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Ergonomia da Informação IPT : ESTT : DESIGN E TECNOLOGIA DAS ARTES GRÁFICAS Nuno Cartaxo [#845] Janeiro 2008

IPT : ESTT : Design e Tecnolo gia Das arTes gr áficas Ergonomia … · de que, na generalidade, os autores não saberem compor texto e, como agravante, não terem a mínima consciência

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Ergonomia da Informação

I P T : E S T T : D e s i g n e T e c n o l o g i a D a s a r T e s g r á f i c a s

Nuno Cartaxo [#845]Janeiro 2008

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Quando atingimos o objectivo, convencemo-nos

de que seguimos o bom caminho.

Paul Valéry

O degrau da escada não foi inventado para repousar,

mas apenas para sustentar o pé o tempo necessário

para que o homem coloque o outro pé um pouco

mais alto.

Aldous Huxley

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Introdução

Em design editorial é frequente lidarmos com texto em quantidades consideráveis. Este necessita ser tratado por forma a possibilitar uma leitura confortável e que, preferencialmente, lhe seja conferido um aspecto visual agradável.No que diz respeito à sua formatação, são muito os factores que influenciam a performance de um texto, isto é, a sua leiturabilidade: a escolha da família tipográfica, o corpo, a entrelinha, a justificação, e a mancha são alguns que podemos facilmente reconhecer.Contudo, a um nível ainda mais primário, existem aspectos que exercem influência e que devem ser considerados antes de se aplicarem os «estilos», ou seja, para além da caracterização formal dos aspectos gráficos que foram projectados para o layout da obra.Como é natural, o fluxo de trabalho modificou-se ao longo dos tempos. A evolução das novas tecnologias de informação e a «democratização» da informática transformaram o panorama do design e das artes gráficas para sempre.Nos dias do chumbo – e mesmo da fotocomposição –, o compositor tipográfico era uma profissão de elevado reconhecimento e importância naquelas a que poderíamos classificar de manufacturas gráficas (as velhas tipografias), hoje indústria gráfica. Esses foram tempos em que o termo «artes» (gráficas) fazia, de facto, sentido, e em que o talento de um compositor contruía – ou arruinava – o bom nome de uma oficina.

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Hoje, a composição do texto é uma tarefa do autor, seja ele poeta, jornalista ou professor. Esta realidade comporta vantagens e desvantagens. Tratando-se do «criador» do conteúdo, a transcrição directa da «pena» do autor confere uma maior fidelidade à mensagem que se quer fazer passar, não havendo lugar a uma possível adulteração originada pelo envolvimento de terceiros: esta é grande vantagem. O problema, ou desvantagem, reside no facto de que, na generalidade, os autores não saberem compor texto e, como agravante, não terem a mínima consciência desse facto.Não se pode criticar o facto dos autores não saberem de tipografia, ainda que muitas vezes nos estejamos a referir a princípios básicos relacionados com a escrita e a língua, pois a formação, no nosso país, peca nessa componente didática. Acresce o facto de, muitas vezes, o editor fornecer o texto ao paginador sem realizar uma revisão séria, julgando, deste modo, estar a «ganhar» tempo. Não o está, em boa verdade. A introdução de alterações ao texto numa fase avançada da paginação origina, invariavelmente, gastos de tempo bem mais expressivos.Conscientes do facto de que o alheamento desta realidade poder, de certa forma, comprometer a qualidade do projecto e, por essa razão, «manchar» o profissionalismo do designer, resta-nos uma única opção: envolvermo-nos numa tarefa de limpeza-tratamento-revisão no sentido de alcançar uma matéria-prima qualitativamente melhor.Seguidamente, iremos fazer uma análise dos aspectos mais relevantes que, de uma forma relativamente simples, poderão ser corrigidos e/ou melhorados. Saliente-se que, ao contrário da exposição de uma receita «mágica», esta é uma abordagem ao problema que resulta da experiência pessoal e deve ser tida em consideração como uma mera linha orientadora que poderá abrir o caminho a outros métodos personalizados.

