16
Luto pela Saúde Jornal do CRMMG INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Nº 36 Jornal do CRMMG entrevista Secretário de Saúde de Minas Gerais Páginas 8 e 9 A luta continua Leia: editorial, páginas 15 e 16

Jornal CRMMG 36

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais Ediçao 36

Citation preview

Page 1: Jornal CRMMG 36

LutopelaSaúde

Jornal do CRMMGINFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DEMEDICINA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Nº 36

Jornal do CRMMG entrevista Secretário de Saúde de Minas GeraisPáginas 8 e 9

A luta continuaLeia: editorial, páginas 15 e 16

Page 2: Jornal CRMMG 36

Jornal do CRMMG Julho / Agosto de 20112

Jornal do Conselho Regional de Medicinado Estado de Minas GeraisAv. Afonso Pena, 1.500 - 8º andarCep. 30130-921 - Belo Horizonte/MG31. [email protected]

Presidente:Manuel Maurício Gonçalves

1º vice-presidente:Roberto Paolinelli de Castro

2º vice-presidente:Itagiba de Castro Filho

3º vice-presidente:Carlos Alberto Benfatti

1º Secretário:João Batista Gomes Soares

2º Secretário:José Luiz Fonseca Brandão

3º Secretário:Cícero de Lima Rena

Tesoureiro:Cibele Alves de Carvalho

1º vice-tesoureiro:Delano Carlos Carneiro

2º vice-tesoureiro:Vera Helena C. de Oliveira

Corregedor:Alexandre de Menezes Rodrigues

Vice-Corregedores:Geraldo Borges Júnior e José Afonso Soares

ConselheirosAjax Pinto Ferreira,Alberto Gigante Quadros,Alcino Lázaro da Silva,Alexandre de Menezes Rodrigues,André Lorenzon de Oliveira,Antônio Carlos Russo,Antônio Dircio Silveira,Carlos Alberto Benfatti,César Henrique Bastos Khoury,Cibele Alves de Carvalho,Cícero de Lima Rena,Claudio de Souza,Cláudia Navarro C.D. Lemos,Delano Carlos Carneiro,Eurípedes José da Silva,Fábio Augusto de Castro Guerra,Geraldo Borges Júnior,Geraldo Caldeira,Hermann Alexandre V. von Tiesenhausen,Itagiba de Castro Filho,Ivana Raimunda de Menezes Melo,Jairo Antônio Silvério,João Batista Gomes SoaresJosé Afonso Soares,José Carvalhido Gaspar,José Luiz Fonseca Brandão,José Nalon de Queiroz,José Tasca,Luiz Henrique de Souza Pinto,Manuel Maurício Gonçalves,Márcio Abreu Lima Rezende,Mário Benedito Costa Magalhães,Melicégenes Ribeiro Ambrosio,Nelson Hely Mikael Barsam,Nilson Albuquerque Júnior,Paulo Mauricio Buso Gomes,Renato Assunção Rodrigues da Silva Maciel,Ricardo Hernane Lacerda G. de Oliveira,Ricardo do Nascimento Rodrigues,Roberto Paolinelli de Castro,Vera Helena Cerávolo de Oliveira.

Departamento de ComunicaçãoCláudia Navarro C.D.Lemos Paulo Maurício B. GomesMário Benedito C.MagalhãesVera Helena C.OliveiraRicardo do Nascimento Rodrigues

Programação visualFazenda Comunicação & Marketing

Tiragem39 mil exemplares ImpressãoLastro Editora FotografiaRR Foto Jornalista ResponsávelMarina Abelha - MG09718 JP RedaçãoMarina AbelhaNívia Rodrigues - MG 07703 JPLaura Zschaber – Estagiária de Jornalismo

Belo Horizonte,julho/agosto de 2011

Cons. Manuel Maurício GonçalvesPresidente do CRMMG

EditorialExpediente

Jornal do CRMMG

CartasPlanos de saúdeImpressionante a lucidez, a verdade e a simplicidade com

que nosso presidente relata na matéria sobre planos de saú-de (Jornal do CRMMG, nº 35, maio/junho de 2011. Os planos de saúde são nossos parceiros?. Página 02). Penso idêntico (mino-ria concorda conosco). Só acho que não tem solução/retorno para nós médicos.

Queria estar errado... Parabéns. Alessandro Tarcius - CRMMG 32.729

ElogioVenho através desta carta, informar o meu enorme con-

tentamento pelo atendimento do médico dr. Luiz Augusto Leite de Oliveira, inscrito no CRM-MG 41.077.

Acredito que o Conselho Regional de Medicina está com as portas abertas para sugestões, reclamações e elo-gios e venho deixar o exemplo de atendimento e pres-tação de serviços médicos concedida pelo dr. Luiz Au-gusto. Tenho certeza que todos os médicos deveriam se espelhar no mesmo, na postura profissional que o mes-

mo tem e digo mais, com profissionais dessa forma o Brasil vem a crescer.

Luiz Gustavo Rocha Dias

I Fórum Brasileiro de Direito na MedicinaGostaria de cumprimentar a equipe de redação e a administra-

ção do Conselho pela excelente edição do Jornal nº 35.Os textos relativos ao Fórum de Direito na Medicina foram

excelentes, especialmente para quem não teve oportunidade de assistir ao evento pessoalmente, como foi o meu caso. Fo-ram análises profundas e pertinentes e orientações importan-tes para os médicos. A sessão “Opinião” relativa ao Fórum também foi muito rica.

Muito bom também o artigo de nosso colega Aroldo Fernan-do Camargos sobre Reprodução Assistida. Parabéns pela edição.

Cid Velloso - CRMMG 3.340

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRMMG) informa que o teor de informativos encar-tados no jornal é de inteira responsabilidade de seus autores.

O CRMMG esclarece que, em desacordo ao que foi publicado no informativo da Unimed-BH, “Saúde Sempre”, ano 2, número 6, na matéria intitulada “Alô Saúde auxilia na melhor escolha”, o Alô Saúde não tem a aprovação e o reconhecimento do Conselho Regional de Medicina (CRMMG).

Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais

Nota de Esclarecimento

Desde 2004, as entidades médicas estavam amorda-çadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômi-ca (CADE) impedindo-as de divulgar e implementar a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Conseguimos uma liminar na Justiça em 19 de maio de 2011 dando-nos o direito de manifestar sobre o assunto. Infortunadamente, novo posicionamen-to da Justiça calou nossa voz, sob pena de multa de 50 mil reais por dia. Medidas políticas e judiciais vêm sendo implementadas em nível Federal e Estadual.

Em Minas Gerais, em reunião conjunta convocada pelo deputado Antônio Júlio, a Comissão de Saúde (dep. Carlos Mosconi) e a Comissão de Defesa do Con-sumidor (dep. Délio Malheiros) da Assembleia Legis-lativa reuniram-se para discutir a decisão da Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça.

Participaram os deputados Hely Tarquínio, Adelmo Carneiro Leão, Neider Moreira, Doutor Wilson Batista, Liza Prado e Duílio de Castro, além de representantes do CRMMG, AMMG e SINMED-MG. O dep. Antônio Júlio propôs uma nota de repúdio à SDE. Ficou patente que os médicos de Minas Gerais podem contar com o seu Legis-lativo, notadamente quando os deputados se dispuseram a participar de nossas reuniões com os planos de saúde.

Nacionalmente, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) enviou em julho/2011 carta aberta à ANS e à Federação Nacional das Empresas de Segu-ros Privados e de Capitalização, que representam as operadoras de planos de saúde. Solicitou que as opera-doras negociem com os médicos e que a ANS assuma seu papel de reguladora, intervindo nas condições de trabalho e na remuneração dignas aos médicos. Para o Idec, o pagamento de baixos honorários, aliado às in-terferências das operadoras no exercício da profissão médica, é prejudicial ao consumidor que sofre com o descredenciamento de profissionais e com as longas fi-las de espera para agendamento de consulta. O Fórum

Nacional de Justiça, coordenado pelo CNJ, passará a monitorizar as demandas judiciais que tenham como parte as operadoras de saúde complementar.

Lamentamos a resistência das operadoras em atender as reivindicações dos médicos e a insistência em priori-zar os lucros em detrimento da qualidade da assistência. Conforme a ANS, existem 46,6 milhões de beneficiários em planos de saúde. O crescimento no primeiro trimes-tre de 2011 foi de 2,01%. No ano passado, as operadoras médico-hospitalares tiveram uma receita de 72,7 bilhões, isso é, 13,2% a mais que no ano anterior. O que não falta é fôlego financeiro e os honorários médicos são, cada vez mais, a menor parcela dos custos das operadoras.

Os médicos estão mais insatisfeitos com os planos de saúde do que com o próprio SUS (pesquisa Cremesp realizada pela Datafolha em abril de 2011), mesmo porque os médicos percebem a deficiência do financia-mento inadequado do Estado aos desvalidos. Por outro lado, as empresas de planos são exclusivamente mer-cantilistas e não consideram a qualidade da assistência dada ao paciente. O que elas querem é explorar, ainda mais, o trabalho médico e reduzir o acesso ao segura-do. Conforme a presidente do Cremerj, a Unimed-Rio paga a CBHPM, mais 10%. O que isso sugere? Não é coincidência que nos planos de saúde estejam com os empresários mais ricos do país.

Todos esses impasses negativos geraram algo de po-sitivo. Nunca tínhamos visto a categoria tão insatisfeita e mobilizada como agora, e nem as entidades médicas nacionais tão empenhadas. Não esperamos conseguir qualquer benevolência de um dia para outro. O cami-nho é longo e exige coesão. O movimento da categoria avança contra aqueles que rejeitam o diálogo. A fome crônica resulta subserviência, mas a fome aguda gera revolta. Os médicos estão insatisfeitos e revoltados. A categoria depende da maioria silenciosa se posicionar.

Ecos daDitadura

Page 3: Jornal CRMMG 36

Julho / Agosto de 2011 Jornal do CRMMG 3

Médicos precisam ficar atentos quanto à atualização de seus vín-culos empregatícios nos registros do Cadastro Nacional de Estabele-cimentos de Saúde (CNES) do Mi-nistério da Saúde. Agora o profis-sional poderá requerer, no site do CNES, a atualização das informa-ções trabalhistas no banco de da-dos. Continua sendo de responsa-bilidade dos gestores municipais e estaduais de saúde e dos gerentes dos estabelecimentos a função de inserir e atualizar o cadastro dos profissionais de saúde nos servi-ços públicos e privados.

O CNES é um sistema que regis-tra os estabelecimentos e os profis-sionais da saúde. É importante que os médicos confiram a correção de seus dados e solicitem a atualiza-ção, quando necessário. A medida contribui para que vínculos em-pregatícios já desfeitos possam ser utilizados como provas em acu-sações injustas contra médicos. O procurador do CRMMG, Frederi-co Ferri de Resende, explica que, se houver dificuldade no atendi-mento do pedido de atualização, o médico pode propor uma medida judicial para retificar as informa-ções. O conselheiro do CRMMG, José Afonso Soares, reafirma o po-sicionamento: “é importante que os médicos não permitam a divul-gação de cadastros não existentes. Caso as entidades de saúde não retirem do CNES os vínculos em-pregatícios já desfeitos, o médico pode tomar as providências legais cabíveis para o caso”.

