Upload
vokien
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
CRESCIMENTO VEGETATIVO E PRODUTIVIDADE DA PALMA FORRAGEIRA EM
FUNÇÃO DO MANEJO DE COLHEITA E DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA
JOÃO PAULO DE FARIAS RAMOS
Zootecnista
AREIA-PB
Maio 2012
ii
JOÃO PAULO DE FARIAS RAMOS
CRESCIMENTO VEGETATIVO E PRODUTIVIDADE DA PALMA FORRAGEIRA EM
FUNÇÃO DO MANEJO DE COLHEITA E DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia, do Centro de
Ciências Agrárias, da Universidade Federal da
Paraíba, como parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre em Zootecnia,
Área de concentração em Forragicultura.
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Edson Mauro Santos
Prof. Dr. Divan Soares da Silva
Prof. Dr. George Rodrigo Beltrão Cruz
AREIA-PB
Maio/2012
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
PARECER DE DEFESA DO TRABALHO DE DISSERTAÇÃO
TÍTULO:"Crescimento vegetativo e produtividade da palma forrageira em função do manejo de
colheita e da adubação orgânica "
AUTOR: João Paulo de Farias Ramos
ORIENTADOR: Prof. Dr. Edson Mauro Santos
JULGAMENTO
CONCEITO: APROVADO
EXAMINADORES:
Areia, 17 de Maio de 2012
iv
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da
Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, campus II, Areia - PB
R175c Ramos, João Paulo de Farias.
Crescimento vegetativo e rendimento forrageiro em função do manejo de
colheita e da adubação orgânica de palma forrageira. / João Paulo de
Farias Ramos. - Areia: UFPB/CCA, 2012.57 p.
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias.
Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2012.
Bibliografia
Orientador: Edson Mauro Santos.
vi
Dedico
A meus amados pais José Souto Ramos e Alzira de Farias Gouveia por ter acreditado sempre
na possibilidade de formar seus filhos, transmitindo-nos a maior de sua herança: educação,
caráter e respeito.
Aos meus irmão Elizete, Eliete, Eliane, Márcia, Jorge, Júnior e (in memoriam Francisco,
Luiz) pelo apoio e estímulos nas horas mais difíceis da minha vida.
À minha esposa Fabianna por seu amor, compreensão, estímulo, apoio e dedicação
inconfundível em todos os momentos na realização deste trabalho.
Aos meus avós (João, Cicera, Luiz e Adaltiva), cunhados (Edinho, Agácio, Fábio, Robério,
Érica e Sueleni), sobrinhos (Marcelo, Ramon, Ramir, Renali, Lucas, Neto, Janaina, Jaciara,
Emanuele, Italo, Iago, Arthur, Álvaro, Clara, Maria Fernanda e Diego), Sogros (Humberto e
Laurinete) e tios.
Ao meu abençoado filho Matheus
Ao Senhor Jesus, senhor dos senhores e luz da minha vida.
vii
Agradecimentos
Ao senhor Jesus pelas bênçâos, ministradas para comigo por sempre estar me ajudando a
trilhar meu caminho sem deixar me perder pelos caminhos do mundo e vencer todos os
obstáculos impostos pela a vida e no final alcançar a vitória.
Em especial a Empresa de Pesquisa Agropecuária da Paraíba EMEPA PB, Estação
Experimental Pendência por me liberar parcialmente para realização do curso e
disponibilidade da estrutura para realizar o trabalho. A todos os funcionários da Estação
Experimenta Pendência pelo apoio na realização deste trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia do CCA/UFPB, pela oportunidade de realizar
o curso e a todos os funcionários e aos professores do programa pela oportunidade acadêmica
de ensino.
Ao professor Edson Mauro pelo respeito, amizade, caráter, incentivo, orientação
possibilitando-me crescimento profissional.
Ao professor George Beltrão pela amizade, dedicação e colaboração na realização deste
trabalho.
Aos colegas do GEF do CCA/UFPB (Ricardo, Higor, Fleming, Thiago, Henrique, Perazzo,
Rosa, Marina, Poliana, Gutembergue e Fabiano) pela amizade e colaboração.
Ao professor Mauricio Leite pela orientação acadêmica recebida, pela contribuição na
realização desta pesquisa e pela amizade
A Ronaldo pela amizade, incentivo e respeito na minha caminhada pessoal e profissional.
A Evaneusa pelo apoio, confiança e amizade concedida ao longo do tempo.
A Pereira pela colaboração na realização deste trabalho.
A Nelsinho, Assis, Diego, Ilana, Fabíola, Flávia e Danielly pelo incentivo e amizade
construída.
A Clodoaldo pela amizade fortalecida e apoio recebido.
A Salvino e Leonardo pela compreensão e apoio na minha liberação para concluir o curso
Aos colegas do Agenor, Ebson, Dallyson, Anaiane, Vinicius, Helder e Diego.
A todas as pessoas que colocaram obstáculos no meu caminho, pois cada obstáculo me
estimulava cada vez mais a lutar e vencer um a um e agora essas pessoas aplaudem a minha
vitória.
viii
Senhor,
Tu és o Bom Pastor.
Eu sou a Tua ovelha.
Em alguns dias, estou sujo;
Em outros, estou doente.
Em alguns dias, me escondo;
Em outros, me revelo.
Sou uma ovelha ora mansa, ora agitada.
Sou uma ovelha ora perdida, ora reconhecida.
Eu sou Tua ovelha, senhor.
Eu conheço a Tua voz.
É que às vezes a surdez toma conta de mim.
Eu sou Tua ovelha, senhor.
Não permita que me perca,
Que eu me desvie do Teu rebanho.
Mas se eu me perder, eu Te peço, senhor
Vem me encontrar.
Amém
Pe. Marcelo Rossi
ix
SUMÁRIO
Página
Lista de Tabelas............................................................................................................. x
Lista de Figuras ............................................................................................................ xi
Resumo geral................................................................................................................. xii
Abstract.............................................................................................................................. xiii
Capítulo 1. Referencial Teórico................................................................................... 1
Semiárido nordestino Brasileiro...................................................................................... 2
Origem e introdução da palma forrageira no Brasil........................................................ 3
Classificação das espécies............................................................................................... 4
Descrição do gênero Opuntia.......................................................................................... 4
Adaptações anatomorfofisiológicas da palma forrageira................................................ 5
Palma forrageira na alimentação animal......................................................................... 6
Produção de fitomassa da palma forrageira.................................................................... 8
Adubação orgânica em palma forrageira........................................................................ 8
Manejo de colheita da palma forrageira.......................................................................... 11
Referências Bibliográficas.............................................................................................. 12
Capítulo 2. Crescimento vegetativo e produtividade da palma forrageira em
função do manejo de colheita e da adubação
orgânica.............................................................................................................................
19
Resumo............................................................................................................................... 20
Abstract.............................................................................................................................. 21
Introdução.......................................................................................................................... 22
Material e Métodos............................................................................................................ 24
Resultados e Discussão...................................................................................................... 27
Conclusões......................................................................................................................... 41
Referências Bibliográficas................................................................................................. 42
x
LISTA DE TABELAS
Capítulo 2
Tabela Página
1. Composição química do solo e do esterco utilizados no experimento........... 24
xi
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 2
Figuras Página
1. Precipitação pluvial ocorrida na Estação Experimental Pendência,
Soledade – PB, de agosto de 2008 a agosto de 2010...................................
25
2. Número de cladódios totais de palma forrageira cv Gigante submetida a
diferentes doses de adubação orgânica........................................................
28
3. Altura de planta de palma forrageira cv Gigante submetida a diferentes
doses de adubação orgânica.........................................................................
29
4. Largura de cladódio de palma forrageira cv Gigante submetida a
diferentes doses de adubação orgânica........................................................
30
5. Comprimento de cladódio de palma forrageira cv Gigante submetida a
diferentes doses de adubação orgânica........................................................
31
6. Rendimento de fitomassa de palma forrageira cv Gigante submetida a
diferentes manejos de colheita e doses de adubação
orgânica........................................................................................................
32
7. Rendimento de matéria seca de palma forrageira cv Gigante submetida
manejos de colheita e diferentes doses de adubação
orgânica........................................................................................................
34
8. Acúmulo de água de palma forrageira cv Gigante submetida a manejos
de colheita e doses de adubação orgânica....................................................
37
9. Eficiência do uso da chuva de palma forrageira cv Gigante submetida a
manejos de colheita a diferentes doses de adubação
orgânica........................................................................................................
39
10. Relação de água acumulada nos cladódios de palma forrageira cv
Gigante submetida a manejos de colheita e doses de adubação
orgânica........................................................................................................
40
xii
CRESCIMENTO VEGETATIVO E PRODUTIVIDADE DA PALMA FORRAGEIRA EM
FUNÇÃO DO MANEJO DE COLHEITA E DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA
RESUMO GERAL: A palma forrageira é a opção de cultura xerófila com maior potencial de
exploração no Nordeste, constituindo-se em importante recurso forrageiro nos períodos de
estiagens, devido ao seu elevado potencial de produção de fitomassa nas condições do
Semiárido. Pela sua ampla adaptação ambiental ao semiárido brasileiro (SB), a palma
forrageira tornou-se o alimento forrageiro mais utilizado pelos produtores desta região,
notadamente na microbacia leiteira do Cariri paraibano. Objetivou-se estimar modelos para o
crescimento vegetativo e avaliar a produtividade de palma forrageira cv. Gigante em função
da adubação orgânica e manejo de colheita. A pesquisa foi conduzida na Estação
Experimental Pendência da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba, em
Soledade - PB, de agosto de 2008 a agosto de 2010. Foi utilizado um delineamento em blocos
casualisados no esquema fatorial 4 x 5, sendo 4 manejos de colheita (M1= colheita da palma
aos 12 meses após estabelecimento; M2= colheita da palma 12 meses após a primeira colheita
na rebrota; M3= colheita da produção de palma acumulada aos 24 meses e M4= somatório da
produção da primeira colheita e da rebrota) e cinco doses de esterco caprino: 0; 5; 10; 15 e 20
t/ha. As medidas foram repetidas no tempo, para estimativa das curvas de crescimento da
palma forrageira. A cada 60 dias mensurou-se a altura de plantas, número de cladódios por
planta, comprimento e largura dos cladódios. Avaliou-se a produção de massa verde, matéria
seca, acúmulo de água, eficiência do uso da chuva, percentual de água acumulada nas plantas.
Verificou-se que o número de cladódios e altura de planta aumentou linearmente com
adubação orgânica. A largura e comprimento dos cladódios aumentaram linearmente com
incremento dos níveis de esterco caprino estabelecendo o platô aos 249 e 218 dias após o
plantio nas doses de 5 e 15 t/ha de esterco com média de 20,25 e 30,25 cm respectivamente.
A adubação orgânica no maior nível de esterco promoveu um incremento de fitomassa da
palma de 293, 52, 57, 83% e de produção de matéria seca 193, 56, 83, 92%, para os manejos
M1, M2, M3 e M4, respectivamente, quando comparada com a ausência de adubação. A
adubação orgânica com maior dose de esterco promoveu um incremento na eficiência do uso
da chuva de 200, 56, 83 e 91%, para os manejos M1, M2, M3 e M4, respectivamente, quando
comparada com a ausência de adubação. Recomendam-se doses intermediárias de esterco, em
torno de 10 t/ha, possibilitando-se a colheita do palmal a partir do primeiro ano após o plantio.
Palavra chaves: Cactácea, esterco caprino, forragem, produtividade, semiárido
xiii
GROWTH AND PRODUCTIVITY VEGETATIVE THE CACTUS FORAGE
FUNCTION OF MANAGEMENT AND HARVEST ORGANIC FERTILIZER
ABSTRACT: The cactus is the option of xerophytic culture with greater potential for
exploitation in the Northeast, becoming an important component of the diet during periods of
drought due to its high potential for biomass production in the semiarid conditions. Through
its broad environmental adaptation to Brazilian semiarid (SB), spineless cactus has become
the most widely used forage for food producers in the region, notably in the watershed dairy
Cariri. This study aimed to estimate models for vegetative growth and assess the productivity
of cactus pear cv. Giant depending on organic fertilization and harvest management. The
research was conducted at the Experimental Station Pendency of the State Enterprise for
Agricultural Research of Paraíba, in Soledad - PB, from August 2008 to August 2010. We
used a randomized block design in a factorial 4 x 5, 4 crop managements (M1 = palm harvest
to 12 months after establishment; M2 = palm harvest 12 months after the first harvest in
regrowth; M3 = crop production Palm accumulated at 24 months and M4 = sum of the
production of the first harvest and regrowth) and five doses of goat manure: 0, 5, 10, 15 and
20 t / ha. Measurements were repeated in time to estimate the growth curves of cactus. Every
60 days measured the height of plants, number of cladodes per plant, length and width of the
cladodes. We evaluated the production of green mass, dry matter accumulation of water use
efficiency of rain water accumulated percentage of the plants. It was found that the number of
cladodes and plant height increased linearly with organic fertilization. The width and length
of cladodes increased linearly with increasing levels of goat manure establishing the plateau
to 249 and 218 days after planting at the doses of 5 and 15 t / ha of manure with an average of
20.25 and 30.25 cm respectively. The organic fertilization at the highest manure promoted an
increment of biomass Palm 293, 52, 57, and 83% of dry matter production 193, 56, 83, 92%
for management M1, M2, M3 and M4, respectively, compared with the absence of
fertilization. The organic fertilizer with a higher dose of manure promoted increases in rainfall
use efficiency of 200, 56, 83 and 91% for management M1, M2, M3 and M4, respectively,
when compared with the absence of fertilization. Recommend to intermediate doses of
manure, around 10 t / ha, making it possible to harvest palmal from the first year after
planting.
