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ii

DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras

e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos

conexos.

Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não

previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da

Universidade do Minho.

Licença concedida aos utilizadores deste trabalho

Atribuição CC BY https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

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iii

AGRADECIMENTOS

Finalizando mais uma etapa do meu percurso académico, não poderia deixar de agradecer

a todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, contribuíram para que este momento se

tornasse realidade.

Um especial agradecimento à minha orientadora, Professora Doutora Ana Paula Faria,

pela incansável orientação e por todos os esclarecimentos, conselhos, críticas e sugestões que

levaram ao resultado final desta dissertação. Obrigada pelo seu profissionalismo, apoio,

disponibilidade e confiança depositada neste trabalho.

Agradeço aos meus pais pela oportunidade de prosseguir os meus estudos, por

acreditaram em mim e por me apoiaram em todas as decisões da minha vida. Aos meus irmãos

por toda a paciência e ajuda neste meu percurso.

Um obrigada ao meu namorado pelo permanente incentivo e preocupação com que

sempre acompanhou este meu trabalho.

E agradeço a todos os meus amigos e familiares por todo o apoio e amizade.

A todos, um sincero Obrigada!

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iv

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que

não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de

informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.

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v

A inovação de marketing no contexto empresarial português

A inovação envolve muito mais do que o desenvolvimento de novas tecnologias, produtos

e serviços. A inovação de marketing é considerada uma forma de inovar e abrange quatro tipos

que correspondem aos elementos do marketing-mix, também conhecido comos os quatro P’s:

Produto, Posicionamento, Promoção e Preço. A inovação de marketing tem recebido pouca

atenção na literatura económica e raramente foi estudada em relação ao desempenho da

empresa. Esta dissertação tem três objetivos: (i) estudar a adoção da inovação de marketing nas

empresas portuguesas; (ii) avaliar a relação entre a inovação de marketing e o desempenho das

empresas e (iii) perceber a persistência da inovação de marketing nas empresas. Os dados para

este estudo foram recolhidos do Inquérito Comunitário à Inovação (CIS) relativo às empresas

portuguesas para o período temporal compreendido entre de 2010 a 2014.

Os resultados empíricos evidenciaram que apenas 37% e 32% das empresas portuguesas

praticaram inovações de marketing, entre 2010-2012 e 2012-2014, respetivamente. Contudo,

entre as empresas que reportaram fazer algum tipo de inovação, esta proporção é bastante mais

elevada, mais concretamente de 61% e 55%, tornando-se, assim, o terceiro tipo de inovação mais

implementado entre 2010-2014. Entre os diferentes tipos de inovação de marketing, a promoção

dos produtos é o mais utilizado e o mais usual é as empresas recorrerem apenas a um tipo de

inovação de marketing. Quanto aos determinantes desta prática, verificou-se que empresas que

praticam inovações de produto ou processo, desenvolvem atividades de I&D e com maior

intensidade de capital humano têm uma maior probabilidade de introduzir inovações de marketing.

Porém, observa-se um resultado oposto quando analisamos o efeito da dimensão da empresa

medido através do número de trabalhadores. Relativamente às características setoriais,

verificamos que a mais relevante para explicar a adoção da inovação de marketing é a intensidade

da concorrência, onde quanto maior a concorrência maior a probabilidade de a empresa introduzir

estas inovações.

Relativamente ao efeito da inovação de marketing no desempenho económico das

empresas, este não surge como relevante entre as empresas que são inovadoras. Quanto à

persistência, observou-se que a inovação de marketing é a que apresenta menor persistência

quando comparada com outros tipos de inovação – produto, processo e organizacional e os tipos

de inovação de marketing com maior persistência são os referentes ao produto e à promoção.

Palavras-Chave: Desempenho; Determinantes; Inovação de marketing; Persistência; Portugal.

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Marketing innovation in the portuguese business context

Innovation involves much more than the development of new technologies, products and

services. Marketing innovation is considered as a form of innovation and comprises four types that

correspond to the elements of marketing-mix, also known as the four P's: Product, Positioning,

Promotion and Price. Marketing innovation has received little attention in the economic literature

and has rarely been studied in relation to company performance. This dissertation has three

objectives: (i) study the adoption of marketing innovation in portuguese companies; (ii) evaluate

the relationship between marketing innovation and company performance and (iii) perceive the

persistence of marketing innovation in companies. The data for this study were collected from the

Community Innovation Survey (CIS) for portuguese companies for the period from 2010 to 2014.

The empirical results showed that only 37% and 32% of Portuguese companies practiced

marketing innovations, between 2010-2012 and 2012-2014, respectively. However, among

companies reporting some kind of innovation, this proportion is much higher, more precisely 61%

and 55%, thus becoming the third type of innovation most implemented between 2010-2014.

Among the different types of marketing innovation, the promotion of products is the most used and

the most usual is that companies resort to only one type of marketing innovation. Regarding the

determinants of this practice, it was verified that companies that practice product or process

innovations, develop R & D activities and with a greater intensity of human capital are more likely

to introduce marketing innovations. However, an opposite result is observed when we analyze the

effect of the size of the company measured by the number of workers. Regarding the sectorial

characteristics, we found that the most relevant to explain the adoption of marketing innovation is

the intensity of competition, where the greater the competition, the greater the likelihood that the

company will introduce these innovations.

Regarding the effect of marketing innovation on the economic performance of companies,

this does not appear as relevant among companies that are innovative. As for persistence, it was

observed that marketing innovation is the one that presents less persistence when compared to

other types of innovation - product, process and organizational and the types of marketing

innovation with greater persistence are those referring to product and promotion.

Keywords: Determinants; Marketing innovation; Performance; Persistence; Portugal.

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Índice Geral

DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS .............. ii

AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. iii

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE ............................................................................................... iv

A inovação de marketing no contexto empresarial português ...................................................... v

Marketing innovation in the portuguese business context ........................................................... vi

Índice de Tabelas ..................................................................................................................... ix

Índice de Figuras ....................................................................................................................... x

Lista de Abreviaturas ................................................................................................................ xi

Capítulo 1. Introdução .............................................................................................................. 1

1.1. A inovação de marketing e a sua importância no contexto empresarial ........................... 1

1.2. Objetivos e questões de investigação ............................................................................. 2

1.3. Organização .................................................................................................................. 2

Capítulo 2. Contributos teóricos sobre a inovação de marketing ................................................. 4

2.1. Introdução ..................................................................................................................... 4

2.2. O que é inovação de marketing? .................................................................................... 4

2.3. O que determina a inovação de marketing? .................................................................... 5

2.4. O efeito de inovação de marketing no desempenho da empresa ................................... 11

2.5. Persistência na inovação de marketing ......................................................................... 15

2.6. Conclusão ................................................................................................................... 16

Capítulo 3. Dados e metodologia............................................................................................. 18

3.1. Introdução ................................................................................................................... 18

3.2. Dados e amostra ......................................................................................................... 18

3.3. Metodologia ................................................................................................................. 22

3.4. Conclusão ................................................................................................................... 24

Capítulo 4. Resultados empíricos ............................................................................................ 25

4.1. A incidência da inovação de marketing no contexto empresarial português ................... 25

4.2. Os determinantes da inovação de marketing ................................................................ 31

4.3. O efeito da inovação de marketing no desempenho das empresas ................................ 37

4.4. A persistência na inovação de marketing ...................................................................... 40

Capítulo 5. Conclusão ............................................................................................................. 44

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5.1. Síntese ........................................................................................................................ 44

5.2. Conclusões dos resultados empíricos ........................................................................... 45

5.3. Recomendações .......................................................................................................... 46

5.4. Limitações e pistas para futuras investigações ............................................................. 46

Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 48

ANEXOS ................................................................................................................................. 54

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Descrição das variáveis ........................................................................................... 20

Tabela 2 - Estatísticas Descritivas............................................................................................ 21

Tabela 3 – Empresas inovadoras e empresas com inovação de marketing, 2010-2014 ........... 25

Tabela 4 – Empresas inovadoras por tipos de inovação, 2010-2014 ....................................... 26

Tabela 5 – Número de empresas que praticaram ou não inovações de marketing relativamente ao

produto, à promoção, ao posicionamento e ao preço, no CIS12 e CIS14 ................................. 27

Tabela 6 – Inovação de marketing nas empresas portuguesas, entre 2010 e 2014 ................. 28

Tabela 7 – Empresas inovadoras e empresas com inovação de marketing por tipo de atividade,

2010-2014 ............................................................................................................................. 30

Tabela 8 – Empresas inovadoras e empresas com inovação de marketing por dimensão, 2010-

2014 ...................................................................................................................................... 30

Tabela 9 - Matriz de correlações das variáveis empíricas incluídas nas regressões probit. ........ 32

Tabela 10 - Matriz de correlações dos tipos de inovação de marketing. .................................... 33

Tabela 11 - Determinantes da inovação de marketing, empresas portuguesas, 2012-2014. ..... 35

Tabela 12 - Determinantes dos tipos de inovação de marketing, empresas portuguesas, 2012-

2014. ..................................................................................................................................... 37

Tabela 13 - Persistência na inovação ...................................................................................... 40

Tabela 14 - Persistência em tipos de inovação: marketing, produto e processo. ....................... 41

Tabela 15 - Persistência nos tipos de inovação de marketing. .................................................. 43

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Índice de Figuras

Figura 1 - Relação entre inovação de marketing entre 2012-2014 e vendas em 2014. ............. 38

Figura 2 - Relação entre inovação de marketing entre 2010-2012 e vendas em 2014. ............. 38

Figura 3 - Relação entre empresas inovadoras com inovação de marketing e sem inovação de

marketing entre 2010-2012 e vendas em 2014. ..................................................................... 39

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Lista de Abreviaturas

CAE – Classificação da Atividade Económica

CIS - Inquérito Comunitário à Inovação

EUROSTAT – Serviços de Estatística da União Europeia

I&D – Investigação e Desenvolvimento

INE - Instituto Nacional de Estatística

n.s. – não significativo

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

PMEs – Pequenas e Médias Empresas

Teste-T – Teste T-Student

Teste K-S – Teste de Kolmogorov-Smirnov

TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação

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Capítulo 1. Introdução

1.1. A inovação de marketing e a sua importância no contexto empresarial

A economia atual é caracterizada pelo processo de globalização e pelas mudanças

constantes e radicais que ocorrem nos mercados, tecnologias e nas empresas. Com o intuito de

conseguir enfrentar todos os concorrentes, as empresas têm utilizado a inovação como ferramenta

para obter vantagem competitiva (Hauser et al., 2006). Inovar é, assim, cada vez mais crucial

quando se fala em alcançar competitividade e a principal razão que leva uma empresa a inovar é

melhorar o seu desempenho, via redução dos custos ou aumento da procura, por exemplo

(Epetimehin, 2011).

A inovação é um conceito que está, muitas vezes, associado ao progresso, a algo positivo,

contudo, nem sempre é sinónimo de sucesso. Quando pensamos em inovação, o primeiro

pensamento que nos ocorre é a criação de algo futurístico que vai revolucionar o mercado. Porém,

a nível estratégico, a inovação envolve muito mais do que o desenvolvimento de novas tecnologias,

produtos e serviços. Envolve, também, a criação de novos modelos de negócios, novos processos

de produção e distribuição, novos métodos organizacionais, novas formas de comercializar e

competir no ambiente empresarial. De acordo com a OCDE (2005), a inovação consiste na

introdução de um produto, de um processo, de um método organizacional ou de um método de

marketing novo ou significativamente melhorado, admitindo assim quatro tipos de inovação. Ainda

segundo a OCDE (2005) a inovação de marketing inclui mudanças no design do produto e/ou na

embalagem, a divulgação e colocação do produto e os métodos de fixação de preços, ou seja,

consiste na “implementação de novos métodos de marketing”.

Já nos anos 60, Levitt (1960) argumentava que as empresas inovadoras tinham que ser

criativas relativamente aos métodos de marketing que utilizavam com o objetivo de capturar

consumidores. Este tipo de inovação tem recebido um interesse crescente na literatura pois as

inovações de marketing são vistas como um método efetivo para lidar com o dinamismo do

ambiente (Chuwiruch et al., 2015). Por exemplo, as inovações de marketing são importantes para

o desempenho da empresa uma vez que podem aumentar significativamente as vendas da

empresa ao estarem direcionadas para o comportamento dos consumidores e mercados. A

heterogeneidade dos consumidores faz com que a captura da procura dependa da diferenciação

do produto, não só pelas características específicas, mas também pela imagem e características

sociais (OCDE, 2005; Ilić et al., 2014; Chuwiruch et al., 2015). De forma a criar novos produtos

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para o mercado é importante estabelecer uma ligação entre inovação e marketing (Moreira et al.,

2012). O desenvolvimento de novas ferramentas de marketing é assim visto como um fator

importante no desenvolvimento de empresas e indústrias (Chen, 2006).

As inovações de marketing desempenham, efetivamente, um papel importante na

evolução das indústrias, contudo, ao contrário dos restantes tipos de inovação, recebeu pouca

atenção na literatura económica e raramente foi estudada em relação ao desempenho da

empresa. Recentemente este tópico tem recebido uma atenção crescente na literatura sendo

exemplo disso os estudos de Shergill e Nargundkar (2005), Chen (2006), Junge et al. (2016),

Medrano e Olarte-Pascual (2016a) e Aksoy (2017). Estes trabalhos apontam, na generalidade para

um efeito positivo da inovação de marketing no desempenho das empresas, mas estes efeitos

dependem do tipo de inovação de marketing e do seu grau de novidade.

