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Página 1 N.º 116 Nesta edição: Ano de 1958 2 Encontros Regionais 4 Ano de 1961 6 Caçarelhos: Lugar de encontro 8 a 11 Encontros Regionais 12 SMBN 14 Mensagem Natal 16 BOLETIM QUADRIMESTRAL N.º 116 Julho/Dezembro 2013 Pág. Problemas de ordem téc- nica, humanos e de logísti- ca estiveram presentes no atraso verificado no envio desta edição. Pela primeira vez, e para minimizar este inconveniente, do qual pe- dimos desculpa, o boletim vai ser enviado também por correio electrónico. Es- tará disponível na net du- rante 7 dias. A Direcção da ARM - Associação Regina Mundi, deseja a todos os Armistas, Famílias e Amigos um Santo Natal de 2013 e um Feliz Ano Novo

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N e s t a e d i ç ã o :

Ano de 1958 2

Encontros Regionais 4

Ano de 1961 6

Caçarelhos:

Lugar de encontro 8 a 11

Encontros Regionais 12

SMBN 14

Mensagem Natal 16

BOLETIM QUADRIMESTRAL

N.º 116

Julho/Dezembro

2013

Pág.

Problemas de ordem téc-nica, humanos e de logísti-ca estiveram presentes no atraso verificado no envio desta edição. Pela primeira vez, e para minimizar este inconveniente, do qual pe-dimos desculpa, o boletim vai ser enviado também por correio electrónico. Es-tará disponível na net du-rante 7 dias.

A Direcção da ARM - Associação Regina Mundi,deseja a todos os Armistas, Famílias e Amigos

um Santo Natal de 2013 e um Feliz Ano Novo

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Propriedade:

ARM AssociaçãoRegina Mundi

Sede:

Rua da Bempostinha, 301150-066 LisboaTel. 218 851 546Fax: 218 850 258

NIPC n° 503 268 372

NIB da conta da ARM:

003501210000130053098

Presidente da Direcção:

José Domingues dos SantosPonciano

Direcção, Redacção eAdministração:

Rua da Bempostinha, 301150-066 LisboaTelem. 927 651 624Tel. 218 851 546Fax: 218 850 258

E-mail: [email protected]

Site: www.arm.org.pt

Fotocomposição e impressão:

Escola Tipográfica das MissõesCucujães

Tiragem desta Edição:

800 exemplares

Colaboradores deste número:

Domingos Fernandes

Marinho Borges

Santos Ponciano

Aires Nascimento

José Campinho

Moutinha Rodrigues

Martinho Castro e Silva

Curso de 1958Convento de Cristo – Tomar

Encontro comemorativo do 55º aniversário do inicio do curso, reali-zado no Convento de Cristo em To-mar em 13 de Outubro de 2013.

Após alguns dias de chuva, foi um sol radioso que nesta manhã de Outono deu as boas-vindas aos trin-ta presentes, entre antigos alunos do Curso de 1958 e alguns familiares que se concentraram à porta da Cha-rola do majestoso convento. Beijos, abraços, palmadas nas costas, uma lágrima furtiva, uniram todos aque-les que há 55 anos, tímidos e en-vergonhados, chegaram sobretudo do Norte e Centro do País, à cidade grande de Tomar, do famoso rio Na-bão e do imponente Convento de Cristo, a partir daí nossa casa duran-te dois anos. Alguns de nós, pasme--se, nunca tínhamos visto o com-boio. Vimo-lo uns meses mais tarde, espreitando do cimo de um monte, na sua marcha para o Norte. Dos me-ninos de antanho somos hoje vene-randos anciãos, com muito caminho percorrido, orgulhosos dos nossos

Curso de 1958

filhos e avós babados. Infelizmente, daqueles que se apresentaram na linha de partida no longínquo ano de 1958 apenas alguns respondem hoje à chamada e comparecem. Mas adiante que o tempo urge.

O Prof. Luís Graça, catedrático em história, antigo director do Convento de Cristo e antigo Governador Civil de Setúbal, guiou-nos numa viagem no tempo a partir da Charola, per-correndo alguns séculos de história tão marcantes e tão vivos naquelas colunas, naqueles claustros, na jane-la do Capítulo, nas cisternas, nos Pe-gões, nos grandes corredores…

A área do Convento outrora ocu-pada pelas instalações do nosso se-minário contem a magia de trans-formar aquele grupo de senhores respeitáveis em autênticos meninos de coro, actores a dar de novo vida àqueles grandes corredores, salas de aula, de estudo, camaratas, ca-pela, refeitório, campo de futebol e pátios circundantes. Obrigado Prof. Luís Graça. Com a sua magistral lição de história, fomos de novo crianças, alunos aplicados, viajando no tempo no nosso baú de recordações.

Na Santa missa celebrada na nos-

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Convento de Cristo – Tomarsa antiga capela, hoje sala museu, presidida pelo Padre Domingos Carvalho , acolitado pelo diácono António Sil-va Pereira, vivemos uma hora de recolhimento e acção de graças, embalados pelos acordes do órgão e pelas vo-zes magnificas do casal Adelino Cristóvão Serafim e sua esposa Dª Luísa que nos contagiaram a todos.

Na sua homilia, o Padre Domingos Carvalho teceu al-gumas considerações sobre as leituras mas focou sobre-tudo a sua atenção no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S.Lucas (Lc17,11-9 ) e na seguinte passa-gem « Não foram dez os leprosos que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem vol-

tasse para dar glória de Deus senão este estrangeiro?» E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho ; a tua fé te salvou».

Quantos de nós, ao longo da nossa vida não vivemos já as duas vertentes. Não soubemos agradecer e senti-mos a falta de gratidão dos outros para connosco. Mas convém pensar na atitude que, dia a dia, como cristão eu assumo diante de Deus: se é uma atitude de auto--suficiência, ou se é uma atitude de adesão humilde e de gratidão.

No restaurante “Pato Bravo” nos arredores de Tomar, foi-nos servido o almoço. Mais do que as iguarias servi-das foi importante para todos nós as horas de convívio em que desfolhámos mil recordações.

Na hora dos brindes o autor destas linhas, saudou os presentes, lembrou os ausentes e apresentou algumas propostas que tiveram aprovação unânime:

“Este encontro deve continuar a realizar-se todos os anos no 2º Domingo de Outubro.”

“Em 2014 , comemoração do 56º aniversário do curso de 1958, o encontro realizar-se-á de novo no Convento de Cristo em Tomar, em 12 de Outubro.”

“É importante que todos continuem a estabelecer

contactos para que outros se juntem a nós.”O Presidente da ARM (Associação Regina Mundi) San-

tos Ponciano, congratulou-se pelo encontro anual dos alunos do curso de 1958. Relembrou alguns projectos em curso. Lembrou a eleição do novo Presidente da ARM em 2014.

O Fernando Augusto Machado, um dos nossos cate-dráticos da Universidade do Minho, enalteceu o espirito sadio reinante no grupo, o elo afectivo e a alegria es-fusiante que a todos abarca e contagia, a necessidade de em cada ano trazer mais colegas para o convívio e a obrigatoriedade de todos vivenciarmos a palavra solida-riedade.

