasileira e Parte B Estrangeira. Contrato firmado no Brasil. Clausula

    Arbitral dispondo a lei estrangeira como o direito a ser utilizado pelo arbitragem. Sentena

    arbitral proferida no Exterior. Essa Arbitragem Internacional.

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

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    Situao 5: Parte A Brasileira e Parte B Estrangeira. Contrato firmado no Exterior. Clausula

    Arbitral dispondo a lei estrangeira como o direito a ser utilizado pelo arbitragem. Sentena

    arbitral proferida no Exterior. Essa Arbitragem Internacional.""

    E conclui aquele douto professor :

    "" Observa-se que o direito que ir regular a utilizao da arbitragem em determinado Pas,

    sua possibilidade de uso e sua forma no contrato internacional, est atrelada aos ditames da

    lei local, onde se efetivou o contrato. O direito que ir regular os critrios de julgamento da

    arbitragem, no caso da Lei 9.307/96, ser convencionado pelas prprias partes (art. 2), sendo

    que o carter internacional da arbitragem, necessariamente no poder passar por ali. Dessa

    forma ser internacional a arbitragem que tiver sua sentena proferida fora do territrio

    brasileiro, e no se deve procurar outro mtodo de classificao seno esse. ""

    Ainda sobre a arbitragem no Brasil, o douto Dr. Jos de Albuquerque Rocha, Professor Titular

    da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Cear, Ps-doutorado nas Universidadesde Paris II e Londres, em seu artigo intitulado "" Lei de arbitragem - reflexes crticas "",

    disposto na internet, opina : "" Em sociedades onde as diferenas sociais e econmicas so

    menores, como nos pases do chamado primeiro mundo, em que as classes populares, desde o

    sculo passado, organizaram-se e lutam desde ento, tenazmente, para diminuir essas

    desigualdades, a arbitragem pode funcionar com aceitvel legitimidade. No entanto, em pases

    dilacerados por violentos contrastes econmicos, sociais e culturais, a aplicao irrestrita da

    arbitragem, tal como delineada na lei brasileira, corre srio risco de transformar-se em mais

    um instrumento de aniquilamento dos direitos dos mais fracos pelos mais fortes, ou no

    retorno puro e simples ao regime da autotutela. Em poucas palavras, a lei de arbitragem,

    possivelmente, a mais liberal entre os pases de nosso contexto jurdico-cultural, est sujeita aconverter-se em mais uma ferramenta de conservao de uma das maiores concentraes de

    riqueza do mundo.""

    60. Arbitragem Internacional

    Os litgios surtos no comrcio martimo internacional so comumente submetidos s

    arbitragens quer de Nova York quer de Londres, embora outros grandes centros disponham

    tambm de associaes de rbitros de inquestionvel reputao.

    H casos em que as partes no definem no contrato o foro. A escolha que tiverem feito por

    determinada arbitragem, entretanto, servir como elemento de conexo para a identificao

    da lei do contrato, isto , da lei que o deva reger. Assim, se a opo tiver sido por uma

    arbitragem em Londres, por exemplo, omisso o foro de eleio, a lei inglesa ser considerada a

    lei do contrato, vez que, em direito, o acessrio segue o principal ( art. 59, do Cdigo Civil ) .

    60.1 Diplomas de origem internacional :

    (a) Protocolo De Genebra de 1923. (Decreto N. 21.187/32). Estabelece o carter vinculante da

    clusula compromissria prevista em contrato comercial internacional.

    (b) Conveno Interamericana Sobre Arbitragem Comercial Internacional ( Panam 1975 ).

    Passou a vigorar no Brasil atravs do Decreto n. 1.902/96. Dentre outras questes, estabelece

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

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    o reconhecimento da clusula compromissria com carter obrigatrio e efeito vinculante;

    desnecessidade da dupla homologao de laudo arbitral; inverso do nus da prova; aplicao

    do regulamento de arbitragem da Comisso Interamericana de Arbitragem Comercial - CIAC.

    (c) Conveno Interamericana Sobre Eficcia Extraterritorial As Sentenas E Laudos Arbitrais

    Estrangeiros ( Montevidu, 1979 ) . Foi aprovada pelo decreto legislativo n. 93/95, mas no

    foi promulgado o decreto que dar eficcia ao mesmo.

    (d) Protocolo de Braslia de 1991 ( Decreto N. 922/93 ). o instrumento para soluo de

    diferendos entre os Estados-Partes do Mercosul no que pertine interpretao, aplicao e

    interpretao das disposies contidas no Tratado, sendo vedado seu uso por particular.

    (e) Demais Protocolos do Mercosul. a) Protocolo de Cooperao e Assistncia Jurisdicional em

    Matria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa firmado em Las Leas em 1992.

