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www.redebrasilatual.com.br BAURU Jornal Regional de Bauru www.redebrasilatual.com.br BAURU nº 08 Dezembro de 2014 jornal brasil atual jorbrasilatual DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Entidades e vereadores mediam crise na Ajax, que põe em risco 1.100 empregos TRABALHO AÇÃO CONJUNTA “Braços Abertos”, da capital, é alternativa de combate ao crack Pág. 4 SOCIAL HÁ ESPERANÇA Aumento de usuários no final do ano acentua número de reclamações Pág. 2 CIDADE RODOVIÁRIA Clubes do interior lutam contra desmandos da alta cartolagem Pág. 7 FUTEBOL JOGO DURO NOVO GOVERNO Após eleição marcada pelo ódio, presidenta dá indícios de que deve avançar em reformas estruturais Pág. 5 DILMA CONCLAMA UNIDADE NACIONAL Jornal_Bauru_08.indd 1 12/19/14 1:07 PM

Jornal Brasil Atual Bauru - edição dezembro 2014

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Jornal Regional de Bauru

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nº 07 Novembro de 2014 jornal brasil atual jorbrasilatualJornal Regional de Bauru

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nº 08 Dezembro de 2014 jornal brasil atual jorbrasilatual jornal brasil atual jorbrasilatual jornal brasil atual jorbrasilatual

DISTRIBUIÇÃOGRATUITA

Entidades e vereadores mediam crise na Ajax, que põe em risco 1.100 empregos

TRABALHO

AÇÃO CONJUNTA

“Braços Abertos”, da capital, é alternativa de combate ao crack

Pág. 4

SOCIAL

HÁ ESPERANÇA

Aumento de usuários no final do ano acentua número de reclamações

Pág. 2

CIDADE

RODOVIÁRIA

Clubes do interior lutam contra desmandos da alta cartolagem

Pág. 7

FUTEBOL

JOGO DURO

NOVO GOVERNO

Após eleição marcada pelo ódio, presidenta dá indícios de que deve avançar em reformas estruturais

Pág. 5

DILMA CONCLAMA UNIDADE NACIONAL

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Expediente Rede Brasil Atual – BauruEditora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de Redação Paulo Salvador Edição Enio Lourenço Redação Francisco Monteiro, Flaviana Serafim, Fernando Martins de Freitas, Giovanni Giocondo, Giovani Vieira Miranda, João Andrade, Paula Pinto Monezzi, Vanessa Ramos e Vítor Moura Revisão Malu Simões Foto Capa Dilma (Roberto Stuckert Filho/PR) Futebol (Malavolta Jr./Jornal da Cidade) Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2820 Tiragem: 5 mil exemplares Distribuição Gratuita

EDITORIAL

O ano de 2014 vai chegando ao fim, e entrará para a história por inúmeros acontecimentos que fugiram da normalidade. No Brasil, não podemos deixar de recordar da Copa do Mundo de futebol, que até hoje gera controvérsias, seja no âmbito político ou esportivo. Sob uma tensão de protestos durante o evento, principalmente referentes às obras e re-moções, o Mundial teve êxito em sua realização – excetuando a tragédia da Seleção Brasileira, que tomou o vergonhoso 7 a 1 da Alemanha.

A eleição presidencial mais disputada da Nova República, caracteri-zada por uma polarização ideológica como há muito não se via, também será lembrada. A presidenta Dilma conquistou mais quatro anos de go-verno, com a tarefa de avançar nos programas sociais, nos serviços pú-blicos e, sobretudo, no controle da economia que defenda a manutenção dos empregos da classe trabalhadora.

Contudo, um episódio que talvez ganhe mais destaque nos livros de história aconteceu no último dia 17 de dezembro: a reaproximação dos Estados Unidos com Cuba. A disposição de Barack Obama e Raúl Cas-tro em reestabelecer a diplomacia pode trazer alguma esperança ao povo cubano, que, com o embargo econômico internacional – em vigor há mais de 50 anos – e seu regime contraditório, tem benesses sociais das mais avançadas do mundo e escassez de itens de primeira necessidade.

Se isso implicará no fim do socialismo real do século XX no oci-dente, ainda é cedo para afirmar. Mas, de concreto, a ação do governo federal em financiar o Porto de Mariel, via BNDES, pode ajudar no de-senvolvimento econômico da ilha no próximo período, e render negó-cios ao Brasil.

