97
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES Ivan Beuter Nazaroff AVALIAÇÃO DA TRAVESSIA DE PEDESTRES EM CRUZAMENTO SEMAFORIZADO UTILIZANDO MICROSSIMULAÇÃO. ANÁLISE PRÁTICA: INTERSEÇÃO ENTRE RUA FLORIANO PEIXOTO E RUA DOUTOR BOZANO, CENTRO, SANTA MARIA, RS. Santa Maria, RS 2018

Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES

Ivan Beuter Nazaroff

AVALIAÇÃO DA TRAVESSIA DE PEDESTRES EM CRUZAMENTO SEMAFORIZADO UTILIZANDO MICROSSIMULAÇÃO. ANÁLISE

PRÁTICA: INTERSEÇÃO ENTRE RUA FLORIANO PEIXOTO E RUA DOUTOR BOZANO, CENTRO, SANTA MARIA, RS.

Santa Maria, RS 2018

Page 2: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

1

Ivan Beuter Nazaroff

AVALIAÇÃO DA TRAVESSIA DE PEDESTRES EM CRUZAMENTO

SEMAFORIZADO UTILIZANDO MICROSSIMULAÇÃO. ANÁLISE PRÁTICA:

INTERSEÇÃO ENTRE RUA FLORIANO PEIXOTO E RUA DOUTOR BOZANO,

CENTRO, SANTA MARIA, RS.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Carlos José Antônio Kümmel Félix

Santa Maria, RS 2018

Page 3: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

2

Ivan Beuter Nazaroff

AVALIAÇÃO DA TRAVESSIA DE PEDESTRES EM CRUZAMENTO

SEMAFORIZADO UTILIZANDO MICROSSIMULAÇÃO. ANÁLISE PRÁTICA:

INTERSEÇÃO ENTRE RUA FLORIANO PEIXOTO E RUA DOUTOR BOZANO,

CENTRO, SANTA MARIA, RS.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.

Aprovado em 05 de março de 2018:

__________________________________________________ Carlos José Antônio Kümmel Félix, Prof. Dr. Eng. (UFSM)

(Presidente/Orientador)

__________________________________________________ Carlos José Marchesan Kümmel Félix, Me. Eng.

__________________________________________________ Talles Augusto Araújo, Prof. Me. Eng. (UFSM)

Santa Maria, RS 2018

Page 4: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

3

“And what are our needs for happiness? We need to

walk, just as birds need to fly. We need to be around

other people. We need beauty. We need contact with

nature. And most of all, we need not to be excluded.

We need to feel some sort of equality.”

Enrique Peñalosa

Page 5: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha mãe Marlene, que fez tudo o que estava ao

seu alcance para garantir que eu tivesse a melhor educação. Sem ela esse sonho

nunca seria possível.

Agradeço meus avós, Ingeborg e Ervino, que me apoiaram sempre, nunca

deixando nada faltar!

Agradeço ao meu orientador Prof. Carlos Félix, que nessa longa caminhada

sempre acreditou no meu potencial, me incentivando aos novos desafios.

Agradeço ao meu parceiro Rodrigo, que aguentou todo esse processo, me

dando forças para continuar e a fazer o meu melhor!

Agradeço aos participantes do GeMob, que ajudaram com todos os

levantamentos de dados para que esse trabalho fosse possível, com um

agradecimento especial para o Pedro Vinícius que sempre se mostrou proativo em

ajudar!

Agradeço à Alice Londero, por toda ajuda com as correções desse trabalho.

Agradeço a todas as pessoas que de alguma forma estiveram presentes nessa

jornada chamada Universidade!

A todos, meu muito obrigado!

Page 6: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

5

RESUMO

AVALIAÇÃO DA TRAVESSIA DE PEDESTRES EM CRUZAMENTO SEMAFORIZADO UTILIZANDO MICROSSIMULAÇÃO. ANÁLISE PRÁTICA:

INTERSEÇÃO ENTRE RUA FLORIANO PEIXOTO E RUA DOUTOR BOZANO, CENTRO, SANTA MARIA, RS.

AUTOR: Ivan Beuter Nazaroff

ORIENTADOR: Carlos José Antônio Kümmel Félix

Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem anualmente no mundo, cresce a cada ano. Esse fato se deve a negligência dos responsáveis pelo planejamento em relação aos pedestres e a sua segurança. Esse trabalho busca analisar a travessia de pedestres em um cruzamento semaforizado, tomando como local de estudo a interseção entre a Rua Floriano Peixoto e a Rua Doutor Bozano. O local escolhido apresenta um intenso fluxo peatonal, gerado pelas características comerciais da região. Para essa avaliação foi desenvolvido uma metodologia de levantamento de fluxos para os pedestres, classificando-os em certos e errados. Com os resultados foram criadas duas propostas: a primeira – revitalizando a sinalização no local, alterando o ciclo semafórico e criando um novo espaço para a travessia –, a segunda – alterando o sentido de uma das vias e reconfigurando o cruzamento para essa mudança. Para avaliar a efetividade das propostas, elas foram simuladas utilizando o software de microssimulação PTV VISSIM tomando como base para as análises o tempo total de delay do cruzamento foi verificado que as propostas melhoram o cruzamento, reduzindo o conflito entre pedestres e veículos. Também foi constatado que o software é uma excelente ferramenta para verificar a eficiência de ciclos semafóricos quando o fluxo real não é conhecido.

Palavras-chave: Segurança Viária. Microssimulação. Pedestres. Semáforos.

Page 7: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

6

ABSTRACT

EVALUATION OF PEDESTRIAN CROSSING AT A SIGNALIZED INTERSECTION USING MICROSUMULATION. PRATICAL ANALYSIS: INTERSECTION BETWEEN

FLORIANO PEIXOTO STREET WITH DOUTOR BOZANO STREET, CITY CENTRE, SANTA MARIA, RS.

AUTHOR: Ivan Beuter Nazaroff

ADVISOR: Carlos José Antônio Kümmel Félix

According to the OMS (2015), the number of accidents involving pedestrians occurring annually in the world grows every year. This is due to the negligence of planners in relation to pedestrians and their safety. This work seeks to analyse the crossing of pedestrians at a traffic light intersection by studying the intersection between Rua Floriano Peixoto and Rua Doutor Bozano. The chosen place presents an intense pedestrian flow, generated by the commercial characteristics of the region. For this evaluation a methodology of surveying flows for pedestrians was developed, classifying them as right and wrong. With the results, two proposals were created: the first one – revitalizing the signage in the place, changing the traffic light cycle and creating a new space for the crossing –, the second one – altering the direction of one of the roads and reconfiguring the intersection for this change. To evaluate the effectiveness of the proposals, they were simulated using the VISSIM microsimulation software. Taking as basis for the analysis the total delay time of the crossing, it was verified that the proposals improve the crossing, reducing the conflict between pedestrians and vehicles. It was also observed that the software is an excellent tool to verify the efficiency of traffic light cycles when the actual flow is not known.

Keywords: Road safety. Microsimulation. Pedestrians. Traffic Lights.

Page 8: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - As dez principais causas de mortes entre jovens de 15-29 anos, 2012.... 13

Figura 2 - Mortes por lesões no trânsito, por tipo de usuário (2013) e por região da OMS. ......................................................................................................................... 14

Figura 3 - Vista aérea da 1ª quadra da Rua Dr. Bozano no ano de 1951 antes de ter seu uso modificado para exclusivo para pedestres. .................................................. 16

Figura 4 - Volume de pedestres na região do estudo. Dados de 2012. .................... 17

Figura 5 - Vista de satélite do local do estudo. .......................................................... 17

Figura 6 - Gráfico representativo da variação do fluxo em relação aos dias da semana. .................................................................................................................................. 23

Figura 7 - Comparação entre o fluxo de veículos de vias urbanas e rurais americanas em relação aos meses do ano. ................................................................................. 24

Figura 8 – Croqui de contagem volumétrica direcional. ............................................ 27

Figura 9 – Comparativo visual entre os diversos níveis de serviço. .......................... 30

Figura 10 – Exemplos de sinalização de regulamentação. ....................................... 31

Figura 11 – Exemplos de sinalização de advertência. .............................................. 32

Figura 12 – Exemplos de sinalização de indicação. .................................................. 32

Figura 13 - Ilustração do conceito de grupo de movimentos e grupo semafórico. .... 35

Figura 14 - Exemplo de diagrama de estágios. ......................................................... 36

Figura 15 - Exemplo de diagrama de intervalos luminosos. ...................................... 36

Figura 16 – Tipos de conflitos nas interseções. ........................................................ 37

Figura 17 – Tipos de conflitos existentes em cruzamentos em nível. ....................... 38

Figura 18 - Probabilidade de lesão fatal para pedestre atropelado. .......................... 40

Figura 19 – Interação entre os diversos fatores da Abordagem Sistêmica de Segurança. ................................................................................................................ 41

Figura 20 - Relação entre as variáveis volume, densidade e velocidade. ................. 43

Figura 21 – Distribuição modal das viagens realizadas diariamente em Santa Maria. .................................................................................................................................. 45

Figura 22 - Anel perimetral da ZPP – CENTRO. ....................................................... 48

Figura 23 - Calçadões propostos pelo PDMU para a ZPP-CENTRO. ....................... 48

Figura 24 – Gradil na Rua Floriano Peixoto. ............................................................. 50

Figura 25 - Sinalização horizontal da interseção. ...................................................... 51

Figura 26 - Croqui da situação atual da interseção. .................................................. 52

Figura 27 – Diagramas de movimentos da configuração atual do semáforo do cruzamento. ............................................................................................................... 53

Figura 28 – Diagrama de estágios e intervalos luminosos da configuração semafórica atual .......................................................................................................................... 54

.Figura 29 – Classificação de pedestres em travessias semaforizadas. ................... 55

Figura 30 - Relação dos movimentos de pedestres no cruzamento. ......................... 56

Figura 31 - Volume de UCP a cada 15 minutos. ....................................................... 59

Figura 32 – Croqui com os resultados das contagens direcionais no local. .............. 60

Figura 33 - Ponto de travessia com fluxo elevado fora da faixa. ............................... 61

Figura 34 - Gráfico dos resultados da pesquisa de pedestres para o movimento Mp1. .................................................................................................................................. 61

Figura 35 - Gráfico dos resultados da pesquisa de pedestres para o movimento Mp2. .................................................................................................................................. 61

Figura 36 - Pedestres atravessando em local indevido durante o levantamento. ..... 62

Page 9: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

8

Figura 37 - Foto do local do levantamento demostrando a demarcação da área de conflito em branco e a sinalização vertical necessitando de revitalização. ............... 63

Figura 38 - Marcação de área de conflito segundo Manual de Sinalização Viária. ... 63

Figura 39 - Vias para veículos e vias para pedestres na simulação. ......................... 65

Figura 40 - Pontos de entrada de veículos e pedestres definidos na simulação. ...... 66

Figura 41 - Imagem da simulação do cenário atual produzida no VISSIM. ............... 68

Figura 42 - Delay dos veículos pelo tempo da simulação. ........................................ 69

Figura 43 - Croqui da primeira proposta. ................................................................... 70

Figura 44 - Diagramas de movimentos e da configuração para o semáforo do cruzamento da 1ª Proposta. ...................................................................................... 72

Figura 45 - Diagrama de estágios e intervalos luminosos calculado para a 1ª Proposta. .................................................................................................................................. 76

Figura 46 - Imagem da simulação da primeira proposta produzida no VISSIM. ....... 77

Figura 47 - Croqui da segunda proposta. .................................................................. 78

Figura 48 - Diagramas de movimentos da configuração para o semáforo do cruzamento da 2ª Proposta. ...................................................................................... 80

Figura 49 - Diagrama de estágios e intervalos luminosos calculado para a 2ª Proposta. .................................................................................................................................. 82

Figura 50 - Pontos de entrada de veículos e pedestres da simulação na segunda proposta. ................................................................................................................... 82

Figura 51 - Imagem da simulação da segunda proposta produzida no VISSIM. ....... 83

Figura 52 – Novo diagrama de estágios e intervalos luminosos para a 2ª Proposta. 84

Figura 53 - Delay total do sistema de cada proposta. ............................................... 87

Page 10: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tipos de vias urbanas. ............................................................................. 19

Tabela 2 - Fator de equivalência dos diversos tipos de veículos em carros de passeio.

.................................................................................................................................. 20

Tabela 3 - Descrição dos diversos níveis de serviço. ................................................ 30

Tabela 4 – Resultados da pesquisa direcional de veículos. ...................................... 54

Tabela 5 - Resultados da contagem direcional de pedestres - Movimento Mp1 ....... 57

Tabela 6 - Resultados da contagem direcional de pedestres - Movimento Mp2 ....... 57

Tabela 7 - Tabela com o Fator Horário de Pico de todas as horas do levantamento.

.................................................................................................................................. 58

Tabela 8 - Valores de volume de veículos e pedestres inseridos em cada ponto da

simulação .................................................................................................................. 67

Tabela 9 - Valores resultantes da simulação do cenário atual. ................................. 68

Tabela 10 - Comparação entre delays máximos encontrados e calculados ............. 69

Tabela 11 - Variáveis utilizadas no cálculo do fluxo de saturação ............................ 73

Tabela 12 - Valores resultantes da simulação da primeira proposta. ........................ 77

Tabela 13 - Comparação entre delays máximos encontrados e calculados para a

primeira proposta. ..................................................................................................... 77

Tabela 14 - Cálculo da configuração do conjunto semafórico para a segunda proposta.

.................................................................................................................................. 81

Tabela 15 - Valores resultantes da simulação da segunda proposta ........................ 83

Tabela 16 - Valores resultantes da simulação da segunda proposta com acréscimo de

veículos provenientes de P1. .................................................................................... 84

Tabela 17 - Valores resultantes da simulação da segunda proposta com a nova

configuração semafórica e sem o acréscimo em P1. ................................................ 85

Tabela 18 - Valores resultantes da simulação da segunda proposta com a nova

configuração semafórica e com o acréscimo em P1. ................................................ 85

Page 11: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

10

LISTA DE ABEVIATURAS E SIGLAS

CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito

CREA-PR Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná

CTB Código de Trânsito Brasileiro

DETRAN-RS Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

FDOT Florida Department of Transportation

FHP Fator Horário de Pico

FHWA Federal Highway Adminitrsation

FS Fluxo de saturação

HCM Highway Capacity Manual

ITE Institute of Transport Engineers

km/h Quilômetros por hora

m Metro

OMS Organização Mundial da Saúde

PDMU Plano Diretor de Mobilidade Urbana

PMSM Prefeitura Municipal de Santa Maria

PTV AG Planung Transport Verkehr AG

s Segundo

tc Tempo de ciclo

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TRL Transport Research Laboratory

UCP Unidade de carro de passeio

ucp/10min Unidades de carros de passeio a cada 10 minutos

ucp/15min Unidades de carro de passeio a cada 15 minutos

ucp/h Unidades de carro de passeio por hora

UTM Unidade de tráfego misto

v Velocidade

V15máx Volume do período de quinze minutos com maior fluxo de tráfego dentro da hora de pico

Vhp Volume de fluxo da hora de pico

VISSIM Verkehr Ins Staedten Simulation

Vpd Veículos por dia

Vph Veículos por hora

WSDOT Washington State Department of Transportation

ZPP Zona de Prioridade para Pedestres

Page 12: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 13 1.1 OBJETIVOS ............................................................................................. 15

1.1.1 Objetivo geral ........................................................................................... 15 1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................ 15 1.2 LOCAL DO ESTUDO ............................................................................... 16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 18 2.1 ENGENHARIA DE TRÁFEGO.................................................................. 18

