Upload
others
View
10
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
Oficina Notarial e Registral
ITBI e ITCMD
Antonio Herance [email protected]
www.inr.com.br
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI - Histórico
1809 Surge no Direito brasileiro o tributo com o nome de SISA
(Serviço de Impostos de Sua Alteza).
1934 Com a Constituição de 1934, o ITBI foi dividido em dois
impostos (inter vivos e causa mortis).
1965 A Emenda Constitucional 18/1965 restabeleceu a união dos
impostos de transmissão de bens imóveis (inter vivos e causa mortis),
atribuindo aos Estados a competência para sua instituição.
1988 A Constituição de 1988 biparte, novamente, o tributo e atribui
aos Estados e ao Distrito Federal a competência para instituição do
imposto de transmissão causa mortis e doação (ITCMD), e aos
Municípios a competência para a instituição do imposto de transmissão
onerosa de bens imóveis inter vivos.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
A responsabilidade tributária de Notários e de
Registradores
“CTN - Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do
cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem
solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas
omissões de que forem responsáveis:
(...)
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos
tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em
razão do seu ofício;
(...)”
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
O Imposto de Transmissão de Bens Imóveis –
ITBI
a) O momento de ocorrência do fato gerador
b) A divisão do patrimônio comum e a partilha do acervo hereditário
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – Raiz constitucional
“Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
(...)
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre
imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua
aquisição;
(...)”
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – Legislação infra constitucional
O ITBI no Código Tributário Nacional – CTN:
O CTN é 1966 – Lei Federal nº 5.172 –, recepcionada pela CF com o
status de Lei Complementar, trata do tributo nos artigos de 35 a 42.
O ITBI na legislação municipal de situação do imóvel:
Princípio constitucional tributário da legalidade.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – O momento de ocorrência do fato
gerador
Ocorrência do fato gerador com o registro imobiliário. Impossibilidade de
exigência anterior. ITBI – fato gerador. O fato gerador do Imposto de
Transmissão de Bens Imóveis ocorre com o registro da transferência da
propriedade no cartório imobiliário, em conformidade com a lei civil.
Precedentes. (STJ, 2ª T., Resp. 771.781/SP. Rel. Ministra ELIANA
CALMON. Jun/07) .
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – O momento de ocorrência do fato
gerador
“Na visão de complexidade do ato da alienação, o registro é formalidade
que apenas exaure o negócio já impulsionado, embora não seja
possível negar os efeitos constitutivos do ingresso no fólio real dos
negócios jurídicos imobiliários. O Código Civil, em seu artigo 1245,
define apenas o instante em que se consuma a transmissão,
estabelecendo que com o registro imobiliário chega-se à conclusão
desse complexo ato negocial.”
Antonio Herance Filho
Direito Notarial e Registral Avançado
Revista dos Tribunais (2014)
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – O momento de ocorrência do fato
gerador
Nesse sentido, pontual a manifestação de Hugo de Brito Machado:
“É certo que, no Direito Civil, a transmissão da propriedade imóvel no
caso da compra e venda, por exemplo, somente se verifica pela
inscrição, no competente Registro de Imóveis, do título respectivo.
Entretanto, desde o momento em que comprador e vendedor
convencionaram a compra e venda já se admite que produza
efeitos, mesmo antes de convenientemente formalizada” (MACHADO,
2006) (Original sem destaques).
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – O momento de ocorrência do fato
gerador
Seja como for, considerando que o Notário está, como já vimos,
adstrito ao princípio da legalidade estrita e por ser responsável de
terceiros, nos termos do art. 134 do CTN, cumpre a ele exigir a prova
do recolhimento do ITBI como condição para a lavratura da
escritura pública, se na lei do município de situação do imóvel,
objeto da transação por ele instrumentalizada, houver tal previsão.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – A divisão do patrimônio comum e a
partilha do acervo hereditário
O patrimônio comum e o acervo hereditário são universalidades
indivisas de bens, ou seja, os cônjuges, em relação ao patrimônio
comum, e os herdeiros na sucessão “causa mortis”, são donos de parte
do todo e não de parte ideal de cada bem, individualmente considerado.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – A divisão do patrimônio comum e a
partilha do acervo hereditário
A hipótese de incidência do ITBI tem como premissa a ocorrência de
fato que apresente três elementos que lhe são essenciais, a saber:
a) A transmissão de bens imóveis e de direitos reais sobre imóveis,
exceto os de garantia, e de direitos a sua aquisição;
b) Por ato inter vivos; e
c) A título oneroso.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – A divisão do patrimônio comum e a
partilha do acervo hereditário
Apelação 372-6/9 – Comarca de Patrocínio Paulista - Excertos:
1. “Portanto, inexistente equivalência entre os valores dos imóveis
atribuídos a cada um dos cônjuges, incide o imposto de transmissão
inter vivos sobre o que exceder a meação neste patrimônio imobiliário”.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – A divisão do patrimônio comum e a
partilha do acervo hereditário
ApCiv 372-6/9 – Comarca de Patrocínio Paulista - Excertos:
2. “O imposto de transmissão aqui referido, por sua vez, é o inter vivos,
que é devido ao Município porque a aquisição pelo cônjuge do que
excedeu sua meação sobre o patrimônio imobiliário do casal se fez
mediante reposição com bens móveis e, portanto, a título oneroso”.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – A divisão do patrimônio comum e a
partilha do acervo hereditário
“A lei tributa a diferença recebida a mais em imóveis. Verbi gratia, se
o casal possui três imóveis de valor equivalente. Um dos cônjuges
recebe, na partilha, um imóvel apenas: o outro, dois. Claramente,
haverá incidência do imposto sobre a diferença, porque um dos
consortes recebeu valor imobiliário acima de seu respectivo
quinhão. Esse é o sentido da lei. Não importa que o outro cônjuge
menos aquinhoado com bens imóveis tenha obtido compensação no
valor dos imóveis. Em havendo diferença, surge a exigência tributária.”
