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  • Maro/Abril 2013Jornal Sade da Famlia

    EspecialOs principais resultados do25 Seminrio Internacional deInovao em Ateno Primria (SIAP)Pgina 3

    EntrevistaLuis Eugnio Portela, presidente daAssociao Brasileira de Sade Coletiva (Abrasco) gesto 2013/2015Pgina 8

    CapaTodos os detalhes sobre o Programa de Valorizao do Profissional da Ateno Bsica (Provab) 2013Pgina 4

    Apesar de boa iniciativa, Provab traz preocupaoO Programa de Valorizao do Profissional da Ateno Bsica (Provab) chega segunda edio com mais de 4 mil mdicos inscritos, nmero 10 vezes maior do que no ano passado. A ideia levar a Ateno Bsica a cada vez mais cidados de periferias e locais carentes de todo o Pas.No entanto, o Jornal Sade da Famlia traz uma matria completa sobre o tema e mostra

    que, apesar dos benefcios, o Programa do Ministrio da Sade traz algumas preocupaes. Uma das mais destacadas o tempo que esses profissionais permanecem nos locais de trabalho (apenas um ano). A falta de estrutura para atendimento tambm queixa constante.O crescimento exponencial do Provab tambm demonstra um certo distanciamento de sua funo essencial, que o provimento de mdicos

    para comunidades que no contavam com assistncia mdica. A atitude do Governo Federal, no entanto, foi a medida encontrada, ao menos por enquanto, para minimizar o problema da falta de mdicos nas reas mais distantes do Brasil.Confira em nossa matria de capa entrevistas com organizadores, mdicos selecionados para atuar no Provab 2 e com o representante da SBMFC, Daniel Knupp. Pgina 4.

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    Sociedade Brasileirade Medicina de Famliae Comunidade

    Ano III Edio 16

    JORNALSADE DA FAMLIA

  • Maro/Abril 2013Jornal Sade da Famlia

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    Ademir Lopes JuniorDiretor de Comunicao

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINADE FAMLIA E COMUNIDADE

    DIRETORIA (rgo executivo - gesto 2012-2014)Presidente: Nulvio Lermen JuniorVice-Presidente: Thiago Gomes TrindadeSecretaria Geral: Paulo Poli NetoDiretor Financeiro: Clo BorgesDiretor de Comunicao: Ademir Lopes JuniorDiretor de Pesquisa e Ps-Graduao Lato Sensu: Daniel KnuppDiretor de Graduao e Ps-Graduao Stricto sensu: Roberto UmpierreDiretora Cientfica: Juliana Oliveira SoaresDiretor de Titulao: Emlio Rossetti PachecoDiretor de Exerccio Profissional: Oscarino dos Santos Barreto Junior Diretor de Medicina Rural: Nilson Massakazu Ando

    ExpedienteRS PRESS EDITORA

    Jornalista responsvel: Roberto Souza | MTB: 11.408Editor-chefe: Fbio BerklianEditor: Rodrigo MoraesSubeditora: Tatiana PivaReportagem: Anderson Dias, Marina Panham e Samantha CerquetaniProduo Editorial: Priscila HernandezProjeto Grfico: Luiz Fernando AlmeidaDiagramao: Leonardo Fial, Luiz Fernando AlmeidaFelipe Santiago e Rafael Sarto

    Editorial

    Propagao da melhor sade no Pas

    Afalta de mdicos nas regies perifricas e mais distantes no Brasil um problema bem conhecido pela popula-

    o e, claro, por ns mdicos. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2010, o Pas contava com 334 mil mdicos que atendiam 185 milhes de brasileiros, ou seja, 1,95 mdicos por habitante.

    preciso dizer que a recomendao da OMS de um mdico para cada mil habitan-tes um mito. Essa recomendao no est escrita em nenhum documento oficial, nem h explicaes de quais seriam as bases para ela. Assim, mais do que uma recomendao internacional, o que nos resta so compara-es internacionais.