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1. Colocação o texto

O primeiro passo será colocar o texto numa aplicação que se domine e que permita uma manipulação efectiva, precisa e consistente. Iremos fazê-lo em Adobe® InDesign™ CS2 pois torna-se mais coerente visto que se trata do software no qual se concebeu o layout e irá ser realizada a paginação.Para tal, iremos criar um documento com características semelhantes às que se apresentam de seguida.

O objectivo será visualizar o texto de uma forma «crua» e útil para a tarefa que nos propomos.

Páginas simples (não duplas) com caixa de texto na Master.

Formato «sensato», caso tenhamos que imprimir provas.

Determinar as margens tendo em conta largura da mancha do layout final (ou valor aproximado).

Iremos utilizar a aplicação como um processador de texto: não precisamos deste elementos.

Com uma coluna torna-se menos complexo e promove-se espaço nas margens, para anotações.

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O passo seguinte será colocar o texto do ficheiro Microsoft® Word™ através de [File > Place…]. Teremos que seleccionar o ficheiro e, através das opções determinar:

Ao posicionar o cursor sobre a caixa de texto (mancha) iremos verificar que mudará para . Cliquemos e o texto aparecerá, «despejado» na coluna.

Nesta altura, é provável aparecer uma janela, advertindo para a falta de fontes: cliquemos em [Find Font…].

Estes são elementos que fazem parte da obra. Podem, ou não, estarem presentes. Em caso de dúvida, importaremos tudo.

As aspas e os apóstrofos curvos (de tipógrafo) são a forma «profissional» de se apresentarem:“ ” em vez de " " e ‘ ’ em vez de ' '.

Formatação: iremos preservar a informação que foi introduzida no ficheiro Word™, eliminando apenas as quebras de página (Page Breaks).

Optaremos por renomear os estilos importados, embora, como veremos adiante, isso seja pouco relevante.

Esta janela com as opções de importação deverá ser activada na janela anterior, quando seleccionamos o texto a inserir:

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O objectivo deste passo será livrarmo-nos do «lixo» tipográfico que, normalmente, os ficheiros Word™ transportam consigo. Iremos substituir as fontes utilizadas por aquelas que foram estabelecidas para o layout. Neste caso, a escolha foi a família Minion.

2. Formatação básica

Agora que já temos o texto desformatado dos estilos desnecessários do Word™, teremos que realizar alguma formatação básica relativamente aos caracteres e aos parágrafos.A vantagem real de o texto ser formatado prende-se com o facto de posteriormente ser mais fácil editar e alterar as suas características em função do layout.

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Nomeção do estilo.

Estaremos a criar um estilo de raiz, baseado em «nada».

Escolha da família tipográfica.

Deixar em branco. O nosso texto poderá conter itálicos e bolds, para além do regular.

De acordo com as escolhas feitas para o layout.

A única escolha «normal» serão as ligações.

Normalmente, não se quererão, para texto corrido, expansões ou condensações, elevação em relação à Baseline, ou inclinações.

Selecção da língua do texto. No caso de serem múltiplas, escolher-se-á a principal.

2.1 formatação dos caracteres

O objectivo será determinar os caracteres de acordo com o que está estabelecido para o layout. Para isso, iremos clicar fora da mancha, por forma a criar um estilo novo através de [Type > Character Styles] e, depois, na paleta específica, clicando na seta ,definiremos o nosso estilo para os caracteres.

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Seleccionemos todo o texto [Edit > Select All] e apliquemos o estilo.

2.2 formatação dos parágrafos

O próximo passo será definir um estilo para a formatação dos parágrafos. Mais uma vez, deveremos ser fiéis ao layout. Assim, à semelhança do que foi feito para os caracteres, iremos criar um novo estilo [Type > Paragraph Styles].

Para os propósitos, o texto deverá ser colorido de preto a 100 %.

Como estamos a utilizar tipos de letra no formato Postscript™ Nível 1, as opções de OpenType são redundantes. As restantes opções, relativas Underline (sublinhados) e Strikethrough (riscados) deverão ser inactivadas.

Nomeamos o estilo.

Neste campo iremos definir os estilos básicos dos caracteres, de acordo com o que foi definido para o estilo de caracter.

