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Especial Saúde www.redebrasilatual.com.br ESPECIAL nº 1 Junho de 2011 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA FERIDA ABERTA AS DOENçAS DA SAúDE Prontos-socorros fechados UTIs ocupadas Hospitais lotados Filas imensas Atendimento deficiente Diagnósticos errados Falta de médicos Equipamentos ruins Sumiço de dinheiro Salários baixos

Jornal Brasil Atual - Especial Saude 01

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ferida aberta Prontos-socorros fechados UTIs ocupadas Hospitais lotados Filas imensas Atendimento deficiente Diagnósticos errados Falta de médicos Equipamentos ruins Sumiço de dinheiro Salários baixos Distribuiçã o nº 1 Junho de 2011 www.redebrasilatual.com.br Especial Saúde especial saúde 2

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Especial Saúde

www.redebrasilatual.com.br especial

nº 1 Junho de 2011

DistribuiçãoGratuita

ferida aberta

as doenças da saúde

Prontos-socorros fechados UTIs ocupadas Hospitais lotados Filas imensas Atendimento deficiente

Diagnósticos errados Falta de médicos Equipamentos ruins Sumiço de dinheiro Salários baixos

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Expediente Rede Brasil Atual – Especial SaúdeEditora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros, Oswaldo Luiz Colibri Vitta Redação Marilu Cabañas e Leonardo Brito (estagiário) Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3241-0008 Tiragem: 300 mil exemplares Distribuição Gratuita

editorial

Esta edição especial de Saúde do jornal Brasil Atual é, na verdade, a versão impressa de uma série radiofônica levada ao ar pela repórter Marilu Cabañas – em parceria com o editor Oswal-do Luiz Colibri Vitta – intitulada Ferida Aberta, na FM 98,9, a emissora paulistana que transmite todas as manhãs, das 7 h às 8 h, a Rádio Brasil Atual, do nosso grupo de comunicação. Trata-se de um documento de inestimável valor para quem está envolvido com a nossa saúde – ou quem se socorre dela – , e que alerta para o perigoso caminho trilhado pelos governantes do estado, que desemboca na privatização de um setor público que sequer cumpre sua obrigação básica de garantir socorro médico.

Tudo parece inacreditável. Não bastassem os hospitais lota-dos, as filas imensas, as UTIs ocupadas, a falta de médicos e de pessoal especializado, os equipamentos ruins, a novidade agora é que os prontos-socorros fecham suas portas com um aviso pa-tético: estamos impossibilitados de (realizar) novos atendimen-tos (porque estamos) sem condições por superlotação. Tão ruim quanto dar de cara com um aviso deste é saber que os tucanos investem o dinheiro da saúde no mercado financeiro. Será esse o fim do caminho? Não se sabe. O certo é que a ferida realmente está aberta. E que são muitas as doenças da nossa saúde.

as propostas da presidentaA área de Saúde deve mostrar bons resultados de atendimento à população para reivindicar mais recursos públicos. E esse aumento de fi-nanciamento não deve vir de um aperto da car-ga tributária ou da recriação de impostos como a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Esse foi o recado dado pela presidenta eleita Dilma Rousseff para a equipe de transição do governo. “Me comprometi nesta campanha com a qualificação da Educação e dos Serviços de Saúde. Me comprometi também com a melhoria da segurança pública. Com o com-bate às drogas que infelicitam nossas famílias” – exalta a presidenta Dilma.

Acabar com as filas para atendimentos especializados

Ampliar a fabricação de genéricos

Ampliar as Farmácias Populares

Ampliar investimentos na qualidade e humanização do serviço de saúde

Ampliar o Saúde da Família Ampliar o Serviço de

Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)

Assegurar direitos trabalhistas e previdenciários aos trabalhadores da saúde

Atender plenamente às necessidades qualitativas e quantitativas de recursos humanos do setor de saúde

Aumentar os recursos públicos para a saúde

Buscar à autossuficiência científica e tecnológica na produção de fármacos

Criar 20 centros de diagnóstico de câncer do colo de útero e 32 centros de quimio e radioterapia

Dar atenção especial aos programas de saúde mental – tratamento de alcoolismo e dependência de drogas

Desenvolver programa de atenção aos idosos

Desenvolver programa de prevenção do câncer

Desenvolver programa de reabilitação de pessoas com deficiência

Distribuir gratuitamente remédios para hipertensão e diabetes

Extinguir a DRU (Desvinculação de Recursos da União) para a saúde

Fortalecer o controle sanitário dos remédios

Garantir a atenção básica e de média complexidade, inclusive emergências

Garantir equidade no atendimento prestado pelos hospitais públicos

Garantir o atendimento básico e ambulatorial nas Unidades de Saúde e nas Unidades de Pronto Atendimento – UPAs

