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Proposta de implementação do Sistema Integrado ABC-EVA numa

empresa em Cabo Verde.

Carlos Monteiro Docente ISCEE

E-mail: [email protected]

Ludmila Andrade Licenciada em Contabilidade - ISCEE

E-mail: [email protected]

Área Temática: A2 – Contabilidade de Gestão

Palavras-Chave: ABC, EVA, Sistema Integrado ABC-EVA, Tomada de Decisão.

Metodologia de Investigação: M2 – Case Study

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Resumo

Este artigo tem como objectivo propor a implementação do sistema integrado ABC-EVA e,

compreender os impactos deste sistema na tomada de decisão, através de um estudo de caso,

realizado numa empresa em Cabo Verde. Deste modo, fizemos a seguinte pergunta de partida:

Como é que a implementação do sistema integrado ABC-EVA pode contribuir para a

melhoria na tomada de decisão? Para respondermos a questão, seguimos uma metodologia

proposta por Roztocki et al. (2004) e Roztocki e Needy (1999b), para a implementação do

sistema integrado ABC-EVA.

Dos resultados do estudo podemos concluir que é possível implementar o sistema integrado

ABC-EVA na empresa e que esta dota os gestores de inforrmações mais completas, de maior

fiabilidade, mais apropriadas e de melhor qualidade à tomada de decisões, na medida em que

apresenta um panorama mais alargado dos gastos, proporcionando também informações sobre

o custo de capital e da criação de valor aos accionistas. Não obstante, o estudo de caso

apresentou algumas limitações que, ainda que tenham condicionado as conclusões do estudo,

acabaram por comprovar os resultados de alguns estudos referidos no referencial teórico.

Palavras-Chave: ABC, EVA, Sistema Integrado ABC-EVA, Tomada de Decisão

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Abstract

This article aimed to understand the fundamentals of ABC - EVA integrated system and

understand the impacts of this system in decision-making through a case study in a Cape

Verde company. We formulated the following research question: How can the ABC-EVA

integrated system improves the quality of the decision making? In this case, we followed the

steps listed by Roztocki et al. (2004) and Roztocki and Needy (1999b) for the implementation

of the ABC system and for the implementation of the ABC-EVA integrated system,

respectively.

According to the results, we have concluded that it’s possible to implement the ABC-EVA

integrated system on the company and it provides managers with more complete information

about costs and therefore, is more suitable for making decisions on prices, costs, marketing

policy, cost of capital and the value created for shareholders. Nevertheless, the case study had

limitations that attest the results of some studies referred in the literature review, although

these limitations might have conditioned our findings.

Keywords: ABC, EVA, ABC - EVA Integrated System, Decision Making

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1. Introdução

Numa época caracterizada pela crescente automação dos processos e consequente diminuição

da mão-de-obra directa na produção, e pela diversificação do portfólio de produtos/serviços,

surgiu o sistema Activity Based Costing (ABC), como forma de suprir as limitações dos

sistemas de custeio tradicionais na imputação dos custos indirectos que, pelas razões acima

apresentadas, tinham cada vez mais expressão na estrutura de custos das empresas (Cooper &

Kaplan, 1991). O ABC permite imputar os custos indirectos de uma empresa aos seus

diversos objectos de custeio por meio de cost drivers adequados, no entanto, na imputação

dos custos não considera o Custo de Capital investido pelos accionistas (Roztocki & Needy,

1999a, 1999b).

Tendo em conta, que o maior interesse dos accionistas é o retorno e a rendibilidade dos seus

investimentos e, por conseguinte, a maior preocupação dos gestores é manter os accionistas

da empresa satisfeitos e criar condições para atrair novos detentores de capital, os conceitos

de criação de valor e gestão baseada no valor têm merecido cada vez mais a atenção dos

gestores. Excluir o COC do custeio dos produtos/serviços não permite aos gestores saber se e

como estão a criar valor, pelo que, o sistema ABC, por si só, se demonstrou insuficiente.

Neste sentido, e de forma a obter um sistema que permitisse determinar o custo dos

produtos/serviços com maior fiabilidade, o que resultaria na melhoria do processo de tomada

de decisão, alguns autores vieram propor a integração do sistema ABC ao indicador do

desempenho Economic Value Added (EVA).O indicador EVA é uma medida económica de

avaliação do desempenho e permite saber qual é o valor gerado para os accionistas uma vez

que considera o COC no seu cálculo.

Neste contexto, entendeu-se conveniente analisar o impacto da implementação do sistema

integrado ABC-EVA na tomada de decisão. Assim, emergiu a seguinte pergunta de partida:

Como é que a implementação do sistema integrado ABC-EVA pode contribuir para a

melhoria na tomada de decisão numa empresa?

Deste modo, o objetivo principal do presente artigo visa implementar o sistema de custeio

ABC integrado ao indicador do desempenho EVA numa empresa industrial em Cabo Verde e

compreender como é que a sua implementação permite melhorar o processo de tomada de

decisão.