Keywords: Cacti, goat manure, forage, productivity, semi arid.
2
Semiárido nordestino Brasileiro
A Região Nordeste ocupa 18,27% do território brasileiro, com uma área de
1.561.177,8 km². Deste total, 962.857,3 km² situam-se no Semiárido conhecido também como
Polígono das Secas SUDENE (2003). A área do Semiárido brasileiro (SB) foi delimitada pela
EMBRAPA (2006), compreendendo o conjunto de suas unidades geo-ambientais, onde ocorre
vegetação dos diferentes tipos de Caatinga e Cerrado. O SB abrange uma população estimada
em 22 milhões de habitantes, dos quais 8.400.000 residem no meio rural IBGE (2006).
A região é heterogênea, tendo como fatores marcantes o clima, o solo, a vegetação,
bem como as características sócio-econômicas decorrentes, em grande parte, de fatores
fisiográficos e antrópicos, o que representa uma grande vantagem para a diversidade dessa
região (Araújo Filho, 1995).
De acordo com a classificação de Koppen, existem três tipos de clima predominantes
na região: o BShw - semiárido, com curta estação chuvosa no verão e precipitações
concentradas nos meses de dezembro e janeiro; o BShw’ - semiárido, com curta estação
chuvosa no verão-outono e precipitações nos meses de março e abril e o BSh’ - semiárido,
com curta estação chuvosa no outono-inverno e precipitações concentradas nos meses de
maio e junho.
Segundo o IBGE (2006), o semiárido brasileiro apresenta freqüentemente dois
períodos anuais, um com um longo déficit hídrico seguido de chuvas intermitentes e outro com
seca curta seguido de chuvas torrenciais que podem faltar durante anos. A temperatura oscila
entre 23ºC a 28ºC, com amplitude diária de mais ou menos 10ºC. A luminosidade média é de
2.800 horas de luz ao ano. Em relação aos recursos hídricos, apenas 30% das terras são de
origem sedimentar, ricas em águas subterrâneas. Os rios, em sua maioria, são intermitentes e o
volume de água, em geral, é limitado, sendo insuficiente para a irrigação.
Os solos predominantes são dos tipos classificados como Latossolos, Litólicos,
Podzólicos, Luvissolos, Neossolos Quartzarênicos e os Planossolos Solódicos. Quimicamente,
podem ser adequados, mas, normalmente apresentam restrições físicas, drenagem irregular, pH
ácido e pouca vocação agrícola (Pereira Filho, 2006).
Segundo Araújo Filho (1995), a vegetação nativa, conhecida por Caatinga, é formada
por comunidades com predominância de espécies lenhosas e herbáceas, de pequeno porte,
geralmente dotadas de espinhos, sendo, geralmente, caducifólias, perdendo suas folhas no
início da estação seca, e de cactáceas e bromeliáceas tolerantes a longos períodos de estiagem.
3
Fitossociologicamente, a densidade, freqüência e dominância das espécies são determinadas
pelas variações topográficas, tipo de solo e pluviosidade.
A caatinga apresenta uma razoável produção de matéria seca (MS), que segundo
Araújo Filho (1995) atinge, em média, cerca de 4000 t/ha-1
ano. Mesmo reconhecendo esse
potencial de produção de MS das forragens da caatinga, é importante ressaltar que nem toda
forragem produzida fica disponível para o animal, com grande variação em função de fatores
ambientais, como estação do ano, chuvosa ou seca, e de fatores antrópicos, especialmente
quanto à forma e à intensidade de uso dos recursos forrageiros. Além disso, nem toda a
forragem disponível está acessível ao pastejo, de maneira que a capacidade de suporte dos
pastos nativos dificilmente ultrapassa 0,1 unidades animais por hectare.
No período seco, a escassez de forragem, associada ao baixo valor nutritivo das
forrageiras, compromete o crescimento e o desenvolvimento dos animais, acarretando queda de
produtividade e comprometendo a produção de leite e carne, passando assim, os produtores a
depender da disponibilidade de volumosos conservados (fenos e silagens) de plantas
forrageiras e restos de culturas, para a alimentação do rebanho (Lima et al., 2004).
A baixa capacidade de suporte forrageiro da caatinga acarreta deficiência nutricional
nos animais, em períodos do ano, sendo uma grande limitação da pecuária. Por conseguinte,
deve-se considerar a utilização de forrageiras xerófilas com elevado potencial produtivo na
alimentação dos rebanhos, na maior parte das terras da zona semiárida (Duarte, 2002).
Origem e introdução da palma forrageira no Brasil
Apesar de ser endêmica das Américas, a palma forrageira é considerada por muitos
como uma cultura cosmopolita, encontrada em todos os continentes, em regiões que vão de
4700 m de altitude, como nas montanhas do Peru ao nível do mar; em locais onde as
temperaturas podem chegar facilmente a abaixo de zero até campos áridos da África, onde a
temperatura diurna pode ultrapassar os 50 ºC (Nobel, 1998). O mais remoto registro sobre
cactáceas como forrageira, na literatura especializada do Brasil, data de 1893, em publicação
de João Barbosa Rodrigues intitulada Hortus Fluminensis ou Breves Notícias sobre as Plantas
Cultivadas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O autor comenta, ainda, que a disseminação
da palma forrageira em Pernambuco teve como fator decisivo um decreto do interventor
pernambucano, mandando conferir prêmios aos plantadores de palma que obedecessem a
certos requisitos estabelecidos, tais como: espaçamento, alinhamento, ausência de falhas, bom
desenvolvimento e tratos culturais (Domingues, 1963).
4
No Nordeste, a cultura da palma é facilmente encontrada. Segundo Albuquerque
(2005) estima-se que a cada 10 km existia à época um plantio de palma, podendo esse valor
ser intensificado a um km em de pecuária leiteira tida como “bacias leiteiras” caso dos
Estados de Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Paraíba.
De acordo com Lira et al. (2006) estimava-se existir no Nordeste até 2005 do Brasil
cerca de 500 mil hectares cultivados com palma, constituindo-se numa das principais
forrageiras utilizadas para alimentação dos animais ruminantes no Nordeste semiárido.
A partir da seca de 1979-1983 e, mais acentuadamente, da seca de 1993, nas quais
houveram grandes perdas de rebanhos por escassez de forragens, iniciou-se espontaneamente
um ciclo de expansão da área plantada com palma para fins forrageiros, entre pequenos e
grande pecuaristas (Menezes et al., 2005), tornando-se um recurso forrageiro de importância
indiscutível para o Semiárido do Nordeste.
Classificação das espécies
As cactáceas são plantas de caráter monofiletico (provenientes de um mesmo
ancestral comum). Apresentam três subfamílias: Peresqioideae, Opuntioideae e Cactoideae
(Liberato & Aviguera, 2006). A subfamilia Opuntioideae é considerada o grupo mais definido
entre as cactáceas, e a maioria das espécies nela agrupadas apresentam caules suculentos de
forma cilíndrica ou planada (cladódios), algumas possuem folhas decíduas quando jovens.
Porém a característica mais representativa desta subfamília é a presença de gloquídios (pelos
espinhosos) que aparecem em quase todas as aréolas dos caules, flores e frutos. Outra
característica é a presença de sementes de consistência dura, rodeadas por uma casca macia
(Hills, 2001). A flor é circular e apresenta frutos conhecidos como fícus da India ou tuna. O
gênero principal mais representativo é o Opuntia (Variedades Gigante, Redonda) com
aproximadamente 200 espécies (Liberato & Aviguera, 2006).
Descrição do gênero Opuntia
Planta arborescente, arbustiva ou rasteira, simples ou cespitosa. Tronco bem definido
com ramificações partindo desde a base. Os ramos eretos, estendidos ou prostrados.
Cladódios globosos, claviformes, cilíndricos ou aplanados, carnosos ou lenhosos. Aréolas
axilares com espinhos, glóquidios; geralmente as partes superiores dos cladódios são
produtoras de flores. Flores hermafroditas usualmente uma em cada aréola. Ovário ínfero com
5
uma cavidade e muitos óvulos, rodeado de um pericarpelo de origem axilar, estames
numerosos, muito mais curtos que as pétalas, freqüentemente sensitivos; estilo único, grosso,
lóbulos do estigma curtos. Fruto em baga, seco e rugoso, espinhoso e desnudo, globoso,
ovóide haste elíptica com uma polpa comestível (Sheinvar, 2001).
Adaptações anatomofofisiológicas da palma forrageira
O fato da palma forrageira vegetar em ambientes onde o estresse hídrico é quase que
constante ao longo do ano fez com que estas plantas desenvolvessem uma série de
características xeromórficas. Segundo Larcher (2000), diferentemente de outras plantas
xerófilas, as cactáceas apresentam seu sistema radicular superficial, que em condições
normais, tem uma profundidade máxima de 30 cm. No entanto, exploram quase toda a porção
superficial do solo, como uma capacidade elevada de absorção de água das chuvas.
Outra grande vantagem adaptativa da palma é a de possuir seu caule na forma de
cladódio, com alto conteúdo hídrico e uma baixa freqüência estomática, sendo de 2500 a 3000
estômatos por cm², dez vezes menor que uma planta C3 (Pimentel,1998).
O parênquima esponjoso é responsável pelo volume armazenado de água para o
clorênquima, onde está localizado o aparato fotossintético. Essa é outra grande vantagem de
adaptação, pois faz com que o clorênquima se mantenha hidratado, permitindo assim a
fotossíntese mesmo em condições de estresse hídrico prolongado (Nobel, 2001)
Um dos principais contribuintes para o sucesso da palma forrageira nas regiões
áridas e semiáridas, sem sombra de dúvidas, se deve ao seu metabolismo CAM (Metabolismo
Ácido das Crassuláceas) sendo que a chave para este sucesso está na absorção do CO2, á noite
sob condições de umidade relativa do ar e de temperatura moderadas. Segundo Nobel (2003),
a hora de maior entrada de CO2 na planta é no fim da tarde, devido à redução acentuada da
temperatura do ar.
Segundo Nobel (2003), durante as primeiras semanas de seca pouca mudança é
observada na Opuntia ficus-indica, reflexo da capacidade de armazenamento da água nos
cladódios e as baixas exigências hídricas inerentes do metabolismo ácidos das crassuláceas.
Somente após dois meses é que pode ser observada uma perda pequena diária do CO2, isto
acontece porque neste momento a respiração começa a se tornar maior que à fotossíntese
líquida. Quando comparado com plantas que apresentam metabolismo C3 e C4, observa-se a
ampla adaptação das espécies CAM. Com isso é inegável que o conteúdo de água no solo é o
principal fator limitante para absorção do CO2 para a Opuntia. ficus-índica.
6
A planta CAM tende a perder de 20 a 35 % da água consumida pelas plantas C3 ou
C4 para uma abertura estomática semelhante. Isto é a característica decisiva para o seu sucesso
em ambientes semiáridos e áridos (Nobel, 1998).
A eficiência no uso da água (kg de MS/ kg de água) por parte das plantas CAM é
muito superior às plantas de metabolismo C3 e C4. Em relação às plantas C3 essa
superioridade atinge até onze vezes (Sampaio, 2005). Conforme observações de Mohamed-
Yasseen et al. (1996), a capacidade de adaptação desta cultura aos ecossistemas áridos e semi-
áridos, também se expressa no seu potencial de armazenar água e nutrientes no período das
chuvas, para serem usados na época seca, mais economicamente do que as culturas
alternativas.
Enquanto isto, estudos realizados no México notaram efeito significativo da espécie
e do estádio de crescimento sobre a percentagem de matéria seca da palma forrageira. Os
dados sinalizam para uma possível relação entre a capacidade de utilização da água
armazenada pela planta e o índice pluviométrico médio anual das regiões de origem das
espécies (Ramírez-tobías et al., 2007).
