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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 23 – N o 92 – maio/junho de 2014 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical No 3º Congresso da CSI, em Berlim, a Força Sindical defendeu o fortalecimento dos Sindicatos para acabar com com a desigualdade social Mudanças na economia e críticas aos gastos com a Copa do Mundo marcaram o protesto de 10 mil trabalhadores na avenida Paulista Os Sindicatos lutam para conquistar aumento real de salário, PLR e benefícios sociais a fim de melhorar o padrão de vida A Pauta Trabalhista, crescimento econômico e políticas públicas são propostas dos trabalhadores que buscam promover o desenvolvimento do País com justiça social Protesto Campanha salarial Internacional págs. 6 e 7 págs. 8 a 14 pág. 15 pág. 3 Amanda Flor Jaélcio Santana Trabalhador assume compromisso com o PROGRESSO SOCIAL Jaélcio Santana Arquivo Força Sindical

Jornal da Força Sindical ed 92 junho de 2014

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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 23 – No 92 – maio/junho de 2014 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

No 3º Congresso da CSI, em Berlim, a Força Sindical defendeu o fortalecimento dos Sindicatos para acabar com com a desigualdade social

Mudanças na economia e críticas aos gastos com a Copa do Mundo marcaram o protesto de 10 mil trabalhadores na avenida Paulista

Os Sindicatos lutam para conquistar aumento real de salário, PLR e benefícios sociais a fim de melhorar o padrão de vida

A Pauta Trabalhista, crescimento econômico e políticas públicas são propostas dos trabalhadores que buscam promover o desenvolvimento do País com justiça social

Protesto

Campanha salarial

Internacionalpágs. 6 e 7

págs. 8 a 14

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Melquíades de Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Eunice Cabral, Levi Fernandes Pinto, Almir Munhoz, João Batista Inocentini,Paulo Roberto Ferrari, Carlos Alberto dos Reis, José Lião,Wilmar Gomes dos Santos, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz,Antonio Silvan Oliveira, Carlos Antonio Figueiredo Souza, Terezinho Martins da Rocha, Valdir de Souza Pestana, Maria Augusta C. Marques, Fernando Destito Francischini,Francisco Soares de Souza, Gidalvo Gonçalves Silva, Luiz Carlos Gomes Pedreira, Rubens Romão Fagundes, Nilton

Rodrigues da Paixão Jr., Nilton Souza da Silva (Neco),Geraldino dos Santos Silva, Anderson Teixeira, Arnaldo Gonçalves, José Pereira dos Santos, Paulo José Zanetti, Maria Auxiliadora dos Santos, Jefferson Tiego da Silva, Aparecido de Jesus Bruzarrosco, Adalberto Souza Galvão,Ruth Coelho Monteiro, Helena R. da Silva, Luiz Carlos Anastácio,Hebert Passos Filho, Carlos C. Lacerda, Elmo Silveira Léscio,Walzenir Oliveira Falcão, Valdir Pereira da Silva,Milton B. de Souza Filho, Jamil Dávila e Eliana Aparecida C. Santos

FORÇA SINDICAL NOS ESTADOS (presidentes)

AC – Luiz Anute dos Santos; AL – Albegemar Casimiro Costa;AM – Vicente de Lima Filizzola; AP – Moisés Rivaldo Pereira;BA – Nair Goulart; CE – Raimundo Nonato Gomes; DF – Carlos Alves dos Santos (Carlinhos); ES – Alexandro Martins Costa; GO – Rodrigo Alves Carvelo (Rodrigão); MA – José Ribamar Frazão Oliveira; MG – Luiz Carlos de M. Faria; MS – Idelmar da Mota Lima; MT – Manoel de Souza; PA – Ivo Borges de Freitas; PB – Evanilton Almeida de Araújo; PE – Aldo Amaral de Araújo; PI – Vanderley Cardoso Bento; PR – Nelson Silva Souza (Nelsão); RJ – Francisco Dal Prá; RN – José Antonio de Souza; RO – Francisco de Assis Pinto Rodrigues;RR – José Nilton Pereira da Silva; RS – Marcelo Avencurt Furtado;SP – Danilo Pereira da Silva; SC – Osvaldo Olavo Mafra;SE – Willian Roberto C. Arditti; TO – Carlos Augusto M. de Oliveira

ESCRITÓRIO NACIONAL DA FORÇA SINDICAL EM BRASÍLIA:SCS (Setor Comercial Sul) – Qd 02 – Edifício Jamel Cecílio – 3o andarSala 303 – ASA Sul – 70302-905 – Fax: (61) 3037-4349 – Fone: (61) 3202-0074

DIRETORIA EXECUTIVA:

DIRETOR RESPONSáVEL: João C. Gonçalves (Juruna) JORNALISTA RESPONSáVEL: Antônio Diniz (MTb: 12967/SP)