Segundo o Ministério da Saúde, o gestor tem 30 dias para alterar os dados, caso isso não ocorra, serão bloqueadas (glosadas) as Autori-zações de Internações Hospitala-res (AIHs) vinculadas aos profis-sionais em situação irregular, por tempo indeterminado. No último mês de maio, foram bloqueadas 25.440 AIHs em todo o país, no valor de R$ 13,4 milhões, o que re-presenta cerca de 3% das autoriza-ções feitas mensalmente.

De acordo com a diretora do De-partamento de Regulação, Avalia-ção e Controle de Sistemas (Drac)

Ferramenta permite que médicossolicitem atualização de dados no CNES

do Ministério da Saúde, Maria do Carmo, “mesmo com essa possibi-lidade de o próprio profissional de saúde solicitar a atualização do ca-dastro dele no CNES, o desligamen-to dos profissionais continua sendo responsabilidade direta dos estabe-lecimentos prestadores de serviços e dos gestores locais do SUS”.

Regras

Além do preconizado pela Cons-tituição Federal, que veda o acúmu-lo de mais de dois cargos ou empre-gos públicos privativos da área da saúde, o Ministério da Saúde criou a Portaria nº 134, que estipulou re-gras, em abril deste ano, para coibir irregularidades nas informações prestadas no CNES O documento também estabelece maior controle sobre os servidores do Programa Saúde da Família. Fica vedado, por exemplo, o cadastramento em mais de uma equipe de Saúde da Famí-lia. Outra regra é que o cadastro do profissional em mais de três esta-belecimentos, independentemente de sua natureza, está sujeito à jus-tificativa e à autorização do gestor no Sistema CNES. Em caso de não cumprimento, os repasses poderão ser suspensos até a devida justifi-cativa. A íntegra da Portaria nº 134 está disponível em www.crmmg.org.br / Outros destaques.

Segundo o Ministério da Saúde, atualmente são cerca de 2 milhões de profissionais de saúde, sendo que desses, são 285.502 médicos vinculados a 230.858 estabeleci-mentos de saúde cadastrados no CNES. O sistema chega a receber cerca de 12 mil acessos diários.

No site http://cnes.datasus.gov.br/, o médico deve selecionar “Consultas”, “Profissionais” e “Geral”. Em “Profissionais cadastrados”, basta preencher os campos “Nome” e “CPF / CNPJ”.

Na página do CNES, o médico deve acessar “Consultas” e “Solicitação de Desligamento pelo Profissional” (espaço exclusivo para os profissio-nais cadastrados).

Será solicitado CPF e data de nascimento (cam-pos obrigatórios). É necessário informar que é médico e incluir CRM e Unidade da Federação.

Ao enviar a solicitação, receberá – no e-mail que ele informou ao sistema – cópia da solicita-ção no formato de protocolo e deverá confirmar a “Solicitação de Desligamento”, clicando no link “Autenticação”. Se o médico não realizar esse pro-cedimento no prazo de 72 horas (após o recebi-mento do e-mail), a solicitação será desconsidera-da e não será registrada no servidor nem enviada aos gestores para as demais providências de des-cadastramento no CNES.

O gestor local do SUS receberá uma mensagem eletrônica com a informação de “Solicitação de Desligamento pelo Profissional”. As solicitações poderão ser acompanhadas na página do CNES nos links “Consultas” / “Profissionais” / “Geral”.

O gestor local do SUS deverá entrar em conta-to com o estabelecimento de saúde para pedir es-clarecimentos sobre a referida pendência. O des-ligamento do profissional será ou não efetivado no prazo máximo de 30 dias, a contar da data da solicitação de descadastramento. Os gestores es-taduais do SUS deverão ter acesso às solicitações expiradas a fim de monitorar os gestores munici-pais quanto aos pedidos não efetivados.

Fonte: Ministério da Saúde

Como consultar vínculos empregatícios registrados no CNES

Como solicitar acorreção dos dados

Page 4: Jornal CRMMG 36

Julho / Agosto de 2011Jornal do CRMMG4

No último dia 16 de junho de 2011, foi publicada no Diário Oficial da União a Resolução nº 04 da Comis-são Nacional de Residência Médica (CNRM), que estabelece o descanso obrigatório de seis horas para resi-dentes que tenham cumprido plantão noturno. Segundo a CNRM, essa me-dida leva em consideração o desgaste físico e psíquico do médico residente decorrente do treinamento em serviço desenvolvido em plantão. Cabe agora aos coordenadores de cada programa de residência adequar a carga horá-ria de seus residentes, sem, contudo, prejudicá-los em seus estágios.

Ao nos depararmos com essa reso-lução do órgão máximo regulamen-tador da residência médica em nos-so país, e estabelecendo uma breve análise comparativa, percebemos que o ensino médico de graduação está passando por importantes transfor-mações (temas como inserção precoce e aprendizado baseado em problemas estão cada vez mais comuns), mas, por outro lado, a formação de especia-listas vem se mantendo praticamente a mesma de quando foi oficialmente instituída, no final da década de 1970. A formação continua a priorizar ex-cessivamente o ensino técnico, não se preocupando com aspectos éticos, hu-manos e de gestão profissional, além de estar desconectada das necessida-des de saúde da população e do Siste-ma Único de Saúde.

Denúncias recentes envolvendo a exploração de médicos residentes,

A Residência Médica e as mudanças necessárias

como a que aconteceu em Uberlân-dia, são apenas a ponta do iceberg. Não é raro recebermos apelos de residentes e familiares angustiados com situações de assédio moral, jor-nadas de trabalho que excedem 100 horas semanais, falta de estrutura de apoio e pedagógica, desvio de fun-ção, entre outros. Raramente essas denúncias têm seguimento, quase sempre por medo dos próprios resi-dentes em levar adiante e serem pre-judicados na sua formação. Quem denuncia perde o acesso às cirurgias, aos procedimentos, fica mal visto en-tre os colegas e são taxados de “pre-guiçosos”. Os insatisfeitos, muitas vezes, terminam por desistir de suas vagas. A maioria, entretanto, consi-dera até normal, como se fosse um “ritual de passagem” necessário para se tornarem médicos especialistas.

Prevalece na maioria dos progra-mas uma lógica quase feudal, com uma hierarquia bem definida e per-versa em que os iniciantes (R1) são amplamente explorados e têm seu coeficiente de exploração diminuído à medida que avançam na forma-ção. Esse procedimento termina por justificar os abusos, gerando uma linha de montagem que transforma os médicos de explorados em explo-radores, no melhor (pior?) estilo da submissão aos “superiores” aliado à opressão aos “inferiores”.

Considerada o “padrão ouro” para a formação de especialistas, a Residên-cia Médica precisa urgentemente pas-

sar por transformações que apontem em algumas direções fundamentais:

• Regulação das vagas de residência segundo as necessidades do Sistema Único de Saúde, integradas às redes assistenciais públicas, exercida pelo poder público, mas sempre em diá-logo com as unidades formadoras e com os órgãos representativos da ca-tegoria médica.

• Efetivo controle sobre as práticas abusivas que recaem sobre os residen-tes, em especial sobre os iniciantes, com punição para quem praticar o abuso de autoridade e o assédio moral.

• Valorização e reconhecimento dos médicos residentes por parte dos três níveis de governo e das fontes pagado-ras de bolsas, com remuneração digna e garantia de direitos mínimos que atual-mente são alijados desses profissionais em formação (data-base para reajuste anual, moradia, alimentação).

A sociedade brasileira reconhece o valor dos médicos e da residên-cia médica, como nos ficou claro no apoio que obtivemos durante a para-lisação ocorrida em 2010. Através de seus impostos, essa mesma sociedade financia a formação de especialistas, não por outro motivo, mas porque precisa deles para ter seu direito uni-versal e integral à saúde garantido. Para corresponder a esse reconheci-mento e apoio, a Residência Médica precisa se transformar e efetivamente formar os médicos especialistas de que a sociedade necessita.

Fernando Meira de FariaCRMMG 46.5901º. Tesoureiro da Associação Mineira de Médicos Residentes (Amimer)

Página dosResidentes

Page 5: Jornal CRMMG 36

Julho / Agosto de 2011 Jornal do CRMMG 5

Há cerca de quatro meses, hos-pitais de diversas partes do país enfrentam um problema que preo-cupa médicos e pacientes: a falta do medicamento indispensável para gestante Rh negativo com filho Rh positivo - o imunoglobulina anti-Rh negativo, fabricado em labora-tórios internacionais. O Brasil en-frenta colapso no fornecimento da substância fundamental na área de obstetrícia, em um quadro que vem afetando até a rede particular.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por falta de matéria-prima, a distribui-ção é insuficiente. A vigilância es-pera retorno a consultas feitas aos produtores para conhecer a dimen-são do problema.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais informou por meio de nota da sua assessoria de comu-nicação que “não é da competência do estado a distribuição da Imuno-globulina anti-Rh. Os hospitais e as prefeituras compram o medicamen-to diretamente dos laboratórios”. Informando que mais informações deveriam ser obtidas com o Minis-tério da Saúde e/ou Anvisa.

A previsão é de que a distri-buição se normalize somente em dezembro, como foi informado à Associação dos Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogi-

Como agir na falta da vacina de Imunoglobulina anti-Rh negativo

mig), que procurou o Ministério Público Estadual (MPE) para entrar com uma ação contra a Anvisa.

Segundo a administradora do Hospital Margarida em João Monle-vade, Jussara Célia Ferreira, a situa-ção na cidade não está normalizada. “O medicamento que era vendido por R$130,00 hoje custa R$205,00 e mesmo assim alguns laboratórios não tem estoque”, relata a adminis-tradora explicando que o SUS só paga R$93,00 por dose e o restante está sendo subsidiado por um con-sórcio das prefeituras da região.

Consultados, alguns fornece-dores de imunoglobulina, como o Neo Médica, informaram não possuírem estoque. Já o Multime-dic, que tinha medicamento, ao ser questionado sobre o aumento exorbitante de preço, informou, através de sua diretora comercial, Mara Gomes, que devido à falta de matéria-prima no mercado e à grande procura, os laboratórios aumentaram o preço e o mesmo foi repassado para os hospitais.

CRMMG orienta

Mas como proceder no caso de ausência do medicamento? Esse questionamento vem sendo motivo de consulta no CRMMG por parte dos médicos mineiros que se veem

em um dilema: prescrever ou não o medicamento já que o hos-pital onde trabalha ou cidade não possui o mesmo?

Segundo a conselheira Cláudia Navarro Lemos, no Parecer-Consulta nº 4425/2011, ”em tempos em que todos os esforços têm se voltado para a melhoria na atenção à gestante e neonato, torna-se inaceitável que uma enfermidade quase 100% evitável possa voltar a assombrar a saúde de nossas pacientes”.

O médico assistente deve tentar resolver a situação, mas também se resguardar, dividindo a responsabilidade pela as-sistência médica inadequada.

Baseado no que está descrito no Código de Ética médi-co é direito e dever do médico prescrever a Imunoglobulina Anti-Rh (D) para pacientes que julgar necessário, assim como apontar as falhas das instituições que impeçam o exercício digno da profissão.

“O médico é obrigado a prescrever a Imunoglobulina Anti-Rh (D) para todas as pacientes que julgar necessário, indepen-dente da disponibilidade da medicação. Deve registrar em Prontuário tal prescrição e comunicar ao diretor técnico da instituição a indisponibilidade da medicação”, explica Cláu-dia Navarro em seu parecer. No caso do Diretor Técnico da instituição, o mesmo “deve notificar os órgãos competentes para que se tomem as providências cabíveis”.

