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s Comentado [LM1]: Excesso de valorização das novidades nas práticas pedagógicas prejudica a reflexão e a construção do sentido do ensino de arte, afastando-o do estudante.

John Dewey e o Ensino de Arte No BR - Cap 3 (2)

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Reflexões sobre "John Dewey e o Ensino de Arte No BR - Cap3- Ana Mae Barbosa"

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Comentado [LM1]: Excesso de valorização das novidades nas práticas pedagógicas prejudica a reflexão e a construção do sentido do ensino de arte, afastando-o do estudante.

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Comentado [LM2]: Como consequência, o ensino de arte se alternou entre "o desenvolver habilidade e o laissez faire". As aulas de arte acabam se padronizando, tanto na rede pública quanto privada, centralizada em trabalhos de ateliê e datas festivas comerciais.

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Comentado [LM3]: Uma tradicional concepção conservadora no ensino de arte é mais fácil de se combater. O problema é quando o conservadorismo se apresenta com máscaras modernas e mistificadas, contaminando aqueles que desconhecem o passado ou a teoria. ...

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Comentado [LM4]: A busca de uma nova proposta pedagógica não garante, à priori, sua eficácia. A importação de certos conceitos poderia ser positiva, em relação a uma proposta totalmente autóctone. E no caso do Brasil, faria sentido, dada a característica de dependência política e econômica do país.

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Comentado [LM5]: Assim, a educação brasileira estaria montada de forma a garantir essa relação de dependência do país à sua metrópole, em uma relação mais sutil e sofisticada após a 2ª Guerra. "Grupos centrais na metrópole transmitem modelos a grupos dominantes em países periféricos, os quais estabelecem o padrão do modelo educacional, de maneira a limitar a possibilidade de emergência de novas formas de desenvolvimento institucional."

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Comentado [LM6]: O ensino de arte sofre consequências do nacionalismo do início do séc. XX, como a introduçao do Folclore no currículo. Essa relação viabiliza a transmissão de valores da metrópole, uma sociedade independente, para a colônia ou província, ainda dependente, prejudicando o desenvolvimento de valores próprios. Assim, gera-se uma sociedade de consumidores de produtos e valores importados. Esse fenômeno alienou a América Latina no séc. XX. Desconhecemos as origens do que praticamos, muitas vezes modelos estrangeiros, e esse processo vai se aprofundando nas raízes da cultura. Os professores foram veículos da transmissão dessas ideias, ao longo de todo o séc. XX, sem conhecer as origens ou o sentido do que praticavam.

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Comentado [LM7]: A educação brasileira seria uma colagem de experiências vindas de fora. A conscientização da dependência estrangeira na pedagogia brasileira seria o primeiro passo para buscar a independência. A consciência histórica é fundamental. No entanto, é comum aceitar modelos importados, dotados de mecanismos multinacionais de dominação, como sendo genuinamente brasileiros. A conscientização da dependência estrangeira na pedagogia brasileira seria o primeiro passo para buscar a independência. A consciência histórica é fundamental.

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Comentado [LM8]: A educação brasileira não deve se isolar no mundo, mas também não deve incorporar passivamente modelos estrangeiros. Para avançar nesse ponto, a questão central seria o despertar da consciência a respeito das particularidades da sociedade e da cultura brasileiras. Pensar a educação brasileira é pensar a formação do Brasil, sob a perspectiva da dependência colonial e da invasão cultural. “olhando para trás, para entender o agora”

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Comentado [LM10]: Desenvolvimento de um modelo artístico, fruto de uma dominação jesuítica vinda de Portugal – Barroco Jesuítico, prevalecendo por mais de 200 anos de colonização brasileira. Destituição do ensino jesuítico, implementação de um novo modelo educacional – reforma de Pombal, marco na historiografia da educação brasileira, via pela qual o iluminismo se implantou no Brasil. Neste recorte, a educação geral recebe influência britânica. Criação do Colégio Pedro II para a formação da elite brasileira. Na arte, concepções impostas pela Missão Francesa, uma invasão cultural de cunho elitista. O Barroco Brasileiro é substituído pelo Neoclassicismo. A concepção popular de arte é substituída por uma concepção burguesa. Liberais atribui o ensino do desenho como matéria mais importante do currículo, na escola primária e secundária. Praticava-se a cópia de retratos de pessoas importantes da cultura europeia, de estampas que retratavam paisagens que contrastavam com a realidade local. Sutilmente, era incorporado na cultura brasileira o sentimento de valoração de uma estética superior, no caso a europeia, a americana e belga em contraste à desvalorização da cultura local, considerada “rude”.

