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João Maria Funzi Chimpolo Doutorando em ciências técnicas Professor Universitário e Consultor de Empresas Mestre em Direcção e Administração de empresas (Cuba – 2003) Engenheiro em licenciaturas da gestão de empresas (Cuba - 2000 ) Coordenador dos cursos Económicos na Universidade de Belas Angola 2007 - 2009 Director de empresa (2005 - Angola) TEMA: O Balanced scorecard como um sistema de avaliação Do desempenho organizacional Caso prático: Sonangol ÍNDICE INTRODUÇÃO………………………………………………………………………1 Capitulo I – Fundamentação teórica do Tema em Estudo 1.1- Balanced Scorecard. Aspectos Históricos…………………………………5 1.2- Estratégia Organizacional…………………………………………………...6 1

João Maria Funzi Chimpolo

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O Balanced scorecard como um sistema de avaliação Do desempenho organizacionalCaso prático: Sonangol

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João Maria Funzi Chimpolo

Doutorando em ciências técnicas Professor Universitário e Consultor de Empresas

Mestre em Direcção e Administração de empresas (Cuba – 2003)Engenheiro em licenciaturas da gestão de empresas (Cuba - 2000 )

Coordenador dos cursos Económicos na Universidade de Belas Angola 2007 - 2009

Director de empresa (2005 - Angola)

TEMA: O Balanced scorecard como um sistema de avaliação Do desempenho organizacional

Caso prático: Sonangol

ÍNDICE

INTRODUÇÃO………………………………………………………………………1

Capitulo I – Fundamentação teórica do Tema em Estudo

1.1- Balanced Scorecard. Aspectos Históricos…………………………………5

1.2- Estratégia Organizacional…………………………………………………...6

1.3- Definição do Modelo Estratégico……………………………………………9

1.4- Medidas do Desempenho Organizacional……………………………….10

1.5- Perspectivas do Balanced Scorecard…………………………………….13

1.5.1- Perspectiva Financeira…………………………………………………….15

1.5.2- Perspectiva de Clientes……………………………………………………16

1.5.3- Perspectiva de Processos Internos………………………………………18

1

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1.5.4- Perspectiva de Aprendizagem e Crescimento………………………….20

1.6 – O BSC e o Mapa Estratégico……………………………………………….26

Capitulo II – O Balanced Scorecard como um sistema de gestão

2.1- Tradução da Visão…………………………………………………………….30

2.2- Comunicação e Conexão…………………………………………………….30

2.3- Planeamento de Negocio……………………………………………………32

2.4- Feedback e Aprendizagem………………………………………………….32

2.5- Implementação do Balanced Scorecard…………………………………...38

2.6- Processo de Construção do Balanced Scorecard………………………..39

2.6.1- Definição da Arquitectura de Indicadores……………………………….39

2.6.2- Definição dos Objectivos Estratégicos…………………………………..40

2.6.3-Escolha dos Indicadores…………………………………………………..41

2.6.4-Elaboração do Plano de Implementação………………………………...43

2.7- Aspectos críticos a implementação do Balanced Scorecard……………44

Capitulo III – Implementação do BSC na Sonangol-EP

3.1- Caracterização da Empresa……………………………………………….48

3.1.1- Historia da Sonangol…………………………………………………….48

3.1.2-Perfil da Empresa…………………………………………………………49

3.2- Procedimento Metodológico para a Implementação do BSC na Sonangol –

EP

3.2.1 -Preparação do Ambiente de Aplicação………………………………53

3.2.2 -Preparação do Processo de Execução da Estratégia………………53

3.2.3 -Estabelecer as Perspectiva e Objectivos Estratégicos…………….55

3.2.4-Estabelecer Indicadores para Perspectivas, Metas de superação e Planos

de Acção…………………………………………………………………………57

3.2.4-Implementação do Plano de Acção……………………………………59

3.3- Estrutura Actual da Empresa…………………………………………….60

Conclusões

Recomendações

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Referências Bibliográficas

Anexos

RESUMO

A crescente propagação do conceito do BSC pelas empresas que

obtiveram êxito no alcance de suas metas, têm levado a inúmeras empresas a

buscar este conceito para conhecer, analisar sua aplicabilidade e obter

resultados satisfatórios dentro de seu cenário de actuação.

O Balanced Scorecard é uma ferramenta estratégica que mede o

desempenho da empresa a curto e longo prazo. A metodologia traduz a missão

e a visão da empresa em objectivos estratégicos de forma clara e objectiva,

permitindo que todos os membros da organização tenham conhecimento da

estratégia.

A presente pesquisa foi desenvolvida com o objectivo de apresentar o

Balanced Scorecard como um sistema de avaliação do desempenho

organizacional na Sonangol-Ep. Procurou-se trabalhar o conceito da estratégia

“Balanced Scorecard”, compreender a necessidade de implementa-la, seus

processos e os resultados alcançados pela empresa.

O trabalho foi desenvolvido através de uma revisão bibliográfica, para o

entendimento dos vários aspectos relacionados com o tema, bem como a

análise documental fornecida pela empresa em estudo, no caso, a Sonangol-

Ep.

Introdução

Em nossos dias, para competir no mercado as empresas precisam estar

em estado de constante mudança, pois a velocidade com que novas técnicas

de gestão são criadas e implementadas torna em organizações obsoletas as

que não acompanham este ritmo.

3

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Esta é a condição característica da era em que vivemos: empresas

aparentemente firmes no mercado podem, devidas as rápidas mudanças, ter a

sua sobrevivência ameaçada.

É por este motivo que a preocupação da actual alta administração das

empresas em todo o mundo tem sido desenvolver sistemas administrativos de

medição de desempenho que não limitem a sua análise em indicadores

financeiros, mas sim aspectos integrados da organização.

Á medida que as organizações investem na aquisição dessas novas

capacidades, o seu sucesso (ou fracasso) não pode ser medido a curto prazo

pelo modelo tradicional da contabilidade financeira. Este modelo desenvolvido

para organizações comerciais da era industrial mede acontecimentos

passados, mas não os investimentos nas capacidades que produzirão valor

futuro.

Neste sentido, entre as várias teorias ligadas á administração, poucas

fizeram tanto sucesso como o Balanced Scorecard. O BSC, como é mais

conhecido, traduz a missão e a estratégia das empresas num conjunto

abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um sistema

de medição e gestão estratégica. É um novo instrumento que integra as

medidas provenientes das estratégias, sem menosprezar as medidas

financeiras do desempenho passado, e que mede o desempenho

organizacional sob quatro perspectivas equilibradas.

Criado em 1992 pelos professores da Harvard Business School, Robert

Kaplan e David Norton, o Balanced Scorecard, termo que traduzido em

português, significa Indicadores Balanceados de Desempenho, é uma

ferramenta inovadora de gestão estratégica e de desempenho, que permite

descrever a estratégia empresarial de forma clara e simples através de

objectivos estratégicos em quatro perspectivas: financeira, cliente, processos

internos e de aprendizagem e crescimento, sendo todos eles relacionados

entre si através de uma relação de causa e efeito.

Por ser uma ferramenta de gestão que abrange um conjunto integrado de

factores que permitem a correcta avaliação do desempenho, a metodologia do

Balanced Scorecard tem sido aplicada com sucesso em diversas organizações,

dos mais variados sectores, tanto públicas como privadas.

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Page 5: João Maria Funzi Chimpolo

A presente pesquisa foi realizada com o objectivo de responder a uma

questão básica, que se constitui no seguinte Problema Cientifico:

Como é que a implementação da ferramenta estratégica Balanced

Scorecard contribuiu para a avaliação do desempenho organizacional da

Sonangol e quais os resultados obtidos pela empresa?

Hipótese Da Pesquisa

A pesquisa parte da Hipótese:

A construção e implementação do Balanced Scorecard permitirá aos

gestores avaliar o desempenho organizacional da Sonangol, não só no aspecto

financeiro, mas também favorecerá a análise em demais aspectos ou

perspectivas.

Objectivo Geral

Com base no problema levantado, a presente pesquisa terá como

Objectivo Geral:

-Analisar o processo de implementação do Balanced Scorecard na

Sonangol para a avaliação do desempenho organizacional.

Objectivo Específicos

Para o alcance do objectivo geral da pesquisa torna-se necessário a sua

subdivisão em Objectivos Específicos sendo estes os seguintes:

- Desenvolver o referencial teórico relativo ao Balanced Scorecard

-Descrever os procedimentos seguidos para a construção e

implementação da ferramenta estratégica;

- Identificar os resultados alcançados pela empresa.

Justificativa da Pesquisa

Dentre as várias causas que justificam a realização desta pesquisa está o

facto de que desde a sua criação, o Balanced Scorecard foi desenvolvido com

o objectivo de fornecer uma visão integrada do desempenho organizacional,

procurando o melhor equilíbrio entre as medidas financeiras e não financeiras

5

Page 6: João Maria Funzi Chimpolo

da empresa, o que permite aos membros de toda organização uma melhor

compreensão da estratégia do negócio.

Por esta razão, muitas empresas angolanas tem adoptado este

instrumento de gestão de modo a desenvolverem a habilidade em atingir os

objectivos definidos e garantirem a integração dos funcionários a estratégia.

Daí o motivo de escolhermos o tema em análise, afim de explicarmos como a

Sonangol-Ep implementou o Balanced Scorecard e quais os resultados obtidos

por se adoptar esta ferramenta de gestão.

Delimitação da Pesquisa

O presente trabalho está delimitado na apresentação do Balanced

Scorecard como um sistema de avaliação do desempenho de uma empresa,

tendo a Sonangol-Ep como ponto de referência. Serão analisados os aspectos

ou procedimentos a seguir para que se tenha êxito na construção e

implementação desta ferramenta de gestão tão importante.

É importante enfatizar que não serão objecto de estudo do trabalho, a

análise de outros factores relacionados com esta problemática, nem com

outros aspectos relacionados com a estratégia organizacional que a empresa

em análise tem adoptado no exercício de suas actividades.

Metodologia

Os métodos de investigação utilizados para realização da presente

pesquisa foram principalmente os seguintes:

1. Pesquisas bibliográficas;

2. Análise de documentação e base de dados;

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Page 7: João Maria Funzi Chimpolo

3. Consulta em sites especializados

Estrutura do Trabalho

O presente trabalho contém para além da introdução, três capítulos entre

os quais os seguintes:

Capitulo I - Será apresentado o referencial teórico relativo ao Balanced

Scorecard e outras termos necessários para a melhor compreensão do tema.

Capítulo II – Neste capítulo será abordado o Balanced Scorecard como

um sistema de gestão estratégica, bem como os processos a utilizar para a sua

construção e implementação.

Capítulo III – Neste capítulo será abordado um caso prático sobre os

procedimentos metodológicos para a implementação do Balanced Scorecard

numa empresa, no caso a Sonangol-EP.

De seguida faremos a conclusão do trabalho, as possíveis

recomendações que os futuros investigadores deste tema poderão seguir para

dar mais consistência ao trabalho.

A bibliografia consultada e apresentada serviu de utilidade para a

realização deste trabalho.

Capitulo I- Fundamentação teórica do tema em estudo

1.1 – O Balanced Scorecard. Aspectos conceituais e históricos

O Balanced Scorecard surgiu na década de 90 quando a KPMG procurou

o instituto Nolan Norton, para elaborar uma pesquisa dentre diversas empresas

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americanas com o objectivo de estudar a metodologia de avaliação de

desempenho destas empresas. O estudo era intitulado “Medindo a

performance na organização do futuro”. Este estudo foi motivado pela crença

de que a análise baseada somente em indicadores financeiros estava

prejudicando as empresas em criarem valor económico para o futuro.

Dada a sequência do estudo, David Norton, principal executivo da Nolan

Norton e Robert Kaplan, consultor académico, analisaram uma série de

empresas de manufactura e serviços, da indústria pesada e da alta tecnologia,

medindo e avaliando as suas técnicas de avaliação de desempenho.

Neste contexto, a partir da análise de técnicas já existentes, que se

baseava em um scorecard, no qual eram medidos além dos aspectos

financeiros tradicionais, outras medidas de desempenho, como prazos de

entrega, qualidade e ciclo de processos de produção e a eficácia no

desenvolvimento de novos produtos, onde surgiu a ideia central do Balanced

Scorecard, que era a de acompanhar indicadores de performance ligados não

somente a factores financeiros

As conclusões em torno da técnica do Scorecard ampliado, levando em

consideração medidas de desempenho financeiros e não-financeiros, foram

apresentadas através do artigo “ Balanced Scorecard indicadores que

impulsionam o desempenho” que fora publicado na “Harvard Business Review

– HBR” (Janeiro Fevereiro de1992).

Devido ao sucesso da ideia e ao artigo anteriormente descrito, diversos

executivos solicitaram a ajuda dos autores para a implementação dos conceitos

do BSC em suas empresas, ainda na ideia de implementação de um sistema

de indicadores.

Ao longo dos trabalhos iniciais do BSC, ficou evidente a necessidade de

vinculação das medidas deste com ás da estratégia da organização.

Motivados por esta constatação, os autores escreveram o artigo “

Colocando em funcionamento o Balanced Scorecard”, publicado na HBR, na

edição de Setembro - Outubro de 1993, cujo o objectivo era o de demonstrar a

importância da escolha de medidas baseadas no sucesso estratégico, ficando

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Page 9: João Maria Funzi Chimpolo

claro de momento, a importância do BSC como instrumento de medição

estratégica.

