IPCM_aula6(2015.03.17)

Intervenção

Psicológica

com Crianças

Maltratadas

Mestrado Integrado em Psicologia

4º Ano / 2º Semestre

Docente: Luiza Nobre Lima

Manifestações Desenvolvimentais Inadaptativas

Intervenção Psicológica com Crianças Maltratadas 2

Perturbação do Trauma Desenvolvimental

PTD: Manifestações

desenvolvimentais inadaptativas

• Áreas afetadas pelo trauma desenvolvimental:

1. Vinculação

2. Biologia

3. Regulação emocional

4. Estados de consciência

5. Auto-controlo comportamental

6. Cognição

7. Auto-conceito




1. Vinculação

1.1. padrões de vinculação desorganizada

• comportamento errático em relação aos cuidadores

• elevada suscetibilidade ao stress

• dificuldade em regular as emoções sem ajuda externa

• manifestar comportamento de pedido de ajuda alterados

1.2. dificuldades interpessoais

1.3. dificuldade em sintonizar com os estados emocionais dos

outros e em assumir outras perspetivas




2. Biologia

• Alterações ao nível do cérebro e da sua utilização na resposta ao stress

• Problemas sensoriomotores

• Problemas de coordenação, equilíbrio e tónus corporal

• Somatização

• Problemas médicos: asma, problemas de pele, perturbações autoimunes

3. Regulação emocional

• dificuldade em identificar experiências emocionais internas

• dificuldade em expressar as suas emoções de forma segura e em regular as experiências internas

• dificuldade em reconhecer e identificar estados emocionais nos outros




4. Estados de consciência

• Dissociação

• automatização do comportamento

• compartimentalização de memórias e sentimentos dolorosos

• afastamento de emoções e do self da consciência

5. Auto-controlo comportamental

• padrões de comportamento sub ou sobre controlados

• padrões comportamentais rígidamente controlados

• comportamento agressivo ou perturbação de oposição e

desafio

• Fraco controlo dos impulsos

• Comportamentos auto-destrutivos




6. Funcionamento cognitivo deficiente

• atrasos na linguagem receptiva e expressiva

• QI comprometido

• pouca flexibilidade e criatividade em tarefas de resolução

de problemas

• deficits na atenção, no raciocínio abstracto, nas funções

executivas

• dificuldades de orientação no espaço e no tempo

• historial de necessidades educativas especiais, insucesso

e abandono escolar




7. Visão negativa de si próprio

• Experiências repetidas de rejeição e dano conduzem a um sentido do self como: defeituoso, indefeso, deficiente, indesejado, incompetente

• baixa auto-estima

• alterações da imagem corporal

• vergonha e culpa

• Indivíduos que esperam que os outros os rejeitem e desprezem têm maior tendência para se culparem pelas experiências negativas e manifestam problemas em solicitar e responder ao suporte social.


Avaliação baseada no trauma

A proposta de um quadro diagnóstico de Perturbação do

Desenvolvimento Pós-Traumático(PDPT) resultou do

reconhecimento da diversidade de sintomas que crianças

expostas a traumas crónicos e complexos manifestavam e que

outros quadros não conseguiam abranger.

A avaliação baseada no trauma (trauma assessment-based)

procura conhecer a forma como a PDT se manifesta num caso

particular.

Partindo do conhecimento sobre como o trauma tem impacto

sobre o cérebro, a avaliação baseada no trauma procura clarificar

os comportamentos e reações de uma criança vítima de uma

determinada experiência traumática



- Avaliação ecológica e desenvolvimental

- Suficientemente abrangente para fornecer uma perspectiva

completa sobre o funcionamento da criança, as suas

fragilidades e as suas forças e sobre o contexto em que ela se

encontra

- A avaliação desenvolvimental deve considerar todas as

variáveis associadas com o trauma – biológicas, fisiológicas,

neurológicas, ecológicas, comportamentais, afectivas e

processos cognitivos.



EXERCÍCIO



. Trauma Assessment Pathway (TAP) Model

. Child Trauma Assessment Center (CTAC) Comprehensive

Transdisciplinary Trauma Assessment Model


Avaliação baseada no trauma:

TAP Model

Trauma Assessment Pathway (TAP) Model

. Este é um modelo que assenta todo o processo de intervenção

junto de crianças traumatizadas (2-18 anos) numa avaliação

abrangente das consequências do trauma.

. Definido em 3 etapas – avaliação, triagem e tratamento - o TAP

procura estandardizar os procedimentos que conduzem à escolha

do tratamento e o próprio tratamento, através da criação de

trajetórias de decisão.

O objetivo deste formato consiste em reduzir a arbitrariedade na

seleção de um tratamento e em garantir que as melhores práticas

são realmente usadas.



TAP Model

Modelo suportado pelo princípio do tratamento baseado na

avaliação (assessment-based treatment). A avaliação revela-se

fundamental em todas as fases:

- Desenvolver um conhecimento abrangente sobre o cliente

- Identificar clientes de risco elevado.

- Estabelecer objetivos para o tratamento

- Selecionar os tratamentos apropriados

- Monitorizar e re-avaliar o funcionamento do cliente ao longo da

intervenção.