Ou seja, tinham razão aquelas pessoas raivosas, que, sem uma leitura aprofundada da geopolítica mundial, criaram factoides na grande mídia sobre a política externa brasileira? E agora, para onde irão fugir os des-contentes com o Brasil: Miami ou Havana? Feliz Ano Novo!

CIDADE

Superlotação nos feriados provoca mais reclamaçõesRodoviária apresenta problemas

Justificativas oficiais

Com o fim do ano, aumen-ta o trânsito de pessoas no Ter-minal Rodoviário de Bauru, de onde sai ônibus para 350 cida-des de todo o país. De acordo com a Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), em dias úteis, cerca de 3,5 mil pessoas circulam diariamente pelo local, com uma tendência a dobrar nos feriados.

O movimento intenso de passageiros, no entanto, não tem motivado a autarquia a investir em melhorias na in-fraestrutura. Essa é a percep-ção dos usuários. Umas das reclamações constantes é a ausência de caixas eletrôni-cos – hoje, só é possível fazer transações pela Caixa Econô-mica Federal.

“Se você não tem cartão de crédito, acaba ficando na mão. Aqui deveria ter, no mínimo,

um caixa 24 horas”, reclama o bauruense Roberto Granito, 36.

A falta de uma sala de espe-ra para os passageiros também incomoda. O espaço aberto que se mistura aos guichês e às lan-chonetes não é o melhor mode-lo para alguns usuários.

“A rodoviária é bem bonita, mas pegar ônibus com frio ou chuva aqui é muito ruim. De-veriam investir neste tipo de

serviço para melhorar o atendi-mento”, apontou a rio-pretense Maria Lourdes Sousa, 53.

Nos feriados, outra crítica diz respeito à limpeza dos espaços, como o banheiro. “Os serviços prestados não acompanham o aumento da demanda. Banheiro de rodoviária já é caótico em dias normais, e aqui fica quase impos-sível de usar nos dias de muito movimento”, lembra Maria.

Paulo Jorge André, ge-rente do Terminal Rodovi-ário, conta que a Emdurb vem realizando modifica-ções constantes para aten-der melhor os usuários

A autarquia abriu cha-mamento público no Diá-rio Oficial para implantar novos caixas eletrônicos. “Até alguns meses, o regu-lamento não permitia novos caixas. Foi realizada uma modificação e em breve eles

serão instalados”, revelou.Quanto aos serviços ofe-

recidos, o gerente frisa que não há aumento no número de funcionários da limpeza, uma vez que as contratações atuais ocorreram prevendo variações na demanda.

“A única modificação que fazemos é o aumento do nú-mero de funcionários no es-tacionamento. Ele sempre funciona 24 horas, mas o au-mento é para que haja mais ro-

tatividade entre os serviços oferecidos”, disse o gerente.

Paulo André ainda refor-ça que desde a fundação do Terminal Rodoviário, há 34 anos, várias alterações na infraestrutura foram feitas, como a instalação de uma sala para atender os usuários.

“As demais mudanças estão sendo planejadas de acordo com as demandas que a equipe técnica vai percebendo”, justificou.

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TRABALHO

Entidades, vereadores e iniciativa privada se reúnem para defender os cerca de 1.100 empregosCrise na Ajax coloca em risco postos de trabalho

A Ajax, uma das maiores empresas do ramo de fabrica-ção de baterias do país, passa por crise acentuada em Bauru. Depois de atrasar pagamentos de salários, demitir trabalha-dores no início do ano, o novo imbróglio está relacionado ao fornecimento de energia elé-trica, e deixa os cerca de 1.100 funcionários inseguros quanto ao futuro.

Após descumprir consecu-tivos acordos de pagamento, a empresa foi expulsa da câmara de distribuição energética no mercado livre, forma de forne-cimento em que as tarifas são cobradas a preço de mercado, sem a intermediação de conces-sionárias de distribuição.

Sindicato considera Poder Público lento e omissoNa tomada de decisões,

porém, Rocha não viu a Pre-feitura intervir com a mesma assiduidade de outros seg-mentos da sociedade bau-ruense. Ele acredita que se o poder público continuar omisso e lento em suas deci-sões, Bauru caminha para ser uma “cidade dormitório”.