(Original sem destaques).
Yussef Said Cahali:
Divórcio e separação. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITBI – A divisão do patrimônio comum e a
partilha do acervo hereditário
Seja como for, considerando que o Notário está, como já vimos,
adstrito ao princípio da legalidade estrita e por responsável de terceiros,
nos termos do art. 134 do CTN, cumpre a ele exigir a prova do
recolhimento do ITBI como condição para a lavratura da escritura
pública, nas divisões igualitárias caso haja diferença em imóveis,
se na lei do município de situação do imóvel, objeto da transação
por ele instrumentalizada, houver tal previsão.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
O Imposto de Transmissão “Causa Mortis” e
Doação de Bens e Direitos - ITCMD
a) A Base de Cálculo
b) A jurisprudência
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Raiz constitucional
“Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou
direitos; (...)
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Legislação infra constitucional
O ITCMD no Código Tributário Nacional – CTN:
O CTN é 1966 – Lei Federal nº 5.172 –, recepcionada pela CF com o
status de Lei Complementar, trata do tributo nos artigos de 35 a 42.
O ITCMD na legislação estadual de situação do imóvel ou de
realização do inventário em relação aos bens móveis, títulos e
créditos.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Raiz constitucional
ITCMD – COMPETÊNCIA ESTADUAL
Bens imóveis: no Estado onde estiverem situados (CF, art. 155, § 1º,
I).
Bens móveis, títulos e créditos: onde tramitar o inventário ou onde
for domiciliado o doador (CF, art. 155, § 1º, II).
a) Via jurisdicional – art. 48 do CPC – domicílio civil do autor da
herança.
b) Via administrativa – art. 8º da LNR.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Base de cálculo
RITCMD/SP - Artigo 12 - A base de cálculo do imposto é o valor venal
do bem ou direito transmitido, expresso em moeda nacional (Lei
10.705/00, art. 9º, com alterações da Lei 10.992/01).
§ 1º - Considera-se valor venal o valor de mercado do bem ou
direito na data da abertura da sucessão ou da realização do ato ou
contrato de doação.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Base de cálculo
RITCMD/SP - Artigo 16 - O valor da base de cálculo, no caso de bem
imóvel ou direito a ele relativo será (Lei 10.705/00, art. 13):
I - em se tratando de:
a) urbano, não inferior ao fixado para o lançamento do Imposto sobre a
Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU;
b) rural, não inferior ao valor total do imóvel declarado pelo contribuinte
para efeito de lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial
Rural - ITR;
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Base de cálculo
RITCMD/SP - Artigo 16 - O valor da base de cálculo, no caso de bem
imóvel ou direito a ele relativo será (Lei 10.705/00, art. 13):
(...)
II - o valor pago pelo "de cujus" até a data da abertura da sucessão,
quando em construção;
III - o valor do crédito existente à data da abertura da sucessão, quando
compromissado à venda pelo "de cujus".
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Base de cálculo
RITCMD/SP - Artigo 16 - O valor da base de cálculo, no caso de bem
imóvel ou direito a ele relativo será (Lei 10.705/00, art. 13): (...)
Parágrafo único – Poderá ser adotado, em se tratando de imóvel
(Decreto nº 55.002/2009):
1 – rural, o valor médio da terra-nua e das benfeitorias divulgado pela
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo ou
por outro órgão de reconhecida idoneidade, vigente à data da
ocorrência do fato gerador, quando for constatado que o valor declarado
pelo interessado é incompatível com o de mercado.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Base de cálculo
RITCMD/SP - Artigo 16 - O valor da base de cálculo, no caso de bem
imóvel ou direito a ele relativo será (Lei 10.705/00, art. 13): (...)