Já pode ser acessada no site do CFM a nova resolução que fixa os valores das anuidades e taxas para o exercício de 2012. A novidade do documento diz respeito à isenção da taxa para médi-cos com mais de 70 anos.

Até o ano passado ficavam, “dispensados do pagamento da anuidade (...) os médicos que no exercício de 2010 tenham com-pletado 70 (setenta) anos de idade”, desde que os mesmos es-tivessem em situação regular perante a tesouraria do Conselho Regional de Medicina. Ou seja, os médicos eram dispensados de pagar a taxa no ano que completassem 71 anos.

A partir do ano que vem a resolução muda. “Ficam dispensa-dos do pagamento da anuidade (...) os médicos que até o exer-cício de 2012 completaram ou venham a completar 70 (setenta) anos de idade. Agora, os médicos passam a ser isentos no ano que completam 70 anos.

Médicos com 70 anos serão isentos de taxa a partir de 2012

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINADO ESTADO DE MINAS GERAIS

APLICA PENA DISCIPLINAR DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO PRO-FISSIONAL POR 30 (TRINTA) DIAS À MÉDICA DRª. ANNE HANAE

MATSUMOTO – CRMMG 40.310 (CRMSP 118.893).

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais, de confor-midade com o disposto na Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, tendo em consideração os termos do artigo 58 do Código de Processo Ético Pro-fissional, tendo em vista a decisão prolatada nos autos do Processo Ético-Profissional Nº. 1571/2008 – CRMMG, julgado no Pleno do Conselho Re-gional de Medicina do Estado de Minas Gerais, torna público ter resultado à DRª. ANNE HANAE MATSUMOTO, inscrita neste Conselho sob nº 40.310 e no Conselho Regional de Medicina de São Paulo sob o nº. 118.893 (in-scrição secundária), a penalidade de SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO PRO-FISSIONAL POR 30 (TRINTA) DIAS, prevista na alínea “D”, do art. 22, da mencionada Lei, por infração ao artigo 29 (negligência e imprudência) da Resolução CFM Nº 1.246/1988, fatos também previstos no artigo 1º (negligência e imprudência) do Código de Ética Médica - Resolução CFM Nº 1.931/2009, devendo a penalidade ser cumprida no período de 1º de Agosto de 2011 a 30 de Agosto de 2011, período no qual a referida profissional estará impedida de exercer qualquer atividade médica.

Belo Horizonte, 16 de Junho de 2011Cons. Roberto Paolinelli de Castro

Presidente em Exercício do CRMMG

Page 6: Jornal CRMMG 36

Jornal do CRMMG Julho / Agosto de 20116 Jornal do CRMMG6

Pequenos atos, grandes conse-quências. Não há, nos dias de hoje, nada que exponha tanto o médico e a profissão médica, que faça a socie-dade vê-los cada vez com maior des-confiança, que motive tantos ques-tionamentos éticos, administrativos e jurídicos, do que a emissão de ates-tados inadequados.

Constitui o tema dos atestados a maior demanda ética do CRM devi-do à pletora de Protocolos, Consul-tas, Sindicâncias e Processos Ético-Profissionais instaurados em função de queixas e denúncias. Na área ad-ministrativa e jurídica, a situação não é diferente. Isso, sem mencionar os atestados falsificados, onde muitas vezes o Conselho é instado a com-provar suas autenticidades.

O atestado médico, que, conceitu-almente goza de presunção de vera-cidade e fé pública, constitui docu-mento cada vez mais enxovalhado e desacreditado, gerando na sociedade mecanismos de proteção contra seu uso indevido. Um desses mecanis-mos é a frequência com que institui-ções públicas e empresas privadas os encaminham para endosso por mé-dicos do trabalho ou auditores, que têm a prerrogativa de não acatá-los. Somam-se a isso, as numerosas de-núncias a instâncias administrativas e cíveis que, com frequência, se ma-nifestam com rigor sobre o tema.

Os atestados que ferem a ética profissional por serem de conteú-do inadequado são os graciosos, os imprudentes e os falsos. O atestado gracioso ou de favor é aquele dota-do de grande liberalidade, visando agradar um cliente, familiares ou amigos. O imprudente é aquele for-necido de maneira inconsequente, insensata e intempestiva (Genival França), descompromissado com suas consequências. Já o atestado fal-so é o emitido de má fé, com consci-ência de seu conteúdo inverídico e de seu uso indevido e criminoso.

É nesse ato tão simples e corri-queiro que muitas vezes se revela o caráter, o compromisso, a seriedade e a postura ética e moral do profis-sional. Não é admissível, como mui-tas vezes se vê nas lides do Conselho,

Atestados Médicos – Atestado de Incúriajustificar tal falha ética dizendo que o atestado inadequadamente emitido não gerou consequências maiores ou que o emitente desconhecia a norma ética regulamentadora. Pior são os raciocínios lenitivos por ocasião do fato delituoso aplacando eventuais arroubos de consciência, verdadei-ros exercícios de hipocrisia, como a busca da cumplicidade coletiva, com o famoso “todo mundo faz assim” ou do anonimato, com o “ninguém vai ficar sabendo”.

Numa época em que a profissão médica e o próprio médico encon-tram-se tão vulneráveis, expostos e questionados (por pacientes, por familiares, pela mídia, pelas institui-ções de saúde, pelo poder público), grande desserviço prestam aqueles profissionais que, com irresponsa-bilidade, imprudência, negligência e leviandade, elaboram atestados inadequados, denegrindo o bom conceito da Medicina. Sem falar das injustiças e crimes que podem advir de uma atestação que não correspon-da à verdade. A prática irresponsável da atestação chegou a tais níveis, que hoje é comum, na sociedade, sempre que se procura justificar um ato fal-toso, aparecerem sugestões do tipo “traga um atestado médico”, par-tindo o conselho de quem já sabe, de antemão, da ilicitude do ato e da facilidade de se obter o documento.

A legislação ética que normatiza a emissão de atestados encontra-se no CEM (artigos 73, 80, 81, 82, 91) e na Res. CFM 1.658/02 parcialmente modi-ficada pela Res. 1.851/08, além de vá-rios Pareceres do CFM e do CRMMG, que podem ser facilmente acessados nos respectivos endereços eletrônicos.

De uma maneira geral, podemos sintetizar a conduta ética adequada na emissão dos atestados médicos nos seguintes itens:

1 – O conteúdo do atestado deve, ne-cessariamente, corresponder à verda-de, portanto, deve ser idôneo; 2 – O atestado deve estar respaldado em ato médico que o justifique, por exemplo, uma consulta ou revisão de prontuários do paciente;3 – O atestado constitui parte inte-grante do ato médico, não se poden-do, portanto, cobrar valor adicional pela emissão do mesmo;4 – Jamais fornecer atestados ina-dequados compelido por relações de amizade ou parentesco (não seja “bonzinho”), nem por interesses fun-cionais ou compadrio;5- Ser prudente ao prognosticar as consequências do fato médico verifi-cado e atestado;

6 – Não fornecer atestados “pré-data-dos”, com afirmação apriorística de incapacidades futuras não devida-mente comprovadas;7 – Ao fornecer atestados ou rela-tórios para fins de subsidiar perícia médica não determinar providências previdenciárias, ato de competência exclusiva do perito;8 – Não atestar fatos verificados na clínica privada com formulários de instituições públicas;9 – Não deixar de atestar atos executa-dos no exercício profissional quando assim solicitado pelo paciente ou seu representante legal;10) – Redigir via computador ou à mão, porém de forma legível;11) – Fazer constar no corpo do ates-tado o nome completo do interessa-do, sua motivação e o fato médico em tela, descrito de forma clara e objetiva;12) Constar local, data e assinatura, com o respectivo carimbo contendo nome completo do médico e seu nú-mero no CRM, podendo ainda ser acrescentados a especialidade do mé-dico (se devidamente registrada no CRM) e seu CPF. Os dados contidos no carimbo podem ser substituídos por cabeçalho próprio do impresso;13- Não alocar no atestado diagnóstico ou código CID, a não ser que: 1) seja solicitado formalmente pelo paciente ou seu representante legal (o que deve ser registrado no documento); 2) por exercício de dever legal ou, 3) por mo-tivo justo (motivo justo não é qualquer motivo que pareça justo, mas um in-teresse de ordem social ou moral que justifique a quebra do sigilo).

Torna-se indispensável vigilância constante do CRM nesse mister, sen-do louvável o contínuo investimen-to ocorrido com cursos, palestras e publicações de caráter educacional, tanto para médicos, quanto para aca-dêmicos de Medicina.

É necessário, também, maior de-terminação da atividade judicante dos Conselhos no sentido de punir adequada e exemplarmente aqueles que não respeitam e nem valorizam as normas éticas, trazendo prejuí-zos imensos para toda uma catego-ria e para toda a sociedade. A im-punidade é, sem sombra de dúvida, em todas as áreas, o terreno fértil que faz germinar a agressão à ética, às normas administrativas e à lei, fundamentos básicos de qualquer Estado de Direito.

Com um pouco de zelo, respon-sabilidade e observação de normas éticas básicas de conduta, muito se pode, individual e coletivamente, fa-zer por nossa bela, desrespeitada e tão sofrida profissão.

Cons. Renato Assunção Rodrigues da Silva MacielCRM 9.527

“O atestado médico, que,

conceitualmente goza de

presunção de veracidade e fé

pública, constitui documento

cada vez mais enxovalhado e desacreditado,

gerando na sociedade

mecanismos de proteção

contra seu uso indevido”

Page 7: Jornal CRMMG 36

Jornal do CRMMGJulho / Agosto de 2011 7

Homenagear os colegas que du-rante a vida profissional agiram com dignidade e honra, sendo re-ferência em sua área e dignificando a profissão. Esse é o intuito do Con-selho Regional de Medicina ao ins-tituir, em 2007, a comenda “Honra à Ética”. O papel do CRMMG con-siste em fiscalizar a atividade mé-dica, supervisionar o cumprimento do Código de Ética, impor as pe-nalidades legais, registrar títulos, diplomas e inscrições no Estado de Minas Gerais, mas as últimas di-retorias entenderam que também devemos homenagear médicos que se destacaram em sua área e como lideranças médicas em sua cidade.

Pela primeira vez a comenda será entregue em Belo Horizonte, mas a intenção é, a partir de agora, realizar o evento anualmente como já é fei-to nas cidades do interior de Minas

CRMMG entrega comenda de Honra à Ética para médicos de Belo Horizonte

Antônio Fernando Dias da Silva

Arnaldo Antônio Elian

Calil Fouad Nicolau Cury

César Augusto Arruinategui Carvalho

Christiano Alvim Penna

Diomar Tartaglia

Ennio Leão

Guilherme Cabral Filho

João Batista Gontijo Assunção

José Carlos Campos Christo Filho

José Carlos Vianna Collares Filho

José de Araújo Barros

José de Souza Andrade Filho

José Sylvio Resende

Lucas Vianna Machado

Magnus de Oliveira Andrade

Márcio Ibrahim de Carvalho

Maria Regina Calsolari

Marx Golgher

Nereu de Almeida Júnior

Raul Costa Filho

Roberto Junqueira de Allvarenga

Roberto Porto Fonseca

Vicente de Paulo Assis

Willon Garcia de Carvaljo

Wilson Luiz Abrantes

Gerais. As indicações foram muitas e com nomes de grande expressão para a medicina mineira. Os con-selheiros tiveram grandes dificul-dades para definir quem seriam os homenageados de 2011 e nos próxi-

mos anos, os demais médicos rece-berão a merecida comenda.