A partir deste novo conhecimento, o BSC passa a ser utilizado como a

principal ferramenta organizacional para o controle dos importantes processos

de gestão, como para a definição de metas individuais e de equipe,

remuneração, alocação de recursos, planeamento e orçamento e feedback e

aprendizagem estratégica.

1.2 - Estratégia Organizacional

Os estudos sobre estratégia organizacional são analisados sobre vários

aspectos e dimensões. Alguns estudiosos a definem enquanto acto de

concepção do modelo mental da organização; Outros como a prioridade das

actividades básicas que contribuem para que a missão e a visão sejam

alcançados. O balanced scorecard é concebido como um sistema de gestão

com ênfase na implementação da estratégia organizacional, bem como para o

processo de formulação da estratégia.

Os processos de gestão criados em torno da estratégia articulada na

balanced scorecard devem oferecer oportunidades regulares para a

aprendizagem através da colecta de dados sobre a estratégia, de testes da

estratégia, da reflexão sobre se a estratégia continua adequada aos novos

factos e da busca de ideias sobre novas oportunidades e direcções

estratégicas em todos os sectores da organização.

Deste modo, os vários tipos de estratégia – baixo custo, liderança do

produto, soluções para os clientes, ou uma combinação única de atributos do

produto ou serviço numa estratégia de inovação de valor – são maneiras

alternativas de estruturar a posição da empresa na cadeia de valor – de modo

a obter lucro atraente entre os preços cobrados e o custo dos produtos e

serviços adquiridos dos fornecedores.

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Page 10: João Maria Funzi Chimpolo

A estratégia de uma unidade de negócios bem-sucedida posiciona a

empresa no cenário competitivo, de modo a captar a parcela significativa da

criação de valor. Quando se identifica esse posicionamento, a empresa pode

traduzir essa estratégia em mapa estratégico e em balanced scorecard. A

diferenciação sustentável pode consistir em fornecer aos clientes mais valor

dos que os concorrentes ou em fornecer valor comparável, porém a custo mais

baixo do que os concorrentes.

O foco de atenção nos estudos sobre a formulação estratégica baseada

no segmento de mercado, no ciclo de vida do produto, na cadeia de valor, na

melhoria contínua dos processos internos, na inovação tecnológica

acompanham as evoluções e revoluções provenientes do mundo globalizado,

bem como as diferentes percepções oriundas da cultura oriental e ocidental.

Kaplan e Norton (2001), apresentam uma nova concepção da estratégia

apresentada por intermédio do balanced scorecard, baseada nos princípios das

organizações orientadas pela estratégia e representada graficamente por meio

dos mapas estratégicos.

Constitui-se dos seguintes elementos:

- A estratégia é um passo de um processo contínuo: começa, no sentido

mais amplo, com a missão da organização, que deve ser traduzida para que as

acções individuais com ela se alinhem e lhe proporcionem apoio;

Kaplan e Norton 2001,pp.84-108

- A estratégia é uma hipótese: as hipóteses estratégicas exigem a

identificação das actividades que se constituem indicadores dos resultados

esperados;

- A estratégia consiste em temas estratégicos complementares:

normalmente se relacionam com os processos de negócios internos;

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Page 11: João Maria Funzi Chimpolo

- A estratégia equilibra forças contraditórias: na perspectiva financeira, a

estratégia se divide em duas vertentes complementares – crescimento da

receita e produtividade;

- A estratégia descreve uma proposição de valor diferenciada: ligação dos

processos internos com a melhoria dos resultados para os clientes e

segmentos do mercado;

- A estratégia alinha as actividades internas com a proposição de valor:

alinhamento das actividades internas com a proposição de valor para o cliente;

- A estratégia transforma os activos intangíveis definidos na perspectiva

de aprendizagem e crescimento em três categorias: competências estratégicas,

tecnologias estratégicas e clima para acção.

As proposições de valor nas respectivas perspectivas do balanced

scorecard serão completamente diferentes para empresas que adoptam

diferentes estratégias. Além disso, os processos internos diferem em grau de

prioridade, dependendo da estratégia.

Por exemplo, uma empresa cuja estratégia seja a de liderança do produto

enfatizará os processos de inovação, ao passo que outra organização que se

baseia no baixo custo destacará os processos de gestão operacional.

Kaplan e Norton (2004,p.34) definem a estratégia como sendo “um

processo de gestão contínuo com etapas que movimentam toda a organização

desde a declaração de missão de alto nível até o trabalho executado pelos

empregados da linha da frente e de suporte”. 2

2 Kaplan e Norton 2004,p.34

Maximiano (2000,p. 415), define ainda que estratégias “ são decisões que

se colocam em prática para atingir objectivos estratégicos, sejam eles a

recuperação de uma empresa em má situação, a manutenção de um bom

desempenho, o alcance de um patamar de resultados, o crescimento ou a

manutenção do mercado.” 3

11

Page 12: João Maria Funzi Chimpolo

Define-se neste estudo a estratégia como os procedimentos que a

organização segue com a finalidade de alcançar os seus propósitos, visão e

missão, valores e princípios, os quais representam o pensamento estratégico

organizacional.

O planeamento estratégico é o processo que define a forma de conceber

e implementar a estratégia organizacional. O balanced scorecard é um sistema

de gestão de execução da estratégia, incorporado ao processo de planeamento

estratégico da organização.

1.3 – Definição do modelo estratégico

Para que o propósito da organização seja consistente e constante no

tempo, é necessário um conjunto de valores. Tais valores deverão ser

duradouros e conhecidos dentro de toda a organização.

O modelo estratégico de uma empresa nada mais é do que a tradução de

sua missão, visão, de seus objectivos, e levantamento de seus pontos fortes e

fracos, bem como de oportunidades e ameaças. O modelo estratégico, deve

traduzir correctamente o que a empresa quer (Visão), o que ela é (Missão), e

como ela faz para ser o que é, e para atingir as suas metas futuras

(Objectivos).

3 Maximiano 2000,p.415

A Visão descreve as expectativas para o futuro sem especificar os meios

para os alcançar. As visões com mais efeito são aquelas que criam inspiração,

e esta requer mais, maior e melhor.

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Page 13: João Maria Funzi Chimpolo

Uma vez que as visões são para inspirar, elas têm de ser comunicadas e

se possível para muitas pessoas. A comunicação da visão pode ser feita de

duas maneiras: uma mais óbvia, através da missão e outra a menos óbvia

usando a liderança. Esta última maneira é talvez a melhor, baseia-se na

capacidade de persuasão da liderança, através do comportamento dos líderes

de expor a visão.

A Missão da empresa deve traduzir a razão de sua existência e deve ser

colocada de forma clara e objectiva, para que possa ser divulgada a todos os

públicos da empresa.

Para a definição da missão é necessário identificar-se a razão de sua

existência, sua natureza de seu negócio, as actividades em que se concentra,

conhecer o mercado em que actua, qual a imagem que a empresa tem de si,

conhecer os seus produtos e quais são os esforços para o futuro.

Os Objectivos estratégicos têm dois papéis na organização: são o alvo a

atingir e são os elementos concentradores que permite a organização atingir o

alvo. Apesar da sua aparente independência, os objectivos devem ser sempre

com base na situação em que a organização se encontra.

1.4 – Medidas de Desempenho Organizacional

O estabelecimento de metas, tão falado na actualidade, faz-se reflectir

sobre as ferramentas e o desempenho das organizações, sejam elas públicas

ou privadas. O aspecto de fundamental importância para o acompanhamento

do desempenho organizacional é o processo de definição de indicadores.

Os indicadores de desempenho estratégico, no seu mais alto nível de

definição, são aqueles escolhidos pela direcção para medir o desempenho da

estratégia e do alcance dos objectivos estratégicos. É a partir dos indicadores

que a organização verifica se a estratégia escolhida está alcançando os

resultados esperados ou se é preciso fazer ajustes para atingir os objectivos e

a visão de futuro. Portanto, os indicadores de desempenho estão directamente

ligados aos objectivos estratégicos.

13

Page 14: João Maria Funzi Chimpolo

Outro conceito fundamental utilizado no BSC é a definição em relação ao

tipo de indicador de desempenho utilizado, diferenciando em: indicadores de

resultado e indicadores de esforço. 4

Enquanto os indicadores de resultado são aqueles que, por si só, medem

o alcance dos objectivos estratégicos de forma directa, os indicadores de

esforço medem os esforços da organização para conseguir alcançar o objectivo

ao qual estão vinculados.

Os indicadores serão os sinalizadores da performance organizacional e,

por essa razão, devem ser bem definidos e focados no que se espera medir.

Não são incomuns os casos de definições erradas de indicadores, uma

vez que estes, na sua maioria, são medidas relativas.

O critério de selecção de indicadores deve ser bem definido e a ciência da

sua definição consiste na resposta a três simples questões: O que medir? Por

que medir? E, Como medir? Embora sejam extremamente simples estas

questões, não são fáceis as suas respostas, se não forem bem focadas.

Deste modo, a avaliação de desempenho serve para controlar a

implementação de uma estratégia de negócio, comparando o resultado com os

objectivos estratégicos estabelecidos. Desta forma, a avaliação de

desempenho é uma das ferramentas do controle organizacional.

4 Serra e Torres 2003, pp.22,23

14

Page 15: João Maria Funzi Chimpolo

Para Luís Carlos Miranda e José Dionísio Gomes de Sá, (2002) as

principais razões para as empresas investirem em sistemas de medição de

desempenho são: 5

Controlar actividades operacionais da empresa;

Alimentar sistemas de incentivos a funcionários;

Controlar o planeamento;

Criar, implantar e conduzir estratégias competitivas;

Identificar problemas que necessitam a intervenção dos gestores;

Verificar se a missão da empresa está sendo atingida.

Outro aspecto fundamental a ser associado a instrumentos de medição é

o aspecto de controlo, pois não é possível controlar aquilo que não se pode

medir.

Cada vez mais, o ambiente de actuação das empresas é dinâmico,

exigindo maior velocidade na tomada de decisões, com vistas a garantir a

competitividade e a sobrevivência. Tal facto é justificado pela a necessidade de

que qualquer acção implementada pelas empresas, precisa ser acompanhada,

para saber se está em harmonia com as metas estabelecidas e para que as

atitudes necessárias para a correcção de eventuais distorções possam ser

implementadas.

Diante deste aspecto, o BSC é uma forte ferramenta no alinhamento do

sistema de informação de informações das empresas, uma vez que alinha

instrumentos de medição com os objectivos das organizações.

Ponto de suma importância quando se fala de medida de desempenho

organizacional é a identificação do que medir. A medição deve estar ligada ao

objectivo que se espera alcançar ou a meta perseguida. É ainda muito comum

a associação, indevida, de medidas exclusivamente financeiras a avaliação de

desempenho das empresas.

5 Miranda e Sá 2002,p.132

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Page 16: João Maria Funzi Chimpolo

Talvez esta tenha sido a grande contribuição de Kaplan e Norton ao

estabelecer no BSC medidas que vão além das financeiras, pois analisa a

empresa sobre dois prismas: um interno, baseado nas perspectivas dos

Processos Internos e a de Aprendizagem e Crescimento, identificando

indicadores que possibilitem acompanhar a evolução destes e; outro externo,

baseado nas perspectivas Financeira e a de Clientes, permitindo as empresas

terem uma visão mais abrangente de mercado, através de indicadores que

medirão factores externos ao negócio.

Segundo Kaplan e Norton “O scorecard propõe aos gerentes quatro

diferentes perspectivas para a escolha de indicadores. Ele complementa os

indicadores financeiros tradicionais com as medidas de desempenho referentes

a clientes, aos processos internos e as actividades de inovação e melhoria”.

(2004) 6

Perspectivas estas, que serão abordadas de forma mais profunda no

próximo tópico.

1.2.2 – As Perspectivas do Balanced Scorecard

O Balanced Scorecard, preserva as medidas financeiras tradicionais e as

complementa com medidas dos indicadores que impulsionam o desempenho

futuro. Na visão de Kaplan e Norton “As medidas financeiras contam a história

de acontecimentos passados, uma história adequada para as empresas da era

industrial, quando os investimentos em capacidade a longo prazo e o

relacionamento com clientes não eram fundamentais para o sucesso”.(1997) 7

6 Kaplan e Norton 2004,p.8

7 Kaplan e Norton 1997,p.8

16

Page 17: João Maria Funzi Chimpolo

As medidas financeiras são inadequadas para orientar a trajectória que as

empresas da era da informação devem seguir na geração de valor futuro

investindo em clientes, fornecedores, funcionários, processos, tecnologia e

inovação.

Assim, o BSC deve ser enxergado como um sistema de gestão

estratégica (ver Anexo figura 1), onde os indicadores tem a função de

esclarecer e traduzir a estratégia, comunicar e associar objectivos e medidas

estratégicas, planear, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas e, por

fim, melhorar o feedback e aprendizagem estratégico.

O BSC deixa claro que as medidas financeiras e não-financeiras devem

fazer parte do sistema de informações para funcionários de todos os níveis da

organização.

Estas medidas são definidas por um processo hierárquico derivado da

missão e da estratégia da empresa representando o equilíbrio entre os

indicadores externos e internos.

Os indicadores externos representam os interesses e preferências de

accionistas e clientes, e os internos, os processos críticos de negócio,

inovação, aprendizagem e crescimento. O resultado da utilização de tais

indicadores constitui uma situação de equilíbrio entre as medidas de resultado,

provenientes do desempenho passado e as medidas que determinam o

desempenho futuro.

Para então traduzir a estratégia em termos operacionais, o modelo do

BSC foi concebido em quatro perspectivas:

Financeira

Cliente

Processos Internos

Aprendizagem e Crescimento.

