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Jesus e a PolíticaJesus and PoliticsJésus et la Politiquepaulo rangel
paulo rangel
Jesus e a PolíticaReflexões de um mau samaRitano
Jesus and PoliticsReflections by a bad samaRitan
Jésus et la PolitiqueRéflexions d’un mauvais samaRitain
I love all your perfect imperfections
A meu pai
To my father
À mon père
+ edição Paulo Rangel, maio 2015
+ Tradução inglês luís feRRaz
+ Tradução Francês PhiliPPe atgé
+ aPoio gRuPo do PaRtido PoPulaR euRoPeu
+ design gráFico a.cRuz design studio
+ imPressão mineRva, aRtes gRáficas, 2015
+ número de exemPlares imPressos 4.000
+ isBn 00000000000
+ dePósiTo legal 00000000000
+ imagem Pietà (afteR delacRoix) vincent van gogh (1853 - 1890) saint-Rémy-de-PRovence, sePtembeR 1889 oil on canvas, 73 x 60.5 cm van gogh museum, amsteRdam (vincent van gogh foundation) s168v1962, f630
+ agradecimenTos esPeciais antónio cRuz, PedRo esteves, gonçalo villas-bôas, luís feRRaz, séveRine gRisaRd, maRta feRReiRa de caRvalho, PhiliPPe atgé
Jesus e a PolíticaReflexões de um mau samaRitanopaulo rangel
+ agRadecimento e aPResentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
+ PRólogo: PeRdido entRe os doutoRes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
+ método: leR e ReleR as naRRativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
+ aPRoximação Pela negativa: ausência de um “temPo maquiavélico” em Jesus . . . . . . . . . . . . 16
+ aPRoximação Pela negativa: ausência de um “esPaço aRistotélico” em Jesus . . . . . . . . . . . . 17
+ Jesus: um ensinamento que asPiRa à totalidade, mas não é total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
+ Jesus desPido de PRetensão ao PodeR: até o PodeR que o mata Reconhece a sua inocência Política . . . . . . . . . . . . 20
+ a sedutoRa tentação de vinculaR o ensinamento de Jesus a um PRogRama ou a uma agenda Política . . . . . . . . . . 22
+ um ensinamento que Recusa a fRactuRa ou segmentação social como alavanca Política . . . . . . . . . . . . 24
+ a Justiça de Jesus não é uma Justiça RedutoRamente social ou Política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
+ Jesus e a vocação/PRovocação da Recusa da Redução Política do seu ensinamento . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
+ PalavRas e cautelas finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
13
agradecimento e aPresentação
Começo por agradecer o convite para participar neste colóquio “Igreja
em Diálogo”, desta feita subordinado a um tema excruciante, ou melhor,
“crucificante” para qualquer orador: Quem foi (é) Jesus Cristo?
E para agradecer esse convite, só posso fazê-lo na pessoa do Padre
Anselmo Borges, a quem me ligam laços como ouvinte “interpelado” de
rádio, como leitor “desafiado” de crónicas e de livros, como participante
“atento” de festas, celebrações e outras “bodas de Canã” 1 , a que ele oca-
sionalmente presidiu.
Para mim, e mais não digo – por me parecer suficiente para dizer tudo –,
ele tem sabido ser, ele tem sido e ele é Igreja em Diálogo. Obrigado, Padre
Anselmo.
1 Jo 2, 1.
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
15
Prólogo: Perdido entre os doutores
Quando fui convidado para estar aqui, fiquei absolutamente surpreendido
e não compreendi a razão ou as razões do convite. Passados uns largos
meses e depois de genuinamente ter ensaiado várias tentativas de aproxi-
mação ao tema, ainda entendo menos que motivo ou motivos podem ter
estado por detrás de uma proposta tão intrigante.
Depois de muitas sessões de página em branco e de computador aberto,
às vezes até, e à moda antiga, de caneta em riste, verifiquei, com o vigor
próprio e amargo da experimentação, o que intuía e sentia já desde o
primeiro minuto… Falta-me saber teológico, falta-me saber histórico,
falta-me saber político e falta-me saber científico para vos falar deste tema,
para reflectir convosco sobre Jesus e a Política.
E como não possuo, pelo menos em doses que se aproximem do limiar
evangélico do “grão de mostarda” 2, a experiência de vida, a inspiração
poética ou a virtude da fé, não há maneira de compensar aquela evidente
míngua de conhecimento e de conhecimentos.
Chego, pois, aqui, nesta tarde de Sábado (o tal “Sábado que foi feito por
causa do Homem” 3), perdoe-se-me a comparação – que, espero, com a tole-
rância que apregoamos, todos percebam e relevem – chego aqui, dizia, como
um adolescente entre os doutores 4. Mas evidentemente sem a sabedoria,
sem a inteligência e sem a inspiração humana e divina do jovem Jesus.
2 Mt 17, 20.3 Mc 2, 27; Lc 6, 5.4 Lc 2, 41.
JESUS E A POLÍTICA
16
Ele que se espantou com a perplexidade de Maria e José, pois para Ele a
“roda dos doutores” era confortável e natural, ou não estivesse, como
repontou a sua Mãe, na casa do Seu Pai. Já no meu caso – n’ “o meu caso”,
para copiar a expressão de José Régio – que me desculpem os doutores da
lei e os profetas, mas sinto-me “desconfortado” e desorientado, como um
perdido dos ditos pais. Pais que aparentemente seguem na caravana que
desceu a Jerusalém para a Festa da Páscoa; caravana que entretanto, e ao
que suspeito, regressa já, com mais de um dia de viagem, à Galileia.
É, pois, neste intervalo, neste intermezzo, neste interim, em que espero
que me encontrem e me resgatem, que, consciente (eu) e conscientes (vós)
destas reservas e limitações, hei-de falar convosco sobre Jesus e a Política.
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
17
método: ler e reler as narrativas
Só entrevi então uma via metodológica de aproximação ao tema ou, pondo
as coisas em termos chãos, só entrevi então um caminho: voltar aos textos
fundacionais – aos quatro Evangelhos e apenas a eles. E, com a “liberdade”
que a ignorância permite – ou, dito de modo menos chocante e mais pru-
dente, com “aquela liberdade” que “só” a ignorância permite – perscrutar
neles, procurar neles os traços, os fios, os filamentos, os iluminadores e os
ilustradores da relação entre Jesus e a Política.
Este caminho ou este método – sinuoso, errático, viajante, na melhor das
hipóteses, casuístico ou indutivo – parece pôr em causa, logo à partida
e irremediavelmente, a possibilidade de alcançar uma “teoria geral” ou
“total” da relação entre Jesus e a Política. Ou, no mínimo, e mais modes-
tamente, de alcançar um esquiço de “teoria geral” ou um esboço ou arre-
medo de “interpretação” ou “compreensão global”.
“Em verdade, em verdade se diga” – para usar uma locução tantas vezes
(parece que 65 vezes) atribuída a Jesus 5 – esta impossibilidade de atingir
ou alcançar uma “teoria geral” nada tem de trágico e, bem ao contrário,
indicia, traduz ou revela um traço, uma qualidade, uma propriedade essen-
cial ou nuclear da relação de Jesus com a Política.
É que a relação de Jesus e da Sua mensagem com a política vem a ser, a
meu aviso, depois desta leitura, e, em especial, depois de uma reflexão
intencional sobre ela, uma relação de carácter fragmentado e fragmentá-
rio; uma relação fragmentária, intermitente, porosa e, por conseguinte,
“narrativamente” aberta.
5 Por exemplo, Jo 5, 19; Jo 5, 25.
JESUS E A POLÍTICA
18
aProximação Pela negativa: ausência de um “temPo maquiavélico” em Jesus
Ensaiando paradoxalmente uma visão geral ou uma “generalização”,
talvez das únicas – et pour cause, isto é, por força da própria textura do seu
enunciado –, talvez das únicas, portanto, que parece admissível inferir do
Jesus dos textos evangélicos, dir-se-á que é de recusar – e de recusar termi-
nantemente – uma leitura “conspirativa” dos Evangelhos, ou até uma lei-
tura “conspirativa” da personalidade de Jesus. Ou seja, o contacto directo
e imediato com os textos e com as suas sugestões, isolado dos enquadra-
mentos, das escolas e tradições hermenêuticas e até das galáxias narrativas
que hoje proliferam, não permite nem autoriza uma leitura “maquiavé-
lica” de Jesus, da Sua personalidade, da Sua mensagem e da Sua história.
Dito de outro modo, por mais carga ou lastro histórico, semântico e con-
textual que se queira trazer ao discurso e à “praxis” de Jesus, não se detecta
na Sua vida – tal como nos é narrada e para me socorrer de um conceito
que tem alguns pergaminhos na teoria política recente, mas a que aqui se
dá um sentido próprio e original –, não se vislumbra na vida de Jesus o
“momento maquiavélico”.
Significa isto ou acarreta isto um “fechamento” ou uma “imunização” de
Jesus à política e ao político? Não, logo veremos que não. Significa apenas e
tão-só – o que, apesar de tudo, não é pouco – que não há um momento – ou
se se preferir, para dar mais latitude e compreensibilidade ao conceito –,
não há um tempo específica, genuína e intencionalmente político em
Jesus.
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
19
aProximação Pela negativa: ausência de um “esPaço aristotélico” em Jesus
Esta ausência do momentum político deve ser lida no tríplice sentido da
raiz e do étimo latinos, não apenas na acepção de segmento do tempo e
da sua cadência, mas também no senso de “impulso/movimento” e de
“causa/motivo” – enfim, momentum como tempo, movimento e causa.
Esta ausência de momentum politicum não se projecta apenas na dimensão
maquiavélica, ainda que restritamente percebida, de conquista e preser-
vação do poder; mas estende-se, o que pode surpreender e porventura
desencantar e desapontar, à dimensão platónico-aristotélica da produção
de pensamento; de pensamento orientado à acção, seja primeiro filosofia,
seja já doutrina, seja finalmente ideologia.
Em poucas palavras, e do ponto de vista político, do ponto de vista cons-
titutivamente político, em Jesus não falha apenas o tempo maquiavé-
lico, falta também o espaço aristotélico. Eis o que aparece ou aparecerá a
muitos, designadamente da nossa geração, como um grande desaponta-
mento, quiçá motivo de escândalo.
Na verdade, muitos estarão disponíveis para aceitar que, em Jesus, tirando
a destrinça entre César e Deus 6 e a apartação entre o Reino e o Mundo,
não há maquiavelismo. Mas, antecipo, serão muito mais relapsos – senão
mesmo resistentes ou até insurgentes – a aderir à ideia de que em Jesus
não há mensagem política, roteiro de uma doutrina ou carta de marear de
uma ideologia.
6 Mt 22, 21; Mc 12, 17; Lc 20, 25.
JESUS E A POLÍTICA
20
Ninguém estranhará que se não compare Jesus a Péricles ou a Alexandre, a
Cícero ou a Júlio César, a Marco António ou a Octaviano. Mas alguns já não
compreenderão que não se lancem pontes, arcos, viadutos e túneis – com
mais ou menos engenho e engenharia – para Aristóteles ou para Platão,
para Adam Smith ou para Marx, para Sócrates ou para Gandhi. Que em
Jesus não haja a vertigem do poder – embora possa ter subsistido e emer-
gido a tentação – muitos admitirão, quiçá sem rebuço e até com alívio…
Mas que em Jesus não haja nem tenha havido a ousadia de um programa
temporal e o risco de um projecto social ou societal, isso, na idade fre-
mente e crepitante em que habitamos, já custa mais a crer e frustra e dói
e escandaliza!