“É incrível como a gente vê cidades da região atrain-do médias e grandes em-

presas, enquanto Bauru faz uma opção de garantir a área de serviços em detrimento da indústria. Não há incentivos reais. O que a gente vê é a ci-dade se transformando em um grande dormitório de mão de obra para outros municípios”, exclamou o sindicalista.

O chefe do Gabinete da Pre-feitura, Arnaldo Ribeiro, que também é secretário de Desen-volvimento Econômico, dis-

corda do apontamento do Sindmetal, e ressalta que a Prefeitura tem procurado ga-rantir o crescimento da cidade.

“Nós sempre sentamos, conversamos e procura-mos a melhor alternativa, da forma mais democrática possível. Não há nenhum interesse para a cidade per-der as suas empresas, e mui-to menos ver seus cidadãos desempregados”, destacou.

Com uma liminar judicial, o fornecimento passou a ser in-termediado pela CPFL. Porém, novamente, a Ajax contraiu dí-vidas. A Companhia Paulista de Força e Luz cobra R$ 1,3 mi-

lhão em multas e penalidades, além de R$ 522.698,66 de con-sumo no mês de setembro.

De forma inédita em Bau-ru, entidades de classe, Poder Legislativo e setor privado se

reuniram para buscar soluções para a crise da Ajax. Uma reunião realizada na Câmara Municipal resultou num do-cumento solicitando à CPFL o religamento imediato da ener-gia na empresa.

Um novo acordo e novos prazos foram fi rmados entre as partes em questão. E um novo descumprimento da Ajax resultou em um novo corte de energia.

Para interromper esta ação, uma decisão judicial interveio e considerou o desligamento irregular, pois ele aconteceu durante a madrugada do dia 9 de dezembro e sem aviso prévio, colocando em risco os trabalhadores.

Desde o início das crises supracitadas, o Sindicato dos Metalúrgicos de Bauru (Sin-dmetal) esteve presente para cobrar agilidade no pagamen-to da dívida, sem ônus aos tra-balhadores.

Cândido Rocha, presiden-te da entidade, destaca que a maior preocupação é com a manutenção dos postos de trabalho.“Essa é uma crise que não atinge apenas os empresá-rios, mas, sobretudo, os traba-lhadores. Nós unimos as forças para que a situação fosse resol-vida com o máximo de agilida-de, para que os prejuízos fos-sem os menores possíveis para quem depende do trabalho na empresa”, destacou.

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E-mail: [email protected] | [email protected]

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SOCIAL

Capital paulista aponta horizonte de combate com programa interdisciplinar “Braços Abertos”Uso do crack se espalha no interior de São Paulo

“Nenhuma crença vai substituir o tratamento de saúde”

“Braços Abertos” abre as portas para a superação

Em 2013, um levantamen-to do Instituto Fiocruz identifi-cou 370 mil usuários de crack no Brasil. O consumo da dro-ga, antes restrito a áreas dete-rioradas das grandes cidades e às pessoas em situação de rua, popularizou-se em municípios do interior e atinge todas as camadas sociais.

No Estado de São Paulo, segundo dados da Confedera-ção Nacional dos Municípios, 70% das cidades enfrentam

Paulo Sergio Souza, de 35 anos, é funcionário de uma empresa de limpeza pública em São Paulo, desde agosto.

Há um ano, no entanto, o trabalhador fazia parte do enorme contingente de pes-soas que habitam as calça-das da “cracolândia”, onde viveu durante seis anos sob as asas da droga.

Em janeiro de 2014, ele passou a fazer parte do pro-grama Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, que consiste em frentes públicas de trabalho oferecidas para a população usuária de droga e moradora de rua em tro-ca de salário, alimentação e

moradia (alugada em pensão). Atualmente, 470 pessoas são beneficiadas.

Em julho, Paulo saltou para um trabalho formal com

me viraram as costas. Hoje, eu voltei a ver a minha filha, que está com 10 anos, e a sensação é maravilhosa. O trabalho no projeto mostrou que a gente é capaz de virar o jogo e superar essa situação”, comemora.

Mauricio Dantas, um dos coordenadores do programa social, frisa que o trabalho era uma demanda dos próprios usuários. “Eles precisavam de uma alternativa de renda e de interrupção da dinâmica da fis-sura que o crack provoca”, diz.