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Page 18: João Maria Funzi Chimpolo

1.5.1 – Perspectiva Financeira

Na perspectiva financeira encontra-se um dos indicadores externos das

organizações. Nela o BSC preocupa-se com os accionistas, como vêem a

empresa e quais são as acções que a empresa deve tomar para gerar valor

futuro.

Os accionistas constituem os principais interessados nas empresas, pelo

que é habitual haver uma especial atenção á defesa dos seus interesses. Estes

são de natureza essencialmente financeira, na medida em que esperam da

empresa um bom retorno para o capital investido.

Segundo Kaplan e Norton, os objectivos e medidas financeiras precisam

desempenhar um papel duplo: definir o desempenho financeiro esperado da

estratégia e servir de meta principal para os objectivos e medidas de todas as

outras perspectivas do Balanced Scorecard. O desempenho financeiro,

indicador de resultado, é o critério definitivo de sucesso da organização. A

estratégia descreve como a organização pretende promover o crescimento de

valor sustentável para os accionistas. 8

Os objectivos financeiros podem diferir consideravelmente em cada fase

do ciclo de vida de uma empresa: crescimento, sustentação e colheita. As

empresas que estão nos primeiros estágios de desenvolvimento enfatizarão

objectivos e indicadores da estratégia de crescimento de receita.

As empresas mais próximas da maturidade no ciclo de vida enfatizarão os

componentes de redução de custos e utilização de activos, por serem poucas

as oportunidades para a descoberta de novos clientes ou de expansão para

novos mercados.

No entanto, a maioria das empresas se encontra no meio do ciclo de vida

e, portanto adoptam uma estratégia de crescimento rentável, que exige o

equilíbrio das contribuições proporcionadas pelas abordagens de crescimento

da receita, de um lado, e de redução de custos e produtividade, de outro.

Essas empresas apresentarão um equilíbrio de indicadores entre as duas

estratégias financeiras genéricas.

8 Ângela Correia 2005,p.87

18

Page 19: João Maria Funzi Chimpolo

Portanto, a perspectiva financeira corresponde aos aspectos financeiros

da organização, principalmente, no que diz respeito aos impactos das decisões

estratégicas da organização nos indicadores e metas estabelecidas na área

financeira.

1.5.2 – Perspectiva de Clientes

Outra perspectiva externa do BSC, a perspectiva de cliente, preocupa-se

de forma clara, nas necessidades dos clientes, o que eles esperam da empresa

e seus produtos, em outras palavras, como a empresa pode criar valor para

seus clientes. 9

Através desta perspectiva, as empresas identificam os segmentos de

clientes e mercado nos quais desejam competir.

Os componentes aqui identificados serão os que irão produzir as

receitas, que serão componentes dos objectivos financeiros da empresa. Nesta

perspectiva, devem ser trabalhadas medidas relacionadas a clientes, como

satisfação, fidelidade, retenção, captação, classificação dos clientes e

participação de mercado.

Antes as empresas podiam concentrar em suas capacidades internas,

enfatizando desempenho dos produtos e inovação tecnológica, porém as

empresas que não percebem as necessidades dos clientes perderam o

mercado para os seus concorrentes, por isso as empresas hoje estão voltando

suas missões para os clientes.

Portanto a perspectiva dos clientes scorecard traduz a missão e a

estratégia da empresa em objectivos para segmentos focalizados de clientes e

mercados que podem ser comunicados a toda organização.

19

Page 20: João Maria Funzi Chimpolo

9 Adriano da Costa 2006,p.43

O grupo de medidas essenciais de resultados dos clientes é comum a

todos os tipos de empresa (Ver anexo figura-2), e inclui indicadores de:

Participação no mercado: reflecte a proporção de negócios num

determinado mercado em termos de clientes, valores gastos ou volume

unitário vendido;

Captação de clientes: mede, em termos absolutos ou relativos, a

intensidade com que uma unidade de negócios atrai ou conquista novos

clientes ou negócios;

Retenção de clientes: controla, em termos absolutos ou relativos, a

intensidade com que uma unidade de negócios retém ou mantém

relacionamento contínuo com seus clientes;

Satisfação dos clientes: mede o nível de satisfação dos clientes de

acordo com os critérios específicos de desempenho dentro da proposta

de valor (tempo, qualidade e preço);

Lucro proveniente dos clientes: mede o lucro líquido de clientes ou

segmentos, depois de deduzidas as despesas específicas necessárias

para sustentar esses clientes.

Embora as propostas de valor variem de acordo com o sector de

actividade e os diferentes segmentos de mercado, observamos a existência de

atributos que permitem a ordenação em todos os sectores para os quais serão

elaborados scorecards. Esses atributos são divididos em três categorias:

Atributos dos produtos e serviços: relativos á funcionalidade do

produto ou serviço, abrangendo seu preço e qualidade;

Relacionamento com clientes: preocupa-se com a entrega do produto

ou serviço ao cliente, relativamente a prazos e a como o cliente está se

sentindo na relação de compra;

Imagem e reputação: sua preocupação central está nos aspectos

intangíveis que vinculam o cliente a empresa, como qualidade dos

produtos e serviços oferecidos e a publicidade aplicada, sendo estes,

algumas vezes, factores de fidelização de clientes.

20

Page 21: João Maria Funzi Chimpolo

Deste modo, a correcta identificação dos objectivos de clientes e atributos

da proposta de valor direccionam a escolha dos objectivos e a dimensão dos

processos internos.

1.5.3 – Perspectiva dos Processos Internos

A primeira das perspectivas a analisar a organização sobre o prisma

interno, refere-se aos processos internos, que compreendem as diversas

actividades empreendidas dentro da organização que, de uma forma ampla,

possibilitam realizar desde a identificação das necessidades até a satisfação

dos clientes. Esta perspectiva abrange os seguintes processos:

Inovação: consiste basicamente em dois componentes. No primeiro,

realizam-se pesquisas de mercado, com a finalidade de identificação do

tamanho do mercado, a natureza das preferências dos clientes e os

pontos de preço de cada produto ou serviço. No segundo, devem-se

idealizar mercados e oportunidades inteiramente novas, produtos e

serviços que a empresa pode oferecer.

Operações: este processo representa a onda curta da criação de valor

nas empresas. Ele tem início com o recebimento do pedido de um cliente

e termina com a entrega do produto ou a prestação do serviço. São de

suma importância a entrega eficiente, regular e pontual dos produtos e

serviços aos clientes.

Serviço pós-venda: inclui garantia e conserto, correcção de defeitos e

devoluções, e processamento dos pagamentos.

A perspectiva dos processos internos é elaborada após a perspectiva

financeira e dos clientes, pois estas fornecem as directrizes para seus

objectivos. Assim, são identificados os processos internos críticos em que a

empresa ou a unidade de negócios deve alcançar a excelência, permitindo que

sejam oferecidas propostas de valor capazes de atrair e reter clientes e, ao

21

Page 22: João Maria Funzi Chimpolo

mesmo tempo satisfaça as expectativas de retornos financeiros interessantes

aos accionistas.

As medidas dos processos internos deverão ser definidas de forma a

proporcionar o maior impacto na satisfação do cliente e no alcance dos

objectivos financeiros da empresa.

Os processos internos críticos, nesta perspectiva, podem ser identificados

de forma a fazer com que a organização alcance a excelência. Na maneira

tradicional os processos internos costumam ser analisados sob a óptica de

melhorar a situação já existente.

Com o uso do Balanced Scorecard possibilita-se identificar processos de

inovação e o nível de qualidade das suas operações, retendo a clientela ao

agregar valor aos produtos e serviços existentes e atraindo através de novos

produtos ou serviços, alcançando os objectivos financeiros e dos clientes.

Para Kaplan e Norton (1998) os objectivos dos processos internos no

Balanced Scorecard destacam os processos, dos quais vários talvez não

estejam sendo executados actualmente, que são absolutamente críticos para o

sucesso da estratégia. 10

O Balanced Scorecard deve traduzir a missão e a estratégia de uma

organização em objectivos e medidas tangíveis, pois, como já se constitui em

uma máxima, o que não é medido não é controlado. Diferentemente de outras

abordagens, as quais tentam controlar e melhorar processos existentes, o

Balanced Scorecard vem identificar e propor processos inteiramente novos nos

quais a empresa deve atingir a excelência para alcançar seus objectivos;

objectivos financeiro e de cliente.

Os sistemas tradicionais de medição têm como alvo os processos e

clientes actuais, tentando melhorar e controlar as operações existentes, o que

se inicia com o recebimento do pedido de um cliente existente, relativo a um

produto existente, terminando com a entrega desse produto ao cliente.

Os indicadores de sucesso financeiro a longo prazo podem exigir,

entretanto, que a empresa crie produtos e serviços inteiramente novos que

atendam às necessidades emergentes de clientes actuais e futuros, num

processo de inovação que caracteriza a tendência de criação de valor. 10 Kaplan e Norton 1998,p.27

22

Page 23: João Maria Funzi Chimpolo

1.5.4 – Perspectiva de Aprendizagem e Crescimento

Esta perspectiva identifica a infra-estrutura que a empresa deve construir

para gerar crescimento e melhoria ao longo prazo. Provém de três fontes

principais:

Pessoas: medidas baseadas nos funcionários, incluem uma combinação

de medidas gerais de resultado-satisfação, retenção, treinamento e

habilidades dos funcionários com indicadores específicos dessas mesmas

medidas;

Sistemas: a capacidade dos sistemas de informação pode ser medida

pela disponibilidade em tempo real, para os funcionários que se

encontram na linha de frente da acção e tomada de decisões, de

informações relevantes e precisas sobre clientes e processos internos;

Procedimentos organizacionais: podem examinar o alinhamento dos

incentivos aos funcionários com os factores globais de sucesso

organizacional, e os indicadores de melhoria dos processos críticos,

internos ou voltados para clientes.

Corresponde, também a aprendizagem e crescimento funcional da

organização, a capacidade em manter seus colaboradores motivados,

satisfeitos e produtivos. Procurando medir o nível de criatividade dos seus

colaboradores, buscando a racionalização de processos, agregando valor aos

produtos e serviços, alinhando estes á visão e aos objectivos.

A estratégia de aprendizagem e crescimento define os activos intangíveis

necessários ao desempenho das actividades organizacionais e dos

relacionamentos com os clientes em níveis de qualidade cada vez mais

elevados e envolve três categorias: capacidade dos funcionários,

capacidade dos sistemas de informação, e a motivação e integração.

23

Page 24: João Maria Funzi Chimpolo

Relativamente à categoria capacidade dos funcionários entendem que as

organizações, ao longo dos anos, automatizaram os processos rotineiros e

repetitivos e agora necessitam de pessoas com capacidade de pensamento e

tomada de decisão.

Neste sentido, as empresas necessitam de pessoas treinadas, motivadas

e dispostas a permanecer na empresa. Para eles são três os vectores

situacionais para avaliação de resultado nesta perspectiva: satisfação dos

funcionários, retenção de funcionários e produtividade de funcionários (ver

anexo-figura-3).

Com relação à capacidade dos sistemas de informação, os funcionários

necessitam de excelentes informações sobre clientes, processos internos e

financeiros.

Assim, os sistemas devem apresentar capacidades de informações sobre

os relacionamentos individuais dos clientes com a empresa, permitindo a

empresa antever as necessidades dos clientes e, feedback, permitindo aos

funcionários retorno de informações rápidas sobre o que produziram. Esta

capacidade abrange banco de dados, sistemas de informação e redes de infra-

estrutura tecnológica.

Sob o aspecto de motivação e integração, deve-se ter em conta que

mesmo funcionários habilitados, que dispõem de excelente acesso ás

informações, não contribuirão para o sucesso organizacional se não forem

motivados a agir no melhor interesse da empresa, ou se não tiverem liberdade

para decidir e agir.

A perspectiva de aprendizagem e crescimento reconhece que a

organização pode buscar somente um nível de eficiência e eficácia que é

proporcional com os seus empregados. As organizações devem ter

empregados qualificados e instruídos para realizar a sua missão e estratégia

dentro da realidade. Esta perspectiva ressalta a importância de adaptação dos

empregados para um contínuo ambiente de mudança no trabalho.11

11 Adilson Barbosa 2005, p.25

24

Page 25: João Maria Funzi Chimpolo

Kaplan e Norton (2004), inovam a perspectiva de aprendizagem e

crescimento do Balanced Scorecard, ao classificar os activos intangíveis em

três categorias: 12

Capital Humano: habilidade, talento e conhecimento dos empregados;

Capital da Informação: banco de dados, sistemas de informação, redes

e infra-estrutura tecnológica;

Capital Organizacional: cultura, liderança, integração dos empregados,

trabalho em equipa e gestão do conhecimento.

Desta forma, os mesmos autores apresentam um modelo para a medição

dos activos intangíveis, os quais se convertem em resultados tangíveis

(aumento da receita ou redução dos custos), quando apoiam directamente a

estratégia. Introduzem o conceito de prontidão estratégica como meio de

descrever o grau de preparação dos activos intangíveis para suportar a

estratégia da organização. A prontidão é definida como a extensão em que um

activo intangível atende às necessidades da estratégia.

Logo, fica evidente que a perspectiva de aprendizagem e crescimento é

inserida na base do Balanced Scorecard porque constitui os alicerces de tudo

que se ergue acima, cujas iniciativas são os vectores mais importantes dos

resultados da estratégia.