Após o cantar dos “parabéns a você” apagou as 55 ve-las comemorativas do nosso aniversário o Padre Domin-gos Carvalho, que aos 89 anos de idade, é para nós uma figura respeitada, prestigiada e muito querido entre nós.

Com um pedaço de bolo numa mão e um cálice de vinho do Porto na outra, o colega Aurélio de Bastos Go-

mes, que se juntou a nós pela 1º vez, expressou a sua alegria pelo reencontro e desejou a todos as maiores feli-cidades num colectivo e uníssono tilintar de copos.

A despedida representou para todos o acordar para a realidade. Estávamos em viagem. Cada um tinha de con-tinuar a percorrer o seu caminho.

Para aqueles que proporcionaram este encontro, o nosso muito obrigado.

Até 12 de Outubro de 2014 em Tomar.Um grande abraço

Domingos Cardoso Fernandese-mail – [email protected]

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Como as instituições, tal como as pessoas, preci-sam de hábitos, a data do encontro regional da ARM de Coimbra tem sido fixada na véspera do encontro de Valadares. Assim, o nosso convívio realizou-se no dia 9 de Novembro, tendo neste ano um aliciante especial, pois integrou uma componente cultural, com a visita guiada ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Convém re-

ferir que este monumento nacional foi objecto, nos últi-mos anos, de uma profunda intervenção arqueológica e de uma operação de resgate às águas do Mondego, cujo espaço foi valorizado por um centro interpretativo, inaugurado em 2009.

Encontro Regional de Coimbra

FÁBRICA DE FERRAGENS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL

Telef. 256 374 083 / 84 – Fax 256 374 082 – Apart. 4074524-907 RIO MEÃO – PORTUGAL

António Gomes da Costa & Ca., Lda.

A visita começou às 11h15. Foram cerca de noventa minutos de um mergulho em 700 anos de história de um Mosteiro associado de uma forma incontornável à figura tão acarinhada da Rainha Santa Isabel. Além dos aspectos arquitectónicos, foram muitas as facetas curiosas com que fomos confrontados a partir de tes-temunhos arqueológicos, desde os hábitos alimentares

e doenças das monjas clarissas, peças valiosas de que eram portadoras, causas mais frequentes de morte…até às implicações da proximidade do rio na saúde das irmãs e na estabilidade do Mosteiro.

Cerca das 13h00, foi dado início ao repasto no res-taurante “Alfredo”, que se prolongou por três horas, tempo suficiente para pôr a conversa em dia, sobre-tudo em relação à gente “nova” que esteve presente pela primeira vez. No final, realizou-se uma pequena reunião, onde o presidente da ARM, Santos Ponciano, informou os presentes sobre o projecto "Um Sorriso para Ti" e apresentou as últimas notícias relativas à So-ciedade Missionária. Participaram neste encontro 16 armistas e alguns familiares.

Marinho Borges

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Em 10 de Novembro de 2013, no Seminário de Valadares realizou-se o tradicional Encontro Regio-nal do Porto. Compareceu um bom número de ar-mistas e alguns convidados.

Realizou-se uma pequena assembleia num dos salões do Seminário para fazer o ponto da situação da vida missionária em Moçambique, onde as coi-sas não estão muito bem.

Ao meio dia, tivemos a Missa comunitária segui-da de almoço de confraternização, onde convive-ram Padres, Alunos e Armistas. Pelas 15 horas, a convite da Direcção da ARM, o senhor Padre Ansel-mo Borges fez um resumo especial sobre o tema abordado no Colóquio Internacional de 12/13 de Outubro último: Deus ainda tem futuro?

Encontro em Valadares

Relativamente a este colóquio o Padre Anselmo prometeu-nos a publicação dum livro durante o próximo ano. Ficamos a aguardar.

Sobre este colóquio podem também ler o exce-

lente trabalho do armista, Padre Manuel Vilas Boas, nas páginas da TSF: http://www.tsf.pt/PaginaIni-cial/Vida/Interior.aspx?content_id=3521957.

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Em 2011, aquando do 50.º aniversário da entrada no Seminário de Tomar, os Armistas aí presentes resolve-ram vir a repetir a “proeza” da comemoração da efemé-ride daí a dois anos a propósito da entrada no Seminá-rio de Cernache do Bonjardim. O responsável pela sua realização ficou a cargo do José Abílio Raposo Quina, a quem estamos gratos pelos esforços para a congrega-ção da malta. Em boa hora, pois compareceu um bom número de Armistas, irmanados pela mesma data de entrada nos Seminários de Tomar e Cernache. Testemu-nho disso foi a presença do João dos Santos Gonçalves, que se deslocou de Coelhoso/Bragança, acompanhado da mulher, filha e neto. Foi também com grande alegria que pudemos abraçar o Carlos Bernardo. Ambos com-pareceram pela primeira vez a um evento da ARM. A entrada no seminário de Cernache ocorreu no longín-quo dia 5 Outubro de 1963, tendo a efeméride sido co-

A Turma de 1961 voltou a Cernachememorada a 6 de Outubro, para a fazer coincidir com um domingo.

O momento alto foi a celebração da Eucaristia na bonita igreja do Semi-nário, presidida pelo Padre Francisco Godinho, coadjuvado pelo Diácono José Joaquim Angélico, nossos antigos colegas e fonte de orgulho para todos nós. A cerimónia foi abrilhantada pelo coro, dirigido pelo José Abílio Quina (com muitas músicas da sua autoria), que teve o acompanhamento no ór-gão a cargo do Dr. Francisco Santos e a participação de Hélder Silva em oboé e do Zé Quina em oboé e flauta, cujas actuações nos proporcionaram mo-mentos de rara beleza.

Após a alimentação espiritual, seguiu-se o almoço no mesmo refeitório, onde tantas vezes para aí rumá-mos em duas filas, para depois nos sentarmos nas lon-gas mesas sob o olhar atento dos Padres Castro Afonso

e Orlando Martins, respectivamente nosso vice-reitor e prefeito, e com a cumplicidade de António Costa, nosso vice-prefeito.

Para nos inteirarmos da vida uns dos outros, teve lugar, durante a tarde, um momento de partilha, onde cada um teve oportunidade de discorrer sobre o seu percurso pessoal e profissional. Numa coisa todos es-tiveram de acordo: a educação do Seminário foi fun-damental na organização e orientação das respectivas vidas e continua a ser um património de que se orgu-lham.

Marinho Borges

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Encontro em Lisboa

O dia 19 de Outubro pre-senteou-nos um belo Encon-tro Regional, a sul.

Após uma semana de anúncio e incentivos, um grupo razoável de 47 presen-ças revelou o como é bom a partilha do convívio e o revi-ver de tanta coisa!

Mais uma vez a celebra-ção Eucarística aconteceu na Igreja do Santo Condes-tável, em Campo de Ouri-que, com a participação do Pe. Albino dos Anjos e do diácono António Silva Pe-reira, também eles antigos alunos. Ao órgão esteve o José Quina e na maestria o Pisco da Cruz.