    Nesse sentido, percebemos que pases com sistemas de sade universal e com fi-nanciamento majoritariamente pblico, ou seja, como o Sistema nico de Sade (SUS) se prope ser, tm entre 1.000 a 1.800 pacien-tes para cada MDICO DE ATENO PRIMRIA. Nesses pases, a proporo to-tal de mdicos por habitante, considerando

    todas as especialidades, est em: Canad - 2,36, Inglaterra - 2,64, Espanha - 3,71, Portugal - 3,76 e Cuba - 6,39.

    Porm, para alm do debate sobre qual a quantidade total de mdicos que o Brasil necessita, h uma concordncia entre to-dos os governantes e entidades mdicas: a enorme desigualdade na distribuio des-ses profissionais. Enquanto nas capitais, o nmero de mdicos por habitante 4,2; no interior de alguns estados cai para 0,09 nvel inferior ao de pases pobres da frica.

    Foi toda essa disparidade que serviu como base para a elaborao do Programa de Valorizao do Profissional da Ateno Bsica (Provab). Um projeto que visa in-centivar aos mdicos atuar em regies de difcil provimento. O projeto tem financia-mento da Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade (SGTES).

    Esse ano o Programa est em sua se-gunda edio e no final do ms de fevereiro, o MS promoveu uma coletiva de imprensa para lanar oficialmente o Provab 2013. Na matria de capa dessa edio, voc acompa-

    nha todos os detalhes sobre essa iniciativa, inclusive, com entrevista com o diretor da SGTES, Felipe Proeno, que abordou os benefcios e problemas do Programa. Alm de conhecer a histria da mdica de famlia cuiabana Suellen Louzich, uma das aprova-das na edio de 2013, voc confere qual a opinio e posio da Sociedade Brasileira de Medicina de Famlia e Comunidade (SBMFC) em relao ao assunto.

    Outros importantes temas como a Sade Coletiva no Pas surgem na entrevis-ta exclusiva que o presidente da Associao Brasileira de Sade Coletiva (Abrasco), Luis Eugnio Portela Fernandes, concedeu ao Jornal Sade da Famlia. Na editoria Especial, leia uma breve cobertura sobre o 25 Seminrio Internacional de Inovao em Ateno Primria (SIAP) e, ainda, even-tos e acontecimentos importantes da nos-sa especialidade nos ltimos dois meses. Tenham todos uma tima leitura!

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    Especial

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    O 25 SIAP recebeu especialistas de medicina de famlia e comunidadede vrias regies do Pas, da Amrica Latina e da Europa

    Atransmisso online para pa-ses como Argentina, Equador, Peru, Uruguai, Espanha e Portugal, possibilitou que apro-

    ximadamente 250 participantes virtuais e 60 presenciais participassem do 25 Seminrio Internacional de Inovao em Ateno Primria (SIAP), realizado na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 2 e 3 de maro.

    Sob coordenao do mdico de fam-lia e comunidade espanhol, Juan Grvas, o evento recebeu especialistas da aten-o primria de vrias regies do Brasil, Amrica Latina e Europa, que acompa-nharam discusses sobre prticas ino-vadoras e exitosas na ateno primria, com nfase na reforma e implementao de cuidados primrios de sade. Na oca-sio, Maria Inez Padula Anderson, presi-dente da Confederao Iberoamericana de Medicina Familiar (CIMF/WONCA) para a regio Conesul, enfatizou a importn-cia de conhecer as experincias nacionais e internacionais para qualificar a ateno primria no Pas. Segundo Paulo Poli, di-retor da Sociedade Brasileira de Medicina de Famlia e Comunidade (SBMFC), o seminrio teve dois enfoques: a apre-sentao de experincias inovadoras na ateno primria no Brasil com relatos sobre como melhorar o acesso da po-pulao s unidades de sade e como oferecer o melhor cuidado para deter-minadas situaes clnicas; e debater as diferentes formas de remunerao desses profissionais. Esse ltimo permitiu aos participantes conhecer as vantagens e desvantagens do pagamento por salrio fixo, por capitao, por performance e por produo, disse ele.