Somente em 2014, foram realizados 28 mil atendimentos não compulsórios aos usuários que trabalham no projeto den-tro da diretriz de redução de

problemas por conta da cha-mada “epidemia” da droga.

Há divergências nas formas de lidar com o vício. As mais comuns são: internação volun-tária, internação compulsória e recuperação mediante trabalho ou religião, que se contrapõem.

Para Dartiu Xavier, psi-quiatra e professor da Univer-sidade Federal de São Paulo (Unifesp), o uso do crack é um sintoma da conjuntura social desfavorável em que as pesso-

as se encontram. “A situação de rua sempre existiu antes do crack, ninguém vai para a rua por causa da droga”, informa.

Dartiu explica que o fato de os usuários estarem sobre-vivendo em condições insalu-bres dificulta a recuperação. “As pessoas acham que a de-pendência do crack é mais di-fícil de tratar que a do álcool. Isso não é verdade. Qualquer dependência é sempre difícil de tratar”, esclarece.

danos, que por sua vez é o carro-chefe da Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras drogas.

Semanalmente, Dantas é procurado por municípios do interior de São Paulo, de ou-tros Estados e até mesmo por outros países do exterior. “Já recebi autoridades do Cana-dá e da África do Sul interes-sadas no projeto. O Braços Abertos ganhou visibilidade e tornou-se referência, mas é preciso lembrar que ele não pode ser transportado auto-maticamente para outro lu-gar. É necessária uma adap-tação”, pondera.

Nas zonas rurais do inte-rior proliferam-se os centros de acolhida, uma forma tra-dicional de tratamento aos usuários de drogas. No Es-quadrão da Vida, em Marí-

lia, o tratamento é voluntário, mas, além da saúde, a religião também entra em pauta.

“Nós usamos a Bíblia como material didático, por-que achamos que a leitura aju-

da na libertação das drogas. A entidade é evangélica, mas ninguém precisa se converter”, explica Kin Cogu, coordena-dor de tratamento da entidade, que hoje abriga 14 homens.

Para Dartiu Xavier, apesar de bem-intencionadas, muitas dessas instituições não têm equipes de saúde suficientes. “Eu não tenho nada contra a religião, mas as pessoas não

podem confundir essas dou-trinas com tratamento de dependência de droga. Ne-nhuma crença religiosa vai substituir o tratamento de saúde”, explica.

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carteira assinada. “Tinha per-dido o emprego, a casa, e aí fui para a rua. Quando você entra ‘na droga’, fica com vergonha da sua família. Mas eles nunca

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NOVO GOVERNO

Ódio e calúnias marcaram a eleição; reforma política e democratização da mídia entram na pautaDilma pede unidade para os próximos quatro anos

Reforma política Regulação econômica da mídia

“Conclamo, sem exceção, a todas as brasileiras e todos os brasileiros para nos unir-mos em favor do futuro de nossa pátria, do nosso país e de nosso povo. Não acredito, sinceramente, que essas elei-ções tenham dividido o país ao meio. Entendo, sim, que elas mobilizaram ideias e emoções às vezes contraditórias, mas unidas por sentimentos co-muns: a busca por um futuro melhor para o país.”

O discurso conciliatório da presidenta Dilma Rousseff (PT) após o fechamento das urnas marcou uma das disputas mais vorazes da Nova Repúbli-ca – a petista venceu pela dife-rença de 3.458.891 votos.

A reformulação do sis-tema político brasileiro ganhou força após os mo-vimentos da juventude de junho de 2013. Em setembro deste ano, entidades e mo-vimentos sociais reuniram mais de sete milhões de as-sinaturas em uma consulta popular que indagou: “Você é a favor de uma Assembleia Constituinte e Soberana so-bre o Sistema Político?”. Confira trecho do documen-to que justifica a ação:

Vemos, por exemplo, que os candidatos eleitos têm um gasto de Campa-nha muito maior que os não eleitos, demonstrando um dos fatores de poder eco-nômico nas eleições. Tam-bém vemos que o dinheiro usado nas Campanhas tem

origem, na sua maior parte, de empresas privadas, que financiam os candidatos para depois obter vanta-gens nas decisões políticas, ou seja, é uma forma clara de chantagem. (...) Além disso, ao olharmos para a composição do nosso Con-gresso Nacional vemos que é um Congresso de deputa-dos e senadores que fazem parte de uma minoria da População Brasileira.