Com toda esta vivência só podia resultar um alto momento de espiritualidade.

Terminada a celebração seguiu-se a fotografia na es-cadaria.

O espaço envolvente do Museu do Teatro, ao Lumiar, foi o belo cenário para o nosso almoço. Tudo aqui foi inspiração para tirar o melhor partido deste encontro. Não faltou lugar para a palavra, cujo tema natural ver-

sou a situação da Sociedade Missionária e a da vida da ARM.

Muito positivo foi constatar a presença de alguns ainda jovens, antigos alunos, contemporâneos do Pe. Albino e em quem apostamos na próxima Direcção. É que o nosso actual presidente, Santos Ponciano, com tempo e dedicação inigualáveis, merecendo por isso toda a nossa admiração, definitivamente está resolvi-

do a passar o testemunho na próxima primavera. Uma boa maneira de gratidão passa também por, desde já, acei-tarmos a sua resignação e criando condições para a sua continuidade. É que a ARM está viva e nós também.

Termino com uma palavra amiga e de grande apreço pela dedicação inexcedível de Armindo Henriques em eventos desta natureza.

Uma abraço amigo para todos

António Moutinha Rodrigues

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Também lá estive em 17 de Agosto de 2013: mesmo que não esteja na fotografia oficial (atraso de quem se demora, para um olhar mais alargado que outros dispen-saram…). Lá estive; podia escrever, como N. Poussin, In Arcadia ego, mas de pintor apenas o que guardo na memória. Que Ca-çarelhos seja zona de encantos já Camilo Castelo Branco o celebrou para aí colocar o seu herói da Queda de um anjo, Calisto Elói, nome retumbante que simplifico, mas que ficou para não deixar fugir um inimigo, de seu nome A. Aires de Gouveia. Lembram--se? Um bom amigo, que sabe de letras, a meu lado à mesa do almoço, puxou de uma edição dessa obra para zurzir a responsável e eu atalhei pedindo benevolência: Maria de Santa Cruz nasceu em terras distantes, em Moçambique, eu tive-a como colega na Faculdade de Letras de Lisboa, mas, descui-dadamente escreveu que Caçarelhos era produto de imaginação…; leia-se, antes, que subiu a local literário quando serviu a Camilo para colocar um seu inimigo de es-timação nos confins do mundo, a vociferar nas arribas do Douro, treinando a voz, que se tornara temível no Parlamento, embora oca de conteúdos…

Fui pela segunda vez a Caçarelhos, para corresponder a convite de amigos e sobre-tudo por insistência do Armindo e da São, que programaram a viagem e tudo fizeram para que às 10,00 horas em ponto, nesse sábado de 17 de Agosto de 2013, depois de um percurso longo, estivéssemos na Praça da Feira: o nome recente não pode esquecer o antigo que era o de Terreiro da Feira de outros tempos. Também os nomes vão mudando, mas há que recuperá-los na sua genuinidade, porque ali chegavam ho-mens das vizinhanças com as suas merca-dorias para fazerem trocas e experimentar qualidades de produtos… Em algum lado encontrei que o nome de Caçarelhos signi-fica lugar em que se fala sem obrigação de dizer muita coisa, mas isso era lá para outros sítios: aqui ninguém gostaria de ser conhe-cido por isso, mas, se é para tagarelar, não seja para perder tempo, antes para ir cons-truindo a vida, pois na palavra o coração do homem se manifesta, transfigurando-se, se necessário, quando há algo que se vive e se partilha. Os habitantes preferem explicar o nome da sua terra como formado de Casa + relhos, que significaria “povoado de peque-

Caçarelhos: lugar de encontronas casas, sem grande préstimo”: isto de eti-mologias em toponímia é complexo, mas a sabedoria popular sabe tirar do fundo das memórias coisas novas e velhas…, enquan-to outros contrapõem que o nome se expli-caria pela negação que os vizinhos teriam dito aos enviados do rei para os obrigar a pagar em coelhos o tributo: se é para isso, fossem eles caçá-los (caçar – ellos). Duas formas de olhar para a vida (uma revendo o que há em torno de nós, outra lançando uma ironia a quem chega para nos tirar a pele). Seja como for, estamos em terras de Miranda e há resquícios de falares locais, pois de tempos idos subsiste uma cunha dialectal de língua leonesa; embora recen-temente tenha eu apresentado a público a tradução mirandesa dos Evangelhos feita por Amadeu Ferreira, não me sinto à von-tade para entrar pelos segredos da língua e da sua história: confio-me à ciência de J. G. Herculano de Carvalho, que, no seu sa-ber de dialectos, me garante que o lingua-jar daquela zona se deve a influências dos mosteiros de León, em especial Moreruela e Castanheda / Castanheira – num tempo em que os bispos de Braga deixavam a outros as responsabilidades de catequese e de assistência pastoral, para uma vez ou outra se aproximarem do planalto miran-dês – quem seja capaz de ler a Vita S. Geral-di, em latim, anote como nem por estarem longe, o santo arcebispo de Braga esquecia aquelas gentes (para o dialecto mirandês, não deixe de consultar J. H. Herculano de Carvalho, Estudos Linguísticos, Lisboa, Ver-bo, 1964, mas alargar conhecimentos pelo que escreveu J. Leite Vasconcelos, pois por aí há que começar).

Era uma manhã de sol estival; a viagem deu direito a passar por Palhais, em casa de minha irmã, e a tomar descanso em Bal-samão – onde conversámos com António Marcos, que acabara de ter mais uma sessão de hemodiálise e tinha obrigação de des-cansar, pelo que não nos poderia acompa-nhar. Fomos dos primeiros a chegar: certos como os ponteiros do relógio, não tocámos o sino porque não nos pertencia acordar quem estava e nós não éramos convidados para interromper-lhes o sossego. Deambu-lámos por ali à espera de outros; já com o Superior Geral da SM, entrámos na “ter-ra dos vivos” que foram “à nossa frente” e procuramos alguém mais conhecido. Hoje

ninguém parece vizinho de ninguém e por isso, quando (após as saudações rituais na Casa de Caçarelhos) viemos à igreja, os que lá estavam a desmontar o andor principal, que servira na procissão da Senhora de Agosto, desapareceram depressa, sabendo que vínhamos de fora.

A missa era nossa? Não teriam os outros direito a perguntar pelas nossas razões de fé para entrarmos em local que era deles? Não quiseram inquietar-nos: a licença esta-va concedida certamente por autoridade competente, mas teríamos ficado todos mais ricos com algum outro gesto de inter-câmbio, já que levávamos na alma rostos de pessoas que dali haviam partido e nos haviam falado muitas vezes daquele lu-gar… Ou andarão esquecidos?

Não era a primeira vez que eu chegava a Caçarelhos: há três anos ali fora, fugindo à vigilância solícita das autoridades que di-rigiam a concentração em Vimioso; esguei-rara-me eu, com a mesma companhia de agora, pois, estando em terras cujos nomes eu conhecia de há muito tempo, não podia deixar de andar pelos terrenos de quem era vivo para mim: Caçarelhos, Genísio, São Jo-anico, Vilar Seco, Campo de Víboras, Pinelo, Carção… tantos nomes que eu trazia co-migo e por toda a parte me pareciam ani-mados por alguém que se cruzara no meu caminho.