Após aprovação em sessão ple-nária, nesse primeiro ano, serão 26 médicos agraciados. Conheça os homenageados:

• A situação do atendimento no serviço pú-blico foi debatida nos dias 7 e 8 de julho, em Vitória (ES), durante o Fórum Sul-Sudeste de Ur-gência e Emergência, promovido pelos CRMs. O Conselho de Minas foi representado pelo presi-dente, Manuel Maurício; pelo 1º secretário, João Batista Gomes Soares, pelo 2º vice-presidente, Itagiba de Castro Filho e pelo 3º vice-presidente, Carlos Alberto Benfatti.

• No dia 14 de junho, o 1º secretário João Batista participou do IV Fórum Nacional de Cooperativismo Médico. Entre os temas de-batidos estavam a valorização do trabalho médico; o papel do Legislativo na defesa do cooperativismo e da saúde; cooperativismo e terceirização; agenda regulatória da ANS para o cooperativismo.

  • O Sindicato e Organização das Coopera-

tivas (Ocemg) e o Serviço Nacional de Aprendi-zagem do Cooperativismo (Sescoop-MG), em homenagem prestada às filiadas, que comple-tam 50 anos em 2011, concedeu placa come-morativa para a Cooperativa de Consumo, Edi-tora e de Cultura Médica (Coopmed). O cons. Ajax Ferreira, presidente da entidade, recebeu a condecoração em solenidade realizada em 13 de julho, com a presença do governador Antônio Anastasia.

• No dia 11 de julho, o cons. Itagiba de Cas-tro Filho participou de apresentação do projeto “Hospital do Trauma”, que será construído em Montes Claros pela Santa Casa,  com 147 lei-tos. Os recursos virão da Secretaria de Estado da Saúde, sendo que a 1ª parcela já foi liberada (total de R$ 35 milhões). O terreno será doado pela prefeitura local. Estavam presentes a Dire-toria da Santa Casa e o Secretário Municipal de Saúde, Geraldo Edson Souza Guerra.

• A delegacia de Montes Claros está com sede nova. Em uma das salas ficará o Sindicato dos Médicos da cidade. Trata-se de uma casa situada na Praça Rotary, nº 101, com salas e espaço para melhor atender os médicos.

• A conduta ética do médico regulador foi tema da reunião, no dia 6 de julho, entre o cons. Paulo Maurício Buso Gomes e a coordenadora da Central de Regulação do SUS em Patos de Minas, Drª. Rosana Justino.

• O Cons. Eurípedes José da Silva parti-cipou, em junho, na cidade de Piumhi, da inauguração do  CTI da Santa Casa local. Na oportunidade esteve presente o governador Antônio Anastasia.

- Cons. José Carvalhido Gaspar participou como palestrante convidado do XXI Congresso Mineiro de Cardiologia realizado entre os dias 30 de junho e 2 de julho, em Juiz de Fora.

• O 2º Secretário do CRMMG, José Luiz Fonseca, realizou, no dia 14 de junho, reunião com diretores dos hospitais de São João del Rei para discussão da suspensão do repas-se da Secretaria Municipal de Saúde para o pronto-atendimento dessas instituições. Já em 21 de junho, fez reunião com o corpo clínico do Hospital Waldemar das Dores, em Barão de Co-cais, para discussão de questões internas, se-guida de reunião com o prefeito e o secretário Municipal de Saúde.

• A Consa. Vera Helena C. de Oliveira par-ticipou, no mês de junho, em Muzambinho, de reunião com o juiz de Direito, Flávio Umberto Moura Shimidt; a promotora, Gisele Stela Mar-tins Araújo e o corpo clínico da Santa Casa com o objetivo de ajudar na solução de proble-mas das diretorias do hospital, bem como do pronto-atendimento.

CurtasConheça algumas ações de nossos conselheiros

Page 8: Jornal CRMMG 36

Jornal do CRMMG Julho / Agosto de 20118

O secretário de Saúde de Minas Ge-rais, Antônio Jorge de Souza Marques, participou, no dia 10 de junho, de reunião no Conselho Regional de Me-dicina de Minas Gerais com os conse-lheiros e o secretário adjunto, Wagner Eduardo Ferreira.

Na oportunidade, o secretário apre-sentou as ações da Secretaria Estadual de Saúde (SES/MG) nas diversas regi-ões do Estado, seguindo-se a apresen-tação dos planos de ação a serem de-senvolvidos nos próximos anos. Dada a palavra aos conselheiros, esses pude-ram se manifestar através de explana-ção dos problemas de saúde nas Regio-nais, formulação de questionamentos e solicitação de atuação da SES/MG.

Leia entrevista concedida pelo Se-cretário sobre alguns dos temas abor-dados durante à reunião.

Quais são as prioridades na gestão atual, no que se refere à saúde?

A Saúde Pública em Minas Ge-rais vem avançando muito nos últi-mos anos. Claro que existem desafios a serem superados e o maior deles é conseguir integrar o sistema que ain-da é muito fragmentado. Os modelos de governança do sistema e o de fi-nanciamento favorecem essa desfrag-

mentação. Mas, Minas foi pioneira na utilização desse conceito das redes de atenção. Começamos a falar nisso em 2003 e agora, em 2010, esse conceito se tornou uma referência para todo o país, como pode ser visto pela publi-cação da Portaria nº 4.279 pelo Minis-tério da Saúde. Inovamos também em várias ações como na implantação de um sistema de transporte em saúde para usuários de procedimentos eleti-vos (que não são de urgência e, portan-to, podem ser agendados). Esse siste-ma reduz custos, aumenta a qualidade do acesso e tem um grande impacto na vida dos cidadãos.

Um dos maiores desafios deste go-verno é a melhoria do atendimento das redes de urgência e emergência. O que está sendo feito nesse setor?

Estamos avançando na implanta-ção dos Complexos Reguladores, uma convergência das regulações do Samu e da Assistencial.

Medidas estatísticas realizadas na macro Norte de Minas comprova-ram os efeitos na redução de mortes por trauma e nos riscos das urgências materno-infantil. A redução de ta-xas de mortalidade na região, notória pela carência de recursos e cheia de dificuldades quanto às redes viárias e de comunicação, foi enfrentada com a qualificação da rede assistencial e uma potente estrutura de intervenção logís-tica de comunicação e transporte.

A falta de médicos nas cidades do interior do Estado é um dos maiores problemas da saúde. Que medidas se-rão tomadas para resolver o problema? Como o Secretário da Saúde vê a cria-ção da carreira do “médico do Estado”?

Estamos iniciando alguns esforços para resolver esse problema. Recente-mente fizemos um encontro na macro Sudeste para definir uma estratégia de contratação dos profissionais através dos consórcios públicos, aproveitando as oportunidades apresentadas pela Lei 111707/05. Sabemos que esse é um desafio em todas as esferas de governo e estamos trabalhando de forma séria para fortalecer os vínculos e os proces-sos de contratação dos médicos. Discu-timos inclusive com a equipe técnica da Bahia, que desenvolveu a proposta da Fundação Estatal Saúde da Famí-lia. Vamos buscar as melhores práticas para solucionar esse problema.

No que consiste o programa “Mães de Minas”?

O programa é um recorte da Rede Viva Vida. Trata-se de um sistema de vigilância que acompanha a mãe e a criança da concepção até o primeiro ano de vida. Teremos um call center e uma grande rede de mobilizadores para nos apoiar nesse trabalho. Os pri-meiros a aderirem são os 90 mil volun-tários da Pastoral da Criança.

A mortalidade infantil, historica-mente, tem se destacado como um dos principais problemas sociais brasilei-ros. Essa taxa vem reduzindo no Brasil, passando de 18,94 óbitos em menores de um ano por mil nascidos vivos, no ano 2003, para 14,83, segundo os dados provisórios 2009. Em Minas Gerais, ela caiu de 17,55 para 14,01, no mesmo perí-odo. Apesar dos avanços observados, a redução da taxa de mortalidade infantil esconde diferenças regionais importan-tes, que se relacionam com a distribui-ção desigual de recursos e de condições sócio-econômicas das famílias.

O elevado número de mortes in-fantis e maternas por causas evitáveis em Minas Gerais levou à implantação da Rede Viva Vida de Atenção Integral à Saúde da Mulher e da Criança. Essa implantação é considerada estratégica pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais desde 2003.

Para realizar seu objetivo de redu-zir a mortalidade infantil e materna, o Programa Viva Vida busca diminuir as desigualdades entre os municípios e regiões do Estado. Para isso, ele se estrutura em três estratégias: a estru-turação da rede de atenção à saúde da mulher e da criança, a qualificação dos profissionais e das informações dessa rede e o fomento à construção de um amplo processo de mobilização social.

Com essas estratégias, o Governo de Minas já investiu mais de R$ 120 milhões de reais na implantação efeti-va dessa Rede. Como reforço às unida-des básicas de saúde, além do Saúde em Casa, foram distribuídos kits de materiais para as equipes do Progra-ma de Saúde da Família. Em sintonia com os investimentos do Pro-Hosp, foram distribuídos equipamentos e materiais para as maternidades e para 55 novos leitos de UTI Neonatal.

Com a Rede Viva Vida, a propor-ção de gestantes com sete ou mais con-sultas de pré-natal passou de 51,76% para 63,33%, em Minas Gerais, entre 2003 e 2008. O Estado está concluindo a expansão do atendimento hospitalar em gestante de alto risco. O resultado: em 2010, foram mais de 12 mil partos

Secretário de Saúde de Minas“No setor

saúde costumo dizer que hoje

estamos melhores que ontem e que

certamente amanhã

estaremos melhoresque hoje”

Secretário de Saúde de Minas Gerais, Antônio

Jorge de Souza Marques

O presidente em exercício do CRMMG, Roberto

Paolinelli de Castro; o secre-tário de Saúde do Estado de

Minas Gerais, Antônio Jorge de Souza Marques; o Secretário

Adjunto, Wagner Eduardo Ferreira e o 10 secretário do

CRMMG, João Batista Gomes Soares durante reunião na sede

do Conselho

Page 9: Jornal CRMMG 36

Jornal do CRMMGJulho / Agosto de 2011 9

se reúne com conselheirosde alto risco remunerados adequa-damente no Estado, contra somen-te 2,3 mil, em 2003.

Nesse ano de 2011, oito anos após o início do Programa Viva vida, o Governo Federal toma a ini-ciativa de lançar a Rede Cegonha. Segundo a página eletrônica do Mi-nistério da Saúde, a Rede Cegonha é composta por um conjunto de medi-das para garantir, a todas as brasilei-ras, atendimento adequado, seguro e humanizado no período entre a confirmação da gravidez e os dois primeiros anos de vida do bebê, pas-sando pelo pré-natal e o parto. Esses atendimentos serão realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Em relação ao programa Mães de Minas, o CRMMG pode esperar do governo a devida valorização do profissional médico (obstetra/pe-diatra/anestesista) na implantação do programa?

Sem dúvida. Temos nos médi-cos um elo importante das redes e entendemos que esse profissional é essencial para o sucesso dos serviços de saúde. Incentivamos a parceria entre esse profissional tão essencial e outros profissionais de saúde em prol daquilo que é realmente o cen-tro dos nossos esforços: os cidadãos.

A oferta limitada de leitos no Estado é um dos empecilhos para o bom funcionamento do sistema de regulação. Quais as ações do Es-tado em relação a isto?