1.2. Objetivos e questões de investigação

Tratando-se de um tópico recente e não explorado no contexto português, esta dissertação

tem assim três objetivos: (i) estudar a adoção da inovação de marketing nas empresas

portuguesas; (ii) avaliar a relação entre a inovação de marketing e o desempenho das empresas e

(iii) perceber a persistência da inovação de marketing nas empresas. Para tal definimos as

seguintes questões de investigação:

1) Qual a prevalência da inovação de marketing entre empresas e setores de atividade?

2) Quais os determinantes da inovação de marketing?

3) Qual relação da inovação de marketing e o desempenho das empresas portuguesas?

4) Qual a persistência da inovação de marketing nas empresas portuguesas?

O objetivo deste projeto de investigação é importante porque vai permitir aprofundar o

conhecimento sobre os fatores que podem condicionar o comportamento inovador das empresas,

o seu efeito no desempenho das empresas. Os nossos resultados irão permitir identificar

recomendações quer aos decisores públicos quer aos gestores de empresas.

1.3. Organização

Esta dissertação está organizada nos restantes capítulos. O capítulo 2 aborda a revisão da

literatura que consiste numa síntese das contribuições teóricas relativas ao tema. O capítulo 3

apresenta a metodologia a ser utilizada na investigação e as respetivas fontes dos dados obtidos.

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O capítulo 4 é referente aos resultados e à discussão dos mesmos. Por último, o capítulo 5 expõe

uma síntese, as principais conclusões e fornece pistas para trabalhos futuros.

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Capítulo 2. Contributos teóricos sobre a inovação de marketing

2.1. Introdução

Este capítulo apresenta os aspetos relevantes de diversos estudos empíricos relacionados

com a inovação de marketing, procurando responder às questões de investigação. Este capítulo

encontra-se dividido em seis secções, incluindo a presente secção que apresenta uma pequena

descrição do mesmo. Na secção 2.2. clarifica-se o conceito de inovação de marketing, assim

comos os diferentes tipos. Na secção 2.3. são analisadas várias características como a dimensão

da empresa, capacidade tecnológica, inovação, capital humano, concorrência e setor de atividade

como potenciais determinantes da inovação de marketing. A secção 2.4. investiga o efeito da

inovação de marketing no desempenho das empresas. Posteriormente, na secção 2.5. é abordado

a persistência das empresas na introdução de inovações de marketing. Por último, na secção 2.6.

é feita uma pequena síntese do capítulo.

2.2. O que é inovação de marketing?

O conceito de inovação não é recente. Joseph Schumpeter, um dos maiores economistas

do século XX, colocou a inovação no centro da dinâmica económica e reconheceu que a inovação

pode significar: i) introdução de novos produtos; ii) introdução de novos métodos de produção; iii)

abertura a novos mercados; iv) aquisição de uma nova fonte de matérias-primas; e v)

implementação de novas formas de organização industrial (Schumpeter, 1934), contudo, o

conceito tem vindo a sofrer alterações ao longo dos anos.

Segundo a OCDE (2005), a inovação de marketing inclui quatro tipos, os quais

correspondem aos elementos do marketing-mix, também conhecido como os quatro P’s: Produto,

Posicionamento, Promoção e Preço.

• Produto: Mudanças no design do produto sem alterar as características funcionais

ou de uso do mesmo;

• Posicionamento: Introdução de novos canais de vendas;

• Promoção: Novos conceitos para promover produtos;

• Preço: Novas estratégias de fixação de preços para comercializar produtos.

Os quatro P’s representam a perspetiva dos vendedores, relativamente às variáveis do

marketing-mix disponíveis para influenciar os consumidores. Em suma, a inovação de marketing

refere-se à pesquisa de mercado, nomeadamente, segmentação de mercado, estratégias de preço,

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promoções, canais de distribuição e sistemas de informação de marketing (Weerawardena, 2003).

Um exemplo de inovação de marketing é recolher informações do consumidor de forma diferente

(Chen, 2006), com o objetivo de aumentar as vendas e a quota de mercado e, até mesmo, abrir

novos mercados (OCDE, 2005). Desta forma, a inovação de marketing tem vindo a desenvolver

novas técnicas, métodos e ferramentas de marketing que têm um papel significativo no sucesso

das organizações.

2.3. O que determina a inovação de marketing?

Hoje em dia, com as rápidas mudanças no mundo dos negócios, as empresas estão cada

vez mais a incluir a inovação como uma das suas estratégias para garantir a expansão dos

negócios e lucratividade. Contudo, há vários fatores internos e externos à empresa que fazem com

que a inovação de marketing aconteça de forma mais frequente. Assim, características tais como

a dimensão da empresa, despesa em I&D, formação de trabalhadores, atividades de exportação,

cooperação, quota de mercado e concentração de mercado, têm vindo a ser analisadas em

diferentes estudos (Medrano e Olarte-Pascual, 2016a).

Dimensão da empresa

Entre as características da empresa que aumentam a capacidade de inovar, a dimensão

é um dos fatores mais estudado, mas também mais controverso. Hauser et al. (2006) constataram

que não existe consenso na literatura. Na linha de pensamento de Schumpeter (1934) alguns

autores (Galbraith, 1952; Ali, 1994; Divisekera e Nguyen, 2018) defendem que quanto maior a

dimensão da empresa, maior é a sua propensão em inovar. Tal explica-se porque as grandes

empresas têm mais capacidade de assumir riscos e assegurar recursos financeiros do que as

empresas de menor dimensão (Levin et al., 1987 e Tripsas, 1997). Outros autores, porém,

sugerem que as pequenas empresas estão melhor equipadas para inovar porque a sua dimensão

torna-as mais flexíveis e abertas à mudança (Kleinknecht, 1987; Kleinknecht e Reijnen, 1991;

Mitchell e Singh, 1993). Existem, também, contributos que referem que as empresas de média

dimensão são as mais adequadas para inovar (Ettlie e Rubensteun, 1987) enquanto outros autores

acreditam que as médias empresas são as mais desfavorecidas, uma vez que lidam com as

obrigações das pequenas e das grandes empresas, mas não com as vantagens (Pavitt, 1990).

No caso da inovação de marketing, Medrano e Olarte-Pascual (2016a) constataram que

pequenas e médias empresas (PMEs), especialmente aquelas de baixa e média tecnologia

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estavam dispostas a investir em inovações de marketing menos dispendiosas do que em inovações

tecnológicas, fazendo com que as inovações de marketing se tornassem mais importantes para

este tipo de empresas. Verificaram, também que a inovação de marketing é o segundo tipo de

inovação mais implementado em PMEs retalhistas enquanto que noutros setores, este tipo de

inovação é o menos implementado de todos os quatro tipos. Esta conclusão é também suportada

por Abdu e Jibir (2017) que constataram que micro, pequenas e médias empresas são mais

propensas a inventar uma estratégia de marketing do que empresas de grande dimensão.

Contudo, em contexto de crise, as mesmas autoras, Medrano e Olarte-Pascual (2016b),

descobriram que quanto maior a empresa, maior a probabilidade de implementar inovações de

marketing, porém, o efeito da dimensão sobre a probabilidade de inovar em marketing diminuiu,

explicando que a política pública espanhola tem dado particular importância ao apoio às pequenas

e médias empresas, uma vez que constituem uma parcela muito significativa na estrutura dos

negócios do país. Mas esta relação não parece ocorrer noutros setores de atividade. Por exemplo,

segundo um estudo realizado por Halpern (2010) em aeroportos nas áreas periféricas da Europa,

o nível médio de inovação de marketing é maior nos aeroportos de maior dimensão, embora a

diferença seja apenas marginalmente significativa. Também, no setor dos serviços, as inovações

de marketing são mais propensas a acontecer em empresas com maiores dimensões (Peters et

al., 2018).

Capacidade tecnológica, inovação e capital humano

Além da dimensão da empresa, também a capacidade tecnológica, de investigação e

desenvolvimento (I&D) influenciam a inovação de marketing. Moreira et al. (2012) e Soltani et al.

(2015) verificaram que empresas que realizam atividades de I&D, adquirindo máquinas,

equipamentos ou softwares, ou mesmo outros conhecimentos externos e/ou realizam outros tipos

de procedimentos voltados para a inovação têm uma maior probabilidade de inovar em marketing,

em termos de design e embalagem do que outras empresas. Em 2013, Kijek concluiu, também,

que os gastos com aquisição de conhecimento de fontes externas têm um efeito significativamente

positivo sobre a propensão em inovar em marketing. Contudo, e surpreendentemente,

constataram também que outra atividade de inovação que permita a acumulação de conhecimento

tecnológico, ou seja, I&D, não tem efeito sobre a propensão em inovar em marketing. Porém, este

resultado não parece ser consensual porque Peters et al. (2008) verificaram que as empresas

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com maior intensidade de gastos em inovação (I&D) têm maior probabilidade de introduzir

inovações de marketing.

A importância do marketing no processo de desenvolvimento da inovação é amplamente

reconhecida na literatura e tem um papel crucial para qualquer atividade de inovação (Božić,

2011). Vários estudos mostram que há uma relação entre inovação de produto e inovação de

marketing. O facto de as empresas inovarem em produtos e processos faz com que as inovações

em marketing sejam estimuladas. Božić (2011) concluiu que as inovações de marketing são

introduzidas, em grande parte, por empresas que já se encontram envolvidas em outras atividades

de inovação. O autor argumenta que quando desenvolvemos e introduzimos um novo produto, é

importante fazer uma pesquisa de mercado, testar o produto e informar os consumidores da

existência do mesmo e das suas características, de forma a incentiva-los a comprar. Investimentos

em marketing e design têm que ser superiores para o desenvolvimento de tais produtos (Božić,

2011).

Apesar de Kijek (2013), concordar com Božić (2011) no aspeto em que a introdução de

novos produtos tem um impacto positivo na propensão em inovar em marketing, a relação é

sensível ao tipo de inovação de marketing, ou seja, a introdução de novos produtos induz

mudanças nos canais de vendas e, em menor grau, nos métodos de fixar preços, contradiz a

relação positiva entre inovação de produto e de marketing. O estudo realizado pelo autor, mostra

que a implementação de inovações de processo tem um impacto negativo ou não significativo na

introdução de novos métodos de marketing. Resultado que é inesperado com a suposição de que

as inovações de produto e processo são introduzidas simultaneamente, mas que podem ser

parcialmente explicadas pelo facto de que algumas das inovações de marketing, ou seja,

mudanças na colocação de produtos, visam ao mesmo propósito das mudanças nos métodos de

entrega, podem ser, então, considerados pelas empresas como substitutos.

De forma a impulsionar a inovação de marketing, é importante haver também inovação

de produto e inovação organizacional, confirmando a literatura de que existe uma interação positiva

entre a inovação de marketing e outros tipos de inovação (Soltani et al., 2015). Medrano e Olarte-

Pascual (2016a) concluíram que a introdução de um novo método de marketing tem um impacto

positivo na propensão em introduzir qualquer outro tipo de inovação (produto, processo e

organizacional), e vice-versa. Contudo, enquanto a introdução de um novo método organizacional

tem um impacto positivo na propensão em introduzir qualquer tipo de inovação de marketing, a

introdução de um novo produto ou processo tem apenas um impacto significativamente positivo

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na propensão de um tipo de inovação de marketing, a relativa ao design do produto, ou seja, esta

interação parece ser específica ao tipo de inovação de marketing.

Segundo Bartoloni e Baussola (2016), a inovação de marketing pode estar fortemente,

embora não exclusivamente, relacionada à inovação de produto. Esta relação justifica-se pelo facto

de que produtos novos ou melhorados precisam de ser comercializados, exigindo novos métodos

de marketing para explorar o ganho potencial. As inovações de marketing proporcionam uma maior

diversificação dos produtos, conseguindo expandir a oferta das empresas, ganhando desta forma

a vantagem competitiva tão desejada. Segundo Aksoy (2017), este tipo de inovação tem uma

relação positiva e significativa com a inovação de produto em PMEs e são determinantes para

melhorar o desempenho da empresa.

Zang e Li (2017) referem que as empresas detêm dois tipos de capacidades,

nomeadamente capacidade tecnológica e capacidade de marketing, e a sua integração cria uma

ambidestria que melhora o desempenho das mesmas. Outros recursos internos tais como

características dos trabalhadores e gestores, ligações organizacionais foram identificados na

literatura como podendo influenciar a probabilidade de a empresa inovar em marketing (Soltani et

al., 2015).

As empresas dependem do seu capital humano para crescer, desta forma é essencial

mantê-los preparados e motivados não só para desempenharem as tarefas do dia-a-dia

profissional, mas também para enfrentarem diversas situações inesperadas que surgem no

contexto laboral. Segundo Ceylan (2013), o capital humano pode contribuir diretamente para o

desenvolvimento de novas práticas de gestão e/ou novos métodos de marketing, por exemplo,

que sejam eficazes no aprimoramento das atividades de inovação de produtos. O autor verificou

que um sistema de recursos humanos baseado em compromisso afeta principalmente as

atividades de inovação organizacional e mostra que essas atividades de inovação são os principais

impulsionadores das atividades de inovação de processos e de marketing, levando a uma maior

intensidade de inovação de produto. Confirmando que existem relações entre os vários tipos de

inovação. Medrano e Olarte-Pascual (2016b) constataram, também, que a probabilidade de inovar

em marketing aumenta em empresas que também procuram inovações organizacionais.

Se por um lado, empresas cujos colaboradores receberam formação formal são mais

propensas em inovar em marketing, por outro, a educação dos colaboradores não foi considerada

um determinante importante na inovação de marketing. Isto implica que a educação formal não

pode necessariamente influenciar atividades inovadoras sem formação apropriada,

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nomeadamente, seminários, workshops, conferências, relativo ao ambiente de trabalho (Abdu e

Jibir, 2017). Empresas que aumentam o número de colaboradores têm maior probabilidade em

praticar inovações de marketing (Peters et al., 2018).