    Rio de Janeiro sedia seminrio internacional sobre o tema

    Para Grvas, o seminrio proporcionou uma anlise das melhores formas de incen-tivos para que o MFC, enfermeiros, agen-tes de sade e outros membros da equipe, possam ofertar os melhores servios para os usurios da ateno primria. De acor-do com o diretor de Graduao e Ps- -Graduao Stricto sensu, da SBMFC, Thiago Trindade, o evento possibilitou por meio da troca de experincias, um apren-

    dizado fundamental para os MFCs desen-volverem projetos junto sua comunidade e que potencialize a qualidade do cuidado, atravs do uso de ferramentas de gesto da clnica, melhora do acesso, garantia de equi-dade, de forma a qualificar a ateno prim-ria no atingimento de seu objetivo de como contribuir para produo de sade das pes-soas. Confira entrevista completa com os dois especialistas da SBMFC aqui.

    Inovao em ateno primria

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    Afalta de mdicos nas regies perifricas e mais distantes no Brasil um problema j conhecido pela maioria da

    populao. De acordo com nmeros divul-gados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2010, o Pas conta com 334 mil mdicos atendendo a 185 milhes de bra-sileiros. Quando realizada a conta de n-meros de mdicos por habitantes, a mdia de um profissional a cada 578 pessoas.

    Mas, enquanto nas capitais do Pas, o nmero de mdicos maior at que em pases desenvolvidos (um mdico para cada 238 habitantes, o que ultrapassa a mdia de pases como Alemanha, Blgica e Sua), no interior de alguns

    Ministrio da Sade anuncia atualizaessobre Programa que leva profissionais a locais

    distantes e pobres do Brasil

    estados a mdia vai para um mdico a cada 11 mil pessoas, nvel inferior ao de pases pobres da frica.

    Toda essa disparidade serviu como base para a elaborao do Programa de Valorizao do Profissional da Ateno Bsica (Provab). Trata-se de um projeto para profissionais que forem atuar em cidades interioranas ou em periferias dos grandes centros. Esta ao tem financiamento do Ministrio da Sade (MS) e organizao da Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade (SGTES).

    Para o diretor de Pesquisa e Ps- -Graduao Lato-Sensu da Sociedade Brasileira de Medicina de Famlia e Comunidade (SBMFC), Daniel Knupp, o

    Novidades sobre a segunda edio

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    programa positivo, j que leva a Ateno Bsica a locais carentes desse tipo de aten-dimento. No entanto, o dirigente tem algu-mas ressalvas, principalmente no que diz respeito ao curto perodo de tempo que os profissionais permanecero em seus locais de atuao (perodo de um ano).

    De acordo com ele aes como essa so necessrias at que o Pas possa en-contrarrespostasmais apropriadas para essa situao. Por outro lado, a SBMFC entende que a qualidade dos servios de ateno primria est intimamente ligada solidez da formao dos profis-sionais que nela atuam e permanncia desse profissional por longos perodos de tempo, opinou Knupp.

    Pessoas de locais desassistidos

    anteriormente sero beneficiadas, mas preciso pensar

    no tempo que esses profissionais vo

    permanecer no local

    Para anunciar o lanamento de sua segunda edio, O Ministrio da Sade promoveu uma coletiva de imprensa no final do ms de fevereiro, e na ocasio foram feitas algumas consideraes so-bre o Programa pelo ministro da Sade, Alexandre Padilha. Ele informou que a iniciativa oferece ao mdico partici-pante uma bolsa de R$ 8 mil, ativida-de supervisionada por uma instituio de ensino e tambm a obrigatoriedade de curso de ps-graduao prtico-terico com 12 meses de durao.

    Para os profissionais que forem bem avaliados, assim como na primeira edio, o Provab 2 oferece bonificao de 10% nos exames de residncia mdica, de acordo

    Ministro da Sade, Alexandre Padilha discursa durante coletiva de imprensa de lanamento do Provab 2013

    Daniel Knupp, diretor da SBMFC

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    com a Resoluo 09/2011 da Comisso Nacional de Residncia Mdica (CNRM).