Parágrafo único – Poderá ser adotado, em se tratando de imóvel
(Decreto nº 55.002/2009):
2 – urbano, o valor venal de referência do Imposto sobre Transmissão
de Bens Imóveis – ITBI divulgado ou utilizado pelo município, vigente à
data de ocorrência do fato gerador, nos termos da respectiva legislação,
desde que não inferior ao valor referido na alínea “a” do inciso I, sem
prejuízo da instauração de procedimento administrativo de arbitramento
da base de cálculo, se for o caso.
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Jurisprudência
Apelação Cível – Mandado de Segurança – Base de cálculo doimposto sobre transmissão causa mortis e doação (ITCMD) – Valorvenal – Valor de mercado do bem ou direito na data da abertura dasucessão ou da realização do ato ou contrato de doação –Impossibilidade de utilizar os parâmetros do Decreto nº55.002/2009, que alterou o Regulamento do ITCMD –Inconstitucionalidade dos arts. 7º-A, 7º-B e 12 da Lei nº 11.154/91 doMunicípio de São Paulo reconhecida pelo Órgão Especial deste E.Tribunal de Justiça – Base de cálculo do IPTU que deve servir dereferência para o cálculo do ITCMD na transmissão causa mortis –Possibilidade, todavia, de cobrança de eventual diferença pela FazendaEstadual, por meio de procedimento próprio, assegurando aocontribuinte o contraditório e a ampla defesa (art. 148, CTN) – Sentençamantida – Reexame necessário e recurso voluntário da FazendaEstadual improvidos. (TJSP – Apelação / Reexame Necessário nº1040866-78.2017.8.26.0053 – São Paulo – 5ª Câmara de DireitoPúblico – Rel. Des. Maria Laura Tavares – DJ 25.04.2018).
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Jurisprudência
APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO – Mandado de
Segurança com Pedido Liminar – ITCMD de imóveis urbanos –
Cobrança do referido imposto com adoção de base de cálculo de ITBI,
nos termos do que dispõe o Decreto Estadual nº 55.002/09 – Pleito que
visa a utilização como base de cálculo do tributo, valor venal para
fins de IPTU, afastando-se a utilização do valor de referência –
Sentença de procedência – Decisão escorreita – A base de cálculo do
ITCMD deve ser o valor venal do imóvel lançado para fins de IPTU,
em razão da ilegalidade do Decreto Estadual nº 55.002/09 –
Inteligência do art. 97, II, § 1º, do CTN e da Lei º 10.705/00 – Sentença
concessiva da ordem mantida – Recursos oficial e voluntário da FESP
improvidos (TJSP – Apelação Cível nº 1005808-48.2016.8.26.0053 –
São Paulo – 7ª Câmara de Direito Público – Rel. Des. Eduardo
Gouvêa – DJ 30.01.2018).
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Jurisprudência
Apelação – Mandado de segurança – Tributário – ITCMD – Imóvel
urbano – Base de cálculo – A base de cálculo do ITCMD é o valor
venal apurado para fins do ITR e IPTU – Entendimento do art. 13, inc.
I e II, da Lei Estadual nº 10.705/00 – Alteração da base de cálculo do
tributo por decreto, com adoção de valores divulgados pela Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo ou por outro
órgão de reconhecida idoneidade (imóvel rural) e para o denominado
Valor Venal de Referência (VVR) do ITBI (imóvel urbano) –
Impossibilidade – Ofensa ao princípio da legalidade – Precedentes
jurisprudenciais – Sentença denegatória da segurança reformada –
Recurso provido. (TJSP – Apelação Cível nº 1001766-
58.2016.8.26.0601 – Bragança Paulista – 8ª Câmara de Direito
Público – Rel. Des. Ponte Neto – DJ 08.11.2017).
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Jurisprudência
•Agravo de instrumento – Inventário – Imposto sobre Transmissão
Causa Mortis e Doações de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD) –
Valor de mercado – Possibilidade – Aplicação dos artigos 9, §1º e
13, inciso I, da Lei 10.705, de 2000, bem como do Decreto nº 55.002,
de 2009 – Tutela recursal deferida. (TJSP – Agravo de Instrumento
nº 2214291-65.2015.8.26.0000 – São Paulo – 9ª Câmara de Direito
Privado – Rel. Des. Mauro Conti Machado – DJ 22.10.2015).
Oficina Notarial e RegistralOficina Notarial e Registral
ITCMD – Base de cálculo
Seja como for, considerando que o Notário está, como já vimos,
adstrito ao princípio da legalidade estrita e por responsável de terceiros,
nos termos do art. 134 do CTN, cumpre a ele exigir a prova do
recolhimento do ITCMD como condição para a lavratura da
escritura pública, calculado sobre o valor de mercado do bem, se
na lei da unidade da federação de situação do imóvel, objeto da
transação por ele instrumentalizada, houver tal previsão.