Ela oferece a base para a consecução dos objectivos das outras

perspectivas. O Balanced Scorecard coloca muito claramente a importância do

factor humano ao destacá-lo como uma perspectiva á parte das outras. Isto

porque, não só a implementação de uma nova estratégia, mas, também, a

execução da estratégia actual depende de pessoas.

12 Kaplan e Norton 2004,p.13

25

Page 26: João Maria Funzi Chimpolo

Assim, convém enfatizar a importância do colaborador em todas as

perspectivas mencionadas anteriormente, afinal, o comportamento e o esforço

das pessoas são necessários para o desenvolvimento das actividades

profissionais, dentro de uma visão sistémica que considere e analise os dois

lados – colaborador e organização.

Segundo Maholland e Muetz (2002), para cada uma das quatro

perspectivas do BSC, as organizações desenvolvem objectivos, medidas,

metas e iniciativas para guiar sua melhoria contínua.13

Os objectivos representam onde uma organização poderia estar no

futuro. Medidas representam até que ponto os objectivos estão sendo

realizados. Metas são quantificáveis, representam os resultados de

desempenho mensuráveis, que uma organização deseja realizar dentro de

cada objectivo. Iniciativas são as estratégias e tácticas empregadas por uma

organização para aumentar a probabilidade de alcançar as metas

especificadas.

a) Objectivos: O Balanced Scorecard traduz missão e estratégia em

objectivos e medidas, organizados segundo quatro perspectivas diferentes:

financeira, de cliente, de processos internos e de aprendizagem e crescimento.

Olve, Roy e Wetter (2001), acentuam a importância de ambos os

objectivos, a curto e longo prazo, para cada medida utilizada. Os planos de

acção resultantes do processo do scorecard devem especificar as pessoas

encarregadas e a estrutura de tempo para alcançar cada medida e seu

objectivo correspondente. 14

Assim, é essencial que todos os objectivos individuais e organizacionais

estejam alinhados com foco nos objectivos da empresa, organização ou

unidade de negócios.

13 Maholland e Muetz 2002, p.2

14 Olve, Roy e Wetter 2001, p.148

26

Page 27: João Maria Funzi Chimpolo

Esse processo de desdobramento dos objectivos corporativos até os

níveis menores da companhia tem dois objectivos principais: 1. as metas e

objectivos individuais e departamentais assim como os processos de

reconhecimento e recompensa estão alinhados com os objectivos do negócio;

2. a medição do desempenho passa a ser uma responsabilidade de todos

(superiores e subordinados).

b) Medidas: As medidas devem ser usadas para articular e comunicar a

estratégia da empresa, e para ajudar a alinhar iniciativas individuais e

organizacionais, com a finalidade de alcançar uma meta comum.

Cada uma das medidas a serem incluídas em qualquer perspectiva do

BSC, necessita ser avaliada pela sua relação de causa e efeito e deve

corresponder a um objectivo financeiro que represente os objectivos

estratégicos da unidade de negócios.

Em uma grande proporção, a situação e a estratégia determinarão quais

medidas são as mais adequadas para a empresa. Além disso, haverá mais

apoio na organização para as medidas que tenham surgido através de um

processo, em vez de adoptadas, devido á recomendação de especialistas.

Olve, Roy e Wetter (2001), sugerem alguns critérios úteis para determinar

quais medidas usar: 15

As medidas não devem ser ambíguas e devem ser definidas de modo

uniforme em toda a companhia;

As medidas usadas, tomadas juntamente, devem cobrir, de modo

suficiente, os aspectos do negócio que estão incluídos nas estratégias e

nos factores críticos do sucesso;

15 Olve, Roy e Wetter 2001, p148

27

Page 28: João Maria Funzi Chimpolo

As medidas usadas nas diferentes perspectivas devem estar conectadas

de maneira clara;

As medidas devem ser úteis na fixação dos objectivos considerados

realistas por aqueles responsáveis por alcançá-los;

A medição deve ser um processo fácil, sem complicações, devendo

possibilitar o emprego das medições em sistemas diferentes, como por

exemplo o arquivo de dados da companhia.

Deste modo, é preciso desenvolver medidas de eficácia (qualidade),

eficiência (produtividade) e adaptabilidade (flexibilidade) e objectivos para

todos os processos críticos. Para cada perspectiva deve ser definido um

conjunto de 3 a 5 medidas de modo a providenciar uma melhor indicação dos

progressos.

c) Metas: O processo de planeamento e estabelecimento de metas

permite que a empresa: (i) quantifique os resultados pretendidos a longo prazo.

(ii) identifique mecanismos e forneça recursos para que os resultados sejam

alcançados. (iii) estabeleça referenciais de curto prazo para as medidas

financeiras e não-financeiras do scorecard. 16

Como parte do planeamento integrado e do processo de orçamentação,

os executivos devem estabelecer metas a curto prazo para a posição que

esperam ocupar, mensal ou trimestralmente, nos indicadores de resultados e

indicadores de tendência para clientes e consumidores, inovação, processos

operacionais, funcionários, sistemas e alinhamento.

As metas definidas no BSC representam a quantificação dos objectivos

estratégicos estabelecidos em cada perspectiva do scorecard.

e) Iniciativas: Utilizando as medidas do BSC, como base para a alocação

de recursos e definição de prioridades os executivos podem concentrar a sua

atenção nas iniciativas que visem alcançar os objectivos estratégicos a longo

prazo sem prejuízo dos objectivos a curto prazo.

16 Www. Monografia.com.br, 24 de Março de 2009

28

Page 29: João Maria Funzi Chimpolo

A integração das medidas do BSC á estratégia se dá pelas relações de

causa e efeito entre os objectivos e medidas das perspectivas do scorecard.

Um scorecard adequadamente elaborado deve contar a história da

estratégia da unidade de negócios através de uma sequência de relações de

causa e efeito. O sistema de medição deve explicar as relações entre os

objectivos (e as medidas) nas perspectivas, de modo que possam ser

controlados.

1.6 – O Balanced Scorecard e o Mapa Estratégico

O Balanced Scorecard vem sendo apresentado como um instrumento que

auxilia a tradução da visão e missão da organização num conjunto coerente de

objectivos estratégicos, factores críticos de sucesso e respectivos indicadores

de desempenho, que servem para alinhar as iniciativas operacionais com os

objectivos estratégicos.

Desta forma, a sua implementação implica a definição de uma cadeia de

relação de causa e efeito relacionando, em cada uma das perspectivas

definidas e entre as diversas perspectivas, os objectivos, com os indicadores

de desempenho. Esta identificação é feita pela elaboração de um esquema

onde se representam as relações de causa e efeito, denominado por Mapa

Estratégico da Organização (MEO). (ver anexo-figura 4).

O mapa estratégico é uma arquitectura lógica capaz de representar

graficamente a estratégia de uma organização, área de negócios, área de

apoio, ou de qualquer outra estrutura organizacional, explicando as relações

entre accionistas, clientes, processos internos e aprendizagem e crescimento.

O mapa evidencia os desafios que a organização terá de superar para

concretizar a visão de futuro, ou para cumprir a missão, no caso de algumas

entidades sem fins lucrativos.

Esses desafios são estruturados na forma de objectivos estratégicos,

inter-relacionados por relação de causa e efeito, permitindo a identificação dos

impactos que um determinado objectivo gera ou recebe, criando uma história

lógica da estratégia.

29

Page 30: João Maria Funzi Chimpolo

A estrutura dos mapas estratégicos é formada basicamente pelas

perspectivas, que podem ser consideradas dimensões de análise da estratégia.

A estrutura clássica do Balanced Scorecard contempla quatro perspectivas:

financeira, clientes, processos internos e aprendizagem e crescimento.

Estas dimensões podem, ser alteradas, eliminadas, ou ainda, ser

adicionadas novas perspectivas que permitam representar correctamente a

estratégia da organização.

As perspectivas são apresentadas de forma piramidal, onde a perspectiva

de aprendizagem e crescimento é a base, seguida pela perspectiva dos

processos internos e pela perspectiva dos clientes e ao topo, a perspectiva

financeira.

A sua construção é orientada pelas seguintes premissas:

Perspectiva financeira: para sermos bem sucedidos financeiramente,

como deveríamos ser vistos pelos nossos accionistas;

Perspectiva do cliente: para alcançarmos a nossa visão, como

deveríamos ser vistos pelos nossos clientes;

Perspectiva de processos internos: para alcançarmos a nossa visão,

como sustentaremos a capacidade de mudar e melhorar os nossos

serviços; e

Perspectiva de aprendizagem e crescimento: para satisfazermos nossos

accionistas e clientes, como sustentaremos a habilidade de

aperfeiçoamento e mudança.

A partir das perspectivas apresentadas no mapa estratégico,

seleccionam-se indicadores de desempenho e fixam-se metas para cada um

deles. Para além das perspectivas, outro elemento importante no mapa

estratégico é o tema estratégico. Os temas são os grandes eixos da estratégia

e são representados nos mapas como um conjunto de objectivos com uma

finalidade ou um desafio comum.

30

Page 31: João Maria Funzi Chimpolo

Estes temas estratégicos estão formalmente estruturados na perspectiva

de processos internos, porém, na maioria dos casos, os temas estão presentes

nas outras perspectivas através das relações de causa e efeito.

Os temas são muito importantes, pois permitem contar a história da

estratégia. Enquanto as perspectivas fornecem dimensões de análise em

termos estruturais, os temas fornecem uma dimensão de análise em termos do

negócio.

Observa-se que o mapa estratégico especifica as relações de causa e

efeito entre os temas estratégicos, objectivos e medidas traduzidas nas quatro

perspectivas do Balanced Scorecard. Assim, três ingredientes que devem ser

agregados ao mapa estratégico para criar a dinâmica da estratégia: 17

Quantificar: estabelecer metas e validar as relações de causa e efeito no

mapa estratégico;

Definir o horizonte de tempo: determinar como os temas estratégicos

criarão valor a curto, médio e longo prazo, de modo a promover

processos equilibrados e sustentáveis de criação de valor;

Seleccionar iniciativas: seleccionar os investimentos estratégicos e os

programas de acção que capacitarão a organização a alcançar o

desempenho esperado nos prazos programados.

O mapa estratégico ao constituir-se como uma representação gráfica do

Balanced Scorecard, reflecte o desdobramento da estratégia por meio das

relações de causa e efeito entre as perspectivas.

Por meio de ajustes feito em seu modelo, cada empresa mostrará como

os seus activos tangíveis e intangíveis impulsionam melhorias nos processos

internos e de que forma é realizada a criação de valor para os clientes,

accionistas e comunidades.

17 Paul R. Niven 2005, p.63

31

Page 32: João Maria Funzi Chimpolo

Capitulo II – O Balanced Scorecard como um Sistema de Gestão

Estratégica

De simples modelo de avaliação, o Balanced Scorecard rapidamente

assumiu o papel de instrumento de gestão estratégica das organizações.

Ligando a prática á estratégia, o Balanced Scorecard constitui um instrumento

de melhoria e aprendizagem contínua, na medida em que permite aos

responsáveis controlarem a sua acção e obterem o feedback permanente das

suas práticas e dos seus impactos sobre a realização dos objectivos

estratégicos.

Com finalidade de garantir a ligação entre as iniciativas operacionais e os

objectivos estratégicos, Kaplan e Norton defendem o recurso a quatro

processos de gestão estratégica a partir do Balanced Scorecard (Ver anexo-

figura 5), nomeadamente: 18

Tradução da Visão;

Comunicação e Conexão;

Planeamento de Negócios;

Feedback e Aprendizagem.

18 Jordan, Neves e Rodrigues 2005,pp.261-264

32

Page 33: João Maria Funzi Chimpolo

2.1 – Tradução da Visão

Muitas empresas não têm estratégias bem definidas e nem sempre a

missão e a visão são discutidas e clarificadas. Outras vezes define-se a

missão, mas não se efectua com eficácia a sua difusão pelos membros da

organização, o que dificulta a sua participação activa no sucesso a longo prazo.

Ao definir o mapa estratégico através de uma sequência de relações de

causa e efeito entre resultados e indicadores de desempenho, o Balanced

Scorecard ajuda a ultrapassar as barreiras acima citadas, esclarecendo a

acção a empreender para que o sucesso da organização venha a ser uma

realidade.

Para além disso, ajuda os gestores a construírem um consenso á volta da

visão e da estratégia da organização, que se pode traduzir num conjunto

integrado de objectivos e indicadores, negociados e aceites pelos gestores que

descrevem os factores críticos de sucesso através de relações de causa e

efeito.

2.2 – Comunicação e Conexão

Este processo de gestão conduz os gestores á comunicação da sua

estratégia a toda a organização, estabelecendo uma ligação entre os objectivos

globais e os de cada secção. A comunicação é um aspecto muito importante na

implementação estratégica, uma vez que envolve e cria uma espécie de

cumplicidade entre os objectivos globais da organização e os seus

colaboradores.

O mapa estratégico deve servir de ferramenta fundamental na elaboração

do Balanced Scorecard, deve ser divulgado para toda a organização e

incentivado a sua utilização pelas pessoas da organização, servindo-se muitas

vezes de base de informação central para reuniões, onde serão avaliados se

os objectivos estratégicos estão sendo seguidos.

33

Page 34: João Maria Funzi Chimpolo

Através dele devem ser comunicadas a estratégia e a sua ligação com os

objectivos individuais e departamentais, apresentando como objectivo central a

promoção da compreensão da estratégia, da necessidade, de interacção das

áreas para cumprir a estratégia e de motivar as pessoas a realizá-la.