Empresas intensivas em conhecimento, tecnologia de informação, rede de negócios e

globalização caracterizam a economia atual (Ren et al., 2009). No que se refere à inovação de

marketing, a capacidade tecnológica de uma empresa é um fator importante. Por exemplo, as TIC,

Tecnologias de Informação e Comunicação, têm um papel crucial na promoção de produtos ou

serviços. Segundo Divisekera e Nguyen (2018), a probabilidade de uma empresa praticar as

inovações referidas é 2.25 vezes maior em empresas que investem em TIC comparativamente

àquelas que não investem.

Concorrência e setor de atividade

Aspetos relacionados com o mercado e setor de atividade da empresa foram também

identificados como sendo importantes para explicar a inovação de marketing. A concorrência de

uma empresa é um fator altamente influenciador nas práticas de inovação de marketing da

mesma. Com a globalização e o aumento da competitividade no mercado, muitos são os autores

que suportam a teoria de Schumpeter (1950) que diz que quanto menor for a concorrência, maior

é o incentivo em inovar (Soltani et al., 2015). Porém, outros trabalhos defendem a importância da

concorrência para as atividades de inovação (Teece, 2010; Chen 2006). Abdu e Jibir (2017)

concluindo que a presença de concorrentes no principal mercado do principal produto da empresa

torna mais provável que a empresa seja amplamente inovadora do que na ausência de

concorrentes.

Negassi e Hung (2014) verificaram que, de facto, vários estudos mostram que o aumento

da concorrência provoca um efeito positivo sobre a inovação, criando incentivos para os gestores

se concentrarem em gerar maiores lucros e um maior crescimento. Constataram também que

vários estudos defenderem a relação em forma de U invertido entre inovação e concorrência,

suportando, assim, as duas teorias anteriormente referidas. Contudo, outros estudos refutam esta

relação afirmando que esta é instável e influenciável pelas políticas governamentais. Para

Divisekera e Nguyen (2018), quanto maior o grau de concorrência, maior a propensão em inovar,

ou seja, a probabilidade prevista de implementar inovação de marketing aumenta

progressivamente com níveis crescentes de competição em comparação com empresas num

mercado cativo (sem concorrência).

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No caso particular da inovação de marketing, Chen (2006) defende que os efeitos da

concorrência no incentivo à inovação de marketing dependem da natureza da inovação. Em

particular, um aumento na intensidade da concorrência reduz o incentivo à inovação que beneficia

a empresa inovadora e aumenta o incentivo à inovação que beneficia o consumidor. Gupta et al.

(2016) ressalta a importância da relação entre inovação de marketing e concorrência e refuta a

literatura anterior que defende que este tipo de inovação é uma consequência da concorrência

afirmando que a relação tanto pode ser como indicador ou resultado.

Relativamente ao setor, a literatura sugere que existem diferenças significativas entre

indústrias transformadoras e de serviços, onde empresas de serviços estão mais propensas a

desenvolver inovação relativamente à promoção, posicionamento e preço dos produtos (Medrano

e Olarte-Pascual, 2016a). Por outro lado, Abdu e Jibir (2017) verificaram que empresas de retalho

e serviços eram menos propensas a inovar em marketing do que empresas de manufatura.

A natureza e as características da indústria têm impacto na propensão para inovar em

marketing. No setor do turismo, as empresas dos Serviços de Artes e Recreação são mais

propensas a inovar em marketing do que as empresas dos Serviços de Alojamento e Alimentação.

Pode-se argumentar que os Serviços de Artes e Recreação são caracterizados por um alto nível de

criatividade e que a procura por estes serviços é opcional ou de luxo por natureza. Por outro lado,

a procura por Serviços de Alimentação e Hospedagem, que são necessidades para turistas que

visitam um destino fora de casa. Assim, somente através de esforços de marketing abrangentes e

inovadores, as empresas de Artes e Serviços Recreativos podem atrair clientes (Divisekera e

Nguyen, 2018).

Dependendo da atividade comercial, vários autores defendem que existem diferenças

estatisticamente significativas na probabilidade de uma empresa adotar inovações de marketing.

Medrano e Olarte-Pascual (2016b) constataram, também, que há diferenças significativas entre

os dois setores, indústria transformadora e serviços, quando a variável é dividida nos quatro tipos

de inovação de marketing propostos pela OCDE (2005). As empresas da indústria transformadora

fabricam produtos e, desta forma, têm uma necessidade maior em inovar no design e na

embalagem dos produtos. Em contraste, as empresas do setor dos serviços, que geralmente estão

em contacto mais próximo com o consumidor final, têm uma necessidade maior em adotar

estratégias inovadoras relacionadas à colocação, promoção e preço dos produtos ou serviços.

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2.4. O efeito de inovação de marketing no desempenho da empresa

A atividade de inovação contínua é a principal fonte de sucesso da empresa a longo prazo

(Schumpeter, 1934). Por esta razão, no intenso ambiente competitivo que caracteriza os dias de

hoje, não é surpreendente ver que a inovação se tornou num objetivo indispensável para todas as

empresas.

As atividades de inovação criam valor fazendo com que as empresas consigam diferenciar-

se da concorrência. O processo de inovação é importante uma vez que ajuda a melhorar as

capacidades internas de uma empresa e a sua capacidade de aprender sobre novas tecnologias,

permitindo aprofundar o conhecimento sobre as características da procura. Esta melhoria pode

produzir um efeito positivo no desempenho de uma empresa, ou seja, aumentar os seus lucros

(Bartoloni e Baussola, 2016). É sabido que a inovação tem um impacto importante no

desempenho das empresas, uma vez que leva a melhorias de produtos e processos, faz avanços

contínuos que ajudam as empresas a sobreviver, permite que as empresas cresçam mais

rapidamente, sejam mais eficientes e, finalmente, ser mais rentável do que as empresas que não

inovam (Gunday et al., 2011; Atalay et al., 2013; Aksoy, 2017), mas qual será realmente o efeito

da inovação de marketing no desempenho das empresas?

Shergill e Nargundkar (2005) analisaram se a inovação de marketing levaria, realmente,

a um bom desempenho das empresas no mercado. O estudo analisou a relação entre a inovação

de marketing radical e incremental, nos quatro P’s do marketing, relativo à quota de mercado, aos

lucros e ao crescimento das vendas das empresas e concluíram que apenas as inovações de

marketing radicais, nos quatro P’s do marketing, têm uma relação significativamente positiva em

todas as variáveis dependentes em análise.

A ligação entre a inovação de marketing e a sobrevivência de uma empresa durante uma

crise económica parece ser medida pela capacidade de desenvolver e sustentar uma vantagem

competitiva. Fazendo referência a Naidoo (2010) e ao seu estudo relativo à inovação de marketing

e à possibilidade de ser um possível fator que contribui para a sobrevivência de uma empresa

durante uma crise económica, verificou-se que empresas (PMEs da indústria transformadora) que

implementaram uma capacidade de inovação de marketing foram capazes de desenvolver,

reforçar e sustentar as suas vantagens competitivas baseadas na diferenciação e nos custos, e

que por sua vez, tiveram maior probabilidade em sobreviver a crises económicas. Ortiz-Villajos e

Sotoca (2018), verificaram que a atividade de inovação, de forma agregada, é positiva e

significativamente relacionada com a probabilidade de sobrevivência de negócio. Contudo, quando

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as atividades de inovações são desagregadas pelas formas de Schumpeter, as inovações de

marketing apresentam um efeito negativo na variável em estudo. Conclusão que foi justificada pelo

facto de as inovações de marketing estarem particularmente focadas no curto prazo.

Empresas que praticam inovações de marketing, ou qualquer outro tipo de inovação, têm

maior participação no mercado, mais vendas totais e mais exportações comparativamente àquelas

que não inovam (Gunday et al., 2011). Tendo em conta que as inovações de marketing são

atividades com grande proximidade ao mercado, Rodil et al. (2016), verificaram que são cruciais

para a exportação, a nível micro, nomeadamente atividades relacionadas com design de produto

e métodos de vendas. Contudo, no setor agroindustrial espanhol, as inovações de marketing têm

um impacto negativo no desempenho das exportações do setor (Ruiz et al., 2018). Já entre os

tipos de inovação, Peters et al. (2018), verificaram que os maiores retornos de produtividade foram

proporcionados pelas inovações de marketing. Desta forma, pode-se concluir que os recursos

destinados a melhorar as capacidades inovadoras de uma empresa podem representar uma

melhoria significativa da sua produção e do seu desempenho no mercado, se incentivarem e

implementarem um elevado nível de atividades de inovação.

Alargando a informação já existente relativa a empresas de grandes dimensões sobre a

contribuição, de forma individual e complementar, de variáveis como capacidade de inovação,

capacidade de marketing e capacidade de aprendizagem no desempenho das empresas, Sok et

al. (2013) concluíram que estas três capacidades são as principais determinantes do desempenho

financeiro das PMEs. Concordando, desta forma, com a teoria que defendia que o marketing e a

inovação desempenham o papel mais significativo no sucesso de qualquer empresa e na situação

em que os produtos e processos podem ser imitados rapidamente, a única fonte real de

competitividade é promover e melhorar a capacidade de aprendizagem. Weerawardena (2003) e

Ren et al. (2015), concluíram que a capacidade de marketing tem efeitos de interação significativos

no desempenho da inovação em empresas de manufatura e em PMEs, respetivamente.

Relativamente a empresas portuguesas, existe, também, uma relação positiva entre capacidades

de marketing, vantagem competitiva e desempenho (Ferreira et al. 2018). De facto, as

capacidades de marketing permitem que as empresas implementem orientações estratégicas

projetadas para atender às condições de mercado vigentes e alcançar objetivos específicos de

desempenho, tendo desta forma, uma influência significativa tanto na competitividade quanto no

desempenho.

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O sucesso das atividades de inovação depende do sucesso da inovação no passado

(Lhuillery, 2014). A inovação de marketing não influencia positivamente o sucesso persistente da

inovação em indústrias de baixa tecnologia, porém, a dinâmica da inovação de marketing é mais

complexa nas indústrias de alta tecnologia. Segundo Lhuillery (2014), a inovação de marketing

influencia positivamente o sucesso persistente da inovação incremental, mas influencia

negativamente na inovação radical. Relativamente ao tempo, a inovação de marketing também

impacta positivamente o sucesso da inovação no curto prazo. No entanto, não verificou nenhuma

evidência no efeito positivo das atividades de inovação de marketing ao longo do tempo. O autor

também constatou que os resultados referentes aos efeitos de curto prazo das atividades de

inovação de marketing são importantes para as indústrias de baixa tecnologia.

Segundo Junge et al. (2016), não está confirmado que a inovação de marketing

desempenhe necessariamente um papel independente no crescimento da produtividade da

empresa. Em vez disso, concluíram que a complementaridade entre inovação de produto e

inovação de marketing resulta num crescimento de produtividade significativamente mais rápido

e que qualquer destas atividades por si só não demonstram um efeito positivo no crescimento.

Este resultado é justificado pelo facto de que a inovação de produto desloca a curva da procura

para fora com a criação e o melhoramento de produtos e as ferramentas de marketing são cruciais

para abordar mercados existentes e/ou novos. Atalay et al. (2013) não encontraram nenhuma

evidência significativa e positiva para uma relação entre inovação não tecnológica, nomeadamente,

inovação organizacional e de marketing, e desempenho da empresa. Porém, justificou esta

descoberta com as características da indústria em estudo (indústria automóvel), isto é, a maioria

das empresas da amostra não tinham um departamento de marketing nas suas organizações, não

sendo desta forma reconhecida por elas.

Contudo, tendo em conta Aksoy (2017), as estratégias de inovação de marketing têm uma

relação significativamente positiva no desempenho de mercado de PMEs e devem ser

consideradas um pré-requisito quando o objetivo for melhorar a desempenho da empresa no

mercado. Na indústria aeroportuária, a inovação de marketing tem um efeito positivo no seu

desempenho (Halpern, 2010). Apesar de, na indústria transformadora, as inovações de marketing

terem um impacto negativo na aprendizagem e no crescimento, têm um impacto positivo no

desempenho financeiro, no desempenho do cliente e no desempenho dos processos de negócios

internos (Karabulut, 2015). Dito isto, percebemos que é importante criar, manter e promover uma

cultura de inovação nas empresas que querem manter o sucesso e até mesmo alcançar novos

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mercados e que as habilidades de marketing são reconhecidas como um determinante para o

sucesso empresarial e uma fonte de vantagem competitiva (Božić, 2011). De facto, Ungerman et

al. (2018) concluíram que as inovações de marketing têm um efeito significativo na

competitividade da empresa, uma vez que este tipo de inovação proporciona um melhor

entendimento das necessidades dos clientes, permitindo que as necessidades individuais sejam

satisfeitas ao preço da produção em larga escala. Desta forma pode aumentar a produtividade da

empresa e, numa fase final, garantir maior competitividade.

Desenvolver estratégias de marketing eficazes e inovadores faz parte do processo de criar

novas fontes de vantagem competitiva sustentável e os gestores devem aproveitar o potencial da

inovação contínua de marketing (Ren et al., 2009). Quanto ao facto de empresas (multinacionais)

pretenderem equilibrar os interesses de negócios e proporcionar um crescimento ambiental

sustentável, estas vêm desenvolvendo práticas de inovação, contudo as inovações de marketing

são as práticas menos observadas, comparativamente aos restantes tipos de inovação, para atingir

esse fim (Marcon et al., 2017).

Como já foi referido na revisão de literatura relativamente aos determinantes da inovação

de marketing, existe uma relação positiva entre a inovação de marketing e os restantes tipos de

inovação. De facto, vários autores constataram que as inovações de marketing têm impactos

positivos e significativos no desempenho inovador da empresa, nomeadamente verificaram que

quanto maior forem os níveis de inovação de marketing, maiores serão os de inovação de produto

e melhor será o desempenho inovador da empresa (Gunday et al., 2011; Hassan et al., 2013).