Garantir, por meio do SUS, acesso universal e de qualidade aos serviços de saúde

Implantar jornada de 30 horas para enfermeiros

Implantar o cartão SUS Melhorar o atendimento aos

aposentados e pensionistas Propiciar financiamento

suficiente e estável para hospitais da rede pública e credenciada do SUS

Reduzir a dependência externa de medicamentos

Reforçar a previdência pública

Regulamentação da Emenda Constitucional 29

Samu-Cegonha Tornar os medicamentos

acessíveis a todos UBS – Unidades Básicas

de Saúde serão implantadas 8.694 unidades

UPAs – Unidades de Pronto Atendimento – a meta é implantar 500 UPAs

Valorizar as práticas preventivas no SUS

dilma: pacto com a saúde

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O Pronto-Socorro fecha as portas em casos de emergência. O paciente que precisa de UTI pode ter a vaga negada. Postos de saúde e atendimentos ambulatoriais vivem superlotados. Faltam médicos e enfermeiros. A cirurgia pode levar mais de dois anos para ser realizada. A consulta pode não ser marcada por falta de especialista. Multiplicam-se os casos de diagnósticos equivocados. Essas são as dificuldades que os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) enfrentam quando buscam atendi-mento de emergência e serviço ambulatorial em São Paulo.

bastidores da Uti do Hospital do Campo limpo O sistema de saúde paulis-

ta impõe mortes evitáveis. E a sobrevivência dos pacientes se relaciona com o tempo em que é efetuado um procedimento. É o que constata a experiên-cia de 40 anos do médico de hospitais da periferia Jorge Villejas Pantoja, que se espe-cializou em cirurgia cardíaca com o professor Zerbini.

Nos últimos anos, ele tra-balhou no Hospital Municipal de Campo Limpo – “um hos-

pital de guerra, subdimensio-nado” – e cuidou das emer-gências da Região Sul, onde há 300 leitos para quatro mi-lhões de habitantes! O doutor Pantoja conta: “Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) to-dos os leitos estão ocupados e muitos pacientes em situação crítica têm de esperar em cor-redores de outros hospitais, em prontos-socorros ou em UBS da periferia, o que, mui-tas vezes, resulta em óbito”.

O doutor Pantoja afirma que no Hospital Campo Lim-po o socorro aos infartados é dramático. “A angioplastia, cirurgia de desobstrução da coronária, é uma forma de tratamento que requer um equipamento chamado emo-dinâmica, que não é caro. Mas na Zona Sul, nenhuma instituição pública tem esse aparelho. Sem o aparelho, o paciente é removido para ou-tro hospital.”

a saúde em são Paulo vai de mal a piorPostos lotados, diagnósticos errados, prontos-socorros fechados. Faltam médicos e enfermeiros

realidade medieval A infecção pelo mosquito da dengue está registrada em 249 municípios paulistas

– 75% das cidades Existem 580 mil portadores crônicos do vírus da hepatite B e 420 mil de hepatite C O número de leitos hospitalares teve queda de 11,5% na sua ocupação entre

2003 e 2006 As doenças diarreicas pularam de 403 mil, em 2004, para 617 mil, em 2007 Os programas de vigilância sanitária, vacinação, combate às endemias e de

controle e uso do sangue são deficientes O Brasil investe 3,45% do Produto Interno Bruto em saúde – a média de gastos

da América Latina é de 4,6%, segundo a Fundação Oswaldo Cruz

dinheiro da saúde é aplicado no mercado financeiroEm dez anos, cerca de R$

350 milhões, repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o programa de assistência farmacêutica básica no Estado, sumiram dos cofres do gover-no paulista. O dinheiro garanti-ria aos usuários do SUS acesso gratuito a remédios, sobretudo aos mais caros, destinados a tratamentos de doenças crôni-cas e terminais.

A auditoria, pedida pelo Departamento de Assistência

Farmacêutica (DAF), da Secre-taria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, detectou que, dessa dinheirama, o gover-no paulista misturou com as re-ceitas estaduais, numa conta úni-ca da Secretaria de Fazenda, R$ 44 milhões repassados pelo SUS – a Constituição determina que para gerenciar dinheiro do SUS, os Estados abram uma conta específica, de movimentação transparente e facilmente audi-tável, para garantir a plena fisca-

lização do Ministério da Saúde e da sociedade. “Os valores fo-ram transferidos imediatamente depois de depositados pelo mi-nistério e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de Transferência Eletrônica de Da-dos (TED)” – diz o documento.

O Denasus descobriu ainda que entre 2006 e 2009 – go-vernos Alckmin e Serra –, São Paulo aplicou R$ 66,8 milhões destinados à saúde no merca-do financeiro.

Hospital Campo limpo: sem equipamento para infartados

Quantos pacotes como esses somem do sUs?