Não sei quando o nome de Caçarelhos soou aos meus ouvidos pela primeira vez: o Agostinho (Rodrigues) ia uns anos à mi-nha frente, mas a sua voz enchia uma casa que tivesse coração e haveria de ser para mim um arrimo em horas mais adiantadas; os dois irmãos eram mais próximos: o Raul (Moreno e também Rodrigues) levava-me dois anos de curso; o Alfredo, o terceiro ir-mão, haveria de ajudar ao reconhecimen-to, logo que eu ganhasse dimensão para o descobrir dois anos atrás de mim. O Fer-nando Eiras, que ia também adiante e viera das terras angolanas, mas ali tinha família, haveria de ser bom companheiro de traba-lho, em Tomar, quando ali preparámos as duas primeiras levas de alunos que iriam mostrar ao liceu oficial que nos Seminá-rios também se estudava a sério (isto em 1963-64 e 1964-65). O Justino haveria de ficar um tanto longe de mim, mas agora marquei-lhe falta na reunião (foi por bem, certamente, pois não esquece obrigações

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Caçarelhos: lugar de encontromaiores). Houve outros, mas a idade e as ocupações distanciaram-nos, até que uma boa causa nos juntou ali, neste verão tórri-do de 2013.

Em algum momento, o Fernando Eiras me contou que os três da família Moreno, que eu conhecera, tinham recebido uma educação esmerada, pois a mãe deles era professora primária – competentíssima; depois disseram-me outros companheiros que eles tinham um tio, muito prendado para coisas de língua portuguesa e por isso não era de admirar que eles, que saíam aos seus, fossem dados à escrita, às vezes à po-esia… De facto, alguém (já não sei onde) mostrou-me um dia o “Dicionário Comple-mentar da Língua Portuguesa” de Augusto Moreno, de capa azul, como o céu: alargava assim os meus conhecimentos e coloquei--o então no elenco da área da lexicologia / lexicografia, pois antes apenas me ficava à mão o “Dicionário de Português” de Fran-cisco Torrinha (que me tinha chegado em constelação, pois o Dicionário de Latim--Português fazia parte da minha mobília desde os 10 anos, no 1º ano, em Tomar, e o Dicionário de Português-Latim chegaria no 3º ano, em Cernache do Bonjardim); algu-mas vezes lá voltarei ao Moreno e ao Tor-rinha, quando as obrigações na Academia das Ciências de Lisboa me chamarem a dis-cutir e a rever, com alterações, o polémico e discutidíssimo Dicionário da Academia das Ciências (terá de ser, por dever de ofício…). Augusto Moreno (sei-o hoje) nascera longe, em Lagoaça, para os lados de Freixo-de--Espada-à-Cinta; talvez nunca tenha vivido em Caçarelhos, mas os deveres de ofício das mudanças de terra por parte dos pro-fessores primários, levou seu irmão, com a família até ao planalto mirandês.

Menina tocando gaita de folesAlguns dos possíveis habitantes, que

ainda restam numa terra que os foi per-dendo, havíamos de encontrá-los, horas mais tarde, quando na “Taberna Mourisca” se abrissem as mesas e se ouvisse a gaita--de-foles, em plano superior ao da piscina, onde apetecia dar um mergulho. Mas, nes-se momento, já eu me atrasara, quase irre-mediavelmente e, sem reparar que entrava em territórios de outrem, com direitos fami-liares adquiridos, corri o risco de abusar da gentileza de quem me servia um copo de

água e me dava uma cadeira para me sentar e insistentemente me convidava a entrar na posta mirandesa de que todos estavam já servidos – não entendera eu que me que-dava fora do lugar dos comensais do Gru-po da ARM; aí ficaria (com uma bonomia familiar que não esquecerei) se não fosse o Gabriel vir lembrar-me que as ovelhas do redil se tinham refugiado na sombra amiga do grande casarão da Casa de Caçarelhos. Este fora alugado para parecer um vasto salão de Seminário, com mesas redondas, à volta das quais as cadeiras convidavam ao convívio e ao repasto de todos os que chegaram de longe (eu incluído, por amá-vel deferência dos organizadores).

O tempo em Caçarelhos fora curto na primeira visita, pois às 11,00 horas havia mis-sa marcada em Vimioso para um leque de gente da ARM que não quisera faltar à cha-mada da companhia; acabaria eu por ficar com a responsabilidade de presidir à euca-ristia, quando o lugar devia pertencer ao P.e Firmino João ou ao Cónego Amado, que re-cusaram o que lhes pertencia por mérito… Foi escasso o tempo também desta vez, mas andei com passo mais lento, para rever o que da primeira vez me ficara só na retina de uma igreja onde quase só retivera uma conversa breve com uma senhora que pre-parava o andor para a festa da freguesia… Agora, dava-se a situação inversa: quando entrei na igreja, os mordomos (eles e elas) acabavam de desmontar o andor da festa que andara pelo Terreiro da Feira nos dias anteriores, para festejar a Senhora de Agos-to. Ainda ficava armado o andor da Senho-ra de Fátima, mas para mim (habituado a olhar na distância do tempo) interessava--me buscar o que fosse mais característico do que fora cultivado em terras mirandesas. Sim, sabia, de há muito, que também Caça-relhos ficava no aro da língua mirandesa, mas a eficiência da escola primária tornara a língua comum bem centro das atenções e as diferenças até serviam para avivar o culto dessa língua de todos. De leituras es-parsas (o documento, se me não engano, foi aproveitado pela Historia da Igreja de Fortunato de Almeida), constava-me que em 1320, ao tempo de D. Dinis, havia aqui uma freguesia (conjunto de filigreses – filii ecclesiae), com capacidade de sustentar um abade, que era de apresentação episco-pal do bispo de Miranda, mas a terra tinha

alguma autonomia, pois gozava de uma “justiça” que zelava pela ordem entre os vi-zinhos: a população chegou a atingir umas 800 almas, mas a miragem de terras mais propícias levara muita gente para longe, até ao Brasil, no séc. XIX – hoje as casas vão--se inclinando, os telhados ficam abaulados e só alguns mais afortunados se resolvem a impor a sua vontade à natureza para que não seja a única a vigorar: 270 vizinhos, se são verdadeiras as estatísticas, é, apesar de tudo, um número de algum vulto na escas-sez da paisagem humana portuguesa que só de vez em quando se anima para reviver memórias a fim que elas se não percam.

Entrei na igreja e fui caminhando lenta-mente, pois poucos eram os que comigo se tinham adiantado: as dimensões pareciam--me agora maiores que da primeira vez, sentia mais luz no interior e as imagens ace-navam-me com maior afecto – pelo menos assim me parecia, pois agora despertavam--me memórias e levavam-me a buscar-lhes identidade.