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As opções deverão ser tomadas de acordo com o que foi definido para o estilo de caracter.

Quando aos espaços e à identação, iremos justificar o texto e introduzir-lhe uma entrada de parágrafo de 10 mm (por forma a ser evidente).

Ainda que estejamos numa fase de processamento do texto, os órfãos e as viúvas são sempre elementos perturbadores. Poderá optar-se por manter as linhas todas no mesmo parágrafo: esse aspecto implica apenas com o número de páginas que o documento irá comportar.

Nesta fase não nos vamos importar com a hifenização.

Todas as restantes opções são irrelevantes para o objectivo. Por isso devem ser ou inactivadas, ou mantidas no seu estado standard (default).

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Seguidamente, após seleccionarmos todo o texto aplicar-se-á o estilo na paleta específica. Note-se que a aplicação do estilo deverá ser realizada pela selecção simples na paleta. Se esta for feita com a tecla Alt pressionada em simultâneo, então a formatação dos caracteres sobrepor-se-á àquela que foi definida em Character Styles e, consequentemente, perder-se-ão as variantes (itálicos, bolds, etc.).

Por forma a evitar confusão e informação desnecessária deverão ser apagados todos os estilos de caracter e parágrafo que possam ter sido importados junto com o ficheiro Word™ e que não irão ser utilizados.

3. Limpeza do texto

Agora que temos alguma coerência no nosso texto, iremos debruçarmo-nos sobre alguns dos erros mais comuns de composição que podem ser corrigidos de forma sistemática. A ferramenta ideal para solucionar a maioria desses erros é Find/Change [Edit > Find/Change…]

Neste estádio, uma boa ideia será distribuir o texto por mais páginas do documento. De outra forma, as ocorrências pesquisadas não se apresentarão visíveis.Para o fazer, basta selecionar a caixa de texto e clicar no quadrado vermelho, no canto inferior direito. Depois ter-se-á de inserir uma nova página e, com a tecla Alt pressionada, clicar sobre a sua área de mancha. O cursor deverá indicar: : novas páginas serão introduzidas até que a última linha de texto apareça visível.

O princípio de funcionamento desta ferramenta é simples: encontrar ocorrências expecíficas e substituí-las por alternativas. No nosso caso: encontrar erros e corrigi-los.

Contudo, apesar da simplicidade, é uma ferramenta poderosa. Especialmente quando se tira partido das opções de formatação (em More Options).

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3.1 espaços brancos em sequência

Um dos «defeitos» mais comuns dos originais de texto é o excesso de espaços brancos em sequência. Não existem casos em que sejam úteis, por isso iremos retirá-los.Na janela de Find/Change, introduziremos dois espaços em Find what e apenas um em Change to. Pressionaremos, depois, o botão Change All tantas vezes quantas as necessárias até que apareça a mensagem Search is completed. 0 replacement(s) made.

3.2 parágrafos

Assumindo que estamos a lidar com texto contínuo, iremos agora retirar espaços desnecessários entre parágrafos. Para tal, pesquisaremos, novamente, com a ajuda de Find/Change.Assim, induziremos em Find what: ^p^p que transformaremos, via Change to, em apenas ^p. Traduzindo: todas as ocorrências de dois parágrafos passarão a apenas uma.Esta última alteração tem algumas consequências que importa assinalar. Por um lado, o texto fica mais «curto» e aparecerão, no final do documento, páginas brancas (vazias). Por outro lado, estas alterações «colam» todo o texto. Se este comportar títulos, subtítulos, etc., então ficarão encostados aos parágrafos que os precedem e antecedem e, assim, é recomendável a sua correcção (que pode ser feita através de novo(s) estilo(s) para os títulos, recorrendo à simples formatação dos espaços anteriores e posteriores (Space After/Before).

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3.3 tabulações

As tabulações são, também, elementos desnecessários quando estamos perante textos desta natureza. Aparecem-nos, muitas vezes, a substituir as entradas de parágrafo.Deverão, por isso, eliminadas. À semelhança daquilo que foi feito com os parágrafos, iremos recorrer ao Find/Change, substituindo ^t por nada.