A reforma política é o “nó a ser desatado” para que o novo governo do PT con-siga estabelecer políticas públicas mais progressistas. Esta é a análise de Paulo Vannuchi, ex-ministro de Direitos Humanos, em seu comentário na Rádio Brasil Atual, logo após a eleição.

A regulação econômica da mídia, reivindicação his-tórica dos movimentos so-ciais, também foi aventada pela petista na campanha. É o que acontece nos Esta-dos Unidos, na Alemanha e no Reino Unido: o Estado regulamenta o setor para evitar monopólios e pro-priedade cruzada das mídias (radiodifusão e impressa).

No Brasil, a Constituição Federal estabelece leis para o setor, mas que carecem de regras para funcionar. Dilma sinalizou caminhar nessa di-reção. “Por que qualquer se-tor tem regulação e a mídia não pode ter?”, questionou a presidenta em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, em 6 de novembro.

No mesmo mês, o Fórum

Nacional pela Democratiza-ção da Comunicação (FNDC) publicou nota pedindo para a presidenta que o debate com os diversos segmentos sociais seja ampliado, visando a for-mulação do marco regulatório.

Este novo marco regulató-rio deve responder às mudan-ças tecnológicas das últimas décadas e às demandas de uma sociedade mais complexa,

que clama pela garantia de seu direito à comunicação. E deve ser resultado de um amplo e plural debate com a população brasileira, há tanto tempo interditado por setores que, em nome da manutenção de seus inte-resses e privilégios, vêm se colocando sistematicamente contra a democratização da comunicação do Brasil.

No último mês, os der-rotados partidários de Aécio Neves (PSDB) exacerbaram

preconceitos outrora velados. A falsa dicotomia de ideias criada entre norte e sul, pobres

e ricos, “ignorantes” e “escla-recidos” ruiu quando passea-tas tentaram impugnar a elei-ção democrática com apelos à volta dos militares ao poder, forjadas em racismo, ódio de classe e de região.

O jornalista Leonardo Saka-moto, em seu blog no UOL, atribuiu parte da incitação aos crimes de ódio que essas pes-soas vêm praticando, princi-palmente nas redes sociais, à irresponsabilidade de colunis-tas e jornalistas dos principais meios de comunicação.

“Esses crimes virtuais co-metidos por zumbis incapa-zes de enxergar no outro um ser humano detentor do mes-mo direito à dignidade foram

alimentados por argumentos construídos e divulgados, ao longo do tempo, por pessoas que não se preocuparam com o resultado negativo de seus discursos.”

Nessa conjuntura, a reforma política e a democratização dos meios de comunicação ganha-ram força como agendas fun-damentais do próximo governo. No entanto, a renovação de par-te da bancada do Congresso Na-cional, com a orientação “mais conservadora desde 1964”, segundo o Departamento In-tersindical de Assessoria Parla-mentar (DIAP), dá indícios de que o próximo mandato exigirá de Dilma ainda mais tenacidade para aprovar essas propostas.

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CIDADANIA

Mesmo sem data para votação, favoráveis e contrários mobilizam discussões na CâmaraProjeto de Lei que proíbe rodeios gera polêmica

O Projeto de Lei (PL) do vereador Roque Ferreira (PT), que proíbe a prática de rodeio no perímetro urbano de Bau-ru, está dando o que falar antes mesmo de ser levado a vota-ção. Em novembro, o relator indicado pela Comissão de Economia da Câmara, Moi-sés Rossi (PPS), pediu pare-cer da Federação Estadual de Rodeios, que até agora não se manifestou.

Uma das críticas do petista diz respeito à violência com os animais. Segundo Willians Roufato, organizador do Ro-deio do Mary Dota que esteve na Câmara para se manifes-tar contrário ao PL, “o sedém

URBANISMO

Loteamentos e condomínios usam áreas públicas e criam “apartheid social” na cidadeEmpreendimentos privatizam o espaço público

Geração de empregos?

Característicos das gran-des metrópoles, os empre-endimentos fechados, como condomínios e loteamentos horizontais, se espalharam pelo interior. Os muros e grades dessas construções ou as portarias de identifi-cação revelam modelo co-mum, com algumas pecu-liaridades em Bauru.