EDITOR DE ARTE: Jonas de Lima REDAçãO: Dalva Ueharo e Val Gomes REVISãO: Edson Baptista Colete ASSISTENTES: Fábio Casseb e Rodrigo Lico

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORÇA SINDICALRua Rocha Pombo, 94 – Liberdade – CEP 01525-010

Fone: (11) 3348-9000 – São Paulo/SP – Brasil

e x P e d i e n t e

youtube.com/user/centralsindicalfacebook.com/CentralSindical flickr.com/photos/[email protected] twitter.com/centralsindicalfsindical.org.br

ASSESSORIA POLÍTICA: Antonio Rogério Magri, Hugo Martinez Perez, João Guilherme Vargas, Marcos Perioto

FUNDADOR: Luiz Antonio de Medeiros PRESIDENTE: Miguel Eduardo Torres

SECRETÁRIO-GERAL: João Carlos Gonçalves (Juruna) TESOUREIRO: Ademir Lauriberto Ferreira

e d i To r i a l a r T i g o

Apoiar candidatos quedefendam nossas reivindicaçõesO movimento sindical

precisa participar do processo eleitoral de forma suprapartidária, e com unidade de ação, para exigir dos candidatos compromissos programáticos com as reivindicações específicas e gerais dos trabalhadores. Nas eleições estarão em disputa projetos de governo e de poder que têm influência decisiva na vida dos assalariados, tanto para o bem como para o mal.

Se fugir desta luta, os Sindicatos e as Centrais Sindicais estarão abrindo mão de defender os interesses dos trabalhadores. Caberá a seus dirigentes a tarefa de elevar a conscientização política dos trabalhadores e melhorar o grau de organização e mobilização das bases. A atuação, contudo, não pode estar atrelada a partidos políticos, mas sim orientada para a ação sindical classista.

Assim como os patrões apoiam e financiam candidatos identificados com os seus interesses (em especial a precarização das relações de trabalho), os trabalhadores terão de batalhar para eleger seus candidatos. Os parlamentares e a pessoa candidata a presidente precisarão se comprometer com o encaminhamento e apoio à Pauta Trabalhista, além de subscrever o projeto de desenvolvimento nacional do País com valorização do trabalho e distribuição de renda.

Nossos candidatos precisam defender

de forma clara a redução da jornada semanal de trabalho, sem o corte nos salários, a revogação da lei que instituiu o Fator Previdenciário, a derrubada do projeto de lei que trata da ampliação da terceirização e o reajuste da tabele do Imposto de Renda na fonte, entre outros pleitos.

Outra reivindicação que não pode ser deixada de lado é a que estende a políticade reajuste anual do salário mínimo até 2019,conforme Projeto de Lei (PL) 12.382/11, de autoria do deputado Paulinho da Força. Seo Congresso aprovar esta lei, a atual fórmula que reajusta do salário mínimo pela inflação mais o PIB de dois anos anteriores ficará garantida por mais quatro anos.

O cálculo vale para trabalhadores e aposentados que recebem o salário mínimo, ou seja, os mais pobres. Ocorre que dentro do governo, e entre empresários, parlamentares e candidatos, há quem defenda a mudança desse cálculo a partir de 2016.

Não podemos concordar com mudanças numa política que distribui renda, aumenta as vendas e a produção e incrementa o consumo das famílias, fortalecendo a economia do País.

Por isso, os Sindicatos de trabalhadores e servidores precisam apoiar e defender candidatos que fechem com as nossas propostas, pois a investida neoliberal sobre os nossos direitos já começou.

O movimento sindical deve participar do processo eleitoral, uma vez que lhe interessa – porque interessa

aos trabalhadores – a implementação de políticas sociais. Entendemos que um dos pilares da democracia é o debate de ideias, a pluralidade de pensamento e alternância de poder.

De fato, a história nos mostra que as entidades sindicais podem exercer grande influência no País. Nos últimos tempos nós, sindicalistas, por meio da pressão que fizemos sobre os governos, protagonizamos grandes lutas e campanhas pelo trabalho decente e pela valorização dos salários, além de tantas outras.

E agora, às vésperas das campanhas para a Presidência da República, já estamos fomentando debates e ações pautados pelo processo eleitoral.

É fundamental porque, neste processo, se definem os programas de governo que deverão tratar de assuntos como a política de recuperação do salário mínimo, a redução da jornada e a mudança do Fator Previdenciário.

Neste sentido, a comemoração do 1° de Maio, realizada pela Força Sindical e comandada pelo presidente Miguel Torres, cumpriu um importante papel. Para o evento convidamos todas as correntes políticas: as Centrais Sindicais CGTB, CTB, CUT, Nova Central, UGT e os partidos PCdoB, PDT, PMDB, PPS, PSB, PSDB, PT e Solidariedade.