2.1.1 Sistema de trânsito ................................................................................... 18 2.1.1.1 Tipos de vias ............................................................................................ 19 2.1.2 Tráfego ..................................................................................................... 19 2.1.2.1 Volume de tráfego .................................................................................... 20 2.1.2.1.1 Variações no volume de tráfego ............................................................... 21 2.1.2.2 Delay/Atraso ............................................................................................. 24 2.1.3 Estudos de Tráfego .................................................................................. 25 2.1.3.1 Contagens Volumétricas de Veículos ....................................................... 26 2.1.3.2 Contagens Volumétrica de Pedestres ...................................................... 28 2.1.4 Capacidade da Via ................................................................................... 29 2.1.5 Sinalização Viária ..................................................................................... 31 2.1.5.1 Sinalização Vertical .................................................................................. 31 2.1.5.2 Sinalização Horizontal .............................................................................. 33 2.1.5.3 Sinalização Semafórica ............................................................................ 34 2.1.6 Tipos de cruzamento ................................................................................ 37 2.1.7 Traffic Calming ......................................................................................... 39 2.2 MODELAGEM DE TRANSPORTE ........................................................... 42

2.2.1 Macrosimulação ....................................................................................... 43 2.2.2 Microssimulação ....................................................................................... 44 2.2.2.1 VISSIM ..................................................................................................... 44 2.3 PLANO DIRETOR DE MOBILIDADE URBANA ....................................... 45

2.3.1 Criação de Zonas de Prioridade para Pedestres (ZPP) ........................... 47 3 COLETA DE INFORMAÇÕES ................................................................. 49 3.1 INVENTÁRIO URBANO ........................................................................... 49

3.2 CONTAGEM DIRECIONAL DE VEÍCULOS ............................................. 54

3.3 CONTAGEM DIRECIONAL DE PEDESTRES ......................................... 55

4 PROPOSTAS ........................................................................................... 58 4.1 ANÁLISE DO CENÁRIO ATUAL .............................................................. 58

4.1.1 Fluxos ....................................................................................................... 58 4.1.2 Sinalização no local .................................................................................. 63 4.1.3 Ciclo semafórico ....................................................................................... 64 4.1.4 Simulação ................................................................................................. 65 4.2 PROPOSTA 1 – Implementação de nova faixa de segurança ................. 70

4.2.1 Fluxos ....................................................................................................... 71 4.2.2 Sinalização no local .................................................................................. 71 4.2.3 Ciclo semafórico ....................................................................................... 72 4.2.4 Simulação ................................................................................................. 76 4.3 PROPOSTA 2 – Troca de sentido da rua ................................................. 78

4.3.1 Fluxos ....................................................................................................... 79

Page 13: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

12

4.3.2 Sinalização no local .................................................................................. 79 4.3.3 Ciclo semafórico ....................................................................................... 79 4.3.4 Simulação ................................................................................................. 82 4.4 COMPARAÇÃO ........................................................................................ 86

5 CONCLUSÃO .......................................................................................... 88 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 89 ANEXO A – FORMULÁRIO UTILIZADO PARA OS LEVANTAMENTO .................... 92

ANEXO B – CROQUI COM AS DIMENSÕES DO LOCAL ....................................... 93

ANEXO C – CROQUI DA SITUAÇÃO ATUAL DO LOCAL ....................................... 94

ANEXO D – CROQUI DA PRIMEIRA PROPOSTA PARA A INTERSEÇÃO............. 95

ANEXO E – CROQUI DA SEGUNDA PROPOSTA PARA A INTERSEÇÃO ............ 96

Page 14: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

13

1 INTRODUÇÃO

Dados de 2013 da Organização Mundial da Saúde apresentam uma situação

crítica para o transporte em nível mundial. Só em 2013 mais de 1,2 milhões de

pessoas morreram em acidentes de trânsito. Dados de 2012 afirmam que entre os

jovens de 15 a 29 anos, a maior causa de mortes envolve lesões ocasionadas por

acidentes de trânsito (Figura 1) (OMS, 2015).

Outro fator assustador nas estatísticas da OMS é o número pedestres que

perderam a vida em função do trânsito, como pode ser visto na Figura 2, eles

correspondem a 22% das mortes no trânsito em 2013. O pedestre, o qual deveria ser

reconhecido como usuário legítimo da via, acabou sendo ignorado pelos grandes

projetos de mobilidades, resultando assim em um alto número de fatalidades (OMS,

2013; OMS, 2015).

Figura 1 - As dez principais causas de mortes entre jovens de 15-29 anos, 2012

Fonte: OMS (2015).

Felizmente o modo de pensar o trânsito tem se alterado nas últimas décadas,

onde a prioridade que era do transporte privado foi cedida aos pedestres, ciclistas e

usuários do transporte público. Ações, projetos e propostas visando a maior

segurança do pedestre estão cada vez mais presentes nas grandes cidades. Buenos

Aires, na Argentina, é um excelente exemplo, onde o Plano de Mobilidade Sustentável

da cidade tem como foco reorganizar os espaços urbanos de forma a pensar a rua de

forma mais humana (BUENOS AIRES CIUDAD, 2016).

Page 15: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

14

Figura 2 - Mortes por lesões no trânsito, por tipo de usuário (2013) e por região da OMS.

Fonte: OMS (2015).

No Brasil o índice de acidentes é elevado, colocando o país em 3º lugar no

ranking mundial de número de acidentes, ficando atrás somente da China e da Índia.

No ano de 2013 o país perdeu 41 mil vidas, destas 20% foram de pedestres. Diversas

ações governamentais estão sendo desenvolvidas em conjunto com os municípios

para incentivar projetos que protagonizem os pedestres e o transporte não

motorizado, entretanto, muito ainda deve ser feito para garantir a segurança para os

usuários do sistema de transporte brasileiro (OMS, 2013; OMS, 2015; MINISTÉRIO

DAS CIDADES, 2015).

O Rio Grande do Sul, segundo dados do DETRAN-RS (2015), teve 17.728

mortes no trânsito entre 2007 a 2015. Nesse mesmo intervalo, a região central, onde

fica localizada a cidade de Santa Maria, teve 585 vítimas de acidentes fatais.

Analisando o tipo de participação das vítimas nos acidentes, o DETRAN-RS (2015)

relata que 23% delas foram pedestres, com destaque para a faixa etária de 60-75+

anos, que representa 45% das mortes de pedestres.

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) busca aumentar a segurança dos

pedestres em uma das interseções mais movimentadas de Santa Maria. Junto a isso,

será desenvolvida uma metodologia de avaliação da obediência dos pedestres aos

sistemas de segurança peatonal implementados no cruzamento. Outro fator analisado

nesse trabalho é a eficiência da simulação de trânsito na hora de propor novas ações

e prever a sua eficiência.

Page 16: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

15

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo propor por meio de

estudos, revisão bibliográfica, levantamentos e simulações, soluções para reduzir o

conflito entre pedestres e veículos, visando melhorar a segurança e o conforto dos

usuários concentrando o foco de atenção deste estudo no principal ponto de travessia

de pedestres da cidade, o cruzamento da Rua Floriano Peixoto com a Rua Doutor

Bozano, no centro de Santa Maria.

1.1.2 Objetivos específicos

- Analisar a situação atual do cruzamento, levantando a infraestrutura presente

no local, bem como sua utilização em relação à segurança apresentada para

seus usuários;

- Entender e analisar os deslocamentos que ocorrem no cruzamento;

- Criar uma metodologia de levantamento de dados que obtenha informações

sobre o fluxo do local – pedestres e veículos, bem como a atenção e o

cumprimento das normas de segurança de trânsito no local;

- Propor novas soluções de projetos de Engenharia de Tráfego para o

cruzamento foco do estudo;

- Simular, com auxílio do software PTV VISSIM, as soluções propostas e

verificar a eficiência de cada uma.

Page 17: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

16

1.2 LOCAL DO ESTUDO

O local escolhido para a realização desse trabalho é o cruzamento entre a Rua

Marechal Floriano Peixoto e a Rua Doutor Bozano. Considerada uma das primeiras

ruas de Santa Maria. A Rua Doutor Bozano teve uma função primordial na construção

da cidade, servindo como um dos eixos de expansão. A Rua que já foi intitulada de

Rua do Comércio, ainda preserva suas características de um polo econômico e

comercial do município. Sendo a primeira rua a ser calçada e, após alguns anos, a

primeira a ser asfaltada, essa via também foi a primeira a se tornar um espaço

exclusivo para pedestres. Característica que preserva até hoje (TOCHETTO, 2008).

Figura 3 - Vista aérea da 1ª quadra da Rua Dr. Bozano no ano de 1951 antes de ter seu uso modificado para exclusivo para pedestres.

Fonte: acervo Nelson Borin (apud TOCHETTO, 2008).

Page 18: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

17

Apresentando um trânsito intenso de pedestres, como demonstra a Figura 4, o

cruzamento é o local ideal para a realização do estudo. Visto que hoje a divisão entre

pedestres e veículos é quase inexistente, fazendo com que ambos disputem o mesmo

espaço, caracterizando uma situação de risco.

Figura 4 - Volume de pedestres na região do estudo. Dados de 2012.

Fonte: Adaptado de PMSM (2013b).

O mapa do local, com a indicação das ruas que formam a interseção pode ser

visualizada na Figura 5.

Figura 5 - Vista de satélite do local do estudo.

Fonte: Google Maps.

Page 19: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ENGENHARIA DE TRÁFEGO

A Associação Brasileira de Normas Técnicas define a Engenharia de Tráfego

como a área da engenharia que trabalha com o projeto e as operações de vias

públicas e o planejamento do tráfego, garantindo a segurança e a economia no

processo. Além disso, Slinn (2005) acrescenta que a Engenharia de Tráfego é usada

de forma a solucionar um problema já existente ou a garantir que novos

empreendimentos sejam corretamente planejados, certificando o perfeito

funcionamento, em relação a demanda criada.

Somado a isso, Ferraz, Fortes & Simões (1999) cita que a Engenharia de

Tráfego surgiu com a necessidade de organizar os deslocamentos de veículos, cargas

e pessoas, minimizando os efeitos negativos dos modais escolhidos.

Resumindo, a Engenharia de Tráfego lida diretamente com os problemas

urbanos ocasionados pela necessidade humana de movimento, garantindo que os

deslocamentos sejam efetuados de forma a confirmar a segurança, o conforto e a

eficiência.

2.1.1 Sistema de trânsito

O sistema de trânsito é formado por um conjunto de variáveis, que são o

Homem, a Via e o Veículo. Qualquer intervenção, estudo ou projeto nessa área deve

levar em consideração as interações entre esses três fatores. Neto (1996) relata que

entre esses três aspectos, o Homem é o centro de interação, já que é ele que reagirá

a via e conduzirá o Veículo. Portanto é nele que deverão ser centralizadas as ações

de qualquer atividade.

Page 20: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

19

2.1.1.1 Tipos de vias

CREA-PR (2016) classifica as vias em dois grandes grupos: rurais – compostas

das rodovias e estradas –; e urbanas – vias localizadas dentro do perímetro urbano.

A descrição de cada classe de via urbana pode ser conferida na Tabela 1.

Tabela 1 - Tipos de vias urbanas.

Tipo de via Características

De trânsito rápido Via sem interseções e travessia de pedestres em nível, sem acessibilidade aos lotes no seu entorno, com entradas e saídas

controladas. De modo geral, somente cidades muito grades tem este tipo de via, constituindo-se em vias marginais com acessos controlados e

viadutos para sua transposição.

Arterial Via de ligação entre diferentes regiões da cidade com interseções em nível e acessibilidade aos lotes no entorno e às outras vias. Em geral, o fluxo veicular é alto e apresentam interseções semaforizadas. Na sua

grande maioria são as grandes avenidas com canteiro central.

Coletora Via destinada a coletar e distribuir o trânsito oriundo das vias arteriais e que adentram certa região da cidade. O fluxo veicular geralmente é

médio. Como exemplo tem-se as avenidas que servem a determinada região e que interligam vias arteriais e locais.

Local Via caracterizada por interseções em nível, destinada ao acesso local ou a áreas restritas. Em geral, o fluxo veicular é baixo e não apresentam

semáforos.

Fonte: CREA-PR (2016).

2.1.2 Tráfego

A definição de tráfego, para o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é a utilização

das vias por pessoas ou veículos, isolados ou em grupos, para fins de circulação,

parada, estacionamento e operação de cargas e descargas. Slinn (2005) similarmente

afirma que tráfego é a movimentação de pessoas ou de mercadorias, ao longo de uma

rota ou caminho. Além deste conceito, Slinn traz a informação que um dos maiores

problemas da Engenharia de Tráfego é encontrar o balanço entre o volume de tráfego

e a capacidade das ruas e vias, o que, muitas vezes, pode gerar congestionamento.

Page 21: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

20

2.1.2.1 Volume de tráfego

Volume de tráfego é a relação entre a quantidade de veículos que passam em

uma seção da via durante uma unidade de tempo. O volume poderá ser expresso em

unidade de tráfego misto (UTM), em que os veículos são somados unitariamente,

independente da sua categoria ou Unidades de Carro de Passeio (UCP), em que os

veículos de diferentes tamanhos são convertidos de forma a representarem o

equivalente do seu volume em veículos leves (padrão). As conversões podem ser

visualizadas na tabela abaixo (SLINN, 2005; DNIT, 2006).

Tabela 2 - Fator de equivalência dos diversos tipos de veículos em carros de passeio.

Tipo de Veículo Fator de Equivalência em

carros de passeio

Veículos leves/passeio 1,00

Caminhões e ônibus convencionais

1,50-2,00

Motocicletas, motonetas e bicicletas a motor

0,40

Bicicletas 0,20

Fonte: Adaptado de SLINN (2005).

- Volume Médio Diário: o volume médio diário é dado pela média dos veículos

que passam em um trecho ao longo de 24 horas. Este valor representa a utilização da

via, permitindo identificar a necessidade de novas vias ou melhorias na existente.

Além disso, o volume médio pode ser usado como fator de prioridade para

investimentos, taxas de acidentes ou benefícios esperados de uma obra viária.

Unidade – Veículos por dia (vpd) (DNIT, 2006).

- Volume Horário: medida usada para melhor descrever as variações do fluxo

de veículos ao longo do dia, adota-se a unidade de tempo hora. Sendo assim, tem-se

o valor de veículos que trafegam por um trecho de via a cada hora. Unidade – Veículos

por hora (Vph) (DNIT, 2006).

Page 22: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

21

2.1.2.1.1 Variações no volume de tráfego

Slinn (2005) afirma que o fluxo de veículos é variável, em relação ao horário do

dia, o dia da semana e o mês do ano. Além disso, DNIT (2006) completa que a

variação pode ser anual, dependendo das condições gerais. Entretanto, a variação de

um ano para o outro normalmente não é tão acentuada quanto as demais.

- Variações Diárias

O fluxo varia durante o dia, apresentando pontos de máximo, estes picos como

são denominados, representam normalmente as viagens pendulares (casa-trabalho,

trabalho-casa). A compreensão destes máximos é importante, uma vez que nesses

momentos acontecem os eventos mais relevantes para a análise do volume de tráfego

(SLINN, 2005; DNIT, 2006).

As horas de pico variam de um local para o outro, apesar de apresentarem

comportamento semelhante no mesmo local, em diferentes semanas, variando

apenas em volume. A quantidade de veículos que atravessa uma seção da via não é

uniforme em relação ao tempo. Sendo assim, a comparação de contagens de quatro

períodos consecutivos de quinze minutos demonstra diferenças entre si. Essa

variação gera a necessidade de se criar um valor que representa o quão irregular é o

fluxo. Para isso, foi desenvolvido o conceito de “Fator Horário de Pico” (FHP) (DNIT,

2006).

𝐹𝐻𝑃 =𝑉ℎ𝑝

4∗𝑉15𝑚𝑎𝑥 (1)

FHP = fator horário de pico;

Vhp = volume da hora de pico;

V15max = volume do período de quinze minutos com maior fluxo de tráfego dentro da hora de pico.

Page 23: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

22

A variável FHP é utilizada em estudos relacionados a capacidade das vias, o

valor teoricamente oscila entre 0,25 – valor que representa todo fluxo concentrado em

apenas 15 minutos – e 1,00 – valor dado para fluxo totalmente uniforme. No entanto,

na prática os valores mais comuns se encontram entre 0,75 e 0,90 em rodovias; e

0,80 a 0,98 em vias urbanas. Quando os valores de FHP encontrados forem

superiores a 0,95, o volume de fluxo é alto, apresentando, muitas vezes, restrições na

capacidade da via nos horários de pico (DNIT, 2006).