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Para a concretização do principal objectivo estabelecido acima, estabeleceu-se os seguintes

objetivos específicos: (i) desenvolver uma metodologia de implementação do sistema ABC-

EVA; (ii) identificar as actividades principais desenvolvidas na empresa; (iii) identificar os

cost drivers de recursos, de actividades e de capital; (iv) determinar o Custo de Oportunidade

do Capital Próprio (COC) da empresa; (v) identificar, para os períodos em análise, a

contribuição de cada um dos produtos/serviços na criação de valor para os accionistas, (vi)

descrever como é que a informação proporcionada pelo sistema integrado ABC-EVA poderá

ajudar no processo de tomada de decisão.

O presente artigo encontra-se estruturado da seguinte forma, além desta secção de carácter

introdutório: Secção II – Referencial Teórico – oferece, de forma sucinta, uma base

conceptual que permitirá uma melhor compreensão dos fundamentos do tema em questão;

Secção III – Metodologia Científica - apresenta a metodologia aplicada na investigação, bem

como as limitações encontradas na sua aplicação; Secção IV – Apresentação e Análise dos

Resultados – apresenta os resultados da investigação em termos comparativos dos sistemas

ABC e ABC-EVA integrados; Secção V – Considerações Finais – reflecte sobre os resultados

do estudo, as limitações encontradas e, a partir daí, faz sugestões e recomendações para

futuros trabalhos.

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2. Referencial Teórico

Baines e Langfield-Smith (2003) argumentam que o crescente nível de competição global

intensificou os desafios para os gestores que precisam considerar formas mais eficazes de

alcançar vantagem competitiva e melhorar o desempenho organizacional. No entanto,

qualquer decisão que a empresa possa tomar, no sentido de melhorar o seu desempenho e

fazer frente à concorrência, deve-se basear em informação relevante e de qualidade.

Por sua vez, Cooper e Kaplan (1988a) defendem que para tomar decisões importantes que

dizem respeito aos produtos comercializados ou serviços prestados, os gestores precisam

conhecer o custo de cada produto/serviço, ou seja, os gestores precisam saber quais e quantos

recursos são utilizados para obter determinado produto/serviço. Importa salientar que a

informação sobre custos deverá ser a mais credível possível, pois, de acordo com Cooper e

Kaplan (1988b), uma vez que os gestores dispõem de informação mais credível sobre os

custos, podem ponderar uma diversidade de opções estratégicas. Entre essas opções

estratégicas podemos apontar as decisões sobre preços, o design de um produto, a concepção

e comercialização de um novo produto, bem como a descontinuação de um produto e política

de marketing, referidas por Banker e Johnston (1993), Cooper e Kaplan (1988a e 1988b) e

Kaplan (1991). Acrescenta-se, ainda, que a informação sobre custos é, também, importante

para a gestão na medida em que permite identificar oportunidades para a sua redução.

Como o sistema ABC vem sendo apontado por vários autores como aquele que melhor poderá

espelhar a estrutura de custos de uma empresa dada a conjuntura actual, propomos a sua

implementação integrada ao indicador do desempenho EVA numa empresa em Cabo Verde.

O Sistema Integrado ABC-EVA

O sistema ABC surgiu para dar resposta às limitações dos sistemas de custeio tradicionais,

mas, embora apresente diversas vantagens sobre estes sistemas, actualmente, apresenta

limitações como o facto de focar nos custos indirectos operacionais e ignorar os custos de

capital necessário à produção e distribuição dos produtos/serviços (Huynh et al., 2013). Não

levando em consideração o custo de capital, não se pode concluir com fiabilidade acerca do

valor criado e, por isso, os gestores podem ser induzidos à tomada de decisões erróneas.

Para além disso, defende Huynh et al. (2013), tendo em conta a competição acirrada que se

vive nos negócios hoje-em-dia, para obter uma vantagem competitiva as empresas investem

cada vez mais o seu capital em tecnologias, bem como em processos para fornecer serviços

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aos clientes. Neste sentido, os capitais necessário aos processos ou projectos para produzir

diferentes produtos/serviços estão substancialmente diversificados. Ignorar o custo de capital

implica distorcer a informação sobre o custo dos produtos. Roztocki (2000b) partilha da

mesma opinião, argumentando que “when capital investments are substantially diverse

(because of variation in production volume, technology, setups, materials or product

complexity, for example), the ABC system is no longer a reliable strategic management tool

for successful decision–making”.

Para cobrir esta limitação apresentada pelo sistema ABC, Roztocki (2000a e 2000b) e

Roztocki e Needy (1999a e 1999b) propõem a sua integração ao indicador do desempenho

EVA, uma vez que este indicador foca no custo de capital e no valor criado aos accionistas.

“This proposed ABC-and-EVA system is a management support tool for managing costs and

capital. (…)includes the rate of resource consumption (like traditional ABC), but also

includes capital demand” (Roztocki & Needy, 1999b, p. 17).