    O diretor de programas da SGTES, Felipe Proeno, esclareceu que o Provab surgiu aps uma discusso entre as prin-cipais autoridades de sade no Pas. Alm das diferenas geogrficas, trata-se de uma preocupao com a formao e atuao do profissional de ateno bsica. uma forma de incentivar o profissio-nal a seguir nessa rea, fazer a prova de ttulo em medicina de famlia e comuni-dade e, ento, diminuir essas desigual-dades, esclareceu.

    Proeno admitiu que h problemas na distribuio de mdicos e tambm na estrutura de atendimento em muitos des-ses locais mais distantes, mas valorizou a coordenao dos mdicos de famlia no Provab. Trata-se de um problema com-plexo, mas a superviso de mdicos de fa-mlia e comunidade traz a esses novos pro-

    fissionais uma viso diferenciada do local onde atuam, destacou o diretor.

    Embora o Provab influencie dire-tamente no cotidiano dos mdicos de famlia, o diretor Knupp lembra que a SBMFC no foi criadora do projeto. Sempre estivemos dispostos a partici-par das discusses e da construo dessa ideia, mas no houve participao efeti-va na criao ou conduo do programa, lembrou o especialista.

    CrescimentoEmbora o Provab esteja s em seu se-

    gundo ano de existncia, o crescimento entre a primeira e a segunda edio foi exponencial. Em 2012, o programa teve a participao de 381 profissionais, dos quais 347 foram avaliados com conceitos satisfa-trios. Nesse ano, os municpios validaram a participao de 4.569 pessoas. Os mdicos

    aprovados no Provab 2 comearam suas ati-vidades no ltimo dia 1 de maro.

    Proeno esclareceu que a diferena bsica entre as edies de 2012 e 2013 a contratao direta do MS, no mais dos municpios. Embora o crescimento seja festejado pelo Ministrio, o diretor da SBMFC enxerga esse fato com certa pre-ocupao. O Ministrio da Sade parece ter mudado o foco inicial na medida em que vincula ao Provab parte significativa das equipes de sade da famlia. Assim, o Programa perde seu ponto central, o provimento de mdicos para comunida-des que no tinham assistncia mdica, opinou Knupp. Confira entrevista com o especialista na ntegra aqui.

    AdesoPara que os mdicos contemplados

    pelo Provab possam atuar nos mais di-

    Populaes carentes tero acesso mais rpido s polticas de Ateno Primria

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  • 7Jornal Sade da Famlia2013 Maro/Abril

    versos pontos do Brasil, preciso que os municpios solicitem sua adeso junto ao Ministrio da Sade. Como a edio de 2013 foi encerrada e os profissionais comearam a atuar recentemente, o pro-cesso de adeso se inicia novamente ape-nas no prximo ano.

    Esse ano, cerca de 2.500 cidades se inscreveram para contar com os pro-fissionais do Programa. O diretor da SGTES se diz satisfeito com o nmero, mas afirma que ainda h espao para crescimento. O Brasil tem mais de 5 mil municpios e o Programa tem condies de oferecer seus servios a mais pessoas, contou, ao sugerir a adeso dos prefeitos que ainda no o fizeram.

    Vale lembrar que, conforme anteci-pado em edital, os municpios interessa-dos em receber profissionais do Provab podem fazer adeso, solicitar uma quan-tidade de vagas relacionadas ao teto da

    estratgia permitida pelo Programa Sade da Famlia e o MS analisa, ento, se essa cidade est adequada aos crit-rios da iniciativa. O foco dessa ao em municpios interioranos, periferias de grandes centros ou locais especficos com alguma dificuldade localizada na ateno primria. Temos conversado com a SBMFC para que os integrantes do programa tenham uma participao na Sociedade e futuramente algum tipo de certificao conjunta, antecipou o diretor Felipe Proeno.