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
21
Jesus: um ensinamento que asPira à totalidade, mas não é total
Evidentemente que assumir a ausência de um programa político de Jesus,
mesmo e até no plano doutrinal e ideológico, não significa que não haja
instantes e episódios políticos na vida, no exemplo, no discurso e no pen-
samento de Jesus. E, outrossim seguramente, múltiplas e profundas impli-
cações e refracções do discurso, das atitudes e do exemplo de Jesus na vida
e na actividade política.
Mas apresentam-se, insiste-se e repisa-se, como fragmentos, porosida-
des, intermitências: as aludidas “porosidades” para situar os pontos de
contacto no espaço ou as já mencionadas “intermitências” para inserir as
linhas de comunicação no tempo. O que não subsiste ali – diria mesmo,
para actualizar, para tornar actual: o que não subsiste aqui – é um pen-
samento total, ou menos ambiciosamente, um ensinamento total. Um
pensamento total ordenado à política. Um ensinamento total dirigido ao
político.
Há fragmentos, porosidades, intermitências políticas e politicamente rele-
vantes, mas não há pensamento ou ensinamento político, que se reivindi-
que da política ou do político.
E, desde logo, porque o ensinamento – para condensar numa expressão
cómoda e plástica a síntese de pensamento, vida, atitude, exemplo, carác-
ter – o ensinamento de Jesus, dizia, mergulha na radicalidade, mas não é
radical, aspira à totalidade, mas não é total.
JESUS E A POLÍTICA
22
Jesus desPido de Pretensão ao Poder: até o Poder que o mata reconhece a sua inocência Política
Que em Jesus não há um momento maquiavélico, no sentido da captura
do poder, antolha-se evidente no princípio vazado na resposta “O meu
Reino não é deste mundo” 7. E também e ainda nesse autêntico berço
ou pátria da laicidade que vem a ser a máxima, a um tempo reveladora
e desconcertante, “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” 8.
Qualquer que seja o sentido que se lhe impute – seja ele dirigido aos judeus
(em particular a fariseus, escribas e saduceus) ou seja ele direccionado aos
romanos (que também faziam a apologia da divindade do Imperador,
não distinguindo as duas esferas) –, a verdade é que destaca e aparta o
Reino de Deus de qualquer pretensão ou intenção política.
Poderia demais perguntar-se se, apesar de não haver uma intenção política
ou uma intenção ao poder, a detenção, o processo, a condenação e a execu-
ção de Jesus não congraçam e consubstanciam, ainda assim, um estatuto
político objectivo. O qual, diga-se en passant, poderia ser visto pelo poder
instituído, por força da deriva messiânica e da pregação do Reino de Deus
– um reino, portanto – como um projecto rival de conquista do poder. Ou
poderia ainda resultar, mais subtil e discretamente, dos efeitos populares
de um simples ideário programático ou ideológico, potencialmente agre-
gador e/ou mobilizador e criador de desconfortos e hostilidade para com
o poder instalado. Ou seja, a reacção do eixo de poder de Jerusalém – eixo
judaico-romano ou romano-judaico – poderia ter-se motivado tanto pela
aresta maquiavélica como pela esquina ideológica.
Na verdade, faz sentido perguntar: se não há estatuto político de Jesus,
a que título e com que fito pretende o poder instituído desembaraçar-
7 Jo 18, 36.8 Mc 12,17; Mt 22, 21; Lc 20, 25.
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
23
se d’Ele? E por que o faz no modo solene e aparentemente garantístico,
ainda que informal e sincopado, de um processo do tipo jurisdicional e
não o fez no modo expedito de uma prisão arbitrária seguida de execução
(à João Baptista) ou no modo encoberto e eficaz de um assassinato ou
desaparecimento? Com efeito, a via processual judicial, com a sua dialéc-
tica retórica e argumentativa e com a sua indução à publicidade, institucio-
naliza e politiza, mesmo no delito comum, os factos, as personalidades, as
relações e os conflitos presentes no processo, presentes ao processo. Pode
pois legitimamente perguntar-se: se não intercede a condição ou uma con-
dição política de Jesus, com que fundamento e propósito pretende o poder
instituído desembaraçar-se d’Ele?
A resposta que aqui deixo, de modo sumário e perfunctório, seguramente
insuficiente ante a complexidade do problema suscitado, encontra-se em
Lucas e na voz reiterada de Pilatos: “Não acho n’Ele culpa alguma” 9. Seja
qual seja a autenticidade ou a historicidade deste obiter dictum, deste dito
lateral ou acessório, ele espelha, simboliza e documenta o reconhecimento
pelo poder político formal da inocência de Jesus e, mais do que da inocên-
cia tout court, ele assinala a inocência política de Jesus.
Numa palavra e sem mais delongas, o poder sabe que não é ao poder que
Jesus vem, nem é ao poder que Jesus vai.
9 Lc 23, 4.
JESUS E A POLÍTICA
24
a sedutora tentação de vincular o ensinamento de Jesus a um Programa ou a uma agenda Política
Mais árduo e difícil – para não dizer, melindroso e delicado –, nos tempos
que correm e nas expectativas que a mensagem de Jesus cria e adensa,
é tentar demonstrar que o Seu ensinamento não contém um programa
político, uma doutrina, uma ideologia – enquanto tal e qualquer que ele
ou ela seja.
A tentação dos nossos dias entre os seguidores de Cristo, sejam os mais
“conservadores”, sejam os mais “progressistas”, é a de consignar um esta-
tuto político ao cristão – que de um ou de outro modo há-de filiar-se no
legado e reconduzir-se à pessoa do fundador: Jesus. Na verdade, embora
muitas vezes ferozmente divididos, “conservadores” e “progressistas” –
baptizemo-los assim por comodidade – são, feitas as contas, processado o
deve e o haver, os herdeiros de séculos de conúbio entre a religião e a polí-
tica. E carregam, ambas as correntes, no seu imaginário, nos seus anseios e
nas suas projecções as forças replicadoras desses genes.
Curiosamente, os denominados “progressistas”, sempre foram os que
mais tenazmente denunciaram essa associação perigosa da política com a
religião, ao menos, nos países oficial ou maioritariamente cristãos, como
uma espécie de “incarnação aggiornata do farisaísmo”. Esses mesmos
críticos vêm a ser afinal os que mais “enlevo” e mais “empenho” têm
posto numa leitura política da personalidade e do ensinamento de Jesus.
E, designadamente, têm-no feito por uma via programática e doutrinal,
vinculando o Jesus dos textos e o seu ensinamento ou “magistério” a uma
certa ideologia ou a um modelo político determinado, ou, no mínimo dos
mínimos, a uma dada “agenda política”.
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
25
um ensinamento que recusa a fractura ou segmentação social como alavanca Política
Tomemos um exemplo significativo que nos permita perceber porque
ponho em dúvida e ponho em crise a ideia da legitimidade da dedução de
uma dimensão política programática no ensinamento de Jesus.
É inquestionável a preocupação cardial de Jesus com os mais fracos, os
mais pobres, os mais desfavorecidos, os mais rejeitados, os mais excluídos.
Basta ler com olhos de ler as bem-aventuranças 1 0; mas a verdade é que não
há página dos Quatro Evangelhos em que esse traço do pensamento e da
vida de Jesus – essa prioridade absoluta à compaixão, enquanto paixão e
sofrimento com o outro, enquanto pati partilhado – não esteja presente.
Em todo o caso, arrancar desta asserção ou consciência para a definição, a
partir do legado de Jesus, de um programa político “socializante” ou até
para uma admissão do enfrentamento entre classes ou ordens sociais já
me parece, ao menos, aos meus cândidos olhos, uma inferência ilegítima.
Na verdade, Jesus não exclui ninguém e, por conseguinte, em momento
algum exclui ou afasta os ricos e os poderosos. Jesus não nega a ressur-
reição à filha de Jairo, Jairo que era um dos principais da sinagoga 11. Jesus
não nega à cura ao servo do centurião, que era um militar romano, pre-
suntivamente influente 12. Jesus come frequentes vezes em casa de gente
rica e/ou prestigiada na vida social daquele tempo – lembremos o convite
do fariseu Simão em que a pecadora lava os pés de Jesus e os enxuga com
os cabelos 13; a amizade com um judeu proeminente como Nicodemos 14;
10 Mt 5, 3-12.11 Mt 9, 18-26; Mc 5, 21-43; Lc 8, 40-56.12 Mt 8, 5-13; Lc 7, 1-10.13 Mt 26, 6-13; Mc 14, 3-9; Lc 7, 36-50; Jo 12, 4-9.14 Jo 3, 1-20; Jo 19, 38-40.
JESUS E A POLÍTICA
26
a relação com José de Arimateia que era membro do Sinédrio 15; a dispo-
sição de Jesus para ficar em casa de Zaqueu que era chefe dos publicanos 16
ou então o diálogo paciente e ilustrativo com o jovem rico 17.
A mensagem de Jesus, no plano religioso e étnico, não se circunscreve aos
judeus: abre-se aos samaritanos (seja o bom samaritano da parábola 18, seja
a pecadora de Sicar 19), estende-se ao centurião romano (que mostra mais
fé que qualquer homem em Israel) 20, alarga-se à mulher siro-fenícia que
pede para si as migalhas que caem da mesa 21 e alcança as cidades gentias
de Sídon e Tiro (por comparação com Corazim, Betsaida e Cafarnaum) 22.
De maneira paralela, a Sua mensagem não se circunscreve aos pobres e
excluídos, num sentido puramente económico ou social, mas antes se
orienta para todos sem excepção, mesmo os que têm uma vida mais fácil e
mais bem sucedida. Com efeito, não serão muitos deles, à luz dos critérios
de Jesus, verdadeiros enfermos, mais carecidos do Seu cuidado e atenção
do que os abandonados da sociedade?
Esta abrangência universal e englobante afasta, desde logo, uma qualquer
leitura programática que arranque de uma identidade de posicionamento
na escala social, económica, cultural ou outra. A proposta de Jesus dirige-
se a cada um deles e a cada um de nós – a todos, sem contemporizações
nem excepções e, por isso, não convive facilmente com a segmentação e o
fraccionamento que, por definição, alimenta a tensão política.
15 Jo 19, 38-40.16 Lc, 19, 1-10.17 Mt 19, 16-30; Mc 10, 17-31; Lc 18, 18-30.18 Lc 10, 30-37.19 Jo 4, 4-40.20 Mt 8, 5-13.21 Mt 15, 21-28.22 Lc 10, 13-16.
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
27
a Justiça de Jesus não é uma Justiça redutoramente social ou Política
Prosseguindo, e era aqui que queria chegar, não menos importante ou
relevante é perceber que os parâmetros e padrões do ensinamento de
Jesus – que constituem expressão última e primeira da sua personalidade
– casam mal com um programa que possamos apodar de “social” ou de
“socialmente equitativo” no sentido político, doutrinário ou até ideal-
mente filosófico do termo. Justamente, porque como se verá, as catego-
rias de Jesus transcendem a política, os seus parâmetros e os seus pólos de
tensão. Vejamos então.