De fato, a Regulação Assisten-cial, pelo sistema SUSfácilMG, ga-nha em agilidade quando o mapa de leitos espelha a verdadeira ocupação das vagas, naquele mo-mento, numa unidade hospitalar de referência. Os contratos com os prestadores têm a interveniência das Secretarias Municipais de Saú-de a quem cabe, como ato final, controlar e confirmar a ocupação dos leitos, pela ação dos seus mé-dicos supervisores e autorizadores.

Da nossa parte, na questão crí-tica da ocupação dos leitos de UTI, por exemplo, estamos concluindo um amplo estudo que envolveu o descredenciamento de unidades conveniadas que não atendiam ao SUS. A realocação desses recursos abriu mais de uma centena de “no-vos” leitos, agora disponíveis para a população. Sabe-se que grande par-te dessa oferta era sonegada, ficava O Secretário de Saúde esclarece dúvidas dos conselheiros

invisível para a Regulação; a atitude da autoridade sanitária do médico regulador tem sido usada na defesa do cidadão. Os conflitos entre regu-ladores e plantonistas, em prol do cidadão, tem se convertido em ajus-tes nos contratos e se convertido em ganho para os plantonistas dos hos-pitais. A questão do sobreaviso, por exemplo, é desafio para as institui-ções hospitalares privadas ou filan-trópicas, conveniadas ao SUS. E elas têm melhorado as suas relações de emprego com os médicos plantonis-tas que só recebiam o pro labore – no que aliás, o CRMMG, em reuniões itinerantes pelo estado, muito tem contribuído na construção de um justo entendimento entre as partes.

Que soluções o senhor teria para facilitar o acesso as vagas hospitalares pelo SUSfácil, espe-cialmente em cidades pequenas?

Estamos, em parte, dependen-tes da relação amadurecida entre os gestores municipais e os prestadores locais; para tanto, o efetivo cumpri-mento da Programação Pactuada e Integrada (PPI) – que é um “contra-to” de obrigação, passível de ajustes – se faz necessário. Essa ferramenta propicia o planejamento e a aloca-ção adequada de recursos em cada macrorregião do estado; o cumpri-mento da programação desonera os pequenos municípios de investi-mentos em níveis de complexidade assistencial para os quais não tem escala. O acesso do cidadão oriundo de pequenos municípios depende claramente do cumprimento dos acordos e da programação, centrada na tipologia das unidades hospitala-res e sua distribuição territorial.

Quais ferramentas ou ações o Estado usa para garantir que os re-cursos do Pro-Hosp cheguem até o médico (a quem presta assistência ao paciente)?

O Pro-Hosp foi criado em 2003 com o objetivo de consolidar um parque hospitalar público social-mente necessário nos pólos macro e microrregionais do Estado e que seja capaz de operar com eficiência, preencher os vazios assistenciais e prestar serviços de qualidade que atendam às necessidades e as de-mandas da população.

Ao longo dos oito anos de exis-tência desse Programa, foram in-vestidos mais de meio bilhão nos

128 hospitais do Estado com foco na melhoria das instalações físicas e incorporação de adensamento tecnológico nessas instituições em conformidade com as normas da Vigilância Sanitária.

Através da readequação da es-trutura hospitalar do Estado e do aumento da resolubilidade das ins-tituições por meio da aquisição de equipamentos de ponta, isso permi-te, sobretudo, ao médico os meios necessários para um diagnóstico preciso, de qualidade e seguro ao cidadão. Hospitais cada vez mais re-solutivos na complexidade dos ser-viços prestados possibilitam o apoio necessário ao médico para a tomada de decisões importantes na assistên-cia hospitalar ao paciente. Assim, com essas melhorias, nos hospitais Pro-Hosp, o médico possui estrutu-ra mais adequada para sua atuação.

Uma estratégia utilizada pelo Programa para garantir que os investimentos impactem na me-lhoria dos processos de trabalho oferecidos pelos profissionais de saúde, especialmente os médicos, é a pactuação de metas voltadas para a melhoria da qualidade da assis-tência hospitalar, como a utilização do Partograma pelo profissional na condução da gestante no trabalho de parto, a elaboração e implanta-ção de protocolos clínicos multi-disciplinares assistenciais a fim de padronizar as práticas clínicas e a implantação das Comissões, como exemplo a de Ética Médica e a de Infecção Hospitalar.

O Programa possibilita também a capacitação dos diretores administra-tivos e técnicos nos cursos oferecidos pela SES/MG buscando aprofundar o conhecimento técnico científico e as práticas assistenciais. Com essa finalidade, em 2010, foram realiza-das uma série de oficinas com o ob-jetivo de construir o Plano Diretor de Atenção Hospitalar dos Hospitais do

Pro-Hosp como foco nas Redes Prio-ritárias de Atenção à Saúde de Minas Gerais, Viva Vida e Urgência e Emer-gência, que contou com a represen-tatividade do corpo clínico, além da realização do Curso de Especializa-ção em Gestão Hospitalar realizado em parceria com a ESP/MG, que são importantes ferramentas para a capa-citação desse profissional.

Muito se tem falado da impor-tância da informatização na rede pública para evitar que pacientes fa-çam consultas em vários médicos. O que vem sendo feito nesse sentido?

Continuamos atentos a oportuni-dade de implantação do Projeto do Prontuário Eletrônico. Entendemos que esse projeto é chave para o êxito das redes. Contudo, já implantamos alguns instrumentos de tecnologia da informação e comunicação como o Sistema de Classificação de Risco (Manchester), o de Gestão Hospita-lar (EDIS) e serviços de tele-saúde.

O senhor poderia fazer um co-mentário analítico sobre o estado em que se encontra a saúde de modo geral em Minas Gerais?

No setor saúde costumo dizer que hoje estamos melhores que on-tem e que certamente amanhã es-taremos melhores que hoje. Desde 2003, Minas Gerais passa por uma revolução na governança pública. A crise fiscal foi superada com o Cho-que de Gestão; a partir de 2007, o Choque de Gestão de Segunda Ge-ração produziu mudanças profun-das na vida das pessoas por meio do Estado para Resultados. Na base de tudo isso está o Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, o PMDI, cuja visão é “tornar Minas Gerais um estado melhor para se viver”. No mapa estratégico da SES/MG essa visão se expressa em duas dimensões: a do viver mais e a do vi-ver com mais qualidade.

Page 10: Jornal CRMMG 36

A utilização de expressões inadequadas ou erros gramati-cais não é exclusiva de pessoas de baixa escolaridade que não ultrapassaram ou sequer conclu-íram o ensino fundamental ou entre os que conhecem apenas a norma popular de nosso idioma. Existem profissionais gradua-dos em universidades com toda oportunidade de aprender a nor-ma culta da língua portuguesa, com Mestrado e Doutorado, que conquistaram o nível de Profes-sor Doutor e não aprenderam o idioma como deveriam. Algu-mas expressões e termos usados com certa frequência por médi-cos devem ser mencionados:

Esse Raio X de tórax mostra o derrame pleural. O Raio X é um raio eletromagnético utilizado para se obter a imagem radioló-gica de várias estruturas em um filme sensível a ele. Não se visua-liza o Raio X que é invisível e sim sua imagem gráfica ou imagem radioscópica na tela do monitor. A confusão entre Raio X e a ima-gem que ele proporciona, quan-do atravessa uma estrutura sóli-da ou líquida, não se restringe à linguagem falada. Ocorre em so-licitações de exames complemen-tares: Pede-se Raio X de tórax, até em publicação científica, o que mostra o desconhecimento do que é Raio X, tanto por parte de quem escreve, quanto da editoria da revista que o publica. Deve-se dizer: Essa radiografia de tórax mostra o derrame pleural.

Esse ultrassom de abdome mostra pedras na vesícula. Ul-trassom é uma onda mecânica, que se transmite com eficiência

na água. Usado pioneiramen-te durante a primeira guerra mundial para localizar subma-rinos alemães, baseou-se em pesquisas do fisiologista Lazza-ro Spallanzani sobre os meca-nismos de orientação dos mor-cegos, mais tarde denominado ecolocalização. A partir desses conhecimentos, desenvolveu-se a ecolocalização artificial com grande aplicabilidade na Ma-rinha usando o sonar, na Aero-náutica o radar e na Medicina a ultrassonografia. O sonar emite uma onda sonora que se trans-mite através da água. Quando se choca a um objeto, retorna à fonte emissora sob forma de onda refletida ou eco. Um cristal piesoelétrico a codifica em um impulso elétrico representado na tela como um ponto, proprie-dade identificada e descrita pelo casal Pierre e Madame Currie. A somatória desses pontos gera uma imagem que define o obje-to. A imagem obtida é chamada ultrassonografia ou imagem ul-trassonográfica. Deve-se dizer: Essa ultrassonografia de abdo-me mostra pedras na vesícula.

Soro fisiológico. Soro glico-sado. Essas expressões utilizadas no cotidiano dos hospitais, inclu-sive por médicos, são incorretas. Soro é a porção líquida do san-gue obtida após a coagulação. Também define o soro sanguíneo de animais em que se inoculam microorganismos ou toxinas e que é utilizado para fins profiláti-cos ou terapêuticos, como o soro antitetânico, soro antidiftérico, soro antiofídico, soro anti-rábico. O correto é solução fisiológica e solução glicosada.

Uma grama de cefazolina. O termo grama utilizado como substantivo feminino designa várias espécies de gramíneas cultivadas em áreas urbanas e jardins. A palavra grama usa-da como unidade de medida de massa no sistema c.g.s. é um substantivo masculino. Deve-se dizer: Um grama de cefazolina.

Esta cirurgia foi difícil. Não se deve confundir cirurgia com operação, o que ocorre com fre-quência. Tratam-se de entida-des distintas. Cirurgia (Latim: Chirurgia) é a ciência, ramo da Medicina, que trata doenças por meio de operações. Cirur-gia é uma especialidade médica. Operação (Latim: operatio) signi-fica qualquer ato realizado com instrumentos ou pelas mãos do cirurgião, é o procedimento ci-rúrgico, é o ato de operar, é a execução da intervenção cirúr-gica. Pode-se dizer operação ci-rúrgica, procedimento cirúrgico para definir o ato de operar, mas nunca defini-lo como cirurgia. É lamentável constatar esse erro cometido por cirurgiões em pu-blicações médicas.

Cirurgia Toráxica. Essa gra-fia errada (toráxica) da palavra que define uma especialidade cirúrgica não é utilizada com muita frequência na linguagem médica, mas ainda se utiliza eventualmente até em publica-ção em revista médica, erro do autor e da revista que a publica. Tórax vem do Latim: thorax, tho-racis. Seguindo as raízes latinas, onde o x passa para c, quando relativo a palavra latina thorax, a palavra correspondente, rela-

cionada a tórax na língua por-tuguesa, tem a grafia torácica e jamais toráxica.

Artéria Femural. A palavra fêmur vem do Latim: femur, fe-moris, onde o u passa para o. Se-guindo essas raízes latinas, em português, a palavra relativa a fêmur é femoral, corresponden-te a femoralis em Latim. Femural não existe em português.

Micro-toracotomia. A Vídeo Cirurgia evoluiu para a Cirurgia Minimamente Invasiva com a uti-lização de pequenas incisões. A Ci-rurgia Cardiotorácica incorporou essa tecnologia e alguns cirurgiões usam o termo micro-toracotomia, para definir estas incisões. Micro-toracotomia seria uma toracoto-mia microscópica, um milhão de vezes menor que uma toracotomia convencional. O correto é mini-to-racotomia, ou seja, uma pequena toracotomia com poucos centíme-tros de extensão.