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o desafio de marcar consultas e cirurgias no sUs

a arte da espera. da vida ou da morte

“Há três anos estou na fila por um neurocirurgião. Há 500 pessoas na frente” – Jucelino Ferraz

“Um ultrassom indicou pedra na vesícula. Mas havia 900 pessoas na minha frente” – Sílvia Moura

O mecânico de manuten-ção Jucelino Ferraz, 44 anos, esmagou duas vértebras num acidente de moto, em 1997. Ele fez um implante metálico de 39 centímetros, ficou paraplé-gico e só voltou a andar com trabalho de reabilitação. Des-de então, ele sente dores e não consegue se consultar com um especialista. Há mais de seis meses, ele espera um exame. “Não sei mais o que fazer. O secretário de Saúde precisa sair do escritório e ver o que está acontecendo” – diz Jucelino.

Com forte dor de estôma-go, a estudante Sílvia Cristi-na de Lima Moura, 28 anos, foi diagnosticada na UBS do Jardim Clímax, na zona sul, com gastrite. Ficou três anos em tratamento, mas a do-ença persistiu. “Eram dores piores do que a dor de parto. Fiquei amarela. A barriga in-chou. Eu me automedicava, tomava uma cartela de Ana-dor, onze comprimidos por dia. Vomitava, não dormia, tinha diarreia, febre alta. Fo-ram três anos de sofrimento diário” – conta.

Um dia, chorando de dor, ela disse ao médico que piorara. Um ultrassom

Em 2008, um assistente da Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Aparecida, em Pedreira, Zona Sul de São Pau-lo, marcou uma consulta para Joselino com o neurologista no Ambulatório de Especiali-dades de Várzea do Carmo, no Glicério. O neurologista man-dou-o procurar um neurocirur-gião. Jucelino entrou na fila de espera, perto do número 500. No fim de 2010, a fila ainda estava no número 400.

Desesperado, Jucelino pa-gou um neurocirurgião que o

aconselhou a submeter-se a uma cirurgia cara, de abertura do canal da medula. “O mais indicado – disse o médico –, é operar pelo SUS.” E suge-riu o Hospital das Clínicas, a Beneficência Portuguesa ou um Hospital Universitário. Mas Jucelino não conseguiu. “Nos hospitais indicados não me atenderam; eu teria de ser encaminhado por algum lugar, mas as UBSs não encami-nham” – conta. Com proble-mas no canal da medula, Juce-lino pode voltar a não andar.

abdominal acusou pedras na vesícula. Em outubro de 2008, ela entrou na fila do Hospital São Paulo, administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medici-na, uma OSS. Seu número era 880. A fila estava no número 259. Sílvia foi operada em 18 de fevereiro deste ano porque denunciou sua espera ao Mi-nistério Público.

“Em 2008, eu tinha 13 pe-dras de sete milímetros cada uma. Após a cirurgia, elas tinham de 12 a 15 milíme-tros! Vendo as pedras na mi-nha mão, não acredito como aguentei tanto tempo” – la-menta. Caso não fosse opera-

da pelo SUS, Sílvia planejava entrar na faculdade de ciência contábil para ganhar dinheiro e pagar a cirurgia. “A impres-são que fica é a de que o pes-soal deixa você morrer na fila, pra fila diminuir. Não estão nem aí com a gente.”

O caso de Sílvia surpre-endeu o promotor de Direitos Humanos de Saúde Pública, Arthur Pinto Filho. Entrevis-tado antes de ela ser operada, ele contou: “Um documento do Hospital São Paulo relatava que Sílvia estava na fila e que, para ser operada, esperaria mais dois, três anos. Imagine uma pessoa com problemas na vesícula aguardar cinco anos

para ser operada. São cen-tenas de casos iguais, com problemas de atendimento em hospitais de alta e média complexidade na cidade e no Estado”.

Para o promotor, que recebe reclamações todos os meses, os usuários do SUS morrem por falta de atendimento adequado. “Ao Ministério Público chega a ponta do iceberg. Na peri-feria de São Paulo, há um genocídio mudo, silente. As pessoas morrem porque Deus quis, porque chegou a hora. Se houvesse melho-ra no atendimento de saúde isso poderia ser minorado.”

A bancária Ana Luíza Ri-beiro Piovesan, 26 anos, conta que sua avó, Clemência Pita Ribeiro, 86 anos, tem proble-mas no coração. Em janeiro, ela sentiu-se mal e foi levada ao Hospital Santa Marcelina, administrado pela OSS Con-

gregação das Irmãs de Santa Marcelina. O socorro virou caso de polícia. Na porta do hospital, um segurança esbra-vejava que o pronto-socorro fechara as portas por superlo-tação e estava sem condições de atendimento.