- Variações Semanais

Segundo Slinn (2005), o fluxo em vias urbanas tende a ser maior no período de

segunda a sexta, apresentando o menor valor na segunda, um valor médio de terça a

quinta e o pico na sexta feira. No sábado, tem-se um fluxo reduzido, já que o número

de pessoas que se deslocam para o trabalho é menor. Domingo apresenta o menor

fluxo da semana. DNIT (2006) ainda coloca que, como as viagens casa-trabalho,

trabalho-casa são a maioria em vias urbanas, a variação entre os fluxos de dias de

semana é próxima a 5%. As vias rurais apresentam um comportamento contrário às

urbanas, sendo o fluxo do final de semana superior aos encontrados de segunda a

sexta.

A Figura 6 demonstra o comportamento do fluxo em diversos tipos de vias,

apresentando a variação da distribuição dos fluxos entre vias urbanas e rurais. Pode-

se observar que o volume de fluxo nas vias urbanas apresenta comportamento típico,

isto é, volumes maiores durante a semana e uma queda nos finais de semana. As vias

rurais, que dão acesso a áreas de recreio como parques e clubes, apresentam valores

superiores no final de semana, as demais vias rurais apresentam um comportamento

similar, porém não tão acentuado.

Page 24: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

23

Figura 6 - Gráfico representativo da variação do fluxo em relação aos dias da semana.

Fonte: DNIT (2006).

- Variações Mensais

A variação sazonal, ou seja, ao longo do ano é diretamente relacionada ao tipo

de via e às atividades relacionadas a ela. Vias rurais, principalmente as próximas de

pontos turísticos e de recreação, apresentam uma flutuação superior às outras, em

que o maior fluxo acontece nos meses de alta temporada. Vias urbanas possuem o

fluxo mais estável, já que a maioria dos deslocamentos representam as viagens

pendulares.

Page 25: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

24

Figura 7 - Comparação entre o fluxo de veículos de vias urbanas e rurais americanas em relação aos meses do ano.

Fonte: DNIT (2006).

2.1.2.2 Delay/Atraso

Delay, ou demora/atraso é discutido por diversos autores como uma das

principais variáveis de fluxo para avaliar a eficiência do sistema viário. Definido como

a diferença entre o tempo real e o tempo ideal, o valor de delay representa o montante

de tempo perdido em situações como congestionamento, tempo de semáforo,

interação entre veículos e pedestres, redução de velocidade e espera em

cruzamentos (LEITE, 1980; SLINN, 2005; ARIOTTI, 2006).

Page 26: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

25

2.1.3 Estudos de Tráfego

DNIT (2006) destaca que o objetivo dos estudos de tráfego é coletar por meio

de métodos sistemáticos, informações relativas aos elementos de tráfego: o homem,

a via e o veículo. Ademais, Slinn (2005) afirma que o principal motivo para realizar um

estudo de tráfego é obter informações sobre um evento que está ocorrendo. Este fato

deve ser levado em consideração tanto na hora de planejar o estudo, quanto na hora

de utilizar os dados.

O modo como esses estudos são realizados podem ser classificados em dois

tipos: entrevistas ou observação direta. Nas entrevistas, os dados são obtidos de

forma direta com os usuários, perguntando as informações desejadas oralmente ou

por escrito. Já na observação direta, o pesquisador não interfere nos fenômenos que

estão acontecendo, apenas toma nota das informações pertinentes (DNIT, 2006).

Os pontos iniciais do planejamento das pesquisas de tráfego são a definição

das perguntas a serem respondidas no levantamento e do melhor tipo de pesquisa

para conseguir as informações necessárias. Em caso de falha nesta etapa, os

resultados podem apresentar erros, não representando as condições normais de

tráfego. Nesta perspectiva, a engenharia de tráfego apresenta diversas metodologias,

para as mais variadas perguntas, cabendo ao responsável a adequação da

metodologia escolhida para o problema em questão (SLINN, 2005).

Ademais, o encarregado deverá compreender completamente o evento que

será observado, decidindo o melhor local, horário, duração, além de como os dados

serão trabalhados. Estes itens são ainda mais essenciais quando as informações

forem utilizadas por softwares de simulação, que, muitas vezes, solicitam os valores

em formatos específicos (FDOT, 2014).

Além dos erros de planejamento durante o processo de coleta de dados, para

Engenharia de Tráfego, podem ocorrer outros três tipos de problemas: de

amostragem, de coleta e erros humanos. O primeiro é relacionado a pesquisas, em

que é necessário a definição de uma amostra, cabe ressaltar que grupos muito

pequenos podem resultar em dados não representativos. O segundo é ligado ao tipo

de coleta como, por exemplo, contadores automáticos ou manuais. Aquele podem

apresentar erros da faixa de 5%, já os erros destes chegam a 10% de inconsistência.

Page 27: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

26

O último é associado a processos manuais como tabulação ou análise, podendo ser

minimizados por meio de checagens de qualidade e processos bem estruturados

(SLINN, 2005).

Como o objeto do estudo abrange apenas o fluxo de pedestres e veículos em

um ponto isolado, apenas as pesquisas de contagem volumétricas e direcionais foram

necessárias. Os itens abaixo descrevem cada uma delas.

2.1.3.1 Contagens Volumétricas de Veículos

Contagem volumétrica de veículos é uma das diversas pesquisas

relacionadas à Engenharia de Tráfego. Elas determinam a quantidade, o sentido e a

composição do fluxo de veículos que trafegam por um ou mais pontos delimitados

do sistema, em função do tempo. São dois os locais padrões para a execução desse

tipo de levantamento: interseções ou trechos entre interseções. Os valores

encontrados nos trechos entre esquinas representam o volume total de fluxo que

passa pela via. Os encontrados na própria interseção demonstram como o fluxo de

diversas vias se relaciona, principalmente em relação a rotas e áreas de conflito.

(DNIT, 2006)

Contagens volumétricas de veículos são classificadas pelo DNIT (2006) como:

- Contagens Globais: o valor encontrado representa o total de veículos

que trafegam naquele trecho, independente da classe ou sentido. Este

é utilizado para cálculo de volumes diários, mapas de fluxos e tendências

de tráfego.

- Contagens direcionais: são realizadas em intersecções, através delas

obtém-se o volume de fluxo em cada direção possível. Este é utilizado

para o planejamento de rotas, estudos de acidentes e cálculo de tempo

semafórico. Um exemplo dos resultados encontrados pode ser

visualizado na Figura 8.

- Contagens classificatórias: o fluxo de veículos é agrupado nos diversos

tipos e classes de veículos, demonstrando a natureza do fluxo.

Page 28: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

27

Figura 8 – Croqui de contagem volumétrica direcional.

Fonte: DNIT (2006).

Todas as metodologias de levantamento volumétrico de veículos podem ser

classificadas em duas categorias:

- Contagens Manuais: DNIT (2006) menciona que esse tipo é realizado por

pesquisadores posicionados em pontos estratégicos da via. Cada pessoa registra os

veículos em um formulário ou contador mecânico ou digital. Além disso, Slinn (2005)

cita que as contagens manuais oferecem um melhor custo benefício para contagens

pontuais menores que 24 horas.

- Contagens Automáticas: ao contrário das contagens manuais, as contagens

automáticas se utilizam de diversos dispositivos para coletar as informações, não

sendo necessária a presença de pesquisadores durante todo o processo de coleta.

Aparelhos como tubos pneumáticos, dispositivos magnéticos, radares e câmeras

podem ser utilizados para obter o número de veículos que trafegam por um local. Esse

tipo de contagem é normalmente utilizado quando o período analisado é longo, como,

por exemplo, contagens semanais ou mensais ou quando o fluxo é elevado demais

para contagens manuais (SLINN, 2005; DNIT, 2006).

Page 29: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

28

Durante o planejamento das contagens, alguns cuidados devem ser tomados.

Um deles é relacionado a duração e horário das contagens, normalmente as

pesquisas são realizadas em um período mínimo de oito horas diárias, abrangendo

os principais picos de tráfego do dia (manhã, meio-dia e fim da tarde). Outro é

referente aos intervalos dos valores, neste contexto, o ideal é nunca ter intervalos

maiores que 15 minutos, sendo possível observar as variações dentro do próprio

horário de pico. O último destes envolve a precisão das classes de veículos coletados,

dependendo da finalidade dos dados, os veículos poderão ser agrupados em grupos

gerais, como carros de passeio, ônibus e veículos de carga (DNIT, 2006).

2.1.3.2 Contagens Volumétrica de Pedestres

Em lugares onde a presença de pedestres pode influenciar o fluxo de veículos

no local é de extrema importância que seus movimentos devem ser registrados,

permitindo uma análise mais aprofundada do evento. Estes dados podem embasar

futuros projetos ou ações relacionadas a segurança dos pedestres (DNIT, 2006).

As contagens de pedestres normalmente são realizadas durante as horas de

pico do dia. Entretanto, podem ser realizadas em horários diferenciados,

principalmente em casos de pontos de grande atração de viagens como hospitais,

escolas, empreendimentos (DNIT, 2006).

A metodologia de contagens de pedestres é similar a contagem volumétrica

de veículos. Por se tratar de uma contagem pontual, o método de contagem manual

é mais recomendado. O pesquisador se posiciona em um ponto estratégico da via,

onde poderá observar o evento de forma clara, registrando os pedestres que

trafegam pelo local, podendo classificá-los em direção, idade, sexo e condições

especiais como, por exemplo, deficientes físicos ou pessoas portadoras de

necessidades especiais (DNIT, 2006).

Page 30: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

29

2.1.4 Capacidade da Via

A capacidade de via é definida por Slinn (2005) como a habilidade de uma via

de transportar, acomodar e direcionar o fluxo de veículos. DNIT (2006) completa que

o objetivo de definir a capacidade da via é quantificar o grau de suficiência de uma via

ao tráfego de veículos que a utiliza, permitindo uma análise técnica e econômica sobre

medidas que garantam a fluência do tráfego no local.

Normalmente a capacidade é expressa no valor máximo de Carros de

Passeios, que podem trafegar em uma via em um espaço de tempo fixo. Tanto Slinn

(2005), bem como DNIT (2006), concordam que o valor máximo de veículos não é

representativo por si só, sendo necessário a análise de outros fatores como

velocidade, tempo de percurso, facilidade de manobra, segurança e conforto, para

definir a real capacidade de um trecho de via. Slinn (2005) ainda cita como fatores as

características físicas da via, qualidade do pavimento, precisão da sinalização, tipos

de veículos e condições ambientais como sendo necessárias para verificar o fluxo

máximo de veículos que a via consegue acomodar, de forma segura e confortável.

Como resultado dessa necessidade de abranger todos os fatores citados

anteriormente, foi criada a metodologia de Nível de Serviço, que permite a qualificação

da capacidade, não apenas a quantificação. Os estados de fluxo foram divididos em

6 níveis, sendo o primeiro, representado pela letra A, que corresponde ao fluxo

completamente livre, com baixos volumes de tráfego e a velocidade próxima do limite

da via. O último, por sua vez, representado pela letra F, é caracterizado pelo fluxo

completamente engarrafado e a velocidade próxima a zero. A diferença entre os

diferentes níveis de serviço pode ser observada na Figura 9 e na Tabela 3 (DNIT,

2006).

Page 31: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

30

Figura 9 – Comparativo visual entre os diversos níveis de serviço.

Fonte: DNIT (2006).

Tabela 3 - Descrição dos diversos níveis de serviço.

Nível de Serviço Descrição

A Fluxo livre, com baixos volumes e altas velocidades.

B Fluxo razoavelmente livre, porém, com velocidades começando a diminuir devido as condições do tráfego.

C Zona de fluxo estável, porém com restrições quanto à liberdade dos motoristas escolherem sua própria velocidade.

D Aproximando-se de fluxo instável, os motoristas têm pouco liberdade de manobra.

E Fluxo instável, possíveis paradas breves.

F Fluxo severamente congestionado, demanda superior a capacidade.

Fonte: Adaptado de DNIT (2006).

Page 32: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

31

2.1.5 Sinalização Viária

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) cita, em seu artigo 80: “Sempre que

necessário, será colocado ao longo da via, sinalização prevista nesse código e em

legislação complementar, destinada a condutores e pedestres, vedada a utilização de

qualquer outra.”. Somado a isso, Slinn (2005) afirma que a sinalização viária é de

extrema importância, uma vez que fornece as informações e as regulamentações da

via para os usuários.

2.1.5.1 Sinalização Vertical

A sinalização vertical é definida, pelo CONTRAN (2007a, 2007b, 2014a), como

um subsistema da sinalização viária, que utiliza de placas fixadas na posição vertical,

ao lado ou suspensas na via.

A sinalização vertical pode ser classificada nos grupos abaixo:

- Sinalização de regulamentação: informa ao condutor as obrigações, as

limitações e as proibições. O desrespeito desses sinais constitui infrações de trânsito.

O formato padrão dessa sinalização é circular, excetuando as placas de “parada

obrigatória” (Octogonal) e a de “Dê a Preferência” (Triangular). As cores são vermelha,

preta e branca (Ver Figura 10) (CONTRAN, 2007a).

Figura 10 – Exemplos de sinalização de regulamentação.

Fonte: CONTRAN, (2007a).

Page 33: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

32

- Sinalização de advertência: indica aos condutores sobre potenciais de risco

existentes na via e devem ser utilizadas apenas após estudos técnicos, que

comprovem a sua necessidade. Depois de implementadas, as placas de advertência

devem ser retiradas, assim que as condições que exigiram sua presença deixarem de

existir. O formato padrão das placas é quadrado, devendo uma das diagonais ficar na

posição vertical. As cores são preto e amarelo (Ver Figura 11) (CONTRAN, 2007b).

Figura 11 – Exemplos de sinalização de advertência.

Fonte: CONTRAN, (2007b).

- Sinalização de indicação: fornece informações relacionadas a locais de

interesse, pontos turísticos, rotas e distâncias. As placas de indicação podem ter

formatos variáveis, sendo as mais comuns retangulares. As cores são verde, azul,

marrom, preto, branco e vermelho (Ver Figura 12) (CONTRAN, 2014a).

Figura 12 – Exemplos de sinalização de indicação.

Fonte: CONTRAN, (2014a).

Page 34: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

33

2.1.5.2 Sinalização Horizontal

A sinalização horizontal é definida, pelo CONTRAN (2007c), como um

subsistema da sinalização viária, que faz uso de marcas, símbolos e legendas

implementadas no pavimento. Fornece informações aos usuários de modo a aumentar

a segurança e a fluidez, ordenando e canalizando o fluxo de veículos.

Segundo CONTRAN (2007c), ela pode ser dividida em cinco tipos,

exemplificados abaixo.

- Marcas Longitudinais: têm por finalidade separar e ordenar as correntes de

tráfego. Em vias com fluxos opostos, as marcas são executadas na cor amarela,

podendo ser tracejadas (permite a ultrapassagem) ou contínuas (proíbe a

ultrapassagem e os deslocamentos laterais). Em vias com o fluxo em apenas um

sentido, as marcas são pintadas na cor branca, tracejadas ou contínuas. Outros

exemplos de marcas longitudinais são as linhas de bordo e as linhas de continuidade.

- Marcas Transversais: têm por finalidade ordenar os deslocamentos frontais

dos veículos, bem como coordenar o movimento de diferentes sentidos de tráfego.

Além disso, as marcas indicam os locais de travessia de pedestre e os pontos de

parada. Todas as marcas transversais são executadas em cor branca. Como

exemplos, podemos citar linhas de retenção, faixa de pedestres e linhas de estímulo

a redução de velocidade.

- Marcas de canalização: têm por finalidade reordenar o fluxo de veículos,

sempre que este divergir do caminho natural. Da mesma forma que as marcas

longitudinais, as marcas de canalização executadas em vias de fluxo contrário são em

amarelo e, em fluxo na mesma direção, em branco. Tem-se, como exemplo, o

preenchimento zebrado em áreas não utilizáveis, marcações de confluências,

bifurcações e entroncamentos, canteiro central fictício e, por fim, marcação de

interseção em rotatória.