Válvula mitral. Válvula aór-tica. A palavra válvula relaciona-da às estruturas cardíacas, segun-do a Nomina Anatomica, define os componentes que constituem as valvas cardíacas (valva aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar). Portanto, as valvas cardíacas são constituídas por válvulas. O cor-reto é valva mitral e valva aórtica. Valva define também o invólucro calcário que reveste o corpo de moluscos, mais conhecido como concha. A palavra válvula é mui-to usada em hidráulica, referin-do-se a dispositivos que fecham por si hermeticamente um tubo e permitem regular ou interromper a passagem de líquidos e gases.

cometidos com frequência por médicos Cláudio A. SallesCRMMG 5311

Alguns erros de linguagemAcademia Mineira de Medicina

Julho / Agosto de 2011Jornal do CRMMG10

Page 11: Jornal CRMMG 36

1º Simpósio Integrado de Neuro-oncolo-gia do Hospital Felício Rocho – NeuroncoData: 26 e 27 de agostoLocal: Belo Horizonte / MGInformações: ARTFAS Secretaria Executiva (31) 3292-5552

9º Congresso Brasileiro de Bioética1º Congresso Brasileiro de Bioética ClínicaData: 7 e 10 de setembroLocal: Brasília / DFInformações: (61) 3322-4512 / 2626 - www.congressobioetica2011.com.br

Agenda de Eventos6º Seminário da Câmara Técnica de Medicina de FamíliaPromoção: CRMMGTemática: A Estratégia de Saúde da Família e as urgências oftalmológicas mais comuns na ABSData: 12 de setembroLocal: Belo Horizonte / MGInformações: www.crmmg.org.br

Fórum sobre Parto Normal do CFMData: 25 de novembro de 2011Local: Brasília / DFInformações: [email protected] / (61) 3445-5957 ou 5900 / www.portalmedico.org.br

Ênfase na melhoria da relação médico-paciente, aperfeiçoamento técnico e conhecimento científico atualizado na área e o preenchi-mento adequado do prontuário. A tríade, essencial na argumentação e defesa do médico em casos de denúncias de possíveis erros clíni-cos, faz parte do currículo do curso “Formando com Ética”, oferecido pelo Conselho Regional de Medici-na de Minas Gerais (CRMMG) a re-sidentes e futuros profissionais da saúde. O curso foi aprovado pela Comissão de Educação Médica Continuada do CRMMG e já foi re-alizado nas cidades de Juiz de Fora, Alfenas e Montes Claros.

De acordo com o conselheiro e delegado do CRMMG em Juiz de Fora, José Nalon de Queiroz, atual-mente, as faculdades de medicina oferecem apenas uma disciplina que auxilia o profissional acerca do seu comportamento. “A disciplina é compacta e não oferece subsídios suficientes para atender aos alunos. Percebendo essa carência e enten-dendo que tem mais autonomia para instruir e reforçar as ideias fundamentais da Ética Médica, o Conselho resolveu criar a atualiza-ção”, argumenta.

Para o conselheiro e 2º vice-presi-dente, Itagiba de Castro, os cursos de medicina no país têm se preo-cupado bastante com a formação técnica dos futuros médicos em decorrência do espetacular avanço técnico-científico que se observa na medicina. “Contudo, a formação do médico nos aspectos éticos e de re-lacionamento médico-paciente tem sido relegada a um segundo plano, com uma carga horária insuficiente para a sua formação deontológica. Nesse sentido, o curso vem para suprir essa lacuna sempre em par-ceria com a respectiva instituição de ensino”, explicou.

Em pesquisa realizada pelo Con-selho, o curso, que teve sua primeira edição em Juiz de Fora, em novem-bro de 2010, e já passou também por Alfenas e Montes Claros, recebeu avaliação excelente dos participan-tes da cidade do Norte de Minas. Após a atualização, que aconteceu no dia 4 de junho, dos 93 alunos presentes, 81,1% a avaliaram como ótima e 16,6%, como boa; 100% de-les consideram ótima a iniciativa do CRMMG em promover o curso e 80% acreditam que os conceitos

CRMMG leva curso de ética aos acadêmicos de medicina

abordados e as experiências tro-cadas causarão impacto positi-vo nas suas atividades normais.

Em fevereiro de 2011, as pa-lestras aconteceram nos dias 7, 14 e 21 em Juiz de Fora, e reu-niram cerca de 100 acadêmicos e residentes de três hospitais. Na cidade do Sul de Minas, a atualização aconteceu no dia 30 de abril, na Faculdade de Me-dicina da Unifenas. Ao todo, 264 acadêmicos participaram. Segundo a conselheira Vera Helena Cerávolo, o curso foi bem aceito pelos alunos e, prin-cipalmente, pela faculdade. “O retorno foi positivo e ouvimos muitos elogios. Está nos planos do Conselho que ele seja reali-zado todo ano” afirma.

José Nalon ressalta que os participantes têm elogiado o curso. “Sempre ouvimos que os conteúdos são bem aborda-dos e que os casos-exemplos, levados pelos conselheiros, são interessantes e conseguem tra-zer uma noção da realidade. O Conselho tem conseguido su-prir essa necessidade. Estamos satisfeitos de poder realizar eventos com os estudantes e re-sidentes”, afirma.

O curso “Formando com Ética” traz em sua programa-ção, palestras e debates com temáticas, como a responsabi-lidade civil, penal e ética, pre-venção da denúncia de erro, documentos e prontuário mé-dico. Nos dias 9, 16, 23 e 30 de

agosto, residentes do Instituto Oncológico de Juiz de Fora re-ceberam o conteúdo. A próxi-ma edição está prevista para o fim do mês de outubro e deve reunir cerca de 180 alunos de três faculdades de medicina de Juiz de Fora.

As escolas de medicina que quiserem convidar o Con-selho para oferecer o curso “Formando com Ética” devem entrar em contato com a Dele-gacia Regional de sua região ou mandar uma proposta em forma de ofício para o setor de Coordenação das Delegacias Regionais por meio do e-mail [email protected].

Foto

: Gils

on L

eite

Auditórios lotados marcaram a realização do curso Formando com Ética em Alfenas (foto), Montes Claros e Juiz de Fora

Jornal do CRMMGJulho / Agosto de 2011 11

Page 12: Jornal CRMMG 36

Jornal do CRMMG Julho / Agosto de 201112

DelegaciasEducação continuada para ginecologistas e obstetras

O curso de Emergências Obstétricas capacitou médicos e residentes nas ci-dades de Governador Valadares, São Lourenço, Pouso Alegre e Passos. Nos dias 3 e 4 de junho, a iniciativa reuniu os profissionais no município do Vale do Rio Doce. No Sul de Minas, as atualizações aconteceram nos dias 6 e 7 de maio em Pouso Alegre, nos dias 17 e 18 de junho em São Lourenço e nos dias 8 e 9 de julho, em Passos.

Durante o evento, os profissionais médicos têm contato com conteúdos teóricos e práticos atualizados, o que os torna preparados para lidar com essas situações, caso ocorram no cotidiano profissional. Dividida em quatro módu-los, a capacitação abrange teoria e prá-tica e aborda temas como “Acolhimento da mulher em trabalho de parto”, “Parto

em situações especiais - Eclâmpsia e In-suficiência respiratória aguda”.

O curso, que também acontecerá em outras cidades do Estado, faz parte do programa de Educação Continuada de-senvolvido pelo CRMMG e é resultado de parceria com a Associação de Gine-cologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig). Para o conselheiro e delegado de Passos, Eurípedes José da Silva, o curso interfere positivamente no atendi-mento obstétrico da região, pois é muito atualizado e segue os últimos protoco-los da especialidade. “Recebemos uma avaliação muito positiva e a qualidade dos expositores foi elogiada por unani-midade pelos participantes” ressaltou.

Foto: Divulgação

Judicialização da Medicina é temade encontro multidisciplinarem Leopoldina

A fim de aprimorar a atenção à saúde e diminuir a demanda de processos con-tra os médicos, facilitando assim o aces-so do usuário ao sistema de saúde, o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, em parceria com a Associação Médica de Leopoldina, realizou na cida-de, no dia 6 de maio, um ciclo de debates sobre a Judicialização da Medicina.

O evento, que aconteceu na sede da Casa de Caridade Leopoldinense, contou com a participação efetiva do Poder Ju-diciário, representado pela promotora de Justiça, Lúcia Helena Dantas da Costa e pela defensora pública, Maria Filomena Silva Antunes. A secretária de Saúde de Leopoldina, Rosa Maria Montes Resen-de e o Procurador Geral do Município de Leopoldina, Emanuel Araujo Azevedo Antunes também estiveram presentes. Já o CRMMG foi representado pelos seus conselheiros. Entre eles, o 1º secretário João Batista Gomes Soares. Participaram

também do encontro, advogados, médi-cos e outros profissionais da saúde como enfermeiros e bioclínicos. Compuseram a mesa do evento (foto) a defensora públi-ca, Maria Filomena, o Juiz de Direito da 2ª Vara, João Batista, o conselheiro Delano, a promotora Lúcia Helena e o conselheiro João Batista.

De acordo com o conselheiro e dele-gado da seccional de Leopoldina, Delano Carlos Carneiro, o evento foi de extrema importância já que os participantes pude-ram discutir os problemas nos quais cada setor vem encontrando dificuldades, ser-vindo para reflexão sobre as melhorias que podem ser implantadas em cada área. “Foi estabelecida uma interlocução permanente e efetiva entre o Poder Judiciário, a Secre-taria Municipal de Saúde e a classe médica. Dessa reunião resultou uma ação conjunta desses órgãos na melhoria da assistência à saúde em Leopoldina”, afirmou.

Foto: Divulgação

Com o objetivo de capacitar os dire-tores clínicos e técnicos e os membros da Comissão de Ética das instituições de saúde das cidades do interior do Estado, o CRMMG promoveu o encontro “Ativi-dades das Diretorias Clínicas, Técnicas e Comissões de Ética”, ministrado pelo conselheiro José Luiz Fonseca Brandão. A capacitação foi realizada no dia 8 de julho, na Faculdade de Medicina de Ita-jubá, e contou com a participação de 40 profissionais pertencentes as cidades de Itajubá, Aiuruoca, Baependi, Brasópolis, Carmo de Minas, Caxambu, Conceição do Rio Verde, Cristina, Cruzília, Itanhan-du, Itamonte, Lambari, Maria da Fé, Pas-sa Quatro e São Lourenço.

Além de temas como “As competên-cias dos diretores clínicos e técnicos”, os participantes assistiram também palestras sobre “A elaboração do Regimento Inter-no do Corpo Clínico”, e ao final puderam discutir os assuntos entre si. José Luiz destacou a importância desse tipo de capacitação. “Divulgar as alterações das resoluções sobre Comissão de Ética e Di-retoria Clínica e destacar a importância da Comissão de Ética Médica nas instituições de saúde são ações que estão dentro do papel do Conselho. É importante possibi-litar aos profissionais do interior, o contato constante e direto do CRMMG, buscando o esclarecimento de dúvidas, orientações, e aconselhamentos”.