Nos condomínios hori-zontais, os proprietários são donos de suas residências e também de uma parte re-ferente ao espaço comum, como áreas de lazer e ruas internas. Dessa forma, de acordo com a legislação federal, todo o espaço em um condomínio horizontal

é privativo, por isso, o impe-dimento da entrada de pessoas não autorizadas não é conside-rado ilegal.

Já nos loteamentos hori-zontais, cada proprietário é dono apenas de seu terreno, com registro na Prefeitura e em cartório de imóveis. As áreas comuns são de proprie-dade do município, e isso é inconstitucional.

Paulo Ferrari, secretário de Planejamento de Bauru, lembra que, no caso dos lotea-mentos, é possível ocorrer um acordo com a Prefeitura, que pode ceder provisoriamente a conservação das áreas públi-cas aos proprietários – são os “loteamentos fechados”.

“A legislação municipal prevê essa possibilidade, mas não deixa de ser inconstitucio-nal o fato de barrarem a en-trada de pessoas. Aí há o uso privado do espaço público”,

conta Ferrari.Hoje, loteamentos antigos

da cidade localizados na zona sul, como Paineiras, Shangri--la, Villaggio I e II, possuem portarias e cancelas. A entrada

de pessoas só acontece por meio de autorização dos mo-radores. É a mesma política do Lago Sul e do Jardins do Sul, estes mais recentes.

“Esse é um caminho oneroso para o município. Esses empreendimentos já dificultam o acesso da popu-lação às áreas públicas pelo fato de estarem afastados, e quando possível criam bar-reiras. Se nada for realizado para minimizar esses ônus, Bauru caminha para ser uma cidade cada vez mais excludente e com inúmeros ‘apartheids sociais’”, alar-deia José Xaides de Sam-paio Alves, presidente do Conselho do Município.

Alguns dos organiza-dores defendem o rodeio como mercado gerador de empregos. O argumento é rebatido por Marta Capu-to, ativista da ONG Bauru Sem Rodeios.

“Eu quero ver se ele con-segue mostrar uma só cartei-ra assinada”, desafiou. “Os peões são contratados como temporários e depois, quan-do se machucam e ficam paraplégicos, são largados num canto porque não têm nenhum direito trabalhista”.

rímetro urbano do município, o que é vedado por Decreto Esta-dual desde 1995. Para agravar, o último local fica ao lado de uma escola estadual.

“A aglomeração de ani-mais de grande porte, confi-nados em espaços inadequa-dos à natureza de cada uma das espécies, dentro da urbe, contraria todas as recomen-dações sanitárias que se co-nhece, haja vista que cons-tituem ameaça à população, em decorrência de zoonoses que estarão sendo levadas à população, a chamada ‘con-taminação cruzada’ por meio de insetos, como as moscas e de parasitas”, sinaliza o PL.

(tarja de algodão colocada na base do pênis dos animais) só faz cócegas nos animais”.

Outro questionamento do

PL versa sobre a realização des-ses eventos no Recinto Melo de Moraes e no espaço do Mary Dota, que ficam dentro do pe-

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FUTEBOL

Calendário e falta de recursos são os principais entraves para atletas, torcedores e dirigentes Por Giovanni Giocondo

CBF e federações jogam contra clubes do interior

Ativismo de jogadores e sua pauta de reivindicações

Nas últimas décadas, o futebol profissional tem se tornado cada vez menos de-mocrático para os pequenos clubes do Brasil, geralmente localizados no interior. Di-rigentes e torcedores dessas equipes são unânimes em apontar a ausência de um ca-lendário “mais recheado” de competições ao longo de todo o ano como uma das causas, com o agravante da falta de recursos financeiros para sus-tentar a estrutura profissional.

É o que pensa Luciano Sato, gerente de futebol e téc-nico das categorias de base do Esporte Clube Noroeste, de Bauru. Atualmente na 4ª Di-visão do Campeonato Paulis-ta, a equipe campeã da Copa

Levantamento do Bom Senso F.C. mostra que 583 clubes brasileiros ficam mais de seis meses sem disputar competições na temporada. Em média, essas equipes disputam apenas 17 partidas por ano, enquanto as grandes podem jogar até 85.