Depois da eucaristia (rezada em tempo contado e sem outra melodia que a do tom normal), senti-me obrigado a alguma de-mora: por premência do tempo (como o de qualquer turista – que eu não queria ser), não o teria feito, se o Firmino Falcão (ou foi o Padrão? – não importa, foi um deles e o Almendra andava por perto) não me pu-xasse atrás e não me retivesse com algumas questões. Quase fui apanhado de surpresa, mas não podia deixar sem uma tentativa de resposta quem amavelmente em meu favor presumia de algum saber – vanitas vanitatum, já lamentava o sábio das Escri-turas, mas a um juiz tem de responder-se (era o caso)…

Foi assim que me detive na contempla-ção da igreja de Caçarelhos e das imagens que a adornam. Três anos antes, tinha eu ido à procura dos “santos” que ali tinham começado a viver: e tenho bem na me-mória as palavras que uma senhora, cujo nome não recordo, me disse a respeito do P.e Agostinho Rodrigues: foram palavras de veneração e respeito que me puseram os olhos em lágrimas e não as escrevo se-não toldado no rosto; sabendo da doença que o minava, ele quis levar ali uma pe-quena estampa religiosa de despedida e fizera questão de a entregar pessoalmente a cada uma das pessoas da sua terra, antes

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Caçarelhos: lugar de encontrode partir para o Brasil, onde iria também ter com a irmã, que foi a última a acompanhá--lo quando a peregrinação na terra termi-nara. Agora, eu quereria ficar ali sozinho, a ouvir os ecos das últimas palavras do P.e Agostinho, mas fui levado para as imagens que ele por certo admirou e sobre as quais nunca tivemos ocasião de dialogar…

Serviu-me agora de interlocutor o Fal-cão: terei de pedir a alguém uma fotografia individual de cada uma dessas imagens, espalhadas pelos diversos altares para melhor voltar a elas – aos poucos, vou passando dos livros às imagens e já qua-se me habituei a ultrapassar o texto, de formato rectangular, para o marcar com imagens que interpelam de imediato (al-guém me fez reparo de assim ter proce-dido no livro Nuno de Santa Maria, mas parece-me que já não tenho emenda…). S. Pedro de Caçarelhos

No topo do altar-mor, a imagem de S. Pedro, padroeiro da terra – São Pedro de Caçarelhos, a replicar o padroeiro de Mi-randa: o emblema da tiara pontifícia, mais acima, não enganava; na imagem, as cores são vivas e deixam transparecer o cuida-do de limpeza, mas teria apreciado que alguém me dissesse a data da introdução da pequena estátua (pequena, para quem a olha na distância); a data fixada na en-trada da igreja leva-me ao séc. XVI, 1577; as pedras das paredes confirmam a idade, mas parecem-me bem perfiladas, sem pre-cisarem de ser endireitadas nos arranjos que recentemente deram à igreja (julgo que em 2012); por outra parte, reparei em algumas inscrições, avivadas a tinta, para testemunhar que os párocos, apresentados pelo bispo para haver quem se ocupasse da assistência espiritual em terra regalen-ga, foram solícitos em garantir os seus ser-viços e demonstraram que cumpriam com zelo a sua missão. Chamou-me a atenção a imagem de S. Pedro com os seus atribu-tos: as chaves (do reino dos céus, por cer-to) estão na mão esquerda, o olhar sobe ao céu, mas aos pés, no lado direito, está um galo, de goela levantada, lançando para o ar a alvorada; mas não é a angústia do santo que se deduz da imagem, pois julgo descortinar felicidade que prefere celebrar a felicidade de estar com Cristo (que o resgatou da angústia do remorso –

fui à procura de outras representações: os pintores preferiram a dor do apóstolo; ora, há a alegria do Ressuscitado a anunciar e Pedro, que andara com as redes, não fi-cou enredado nelas nem em si mesmo). Menino Jesus

Desci o olhar. Do lado mais nobre do al-tar, que agora parece ser o da (nossa) direi-ta (quando antes era o da nossa esquerda, por ser aí o lado do Evangelho), está um Menino Jesus: numa vara erguida na mão esquerda, uma pomba! Primeira interroga-ção: representação do Espírito Santo? Fiz uma pausa e recuei: a primeira expressão física do Espírito Santo apenas acontece quando Jesus, prestes a iniciar a sua vida pública, se aproxima de João Baptista, que estava a pregar no Jordão; andaria Ele, pe-los trinta anos e por isso a correlação não é apropriada para a imagem que se me deparava. Num repente, vem-me à mente um passo dos Evangelhos Apócrifos da In-fância de Jesus – que quase desprezara em tempos (aprendi com o tempo a ter formas de leitura mais abrangente). Não o tinha à mão nenhuma edição, mas recuperei facil-mente o texto, depois de buscar a fonte: era Jesus ainda criança, por volta dos cin-co anos, e andava a brincar junto de um ribeiro; fez correr um pouco de água para uma poça, juntou-lhe barro, modelou-o em forma de passarinho e pô-lo a voar; foram dizer a José que era inconcebível o que acontecera: estavam em dia de sába-do e era proibido trabalhar nesse dia, mas Jesus parecia divertir-se em trabalhos de barro; José, homem justo, sentiu-se obri-gado a intervir para pôr termo ao que não era mais que um divertimento. Noutro passo, que vem na Vida de Jesus em árabe, parágrafo 24, a cena repete-se e alarga-se: “Tinha Jesus sete anos; certo dia andava com crianças da mesma idade, todos eles entretidos a fazerem bonecos de barro, moldando burros, bois, pássaros e coisas do mesmo jaez; cada um defendia a sua obra, procurando encarecer o seu traba-lho; então Jesus voltou-se para os outros meninos e confessou: quanto a mim seria capaz de dizer às figuras que moldei que ganhassem andamento. As crianças, sur-preendidas, perguntaram-lhe se Ele era fi-lho do Criador. Sem mais, Jesus deu ordem aos bonecos para se porem em andamen-

to e os animais imediatamente se foram e, quando lhes deu ordem de voltar, eles vol-taram; fez também figuras de passarinhos: quando lhes dava ordem de voar, voavam, e pousavam quando ele assim ordenava; se lhes apresentava de comer e de beber, comiam e bebiam. As crianças foram con-tar estas coisas aos pais, mas eles assusta-ram-se e diziam-lhes: «cuidado, meninos; nada de andar com ele, pois faz bruxa-rias; fugir dele e andar longe; de agora em diante, não brinqueis mais com ele»”. A imagem de Caçarelhos tem aqui ple-na correspondência. Quem trouxe para ali aquela imagem? Alguém que sabia ensinar às crianças a simplicidade do Menino que amava a natureza… Talvez por ali passasse o catecismo, simples e ingénuo. Quem nunca gostou de ter uma avezinha na mão e lançá-la a voar? Logo a seguir deparo com outra imagem do Menino Deus, senhor do Mundo: não é o Menino Jesus de Praga (esse, talvez de origem espanhola - dizem), que em Mi-randa, na catedral, é o Menino Jesus da cartolinha (Niño Jesus de la Cartolica, na linguagem da terra), vestido de general ou de oficial da Guarda Republicana (o Dr. Rui Pereira, ministro, para ali trouxe mais essa novidade); mais simples e sem adornos, o Senhor do Mundo de Caçarelhos empu-nha uma cruz (simbólica), que o identifi-ca como Salvador, na figuração de uma criança, em vestido de azul-celeste, sus-tentando o mundo que levanta com gra-ciosidade. Não me demorei ali, mas o Me-nino da cartolinha tem traços franceses, que chegaram em iconografia do tempo do rei D. João V: há nele traços barrocos, com aproximação ao quotidiano burguês e festivo que até nas aldeias se apreciava – acabo de ver em Vilar de Frades, junto a Barcelos, uma Sagrada Família que tem um Menino levado pela mão de Maria; não dispensam cada uma das três persona-gens o seu chapéu de festa… Fizeram-no soldado em Miranda? Coisas de se ajustar à defesa da terra, quando os franceses ba-teram à porta, respondendo-lhes com dis-farce que eles eram capazes de interpretar. De figuração parecida é uma Menina que fica quase em frente, ainda na capela--mor, antes do arco do cruzeiro; detive--me nela: não havia que enganar, pois, vestida de azul, até aos pés, estes calcam