No entanto, não esta claro se elas compensam a nível de desempenho, especialmente quando a

empresa segue uma estratégia dupla, ou seja, investe simultaneamente em inovações de

marketing e em I&D. Grimpe et al. (2017) constataram que os investimentos em inovações de

marketing têm pelo menos o mesmo potencial para criar um desempenho superior em inovação,

que os investimentos em I&D. Contudo, os autores sugerem que as empresas devem ser

cautelosas quanto à utilização da estratégia dupla referida, principalmente empresas de menores

dimensões, com défices de legitimidade e limitações de recursos, e empresas de alta tecnologia,

uma vez que são caracterizadas por rápidas mudanças e incertezas tecnológicas.

Quanto ao efeito moderador da inovação de marketing na relação entre inovação de

produto e desempenho da empresa, este é maior na indústria de alta tecnologia, uma vez que

aumenta os impactos positivos da inovação radical e incremental de produtos no desempenho da

empresa (Lee et al., 2017). Em contraste, na indústria de baixa tecnologia, os autores constataram

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que esse efeito moderador apenas é mostrado na inovação incremental de produto, o que

contradiz a revisão literária feita por eles, que refere que a inovação de marketing não é significativa

para aumentar o impacto positivo da atividade incremental de inovação de produto no

desempenho da empresa.

Empresas que podem realizar diferentes atividades de inovação terão, no futuro, uma

maior probabilidade de expandir o seu negócio. Apesar de, todos os tipos de atividades de inovação

serem importantes para as empresas, se não forem combinadas com inovação de marketing, não

serão suficientes para alcançar o sucesso desejado (Utkun e Atilgan, 2010). Desta forma, preços,

embalagens, canais de distribuição, atividades de promoção, atendimento ao cliente são áreas

que devem ser levados em consideração e que devem procurar melhorias continuas.

2.5. Persistência na inovação de marketing

Um tópico importante e pouco estudado na literatura sobre inovação das empresas, é a

questão sobre a probabilidade de uma empresa que inovou uma vez, voltar a inovar em períodos

subsequentes. Clausen et al. (2011) comprovou os estudos de vários autores que identificaram

uma alta persistência de atividades de inovação em empresas intensivas em I&D (Crepon e

Duguet, 1997; Castillejo et al., 2004), empresas da indústria transformadora e de serviços, apesar

de no setor dos serviços, o efeito da inovação no período anterior foi menor do que na indústria

transformadora, comparativamente ao período atual (Peters, 2009) e empresas com alta

intensidade tecnológica inovam persistentemente, ao contrário de empresas de baixa intensidade

tecnológica (Raymond et al., 2006).

A persistência da inovação de marketing carece ainda mais de investigações, contudo, as

conclusões encontradas vão de encontro com teorias vistas anteriormente sobre a persistência da

inovação. Concordando com a investigação de Raymond et al. (2006), Lhuillery (2014) afirma que

a inovação de marketing não influencia positivamente o sucesso persistente da inovação em

indústrias de baixa tecnologia, porém, a dinâmica da inovação de marketing é mais complexa nas

indústrias de alta tecnologia. Segundo o mesmo autor, a inovação de marketing influencia

positivamente o sucesso persistente da inovação incremental, mas influencia negativamente na

inovação radical.

A inovação, como já foi referido, pode ser vista como um dos principais determinantes do

desempenho das empresas. Este desempenho é heterogéneo pois depende da persistência no

comportamento de inovação das mesmas. Karlsson e Tavassoli (2015) descobriram que as

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empresas não são homogéneas na escolha de estratégias de inovação e dão preferência a

estratégias de inovação diversas. Contudo, verificaram também que as empresas tendem a

persistir na escolha do período anterior. Posto isto, em todos os setores há empresas que inovam

com persistência, empresas que inovam de vez em quando e empresas que nunca inovam.

Segundo Tavassoli e Karlsson (2015), existe um comportamento de persistência nos quatro tipos

de inovação, sendo que o grau de persistência é superior na inovação de produto. Contudo, depois

de observada as características das empresas, o efeito de persistência ainda permanecia em todos

os tipos de inovação, exceto na inovação de marketing, sendo, novamente a inovação de produtos

a inovação com maior grau de persistência. Este resultado deve-se ao facto de empresas

inovadoras considerarem a inovação de produto um processo autoeficiente, que se espera que se

reproduza com o tempo e considerarem ser menos problemático fazer uma pausa nas inovações

de marketing.

Em contexto de crise, Medrano e Olarte-Pascual (2016b) verificaram que as empresas

espanholas eram menos propensas a implementar inovações de marketing no período seguinte.

Empresas com maior probabilidade de inovar em marketing, no período seguinte, foram aquelas

que exportavam para países fora da União Europeia, devido a crise em Espanha e por toda a

Europa.

2.6. Conclusão

Inovar em marketing significa criar novas formas de influenciar os consumidores através

de mudanças no design do produto (Produto), da introdução de novos canais de vendas

(Posicionamento), novos conceitos para promover produtos (Promoção) ou através de novas

estratégias de fixação de preços (Preço). Contudo, há vários fatores internos e externos à empresa

que podem estimular a prática deste tipo de inovações.

Depois de analisada as características das empresas como potenciais determinantes à

inovação de marketing, podemos concluir que não há consenso na literatura, apesar de uns

determinantes serem mais controversos que outros. A relação entre dimensão e inovação de

marketing parece depender do setor de atividade, onde na indústria transformadora são as de

menor dimensão, e nos serviços as de maior dimensão. Entre I&D e inovação de marketing não

parece haver relação direta, o que está em linha com a ideia de que são as empresas em setores

menos intensivos em tecnologia que mais fazem inovação de marketing. Também a relação entre

capital humano e inovação de marketing parece depender da forma como as empresas mantêm

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os seus colaboradores motivados e preparados (formação). Contudo, há consenso na literatura

relativamente à relação entre os vários tipos de inovação e inovação de marketing, onde se verifica

uma relação direta entre os vários tipos de inovação (produto, processo e organizacional) e

inovação de marketing, e vice-versa. No entanto, a relação entre inovação de marketing e inovação

de processos é a mais contraditória.

Quanto às características do setor/indústria, os resultados da revisão de literatura

apontam para uma relação direta entre concorrência e inovação de marketing, onde o aumento

da concorrência provoca um efeito positivo na introdução de inovação de marketing. Já a relação

entre setor e inovação de marketing parece variar com o tipo de inovação de marketing

implementado, apesar de não haver consenso na literatura. Empresas de serviços introduzem

inovações de marketing relativos à promoção, posicionamento e preço, enquanto que empresas

da indústria transformadora introduzem inovação de marketing relacionadas com o design e

embalagens.

O facto de que qualquer tipo de inovação pode contribuir para uma vantagem competitiva

para as empresas é um consenso geral. A estratégia de inovação é vista, de forma geral, como

um importante impulsionador do desempenho empresarial e deve ser desenvolvida como parte

integrante da estratégia. As estratégias de inovação de marketing têm uma relação

significativamente positiva no desempenho das empresas, uma vez que este tipo de inovação

proporciona um melhor entendimento das necessidades dos clientes. Contudo, não está

confirmado que estas desempenhem um papel independente no crescimento da produtividade da

empresa, mas sim a complementaridade entre inovação de produto e inovação de marketing.

A persistência das atividades de inovação foi o último tópico estudado na revisão de

literatura e verificou-se que as empresas tendem a persistir na escolha do período anterior,

havendo sempre empresas que inovam com persistência, empresas que inovam de vez em

quando e empresas que nunca inovam.

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Capítulo 3. Dados e metodologia

3.1. Introdução

Este capítulo tem por objetivo apresentar os dados e metodologia utilizada no estudo. Na

secção 3.2. é feita uma descrição dos dados e da respetiva fonte, da amostra e das variáveis

empíricas usadas no estudo. Na secção 3.3. é apresentada a metodologia. Por último, na secção

3.4. é feita uma breve síntese deste capítulo.

3.2. Dados e amostra

A recolha dos dados necessários para dar resposta a uma investigação é um aspeto

importante. Deste modo, os dados para este estudo vão ser recolhidos através do Inquérito

Comunitário à Inovação (CIS). A realização deste inquérito é da responsabilidade do Instituto

Nacional de Estatística (INE) sob a orientação do Eurostat. Os inquéritos à inovação seguem a

metodologia definida no âmbito do Manual de Oslo (OCDE, 2005) que define as atividades de

inovação nas empresas. Trata-se de inquérito por amostragem, sendo a amostra representativa

da população e o inquérito é censitário para as empresas de grande dimensão. Os CIS são

realizados bienalmente.

Para respondermos às questões de investigação enunciadas no Capítulo 1 desta

dissertação, i.e., sobre a prevalência no uso da inovação de marketing entre empresas e setores,

o efeito da inovação de marketing no desempenho da empresa e sua persistência, recorremos aos

dois inquéritos do CIS foi necessário utilizar dados de dois inquéritos, concretamente do CIS12 e

do CIS14, abrangendo assim o período temporal compreendido entre de 2010 a 2014. O CIS12

abrange os anos 2010-2012 e compreende 6,840 empresas e o CIS14 abrange os anos 2012-

2014 e compreende 7,083 empresas. No entanto, devemos clarificar que na análise das

regressões probit apenas foram usados dados de um inquérito, o CIS14. Esta foi uma opção que

fizemos para não perdermos muitas observações, uma vez que as empresas que se encontram

presentes nos dois inquéritos são apenas 3,500. Fizemos ainda assim regressões com apenas

estas empresas e os resultados não se alteraram de forma significativa.

O inquérito CIS compreende uma secção sobre inovação de marketing e os seus quatro

tipos e ainda informação relativa ao desempenho da empresa, sua dimensão, capital humano,

setor de atividade e outras variáveis específicas à empresa. Para este estudo foram recolhidas

algumas variáveis que estão descritas na Tabela 1. Todas estas variáveis foram transformadas em

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variáveis numéricas com o objetivo de facilitar a análise estatística do presente estudo, com a

exceção da variável “vendas” que representa o total das vendas de bens e serviços em logaritmo.

Para a construção do indicador de concentração de mercado, o índice CR4, isto é, a quota de

mercado das quatro maiores empresas recorremos à base de dados Amadeus. Esta variável foi

depois agregada a dois dígitos de forma a podermos relacionar com os dados do CIS, uma vez

que apenas identifica o setor de atividade da empresa a dois dígitos.

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Tabela 1 - Descrição das variáveis

Variável Descrição

INOVAÇÃO DE MARKETING Durante o período de 2010-2012 / 2012-2014, a empresa realizou qualquer tipo de inovação

em Marketing (1=sim;0=não).

MKT_PRODUTO Durante o período de 2010-2012 / 2012-2014, a empresa introduziu mudanças significativas

no aspeto/estética do produto ou na embalagem dos produtos (1=sim; 0=não).

MKT_PROMOÇÃO Durante o período de 2010-2012 / 2012-2014, a empresa introduziu novas técnicas ou

meios de comunicação (Media) para a promoção de bens ou serviços (1=sim; 0=não).

MKT_POSICIONAMENTO Durante o período de 2010-2012 / 2012-2014, a empresa introduziu novos métodos de

distribuição/colocação de produtos ou novos canais de vendas (1=sim; 0=não).

MKT_PREÇO Durante o período de 2010-2012 / 2012-2014, a empresa introduziu novas políticas de

preços para os produtos (1=sim; 0=não).

INOVAÇÃO DE PRODUTO Durante o período de 2010-2012 / 2012-2014, a empresa realizou qualquer tipo de inovação

de produto (1=sim;0=não).

INOVAÇÃO DE PROCESSO Durante o período de 2010-2012 / 2012-2014, a empresa realizou qualquer tipo de inovação

de processo (1=sim;0=não).

I&D Durante o período de 2010-2012 / 2012-2014, a empresa desenvolveu atividades de I&D

realizadas dentro da empresa (1=sim; 0=não).

DIMENSÃO Classificação da dimensão da empresa, 2010-2012 / 2012-2014 (1=10 a 49 empregados;

2=50 a 249 empregados; 3=250 ou mais empregados).

CAPITAL HUMANO Percentagem aproximada de pessoas ao serviço na empresa em 2010-2012 / 2012-2014

com formação superior (0=0%; 1=1-49%; 2=50-100%).

VENDAS Volume de negócios de 2014 (total das vendas de bens e serviços em logaritmo).

EXPORTADORA Produtos vendidos pela empresa para outros países da União Europeia (EU) ou países

associados e outros países, em 2010-2012 / 2012-2014 (1=sim; 0=não).

INDÚSTRIA =1 (Indústria Extrativa, CAE 1-9), =2 (Indústria Transformadora, CAE 10-33), =3 (- Indústria

dos Serviços, CAE 35-90), 2010-2012 / 2012-2014.

INTENSIDADE TECNOLÓGICA =1 (Indústrias de baixa intensidade tecnológica), =2 (Indústrias de média intensidade

tecnológica), =3 (Indústrias de elevada intensidade tecnológica), segundo a classificação da

OCDE, 2010-2012 / 2012-2014.1

CONCENTRAÇÃO Índice de concentração de mercado das 4 maiores empresas, 2012.2

Fonte: Da autora.

A Tabela 2 apresenta as estatísticas descritivas das variáveis empíricas, através da qual é

possível fazer uma análise simples da amostra em estudo. As estatísticas descritivas utilizadas

1 O Anexo 1 contém da descrição dos setores por intensidade tecnológica segundo o EUROSTAT. 2 𝐶𝑅4 =

Σ𝑆𝑖4

Σ𝑆𝑖, sendo que 𝑆𝑖 são as quotas das 4 mais empresas do setor i.