- Marcas de Delimitação e Controle de Parada e/ou Estacionamento: estas

marcas pintadas no pavimento ou no meio fio regulam a parada e/ou estacionamento

nas laterais das vias. As marcas na cor amarela representam a proibição de parada

e/ou estacionamento, sempre acompanhadas da sinalização vertical correspondente.

Page 35: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

34

Já as marcas na cor branca representam a permissão para parar e/ou estacionar. As

marcações de estacionamento regulamentado podem ser paralelas ou oblíquas.

- Inscrições no pavimento: este tipo de marcação tem a função de

complementar as marcações citadas anteriormente, garantindo a total compreensão

da informação apresentada. Alguns exemplos são as setas direcionais; os símbolos,

como o aviso de “Dê a preferência”; a marcação de vaga de estacionamento para

pessoas portadoras de deficiência física; legendas; e marcas alfanuméricas

informando aos condutores de condições particulares da via.

2.1.5.3 Sinalização Semafórica

A sinalização semafórica é definida, pelo CONTRAN (2014b), como um

subsistema da sinalização viária, cujo propósito é regulamentar o direito de passagem

de veículos e pedestres de fluxos conflitantes ou informar os condutores sobre

obstáculos ou situações perigosas da via. Ele também estabelece os seguintes

princípios para uma sinalização semafórica eficiente:

- Estar de acordo com o Código Brasileiro de trânsito;

- Permitir fácil percepção das informações relevantes;

- Obedecer aos padrões pré-definidos;

- Ser clara, evitando conflito de informações;

- Atender aos requisitos técnicos para o bom funcionamento;

- Executar as manutenções necessárias;

- Adequar a sinalização semafórica às mudanças do fluxo de trânsito.

CONTRAN (2014b) também define alguns conceitos relacionados a sinalização

semafórica:

- Grupo de movimentos: é o conjunto de movimentos de uma mesma interseção

que recebem simultaneamente o direito de passagem (Ver Figura 13).

- Grupo semafórico: é um conjunto de semáforos com indicações luminosas

idênticas que controlam grupos de movimentos que recebem simultaneamente o

direito de passagem (Ver Figura 13).

Page 36: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

35

Figura 13 - Ilustração do conceito de grupo de movimentos e grupo semafórico.

Grupo de Movimentos 1: conjunto formado pelos movimentos MV1 e MV2;

Grupo de Movimentos 2: conjunto formado pelo movimento MV3;

Grupo de Movimentos 3: conjunto formado pelos movimentos MV4, MV5 e MV6;

Grupo semafórico 1 (G1): conjunto de semáforos que controla os grupos de movimentos 1 e 2;

Grupo semafórico 2 (G2): conjunto de semáforos que controla o grupo de movimentos 3;

Fonte: CONTRAN (2014b).

- Estágio: é o intervalo de tempo em que um grupo de movimento recebe direito

de passagem. O estágio é composto do tempo de verde e do tempo de entreverde.

- Entreverde: é o tempo entre o final de um estágio e o início do verde do estágio

subsequente. Para veículos, é composto de um tempo de amarelo mais um tempo de

vermelho geral sempre que necessário. Para pedestres o entreverde é a combinação

de um tempo de vermelho intermitente seguido de um vermelho geral.

- Vermelho geral: é o momento entre o final do amarelo de um estágio até o

verde do estágio subsequente. Tem a aplicação de garantir a segurança, permitido

um tempo para que todos os veículos finalizem os deslocamentos iniciados no tempo

amarelo.

- Ciclo: é a sequência completa de todos os estágios de uma sinalização.

Page 37: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

36

- Diagrama de estágios: é uma representação gráfica dos movimentos

permitidos ou proibidos em cada estágio do ciclo (Ver Figura 14).

Figura 14 - Exemplo de diagrama de estágios.

Fonte: CONTRAN (2014b).

- Diagrama de intervalos luminosos ou diagrama de barras: é uma

representação gráfica da duração e sequência dos intervalos luminosos e estágios

por meio de barras horizontais (Figura 15).

Figura 15 - Exemplo de diagrama de intervalos luminosos.

Fonte: CONTRAN (2014b).

Page 38: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

37

2.1.6 Tipos de cruzamento

Cruzamento ou interseção é definido como o local onde duas ou mais vias se

unem ou se cruzam, gerando uma área de conflito entre os fluxos provenientes de

cada uma delas. Os tipos de conflitos nas interseções dependem diretamente do tipo

de movimento executado pelo fluxo de veículos. O primeiro deles é o movimento de

cruzamento, caracterizado por um fluxo de veículos que cruza o fluxo de outro,

necessitando de uma brecha para poder executar o movimento. Já o segundo é o

movimento convergente, em que dois fluxos de veículos se juntam, formando apenas

um, sendo necessário, pelo menos, uma redução da velocidade de um dos veículos

para que o movimento ocorra. O último, por sua vez, é o movimento divergente, em

que uma corrente de tráfego se separa, gerando dois fluxos distintos (DNIT, 2005;

SLINN, 2005).

Figura 16 – Tipos de conflitos nas interseções.

Fonte: DNIT (2005).

Page 39: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

38

Os pontos de conflitos gerados por uma interseção podem ser reduzidos com

a escolha do projeto ideal para o cruzamento. Neste sentido, a engenharia de tráfego

apresenta diversos tipos de cruzamento, cada um acomodando diversos volumes de

tráfego. Portanto, cabe ao responsável analisar os volumes de fluxo, o espaço para

construção e o orçamento na hora de escolher o design mais adequado (SLINN,

2005).

Figura 17 – Tipos de conflitos existentes em cruzamentos em nível.

Fonte: Slinn (2005).

A classificação, apresentada a seguir, é produto da união das informações

contidas nos trabalhos escritos por DNIT (2005) e Slinn (2005):

- Não sinalizados: em intersecções com volumes de veículos baixos como, por

exemplo, em pequenas áreas residenciais, cruzamentos não sinalizados são uma

opção válida. Entretanto, cabe ressaltar que a falta de informação pode levar a

acidentes.

- Preferenciais: os cruzamentos preferenciais apresentam uma hierarquização

das vias, sendo a via com o volume de fluxo maior a preferencial, forçando os veículos

da outra via a pararem antes de atravessar. Neste sentido, a sinalização desse

cruzamento é essencial, garantindo uma compreensão rápida aos condutores. A

eficiência desse tipo de interseção depende diretamente do cumprimento da

sinalização pelos condutores.

Page 40: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

39

- Semaforizados: aplicada em cruzamentos onde pelo menos um dos fluxos

apresenta elevado volume de veículos e não há espaço ou orçamento suficiente para

outra intervenção. O fluxo de veículos é orientado pelo dispositivo, que intercala os

fluxos, permitindo a passagem dos veículos e pedestres, sem interferência dos

demais.

- Rotatórias: esse tipo de interseção pode ser considerado como uma variação

do cruzamento preferencial, em que os veículos são conduzidos a circularem ao redor

da ilha central, permitindo o deslocamento de mais de um veículo por vez. A rotatória

reduz as áreas de conflito do cruzamento, garantindo um fluxo mais estável e seguro

para os usuários.

- Em desnível: em casos de grandes volumes de tráfegos, é válido o

cruzamento em desnível. Os fluxos que se cruzam ficam completamente isolados,

bem como os movimentos convergentes e divergentes são feitos por meio de vias

auxiliares. É uma solução de alto custo, que necessita de muito espaço físico.

Segundo Slinn (2005), a escolha do tipo de intersecção pode ser óbvia como,

por exemplo, em caso de duas vias com tráfego lento (cruzamento preferencial) ou

via com o fluxo elevado de veículos e pedestres (cruzamento semaforizado).

Entretanto, pode também ser complicada, o que exigirá uma análise mais

aprofundada, em relação as necessidades do projeto e os tipos de cruzamento

existentes.

2.1.7 Traffic Calming

Traffic calming, ou áreas de tráfego acalmado, tem como propósito reduzir o

número de acidentes e garantir um espaço seguro para o convívio social. Locais onde

essas medidas são implementadas priorizam os deslocamentos não motorizados,

com destaque para áreas comerciais e residenciais, colocando o trânsito de veículos

em segundo plano. A relação entre a gravidade dos acidentes e a velocidade dos

veículos é o principal foco em projetos de traffic calming, já que, quando reduzimos a

velocidade dos veículos os acidentes, se tornam moderados. Estudos do Transport

Research Laboratory (TRL) identificaram uma diminuição de 3-7% de acidentes a

cada quilômetro por hora reduzido em áreas urbanas (Ver Figura 18) (SLINN, 2005).

Page 41: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

40

Figura 18 - Probabilidade de lesão fatal para pedestre atropelado.

Fonte: Global Road Safety Partnership (2012; apud Ministério das Cidades, 2015).

O potencial de redução de acidentes do traffic calming pode ser dividido em

três partes. A primeira envolve as intervenções pontuais no local, responsáveis por

até 80% de redução em danos. A segunda parte é o redirecionamento de fluxos de

passagem, desencorajando a passagem de veículos em certas regiões, reduzindo o

volume do fluxo de carros no local. A terceira é trabalhar com o sistema de trânsito

como um todo, criando uma hierarquia de vias e adaptando as principais funções das

ruas e passeios da região próxima do local (SLINN, 2005).

Outra metodologia muito similar ao tráfego acalmado, é pensar os projetos de

trânsito com uma abordagem sistêmica de segurança, reconhecendo que o transporte

é essencial para o funcionamento da sociedade e garantindo segurança para todos

os usuários. Tem como objetivo principal eliminar por completo os acidentes fatais e

reduzir os acidentes com lesões graves. Para isso, os projetos levam em consideração

a probabilidade de erro humano, a interação entre homem e via, bem como homem e

veículo. Somado as intervenções de infraestrutura, as ações de educação e as de

fiscalização são desenvolvidas, criando um ambiente seguro tanto para pedestres

quanto para condutores. Essa interação pode ser observada na Figura 19 (OMS,

2013).

Page 42: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

41

Figura 19 – Interação entre os diversos fatores da Abordagem Sistêmica de Segurança.

Fonte: OMS (2013).

Reunindo diversas sugestões desenvolvidas por Slinn (2005), ITE (2009), OMS

(2013) e CONTRAN (2014c, 2016), tanto em traffic calming como em Abordagem

Sistêmica de Segurança, as seguintes intervenções são recomendadas:

- Revitalização da sinalização: o processo de renovar a sinalização garante um

melhor entendimento aos usuários do sistema. Entretanto, não é suficiente por si só,

necessitando da presença de algum fator fiscal, garantindo o cumprimento das

normas estabelecidas.

- Desvios verticais: desníveis na via podem ser utilizados para incentivar a

redução de velocidade dos veículos. Soluções, como faixas de pedestres elevadas e

ondulações verticais (quebra-molas), são recomendadas. Ambas devem apresentar

estudos técnicos para sua implementação, bem como sinalizações vertical e

horizontal adequadas e suficientes.

- Desvios horizontais: o traçado natural dos veículos é modificado de forma a

exigir do condutor maior atenção e cuidado ao trafegar pela área, reduzindo a

Page 43: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

42

velocidade. A via pode ter sua largura reduzida em um ponto, limitando o número de

carros, que podem passar ao mesmo tempo pelo local, ou apresentar curvas suaves

ao longo do comprimento da rua. Independendo do tipo utilizado, é necessário que a

sinalização esteja presente.

- Áreas de velocidade reduzida: limita toda a velocidade da área para 30km/h.

É uma forma direta de reduzir os impactos da velocidade em acidentes. Além disso, é

uma solução indicada para áreas residenciais ou áreas comerciais com alto fluxo de

pedestres. Porém, é necessária alguma forma de garantir que os condutores

respeitem o limite imposto.

- Faixas de pedestres: a finalidade principal das faixas é definir o melhor local

para a travessia dos pedestres. É uma solução que exige cuidados para seleção do

local, bem como para garantir a segurança dos usuários dessa faixa. Não é

recomendada a implementação sem outras medidas de segurança adicionais, já que

podem passar uma sensação de segurança fictícia para os pedestres, aumentando o

potencial de risco para acidentes. Por fim, as faixas devem ser bem sinalizadas e

iluminadas.

2.2 MODELAGEM DE TRANSPORTE

Um modelo de transporte é definido como um conjunto de equações

matemáticas que, trabalhando em conjunto, conseguem prever e estimar o

comportamento de eventos com o avanço do tempo. Há modelos que auxiliam em

casos mais abrangentes, como no caso do comportamento dos congestionamentos

em todas as vias das cidades. Outros podem analisar problemas mais pontuais como,

por exemplo, a interação entre os veículos em cruzamentos ou ainda o

compartilhamento de diversas faixas de uma via (SLINN, 2005; BARCELÓ, 2010).

Para compor uma simulação de tráfego, é necessário coletar informações e

dados que descrevam de forma completa as vias a serem analisadas. A exemplo

disso, têm-se dados como distância, número de faixas, velocidade, tempo de viagem,

Page 44: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

43

uso do solo, composição, direção e volume do tráfego; que são exemplos de variáveis

que devem ser tabeladas (DNIT, 2006).

Independente do modelo, Slinn (2005), DNIT (2006) e FDOT (2014) afirmam

que os resultados dependem da precisão e da veracidade dos dados utilizados para

compor as simulações. Isso destaca a importância da coleta e do tratamento dos

dados. Slinn (2005) ainda afirma que os erros mais comuns na coleta são relacionados

ao tamanho da amostra, ao período analisado e à falta de clareza no objetivo da

simulação.

2.2.1 Macrosimulação

A macrossimulação em transportes tem como base as fórmulas clássicas da

hidrodinâmica, tratando o fluxo de veículos como um líquido ou um gás, descrito pelas

variáveis de volume, densidade e velocidade. Estas, por sua vez, têm os valores

definidos em cada instante de tempo e espaço. A relação entre as variáveis pode ser

vista na Figura 20. Esse tipo de simulação é utilizado principalmente para prever o

comportamento do fluxo, em relação à escolha de trajeto, à propagação de ondas de

congestionamento, ao cálculo de demanda, às definições de matriz origem/destino, à

previsão do uso de novas vias, entre outros (BARCELÓ, 2010).

Figura 20 - Relação entre as variáveis volume, densidade e velocidade.

Fonte: Valente (2017).

Page 45: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

44

2.2.2 Microssimulação

A micro simulação é baseada nos movimentos em tempo real de cada

veículo/pedestre, em relação aos fatores físicos (vias e obstáculos) e entre si. Esse

tipo de simulação permite uma representação mais próxima do real em comparação

aos macromodelos.

Além disso, a microssimulação permite a criação de representações

tridimensionais em tempo real, sendo possível visualizar as reações do sistema nas

mais diversas alterações no espaço. Esse tipo de simulação é utilizado principalmente

para estudar a geometria da via, os sistemas multimodais, o comportamento de

veículos e pedestres (Usuários da via) em interseções e a eficiência de sinalização

semafórica (BARCELÓ, 2010).

2.2.2.1 VISSIM

Dentre os diversos softwares comerciais disponíveis no mercado, o escolhido

para este trabalho foi o “Verkehr Ins Staedten Simulation” – VISSIM. Este software é

produzido pela empresa alemã PTV e tem a função de micro simular o fluxo de

veículos e pedestres, nas mais diversas situações. Com mais de 7.000 mil licenças

vendidas, o VISSIM permite analisar e otimizar a integração entre transporte público

e particular, registrando em animações tridimensionais. O programa possibilita ainda

a modelagem de diversos problemas de engenharia de tráfego, como otimização de

sinalização em cruzamentos, operação de sistemas viários, gerenciamento de

sistemas de transporte público, fluxo de pedestres e interação entre diversos modais

de transporte (BARCELÓ, 2010; FDOT, 2014).

Page 46: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

45

2.3 PLANO DIRETOR DE MOBILIDADE URBANA

O Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PDMU) é uma ferramenta utilizada pela

administração pública para direcionar o desenvolvimento de ações e de projetos, nas

diversas áreas da mobilidade urbana, como sistema viário, transporte público e

privado, polos geradores de tráfego e segurança viária. Desde 2012, todos municípios

brasileiros, com mais de vinte mil habitantes, devem apresentar um PDMU, tornando

possível o acesso ao financiamento de projetos dessa área pelo Ministério das

Cidades (BRASIL, 2012; MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2015).