No Brasil, com destaque para a região Nordeste, o cultivo da palma forrageira foi
incentivado, em virtude de seus atributos morfológicos serem adequados a regiões semi-áridas
(Teixeira et al., 1999).
Palma forrageira na alimentação animal
A principal forma de fornecimento da palma forrageira aos animais é picada no
cocho, com auxílio de facas ou máquinas forrageiras normais ou específicas para palma,
embora possa também ser fornecida em condições de pastejo direto ou no campo, espalhada
em forma de leiras.
A palma forrageira é a opção de cultura xerófila com maior potencial de exploração
no Nordeste, constituindo-se em importante recurso forrageiro nos períodos de estiagens,
devido ao seu elevado potencial de produção de fitomassa nas condições do Semiárido. Pela
sua ampla adaptação ambiental ao SB, a palma forrageira tornou-se o alimento forrageiro
mais utilizado pelos produtores desta região, notadamente na microbacia leiteira do Cariri
paraibano (Sales, 2007).
Além disso, Albuquerque (2005) ressalta que a palma apresenta produções de
matéria seca por unidade de área que supera 10 t/ha, dificilmente outra planta forrageira
conseguiria produzir em condições edafoclimáticas semelhantes.
7
A palma ainda mostra-se como uma excelente fonte de energia, rica em carboidratos
não fibrosos, (CNF) 61,79% (Wanderley et al., 2002) e nutrientes digestíveis totais, (NDT)
62%. Porém a palma apresenta baixos teores de fibra em detergente neutro (FDN), em torno
de 26,56% (Ramos et al., 2008).
Pesquisas têm buscado a otimização da utilização da palma forrageira na
alimentação animal. Albuquerque et al., (2002), ao estudarem a utilização de três fontes de
nitrogênio associadas à palma forrageira cv. Gigante na suplementação de vacas leiteiras
mantidas em pasto diferido, concluíram que o pasto diferido associado à palma forrageira e
farelo de soja é uma alternativa de alimentação para animais mestiços no agreste de
Pernambuco.
Wanderley et al. (2002), avaliando a palma forrageira em substituição à silagem de
sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) na alimentação de vacas leiteiras relataram ter sido
possível se obter boas produções de leite com média de 25,01 kg/dia, manter a gordura do
leite em níveis normais de 3,5%, e melhorar a conversão alimentar e consumo adequado de
nutrientes, associando palma com silagem de sorgo forrageiro, nas condições do agreste
Pernambucano.
Segundo Van Soest (1994), a palma forrageira é uma excelente fonte energética, rica
em CNF e NDT, apresenta baixos teores de FDN e teor de PB insuficiente para o adequado
desempenho animal, quando fornecida como volumoso exclusivo, suscitando a necessidade
de sua associação a alimentos volumosos com alto teor de fibra efetiva e fontes de nitrogênio
NNP e/ou proteína verdadeira.
Medeiros et al. (2004) avaliando o desempenho de borregos Santa Inês desmamados,
em confinamento, recebendo diferentes fontes de proteína observaram que a emulsão protéica
da palma elevou o consumo de MS (442 g/dia) e de proteína bruta da dieta, proporcionando
excelente ganho em peso aos animais (187 g/dia), reforçando a viabilidade desta cultura.
A composição químico-bromatológica da palma forrageira é variável de acordo com
a espécie, idade dos artículos e época do ano (Lima et al., 2003). Os autores afirmaram que a
palma forrageira, independente do gênero, apresenta baixos teores de matéria seca (11,69 +
2,56%), proteína bruta (4,81 + 1,16%), fibra em detergente neutro (26,79 + 5,07%) e fibra em
detergente ácido (18,85 + 3,17%). Por outro lado, apresenta teores consideráveis de
carboidratos totais (81,12 + 5,9%), carboidratos não-fibrosos (58,55 + 8,13%), carboidratos
não-estruturais (47,9 + 1,9) e matéria mineral (12,04 + 4,7%).
Segundo Ben Salem et al. (1996), a palma forrageira apresenta elevados teores de
cálcio, potássio e magnésio, o que pode reduzir a absorção desses minerais, limitando o
8
crescimento microbiano e a digestibilidade de diferentes nutrientes. Os teores de fósforo na
palma forrageira, como na maioria das forragens tropicais, são considerados baixos, não
fornecendo quantidades suficientes para o atendimento das exigências dos animais. Este fato é
importante, uma vez que a deficiência de fósforo pode ter efeito negativo sobre o consumo de
matéria seca e digestibilidade dos nutrientes (Germano et al., 1991).
Produção de fitomassa da palma forrageira
O cultivo da palma para produção de forragem é o sistema de sequeiro capaz de
atingir as maiores produtividades de fitomassa da região semiárida brasileira, com alto valor
nutritivo e menor consumo de água, quando comparada com a vegetação nativa, sendo menos
influenciada pela variabilidade das chuvas. A palma pode ser armazenada no próprio
campo, sendo colhida no momento necessário, sem perda significativa de qualidade da
forragem (Menezes et al., 2005).
Ramos et al. (2008) estudando rendimento de massa verde em diferentes
espaçamentos de palma forrageira variedade Italiana no cariri paraibano, aos 455 dias após o
plantio constataram um acumulo de fitomassa verde de 136 t/ha/ano no espaçamento 1,0 m x
0,5 m, na maior densidade de plantas. Flores et al., (1992) e Nascimento et al., (2011)
também determinaram que nas maiores densidades de população, ocorre maior
rendimento de massa verde.
Em experimento realizado no município de Arcoverde (PE), Santos et. al. (1990),
utilizando espaçamento de 1 m x 0,5 m para variedades Gigante e Redonda determinaram
produtividades de 105,35 e 103,35 (t/ha/ano), respectivamente. Em trabalho sobre o cultivo
e utilização da palma forrageira no estado de Pernambuco Santos et al. (1997), obtiveram
uma produção média de 240 t/ha/ano de MV em plantas com dois anos.
Menezes et al., (2005) estudando a produtividade de 50 campos de palma forrageira
em Pernambuco obteve média de produção de matéria verde de 74,3 t ha-1
ano-1
e 7,2 t ha-1
ano-1
de matéria seca, aos 3,3 anos após o plantio. Santos et al., (2006) utilizando adubação
nitrogenada em dois anos na palma forrageira obtiveram uma produção de massa verde de
363,1 t/ha/ano e 31,7 t/ha/ano MS.
Adubação orgânica em palma forrageira
9
Segundo Maia (2004) o conjunto das atuais práticas agrícolas praticadas no SAB
esgota o solo, leva à erosão, à compactação, ao empobrecimento da vida no solo e redução da
fertilidade. A reposição natural de certos elementos como o fósforo, levaria mais de 100 anos.
De uma maneira geral, constata-se a generalizada deficiência de P dos solos do SAB,
além da baixa necessidade de aplicação de calcário (Tótola e Chaer, 2002).
O cultivo de palma para forragem, em condições de sequeiro, atinge as maiores
produtividades de fitomassa da região semiárida, sendo fundamental para os diversos sistemas
de produção de pecuária, contudo a potencialidade da cultura para a região não foi, ainda,
reconhecida na devida dimensão. Um aspecto a ser considerado no manejo da cultura da
palma, é que toda massa verde produzida é cortada e ofertada aos animais. Com o uso
contínuo do solo, sem reposição de nutrientes, a produtividade da cultura tende a diminuir, em
conseqüência do empobrecimento do solo, quer pela exportação dos nutrientes quer pelas
perdas por erosão (Leite, 2009).
Segundo Kiehl (1985) a matéria orgânica (MO) exerce importantes efeitos benéficos
sobre os atributos do solo contribuindo substancialmente para o crescimento das plantas. No
aspecto químico, a MO funciona como fonte de nutrientes (principalmente de N, P, K, S) e de
cargas negativas, contribuindo para aumentar a Capacidade de Troca de Cátions (CTC).
Melhora as características físicas do solo, notadamente a sua estrutura, porosidade e a
capacidade de retenção de água, e atua de forma benéfica sobre os organismos do solo. A
adubação orgânica é uma importante estratégia de conservação de solo, pois aumenta os
estoques de carbono orgânico e nitrogênio total (Leite et al., 2003). O esterco animal é o
adubo orgânico mais amplamente utilizado no SAB. Outros tipos de adubos orgânicos, como
os adubos verdes e os compostos também são utilizados na região semiárida, mas em menor
escala. Entretanto, apesar da ampla aceitação do esterco como adubo orgânico, seu uso pode
apresentar algumas limitações. Em primeiro lugar, sua disponibilidade nas propriedades rurais
típicas do Semiárido nordestino é geralmente insuficiente para suprir as necessidades
nutricionais das plantas forrageiras.
A adubação é um fator determinante na produção de fitomassa. Trabalhos realizados
por Santos et al. (1996) em pesquisa com adubação orgânica, mineral e calagem de solo no
cultivo da palma, encontraram resultados satisfatórios na produção quando a adubação
orgânica foi associada com a química. Teles et al. (2002) e Cavalcante Filho et al. (2000)
concluíram que a adubação orgânica na presença da adubação química proporciona maiores
produções de matéria seca dos cladódios de palma.
10
Santos et al. (1997) em experimento com a palma Miúda, obtiveram, em colheitas
anuais, uma produção média de 9,4 t de MS e de 68 t de MV por ha, adubada com 20 t/ha ano
de estrume de curral e com populações de 20 mil plantas por hectare. Dados de Santos et al.
(2000) apontam produções de matéria seca de 40 t/ha, em colheitas efetuadas dois anos após o
plantio, em condições de sequeiro, na região semiárida de Pernambuco.
O nitrogênio sendo um nutriente essencial para as plantas é um dos constituintes das
proteínas, limita o crescimento das forrageiras. O potássio tem ação fundamental no
metabolismo vegetal, pelo papel que exerce na fotossíntese, como regulador da abertura e
fechamento dos estômatos, influenciando diretamente no processo de transformação de
energia luminosa em energia química (Saraiva, 1990).
Segundo (Blanco–macías et al., 2010) a ordem das necessidades de nutrientes pela
palma é a seguinte: K> Ca> Mg> N> P. Portanto, a falta de monitoramento das condições do
solo, torna inviável uma recomendação precisa de adubação para a cultura. Esse ponto em
questão deveria ser alvo de ações técnicas pontuais, pois o aumento da produtividade em
função de adubação impactaria diretamente a cadeia produtiva do leite, em virtude do
aumento do suporte forrageiro.
A palma forrageira extrai cerca de 360 kg de N, 64 kg de P, 1.032 kg de K e 940 kg de
Ca, por hectare a cada dois anos, sem considerar os outros macros e micronutrientes (Dubeux
júnior e Santos, 2005). Desta forma, se não houver reposição de nutrientes via adubação
ocorrerá uma redução na produtividade e qualidade da forragem.
O nível de adubação é fator determinante na produtividade do palmal (Teles et al.,
2002). Esses autores estudando os efeitos da adubação no crescimento da palma Gigante
observaram que a deficiência de fósforo reduziria o número total de cladódio por planta,
sendo um fator limitante da capacidade produtiva da forrageira.
Segundo recomendações de adubação para a palma forrageira no Estado de
Pernambuco, as dosagens variam de acordo com o espaçamento, teores de nutrientes
disponíveis no solo, bem como com a fase da cultura (IPA, 2001).
Santos (2005) em pesquisa sobre adubação orgânica e mineral, em palma forrageira,
cultivar Gigante, observaram aumento de 81% na produção de matéria seca, com 10 t/ha de
esterco de curral e de 29% com 50 kg/ha de N, P2O5 e K2O, quando comparado com o plantio
não adubado.
A palma é uma planta que responde positivamente à adubação, tanto do ponto de
vista quantitativo como qualitativo.
11
Manejo de colheita da palma forrageira
Segundo Santos et al., (2010), a colheita da palma usualmente é feita a cada dois
anos e resultados demonstram a necessidade de preservar uma área de cladódio residual para
promover uma rebrota vigorosa e maior longevidade do palmal. A quantidade de matéria seca
colhida é dependente de diferentes fatores de manejo e varia conforme o nível de adubação e
numero de colheitas.
A palma é também considerada uma reserva estratégica de forragem e, neste caso, a
frequência de corte pode variar conforme a necessidade do produtor e das condições
climáticas. Em diagnóstico realizado por Almeida (2011) na região semiárida do Estado da
Bahia, observou-se que a colheita da palma forrageira é realizada em intervalos de um a três
anos ou quando se faz necessário, isto é, sob dependência do período de estiagem e da
escassez de forragem para os rebanhos. Rangel et al. (2009), constataram, no Cariri Ocidental
Paraibano, que 73,3% dos pecuaristas realizam o primeiro corte da palma entre 2 a 3 anos,
enquanto 16,7% cortam com 1 ano de implantação do palmal.