3.4 espaços brancos a abrir parágrafos

Este é um aspecto que é, também ele, um erro comum, se bem que pode ser algo dif ícil de detectar. Mais uma vez, iremos pesquisar e alterar todas as ocorrências que incluam ^p sucedido de espaço, por ^p apenas.

3.5 pontos finais consecutivos

O sinal gráfico correspondente às reticências não é composto por três pontos finais consecutivos, mas sim por um caracter específico obtido através da digitação da tecla do caracter ponto final, com a tecla Alt premida em simultâneo. Iremos, por isso, substituir todas as ocorrências.

E, o que fazer quando nos deparamos com apenas dois pontos finais consecutivos? Serão reticências ou será um ponto final? Não caberá ao designer decidir, quanto muito poderá pesquisar e assinalar as ocorrência em provas para que o editor/revisor/autor decida.

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3.6 hífens, riscas, travessões

O hífen, enquanto sinal gráfico, serve exclusivamente para: ligar palavras compostas (ex.: trabalhador-estudante, abre-latas, belas-artes), ligar a preposição de algumas formas do verbo haver (ex.: hás-de, hão-de), ligar pronomes átonos a formas verbais (ex.: trá-lo-ia, di-lo-ei), para evitar a aglutinação de um prefixo ao elemento seguinte – radical – evitando erros de leitura (ex.: circum-navegação, supra-renal, pós-guerra), ou para dividir palavras na translineação de um texto justificado.O problema coloca-se quando se utilizam hífens na vez de riscas (travessão En dash) ou de travesões Em dash.As riscas fazem, essencialmente, a função dos parêntesis. Enquanto que os travessões devem ser utilizados para reproduzir falas, quando se pretende introduzir um diálogo.Assim, hífens isolados, antecedidos do um espaço branco deverão ser substituídos por um espaço seguido de uma risca (Alt + Shift + tecla hífen). Consequentemente, os hífens que iniciam parágrafos (diálogos) deverão ser substituídos por travessões (Alt + tecla hífen).

3.7 pontuação e espaços brancos

A relação entre a pontuação e o espaços brancos é outro dos aspectos que é geralmente descuidado. Existem três situações a considerar.

a) pontuação que não deve ter espaço branco a antecedê-laDeveremos pesquisar a seguinte pontução antecedida de espaço branco e substituí-la por si mesma subtraindo-lhe o respectivo espaço:

Riscas

Travessões

· ponto final · vírgula· dois pontos· ponto e vírgula

· travessão· asterisco· ponto de exclamação· ponto de interrogação

· fecho de parêntesis· fecho de aspas (duplas e simples)

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b) pontuação que não deve ter espaço branco a precedê-laDeveremos pesquisar a seguinte pontuação precedida de espaço branco e substituí-la por si mesma subtraindo-lhe o respectivo espaço:

· abertura de aspas· abertura de parêntesis

c) pontuação que cujo espaço branco deve ser considerado caso a caso· reticências,

quando se apresenta a iniciar um frase, não deve ter espaço branco depois (nem antes, claro está);quando se apresenta no meio ou no final de uma oração, não deve haver espaço a antecedê-la, ficando o sinal junto do termo que o precede;quando se apresenta entre dois parêntesis rectos ou curvos – […] ou (…) –, não deve ter espaços nem antes nem depois.

· barra diagonal, a barra diagonal serve para separar elementos;quando os elementos são duas palavras únicas, não deve haver espaço entre estes e a barra (ex.: eu/tu, e/ou, antes/depois);basta que um os elementos a separar seja composto por múltiplos elementos para que se devam introduzir espaços antes e depois da barra (ex.: Ministério da Cultura / Tesouraria, tristes e pobres / alegres e ricos).

4. Formatação adicional

Existem outros aspectos que podem ser melhorados, a bem da leiturabilidade. Porém, estes aspectos adicionais deverão ser concertados com o editor pois, por questões de natureza cultural e de estilo próprio, nem sempre são aceites como vantagens havendo alguma renitência em adoptá-los.