O município de Santa Maria teve seu PDMU apresentado pelo consórcio

IDOM/Sinergia, em dezembro de 2013, entrando em vigor por meio da aprovação da

lei complementar nº 98/2015. O PDMU apresenta uma análise completa das

mobilidades atual e futura; propõe ações que beneficiam os deslocamentos de

pessoas e bens, integrando os aspectos da sustentabilidade (ambientais, sociais e

econômicas) (PMSM, 2013a; Santa Maria, 2015).

A cidade tem aproximadamente 580.000 deslocamentos diários, resultando em

um índice de mobilidade de 2,3 deslocamentos por pessoa. Deste total, 96% tem

origem e destino dentro do município. A maioria dos deslocamentos diários é feita

utilizando algum modal de transporte privado, seguido pelos deslocamentos feitos a

pé e transporte coletivo. Os valores para essa distribuição podem ser conferidos na

Figura 21 (PMSM, 2013a).

Figura 21 – Distribuição modal das viagens realizadas diariamente em Santa Maria.

Fonte: Adaptado de PMSM (2013a).

Page 47: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

46

O PDMU define as seguintes linhas de atuação:

- Converter o pedestre no principal protagonista da mobilidade na cidade.

- Fomentar a utilização do transporte coletivo.

- Acometer atuações que ajudem a melhorar a circulação de veículos na

cidade.

- Favorecer outros meios de transporte alternativos, como a bicicleta.

- Organizar o espaço para o estacionamento em superfície, desestimulando

o uso indiscriminado do automóvel privado.

- Conseguir uma distribuição ágil de mercadorias e uma carrega e

descarrega de maneira ordenada.

- Melhorar a segurança viária.

- Conseguir uma mobilidade mais respeitosa com o meio ambiente.

- Fazer da formação e da informação as chaves para um futuro melhor da

mobilidade. (PMSM, 2013b)

Como pode ser visto na Figura 21, o modal a pé representa o segundo maior

meio de locomoção dos santa-marienses. Porém, a oferta para esse tipo de

deslocamento é escassa. Isso se deve ao fato de que a qualidade e a largura dos

passeios públicos da cidade são deficientes, situação que é ainda mais grave em

zonas comerciais. O centro da cidade é um exemplo evidente dessa deficiência,

apresentando apenas duas ruas exclusivas para pedestres, calçadas estreitas e em

péssimo estado de conservação (PMSM, 2013a, 2013b).

Em virtude dessa carência de infraestrutura para pedestres, o PDMU define o

pedestre como o protagonista da mobilidade, tendo como objetivo aumentar a

segurança e o conforto dos deslocamentos realizados por esse modal. Entre os

diversos projetos que integram o programa de melhorias para pedestres, pode se

destacar a adequação e a revitalização das faixas de pedestres, bem como a melhoria

da infraestrutura peatonal nas proximidades de hospitais e escolas, e, por fim, a

criação de zonas de prioridade para pedestres (PMSM, 2013a, 2013b).

Page 48: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

47

2.3.1 Criação de Zonas de Prioridade para Pedestres (ZPP)

A primeira ação do programa de melhoria para pedestres é a criação de Zonas

de Prioridade para Pedestres (ZPP), que são áreas da cidade onde os usuários dos

modais a pé, não motorizados e transporte coletivo têm preferência em relação ao

transporte privado e de carga. São propostas quatro zonas de atuação: Centro,

Camobi/UFSM, Tancredo Neves e Santa Marta (PMSM, 2013b).

As ZPP’s têm como objetivo:

- Garantir uma largura de calçada adequada para os fluxos de pedestres,

inclusive a implantação de calçadões.

- Garantir a continuidade dos itinerários de pedestres com plena

acessibilidade e segurança (semáforos, elementos que evitem que os

veículos estacionem na calçada, continuidade das calçadas, etc.).

- Reservar espaço para as bicicletas, naquelas zonas que fazem parte dos

eixos prioritários de bicicletas.

- Dotar de máxima acessibilidade o transporte coletivo nestas zonas.

- Evitar, na medida do possível, o estacionamento de veículos.

- Propor uma circulação pacificada dos veículos motorizados (traffic

calming).

- Propõe-se a proibição ou restrição de tráfego em determinados eixos do

âmbito, de forma que se possam criar zonas para pedestres, bem como

vias de uso exclusivo do transporte coletivo. (PMSM, 2013b)

A ZPP de maior interesse para este trabalho é a ZPP-CENTRO, razão pela qual

está engloba o local de estudo. Para essa área, o PDMU apresenta diversas

alterações, principalmente em relação aos sentidos dos fluxos do local. A primeira é a

criação de um anel perimetral, que delimita a zona e cria rotas para o fluxo de

passagem, evitando que o mesmo entre na área central. Com isso, o fluxo de veículos,

nas vias da ZPP, é reduzido, limitando este apenas para as viagens com destino

dentro da área. As vias que delimitam o perímetro podem ser visualizadas na Figura

22 (PMSM, 2013b).

Page 49: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

48

Figura 22 - Anel perimetral da ZPP – CENTRO.

Fonte: Adaptado de PMSM (2013b).

Outra mudança relevante é a ruptura do fluxo de passagem pela Rua Venâncio

Aires. O PDMU sugere que seja criado uma via exclusiva para pedestres na Venâncio,

entre a Rua Floriano Peixoto e a Av. Rio Branco. Com isso, o fluxo de passagem que

existe atualmente seria transferido para vias com maior capacidade da cidade, a

exemplo da Av. Presidente Vargas ou Av. Medianeira. Além dessa via, parte da Rua

Floriano Peixoto e da Rua Doutor Bozano também serão convertidas em vias

exclusivas para pedestres, já que estas já apresentam volumes altos de circulação de

pedestres. Os novos calçadões podem ser observados na Figura 23 (PMSM, 2013b).

Figura 23 - Calçadões propostos pelo PDMU para a ZPP-CENTRO.

Fonte: Adaptado de PMSM (2013b).

Além das intervenções para os veículos, estão previstas diversas ações

voltadas diretamente para a melhoria do espaço para os pedestres. Como exemplo,

pode-se destacar a extensão do calçadão existente, além da criação de novos

espaços exclusivos para o fluxo peatonal, o aumento geral da largura das calçadas e

a melhoria nas faixas de pedestres de toda ZPP (PMSM, 2013b).

Page 50: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

49

3 COLETA DE INFORMAÇÕES

A primeira etapa, na hora de planejar levantamentos de dados, na área de

engenharia de tráfego, é entender o problema, destacando todas as informações

necessárias, para uma análise completa e o melhor formato para os valores obtidos.

Como um dos objetivos desse trabalho é analisar a interação entre pedestres e

veículos na interseção das ruas Doutor Bozano e Floriano Peixoto, os seguintes

levantamentos são necessários:

1) Inventário Urbano do local a ser estudado, informando: a largura das vias e

dos passeios; possíveis movimentos; configurações dos grupos semafóricos; além de

todos os equipamentos de tráfego implementados no local;

2) Contagem direcional de veículos;

3) Contagem direcional de pedestres.

O modo como cada levantamento foi realizado, bem como os valores

encontrados estão descritos nos itens a seguir.

3.1 INVENTÁRIO URBANO

Para o inventário urbano, foi realizada uma vistoria em campo, utilizando uma

trena de 30 metros e papel e caneta, para anotações. Além das anotações, foi

realizado um levantamento fotográfico, para análise posterior. As informações

coletadas foram resumidas nos itens abaixo.

- Condições físicas do local:

O pavimento das duas vias apresenta apenas leve desgaste superficial,

podendo, assim, ser classificado como em boas condições de uso. A Rua Floriano

Peixoto tem apenas uma faixa de tráfego com largura de 4,5 metros, estacionamento

proibido em ambos os lados da via. Já a Rua Doutor Bozano inicia com o tamanho de

7,2 metros e depois alarga para 8,8 metros; é permitido o estacionamento em ambos

os lados dessa via. O passeio nas vias da interseção tem o tamanho variando de 2,35

até 5,25 metros. Essas dimensões podem ser observadas no Anexo B.

Page 51: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

50

O uso do solo predominante, no local em questão, é comercial, apresentando

diversas lojas e empreendimentos. Além disso, faz parte do início do Calçadão

Salvador Isaia, principal rua de tráfego exclusivo de pedestres da cidade. Alguns

exemplos de polos de atração de viagem são: Shopping Santa Maria, Loja Renner,

Galerias Roth, Galerias do Comércio e Shopping Elegância. Além do comércio na

área, existem diversos edifícios de uso misto, conforme dados do Censo 2010, que

apontam 894 domicílios na região. Dessa forma, a região como um todo é classificada

como um polo de geração de viagens, apresentando um elevado fluxo de veículos e,

principalmente, de pedestres.

A passagem de pedestres na Rua Floriano Peixoto, entre as ruas Venâncio

Aires e Dr. Bozano, é bloqueada por um gradil de 0,80 metros de altura, canalizando

o fluxo de pedestres para a faixa de pedestre posterior ao cruzamento. A disposição

do gradil pode ser observada na Figura 24 e no Anexo C.

Figura 24 – Gradil na Rua Floriano Peixoto.

Fonte: Acervo pessoal do autor (26/04/2017).

- Sinalização Horizontal e Vertical

A sinalização vertical do cruzamento é composta de 2 placas R-25d – Siga em

frente ou à direita –, uma delas disposta em uma baliza anterior a interseção e a outra

instalada logo abaixo do foco semafórico. Além dessas, duas placas R-6c – Proibido

Page 52: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

51

parar e estacionar – e uma placa R-19 – Velocidade máxima permitida, de 20Km/h –

, que estão colocadas em balizas nas laterais da via após o cruzamento.

A sinalização horizontal é formada por duas faixas de pedestres: uma na Rua

Mal. Floriano Peixoto e a outra na Rua Dr. Bozano, uma linha de retenção para os

veículos na Rua Mal. Floriano Peixoto, anterior ao cruzamento, e uma marcação de

área de conflito na região do cruzamento, executada na cor branca. As vias ainda

apresentam o meio fio sinalizado na cor amarela, reforçando a proibição de

estacionar.

Figura 25 - Sinalização horizontal da interseção.

Fonte: Acervo pessoal do autor.

A disposição da sinalização pode ser observada na Figura 26 e em tamanho

maior no ANEXO C.

Page 53: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

52

Figura 26 - Croqui da situação atual da interseção.

Fonte: Autor.

- Movimentos:

A interseção é classificada como um cruzamento em nível semaforizado. Existe

apenas um fluxo veicular de aproximação, proveniente da Rua Floriano Peixoto. Esse

fluxo se divide em dois movimentos: Mv1 – seguindo reto na mesma rua; Mv2 –

convergindo a direita para a Rua Doutor Bozano. Além do fluxo de veículos, o

cruzamento conta com dois movimentos de pedestres: Mp1 – pedestres que cruzam

a Dr. Bozano; Mp2 – Pedestres que atravessam a Floriano. A Figura 27A apresenta

todos os fluxos possíveis.

Page 54: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

53

Figura 27 – Diagramas de movimentos da configuração atual do semáforo do cruzamento.

A – Movimentos existentes do cruzamento

B – 1º estágio do conjunto semafórico, permitindo o fluxo veicular

C – 2º estágio do conjunto semafórico, permitindo o fluxo de pedestres.

Fonte: Autor.

- Conjunto semafórico:

O conjunto semafórico é configurado em um ciclo de 60 segundos, divididos

em dois estágios, um para os veículos e o outro para pedestres. Para os veículos, os

intervalos são: verde, amarelo e vermelho. Já para os pedestres: verde, vermelho

intermitente e vermelho total. Além disso, no intervalo final de cada estágio, o

cruzamento apresenta um momento de vermelho estendido de 2 segundos. Os

diagramas desses estágios podem ser visualizados na Figura 27B e Figura 27C, o

detalhamento completo do ciclo semafórico, por sua vez, é indicado na Figura 28.

Os grupos focais direcionados para os veículos estão em colunas, implantados

após o cruzamento. Os grupos focais para pedestres também estão em colunas,

próximos das faixas de pedestres do local. A distribuição dos grupos focais pode ser

observada na Figura 26 e em tamanho maior no ANEXO C.

Page 55: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

54

Figura 28 – Diagrama de estágios e intervalos luminosos da configuração semafórica atual

Fonte: Autor.

3.2 CONTAGEM DIRECIONAL DE VEÍCULOS

A contagem de veículos realizada foi manual, com metodologia padrão descrita

no item 2.1.3.1, levando em consideração veículos de passeio e motocicletas –

composição principal do fluxo do local. Os movimentos contabilizados foram Mv1 e

Mv2, expostos na Figura 27A. O fluxo foi dividido em intervalos de 15 minutos, para

melhor detalhamento da variação diária do local. O formulário utilizado para o

levantamento pode ser verificado no ANEXO A.

Após a coleta, os dados foram tabelados utilizando o software Microsoft Excel

®, sendo o volume de motocicletas convertido para o equivalente em carros de

passeio, utilizando os valores da Tabela 2. Em seguida, os valores de cada intervalo

foram somados, resultando no valor de veículos por hora para cada movimento. A

Tabela 4 resume os resultados, apresentando ainda a porcentagem de cada direção.

Tabela 4 – Resultados da pesquisa direcional de veículos.

Hora Mv1 (ucp/h) Mv2 (ucp/h) Total (ucp/h) Mv1 (%) Mv2 (%)

10:00 289 206 495 58% 42%

11:00 227 233 460 49% 51%

12:00 261 226 487 54% 46%

13:00 351 261 612 57% 43%

14:00 362 268 631 57% 43%

15:00 368 262 630 58% 42%

16:00 344 299 643 54% 46%

17:00 340 288 629 54% 46%

18:00 357 282 639 56% 44%

Fonte: Autor.

Page 56: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

55

3.3 CONTAGEM DIRECIONAL DE PEDESTRES

Os pedestres, que atravessam em um cruzamento semaforizado, podem ser

classificados pelo local onde atravessam e pela obediência à sinalização. Em relação

ao local, há duas opções: prudentes – pedestres que atravessam no local indicado,

como, por exemplo, faixas de pedestres –; ou imprudentes – pedestres que

atravessam fora do local indicado. Os prudentes ainda podem ser classificados em:

obedientes – que respeitam o sinal semafórico –, e os oportunistas – que aproveitam

os momentos que não há fluxo de veículos e realizam a travessia no sinal vermelho

(ARIOTTI, 2006).

Para o levantamento de pedestres, foi estabelecida uma versão

simplificada da classificação proposta por Ariotti (2006), dividindo os pedestres em

dois grupos, os certos e os errados. Os pedestres certos representam os prudentes e

os obedientes, já os errados constituem-se nos demais. Esta nova classificação pode

ser verificada na Figura 29.

.Figura 29 – Classificação de pedestres em travessias semaforizadas.

Fonte: Adaptado de ARIOTTI (2006).

Outra simplificação, feita no levantamento de pedestres, foi a escolha dos

movimentos peatonais significativos para este estudo. Como o foco é a interação entre

pedestre e veículos, apenas movimentos que apresentassem conflitos de cruzamento

entre eles foram selecionados. A Figura 30A indica os movimentos considerados,

sendo os não considerados apresentados na Figura 30B.

Page 57: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

56

Com o fim de facilitar a contagem manual, dois eixos imaginários foram

definidos, nas ruas da interseção: Eixo 1 – Rua Dr. Bozano; Eixo 2 – Eixo Rua Floriano

Peixoto. Todos os movimentos de pedestres que transpassam o Eixo 1 pela faixa

indicada e no tempo correto do semáforo são classificados como “Mp1-Certo”; os

demais – movimento fora da faixa ou no sinal vermelho – como “Mp1-Errado”. O

mesmo ocorre com os movimentos no Eixo 2.

O horário do levantamento foi definido das 10 horas da manhã até as 7 horas

da noite em uma quarta-feira (26/04/2017), com o objetivo de observar os principais

picos do movimento dos pedestres, indicados pelo PDMU da cidade.

Figura 30 - Relação dos movimentos de pedestres no cruzamento.

A – Movimentos de pedestres selecionados para o estudo;

B – Movimentos de pedestres desconsiderados.