CRMMG orienta diretores ecomissões de

ética em ItajubáFoto: Lázaro Pereira da Silva

Page 13: Jornal CRMMG 36

Jornal do CRMMGJulho / Agosto de 2011 13

DelegaciasProfissionais recebem orientações paraa melhoria do atendimento infantil

“Abordagem inicial da criança na ur-gência”, “Choque: diagnóstico diferencial, abordagem na urgência, tratamento” e “asma: abordagem da crise aguda” foram alguns dos temas discutidos no curso “Urgências e Emergências Pediátricas”, realizado em Teófilo Otoni, no dia 9 de julho, pelo CRMMG, em parceria com a Sociedade Mineira de Pediatria.

O encontro, que aconteceu na sede da Unimed Três Vales, reuniu médicos pedia-tras e clínicos que atuam na área de pedia-tria. Ao todo, 41 profissionais participaram da atualização. A abertura da reunião foi feita pelo conselheiro do CRMMG e dele-gado regional da cidade, César Henrique Bastos Khoury, que ressaltou a importân-cia do curso: “A abordagem de temas do dia a dia dos médicos foi essencial, princi-palmente para os profissionais das cida-des próximas à regional, que muitas vezes tem maior dificuldade de acesso a essas atualizações. Os palestrantes foram muito elogiados pelos participantes, que expu-seram para nós, expectativa de que sejam feitos novos cursos”, afirmou.

Em Montes Claros, o curso foi realiza-do nos dias 17 e 18 de junho, no Centro Ambulatorial de Especialidades (CAE-TAN). Em avaliação, o evento recebeu um retorno positivo, já que 54,6% dos parti-cipantes consideraram o curso ótimo. O conselheiro e delegado regional de Mon-tes Claros, Itagiba de Castro, acredita que após finalizar a graduação e em muitos casos, a especialização, o médico vê-se frente à necessidade de manter-se atu-alizado como uma exigência do próprio exercício profissional, bem como para atender uma disposição dos Princípios Fundamentais do Código de Ética Médi-ca. “A atualização de temas relacionados ao atendimento de urgência e emergên-cia vem passando por dificuldades práti-cas, face à inexistência de oportunidades para a atualização em cidades próximas a área de atuação do médico e também nos elevados custos de tais cursos. A ini-ciativa do CRMMG visa proporcionar uma solução para este problema”, avalia.

Foto: Wilson Batista

CRMMG promove capacitação de pediatras em Belo Horizonte

Visando a capacitação de médicos pediatras, o CRMMG, em parceria com a Sociedade Mineira de Pediatria (SMP), promoveu, em Belo Horizonte, nos dias 17 a 19 de junho, e 1º a 3 de julho, o cur-so Suporte Avançado de Vida em Pedia-tria (PALS). As reuniões aconteceram na sede da Associação Médica e tiveram um retorno positivo dos participantes.

O curso é desenvolvido através de aten-dimento simulado de casos pediátricos uti-lizando manequins e material áudio visual, e

é supervisionado por um grupo de instruto-res com formação em pediatria, que atuam no dia a dia com assistência a crianças.

Além de vários temas como “Estação de habilidades - Suporte básico de vida (lactente, criança e adulto) e ventilação com bolsa máscara”, a programação do curso também conta com a simulação e discussão de casos e testes práticos. Em avaliação, os médicos participantes elo-giaram as aulas e ressaltaram a importân-cia dessa atualização profissional.

A programação da 409º reunião da União das Regionais Zona da Mata (Ure-zoma), realizada em Manhuaçu, no dia 18 de junho, contou com palestras sobre assuntos ligados diretamente aos proce-dimentos de urgência e emergência nas unidades de pronto atendimento, além de temas relativos à classe médica e aos trabalhos científicos por ela realizados.

O encontro, que comemora 45 anos, aconteceu no auditório do Hospital César Leite (HCL) e foi marcado pela homenagem ao médico Walter Pinto Júnior, que recebeu do CRMMG a comenda “Honra à Ética”.

Entre os temas apresentados estavam “Abordagem da trombose venosa profun-da nos serviços de urgência/emergência”, apresentado pelo médico angiologista Glaucio Quarto Martins e discussões so-

bre educação continuada e remuneração e documentação médicas. O conselheiro do CRMMG e presidente da Associação Médica de Leopoldina, Delano Carneiro ressaltou a importância da reunião.

“A Urezoma promove a integração do CRM com a Associação Médica e a confraternização dos médicos da região, uma vez que ela tem um caráter emi-nentemente associativo, promovendo o intercâmbio de experiências profissio-nais”, afirmou. Além dele, participaram o Secretário de Saúde de Manhuaçu, Luiz Prata; o Presidente da Associação Médica de Minas Gerais, José Carlos Vianna Colares Filho; o 1º secretário do CRMMG, João Batista Gomes e o Pre-sidente da Associação Médica de Ma-nhuaçu, Rodrigo Ferreira Pereira.

Manhuaçu sedia encontro e debatetemas da classe médica

Foto: Fábio Araújo

Page 14: Jornal CRMMG 36

Jornal do CRMMG Julho / Agosto de 201114

Conselho Conselheiro - PareceresPara conhecer aíntegra de cadaparecer acesse:

www.crmmg.org.br/Mais acessados/

Pareceres do CRMMG

Parecer-consulta nº 4334/2011 Cons. Hermann Alexandre V. von

Tiesenhausen Ementa: O médico não pode exercer

a profissão em interação com qualquer fabricante ou fornecedor de produtos que prescreve para seus pacientes

I. ConsultaA Procuradoria da República em

Minas Gerais apresenta os seguintes questionamentos:

a) dispõe o médico de discriciona-riedade para prescrever para o pacien-te o uso de medicamento específico?

b) a ANVISA, ao editar a RDC 67, teve por objetivo defender a saúde humana?

c) o médico, ao prescrever para o paciente fórmula magistral, deve indicar também excipiente e bases galênicas a serem utilizados na ma-nipulação da fórmula?

II. Parecer Dispõem os artigos 16, 21, 62 e 98

do Código de Ética Médica (Resolu-ção CFM nº 1931/2009):

Médico não pode exercer a profissãointeragindo com fabricante de produtos que prescreve

Art. 16. Nenhuma disposição es-tatutária ou regimental de hospital ou instituição pública ou privada po-derá limitar a escolha, por parte do médico, dos meios a serem postos em prática para o estabelecimento do diagnóstico e para a execução do tra-tamento, salvo quando em benefício do paciente.

Art. 21. É direito do médico indi-car o procedimento adequado ao pa-ciente, observadas as práticas reco-nhecidamente aceitas e respeitando as normas legais vigentes no País.

Art. 62. É vedado ao médico prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgên-cia e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente cessado o im-pedimento.

Art. 98. É vedado ao médico exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, la-boratório farmacêutico, ótica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipulação ou comer-cialização de produtos de prescri-ção médica de qualquer natureza, exceto quando se tratar de exercício da Medicina do Trabalho.

Com efeito, o médico não pode exercer a profissão em interação com qualquer fabricante ou fornecedor de produtos que prescreve para seus pacientes. Isso, todavia, não signifi-ca que o médico atue em interação

espúria toda vez que indica o exci-piente a ser usado na manipulação de um medicamento ou mesmo me-dicamento de certa marca. Pode, e geralmente é o que ocorre, tratar-se de prescrição que, efetivada com am-paro em dados técnicos, visa exclu-sivamente a assegurar ao paciente o melhor tratamento.

O médico somente pode ser sub-metido ao interesse do paciente, e esse interesse deve contar, no orde-namento jurídico, com a possibili-dade de uma atenção personalizada, para o quê são imprescindíveis as garantias insertas nos artigos 16 e 21 do Código de Ética Médica.

Ao prescrever para o paciente o uso de um medicamento, o médico não deve ter em consideração apenas o custo econômico a ser suportado por esse paciente, mas, ainda, a ade-quação da sua prescrição aos dados colhidos por ocasião da anamnese - em face de referência do paciente a, por exemplo, uma reação alérgica, medicamento de determinadas mar-cas podem ser regularmente preteri-dos pelo de outra.

Havendo suspeita de interação entre médico e fabricante ou forne-cedor de produto por ele prescrito, deve-se denunciar a prática ao Con-selho Regional de Medicina do Es-tado de Minas Gerais, a fim de que este, avaliando a conduta médica, jul-gue se adequada ou não aos preceitos ético-profissionais.

Parecer-consulta nº 4330/2011Ementa: A complexidade das rea-

ções orgânicas frente aos agravos à saú-de necessita do conhecimento específico da medicina e só o médico é capaz de identificar as modificações do quadro ou nova doença instalada e, portanto, a necessidade de uma nova consulta.

Cons. Itabiga de Castro FilhoCRMMG 5.943

Parecer-consulta nº 4297/2011Ementa: Laudos de exames com-

plementares detêm “status” de pron-tuário, estando sujeitos às mesmas normas protetoras do sigilo.

Cons. Renato Assunção R.S. MacielCRMMG 9.527

Parecer-consulta nº 4306/2011Ementa: O médico, devidamente

inscrito no Conselho Regional de Me-dicina, é apto ao exercício profissional

em qualquer dos ramos da medicina. O anúncio de especialidade somente é lí-cito se houver o registro no Conselho.

Cons. Carlos Alberto BenfattiCRMMG 33.642

Parecer-consulta nº 4302/2011Ementa: A Medicina é uma pro-

fissão a serviço da saúde, devendo ser exercida com zelo e empenho, de modo a possibilitar melhor adequação e de-sempenho dos profissionais envolvidos.

Cons. Nelson Hely Mikael BarsanCRMMG 8.115

Parecer-consulta nº 4309/2011Ementa: O médico terá, para com

os colegas, respeito, consideração e so-lidariedade, sem se eximir de denun-ciar atos que contrariem os postulados éticos.

Cons. Ajax Pinto FerreiraCRMMG 6.108

Parecer-consulta nº 4318/2011Ementa: A prescrição de medicação

deve obedecer à Legislação Sanitária.Cons. Delano Carlos CarneiroCRMMG 12.158

Parecer-consulta n.º 4393/2011Ementa: O médico não pode emitir

receita sem o exame do paciente e, so-bretudo, sem data.

Cons. Alcino Lázaro da SilvaCRMMG 2.689

Parecer-consulta n.º 4399/2011Ementa: É prerrogativa do Médico

Auditor, quando da análise dos pron-tuários de pacientes, solicitar esclareci-mentos, por escrito, ao Médico Assis-tente, na existência de dúvidas quanto ao atendimento prestado. Cabe ao Mé-dico Assistente responder a solicitação dos esclarecimentos por escrito.

Cons. José Afonso SoaresCRMMG 10.089

Page 15: Jornal CRMMG 36

Jornal do CRMMGJulho / Agosto de 2011 15

A Nutrologia é a especialidade médica voltada para a fisiopatolo-gia, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento das doenças nutro-neurometabólicas, às quais referí-amos anteriormente como doen-ças nutricionais.

A Nutrologia foi reconhecida como especialidade médica em 1978 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). E na Resolução CFM nº. 1.763/2005 a Nutrologia passou a ter o número 41 na Re-lação das Especialidades Médicas Reconhecidas.