Entende-se assim existirem três mecanismos que podem ser utilizados

nesta fase:

Comunicação e Educação: Processo contínuo onde todos compreendam

os componentes da estratégia e recebam informações sobre os

resultados alcançados. Quando a estratégia e os planos são

compartilhados pela organização, é mais fácil estabelecer os objectivos

individuais e das equipes. Podem ser utilizados sistemas formais e

informais de comunicação e treinamento.

Estabelecimento de objectivos: Através deste mecanismo são definidos

os objectivos estratégicos que devem ser perseguidos pela organização,

os quais posteriormente serão difundidos entre todos os colaboradores, a

fim de provocarem uma integração da organização em torno da

estratégia.

Ligação de recompensas as medidas de desempenho: Uma vez definidos

os objectivos, devem ser definidas medidas de desempenho as quais

deverão ser ligadas a um sistema de recompensas, que deverá ser

utilizado como instrumento motivador de equipas e de reconhecimento de

performance.

Deste modo, o Balanced Scorecard deve funcionar como um instrumento

de controlo de gestão ao serviço da estratégia, ajudando a divulgar a missão e

a partilhar a visão, esclarecendo onde a organização pretende chegar, os seus

objectivos estratégicos e os alternativos possíveis para os alcançar. Visa, desta

forma garantir a convergência de esforços, ajudando que as actividades dos

gestores estejam em consonância com a estratégia da organização.

34

Page 35: João Maria Funzi Chimpolo

2.3 – Planeamento de Negócio

No processo de planeamento de negócio, estabelecem-se as prioridades

das acções e a correspondente alocação de recursos, através da integração

dos planos financeiros com os corporativos.

A construção do Balanced Scorecard ao clarificar os objectivos

estratégicos e ao identificar os respectivos factores críticos, proporciona um

quadro interessante para a afectação de recursos e gestão das actividades e

programas empresariais.

Assim o Balanced Scorecard apresenta-se como a ferramenta ideal para

medir a afectação desses recursos às iniciativas tendentes a melhorar os

processos mais críticos para a implementação estratégica, ultrapassando as

limitações tradicionais de não integração dos processos de formulação

estratégica com o orçamento e a afectação de recursos.

Pode auxiliar os gestores a efectuarem essa integração e garantir que o

orçamento esteja em conformidade com a estratégia e dê suporte efectivo á

sua implementação.

Desta forma, o orçamento integrado com o Balanced Scorecard deverá

incluir não apenas os tradicionais objectivos financeiros, como também metas

para os indicadores não financeiros, de acordo com as perspectivas de análise,

proporcionando uma visão mais completa do desempenho esperado.

Procedendo desta forma, serão programados, para além dos objectivos a

longo prazo, metas e iniciativas estratégicas a curto prazo e respectivos

indicadores em cada uma das quatro perspectivas do Balanced Scorecard, que

constituirão o quadro de referência para a afectação dos recursos da

organização.

35

Page 36: João Maria Funzi Chimpolo

2.4 – Feedback e Aprendizagem

Este processo baseia-se no facto de que a estratégia da empresa deve

ser modificada conforme a organização avança em termos de aprendizagem.

Os resultados de curto prazo devem ser controlados pelo aspecto

financeiro, clientes, processos internos e recursos humanos, e deve-se ter

sistemas de informação votados para estas perspectivas. Assim sendo, a

estratégia passa a ser avaliada a luz do desempenho.

O Balanced Scorecard constitui um sistema de medição estratégica

procurando descrever a organização e o negócio através da explicação da

sequência de relações de causa e efeito entre resultados desejados e

indicadores de desempenho desses resultados, construindo um mapa

estratégico que ajude a reflectir sobre a estratégia a seguir pela organização.

Assim sendo, o Balanced Scorecard deve ser entendido não só como um

sistema de medição, mas também de clarificação, comunicação e integração

estratégica.

Este facto resulta não só do princípio que está ligado á definição das

relações de causa e efeito, como ainda à identificação de indicadores

concretos do resultados a atingir e realizados, bem como a sua ligação ao

sistema de prémios e incentivos, constituindo uma base ideal para o cálculo do

indicador que sirva de referência à determinação dos valores.

Contudo, torna-se importante mencionar que as relações de causa e

efeito entre resultados e indicadores de desempenho são hipóteses nas quais

se baseia a estratégia e opinião dos responsáveis e que, por isso, necessitam

de ser testadas e validadas. O Balanced Scorecard não garante obviamente o

sucesso da organização, mas ajuda os gestores a compreenderem melhor a

estratégia e os respectivos factores críticos de sucesso, acompanhando-os

através da definição de indicadores apropriados.

Desta forma, será possível instituir um processo de aprendizagem

estratégica sobre as relações de causa e efeito, podendo conduzir á

reformulação das metas estabelecidas ou à modificação das hipóteses que

caracterizam a estratégia à luz de novos conhecimentos sobre as condições de

mercado, preferências dos consumidores, etc.

36

Page 37: João Maria Funzi Chimpolo

Segundo Kaplan e Norton (2000)“ o processo de gestão deve recolher

dados sobre a estratégia, testando-a, reflectindo sobre a estratégia está a

desenrolar-se à luz dos novos desenvolvimentos e solicitando ideias a todos os

membros da organização acerca das oportunidades, opções estratégias e suas

direcções”. 19

O Balanced Scorecard não constitui apenas uma colectânea de

indicadores estruturados nas suas quatro perspectivas, mas sim um sistema

coerente de objectivos e indicadores que garantam um controlo interactivo e

aprendizagem estratégicas que incentivam uma atitude dinâmica perante as

constantes mudanças num ambiente de grande competitividade.

Kaplan e Norton relataram algumas características comuns de empresas

que implementaram o Balanced Scorecard e se tornaram empresas

direccionadas na estratégia. Essas características denominadas de princípios

de uma organização focada na estratégia, expressam o resultado esperado dos

quatro processos de gestão descritos acima.

Estes princípios são os seguintes: traduzir a estratégia em termos

operacionais; alinhar a organização com a estratégia; transformar a estratégia

em tarefas de todos; converter a estratégia em processo contínuo; e mobilizar a

mudança por meio da liderança.

a) Traduzir a estratégia em termos operacionais

Este princípio pressupõe o desenho dos mapas estratégicos, uma vez

que é uma ferramenta de representação visual da arquitectura genérica do

BSC (visão, estratégia e perspectivas). O mapa estratégico representa

graficamente as relações de causa e efeito entre as medidas do balanced

scorecard.

19 Kaplan e Norton 2000,p 1

37

Page 38: João Maria Funzi Chimpolo

A importância, deste princípio, está em descrever e comunicar a

estratégia a todos os colaboradores da organização de forma a envolvê-los,

pois para alcançar os resultados extraordinários, considera-se fundamental

explorar e investir nos activos tangíveis e intangíveis já existentes, uma vez

que o Balanced Scorecard fornece um referencial para descrever e comunicar

a estratégia de maneira coerente e clara.

b) Alinhar a organização á estratégia

Considera-se de suma importância a palavra alinhar neste princípio, no

sentido de enfatizar que nas diversas unidades de negócios, de sectores, de

departamento, dentre outras, existentes nas organizações, fazem necessárias

que todos os colaboradores tenham conhecimento da estratégia.

Para que as organizações alcancem o máximo de eficácia, as estratégias

e os scorecards de todas unidades, sejam de negócios diferentes, unidades de

serviços compartilhados, devem estar alinhadas e conectadas umas com as

outras.

Estas unidades formam a arquitectura estratégica da organização, as

quais descrevem como a organização cria sinergia por meio da integração das

actividades de unidades que do contrário seriam segregadas e independentes.

Conforme Kaplan e Norton (2000), as organizações focalizadas na

estratégia usam o BSC em três processos diferentes para o alinhamento dos

empregados com a estratégia: 20

- Comunicação e educação;

- Desenvolvimento de objectivos pessoais e de equipes: os gerentes devem

ajudar os empregados a estabelecer metas individuais e de equipe,

compatíveis com o êxito estratégico. É possível adaptar os planos de

desenvolvimento de pessoas á consecução desses objectivos;

- Sistemas de incentivos e recompensas: representam a conexão entre

desempenho organizacional e recompensas individuais.

20 Ibidem; p.227

38

Page 39: João Maria Funzi Chimpolo

c) Transformar a estratégia em tarefas de todos

Mais uma vez, salienta-se a importância do foco, ou seja, para a

consecução das actividades todos os colaboradores precisam compreender a

estratégia de forma a aplicá-la adequadamente na sua tarefa diária, sendo isto

possível por meio de uma comunicação eficiente e efectiva.

Não é uma gestão de cima para baixo, mas uma comunicação do geral

para o particular, deixando com os indivíduos a tarefa de descobrir melhores

formas de agir que contribuirão para os objectivos estratégicos da empresa.

De acordo com Kaplan e Norton (2000), um programa de comunicação do

BSC, deve possuir os seguintes objectivos: 21

- Promover a compreensão da estratégia em toda a organização;

- Fazer com que as pessoas comprem a estratégia para apoiá-la na

organização;

- Educar a organização sobre sistema de medição e gestão do BSC, como

base de implementação da estratégia;

- Fornecer feedback sobre a estratégia.

Deste modo, o BSC proporciona aos indivíduos ampla compreensão da

estratégia da empresa e da unidade de negócio, explicando onde cada um se

encaixa nos mapas estratégicos da organização e como podem contribuir para

os objectivos estratégicos.

As metas individuais definidas no referencial do BSC devem ser

transfuncionais, de longo prazo e estratégicos. A conexão final entre a

estratégia de alto nível e as acções do dia-a-dia ocorrem quando a empresa

interliga os programas de incentivos e recompensas ao BSC.

21 Ibidem; p.231

39

Page 40: João Maria Funzi Chimpolo

a) Converter a estratégia em processo contínuo

De acordo com os estudos de Kaplan e Norton, a maioria das empresas,

inclusive as de pequena dimensão, concentram suas actividades em rever e

comparar desempenhos ocorridos, deixando de discutir as estratégias e, até

mesmo de implementá-las. Portanto, considera-se fundamental converter a

estratégia em processo contínuo na organização.22

Para tal, torna-se importante realizar periodicamente sessões de

aprendizagem estratégica, que permite analisar e entender a situação

(presente e passado, externo e interno), projectar e fazer ajustes estratégicos

apropriados (especificando custos, durações e impactos) como também

desenhar e ajustar em consequência – as posições estratégicas, os planos

estratégicos, os BSCs, etc.

b) Mobilizar a mudança por meio da liderança

Esse princípio expressa o reconhecimento de que ferramentas e

processos, por si só, não garantem o sucesso do balanced scorecard.

Sobressai a importância do ser humano, ou seja, o colaborador inserido na

organização, como força motivadora ao sucesso na implementação da

estratégia.

Deste modo, se as pessoas do topo da organização não actuarem como

líderes vibrantes do processo, as mudanças não ocorrerão e a estratégia não

será implementada.

A mudança ocorre em duas fases: mobilização e governança. A

mobilização esclarece porque a mudança é necessária com o intuito de trazer

melhorias a organização. Após a comunicação da mudança, os executivos

estabelecem um processo de governança para orientar a transição.

22 Ângela Correia 2005, pp.106,107

40

Page 41: João Maria Funzi Chimpolo

O processo define, demonstra e reforça os novos valores culturais da

organização e descreve como a organização será dirigida e controlada afim de

assegurar a correcta execução das suas actividades.

Verifica-se que os princípios das organizações orientadas para a

estratégia visam consolidar o BSC como um programa de mudança ao

mobilizar a organização para a mudança, promover a aprendizagem

estratégica, o alinhamento de objectivos e metas individuais com os objectivos

e metas do BSC.

2.5 – Implementação do Balanced Scorecard

A implantação do Balanced Scorecard depende da estrutura da

organização, devendo existir uma etapa inicial de preparação que determine a

sua abrangência e quem participará do processo. As unidades de negócio que

devem participar do processo são aquelas que tenham seus próprios clientes,

facilidades de produção e indicadores estabelecidos.

Assim, previamente á criação e implementação do Balanced Scorecard, a

empresa, com sua administração, deve obter consenso a respeito do porquê se

desenvolver um scorecard, devendo, identificar e chegar a um acordo quanto

aos principais propósitos ou objectivos do programa, que servirão para: orientar

o estabelecimento de objectivos e medidas para o scorecard; obter consenso

entre os participantes; e esclarecer a estrutura para os processos de gestão e

implementação que decorrem da construção do primeiro scorecard.

Uma segunda providência é definir quem será o arquitecto do processo,

que personificará o responsável pela organização, metodologia e

desenvolvimento do scorecard. Esse profissional é, normalmente, um alto

executivo proveniente de áreas de apoio da organização, capaz de captar a

estratégia, o foco no cliente, os processos internos críticos de sua empresa e o

que for mais relevante para que possam atingir os objectivos da organização

ou unidade de negócios.

41

Page 42: João Maria Funzi Chimpolo

Deve, ainda, ser definida sua equipe, lembrando que o apoio e a

participação precisa partir de toda a alta administração, a qual liderará os

processos de gestão associados á utilização do scorecard. Pelo arquitecto,

será garantida á equipe do projecto a disponibilidade de documentos, de

material de consulta, de informações competitivas e de mercado, além de

manter o foco e os trabalhos dentro do período estabelecido.

Definidos os objectivos, o arquitecto do processo e sua equipe, dão início

ao processo em si, composto de dez tarefas distribuídas ao longo das quatro

etapas:

Definição da arquitectura de indicadores; definição dos objectivos

estratégicos; escolha e elaboração dos indicadores; e elaboração do plano de

implementação.