Roztocki e Needy (1999a) defendem que o sistema integrado ABC-EVA, para além de ser um

sistema que fornece informação correcta sobre os custos e, consistente com o objectivo

organizacional de criar valor aos accionistas, é capaz de mensurar o desempenho de objectos

de custeio específicos. Igualmente, esse sistema integrado permite identificar os factores,

componentes, processos ou operações causadores de valor (value drivers) e, assim, actuar

sobre eles. Acrescenta Roztocki (2000a), que o sistema integrado ABC-EVA consciencializa

os gestores a gerirem o capital de forma mais eficiente, ao perceberem que este é precioso

mas é limitado. Como pode-se constatar no trabalho de Roztocki (2001), o sistema integrado

ABC-EVA é adequado para avaliar a viabilidade de projectos de gestão, principalmente se

estes projectos acarretam muitos custos indirectos e de capital.

O sistema integrado ABC-EVA, por si só, não trás melhorias aos processos mas fornece

informação adequada e completa para que os gestores tomem acções nesse sentido. De acordo

com Roztocki e Needy (1999b), uma vez obtido a informação sobre custos de acordo com o

sistema integrado ABC-EVA, os gestores têm em mãos uma vasta gama de decisões possíveis

para, por exemplo, um produto/serviço que não cria valor, a saber: aumentar os preços de

venda, reduzir a demanda de capital ao reduzir os tempos do processo produtivo, reduzir os

custos operacionais; aumentar as vendas com apenas um investimento mínimo adicional

mantendo os custos operacionais, procurar por produtos substitutos com melhor potencial de

valor acrescentado ou, então, descontinuar o produto/serviço.

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Quanto aos passos para a implementação do sistema integrado ABC-EVA, alguns são

idênticos à implementação do sistema ABC com a diferença que o primeiro inclui mais um

passo, em que se considera a imputação do custo de capital. De acordo com Roztocki e Needy

(1999b), o custo de capital pode ser determinado para cada actividade e, depois, o custo total

destas é imputado aos objectos de custeio, ou, então, de acordo com Roztocki (2000a e

2000b) e Roztocki e Needy (1999a), o custo de capital pode ser directamente determinado

para cada objecto de custeio.

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3. Metodologia de Investigação

De acordo com Silva (2004, apud Prodanov & Freitas, 2013), podemos classificar uma

investigação sob o ponto de vista da sua natureza, como sendo básica ou aplicada. O presente

trabalho de investigação enquadra-se no segundo caso, visto que visou gerar conhecimento

através da implementação do sistema integrado ABC-EVA numa empresa e confrontar os

aspectos práticos dessa implementação com a teoria.

Assumiu-se uma abordagem qualitativa, pois, procurou-se compreender os impactos da

implementação do sistema integrado ABC-EVA na qualidade da informação produzida que

apoiará no processo decisório da empresa objecto de estudo, sem que para isso fossem

necessários quaisquer técnicas matemáticas e/ou estatísticas (Major & Vieira, 2009).

Recorreu-se ao método de estudo de caso como forma de confrontar a teoria com os aspectos

da aplicação prática, seguindo as fases para a elaboração de um estudo de caso propostas por

Major e Vieira (2009) e Yin (2001). O caso em estudo enquadra-se na definição de estudo de

caso experimental, pois procurou-se implementar o sistema integrado ABC-EVA na empresa

e, analisar o impacto dessa implementação no processo decisório da mesma. “Este tipo de

estudos tem sido identificado como especialmente útil quando se pretende estudar problemas

e dificuldades de implementação de uma ou mais técnicas, bem como analisar os benefícios

da sua adopção” (Major & Vieira, 2009, p. 145). Houve preferência pelo método do estudo de

caso pelo facto das questões de partida enquadrarem em questões do tipo “como” e “porquê”,

dos investigadores não terem nenhum controlo sobre os eventos comportamentais e do foco se

encontrar em fenómenos contemporâneos inseridos num contexto de vida real, tal como

sugerido por Yin (2001).

Realizou-se uma recolha bibliográfica, seleccionando os artigos, teses, dissertações e livros

mais relevantes sobre o tema em questão e os conceitos que lhe estão subjacentes e, também,

toda a bibliografia importante e que servisse de suporte a metodologia adoptada na condução

do estudo de caso. Foi escolhida a empresa que se pretendia realizar o estudo, e para que fosse

possível a recolha de dados foi solicitada, por escrito, a autorização da Direcção Geral.