Fonte: Autor.

Os resultados da contagem direcional de pedestres podem ser conferidos na

Tabela 5 e Tabela 6.

Page 58: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

57

Tabela 5 - Resultados da contagem direcional de pedestres - Movimento Mp1

Hora Mp1-Certos Mp1-Errados Total Mp1-Certos

(%) Mp1-Errados

(%)

10:00 93 179 272 34% 66%

11:00 158 218 376 42% 58%

12:00 274 228 502 55% 45%

13:00 204 250 454 45% 55%

14:00 104 336 440 24% 76%

15:00 58 375 433 13% 87%

16:00 106 401 507 21% 79%

17:00 127 268 395 32% 68%

18:00 152 528 680 22% 78%

Fonte: Autor.

Tabela 6 - Resultados da contagem direcional de pedestres - Movimento Mp2

Hora Mp2-Certos Mp2-Errados Total Mp2-Certos

(%) Mp2-Errados

(%)

10:00 292 851 1143 26% 74%

11:00 401 942 1343 30% 70%

12:00 484 1188 1672 29% 71%

13:00 603 770 1373 44% 56%

14:00 603 1288 1891 32% 68%

15:00 657 1479 2136 31% 69%

16:00 671 952 1623 41% 59%

17:00 507 1279 1786 28% 72%

18:00 488 1188 1676 29% 71%

Fonte: Autor.

Page 59: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

58

4 PROPOSTAS

Esta seção está estruturada em três partes. A primeira apresenta a análise dos

dados coletados, bem como as situações observadas em campo, no momento dos

levantamentos. As demais apresentam as propostas para o local.

4.1 ANÁLISE DO CENÁRIO ATUAL

4.1.1 Fluxos

Para o fluxo de veículos do período analisado, foi calculado o FHP, utilizando a

metodologia citada no item 2.1.2.1.1. Com os resultados, foi composta a Tabela 7, que

apresenta o volume do período de quinze minutos com maior fluxo de tráfego, dentro

da hora de pico, bem como o volume total de veículos observados. Os valores

encontrados apontam um fluxo intenso e homogêneo em grande parte do dia, com

destaque ao período das 14:00 até às 17:00, horário cujo valor de FHP ultrapassa os

0,95 que, segundo DNIT (2006), resulta em uma limitação da capacidade da via.

Tabela 7 - Tabela com o Fator Horário de Pico de todas as horas do levantamento.

Hora V15máx Total (Vph) FHP

10:00 136 495 0,92

11:00 135 460 0,86

12:00 154 487 0,79

13:00 184 612 0,83

14:00 169 631 0,94

15:00 166 630 0,96

16:00 171 643 0,95

17:00 162 629 0,97

18:00 177 639 0,91

Fonte: Autor.

Para uma melhor compreensão, a análise do volume de veículos, a cada 15

minutos, é importante. Como pode ser conferido na Figura 31, o comportamento do

fluxo inicia às 10:00, com a média de 120 upc/15min, aumentando para 180

upc/15min, no horário após ao meio dia. Esse comportamento é esperado, visto que

Page 60: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

59

a cidade de Santa Maria apresenta o pico do meio dia, dado comprovado por PMSM

(2013b). O referido aumento representa o retorno para o trabalho-estudos. A partir

das 14:00, o fluxo se mantém constante até o final do levantamento. Esse

comportamento pode ser explicado pelos valores calculados de FHP, que mostram

que a via atingiu sua capacidade máxima nesse período

.

Figura 31 - Volume de UCP a cada 15 minutos.

Fonte: Autor.

O fluxo de veículos no local é composto principalmente por carros e motos.

Analisando o levantamento direcional de veículos, apresentado na Tabela 4, pode-se

perceber que, aproximadamente, 56% dos carros permanecem na Rua Floriano

Peixoto e os outros 44% convertem para a Rua Doutor Bozano. Por outro lado, o fluxo

de pedestres teve o maior número de travessias no sentido do Eixo da Rua Floriano

Peixoto – que corresponde a 80% –, com apenas 20% das pessoas cruzando pela

Rua Doutor Bozano. Os resultados das pesquisas direcionais podem ser constatados

na Figura 32.

Page 61: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

60

Figura 32 – Croqui com os resultados das contagens direcionais no local.

A – Croqui da contagem direcional dos veículos;

B – Croqui da contagem direcional dos pedestres.

Fonte: Autor.

Além da pesquisa direcional, os pedestres foram classificados em certos e

errados, seguindo a metodologia descrita no item 3.3. Os resultados podem ser

visualizados nas Figura 34 e Figura 35. A taxa média de conformidade do cruzamento

foi de 32%, valores extremamente baixos, comparados aos encontrados por Ariotti

(2006), que apresentavam valores aproximados a 70%. Durante o levantamento, foi

observado que a maioria dos pedestres se aproveitava do gap gerado pelos

deslocamentos de veículos, que convergiam para a Rua Dr. Bozano, para atravessar

a Rua Floriano Peixoto, o mesmo comportamento aplicado aos pedestres que

cruzavam pela Rua Dr. Bozano.

Outro fator presenciado foi a presença de um fluxo definido fora da faixa de

pedestres cruzando a Rua Floriano Peixoto, logo à frente da linha de retenção para

os veículos. Esse fluxo representa os pedestres que estão se deslocando no passeio

do lado direito da Rua Dr. Bozano e que não querem atravessar a rua para, então,

atravessar no local correto. Estima-se que, quase 30% do fluxo Mp2, é realizado

naquele ponto, caracterizando como uma situação crítica, que deve ser analisada

durante a proposta de soluções para o local. A Figura 33 representa o local exato onde

ocorre esse fluxo intenso. A Figura 36, por sua vez, apresenta diversos momentos em

que pedestres atravessaram neste local.

Page 62: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

61

Figura 33 - Ponto de travessia com fluxo elevado fora da faixa.

Fonte: Autor.

Figura 34 - Gráfico dos resultados da pesquisa de pedestres para o movimento Mp1.

Fonte: Autor.

Figura 35 - Gráfico dos resultados da pesquisa de pedestres para o movimento Mp2.

Fonte: Autor.

Page 63: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

62

Figura 36 - Pedestres atravessando em local indevido durante o levantamento.

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Page 64: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

63

4.1.2 Sinalização no local

A composição da sinalização viária do local está descrita no item 3.1. O local

apresenta uma sinalização vertical suficiente e em boas condições. A sinalização

horizontal está desgastada, sendo necessária uma revitalização. Além disso, a

demarcação da área de conflito está executada na cor branca e não na cor amarela,

conforme indicado por CONTRAN (2007c). A situação atual do cruzamento pode ser

verificada na Figura 37, já a forma correta de execução de uma demarcação de área

de conflito na Figura 38.

Figura 37 - Foto do local do levantamento demostrando a demarcação da área de conflito em branco e a sinalização vertical necessitando de revitalização.

Fonte: Acervo pessoal do autor.

Figura 38 - Marcação de área de conflito segundo Manual de Sinalização Viária.

Fonte: CONTRAN (2007c).

Page 65: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

64

4.1.3 Ciclo semafórico

FHWA (2004) define que o uso de semáforos para pedestres, em uma

interseção, é recomendado quando o volume de pessoas, que realizam a travessia, é

superior a 190 pedestres por hora. Sendo assim, podemos afirmar que o semáforo da

interseção é necessário, posto que, no horário de pico, o fluxo peatonal é superior a

2000 pedestres por hora.

A configuração do semáforo em relação ao número de estágio é suficiente e

correta, separando completamente o fluxo de veículos e pedestres. Esta configuração

pode ser verificada na Figura 27. O tempo do ciclo semafórico aparenta estar bem

dimensionado em relação aos veículos, não formando filas com tamanho suficiente

para interromper o fluxo na interseção anterior.

Um dos problemas verificados no ciclo é o tempo de vermelho intermitente para

o estágio dos pedestres. CONTRAN (2014b) define que o tempo de entreverdes para

pedestres, isto é, vermelho intermitente, deve ser calculado levando em consideração

os seguintes fatores: o tempo de reação, a velocidade dos pedestres e a distância da

travessia crítica do cruzamento.

tent=tpr+l

vp (2)

Onde:

tent – Tempo do intervalo de vermelho intermitente para pedestres, em segundos;

tpr – Tempo de percepção e reação dos pedestres, em segundos. Normalmente 1 segundo;

l – Extensão da travessia em metros;

vp – Velocidade dos pedestres, em metros por segundo. Normalmente 1,2 m/s.

Utilizando a Equação 2, considerando o tempo de percepção de 1 segundo, a

extensão da travessia de 7,8 metros e a velocidade dos pedestres em 1,2 m/s, obtém-

se um tempo de vermelho intermitente de, no mínimo, 8 segundos. Portando, o tempo

de 4 segundos do ciclo atual não é suficiente para garantir a segurança dos pedestres.

Page 66: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

65

4.1.4 Simulação

Como já falado anteriormente, o software utilizado, para a realização das

simulações, é o VISSIM, da empresa alemã PTV. Para a confecção dos modelos, foi

utilizado a versão estudantil do programa, cuja a simulação tem um limite de tempo

máximo de 10 minutos. Como o sistema analisado é pequeno – apenas uma

interseção –, esse fato não teve nenhuma influência negativa sobre as análises.

Como base teórica para fundamentar a criação do sistema, foi usado o manual

do software PTV AG (2016) e trabalhos como o de Barceló (2010), FDOT (2014), Slinn

(2005) e WSDOT (2014).

A primeira etapa, na construção do modelo, foi importar o croqui em escala,

com as dimensões do cruzamento, para o software. Utilizando o croqui como base, as

vias – links –, foram criadas respeitando as dimensões reais. A seguir, foram

implementadas as vias exclusivas para pedestres. Por se tratar de um modelo

simplificado da vida real, as vias utilizadas foram apenas as faixas de pedestres,

sendo os passeios descartados. No eixo da Rua Floriano Peixoto, foi criado um ponto

extra de travessia, representando o intenso fluxo de pedestres fora da faixa,

observado no levantamento. As vias criadas podem ser conferidas na Figura 39.

Figura 39 - Vias para veículos e vias para pedestres na simulação.

Vermelho – Vias para veículos;

Azul – Vias para pedestres.

Fonte: Autor.

Page 67: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

66

Com a base pronta, foram inseridos os pontos de entrada dos veículos, no

sistema, um para veículos e seis pontos para pedestres. Os valores inseridos foram

obtidos dos levantamentos realizados. Para encontrar a hora com a maior

concentração de volume de trafego – tanto de veículos como de pedestres –, foram

somados todos os intervalos de 15 minutos consecutivos possíveis. O primeiro sendo

das 10:00 até às 11:00, o segundo 10:15 até às 11:15, e o final, das 17:30 até às

18:30.

Para os veículos, a hora de pico do dia foi das 13:30 até às 14:30, totalizando

677 ucp/h nesse intervalo. Para os pedestres, a hora em questão foi das 14:45 até às

15:45, resultando em um fluxo total de 2624 pessoas atravessando as vias da

interseção, sendo 450 pela Rua Doutor Bozano e 2174 pela Rua Floriano Peixoto.

Com o fim de alocar os fluxos de forma próxima da realidade, já que não foi

diferenciada a direção da travessia dos pedestres durante o levantamento, os volumes

de pedestres foram divididos meio a meio, nas duas direções. No caso da Rua

Floriano Peixoto, os pedestres foram divididos em 70% atravessando na faixa e 30%

no ponto extra de travessia criado. A Figura 40 indica todos os pontos de entrada de

veículos e pedestres na simulação e o valor adicionado pode ser observado na Tabela

8.

Figura 40 - Pontos de entrada de veículos e pedestres definidos na simulação.

Fonte: Autor.

Page 68: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

67

Tabela 8 - Valores de volume de veículos e pedestres inseridos em cada ponto da simulação

Ponto Volume de veículos/pedestres

P1 677

P2 225

P3 225

P4 760

P5 760

P6 326

P7 326

Fonte: Autor.

Além do valor dos fluxos, o perfil deles foi criado. Para os veículos, o fluxo foi

caracterizado apenas como unidade de carro de passeio, com velocidade desejada

de 20km/h. Para os pedestres, o perfil gerado foi de 50% homens e 50% mulheres,

utilizando a velocidade média padrão sugerida pelo software.

O último fator, relacionado ao fluxo configurado na simulação, foi a rota dos

veículos. Para isso, foi calculada a média da distribuição direcional do levantamento

de veículos, da Tabela 4, totalizando 56% dos veículos seguindo reto na Rua Floriano

Peixoto e 44% realizando a conversão para a Rua Doutor Bozano.

Para o conjunto semafórico, foi programado o tempo obtido no levantamento

(Figura 26), além da criação dos grupos focais para cada via e tipo de fluxo. Para os

semáforos de pedestres, a taxa de obediência foi definida em 30%, valor obtido dos

valores apresentados nas Tabela 5 e Tabela 6.

Enfim, foram criadas as áreas de controle de delay para cada movimento

existente na simulação, permitindo a avaliação da modelagem.

O modelo da situação atual foi simulado cinco vezes com chaves aleatórias,

produzindo cinco simulações, com resultados diferentes. A Figura 41 apresenta a

simulação em andamento. Os resultados foram tabelados utilizando o software

Microsoft Excel ®, já os valores estão apresentados e discutidos abaixo.

Os valores de delay, resultantes da simulação, foram agrupados nos

movimentos: de veículos, abrangendo Mv1 e Mv2, de pedestres que cruzam a Rua

Doutor Bozano, Mp1 e de pedestres que atravessam pela Rua Floriano Peixoto, Mp2.

Page 69: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

68

Figura 41 - Imagem da simulação do cenário atual produzida no VISSIM.

Fonte: Autor.

Tabela 9 - Valores resultantes da simulação do cenário atual.

Veículos Pedestres

Mp1 Pedestres

Mp2

Número de veículos/pedestres (ucp/10min) 99,0 73,0 359,0

Delay médio (s) 8,5 10,7 7,7

Delay máximo (s) 28,2 41,8 44,6

Delay acumulado (s) 1691,0 788,0 2754,0

Fonte: Autor.

O primeiro valor, da Tabela 9, isto é, número de veículos/pedestres é utilizado

para validar a simulação, comprovando que os valores definidos como variáveis de

fluxo estão sendo respeitadas. Analisando esse valor, é possível verificar que esses

dados, quando convertidos para ucp/h, representam os volumes indicados na Tabela

8. Como exemplo, pode-se utilizar o número de pedestres Mp2, quando multiplicamos

por 6, o valor obtido é de 2154 pedestres/hora, o que é muito similar à resultante da

soma de P5, P6, P7 e P8 – 2172, validando a simulação.

Os outros três representam características tradicionais de análise de delay. O

primeiro – delay médio – é um indicador geral do comportamento dos atrasos sofridos

pelos usuários do sistema. Entretanto, não deve ser analisado sozinho, por apresentar

uma variância muito elevada. O comportamento do atraso pode ser visualizado, na

Figura 42, em que o gráfico apresenta o tempo perdido de cada veículo, em relação

ao tempo em que este passou pela simulação. É possível ver que os maiores delay

Page 70: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

69

estão localizados no início de cada estágio de verde, representando os veículos que

chegaram no estágio vermelho e tiveram que aguardar o estágio verde do semáforo.

Figura 42 - Delay dos veículos pelo tempo da simulação.

Fonte: Autor.

O segundo, delay máximo, apresenta uma forma de indicar a eficiência do ciclo

semafórico, analisando apenas o ciclo, é possível prever o tempo máximo de espera

de um veículo – subtraindo o tempo de verde do tempo total do ciclo. Quando os

valores encontrados forem superiores ao tempo de espera máximo calculado, o ciclo

programado apresenta uma formação de filas e, muitas vezes, forçando os usuários

a esperarem mais de um ciclo para atravessarem o cruzamento. Os máximos

resultantes da simulação estão comparados aos calculados na Tabela 10. Como a

diferença é mínima, podemos considerar que o ciclo está funcionando como o

planejado.

Tabela 10 - Comparação entre delays máximos encontrados e calculados

Veículos Pedestres

Mp1 Pedestres

Mp2

Delay máximo encontrado (s) 28,2 41,8 44,6

Delay máximo calculado (s) 26,0 44,0 44,0

Fonte: Autor.