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Caçarelhos: lugar de encontrouma serpente; é a Virgem Maria, ainda Menina, na sua qualidade de Imaculada Conceição, aquela que, porque destinada a Mãe de Deus, desde a sua concepção foi imaculada e livre de pecado. Porque haveríamos de nos fixar na Imaculada de Murillo, mulher feita e olhando para o Alto, ou na Mulher forte, como a que está na igreja de Cernache de Bonjardim? Quero entender que quem traçou o pro-jecto iconográfico da igreja de Caçarelhos tinha afeição às crianças e sabia cativá-las com as pequenas imagens que foi colo-cando nas paredes da igreja.

Voltei atrás para identificar na esquerda do altar-mor (antigo lado do Evangelho) a imagem do bispo que aí se encontra: tem mitra, os outros traços não são claros; diz--me o meu ajudante-interlocutor que é conhecida por Santo Amaro… Não me acudiram reparos de maior, mas mesmo ajudado pela prevenção que me adiantou o nome, senti-me indeciso em identificar o santo, pois a iconografia e os atributos são incertos: é dado por uns como companhei-ro de S. Bento, mas confundem-no outros, dizendo alguns que, como rezam legendas hispânicas (que eu publiquei), andou em busca do lugar do Paraíso na Terra; na con-taminação dos atributos, dizem-no eremita (a ele dedicando capelas que alternavam com a de Santo Antão), mas outros fazem--no protector dos aleijados (que precisam de muletas para se deslocar); à distância em que me ficava a imagem, não soube classi-ficar o tipo de mitra nem perceber se os braços estavam amputados (para significar a protecção que lhe caberia garantir) ou se era simples fingimento para evitar que no transporte da imagem elas fossem moles-tadas.

Porque o tempo urgia, descemos para o corpo da igreja e aí outras imagens me vinham ao encontro. Do lado direito de que estava voltado para o altar, era fácil identificar Santa Bárbara, no esplendor da sua força para garantir protecção contra os trovões – um emblema na base do seu altar deixava entender que a santa está ali de origem; em algum momento terá ficado acompanhada de S. Sebastião, cravejado de setas: o medo das trovoadas (de que Santa Bárbara protegia) deve ter-se mis-turado com o pavor das pestes (de que se encarregava S. Sebastião).

N. Senhora, de rocaDo lado oposto, um outro altar é de-

dicada a uma Senhora, de roca, a quem alguém, à falta de melhor entendimento, colocou um terço branco nas mãos; ora, a posição dos braços, afastados em atitude de acolhimento, levar-me-ia a interpretar de outra maneira: não tem características de Senhora da Saúde ou de Senhora da Ajuda, mas poderia ser a Senhora da Con-fiança (bem gostaria eu de saber como a in-vocavam os vizinhos de Caçarelhos)… No corpo da igreja, o altar do Coração de Jesus apresenta uma imagem vigorosa; o matiz dourado aponta para idade relativamente antiga: não pude deixar de voltar os olhos para a porta do sacrário para me certificar que o coração ali gravado remetia para essa imagem ou que uma era reflexo de outra e concluía, em reflexão pessoal, que esta imagem se reportava ao sacramento euca-rístico, onde o coração tudo explica.

Havia mais altares: um era o do Calvário, em que se mantém a imagem da Virgem Dolorosa; fiquei com a impressão que falta-va a imagem de João Evangelista para que o conjunto tradicional ficasse completo. Logo alguém, muito solícito, me lembrou que talvez tivesse desaparecido por algum desacato; outro dos meus companheiros reclamava contra o descaso de pequenas outras imagens estarem expostas à mesma situação, mas logo o meu interlocutor mais directo atalhou que a igreja não estava ao desamparo e havia quem dela cuidasse com esmero e vigilância…

Sem grandes prevenções nem certe-zas, mas com alguma curiosidade, fixei-me num fresco que tinha deixado para trás, perante o apagamento de alguns traços: a custo, julgo ter divisado as linhas de um pai-nel central e de um elenco de quadros da vida de Cristo na bordadura: no painel cen-tral, julgo ter razões para identificar a aleita-ção (mística) de S. Bernardo na aparição de Nossa Senhora acompanhada do Menino; o esguicho identificador apagou-se, mas o êxtase do santo (de hábito cisterciense e quase a cair para o lado) não oferece dúvi-da e a orientação do olhar também estava à vista: só falta verificar se por ali ficou al-gum traço da oração do santo – monstra te esse matremdo Ave Maris stella, cuja melodia nos deliciava em tempos, diante da gruta de Nossa Senhora, e daria gosto

repetir ali (oh se dava…). O elenco dos pe-quenos quadros pode ser o dos mistérios do rosário (haveria que confirmá-lo), mas acompanha bem o versículo que mere-ceu ao santo a demonstração maternal de Maria (assim se crê que Maria correspon-deu ao repto com monstra te esse filium). Aquele quadro deveria ter paralelo na parede oposta (junto ao altar de Santa Bárbara), mas os traços estão de tal modo sumidos que não tive coragem de arriscar qualquer hipótese que ali servisse de ajuda a quem ali voltar; não excluiria, no entanto, que o fresco mal divisado mereceria restau-ro, se fosse ainda possível fazê-lo…

Enfim, foi rápida a visita e o meu ritmo não tinha que ser o dos outros: teria gos-tado que fosse mais intenso o meu olhar e que os afectos que ali me levavam fossem aprofundados na recordação de antigos dias partilhados com alguém que dali par-tira e ficara indelevelmente ligado a mim e a outros.

Também para isso serve a ARM: des-cobrirmos as riquezas que há espalhadas pelas nossas terras e que muitas vezes não vieram à mesa comum – nesta serviam--se saberes e sabores mais elaborados, certamente; na tarde da vida, vale a pena acolhermo-nos à sombra das igrejas que serviram de berço na fé a muitos daqueles que encontrámos em vida comum, na So-ciedade Missionária. Todos teremos algum pouco a partilhar e muito a aprender.