Quando a viúva pobre lança apenas dois leptas no Tesouro e os outros
jogavam maiores somas de dinheiro, Jesus observa que ela faz muito
maior esforço do que todos os restantes 23. Ela dá tudo o que tem. E apesar
de aquele montante lhe fazer, a ela, ostensivamente falta, nós não ouvi-
mos Jesus afirmar – como exigiria uma ideia humana e contemporânea de
solidariedade e equidade político-social – que ela deveria estar dispensada
de dar e que porventura deveria ainda receber dos outros (ou dos cofres
públicos…).
Pensemos agora na parábola dos talentos 24. Acaso faz sentido, do ponto de
vista da conformação de uma política social, humanamente justa, conde-
nar aquele a quem foi confiado um único talento por o ter guardado e não
ter arriscado a sua dissipação? Ainda por cima quando tinha apenas um
talento? Se ele tivesse dois ou cinco, ainda poderia guardar algum e investir
os restantes, mas tendo-lhe sido confiado apenas um único… e que nem
sequer era dele… Que fosse admoestado, ainda “vá que não vá”…; agora
ser apelidado de servo inútil, mau e preguiçoso… não será demais? E como
23 Mc 12, 41-44; Lc 21, 1-4.24 Mt 25, 14-30; Lc 19, 17-27.
JESUS E A POLÍTICA
28
compreender, a esta luz, a afirmação final de que “ao que tem, dar-se-á e terá
em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado” 25 …?
Mas onde pára a solidariedade social de Jesus, se se tira ao que não tem?
E na mesma ou mais desconcertante senda, tomemos a parábola dos tra-
balhadores da vinha 26. Cada um chega a sua hora e é contratado em seu
tempo, mas ao fim, para pasmo dos ouvintes, todos recebem por igual.
Será isto espelho de uma doutrina social equilibrada, capaz de sedimen-
tar uma corrente política consequente? Que dizemos nós das reformas
milionárias, para as quais se descontou um ano, quando as comparamos
com as pensões de sobrevivência de quem descontou uma vida inteira e
agreste? Apesar da preocupação com os mais pobres e os mais excluídos,
poderá alicerçar-se nestes critérios e nesta visão a tão almejada dimensão
programática…?
Os exemplos podem multiplicar-se, quase como no milagre dos peixes e
dos pães… e estejamos cientes de uma coisa… no final sobejarão cestos
e cestos 27. Basta pensar na justiça paterno-filial do filho pródigo 28, no
conformismo da afirmação de que “pobres sempre tereis convosco” 29, na
aceitação do bálsamo ou de perfume caro derramado por Maria, irmã de
Lázaro, no recurso sistemático à imagem dos servos sem se rebelar expres-
samente contra a servidão…
O que estes episódios da vida e do pensamento de Jesus tornam transpa-
rente é que os seus critérios e parâmetros se situam num plano que não
é nem pode ser o da forja ardente de um programa ou ideário político.
Com efeito e na realidade, nada têm que ver com as exigências de orga-
25 Mt 25, 29-30; lc 19, 25.26 Mt 20, 1-16.27 Mt 14, 20; Mc 7, 43; Lc 9, 17; Jo 6, 13; Mc 8, 8; Mt 15, 37.28 Lc 15, 11-32.29 Mt 26, 11; Mc 14, 7; Jo 12, 8.
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
29
nização social, de perequação financeira, de justiça distributiva, próprias
da política e das suas demandas. Mas que, bem ao invés, se prendem com
categorias e padrões de conversão pessoal, de generosidade, de entrega e
gratuitidade, numa palavra, que aqui hoje ainda não me atrevi a usar, de
amor. Ora, dificilmente se pode estruturar uma opção política, com todo
o seu lastro e a sua inércia nessa força telúrica e vital dos humanos que é
o amor. A não ser que se queira falar, provocatoriamente, mas julgo que
sem consequência por evidente contradição nos termos, numa “política
do amor”… Essa é a de Jesus, mas não cabe nem quadra nas realidades e
transcendências de que estamos a tratar.
JESUS E A POLÍTICA
30
Jesus e a vocação/Provocação da recusa da redução Política do seu ensinamento
Este percurso, duro e sinuoso, não foi feito para negar a opção preferen-
cial pelos pobres, compreendidos no lato e generoso sentido que lhes dá
Jesus. Este calvário argumentativo não foi feito para negar a extraordinária
abertura de Jesus a todas as crenças e etnias, sem distinção. Esta incursão na
aridez das palavras e das abstracções não foi feita, reitere-se, para negar o
afloramento sistemático, quase psicadélico, de interacções com a política
no ensinamento de Jesus.
As lições a tirar da vida, do exemplo, da palavra, do gesto, do pensamento
de Jesus para a política e para a conduta dos políticos são tantas como as
estrelas do céu ou os grãos de areia da costa marítima. Nem vale a pena falar
do espírito de serviço, da humildade dos que exercem o poder, da ética
dos que administram o que não é seu, mas de todos. Mesmo em domínios
insuspeitos, como são os hoje actualíssimos reguengos da comunicação
política, própria das sociedades mediáticas, Jesus deixa orientações sobre o
balanço entre a verdade e a propaganda. E algumas lições sobre como falar
ao povo e, aspecto mais importante, como viver com o povo e para ele.
Este percurso foi feito para dizer que o Evangelho não contém um modelo
político, não integra um discurso total ou totalitário, determinista e con-
formista. Mas que, ao invés, está aberto a várias concepções do mundo e
da vida, dos humanos e do seu envolvimento. Jesus não decreta leis nem
assina panfletos, deixa à liberdade dos seus contemporâneos – que somos
todos nós: sim nós somos contemporâneos de Jesus – a possibilidade de
conformação política. Mais: dá-nos a chave para lidarmos com todo e qual-
quer regime político, sabendo como sabe, por experiência própria, que a
organização política é muitas vezes um dado pré-existente sobre o qual a
pessoa-indivíduo não consegue actuar.
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
31
E essa chave não é a de um discurso total, potencialmente totalitário: é a
de um discurso que aspira à totalidade. A aspiração à totalidade é a disposi-
ção inabalável para assumir as consequências das suas próprias convicções;
mas significa, do mesmo passo, a renúncia à sua imposição seja pela força,
seja pela persuasão forçada.
Este aspirar à totalidade é tão desafiante para a política e para os políticos,
que eles não vêem senão um único remédio: eliminar Aquele que é porta-
dor dessa mensagem que aspira à radicalidade. O grande drama do poder
político ante a mensagem cristã – ou melhor, ante a pessoa e a mensagem
de Jesus – é que esta não é um concorrente e não joga no mesmo domí-
nio ou no mesmo terreno. Insisto, pois aqui reside a centralidade desta
leitura que aqui partilho: a política não compreende Jesus, a política não
digere Jesus, a política não consegue aliciar nem recrutar Jesus. Mas intui
e pressente que a Sua aspiração à totalidade, a sua intenção à radicalidade
a ameaçam e põem em risco. O processo de Jesus visa politizá-lo, pren-
dê-lo nos grilhões das categorias da política e dos seus pólos de tensão,
mas a personalidade de Jesus e o seu “ensinamento” – como persisto em
chamá-lo – estão muito aquém e muito além desse desiderato e não se
deixam nem podem deixar aprisionar. Jesus não é ingénuo: é puro, des-
prendido e manso, mas não é ingénuo. E não Se deixou nem Se deixa cair
nas malhas da política. Não que veja a política como algo de necessaria-
mente mau, desprezível ou sujo; apenas que aquela radicada aspiração à
plenitude transcende e supera a limitação endógena dos quadros e termos
desse campo do humano.
O pior “inimigo” que o discurso político – que é, por natureza tenden-
cialmente total ou até totalitário, mesmo quando democrático – pode
encontrar é um discurso/ensinamento que, não sendo total, aspire à tota-
lidade, que não sendo pleno, almeje a plenitude, que não sendo radical,
vise a radicalidade. Neste sentido, Jesus não é político nem faz política,
JESUS E A POLÍTICA
32
mas não deixa de ser politicamente perturbador e politicamente rele-
vante. A política, mesmo quando marcada pelos valores da liberdade e da
democracia, há-de ser hostil a quem abala os seus padrões, interpela os
seus parâmetros, desconcerta as suas categorias, se põe ostensivamente
fora do seu campo de acção e influência. E Jesus e o Seu ensinamento estão
de tal maneira alheados dos limites quase físicos da política que represen-
tam um marco de “provocação à política”, de “provocação” política, de
“pro-vocação” política.
REFLEXÕES DE UM MAU SAMARITANO
33
Palavras e cautelas finais
Sei que para muitos que, à semelhança dos judeus do século I, esperam de
Jesus e dos Evangelhos uma redenção política, esta minha leitura é deveras
decepcionante. E para outros, que aguardavam a justificação teológica de
um minimalismo político, esta visão é militantemente ligeira e superficial.
É a leitura de um político que se reclama abusivamente dos cristãos (um
“cristão de cultura católica” – e não simplesmente um católico –, como
sempre me defino). Mas que – perdoe-se-me a intimidade da confissão,
pois falar de Jesus não nos pode deixar indiferentes ao vazio e ao vácuo das
nossas vidas – tem a consciência – nítida, “pesante“ e pesada – de que não
passa de um samaritano; de um daqueles para os quais também Jesus veio.
Mas de um samaritano que, ao contrário do homem justo da parábola, é
um mau samaritano, o mau samaritano.
Que estas reflexões tenham sido ouvidas e possam agora ser lidas à conta
e com desconto dessa essência e dessa circunstância de vida: foram tão-só
e apenas as reflexões de um mau samaritano.
Jesus and PoliticsReflections by a bad samaRitanpaulo rangel
+ PResentation and acknowledgements . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
+ PRologue: in the midst of the teacheRs . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
+ method: Read and ReRead the naRRatives . . . . . . . . . . . . . . . . 43
+ aPPRoach in the negative: absence of a “machiavellian time” in Jesus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
+ aPPRoach in the negative: absence of an “aRistotelic sPace” in Jesus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
+ Jesus: a teaching that attemPts to totality but which is not total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
+ Jesus stRiPPed of PRetension to PoweR: even the PoweR that kills him Recognizes his Political inocence . . . . . . 48
+ the sweet temPtation to link the teaching of Jesus to a Political PRogRam oR a Policy agenda . . . . . . . . . . . 50
+ a teaching that Refuses social divide oR social segmentation as a Political leveR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
+ the Righteousness of Jesus is not a Reductively social oR Political Justice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
+ Jesus and the vocation/PRovocation of the Refusal of a Political Reduction of his teaching . . . . . . . . . . . 55
+ final woRds and waRnings . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Reflections by a bad samaRitan
41
Presentation and acknowledgements
I would like to begin by expressing my thanks for the invitation to partici-
pate in this conference, “Church in Dialogue,” dedicated this time around
to a perilous, or rather, a bewildering subject for any speaker: Who was
(is) Jesus Christ?
To express my thanks, I must direct them to a certain person, namely
Father Anselmo Borges, to whom I am attached in many ways – to his
radio programs, as a devoted listener; to his writings, as an eager reader;
and, at feasts, celebrations, and other “weddings at Cana” 1 over which he
has presided, as an attentive fellow-worshipper.