Obtendo resposta positiva da Direcção Geral, foi nomeado o responsável financeiro para a

prestação das informações pertinentes à condução da investigação e foram elaboradas

questões pertinentes à recolha da evidência. As fontes de evidência recolhidas foram

documentos (Relatórios e Contas, Regulamentação Externa), entrevista do tipo

semiestruturada e observação directa. As informações recolhidas foram organizadas em

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quadros construídos numa folha de cálculo Excel que, posteriormente, deu origem aos

resultados pretendidos. Embora não foi possível utilizar múltiplas fontes de evidência, no que

tange as entrevistas, tal como sugere Yin (2001), como condição para aumentar a validade e a

credibilidade do estudo de caso, foi preocupação dos investigadores reunir todas as fontes

disponíveis e relevantes (documentação, entrevista e observação), analisar e confrontar as

informações por estas fornecidas, obtendo, sempre que possível, o feedback da empresa. A

observação e documentação permitiram validar as informações disponibilizadas na entrevista

e, sempre que se verificou necessário, era colocada novas questões ao entrevistado. Por outro

lado, a entrevista permitiu compreender as informações constantes da documentação reunida e

validar o que foi observado, fazendo assim a triangulação de dados. Toda a evidência

recolhida foi revista diversas vezes a fim de organizar as informações e encontrar pontos

comuns. A identificação dos pontos comuns facilitou a escolha dos cost drivers que

permitiram imputar o custo dos recursos às actividades e o custo destas aos objectos de

custeio. Igualmente, as evidências foram comparadas com proposições teóricas para uma

melhor qualidade do estudo. Ao longo da realização do estudo foi feito a redacção do caso,

optando-se por uma estrutura analítica linear, como define Yin (2001).

Na realização do estudo de caso deparou-se com algumas limitações como o facto de não ter

sido facultado algumas informações e documentos que a empresa considera serem

confidenciais ou, então, que por questões de disponibilidade não poderiam ser facultadas e,

por isso, deparou-se com dificuldades a nível de imputação de alguns recursos e, para tal, foi

assumido alguns pressupostos.

Quanto ao modelo de implementação adoptado, utilizamos em conjunto um modelo

desenvolvido por Roztocki et al. (2004) para a implementação do sistema ABC nas PME e

um modelo desenvolvido por Roztocki e Needy (1999b) para implementação do sistema

integrado ABC-EVA. Nessa mesma implementação consideramos dois estádios em que, o

primeiro corresponde à imputação dos custos operacionais e de capital às actividades e, o

segundo corresponde à imputação do custo das actividades aos produtos.

Para o caso em estudo, optou-se pela implementação do sistema integrado ABC-EVA de

acordo com Roztocki e Needy (1999b) e, os passos enumerados pelos autores são:

Passo 1 – Analisar as informações financeiras da empresa. Na demonstração de resultados

obtém-se informações sobre os custos operacionais, no balanço obtém-se informações sobre o

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capital investido e nos anexos obtém-se informações sobre os possíveis ajustamentos para o

cálculo do EVA;

Passo 2 – Identificar as actividades principais, descrevendo os processos produtivos e de

negócio que estão ligados aos recursos operacionais e investimentos em capital;

Passo 3 – Determinar o custo operacional de cada actividade. Os custos operacionais para

cada actividade são calculados da mesma forma que no sistema ABC tradicional;

Passo 4 – Determinar o custo de capital para cada actividade através da análise da

dependência actividade-capital. O custo de capital para cada actividade é obtido através da

conversão das informações do balanço em custo de capital.

Passo 5 – Seleccionar os cost drivers que permitirão imputar o custo das actividades aos

produtos, sendo que os cost drivers operacionais servem para imputar os custos operacionais e

os cost drivers de capital servem para imputar os custos de capital.

Passo 6 – Calcular o custo dos produtos. Os custos operacionais e de capital são imputados

aos produtos.

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4. Apresentação e Análise dos Resultados

A Sociedade Cabo-verdiana de Tabacos, SA (SCT) é a única empresa de tabacos em Cabo

Verde e tem por actividade principal e exclusiva a cultura, produção e importação de tabacos

e seus derivados. Os produtos fabricados e comercializados pela SCT são cigarros das marcas

Falcões com filtro (FCF), Falcões sem filtro (FSF)) e Porto Grande (PG) que são marcas

próprias, SG Gigante (SGG) produzida sob licença concedida pela Philip Morris, e desde

Junho de 1998, a empresa importa e comercializa cigarros das marcas Marlboro Red (MLR),

Marlboro Lights (MLL), Charutos e Cigarrilhas, também sob a licença da Philip Morris. A

empresa tem por missão consolidar a sua posição no mercado e reforçar as suas parcerias

através de medidas de valor acrescentado a todos os seus stakeholders que se traduz, a médio

prazo, numa procura pela melhor satisfação das necessidades dos consumidores, a

rendibilidade dos capitais investidos na empresa, acções de formação aos trabalhadores entre

outras políticas de cariz social. Obteve-se a informação junto do Responsável Financeiro que

a empresa não utiliza qualquer sistema de custeio e nem medidas de avaliação de

desempenho.

Procedimentos de implementação do Sistema Integrado ABC-EVA na SCT

Imputação dos custos operacionais às Actividades

Passo 1 – Foram identificados os Recursos e os respectivos cost drivers

Figura 1: Matriz Recursos da SCT e respectivos cost drivers

Nota: *R2.1 é um gasto exclusivo da actividade de Aprovisionamento e R6 é um gasto exclusivo da actividade

de Produção, por isso não foram definidos cost drivers.