A seguir, passaremos a enumerar as etapas de criação e implementação

do Balanced Scorecard.

2.6 – Processo de construção do Balanced Scorecard

Toda organização tem as suas próprias características, não havendo

portanto um padrão para a construção da Balanced Scorecard.

Entretanto, é possível delinear um plano típico e sistemático que pode ser

utilizado para várias organizações.

Esse processo tem quatro etapas e produzirá um Balanced Scorecard útil,

ajudando a alcançar os objectivos do programa, através de:

Definição da arquitectura de indicadores;

Definição dos objectivos estratégicos;

Escolha dos indicadores;

Elaboração do plano de implementação.

2.6.1 – Definição da Arquitectura de Indicadores

Na etapa de definição da arquitectura de indicadores são duas as tarefas

que devem ser desenvolvidas.

Tarefa 1: Selecção da unidade organizacional adequada.

42

Page 43: João Maria Funzi Chimpolo

O arquitecto, consultado a alta administração, deve seleccionar a unidade

organizacional adequada á implementação do balanced scorecard, onde haja

facilidade de criar medidas agregadas de desempenho financeiro.

Tarefa 2: Identificar as relações entre a unidade de negócios escolhida e

a corporação

Aqui, são analisados os relacionamentos da unidade com outras

unidades, além da estrutura divisional e corporativa. A entrevista com os

executivos nessa tarefa visa conhecer:

Os objectivos financeiros estabelecidos para unidade – crescimento,

retorno sobre o capital investido, fluxo de caixa, volumes de extracção;

Os temas corporativos primordiais – meio ambiente, segurança, políticas

em relação aos funcionários, relacionamentos com a comunidade, qualidade,

competitividade de preços, inovação; e

Relações com outras unidades – clientes comuns, competências

essenciais, oportunidades para abordagens integradas a clientes,

relacionamento entre fornecedores e clientes internos.

2.6.2 – Definição dos Objectivos Estratégicos

Nesta fase o arquitecto já deve ter obtido e passadas as informações

internas sobre a visão, a missão e a estratégia da empresa e da unidade. Deve

ter seleccionado e transmitidas também as informações sobre o sector e o

ambiente competitivo da unidade, tendências significativas de tamanho e

crescimento do mercado, concorrentes e produtos concorrentes, preferências

de clientes e inovações tecnológicas.

Aqui, existem três tarefas que devem ser realizadas:

Tarefa 3: Realizar a primeira série de entrevistas

O arquitecto deve realizar uma série de entrevistas com os executivos da

empresa visando obter informações precisas sobre os objectivos estratégicos e

as ideias preliminares da empresa para as medidas do balanced scorecard,

abrangendo as quatro perspectivas. As entrevistas devem ser individuais e as

mesmas perguntas devem ser feitas a todos os executivos para seguir um

mesmo critério. Nessa entrevista é comunicado ao executivo o conceito de

BSC, são tiradas todas as dúvidas sobre o conceito, são obtidas informações

43

Page 44: João Maria Funzi Chimpolo

iniciais sobre a estratégia organizacional e são informados como isso traduzirá

em objectivos de medidas para o balanced scorecard.

Tarefa 4: Sessão de Síntese

O arquitecto e sua equipe devem sintetizar os resultados das entrevistas,

preparando uma relação preliminar de objectivos e medidas que servirão de

base para a primeira reunião com a alta administração, aproveitando a ocasião

para antever possíveis resistências às mudanças a serem provocadas pelo

BSC.

A equipe deve avaliar se essa relação preliminar de objectivos prioritários

retrata a estratégia da unidade e, se os objectivos classificados dentro das

quatro perspectivas, apresentam-se interligados em relação de causa e efeito.

Tarefa 5 : Workshop Executivo – Primeira Etapa

Nesta tarefa, realiza-se um workshop executivo com a alta administração

para dar início ao processo de geração de consenso em relação balanced

scorecard. Cada objectivo deve ser discutido individualmente. É interessante

na hora de decidir quais objectivos vão permanecer, que haja um processo

democrático de decisão. No final do workshop a equipe terá identificado três ou

quatro objectivos estratégicos para cada perspectiva, uma descrição detalhada

para cada objectivo e uma lista de indicadores potenciais para cada objectivo.

2.6.3 – Escolha dos Indicadores

São duas as tarefas a serem desenvolvidas nesta etapa:

Tarefa 6: Reunião de subgrupos

O arquitecto criará subgrupos e cada subgrupo terá quatro objectivos

principais:

1. Refinar a descrição dos objectivos, de acordo com as alterações

expressas no primeiro workshop executivo;

2. Para cada objectivo, identificar o indicador ou indicadores que melhor

captam e comunicam a intenção do objectivo;

3. Para cada indicador proposto, identificar as fontes das informações

necessárias e as acções que podem ser necessárias para tornar essas

informações acessíveis; e

44

Page 45: João Maria Funzi Chimpolo

4. Para cada perspectiva, identificar as relações críticas entre os indicadores

dessa perspectiva, bem como entre ela e as outras perspectivas do

scorecard. Tentar identificar de que maneira cada medida influência a

outra.

É importante a identificação dos indicadores que melhor comuniquem o

significado da estratégia. A arte de definir indicadores está nos vectores de

desempenho.

Indicadores Financeiros Essenciais:

Retorno sobre o investimento

Aumento da receita

Produtividade de redução de custos

Medidas essenciais de clientes

Participação de mercado

Aquisição de clientes

Retenção de clientes

Lucros a partir dos novos produtos

Satisfação dos clientes

Medidas Essenciais de Aprendizagem e Crescimento

Satisfação dos funcionários

Retenção de funcionários

Investimento em pesquisa

Estes são os indicadores capazes de fazer com que as coisas aconteçam

e que permitem a obtenção dos resultados esperados. No final desta tarefa, o

subgrupo deve ter produzido uma lista de objectivos para a perspectiva

acompanhada de uma descrição detalhada de cada objectivo, de uma

descrição de indicadores para cada objectivo e de uma ilustração de como

cada indicador pode ser quantificado e apresentado, além de um modelo

gráfico de como os indicadores se inter-relacionam dentro de uma perspectiva,

e entre as quatro perspectivas.

45

Page 46: João Maria Funzi Chimpolo

Tarefa 7: Workshop Executivo – Segunda Etapa

Nesta tarefa, deve-se envolver além da equipe de administração, os

subordinados directos e um maior número de gerentes de nível médio. A

finalidade deste workshop é debater a visão, a estratégia e os objectivos e

indicadores experimentais da organização para o balanced scorecard e

começa a desenvolver um plano de implementação.

2.6.4 – Elaboração do Plano de Implementação

Esta etapa, é composta de três tarefas:

Tarefa 8: Desenvolvimento do plano de implementação

Uma nova equipa composta pelos líderes de cada subgrupo formalizará

as metas a atingir e desenvolverá um plano de implementação para o balanced

scorecard. Esse plano deve incluir a maneira como os indicadores se ligam aos

bancos de dados e sistemas de informações, comunicando o balanced

scorecard a toda a organização.

Tarefa 9: Workshop Executivo – Terceira Etapa

A equipe executiva se reunirá pela terceira vez para chegar á decisão

final sobre a visão, os objectivos e indicadores desenvolvidos nos workshops

anteriores, identificar programas de acção preliminares para alcançar as metas,

chegar a um acordo em relação a um programa de implementação que terá por

objectivo comunicar o balanced scorecard aos funcionários. O processo

normalmente termina com o alinhamento das várias iniciativas de mudanças da

unidade aos objectivos, indicadores e metas do balanced scorecard.

Tarefa 10: Finalização do plano de implementação

O plano de implementação do balanced scorecard só terá êxito se for

integrado ao sistema de gestão da empresa. É necessário que este seja

progressivo, podendo ser utilizado as melhores informações disponíveis com o

objectivo de focalizar as acções do órgão de gestão sobre as prioridades do

46

Page 47: João Maria Funzi Chimpolo

scorecard. O projecto típico de introdução do balanced scorecard pode durar

16 semanas.

Até aqui, os executivos e gerentes deverão ter esclarecido e chegado a

um consenso em relação á tradução da estratégia em objectivos e indicadores

específicos para as quatro perspectivas, definidas em um plano de

implementação destinado a consolidar o balanced scorecard.

2.7 - Aspectos críticos a implementação do Balanced Scorecard

Muitas pessoas descobrem que o processo de projectar um sistema de

medição é mais fácil do que implementá-lo. Existem duas razões para isso: a

primeira delas refere-se ao processo de decidir sobre o que medir. 23

Apesar de sua aparente simplicidade, muitas empresas cometem

enganos fundamentais ao decidir sobre o que medir e, então tornam a

implementação do sistema de avaliação do desempenho uma tarefa quase

impossível. A segunda razão refere-se ao processo de implementação. Mesmo

que as medidas sejam correctamente seleccionadas, decisões podem ser

tomadas de modo a torná-las impraticáveis no âmbito organizacional.

Um bom projecto de sistema de medição deve começar não com questão

“o que devemos medir?” mas com mapa estratégico. Este mapa, como já

mencionado, fornece uma representação visual dos objectivos críticos da

organização que dirigem o desempenho da empresa e os principais

relacionamentos entre eles.

23 Www. Monografia. Com.br, 15 de Maio de 2009

47

Page 48: João Maria Funzi Chimpolo

Após a escolha das medidas as empresas falham novamente por tratá-las

de forma individual, não interligando e relacionando as medidas de todas as

perspectivas tornando o processo menos eficiente e mais lento.

Infelizmente, muitas empresas não entendem a importância do mapa

estratégico quando estão desenvolvendo o sistema de medição do

desempenho. Elas param de pensar sobre o que deveriam medir e colocam as

medidas resultantes na forma do sistema de medição do desempenho.

Outras empresas, ao invés de procurar melhorar seus sistemas de

medição por meio do BSC, utilizam medidas já existentes. Em muitos casos, o

BSC não espelha a estratégia da organização de modo que não existe lógica

entre as medidas escolhidas.

Diante destes problemas, é claro que os sistemas de medição do

desempenho irão falhar, simplesmente porque o novo conjunto de medidas não

faz o menor sentido, não reflecte a estratégia da organização e não ajuda as

pessoas a entender quais são as suas prioridades.

Ainda existem aqueles casos em que, mesmo identificando um conjunto

correcto de medidas, a iniciativa de medir o desempenho falha por causa de

dificuldades durante a fase de implementação. Estas dificuldades podem ser

agrupadas em três categorias: politicas, de infra-estrutura e de foco.

Os desafios políticos surgem quando as pessoas se sentem ameaçadas

pela medição. Em organizações em que existe a cultura da culpa, a medição

torna-se quase impossível porquê ninguém quer que os dados sejam

disponibilizados.

Neste caso, as pessoas começam a jogar com os números, preocupando-

se em distribuir medidas ao invés de distribuir desempenho real. É essencial

construir um sistema de medição que elimine ou reduza as tendências de ser

usado desta forma.

A segunda razão de falha na implementação do sistema de medição

refere-se á falta de infra-estrutura na organização. Muitas empresas não

possuem a habilidade de integrar diversos conjuntos de dados em uma simples

base de dados para que possam ser devidamente explorados.

Como esta integração requer muito tempo, esforço e recursos, torna-se

uma tarefa impossível e, em alguns casos, a organização precisa reformular

48

Page 49: João Maria Funzi Chimpolo

toda a infra-estrutura de seu sistema de informações em função do projecto do

sistema de medição.

Uma terceira e última razão para a ocorrência de falhas no processo de

implementação do sistema de medição é a perda do foco. Muitos indivíduos

se frustram porquê o processo de construir e implementar a infra-estrutura

tornou-se muito longo.

As mudanças têm que ser rápidas porém os benefícios não são tão

rápidos. O órgão de gestão tem de reconhecer que este é um processo lento e

longo. U m bom sistema de medição pode ter sido bem definido mas a infra-

estrutura pode nunca entrar em funcionamento e nunca ser usada.

Roest (1997), aponta alguns pontos fundamentais denominados por ele

de regras de ouro, que devem ser observados na implementação do balanced

scorecard: 24

Não existe solução padrão, já que as empresas e os negócios são

diferentes – as medidas serão desenvolvidas com base na estratégia

desenvolvida por cada empresa. O BSC varia de acordo com factores

ambientais externos e internos que levaram á decisão de implementá-lo.

O apoio da alta administração é essencial, e isto deve estar transparente

para todas as pessoas envolvidas no projecto e na implementação do

BSC. Kaplan e Norton (2001) recomendam que, antes de iniciar o

processo de criação do BSC, deve-se tomar duas providências: a) a alta

administração deve definir os objectivos que espera atingir ao adoptar

esta ferramenta e b) definir o arquitecto do processo, ou as pessoas que

irão comandar o processo de implementação.

O ponto de partida do BSC deve ser sempre entender a estratégia do

negócio, isto é, entender o que é e o que não é importante no mercado e

na empresa, pois esta é uma forma de obter a concordância quanto ao

sistema a ser utilizado.

24 Roest 1997,pp.163-165

49

Page 50: João Maria Funzi Chimpolo

Os objectivos e as medidas devem ser em número limitado mas, bem

relevantes, baseados na melhoria e fáceis de interpretar, pois um

conjunto apropriado de indicadores para medir o desempenho é a chave

para o sucesso da implementação.

O intervalo de tempo entre análise e implementação não pode ser muito

longo nem muito curto. Recomenda-se fazer uma análise aproximada e

implementar um indicador possibilitando a aprendizagem, o refinamento e

ampliação da implementação. Recomenda-se, também, que a abordagem

de implementação seja participativa de forma a garantir a aceitação e o

comprometimento com as medidas.