For me (and this really suffices to say everything, so I shall not say
any more) he embodies the “Church in Dialogue”. Thank you, Father
Anselmo.
1 John 2:1.
Reflections by a bad samaRitan
43
Prologue: in the midst of the teachers
When invited to participate in this conference, I was absolutely surprised
and could not understand the reasons for the invitation. In the long time
since then, and despite my sincerest attempts at discovering these reasons,
I confess that I understand even less of the motives behind this intriguing
proposal.
After taking part in several sessions, whether clacking away at my laptop
or sitting, pen poised in the old-fashioned style, scribbling notes on paper,
I realized through these experiences what I had already sensed and sus-
pected from the start, namely that my knowledge of theology, of history,
of politics, and of other scientific disciplines is insufficient for me to muse
and expound for you upon this subject, “Jesus and Politics.”
Lacking as I do the life experience, the artistic inspiration, and the virtue
of faith, even in the modest size of a “mustard seed” 2, of which the Gos-
pels speak, it seems there is no way for me to supply or to ameliorate this
deficit of knowledge.
Therefore I stand here on this Saturday afternoon – a “Sabbath… made for
man” 3, as it were – like the child Jesus among the scholars and doctors of
the law 4. I hope this comparison will not scandalize you, but rather that
you will forgive its boldness in light of the tolerance we preach. To be sure,
I make no pretensions to the insightfulness or intelligence of the young
Jesus, nor either his human and divine inspiration.
2 Matthew 17:20.3 Mark 2:27; Luke 6:7.4 Luke 2:21.
Jesus and Politics
44
When they found him in the midst of the teachers, Jesus was amazed that
Mary and Joseph were perplexed. For him it was only natural to be in his
Father’s house, as he himself remarked. With regard to my own case, dear
scholars and doctors, I beg you to excuse me if I seem disoriented or out
of place, more like the bewildered parents than the youth to whom I have
just likened myself. But permit me now to say: Mary and Joseph brought
Jesus with them in the caravan going down to Jerusalem for the Feast of
Passover, and upon finding him, brought him home once more to Galilee,
a long distance off. In this interlude, this intermezzo, this interim – it is
here I hope myself to be found and rescued, with all of us, I being fully
aware of my limitations and reservations, as I shall speak about Jesus and
Politics.
Reflections by a bad samaRitan
45
method: read and re-read the narratives
I could only see one – yes, only one – methodology for approaching the
subject in plain language: to return to the foundational texts of the four
Christian Gospels, and these alone. And with the freedom which only
ignorance allows – or to use more considered and less shocking words –
with “that freedom which ‘only’ ignorance allows” – dig down into their
roots, search for the traces, the threads, the fine strands which illuminate
and illustrate the relation between Jesus and Politics.
This course or method – sinuous, erratic, wide-ranging, and at best, casu-
istic or inductive – seems to call into question, irremediably and from the
very outset, the possibility of achieving a total or general theory on the
relation between Jesus and Politics. Or at the very least, it seems to call
into question the more fundamental possibility of sketching a “general
theory” or drafting an ersatz interpretation or “global understanding”.
“ Truly, truly, I say to you” 5 – to borrow an expression placed on the lips
of Jesus (65 times, to be precise) – the impossibility of achieving a general
theory about the relation of Jesus and Politics is not tragic; quite the con-
trary, it suggests, it evinces, it indicates a quality or property essential to a
right understanding of this subject.
For the person of Jesus himself, and also his message about his relation with
politics, are, in my own way of seeing it after reflecting upon the Gospel
texts, fragmented, intermittent, porous, and as a result, narratively open.
5 E.g. John 5:19, 25.
Jesus and Politics
46
via negativa: the absence of a “machiavellian time” in Jesus
If we were to consider the general images or characterizations of Jesus
drawn from the texts of the Christian gospels, seeking to differentiate
between those which are acceptable and those which are not, one would
have to refuse – and refuse completely – a “conspiratorial” reading of
Jesus’ personality. What I mean is, direct and immediate contact with the
gospel text and its contents, as distinguished from the various framings
and interpretations given to the same by scholars and exegetes, does not
allow and does not countenance a “Machiavellian” reading of Jesus, His
personality, His message, and His history.
In other words, the desire – often great – to burden the life, deeds, and
preaching of Jesus with this or that historical, semantic, or contextual
baggage can not be gratified on the basis of the narration which has been
handed down to us. Making use of a concept which has gained ground in
political theory of late, but which I use here according to a distinct and
original meaning, there is not even the slightest trace of a “Machiavellian
moment” in Jesus’ life.
Does this mean Jesus has nothing to say about politics, or that politicians
have nothing to learn from Him? No, not at all, as we shall see further on.
What it means is only that there is no specific, genuine, and intentionally
political time in Jesus.
Reflections by a bad samaRitan
47
via negativa: the absence of an “aristotelian sPace” in Jesus
The absence of a political time in Jesus must be read in light of the word’s
threefold etymology, as referring not merely to a given interval, but in
broader the sense of the Latin word momentum, meaning an impulse or
movement as well as a cause or motif.
The absence of a momentum politicum does not mean merely the absence
of a Machiavellian dimension, consisting in its own restricted sense of
a drive for conquest and the preservation of power, but entails also the
surprising (or perhaps disenchanting or disappointing) consequence that
Jesus is not either a Platonic-Aristotelian think-tank, wherein thought in
the forms of philosophy, doctrine, or ideology is directed towards action.
In a word, from the viewpoint of politics, in Jesus we find neither the
Machiavellian time nor the Aristotelian space – a revelation which might
strike many (and which certainly strikes some) of our generation as a great
disappointment or even a cause for scandalized outrage.
True, many are willing to say there is no trace of Machiavellianism in
Jesus, except maybe to the extent that He distinguished between that
which is due to Caesar and that which is due to God 6, or again, between
the Kingdom of Heaven and the kingdom of this world. But I suspect
many more are unwilling to say there is no trace of a political message,
connected to some doctrine or ideology, to be found in Jesus.
6 Matthew 22:21; Mark 12:17; Luke 20:25.
Jesus and Politics
48
Because of this, it does not surprise me when someone draws connec-
tions between Jesus and Pericles or Alexander, Cicero or Julius Caesar,
Mark Antony or Octavian, or when someone displays tremendous inge-
nuity in constructing elaborate bridges, arches, flyovers, and tunnels in
order to connect Him with Aristotle or Plato, Adam Smith or Karl Marx,
Socrates or Gandhi. Though many happily say that Jesus did not lust for
power, even in spite of the devil’s temptations, it is difficult to say that in
Him was not the audacity of a temporal program or a plan for society. In
our own age, always thundering and fulminating about such projects, this
possibility challenges and frustrates one’s faith, it causes pain and doubt.
Reflections by a bad samaRitan
49
Jesus: a teaching aiming at totality, but which is not total
It is all the more obvious that if we wish to assume the absence of a polit-
ical program in Jesus, whether on a doctrinal or an ideological basis, that
this does not pose a hindrance to finding political insights and episodes in
His life, deeds, example, and preaching.
But these episodes are, as I have already said, fragments. They are like dots
separated by a great space but with no lines to connect them, no general or
systematic teaching to encompass them all and unite them into a coherent
body of thought. And so it happens that people constantly, almost inces-
santly, propose one or another political program as the interpretive key
for harmonizing or making sense of the disparate sayings of Jesus. But it
seems to me there is no “total teaching” of Jesus on politics, no absolute
program for the organization of political life, no step-by-step instruction
for politicians to follow.
There are indeed fragments of politically relevant material, true, but as far
as a conscious and comprehensive political doctrine is concerned, there is
none to be found. This is because the teaching of Jesus – if I might sum-
marize it in a rather convenient expression, together with His thought,
life, attitude, example, character, and all His other aspects – plunges into
radicality even when it is not radical and aspires to totality even when it
is not total.
Jesus and Politics
50
Jesus striPPed of Pretension to Power: even the Power that kills him recognizes his Political innocence
It is apparent that there is no “Machiavellian moment” in Jesus, if by that
one means the seizure and jealous preservation of power. This much
is seen from His answer to Pilate: “My kingdom is not of this world” 7.
It is seen also in another of His sayings, the true birthplace or fatherland
of secularism: “Render unto Caesar the things that are Caesar’s, and to
God, the things that are God’s” 8. One can ascribe many senses to these
words, or can consider them as directed to various hearers – whether the
scribes, Pharisees, and Saducees among the Jews, or the Romans, who
in divinizing the Emperor failed to distinguish adequately between the
worldly and heavenly spheres. Regardless, however, it is clear that Jesus
detaches and diverts the Kingdom of God from any political intention or
pretension.
Others might wonder if, in spite of the absence of a political intention or
a lust for power, the Passion of Jesus – His arrest, His interrogation, His
trial, His conviction, and His ultimate execution – nevertheless consti-
tutes or brings into being an objective political status. In a word: is the
apolitical Jesus politicized by the circumstances of His death? Let it be said
in passing that this line of thought could be taken by the powers-that-be
as a rival project to the conquest of power, perhaps in virtue of the mes-
sianic drift and the preaching of the Kingdom of God or, in more subtle
and discreet fashion, from the popular effects of a simple programmatic
or ideological compendium aimed at arousing and fomenting hostility to
entrenched power.
7 John 18:36.8 Matthew 22:21; Mark 12:17; Luke 20:25.
Reflections by a bad samaRitan
51
Actually, it makes sense to ask: If Jesus holds no political status, under
what pretenses and with what aim do the powers-that-be undertake to
dispose of Him? And why do they choose to do so through the solemn
means of a legal process, however perfunctory and abbreviated it may
have been? Why not select a more efficient means to the same end? Why
not an arbitrary arrest and summary execution, as in the case of John the
Baptist, or why not make Him simply “disappear”? Indeed, the juridical
procedural route, with its rhetorical and argumentative dialectic and its
publicity institutionalizes and politicizes, even in minor misdemeanors,
the facts, personalities, relationships, and conflicts present in the process
to such an extent that even the process itself is politicized. One could
therefore legitimately ask: if not because of His political condition, or an
aspect of politics in Him, on what grounds or for what cause do the pow-
ers-that-be undertake to dispose of Jesus?
My own answer, itself very perfunctory and inadequate to the problem
at hand, can be found in the iterations of Pilate: “I find no guilt in this
man” 9. Whatever the historicity or authenticity of this obiter dictum, this
accessory saying, it nevertheless reflects, symbolizes, and documents the
recognition by the formal political power of Jesus’ innocence, not only in
a legal sense, with respect to the charges against Him, but also politically.
In a word, the powers-that-be know it is not “to power” that Jesus comes,
nor “to power” that He goes.
9 Luke 23:4.
Jesus and Politics
52
the sweet temPtation to link the teaching of Jesus to a Political Program or Policy agenda
Considering the expectations created and deepened by Jesus’ message, in
our day and age, it is extremely difficult to try and demonstrate that His
teaching does not contain a political program, a doctrine, or an ideology
of some kind or another.
There is a temptation among the followers of Christ in our day and age, be
it the most “conservative” or the most “progressive,” to assign a political
status to Christians, a status which, in their own view, is linked with the
legacy and person of Jesus. In fact, though often fiercely divided, “conserv-
atives” and “progressives” – let us use these terms for expediency’s sake –
are the heirs of a centuries-old alliance between throne and altar, between
politics and religion. Both ideological strands carry the imagery, the long-
ings, the features, and the multiplier forces of their shared ancestry.
Interestingly, the so-called “progressives” have always been the ones to
most strenuously denounce the dangerous association of politics with
religion as a sort of “contemporary Pharisaism,” at least in countries
where Christianity has an official status or is the majority religion. But
these same critics have also ultimately put the most “rapture” and the
most “commitment” in the political reading of the personality and teach-
ing of Jesus. Specifically, they have been doing this through a program-
matic and doctrinal route, linking the texts of the Gospel – comprising the
magisterium of Jesus – to a certain ideology or a particular political model,
or at the very least, to a certain policy agenda.
Reflections by a bad samaRitan
53
a teaching that refuses social divide or social segmentation as a Political lever
Let us consider a significant example that will help understand why I
question the legitimacy of facilely ascribing a political dimension to the
teaching of Jesus.
There is no question that Jesus showed paramount concern for the weak,
the poor, the underprivileged, and those rejected by or excluded from
society. To see this, one need only look at the Beatitudes, though in truth,
there is not a single page in the four Gospels on which this characteristic
of His life and thought does not find expression – this assignment of abso-
lute priority to compassion for those experiencing suffering 1 0.
Now, to infer from this very clear example specific policy prescriptions –
for example, the necessity of social assistance programs – or to take it as
evidence of a confrontation, even a conflict, between social classes, seems
to me an illegitimate inference.
In fact, Jesus excludes no one, not even the wealthy or the powerful. He
did not refuse to raise up the daughter of Jairus, who was one of the most
prominent officials of the synagogue 1 1. Nor did he refuse to heal the serv-
ant of the centurion, who we can fairly presume was an influential Roman
soldier 12. He often ate at the homes of the wealthy and prestigious, too –
let us remember the invitation extended by the Pharisee Simon, at which
the sinful woman washed the feet of Jesus and dried them with her hair 13;
His friendship with other prominent Jews such as Nicodemus 14 and
10 Matthew 5:3-12.11 Matthew 9:18-26; Mark 5:21-43; Luke 8:40-56.12 Matthew 8:5-15; Luke 7:1-10.13 Matthew 26:6-13; Mark 14:3-9; Luke 7:36-50; John 12:4-9.14 John 3:1-20.
Jesus and Politics
54
Joseph of Arimathea, who was a member of the Sanhedrin 15; His staying
at the home of Zacchaeus, a chief tax collector 16; and of course His patient
and illustrative dialogue with the rich young man 17.
When framed in its religious and ethnic background, Jesus’ message is
clearly not confined to the Jews alone. It is open to the Samaritans (whether
the Good Samaritan from the parable 18 or the sinful one from Sychar ) 19,
the Romans (including the centurion, who showed greater faith than any
man from among the sons of Israel) 20, and the Syro-Phoenicians (including
the woman who asked even for the crumbs that fell from the table 21 to the
cities of Tyre and Sidon, which Jesus compared favorably with the cities of
Chorazin, Bethsaida, and Capernaum 22). In a parallel way, the message of
Jesus is not confined to the poor and excluded alone, whether in a purely
economic or social sense; rather, His message is directed to all without
exception, even to those who have a life that could be seen as easier or more
successful. Indeed, in light of Jesus’ criteria, aren’t these latter the real sick,
more in need of His care and attention than the marginalized among us?
This universal, comprehensive perspective rules out from the very begin-
ning the possibility of a programmatic reading of the life and teachings
of Jesus, based on an identity position in the social, economic, or cultural
scale. What Jesus proposed speaks to each and every one of us, to all of us,
without temporizations or exceptions; it therefore does not easily coex-
ist with that segmentation and fragmentation which, by definition, feeds
political tension.
15 John 19:38-40.16 Luke 19:1-10.17 Matthew 19:16-30; Mark 10:17-31; Luke 18:18-30.18 Luke 10:30-37.19 John 4:4-40.20 Matthew 8:5-13.21 Matthew 15:21-28.22 Luke 10:13-16.
Reflections by a bad samaRitan
55
the righteousness of Jesus is not a reductive social or Political Justice
And taking the same (or perhaps an even more confusing path), let us
consider the parable of the vineyard workers 23. Each worker arrives in
his own time and each one gets hired in his own time, but at last, to the
astonishment of all, the workers are all paid equally. Is that a mirror of a
balanced social doctrine? Can that provide the basis for meaningful policy
in the present day? What lessons should we draw from this parable in
connection with pension policy, when some pensioners have contributed
only for a year and others have contributed over the course of a lifetime
of arduous work? Despite concerns about the poorest and the most mar-
ginalized, may we construct a policy agenda on the basis of such parables
as these?
Examples could be multiplied, almost like the miracle of the five loaves
and two fish, but be aware of one thing: there will be leftovers in the end 24.
Just think of the paternal-filial justice in the parable of the prodigal son 25,
or the statement that “the poor you will always have with you” 26, or
Jesus’ acceptance of having His feet anointed with balm or expensive per-
fume by Mary, the sister of Lazarus, or even His systematic use of servant
imagery without expressly calling for rebellion against servitude.
What these episodes from the life and teachings of Jesus make clear is that
their criteria and parameters lie in a plane that is not, and indeed cannot
be, the fiery forge of a political program or ideology. In fact, this has little
to do with the demands of social organization, of financial equalization
and distributive justice, which constitute the basic demands at the heart
23 Matthew 20:1-16.24 Matthew, 14:20, 15:37; Mark 7:43, 8:8; Luke 9:17; John 6:13.25 Luke 15:11-32.26 Matthew 26:11, Mark 14:7; John 12:8.
Jesus and Politics
56
of politics. Quite to the contrary, those episodes relate to categories and
standards of personal conversion, generosity, dedication and gratuity – in
a word, one which I have not thus far dared to use, love. But it is difficult
to structure a policy option, with all its gravity and inertia, on the basis
of this telluric and vital human force. Unless, of course, one wants to talk
about a “policy of love.” That is Jesus’ policy, but it does not fit the realities
we are now considering, nor does it suffice to frame them ideologically.
Reflections by a bad samaRitan
57
Jesus and the (Pro-)vocation of the refusal of a Political reduction of his teaching
This long and circuitous route was not intended to deny the preferential
option for the poor, as understood in its broadest and most generous sense,
for which Jesus Himself allowed. This argumentative ordeal was not meant
to deny the extraordinary openness of Jesus to all faiths and ethnicities
without distinction. This foray into the dryness of terms and abstractions
has not been made in order to deny the almost psychedelic, systematic
cropping up of interactions between politics and the teachings of Jesus.
The words and deeds of Jesus can provide countless insights for con-
structing policies and conducting public affairs – as countless as the stars
of night or the grains of sand on the seashore. There are other lessons,
too – lessons on the spirit of service, on the humility required of those
who wield power, on the ethics of administering that which is not yours
to keep, but is rather held in trust for all. Even in unsuspected areas, such
as political communication in an age of mass media, there are still some
lessons, for example, on the balance of truth and propaganda, or how to
talk to people, or still more importantly, how to live with and for others.
This route was chosen in order to say that the Gospel does not contain
a political model and it does not incorporate a total, all-encompassing,
deterministic or conformist discourse. Instead, it is open to various con-
ceptions of the world, of life, of humans and their activities. Jesus does
not decree laws. He does not scribble pamphlets. Rather, He concedes the
task of configuring political life to His contemporaries. And really, aren’t
we also His contemporaries, you and I and all of us? The route we have
chosen also gives us the key to dealing with any and all political regimes,
with the awareness gained from experience that political organization is
often a pre-existing datum on which the individual person cannot act.
Jesus and Politics
58
And this key is not that of a total or a totalitarian discourse, which is to
say, one aspiring to totality. Such an aspiration is really the unwavering
willingness to accept the consequences of one’s own convictions while
at the same time renouncing the imposition of these convictions upon
others, either by force or forced persuasion.
This totality is so challenging for politics and politicians, who can only see
one remedy for it: eliminate whoever (or should we say, Whoever) car-
ries the message aspiring to radicalism. The great drama of political power
confronting the Christian message – or rather, before the person and mes-
sage of Jesus – is that He is not a competitor and does not play in the same
field or on the same grounds. I would like to stress as a central part of this
discourse: politics cannot comprise Jesus, nor can they digest Him, nor
inveigle or recruit Him. But politics can perceive and sense that His aspi-
ration to totality, His radical intention, poses some danger and threat to
its domain. The process aims to politicize Jesus, to hold Him in the bonds
of the political categories, between its poles of tension, but the person-
ality of Jesus and His “teaching,” as I insist on calling it, are at a single
moment well short and far beyond this aim; they are not, they cannot
be held in bondage. Jesus is not naïve. He is pure, yes, and gentle, but He
is not naïve. He did not fall into the political trap. But neither did He see
politics as something necessarily bad, as something despicable and dirty;
rather, He saw that the deeply-rooted desire for plenitude transcends and
surpasses the feeble constraints and frameworks which characterize that
field of human activity.
Even when democratic, political discourse always tends at least towards
totality or even totalitarianism. Thus, the worst “enemy” it can find is a
speech or teaching that, while not total, still aspires to totality; one that,
while not full, desires fullness; one that, while not radical, aims at radi-
cality. In this sense, Jesus is not political nor a maker of policy, but even
Reflections by a bad samaRitan
59
so, He remains politically disruptive and politically relevant. Politics,
even when marked by the values of freedom and democracy, is hostile to
anyone who shares its standards, questions its parameters, challenges its
categories, or appears to step beyond his or her own proper field of action
and influence. Jesus and His teachings are so far removed form the almost
physical limits of politics that they represent a cornerstone of “political
provocation” or “provocation to politics.”
Jesus and Politics
60
final words and warnings
I know that many, like the Jews of the first century, expect a kind of polit-
ical redemption out of Jesus and the Gospels. I fear my discourse has been
disappointing for such people, just as it must seem militantly superficial
to those who expect the converse theological justification of political
minimalism.
All this comes from a politician who perhaps too often refers to himself
as a Christian (I have always considered myself as not merely a Catholic,
but as a “Christian of Catholic culture”)! Please forgive this intimate con-
fession, however, since talking about Jesus cannot leave us indifferent to
the emptiness and void in our own lives. I am very conscious, with my
weighted and weighty conscience, that I am but a Samaritan, one of those
for whom Jesus came, even though I am not as exemplary as the Samari-
tan of the parable – a “bad Samaritan,” as it were.
May these reflections be read in consideration of these said life circum-
stances, and if needs be, let their estimation be adjusted accordingly: they
are nothing but the reflections of a bad Samaritan.
Jésus et la PolitiqueRéflexions d’un mauvais samaRitainpaulo rangel
+ RemeRciement et PRésentation . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
+ PRologue: comme PeRdu PaRmi les docteuRs . . . . . . . . . . . . . . 67
+ méthode: la lectuRe et la RelectuRe des Récits . . . . . . . . . . . . 69
+ aPPRoche aPoPhatique: l’absence d’un “temPs machiavélien” chez Jésus . . . . . . . . . . . 70
+ aPPRoche aPoPhatique: l’absence d’un “esPace aRistotélicien” chez Jésus . . . . . . . . . . 71
+ Jésus: un enseignement qui asPiRe à la totalité, mais qui n’est Pas total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
+ Jésus dévêtu de toute PRétention au PouvoiR: même le PouvoiR qui le tue ReconnaÎt son innocence Politique . . . . . . . 74
+ la séductRice tentation de lieR l’enseignement de Jésus à un PRogRamme ou à un agenda Politique . . . . . . . . . 76
+ un enseignement qui Refuse la fRactuRe ou la segmentation sociale comme levieR Politique . . . . . . . . . 77
+ la Justice de Jésus n’est Pas une Justice Réductiblement sociale ou Politique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
+ Jésus et la vocation/ PRovocation du Refus de la Réduction Politique de son enseignement . . . . . . . . . . . . 82
+ mots de fin et PRécautions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Réflexions d’un mauvais samaRitain
67
remerciement et Présentation
J’aimerais commencer par vous remercier de l’invitation qui m’a été faite
de participer à ce colloque “l’Église en Dialogue”, cette fois-ci soumis à
un thème atroce, ou plutôt, “crucifiant” pour tout orateur: Qui fut (est)
Jésus Christ?
Et cela, je ne peux le faire qu’au travers de la personne du Père Anselmo
Borges, à qui des liens d’auditeur “interpelé” de radio, de lecteur
“éprouvé” de chroniques et de livres, de participant “attentif” de fêtes,
célébrations et autres “noces de Cana” 1, ce à quoi il présida occasionnel-
lement, me lient.
À mon semblant, et je n’en dirai pas davantage – car cela me paraît être
plus que suffisant pour tout dire –, il a su être, il a été et il est l’Église en
Dialogue. Merci Père Anselmo.
Jn 2, 1.
Réflexions d’un mauvais samaRitain
69
Prologue: comme Perdu Parmi les docteurs
Lorsque je fus invité à venir ici, je restai tout à fait surpris et ne compris
la ou les raisons de l’invitation. Après de longs mois et diverses réelles
tentatives d’approche au thème, je comprends encore moins quel ou quels
motifs ont pu être derrière une proposition aussi intrigante.
Après de nombreuses heures passées devant des pages blanches et un
écran d’ordinateur allumé, et parfois même, à la mode d’antan, stylo à
la main, je vérifiai, avec la force propre et amère de l’expérience, ce que
j’intuitais et ressentais déjà depuis la première minute… Je manque de
connaissances théologiques, historiques, politiques et scientifiques pour
vous parler de ce thème, pour réfléchir avec vous sur le thème de Jésus et
la Politique.
Et comme je ne possède pas, tout du moins dans des proportions se rap-
prochant du seuil évangélique de la “graine de moutarde” 2, l’expérience
de vie, l’inspiration poétique ou la vertu de la foi, il n’y a pas moyen de
compenser cet évident manque de connaissances.
J’arrive, donc, ici, en cette après-midi de samedi (ce “Samedi qui fut fait
à cause de l’Homme” 3), l’on me pardonnera la comparaison –, j’espère,
qu’avec la tolérance que nous prêchons, tous comprennent et relèvent –
j’arrive ici, disais-je, comme un adolescent parmi les docteurs 4. Mais bien
sûr sans la connaissance, sans l’intelligence et sans l’inspiration humaine
et divine du jeune Jésus.
2 Mt 17, 20.3 Mc 2, 27; Lc 6, 5. 4 Lc 2, 41.
Jésus et la Politique
70
Lui qui s’étonna de la perplexité de Marie et de Joseph, quand évidemment
pour Lui le “cercle des docteurs” était confortable et naturel, n’était-il pas,
comme il le rétorqua à sa Mère, chez son Père? Dans mon cas – dans “mon
cas”, pour copier l’expression de José Régio – que me pardonnent les
docteurs de la loi et les prophètes, mais je me sens “inconforté” et déso-
rienté, comme un enfant perdu des dits parents. Parents qui apparemment
suivent dans la caravane qui descendit à Jérusalem pour la fête de Pâques;
caravane qui entretemps, et à ce que je soupçonne, revient déjà, avec un
jour de voyage en plus, en Galilée.
C’est, donc, dans cet intervalle, dans cet entremet, dans cet intérim, dans
lequel j’espère que vous me trouviez et me sauviez, que, conscient (moi)
et conscients (vous) de ces réserves et limitations, je parlerai avec vous du
thème Jésus et la Politique.
Réflexions d’un mauvais samaRitain
71
méthode: la lecture et la relecture des récits
J’entrevis alors uniquement une voie méthodologique d’approche au
thème ou, mettant les choses en termes plus terre à terre, j’entrevis alors
un seul chemin: revenir aux textes fondateurs – aux quatre Évangiles et
uniquement à eux. Et avec la “liberté” que l’ignorance permet – ou, dit
d’une façon moins abrupte et plus prudente, avec “cette liberté” que
“seule” l’ignorance permet – de percevoir en eux, rechercher en eux les
traits, les fils, les filaments, les illuminateurs et les illustrateurs de la rela-
tion entre Jésus et la Politique.
Ce chemin ou cette méthode – sinueux, erratique, voyageant, dans la meil-
leure des hypothèses, casuistique ou inductif – paraît remettre en cause,
dès le départ et irrémédiablement, la possibilité de parvenir à une “théo-
rie générale” ou “totale” de la relation entre Jésus et la Politique. Ou, au
moins, et plus modestement, parvenir à un aperçu de “théorie générale”
ou à une ébauche ou à un semblant “d’interprétation” ou de “compréhen-
sion globale”.
“En vérité, en vérité soit dit” – pour utiliser une locution tant de fois
(parait-il 65 fois) attribuée à Jésus 5 – cette impossibilité d’atteindre ou de
parvenir à une “théorie générale” n’a rien de tragique et, bien au contraire,
indique, traduit ou révèle un trait, une qualité, une propriété essentielle
ou nucléaire de la relation entre Jésus et la Politique.
C’est que la relation de Jésus et de Son message avec la politique vient à
être, à mon avis, après cette lecture, et, en particulier, après une réflexion
intentionnelle sur elle, une révélation du caractère fragmenté et fragmen-
taire; une relation fragmentaire, intermittente, poreuse et, par consé-
quent, “narrativement” ouverte.
5 Jn 5, 19; Jn 5, 25.
Jésus et la Politique
72
aPProche aPoPhatique: l’absence d’un “temPs machiavélien” chez Jésus
M’essayant paradoxalement à une vision générale ou une “généralisation”,
peut être des seules – et pour cause, à savoir, par force de la propre texture
de son énoncé –, peut-être des seules, donc, qui paraisse admissible inférer
du Jésus des textes évangéliques, l’on dira qu’il est de refuser, et de refu-
ser strictement – une lecture “conspirative” des Évangiles, ou ne serait-ce
même une lecture “conspirative” de la personnalité de Jésus. C’est-à-dire,
le contact direct et immédiat avec les textes et avec ses suggestions, isolé
des encadrements, des écoles et des traditions herméneutiques ou même
des galaxies narratives qui prolifèrent aujourd’hui, ne permet ni n’autorise
une lecture “machiavélienne” de Jésus, de Sa personnalité, de Son message
et de Son histoire.
Dit d’une autre façon, pour plus de charge ou de ballast historique, séman-
tique et contextuel que l’on veuille apporter au discours et à la “praxis”
de Jésus, l’on ne détecte pas dans Sa vie – telle qu’elle nous est racontée
et pour me sauver d’un concept qu’ont certains parchemins en théorie
politique récente, mais ce à quoi l’on donne ici un sens propre et original –,
l’on ne perçoit pas dans la vie de Jésus le “moment machiavélien”.
Cela signifie-t-il ou cela amène-t-il à une “fermeture” ou à une “immu-
nisation” de Jésus à la politique et au politique ? Non, nous verrons plus
tard que non. Cela signifie juste et uniquement – ce qui, en dépit de tout,
n’est pas peu – qu’il n’y a pas un moment – ou si l’on préfère, pour donner
plus de latitude de compréhensibilité au concept –, il n’y a pas de temps
spécifiquement, réellement et intentionnellement politique chez Jésus.
Réflexions d’un mauvais samaRitain
73
aPProche aPoPhatique: l’absence d’un “esPace aristotélicien” chez Jésus
Cette absence du momentum politicum doit être lue dans le triple sens de
la racine et de l’étymologie latines, non seulement dans le sens de segment
du temps et de sa cadence, mais également dans le sens d’ “impulsion/
mouvement” et de “cause/motif” – enfin, momentum comme temps,
mouvement et cause.
Cette absence de momentum politicum ne se reflète pas seulement dans
la dimension machiavélienne , comprise dans un sens strict, de conquête
et de préservation du pouvoir; mais s’étend, ce qui peut surprendre et
peut-être même désenchanter et désappointer, à la dimension platoni-
co-aristotélicienne de la production de pensée; de la pensée orientée vers
l’action, qu’elle soit d’abord philosophique, déjà doctrinaire, ou finalement
idéologique.
En quelques mots, et du point de vue politique, du point de vue constitu-
tivement politique, chez Jésus ne manquera-t-il pas seulement le temps
machiavélien, mais également l’espace aristotélicien. C’est ce qui apparaît
ou apparaîtra à beaucoup, à savoir de notre génération, comme un grand
désappointement, qui sait peut-être même un motif de scandale.
En réalité, beaucoup seront prêts à accepter qu’en Jésus, à l’exception de
la distinction entre César et Dieu 6 et la séparation entre le Royaume et le
Monde, il n’y ait pas de machiavélisme. Mais, j’anticipe, ils seront beau-
coup plus réticents – sinon même résistants ou même insurgés – à adhérer
à l’idée qu’il n’y ait pas chez Jésus de message politique, de guide d’une
doctrine ou de boussole idéologique.
6 Mt 22, 21; Mc 12, 17; Lc 20, 25.
Jésus et la Politique
74
Personne ne trouvera étrange que l’on ne compare pas Jésus à Périclès ou
à Alexandre, à Cicéron ou à Jules César, à Marc Antoine ou à Octavien.
Mais certains ne comprendront plus que l’on ne lance pas des ponts,
des arches, des viaducs et des tunnels, avec plus ou moins d’ingéniosité
et d’ingénierie – vers Aristote ou vers Platon, vers Adam Smith ou vers
Marx, vers Socrate ou vers Gandhi. Qu’en Jésus il n’y ait pas le vertige du
pouvoir – bien qu’il puisse avoir existé et émergé la tentation – beaucoup
admireront, qui sait honnêtement et peut-être même avec soulagement…
Mais qu’en Jésus il n’y ait pas et n’ait jamais eu l’audace d’un programme
temporel et le risque d’un projet social ou sociétal, ça, à l’âge frémissant
et crépitant dans lequel nous vivons, est déjà plus difficile à croire et ça
frustre et ça blesse et ça scandalise !
Réflexions d’un mauvais samaRitain
75
Jésus: un enseignement qui asPire à la totalité, mais qui n’est Pas total
Évidemment qu’assumer l’absence d’un programme politique de Jésus,
même sur le plan doctrinaire et idéologique, ne signifie pas qu’il n’y ait
pas d’instants et d’épisodes politiques dans la vie, dans l’exemple, dans
le discours et dans la pensée de Jésus. Et, aussi sûrement, de multiples
et profondes implications et réfractions du discours, des attitudes et de
l’exemple de Jésus dans la vie et dans l’activité politique.