Lisboa, a 19 de Agosto de 2013.Aires A. Nascimento

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Em 7 de Setembro de 2013 realizou-se em Barcelos a confraternização regional dos Armistas que, como já é habitual, foi muito participada.

Após o almoço fomos conhecer a história e as estórias do Convento Beneditino de Vilar de Areias, os Homens Bons de Vilar.

É no século XV que chegam a Braga os fundadores da ordem secular de S. João Evangelista. Ricos e generosos, depressa o povo os tratou de bons homens de Vilar. Dedicados à pregação, vão erguer uma igreja e um convento, marca-dos pelo estilo ma-nuelino. Após qua-trocentos anos de permanência em Vi-lar, os cegos de Lóios, também eram assim chamados, foram ex-pulsos pelos liberais, em 1834. Com apoio da União Europeia, os

edifícios foram salvos da ruína em que caíram nos últimos anos do século XX. Vale bem a pena uma visita. Agendem.

O José Campinho, através do seu vídeo co-mentário que abaixo publicamos, encheu-se de brio e coragem, subiu a fasquia da exigência e transformou este encontro numa maravilhosa vi-sita cultural, turística e artística, arrastando todos os participantes a ver alguns lugares e aspectos muito característicos da região de Barcelos. Este trabalho parece mesmo dum profissional em crescendo, que promete mais e melhor num fu-turo próximo.

Vale a pena ver e ouvir a narrativa deste evento.

http://arm-smbn.blogspot.pt/p/encontros-regio-nais.html

Encontro de Barcelos

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Com cerca de 6 dezenas de convivas realizou-se no dia 17 de Agosto o Encontro Regional de Trás-os-Montes, este ano em Caçarelhos, Vimioso.

Cedo começaram a chegar e a conviver numa animação e entusiasmo inusitado pois as saudades eram muitas de quem não se via há mais de 30 ou 40 anos. O calor apertava mas a excelente recepção na Casa Rural da terra refrescou-nos o corpo com algumas bebidas frescas servidas junto à piscina, sob tendas de lona (quase parecia um casamento…!!!) antes da celebração da Missa. Momento aproveitado para as apresentações, algumas palavras do Senhor Pe. Albi-no sobre o momento da SMBN, uma resenha da ARM a cargo do Santos Ponciano e um grande testemunho do Sr. Pe. Farias, missionário em An-gola.

Após a missa, a foto de família e o frugal almoço com franco e são con-vívio fazendo jus aos ensinamentos do seminário.

Encontro muito participado com muitos armistas novos, em idade e nestes eventos, a que não é alheio o grande esforço feito pelo António Padrão que com o seu jeito pecu-liar os convenceu a participar. Muito Bom.

Encontro de Caçarelhos

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28/11/2013 13:33

Chegou, fulminante, a notícia: acaba de falecer o P. José Marques Gonçalves. Encontrado morto no quarto de banho. Ataque cardíaco.

Mais um que regressou ao convívio com o PAI e todos os Seus… ao convívio dos nossos irmãos que já partiram para lá.

P. José Marques Gonçalves nasceu na freguesia da Orca, concelho do Fundão, distrito de Castelo Branco, dio-cese da Guarda, em 21 de Fevereiro de 1932.

Entrou para os nossos Seminários (Tomar) em 28 de Setembro de 1943. Fez o seu Probandato em 1952-1953. O seu primeiro Juramento foi em 08 de Setembro de 1953. Seminário de Cucujães.

Fez o seu Juramento Perpétuo em 28 de Junho de 1956. Ordenado Diácono em 09 de Setembro do mesmo ano. Seminário de Cucujães.

Ordenado sacerdote em 15 de Junho de 1957, na Orca, juntamente com PP. Manuel Marques Gonçalves e Manuel Ramos dos Santos.

De 1957 a 1962: Prefeito e Professor em Cernache do Bonjardim. De 1962 a 1964: Reitor e Professor no Seminá-rio de Tomar.

Em Outubro de 1964 para as Missões (diocese de Por-to Amélia, hoje Pemba, Moçambique). Colocado no Se-minário do Mariri, como Formador e Professor). Em 1965, Reitor do mesmo.

Em 1969 foi para a Missão do Chiúre. Pouco depois, Superior da Missão de Ocua.

Depois de umas férias em Portugal, volta novamente ao Seminário do Mariri (Setembro 1973). Em 1975 volta a Ocua.

NOTÍCIAS BREVES DA SMBN

Em Dezembro de 1978, residência forçada em Pemba, juntamente com todos os Missionários. Mas, em Setembro de 1979, é admitido como Professor na Escola Secundária e Comercial (Pemba).Em 25.01.1981, em férias em Portu-gal, é gravemente atropelado em Valadares. Ficou em Por-tugal, em recuperação.

Em Julho de 1982 regressa a Pemba. Em Setembro de 1983 é nomeado Pároco de Ocua e encarregado das paró-quias do Chiúre e Metoro, residindo na sacristia da nova igreja do Chiúre.

Em 04 de Maio de 2010 chega a Portugal, bastante de-bilitado. Seminário de Cucujães. Em 30 de Setembro de 2011 é nomeado para a Região de Portugal (com residên-cia no Seminário de Cucujães).

Ultimamente residia no nosso Lar de Santa Teresinha, com problemas cardíacos.

Esperamos que o Senhor Jesus e a Boa Mãe o tenham recebido na Sua morada.

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15/10/2013 19:01

É com muita dor que comunicamos que acaba de re-gressar à Casa do Pai o Sr. Padre António Maria Lopes.

Como tinha sido comunicado antes, estava internado no Hospital de Oliveira de Azeméis.

O P. António Maria Lopes nasceu em 09 de Novembro de 1925, em Monsanto, concelho de Idanha-a-Nova, Dio-cese de Portalegre-Castelo Branco.

Entrou no nosso Seminário de Cucujães no dia 01 de Outubro de 1942. Vinha já com o 5º ano, feito no Seminá-rio diocesano de Alcains.

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NOTÍCIAS BREVES DA SMBN

Fez o seu Probandato no ano lectivo de 1945/1946, no fim do qual fez o seu primeiro Juramento – 15 de Setem-bro de 1946 (Seminário de Cucujães).

Juramento Perpétuo em 24 de Setembro de 1949, também no Seminário de Cucujães. No mesmo Seminário, recebeu o Diaconado no dia 06 de Janeiro de 1950.

No dia 08 de Abril de 1950 foi ordenado Presbítero na Capela do Seminário Maior do Porto.

Em 1946/47 foi Vice-Prefeito do Probandato e Profes-sor no Seminário Cucujães. Em 1947/1950, Vice-Prefeito e Professor em Cernache.

No dia 29 de Outubro parte para as Missões (diocese de Nampula).

Em 1952 regressa a Portugal por doença. Passou por Cucujães e Cernache (1952-1953). No ano seguinte, Pro-fessor e Prefeito. 1954/1955: Vice-Prefeito e Professor em Tomar.

Em 11 de Outubro de 1955 regressa a Nampula, indo trabalhar para a Missão de Mutuáli.

Ilha de Moçambique, desde 1959, como Coadjutor. A partir de 1974 é o Pároco da Ilha.