Recursos 2012 2011 2010 Cost Drivers de Recursos Unidade

R1 - Electricidade 6 129 5 283 4 948 Kilowatts Kw

R2 - Seguros

R2.1 - Seguro das MPSC, Mercadorias e PA* 294 309 324 - -

R2.2 - Seguro das Máquinas 276 290 305 Valor das máquinas valor

R2.3 - Seguro do Edifício 386 405 426 Área Ocupada M²

R3 - Materiais e Serviços de Conservação e Reparação 3 855 1 403 1 380 Número de Máquinas Nº

R4 - Gastos Totais com Pessoal 72 088 70 139 70 866 Peso do salário bruto de cada trabalhador

sobre os salários totais%

R5 - Estampilhas Fiscais 24 170 29 425 22 580 Qtd Empac.+Qtd Embal.s+Qtd Import. Qtd

R6 - Emolumentos e Taxa Ecológica* 6 469 6 973 1 222 - -

R7 - Gastos/Reversões de Depreciação e Amortização

R7.1 - Edifícios e Outras Construções 4 056 4 056 4 056 Área ocupada M²

R7.2 - Equipamentos e Ativos Intangíveis 11 404 12 058 7 544

Peso do gasto de depreciação dos AF em

cada actividade sobre o total dos gastos de

depreciação

%

Total 129 127 130 341 113 651

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Passo 2 – Foram identificadas as principais Actividades e respectivos cost drivers

Quadro 1 - Principais Actividades na SCT

Também neste passo, foi identificado o nível de cada actividade de acordo com a classificação

de Cooper e Kaplan (1991). Mais a frente houve a necessidade de subdividir a actividade de

Aprovisionamento em Aprovisionamento de Matérias-Primas, Subsidiárias e de Consumo

(MPSC), Aprovisionamento de Produtos Acabados (PA) e Aprovisionamento de Mercadorias,

visto que estas, em algumas fases, tinham recursos comuns e noutras, tinham recursos que

lhes eram específicos.

Passo 3 – Estabeleceu-se a relação entre cada Recurso e as Actividades

Figura 2: Matriz Recursos-Actividade da SCT

Passo 4 – Os símbolos (✓) foram substituídos pelas respectivas cost driver rates. Multiplicando a

matriz Recursos pela matriz Actividade-Recursos, obteve-se a matriz Actividade (1).

Figura 3: Matriz Actividade (1) da SCT

Actividades Nível das Actividades Cost Drivers de Actividades

A1 - Aprovisionamento unit-level

A1.1. - Aprovisionamento MPSC " Quantidades Produzidas

A1.2. - Aprovisionamento PA " Quantidades Vendidas

A1.3 - Aprovisionamento de Mercadorias " Quantidades Vendidas

A2 - Produção unit-level Quantidades Produzidas

A3 - Empacotamento unit-level Quantidades Empacotadas

A4 - Embalagem unit-level Quantidades Embaladas

A5 - Distribuição facility-sustaining -

A6 - Serviços Administrativos Gerais facility-sustaining -

R1 R2.1 R2.2 R2.3 R3 R4 R5 R6 R7.1 R7.2

A1 - Aprovisionamento ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

A2 - Produção ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

A3 - Empacotamento ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

A4 - Embalagem ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

A5 - Distribuição ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

A6 - Serv. Adm. Gerais ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

Actividades 2012 2011 2010

A1 - Aprovisionamento

A1.1 - Aprovisionamento MPSC 8 984 2 467 2 456

A1.2 - Aprovisionamento PA 1 193 1 169 1 164

A1.3 - Aprovisionamento Mercadorias 8 326 14 185 11 656

A2 - Produção 8 410 12 280 4 627

A3 - Empacotamento 22 504 20 023 15 291

A4 - Embalagem 4 704 4 859 4 823

A5 - Distribuição 22 526 21 815 20 978

A6 - Serviços Administrativos Gerais 32 593 32 502 33 346

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De referir que, também, foi subtraído o custo de inactividade (cerca de 70%) das actividades

de Produção e Empacotamento, calculado de acordo com o Sistema de Custeio Racional

previsto no Sistema de Normalização Contabilística e Relato Financeiro (SNCRF).

Imputação dos custos de capital às Actividades

Passo 1 – Foi identificado o Invested Capital (IC) e respectivos cost drivers, de acordo com a

fórmula proposta por Mota e Custódio (2012), em que IC = AFEL (Activo Económico) +

NFM (Necessidades em Fundo Maneio).