O movimento, criado em

2013 com o objetivo de tornar mais efetiva a participação dos atletas na gestão do fute-bol, também informa que cer-ca de 16 mil jogadores ficam desempregados ao fim dos campeonatos estaduais.

Roberto Volpato, ex-golei-ro da Associação Atlética Pon-te Preta, é um dos integrantes

do Bom Senso F.C. O atleta afirma que é preciso urgência para mudar esse quadro. “Sou um atleta profissional, mas an-tes de tudo sou um cidadão. Por isso, além de defender os interesses do meu clube, volto o olhar para o lado social do futebol”, pondera.

“Foi por esse motivo que me

uni ao Bom Senso, que apre-sentou ao público propostas com foco na democratiza-ção do calendário, incluindo a criação de uma Série E do Brasileiro, para que todos os clubes e atletas se mante-nham em atividade, e os tor-cedores retomem sua paixão pelo esporte”, constata.

Torcida entra em campo para batalhar pelo futebolO professor Lucas Sar-

torelli, de 29 anos, é torce-dor do Noroeste. Para ele, a reformulação do calendário do futebol brasileiro tem que partir da redução das datas dos campeonatos es-taduais – o Paulistão chega a durar quatro meses – e da melhor distribuição das

equipes menores na Copa do Brasil e nas Divisões do Cam-peonato Brasileiro, gerando mais atividades ao longo da temporada.

E quem bancaria os custos e as viagens? “A CBF, com seus lucros astronômicos”, res-ponde Lucas. O torcedor con-sidera inadmissível a situação

atual do Norusca. “Mas não dá pra culpar só a administração. Hoje, muitos dirigentes prati-camente bancam a temporada do próprio bolso, porque de fato não há apoio financeiro”, conta.

Não é somente no Estado de São Paulo que as dificul-dades dos clubes pequenos se

transformam em suplício. Pau-lo Santana Neto, consultor em-presarial de 24 anos, fã do Clu-be Náutico Marcílio Dias, de Santa Catarina, conta que seu time está inativo desde abril, quando terminou o estadual.

“A Federação [Catarinense de Futebol], que tem o mesmo presidente há 30 anos, prome-

teu uma vaga na Série D e não cumpriu, além de não ter feito a Copa SC, que da-ria essa vaga. Agora, o clube só volta a jogar em fevereiro de 2015. O torcedor, obvia-mente, fica chateado com a situação, o quadro de sócios cai e não há como criar vín-culo com o time”, explica.

Paulista em 2012 (torneio para equipes que não disputam as divisões do Brasileirão e pre-mia com vaga na Copa do Brasil) não disputou competi-ções no 2º semestre deste ano.

“A Copa Paulista é muito importante para os clubes do interior, mas financeiramente não compensa. Nós até con-

seguimos manter uma base de jogadores para a disputa da Série A-2 no ano seguinte [2013], mas perdemos nosso patrocinador principal e al-guns atletas que se destacaram receberam propostas melho-res de clubes que disputam o Campeonato Brasileiro e fo-ram embora”, lamenta.

Como alternativa, Sato diz que o Norusca deve apostar nos jovens que disputarão a Copa São Paulo de Futebol Jú-nior, em janeiro, para formar a base da equipe profissional do ano que vem.

O presidente do Indepen-dente Futebol Clube, de Li-meira – que neste ano chegou

às semifinais da Copa Paulista e subiu para a Série A-2 do estadual –, Marcelo de Assis, entende que sem dinheiro, não há perspectiva de sobrevivên-cia para as equipes menores.

“A Federação Paulista de Futebol paga R$ 120 mil a cada clube da Segunda Divisão, mas tira R$ 40 mil para pagar ar-bitragem, exame antidoping e outras despesas. Quem conse-gue manter uma folha salarial, mesmo que barata, com esses valores?”, critica.

Para efeito de comparação, os valores pagos aos clubes do interior que estão na Série A-1 variam entre R$ 2 milhões e R$ 2,5 milhões. São Paulo, Corinthians, Santos e Palmei-ras recebem o dobro.

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Jogadores do Independente Futebol Clube concentrados antes do jogo; Paulo Santana Neto, torcedor do Marcílio Dias

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SUDOKU

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

VALE O QUE VIER

FOTO SÍNTESE – JOGOS ABERTOS DO INTERIOR

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