O último, delay acumulado, representa o valor de delay médio multiplicado pelo

número de veículos ou pedestres. Esse valor representa o delay do sistema, podendo

ser utilizado para comparar duas ou mais simulações. O delay do cruzamento totalizou

8,72 horas de delay/hora, destacando que o valor de veículos foi convertido para

pessoas, multiplicado o número por dois, representando uma ocupação média de

duas pessoas por veículo.

Page 71: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

70

4.2 PROPOSTA 1 – IMPLEMENTAÇÃO DE NOVA FAIXA DE SEGURANÇA

A primeira proposta é composta de ações de fácil execução e custo

relativamente baixo focadas na adequação da sinalização do cruzamento e na

melhoria da interação entre veículos e pedestres. Os itens abaixo exemplificam e

descrevem as ações propostas para a interseção.

O croqui da proposta pode ser visualizado na Figura 43 ou em tamanho maior

no ANEXO D.

Figura 43 - Croqui da primeira proposta.

Fonte: Autor.

Page 72: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

71

4.2.1 Fluxos

Os fluxos de veículos continuam os mesmos, divididos em Mv1 – Veículos que

seguem reto na Rua Floriano Peixoto e Mv2 – Veículos que realizam a conversão para

a Rua Dr. Bozano. Os pedestres que atravessam a Rua Dr. Bozano continuam com a

mesma configuração, denominados Mp1. A grande diferença para os fluxos nessa

proposta é o novo fluxo dos pedestres observado no levantamento, agora sendo

possível atravessar a Rua Floriano Peixoto em dois pontos, um antes e um depois da

interseção. Como estimado em levantamento, 30% do fluxo de Mp2 atravessa por

este novo ponto. O novo diagrama de deslocamentos pode ser visto na Figura 44A.

4.2.2 Sinalização no local

O primeiro ponto a modificar na sinalização do local é a adequação da

marcação da área de conflito, atualmente executada em branco. Além da correção da

cor, a largura das linhas, distância entre elas e ângulo deverão ser adequados. O

modo correto da execução pode ser visto na Figura 38.

O segundo ponto para alterar na sinalização é a implementação de uma nova

faixa de pedestres anterior ao cruzamento, garantindo um espaço delimitado e seguro

para que os pedestres possam realizar a travessia em segurança. Acompanhando a

implementação, a atual linha de bordo deve ser deslocada para antes da faixa, com

uma distância de pelo menos 6 metros segundo CONTRAN (2007c).

Além das mudanças citadas, toda sinalização horizontal deve receber uma

revitalização, garantido uma visibilidade maior e aprimorando a segurança viária no

local. A sinalização vertical não necessita de alterações para esta proposta, já que o

fluxo de veículos permanece o mesmo.

Page 73: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

72

4.2.3 Ciclo semafórico

A primeira mudança em relação ao ciclo semafórico é a adição de um novo

grupo focal para pedestres, controlando o fluxo da nova faixa de pedestres na Rua

Floriano Peixoto. Com isso, um novo diagrama de estágio foi desenvolvido e pode ser

visto na Figura 44B e Figura 44C.

Figura 44 - Diagramas de movimentos e da configuração para o semáforo do cruzamento da 1ª Proposta.

A – Movimentos do cruzamento;

B – 1º estágio do conjunto semafórico;

C – 2º estágio do conjunto semafórico;

Fonte: Autor.

Para o cálculo do novo tempo do semáforo foi utilizado o método do grau de

saturação máximo apresentado por CONTRAN (2014b). O desenvolvimento dos

cálculos bem como as considerações feitas podem ser visualizados nos itens abaixo:

- Definição do fluxo de saturação: Para definir o fluxo de saturação (FS) foi

utilizada o método apresentando por HCM (2000; apud CONTRAN, 2014b) que estima

o fluxo de saturação para um determinado local levando em consideração fatores

como número de faixas, inclinação da via, largura da via, presença de pedestres,

conversões a esquerda, entre outros. Simplificando a equação original para utilizar

apenas os fatores que influenciam no local do estudo, a Equação 3 foi desenvolvida.

Page 74: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

73

𝑠 = 𝑠𝑜 × 𝑁 × 𝑓𝑤 × 𝑓𝑎 × 𝑓𝑙𝑡 (3)

Onde: s – Fluxo de saturação para o conjunto de faixas, em ucp/h. so – Fluxo de saturação básico por faixa, em ucp/h. N – Número de faixas. fw – Fator de ajuste para largura da faixa fa – Fator de ajuste de área Flt – Fator de ajuste para conversões à esquerda

Tabela 11 - Variáveis utilizadas no cálculo do fluxo de saturação

Variável Valor

s 1800 ucp/h

so 1900 ucp/h

N 1

fw 1,1

fa 0,9

flt 0,95

Fonte: Autor.

Aplicando os valores referentes ao local do estudo (apresentando na Tabela

11) na Equação 3, o valor 1800 ucp/h foi encontrado para o fluxo de saturação.

- Definir tempo de amarelo e vermelho para os veículos: tanto o tempo de

amarelo quanto o tempo de vermelho geral são ferramentas de segurança para

garantir um fluxo mais seguro. O tempo amarelo é calculado em função do tempo de

reação, mais o tempo necessário para o veículo parar no final do tempo de verde até

o tempo de vermelho. O tempo de vermelho estendido tem o propósito de garantir um

espaço de tempo para que o veículo, que atravesse o semáforo no instante que este

se torna amarelo, tenha tempo o suficiente para liberar a via para o outro fluxo.

Somando esses dois valores temos o tempo de entreverde, calculado utilizando a

Equação 4 (CONTRAN, 2014b).

Page 75: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

74

𝑡𝑒𝑛𝑡 = 𝑡𝑝𝑟 +𝑣

2(𝑎𝑎𝑑±𝑖𝑔)+

𝑑2+𝑐

𝑣 (4)

Onde:

tent - Tempo de entreverdes para o grupo focal de veículos, em segundos;

tpr – Tempo de percepção e reação do condutor, em segundo. Normalmente 1s;

v – Velocidade do veículo, em m/s;

aad – Máxima taxa de frenagem admissível, m/s². Normalmente, 3,0 m/s²;

i – Inclinação da via na aproximação. “+” para rampas ascendentes e “-“ para descendentes, m/m.

g – Aceleração da gravidade, 9,8 m/s²;

d2 – Extensão da trajetória do veículo entre a linha de retenção e o término da área de conflito, em metros;

c – Comprimento do veículo, em metros. Normalmente 5m.

Aplicando os valores do cruzamento a fórmula acima obtemos o valor de 3

segundos para a primeira parte da Equação 4 – tempo de amarelo –, e 2 segundos

para a segunda parte da equação, que corresponde ao tempo de vermelho estendido.

- Definir tempo de verde e vermelho intermitente para pedestres: segundo

CONTRAN (2014), não há cálculo para o tempo de verde para os pedestres, visto que

o fluxo de pedestres é diverso e não é constante, cabendo ao técnico responsável

arbitrar o tempo mais condizente com o observado. Já o tempo de vermelho

intermitente é calculado utilizando a Equação 2. Para este ciclo, o resultado da

equação dois foi 7 segundos e o tempo de verde foi definido em 10 segundos.

- Definir o tempo perdido: O tempo perdido de ciclo semafórico é considerado

todo e qualquer tempo que o conjunto semafórico está fechado para o fluxo de

veículos, sendo assim, todos os momentos de amarelo, vermelho, verde para

pedestres ou vermelho intermitente são calculados e contabilizados para esse valor.

Para esse ciclo, o tempo de amarelo estabelecido foi 3 segundos, o de vermelho

estendido 2 segundos para cada estágio, o de verde para pedestres 10 segundos e

para o tempo de vermelho intermitente 7 segundos. Somando todos esses valores, o

tempo perdido totalizou 24 segundos.

Page 76: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

75

- Taxa de ocupação: a taxa de ocupação é calculada utilizando a Equação 5, e

representa a porcentagem de ocupação do fluxo de saturação pelo volume de veículos

do movimento.

𝑦 =𝐹

𝐹𝑆 (5)

Onde:

y – Taxa de ocupação;

F – Fluxo do grupo de movimentos, ucp/h;

FS – Fluxo de saturação do grupo de movimentos, ucp/h.

Como o conjunto semafórico apresenta apenas um fluxo de veículos, apenas

uma taxa de ocupação precisa ser calculada. Aplicado os valores 677 ucp/h para fluxo

do grupo de movimento e 1800 ucp/h para fluxo de saturação, obtemos o valor de

0,376 para a taxa de ocupação.

- Fração de verde necessária: utilizando um grau de saturação máximo para o

cruzamento, a fração de verde pode ser calculada utilizando a Equação 6.

𝑝𝑖 =𝑦𝑖

𝑥𝑚𝑖 (6)

Onde:

pi – Fração de verde requerida para o estágio i;

yi – Taxa de ocupação do grupo de movimentos do estágio i;

xmi – Grau de saturação.

Utilizando o valor 0,8 para o grau de saturação máximo, recomendado por

CONTRAN (2014b) para garantir um reserva de capacidade, o valor da fração de

verde necessária para o estágio de veículos é de 0,47.

- Tempo de ciclo: enfim, utilizando todas as variáveis encontradas

anteriormente é possível calcular o tempo de ciclo total utilizando a Equação 7. O valor

encontrado para o tempo total do ciclo semafórico foi de 45 segundos.

Page 77: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

76

𝑡𝑐 =𝑇𝑝

1−∑ 𝑝𝑖𝑛𝑖=1

(7)

Onde:

tc – Tempo de ciclo, em segundos;

Tp – Tempo perdido total, em segundo;

pi – Fração de verde requerida para o estágio i;

n – Número de estágios.

- Tempo de verde: para encontrar o tempo de verde de cada estágio, se

multiplica a fração de verde de cada estágio pelo tempo total de ciclo. Para este caso

o valor encontrado para o tempo de verde foi de 21 segundos.

Agrupando todas os valores e ordenando-os foi composto o diagrama de

estágios apresentando na Figura 45.

Figura 45 - Diagrama de estágios e intervalos luminosos calculado para a 1ª Proposta.

Fonte: Autor.

4.2.4 Simulação

Para a simulação da primeira proposta o modelo atual foi utilizado como base

para construção da simulação, implementando a nova faixa de pedestres, os novos

grupos focais e o novo diagrama de estágio para o conjunto semafórico calculado no

item anterior.

Após a construção o modelo foi simulado cinco vezes com chaves aleatórias,

produzindo cinco simulações com resultados diferentes. A apresenta a simulação em

andamento. Os resultados foram tabelados utilizando o software Microsoft Excel ® e

os valores estão apresentados e discutidos abaixo.

Page 78: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

77

Tabela 12 - Valores resultantes da simulação da primeira proposta.

Veículos Pedestres

Mp1 Pedestres

Mp2

Número de veículos/pedestres (ucp/10min) 99,6 73,0 358,0

Delay médio (s) 9,9 9,5 6,7

Delay máximo (s) 23,9 35,94 36,7

Delay acumulado (s) 1982,0 694,0 2409,0

Fonte: Autor.

Figura 46 - Imagem da simulação da primeira proposta produzida no VISSIM.

Fonte: Autor.

Novamente os valores das contagens de veículos e pedestres da simulação

ficaram próximas dos valores pré-definidos como entrada no sistema, validando a

simulação. Além disso, como apresentando na Tabela 13, os valores de máximos

calculados e encontrados são próximos, demonstrando que o ciclo semafórico é

eficiente para o cruzamento em relação ao fluxo, não formando filas ou gerando

esperas maiores do que o máximo delay esperado.

Tabela 13 - Comparação entre delays máximos encontrados e calculados para a primeira proposta.

Veículos Pedestres

Mp1 Pedestres

Mp2

Delay máximo encontrado (s) 23,9 35,9 36,7

Delay máximo calculado (s) 24,0 35,0 35,0

Fonte: Autor.

O delay do cruzamento totalizou 8,5 horas, valor que será discutido mais a

frente, no item 4.4.

Page 79: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

78

4.3 PROPOSTA 2 – TROCA DE SENTIDO DA RUA

Utilizando as discussões de PMSM (2013b) em relação as ZPPs da cidade,

principalmente a premissa de retirar todo fluxo de passagem da área central,

permitindo um fluxo menor de veículos e assim reduzindo o número de acidentes,

além dos trabalhos de ITE (2009) e OMS (2013) em relação a traffic calming e

abordagem sistêmica de segurança. A segunda proposta traz ações de maior porte,

principalmente modificando o sentido de fluxo do local.

Para essa proposta as duas ações planejadas são: alteração do sentido da Rua

Floriano Peixoto, trecho entre a Rua Doutor Bozano e a Rua Cel. Niederauer, e

consequentemente a escolha da configuração ideal para o conjunto semafórico da

interseção, levando em consideração o desconhecimento do novo fluxo no local.

O croqui com a proposta dois está na Figura 47 e em tamanho maior no ANEXO

E.

Figura 47 - Croqui da segunda proposta.

Fonte: Autor.

Page 80: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

79

4.3.1 Fluxos

Para a segunda proposta os fluxos de pedestres permanecem os mesmos da

primeira proposta, divididos em: um local para o Mp1, e dois locais para o Mp2. A

mudança principal é em relação ao fluxo de veículos, que agora não tem apenas um

fluxo de aproximação, mas dois. O trecho da Rua Floriano Peixoto entre a Rua Doutor

Bozano e a Rua Coronel Niederauer muda de sentido, gerando um novo

deslocamento em direção à Rua Doutor Bozano. Os novos fluxos do local podem ser

visualizados na Figura 48 A.

4.3.2 Sinalização no local

Com a mudança do sentido da Rua Floriano Peixoto algumas adaptações na

sinalização do cruzamento são necessárias. Para a sinalização horizontal uma nova

linha de retenção deve ser pintada, indicando o local de parada para os veículos que

sobem a Rua Floriano Peixoto vindo da Rua Coronel Niederauer.

Para a sinalização vertical as placas de R-25d – Siga em frente ou à direita,

devem ser substituídas pela R-25b – Vire à direita, já que não é mais permitido seguir

reto em nenhuma das aproximações. Como reforço, uma placa R-3 – Sentido proibido,

deve ser instalada anterior ao cruzamento em relação aos veículos que vem da Rua

Venâncio Aires. Outro tipo de placa necessário é a R-25a – vire à direita, instalada

junto ao novo grupo focal para veículos e outra em uma baliza anterior à interseção,

voltada para os veículos que se aproximam pela Rua Cel. Niederauer.

4.3.3 Ciclo semafórico

De forma similar ao cálculo para o tempo semafórico da primeira proposta o

tempo de semáforo foi calculado para a nova configuração da interseção. A primeira

diferença para esse novo ciclo é a existência de dois estágios para veículos,

resultando em um ciclo semafórico de 3 estágios. Essa nova configuração permite que

sempre exista um semáforo para pedestres abertos, permitindo uma maior fluidez

para o movimento Mp2 e tornando os pedestres a prioridade nessa interseção. A nova

configuração dos estágios pode ser conferida na Figura 48B, Figura 48C e Figura 48D.

Page 81: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

80

Para o primeiro cálculo do semáforo foi estimado que os veículos que realizam

a conversão da Rua Floriano Peixoto para a Rua Doutor Bozano continuariam

realizando esse deslocamento, com uma divisão de 60% para o Mv1 e 40% para o

Mv2. Como esses valores são estimativas, outros modelos serão testados na parte de

simulação.

A Tabela 14 apresenta o resumo do cálculo. O diagrama de estágios luminosos

do ciclo pode ser visto na Figura 49.

Figura 48 - Diagramas de movimentos da configuração para o semáforo do cruzamento da 2ª Proposta.

A – Movimentos do cruzamento;

B – 1º estágio do conjunto semafórico;

C – 2º estágio do conjunto semafórico;

D – 3º estágio do conjunto semafórico.

Fonte: Autor.

Page 82: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

81

Tabela 14 - Cálculo da configuração do conjunto semafórico para a segunda proposta.