    Aprovado pelo Decreto Legislativo n. 55/95, prev em seu artigo 18 que o pedido dereconhecimento e execuo de sentenas e laudos arbitrais por parte das autoridades

    jurisdicionais tramitar por via de cartas rogatrias e por intermdio da Autoridade Central, o

    que d mais agilidade ao processo. b) Protocolo de Jurisdio Internacional em matria

    Contratual firmado em Buenos Aires em 1994. Prev a possibilidade de soluo por arbitragem

    mediante a eleio de tribunal arbitral, ou seja, por trs rbitros. Alm do que reconhece o

    carter vinculante da clusula compromissria, como previsto na Conveno do Panam de

    1975.

    CAPTULO VI - ARRESTO DE NAVIO

    61. Definio

    O arresto uma medida cautelar prevista na processualstica nacional. Encontra-se regulado

    pelos artigos 798 a 821 do atual Cdigo de Processo Civil - CPC, artigo 679 do Cdigo Civil de

    1973 - CPC/73, artigos 479 a 483 e 607 a 609 do Cdigo Comercial, Decreto 15.788/1922 que

    dispe sobre hipoteca martima, e Decreto no. 351/1935 que ratifica a Conveno

    Internacional de Bruxelas de 1926.

    O arresto do navio visa assegurar ao credor o resultado do processo .

    62. Medida Cautelar

    A medida cautelar poder ser requerida ao juiz antes ou no curso da ao principal.

    Para que se possa obter a tutela cautelar preciso que se comprove a existncia de direito

    plausvel ( fumus boni juris ) e a irreparabilidade ou difcil reparao deste direito ( periculim in

    mora ) decorrente de se ter de aguardar o desfecho da ao principal.

    Se j h uma ao ajuizada, a cautelar dever ser requerida ao juiz da causa. Se a cautelar ,

    como se diz, preparatria, dever ser requerida ao juiz competente para conhecer da ao

    principal.

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    30/31

    O juiz poder conceder a cautelar liminarmente. Nos casos em que para ouvir o ru se

    prejudicar a liminar, poder o juiz conced-la inaudita altera pars .

    A medida cautelar poder ser substituda pela prestao de cauo ou outra garantia menos

    gravosa, sempre que suficiente para evitar a leso ou repar-la integralmente.

    Sendo preparatria a cautelar o autor ter 30 dias de prazo contados da efetivao desta para

    promover a ao principal, sob pena de decadncia do direito cautela.

    O requerido por medida cautelar ter o prazo de 5 dias para contestar a ao.

    A medida cautelar pode, a qualquer tempo ser modificada ou revogada .

    O autor, caso no atenda aos requisitos previstos na lei processual, responde perante o ru

    pelo prejuzo que a execuo da cautelar lhe promover.

    63. Requisitos da Cautelar de ArrestoSe o autor prestar cauo, o arresto ser concedido sem justificao prvia. De outra forma,

    para a concesso do arresto essencial que se faa prova :

    (a) da existncia de dvida lquida e certa ;

    (b) documental ou justificao de que o devedor, sem domiclio certo, intenta ausentar-se ou

    alienar os bens que possui, ou deixar de pagar a obrigao no prazo estipulado ;

    (c) de que o devedor que tem domiclio certo se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente;

    (d) de que, caindo em insolvncia, aliena ou tenta alienar bens que possui, contrai ou tenta

    contrair dvidas extraordinrias ; pe ou tenta por os seus bens em nome de terceiros ; ou

    comete outro qualquer artifcio fraudulento, a fim de frustar a execuo ou lesar credores ;

    (e) de que o devedor, que possui bens de raiz, intenta alien-los, hipotec-los ou d-los em

    anticrese, sem ficar com algum ou alguns livres e desembaraados equivalentes s dvidas ;

    (f) demais casos previstos em lei .

    64. Perda de Eficcia da Cautelar de Arresto

    A cautelar de arresto perder a eficcia :

    (a) se o requerente no promover a ao principal dentro do prazo previsto ;

    (b) se a cautelar no for cumprida no prazo de 30 dias ;

    (c) se o juiz declarar extinto o processo principal ;

    (d) se o requerido pagar ;

  • 7/27/2019 INTRODUO DE DIREITO MARITIMO

    31/31

    (e) se o requerido resgatar a dvida assumindo nova obrigao ( novao ) ;

    (f) se houver acordo entre os litigantes ( tansao ) .

    65. Requerente

    Poder requerer a medida cautelar de arresto aquele que for credor de dvida em quantia

    certa ou aquele que detm ttulo judicial de condenao do devedor a pagamento em dinheiro

    ou prestao conversvel em pecnia, ainda que a sentena admita recurso .

    65. Arresto de Navios Estrangeiros

    Por fora da competncia internacional, podero, por pertinente, ser arrestados os navios

    estrangeiros cujos proprietrios mantiverem no Brasil filial, sucursal ou agncia .