Passo 2 – Determinou-se o Custo de Capital Médio Ponderado (Weighted Average Cost of

Capital ou WACC), de acordo com a fórmula do Modelo de Avaliação de Activos de Capital

(CAPM). Devido a falta de actualização dos dados do mercado, a determinação do WACC da

SCT teve que ser feita com base na comparação dos níveis de risco e prémio de risco com

empresas do mesmo sector, tendo usado para o efeito, bases de dados constantes do site

Damodaran Online. Os betas (β) foram determinados, para cada ano, tendo em conta o sector

em que a empresa se encontra inserida, e para determinação dos prémios de risco (Rm-Rf),

em cada ano, recorremos à comparação com países emergentes. Para a rendibilidade do activo

sem risco (Rf), assumiu-se a taxa de 4%, que é, aproximadamente, a taxa de juro dos Bilhetes

de Tesouro e dos Depósitos à Prazo, constante do site do Banco de Cabo Verde.

Pela multiplicação da matriz IC pelo WACC em cada ano, obteve-se o custo de capital da

SCT.

2012 2011 2010

4,00% 4,00% 4,00%

0,76 0,76 0,62

11,80% 12,00% 11,00%

12,97% 13,12% 10,82%

Rendibilidade dos Bilhetes de Tesouro (Rf)

Beta (β)

Prémio de Risco (Rm – Rf)

WACC= E [Ri] = Rf + β * [E (Rm – Rf)]

Designação

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Figura 4: Matriz Capital da SCT e respectivos cost drivers

Nota: *C9.3 foi imputado aos produtos de acordo com as quantidades vendidas de cada um. Foi adicionada ao

custo de capital de cada produto.

Passo 3 - Foi identificado as categorias do IC que concorrem para cada actividade,

construindo, assim, a matriz Actividade-Capital.

Figura 5: Matriz Actividade-Capital da SCT

Passo 4 - Os símbolos (✓) foram substituídos pelas respectivas cost driver rates. Depois

multiplicou-se a matriz Capital pela matriz Actividade-Capital, obtendo a matriz Actividade (1’).

Figura 6: Matriz Actividade (1’) da SCT

Custo de Capital 2012 2011 2010 Cost Drivers de Capital Unidade

C1 - Activos Fixos Tangíveis

C1.1. - Edifícios e Outras Construções 4 859 5 448 4 932 Área ocupada M²

C1.2. - Equipamento e Activos Intangíveis 5 015 6 091 2 556

Peso do valor dos AF em cada

actividade sobre o valor total dos

Activos Fixos

%

C2 - Clientes 2 937 3 160 1 646 - -

C3 - Diferimentos (activo)

C3.1. - Seguros

C3.1.1. - Seguro Incêndio MP, Mercadorias e P. Acabados 2 1 1 - -

C3.1.2. - Seguro Edifício 2 2 2 Área Ocupada M²

C3.1.3. - Seguro das Equip. de Produção e Empacotamento 36 31 25 Valor das Máq. Produção e Empac. -

C3.1.4. - Seguro dos Automóveis 73 64 51 Valor dos Automóveis -

C3.2. - Estampilhas Fiscais para os Produtos 146 22 381 - -

C3.3. - Estampilhas Fiscais para as Mercadorias Importadas 26 0 0 - -

C4 - Estado e Outros Entes Públicos (EOEP) (passivo)

C4.2. - Taxa Ecológica e ICE -3 -103 -346 - -

C4.3. - Taxa de Exclusividade * -121 0 0 Quantidades Vendidas Qtd

C5 - Diferimentos (passivo)

Doação de Activos Fixos Tangíveis -1 -1 -1 - -

Total 12 970 14 717 9 248

C1.1. C1.2. C2 C3.1.1 C3.1.2 C3.1.3 C3.1.4 C3.2 C3.3 C4.2 C5

A1 - Aprovisionamento ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

A2 - Produção ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

A3 - Empacotamento ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

A4 - Embalagem ✓ ✓ ✓ ✓

A5 - Distribuição ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

A6 - Serviços Adm. Gerais ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

Actividades 2012 2011 2010

A1 - Aprovisionamento

A1.1 - Aprovisionamento MPSC 466 600 387

A1.2 - Aprovisionamento PA 223 284 184

A1.3 - Aprovisionamento Mercadorias 248 284 184

A2 - Produção 1 376 1 472 141

A3 - Empacotamento 1 150 1 244 689

A4 - Embalagem 380 579 232

A5 - Distribuição 6 395 6 961 4 299

A6 - Serviços Administrativos Gerais 2 849 3 292 3 132

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Imputação do custo das Actividades aos Produtos

Passo 1 - consistiu em estabelecer a relação entre as Actividades e os Produtos, obtendo,

assim, a matriz Actividade-Produto.

Figura 7: Matriz Actividade-Produto da SCT

Passo 2 - Os símbolos (✓) foram substituídos pelas respectivas cost driver rates. Depois

multiplicou-se as matrizes Actividade pela matriz Actividade-Produto com cost driver rates,

obtendo-se as matrizes Produto com custos operacionais e com custos de capital.