Na Santa Casa de Santo Amaro, ela mesma uma OSS, mal dava para se mexer de tan-ta gente. Dona Odete do Es-pírito Santo, 80 anos, usuária do SUS, enfrentava a fila num imenso calor – havia umas 400 pessoas e apenas dois ventila-

dores. Já Iara Gomes dos San-tos, 39 anos, levara as filhas – Isadora, de 2 anos, e Júlia, de 7 – à Ama Dona Maria An-tonieta de Barros, no Grajaú, da OSS Associação Saúde da Família. Isadora tinha febre e Júlia suspeita de conjuntivite.

A mãe esperou duas horas pelo atendimento. “Foi rápido; às vezes demora mais” – dizia, sorrindo. “Já cheguei de ma-nhã e sai à noite. Isso quando não mandam a gente para ou-tro hospital, por falta de espe-cialista. Assim é a saúde.”

Jucelino está atrás de um médico há mais de seis meses

sílvia e suas pedras

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“A nossa desconfiança, analisando o que acontece no país, é que esses 25% servem para estruturar o sistema privado de saúde. Com o crescimento da classe média de cerca de 25 milhões de pessoas, essa classe demanda uma série de serviços, entre eles assistência médica via planos de saúde, e não existe uma infraestrutura, com rede instalada para atender a demanda.

Por outro lado, há dinheiro público para construir hospitais e adquirir novos equipamentos, que passa a ser disputado pelo sistema privado de saúde – com esses tais 25% de leitos. A briga que vai se dar é esta: o cidadão comum está ali porque é um direito constitucional dele, o outro vai dizer que está ali porque está pagando.” – Rogério Gianini, Secretário de Relações do Trabalho da Central Única dos Trabalhadores.

“O sindicato mobiliza a sociedade civil para lutar contra a lei que é um desrespeito às diretrizes do SUS. O pior é que isso

não passou por uma discussão nos conselhos municipais e estaduais de saúde – Irene Batista de Paula, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e Autarquias de São Paulo.

“Reserva de mercado para o atendimento no serviço público é um absurdo.

Numa emergência, quem tiver convênio será atendido antes de quem não tem?” – Maria Araci dos Santos, diretora do Sindicato do Setor de Saúde (SindSaúde).

o que pensam os trabalhadores do repasse do sUs

Referência mundial no atendimento médico universal à população, o Sistema Único de Saúde sofre um processo de privatização em São Paulo. As Secretarias de Saúde do Esta-do e dos municípios passaram a administrar hospitais e am-bulatórios de forma indireta, por meio de Organizações Sociais de Saúde, as OSS. Por sua vez, as OSS são alvo de crítica dos usuários do Sis-tema Único de Saúde (SUS), de investigação do Tribunal de Contas do Estado e de re-presentações do Ministério Público. Atualmente, as OSS administram 37 hospitais, 38 ambulatórios, um centro de referência, duas farmácias e três laboratórios de análises clínicas. Em 2010, receberam do Estado quase R$ 2 bilhões.

Agora, o tema polêmico ganha novo capítulo. Um pro-jeto de lei do Executivo Es-tadual, aprovado pelos depu-tados no fim do ano passado, disponibiliza 25% dos leitos do SUS para os planos de saú-de. Com isso, o número de va-gas para quem não tem convê-nio médico fica ainda menor

nos hospitais. A lei aguarda regulamentação e gera apre-ensão nos movimentos popu-lares de saúde e em sindicalis-tas, promotores, profissionais da área médica e especialistas em políticas públicas.

Para Maria do Carmo Ca-bral Carpintero, presidenta do Conselho de Secretários Mu-nicipais de Saúde do Estado de São Paulo, a lei significa “a destruição do SUS”. Por

isso, a entidade encaminhou, junto com o Instituto de De-fesa do Consumidor (IDEC), o Sindicato dos Médicos, o Instituto de Direito Aplicado, entre outras entidades de saú-de, representação ao Ministé-rio Público Estadual (MPE).

Para o promotor de Direi-tos Humanos, Arthur Pinto Filho, a lei “fere a Constitui-ção Federal e é uma excres-cência Jurídica”. E explica:

“Ela prevê que o secretário estadual de Saúde indique os hospitais que vão transferir 25% dos leitos para a ini-ciativa privada”. Caso isso ocorra, o MPE vai impetrar uma ação civil pública. “To-dos podem errar, mas per-sistir no erro não dá” – diz Arthur. E cita um exemplo de um documento do Departa-mento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde,

o Denasus. “Um procedi-mento – atendimento médi-co e exames – no Instituto do Coração (Incor), feito via SUS, demora em média um ano e meio. Mas se eu for ao Incor, no mesmo dia, como particular ou por convênio de saúde, serei atendido na hora. É isso que vai aconte-cer em todos os hospitais se a malfadada lei for levada adiante” – conta Arthur.

atendimento ambulatorial e emergencial: deficientesO SUS paulista tem 4 mil unidades básicas, 1.277 postos de especialidades e 680 hospitais

Cena corriqueira nos hospitais públicos, especlalmente nas periferias

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Mar de lama no sorocabanaHospital fecha 350 leitos e tem dívidas de R$ 350 milhões. Vereador quer uma CPI

O vereador petista Carlos Neder disse, da tribuna da Câ-mara Municipal, que o gestor da Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabana (ABHS), da Lapa, Carlos Al-berto de Amorim Pinto, que assumiu o cargo em fevereiro, recebeu mais de R$ 200 mi-lhões da Prefeitura e continua negociando com ela em nome da Associação e do Hospital Central Sorocabana, “é uma pessoa sem os requisitos míni-mos de decência e de probida-de para lidar com recursos pú-blicos”. Segundo Neder, “ele tem duplicidade de CPF e está irregular na Receita Federal”.