Santos et al. (1992) avaliaram a produtividade anual da palma miúda submetida a
três freqüências de colheita (anual, bienal e trienal) e três densidades de plantio (5.000, 10.000
e 20.000 plantas/ha). Constataram que a produtividade de MS em t/ha/ano, para as populações
de 5, 10 e 20 mil plantas/ha, foi de 5,9, 7,8 e 9,9 t/ha/ano, respectivamente. Para as diferentes
frequências de colheita foram obtidas produtividades de 6,9; 9,7 e 6,9 t de MS/ha/ano para as
freqüências anual, bienal e trienal, respectivamente.
12
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, S. S. C. et al. Utilização de três fontes de nitrogênio associadas à palma
forrageira (Opuntia ficus-indica, Mill.) Cv. Gigante na suplementação de vacas leiteiras
mantidas em pasto diferido. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 31, n. 3, 2002.
ALBUQUERQUE, S. G de; SANTOS. D. C. dos. Palma forrageira. In: Brito, A. R. de M. B. ;
AZEVEDO NETO, A. D. de. ; SANTOS, C. A. F. Espécies vegetais exóticas com
potencialidades para o semi-árido Brasileiro, 2005. Embrapa. 91-127 p.
ALMEIDA, J. de. A palma forrageira na região semiárida do estado da Bahia: diagnóstico,
crescimento e produtividade. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Cruz das Almas
– BA, 2011. 95f. (Tese de Doutorado).
ARAÚJO FILHO, J.A. Manipulação da vegetação lenhosa da Caatinga para fins pastoris.
Sobral, CE: EMBRAPA-CNPC, 1995, 18p. (EMBRAPA-CNPC. Circular Técnica, 11).
BEN SALEM, H. et al. Effect of increasing level spinelles cactus (Opuntia ficus-indica
var.inermes) on intake and digetion by sheep given straw-based diets. Animal Science.
v.62, n.1, p.293-299, 1996.
BLANCO–MACÍAS, F. et al. Nutritional reference values for Opuntia ficus–indica
determined by means of the boundary–line approach. Journal of Plant Nutrition and
Soil Science, v.173, n.6, p.923–934, 2010.
CAVALCANTE FILHO, L. F. M.; SANTOS, M.V.F; DUBEUX JUNIOR, J.C. Efeito da
adição de P e K no crescimento da palma clone IPA-20 (Opuntia fícus-indica Mill.). In:
JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 4, 2000, Recife. Anais.... Recife: FACEPE,
2000.p. 293.
DOMINGUES, O. Origem e introdução da palma forrageira no Nordeste. Recife;
Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais. 1963. 76p.
13
DUARTE, R. S. Dois modelos para a convivência do produtor rural com o ambiente do semi-
árido nordestino. Revista Econômica do Nordeste, v. 33, n. 1, 2002. p.8-35.
DUBEUX JÚNIOR, J. C. B.; SANTOS, M. V. F. Exigências nutricionais da palma forrageira.
In: Menezes, S.C.R.; Simões, D.A.; Sampaio, E.V.S.B. (Eds). A palma no Nordeste do
Brasil: conhecimento atual e novas perspectivas de uso. Recife: Ed. Universitária da
UFPE. 2005 p.105-127.
EMBRAPA-EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA Solos. UEP
Recife, 2006. Disponível em http://www.uep.cnps.embrapa.br/solos/index.html. Acesso
em: 11 julho 2011.
FLORES, V. G. Respuesta de producción de nopalitos y de pH de cuatro genotipos de
nopal (Opuntia spp) tolerantes a heladas a tres densidades en inverno. México, 1992.
55p.(Tese de Doutorado)
GERMANO, R. H. et al. Avaliação da composição química e mineral de seis cactáceas do
semi-árido paraibano. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 28, 1991. João Pessoa, PB. Anais... João Pessoa: SBZ, 1991. p.3.
HILLS, F.S. Anatomia e morfologia da palma forrageira , In: G. Barbera, P. Inglese & E.
Pimienta- Barrios. Agroecologia, cultivos e usos da palma forrageira. FAO Plant
Production and Protection Paper. 2001, 28-35 p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censo
Agropecuário – Paraíba 2006. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em:
04/09/2011.
IPA. Racionalização do Cultivo da Palma Forrageira (Opuntia e Nopalea) para a
Agricultura Familiar do Semi-Árido. Recife, 2001.
KIEHL, E. J. Manual de edafologia. São Paulo. 2. Edição. Ed. Ceres, 1985.
14
LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal. São Carlos,SP. RIMA, 2000, 530 p.
LEITE, L. F. C. et al. Estoques totais de carbono orgânico e seus compartimentos emargissolo
sob floresta e sob milho cultivado com adubação mineral e orgânica. Revista Brasileira
de Ciência do Solo. v.27, p.821-832, 2003.
LEITE, M. L. M. V. Avaliação de clones de palma forrageira submetidos a adubações e
sistematização de informações em propriedades do semiárido paraibano. Centro de
Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba. Areia-PB 2009. 209 p. (Tese de
Doutorado).
LIBERATO, P. M.; AVIGUERA L. A. Aprovechamiento integral y sostenible de la tuna
y otras plantas suculentas, 2006. Universidad de Guadalajara. 10p.
LIMA, R. M. B. et al. Substituição do milho por palma forrageira: comportamento ingestivo
de vacas mestiças em lactação. Acta Scientiarum. Animal Sciences. Maringá, v. 25, n. 2,
p. 347-353, 2003.
LIMA, C. D. S.; GOMES, H. de S.; DETONI, C. E. Adição de uréia e da levedura
Saccharomyces cerevisiae no enrequecimento protéico da palma forrageira (Opuntia fícus
indica L.) cv. miúda. Magistra, Cruz das Almas - BA, v.16, n.1, p.01- 08.2004.
LIRA, M.A. et al. A palma forrageira na pecuária do semi-árido. IN: GOMIDE, C.A.M.,
et al. Alternativas alimentares para ruminantes. Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2006. p.17-
33.
MAIA, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. São Paulo: D&Z Computação
Gráfica e Editora, 2004.
MEDEIROS, A.N. et al. Enriquecimento protéico da palma forrageira (Opuntia ficus indica
Mill) por processo biotecnológico – desempenho de ovinos santa Inês. In: REUNIÃO DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais...
Campo Grande: SBZ, 2004.
15
MENEZES, R. S. C. et al. Produtividade de palma em propriedades rurais. In: A palma no
Nordeste do Brasil: conhecimento atual e novas perspectivas de uso. Editores Rômulo
S.C. Menezes, Diogo A. Simões, Everardo V. S. B. Sampaio. Recife: Ed. Universitária da
UFPE, 2005. 258 p.
MOHAMED-YASSEEN, Y. et al,. A note on the uses of Opuntia spp. in Central/North
America. Journal of Arid Environments, v. 32, n. 3, p. 347-353, 1996.
NASCIMENTO, J. P. et al. Caracterização morfométrica de Opuntia ficus-indica sob
diferentes arranjos populacionais e fertilização fosfatada. Tecnologia & Ciência
Agropecuária. João Pessoa, 2011. v.5, n.3, p.21-26.
NOBEL ,P.S. Environmental biology of agaves and cacti. New York: Cambridge
Univ.Press.1998, Disponível:http://www.olivreiro.com.br/livros/91550-environmental-
biology-of-agaves-and-cacti. Acesso em 01.09.2011.
NOBEL, P. S. Biologia ambiental. In: BARBERA, G; INGLESE, P.; PIMIENTA BARROS,
E. Agroecologia, cultivo e usos da palma forrageira. João Pessoa: FAO, SEBRAE/PB,
2001. p.36-48.
NOBEL, P. S. Ecofisiología de Opuntia ficus-indica, In: El nopal (Opuntia spp.) Como
Forraje. FAO Plant Production and Protection Paper. 2003, Disponível em:
http://www.fao.org/docrep/007/y2808s/y2808s06.htm#BM06 . Acesso em: 29 ago 2011.
PEREIRA FILHO, J. M. Utilização racional dos recursos forrageiros da caatinga. In:
ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS, 1., 2006,
Campina Grande. Anais... Campina Grande: SEDAP, 2006. Palestra em Cd-Rom.
PIMENTEL. C. Metabolismo de Carbono na Agricultura Tropical. Seropédica: Edur,
1998,159 p.
RAMÍREZ-TOBÍAS, H.M. et al. Efecto de la espécie y madurez sobre el contenido de
nutrientes de cladódios de nopal. Agrociencia, v. 41, n. 6, p. 619-626, 2007.
16
RAMOS, J. P, F. et al. Carboidratos fibrosos de opuntia fícus-indica em função do
espaçamento no semi-árido paraibano. In:SIMPOSIO NODESTINO DE PRODUÇÃO
ANIMAL,5., 2008,Aracajú. Anais...Aracajú:SNPA,2008.p.123-126. CD-ROM.
RANGEL, J. A. F. et al. Caracterização do corte e fornecimento da palma forrageira no
Cariri Ocidental Paraibano, 2009. Disponível em:
www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/listaresumos.htm. Acesso em 22 de fevereiro de
2012.
SALES, A. T. Adaptação de variedades de palma forrageira do gênero Opuntia e
Nopalea no Cariri paraibano. 2007. 52f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação
em Zootecnia) – Universidade Federal da Paraíba, 2007
SANTOS, M. V. F.; LIRA, M.A.; FARIAS, I. Estudo comparativo das cultivares de palma
forrageira gigante, redonda (Opuntia fícus-indica Mill.) e miúda (Nopalea cochonillifera
Salm Dyck) na produção de leite. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 19, n. 6, p. 504-
511, 1990.
SANTOS, D.C. dos Estimativa de parâmetros genéticos em caracteres de clones da palma
forrageira (Opuntia ficus-indica, Mill. e Nopalea cochenillifera, Salm Dyck). Recife:
UFRPE, 1992. 119 p. (Dissertação de mestrado).
SANTOS, D. C. dos, et al. Produção e composição química da palma forrageira cultivar
gigante (Opuntia ficus indica Mill) sob adubação e calagem, no agreste Semi-Árido de
Pernambuco. Pesquisa Agropecuária Pernambucana,v 9, n. especial,p. 669-678. 1996.
SANTOS, D. C. et al. A palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill e Nopalea
cochenillifera Salm-Dyck) em Pernambuco: cultivo e utilização. Recife: IPA, 1997. 23
p. (IPA Documentos, 25).
SANTOS, D. C. et al. Produtividade de cultivares de palma forrageira (Opuntia e Nopalea).
In: SIMPÓSIO NORDESTINO DE ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES, 7., 2000,
Teresina. Anais... Teresina: SNPA, 2000. p.121-123.
17
SANTOS, M. V. F.; FERREIRA, M. A.; BATISTA, A. M. V. Valor nutritivo e utilização da
palma forrageira na alimentação de ruminantes. In: Rômulo S.C. Menezes, Diogo A.
Simões, Everardo V. S. B. Sampaio. A palma no Nordeste do Brasil: conhecimento
atual e novas perspectivas de uso. Editores. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2005.
258 p.
SANTOS, D.C. et al. Niveis de nitrogeio e fosforo em palma forrageira (Opunitia ficus-
indica) clone IPA-20 sob dois espaçamentos.In:CONGRESSO NODESTINO DE
PRODUÇÃO ANIMAL,4., 2006, Petrolina. Anais...Petrolina:SNPA,2006.p.381-383.
SANTOS, M V. F.; LIRA, M. A.; DUBEUX JR, J.C.B. et al. Palma forrageira In: Plantas
forrageiras.1 ed.,Viçosa: Editora UFV, v.unico, p. 459-493. 2010b.
SAMPAIO, E. V. S. B. Fisiologia da palma. In: Menezes, R. S C., Simões; A. S. A palma no
nordeste do Brasil: conhecimento e perspectiva, 2005. Editores. Recife: Ed.
Universitária da UFPE. 43-55 p.
SARAIVA, O. F. Manejo da fertilidade do solo para formação de pastagens tropicais.
Coronel Pacheco, MG: EMBRAPA-CNPGL, 34 p., 1990.
SHEINVAR, L. Taxonomia das Opuntias utilizadas. p.20-27, In: G. Barbera, P. Inglese & E.
Pimienta-Barrios (eds) Agroecologia, cultivos e usos da palma forrageira. FAO Plant
Production and Protection Paper. 2001, 94.
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE - O Nordeste Semi-Árido e o
Polígono das Secas. Recife, 2003. Disponível em
http://www.sudene.gov.br/nordeste/index.html. Acesso 01/09/2011.
TEIXEIRA, J. C. et al. Cinética da digestão ruminal da palma forrageira (Nopalea
cochenillifera (L.) Lyons- Cactáceae) em bovinos e caprinos. Ciência e Agrotecnologia,
v. 23, n. 01, p. 179-186, 1999.
18
VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2. ed. New York: Cornell
University Press. 476 p, 1994.