Figura 8: Matriz Produtos c/ Custos de Indirectos Figura 9: Matriz Produtos c/ Custos de Capital

Calculados os custos operacionais e de capital de cada produto, estamos em condições de

calcular o EVA de cada produto, integrando, assim, o sistema ABC ao indicador do

desempenho EVA. O quadro resumo mostra o EVA de cada produto nos três anos em análise:

Quadro 2: Quadro Resume do EVA nos três períodos em análise

Para melhor compreensão do cálculo do EVA, exemplificamos, no quadro abaixo, com os

dados referentes ao ano 2012.

A1.1. -

Aprov. MP

A1.2 - Aprov.

PA

A1.3 - Aprov.

Merc.

A3 -

Produção

A4 -

Empac.

A5 -

Embal.

P1 - SG Gigante ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

P2 - Porto Grande ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

P3 - Falcões s/ filtro ✓ ✓ ✓ ✓

P4 - Falcões c/ filtro ✓ ✓ ✓ ✓

P5 - Marlboro Red ✓

P6 - Marlboro Lights ✓

P7 - Charutos &Cigarrilhas ✓

Designação P1 - SG P2 - PG P3 - FSF P4 - FCF P5 - MLR P6 - MLL P7 - C&C Total

EVA_2010 245 120 19 397 2 567 - 99 830 21 570 - 388 483

EVA_2011 301 995 35 111 1 872 1 118 98 775 24 928 131 463 929

EVA_2012 343 475 62 571 119 1 501 63 610 23 069 189 494 533

Produtos 2012 2011 2010

P1 - SG Gigante 3 195 6 006 1 639

P2 - Porto Grande 754 631 171

P3 - Falcões s/ filtro 0 21 10

P4 - Falcões c/ filtro 10 20 -

P5 - Marlboro Red 224 228 151

P6 - Marlboro Lights 78 56 32

P7 - Charutos & Cigarrilhas 0,17 0,03 -

Produtos 2012 2011 2010

P1 - SG Gigante 36 203 34 320 25 262

P2 - Porto Grande 9 495 6 184 2 964

P3 - Falcões s/ filtro 1 148 136

P4 - Falcões c/ filtro 97 146 -

P5 - Marlboro Red 6 161 11 384 9 596

P6 - Marlboro Lights 2 163 2 800 2 060

P7 - Charutos & Cigarrilhas 2 1 -

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Quadro 3: O Sistema Integrado ABC-EVA para o ano 2012

Através do sistema integrado ABC-EVA se pode concluir sobre qual produto acrescenta valor

e, por isso, cria riqueza aos accionistas, pois este considera o custo de oportunidade do capital

investido pelos accionistas. Se tratando apenas do sistema ABC, o custo dos produtos

incluiria apenas os custos operacionais e a demonstração de resultados por produto ficaria até

os resultados operacionais antes de juros e depois de impostos (NOPAT). Obviamente, que ao

incluir o custo de capital, o custo dos produtos aumentou e os resultados por estes gerados

diminuíram.

Apesar de uma inactividade de cerca de 70%, os custos indirectos operacionais da actividade

de Produção são significativamente mais elevados que os custos operacionais das outras

actividades, em grande parte, devido ao consumo de MPSC, a depreciação dos equipamentos

básicos e o consumo de electricidade nesta actividade. Também podemos observar que não

houve grandes variações nos custos operacionais ao longo dos anos em análise, com excepção

da actividade de Produção que variou significativamente de 2011 para 2012 (Figuras 3).

Igualmente, pode-se observar que é a actividade de Distribuição que requer mais

investimentos em capital visto que o seu custo de capital é maior. (Figura 6).

Da análise dos produtos/mercadorias constata-se que, o cigarro SGG representa o produto

mais dispendioso para a empresa mas, igualmente, é o produto que mais valor acrescenta aos

accionistas, ou não fosse este o produto com maior volume de produção e venda. Grande

parte do custo desse produto refere-se aos royalties pagos ao fornecedor Philip Morris pelos

direitos de produção. Juntamente aos cigarros PG e MLR, são os produtos com maior custo de

Designação P1 - SG P2 - PG P3 - FSF P4 - FCF P5 - MLR P6 - MLL P7 - C&C Total

Vendas 390 615 57 182 260 1 591 263 964 92 671 656 806 939

Custos Directos:

Matéria-Prima 136 501 35 796 - 720 - - - 173 016

Variação da Produção 2 765 902 83 - 235 - - - - 3 349

Taxa de Exclusividade 1 013 - 148 - 1 - 4 - 685 - 240 - 2 - 2 093 -

Royalties 31 249 - 31 249 -

Custos Indirectos Operacionais:

ABC 36 203 - 9 495 - 1 - 97 - 6 161 - 2 163 - 2 - 54 121 -

Custos de venda - - - - 169 193 - 59 399 - 420 - 229 012 -

RO 461 416 84 237 175 1 975 87 926 30 869 232 666 829

IUR (25%) 115 354 - 21 059 - 44 - 494 - 21 981 - 7 717 - 58 - 166 707 -

NOPAT 346 062 63 178 131 1 481 65 944 23 151 174 500 121

Imparidade dos Inventários 608 147 12 - 29 2 111 - 4 - 16 1 327 -

NOPAT Ajustado 346 670 63 325 119 1 511 63 834 23 148 189 498 795

Custo do Capital 3 195 - 754 - 0 - 10 - 224 - 78 - 0 - 4 261 -

EVA 343 475 62 571 119 1 501 63 610 23 069 189 494 533

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capital. Por outro lado, os produtos que acrescentam menos valor aos accionistas são os C&C,

os FSF e os FCF. Também podemos verificar que os cigarros de marca própria (Falcões e

PG), embora acrescentem valor aos accionistas, o valor acrescentado por estes é

significativamente menor que o valor acrescentado pelas marcas produzidas/comercializadas

sob a licença da Philip Morris (SGG, MLR e MLL, com excepção dos MLL quando se refere

aos cigarros PG) (Quadro 3). Nesse aspecto, a empresa poderá analisar os produtos com

menos valor acrescentado e, examinar até que ponto poderá reduzir os custos com os mesmos

ou, então, descontinuar a sua produção.

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5. Considerações Finais

Com a realização do estudo de caso ora apresentado pretendeu-se responder a seguinte

questão: Como é que a implementação integrada do sistema ABC-EVA poderá conduzir a

melhoria das decisões tomadas a nível de gestão? Para dar resposta a tal questão foi realizada

um estudo de caso de acordo com a metodologia de Roztocki e Needy (1999) e Roztocki et al.

(2004). Também, a revisão da literatura e a análise da regulamentação externa à empresa

foram importantes na formulação das questões que foram aplicadas na entrevista e que

ajudaram na condução do estudo.

O sistema integrado ABC-EVA é a proposta de alguns autores, como Roztocki e Needy

(1999), como forma de ultrapassar a limitação do sistema ABC em não considerar o custo de

capital no custeio dos produtos. Como vericamos no estudo realizado, ao incluir o custo de

capital no cálculo do custo dos produtos, os gestores dispõem de uma informação mais

completa. Para além disso, o custo de capital é um importante factor a considerar quando se

pretende analisar o valor acrescentado. Um gestor que toma decisões apenas com base no

sistema ABC poderá concluir que um determinado produto/serviço é rentável e, por isso,

continuar a produzir este produto/serviço, no entanto, quando incluir o custo de capital os

resultados gerados por esse produto/serviço podem diminuir ou chegar a valores negativos.

No estudo de caso apresentado, esta última situação não se verificou, mas constatamos que

com a inclusão do custo de capital o custo de alguns produtos aumentou significativamente e

que, pelo baixo valor económico gerado por alguns produtos, a empresa deverá estudar as

possibilidades de redução de custos operacionais e de capital sem por em causa a qualidade

destes produtos.

Podemos concluir que o sistema ABC-EVA contribui para uma melhor qualidade da

informação produzida na medida em que apresenta um panorama mais alargado dos gastos,

sendo que um deles (o custo de capital) é de grande importância na análise do valor

acrescentado. Naturalmente, as decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas

por um sistema mais completo e coerente com o objectivo de criar valor serão de maior

qualidade e fiabilidade.

Por fim, importa referir que com as conclusões tiradas ao longo do estudo não se pretende a

sua generalização a outras empresas, visto se tratar do caso particular SCT,SA.

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Limitações

As conclusões estão condicionadas a algumas limitações, tais como: o facto do estudo de caso

na SCT ter partido da iniciativa dos investigadores, podemos apontar a falta de apoio da

Administração como uma das maiores limitações ao estudo. Deste modo, algumas

informações importantes para o estudo, não foram facultadas e, por isso, alguns dados

apresentados acarretam alguma subjectividade. Para além disso, só foi possível realizar uma

entrevista e, por isso, algumas questões não foram respondidas. Uma outra limitação a

apontar, é o facto de a empresa não possuir um sistema de custeio.

A falta de actualização de dados do mercado é, também, uma limitação a apontar, pois na

determinação do custo de capital da empresa tivemos que adoptar o modelo CAPM e recorrer

à comparação com empresas do mesmo sector (para estimação do beta) e com países com os

quais Cabo Verde seja comparável a nível de risco (para estimação do prémio de risco),

usando para esse efeito às bases de dados constantes do site Damodaran Online. Esta

comparação com outras empresas e países acarreta sempre uma certa subjectividade.

Recomendações

Posto isto, recomenda-se à empresa que adopte um sistema de custeio, de preferência o

sistema ABC-EVA, pelas razões apontadas ao longo deste estudo. Com a adopção deste

sistema, a empresa vai dispor de uma forma mais apropriada de custear os seus produtos e

analisar o valor criado pelos mesmos.

Visto que o presente estudo de caso foi realizado numa empresa industrial, sugere-se que o

mesmo tema seja aplicado à uma empresa de prestação de serviços e a uma comercial.

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Outras Fontes

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