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4.1 numerais de texto

A boa tipografia, aquela que foi desenhada especificamente para texto em contínuo deverá possuir um estilo/variante na sua família com numerais de texto. Este tipo de caracteres foram concebidos de forma a que passem despercebidos no texto e não sejam elementos de ruído.Como tal, uma boa prática será determinar, para o layout, uma família que comporte esse estilo/variante. Recorrendo, mais uma vez, à ferramenta Find/Change poderemos converter todos o números por via da substituição.

Como queremos efectuar a substituição a todos os números (digitos), tiramos partido da listagem pré-determinada que o InDesign™ nos oferece.

Não introduzimos nada no campo Change to. Deveremos, aliás, verificar se não está nada introduzido (um espaço branco não se vê!).

Os aspectos a alterar encontram-se escondidos sobre o botão More Options. Em Change Format Settings deveremos apenas proceder a alterações nos aspectos relacionados com a família e o estilo da fonte.

Antes Depois

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4.2 numeração romana

Também a numeração romana provoca perturbação visual pois tratam-se de letras maiúsculas (caixa alta) no meio do texto. A opção natural será transformar essa informação para versaletes. O problema, neste caso, coloca-se ao nível da localização dessa numeração. Sugerimos duas abordagens: pesquisar o termo século ou, melhor ainda, apenas séc pois a numeração romana aparece associada a datas; ou pesquisar o caracter X em caixa alta.Pesquisar I, V ou L resultará em muitas ocorrências que não dizem respeito à numeração romana.

As alterações não poderão, porém, ser realizadas com o mesmo nível de automatismo que as anteriores. A pesquisa dos termos que apontámos ajuda mas, há ainda que fazer manualmente:

· alterar a caixa do texto a alterar [Type > Change Case > lowercase]

· aplicar o estilo, neste caso Small Caps & Oldstyle Figures

4.2 siglas e acrónimos

Da mesma forma que a numeração romana, as siglas deverão ser sujeitas à trasformação de caixa alta para versaletes. Como tal, teremos que modificar, entretanto, a caixa alta para caixa baixa da forma como ficou demonstrado no ponto anterior.Não existe forma automática ou alguma ajuda para a localização para além da observação directa por um olho treinado.

Antes Depois

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Existe um outro aspecto relacionado com as siglas, com especial importância quando lidamos com acrónimos, ou seja, siglas que se leêm como palavras (ex.: nato, unicef, uefa), que diz respeito aos pontos. Muitos autores insistem em introduzir pontos a seguir a cada letra e, pior ainda, outros inserem um ponto acrescido de um espaço. Essem sinais gráficos, bem como os espaços, devem ser eliminados, pois para além de ocuparem mais espaço, não acrescentam nada que não seja ruído desnecessário.

4.3 outros

Para qualquer ocorrência anómala que se verifique, poderemos sempre confirmar se existem mais ao longo do texto. Para tal, basta copiar a parte do texto errada e colá-la no campo Find what da ferramenta Find/Change. Isto aplica-se à ortografia: imaginemos que encontramos o termo á, que não existe em português. É possível verificar se existem mais ocorrências, assinalá-las nas provas e, caso a correcção seja óbvia, efectuá-la (neste caso as opções de alteração seriam duas: à ou há).

Caixa alta com espaços e pontos

Versaletes

Caixa alta com pontos

Caixa alta

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Conclusão

Esta não deveria ser uma tarefa adicional para o designer. Na verdade, o texto deveria apresentar-se bem composto quando é fornecido, e apenas nos deveríamos preocupar com os aspectos estéticos e funcionais. Infelizmente, a realidade não nos aponta nesse sentido e, assim sendo, não sobra alternativa que não seja ajudar a colmatar essa lacuna, através de uma atitude positiva e activa.

A mudança de estratégia poderá verificar-se quando os editores compreenderem a verdadeira importância que estes aspectos têm e quais os reflexos para com a qualidade das suas edições. Nessa altura, aperceberão-se de que os revisores – profissão de grande importância e mérito do sector – precisam de alargar os horizontes para lá das folhas impressas a laser e começarem a manipular os ficheiros digitais. Esses irão ser dias nos quais poderemos contar em trabalhar sobre uma matéria-prima de qualidade: até lá, façamos o nosso melhor.