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neste estudo foram a média, o desvio padrão, o mínimo e o máximo. Podemos constatar que, no

total das 7,083 empresas representadas no CIS14, o número de empresas que praticam inovação

de marketing (32.9%) é inferior comparativamente às inovações tecnológicas, tanto na inovação

de produto (33.9%) como na inovação de processo (39.3%). Quanto ao tipo de inovação de

marketing, o mais frequente nas empresas em análise é o relacionado com a promoção, 21.0%,

seguido do produto, 19.1%, preço, 12.3% e por último a inovação de marketing relacionada com

o posicionamento, 10.6%. Através do valor médio, verificamos que o mais comum para as

empresas em análise é praticarem apenas um tipo de inovação de marketing. Podemos também

constatar que 22% das empresas pertencentes a este estudo desenvolveram atividades de I&D,

entre 2012 e 2014, 69.1% são empresas exportadoras e o volume médio de negócios é de

14,932€.

Através do valor médio, podemos concluir que as empresas pertencentes a este estudo

são maioritariamente empresas de média dimensão, pertencentes à indústria transformadora, de

média tecnologia e com uma pequena percentagem de pessoas ao serviço com formação superior

inferior a 50%. A média do índice de concentração do mercado das quatro maiores empresas é

baixa (27%) e apresenta alguma dispersão.

Tabela 2 - Estatísticas Descritivas

Variável Observações Média Desvio Padrão Mínimo Máximo

INOVAÇÃO DE MARKETING 7,083 0.329 0.466 0 1

MKT_PRODUTO 7,083 0.191 0.393 0 1

MKT_PROMOÇÃO 7,083 0.210 0.407 0 1

MKT_POSICIONAMENTO 7,083 0.106 0.307 0 1

MKT_PREÇO 7,083 0.123 0.328 0 1

MKT_NÚMERO 7,083 0.630 1.093 0 4

INOVAÇÃO DE PRODUTO 7,083 0.339 0.473 0 1

INOVAÇÃO DE PROCESSO 7,083 0.393 0.488 0 1

I&D 7,083 0.220 0.414 0 1

DIMENSÃO 7,083 1.483 0.738 1 3

CAPITAL HUMANO 7,083 0.985 0.545 0 2

VENDAS 7,078 14.923 1.641 2.485 22.353

EXPORTADORA 7,083 0.691 0.462 0 1

INDÚSTRIA 7,083 2.431 0.526 1 3

INTENSIDADE TECNOLÓGICA 7,083 1.724 0.755 1 3

CONCENTRAÇÃO 7,030 0.270 0.193 0.075 1.000

Fonte: Da autora.

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3.3. Metodologia

De forma a dar continuidade a esta investigação e uma vez que se pretende estudar o

comportamento de um número alargado de empresas, irá ser implementado um estudo

quantitativo. A metodologia de trabalho é definida com o intuito de dar respostas às questões e

aos objetivos propostos inicialmente e esta apresenta-se como sendo a mais adequada, uma vez

que se pretende avaliar e quantificar o objeto de análise e, desta forma, tirar conclusões acerca

de padrões de comportamento.

Para avaliarmos a prevalência da inovação de marketing entre empresas e setores iremos

analisar a frequência da distribuição deste tipo de inovação pelas diferentes variáveis identificadas

na revisão de literatura como sendo as mais relevantes para o objeto do nosso estudo e realizar

testes estatísticos de associação, tais como o coeficiente de correlação de Pearson, e de diferença

nas médias, tal como o teste de T-Student. Pretendemos ainda seguir o estudo realizado por Božić

(2011) o qual propõe um modelo empírico dado pela seguinte especificação:

InovaçãoMarketingᵢ = ƒ(Dimensãoᵢ, DespesaI&Di, Inovaçãoi, Capital Humanoi, Setorᵢ)

onde i refere-se à empresa e InovaçãoMarketing são variáveis dicotómicas, indicando se a empresa

introduziu, ou não, inovação de marketing, i.e., de qualquer tipo, e quatro indicadores para cada

tipo de inovação de marketing. Para analisar os determinantes da inovação de marketing, e tendo

em conta que é uma variável dicotómica, elaboramos um modelo econométrico de acordo com o

trabalho de Faria et al. (2010), dado por:

𝑦𝑖 = 𝑋𝑖𝛽𝑖 + 𝜀𝑖 (1)

onde 𝑦𝑖 é definido como

𝑦𝑖 = 1, se a empresa 𝑖 pratica inovações de marketing

= 0, se a empresa 𝑖 não pratica inovações de marketing

e 𝑋𝑖 é um vetor de valores individuais das variáveis independentes. 𝛽𝑖é o vetor de coeficientes a

estimar e o 𝜀𝑖 é a perturbação estocástica. A variável dependente 𝑦𝑖 será também definida de

igual maneira, mas assumindo o valor de 1 para cada tipo de inovação de marketing.

Para avaliarmos a relação entre inovação de marketing e desempenho da empresa iremos

recorrer ao teste de diferenças nas distribuições de Kolmogorov-Smirnov (Ruppert, 2004). No

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nosso estudo vamos comparar as distribuições da variável das vendas, como medida de

desempenho das empresas que praticam inovação de marketing e das empresas que não

praticam inovações de marketing. Se as distribuições das vendas das empresas que introduzem

inovação de marketing dominarem estocasticamente as distribuições das empresas que não

introduzem inovação de marketing, então, empresas que introduzem inovação de marketing

apresentam maior vendas, portanto, melhor desempenho.

O teste K-S, segundo Chakravart et al. (1967), baseia-se numa função de distribuição

empírica Fn para n observações independentes e idênticas:

𝐹𝑛 (𝑥) = 1

𝑛∑ 𝐼[−∞, x]𝑛𝑖=1 (𝑋𝑖) , onde 𝐼[−∞,𝑥](𝑋𝑖) = .

Assim, a estatística K–S para uma dada função distribuição acumulada é dada por:

𝐷𝑛 = 𝑚𝑎𝑥𝑥 |𝐹𝑛 (𝑥) − 𝐹(𝑥), onde 𝑚𝑎𝑥𝑥 é o valor máximo de distância das distribuições.

Uma vez que as atividades de inovação de marketing se caracterizam por incerteza, esta

metodologia permite observar esta incerteza porque se centra no comportamento estocástico da

variável em análise. Esta metodologia foi utilizada por Cassiman et al. (2010) e a sua vantagem

advém do facto de não ser necessário realizar uma análise regressão para identificar o

comportamento e efeito médio na população quando praticam inovações de marketing, a qual

implica o uso de uma base de dados mais alargada no tempo e técnicas econométricas mais

sofisticadas e que se encontram fora do âmbito deste trabalho. Desta forma, conseguimos

observar o que acontece ao resultado estocástico destas atividades das empresas. Outra vantagem

desta metodologia referida por estes autores é que não é necessário assumir a forma de uma

função da relação entre a variável das vendas e da inovação de marketing, tal como acontece na

análise por regressão, pois é um teste exato e sensível a diferenças tanto no local como na forma

das distribuições. A variável utilizada para medir o desempenho da empresa foi as vendas, tendo

sido calculada como o desvio do valor observado da empresa em relação à média do setor e foi

calculada para empresas de pequena e média dimensão e empresas de grande dimensão.

1, 𝑠𝑒 𝑋𝑖 ≤ 𝑥

0, caso contrário

0, 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟

á𝑟𝑖𝑜

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3.4. Conclusão

Este capítulo tem o propósito de explicar a metodologia utilizada para responder às

questões de investigação desta dissertação. Para este estudo foram recolhidos dados de dois

inquéritos do CIS relativos às empresas portuguesas, abrangendo o período compreendido entre

2010-2014, sendo os dados uma amostra representativa da população. Para respondermos às

questões de investigação relativas à prevalência no uso da inovação de marketing entre empresas

e setores, o efeito da inovação de marketing no desempenho da empresa e sua persistência,

recorremos ao CIS12 e ao CIS14. No entanto, na análise das regressões probit apenas foram

usados dados do CIS14, com o objetivo de não perdermos muitas observações.

As variáveis empíricas foram escolhidas de acordo com a revisão de literatura. A

metodologia utilizada nesta dissertação inclui estatística descritiva, testes T de diferenças de

média, regressão probit, o teste K-S e a estimação de probabilidades de transição.

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Capítulo 4. Resultados empíricos

Neste capítulo apresentamos os resultados empíricos com vista a respondermos aos

objetivos e às questões de investigação enunciadas na Introdução deste trabalho. Assim, na secção

4.1. começamos por estudar a adoção da inovação de marketing pelas empresas portuguesas

começando por descrever a incidência da inovação de marketing nas empresas portuguesas entre

2010 e 2014. Na secção 4.2. são analisados os determinantes da inovação de marketing. A

relação entre a inovação de marketing e o desempenho das empresas é analisada na secção 4.3.

e por último, na secção 4.4., é avaliada a persistência das atividades de inovação de um período

para o outro.

4.1. A incidência da inovação de marketing no contexto empresarial português

A Tabela 3 dá-nos a informação relativa ao número de empresas portuguesas que

praticaram atividades de inovação, independente do tipo, e o número de empresas portuguesas

que praticaram atividades de inovação de marketing entre 2010 e 2014. A primeira observação é

que se regista uma diminuição de empresas inovadoras (qualquer tipo) em 3.4 pontos percentuais

passando de 61.0% para 57.6% o que provavelmente resultou da crise financeira. Quanto à

inovação de marketing, verifica-se também uma diminuição, mas mais acentuada, de 5.4 pontos

percentuais, entre 2010-2012 e 2012-2014, passando de 37.3% para 31.9%. Segundo os

resultados do Teste-T, estas diferenças verificadas entre os dois períodos estudados são

estatisticamente significativas.

Tabela 3 – Empresas inovadoras e empresas com inovação de marketing, 2010-2014

Fonte: Da autora com dados a partir do Eurostat. *** estatisticamente significativo a 1%, n.s. = não significativo.

Quanto à prevalência deste tipo de inovação no contexto das empresas portuguesas

podemos concluir que aproximadamente um terço do total de empresas analisadas realiza

CIS12 (2010-2012) CIS14 (2012-2014)

Teste – t de diferenças de média

Praticam TOTAL Praticam TOTAL

Nº % Nº % Nº % Nº %

Inovação 4,175 61.0 6,840 100 4,080 57.6 7,083 100 < ***

Inovação de Marketing 2,554 37.3 6,840 100 2,259 31.9 7,083 100 < ***

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inovações de marketing, mas entre as empresas que reportam fazer algum tipo de inovação, a

proporção de empresas com inovação de marketing é bastante mais elevada, concretamente, foi

de 61.2% e de 55.4% entre 2010-2012 e 2012-2014, respetivamente, como podemos observar

na Tabela 4. Estes valores sugerem que a inovação de marketing ocupa uma parte significativa

nas atividades de inovação nas empresas portuguesas. Para uma melhor compreensão da

importância relativa da inovação de marketing nas atividades de inovação, construímos a Tabela

4 onde apresentamos a distribuição dos quatro tipos de inovação considerados no inquérito CIS.

Tabela 4 – Empresas inovadoras por tipos de inovação, 2010-2014

Fonte: Da autora com dados a partir do Eurostat, *** estatisticamente significativo a 1%, n.s. = não significativo.

Também na Tabela 4, verificamos que, apesar de a inovação de marketing ocupar uma

parte significativa nas atividades de inovação nas empresas portuguesas, é apenas o terceiro tipo

de inovação mais implementado entre 2010-2014, sendo a inovação de processo o tipo de

inovação mais implementado no mesmo período em análise. Outro aspeto a salientar é o facto de

que entre o CIS12 e o CIS14 não existe diferença estatisticamente significativa nos valores da

inovação de produto e processo, mas sim no caso da inovação organizacional e de marketing. Em

particular, os dados mostram uma redução de 12.5 e 5.8 pontos percentuais, respetivamente.

Estes resultados sugerem que as inovações de produto e processo são consideradas como mais

relevantes pelas empresas, o que é sustentado na literatura pelo facto destas inovações serem

sempre as mais frequentes.

Através da análise da Tabela 5, podemos averiguar que o elemento do marketing-mix que

foi mais praticado pelas empresas portuguesas, tanto no CIS12 como no CIS14, foi o

correspondente à promoção, contudo representa apenas 22.9% e 21%, respetivamente, do total

das empresas em análise. Já a inovação de marketing relativo ao posicionamento é o elemento

CIS 12 (2010-2012) CIS14 (2012-2014) Teste – t de

diferença de médias

Praticam Praticam

Nº % Nº %

Inovação 4,175 100 4,080 100

• Inovação de Produto 2,256 54.0 2,400 58.9 n.s.

• Inovação de Processo 2,712 65.0 2,785 68.3 n.s.

• Inovação Organizacional 2,658 63.7 2,087 51.2 < ***

• Inovação de Marketing 2,554 61.2 2,259 55.4 < ***

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menos praticado nos dois inquéritos, correspondendo apenas a 12.8% e 10.6%. Estas duas

conclusões suportam o estudo realizado a empresas croatas por Božić (2011). Verifica-se também

que para todos os tipos de inovação de marketing, o número de empresas que os praticam diminui

entre os períodos de 2010-2012 e 2012-2014, sendo esta diferença estatisticamente significativa

para todos os elementos do marketing-mix, segundo os resultados do Teste-T.

Tabela 5 – Número de empresas que praticaram ou não inovações de marketing relativamente ao

produto, à promoção, ao posicionamento e ao preço, no CIS12 e CIS14

Fonte: Da autora com dados a partir do Eurostat. *** estatisticamente significativo a 1%, n.s. = não significativo.