TELES, M.M. et al. Efeitos da adubação e de nematicida no crescimento e na produção da
palma forrageira (Opuntia ficus infica Mill.) cv. Gigante. Revista Brasileira de
Zootecnia, Viçosa. v.31, n. 1, p. 52-60, 2002.
TÓTOLA, M. R., CHAER, G.M. Microrganismos e processos microbiológicos como
indicadores da qualidade dos solos. Tópicos Avançados em Ciência do Solo, Viçosa,
MG, v.2: p.195-276, 2002.
WANDERLEY, W. L. et al. Palma forrageira (Opuntia ficus indica Mill) em substituição à
silagem de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) na alimentação de vacas leiteiras.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.1, p.273-281, 2002.
19
CAPÍTULO II
____________________________________________________________________
Crescimento vegetativo e produtividade da palma em função da adubação orgânica e
manejo de colheita de palma forrageira
20
RESUMO
Objetivou-se estimar o crescimento vegetativo e produtividade da palma forrageira cv.
Gigante em função da adubação orgânica e manejo de colheita. A pesquisa foi conduzida na
Estação Experimental Pendência da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba,
em Soledade - PB, de agosto de 2008 a agosto de 2010. Foi utilizado um delineamento em
blocos casualisados no esquema fatorial 4 x 5, sendo 4 manejos de colheita (M1= colheita da
palma aos 12 meses após estabelecimento; M2= colheita da palma 12 meses após a primeira
colheita na rebrota; M3= colheita da produção de palma acumulada aos 24 meses e M4=
somatório da produção da primeira colheita e da rebrota) e cinco doses de esterco caprino: 0;
5; 10; 15 e 20 t/ha. As medidas foram repetidas no tempo, para estimativa das curvas de
crescimento da palma forrageira. A cada 60 dias mensurou-se a altura de plantas, número de
cladódios por planta, comprimento e largura dos cladódios. Avaliou-se a produção de massa
verde, matéria seca, acúmulo de água, eficiência do uso da chuva, percentual de água
acumulada nas plantas. Verificou-se que o número de cladódios e altura de planta aumentou
linearmente com adubação orgânica. A largura e comprimento dos cladódios aumentaram
lineamente com incremento dos níveis de esterco caprino estabelecendo o platô aos 249 e 218
dias após o plantio nas doses de 5 e 15 t/ha de esterco com média de 20,25 e 30,25 cm
respectivamente. A adubação orgânica na maior dose de esterco promoveu um incremento de
fitomassa da palma de 293, 52, 57, 83% e de produção de matéria seca 193, 56, 83, 92 %,
para os manejos M1, M2, M3 e M4, respectivamente, quando se compara na ausência de
adubação. A adubação orgânica com maior dose de esterco promoveu um incremento na
eficiência do uso da chuva de 200, 56, 83 e 91%, para os manejos M1, M2, M3 e M4,
respectivamente, quando se compara a maior dose com ausência de adubação. Recomendam-
se doses intermediárias de esterco, em torno de 10 t/ha, possibilitando-se a colheita do palmal
a partir do primeiro ano após o plantio.
Palavras-chave: Cactácea, esterco caprino, forragem, produtividade, semiárido
21
Vegetative growth and forage yield regarding the organic fertilization and
management of cactus forage harvesting
ABSTRACT
This study aims to estimate the vegetative growth and the fodder yield of cactus forage cv.
Giant, regarding the organic fertilization and harvest management. The research has been
carried out at the Estação Experimental Pendência da Empresa Estadual de Pesquisa
Agropecuária from Paraíba state, in Soledade city - PB, from August 2008 to August 2010. It
has been used a design in randomized blocks, in factorial scheme 4 x 5, being four harvest
handlings (M1= cactus forage harvesting at 12 months in the establishment; M2= cactus
forage at 12 months after the first harvesting in the regrowth; M3 = harvest of the production
of cactus forage accumulated at 24 months and M4 = sum of the production of the first
harvest and regrowth) and Five doses of goat manure: 0, 5, 10, 15 and 20 t/ha-1. The
measurements have been repeated in the time, for estimating the curves of growth of the
cactus forage. Each 60 days, it has been measured the plants’ height, number of cladodes per
plant, length and width of the cladodes. It has been evaluated the production of green matter,
dry matter, water accumulation, efficiency of the use of rain, percentage of water accumulated
in the plants. It has been verified that the number of cladodes and the plant height have
increased linearly with organic fertilization. The width and length of the cladodes have
increased linearly with increment of the levels of goat manure, establishing the plateau at 249
and 218 days after planting, in the doses of 5 and 15 t/ha-1 of manure with an average of
20,25 and 30,25 cm respectively. The organic fertilization in the highest level of manure has
promoted an increment of the cactus forage phytomass of 293, 52, 57, 83 and production of
dry matter 193, 56, 83, 92%, for the handlings M1, M2, M3 and M4, respectively, when it is
compared without fertilization. The organic fertilization with higher doses of manure has
promoted an increment in the efficiency of the use of rain 200, 56, 83 and 91% kg of MS/mm
of rain ha-1, for the handlings M1, M2, M3 and M4, respectively, when it is compared the
highest dose without fertilization. Intermediate doses of manure are recommended, around 10
t/ha, being made possible the crop of the palmal starting from the first year after the planting.
Key words: Cacti, goat manure, forage, productivity, semi-arid.
22
INTRODUÇÃO
A exploração pecuária representa uma das mais importantes opções para o setor
primário do Semiárido Brasileiro, sendo um dos principais fatores para a garantia da
segurança alimentar das famílias rurais e geração de emprego e renda na região. Entretanto, o
desenvolvimento dessa atividade é influenciado pela variabilidade espaço-temporal das
chuvas, devido à estacionalidade da produção de forragens. Assim, a baixa capacidade de
suporte das pastagens nativas e cultivadas acarreta deficiência nutricional nos animais, em
períodos do ano, sendo uma grande limitação da pecuária. Por conseguinte, deve-se
considerar a utilização de forrageiras xerófilas na alimentação dos rebanhos, na maior parte
das terras dessa região.
Nesse contexto, o cultivo de palma forrageira é uma das principais estratégias para
contornar a sazonalidade de produção de forragem, nos períodos de seca. A palma forrageira é
a cactácea com maior potencial de exploração no Nordeste Brasileiro, constituindo-se em
importante recurso forrageiro nos períodos de estiagens, devido ao seu elevado potencial de
produção de fitomassa nas condições ambientais do semiárido. Destaca-se por ser persistente
à seca, com elevada eficiência de uso de água e amplamente incorporada ao processo
produtivo da região.
A palma forrageira apresenta elevado potencial de produção de fitomassa, no
entanto, a extração de nutrientes do solo pela cultura é alta, devido ao fato de toda massa
verde produzida ser cortada e ofertada aos animais. Com o uso contínuo do solo, sem
reposição de nutrientes, a produtividade da cultura tende a diminuir em conseqüência do
empobrecimento do solo, quer pela exportação dos nutrientes quer pelas perdas por erosão.
A produtividade agrícola do solo está altamente correlacionada com a sua fertilidade,
definida como a capacidade do solo fornecer à planta os nutrientes nas quantidades
necessárias e equilibradas para promover o desenvolvimento vegetal, se outros fatores
essenciais e complementares, tais como umidade, luz e temperatura, o trabalho em conjunto
com a fertilidade (Silva et al., 2010a).
A palma forrageira apresenta elevado potencial de produção de fitomassa, entretanto
a extração de nutrientes do solo pela cultura é alta. Assim, sem um programa de adubação, a
sustentabilidade dos sistemas de produção de palma diminuiria ao longo do tempo, devido,
principalmente, à redução na fertilidade dos solos (Dubeux Jr. et al., 2006).
O nível de adubação é fator determinante na produção de massa verde. De acordo
com Teles et al. (2002) a deficiência de fósforo reduziu o número total de cladódios por planta
23
de palma forrageira, sendo um fator limitante a capacidade produtiva dessa forrageira. Por
outro lado, verificaram que o acréscimo de nitrogênio promoveu aumento do número total de
cladódios por planta. Dados de Santos et al. (2000) apontam produções de 40 t/ha de MS, em
colheitas efetuadas dois anos após o plantio, em condições de sequeiro, na região semiárida de
Pernambuco.
A produção de fitomassa depende dos processos de crescimento da planta forrageira,
podendo ter sua eficiência substancialmente melhorada pelo uso de fertilizantes. Alvim et al.
(2003) relataram que além da necessidade do vegetal ser adaptado às condições climáticas da
região, o seu potencial forrageiro é maximizado quando a fertilidade do solo atende as suas
exigências. Neste sentido, o correto suprimento nutricional, com disponibilidade adequada
dos macro e micronutrientes essenciais, é crucial para garantir o crescimento das plantas.
Com a intensificação dos sistemas de produção de leite caprino e bovino no Cariri
paraibano, cuja base alimentar desses rebanhos é a palma forrageira, faz-se necessário definir
um sistema de produção desta cultura visando incrementos da produtividade, especialmente
no manejo da colheita, geralmente realizada três a quatro anos após o plantio.
Assim, objetivou-se avaliar o efeito da adubação orgânica e manejo de colheita no
crescimento vegetativo e rendimento forrageiro de palma forrageira.
24
MATERIAL E METODOS
O trabalho foi conduzido, em condições de campo, na Estação Experimental
Pendência, da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (EMEPA), localizada
na Mesorregião do Agreste paraibano, Microrregião do Curimataú Ocidental, município de
Soledade (7º 8’ 18” S e 36º 27’ 2” W), com altitude de 534 m. O tipo climático da região é
Bsh, semiárido quente, com chuvas de janeiro a abril, apresentando temperaturas médias
anuais em torno de 24 ºC, umidade relativa do ar em torno de 68%, ocorrendo precipitação
pluvial média de 400 mm anuais, com déficit hídrico durante quase todo o ano (SUDENE,
2003).
Foi utilizado o delineamento experimental em blocos casualizados, no esquema
fatorial 4x5, sendo quatro manejos de colheita (M1 = colheita de palma aos 12 meses após o
plantio; M2 = colheita de palma aos 12 meses após a primeira colheita; M3 = colheita de
palma aos 24 meses após o plantio e M4 = somatório da produção da primeira colheita e da
rebrota) e cinco doses de esterco caprino (0, 5, 10, 15, 20 t/ha), com quatro repetições. A
unidade experimental foi constituída de quatro fileiras de cinco plantas de palma forrageira,
plantadas no espaçamento 1,5 m x 0,20 m.
Antes do plantio foram coletadas amostras de solo, representativas da área do
experimento, na profundidade de 0-20 cm e do esterco utilizado no experimento, para
caracterização da fertilidade. A análise química do solo e do esterco caprino foi realizada no
laboratório de fertilidade do solo do Centro de Ciências Agrárias da UFPB, em Areia,
utilizando-se a metodologia descrita pela EMBRAPA (2006). Apresentou as seguintes
características químicas:
Tabela 1. Composição química do solo e esterco utilizado no experimento
pH P K+ Na
+ H+Al
3+ Al
3+ Ca
2+ Mg
2+ SB CTC M.O
Amostras H2O ---mg/dm3-- ---------------------cmolc/dm
3------------------------------ g/kg
Solo 6,24 49,60 151,82 0,34 4,87 0,00 7,45 2,95 9,28 16,00 9,25
Esterco 9,29 1065 3883 9,63 3,80 - 4,55 3,80 - 31,71 110,60
O plantio da palma forrageira cv. Gigante ocorreu em agosto de 2008, com um
cladódio por cova, na posição vertical, com a parte cortada voltada para o solo, a uma
profundidade suficiente para que metade do cladódio ficasse enterrada. A adubação orgânica
foi realizada em cobertura. Foram realizadas, três capinas em cada ano. Realizou-se
mensurações a cada sessenta dias após o plantio (DAP) para avaliação da altura de plantas,
número de cladódios por planta, comprimento e largura dos cladódios ate os setecentos e
25
vinte dias. Utilizou-se fita métrica para determinar a altura de plantas e as dimensões dos
cladódios.
Para medição de altura da planta, considerou-se o comprimento desde a extremidade
do artículo mais alto até o solo. A largura e comprimento da planta foi medida considerando a
região de maior largura e comprimento da mesma, ambos com auxílio de uma fita métrica.
Foi realizada a contagem de número de cládodios.
Para determinação da produção em massa verde (PMV) foi realizado o corte das
plantas por ocasião de cada colheita (365 e 720 DAP), preservando-se os cladódios primários
em cada planta, com o objetivo de manutenção do estande. Os cladódios seccionados foram
pesados, obtendo-se o peso total de cada planta. Foi considerado o peso médio das plantas da
parcela. Multiplicou-se esse peso pelo número de plantas do estande, em um hectare, obtendo-
se a produção em MV por hectare (t/ha). Determinou-se o teor de matéria seca (MS) por meio
de secagem em estufa a 65°C até peso constante. A produção em matéria seca (PMS) foi
determinada multiplicando-se a PMV pelos teores de MS.