    Nova visoNo site do MS, ao apresentar o

    Provab, alm dos benefcios citados anteriormente, a instituio fala sem-pre em um novo olhar sobre a sade no Brasil. A mdica de famlia Suellen Mello Dorileo Louzich foi uma das

    aprovadas na edio de 2013 e concorda com a premissa do Programa.

    Aps se cadastrar no site, Suellen viu seu municpio (Cuiab, capital do Mato Grosso) ser aprovado no Provab. A profis-sional vai atender no bairro Campo Velho, que tem boa localizao, mas uma comu-nidade carente. Esse projeto leva o mdico a localidades onde h falta de profissionais. Regies distantes, precrias, carentes, com problemas recebem essa presena, o m-dico tem sua bolsa e alguns benefcios. uma ao interessante, opinou Suellen.

    Apesar de se dizer satisfeita com os benefcios apresentados pelo Provab, a mdica falou sobre a estrutura de locais mais necessitados. Deveria ser feito algo diretamente ligado com a estrutura de atendimento do local. Ou seja, alm do mdico, o lugar selecionado poderia receber investimentos para compra de equipamentos, medicamentos e materiais em geral, sugeriu.

    Para ela, a disparidade na quantidade de mdicos nas capitais e nesses locais mais distantes est intrinsecamente liga-da falta de estrutura. Ao perceber que seu local de trabalho no oferece condi-es adequadas, o mdico passa a repen-sar se vale a pena permanecer naquele municpio, esclareceu.

    Outra alternativa disponvel aos pro-fissionais do Provab e para todos os m-dicos do Pas o Portal Sade Baseada em Evidncias, uma plataforma que disponi-biliza gratuitamente um banco de dados composto por documentos cientficos, publicaes sistematicamente revisadas e outras ferramentas que servem como auxlio a tomada de deciso no diagnstico, tratamento e gesto.

    Os profissionais so monitorados pe-los gestores municipais durante a atuao dos participantes nas Unidades Bsicas de Sade (UBS). Sero realizadas avaliaes trimestrais por gestores e pelas institui-es, alm de uma autoavaliao. Ao fi-nal do programa, esses resultados garan-tem os 10% de bonificao nas provas de residncia mdica.

    Daniel Knupp, diretor da SBMFC, apoia, mas faz algumas ressalvas ao Provab

  • Maro/Abril 2013Jornal Sade da Famlia

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    Com o desafio de presidir a Associao Brasileira de Sade Coletiva (Abrasco) at 2015, Luis Eugnio Portela

    Fernandes relata em entrevista ao Jornal Sade da Famlia como est a situao da sa-de coletiva no Pas, os objetivos do Programa Integrado de Economia, Tecnologia e Inovao em Sade (Pecs) e sugere como resolver a questo sobre a relao pblico--privado no sistema de sade brasileiro.

    Alm disso, o presidente da Abrasco, que tambm professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), opina sobre o crescimento da ateno primria no Brasil. Para ele, o Sistema nico de Sade (SUS) a melhor estratgia para que o Pas con-siga assegurar a toda populao condies satisfatrias de sade. Confira essa e outras questes na entrevista a seguir:

    Sade Coletiva no BrasilPresidente da Associao Brasileira de Sade Coletiva (Abrasco) avalia o crescimento da ateno primria noPas e opina sobre a questo dos planos de sade e o SUS

    Entrevista

    Quais so as expectativas e os desafios de ser presidente da Abrasco?A Abrasco uma entidade com uma hist-ria de compromisso com a democratizao da sade, o SUS e a Sade Coletiva. uma honra presidir a Associao at 2015. Os desafios so enormes, mas para enfrent--los contamos com pesquisadores, profes-sores, sanitaristas, gestores e militantes do movimento da sade, tecnicamente pre-parados e comprometidos. Destaco trs grandes desafios da nossa gesto: contri-buir para a consolidao da Sade Coletiva na rea cientfica, apoiar o fortalecimento do SUS como sistema pblico e universal e organizar a Abrasco, ampliando a partici-pao dos associados.