Mais ils se présentent, insistons-y et persistons-y, comme fragments,
porosités, intermittences: les “porosités” auxquelles l’on a fait allusion
pour situer les points de contact dans l’espace ou les déjà mentionnées
“intermittences” pour insérer les lignes de communication dans le temps.
Ce qui n’existe pas là-bas – je dirais même, pour actualiser, pour le rendre
actuel: ce qui n’existe pas ici – est une pensée totale, ou de manière moins
ambitieuse, un enseignement total. Une pensée totale ordonnancée à la
politique. Un enseignement total dirigé au politique.
Il y a des fragments, des porosités, des intermittences politiques et politi-
quement pertinentes, mais il n’y a pas de pensée ou d’enseignement poli-
tique, qui se revendique de la politique ou du politique.
Et, dès lors, parce que l’enseignement – pour condenser dans une expres-
sion commode et plastique la synthèse de la pensée, de la vie, de l’attitude,
de l’exemple, du caractère – l’enseignement de Jésus, disais-je, plonge dans
la radicalité, mais n’est pas radical, aspire à la totalité, mais n’est pas total.
Jésus et la Politique
76
Jésus dévêtu de Prétention au Pouvoir: même le Pouvoir qui le tue reconnaÎt son innocence Politique
Que chez Jésus, il n’y ait pas de moment machiavélien, dans le sens de la
conquête du pouvoir, semble évident dans le principe vaseux de la réponse
“Mon Royaume n’est pas de ce monde” 7. Et aussi et encore dans cet
authentique berceau ou patrie de la laïcité qui vient à être la maxime, à un
temps révélateur et déconcertant, “à César ce qui est à César et à Dieu ce qui
est à Dieu” 8. Quel que soit le sens qu’on lui impute – qu’il soit dirigé aux
Juifs (en particulier aux pharisiens, aux scribes et aux sadducéens) ou aux
Romains (qui faisaient eux aussi l’apologie de la divinité de l’Empereur, ne
distinguant pas les deux sphères) –, la vérité est qu’il détache et sépare le
Royaume de Dieu de quelconque prétention ou intention politique.
L’on pourrait de plus se demander si, en dépit de ne pas avoir une inten-
tion politique ou une intention au pouvoir, la détention, le procès, la
condamnation et l’exécution de Jésus ne consacrent pas et ne sont pas
consubstantiels, toutefois, à un statut politique objectif. Lequel, soit dit
en passant, pourrait être vu par le pouvoir institué, par force de la dérive
messianique et de la prédication du Royaume de Dieu – un royaume, donc
– comme un projet rival de conquête du pouvoir. Ou encore pourrait en
résulter, plus subtilement et discrètement, des conséquences populaires
d’un simple ensemble d’idées programmatique ou idéologique, potentiel-
lement agrégateur et/ou mobilisateur et créateur de déconfort et d’hosti-
lité envers le pouvoir installé. C’est-à-dire, la réaction de l’axe du pouvoir
de Jérusalem – axe judaïco-romain ou romano-judaïque – pourrait avoir
été motivé tant par l’arête machiavélienne comme par le coin idéologique.
7 Jn 18, 36.8 Mc 12, 17; Mt 22, 21; Lc 20, 25.
Réflexions d’un mauvais samaRitain
77
En réalité, il est logique de se demander: s’il n’y a pas de statut politique
de Jésus, à quel titre et à quelle fin prétend le pouvoir institué se débarras-
ser de Lui ? Et parce qu’il le fait d’une façon solennelle et apparemment
offrant de grandes garanties, encore qu’informel et syncopé, d’un procès
de type juridictionnel et ne le fit pas d’une façon expéditive par une prison
arbitraire suivie d’exécution (à la Jean Baptiste) ou à la façon dissimulée et
efficace d’un assassinat ou d’une disparition. En effet, la voie processuelle
judiciaire, avec sa dialectique rhétorique et argumentative et avec son
induction à la publicité, institutionnalise et politise, même dans le délit
commun, les faits, les personnalités, les relations et les conflits présents
dans le procès, présents au procès. L’on peut légitimement se demander:
s’il n’intercède pas la condition ou la condition politique de Jésus, avec
quel fondement et but prétend le pouvoir institué se débarrasser de Lui ?
La réponse que je laisse ici, de manière sommaire et réduite, sûrement
insuffisante devant la complexité du problème suscité, se trouve chez Luc
et dans la voix réitérée de Ponce Pilate: “Je ne trouve aucun crime en Lui” 9.
Quel que soit l’authenticité ou l’historicité de cet obiter dictum, de ce dire
latéral ou accessoire, il reflète, symbolise et documente la reconnaissance
par le pouvoir politique formel de l’innocence de Jésus et, plus que de l’in-
nocence tout court, il signale l’innocence politique de Jésus.
En un mot et sans plus tarder, le pouvoir sait que Jésus ne vient pas vers le
pouvoir, comme ce n’est pas au pouvoir que Jésus va.
9 Lc 23, 4.
Jésus et la Politique
78
la séductrice tentation de lier l’enseignement de Jésus à un Programme ou à un agenda Politique
Plus ardu et difficile – pour ne pas dire, complexe et délicat –, dans les
temps qui courent et dans les attentes que le message de Jésus crée et accu-
mule, est d’essayer de démontrer que Son enseignement ne contient pas
un programme politique, une doctrine, une idéologie – en tant que tel et
quel qu’il ou elle soit.
La tentation de nos jours parmi les disciples du Christ, que ce soit les
plus “conservateurs”, ou les plus “progressistes”, est celle de consigner
un statut politique au chrétien – que d’une façon ou d’une autre il doit
se retrouver dans le legs et revenir à la personne du fondateur: Jésus. En
réalité, bien que beaucoup de fois férocement divisés, “conservateurs” et
“progressistes” – baptisons-les ainsi par commodité – sont, tout compte
fait, traité le du et l’avoir, les héritiers de siècles d’union entre la religion
et la politique. Et portent, chacun des courants, dans son imaginaire, dans
ses aspirations et dans ses projections les forces réplicatives de ces gènes.
Curieusement, les dits “progressistes”, ont toujours été ceux qui, avec le
plus de ténacité, ont dénoncé cette association dangereuse entre la poli-
tique et la religion, tout du moins, dans les pays officiellement et majori-
tairement chrétiens, comme une espèce d’ “incarnation réadaptée du pha-
risaïsme”. Ces mêmes critiques viennent à être au final ceux qui mettent
le plus de “ravissement” et le plus d’ “engagement” dans une lecture poli-
tique de la personnalité et de l’enseignement de Jésus. Et, à savoir, ils l’ont
fait par une voie programmatique et doctrinaire, liant le Jésus des textes et
son enseignement ou “magistère” à une certaine idéologie ou à un modèle
politique déterminé, ou, à minima, à un “agenda politique” donné.
Réflexions d’un mauvais samaRitain
79
un enseignement qui refuse la fracture ou la segmentation sociale comme levier Politique
Prenons un exemple significatif qui nous permette de comprendre
pourquoi je mets en doute et je mets en crise l’idée de la légitimité de la
déduction d’une dimension politique programmatique dans l’enseigne-
ment de Jésus.
L’on ne peut douter de la préoccupation cardiale de Jésus avec les plus
faibles, les plus pauvres, les plus défavorisés, les plus rejetés, les plus exclus.
Il suffit de lire attentivement les Béatitudes 10; mais la réalité est qu’il n’y a
pas une page dans les Quatre Évangiles dans laquelle ce trait de la pensée et
de la vie de Jésus – cette priorité absolue à la compassion, en tant que pas-
sion et souffrance avec autrui, en tant que pati partagé – ne soit présente.
En tout cas, partir de cette assertion ou conscience pour la définition, à
partir du legs de Jésus, d’un programme politique “socialisant” ou même
pour une acceptation de l’affrontement entre classes ou ordres sociaux me
paraît être, tout du moins, à mes yeux candides, une inférence illégitime.
En réalité, Jésus n’exclut personne et, par conséquent, à aucun moment il
n’exclut ou n’écarte les riches et les puissants. Jésus ne refuse pas la résur-
rection à la fille de Jaïre, Jaïre qui était l’un des principaux de la synagogue 11.
Jésus ne refuse pas le traitement au serf du centurion, militaire romain 12,
supposé influent. Jésus mange de nombreuses fois chez les gens riches et/
ou reconnus par la société de l’époque – rappelons-nous de l’invitation
du pharisien Simon où la pécheresse lave les pieds de Jésus et les essuie
avec les cheveux 13; l’amitié avec un Juif proéminent comme Nicodème 14;
10 Mt 5, 3-12.11 Mt 9, 18-26; Mc 5, 21-43; Lc 8, 40-56. 12 Mt 8, 5-13; Lc 7, 1-10.13 Mt 26, 6-13; Mc 14, 3-9; Lc 7, 36-50; Jn12, 4-9.14 Jn 3, 1-20; Jn 19, 38-40.
Jésus et la Politique
80
la relation avec Joseph d’Arimathie, membre du Sanhédrin 15; la disposi-
tion de Jésus pour demeurer chez Zachée, chef des publicains 16 ou encore
le dialogue patient et illustratif avec le jeune riche 17.
Le message de Jésus, sur le plan religieux et éthique, ne se circonscrit pas
aux Juifs: il s’ouvre aux Samaritains (que ce soit le bon Samaritain de la
parabole 18, ou encore la pécheresse de Sichem 19), s’étend au centurion
romain (qui se révèle avoir plus de foi que n’importe quel homme en
Israël) 20, s’élargit à la femme syro-phénicienne qui demande pour elle les
miettes 21 qui tombent de la table et atteint les villes non-juives de Sidon
et de Tyr (en comparaison avec Chorazeïm, Bethsaïde et Capharnaüm) 22.
En parallèle, Son message ne se circonscrit pas aux pauvres et aux exclus,
dans un sens purement économique ou social, mais s’oriente d’abord
vers tous sans exception, même ceux qui ont une vie facile et plus réussie.
En effet, ne seront-ils pas beaucoup ceux qui, à la lumière des critères de
Jésus, vrais infirmes, plus en carence de Son attention et délicatesse que
des abandonnés de la société ?
Cette portée universelle et englobante écarte, dès lors, une quelconque lec-
ture programmatique qui parte d’une identité de positionnement sur une
échelle sociale, économique, culturelle ou autre. La proposition de Jésus
se dirige à chacun d’eux et à chacun de nous – à tous, sans temporalité ni
exceptions et, pour cela, ne cohabite pas facilement avec la segmentation et
le fractionnement qui, par définition, alimente la tension politique.
15 Jn 19, 38-40.16 Lc, 19, 1-10.17 Mt 19, 16-30; Mc 10, 17-31; Lc 18, 18-30.18 Lc 10, 30-37.19 Jn 4, 4-40.20 Mt 8, 5-13.21 Mt 15, 21-28.22 Lc 10, 13-16.