Neder é autor de um re-querimento – feito no ano passado, quando ele era de-putado estadual – para que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) investi-gue o fechamento do Hospital Sorocabana, que funcionava com recursos do SUS e acu-mulou dívida superior a R$ 350 milhões.

Este ano, Luiz Cláudio

Marcolino (veja matéria na página 9), outro deputado petista, entrou na briga. Ele protocolou um ofício para o governador Geraldo Alckmin com o objetivo de saber, entre outras coisas, como o governo estadual avalia o fechamento do complexo hospitalar, er-guido num terreno do Estado.

“Com o encerramento das ati-vidades do Hospital Central Sorocabana, eu quero saber quais as medidas que o Gover-no do Estado tomou em rela-ção a essa questão” – pergunta o deputado.

O Ministério Público Es-tadual acompanha a crise do hospital desde 2010 e já ve-

tou a renovação de um acordo entre a Prefeitura e o Soroca-bana. A unidade acumula dí-vidas trabalhistas e com for-necedores. Amorim estima que os débitos cheguem a cerca de R$ 200 milhões. “A nova direção nada tem a ver com esses problemas.”

No auge de suas ativida-

des, o hospital chegou a aten-der 20 mil pacientes por mês; quando fechou atendia dois mil. A demanda sobrecarre-ga agora o pronto-socorro da Lapa, que não tem como dar conta também das consultas da população local. Os fun-cionários não receberam se-quer os direitos trabalhistas.

o início e o fim dúvidas que não se calamO Hospital Central Soro-

cabana iniciou suas atividades em 1955, na Rua Faustolo, 1633, na Lapa. O imóvel era do Governo do Estado, que o transferiu, no ano seguinte, para a Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabana, com cláusula de proibição de venda.

O objetivo do hospital era atender aos funcionários da Fer-rovia Paulista S/A – FEPASA. Credenciado pelo Instituto Na-cional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS

–, nos anos 60, passou a inte-grar o Sistema Único de Saúde (SUS) tornando-se ao longo dos anos um dos mais importantes hospitais de atendimento públi-co. No entanto, após sucessivas crises administrativas, ele en-cerrou suas atividades em 2010.

As causas que levaram o Hospital Sorocabana à insolvência são inúmeras. Há denúncias de irregulari-dades registradas em repor-tagens na mídia e levadas ao Ministério Público para providências. Dívidas tra-balhistas, com fornecedo-res, prestadores de serviços e outros atingem a cifra de dezenas de milhões de reais. As seguintes dúvidas pai-ram sobre a instituição:

Quais foram os recursos transferidos do Tesouro Esta-dual para o Hospital Central Sorocabana nos últimos dez anos?

O Governo do Estado co-nhecia os problemas adminis-trativos envolvendo a institui-ção? Quais foram as medidas legais adotadas?

Qual a situação legal do imóvel ocupado pelo Hospi-tal Central Sorocabana?

Prevê-se a devolução do

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imóvel à Fazenda do Esta-do em caso de interrupção das atividades hospitalares ou dissolução da entidade beneficente? Com o encer-ramento das atividades do Hospital Central Sorocaba-na, que medidas o Governo do Estado tomou em rela-ção a essa questão?

Quais são as ações do Governo do Estado para manter o referido hospital em operação?

nada mais funciona

o Hospital Central sorocabana fechou suas portas depois de acumular dívidas e não pagar seus funcionários

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itapecerica da serra

Zona norte

o sucateamento dos hospitais públicos

As injustiças que as pes-soas mais pobres sofrem pelo não cumprimento do atendimento médico uni-

O sucateamento no Hospital Waldomiro de Paula, conheci-do como Hospital Municipal Planalto, em Itaquera, é rela-tado por Luzia da Silva Pinto, 74 anos, do Conselho Gestor do Hospital e do Movimento

Saúde da Zona Leste. “Lá, havia o setor de saúde mental, mas o teto desabou e não foi consertado. O diretor mandou os pa-cientes para uma sala, mas eles ficavam livres, zanzando pelos corredores, arrancando soro e remédio dos outros pacientes.”

No hospital, nada parece funcionar. O Atendimento Médi-co Ambulatorial (AMA) é precário. Há mais de dois anos, o diretor disponibilizou uma sala para montar a farmácia. Como ninguém montou, o posto tem uma fila de espera de remédios quilométrica. Mais: recentemente, um usuário agrediu a geren-te do posto com socos e arranhões. “Quem paga o pato dessa desgraça da saúde é o funcionário” – conta Luzia.

“Apenas um médico atende ao pronto-socorro, os corre-dores vivem lotados e as cadeiras de roda não funcionam” – conta Maria Áurea Negreiros do Nascimento, outra inte-grante do movimento de saúde da Zona Leste.

No pronto atendimento Dra. Glória Rodrigues Santos Bon-fim, na Cidade Tiradentes, gerenciado pela OSS Santa Marce-lina, a denúncia da líder do Movimento de Saúde, Natalices Aleixo Santos, é que “há plantões sem médicos, muitas serin-gas não têm bico, as agulhas entopem, os escalpos, que facili-tam a infusão de líquidos – um soro, uma injeção – estão com defeito e as luvas se rasgam com facilidade”.

Um breve retrato de uma história de horror que se repete nos quatro cantos da cidade

Zona leste Zona sul

Cícero Rodrigues da Silva, representa o Conse-lho na Zona Sul. Ele de-nuncia o Hospital Estadual do Grajaú que não atende a demanda dos bairros Pa-relheiros e Grajaú. “O pa-ciente espera de 6 a 8 horas para ser atendido e muitos não conseguem atendi-mento no mesmo dia, pois a demanda do local é maior do que o número de leitos” – conta. A razão do sucatea-mento é simples. “O orça-mento do governo estadual para os hospitais adminis-trados pelas OSS cresceu muito mais do que o orça-mento destinado aos hos-pitais da rede” – diz Jorge Kayano, do Instituto Pólis.

Diariamente, Maria Cícera de Salles, representante dos usuários no Conselho Estadual de Saúde, recebe reclama-ções de pessoas que utilizam os serviços de saúde admi-nistrados pela Prefeitura, Estado ou pelas OSS. A mais co-mum é a falta de médico. “O neurocirurgião é uma agulha no palheiro: ninguém consegue marcar consulta com esse especialista. Exames para problemas vasculares, ortope-dia, dermatologia viram uma peregrinação para os pacien-tes. Os fisioterapeutas têm dificuldade no tratamento, pois eles não acham um local para desenvolver as atividades dos pacientes, que passam a ter um problema crônico. Mé-dico no Programa Saúde da Família é difícil. Metade das equipes do programa é incompleta, não tem os médicos” – conta Cícera.

sua experiência de cuidar de pacientes do SUS no Hospital Santa Mônica, em Itapecerica da Serra. “Havia um paciente que estava estranho. Checa-mos os sinais. O enfermeiro começou a fazer a manobra de parada cardíaca – massagem e ventilação. Corremos atrás do carrinho de emergência, que tem de ter o desfibrilador, os medicamentos e os equipamen-tos que ajudam a salvar uma vida. Mas não havia. O enfer-

meiro prosseguiu na massagem e na ventilação até constatar o óbito” – conta a estagiária. Ela ficou perplexa com o atendi-mento prestado no SUS. “No primeiro andar, era o subterrâ-neo, o SUS. Os andares acima, destinados aos convênios e aos pacientes particulares, eram totalmente diferentes na quan-tidade de pessoas, tratamento e funcionários. No SUS não ha-via nem luvas de procedimen-to” – acrescenta.

O cheiro da enfermaria dos pacientes do SUS ficou na memória da jovem profis-sional. “Como eles estavam acamados há muito tempo, eles tinham muitas úlceras que, não tratadas, cheiram mal e necrosam o tecido da pele. Mas para conseguir soro fisiológico, básico para tratá-las, a gente tinha de correr no convênio ou parti-cular para conseguir. É mui-to ruim ver isso” – conta.

versal comovem uma jovem estagiária. Auxiliar de enfer-magem, cursando uma escola técnica de saúde, ela relata

desfibrilador, máquina barata que falta em hospitais

filas de atendimento: esperar é preciso

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servidores se queixam dos baixos salários da saúde

Sindicalistas que represen-tam os funcionários da Saúde reclamam das condições de tra-balho e da falta de concursos públicos. “O clima e o desgaste em unidades administradas pe-las OSS são tão grandes que a maioria dos trabalhadores não quer permanecer lá” – dizem.

Para a diretora do SindSaú-de – Sindicato dos Trabalhado-res de Saúde do Estado – Maria Araci dos Santos, o problema é que, desde 2004, os trabalha-dores do Estado são cedidos às prefeituras, por causa da muni-cipalização e da administração indireta das OSS. “De quem a gente deve acatar ordem, do pessoal da OSS? O Estado nos cedeu à Prefeitura, mas o Es-tado não pode nos ceder para a

OSS! Há um conflito generali-zado” – diz Araci. “Quando há um curso de capacitação, for-mação e qualificação, o favo-recido é quem trabalha na OSS – conta ela, acrescentando: “por termos tempo de casa, somos chamados de ‘velhos’”.

Outro problema é a dife-rença salarial existente entre enfermeiros, auxiliares e mé-dicos. Numa mesma unidade, há profissionais, na mesma função, que ganham salários di-ferentes – diz Irene Batista de Paula, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Admi-nistração Pública e Autarquias do Município de São Paulo. “E quem trabalha nas OSS recebe mais que os servidores públi-cos” – completa.

Hoje, o médico de uma OSS ganha salário inicial de R$ 7.000,00 que pode chegar a R$ 13.000,00 na periferia da Zona Sul ou Zona Leste, pagos pela OSS com dinheiro público. No entanto, o salário base inicial de um médi-co da Prefeitura é de R$ 1.272,00 e, para ganhar R$ 5.000,00 ele tem de fazer plantões extras.

Hoje faltam 500 médicos na rede municipal. “E é fácil enten-der por quê” – diz o presidente do Sindicato dos Médicos, Cid Carvalhaes. “O médico é obriga-do a trabalhar vulnerável a toda sorte de eventos. A Prefeitura argumenta que o médico ganha, em média, R$ 2.500,00. Mas isso só ocorre graças à folha corrida da miséria, um monte de grati-ficação que desaparece com o afastamento dele, especialmente com a aposentadoria. No Estado, é pior ainda: o salário base é de R$ 600,00 e só chega a valores maiores com a mesma manobra.”

O Sindicato dos Médicos registra, em média, 20 homo-logações diárias de médicos do Estado e da Prefeitura. “Nunca o sindicato teve um índice tão ele-vado” – diz Carvalhaes.

insatisfação geral

A saúde em São Paulo recebeu, em 2010, a nota 5,1 numa pesquisa do Irbem – Indicadores de Referência de Bem Estar no Município. “75% da população estão insatisfeitos com o tempo médio entre a marcação de consulta e a realização do exame e 79% com os proce-dimentos mais complexos, como cirurgias e exames es-pecializados.”

A referência mínima dada pelo Ministério da Saúde é de 2,5 leitos hos-pitalares para cada mil ha-

bitantes. São Paulo tem 3,1 leitos para cada mil. O pro-blema é que os leitos ficam na Região Central da cidade e a periferia fica desassis-tida. O Plano de Metas da Prefeitura prevê a constru-ção de três hospitais, até 2012, na Zonas Sul, Leste e Norte. Os projetos estão em fase de licitação, mas ainda há a construção, a equipa-gem do hospital e a contra-tação do pessoal para que comecem a funcionar.

Mas e se o prefeito não cumprir o Plano? A lei não prevê punição. O prefeito tem que apresentar, até 90 dias após a posse, um pro-grama de metas de acordo com as promessas feitas em campanha. Tudo fica re-gistrado e ele tem de trans-formar em programa de governo. Se não cumprir, a população o julgará nas eleições seguintes.

Médicos, enfermeiros, auxiliares e seguranças são alvo de críticas dos usuários do SUS

Por uma CPi da privatização De acordo com o deputado estadual Luiz Cláudio Marco-

lino (PT), a privatização da saúde por meio das Organizações Sociais de Saúde (OSS), um modelo tucano de gestão, deve ser impedida. “Temos de tentar barrar essa privatização pro-movendo o debate público com entidades, organizações e Pro-

Como se conquistaPara abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)

na Assembleia Legislativa são necessárias assinaturas de 32 parlamentares. A bancada do PT tem 24 deputados e conta com o apoio de dois do PC do B, um do PSOL e um do PDT. Ficam faltando, portanto, mais quatro assinaturas para a opo-sição instalar uma CPI. O deputado Marcolino elegeu como

motorias Públicas. Para Marcolino, o atendimento médico, que já era ruim, piorou, e o controle do Estado ficou menor. “Antes, os deputados acompanhavam e gerenciavam os equipamentos públicos de saúde. “Com a intervenção privada, via OSS, a fis-calização já não é mais a mesma” – diz.

uma de suas prioridades propor a mudança no regimento da As-sembleia para que os pedidos de CPIs sejam protocolados de forma proporcional ao número de parlamentares de cada banca-da. “Isso cria condições para os partidos apresentarem propostas e promoverem o debate para uma fiscalização mais efetiva” – diz o parlamentar.

o sUs e a realidade das oss: uma briga de foice

Consulta demora meses

Marcolino: contra o modelo

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Uma lei polêmica emperra no supremo

A lei das Organizações So-ciais, criada em 1998 pelo então ministro da Administração Luiz Carlos Bresser Pereira, autoriza o governo a conceder o título de Organização Social a uma insti-tuição privada, sem fins lucrati-vos, e a transferir recursos pú-blicos para que ela cumpra um contrato de gestão – na saúde, gerindo hospitais, ambulatórios e laboratórios.

Ainda em 1998, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o PT e o PDT entra-

ram com Ações Diretas de In-constitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal, o STF. O argumento principal era que a lei autorizava que as OSS deixassem de cumprir re-gras de administração pública, como realização de licitação na compra de serviços e mate-riais de consumo.

A demora no julgamento pelo STF, porém, facilitou a implementação da lei das OSS e permitiu que hospitais e ser-viços fossem abertos sem que

ela estivesse regulamentada. - o STF não julgou essa ação até hoje. O setor público optou então pelo modelo de Fundação Pública de Direito Privado, de-senho parecido com o do Hospi-tal das Clínicas, uma autarquia cuja origem é o Estado – como é o caso de empresas estatais como a Petrobras.

Nos últimos anos, os go-vernos do PT passaram a se utilizar da lei das OSS. Alguns sindicalistas são contra porque as OSS contratam servidores

Conselho pra quê?

O Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado e a Assembleia Legislativa são incapazes de acompanhar as contas das OSS. “O preço foge ao controle do gestor público” – diz o vereador e ex-deputado estadual Carlos Neder (PT), que acrescenta: “Não é possí-vel a gente se calar diante de R$ 900 milhões do orçamen-to da cidade que vão para as OSS; eis um caminho fácil do desvio de verbas”.

Para Frederico Soares, do Conselho Municipal de Saúde, o poder público não reconhece os Conselhos da população usuária. “Deixa-mos de ser ouvidos e somos preteridos nas discussões.” Maria Cícera de Salles, do Conselho Estadual de Saú-de, conta que há cinco anos o Conselho Municipal de Saú-de não aprovava as contas de saúde. “Não faziam prestação de conta nem falavam onde era gasto o dinheiro. Quando prestaram contas, eles fize-ram de modo que as pessoas não entendiam.”

Na gestão 2008/2010, o Conselho só tomou posse depois que o Ministério Pú-blico aprovou o processo de votação contestado pela mu-nicipalidade. Nos primeiros meses de gestão, o Conselho se reunia na rua. “Eles não deixavam usar a sala do Con-selho Municipal. O pessoal se reunia sentado na calçada. Numa das reuniões, a polícia foi chamada para nos expul-sar dali como se fôssemos um bando de vagabundos – conta Maria Cícera de Salles.”

sem concurso público – usam as regras da CLT –, o que re-duz a base sindical.

O SindSaúde, por exemplo, é contra a Fundação Pública de Direito Privado, mas a diretora Maria Araci dos Santos reco-nhece que é preciso aprofundar a discussão. Para a presidenta do Sindicato dos Trabalhado-res da Administração Pública e Autarquias de São Paulo, Irene de Paula, o modelo é um “me-canismo de privatização da saú-de pública”, mas admite que os sindicalistas não se “aprofunda-ram no tema”.

“Trata-se de uma OSS com nome diferente e um pouco mais de intervenção do Esta-do” – dispara o presidente dos Médicos, Cid Carvalhaes. Jorge Kayano, crítico da OSS, diz que não é possível voltar ao tempo em que o SUS era administrado de forma direta. “É um equívo-co o movimento sindical colo-car o projeto de lei da Fundação Pública de Direito Privado no patamar da lei das Organizações Sociais. Isso dilui a briga contra a lei da OSS” – conclui Jorge.

Com ela, governo dá título de Organização Social às instituições privadas

a lei das oss beneficia particulares e não consegue acabar com as reclamações no sUs

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diferença entre UPa e UbsA Unidade de Pronto

Atendimento (UPA) carac-teriza-se por prestar um ime-diato serviço emergencial grave, especialmente nos acidentes de trânsito (cortes profundos, fraturas expos-tas), em que o paciente não corre risco de vida – nos ca-sos em que há risco de vida os pacientes são levados ao hospital mais próximo. A UPA também não faz acom-

panhamento do paciente nem exames complexos, como to-mografia. Já a Unidade Básica de Saúde (UBS), ou Posto de Sáude, oferece acompanha-mentos de longo prazo. São locais onde nela se recebem atendimentos básicos e gratui-tos de Pediatria, Ginecologia, Clínica Geral, Enfermagem e Odontologia, entre outros.

Os investimentos para as duas unidades são diferentes.

A UPA é um serviço do Go-verno Federal. Os recursos enviados são para instalação e manutenção geral dos pré-dios e funcionários. Caso a UPA precise de alguma verba emergencial, ela pode recorrer ao município. Já a UBS atual-mente recebe investimento das prefeituras. Antes, as UBSs eram administradas pelos go-vernos estaduais, mas com a entrada das Organizações So-

ciais da Saúde (OSS), elas se tornaram responsabilida-de dos municípios.

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respostas

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