A eficiência de uso de chuva (EUC) foi estimada dividindo-se a PMS pela
quantidade acumulada de chuva durante todo o período de crescimento. O acúmulo de água
foi calculado subtraindo-se a PMV pela PMS.
Na Figura 1, observa-se a precipitação pluvial ocorrida na Estação Experimental
Pendência, de agosto de 2008 a agosto de 2010, ao total de 1029,7 mm distribuída em 2008
(35 mm), 2009 (528,30) e 2010 (466,4 mm).
Figura 1. Precipitação pluvial ocorrida na Estação Experimental Pendência, Soledade – PB,
de agosto de 2008 a agosto de 2010.
26
Os dados de crescimento foram submetidos a analise de regressão utilizando o
procedimento REG do SAS (2002).
Utilizou-se o seguinte modelo estatístico:
= média observada da variável referente k-ésima repetição da combinação do i-ésimo valor
nível do tratamento com o j-ésimo bloco;
= efeito do tratamento (adubação orgânica) i
= efeito do manejo de colheita j
= efeito da interação
= efeito do bloco
= erro aleatório comum a todas as observações
Para análise de regressão, admitindo-se que Y é função linear de X, estabeleceu-se a
uma regressão linear simples em função do tempo, de acordo com o modelo estatístico abaixo
para as variáveis altura de planta e número total de cladódios, enquanto os dados de
produtividade foram analisados também por regressão linear em função de doses de esterco.
Em que: β0 (coeficiente linear) e β1 (coeficiente angular) são os paramentos do
modelo a serem estimados e eij são erros aleatórios.
Para as variáveis largura e comprimento de cladódios foi utilizado o modelo de platô
em função do tempo. Para estes modelos, y representa o comprimento e largura dos cladódios
(cm); β0, β1, β2, são paramentos da curva a serem estimados e x representa o número de dias
após o plantio.
27
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No decorre do período experimental, a chuva acumulada foi de 1029,7 mm sendo 35
em 2008; 528,3 em 2009 e 466 (mm) em 2010. Os dados de precipitação pluvial de agosto de
2008 a agosto de 2010 (Figura 1) mostram elevada variabilidade mensal afetando a
disponibilidade de água para a cultura em estudo. Ressalta-se ainda, a predominância de
chuvas com alta intensidade, como a registrada em abril de 2009 (190,1 mm), o que
possivelmente foi acima da capacidade de retenção de água pelo solo, diminuindo o
aproveitamento da chuva pela palma. Esse fato é também agravado pelo alto potencial de
evapotranspiração da região semiárida.
O crescimento vegetativo está fortemente relacionado ao conteúdo de água no solo,
em virtude dos principais processos fisiológicos e bioquímicos serem dependentes de água, a
exemplo da fotossíntese, respiração, transpiração e absorção de nutrientes (Sampaio, 2005).
Não obstante, o sistema radicular da palma forrageira apresenta uma rede de raízes finas
próximas da camada superficial do solo (até 10-20 cm) adaptada para absorver a água de
chuvas leves e até do orvalho, caracterizando uma vantagem em locais de índice
pluviométrico baixo, permitindo rápida absorção da água da chuva, fato que aliado ao
metabolismo CAM, permite elevado aproveitamento da água da chuva, a despeito da
distribuição irregular da precipitação pluvial.
Na Figura 2 são apresentados os valores médios e equação de regressão encontrada
para número de cladódios totais (NCT) de palma forrageira em função da adubação. Verifica-
se que o NCT aumentou (P<0,05) linearmente com adubação orgânica no solo e com o tempo.
A adubação orgânica possivelmente favoreceu absorção dos nutrientes essenciais para o
desenvolvimento da planta, aumentando a capacidade de infiltração e retenção de água no
solo, aumentou a capacidade de toca catiônica conferindo ao solo condições favoráveis de
arejamento. Observa-se comportamento do NCT semelhante para todas as doses de adubação
até os 180 dias após o plantio (DAP) com medias de 1,91 cladódios por planta, possivelmente
este comportamento esta relacionado a ausência de umidade no solo, tendo em vista que só
ocorreu as primeiras chuvas 180 DAP da palma.
E a partir dos 180 DAP as doses de 10, 15 e 20 t/ha de esterco aumentou o
surgimento de cladódios com comportamento semelhantes até os 720 DAP com medias de
19,64. Nas menores doses de 0 e 5 t/ha de esterco com medias de 13,11 cládodios o que
proporcionou um incremento de 49,80% no NCT aos 720 DAP nas doses intermediários 10 e
15 t/ha de esterco aumentando o acumulado de forragem disponível para os ruminantes o que
demonstra que a palma responde bem as doses intermediárias de adubação orgânica.
28
Equações de regressão R2(%)
Ŷ0 = 0,7234 + 0,0179*x 90
Ŷ5 = 0,2537 + 0,0186*x 97
Ŷ10= 2,4318 + 0,0309*x 91
Ŷ15= 1,6336 + 0,0295*x 97
Ŷ20= 1,1458 + 0,0290*x 94
Figura 2. Número de cladódios totais de palma forrageira cv Gigante submetida a diferentes
doses de adubação orgânica.
Dubex Jr. et al. (2006), avaliando Opuntia ficus-indica, variedade IPA 20, por meio
da mensuração do número de cladódios por planta em duas populações (5000 e 40000 plantas
por hectare, observaram que na ausência de adubação mineral, o número de cladódios por
planta variou de 4,1 (estande de 40000 planta ha-1
) a 7 cladódios por planta (estande de 5000
plantas ha-1
) . Quando adubada com 75 kg de N e 33 kg de P2O5 ha-1
, encontraram 12, 3
cladódios no primeiro e 5,9 no segundo estande, estes resultados mostra que a palma
forrageira é uma cultura que responde positivamente a adubação.
As médias e equação de regressão do efeito da adubação orgânica e DAP sobre a
altura de planta (AP) de palma forrageira encontram-se na Figura 3. Observa-se que houve
efeito significativo (P<0,05) linear da altura em função da adubação, com média de 127,77;
130,36; 127,94; 134,88 e 139,55 (cm) nas doses 0, 5, 10, 15, 20 t/ha de esterco caprino
respectivamente aos 720 DAP. A altura de planta é importante por ser uma característica
normalmente correlacionada com características de produção. Fato que está relacionado à
melhoria da textura do solo, além de incorporação de nitrogênio, fósforo e potássio, que
contribuem para o desenvolvimento da planta. Observa-se (Figura 3) que na ausência e nas
doses intermédias de esterco a palma apresentou crescimento semelhante ao das maiores
29
doses, o que é importante que se faça um estudo da relação benefício-custo, da adubação, pois
nas menores doses de adubação atendeu as exigências de altura da palma sendo desperdício
colocar níveis altos de esterco. Tendo em vista que o esterco caprino é rico em potássio, além
do solo da área experimental estar concentrado nesse nutriente, sendo o mais exigido pela
palma (colocar o autor daquele trabalho que diz isso), com doses intermediárias de esterco as
exigências da cultura provavelmente foram atendidas.
.
Figura 3. Altura de planta de palma forrageira cv Gigante submetida a diferentes doses de
adubação orgânica.
Silva et al. (2010b) relatam que os coeficientes de correlação para a variável altura de
palma forrageia indicam que as plantas mais altas possuem maior largura de planta, artículos
primários largos e compridos, artículos secundários compridos e artículos terciários espessos.
Nas Figuras 4 e 5 estão ilustrados os efeitos das doses de esterco caprino sobre o
comprimento e largura de cladódios de palma forrageira. Verifica-se que, em ambos os casos,
o aumento da dose elevou linearmente as variáveis até determinados pontos e depois se
estabeleceu. Esse comportamento caracteriza-se segundo Alvarez (1985), uma resposta do
tipo LRP (Linear Response-Plateau), a qual tem definidos dois segmentos: a um deles se
ajusta uma regressão linear, ao passo que o outro é representado pela média da variável
dependente. Esse modelo, também chamado de linear descontínuo, apresentou ajuste bem
superior ao do modelo linear simples. Adotando-se o modelo LRP, portanto, pode-se inferir
Equações de regressão R2(%)
Ŷ0 = 14,8068 + 0,1569*X 95 Ŷ5 = 20,0189 + 0,1782*X 98
Ŷ10= 20,2045 + 0,1496*X 96
Ŷ15= 25,7727 + 0,1515*X 95 Ŷ20= 28,3446 + 0,1545*X 96
ALT= altura de planta
30
que a largura atingiu o platô em menos dias (249 e 268) nas doses de 5 e 20 t/ha de esterco
com 20,25 e 20,62 cm respectivamente.
Verifica-se na Figura 4, que a largura dos cladódios aumentou lineamente com
incremento das doses de esterco caprino até 300, 249, 328, 299, 268 dias após o plantio com
medias de 17,77; 20,25; 19,14; 18,15 e 20,62 (cm) respectivamente, estabilizando em seguida.
Isso é importante na recomendação da colheita do palmal, uma vez que se a taxa de
largura aumenta lineamente até certa idade de desenvolvimento da planta pode-se ser
utilizado com critério para colheita precoce do palmal.
Figura 4. Largura de cladódio de palma forrageira cv Gigante submetida a diferentes doses de
adubação orgânica.
Observa-se na Figura 5, que o comprimento dos cladódios aumentou lineamente com
incremento das doses de esterco caprino até 281, 276, 251, 218, 226 dias após o plantio com
medias de 29,21; 30,00; 33,08; 31,25 e 31,33 (cm) respectivamente, estabilizando em seguida.
Um dos critérios da colheita poderia ser a maximização do comprimento dos
cladódios até sua estabilidade, que neste caso o platô foi atingido mais rapidamente aos 218
DAP com 31,25 cm no nível de 15 t/ha de esterco, demonstrando que esta variável responde a
doses intermediárias de adubação orgânica. Nascimento et al. (2011) afirmam que o
comprimento de cladódio é influenciado pelos níveis de adubação orgânica.
Equação de regressão R2(%)
Ŷ0 = 7,9134 + 0,0328x SE (x≤300) + 17,77 SE (x≥300) 90 Ŷ 5 = 5,6249 + 0,0487x SE (x≤249) + 20,25 SE (x≥249) 93
Ŷ10= 7,9916 + 0,0309x SE (x≤328) + 19,14 SE (x≥328) 80 Ŷ15=10,9807+ 0,0239x SE (x≤299) + 18,15 SE (x≥299) 87
Ŷ20= 6,8750 + 0,0458x SE (x≤268) + 20,62 SE (x≥268) 88
LC=largura de cládodios
31
Equação de regressão R2(%)
Ŷ0 = 11,0833 + 0,0604x SE (x≤ 281) + 29,21 SE (x≥ 281) 83
Ŷ5 = 13,0000 + 0,0566x SE (x≤ 276) + 30,00 SE (x≥ 276) 95
Ŷ10= 14,7083 + 0,0612x SE (x≤ 251) + 33,08 SE (x≥ 251) 91
Ŷ15= 14,2499 + 0,0708x SE (x≤ 218) + 31,25 SE (x≥ 218) 75
Ŷ20= 15,8333 + 0,0645x SE (x≤ 226) + 31,33 SE (x≥ 226)
CC= comprimento de cládodios
76
Figura 5. Comprimento de cladódio de palma forrageira cv Gigante submetida a diferentes
doses de adubação orgânica.
Estes valores foram superiores aos encontrados por Silva et al. (2010b), que
relacionando as características morfológicas e produtivas de 50 clones de palma forrageira
estabelecidos no palmal há cinco anos e submetidos ao primeiro corte dois anos antes da
avaliação, observaram que os clones avaliados apresentaram médias de 21,97 cm para o
comprimento do artículo, possivelmente devido ser dados de rebrota do palmal.
Ressalta-se que a dimensão do cladódio tem importância na captação de
luminosidade, órgão de reserva de água e responsável pela produção da maior parte dos
carboidratos essenciais ao crescimento e desenvolvimento das cactáceas favorecendo assim o
processo fotossintético e aumentando a produção por área, e que, órgãos com maiores
reservas apresentam maior potencial de adaptação ao estresse. O cladódio é a estrutura,
portanto uma maior área total de exposição à luz indica um maior potencial produtivo desta
planta.
Verifica-se que os efeitos do manejo de colheita e das doses de esterco aumentaram
linearmente (P<0,05) a produção de fitomassa e matéria seca de palma forrageira. Havendo
também diferenças entre os manejos de colheita e as doses de esterco. Salienta-se, com base
32
nos elevados valores dos coeficientes de determinação, que a maior parte do rendimento
forrageiro da palma está em função da adubação orgânica (Figura 6 e 7).
Santos et al. (1992) avaliaram a produtividade anual da palma miúda submetida a
três freqüências de colheita (anual, bienal e trienal) e três densidades de plantio (5.000, 10.000
e 20.000 plantas/ha). Constataram que a produtividade de MS em t/ha/ano, para as populações
de 5, 10 e 20 mil plantas/ha, foi de 5,9, 7,8 e 9,9 t/ha/ano, respectivamente. Para as diferentes
frequências de colheita foram obtidas produtividades de 6,9; 9,7 e 6,9 t/ha de matéria seca
para as freqüências anual, bienal e trienal, respectivamente.
Equações de regressão R2(%)
M1 colheita da palma aos 12 meses após o plantio Ŷ= 65,8996 + 5,8307*X 95 M2 colheita da palma 12 meses após a primeira colheita na rebrota Ŷ= 164,3828 + 4,6498*X 84
M3 colheita da produção acumulada aos 24 meses Ŷ= 228,0590 + 7,1730*X 57
M4 somatório da produção da primeira colheita e da rebrota Ŷ= 230,2824 + 10,4805*X 92
Figura 6. Rendimento de fitomassa de palma forrageira cv Gigante submetida a diferentes
manejos de colheita e doses de adubação orgânica.
A adubação orgânica na maior dose de esterco promoveu um incremento de
fitomassa da palma de 293, 52, 57, 83% e de produção de matéria seca 193, 56, 83, 92%,
para os manejos M1, M2, M3 e M4, respectivamente, quando se compara na ausência de
adubação (Figura 6 e 7). Possivelmente este acréscimo esta relacionado com o aumento dos
estoques de carbono orgânico e nitrogênio total, permitindo maior penetração e distribuição
radicular, aumento dos índices de agregação, de aeração, da capacidade de infiltração e
armazenamento de água do solo (Leite et al., 2003).
33
Menezes et al. (2002), avaliando a produtividade da palma em várias propriedades
em Pernambuco e Paraíba, observaram valores de PMV de 204 t/ha, considerando a produção
média em 33 meses. Esses valores de produtividade correspondem a toda biomassa produzida
pela palma, incluindo todos os cladódios primários, diferentemente do trabalho atual, que na
ocasião do corte e colheita da parte aérea para obtenção da PMV, preservou os cladódios
primários em cada planta, reduzindo à produtividade média dos tratamentos.
Os resultados médios encontrados nesta pesquisa para PMS 11,19; 16,78; 27,16; e
27,95 t/ha, na maior dose de esterco nos respectivos manejo de colheita são superiores aos
encontrados por Silva et al. (2010b), estudando produtividade de clones de palma forrageira
aos dois anos com 30 t/ha de esterco bovino, com PMS bianual de 7,1 t/ha. Dubeux Jr. &
Santos (2005) afirmaram que a utilização de esterco eleva a produtividade do palmal,
principalmente quando aplicado juntamente com fertilizantes químicos. Possivelmente este
resultado inferior de PMS seja devido à menor densidade populacional ou menor
disponibilidade de água no período experimental.
Observa-se na Figura 7, aumentos da PMS de 40, 11, 17 e 19% com 5 t/ha de esterco
no manejos de colheita M1, M2, M3 e M4, respectivamente quando comparado com a PMS do
palma sem adubo. Possivelmente este aumento na PMS com apenas a dose 5 t/ha de esterco
demonstrada que a adubação influencia significativamente os teores de nutrientes da parte
aérea da palma, bem como aumenta o teor de MS e rendimento forrageiro.
Segundo Kiehl (1985) a matéria orgânica (MO) exerce importantes efeitos benéficos
sobre os atributos do solo contribuindo substancialmente para o crescimento das plantas. No
aspecto químico, a MO funciona como fonte de nutrientes (principalmente de N, P, K, S) e de
cargas negativas, contribuindo para aumentar a Capacidade de Troca de Cátions (CTC).
Santos et al. (2006) em pesquisa sobre adubação orgânica e mineral, em palma
forrageira, cultivar Gigante, observaram aumento de 81% na produção de MS, com 10 t/ha de
esterco de curral e de 29% com 50 t/ha de N e P2O5 quando comparado com o plantio não
adubado.
34
Equações de regressão R2(%) M1 colheita da palma aos 12 meses após o plantio Ŷ= 3,4340 + 0,3879*X 92
M2 colheita da palma 12 meses após a primeira colheita na rebrota Ŷ= 10,4234 + 0,3177*X 88
M3 colheita da produção acumulada aos 24 meses Ŷ= 14,1873 + 0,6489*X 53 M4 somatório da produção da primeira colheita e da rebrota Ŷ= 13,8574 + 0,7048*X 92
Figura 7. Rendimento de matéria seca de palma forrageira cv Gigante submetida manejos de
colheita e diferentes doses de adubação orgânica.
Baseando-se nos coeficientes de regressão, verifica-se que o manejo de colheita do
palmal M4 foi mais responsivo para produção de matéria seca (coeficiente de regressão de
0,7048) Figura 7.
Segundo recomendações de adubação para a palma forrageira no Estado de
Pernambuco, as dosagens variam de acordo com o espaçamento, teores de nutrientes
disponíveis no solo, bem como com a fase da cultura (plantio e manutenção). De maneira
geral, a adubação nitrogenada situa-se entre 60 a 130 kg/ha de N para as populações de 5.000
e 40.000 plantas/ha, respectivamente. Com relação à adubação orgânica, a recomendação é
aplicar 25 m3 de esterco de curral, por hectare, após cada colheita (IPA, 2001).
Conforme ilustram os dados apresentados nas Figuras 6 e 7, verifica-se que as PMV
e PMS da rebrota (M2), foram superiores em relação ao que ocorreu com ao colheita do M1.
As produções da rebrota de palma forrageira aumentam conforme maior número de cortes
realizados. Este comportamento da palma forrageira pode estar relacionado com à morfologia
e fisiologia das cactáceas, as quais podem ser influenciadas pelas condições climáticas da
região e pelo sistema radicular já estabelecido, facilitando a absorção de água e nutrientes do
solo.
35
Blanco–macías et al., (2010) afirmaram que o potássio é um nutriente prontamente
disponível na matéria orgânica e de rápida absorção pela palma forrageira e determinaram que
a ordem das necessidades de nutrientes pela palma é a seguinte: K> Ca> Mg> N> P. Portanto,
a falta de monitoramento das condições do solo, torna inviável uma recomendação precisa de
adubação para a cultura. Esse ponto em questão deveria ser alvo de ações técnicas pontuais,
pois o aumento da produtividade em função de adubação impactaria diretamente a cadeia
produtiva do leite, em virtude do aumento do suporte forrageiro. Como o solo da área
experimental bem como o esterco apresentaram concentrações elevadas de potássio, esse fato
pode explicar porque a palma respondeu a doses intermediárias de adubo.
A palma é também considerada uma reserva estratégica de forragem e, neste caso, a
frequência de corte pode variar conforme a necessidade do produtor e das condições
climáticas. Em diagnóstico realizado por Almeida (2011) na região semiárida do Estado da
Bahia, observou-se que a colheita da palma forrageira é realizada em intervalos de um a três
anos ou quando se faz necessário, isto é, sob dependência do período de estiagem e da
escassez de forragem para os rebanhos. Rangel et al. (2009), constataram, no Cariri Ocidental
Paraibano, que 73,3% dos pecuaristas realizam o primeiro corte da palma entre 2 a 3 anos,
enquanto 16,7% cortam com 1 ano de implantação do palmal.
Em uma simulação da capacidade de suporte (CP) da palma forrageira (PF) em 1 ha
para confinar ovinos por um período de 100 dias utilizando a palma forrageira em 70% da
dieta, constatou-se uma capacidade de suporte de 85, 135, 150, 194 e 247 ovinos nas doses de
0, 5, 10, 20 10 t/ha de adubação orgânica respectivamente no M2. A adubação orgânica
estimula o rendimento da palma forrageira, favorece a capacidade de suporte da área,
proporcionando acentuado aumento na produção animal por hectare.
Considerando dados de PMS de milho, sorgo e palma forrageira em Pernambuco,
Ferreira (2005) aponta que essa cactácea produz mais energia por unidade de área que essas
duas gramíneas, com 6,43 t deNDT por ano e, respectivamente, 4,32 e 5,16 para o milho e
sorgo.
Os dados encontrados nesta pesquisa demonstram à viabilidade da aplicação do
adubo orgânico, na forma de esterco animal, no cultivo da palma forrageira, sendo na maioria
das vezes o fertilizante disponível nas unidades agrárias do SB. Ressalte-se, além disso, que
por se tratar de uma forrageira perene e de elevado potencial produtivo, a utilização de
adubação se torna viável, mesmo nas doses intermediarias de esterco.
Os resultados comprovam que a palma pode ser colhida com um ou dois anos após o
plantio, podendo o produtor escolher a freqüência de corte a ser adotada de acordo coma a
36
necessidade do seu rebanho, o qual é fortemente influenciado pela duração e intensidade da
seca no SB.
Verifica-se que o acúmulo de água aumentou (P<0,05) linearmente em função no
manejo de colheita e das doses de esterco (Figura 8). A maior disponibilidade de nutrientes no
solo promoveu um maior acúmulo de água nos cladódios, possivelmente, resultando em
acréscimo das reservas orgânicas e maior persistência a condições de déficits hídricos
prolongados. Esses maiores acúmulos de água promovida pela adubação orgânica podem ser
explicados em função do maior crescimento do sistema radicular da palma associado ao maior
número de cladódios apresentado pelas plantas adubadas.
A adubação orgânica com maior dose de esterco promoveu um acréscimo no
acúmulo de água de 152, 52, 56 e 77 kg de água ha-1
, para os manejos M1, M2, M3 e M4,
respectivamente, quando se compara a maior dose com ausência de adubação (Figura 8).
Uma quantidade elevada de água acumulada (média de 308,40 t/ha) foi armazenada
pela cultura na maior dose de esterco, que poderia ser usada como água para consumo animal.
Resultado superior ao encontrado por Leite (2009) para cv Italiana, com adubação química e
orgânica, no Cariri paraibano que acumulou 259.180 kg de água/ha. Possivelmente este
resultado superior se justifica pela maior intensidade e quantidade da precipitação pluvial
ocorrida durante o experimento.
A presença de palma na dieta dos ruminantes no período de seca ajuda aos animais a
suprir grande parte da água necessária do corpo, sendo, muitas vezes, o único alimento
disponível na época seca. Considerando os resultados encontrados nesta pesquisa, com média
de 308,40 kg/ha de água armazenada pela palma, adubada com 20 t/ha de esterco, um hectare
cultivado com esta forrageira supriria as necessidades hídricas de 168 ovinos por ano.
Leite (2009) relata que água armazenada pela palma forrageira em um hectare é
equivalente a 25 carros-pipa. Santos et al. (2006b) afirmaram que o fato da palma forrageira
possuir alto conteúdo de água representa uma valiosa contribuição no suprimento desse
líquido para os animais no SB.
37
Equações de regressão R2(%) M1 colheita da palma aos 12 meses após o plantio Ŷ= 62,4653 + 5,4443*X 96
M2 colheita da palma 12 meses após a primeira colheita na rebrota Ŷ= 153,9594 + 4,3321*X 84
M3 colheita da produção acumulada aos 24 meses Ŷ= 213,8716 + 6,5240*X 58 M4 somatório da produção da primeira colheita e da rebrota Ŷ= 216,4219 + 9,1747*X 92
Figura 8. Acúmulo de água de palma forrageira cv Gigante submetida a manejos de colheita e
doses de adubação orgânica.
Conforme Nobel (2001), durante as primeiras semanas de seca pouca mudança é
observada na palma, reflexo da capacidade de armazenamento da água nos cladódios e das
baixas exigências hídricas inerentes as plantas que tem a via do metabolismo CAM. Somente
após dois meses é que pode ser observada uma perda pequena diária do CO2, isto acontece
porque neste momento a respiração começa a se tornar maior que à fotossíntese líquida.
Quando comparado com plantas que apresentam metabolismo C3 e C4 observa-se a ampla
adaptação das espécies MAC. Com isso é inegável que o conteúdo de água no solo é o
principal fator limitante para absorção do CO2 de Opuntia ficus-indica.
A água desempenha um papel fundamental na planta, participando da maioria dos
processos bioquímicos essenciais à vida e constituindo de 80 a 95% a massa dos tecidos
vegetais. Nas plantas a água é continuamente perdida para a atmosfera e absorvida do solo.
Para cada grama de matéria orgânica produzida pela planta, aproximadamente 500 g de água
são absorvidos pelas raízes, transportados através do corpo da planta e perdidos para a
atmosfera (Taiz e Zeiger, 2004).