    Em sua opinio, como est a sadecoletiva no Pas atualmente?

    Do ponto de vista da produo de conhe-cimento e da formao de pesquisadores e profissionais, a Sade Coletiva vai bem. hoje uma das reas do conhecimento mais produ-tivas, respeitadas internacionalmente e que mantm um estreito dilogo com os formu-ladores de polticas pblicas. J na questo da prestao de servios de sade, no entanto, a situao no boa. O SUS deu cidadania sani-tria a milhes de brasileiros que no tinham acesso a quase nenhum servio, expandindo fortemente a ateno bsica. Contudo, ainda no assegura a qualidade necessria da aten-o, h dificuldades de acesso para consultas e para exames, faltam mdicos e no se desen-volvem aes de promoo da sade.

    O que o Programa Integrado de Economia, Tecnologia e Inovao em Sade? Quais so os objetivos?

  • 9Jornal Sade da Famlia2013 Maro/Abril

    Luis Eugnio Portela Fernandes, presidente da Abrasco explica a situao da sade coletiva no Pas

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  • Maro/Abril 2013Jornal Sade da Famlia

    10 Entrevista

    O Programa Integrado de Economia, Tecnologia e Inovao em Sade (Pecs) promove a formao de profissionais para atuar nas reas de Economia da Sade, avalia as tecnologias e inovao em sade, desenvolve pesquisas de avaliao econ-mica, gesto de tecnologias e inovao em sade e atividades de cooperao tcnica na rea de atuao com instituies pblicas e privadas. Alm disso, contribui para a dis-seminao do conhecimento cientfico da rea, subsidiando a formulao de poltica e a gesto da cincia e tecnologia em sade. As expectativas do Programa at omomento foram alcanadas?O Pecs/ISC surgiu h 11 anos, a par-tir de um projeto de cooperao in-ternacional, envolvendo o Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) e o Department for International Development (Dfid) do governo britnico, para esti-mular o desenvolvimento e a adoo do instrumental da Economia da Sade pelo SUS. H quatro anos, o Pecs/ISC fez uma inflexo, incorporando na sua agenda a questo do desenvolvimento tecnolgico e da inovao. O projeto com o Ipea/Dfid, na Bahia, foi muito bem sucedido, tendo produzido vrios estudos e a instituciona-

    lizao da Economia da Sade na estrutura da Secretaria Estadual da Sade.

    Em entrevista Rdio CBN, o senhor declarou que usar recursos pblicos para financiar servios privados na rea da sade parece uma opo equivocada. O que o senhor sugere para resolver os entraves na relao pblico-privado do sistema de sade brasileiro? A constituio brasileira clara: a sade um direito de todos a ser assegurado me-diante polticas econmicas e sociais e por meio da implantao do SUS. Ao mesmo tempo, a Constituio Federal garante o direito iniciativa privada, deixando mui-to claro no pargrafo 2 do artigo 199 que: vedada a destinao de recursos pbli-cos para auxlios e subvenes s institui-es privadas com fins lucrativos. Para resolver os entraves, preciso cumprir a Constituio. A iniciativa privada tem todo direito de atuar na sade, mas no tem de buscar ou receber recursos pblicos.

    O que achou da Proposta de Ampliaoa Planos Privados de Sade feita pelogoverno recentemente? J manifestei enfaticamente nossa posio contrria essa proposta. Fiquei satis-

    Os nmeros so impressionantes:mais de 100 milhes de pessoascobertas pela ateno primria,sob a forma da Sade da Famlia,em praticamente todos osmunicpios do Pas

    feito com o posicionamento do ministro da Sade, Alexandre Padilha que assegu-rou, inclusive em reunio do Conselho Nacional de Sade no dia 14 de maro de 2013, que essa proposta no do governo.

    Qual sua opinio sobre o Sistema de Gesto e de Sustentabilidade do SUSe dos planos de sade brasileiros?A gesto do SUS envolve as trs esferas de governo - federal, estadual e municipal. tambm participativa: os Conselhos de Sade tm a responsabilidade de definir diretrizes e fiscalizar o Poder Executivo, apreciando, inclusive os Planos e os Relatrios de Gesto. Os planos de sade privados, geridos pelas empresas, so re-gulados pela Agncia Nacional de Sade Suplementar (ANS). A Agncia se ocupa, principalmente, de fiscalizar a sade finan-ceira das empresas, para proteger o consumi-dor. Quanto sustentabilidade do SUS, no sentido da capacidade de continuar a dispor no futuro, dos mesmos recursos de que dispe hoje, no h nenhuma garantia. Como a proposta de ampliao dos sub-sdios aos planos privados parece sugerir, nem os insuficientes recursos atualmente alocados esto garantidos. Nos Estados Unidos, os custos com a assistncia sade tem sido a causa mais frequente de falncia das famlias. Ou seja, a perspec-tiva de sustentabilidade dos planos mais precria que a do SUS.

    Como avalia o crescimento daateno primria no Brasil?Avalio positivamente. Os nmeros so impressionantes: mais de 100 milhes de pessoas cobertas pela ateno primria, sob a forma da Sade da Famlia, em pra-ticamente todos os municpios do Pas; mais de 20 mil equipes de sade bucal; quase 1.500 Ncleos de Apoio Sade da Famlia. O desafio agora qualificar a APS, integrando-a em redes de servios. Nesse sentido, vale destacar a relevncia do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Ateno Bsica, lanado no atual governo.

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    Jornal Sade da Famlia2013 Maro/Abril

    Aconteceu

    SBMFC participa de programa de TV da rede CNT

    O mdico de famlia e comunidade Rafael Ornelas, membro da Sociedade Brasileira de Medicina de Famlia e Comunidade (SBMFC) participou do programa Notcias & Mais, da rede CNT, exibido no dia 19 de fevereiro. Na oca-sio, o especialista explicou como o ho-rrio de vero afeta a populao, alteran-do a rotina das pessoas.

    Rafael Ornelas membro da SBMFC e explicou como o horrio de vero afeta a populao

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    Residncias em MFC recebero incentivos para expanso

    Em maro, a diretoria da SBMFC se reuniu com o Ministrio da Sade (MS) e pleiteou a incluso da Medicina de Famlia e Comunidade (MFC) no rol de especiali-dades que recebero incentivo para a ma-nuteno dos seus residentes conforme a Portaria 3083. J no dia 5 de abril, em reu-nio da Secretaria de Ateno Sade (SAS)

    com a Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade (SGTES), foi definida a republicao da Portaria com a incluso da MFC. Com isso, municpios que investirem na insero de residentes nas suas equipes de SF podero receber entre R$ 3 mil e R$ 8 mil mensais por residente para a manuten-o do Programa.

    MFC Gustavo Kerr fala sobre hansenase na Record

    A hansenase foi pauta do programa Ressoar, da Rede Record, que foi ao ar em 17 de fevereiro e contou com reprise no dia 23 do mesmo ms. O mdico de famlia e

    comunidade Gustavo Kerr, mem-bro da SBMFC, falou sobre as for-mas de transmisso, diagnstico, tratamento e preveno da doena.

    O Instituto Ressoar trabalha para promover a igualdade social e remover as barreiras que impe-dem a convivncia entre as pessoas. Alm disso, cuida principalmente de incentivar a educao, elemento vital para o desenvolvimento da so-ciedade. Para conhecer mais sobre o instituto, clique aqui.

    Revista Brasileirade MFC

    Nesse trimestre a Revista Brasileira de Medicina de Famlia e Comunidade (RBMFC) traz artigos que abordam a importncia do afeto na conduta do MFC, rastreamento do cncer de mama, hansenase, entre outros. A edio 26 ini-cia 2013 com novo layout interno visando fa-cilitar a leitura online e externo, com uma capa que valoriza fotos relacionadas APS/ESF, bem como, inaugura a logomarca da revista. Confira.