Enquanto esteve na Ilha conseguiu um ambiente de muita amizade entre a comunidade católica e a muçul-mana.

Em 11 de Outubro de 1998, na cidade de Maputo, foi condecorado pelo 1º Ministro Português de então (conde-coração sem título). De facto, P. Tó, como era tratado, era uma REFERÊNCIA na Ilha de Moçambique. Disse-se que a Frelimo o reenviou para a Ilha, aquando da concentração dos missionários nas cidades, no princípio da revolução/in-dependência, devido exactamente a ele ser uma referência para todos, em especial para os turistas.

Em Abril de 2007, e devido à idade e ao facto de estar quase completa-mente surdo, deixa a Paróquia e Ilha de Moçambique e vai residir em Nampula.

Em 27 de Novembro, chega a Por-tugal. Depois de uns meses em Lisboa, vai para Cucujães. Sempre bem dis-posto. Mas foi-se apagando pouco-a--pouco.

Deus chamou-o nesta tarde, 15 de Outubro. Esperemos que Deus e a Boa Mãe o tenham recebido de braços abertos, sem precisarem de escrever num papel as Boas Vindas, como tínha-mos de fazer, enquanto ele esteve en-tre nós nos últimos anos.

12/09/2013 13:51

O Sr. P. António Vieira Mendes acaba de falecer, para se encontrar com o Pai… E com Maria, nossa Mãe, de quem ele tanto amava.

P. Vieira nasceu em Freixo, Marco de Canaveses, Diocese do Porto, no dia 23 de Maio de 1923.

Entrou no nosso Seminário de Tomar em 29 de Setembro de 1936.

Fez o seu Juramento, após o seu Probandato, no dia 15 de Setembro de 1945, no Seminário de Cucujães. O Jura‑mento Perpétuo foi em 27 de Novembro de 1948, em Cer‑nache.

Foi ordenado sacerdote em 08 de Maio de 1949, em Cucujães. Devido a problema grave num rim (que lhe foi ex‑traído), a sua ordenação sacerdotal foi antecipada, esperan‑do‑se o pior da operação.

Depois de passagem pelos nossos seminários como Vi‑ce‑Prefeito, Prefeito e Professor quer dos alunos quer dos Ir‑mãos, partiu para a diocese de Nampula (Moçambique) em 12 de Novembro de 1954.

Diversas vezes veio a Portugal, algumas delas por moti‑vos graves de saúde.

Regressou de Moçambique em 01 de Junho de 2007, fi‑cando a residir em Portugal.

Em 10.09.2008 foi nomeado oficialmente para a Região de Portugal, com residência no Seminário de Valadares.

Aqui, o Deus‑Pai marcou o seu último encontro neste mundo.

Paz à sua alma!

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BOLETIM N.º 116

Julho/Dezembro de 2013

ARM – Associação ReginaMundi dos Antigos Alunosda Sociedade Missionária

Portuguesa

O Boletim Quadrimestral da ARM tem, incontestavelmente, grande relevância como meio de comunicação entre os seus associados.

É também a grande despesa, quer pela impressão, quer pela expedição, a grande despesa na conta de demonstração de re-sultados da Associação.

A Direcção desejaria que a pu-blicação fosse auto-suficiente. Para atingir este objectivo era necessário reduzir os custos e aumentar as receitas. Tomámos as seguintes medidas:

1. Formalizou com os CTT pro-tocolo para o envio em cor-reio editorial;

2. Fez um apelo especial e par-ticular aos Armistas empre-sários, ENI’S e profissionais liberais para que fizessem publicidade;

A tiragem de cada edição au-mentou de 500 para 800, Che-gando cada vez mais longe e a um maior número de antigos alunos.

Reiteramos, pois, o nosso apelo para que colaborem connosco.

“O Natal fala de ternura e de esperança. Deus, ao encontrar-se connosco, diz--nos duas coisas. A primeira é: tenham esperança. Deus abre sempre as portas, nunca as fecha, é o pai que nos abre as portas. A segunda: não tenham medo da ternura”, afirma.

Segundo Francisco, quando a Igreja se esquece da ternura e da esperança torna-se “fria” e enreda-se em “ideologias”.

O Papa lembra os cristãos que passam por “dificuldades” na terra onde Jesus nasceu e confirma que está a preparar uma viagem à Terra Santa para se encon-trar com o seu “irmão Bartolomeu, patriarca de Constantinopla” (Igreja Ortodo-xa), nos 50 anos de um encontro idêntico, entre Jerusalém, então entre o Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras.

Jorge Mario Bergoglio, eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março, vai celebrar o seu primeiro Natal no Vaticano num mundo “afetado pelas guerras” e pela fome, preocupações presentes nas suas últimas intervenções, que lhe va-leram acusações de “marxismo” por parte de setores conservadores dos Estados Unidos da América.

“A ideologia marxista está errada, mas conheci durante a minha vida muitos marxistas que eram boas pessoas e por isso não me sinto ofendido”, observa.

O Papa mostra-se “surpreendido” com as críticas recebidas após a publica-ção da exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (a alegria do Evangelho), a res-peito da passagem em que se pronuncia contra uma “economia que mata”.

Francisco diz ter apresentado a “Doutrina Social da Igreja” numa “fotografia” sobre a situação atual, o que “não significa ser marxista”, e reafirma que não falou “desde o ponto de vista técnico”.

“Prometia-se que quando o copo estivesse cheio, transbordaria e os pobres beneficiariam com isso. O que acontece, pelo contrário, é que quando está cheio, o copo cresce, por artes mágicas, e nunca sai nada para os pobres”, explicou.

O Papa renova os seus apelos à luta contra a fome e o desperdício de ali-mentos, pedindo que todos se unam para “dar de comer” a quem precisa.

“Que a esperança e a ternura do Natal do Senhor nos sacudam da indiferen-ça”, apela.

Francisco admite, por outro lado, que não sabe de onde surgiu a notícia de que iria criar mulheres cardeais, algo que descarta.

“As mulheres na Igreja devem ser valorizadas, não clericalizadas. Os que pensam em mulheres cardeais sofrem um pouco de clericalismo”, afirma.

A entrevista alude aos esforços de renovação financeira na Santa Sé, frisan-do que “as comissões de supervisão estão a trabalhar bem”, mas deixa em aber-to o futuro do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o chamado ‘banco’ do Vaticano.

Relativamente à reforma da Cúria Romana, que tem sido discutida com a nova Comissão de Cardeais, o Papa adianta que as primeiras “sugestões con-cretas” vão ser entregues em fevereiro e que, durante as reuniões, se limita a escutar.

“A reforma começa sempre por iniciativas espirituais e pastorais, mais do que com mudanças estruturais”, declarou.

Francisco diz que considera “prioritário” o diálogo ecuménico e destaca, a este respeito, o “ecumenismo de sangue”: “Nalguns países, matam cristãos por levarem consigo uma cruz ou por terem uma bíblia, e antes de os matarem nin-guém lhes pergunta se são anglicanos, luteranos, católicos ou ortodoxos”.

Papa deixa mensagem de«ternura e esperança»