Considerar o efeito dos indicadores de desempenho no comportamento.

Quando isso não é considerado, as pessoas podem comunicar a medida

obtida, mas não comunicam o benefício pretendido pela organização. As

medidas devem encorajar a melhoria e não punir a falta de desempenho.

50

Page 51: João Maria Funzi Chimpolo

CapituloIII – Caso prático: Procedimentos Práticos para a Implementação

do BSC na Sonangol-EP

Por meio da investigação feita notamos que, para que a implementação do

Balanced Scorecard seja efectuada com êxito é necessário que se cumpram

alguns passos necessários para que os resultados estejam em harmonia com

as pretensões de cada empresa. Mas por ora, torna-se necessário fazer a

apresentação da empresa em estudo.

3.1- Caracterização da Empresa

3.1.1- História da Sonangol

Pouco antes da Independência de Angola foi criado um Grupo de

Trabalho, no seio da indústria petrolífera, para apoiar esta mesma indústria e

para mobilizar os angolanos que nela trabalham. O Grupo de Trabalho tinha

como objectivo estabelecer uma estratégia que permitisse a continuação das

actividades de exploração de produção de petróleo após a proclamação da

independência.

Posteriormente, o Grupo de trabalho deu lugar á comissão Nacional de

Reestruturação da Indústria Petrolífera.

Em 1976 a nacionalização da ANGOL dá origem a Sonangol e a Direcção

Nacional de Petróleos que dependia do Ministério da Indústria. A ANGOL

(Sociedade de Lubrificantes e Combustíveis, Sarl) tinha sido constituída em

1953 como subsidiária da SACOR (companhia portuguesa) para actuar na área

da comercialização e distribuição de combustíveis, lubrificantes e gases

liquefeitos em Angola.

Logo a seguir a fundação da Sonangol, para a criação das infra-estruturas

que assegurassem o seu bom funcionamento, foi constituída uma Comissão de

Gestão a que se seguiu o Núcleo Central da Sonangol.

Após a Independência várias companhias que operavam localmente

abandonaram o país, deixando para trás as suas infra – estruturas e

51

Page 52: João Maria Funzi Chimpolo

funcionários. Por esta razão a Sonangol comprou as instalações da Texaco,

Fina e da Shell e, fruto de um acordo, ficou com as da Móbil.

No processo a Sonangol absorveu ainda os antigos trabalhadores de

empresas petrolíferas que procuravam emprego.

Cronologia

1976: Criação da Sonangol U.E.E.

1983: Fundação da primeira subsidiária internacional, a Sonangol Limited

em Londres, Inglaterra.

1991: Adjudicação da primeira concessão em águas profundas, o bloco

16.

1992: Criação da subsidiária Sonangol P&P como empresa petrolífera.

1999: a Sonangol muda de estatuto e passa de U.E.E á E.P.

2003: a Sonangol tem-lhe atribuído a primeira concessão para

prospecção e produção de hidrocarbonetos.

3.1.2 – Perfil da Empresa

Criada em 1976, a partir da nacionalização de Angol, a Sonangol é

concessionária exclusiva para a exploração de hidrocarbonetos líquidos e

gasosos no subsolo e na plataforma continental de Angola.

As suas actividades abrangem a prospecção, pesquisa, desenvolvimento,

comercialização, produção, transporte e refinação dos hidrocarbonetos e dos

seus derivados e podem ser desempenhados de forma autónoma ou em

associação com empresas estrangeiras. Conta actualmente com uma força de

trabalho de aproximadamente 9.000 colaboradores.

Neste contexto, a Sonangol trabalha para se tornar uma referência no

mercado internacional e, em particular, no mercado africano e cumprir a dupla

tarefa de se realizar como empresa integrada e competitiva e actuar como

força transformadora de Angola.

Com esse objectivo, concretiza pressupostos fundamentais de uma

empresa inserida na economia de mercado, como o investimento em

tecnologia, a orientação para o cliente e uma estritamente ética, engajada nas

52

Page 53: João Maria Funzi Chimpolo

comunidades em que actua e responsável em relação á saúde, á segurança e

ao meio ambiente. Para além disso, a Sonangol assume, integralmente, o seu

papel de empresa pública, cujas conquistas devem reverter directamente a

favor do desenvolvimento sustentado do seu país.

Concentrada nesta visão, a Sonangol orienta-se para: a diversificação das

actividades, de forma a diminuir a dependência em relação ás oscilações do

preço do petróleo; o desenvolvimento da refinação, da comercialização do

petróleo e da distribuição de derivados como negócios competitivos; o

desenvolvimento de negócio de produtos petroquímicos; e a geração de

opções para o reposicionamento das áreas de suporte ao negócio da

Sonangol.

Com características de uma companhia de economia mista, a Sonangol

expandiu as suas áreas de actividade e actualmente é uma empresa

multinacional por mérito próprio.

Com sede na cidade de Luanda, a Sonangol orgulha-se de ser a única

companhia que actua em todo o território nacional. Ao longo de três décadas, a

Sonangol cresceu e tornou-se líder na distribuição de derivados no país e a

maior promotora do desenvolvimento social e de recursos humanos nacionais.

A razão para o sucesso da Sonangol está no desempenho das suas

actividades com eficiência. O prestígio da Sonangol nos mercados interno e

internacional é fruto do seu bom relacionamento com as companhias

petrolíferas que operam em Angola ou com interesses e investimento no país.

Objecto Social

A Sonangol, tem por objecto principal a prospecção, pesquisa,

desenvolvimento, produção, transporte, comercialização, refinação e

transformação de hidrocarbonetos líquidos e gasosos e seus derivados,

incluindo actividades petroquímicas.

A Sonangol, pode, na prossecução do seu objecto social, constituir novas

empresas e adquirir a totalidade ou parte do capital de empresas

constituídas ou a constituir e sempre que detenha a totalidade ou a

maioria do capital votante das empresas, estabelecerá a coordenação,

direcção económica, financeira e o desenvolvimento empresarial.

53

Page 54: João Maria Funzi Chimpolo

Missão da Sonangol

Promover a sustentabilidade e o crescimento da indústria petrolífera

nacional, de forma a garantir maior retorno para o Estado Angolano,

assegurando a participação das empresas e dos quadros nacionais nas

actividades da indústria e o benefício da Sociedade nos resultados gerados.

Visão da Sonangol

Tornar-se numa empresa petrolífera integrada e competitiva;

Manter-se como catalisadora do desenvolvimento nacional;

Estar a altura das suas responsabilidades para com o Estado, os seus

parceiros económicos e a sociedade;

Conquistar um lugar de destaque no mercado mundial.

Valores da Sonangol

Orientação ao cliente – o cliente é a razão da nossa existência. Por

conseguinte, que todo o nosso esforço seja focalizado na satisfação plena

das necessidades e expectativas dos mesmos.

Valorização dos nossos Funcionários adoptar políticas de gestão de

recursos humanos que permitam atrair, desenvolver, motivar e remunerar

com base no desempenho individual.

Saúde, Segurança e Ambiente – aplicar na gestão diária, normas e

procedimentos que permitam implementar uma política SSA (Saúde,

Segurança e Ambiente) tendo como prioridade número 1 a protecção dos

nossos trabalhadores, da população e do ambiente.

Conduta Ética – observar os princípios de Ética de negócio que permitam

manter a idoneidade e prestígio da Sonangol.

Estrutura Organizativa

A Sonangol é uma empresa estatal constituída por um grupo de empresas

da qual fazem parte a Sonangol Sede e as empresas subsidiárias e afiliadas

(Ver Anexo Fig.5).

54

Page 55: João Maria Funzi Chimpolo

As empresas do Grupo Sonangol são empresas independentes com

directorias próprias, interligadas á Sede. Estas empresas têm as suas

direcções ao responderem ao Concelho de Administração e as restantes áreas

aos respectivos directores.

Segmentos de Actividade O Grupo Sonangol tem o exercício das suas

operações organizado segundo a integração das actividades de

concessionária, exploração e produção e de refino, comercialização e

transporte.

Área de concessões envolve a negociação de concessões petrolíferas

em território e faixa Atlântica de Angola. Inclui também o controle a

posteriori das actividades e da economia relacionadas com as

concessões.

Exploração e Produção – este segmento engloba as actividades

relacionadas com a exploração e produção de petróleo e de gás.

Refino, comercialização e transporte – é o segmento de actividade

mais extenso e envolve o refino, a comercialização, o transporte e a

distribuição do petróleo e seus derivados.

As operações dos vários segmentos são na sua maioria exercidas por

empresas subsidiárias. Sempre que necessário as actividades das subsidiárias

são apoiadas pelas estruturas da Sonangol Sede nos sectores de finanças,

recursos humanos, administração e serviços.

Gestão Corporativa

São órgãos de gestão do Grupo Sonangol o:

Conselho de Administração – o órgão a quem compete a gestão da

Sonangol, que toma as decisões em relação a expansão e investimentos

a serem feitos pelo Grupo Sonangol e, que responde perante o Governo

pela gestão da empresa.

Conselho Fiscal – o órgão de fiscalização da empresa.

Conselho de Direcção – o órgão consultivo da Sonangol.

55

Page 56: João Maria Funzi Chimpolo

3.2 – Passos a serem cumpridos para a Implementação do BSC na

Sonangol-EP

3.2.1- Preparação do Ambiente de Aplicação

O Conselho de Administração da Sonangol erigiu a metodologia do BSC,

durante ao período que vai de 2006-2008, como abordagem para alcançar a

integração de todas as suas áreas de colaboradores, tendo em vista sua

estratégia corporativa numa visão definida de uma Sonangol como empresa

petrolífera e integrada, competitiva na arena internacional e consciente das

suas responsabilidades e compromissos para com o Estado Angolano.

Com o BSC o foco da empresa passa a ser a produção de resultados

financeiros e não financeiros graças ao alcance de metas estratégias definidas

nos processos internos. Ao estruturar os seus processos de gestão da

estratégia em torno dos conceitos de BSC, a Sonangol pretende assegurar a

sustentabilidade de seus negócios e garantir o mais alto nível de desempenho

de seus funcionários no cumprimento da sua missão como concessionária e

empresa pública. Tem também em vista, o alcance de metas desafiadoras em

prazos razoáveis e com o dispêndio mínimo de recursos alocados.

3.2.2- Preparação do processo de execução da estratégia

Para possibilitar a execução da sua estratégia, a Sonangol criou o

projecto BSC 2006, mobilizando a alta liderança e também lançou outras

iniciativas corporativas complementares como: o projecto de implementação

dos processos e o projecto de avaliação de desempenho, para incutir a cultura

de aprendizagem e geração das actividades no cumprimento das actividades

de cada colaborador para além da cultura de gestão que já é conhecida.

A estratégia da empresa deve ser vivida de forma dinâmica, prevendo

mudanças e adaptando-se a novas realidades. E para que isto aconteça com

êxito é fundamental que todos os colaboradores se sintam parte integrante

deste processo comum.

56

Page 57: João Maria Funzi Chimpolo

Embora a estratégia seja desenhada no topo, a sua implementação é feita

na linha, razão pela qual ela deve permear toda organização para garantir o

seu enriquecimento com a contribuição de todos.

No quadro de BSC 2006 estão previstos:

Um Mapa Corporativo

Um Mapa Concessionário,

Um Plano de Comunicação, para fazer chegar o entendimento da

estratégia a todos os colaboradores da Sonangol e suas partes

interessadas, tais como: o estado, os fornecedores e os parceiros

estratégicos.

O BSC espelha a estratégia da empresa através dos mapas estratégicos

onde os objectivos estão representados pela relação de causa e efeito.

Assim sendo, os colaboradores podem a partir deste poderoso

instrumento de comunicação empresarial debater a forma como eles poderão

contribuir através das respectivas áreas e individualmente no alcance das

metas e objectivos definidos.

O Mapa apresenta os principais objectivos estratégicos da empresa,

distribuídos em 5 perspectivas (Ver Anexo - Fig.6):

1) Perspectiva de Sustentabilidade: como conciliar a actividade económica

com as exigências ambientais e sociais, actuais e futuras?

2) Perspectiva Financeira: como responder ás expectativas dos accionistas e

credores?

3) Perspectiva de Clientes: que necessidade e anseios de clientes devemos

atender?

4) Perspectiva de Processos Internos: em quais processos devemos ser

excelentes?

5) Perspectiva de Aprendizagem e Crescimento: para atingir as suas metas,

como é que a Sonangol deve aprender e inovar com os seus

colaboradores que constituem o seu activo intangível, para melhor gerir

os seus processos?

O BSC é uma plataforma de actuação que proporciona uma oportunidade

ímpar para assegurar a empresa o melhor aproveitamento de seus recursos

mais valiosos, que são os seus colaboradores.

57

Page 58: João Maria Funzi Chimpolo

O Mapa Estratégico é o elemento importante para estratégia da empresa

e motivador para todos, pois cada funcionário poderá encontrar nele uma

oportunidade de realização profissional e pessoal ao tentar enfrentar os

desafios lançados pela Sonangol.

Será importante que cada funcionário, departamento e áreas de trabalho

pensem no que fazer e qual o seu contributo para a empresa no sentido de

agregar valor para a Sonangol através de iniciativas pessoais.

Uma das vantagens em ter o Mapa estratégico nas áreas é que fortalece

o sentimento de equipa, ou melhor clarifica o que se passa em todas as áreas,

não só na sua em particular. Portanto, o funcionário passa a ter a noção mais

profunda de que o seu contributo pessoal é importante para o alcance dos

princípios objectivos da empresa.