Com esta breve análise dos dados em estudo, é de fácil perceção que há empresas que

praticaram mais do que um tipo de inovação de marketing nos períodos em análise. De facto,

através da Tabela 6 conseguimos concluir que grande parte das empresas em análise, 41.8%

relativo ao CIS12 e 43.4% relativo ao CIS14, apenas põe em prática um tipo de inovação de

marketing, independentemente do tipo. É de frisar, também, que quanto maior for o número de

elementos do marketing-mix que são implementados nas práticas de inovação de uma empresa,

menor é quantidade de empresas que o praticam, sendo que apenas 13.9% e 12.5% das empresas

portuguesas implementaram inovações de marketing entre 2010-2012 e 2012-2014,

respetivamente, é que implementaram os quatro Ps, relativos à inovação de marketing. O mesmo

também foi verificado no estudo realizado na Croácia por Božić (2011).

Comparando os períodos em análise, verifica-se também na Tabela 6 que, do período de

2010 e 2012 para o período de 2012 e 2014, um aumento na percentagem de empresas que

praticam apenas um ou dois tipos de inovação de marketing e uma diminuição percentual de

empresas que praticam três e quatro tipos de inovação de marketing, apesar de o número de

CIS12 (2010-2012) CIS14 (2012-2014) Teste – t de

diferença de médias

Praticam TOTAL Praticam TOTAL

Nº % Nº % Nº % Nº %

MKT_Produto 1,425 20.8 6,840 100 1,351 19.1 7,083 100 < ***

MKT_Promoção 1,565 22.9 6,840 100 1,488 21.0 7,083 100 < ***

MKT_Posicionamento 878 12.8 6,840 100 748 10.6 7,083 100 < ***

MKT_Preço 1,309 19.1 6,840 100 872 12.3 7,083 100 < ***

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empresas a praticarem inovações de marketing ter diminuído no geral e nas quatro categorias em

análise nesta tabela.

Tabela 6 – Inovação de marketing nas empresas portuguesas, entre 2010 e 2014

CIS 12 (2010-2012) CIS14 (2012-2014)

Nº % Nº %

Inovação de Marketing 2,554 100 2,259 100

• Apenas um tipo 1,067 41.8 981 43.4

• Dois tipos 705 27.6 638 28.2

• Três tipos 428 16.8 358 15.9

• Quatro tipos 354 13.9 282 12.5

Fonte: Da autora com dados a partir do Eurostat.

Depois de analisada a prevalência das empresas portuguesas às práticas da inovação de

marketing e dos seus respetivos elementos é importante perceber quais são os determinantes que

levam as empresas portuguesas a adotar este tipo de inovação e qual a sua relação com o

desempenho das mesmas, assunto que será estudado durante a investigação.

Através da elaboração da Tabela 7 conseguimos analisar a relação entre empresas

inovadoras, que praticam qualquer tipo de inovação e que praticam inovação de marketing, e o

tipo de atividade. Durante o período 2010-2012, mais de metade das empresas que praticavam

qualquer tipo de inovação (51.3%) pertenciam à indústria transformadora, seguido de empresas

prestadoras de serviços (47.9%) e de empresas ligadas à indústria extrativa (0.8%). Durante o

período 2012-2014 a ordem mantém-se tendo os valores percentuais de 55.1%, 43.9% e 1.0%,

respetivamente. Contudo, analisando apenas empresas inovadoras em marketing verificamos que,

durante o período 2010-2012, a grande maioria pertence ao setor dos serviços, 50.6%.,

suportando a teoria de Medrano e Olarte-Pascual (2016a) que empresas ligadas ao setor de

serviços estão mais propensas a desenvolver atividades de inovação de marketing do que as

empresas pertencentes à indústria transformadora. Durante o período 2012-2014, verifica-se uma

diminuição no setor de serviços de 4.6 pontos percentuais, fazendo com que a indústria

transformadora seja a indústria com mais empresas praticantes de inovação de marketing (53.1%),

apoiando desta forma a teoria de Abdu Jibir (2017) que contradiz as autoras acima mencionadas.

Conclui-se que tal como vimos na revisão de literatura, parece não haver consenso sobre o tema.

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Conseguimos, também, averiguar que os valores percentuais, da Tabela 7, relativos ao

tipo de atividade são semelhantes, tanto para empresas inovadoras e para empresas inovadoras

em marketing, sendo que a maior diferença é de 3.8 pontos percentuais na indústria

transformadora, no período entre 2010-2012, e de 2.1 pontos percentuais no setor dos serviços,

no período entre 2012-2014.

Após analisar a variável relativa ao tipo de atividade das empresas inovadoras e das

empresas inovadoras em marketing, será pertinente, também, avaliar o determinante relativo à

dimensão das mesmas empresas. Com a Tabela 8 verificamos que, nos dois períodos em análise,

a maioria das empresas que praticavam qualquer tipo de inovação, 56.2% no período de 2010-

2012 e 60.1% no período de 2012-2014, como as que praticavam apenas inovação de marketing,

56.6% no período de 2010-2012 e 61.5% no período de 2012-2014, são empresas de pequena

dimensão. Constatamos, também, que entre os períodos em análise, a segunda dimensão mais

comum para empresas inovadoras no geral e inovadoras de marketing é diferente. No período de

2010-2012, empresas de grande dimensão representavam 26% para os dois tipos de empresas

analisadas. Já no período de 2012-2014, eram as empresas de média dimensão que

representavam a segunda dimensão mais comum tanto para empresas que praticavam qualquer

tipo de inovação, 21%, como para empresas que praticavam apenas inovações de marketing,

19.7%. Esta última conclusão acaba por estar de acordo com a teoria de Medrano e Olarte-Pascual

(2016a) e Abdu e Jibir (2017) vista na revisão de literatura, onde afirmam que pequenas e médias

empresas são mais propensas a praticar inovações de marketing do que empresas de grande

dimensão.

Verificamos também, na Tabela 8, que os valores percentuais relativos à dimensão das

empresas em análise são praticamente iguais, tanto para empresas inovadoras e empresas

inovadoras em marketing, havendo apenas uma diferença significativa nas empresas de pequena

dimensão de 1.4 pontos percentuais entre empresas inovadora (60.1%) e inovadoras em

marketing (61.5%), no período entre 2012-2014.

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Tabela 7 – Empresas inovadoras e empresas com inovação de marketing por tipo de atividade, 2010-2014

Fonte: Da autora com dados a partir do Eurostat.

Tabela 8 – Empresas inovadoras e empresas com inovação de marketing por dimensão, 2010-2014

Fonte: Da autora com dados a partir do Eurostat.

CIS 12 (2010-2012) CIS14 (2012-2014)

Indústria

Extrativa

Indústria

Transformadora

Serviços Total Indústria Extrativa Indústria

Transformadora

Serviços Total

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nª %

Inovação 32 0.8 2,143 51.3 2,000 47.9 4,175 100 41 1.0% 2,250 55.1 1,789 43.9 4,080 100

Inovação de Marketing 23 0.9 1,239 48.5 1,292 50.6 2,554 100 21 0.9% 1,200 53.1 1,038 46.0 2,259 100

CIS 12 (2010-2012) CIS14 (2012-2014)

Pequenas Médias Grandes Total Pequenas Médias Grandes Total

Nº % Nº % Nº % Nª % Nº % Nº % Nº % Nª %

Inovação 2,345 56.2 744 17.8 1,086 26.0 4,175 100 2,452 60.1 855 21.0 773 18.9 4,080 100

Inovação de Marketing 1,444 56.6 445 17.4 665 26.0 2,554 100 1,389 61.5 444 19.7 426 18.8 2,259 100

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31

4.2. Os determinantes da inovação de marketing

Na Tabela 9 podemos observar a matriz de correlações das variáveis empíricas.

Analisando o grau de associação da inovação de marketing com os restantes tipos de inovação

tecnológica, concluímos que o coeficiente de correlação é maior entre a inovação de marketing e

a inovação de produto (0.434), do que com a inovação de processo (0.388), sendo que ambos os

valores são estatisticamente significativos. Esta conclusão acaba por ir de encontro com a revisão

de literatura de que existe uma relação entre inovação de marketing e inovação de produto (Božić,

2011; Kijek, 2013; Soltani et al., 2015; Medrano e Olarte-Pascual, 2016a; Bartoloni e Baussola,

2016 e Aksoy, 2017), uma vez que a criação de produtos novos ou melhorados precisam de ser

comercializados.

Excluindo agora as variáveis relacionadas com inovação, que são as que têm um maior

grau de correlação com a inovação de marketing, verifica-se que a variável com maior grau de

associação com a inovação de marketing é a relacionada com a percentagem de pessoas ao

serviço da empresa com formação superior (0.153), o que, por um lado, corrobora a conclusão

de Ceylan (2013) e Soltani et al. (2015) de que o capital humano e as características dos

trabalhadores podem influenciar a probabilidade da empresa inovar em marketing e, por outro

lado, contradiz a teoria de Abdu e Jibir (2017) onde a educação dos colaboradores não é

considerada um determinante importante na inovação de marketing. Já a variável “Indústria” é a

que tem menor grau de associação com a inovação de marketing (0.025), comprovando a falta

de consenso existente na literatura.

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32

Tabela 9 - Matriz de correlações das variáveis empíricas incluídas nas regressões probit.

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11)

INOVAÇÃO DE MARKETING (1) 1.000

INOVAÇÃO DE PRODUTO (2) 0.434*** 1.0000

INOVAÇÃO DE PROCESSO (3) 0.388*** 0.517*** 1.0000

I&D (4) 0.115*** 0.264*** 0.024 1.0000

DIMENSÃO (5) 0.084*** 0.183*** 0.185*** 0.243*** 1.0000

CAPITAL HUMANO (6) 0.153*** 0.186*** 0.112*** 0.206*** 0.136*** 1.0000

VENDAS (7) 0.148*** 0.207*** 0.215*** 0.244*** 0.632*** 0.268*** 1.0000

EXPORTADORA (8) 0.093*** 0.165*** 0.148*** 0.162*** 0.136*** 0.086*** 0.198*** 1.0000

INDÚSTRIA (9) 0.025** -0.044*** -0.054*** -0.041** -0.048*** 0.343*** 0.144*** -0.200*** 1.0000

CONCENTRAÇÃO (10) 0.039** 0.099*** 0.062*** 0.127*** 0.124*** 0.101*** 0.081*** 0.033*** -0.267*** 1.0000

INTENSIDADE TECNOLÓGICA (11) 0.059*** 0.066*** -0.014 0.070*** 0.002 0.468*** 0.088*** -0.158*** 0.757*** 0.101*** 1.0000

Fonte: Da autora. Os níveis de significância apresentam-se da seguinte forma: ***p<0.001, **p<0.01, *p<0.05

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33

Já a correlação dos tipos de inovação de marketing pode ser vista na Tabela 10, onde

todos os valores são estatisticamente significativos e onde podemos verificar que o maior grau de

associação é entre as variáveis de inovação de marketing relativas à promoção e ao produto

(0.506) e o menor é entre as variáveis de inovação de marketing relativas ao preço e ao produto

(0.355). O que parece fazer sentido, uma vez que alterações no design do produto tem como

objetivo tornar este mais apelativo e comerciável.

Tabela 10 - Matriz de correlações dos tipos de inovação de marketing.

MKT_ PRODUTO MKT_PROMOÇÃO MKT_ POSICIONAMENTO MKT_PREÇO

MKT_ PRODUTO 1.000

MKT_PROMOÇÃO 0.506*** 1.000

MKT_ POSICIONAMENTO 0.413*** 0.462*** 1.000

MKT_PREÇO 0.355*** 0.413*** 0.456*** 1.000

Fonte: Da autora. Os níveis de significância apresentam-se da seguinte forma: ***p<0.001, **p<0.01, *p<0.05

Para responder à nossa segunda questão de investigação analisamos de seguida os

determinantes da inovação de marketing. Na Tabela 11 apresentamos as estimativas da regressão

probit onde a variável dependente é igual a 1 caso a empresa tenha introduzido ou implementado

uma inovação de marketing (qualquer tipo). Foram realizadas três regressões uma vez que as

variáveis características do setor apresentam uma forte correlação entre elas, nomeadamente,

concentração-indústria (-0.267) concentração-intensidade tecnológica (0.101) e indústria-

intensidade tecnológica (0.757), como podemos observar na Tabela 9. Na primeira regressão

incluímos a variável concentração, na segunda incluímos as dummies da indústria e na terceira

regressão incluímos as dummies da intensidade tecnológica. Desta forma, evitamos problemas de

colinariedade. As classes omitidas foram as empresas de pequena dimensão, o capital humano

igual a 0%, a indústria extrativa e a indústria de baixa intensidade tecnológica.

Observando, então, a Tabela 11 podemos verificar que as variáveis incluídas no modelo,

que são referentes a características da empresa, apresentam valores estatisticamente

significativos com a exceção da variável “exportadora”. Estas mesmas variáveis apresentam,

também, uma relação positiva com a variável dependente, exceto a variável relativa à dimensão

da empresa. Ou seja, empresas que praticam inovações de produto, inovações de processo, que

desenvolveram atividade de I&D e empresas com capital humano qualificado têm uma maior

probabilidade em introduzir inovações de marketing. Também a variável das vendas apresenta

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uma relação positiva com a variável dependente, isto é, quanto maior for o valor das vendas, maior

será a probabilidade de as empresas introduzirem inovação de marketing. Por outro lado, a

dimensão da empresa influencia de forma negativa a variável dependente, ou seja, quanto maior

for a dimensão da empresa menor é a probabilidade de implementarem inovações de marketing,

comprovando a teoria de Medrano e Olarte-Pascual (2016a) e Abdu e Jibir (2017) vista na revisão

de literatura.