Réflexions d’un mauvais samaRitain
81
la Justice de Jésus n’est Pas une Justice réductiblement sociale ou Politique
Ensuivant, et c’était là où je voulais en arriver, non moins important ou
pertinent est de comprendre que les paramètres et les patrons de l’ensei-
gnement de Jésus – qui constituent l’expression ultime et première de
sa personnalité – se marient mal avec un programme que l’on pourrait
appeler de “social” ou de “socialement équitable” dans le sens politique,
doctrinaire ou même idéalement philosophique du terme. Justement, car
comme nous le verrons, les catégories de Jésus transcendent la politique,
ses paramètres et ses pôles de tension. Alors voyons.
Quand la veuve lance à peine deux leptes au Trésor et les autres jouaient
de plus grandes sommes d’argent, Jésus observe qu’elle fait un bien plus
grand effort que tous les autres 23. Elle donne tout ce qu’elle a. Et en dépit
de ce montant lui faire, à elle, ostensiblement défaut, nous n’entendons
pas Jésus affirmer – comme exigerait une idée humaine et contemporaine
de la solidarité et équité politico-sociale – qu’elle devrait être dispensée
de donner et que peut-être devrait aussi recevoir des autres (ou des coffres
publics …).
Pensons maintenant à la parabole des talents 24. Peut-être que cela a un
sens, du point de vue de la conformation d’une politique sociale, humai-
nement juste, condamner celui à qui fut confié un unique talent pour
l’avoir gardé et ne pas avoir risqué sa dissipation ? En plus de n’avoir qu’un
seul talent ? S’il en avait eu deux ou cinq, il pourrait encore en garder un
et investir les restants, mais ne lui ayant confié qu’un seul… et qui n’était
même pas à lui… Qu’il fût punit, encore “vaille que vaille”…; maintenant
être appelé de serf inutile, mauvais et paresseux … n’en serait-il pas trop ?
23 Mc 12, 41-44; Lc 21, 1-4.24 Mt 25, 14-30; Lc 19, 17-27.
Jésus et la Politique
82
Et comment comprendre, à cette lumière, l’affirmation finale qu’ “ à celui
qui a, l’on donnera et il aura en abondance; mais à celui qui n’a pas, même
ce qu’il a lui sera enlevé” 25 … ? Mais où s’arrête la solidarité sociale de
Jésus, si l’on enlève à celui qui n’a pas ?
Et dans la même ou plus déconcertante veine, prenons la parabole des
travailleurs de la vigne 26. Chacun arrive à son heure et est embauché en
son temps, mais à la fin, à l’étonnement des auditeurs, tous reçoivent la
même chose. Est-ce le miroir d’une doctrine sociale équilibrée, capable
de sédimenter un courant politique conséquent ? Que disons-nous des
réformes millionnaires, pour lesquelles l’on a décompté un an, quand on
les compare avec les pensions de survie de qui a épargné une vie entière
et agreste ? En dépit de la préoccupation avec les plus pauvres et les plus
exclus, pourrait-elle s’appuyer sur ces critères et sur cette vision la tant
désirée dimension programmatique…?
Les exemples peuvent se multiplier, presque comme dans le miracle des
poissons et des pains … et soyons alertes d’une chose … au final subsiste-
rons des paniers et des paniers 27. Il suffit de penser à la justice paterno-fi-
liale du fils prodigue 28, au conformisme de l’affirmation que “vous aurez
toujours les pauvres avec vous” 29, à l’acceptation du baume ou du parfum
cher versé par Marie, sœur de Lazare, au recours systématique à l’image des
serfs qui ne se rebellent pas expressément contre la servitude …
Ce que ces épisodes de la vie et de la pensée de Jésus mirent à la lumière
est que ces critères et paramètres se situent sur un plan qui n’est et ne peut
être celui de la forge brulante d’un programme ou corpus d’idées poli-
tiques. En effet et dans la réalité, rien n’a à avoir avec les exigences d’orga-
25 Mt 25, 29-30; Lc 19, 25.26 Mt 20, 1-16.27 Mt 14, 20; Mc 7, 43; Lc 9, 17; Jn 6, 13; Mc 8, 8; Mt 15, 37. 28 Lc 15, 11-32.29 Mt 26, 11; Mc 14, 7; Jn 12, 8.
Réflexions d’un mauvais samaRitain
83
nisation sociale, de péréquation financière, de justice distributive, propres
à la politique et à ses demandes. Mais que, bien au contraire, se prennent
avec les catégories et les patrons de conversion personnelle, de générosité,
de donation et de gratuité, en un mot, que je n’ai aujourd’hui pas encore
osé utiliser, d’amour. Or, difficilement l’on peut structurer une option
politique, avec tout son ballast et son inertie dans cette force tellurique
et vitale des humains qui est l’amour. À moins que l’on ne veuille parler,
de manière provocante, mais que je juge sans conséquence par l’évidente
contradiction dans les termes, dans une “politique de l’amour”… Celle-là
est de Jésus mais ne sied ni ne sert dans les réalités et transcendances des-
quelles nous sommes en train de traiter.
Jésus et la Politique
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Jésus et le vocation/Provocation du refus de la réduction Politique de son enseignement
Ce parcours, dur et sinueux, ne fut pas fait pour nier l’option préférentielle
pour les pauvres, compris dans le large et généreux sens que leur donne
Jésus. Ce calvaire argumentatif ne fut pas fait pour nier l’extraordinaire
ouverture de Jésus à toutes les croyances ou ethnies, sans distinction.
Cette incursion dans l’aridité des mots et des abstractions ne fut pas faite,
réitérons-le, pour nier l’affleurement systématique, presque psychédéli-
que, d’interactions avec la politique dans l’enseignement de Jésus.
Les leçons à prendre de la vie, de l’exemple, du geste, de la pensée de Jésus
pour la politique et pour la conduite des hommes politiques sont aussi
nombreuses comme les étoiles du ciel ou les grains de sable de la côte
maritime. Il n’est pas nécessaire de parler de l’esprit de service, de l’humi-
lité de ceux qui exercent le pouvoir, de l’éthique de ceux qui administrent
ce qui n’est pas à eux, mais à tous. Même dans des domaines insoupçon-
nés, comme le sont les aujourd’hui très actuels droits de la communication
politique, propre des sociétés médiatiques, Jésus laisse des orientations
sur la balance à faire entre la vérité et la propagande. Et certaines leçons
sur comment parler au peuple et, aspect plus important, comment vivre
avec le peuple, pour lui.
Ce parcours fut fait pour dire que l’Évangile ne contient pas un modèle
politique, n’intègre pas un discours total ou totalitaire; déterministe ou
conformiste. Mais que, à l’inverse, est ouvert à différentes conceptions du
monde et de la vie, des humains et de leur implication. Jésus ne décrète
ni des lois ni ne signe des pamphlets, laisse à la liberté de ses contempo-
rains – que nous sommes tous: oui nous sommes tous contemporains
de Jésus – la possibilité de conformation politique. Davantage: cela nous
donne la clef pour que l’on puisse vivre et survivre avec et à tout et plus
Réflexions d’un mauvais samaRitain
85
encore régime politique, sachant comme il le sait, par expérience propre
que l’organisation politique est beaucoup de fois une donnée préexistante
sur laquelle la personne-individu ne peut agir.
Et cette clef n’est pas celle d’un discours total, potentiellement totali-
taire. C’est le discours qui aspire à la totalité. L’aspiration à la totalité est
la disposition inébranlable pour assumer les conséquences de ses propres
convictions, mais signifie, de la même manière, le renoncement de son
imposition que ce soit par la force ou par la persuasion forcée.
Cette aspiration à la totalité est tellement éprouvante pour la politique
et pour les politiques qu’ils ne voient sinon un unique remède: élimi-
ner Celui qui est porteur de ce message qui aspire à la radicalité. Le grand
drame du pouvoir politique devant le message chrétien – ou mieux,
devant la personne et le message de Jésus – est que celui-là n’est pas un
concurrent et ne joue pas dans le même domaine ou sur le même terrain.
J’insiste, car ici réside le point central de cette lecture que je partage ici, la
politique ne comprend pas Jésus, la politique ne digère pas Jésus, la poli-
tique n’arrive ni à séduire ni à recruter Jésus. Mais induit et pressent que
Son aspiration à la totalité, Son intention à la radicalité la menace et la
met en péril. Le procès de Jésus vise à le politiser, à l’emprisonner dans
les grandes grilles des catégories de la politique et de ses pôles de tension,
mais la personnalité de Jésus et de son “enseignement” – comme je per-
siste à l’appeler – sont bien en deçà et bien au-delà de ce désidérata et ne se
laissent ni ne peuvent se laisser emprisonner. Jésus n’est pas un innocent:
il est pur, détaché et doux, mais non pas innocent. Et ne se laissa ni ne se
laisse tomber dans les mailles de la politique. Non pas qu’il voit la poli-
tique comme quelque chose de nécessairement mauvais, de méprisant ou
sale; juste que cette radicale aspiration à la plénitude transcende et supère
la limitation endogène des cadres et des termes de ce champ de l’humain.
Jésus et la Politique
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Le pire “ennemi” que le discours politique – qui est, par nature tendanciel-
lement total ou même totalitaire, même quand il est démocratique – peut
trouver est un discours/ enseignement qui, n’étant pas total, aspire à la
totalité, que n’étant pas plein, a pour objectif la plénitude, qui n’étant pas
radical, vise à la radicalité. En ce sens, Jésus n’est pas politique ni ne fait pas
de politique, mais demeure toujours politiquement perturbateur et poli-
tiquement pertinent. La politique, même quand elle est marquée par les
valeurs de liberté et de démocratie, sera hostile à qui ébranle ses patrons,
interpelle ses paramètres, déconcerte ses catégories, se met en apparence
hors de son champ d’action et d’influence. Et Jésus et Son enseignement
sont de telle manière aliénés des limites quasiment physiques de la poli-
tique qu’ils représentent une marque de “provocation à la politique”, de
“provocation” politique, de “pro-vocation” politique.
Réflexions d’un mauvais samaRitain
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mots de fin et Precautions
Je sais que pour beaucoup qui, à l’image des Juifs du premier siècle, espé-
raient de Jésus et des Évangiles une rédemption politique, cette lecture
qui est mienne est effectivement décevante. Et pour d’autres, qui atten-
daient la justification théologique d’un minimalisme politique cette vision
est vraiment légère et superficielle. C’est la lecture d’un politique qui se
réclame abusivement des chrétiens (“un chrétien de culture catholique”
– et non pas simplement un catholique-, comme je me définis toujours).
Mais qu’il – l’on me pardonnera l’intimité de la confession, parler de
Jésus ne peut nous laisser indifférents au vide et au néant de nos vies –
la conscience – nette, “pesante” et lourde – qu’il n’est rien d’autre qu’un
Samaritain; de ceux pour lesquels Jésus est aussi venu. Mais d’un Samari-
tain qui, à l’inverse de l’homme juste de la parabole, est un mauvais Sama-
ritain, le mauvais Samaritain.
Que ces réflexions ont été entendues et puissent maintenant être lues à
la charge et à la décharge de cette essence et de cette circonstance de vie:
ce ne furent seulement et uniquement que les réflexions d’un mauvais
Samaritain.
Reflexões de um mau samaRitanoReflections by a
bad samaRitanRéflexions d’un
mauvais samaRitain