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    CurtasDia Mundial do MFCNo dia 19 de maio ser celebrado em todos os

    pases do mundo o Dia Mundial do Mdico de

    Famlia e Comunidade. No Brasil no haver

    atividades especficas para comemorar a data

    que j possui um dia nacional, em dezembro. De

    qualquer forma, aproveite a oportunidade para

    celebrar o seu dia.

    WONCA 2013Acontece entre os dias 25 e 29 de junho, o

    Congresso Mundial da WONCA, na cidade

    de Praga, na Repblica Tcheca, cujo tema

    ser Medicina de Famlia Cuidados para

    as geraes. Veja todos os detalhes sobre o

    evento aqui.

    Parceria SBMFC e Grupo A Scios da SBMFC tm 15% de desconto em

    obras da editora. Para ter acesso, basta entrar

    na rea restrita do site da SBMFC e clicar

    no banner do Grupo A.

    Livro sobre etnofarmciaFoi lanado recentemente o livro Etnofarmcia:

    Saberes e Gnero (Editora CRV), uma publicao

    fruto da dissertao de mestrado da mdica de

    famlia e comunidade Maurcia Melo Monteiro.

    A edio trata sobre o uso de plantas medicinais

    como remdio pela populao nativa de Marud

    (Par) e custa R$ 29,90.

    PromefConhea o Programa de Atualizao em

    MFC (Promef), dirigido ao mdico especialista

    em cuidados integrais, continuados e

    contextualizados. Os autores so profissionais

    experientes na prtica clnica da Ateno Primria

    Sade (APS) e selecionados pela SBFMC.

    Manual de Gentica Mdica para Ateno Primria Sade

    A gentica vem revolucionando a rea da sade. No entanto, fazer chegar populao essas novas e complexas tecnologias adotadas por sofisticados centros de referncia, em sua maior parte atendida em servios de sade de baixa complexidade, ainda um desafio. O Manual de Gentica Mdica para Ateno Primria Sade destinado aos profissionais da sade e foi elabo-

    Aconteceu

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    Inscries com desconto para o CBMFCEntre os dias 29 de maio e 2 de ju-

    nho, acontece na cidade de Belm (Par), o 12 Congresso Brasileiro de Medicina de Famlia e Comunidade (CBMFC). O ltimo prazo para fazer inscries para o evento com desconto at o dia 16 de maio, portanto, aproveite a oportunidade. Quem efetuar o pagamento at esse prazo pode economizar at quase 20% no valor de sua inscrio.

    Durante a programao do Congresso, ocorrer tambm a 15 edio do Exame de Suficincia para Obteno de Ttulo de Especialista em Medicina de Famlia e Comunidade (TEMFC) que ser realiza-

    do no dia 2 de junho, das 9h s 13h. Fique atento, pois o prazo de inscrio para a prova at o dia 30 de abril.

    Para alm das atividades cientficas do evento, os congressistas tambm podero participar de atividades culturais como a Mostra de Vdeos, a Mostra de Fotografias, Concurso de Cantigas, Versos e Prosas e o Concurso de Contos. Programaes que tm o objetivo de incentivar o lado cultural e artstico dos mdicos de famlia e comuni-dade, apresentando o trabalho e o cotidiano das equipes de sade da famlia no Brasil, em diversos formatos. Para saber mais so-bre a premiao, acesse o site do evento.

    rado para atender a essa demanda.Escrito em uma linguagem acessvel e

    til para consulta rpida, o livro tem por objetivo fazer chegar a um nmero cada vez maior de pessoas, os benefcios cres-centes e surpreendentes da gentica para a melhoria das condies de sade. Fruto de uma parceria entre a SBMFC e a Artmed a publicao tem um custo mdio de R$ 40.

    A publicao deste Manual vem em um movimento de agregao de ferramentas importantes para a atuao dos profissio-nais de Ateno Primria, afirma Nulvio Lermen Jnior, presidente da Sociedade.