A adubação orgânica, independente das doses, aumentou lineamente a eficiência do
uso as chuva (EUC) com uma maior quantidade de matéria seca produzida por unidade de
38
chuva precipitada (Figura 9). Ressalta-se, ainda, que as perdas de água através do processo de
evapotranspiração, escoamento superficial e drenagem profunda não foram levados em
consideração, contribuindo para o valor subestimado da EUC.
A adubação orgânica com maior dose de esterco promoveu um incremento na EUC
de 200, 56, 83 e 91% kg de MS//ha/mm de chuva, para os manejos M1, M2, M3 e M4,
respectivamente, quando se compara a maior dose com ausência de adubação (Figura 9).
A eficiência no uso de chuva por parte das plantas CAM é muito superior às plantas
de metabolismo C3 e C4. Em relação às plantas C3 essa superioridade atinge até onze vezes
(Sampaio, 2005). Conforme observações de Mohamed-Yasseen et al. (1996), a capacidade de
adaptação desta cultura aos ecossistemas áridos e semiáridos, também se expressa no seu
potencial de armazenar água e nutrientes no período das chuvas, para serem usados na época
seca, mais economicamente do que as culturas alternativas.
Enquanto isto, estudos realizados no México notaram efeito significativo da espécie
e do estádio de crescimento sobre a percentagem de matéria seca da palma forrageira. Os
dados sinalizam para uma possível relação entre a capacidade de utilização da água
armazenada pela planta e o índice pluviométrico médio anual das regiões de origem das
espécies (Ramírez-tobías et al., 2007).
Leite (2009) relata que o maior aproveitamento da chuva pela palma forrageira é
devido suas adaptações anatômicas, morfológicas e fisiológicas aos ambientes áridos e
semiáridos.
Ben Salem & Nefzaoui (2002) relataram que a grande importância das cactáceas, em
regiões áridas e semiáridas consiste na sua elevada EUC, em converter água em matéria seca
baseado em seu mecanismo fotossintético especializado e por permanecerem suculentas
durante a seca, produzindo continuamente forragem.
Incrementos da EUC, em resposta à adubação de palma forrageira, são relatados na
literatura. Dubeux et al. (2006) estimaram a EUC média da palma (Opuntia fícus indica) cv.
IPA 20, em 18 kg de MS/ha/mm de chuva no Semiárido pernambucano.
39
Equações de regressão R2(%) M1 colheita da palma aos 12 meses após o plantio Ŷ= 6,6165 + 0,7458*X 92
M2 colheita da palma 12 meses após a primeira colheita na rebrota Ŷ=21,4900 + 0,6552*X 88
M3 colheita da produção acumulada aos 24 meses Ŷ= 14,1315 + 0,6463*X 53 M4 somatório da produção da primeira colheita e da rebrota Ŷ= 13,8026 + 0,7018*X 92
Figura 9. Eficiência do uso da chuva de palma forrageira cv Gigante submetida a manejos de
colheita a diferentes doses de adubação orgânica.
Quando a planta é submetida a déficit de água, ocorre no seu interior uma série de
reações bioquímicas tentando contornar esta situação. Nobel e Zutta (2008) relatam que há
evidências de sinais químicos das raízes das cactáceas que agem diretamente no
comportamento dinâmico dos estômatos em condições de déficit hídrico no solo. Além disso,
o déficit hídrico estimula a expansão do sistema radicular para zonas mais profundas e úmidas
do perfil do solo.
Na Figura 10 pode-se verificar que houve aumento linear (P<0,05) no percentual de
água acumulada pela palma em relação ao total de água das chuvas, à medida que se
aumentaram as doses de adubação orgânica.
A adubação orgânica com maior dose de esterco promoveu maior percentual de água
acumulada pela palma de 159, 52, 57 e 82%, para os manejos M1, M2, M3 e M4,
respectivamente, quando se compara a maior dose com ausência de adubação (Figura 10).
Esses dados corroboram com Inglese (1995) que afirmou que em altas densidades de plantio a
palma deve ser colhida anualmente, pois evita o auto sombreamento bem como reduz a
infestação pela praga cochonilha do carmim.
40
Equações de regressão R2(%) M1 colheita da palma aos 12 meses após o plantio Ŷ= 11,8635 + 1,0835*X 95
M2 colheita da palma 12 meses após a primeira colheita na rebrota Ŷ= 31,7455 + 0,8931*X 85
M3 colheita da produção acumulada aos 24 meses Ŷ= 21,3035 + 0,6496*X 57 M4 somatório da produção da primeira colheita e da rebrota Ŷ= 21,5570 + 0,9736*X 92
Figura 10. Relação de água acumulada nos cladódios de palma forrageira cv Gigante
submetida a manejos de colheita doses de adubação orgânica.
O processo evolutivo da fotossíntese das plantas CAM tem como resultado uma
maior eficiência no uso de água comparado as plantas C3, o qual pode ser medido como a
relação entre a massa de água transpirada e a massa de CO2 fixada, em medidas de curto
prazo.
41
CONCLUSÕES
Nas condições de solo e clima em que foi conduzido o experimento, pode-se concluir
que:
*A adubação orgânica incrementa a produtividade de fitomassa e eficiência do uso de água
pela palma forrageira, mesmo em doses intermediárias, em torno de 10 t/ha. O corte anual
pode ser empregado como prática de manejo da palma forrageira.
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, J. de. A palma forrageira na região semiárida do estado da Bahia:
diagnóstico, crescimento e produtividade. Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia. Cruz das Almas – BA, 2011. 95f. (Tese de Doutorado).
ALVIM, M. J. et al. Avaliação sob pastejo do potencial forrageiro de gramíneas do gênero
Cynodon, sob dois níveis de nitrogênio e potássio. Revista Brasileira de Zootecnia, v.
32, n. 1, p. 47-54, 2003.
ALVAREZ V., V. H. Avaliação da fertilidade do solo: superfícies de resposta - modelos
aproximativos para expressar a relação fator-resposta. Lavras: UFLA, 1985. n. 228,
p.75.
BLANCO–MACÍAS, F. et al. Nutritional reference values for Opuntia ficus–indica
determined by means of the boundary–line approach. Journal of Plant Nutrition and
Soil Science. v.173, n.6, p.923–934, 2010.
BEN SALEM, H.; NEFZAOUI, A. Opuntia ssp. – a strategic fodder and efficient tool to
combat desertification in the Wana Region. In: MONDRAGON-JACOBO, C.;PÉREZ-
GONZALÊZ, S. E. (Ed.) Cactus (Opuntia spp.) as forage. n.169. Roma: FAO, 2002.
DUBEUX JR., J. C. B.; SANTOS, M. V. F. Exigências nutricionais da palma forrageira. In:
MENEZES, R. S. C.; SIMÕES, D. A.; SAMPAIO, E. V. S. B. A palma no Nordeste do
Brasil: conhecimento atual e novas perspectivas de uso. Recife: Ed. Universitária da
UFPE, 2005. 258 p.
DUBEUX JÚNIOR, J. C. B. et al. Productivity of Opuntia ficus-indica (L.) Miller under
different N and P fertilization and plant population in north-east Brazil. Journal of Arid
Environments, v. 67, p. 357-372, 2006.
43
EMBRAPA-EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA Solos. UEP
Recife, 2006. Disponível em http://www.uep.cnps.embrapa.br/solos/index.html. Acesso
em: 11 julho 2011.
FERREIRA, M. A. Palma forrageira na alimentação de bovinos leiteiros. Recife: UFRPE,
Imprensa Universitária, 2005. 68p.
IPA. Racionalização do Cultivo da Palma Forrageira (Opuntia e Nopalea) para a
Agricultura Familiar do Semi-Árido. Recife, 2001.
INGLESE, P.; BARBERA, G.; MANTIA, T. L. Research strategies for the improvement of
cactus pear (Opuntia ficus-indica) fruit quality and production. Journal of Arid
Environments, v: 29, p: 455-468, 1995.
KIEHL, E. J. Manual de edafologia. São Paulo. 2. Edição. Ed. Ceres, 1985.
LEITE, L. F. C. et al. Estoques totais de carbono orgânico e seus compartimentos emargissolo
sob floresta e sob milho cultivado com adubação mineral e orgânica. Revista Brasileira
de Ciência do Solo. v. 27, p.821-832, 2003.
LEITE, M. L. M. V. Avaliação de clones de palma forrageira submetidos a adubações e
sistematização de informações em propriedades do semiárido paraibano. 2009. 209 p.
Tese (Doutorado em Zootecnia). Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da
Paraíba. Areia-PB.
MENEZES, R. S. C. et al. Avaliação da produtividade de palma forrageira agrícola familiar
no Agreste e Curimatau da Paraíba. In: SILVEIRA, L. M.; PETERSEN, P.; SABOURIN,
E. (org.) Agricultura familiar e agroecologia no Semi-árido: avanços a partir do
Agreste da Paraíba. Rio de Janeiro, AS-PTA, 2002. p. 275-280.
MOHAMED-YASSEEN, Y. et al,. A note on the uses of Opuntia spp. in Central/North
America. Journal of Arid Environments, v. 32, n. 3, p. 347-353, 1996.
44
NASCIMENTO, J. P. et al. Caracterização morfométrica de Opuntia ficus-indica sob
diferentes arranjos populacionais e fertilização fosfatada. Tecnologia & Ciência
Agropecuária. João Pessoa, 2011. v.5, n.3, p.21-26.
NOBEL, P. S. Biologia ambiental. In: BARBERA, G; INGLESE, P.; PIMIENTA BARROS,
E. Agroecologia, cultivo e usos da palma forrageira. João Pessoa: FAO, SEBRAE/PB,
2001. p.36-48.
NOBEL, P. S.; ZUTTA, B. R. Temperature tolerances for stems and roots of two cultivated
cacti, Nopalea cochenillifera and Opuntia robusta: Acclimation, light and drought.
Journal of Arid Environments, v. 72, p. 633-642, 2008.
RANGEL, J. A. F. et al. Caracterização do corte e fornecimento da palma forrageira no
Cariri Ocidental Paraibano, 2009. Disponível em:
www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/listaresumos.htm. Acesso em 22 de fevereiro de
2012.
RAMÍREZ-TOBÍAS, H.M. et al,. Efecto de la espécie y madurez sobre el contenido de
nutrientes de cladódios de nopal. Agrociencia. v. 41, n. 6, p. 619-626, 2007.
SAS INSTITUTE. SAS System for windows. Version 9.1.3 cary: SAS Institute Inc. 2002. 2
CD-ROMs.
SAMPAIO, E.V.S.B. Fisiologia da palma. In: MENEZES, R.S.C.; SIMÕES, D.A.;
SAMPAIO, E.V.S.B. (Eds). A palma no Nordeste do Brasil conhecimento atual e
novas perspectivas de uso. 2. ed. Recife: Editora universitária da UFPE, 2005. p.43-63.
SANTOS, D.C. dos Estimativa de parâmetros genéticos em caracteres de clones da
palma forrageira (Opuntia ficus-indica, Mill. e Nopalea cochenillifera, Salm Dyck).
Recife: UFRPE, 1992. 119 p. (Dissertação de mestrado).
SANTOS, D. C. et al. Produtividade de cultivares de palma forrageira (Opuntia e Nopalea).
In: SIMPÓSIO NORDESTINO DE ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES, 7., 2000,
Teresina. Anais... Teresina: SNPA, 2000. p.121-123.
45
SANTOS, D.C. et al. Niveis de nitrogeio e fosforo em palma forrageira (Opunitia ficus-
indica) clone IPA-20 sob dois espaçamentos.In:CONGRESSO NODESTINO DE
PRODUÇÃO ANIMAL,4., 2006,Petrolina. Anais...Petrolina:SNPA,2006.p.381-383.
SANTOS, D. C. et al. Manejo e utilização da palma forrageira (Opuntia e Nopalea) em
Pernambuco. Recife: IPA, 48p. (IPA. Documento, 30). 2006b.
SILVA, C. P. M. et al,. Esterco de gado leiteiro associado à adubação mineral e sua influência
na fertilidade de um latossolo sob plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo.
v. 34, p.453-463, 2010a.
SILVA, N. G. M. et al,. Relação entre características morfológicas e produtivas de clones de
palma-forrageira. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 39, n.11, p.2389-2397, 2010b.
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE - O Nordeste Semi-Árido e o
Polígono das Secas. Recife, 2003. Acesso em 18 de Dezembro de 2011.
http://www.sudene.gov.br/nordeste/index.html. Acesso 06 ago 2011.
TAIZ, L. ; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3.ed. - Porto Alegre: Artmed, 719p, 2004.
TELES, M. M. et al. Efeitos da adubação e de nematicida no crescimento e na produção da
palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) cv. Gigante. Revista Brasileira de
Zootecnia, Viçosa, MG, v. 31, n. 1, p. 52-60, 2002.