Quanto às características do setor, apenas a variável relativa à concentração do mercado

apresenta valores estatisticamente significativos. A relação com a variável dependente é negativa,

isto é, uma maior concentração do mercado faz com que a probabilidade de inovar em marketing

seja menor. Uma vez que um grau elevado de concentração significa uma menor concorrência,

quanto menor for a concorrência menor é a probabilidade de a empresa praticar inovação de

marketing. Estas conclusões comprovam tudo o que vimos na revisão de literatura,

nomeadamente, a falta de consenso vista na revisão de literatura sobre a possibilidade de o setor

influenciar a prática de inovações de marketing e a relação direta entre concorrência e inovação

de marketing, onde o aumento da concorrência provoca um efeito positivo na introdução de

inovação de marketing (Gupta et al, 2016).

Estas conclusões corroboram algumas teorias vistas na revisão de literatura,

nomeadamente a teoria de Kijek (2013) e Peters et al. (2018) relativas ao facto de empresas com

maior intensidade de gastos em I&D terem maior probabilidade de introduzir inovações de

marketing, e contrariam outras, como o facto de a educação dos colaboradores não ter sido

considerada um determinante importante na inovação de marketing. (Abdu e Jibir, 2017), investir

nas TIC influenciar a probabilidade de inovar em marketing (Divisekera e Nguyen, 2018)

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Tabela 11 - Determinantes da inovação de marketing, empresas portuguesas, 2012-2014.

Variável dependente = Empresa introduziu inovação de marketing

(1) (2) (3)

INOVAÇÃO DE PRODUTO 0.754*** (0.058) 0.757*** (0.058) 0.754*** (0.058)

INOVAÇÃO DE PROCESSO 0.661*** (0.053) 0.663*** (0.053) 0.662*** (0.053)

I&D 0.189*** (0.061) 0.184*** (0.061) 0.179*** (0.061)

50-249 TRABALHADORES -0.222*** (0.067) -0.206*** (0.067) -0.216*** (0.068)

> 250 TRABALHADORES -0.303*** (0.074) -0.326*** (0.076) -0.351*** (0.076)

1-49% CAPITAL HUMANO 0.442*** (0.074) 0.423*** (0.074) 0.423*** (0.075)

> 50% CAPITAL HUMANO 0.422*** (0.087) 0.385*** (0.093) 0.384*** (0.101)

VENDAS 0.070*** (0.020) 0.071*** (0.020) 0.079*** (0.021)

EXPORTADORA 0.065 (0.052) 0.061 (0.053) 0.056 (0.052)

CONCONCENTRAÇÃO -0.228** (0.117) - -

INDÚSTRIA TRANSFORMADORA - 0.175 (0.189) -

INDÚSTRIA SERVIÇOS - 0.218 (0.189) -

INTENSIDADE TECNOLÓGICA MÉDIA - - -0.008 (0.055)

INTENSIDADE TECNOLÓGICA ELEVADA - - 0.040 (0.071)

Constante -2.447*** (0.279) -2.687*** (0.329) -2.598*** (0.281)

Observações 7,025 7,078 7,078

Teste de Wald 983.69*** 996.07*** 989.76***

Pseudo R2 0.202 0.204 0.203

Pseudo LL -9,165.891 -9,199.132 -9,201.367

Fonte: Da autora. Algumas variáveis foram omitidas: a primeira variável da dimensão correspondente de 10 a 49 empregados,

a primeira variável do capital humano correspondente a 0%, a primeira variável da indústria correspondente à indústria extrativa e

a primeira variável da intensidade tecnológica correspondente a intensidade tecnológica baixa.

Os níveis de significância apresentam-se da seguinte forma: ***p<0.001, **p<0.01, *p<0.05

A Tabela 12 apresenta as estimativas do modelo com a variável dependente discriminada

por tipos de inovação de marketing, ou seja, tem também o objetivo de verificar quais são as

variáveis mais relacionadas com a probabilidade de a empresa introduzir os vários tipos de

inovações de marketing. Para além das variáveis omitidas na tabela anterior, decidimos excluir as

variáveis relativas ao tipo de indústria e à intensidade tecnológica, uma vez que não apresentaram

valores estatisticamente significativos na tabela anterior.

Verifica-se que os resultados das regressões por tipo de inovação de marketing são

semelhantes aos da Tabela 11, com algumas exceções. Alguns valores deixaram de ser

estatisticamente significativos como o caso de empresas médias influenciarem a probabilidade de

introduzir inovações de marketing relativas ao posicionamento, empresas grandes influenciarem

a probabilidade de introduzir inovações de marketing relativas ao preço, as vendas influenciarem

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a probabilidade de introduzir inovações de marketing relativas ao preço e o nível de concentração

do mercado influenciarem a probabilidade de introduzir inovações de marketing relativas ao

produto e ao preço. Por outro lado, a relação entre a exportação e probabilidade da empresa

introduzir inovação de marketing relativa ao preço ganhou significância estatística e apresenta uma

relação negativa, ou seja, quanto mais uma empresa exportar, menor será a probabilidade de

implementar inovações de marketing relativas ao preço, o que de certa forma acaba por não

comprovar o trabalho de Rodil et al. (2016) que concluíram que as inovações de marketing, e

especialmente as relacionadas com o design de produto e métodos de venda, são cruciais para a

exportação.

É possível constatar também que a relação entre a concentração do mercado e a

introdução de inovações de marketing relativas ao posicionamento é positiva e significativa, ou

seja, quanto menor for a concorrência maior é a probabilidade de praticar inovações de marketing

relativas ao posicionamento, o que contradiz a relação vista na Tabela 11 entre a concentração de

mercado e o facto de a empresa introduzir inovações de marketing no geral. No seu conjunto,

estes resultados indicam que os determinantes da inovação de marketing são diferentes entre os

vários tipos de inovação de marketing.

Medrano e Olarte-Pascual (2016a), tal como vimos na revisão de literatura, concluíram

que a introdução de um novo produto ou processo tem apenas impacto significativamente positivo

na propensão de um tipo de inovação de marketing, a relativa ao design do produto, o que não vai

de encontro com os nossos resultados, uma vez que, tanto a inovação de produto como a inovação

de processo têm um impacto positivo na propensão em introduzir qualquer tipo de inovação de

marketing.

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Tabela 12 - Determinantes dos tipos de inovação de marketing, empresas portuguesas, 2012-2014.

MKT_PRODUTO MKT_PROMOÇÃO MKT_POSICIONAMENTO MKT_PREÇO

(1) (2) (3) (4)

INOVAÇÃO DE PRODUTO 0.696*** (0.064) 0.558*** (0.062) 0.615*** (0.073) 0.630*** (0.072)

INOVAÇÃO DE PROCESSO 0.487*** (0.061) 0.525*** (0.057) 0.499*** (0.074) 0.599*** (0.065)

I&D 0.184*** (0.064) 0.220*** (0.063) 0.285*** (0.071) 0.145** (0.071)

50-249 TRABALHADORES -0.155** (0.077) -0.233*** (0.070) -0.132 (0.083) -0.188** (0.085)

> 250 TRABALHADORES -0.204** (0.083) -0.205*** (0.076) -0.226** (0.097) -0.175 (0.095)

1-49% CAPITAL HUMANO 0.329*** (0.090) 0.458*** (0.089) 0.344*** (0.119) 0.276*** (0.092)

> 50% CAPITAL HUMANO 0.197** (0.083) 0.588*** (0.100) 0.360*** (0.127) 0.307*** (0.107)

VENDAS 0.061** (0.024) 0.073*** (0.020) 0.077*** (0.026) 0.032 (0.027)

EXPORTADORA 0.102 (0.060) 0.075 (0.056) -0.018 (0.072) -0.145** (0.063)

CONCENTRAÇÃO -0.176 (0.124) -0.285**(0.124) 0.473**(0.165) -0.218 (0.144)

Constante -2.614*** (0.326) -2.793*** (0.278) -3.190*** (0.378) -2.333*** (0.365)

Observações 7,025 7,025 7,025 7,025

Teste Wald 600.84*** 608.27*** 346.71*** 499.70***

Pseudo R2 0.163 0.159 0.170 0.154

Pseudo LL -7,350.178 -7,703.454 -4,882.296 -5,586.630

Fonte: Da autora. Algumas variáveis foram omitidas: a primeira variável da dimensão correspondente de 10 a 49 empregados e

a primeira variável do capital humano correspondente a 0%.

Os níveis de significância apresentam-se da seguinte forma: ***p<0.001, **p<0.01, *p<0.05

4.3. O efeito da inovação de marketing no desempenho das empresas

A terceira questão de investigação, desta dissertação, diz respeito ao efeito da inovação

de marketing no desempenho das empresas. Como mencionado no Capítulo 3, recorremos ao

teste de diferenças nas distribuições de Kolmogorov-Smirnov onde vimos que uma distribuição

cumulativa com dominância estocástica de primeira ordem mostra um maior desempenho, e

quanto maior a distância entre as distribuições maior esse desempenho.

Através da Figura 1, constatamos que empresas que praticaram inovações de marketing

no período entre 2012-2014 tiveram um maior desempenho que as empresas que não praticam

este tipo de inovação, provando assim que a inovação de marketing tem um impacto positivo no

desempenho das empresas. Contudo, e uma vez que esta diferença de desempenho parece pouco

significativa, decidimos comprovar se realmente esta diferença é pouca ou se o efeito da inovação

de marketing no desempenho das empresas não é um resultado tão imediato. Na Figura 2

conseguimos observar a relação entre a introdução de inovações de marketing no período entre

2010-2012 e as vendas de 2014 e concluímos que as diferenças de desempenho são

semelhantes.

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Figura 1 - Relação entre inovação de marketing entre 2012-2014 e vendas em 2014.

Fonte: Da autora.

Figura 2 - Relação entre inovação de marketing entre 2010-2012 e vendas em 2014.

Fonte: Da autora.

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Na revisão de literatura concluímos que não esta confirmado que a inovação de marketing

desempenhe um papel independente no crescimento da produtividade da empresa, mas sim a

complementaridade entre os vários tipos de inovação. Realizamos, então, outro teste de diferenças

nas distribuições de Kolmogorov-Smirnov, comparando as vendas de 2014 de empresas

inovadoras que praticam inovações de marketing em 2012 com as vendas de 2014 de empresas

inovadoras que não praticaram inovações de marketing em 2012, como podemos observar na

Figura 3, e verificou-se que empresas que não introduziram inovação de marketing, mas são

inovadoras, têm melhores vendas, mas algo muito marginal. Portanto, a inovação de marketing

não acrescenta muito entre empresas inovadoras, podendo haver, contudo, outros fatores tais

como o setor de atividade, portanto o tipo de bem ou serviço que não estão a ser inteiramente

controlados, sendo este exercício uma primeira aproximação dos dados apesar da nossa variável

de desempenho ter sido construída por dimensão de empresa e setor. Foi também realizado o

mesmo teste, mas com as variáveis de inovação em 2014, onde os resultados foram idênticos,

não achando pertinente incluir esses mesmo resultados.

Figura 3 - Relação entre empresas inovadoras com inovação de marketing e sem inovação de marketing

entre 2010-2012 e vendas em 2014.

Fonte: Da autora.

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4.4. A persistência na inovação de marketing

A última questão de investigação foi a relativa à persistência da inovação de marketing.

Na Tabela 13, 14 e 15, podemos observar a probabilidade de transição das empresas inovarem

no geral, por tipos de inovação (inovação de marketing, inovação de produto e inovação de

processo) e por tipos de inovação de marketing (produto, promoção, posicionamento e preço) ou

não inovarem no período seguinte, respetivamente.

Na Tabela 13 podemos observar que há uma elevada persistência nos comportamentos

quer inovadores quer não inovadores. Isto é, existe uma probabilidade de 73.9% das empresas

que inovaram em 2012 continuarem a inovar em 2014 e uma probabilidade de 67% das empresas

não inovadoras em 2012 continuarem a não inovar em 2014. Contudo, conseguimos constatar

também que há uma probabilidade de 33% das empresas que não inovaram em 2012,

começarem a inovar em 2014.

Tabela 13 - Persistência na inovação

INOVAÇÃO 2014 Total

0 1

INOVAÇÃO 2012

0 777 382 1,159

67.0 33.0 100

1 597 1,688 2,285

26.1 73.9 100

Total 1,374 2,070 3,444

39.9 60.1 100

Fonte: Da autora.

Na Tabela 14 apresentamos a persistência no comportamento por tipo de inovação, i.e.,

inovação de marketing, inovação de produto e inovação de processo. Verifica-se que a inovação

de marketing é a que apresenta menor persistência no comportamento. Assim, temos 54% das

empresas que introduziram inovação de marketing em 2012 também introduziram em 2014,

sendo essa percentagem de 68% e 63% no caso da inovação de produto e na inovação de processo,

respetivamente.

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Tabela 14 - Persistência em tipos de inovação: marketing, produto e processo.

INOVAÇÃO DE

MARKETING 2014 Total

0 1

INOVAÇÃO DE

MARKETING 2012

0 1,692 358 2,050

82.5 17.5 100

1 639 755 1,394

45.8 54.2 100

Total 2,331 1,113 3,444

67.7 32.3 100

INOVAÇÃO DE PRODUTO

2014 Total

0 1

INOVAÇÃO DE

PRODUTO 2012

0 1,717 389 2,106

81.5 18.5 100

1 445 893 1,338

33.3 66.7 100

Total 2,162 1,282 3,444

62.8 37.2 100

INOVAÇÃO DE PROCESSO

2014 Total

0 1

INOVAÇÃO DE

PROCESSO 2012

0 1,418 473 1,891

75.0 25.0 100

1 578 975 1,553

37.2 62.8 100

Total 1,996 1,448 3,444

58.0 42.0 100

Fonte: Da autora.