TAP Model




TAP Model

2. Avaliação

Entrevista clínica individual

Aplicação de medidas de avaliação estandardizadas

Recurso à estratégia dos múltiplos informadores

Avaliação do funcionamento familiar



TAP Model

Retirar um sentido da avaliação efectuada – considerar a informação agrupada por quatro áreas:

História do trauma – Que tipo de traumas a criança experienciou? Quão complexas foram essas experiências? Experienciou mais do que uma forma de trauma? Em mais do que uma ocasião?

Apresentação de sintomas – que sintomas manifesta a criança e com que severidade?

História contextual relevante – Como é que o meio ambiente da criança a suporta ou lhe induz mais stress? Como é que a família, os sistemas de suporte social, a comunidade influenciam a criança?

História desenvolvimental- Como é que o nível desenvolvimental da criança influencia as suas reações às experiências? Qual a idade cronológica da criança? E a idade desenvolvimental? Como é a sua vinculação às figuras mais importantes da sua vida?



TAP Model

Componente de tratamento do modelo TAP e a Roda do Trauma (Trauma wheel) – condições:

• Idade entre 2 e 18 anos

• ter experimentado pelo menos 1 evento traumático.

• ter experienciado problemas comportamentais ou emocionais em virtude da experiência traumática

• O uso deste componente não é apropriado se a criança:

• não for capaz de se envolver no processo terapeutico

• tiver risco elevado de ideiação suicida

• for psicótica

• tiver um problema de abuso de substâncias

• apresentar atrasos desenvolvimentais que a impeçam de interagir com o terapeuta


Roda do Trauma (Trauma Wheel)



TAP Model

Tarefas do clínico para a construção de uma relação:

• Estabelecer uma relação de trabalho com o cliente e com o cuidador (baseada numa atenção positiva incondicional, compreensão empática, atitude genuína)

• Desenvolver confiança e sentimento de segurança (física e psicológica)

• Ajudar o cliente a desenvolver auto-controlo

• Educar e modelar limites apropriados

• Ter em conta as necessidades de vinculação e estabelecer uma relação que promova o trabalho clínico

• Desenvolver competências culturais que se ajustem a todo o tipo de cliente


(CTAC*) Comprehensive

Transdisciplinary

Trauma Assessment Model

• Modelo de avaliação transdisciplinar (medicina, serviço social, patologia da fala, psicologia e terapia ocupacional)

• Avalia 5 domínios principais: Físico/médico; desenvolvimental; social/familiar; emocional/comportamental; trauma

• Recurso a: entrevistas etnográficas, instrumentos estandardizados, instrumentos desenvolvidos pelo próprio centro, questionários de comportamento.

• Os dados obtidos são integrados tendo por referência um paradigma baseado no cérebro e informado pelo trauma

* Child Trauma Assessment Center



Intervenção Psicológica com Crianças Maltratadas 25 (Retirado de Steele &Malchiodi, 2012)

Avaliação do impacto

desenvolvimental

Recolha de informação a partir de diversas fontes:

1. Da própria criança

1. Entrevista

2. Aplicação de instrumentos de avaliação estandardizados

3. Preenchimento de instrumentos de auto-resposta

4. Observação em meio natural

2. Dos cuidadores

1. Entrevista

2. preenchimento de instrumentos de avaliação estandardizados sobre a criança

3. De educadores (ex.: professores)

1. preenchimento de instrumentos de avaliação estandardizados

2. Relatórios

4. Outros profissionais

1. Relatórios ou cartas



desenvolvimental

Que instrumentos são passíveis de utilização no contexto nacional?

Vinculação

IVIA (Inventário sobre a vinculação na Infância e na Adolescência)

Entrevistas com a criança e a família

Mapa de rede

Genograma

IPPA

Linha de vida

Desenho da família

Attachment Doll Story Completion Task (3-6A)

Escala de Aceitação/Rejeição (adolescência)



desenvolvimental

Regulação emocional e comportamental

Teste de Roberts

IDA - Inventário de desregulação abreviada

Child Behavior Checklist CBCL (Teacher Report Form, Youth Self

Report)

Child Depression Inventory (CDI)

CMAS-R (Children’s manifest anxiety scale)

STAIC (Stait-Trait Anxiety Inventori for Children)

FSSC-R (Fear Survey Schedule for Children-Revised)



desenvolvimental

Desenvolvimento/Cognição

WPPSI, WISC-III, WAIS

Bateria de Avaliação Neuropsicológica de Coimbra (BANC)

Escala de Desenvolvimento de Griffiths

Schedule of Growing Skills

Escala de comportamento adaptativo de Vineland

Noção de si próprio

Escala de auto-conceito de Piers-Harris

Self Perception Profile for Children (Susan Harter)



desenvolvimental

Biologia

EEG

Avaliação Pediátrica

Perícia médica do abuso sexual

Anamnese completa da história desenvolvimental


Bibliografia

Cook, A.; Spinazzola, J.; Ford, J.; Lanktree, C.; Blaustein, M.;

Cloitre, M.; DeRosa, R.; Hubbard, R.; Kagan, R.; Liautaud, J.;

Mallah, K.; Olafson, E. & Bessel van der Kolk, B. (2005). Complex

Trauma in Children and Adolescents. Psychiatric Annals, 35(5),

390-398

Steele, W. & Malchiodi, C. (2012). Trauma-Informed Practices

With Children and Adolescents. NY: Routledge pp. 23-48


Documents

IPCM_aula6(2015.03.17)