A área de atuação do nutrólogo envolve desde o diagnóstico, tra-tamento e o acompanhamento da Desnutrição Energético Protéico, das Síndromes de Má Absorção (síndrome do intestino curto, do-enças inflamatórias intestinais, gas-troenterectomias), da Obesidade, dos Transtornos Alimentares (Ano-rexia Nervosa, Bulimia Nervosa e Transtorno Periódico de Com-pulsão Alimentar), como também a terapia nutricional em doenças crônicas, como o Diabetes Mellitus, Nefropatias, Hepatopatias e Car-diopatias, além dos Distúrbios de

Nutrologia: uma “nova” especialidade médica Fabiano Robert

CRMMG 42.023

Com relação à recente decisão do Tri-bunal Regional Federal (TRF), que suspen-deu liminar concedida pela Justiça Federal em favor do Conselho Federal de Medicina (CFM) contra medida administrativa pro-posta pela Secretaria de Direito Econômico (SDE), o CFM e os 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) esclarecem aos médi-cos e à sociedade que:

1) Utilizarão todos os instrumentos e re-cursos possíveis no âmbito da Justiça no sentido de reverter a decisão do TRF;

2) Os motivos que geraram o ato admi-nistrativo da SDE inexistem, o que o torna desnecessário e abusivo;

3) O CFM nunca autorizou a cobrança de taxas extras para procedimentos e con-

sultas, o que sempre foi proibido pelo Códi-go de Ética Médica, documento anterior ao movimento médico ao qual a SDE se refere;

4) O CFM nunca puniu médicos que não participassem de movimentos da ca-tegoria;

5) A alegada orquestração para des-credenciamentos em massa de médicos não procede, assim como não tem havido paralisação por tempo indeterminado das atividades de médicos vinculados às ope-radoras de planos de saúde;

6) O movimento médico brasileiro - coordenado por representantes de suas entidades nacionais e estaduais - tem buscado incessantemente o diálogo com as empresas da área de saúde su-

plementar com intuito de criar um cená-rio que melhore a assistência oferecida aos usuários;

7) Para as entidades médicas, as em-presas têm visado a obtenção do lucro em detrimento da qualidade do atendimento, desvalorizando o trabalho do médico e a relação médico-paciente.

O CFM e os 27 CRMs se comprome-tem a buscar a reversão desse quadro, que afeta os 347 mil médicos brasileiros e cerca de 45 milhões de usuários dos planos de saúde, pois entendem que os argumentos em defesa dos direitos da so-ciedade e da Medicina são fortes e sufi-cientes para mantê-los em estado de luta.

Nota de esclarecimento do CFM e dos CRMs

LUTO PELA SAÚDE

Micronutrientes, como as Hipovi-taminoses e os seus consequentes quadros clínicos, como o Beribéri, Escorbuto, Pelagra e ainda a Tera-pia Nutricional Parenteral ou Ente-ral no paciente crítico.

A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) represen-ta mais de 3.200 médicos nutró-logos brasileiros, que atuam no desenvolvimento e atualização científica na área das ciências nutricionais, especificamente a Nutrição Médica, sendo uma so-ciedade exclusivamente formada por médicos. A ABRAN concede Título de Especialista em Nu-trologia a médicos, através de concurso normatizado e reco-nhecido pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Fede-ral de Medicina.

A ABRAN oferece cursos de pós-graduação (residência médi-ca) na Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto), na Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/Rio de Janeiro), na Univer-sidade Federal do Rio Grande do Sul, no Hospital Felício Rocho em Belo Horizonte - MG, na PUC São

Paulo e no HCPA. A ABRAN mantém o Boletim Brasileiro de Nutrologia - BBN, informativo bi-mestral com tiragem de 15 mil exemplares e a Revista de Nutrologia (International Journal of Nutrology), além de vários eventos médico-cien-tificios anuais, como o Congresso Brasileiro de Nutrologia, cuja 15ª edição ocorrerá no próximo mês de setembro, na capital paulista.

Esse amplo conjunto de iniciativas reflete, cla-ramente, o firme propósito no qual se apóia a ABRAN: o de contribuir para o fortalecimento da Nutrologia como ciência médica e, dessa forma, também contribuir para melhorar a vida das pesso-as, disseminando o conhecimento científico sobre o fundamental papel dos alimentos para a conquista da saúde e do bem-estar, o que torna a função do Nutrólogo de excepcional valia e larga amplitude nas várias áreas abrangidas por esta especialidade.

Page 16: Jornal CRMMG 36

Jornal do CRMMG Julho / Agosto de 201116

Página do CFM

A mobilização em favor de melhor remuneração e melhores con-dições de trabalho para os médicos não para: é o que se pode concluir pelo trabalho desenvolvido pelos conselheiros que representam Mi-nas Gerais no Conselho Federal de Medicina. Confira entrevista com Hermann Alexandre V. Von Tiesenhausen (efetivo) e Alexandre de Menezes Rodrigues (suplente) sobre alguns dos temas de maior in-teresse dos médicos, entre eles o SUS e a Saúde Suplementar.

Qual é o balanço do movimento em favor de melhor remunera-ção e melhores condições de trabalho para os médicos?

Cons. Alexandre: Depois de 2002 e 2003, os médicos ficaram estag-nados, negociando sem avanços. A primeira manifestação positiva que tivemos foi a paralisação de 7 de abril deste ano, que teve uma resposta adequada. Mas essa manifestação foi exclusiva do serviço de medicina suplementar. Baseado nisso, temos em mente que deve haver um movimento também na saúde pública.

Quais são as novas ações do movimento e qual é o foco das rei-vindicações?

Cons. Hermann: Na Saúde Suplementar, as comissões de hono-rários encaminharam modelo de carta às operadoras falando da necessidade de se cumprir a agenda de reivindicações. As entida-des estavam embasadas, do ponto de vista jurídico, pela decisão da Justiça Federal em relação à ação imposta pela Secretaria de Direito Econômico. Porém, em 28 de julho, em agravo de instrumento inter-posto pela União, o TRF 1ª Região, suspendeu a tutela inicialmente concedida, entendendo ser competência da SDE apurar eventual prática abusiva que venha a ser praticada pelo CFM ou por qualquer outra entidade representativa da classe médica, tais como a cobran-ça adicional sobre valor de consulta ou a deflagração de movimento de paralisação. Essa decisão irá modificar os rumos do movimento médico da saúde suplementar mas, certamente, o CFM irá recorrer dessa decisão.

Houve cobrança também dos médicos da saúde pública que nos levou, como conselheiros federais e membros da Comissão Pró-SUS, a propor às Entidades Médicas um movimento nacional de adver-tência e paralisação, não somente do SUS, mas em toda a saúde pú-blica, por exemplo, em Minas, na FHEMIG e no IPSEMG, ficando decidido que, em 25 de outubro de 2011, ocorrerá paralisação nacio-nal por 24 horas, salvo urgências e emergências na saúde pública.

Esse movimento amplo conta com seis reivindicações: melhores condições de trabalho; plano de cargos, carreiras e vencimentos; assistência de qualidade para a população; financiamento maior e permanente para o SUS; qualificação para a gestão pública e uma melhor remuneração. Valorizando o balizador de todo o sistema de saúde, que é o SUS, certamente as operadoras vão ter que se ade-quar ou estarão fadadas ao fracasso.

Cons. Alexandre: Das ações que estão previstas, entendemos que é necessária a definição de uma tabela única, extensiva ao SUS. Como

Remuneração e condiçõesde trabalho na pauta do CFM

deveria existir uma atualização anual de remuneração, ela seria contempla-da no SUS para que pudesse haver uma normatização dos procedimen-tos. Com uma tabela única, o histórico, inclusive do honorário, poderá ter um controle no acompanhamento na ava-liação também da atividade médica.

Queremos registrar aqui um elogio à Comissão de Honorários Médicos em Minas Gerais, que tem feito um tra-balho brilhante na busca de condições melhores de trabalho e remuneração correta para os médicos.

Como o CFM reagiu à Resolução da ANS (nº 259) que define prazos para que as operadoras prestem atendimento?

Cons. Hermann: Num primeiro mo-mento, essa resolução não afeta aos médicos. Eu entendo, e o CFM tam-bém, que essa resolução veio em boa hora. Ela vai apenas disciplinar o mer-cado, ou seja, as operadoras vão se ade-quar, aumentar sua rede e remunerar melhor. Na cirurgia cardiovascular, na pediatria e na ginecologia, por exem-plo, os médicos se recusam a atender esses planos pelos valores irrisórios pagos. A remuneração do médico fica entre R$30,00 e R$40,00, deduzindo impostos e despesas de consultório, ao final, o valor sai em torno de R$17,00. Compete à ANS fazer cumprir essa resolução para que ela não nasça mor-ta. Queremos saber se ela vai ter força para enfrentar o lobby das operadoras.

Pesquisa do CFM aponta que 60% dos usuários têm queixas contra as operadoras. Mesmo assim, a ANS con-cedeu o maior índice de aumento aos planos desde 2007 (7,69%). Como o se-nhor vê essa relação?

Cons. Alexandre: Segundo a ANS, em 2011, os planos de saúde devem faturar mais de R$ 70 bilhões de reais e essa movimentação financeira pulou, de 2005 a 2009, de R$ 37 bilhões para R$ 65,4 bilhões de reais. No mesmo período, a variação do valor pago por consulta médica não chegou a 30%. Os números mostram a grande fonte de renda das operadoras em detrimento de uma melhor remuneração dos mé-dicos. Existiu uma proposta do gover-no e da ANS, para que se fizesse uma reposição anual em relação aos valores das consultas. O CFM se posicionou contra porque, antes de dar o reajuste anual, tem que se fazer a reposição do passivo que não foi reposto nos últi-

mos sete anos.Quais são as principais tramitações

legislativas relacionadas ao trabalho do médico?

Cons. Hermann: Na Câmara Federal, há o Projeto de Lei, nº 3.734, de 2008, cujo autor é o deputado Ribamar Alves e o relator é o deputado Mauro Nazif, nomes que faço questão de citar, que altera a lei do salário mínimo dos mé-dicos em R$7.000,00. Já a Proposta de Emenda à Constituição nº 454, de 2009, dos deputados Ronaldo Caiado e Eleu-ses Paiva, busca estabelecer diretrizes para a organização da carreira de mé-dico do Estado. Seu relator, o deputado Mendonça Prado, deu voto favorável à proposta que fixa ainda remuneração inicial em R$15.187,00, salário equi-parado aos subsídios de juízes e pro-motores. Além da fixação do salário, temos também a instituição do plano de cargos, carreira e vencimentos. Po-rém, esses debates não são suficientes. O que nós temos lutado, e somos favo-ráveis apesar da resistência dos gover-nantes, é a votação da Emenda 29. Nós defendemos que essa Emenda, e não a CPMF, é que deve ser implementada. Outra questão interessante que está no Senado é o Ato Médico. Todas as ou-tras 13 carreiras da saúde já têm a sua atuação regulamentada por lei.

Através da atuação da Comissão Pró-SUS foi instituída, pela Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, a Portaria nº 248, que cria um grupo de trabalho para elaborar estudo sobre re-muneração dos médicos no SUS.

Vale lembrar as negociações em curso junto ao Ministério da Saúde para o resga-te do Código 7 junto ao SUS. Por último, a grande preocupação da classe médica é o aumento do número de vagas na medici-na, em torno de 20 mil até 2014. Além de tentar derramar no mercado aproxima-damente 6 mil médicos egressos de uni-versidades no exterior, sem a devida vali-dação dos diplomas, com a falsa alegação que existe carência de médicos no país.

“Valorizando o balizador de todo o sistema de saúde, que é o SUS, certamente os planos de saúde vão ter que se adequar ou estarão fadados ao fracasso”

Cons. Hermann Alexandre