Quando avaliamos a persistência dos tipos de inovação de marketing (Tabela 15), o tipo

de inovação de marketing com maior persistência no comportamento inovador é o referente ao

produto (46.3%). Já o posicionamento é o tipo de inovação de marketing com maior persistência

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no comportamento não inovador (93.2%). A inovação de marketing relativa a promoção apresenta

a maior probabilidade de começar a praticar este tipo de inovação no período seguinte (13.1%) e

a relativa ao preço é a que apresenta maior probabilidade de deixar de praticar este tipo de

inovação de marketing em 2014 (69.5%).

Desta forma, podemos concluir que os tipos de inovação de marketing com probabilidades

mais favoráveis para a sua persistência, de um período para o outro, são os referentes a alterações

no design dos produtos ou embalagens (produtos) e a novas técnicas ou meios de comunicação

para a promoção de bens ou serviços (promoção).

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Tabela 15 - Persistência nos tipos de inovação de marketing.

MKT_PRODUTO 2014 Total

0 1

MKT_PRODUTO 2012

0 2,353 283 2,636

89.3 10.7 100

1 434 374 808

53.7 46.3 100

Total 2,787 657 3,444

80.9 19.1 100

MKT_PROMOÇÃO 2014 Total

0 1

MKT_PROMOÇÃO 2012

0 2,214 335 2,549

86.9 13.1 100

1 493 402 895

55.1 44.9 100

Total 2,707 737 3,444

78.6 21.4 100

MKT_POSICIONAMENTO 2014

Total

0 1

MKT_POSICIONAMENTO 2012

0 2,742 201 2,943

93.2 6.8 100

1 328 173 501

65.5 34.5 100

Total 3,070 374 3,444

89.1 10.9 100

MKT_PREÇO 2014 Total

0 1

MKT_PREÇO 2012

0 2,544 219 2,763

92.1 7.9 100

1 473 208 681

69.5 30.5 100

Total 3,017 427 3,444

87.60 12.40 100

Fonte: Da autora.

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44

Capítulo 5. Conclusão

O principal objetivo deste capítulo é encerrar esta dissertação. Desta forma, na secção

5.1. será apresentada uma pequena síntese do trabalho, nomeadamente objetivos, conclusões da

revisão da literatura, dados utilizados e metodologia. Em seguida, na secção 5.2. serão

apresentadas as principais conclusões dos nossos resultados. Na secção 5.3. estarão indicadas

algumas recomendações sobre o tema. E, por fim, na secção 5.4 serão descritas as limitações do

nosso trabalho e apresentadas algumas sugestões de investigações futuras.

5.1. Síntese

Esta investigação teve como objetivo central analisar a inovação de marketing e a sua

importância no contexto empresarial português, tendo sido definidos três objetivos, mais

concretamente a análise do conceito de inovação de marketing, os seus determinantes, a relação

com o desempenho das empresas e a sua persistência de um período para outro. Para responder

a estes objetivos foram ainda formuladas quatro questões de investigação:

1) Qual a prevalência da inovação de marketing entre empresas e setores de atividade?

2) Quais os determinantes da inovação de marketing?

3) Qual relação da inovação de marketing e o desempenho das empresas portuguesas?

4) Qual a persistência da inovação de marketing nas empresas portuguesas?

A partir da revisão de literatura, verificou-se que são vários os fatores que levam às

empresas a adotar estratégias de inovação de marketing como a dimensão da empresa,

capacidade tecnológica, inovação, capital humano, concorrência e setor de atividade. Porém, em

vários fatores tais como a dimensão e a concorrência, por exemplo, não existe consenso na

literatura sobre como é que estas características fazem com que a inovação de marketing aconteça

de forma mais frequente nas empresas.

Os dados utilizados dizem respeito ao CIS12 e ao CIS14, que abrange os períodos entre

2010 e 2014 e compreende uma secção sobre inovação de marketing e os seus quatro tipos e,

ainda, informações como o desempenho e algumas características das empresas que permite

responder às nossas questões de investigação.

Após a constituição da base de dados foi definida a metodologia a utilizar de forma a

conseguir dar respostas às questões de investigação mencionadas no Capítulo 1. Foram

analisadas a frequência da distribuição da inovação de marketing pelas diferentes variáveis

consideradas, anteriormente, como relevantes para o objeto do nosso estudo, para avaliarmos a

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prevalência da inovação de marketing entre empresas e setores. Foram, também, realizados vários

testes estatísticos de associação, tais como o coeficiente de correlação de Pearson e de diferença

nas médias, tal como o teste de T-Student Estimou-se um modelo probit para analisar os

determinantes da inovação de marketing, uma vez que é uma variável dicotómica, e recorremos

ao teste de diferenças nas distribuições de Kolmogorov-Smirnov para avaliar a relação entre

inovação de marketing e o desempenho da empresa, através da variável das vendas. Por último,

estimamos as probabilidades de transição para determinar a persistência na inovação de

marketing e em cada tipo de inovação de marketing.

5.2. Conclusões dos resultados empíricos

Os resultados empíricos concluíram que apenas 37% e 32% das empresas portuguesas

praticaram inovações de marketing, entre 2010-2012 e 2012-2014, respetivamente. Contudo,

entre as empresas que reportam fazer algum tipo de inovação, a proporção é bastante mais

elevada, mais concretamente de 61% e 55%, tornando-se, assim, o terceiro tipo de inovação mais

implementado entre 2010-2014, sendo que a inovação de processo foi o tipo de inovação mais

implementado nos dois períodos em análise, com 65% e 68%, respetivamente. Verificamos ainda

que o tipo inovação relacionado à promoção dos produtos é o mais utilizado pelas empresas

portuguesas e que o mais usual é as empresas em análise introduzirem apenas um tipo de

inovação de marketing.

Depois de analisados os fatores internos e externos que poderiam determinar a prática da

inovação de marketing, verificou-se que empresas que praticam inovações de produto, inovações

de processo, que desenvolveram atividade de I&D e empresas com capital humano qualificado

têm uma maior probabilidade em introduzir inovações de marketing. Empresas de grande

dimensão da empresa têm uma menor probabilidade de implementarem inovações de marketing.

Outro resultado interessante encontrado foi o de as condições concorrenciais do mercado onde a

empresa atua são mais importantes para explicar a inovação de marketing do que a intensidade

tecnológica ou o tipo de indústria. Em particular, quanto maior a concorrência maior é a

probabilidade da empresa praticar o tipo de inovação em análise, e não existe diferença ente a

indústria transformadora e indústria dos serviços. Os resultados sugerem também que a inovação

de marketing tem um impacto positivo no desempenho das empresas, mas quando as empresas

também introduziram outras inovações, contudo não desempenha um papel independente no

crescimento desempenho da empresa entre empresas inovadoras.

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De forma a avaliar a persistência dos comportamentos inovadores das empresas, foram

analisados dois períodos, nomeadamente 2010-2012 e 2012-2014, e constatou-se que, de facto,

há uma elevada persistência nos comportamentos quer inovadores quer não inovadores, ou seja,

as empresas inovadoras tendem a continuar a ser inovadoras mas as que não o foram apresentam

uma grande probabilidade de não se tornarem inovadoras. Outra conclusão que retiramos foi que

a inovação de marketing apresenta menor persistência do que a inovação de produto e de

processo, o que vai de encontro com a literatura que mostra que estas últimas são as inovações

mais frequentes. Quando avaliamos a persistência dos tipos de inovação de marketing, verificamos

que as inovações de marketing referentes a alterações no design dos produtos ou embalagens

(produtos) e a novas técnicas ou meios de comunicação para a promoção de bens ou serviços

(promoção) são as que apresentam probabilidades mais favoráveis para a sua persistência, de um

período para o outro.

5.3. Recomendações

Sendo a inovação o motor de uma economia em crise, as politicas que beneficiam as

inovações de marketing poderão ser usadas como instrumento politico de prevenção de um

período de maior instabilidade económico-social. Pois, tal como foi referido e analisado acima, na

Figura 1, constatamos que empresas que praticaram inovações de marketing num determinado

período, tiveram um maior desempenho que as empresas que não praticam este tipo de inovação,

provando assim que a inovação de marketing tem um impacto positivo no desempenho das

empresas. Desta forma, será importante para o decisor público perceber o que leva uma empresa

a não inovar de forma a reduzir a persistência do comportamento inovador. Para o marketeer será

relevante a validação dos canais de comunicação como particularmente importantes no contexto

atual das empresas, além da inovação de design.

5.4. Limitações e pistas para futuras investigações

A principal limitação deste trabalho consiste na abrangência dos dados em termos

temporais, uma vez que dados de um curto período de tempo não permite uma avaliação tão

conclusiva sobre o tema em questão, apenas indicativa. Outra limitação prende-se com a omissão

de informação ao nível da empresa, por exemplo, na identificação do setor de atividade das

empresas apenas nos é facultado o CAE a dois dígitos, não sendo possível fazer uma

caracterização mais detalhada das empresas.

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Servindo, assim, como sugestão para futuras investigações incluir um período de anos e

uma amostra mais alargados, obter dados mais detalhados sobre as empresas no que respeita a

algumas variáveis e o recurso a técnicas econométricas que controlem potenciais problemas de

endogeneidade. Podendo aceder a mais dados, seria interessante aprofundar o estudo do efeito

da inovação de marketing no desempenho das empresa e estudar o efeito da interação entre os

diferentes tipos de inovação, não só, de marketing, mas também entre os quatro tipos de inovação.

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ANEXOS

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Anexo 1: Caracterização das empresas de tecnologia de baixa, média-baixa e baixa e alta intensidade por CAE

Empresas de tecnologia de média-baixa e baixa intensidade

CAE Setor Atividade do Setor

7 Indústrias extrativas Extração e preparação de minérios metálicos

10 Indústrias transformadoras Indústrias alimentares

11 Indústrias transformadoras Indústria das bebidas

13 Indústrias transformadoras Fabricação de têxteis

14 Indústrias transformadoras Indústria do vestuário

15 Indústrias transformadoras Indústria do couro e dos produtos do couro

16 Indústrias transformadoras Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras, exceto mobiliário; fabricação de obras de cestaria e de espartaria

17 Indústrias transformadoras Fabricação de pasta, de papel, cartão e seus artigos

18 Indústrias transformadoras Impressão e reprodução de suportes gravados

19 Indústrias transformadoras Fabricação de coque, de produtos petrolíferos refinados e de aglomerados de combustíveis

22 Indústrias transformadoras Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas

23 Indústrias transformadoras Fabricação de outros produtos minerais não metálicos

24 Indústrias transformadoras Indústrias metalúrgicas de base

25 Indústrias transformadoras Fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e equipamentos*

31 Indústrias transformadoras Fabricação de mobiliário e de colchões

33 Indústrias transformadoras Reparação, manutenção e instalação de máquinas e equipamentos

*Incluí apenas a CAE 25.4

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Empresas de tecnologia de média intensidade CAE-Rev.3 Setor Atividade do Setor

20 Indústrias transformadoras Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas ou artificiais, exceto produtos farmacêuticos

25 Indústrias transformadoras Fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e equipamentos 27 Indústrias transformadoras Fabricação de equipamento elétrico 28 Indústrias transformadoras Fabricação de máquinas e de equipamentos 29 Indústrias transformadoras Fabricação de veículos automóveis, reboques, semirreboques e componentes para veículos

automóveis 32 Indústrias transformadoras Outras indústrias transformadoras 35 Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 36 Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e

despoluição Captação, tratamento e distribuição de água 37 Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e

despoluição Recolha, drenagem e tratamento de águas residuais 38 Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e

despoluição Recolha, tratamento e eliminação de resíduos; valorização de materiais 42 Construção Engenharia civil 43 Construção Atividades especializadas de construção 46 Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos Comércio por grosso (inclui agentes), exceto de veículos automóveis e motociclos 47 Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos Comércio a retalho, exceto de veículos automóveis e motociclos 49 Transportes e armazenagem Transportes terrestres e transportes por oleodutos ou gasodutos 50 Transportes e armazenagem Transportes por água 52 Transportes e armazenagem Armazenagem e atividades auxiliares dos transportes (inclui manuseamento) 53 Transportes e armazenagem Atividades postais e de courier 86 Atividades de saúde humana e apoio social Atividades de saúde humana

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Empresas de tecnologia de alta intensidade CAE-Rev.3

Setor Atividade do Setor

9 Indústrias extrativas Atividades dos serviços relacionados com as indústrias extrativas

21 Indústrias transformadoras Fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparações farmacêuticas

26 Indústrias transformadoras Fabricação de equipamentos informáticos, equipamento para comunicações e produtos eletrónicos e óticos

30 Indústrias transformadoras Fabricação de outro equipamento de transporte

51 Transportes e armazenagem Transportes aéreos

58 Atividades de informação e de comunicação Atividades de edição

59 Atividades de informação e de comunicação Atividades cinematográficas, de vídeo, de produção de programas de televisão, de gravação de som e de edição de música

60 Atividades de informação e de comunicação Atividades de rádio e de televisão

61 Atividades de informação e de comunicação Telecomunicações

62 Atividades de informação e de comunicação Consultoria e programação informática e atividades relacionadas

63 Atividades de informação e de comunicação Atividades dos serviços de informação

64 Atividades financeiras e de seguros Atividades de serviços financeiros, exceto seguros e fundos de pensões

65 Atividades financeiras e de seguros Seguros, resseguros e fundos de pensões, exceto segurança social obrigatória

66 Atividades financeiras e de seguros Atividades auxiliares de serviços financeiros e dos seguros

69 Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares Atividades jurídicas e de contabilidade

71 Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares Atividades de arquitetura, de engenharia e técnicas afins; atividades de ensaios e de análises técnicas

72 Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares Atividades de Investigação científica e de desenvolvimento

73 Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares Publicidade, estudos de mercado e sondagens de opinião

74 Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares Outras atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares

75 Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares Atividades veterinárias