3.2.3- Estabelecer as perspectivas e objectivos estratégicos

Nesta fase a Sonangol identificou suas perspectivas e objectivos

estratégicos a partir de algumas questões feitas com a finalidade de

reconhecer o próprio negócio.

Perspectiva de Sustentabilidade: Que medidas devem ser tomadas a fim

de evitar acidentes e danos ao ambiente?

Perspectiva Financeira: Como maximizar valor para o Grupo?

Perspectiva dos Clientes: Como os clientes e nossos parceiros nos

encaram?

Perspectiva dos Processos Internos: Que processos contribuem para que

os objectivos da empresa sejam alcançados com transparência e

responsabilidade?

Perspectivas de Aprendizagem e Crescimento: somos capazes de

adoptar práticas de gestão que permitam avaliar o desempenho da empresa e

satisfazer as expectativas do Estado?

Foram definidos os seguintes Objectivos Estratégicos para cada

perspectiva:

1.Perspectiva de Sustentabilidade:

58

Page 59: João Maria Funzi Chimpolo

Maximizar valor económico do negócio, actuando com responsabilidade

social e ambiental.

2.Perspectiva Financeira:

Aumentar receitas de forma lucrativa/rentável e sustentada;

Minimizar os custos;

Actuar dentro dos limites de riscos do negócio.

3.Perspectiva de Clientes:

Consolidar junto dos clientes e mercado internacional a imagem de

empresa competitiva;

Crescer internacionalmente sobretudo através da relação mutuamente

vantajosa com os parceiros estratégicos;

Consolidar junto às subsidiárias a imagem de facilitadora e provedora de

soluções.

4.Perspectiva dos Processos Internos:

Consolidação da actividade de pesquisa e produção;

Desenvolvimento dos negócios na cadeia de valor do petróleo;

Actuação responsável.

5.Perspectiva de Aprendizagem e Crescimento:

Atrair, desenvolver e reter competências técnicas, de gestão e de

liderança para o Grupo;

Desenvolver, incorporar e compartilhar novos conhecimentos e

tecnologias de informação e gestão para apoiar os negócios;

Disseminar para toda a organização os valores e a estratégia do Grupo

Sonangol.

59

Page 60: João Maria Funzi Chimpolo

3.2.4- Estabelecer indicadores para perspectivas, metas de superação e

planos de acção

De acordo com o seu plano foram determinados os indicadores, metas e

planos de acção para o alcance dos objectivos.

Indicadores:

1.Perspectiva de Sustentabilidade:

Responsabilidade com o meio ambiente, por evitar causar danos a

natureza.

2.Perspectiva Financeira:

Medir anualmente a participação das despesas de serviços nas despesas

totais da empresa;

Medir o grau de retorno nas negociações contratuais.

3.Perspectiva de Clientes:

Atendimento orientado ao cliente;

Medir a qualidade dos produtos e serviços;

Reputação de solidez financeira, técnica e humana;

Manter relações mutuamente vantajosas;

Transparência nas negociações;

Estabilidade operacional e financeira;

Clareza de políticas e orientações;

Capacidade de negociação com os parceiros internacionais.

4.Perspectiva de Processos Internos:

Ser líder nas futuras parcerias a constituir;

Intensificar a actividade de pesquisa, desenvolvimento e produção;

Aumentar as reservas próprias de hidrocarbonetos;

Aumentar parcerias mutuamente vantajosas para maximizar a actividade

de exploração;

Fomentar o mercado de gás e outras fontes de energia não renováveis e

renováveis;

Expandir a capacidade de transporte e armazenamento de produtos;

Expandir a rede comercial e assegurar o transporte e distribuição dos

produtos no mercado nacional e internacional.

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Page 61: João Maria Funzi Chimpolo

5.Perspectiva de Aprendizagem e Crescimento:

Medir anualmente o desenvolvimento nas competências críticas

(liderança, comunicação e conhecimento técnico);

Medir o índice de desenvolvimento nas competências específicas de

serviços (trabalho em equipe, negociação e orientação ao cliente);

Medir anualmente índice de satisfação dos empregados em relação ao

clima organizacional de serviços;

Medir trimestralmente a percepção da eficácia do processo de

comunicação.

A empresa teve definido as seguintes Metas Estratégicas para os

próximos anos:

1.Perspectiva de Sustentabilidade:

Para prevenir futuros acidentes a Sonangol investiu num programa de

QHSE (Qualidade, Saúde, Segurança, e Meio-Ambiente) com a finalidade

de implementar altos padrões de segurança em todos os seus segmentos

de actividade.

2.Perspectiva Financeira:

Maximizar as suas receitas para a promoção do desenvolvimento em

Angola.

3.Perspectiva de Clientes:

Aumentar o nível de satisfação dos clientes;

Melhorar a qualidade dos serviços prestados a nível nacional bem como

internacional;

Posicionar-se mundialmente como uma das principais empresas

petrolíferas.

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Page 62: João Maria Funzi Chimpolo

4.Perspectiva de Processos Internos:

Promover a partilha de informação, experiência e conhecimento de modo

a melhorar a qualidade da informação interna da empresa.

5.Perspectiva de Aprendizagem e Crescimento:

Garantir a valorização do capital humano e a criação de um ambiente

profissional favorável a auto-motivação das pessoas.

3.2.5- Implementação do Plano de Acção

Com base na análise do Mapa Estratégico da Sonangol, foi possível

definir ainda acções a curto, médio e longo prazo, necessárias para atingir as

metas e objectivos nos próximos anos.

Acções a Curto Prazo

Para garantir o crescimento contínuo da organização, a Sonangol E.P.

concentra-se na diversificação das actividades, de forma a diminuir a

dependência em relação às oscilações do mercado petrolífero, e na criação de

opções para o reposicionamento das áreas de suporte ao negócio primordial.

Hoje a Sonangol conta com a força das suas empresas subsidiárias e de

parcerias nacionais e internacionais, para transformar a maior riqueza natural

de Angola em oportunidade de realização, orgulho e bem-estar social de todos

os angolanos.

Acções a Médio Prazo

No médio prazo, o foco da Sonangol deve ser atrair e reter clientes de

segmentos rentáveis, deve haver uma preocupação contínua com a melhoria

da eficiência operacional. Melhorar a eficiência significa ter clientes mais

satisfeitos, seja com prazo de entrega, seja com a pontualidade, entre outros

factores.

De forma a garantir o aumento do nível de satisfação de seus

colaboradores, a Sonangol decidiu fazer uma reformulação nas suas politicas

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Page 63: João Maria Funzi Chimpolo

de recursos humanos, tanto no que diz respeito ao investimento em

treinamento e desenvolvimento de pessoal, bem na contratação de novos

talentos.

Acções a Longo Prazo

Adquirir na Refinaria de Luanda as acções ainda remanescentes em

mãos de terceiros, amplia-la e moderniza-la de forma a dota-la de capacidade

para o processamento de 100 mil barris/dia. Depois de assegurar uma

participação maioritária no capital social da Refinaria de Luanda, aumentar a

sua capacidade para 100.000 barris/dia.

Para ter capacidade de resposta á demanda interna a Sonangol, em

parceria com as empresas operadoras em Angola, está a construir uma nova

refinaria (a Sonaref) e uma fábrica de produção de gás natural liquefeito.

A Sonaref é um projecto estimado em 3,75 bilhões de dólares e está a ser

construída do Lobito, província de Benguela. O principal objectivo desde

projecto é diminuir a diminuir a exportação de matéria-prima e complementar a

produção de refinaria de Luanda. Quando estiver a produzir, a Sonaref terá

capacidade para satisfazer a procura nacional e pelos menos 50% da sua

produção será destinado ao mercado externo.

Para manter os seus padrões elevados de Saúde, Segurança e

Desempenho ambiental, a Sonangol levará em consideração o

desenvolvimento e melhoramento contínuo das actividades operacionais da

Companhia e fará esforços para influenciar a legislação dentro da Indústria

Petrolífera, através do intercâmbio de informação, partilha de procedimentos e

práticas industriais, adoptando padrões internacionais.

De igual forma, o Conselho de Administração vai dedicar uma especial

atenção ao Sistema de Compensação Salarial, pelo que, procurará estabelecer

maior rigor na Avaliação do Desempenho e, assim, nas regras de promoção.

Para tudo isso, é importante um comportamento de maior engajamento e

profissionalismo, sem excepção, de todos os colaboradores da Sonangol.

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Page 64: João Maria Funzi Chimpolo

3.3 - Estrutura Actual da Empresa

Quando a empresa passou a focar na estratégia desenvolvida a partir do

BSC, houve um enriquecimento na postura de toda a organização ao buscar a

fidelidade dos clientes á empresa motivando os colaboradores, ao encarar o

lucro como um elemento fundamental para os negócios, pois é através dele

que se cumpre os compromissos sociais.

A empresa passou ainda a dar mais atenção aos seus colaboradores e

remunerá-los de forma compatível com seu esforço e sua capacidade,

oferecendo carreira e ambiente sadio; ao adoptar a ética em todos os seus

relacionamentos; ao considerar os clientes seu maior património devendo

manter os actuais e conquistar novos; ao manter com os fornecedores um

relacionamento transparente e leal para poder alcançar o sucesso comum; e

principalmente, ao cultivar a qualidade como sua meta constante.

A partir dessas mudanças nas suas estratégias ocorreram, ainda,

alterações na política de qualidade que passou a agregar valor ao serviço

prestado, atendendo aos interesses dos parceiros, clientes, colaboradores e

sócios.

Desenvolver soluções personalizadas de acordo com as necessidades

dos clientes, com alto nível de comprometimento; desenvolver actividades de

forma sustentável com o meio ambiente; desenvolver os recursos humanos

continuamente, buscando uma organização de alto desempenho; bem como,

promover a segurança mínima do trabalho a fim de garantir a integridade física

de seus colaboradores.

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Page 65: João Maria Funzi Chimpolo

CONCLUSÃO

De acordo com o trabalho desenvolvido chegamos às seguintes

conclusões:

O BSC é uma ferramenta de gestão estratégica que necessita de muito

diálogo e planeamento, desde a sua implementação até a sua medição,

devido ás fases e processos de construção do mapa estratégico.

Ao garantir a inter-relação entre medidas financeiras e não financeiras o

BSC possibilita a interligação das quatro perspectivas básicas: de cliente,

financeira, dos processos internos e de aprendizagem e crescimento,

contribuindo para que a organização atinja os seus objectivos.

A ferramenta se diferencia de todas as outras porque agrega todos os

modelos de controlo financeiro e não financeiro que existem, permitindo a

administração uma forma de avaliar sua empresa em qualquer nível e foi

criada justamente para resolver problemas de avaliação de desempenho,

permitindo o entendimento dos objectivos estratégicos e indicadores para

os funcionários, contribuindo para que estes possam enxergar a situação

de causa e efeito e começar a pensar de forma estratégica.

O objectivo maior de todas as empresas é criar valor, sejam para

investidores, clientes, empregados ou a sociedade, para isso é necessário

que se tenha uma estratégia bem clara e ligada à visão e à missão da

empresa e mais importante ainda, que todos da organização estejam

alinhados com os objectivos da empresa. A estratégia precisa se tornar

tarefa de todos, um trabalho do dia-a-dia.

Através do Balanced Scorecard, a Sonangol-EP alinhou os seus

processos segundo a nova metodologia, podendo constatar-se

significativos avanços como: redução de custos operacionais, a

diminuição dos prazos de entrega do produto aos clientes, bem como o

desperdício de tempo, qualidade dos funcionários, no que toca ao

treinamento e capacitação, são grandes exemplos identificados.

Este trabalho serviu apenas de ponto de partida para enfatizar a

importância do Balanced Scorecard na avaliação do desempenho de uma

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Page 66: João Maria Funzi Chimpolo

organização, dado que, mais estudos precisam ser feitos de modo a

termos um conhecimento mais profundo desta ferramenta de gestão.

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RECOMENDAÇÃO

Dada a importância do tema, com o objectivo de ultrapassar as

dificuldades que não só a Sonangol mas qualquer outra empresa que no futuro

tenha a intenção de implementar o Balanced Scorecard, recomenda-se os

seguintes aspectos:

Ao usar modelo do BSC, a administração de cada empresa precisa

discutir, considerar e concordar as principais medidas de desempenho em

cada uma das perspectivas. Não existem conjunto de medidas pré

definidas que se encaixam em todas as situações de negócio. Cada

empresa deve decidir o que é importante para se medir em relação a sua

visão e estratégia.

O processo de construção e implementação do Balanced Scorecard

requer muito diálogo e um forte apoio dos líderes da organização de

modo a incentivarem os seus membros a estarem alinhados com a

estratégia. Para tal, é necessário envolver todo o pessoal operacional,

comunicando os objectivos estratégicos e atribuindo responsabilidades a

eles. Para atingir as metas propostas o envolvimento de todos é

fundamental.

Após a implementação do Balanced Scorecard, é apropriado que seja

realizado um levantamento do clima organizacional, por se avaliar o nível

de satisfação dos funcionários, afim de identificar como as pessoas estão

conhecendo a empresa e a estratégia adoptada por ela.

Com a utilização do Balanced Scorecard, torna-se importante organizar

devidamente cada etapa do seu processo de construção, de modo a

permitir que sejam feitas alterações caso haja necessidade.

Tendo em vista a associação do modelo com a estratégia empresarial, é

conveniente utilizar um período maior pós implementação do BSC, de

modo a serem tiradas conclusões mais precisas.

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