Variável Valor

Fluxos:

FMv1 177 ucp/h

FMv2 118 ucp/h

FSMv1 1800 ucp/h

FSMv2 1800 ucp/h

Tempo perdido para veículos:

Tempo de amarelo 2x3=6s

Tempo de vermelho geral 2x2=4s

Tempo perdido para pedestres:

Tempo de verde 5s

Tempo de vermelho intermitente 7s

Tempo de vermelho geral 2s

Tempo perdido total: 24s

Taxa de ocupação:

yMv1 0,098

yMv2 0,065

pMv1 0,122

pMv2 0,082

Tempo de ciclo: 29s

Tempo de verdes:

VMv1 10s*

VMv2 10s*

Tempo total de ciclo: 50s**

*Como o valor encontrado para os tempos de verdes foram menores do que o mínimo recomendo – 10s, o valor mínimo foi utilizado (CONTRAN, 2014b). **É recomendo que o ciclo seja sempre programado em múltiplos de cinco segundo, assim o valor encontrado de 49 segundos foi arredondado para 50, adicionando um segundo a mais no verde para os pedestres (CONTRAN, 2014b).

Fonte: Autor.

Page 83: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

82

Figura 49 - Diagrama de estágios e intervalos luminosos calculado para a 2ª Proposta.

Fonte: Autor.

4.3.4 Simulação

Utilizando a simulação construída para a primeira proposta como base foi

desenvolvido o modelo para a simulação da segunda proposta. As principais

mudanças foram: troca de sentido da Rua Floriano Peixoto, criação de um novo ponto

de entrada de veículos (Figura 50), alteração dos fluxos de entrada de veículos (P1 –

177 ucp/h, P8 – 118 ucp/h), criação do novo grupo focal, nova configuração do grupo

semafórico e a criação de uma nova área de controle de delay.

Figura 50 - Pontos de entrada de veículos e pedestres da simulação na segunda proposta.

Fonte: Autor.

A simulação foi executada da mesma forma que as anteriores, com 5 repetições

com chaves aleatórias e os resultados podem ser visualizados abaixo na Tabela 15 e

a simulação pode ser vista na Figura 51.

Page 84: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

83

Tabela 15 - Valores resultantes da simulação da segunda proposta

Veículos Pedestres

Mp1 Pedestres

Mp2

Número de veículos/pedestres (ucp/10min) 47,8 71,6 357,6

Delay médio (s) 15,5 8,7 2,3

Delay máximo encontrado(s) 42,1 38,0 24,5

Delay máximo calculado (s) 37,0 39,0 24,0

Delay acumulado (s) 1483,0 626,0 843,0

Fonte: Autor.

Figura 51 - Imagem da simulação da segunda proposta produzida no VISSIM.

Fonte: Autor.

Novamente os valores das contagens de veículos e pedestres da simulação

ficaram próximas dos valores pré-definidos como entrada no sistema, validando a

simulação. Quando comparamos os valores de delay máximo calculado com os

valores encontrados na simulação podemos perceber que o valor referente aos

veículos é superior, representando um tempo de semáforo insuficiente para que todos

os veículos da fila de carros passem em apenas um ciclo.

Como os valores utilizados para entrada de veículos foram arbitrados, uma

segunda simulação foi realizada utilizando o mesmo modelo e apenas aumentando o

volume de veículos proveniente de P1 para 298 ucp/h, representando um momento

de transição entre os sistemas, onde uma fatia de veículos que pretendia seguir reto

na Rua Floriano Peixoto teria que convergir para a Rua Doutor Bozano. Os resultados

dessa simulação podem ser conferidos na Tabela 16.

Page 85: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

84

Tabela 16 - Valores resultantes da simulação da segunda proposta com acréscimo de veículos provenientes de P1.

Veículos Pedestres

Mp1 Pedestres

Mp2

Número de veículos/pedestres (ucp/10min) 63 71,6 357,0

Delay médio (s) 22,3 8,9 2,4

Delay máximo encontrado(s) 55,9 37,8 24,5

Delay máximo calculado (s) 37,0 39,0 24,0

Delay acumulado (s) 2810,0 641,0 867,0

Fonte: Autor.

Analisando os máximos novamente é visível que o tempo de espera máximo

aumentou muito. Com esse resultado como base, foi feito uma análise cuidadosa da

animação e foi constatando que o tempo de verde para o semáforo do movimento Mv1

é insuficiente para o volume de tráfego. Assim, o ciclo apresentado na Figura 49 foi

alterado, acrescentando 5 segundos ao tempo de verde para os veículos de Mv1

resultando em um ciclo de 55 segundos de duração. O novo ciclo está apresentado

na Figura 52

Figura 52 – Novo diagrama de estágios e intervalos luminosos para a 2ª Proposta.

Fonte: Autor.

Com o novo ciclo semafórico definido, as simulações para as duas

configurações de fluxo foram processadas novamente e os resultados podem ser

visualizados na Tabela 17 e na Tabela 18.

Page 86: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

85

Tabela 17 - Valores resultantes da simulação da segunda proposta com a nova configuração semafórica e sem o acréscimo em P1.

Veículos Pedestres

Mp1 Pedestres

Mp2

Número de veículos/pedestres (ucp/10min) 47,6 73 359,8

Delay médio (s) 14,1 10,3 1,6

Delay máximo encontrado(s) 37,1 44,0 25,3

Delay máximo calculado (s) 42,0 44,0 29,0

Delay acumulado (s) 1339,0 758,0 562,0

Fonte: Autor.

Tabela 18 - Valores resultantes da simulação da segunda proposta com a nova configuração semafórica e com o acréscimo em P1.

Veículos Pedestres

Mp1 Pedestres

Mp2

Número de veículos/pedestres (ucp/10min) 62,8 73 359,8

Delay médio (s) 16,3 10,9 1,7

Delay máximo encontrado(s) 38,7 44,0 24,5

Delay máximo calculado (s) 42,0 44,0 29,0

Delay acumulado (s) 2042,0 793,0 601,0

Fonte: Autor.

Os novos valores de máximos obtidos na simulação estão dentro dos padrões

calculados, representando um funcionamento bom e estável do ciclo semafórico. O

delay total do cruzamento para a segunda proposta é de 4,4 horas de delay/horas para

o fluxo sem acréscimo no P1 e 5,7 horas de delay/horas. Esses valores serão

discutidos na próxima seção.

Page 87: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

86

4.4 COMPARAÇÃO

A primeira comparação a ser feita para as propostas é em relação ao Plano

Diretor de Mobilidade Urbana de Santa Maria. A situação atual permanece a mesma

desde que o plano foi aprovado, portanto, nada do que foi proposto foi aplicado

naquela área. A primeira proposta traz a implementação de uma nova faixa de

pedestres no local, priorizando o deslocamento de pedestres aos carros. Essa nova

implementação já apresenta relação com o PDMU, pois uma das diretrizes é a

melhora das travessias de pedestres na área interna das ZPPs.

Além da criação da nova faixa (Figura 43), a segunda proposta traz a alteração

do sentido da Rua Floriano Peixoto, deslocando o fluxo de veículos de passagem para

ruas de maior porte, como Rua Duque de Caxias ou Rua do Acampamento.

Novamente essa mudança segue em direção as diretrizes do PDMU, que propõem a

criação de vias exclusivas para pedestres nessas vias.

Com a criação da faixa – primeiro momento, e depois do tempo estendido para

pedestres que atravessam a Rua Floriano Peixoto – segundo momento, os projetos

resultam em uma área de maior segurança, conforto e eficiência para os pedestres.

Quando analisamos os resultados de delays máximos das simulações

percebemos que o tempo de espera do movimento mais intenso de pedestres reduziu.

Além disso, o tempo de espera médio do movimento Mp1 também diminuiu com a

progressão das propostas, representando um fluxo mais fluido em relação a situação

atual.

Analisando o delay total do sistema, apresentado na Figura 53, podemos

perceber uma redução do tempo total perdido na interseção. Esse ganho de tempo se

dá principalmente pela redução do tempo de espera dos pedestres que atravessam a

Rua Floriano Peixoto, movimento crítico do cruzamento ultrapassando o valor de 2000

pedestres por hora. O movimento de veículos acabou sendo afetado negativamente

com essas mudanças, aumentando o tempo de espera médio desse modal. Porém,

como o próprio PDMU afirma, toda área onde o ponto de estudo se localiza é uma

área de prioridade ao pedestre.

Page 88: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

87

Figura 53 - Delay total do sistema de cada proposta.

A utilização do software de simulação foi essencial para o desenvolvimento

desse trabalho, oferecendo ferramentas para testar e validar os cálculos de tempo de

semáforo, permitindo uma análise visual do comportamento do sistema.

Page 89: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

88

5 CONCLUSÃO

A partir da revisão bibliográfica realizada e análise dos dados coletados e

discutidos neste trabalho, concluiu-se que:

- A atual situação do cruzamento é crítica em relação ao conflito entre o fluxo

intenso de pedestres e o fluxo de veículos. Principalmente por não oferecer a

infraestrutura necessária para garantir a segurança dos pedestres, sendo

imprescindível a instalação de uma nova faixa de pedestres e alterações no conjunto

semafórico do local. Além das adições, é necessário a revitalização da sinalização e

a adequação da área de conflito no cruzamento (Figura 38).

- O fluxo de veículos é bem dividido, com valores próximos para os veículos

que seguem reto a Rua Floriano Peixoto e os que convergem para a Rua Doutor

Bozano. Além disso, o fluxo de veículos no local já está chegando ao limite da via,

como comprovado no cálculo do FHP do cruzamento. O Fluxo de pedestres do local

é intenso, com o maior número de travessias na Rua Floriano Peixoto.

- Com o levantamento de pedestres certos e errados, foi possível verificar a

desobediência dos usuários ao semáforo para pedestres e as faixas de pedestres

indicadas. Isso comprova a necessidade de alterações na infraestrutura do

cruzamento, tornando necessária a execução de soluções de engenharia para a

interseção.

- Foram feitas duas propostas para o cruzamento. A primeira é composta de

ações de curto prazo e fácil execução, sendo elas a criação de um novo local de

travessia e a reconfiguração do ciclo semafórico. A segunda é elaborada com ações

de maior impacto, tal como a troca de sentido da rua, sendo assim com o custo mais

elevado e de mais complexa implementação, um exemplo de ação é a alteração de

sentido de um trecho da Rua Floriano Peixoto. Ambas foram simuladas utilizando o

software VISSIM. Os resultados foram comparados com a simulação do cruzamento

atual e foi comprovada a eficiência tanto das propostas quanto do software como uma

ferramenta para esse tipo de análise.

Page 90: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIOTTI, P., Análise do padrão de comportamento de pedestres em

travessias semaforizadas. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegra, RS, 2006.

BARBOSA, B. R. Plano Viário e de trânsito para a cidade de Jaú. 2005. 138

p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes) – Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005.

BARCELÓ, J., Fundamentals of Traffic Simulation. Barcelona: Editora Springer, 2010.

BUENOS AIRES CIUDAD. Plan de movilidad sustentable para revalorizar

lascalles de Buenos Aires. Buenos AieresCiudad, 2016. Disponível em: <www.buenosaires.gob.ar>. Acesso em: 05 de setembro de 2017.

CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN. Manual Brasileiro de

Sinalização de Trânsito – Volume I: Sinalização Vertical de Regulamentação. Brasília: CONTRAN, 2007a.

CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN. Manual Brasileiro de

Sinalização de Trânsito – Volume II: Sinalização Vertical de Advertência. Brasília: CONTRAN, 2007b.

CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN. Manual Brasileiro de

Sinalização de Trânsito – Volume III: Sinalização Vertical de Indicação. Brasília: CONTRAN, 2014a.

CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN. Manual Brasileiro de

Sinalização de Trânsito – Volume IV: Sinalização Horizontal. Brasília: CONTRAN, 2007c.

CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN. Manual Brasileiro de

Sinalização de Trânsito – Volume V: Sinalização Semafórica. Brasília: CONTRAN, 2014b.

CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN. Resolução nº 495, de 5

de junho de 2014. Estabelece os padrões e critérios para a instalação de faixa elevada para travessia de pedestres em vias públicas. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 05 jun. 2014c.

CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN. Resolução nº 600, de 24

de maio de 2016. Estabelece os padrões e critérios para a instalação de ondulações transversal (lombada física) em vias públicas, disciplinada pelo parágrafo único do art. 94 do Código de Trânsito Brasileiro e proíbe a utilização de tachas, tachões e dispositivos similares implantados transversalmente a via pública. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 maio 2016.

Page 91: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

90

CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO PARANÁ – CREA-PR. Séries de Cadernos Técnicos da Agenda Parlamentar: Sistema Viário e Trânsito Urbano. Curitiba, 2016.

DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO DO RIO GRANDE DO SUL –

DETRAN-RS. Diagnóstico de Trânsito na Região Central. Porto Alegre, 2015. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES -

DNIT. Manual de projeto de interseções. Rio de Janeiro, 2005. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES -

DNIT. Manual de estudos de tráfego. Rio de Janeiro, 2006. FLORIDA DEPARTMENT OF TRANSPORTATION – FDOT. Traffic Analysis

Handbook: A Reference for Panning and Operations. Tallahassee, Florida, 2014. FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION – FHWA. Manual on Uniform

Traffic Control Devices for Streets and Highways. Washington, 2004. FERRAZ, A. C. P.; FORTES, F. Q.; SIMÕES, F. A., Engenharia de Tráfego

Urbano – Fundamentos práticos. EESC – SP, São Carlos, 1999.

HALLMANN, H. V., Comparação entre softwares Simuladores de Trânsito. 2011. 104 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciência da Computação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2011.

INSTITUTE OF TRANSPORTATION ENGINEERS – ITE. Traffic Engineering

Handbook. 6ª Ed. Washington, 2009. LEITE, J. G. M., Engenharia de Tráfego: métodos de pesquisa,

características de tráfego, interseções e sinais luminosos. 1ª Ed. 362 p. São Paulo: Editora Companhia de Engenharia de Tráfego-CET, 1980.

MINISTÉRIO DAS CIDADES. PlanMob – Construindo a Cidade Sustentável:

caderno de referência para elaboração de plano de mobilidade urbana. Brasília, DF, 2015.

NETO, J. C., Aplicação da Engenharia de Tráfego na Segurança dos

pedestres. 1996. 189 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS. Segurança de pedestres:

Manual de segurança viária para gestores e profissionais da área. Brasília, DF: OMS, 2013.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS. Relatório global sobre o

estado da segurança viária 2015. França, 2015. PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA - PMSM. Plano Diretor de

Mobilidade Urbana de Santa Maria: Relatório Técnico II. Santa Maria, 2013a.

Page 92: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

91

PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA - PMSM. Plano Diretor de

Mobilidade Urbana de Santa Maria: Relatório Técnico II. Santa Maria, 2013b. PTV AG, PTV Vissim 9 user manual. Karlsruhe, Germany, 2016. SLINN, M., Traffic Engineering Design: Principles and Practice. 2ª Ed. 227

p. Oxford: Editora Elsevier, 2005. VALENTE, A. M., Sistema de Transportes: apostila. Cetro Tecnológico,

Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, 2017. 298 f.

WEBERICH, B. R.; PRETTO, C. O.; CYBIS, H. B. B. Análise e simulação de

comportamentos de pedestres em momentos de travessia. Panam, 2012. WASHINGTON STATE DEPARTMENT OF TRANSPORTATION – WSDOT.

Protocol for VISSIM simulation. Washington, 2014.

Page 93: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

92

ANEXO A – FORMULÁRIO UTILIZADO PARA OS LEVANTAMENTO

Page 94: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

93

ANEXO B – CROQUI COM AS DIMENSÕES DO LOCAL

Page 95: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

94

ANEXO C – CROQUI DA SITUAÇÃO ATUAL DO LOCAL

Page 96: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

95

ANEXO D – CROQUI DA PRIMEIRA PROPOSTA PARA A INTERSEÇÃO

Page 97: Ivan Beuter Nazaroff - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_IVAN BEUTER... · 2018-03-06 · Segundo a OMS (2015), o número de acidentes envolvendo pedestres, que ocorrem

96

ANEXO E – CROQUI DA SEGUNDA PROPOSTA PARA A INTERSEÇÃO