Comentado [LM9]:

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Comentado [LM11]: É portanto o modelo de Walter Smith, cujos conteúdos já haviam entrado no circuito da educação brasileira através de Abílio César Pereira Borges, que a partir de então teríamos imperando nos ginásios brasileiros. São conteúdos que permaneceram

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Comentado [LM12]:

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Comentado [LM13]: As consequências daquele período de abertura política, entre JK e Jango, alcançam diversas áreas da sociedade: educação, valorização da cultura popular, literatura, cinema, teatro, arquitetura. Os avanços na educação foram marcados pelo decreto da LDB, a Lei de 1958, criação da UNB, e algumas experiências como as Escolas Parque, em Brasília e Salvador, os Colégios de Aplicação, especialmente no Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraná, entre outros.

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Comentado [LM14]: A UNB foi criada nesse período, e nela a arte educação tinha um papel relevante. "Educação através da arte". A trajetória e as discussões realizadas na fundação da Universidade de Brasília, evitando que ela se tornasse tecnocrata, influenciaram o desenvolvimento do sistema educacional brasileiro.

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Comentado [LM15]: Atualmente, prevalece o mesmo espírito opressor de décadas de outrora. Contribuições de Paulo Freire, instrumento para a “intervenção crítica da realidade” naquela época, consolida seu método de libertação através da “conscientização” como modelo educacional genuinamente brasileiro.

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Comentado [LM16]: É nesse ambiente repressivo da segunda metade da década de 60 que Paulo Freire consolida sua abordagem, a proposta de libertação através da conscientização, que se torna central no desenvolvimento de um modelo propriamente brasileiro. Aprova-se a lei que institui a arte no currículo sem, no entanto, antecipar questões fundamentais para sua aplicabilidade, dentre as quais, a falta de professores com formação. Cria-se o curso de Licenciatura Curta, o início do fracasso deste ensino – formação fragilizada e concepção equivocada.

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Comentado [LM17]: Os governos militares estabelecem a inclusão do ensino de arte no currículo, sem abrir mão de uma abordagem rígida e disciplinadora. O resultado dessa política é a difusão, pelo país, de um ensino de arte medíocre, fundamentado na polivalência. A Educação Artística se apresenta sob imposições de um currículo mínimo estabelecido pelo Ministério da Educação; Máfia dos diplomas incrementada por universidades em todo o país – professores sem consistência. Institucionalização da educação artística no Brasil

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Comentado [LM18]: Governo Federal e seu controle, atualmente, revestido pela BNCC. Mudança para uma prática especialista Onde estão os especialistas? Em não havendo, busca-se mecanismos para tê-los: Autorização para professores de desenho geométrico ensinarem arte. Treino de professores “compulsórios”. A falta de concursos públicos sinaliza uma possível rotina na rede que leva à situação semelhante abordada pela autora –

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Comentado [LM19]: O processo de elaboração de um sistema educacional brasileiro acaba sucumbindo as demandas periféricas, satisfazendo mais aos interesses e necessidades do gestor público ou do aparelho repressor. Fica latente a manipulação da arte à serviço de outras áreas. Este texto parece escrito hoje. As questões continuam as mesmas, embora, vivemos décadas depois. O intento inicial sobre a função da arte na escola: ajudar os estudantes a se tornarem mais humanos.

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Comentado [LM20]: Nesse cenário, ensino compulsório de arte nas escolas serve à estratégia do aparelhamento ideológico dos estudantes. Transmite-se para a sociedade a falsa impressão de que o sistema de ensino se importa com a dimensão humana do estudante, mas na prática, desenvolve-se um ensino de baixa qualidade, que em vez de nos aproximar de um espírito crítico, nos afasta dele O resultado é a contaminação do sistema de ensino pelo conservadorismo repressor. Condena-se a originalidade, o desvio, o risco. A escola passa a ser um ambiente fundamental de conformação social, difundindo a cultura da submissão e da ordem. Em vez de contribuir para uma escola mais humanista, a arte deveria apenas deixar de atrapalhar a escola em seu trabalho de enquadramento e padronização da sociedade.

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Comentado [LM21]: