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Eleições CRMMG 2013 Ajude a construir o seu Conselho: começa o processo eleitoral Páginas 08 e 09 Caos nos pronto- atendimentos pediátricos de Belo Horizonte e região Página 05 Página 12 Pesquisa mostra a realidade do médico no Brasil e em Minas Jornal do CRMMG INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Nº 46

Jornal CRMMG - Nº 46

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Jornal do CRMMG - Edição 46 - Março-Abril/2013

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Page 1: Jornal CRMMG - Nº 46

Eleições CRMMG 2013

Ajude a construir o seu Conselho:

começa o processo eleitoral

Páginas 08 e 09

Caos nos pronto- atendimentos pediátricos de Belo Horizonte e região

Página 05

Página 12

Pesquisa mostra a realidade do médico no Brasil e em Minas

Jornal do CRMMGINFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DEMEDICINA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Nº 46

Page 2: Jornal CRMMG - Nº 46

Jornal do CRMMG Março / Abril de 20132

Jornal do Conselho Regional de Medicinado Estado de Minas GeraisAv. Afonso Pena, 1.500 - 8º andarCep. 30130-921 - Belo Horizonte/MG31. [email protected]

Presidente: João Batista Gomes Soares

1º Vice-Presidente: Hermann AlexandreV. von Tiesenhausen

2º Vice-Presidente: Geraldo Caldeira

3º Vice-Presidente: José Carvalhido Gaspar

1º Secretário: José Luiz Fonseca Brandão

2º Secretário: José Nalon de Queiroz

3º Secretário: Alberto Gigante Quadros

Tesoureiro: José Afonso Soares

1º Vice-Tesoureiro: Nilson Albuquerque Júnior

2º Vice-Tesoureiro: José Tasca

Corregedor: Alexandre de Menezes Rodrigues

Vice-Corregedores:Ricardo Hernane L. G. de Oliveirae Cibele Alves de Carvalho

ConselheirosAjax Pinto Ferreira,Alberto Gigante Quadros,Alcino Lázaro da Silva,Alexandre de Menezes Rodrigues,André Lorenzon de Oliveira,Antônio Carlos Russo,Antônio Dircio Silveira,Carlos Alberto Benfatti,César Henrique Bastos Khoury,Cibele Alves de Carvalho,Cícero de Lima Rena,Cláudio de Souza,Cláudia Navarro C.D. Lemos,Delano Carlos Carneiro,Eurípedes José da Silva,Fábio Augusto de Castro Guerra,Geraldo Borges Júnior,Geraldo Caldeira,Hermann Alexandre V. von Tiesenhausen,Itagiba de Castro Filho,Ivana Raimunda de Menezes Melo,Jairo Antônio Silvério,João Batista Gomes Soares,José Afonso Soares,José Carvalhido Gaspar,José Luiz Fonseca Brandão,José Nalon de Queiroz,José Tasca,Luiz Henrique de Souza Pinto,Manuel Maurício Gonçalves,Márcio Abreu Lima Rezende,Mário Benedito Costa Magalhães,Melicégenes Ribeiro Ambrósio,Nelson Hely Mikael Barsam,Nilson Albuquerque Júnior,Paulo Mauricio Buso Gomes,Renato Assunção Rodrigues da Silva Maciel,Ricardo Hernane Lacerda G. de Oliveira,Ricardo do Nascimento Rodrigues,Roberto Paolinelli de Castro,Vera Helena Cerávolo de Oliveira.

Departamento de ComunicaçãoAntônio Dírcio Silveira Cláudia Navarro C. D. Lemos - Diretora Geraldo Borges Júnior Hermann AlexandreV. von Tiesenhausen Vera Helena Cerávolo de Oliveira

Programação visualFazenda Comunicação & Marketing

Tiragem43.500 exemplares ImpressãoLastro Editora Jornalista ResponsávelMarina Abelha - MG 09718 JP RedaçãoMarina AbelhaNívia Rodrigues - MG 07703 JPRaissa Pedrosa – estagiária de Jornalismo

Belo Horizonte,Março / Abril de 2013

João Batista Gomes SoaresPresidente do CRMMG

EditorialExpediente

Jornal do CRMMG

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião do CRMMG.

Cartas

Conselheiro no CRMEstou conselheiro há 25 anos: Iniciei como su-

plente, fui 1º secretário e presidente do CRMMG por três vezes. Honraria igual nunca imaginei. Por essa razão, não meço esforços pela nossa en-tidade. Ser guardião da ética médica é uma gran-de responsabilidade, por isso, tenho pensado no perfil de um conselheiro e algumas qualificações são imprescindíveis. A primeira delas é ser médi-co atuante, além disso, o passado e presente ético são fundamentais. A participação em entidades médicas é também uma qualificação importante. A idade e o tempo de formado não são fatores de-terminantes, apesar da experiência ser.

Somos 40 conselheiros eleitos e dois indicados pela Associação Médica de Minas Gerais (AMMG). Como conselheiros não somos remunerados, o nosso retorno é honorífico e não financeiro, mas é de grande valor. É gratificante ser escolhido pelos colegas como conselheiro do CRM. Experiência única na vida do médico.

Não temos formação jurídica, mas, muitas ve-zes, atuamos como advogado e juiz. A confecção de relatórios extensos, leituras longas e concentra-ção nas ações judiciárias nos exigem formação es-

pecial. Temos que ter também a paciência de ouvir e a sabedoria de analisar fatos complexos.

A posição mais complicada é o julgamento pro-priamente dito. Ser juiz é difícil, mas no conselho de ética somos julgadores e já tivemos embates com nossa decisão.

Julgamos nossos colegas. Para a mídia somos corporativistas, para os médicos punidores. Cas-sar um colega é determinarmos sua pena de mor-te. Mas às vezes é necessário. Sabemos que o CRM pune mais que a justiça comum. Entre os CRMs do Brasil, o de Minas foi o que mais atuou.

O Conselho tem que ser imparcial, apolítico e magnânimo em sua decisões. O quadro de con-selheiros, a cada cinco anos, precisa ser renovado sem perder o núcleo experiente, como acontece nos demais tribunais.

Todo médico do Estado tem direito de ser con-selheiro, caso tenha os pré-requisitos indispensá-veis. As normas limitam alguns colegas.

Teremos eleições em agosto de 2013. Esperamos e acreditamos que elegeremos um Conselho Regio-nal de Medicina de Minas Gerais de alto nível, res-peitando as condições da classe médica do estado.

Falecimentos‘Mors certa, hora incerta’. (A morte é certa, a hora é incerta)Causou-me profundo pesar a nota de falecimento comu-

nicada por esse jornal, informando sobre falecimento dos colegas Paulo Eduardo Behens, José de Laurentys Medeiros e Max Golgher, com os quais tive o melhor dos relaciona-mentos pessoais, profissionais e funcionais ao longo dos anos (Jornal do CRMMG, nº 44, novembro / dezembro 2012, Nota de fa-lecimento, página 09). São médicos que, em esbanjo, honraram e dignificaram as incumbências a eles atribuídas. Por ocasião dos eventos, eu estava viajando e não tive o ensejo de abraçar suas famílias no momento de difícil superação. Que a terra lhes seja leve!

Rafael Donato – Pediatra – CRMMG 3.782

Elogio“A exigência do ofício não supera o senso do dever cum-

prido, e a qualidade não tem limite dentro da dedicação e conhecimento de um profissional cuja amplitude de seu uni-verso é a procura pela perfeição diuturna de sua função” (Au-tor desconhecido).

Através dessas poucas palavras, gostaria de registrar meus elogios ao Talvanes Ferrari Parízio, médico ginecolo-gista e obstetra, e toda sua equipe do Hospital Belo Horizonte da Clínica Obstetrícia.

José Machado Júnior – Belo Horizonte / MG

AbortoVenho por meio desta manifestar minha indignação, meu

repúdio a estes que se intitulam representantes dos médicos deste abençoado país, que se caracteriza por ser uma nação de um povo extremamente solidário, amigo e amoroso. É necessário lembrarmos do juramento de Hipócrates divulga-do até mesmo neste Conselho ...”A ninguém darei por com-prazer, nem remédio mortal, nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva”.... É necessário aprofundarmos no con-

ceito de vida, analisar o tema no aspecto científico, filosófico, social, religioso etc; para podermos transitar neste tema com mais segurança e assim não estarmos errando. É realmente aviltante o comportamento do nosso conselho, que deveria pregar e defender práticas calcadas na ética e na moral em favor à vida, assumir publicamente práticas anti-vida. E o que mais me entristece por ser um órgão representativo dos médicos, em que estes em momento algum foram consulta-dos, não houve nenhum tipo questionamento, pesquisa de opinião, brainstorm etc... (...)

Marco Rodrigues Furtado de Mendonça - CRMMG 28.677

Resposta do CRMMG: Veja o posicionamento do CRMMG no artigo do conselheiro Hermann Alexandre V. von Tiese-nhausen, na página 04 desta edição.

Conselho ConselheiroO verdadeiro papel do CRM é orientar, mostrar, demons-

trar, trazer à tona a verdadeira e única ética a ser seguida pe-los médicos. Sabemos que a Ética Médica, de tradição hipo-crática, baseia-se em dois “deveres” absolutos considerados necessários e suficientes para determinar se o agir do médico é ou não correto, e que são constitutivos da assim chamada “deontologia médica” (do grego deon, “dever”). Trata-se dos deveres de não maleficência (primum non nocere) e de beneficência (bonum facere), que se referem, essencialmente, à personalidade do médico, a seu “bom caráter” ou às suas “virtudes”, razão pela qual se pode dizer que a Ética Médi-ca, tradicionalmente entendida, diz respeito à moralidade do agente, não à moralidade do ato.”

Meus parabéns MESMO por essa sempre atualíssima matéria (Jornal do CRMMG, nº 45, janeiro / fevereiro de 2013, “CRMMG orienta médicos no exercício ético-profissional”, pági-nas 8 e 9).

William Gebrim Júnior – CRMMG 8.947

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Jornal do CRMMGMarço / Abril de 2013 3Jornal do CRMMG 3Jornal do CRMMG 3

Informe-se

Em 22 de junho, sábado, acon-tece o II Fórum de Urgência e Emergência do CRMMG. O evento será realizado de 8h às 14h, em Belo Horizonte, e contará com a participação de palestrantes experientes em ur-gência, que vão abordar temas de interesse dos profissionais que atuam ou desejam atuar na área. As informações comple-tas estão disponíveis em www.crmmg.org.br .

O Ministério da Educação decretou, em 15 de março, a desativação do curso de Medicina da Universidade Vale do Rio Verde - UninCor cam-pus Belo Horizonte. Segundo o presidente do CRMMG, João Batista Gomes Soares, “é uma das universidades já levantadas pelo Conselho que não tinha mínimas condições de ensinar medicina. Vemos a decisão do MEC como acertada”.

Médicos estrangeiros que darão suporte a atletas partici-pantes de partidas esportivas e eventos internacionais no Bra-sil precisarão de autorização prévia do CRM para atuação no país. O mesmo vale para shows, congressos internacio-nais, entre outras atividades. É o que diz a nova Resolução CFM nº 2012/13.

O CRMMG alerta aos médicos para não participarem de ma-térias ou concursos que indi-quem ou elejam profissionais de destaque. Tais publicidades podem estar em desacordo com o Código de Ética Médica no que se refere às regras de publicidade médica. Eventuais dúvidas podem ser sanadas no manual “Regras de Publicidade Médica”, enviado a todos os médicos do Estado. O material também está disponível no site do CRMMG.

Cerca de 500 médicos de todo o país participaram em 2 de abril de mobilização no Senado em favor da saúde pública e dignidade na Medicina. Duran-te o ato, vários parlamentares discursaram em favor da causa médica e firmaram compro-misso de lutar pela aprovação de matérias que favoreçam a Medicina e a saúde. Uma das propostas é a Emenda à Consti-tuição 454/09, que cria a carreira de médico no serviço público. O tema está em tramitação e, no momento, aguarda parecer de uma comissão especial criada na Câmara.

Em busca de honorários justos para a classe médica

Importante intermediadora entre a categoria médica e as operadoras de planos de saú-de, a Comissão dos Honorários Médicos de Minas Gerais vem atuando efetivamente para ga-rantir valores justos de honorá-rios de procedimentos na medi-cina. Sua base é a implantação da Classificação Brasileira Hie-rarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), importante referencial nas negociações com as operadoras e debatida fre-quentemente nas reuniões, que acontecem às segundas-feiras, às 19h, na Associação Médica de Minas Gerais (AMMG).

A Comissão dos Honorários é composta por oito médicos que representam a AMMG, a Federação Nacional das Coo-perativas Médicas (Fencom), o Sindicato dos Médicos de Mi-nas Gerais (Sinmed MG) e o Conselho Regional de Medici-na de Minas Gerais (CRMMG), além do secretário Marcus Za-tar, superintendente do Sin-med, e do coordenador Juraci Gonçalves de Oliveira, médico e diretor de Defesa Profissional para Assuntos de Remuneração da AMMG.

Entre as atuações da Comis-são em 2012, destacou-se a co-ordenação do Movimento da Saúde Suplementar em Minas Gerais, quando os médicos sus-

penderam o atendimento aos usuários de planos de saúde entre os dias 10 e 18 de outubro para protestar contra a atuação das operadoras em relação à classe médica. A mobilização foi nacional e algumas negocia-ções feitas com as operadoras tiveram um retorno positivo. Recentemente, uma reunião com a diretoria da União Na-cional das Instituições de Auto-gestão em Saúde (Unidas-MG) discutiu sobre a continuidade aos tratados de reajuste de ho-norários em 2013.

Além disso, atuou com êxi-to quando negociou a criação e implementação do plano de cargos, vencimentos e carreira dos médicos da Fhemig (Fun-dação Hospitalar do Estado de Minas Gerais) e da Hemominas (Fundação Centro de Hemato-logia e Hemoterapia de Minas Gerais), com ganhos significati-vos para eles e, indiretamente, para todos os outros das regi-ões de abrangência dos hospi-tais destas entidades.

Fora os trabalhos em Minas, existem também diálogos com as comissões de todo o Brasil por meio de reuniões com a Comis-são Nacional de Saúde Suple-mentar (Comsu), dessa forma, os assuntos tratados em cada esta-do são expostos para todos.

Para o coordenador Juraci, a Comissão é mais um instru-mento de toda a categoria mé-dica para reivindicar melhores honorários, “principalmente daquelas sociedades de especia-lidade ou cooperativas de traba-lho médico que devido a vários fatores, como menores quadros, menores representatividades ou piores organizações, tenham maior dificuldade de pressionar as operadoras de planos de saú-de”, comenta. Para ele, a Comis-são dos Honorários só será mais representativa se buscar ouvir toda a categoria médica, “não se atendo a alguns poucos repre-sentantes desta”.

Reunião da Comissão de Honorários Médicos para negociação com a direção da Unidas-MG. Da esquerda para a direita: João Batista Gomes Soares, presidente do CRMMG; José Fonseca Santos, diretor da Unidas-MG; Anderson Antônio Monteiro Mendes, diretor superintendente da Unidas-MG; Margarida Constança Sofal Delgado, representante do Sinmed-MG na Comissão; Cáthia Rabelo, representante da Fencom na Comissão; Juraci Gonçalves de Oliveira , coordenador da Comissão; Alcebíades Vitor Leal Filho, represent-ante da AMMG na Comissão; Márcio Silva Fortini, representante da AMMG na Comissão; Marcus Zatar – secretário da Comissão e Omar de Carvalho Gomes Filho, diretor da Unidas-MG

• JuraciGonçalvesdeOlivei-ra(AMMG);

• Alcebíades Vitor Leal Filho(AMMG);

• MárcioSilvaFortini(AMMG);• Cons. João Batista Gomes

Soares(CRMMG);• Cons. Hermann V.von Tie-

senhausenn(CRMMG);• LuisEdmundoNoronhaTei-

xeira(Fencom);• CáthiaRabelo(Fencom);• Raidan Canuto (Sinmed-

-MG);• Margarida Sofal Delgado

(Sinmed-MG).

Médicos que compõem a Comissão:

Hugo Cordeiro

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Cons. Hermann Alexandre V. von Tiesenhausen CRMMG 8.141

Página do CFM

Objeção de consciênciaRecentemente gerou polêmica no

país a notícia o Conselho Federal de Medicina (CFM) era favorável, entre outras coisas, à liberação do aborto até a 12ª semana por autonomia da mulher. Na realidade, ficou decidi-do em Reunião do CFM e dos Con-selhos Regionais em um encontro em Belém (PA), chamado de reunião do Pleno, que seria apresentada uma proposta de ampliação dos casos de permissão do aborto, além dos já permitidos em lei, para ser encami-nhado ao Senado Federal.

Basicamente, o que se concluiu está contido no documento final que, em síntese, defende, com base em aspectos éticos, epidemiológicos, sociais e jurídicos, a manutenção do aborto como crime, mas entendem que a lei deve rever o rol de situações onde há exclusão de ilicitude.

Por maioria, os Conselhos de Medicina concordaram que a Re-forma do Código Penal, prerroga-tiva do Congresso Nacional, que ainda aguarda votação, deve afas-tar a ilicitude da interrupção da gestação em uma das seguintes si-tuações: a) quando “houver risco à vida ou à saúde da gestante”; b) se “a gravidez resultar de violação da dignidade sexual ou do empre-go não consentido de técnica de re-produção assistida”; c) se for “com-provada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida independente, em ambos os casos atestado por dois médicos”; e d) se “por vontade da gestante até a 12ª semana da gestação”.

Para os Conselhos, que aprova-ram a monção, a rigidez dos princí-pios não deve ir de encontro às suas

finalidades. Neste sentido, deve-se ter em mente que a proteção ao ser humano se destaca como apriorís-ticos objetivos moral e ético. Tais parâmetros não podem ser defini-dos a contento sem o auxílio dos princípios da autonomia, que en-sejam reverência à pessoa, por suas opiniões e crenças; da beneficência, no sentido de não causar dano, extremar os benefícios e minimi-zar os riscos; da não maleficência; e da justiça ou imparcialidade, na distribuição dos riscos e benefícios, primando-se pela equidade.

Com relação aos aspectos epi-demiológicos e de saúde pública, concluiu-se que a prática de abortos não seguros (realizados por pessoas sem treinamento, com o emprego de equipamentos perigosos ou em instituições sem higiene) tem forte impacto sobre a saúde pública.

Fica claro que a maior polêmica está contida na autonomia da mu-lher em realizar o aborto até a 12ª semana. Une-se aos diversos argu-mentos a falta de esclarecimento do significado amplo de graves e incu-ráveis anomalias.

O CFM solicitou com a antece-dência devida, que os Conselhos Regionais enviassem suas mani-festações sobre o tema. O CRMMG levantou a questão que, da forma como foi apresentada, ficava ex-plícita a liberação do aborto exclu-sivamente pela autonomia da mu-lher sob qualquer pretexto, tendo o Conselho Regional do Estado de Minas Gerais se manifestado con-trário a este posicionamento do Pleno em Belém.

Como conselheiro federal por Minas Gerais, entendo que por

objeção de consciência, felizmen-te concordando com nossos pares, conselheiros de Minas Gerais, fui contrário a essa ideia registrada na Plenária de março no CFM.

Importante conceituar no pre-sente caso que a objeção de cons-ciência, contida na Constituição Federal (Artigo 5º, VIII e no Artigo 143, § 1º), versa sobre a inviolabili-dade do direito à vida, que se esten-de, inclusive, à obrigatoriedade do serviço militar.

Não tenho como objetivo nes-sa fala abordar especificamente o tema objeção de consciência, mas ressaltar alguns conceitos como o da não violência, e sim observar que a desobediência ao texto se dá por convicção de foro íntimo, não só por questão religiosa, mas sim por conflito entre o direito do ob-jetor e importante valor social, e o conflito entre o direito do objetor e o direito de terceiro.

A questão está posta para os mé-dicos e a sociedade como um todo. Acompanho aqui a fala do presi-dente do CRMMG, cons. João Batis-ta Gomes Soares: “Não se trata de uma questão religiosa. Enquanto médicos, entendemos que a nossa obrigação primeira é com a vida”.

Faço esses comentários nes-sa tribuna, que é o Jornal do CRMMG, para que meus pares saibam do pensamento deste conselheiro que os representa no CFM, sabendo agora que é urgen-te que, entre outros valores e as-sertivas, seja discutida também a autonomia do feto e o princípio filosófico da vida humana.

“Não se trata de uma questão religiosa. Enquanto médicos, entendemos que a nossa obrigação primeira é com a vida” Cons. João Batista Gomes Soares, presidente do CRMMG

Manifestações recebidas pelo CRMMG após posicionamento dos ConselhosManifesto meu repúdio, como médico, à posição do CFM a favor do aborto por vontade da mãe em gestações de até 12 semanas. Tal posição é incompatível com nossa posição de defesa da vida humana em um país onde destruir ovos de alguns animais é crime, soa como descabível. O CFM deveria ouvir a categoria antes de po-sicionar-se em seu nome nesse assunto. Carlos Dias Costa de Amorim - CRMMG 13.005

Parabéns ao CRMMG pela postura assu-mida no CFM com relação ao tema aborto. Sou médico anestesiologista da rede priva-da do DF e a postura de vocês foi enorme-mente elogiada entre os médicos daqui. Eduardo Antônio

Tomei conhecimento através da imprensa de que o nosso Conselho Federal de Me-dicina havia tomado posição em favor do aborto até 12 semanas. E constato que não houve uma consulta à comunidade médica que o respaldasse em tal decisão. Em total dissonância com a opinião da

maioria dos médicos brasileiros, sem am-plo debate ético e científico, sem uma con-sulta formal à comunidade médica, como orientar tal decisão? Não existe no sítio do CFM nenhum texto ou informação que in-dique a discussão do tema. (...) Em razão da importância do tema, é fundamental que a classe médica seja ouvida, que se estabeleçam canais de comunicação que possam subsidiar a decisão de nossas ins-tâncias superiores CRM e CFM. O endos-so de quem trabalha em favor da vida tem um peso social e político muito grande, trocar nossas pretensões profissionais por nossa ética e valores só nos apequena. (...)André L. P. C. Stroppa – CRMMG 18.118

Reitero minha indignação ao posiciona-mento do CFM de defender a legalização do aborto eugênico e do aborto até as 12 semanas de gestação caso a mãe deseje. Uma tomada de posição como essa, que vai frontalmente contra a tradição médica brasileira de defesa da vida e de busca de oferecimento de cuidados a todos aqueles em sofrimento, só poderia ser considerada

após um amplo debate com a comunidade médica do Brasil e se chegar a um consen-so. Ao contrário do anunciado na nota, o tema não foi amplamente debatido entre os médicos. A nota publicada pelo CFM apre-senta graves contradições internas. Diz que aborto deve ser crime, mas defende sua legalidade. Usa uma série de eufemis-mos para mascarar a decisão que tomaram de modo arbitrário em nome de 400 mil mé-dicos. Dizem não haver “descriminalização do aborto”, mas criação de “causas exclu-dentes de ilicitude”. Acho que subestimam a inteligência dos médicos. Como está, fica a impressão que foi uma manobra po-lítica de uma minoria, desejando usurpar o prestígio do CFM e dos médicos para suas agendas pessoais ou de certos grupos. Eu, como provavelmente a maior parte dos médicos do Brasil, sinto-me desrespeitado, não representado e violentado por esta to-mada de posição do CFM.Alexander Moreira Almeida – CRMMG 44.239

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Estudo publicado por CFM mostra equívocos na estratégia do governo

O número de médicos no Brasil vem cres-cendo ao longo das últimas décadas, mas a concentração maior de profissionais nos grandes centros e nas regiões mais ricas ain-da persiste. Essa é uma das constatações da pesquisa publicada recentemente pelo Con-selho Federal de Medicina sobre o “Perfil do Médico no Brasil - volume 2” e que vem com-provar que a estratégia do governo de abrir escolas médicas em determinados locais ou facilitar o ingresso de profissionais formados no exterior não resolve o problema de distri-buição de médicos pelo país.

O estudo mostra que a localização do curso não é fator determinante para a fixa-ção dos médicos. “Não há relação entre o local de formação e o exercício profissio-nal. Assim como em outras atividades, o profissional busca boa qualidade de vida, remuneração, perspectiva de crescimento profissional”, afirma Mário Scheffer, profes-sor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e responsável pela pesquisa que analisou dados entre 1980 e 2009 sobre a movimentação de 225.024 médicos cadastrados nos conselhos profissionais.

Entre 1980 e 2009, dos 107.114 médicos que se graduaram em uma cidade diferente da-quela onde nasceram, 36,8% retornaram à ter-ra natal, sendo que as cidades do Rio e de São Paulo são responsáveis por cerca de um terço desses profissionais. Outros 25,3% ficaram na cidade onde se formaram, a maioria delas no Rio, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Belo Hori-zonte, Salvador e Curitiba.

Quanto aos médicos formados no exte-rior, a pesquisa mostra que há 7.284 em atu-ação no Brasil, dos quais 65% são brasileiros que saíram do país para estudar. Em segui-da, vêm os bolivianos, peruanos, colombia-nos, cubanos e argentinos. Entre as cidades, São Paulo é a que concentra o maior número de profissionais formados fora do Brasil. Os

estados com grande concentração são Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, que tam-bém são os mais populosos do país.

Distribuição desigualDe 1980 a 2012, houve um aumento de

74% na razão de médicos por habitantes. “O que mostra que o crescimento do número de médicos se dá numa taxa maior do que o aumento da população. A pesquisa apon-ta alguns fatores para isso, como a abertura de muitos cursos de medicina”, explica João Batista Gomes Soares, presidente do Conse-lho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG). Além disso, a cada ano, há um saldo de 6 mil a 8 mil médicos a mais no mercado de trabalho (número dos que en-tram, descontados aqueles que deixam de exercer a profissão).

Segundo registros dos Conselhos Regio-nais de Medicina (CRMs), o número de mé-dicos no Brasil chegou a 388.015 em outubro de 2012, o que dá dois profissionais para cada 1.000 brasileiros. Era 1,15 em 1980, 1,48 em 1990, 1,72 em 2000 e 1,91 em 2010.

Analisando por região, nota - se a distri-buição desigual dos profissionais. O Norte é o lugar que proporcionalmente tem menos médicos no país: 1,01 para cada 1.000 habi-tantes. No Nordeste, esse número é de 1,23. No Centro-Oeste são 2,05 e no Sul 2,09. O Su-deste é a região que concentra mais médicos: 2,67 para cada 1.000 habitantes.

Com 40.425 profissionais, Minas fica em sexto lugar entre os estados do Brasil, ten-do 2,04 profissionais a cada 1.000 habitantes (número pouco acima da média nacional). O Distrito Federal é a unidade da federação com maior taxa de profissionais da área: 4,09 por 1.000 pessoas. O Rio de Janeiro está em segundo lugar, com 3,62, seguido de São Paulo, com 2,64.

Ao todo, 16 estados têm menos de 1,5 mé-dico por 1.000 habitantes. A pior situação se

verifica no Maranhão, com 0,71, seguido do Pará, com 0,84, e Amapá, com 0,95. Segun-do a pesquisa, esses três estados têm índices comparáveis a países africanos.

Como em todo o país, se compararmos a capital mineira com o interior percebere-mos desigualdade na distribuição. Os da-dos mostram que a população de 17.469.693 habitantes moradores do interior de Minas Gerais são assistidos por 24.663 médicos, em uma razão de 1,41 médicos por 1.000 habi-tantes. Já na capital essa proporção vai para 6,61 médicos por 1.000 habitantes, bem aci-ma da média nacional.

“Analisando os dados, comprova-se que o aumento de médicos não beneficiou igualmente a população”, ressalta o presi-dente do CRMMG, apontando que a me-lhoria das condições de trabalho e a cria-ção do cargo de médico do estado seriam soluções reais para o problema de não fixa-ção do médico no interior.

Rede públicaOutro problema é a baixa adesão ao tra-

balho na rede do Sistema Único de Saúde. Ao todo, 55% dos médicos estão vinculados à rede pública, mas, segundo a pesquisa, esse contingente é insuficiente para atender a demanda de 150 milhões de pessoas que dependem exclusivamente do SUS. Levan-do em conta apenas esses profissionais, há 1,11 médico para cada 1.000 habitantes que dependem do SUS, bem abaixo da média nacional, que também inclui os médicos que atendem pelo sistema privado. Mesmo a uni-dade da federação com proporcionalmente mais médicos atendendo pelo SUS, o Distri-to Federal, tem apenas 1,71 profissional por 1.000 habitantes, quando desconsiderados os médicos da rede privada.

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Jornal do CRMMG Janeiro / Fevereiro de 20136

Bernardo Luiz Silva de Matosinhos CRMMG 52.956Residente em Medicina do Trabalho do Hospital Municipal Odilon BehrensSecretário da Associação Mineira de Médicos Residentes (AMIMER)

Página dos Residentes

Funeral

Segundo notícia do jornal Folha de São Paulo, em 27/02/2013, o governo está em discussão com as operadoras de planos de saúde no intuito de elaborar um paco-te de medidas para o setor. O Estado está disposto a reduzir impostos, melhorar condições de financiamento e solucionar as dívidas das Santas Casas. Em troca, os planos devem melhorar sua rede creden-ciada e facilitar o acesso da população aos planos privados, inclusive com redução de seus preços.

Minha primeira reação a tal notícia foi de total espanto. Da maneira como foi ex-

posta a notícia, a população irá pagar – seu direito constitucional à saúde – por três vezes! Já se paga o financiamento do SUS através de impostos. Toda a sociedade também arcará com o custo indireto da renúncia fiscal às operadoras de saúde, dinheiro que deixará de ser arrecadado e investido em serviços. Ainda, aqueles que optarem por esses novos planos mais “em conta” deverão pagar a mensalidade estipulada nos contratos. Ou seja, nessa história um lado é desonerado e o outro “paga o pato”.

Esse “financiamento” público da saú-de suplementar é, obviamente, um ab-surdo. Um fato que chama atenção é o total desrespeito ao SUS, política pública ainda na infância, que na legislação de sua instituição – Lei nº 8080/90 – traz em seu art. 2º a seguinte redação: “a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”. Será que o Estado está admitindo que, por si só, não consegue prover condições de saúde mínimas à sua população? Ou existem interesses e um forte lobby pres-

sionando o governo a adotar medidas benéficas aos conglomerados da indús-tria da saúde?

Projetando um cenário com as atuais práticas das operadoras, aliados a pla-nos mais baratos, é possível enxergar um futuro sombrio. Haverá cobertura pre-ferencial aos pacientes jovens e sadios em detrimento aos idosos, restrição da gama de procedimentos que podem ser executados pelos usuários, delegação ao SUS de procedimentos mais complexos e onerosos. Esse modelo de negócio não desonera o SUS e acaba por diminuir seu papel transformador da realidade da saú-de da população, modificando-se em um serviço desarticulado, parcial, redundan-te e desestruturado.

É completamente descabido que o go-verno deixe de investir na consolidação do SUS, um modelo que se mostra acerta-do, apesar de todas as dificuldades. É um erro crasso financiar com dinheiro públi-co a iniciativa privada, permitindo sua penetração cada vez maior no mercado – agora mirando as classes em ascensão – em troca de serviços incompletos e que irão enterrar o SUS e as políticas públicas para a área.

SAÚDE PÚBLI CANO B RASIL

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Jornal do CRMMGJaneiro / Fevereiro de 2013 7

CRMMG participa do lançamento da Cam-panha Belo Horizonte Assina Mais Saúde

A busca por uma saúde pública de qualidade ganhou mais um refor-ço. No dia 7 de março, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) iniciou o movimento Belo Horizonte Assina Mais Saúde, em parceria

Site da CMBH

II Simpósio de Bioética lota auditório do CRMMG

Após o sucesso do I Simpósio em 2012, o evento de 2013 foi também bem sucedido, man-tendo durante todo o sábado (dia 23 de março) o auditório do CRMMG lotado. “Contamos com um público de mais de 180 pessoas interes-sadas em discutir temas multidiciplinares liga-dos às questões éticas da saúde e da pesquisa em seres humanos”, relata o conselheiro Alberto Gi-gante Quadros, coordenador da Câmara Técnica de Bioética do CRMMG e organizador do evento.

O evento teve um início cultural: o coordena-dor do evento, Conselheiro Alberto Gigante pre-senteou o público com a contação de um “causo”, antes de começarem oficialmente as atividades.

O Simpósio teve a presença na mesa de aber-tura, além do presidente do CRMMG, João Ba-tista Gomes Soares, do presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz Dá-villa e do presidente da Sociedade Brasileira

de Bioética (SBB), Cláudio Lorenzo. O presidente do CRMMG ressaltou a gran-deza da câmara técnica de Bioética e do trabalho desen-volvido pela mesma. Tanto o presidente do CFM e da SBB, ministraram palestras no Simpósio, com os temas “Bio-ética como parte das huma-nidades médicas” e “Bioética hoje no Brasil: questões de fundamentação e questões de aplicação” respectivamente.

Outros temas de grande re-levância debatidos no evento: “A reforma do Código Penal sob a ótica da bioética”, minis-trado pela Advogada e Dou-toranda em Ciências da Saúde pela UFMG, Luciana Dadalto; “Pesquisa clínica e sua rele-vância para a saúde pública: a necessária regulamentação de acesso a medicamentos”, pelo Professor titular do Departa-mento de Clínica Médica - Fa-culdade de Medicina UFMG, Dirceu Greco; “Exclusões e bioética”, pela Editora da Re-vista Bioética / CFM, Dora Por-to; “Biotecnologia, biopolítica e bioética”, pelo Doutor em Teologia – Itália, Padre Roque Junges e a Discussão de caso

O presidente do CFM, Roberto Luiz Dávilla, o presidente do CRMMG, João Batista Gomes Soares e o presidente da SBB, Cláudio Lorenzo na mesa de abertura do evento.

Hugo Cordeiro

com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), e pre-tende coletar, até o dia 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, 30 mil assinaturas. O conselheiro do CRMMG, Roberto Paolinelli e o presidente da Associação Mé-dica de Minas Gerais (AMMG), Lincoln Freire, estiveram pre-sentes na reunião e manifesta-ram apoio. O intuito é alavancar a campanha nacional Assine + Saúde, liderada pelo Parlamen-to mineiro, que visa à apresen-tação de um projeto de lei de iniciativa popular que obrigaria a União a investir 10% da receita

bruta corrente na saúde pública, o que aumentaria em mais de R$ 30 bilhões o investimento.

Além do presidente da As-sembleia, participaram do evento: os deputados Alencar da Silveira Jr. e Carlos Mosconi; os vereadores Dr. Nilton, presi-dente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, e Dr. Sandro; o presidente da Fami-nas, Geraldo Lúcio do Carmo; a presidente do Conselho Muni-cipal de Saúde, Ângela de As-sis Moura, e o defensor público Eduardo Generoso.

clínico, pelo Doutor em Bioética e Biojurídica - Madrid / CRM.SC, Cons. Élcio Bonamigo. “O simpósio trouxe a BH nomes respeitados nacionalmente no campo da Bioética”, ressalta o coordenador do evento, Cons. Alberto Gigante.

No final do encontro ocorreu uma reunião com o pre-sidente da Sociedade Brasileira de Bioética, quando foi eleita a diretoria provisória da Regional Mineira da SBB.

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Jornal do CRMMG Março / Abril de 20138

Eleições CRMMG 2013: prazos paraOs médicos mineiros devem

ter atenção às informações sobre a eleição dos membros titulares e suplentes do CRMMG. As chapas interessadas em concorrer deverão se inscrever entre os dias 3 e 17 de junho, das 8h às 18h, na sede do CRMMG em Belo Horizonte, con-forme prevê a Resolução CFM nº 1.993 / 2012, que traz as instruções para a eleição nos Conselhos Regio-nais de Medicina.

A votação será realizada nos dias 5 e 6 de agosto por correspon-dência. Serão eleitos 20 conselhei-ros titulares e 20 suplentes, que tomarão posse em 1º de outubro deste ano para a gestão 2013 / 2018. Os médicos terão acesso, na próxi-ma edição do Jornal do CRMMG, a todas as informações referentes à eleição, como chapas inscritas e seus integrantes, formas e prazos para votação, entre outros.

RegistroO requerimento para registro

da chapa deve ser dirigido ao pre-sidente da Comissão Eleitoral (veja box) e conter a assinatura de, pelo menos, outros 40 médicos inscritos e quites com o Conselho. Ou seja, os signatários não podem ser os integrantes da chapa. Informações como nome dado ao grupo, nome dos candidatos e números dos CRMMG, além da definição dos candidatos a membros efetivos e suplentes, também são exigidas. O documento deve conter o termo de concordância de cada candidato, bem como a certidão de quitação de anuidade e de outros encargos financeiros perante o CRMMG.

Protocolado o requerimento no Conselho, após 48 horas, o repre-sentante da chapa pode se infor-mar, pessoalmente, se o registro foi aceito. Em caso de indeferimento, o presidente da Comissão Eleitoral fundamenta, por escrito, a decisão. Abre-se então o prazo de 48 horas para recurso, contado a partir do conhecimento do representante da chapa. A Comissão tem 24 horas para responder ao recurso após o seu recebimento.

“Ficha limpa”O processo eleitoral deste ano

traz uma importante novidade: o médico candidato deverá atestar que não possui condenação em diferentes esferas, sejam cíveis ou criminais. As exigências seguem os princípios da Lei Complementar nº 135 / 2010, conhecida como “Lei da Ficha Limpa”, que busca proteger a probidade administrativa e a mo-ralidade na administração públi-ca. Os comprovantes que atestam as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade de cada candidato também devem ser en-tregues no ato do registro da chapa.

Entre os documentos exigidos para que o médico seja eleito estão: certidão negativa de condenação em processos ético-profissionais do CRMMG e de outro Conselho no qual for inscrito; certidão da Justi-ça estadual, federal, militar e elei-toral em que não conste sentença condenatória; certidão da Justiça estadual e federal por improbidade administrativa em que não tenha sentença condenatória; certidão

onde não conste condenação irre-corrível dos Tribunais de Contas.

Entre as causas de inelegibilida-de instituídas pela nova resolução, destacam-se: perda ou suspensão dos direitos políticos; condenação por diversos crimes; contas rejeita-das por irregularidades no exercí-cio de função pública; exclusão do exercício de outra profissão regu-lamentada; exoneração do serviço público em processo administrati-vo ou judicial, pelo prazo de oito anos contado a partir da decisão.

O Poder Judiciário deu recente parecer concordando com as exi-gências estabelecidas pela Resolu-ção nº 1.993 / 2012. O Sindicato dos Médicos do Distrito Federal en-trou com uma ação questionando o exercício concomitante do cargo de conselheiro com o de presidente sindical. A ação foi indeferida pela 22ª Vara Judiciária do DF, pois, de acordo com o juiz federal Francisco Neves da Cunha, é “perfeitamente razoável” a limitação imposta pelo artigo 82 da Resolução do CFM.

De acordo com a norma, o ocu-pante de cargo de presidente de re-presentação sindical ou sindicato, federação, confederação ou cen-trais sindicais, exceto em acade-mias de medicina, na Associação Médica Brasileira, suas federadas e sociedades de especialidades, não pode exercer cargo eletivo nos Conselhos. “De fato, há latente conflito de interesses entre os car-gos de presidente do sindicato dos médicos e o de conselheiro”, de-fendeu o magistrado.

EleiçõesAs eleições serão realizadas por

voto secreto, não sendo permitido o uso de procuração. O voto será obrigatório para o médico que es-teja em pleno gozo de seus direi-tos políticos e profissionais, sendo facultativo o voto para médicos maiores de 70 anos. Em caso de ins-crição em mais de um Conselho, o médico deverá votar em pelo me-nos um deles. Será aplicada a multa para o médico que não votar, com exceção daqueles que declararem o motivo do impedimento 60 dias após o encerramento da eleição.

A resolução com todas as infor-mações sobre o processo eleitoral, incluindo as condições de elegi-bilidade e as causas de inelegibi-lidade, está disponível no site do CRMMG, no banner rotativo “Elei-ções CRMMG 2013”.

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Democracia e transparência

Basicamente, as atividades con-selhais estão divididas nas seguin-tes áreas:

Representação didática: atua na elaboração de pareceres relativos a consultas éticas. Também repre-senta a entidade em reuniões, con-gressos e outros eventos realizando julgamentos simulados, palestras sobre Ética, entre outros.

Atividade judicante: participa das várias etapas das sindicâncias e processos, desde a apuração das denúncias até a sentença final. In-clui atividades como expediente--denúncia (pode realizar audiên-cias e solicitar perícias para concluir sobre a abertura de processo ou arquivamento) e plenária (reunião plena dos conselheiros com caráter informativo e deliberativo).

Atividade reguladora: edição de atos normativos que regulam temas de competência privativa do Conselho, tendo como balizador o zelo pelo desempenho ético da Me-dicina, as condições adequadas de trabalho, a valorização do médico e o bom conceito da profissão.

Atividade fiscalizadora: avalia-ção das condições do atendimento dos estabelecimentos de serviços de saúde, orientando na correção das falhas de acordo com as nor-mas e diretrizes pré-estabelecidas.

Atividade administrativa: de-senvolvidas, principalmente, pelos membros da Diretoria. O presiden-te é responsável pela administra-ção geral do Conselho, o vice-presi-dente é responsável pelas câmaras técnicas e substitui o presidente, quando necessário. Os secretários coordenam o corpo de funcioná-rios. Os membros desenvolvem também a coordenação de setores específicos do Conselho, como Te-souraria, Comunicação, Jurídico, Fiscalização e Delegacias.

O que faz um conselheiro

Fontes: www.cremesp.com.br , www.por-talmedico.org.br , Manual “Por dentro do Cremepe”, Artigo “Ética médica: ser ou não ser conselheiro, eis a questão” (cons. federal José Hiran da Silva Gallo)

inscrição começam em junhoComissão eleitoral

Os membros da comissão eleitoral são indicados pelas principais entidades médicas mineiras. Conheça o perfil dos três participantes:

Gilberto Madeira Peixoto - CRMMG 3.976 (presidente da Co-missão): nascido em Sabará, é formado pela UFMG em 1964 e especialista em Medicina do Trabalho. Atualmente, é presi-dente do Conselho Científico da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de MG; vice-presidente da Cruz Ver-melha Brasileira, Regional MG; membro da Academia Nacio-nal de Medicina do Trabalho, da Academia Brasileira de Médi-cos Escritores e da Câmara Técnica de Medicina do Trabalho do CRMMG, além de exercer funções diversas na AMMG. Já foi presidente da Academia Mineira de Medicina e da Associa-ção Nacional de Medicina do Trabalho.

Jorge Sarsur Neto – CRMMG 5.671 (secretário): de Belo Ho-rizonte, é graduado pela UFMG, turma de 1969, especialista em Ginecologia e Obstetrícia e Anestesiologia. Atualmente, é auditor interno da Santa Casa de Misericórdia de BH, já tendo atuado em diversos hospitais de Belo Horizonte, entre eles Maternidade Frederico Ozanan, Mater Dei, Promater, Santa Lúcia e Polícia Civil, onde foi diretor geral por 25 anos. Atuou também como supervisor e auditor hospitalar do Ministério da Saúde. Recebeu inúmeras condecorações, como a medalha da Inconfidência do Governo do Estado de Minas Gerais.

Paulo César Gomes Guerra – CRMMG 12.811 (secretá-rio): Natural de Timóteo, formou-se pela UFMG em 1980 e é especialista em Urologia. Atua desde 1997 em ativi-dades cooperativistas, tendo ocupado diversos cargos na Sicoob Central Cecremge, Sicoob Confederação, Santa-Coop, Unimed-BH e Federação Nacional das Cooperativas Médicas (Fencom), instituição em que foi vice-presidente por dois mandatos, além de ter sido membro do Conselho de Administração. Atualmente, é diretor administrativo da Sicoob Credicom.

Hugo Cordeiro

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Governo e sociedade civil discutem internação compulsória

TAC: medida alternativa para prevenir punições

A internação compulsória de usuários de crack e ou-tras drogas foi tema de debate em reunião promovida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no dia 27 de fevereiro.

O tesoureiro do CRMMG, cons. José Afonso Soares, representou o Conselho no encontro e ressaltou a im-portância do atendimento adequado em nível ambu-latorial para os dependentes químicos. “O CRMMG entende que a assistência inicial deve ser calcada no Programa de Saúde da Família e no atendimento nos

ambulatórios. A internação compulsó-ria, caso necessária, deverá acontecer com a anuência da família e com or-dem judicial”.

Para a promotora Paola Reis Na-zareth, não é justificável criar uma política exclusiva para internação compulsória, que, segundo ela, não vai solucionar os problemas de forma isolada. Nesse sentido, ela acredita que outros tipos de tratamento são ne-cessários e defendeu a necessidade de tratar o assunto considerando o tripé: prevenção, repressão e tratamento.

Já o secretário municipal de Saúde, Marcelo Teixeira, explicou que o trata-mento do usuário de drogas é comple-xo e precisa de parcerias diversificadas. Ressaltou ainda a importância da edu-cação no enfrentamento das drogas. Para ele, a saúde tem que se estruturar para oferecer tratamento, desde a aten-ção primária, mas a discussão precisa estar dentro da sala de aula, na escola.

O encontro contou também com a presença do presidente da ALMG, de-putado Dinis Pinheiro (PSDB), o pre-sidente da Associação Médica, Lincoln Lopes Ferreira, além de secretários e autoridades municipais e estaduais e representantes da sociedade civil.

José Afonso Soares destacou o alto nível do debate, com diferentes sabe-res contribuindo para o melhor en-tendimento do tema. “Uma fala con-sensual entre todas as autoridades presentes foi a necessidade de dispo-nibilização de recursos e a importân-cia do fortalecimento da rede ambu-latorial e da rede de assistência com leitos suficientes para a internação”, concluiu o conselheiro.

“Foi ressaltado que o atendimento ao usuário de crack deve ser multipro-fissional, a fim de que todos os aspectos referentes a esse grave problema de saú-de pública sejam enfrentados”, explica o conselheiro.

Marcelo Metzker - ALMG

Pensando em orientar médicos que co-metem infrações éticas leves, o Conselho Federal de Medicina dispôs aos CRMs o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), conforme Resolução nº 1.967/2011. O TAC é um meio alternativo para soluções extrajudi-ciais, no qual o infrator entra em um acordo com órgão fiscalizador responsável e assu-me o compromisso de reavaliar e ajustar sua conduta num prazo pré-determinado.

“O TAC é uma forma de o Conselho atu-ar sem penalizar o médico que cometeu uma pequena infração, evitando a abertura pre-matura de processos, diminuindo seu núme-ro e, ao mesmo tempo, exercendo sua fun-ção fiscalizadora”, esclarece o presidente do CRMMG, João Batista Gomes Soares.

O CRMMG, quando ciente da conduta questionável de alguns médicos, com ou sem denúncias, chama-os para uma orien-tação e firmação do TAC. Após audiência, estes recebem um prazo para corrigir sua conduta, orientada pelo Código de Ética Médica. Caso, até a data final determinada, o profissional não cumpra o acordo, o Con-

selho pode reabrir a sindicância suspensa e seguir seus trâmites legais. Em casos de rein-cidência da conduta em um prazo de cinco anos, não cabe mais o TAC.

Recentemente, médicos que estavam liga-dos ao atendimento de cartões de desconto foram orientados pelo Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais por meio do TAC. A emissão de cartões de desconto é infração ética e está prevista na resolução do CFM nº 1.939/2010, que proíbe a participação do mé-dico em promoções relacionadas com o for-necimento de cupons e cartões de desconto, visto que “a utilização dessa metodologia caracteriza-se como prática cujos objetivos são eminentemente comerciais”. “Retirado o nome do médico da prestação de serviço e constatado o não atendimento via cartão, suspende-se o processo ético-profissional”, explica o presidente do CRMMG.

Outra recente aplicação do TAC em Mi-nas Gerais foi para um caso de divulgação de especialidade que o médico não pos-suía. De acordo com a resolução do CFM nº 1.634/2002, o médico não pode atender nem

divulgar especialidade que não possui. O Artigo 3º diz: ”Fica vedada ao médico a di-vulgação de especialidade ou área de atua-ção que não for reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina”.

Casos como prescrição de receitas, ates-tados fora do padrão e problemas na rela-ção médico-paciente são exemplos recen-tes de firmação do TAC entre o CRMMG e médicos. Em todos os casos citados, os médicos tiveram a oportunidade de rever seu comportamento e corrigi-lo dentro do prazo estabelecido.

Cons. José Afonso Soares destacou a importância da família nos casos de internação compulsória de dependentes de crack

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DelegaciasDelegaciasEncontro dos Delegados Regionais, Seccionais e Representantes em Varginha

Ipatinga é a primeira a realizar Curso de Antibióticos

Curso Nals em João Monlevade tem total aprovação de participantes

Manhuaçu realiza curso de atualização em pediatria

Nos dias 1º e 2 de março, a Associação Médi-ca de Varginha sediou o Encontro dos Delega-dos Regionais, Seccionais e Representantes do CRMMG. Foram 59 participantes, dentre eles

médicos, representantes, delegados re-gionais e convidados.

Estavam presentes o presidente do CRMMG, cons. João Batista Gomes So-ares, que falou no início e ministrou a palestra “Relacionamento ‘Médico-Pa-ciente-Médico’”; o diretor do Setor de Coordenação de Delegacias, cons. Ma-nuel Maurício Gonçalves, que também participou da abertura e falou sobre o tema do encontro, “Delegacias Regionais, Seccionais e Representantes” , além dos conselheiros André Lorenzon de Olivei-ra, que discorreu sobre “Prevenção de Denúncias”; Eurípedes José da Silva, que comentou sobre “A saúde após as eleições municipais”; e a conselheira Vera Helena Cerávolo de Oliveira, que discutiu o “Pa-pel dos Representantes no CRMMG”.

A coordenação do encontro ficou a cargo do Delegado Regional de Vargi-nha, cons. Luiz Henrique de Souza Pinto. Segundo ele, o encontro é uma forma de o Conselho mostrar atenção aos aconte-cimentos de cada Regional. Foi uma im-portante maneira de ver que o CRMMG está atento às dificuldades de cada local e pronto para participar na melhoria da saúde do nosso estado”, afirma. O con-selheiro ainda frisa que o evento é essen-cial para as relações entre os delegados. “Os encontros de Delegados e Represen-tantes do CRM estreitam a relação entre eles, os tornam conhecidos, facilitando o contato quando necessário”, comenta.

Cons. João Batista compôs a mesa e falou ao início do evento

A Delegacia Regional do CRMMG em Ipatinga realizou pela primeira vez o Curso de Antibióticos - Ênfase em Pediatria, que ocorreu nos dias 1º e 2 de fevereiro na Fa-culdade de Medicina do Vale do Aço – Ins-tituto Metropolitano de Ensino Superior. O evento contou com a participação de 31 mé-dicos e as palestras foram ministradas pelo médico Alexandre Sérgio da Costa Braga.

Foram debatidos temas como micro-biologia, farmacodinâmica e farmacoci-nética, mecanismos de ação dos antibió-

ticos, resistência bacteriana, infecções de vias aéreas superiores, pneumonias, in-fecções de pele e partes moles, infecções osteoarticulares, infecções do trato uriná-rio, gastroenterites e meningites.

O curso de antibióticos aconteceu tam-bém nas cidades de Montes Claros (1º e 2 de março), Juiz de Fora (8 e 9 de março) e Passos (12 e 13 de abril). Está prevista ainda a realização do curso nas cidades de Teófilo Otoni, Sete Lagoas, Governador Valadares, Conselheiro Lafaiete, Uberlândia, Barbace-na e João Monlevade.

Cerca de 28 médicos participa-ram do Curso de Reanimação Ne-onatal (Nals), realizado na Associa-ção Beneficente dos Empregados da Arcelor Mittal (ABEB), na cidade de João Monlevade, em 1º de dezembro de 2012. Foram abordados os temas: passos iniciais da reanimação, ven-tilação com balão e máscara, entu-bação traqueal, massagem cardíaca e medicações, além da aplicação de testes sobre assuntos abordados. O curso teve 100% de aprovação dos presentes, que responderam a um questionário, pela infraestrutura e experiência dos instrutores.

No dia 06 de outubro, o mesmo curso foi realizado na regional de

Barbacena, com abertura do cons. Antônio Carlos Russo. Participa-ram 40 médicos, que moram na ci-dade e em Conselheiro Lafaiete.

A Regional Uberaba também pro-moveu o curso em 1º de setembro, com coordenação de Valquíria Car-doso Alves Chagas, e contou com a participação de 32 profissionais.

O evento é realizado por uma parceria do Conselho com a Socie-dade Mineira de Pediatria (SMP). De acordo com a presidente da SMP, Raquel Pitchon, “Minas Ge-rais foi o estado que possibilitou o treinamento de 100% dos residen-tes em Reanimação Neonatal, gra-ças à parceria com o CRMMG”.

O Conselho realizou, em par-ceria com a Sociedade Mineira de Pediatria, o curso Atualização em Pediatria - Urgência e Emergência, na cidade de Manhuaçu, nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro de 2012. Foram 26 inscritos que as-sistiram a nove palestras envolven-do temas como atendimento inicial

Alunos assistiram às palestras ministradas nos dias 1º e 2 de fevereiro em Ipatinga

Nilmar Lage

da criança na urgência, conduta da febre na criança, novas dire-trizes no tratamento da diarreia e desidra-tação aguda, sepse e meningite neonatal.

O mesmo curso ocorreu em Pouso Ale-gre nos dias 14 e 15 de setembro e contou com a presença de 36 médi-cos, e em São João Del Rei, nos dias 5 e 6 de Outubro, com a parti-cipação de 21 médicos.

Em Manhuaçu, nove palestras foram realizadas durante o curso

Pedro Fotografias

Juarez de Sousa Neves

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O fim dos pronto-atendimentos em pediatria?

Não foi surpresa a notificação recebida pelo CRMMG informando sobre a iminência de fechamento do pronto- atendimento do Instituto Materno Infantil de Minas Ge-rais - Hospital Vila da Serra, localizado em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. Em cinco anos, esse é o 18º caso de instituição privada que fecha as portas para o atendimento de crianças da capital e região, segun-do informações da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP).

Felício Rocho, Biocor, Luxemburgo e Lifecenter, en-tre outros, já suspenderam o pronto-atendimento in-fantil e a possibilidade de fechamento em Nova Lima pode representar o fim de cerca de 3 mil atendimentos ao mês. “Os plantonistas pediatras estão preocupados com a perda do local de trabalho. O fechamento acarre-ta uma deficiência ainda maior e sobrecarrega as unida-des restantes”, explica a presidente da Sociedade Minei-ra de Pediatria (SMP), Raquel Pitchon dos Reis. Na rede suplementar, em Belo Horizonte, o atendimento ainda é feito pelos hospitais São Camilo, Mater Dei, Padre An-chieta e Unimed.

O que tem motivado o fechamento das unidades é, prioritariamente, o desinteresse dos profissionais pela baixa remuneração e a complexidade do atendimento. Raquel vê uma perda muito grande para os médicos. “Nos três primeiros anos de vida, a criança tem oito episódios de doenças infecciosas ao ano, o que gera maior demanda de atendimento (para os pediatras). Essas características, aliadas ao fato do pronto-atendi-mento já ser uma área crítica, têm que ser levadas em consideração pelas operadoras, que preferem valori-zar o alto custo e a alta complexidade”, indigna-se.

O estudo desenvolvido pelo CFM e pelo Cremesp, Demografia Médica no Brasil volume 2, revela que há no Estado 3.345 pediatras. Na estatística de médi-co recém-formado, realizada pelo CRMMG, dos 658 médicos que retiraram o registro no Conselho ente 1º de janeiro e 19 de março deste ano, cerca de 9,6% pre-tendem se especializar em Pediatria: ainda é a terceira maior procura entre as 56 opções apresentadas. Porém, no mesmo período de 2012, por exemplo, aproximada-mente 12% dos médicos recém-formados indicaram a pediatria. A redução pode ser um reflexo do quadro vivido pela especialidade. Segundo Raquel, há uma defasagem crescente nos últimos 10 anos dos honorá-rios dos pediatras, o que, como explica a presidente, desmotiva os futuros médicos a escolherem a pedia-tria. “As áreas críticas atuais são, principalmente, as áreas de atendimento hospitalar com valores indignos, levando ao desmembramento de equipes de atenção hospitalar”, relata.

Vila da SerraEm nota publicada nas redes sociais, o Vila da Ser-

ra explica que, em 2012, a remuneração que cobria os

honorários e as despesas baixou em níveis críticos, e o hospital “não consegue mais aportar os subsídios para os serviços de pronto-atendimento, o que vinha sendo feito nos anos anteriores”. Afirma ainda que, desde setembro de 2012, vem discutindo com as ope-radoras de saúde, mas as respostas “estão longe de atender aos requisitos de sustentabilidade”.

Porém, após o anúncio de fechamento feito em feve-reiro, o hospital divulgou nova nota em março, esten-dendo por mais 60 dias o pronto-atendimento adulto e infantil. O recuo se deu pelas solicitações de clientes e apoiadores e pela “sinalização das fontes pagadoras de que as negociações poderiam chegar a bom termo”.

A SMP enviou um ofício ao Ministério Público denun-ciando a carência da rede de pronto-atendimento pediátrica.

OperadorasSegundo o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sin-

med-MG), algumas operadoras apresentaram retornos que foram apresentados na última assembleia de pediatras, rea-lizada em 4 de dezembro de 2012. Veja o que disseram:

* Samp Assistência Médica (Abramge) – informou já ter reajustado o valor da consulta para R$54,00 em julho de 2012, não tendo condições de atender além disso;

* Promed (Abramge) – está analisando o impacto econô-mico que as reivindicações vão causar;

* Unimed – apresentou uma nova proposta de calen-dário para consultas de puericultura para crianças e adoles-centes de 1 a 19 anos e programas de proteção a crianças e adolescentes com asma, diabetes e portadores de problemas neurológicos;

* Fundação Assistencial Viçosense (Plamhuv de Viçosa) – informou que remunera a consulta a R$70,00 e a consulta de puericultura a R$100,00. Afirmou que pratica pagamen-tos diferenciados de TCAP e uma política de reajuste anual, atrelada à ANS.

* Unafisco Saúde – informou que está à disposição para negociar a consulta pediátrica eletiva a R$120,00.

Pauta de reivindicações da Sociedade Mineira de Pediatria:* Consulta pediátrica: R$120,00* CBHPM edição 2010* Criação do procedimento “Atendimento Ambulatorial de Puericultura (APP)” para o acompanhamento da criança e do adolescente* Adoção do Tratamento Clínico Ambulatorial em Pediatria – TCAP* Fim das glosas definidas como “consulta de retorno”* Remuneração de consulta feita pelo pediatra à gestante no último trimestre do pré-natal

Fonte: SMP

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CRMMG visita hospitais infantis ainda abertos

Diante da crise vivida em Belo Horizonte com o fechamento de mais dois pronto-atendimentos pedi-átricos, o presidente do CRMMG, João Batista Gomes Soares, visitou dois dos hospitais que ainda mantêm o serviço para crianças - o Hospital Infantil Padre Anchie-ta e o Hospital Infantil São Camilo. O objetivo das visi-tas, que foram realizadas no dia 22 de abril, foi tentar descobrir como eles conseguem manter o atendimento. “A visita é para os hospitais nos contarem o milagre que vêm fazendo para manter as portas abertas”.

Mas, segundo o presidente, a realidade não é muito distante da dos hospitais que já fecharam. “Eles estão sobrevivendo. Apesar de serem perfis bem diferentes de hospitais, têm problemas parecidos. O hospital Padre Anchieta tem uma porta de entrada organizada, mas

está sempre lotada, sendo que não há condições de expansão física por ser um hospital de pequeno porte. Já o São Camilo, que é um hospital de por-te maior, está passando por reformas, ampliando e modernizando o local, mas, segundo a administração, mesmo com o aumento do número de atendi-mentos, o hospital acumula prejuízo todos os meses”, explica o presidente do Conselho.

Durante a visita ao Hospital São Camilo, o diretor e médico, Carlos Magno Guerra Lages, contou que a intenção de fechar o hospital já existiu há seis anos, mas que atualmente eles não têm mais como fazer isso. “Havia uma reserva financeira para fechar, mas agora não temos nada, temos que continuar abertos de qualquer forma”, relata. Algumas medidas foram toma-das para diminuir o prejuízo, como por exemplo, a internação de pacien-te-dia de ortopedia e oftalmologia, a realização de procedimentos de baixa complexidade de outras especialida-des e uma clínica de imagem. “Mesmo sendo um hospital infantil, temos que abrir exceções”, conta Guerra.

Como os hospitais que fecharam, o Padre Anchieta também sofre com problemas financeiros. Segundo o responsável clínico, Eduardo de Ma-galhães, os honorários médicos estão atrasados há 60 dias. “A diretoria tem feito de tudo para pagar, inclusive, abrindo mão de receber, mas, infeliz-mente, não tem conseguido”, explica João Batista após a visita.

Para o sócio do São Camilo, além dos problemas financeiros, a falta de pedia-tras, o que dificulta montagem das esca-las de plantão, também é um fator que torna difícil a manutenção dos hospitais infantis. “Existe um desinteresse geral dos novos médicos pela especialidade. Além disso, criou-se um imaginário de que pediatria é profissão de mulher e, as mulheres, por conta de filhos e famí-lia, não estão dispostas a trabalhar de noite ou nos fins de semana”, explica Guerra, que, muitas vezes, é obrigado a cobrir ele próprio os “furos” na escala. O problema de falta de pediatras tam-bém aparece entre as queixas da direto-ria do Padre Anchieta.

Eliâne das Graças Pereira Guimarães (gerente adm. e financeiro), Olival Lacerda de Oliveira (diretor clínico e técnico), cons. João Batista e José Guer-ra Lages (diretor adm. e financeiro)

Natália Mansur - Hospital Infantil São Camilo

Encontro debate anseios da pediatria

Os conselheiros do CRMMG reuniram-se, no dia 4 de abril, com representantes da Sociedade Mi-neira de Pediatria (SMP) e da Co-

missão Estadual de Honorários Médicos para buscar soluções para a especialidade. O encontro abriu a agenda de reuniões entre conse-

Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Paulo Poggiali; membro da Comissão de Honorários, Juraci Gonçalves de Oliveira; conselheiro do CRMMG e diretor de Assuntos Profissionais Adjunto da SMP, Fábio Augusto de Castro Guerra; diretor de Assuntos Profissionais da SMP, Cláudio Drummond Pacheco; 2º Secretário da SMP, Ricardo Sobreira Silva Araújo

lheiros e representantes das sociedades de especialidade para discutir os principais problemas de cada área e, juntos, conse-guirem levantar as possíveis respostas.

O presidente do CRMMG, cons. João Batista Gomes Soa-res, abriu o encontro compartilhando a realidade vivida pelos pediatras em todo o Estado. “Estamos rodando Minas, em ci-dades como Ribeirão das Neves e Matozinhos, para conhecer-mos a situação e percebemos que os pediatras são os heróis da rede privada pelo trabalho pesado que desenvolvem”.

Para o diretor de Assuntos Profissionais da SMP, Cláu-dio Drummond Pacheco, “a SMP está lutando por melhores salários, mas não é o suficiente. As condições de trabalho já não permitem que o pediatra fique no hospital. Muitas vezes, quem está no front não enxerga as negociações, que são de-moradas”.

Ao final do encontro, ficou decidido que as entidades se manifestariam publicamente, esclarecendo e sensibilizando a população sobre a real situação da pediatria e quais os ver-dadeiros motivos que levaram ao caos em que se encontra o atendimento da especialidade no Estado.

Hugo Cordeiro

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Pareceres CRMMG

Prontuário é sigiloso e pertence ao paciente

Parecer consulta n.º4727/2012Cons. Ricardo Hernane Lacerda G.

de OliveiraEmenta – O prontuário médico é um

documento sigiloso que pertence ao paciente ou a seu representante legal, devendo sua guarda ficar sob responsa-bilidade do médico ou das instituições de saúde.

I – Parte Expositiva“Hospital atende a uma grande de-

manda de usuarios que sao internados, na sua maior parte, segundo encami-nhamento do Sistema de Regulacao de Leitos do Estado de Minas Gerais. Como diretor tecnico da instituicao, tenho percebido uma crescente solicitacao por parte dos pacientes ou mesmo de seus parentes proximos, de copias dos documentos gerados quan-do de sua internacao. Com a finalidade de melhor decidir com seguranca, ve-nho apresentar os principais questio-namentos, que envolvem a liberacao desses documentos:

1. No caso de solicitacao do pro-prio paciente, no momento da alta hospitalar, ha necessida-de de assinatura de testemu-nhas na solicitacao de copia do prontuario ou de resultado de exames auxiliares?

2. No caso de exames de imagem, pode-se entregar o original e manter uma copia ou o inverso?

3. No caso de transferência do pa-ciente para outra instituicao para complementacao do tra-tamento da mesma patologia, e necessario o preenchimento de algum documento, para a en-trega dos exames à instituicao que recebera o paciente, ou a transferência automaticamen-te autoriza a transferência das informacoes? No caso de exa-mes de imagem, deve-se entre-gar o original?

4. No caso em que o paciente au-toriza um terceiro a retirar seu exame/copia de prontuario, quais os documentos devem ser exigidos de parte do paciente (procuracao com firma reconhe-cida?) e de parte daquele autori-zado a receber os documentos?

5. No caso de pacientes tempo-rariamente incapazes ou com

sequelas que o impossibilitem assinar um documento, qual o procedimento a ser adotado para liberacao de documentos?

6. No caso de solicitacao feita por medico, ha necessidade de soli-citacao expressa do paciente ou representante legal?

7. Para pacientes residentes em outros municipios que tenham dificuldade de locomocao, pode a autorizacao do paciente ou re-presentante legal, como o envio da copia do documento solicita-do, serem feitas via correio con-tando com o sigilo de correspon-dência?

8. Em caso de solicitacao de co-pia integral do prontuario, fato que tem se tornado corriqueiro, onerando a instituicao, e licito cobrar pelas copias sem auferir lucro e no intuito de somente su-prir o custo extra?

9. No caso de paciente que evoluiu para obito, quem pode solicitar copia de seu prontuario e de que maneira?

10. Nos casos de solicitacao do: Ministerio Público, autoridade policial e Juiz de Direito, como proceder?

II – Parte ConclusivaO Codigo de Ética Medica e as Re-

solucoes CFM 1.638/2002 e 1.605/2000 estabelecem a responsabilidade do me-dico com relacao ao prontuario do pa-ciente. A Resolucao 148/2011 do CRM PB orienta quanto à liberacao de copias de prontuario medico. Diante dessas normatizacoes, respondemos:

1. O prontuário do paciente fica sob guarda do medico e da ins-tituicao hospitalar. A solicitacao da copia do prontuario por pa-ciente capaz dispensa testemu-nha, necessitando apenas anota-cao no prontuario da requisicao e assinatura da entrega;

2. Os exames fazem parte do prontuario – seguem a mesma regra, deve uma copia ou ori-ginal ficar no prontuário e ou-tro, copia ou original, ser dis-pensado ao paciente quando solicitado por este;

3. O CFM normatiza que a trans-ferência de pacientes entre ins-

tituicoes medicas deve ser pre-cedida de contato previo com a devida autorizacao; a transfe-rência deve ser feita com relato-rio descrevendo os dados per-tinentes referentes ao caso; os exames realizados fazem parte do prontuario e, se necessarios para a conducao do caso devem ser encaminhados conjunta-mente – eles pertencem ao pa-ciente. Havendo necessidade de entrega do exame original, deve ser registrado no prontuario com assinatura do responsavel;

4. Deve-se seguir o disposto pela legislacao com relacao à entrega de documentos a terceiros ou a seu representante legalmente constituido;

5. Pacientes incapazes devem ter um representante legal que as-suma a responsabilidade pelo paciente;

6. O medico assistente tem acesso ao prontuario, mas a solicitacao de copia deste documento, por pertencer ao paciente, deve ter autorizacao expressa do mesmo ou de seu representante, salvo as situacoes expressas no Codi-go de Ética Medica e nas resolu-coes do CFM;

7. Autorizacoes veiculadas unica-mente pelo correio, sem a devi-da autenticacao pessoal, podem levar a problemas legais; a en-trega de documentos via correio – documentos sigilosos – devem receber os cuidados devidos;

8. Esse questionamento nao esta ligado a questoes eticas – cabe ressalva que mesmo os servicos públicos têm cobrado por co-pias;

9. Seu representante legalmente constituido;

10. A resposta encontra-se no Art. 89, “Liberar copias do prontuario sob sua guarda, salvo quando au-torizado por escrito, pelo pacien-te, para atender ordem judicial ou para sua propria defesa”. Pa-ragrafo 1º.”Quando requisitado judicialmente o prontuario sera disponibilizado ao perito medico nomeado pelo juiz”.

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Jornal do CRMMGMarço / Abril de 2013 15

Antes de encaminhar a sua dúvida, verifique se outro questionamento similar já foi respondido pelos conselheiros e está disponível no site do CRMMG (Menu “Mais acessados” / “Pareceres do CRMMG”).

Não há impedimento ético para que o médico assuma responsabili-dade técnica em duas clínicas.Parecer-consulta nº 4711/12Cons. Márcio de Abreu Lima Resende

O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser huma-no, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.Parecer-consulta nº 4730/12

Cons. Delano Carlos Carneiro

A CBHPM prescreve que a avalia-ção da composição corporal por antropometria inclui a consulta quando de sua remuneração.Parecer-consulta nº 4746/12Cons. André Lorenzon de Oliveira

O fornecimento de prontuários médicos a autoridades foi regula-mentado pela Resolução CFM nº 1605/2000.Parecer-consulta nº 4750/12Cons. Geraldo Caldeira

É vedado ao médico ser perito do próprio paciente, de pessoa de sua família ou de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho.Parecer-consulta nº 4808/12Cons. José Luiz Fonseca Brandão

O médico tem o direito de denun-ciar condições inadequadas de trabalho. Obrigatoriedade. Ques-tão administrativa.Parecer-consulta nº 4795/12Cons. Nilson Albuquerque Junior

Conselho Conselheiro - PareceresPara conhecer a íntegra

de cada parecer, acesse:

www.crmmg.org.br/Mais acessados/

Pareceres do CRMMG

Sigilo médico: quebra somente em situações excepcionais

Parecer-consulta 4789/2012Cons. Renato A. R. S. MacielEmenta: A quebra do sigilo médico-profis-

sional somente é permitida em situações de exceção, previstas no Código de Ética Médica

I – Parte ExpositivaNa presente consulta, solicita-se parecer

sobre a liberação de cópias de prontuários médicos para instrução de ações cíveis e tra-balhistas.

“A Diretoria vem, por meio deste, consul-tar o insigne Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais acerca da possibilidade de fornecimento, em juízo, de cópia de prontu-ários médicos de seus funcionários, ex-fun-cionários e candidatos a concurso público, em ações cíveis e trabalhistas demovidas contra a empresa, nas quais são discutidos assuntos relacionados à saúde destes inte-ressados.

Tal consulta se deve ao fato de haver dú-vida relevante entre a Gerência Jurídica e a Gerência de Saúde da empresa, acerca da le-gitimidade, eticidade e adequação, do ponto de vista do Código de Ética Médica (CEM), de se fornecer às autoridades judiciárias (magistrados) as cópias dos referidos pron-tuários acautelados nesta empresa pública, após requerimento expresso dos demandan-tes, por meio de procuração nos autos, para que a empresa junte, sob pena de confissão, os aludidos documentos, no intuito de ins-truir a discussão judicial em torno de direi-tos porventura existentes.

Assim sendo, considerando que compete à empresa apresentar à Justiça todos os do-cumentos requeridos na primeira oportuni-dade em que tiver de falar em Juízo, roga-mos a este nobre Conselho posicionamento acerca da legitimidade, eticidade e adequa-ção de, em consonância com as normas mé-dicas e a legislação processual civil e proces-sual trabalhista aplicável à espécie, atender

às solicitações dos respectivos Autores/Re-clamantes.”

II – Parte conclusivaO sigilo constitui base fundamental para

o exercício profissional da Medicina, por ser elemento indispensável na relação médico--paciente, a qual é fundada especialmente numa relação de confiança. Encontra guarida tanto no CEM quanto na legislação ordinária e na Constituição da República.

O CEM, no referente ao sigilo profissio-nal, assim se manifesta:

É vedado ao médico:Art. 73: Revelar fato de que tenha co-

nhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento por escrito do paciente. (grifo nosso)

Parágrafo único: Permanece essa proibição:a) mesmo que o fato seja de conhecimento

público ou o paciente tenha falecido;b) quando de seu depoimento como tes-

temunha. Nessa hipótese, o médico compa-recerá perante à autoridade e declarará seu impedimento;

c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal.

Art. 76: Revelar informações confiden-ciais obtidas quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou de instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da comunidade.

Art. 89: Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado por escri-to pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa. (grifos nossos)

§ 1º Quando requisitado judicialmente, o prontuário será disponibilizado ao perito médico nomeado pelo juiz.

Assim sendo, deve ficar claro que a que-bra do sigilo médico-profissional do ponto

de vista ético e legal é atitude de exceção, configurada apenas em determinadas situa-ções previstas na legislação. No caso em tela, há três maneiras de se contemplar as neces-sidades da instituição:

1 – As cópias poderão ser disponibili-zadas mediante autorização por escrito do próprio paciente, a quem o prontuário per-tence, encontrando-se apenas sob a guarda da instituição. Ora, os autores/demandantes serão, frequentemente, os primeiros interes-sados em fornecer as informações contidas nos seus prontuários, bastando, para tal, que o autorizem por escrito.

2 – As cópias deverão ser fornecidas no cumprimento de dever legal, mediante or-dem judicial.

3 – Por último, caso não se configure as duas situações acima, pode-se invocar o “mo-tivo justo” ou “justa causa”. O tratadista Ge-nival Veloso de França conceitua “justa cau-sa” como sendo “o interesse de ordem moral ou social que autoriza o não cumprimento de uma norma, contando que os motivos apre-sentados sejam relevantes para justificar tal violação. Fundamenta-se na existência de es-tado de necessidade”.

Na segunda e terceira eventualidades ci-tadas acima, as cópias do prontuário deve-rão ser fornecidas ao médico perito oficial ou ao médico perito nomeado pelo juiz, que es-tão necessariamente compromissados com o sigilo, devendo os mesmos utilizarem-se do prontuário para responder aos quesitos for-mulados (laudo indireto), não podendo as cópias ser apensadas aos autos.

Adotando-se os cuidados acima, estarão preservados os imperativos do sigilo médico e contempladas as necessidades da Justiça.

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Janeiro / Fevereiro de 201316

CorreiosEntrega Direta

9912211902/2008-DRMG

CRMMG

Ministério Público e Conselho fazem vistorias em hospitais do interior

O CRMMG tem apoiado o tra-balho do Ministério Público em todo o Estado, com foco na me-lhoria da saúde em Minas Gerais e nas condições de trabalho dos médicos mineiros. No dia 31 de janeiro, o Cons. Antônio Dírcio Silveira, delegado regional de Muriaé, compareceu à cidade de Carangola, a pedido do promo-tor de Justiça de Defesa da Saúde daquela comarca, Breno Max de Jesus Silveira, para auxiliá-lo na

vistoria dos hospitais locais, em

razão do trabalho desenvolvido

pela Comissão de Mediação Sa-

nitária, que atua na Macrorregião

Sudeste/Estado de Minas Gerais.

Já no dia 04 de março, o con-

selheiro participou de vistorias

na cidade de Muriaé a convite do

Promotor de Justiça e Curador da

Saúde do município, Silvio José

Marques Landim.

Da esquerda para a direita: Elisângela Camerino, diretora do Conselho Municipal de Saúde; Antônio Dírcio Silveira, conselheiro e delegado Regional de Muriaé do CRMMG;. Roberto Monteiro de Castro, secretário de Saúde de Muriaé; Sérgio Hen-riques, diretor administrativo da Fundação Cristiano Varella; Silvio José Marques Landim, promotor de Justiça e curador de Saúde de Muriaé; e Mila Lima, oficial do Ministério Público

CRMMG esclarece posicionamento sobre médicos condenados em Poços de Caldas

No dia 1º de março, o CRMMG realizou reunião para esclarecimento da classe médica de Poços de Caldas sobre os fatos envolvendo a condenação dos médicos da cidade por tráfico de órgãos e para explicar a conduta do Conselho em relação ao caso.

O juiz da 1ª Vara Criminal daquela comarca, Dr. Narciso Alvarenga Mon-teiro de Castro, enviou ofício ao CRMMG determinando que fossem “toma-das as providências necessárias para abertura ou reabertura de processos dis-ciplinares visando a cassação dos registros médicos e imediata suspensão de suas atividades”.

O CRMMG é uma autarquia federal que possui competência para proces-sar e julgar eticamente os profissionais inscritos em seus quadros, nos termos da Lei nº 3.268/1957. Desse modo, o conselho tem autonomia para aplicar aos profissionais envolvidos no caso eventuais penalidades que entender cabí-veis, após o devido processo ético-profissional, não se submetendo ao que restou estabelecido na decisão judicial em questão. Informamos que já foi ins-taurada sindicância neste Conselho para apurar os fatos noticiados.

“O CRMMG respeita a decisão do juiz, mas defende sua independência legal para julgar os envolvidos nos moldes estabelecidos em seu Código de Ética Médica e seu Código de Processo Ético-Profissional”, explica o presi-dente do CRMMG, João Batista Gomes Soares.

Cons. Carlos Alberto Benfatti, delegado da Regional de Itajubá; cons. José Tas-ca, delegado da Regional de Poços de Caldas; cons. João Batista Gomes Soares, Presidente do CRMMG, e cons. Mário Benedito Costa Magalhães, delegado da Regional de Pouso Alegre

Alerta sobre participação em publicações que elegem médicos de destaque

O Conselho Regional de Medicina (CRMMG) alerta aos médicos para não participarem de ma-térias ou concursos que indiquem ou elejam pro-fissionais de destaque. Tais publicidades podem estar em desacordo com Código de Ética Médica no que se refere às regras de publicidade médica.

Para esclarecimento de eventuais dúvidas,

disponibilizamos o manual de “Regras de Publi-cidade Médica”, elaborado segundo a Resolução CFM nº1974/2011, que estabelece os critérios norteadores da propaganda em Medicina, con-ceituando os anúncios, a divulgação de assuntos médicos, o sensacionalismo, a autopromoção e as proibições referentes à matéria.

Ressaltamos que a participação nesse tipo de publicação pode gerar denúncias no CRMMG e, consequentemente, abertura de processos éticos.

Colocamo-nos à disposição, através da nossa Comissão de Fiscalização da Publicidade Médica, para avaliar futuras matérias quanto a questões éticas da profissão.

Nota do CRMMG

Divulgação

Assessoria de Imprensa do Hospital do Câncer de Muriaé