A Força Sindical, refletindo seu quadro de associados, não se alinhará com este ou aquele candidato. Mas também não se isentará do debate político. A nós cabe defender a

Agenda da Classe Trabalhadora, proporcionar o acesso ao programa de cada candidato e defender o direito do trabalhador em poder optar pela proposta que ele achar melhor.

João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical

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Miguel Eduardo Torres Presidente da Força Sindical

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O debate político6 d e j u n h o

prometido durante as negociações realizadas por ocasião da greve nacional da categoria, deflagrada no ano passado. “A presidenta (Dilma Rousseff) mentiu”, acusou ele.

“Temos de mostrar que os trabalhadores estão descontentes com o salário corroído e com a inflação alta”, acrescentou o secretário-geral da Central, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

1º de Maio – A realização do ato foi aprovada pelos trabalhadores que compareceram ao 1º de Maio da Força Sindical. Antes de 6 de junho, os metalúrgicos de São Paulo promoveram uma série

de manifestações no dia 15 de maio. Cerca de 10 mil trabalhadores protestaram contra a desindustrialização e os juros altos, ao mesmo tempo em que defenderam o emprego. Miguel declarou que o movimento sindical está revoltado com a presidenta Dilma Rousseff por ter se recusado a negociar com os representantes dos trabalhadores.

Entre outras reivindicações específicas, eles querem redução da jornada de trabalho sem o corte nos salários, revogação da lei do Fator Previdenciário, manutenção da lei que reajusta o salário mínimo, derrubada do projeto de lei que amplia a terceirização, valorização das aposentadorias e correção da tabela do Imposto de Renda na fonte.

Ato na Paulista exige mudanças na

Na manifestação, trabalhadores reclamaram do salário corroído e da inflação alta

c o n j u n T u r a

emprego”, completou outro diretor, Valdir Ascari, o Quebra-Molas.

Garantir os empregos – “Neste momento, estamos lutando por garantir os empregos de qualidade por meio de ações e de apresentação de propostas a fim de impulsionar a indústria nacional”, revelou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. O sindicalista explicou que a taxa de juros, de 11% ao ano, desestimula o crédito, o emprego e a produção.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva,

Metalúrgicos de montadoras preocupados com o emprego O espectro das demissões ronda os

trabalhadores da indústria automobilística em razão da redução das vendas e da produção de veículos. Perto de 20 mil metalúrgicos de dez montadoras de veículos estavam ou ainda estão em férias coletivas. Por isto, o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, RS, organizou um protesto no dia 13 em frente ao portão da General Motors (GM), que emprega 4,4 mil funcionários.

“Os empregos estão em risco, e o trabalhador não vai pagar a conta da redução das vendas”, prometeu o diretor do Sindicato, Edson Dorneles. “Paramos a fábrica por uma hora para garantir o

Cidão, criticou a queda da economia, que reduziu as vendas elevando o estoque de veículos da GM, do município, a 45 mil unidades. A GM terá a produção paralisada entre os dias 7 e 24 de julho.

Segundo a Anfavea (associação das montadoras), a produção de maio chegou a 282,46 mil unidades, número que corresponde a um recuo de 18% ante o mesmo mês do ano passado. Já a Peugeot, de Porto Real, RJ, aceitou abrir um programa de demissão voluntária para cortar 650 empregos, contou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Região Sul Fluminense, Renato Soares.

Mudanças na política econômica, negociaçãosobre os itens da Pauta Trabalhista e críticasaos gastos com a Copa do Mundo foram as

reivindicações que reuniram cerca de 10 miltrabalhadores de Sindicatos ligados à Força Sindical,em protesto realizado em frente ao prédio do BancoCentral (BC), na avenida Paulista, no início de junho.

“O trabalhador está pagando a conta da crise porque a economia quase não cresce, não gera emprego de qualidade, não distribui renda nem riqueza”, discursou o presidente da Central, Miguel Torres. Para o presidente licenciado da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, os burocratas que definem a política econômica do País não levam em conta as necessidades do povo. Resultado: o salário e o emprego apresentam desempenho medíocre.

Categorias – O protesto reuniu costureiras, metalúrgicos, estivadores, trabalhadores da alimentação, da indústria de brinquedos, da construção civil e da construção pesada. O presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos, Rodnei Oliveira da Silva, criticou o governo federal por não ter programado investimentos nos portos brasileiros, conforme havia

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Rodnei reclama da falta de investimentos nos portos

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s a ú d e e s e g u r a n ç a c a m pa n h aT r a B a l h o e s c r aVo

das Centrais Sindicais, dos Sindicatos e da sociedade em geral.

A PEC, que tramitou por 15 anos no Congresso, estabelece a expropriação de terras, rurais ou urbanas, onde for registrada exploração de mão de obra e condições de trabalho análogas ao de escravo. Os terrenos serão destinados à reforma agrária e a programas de habitação popular. Além disto, os proprietários não serão indenizados pela desapropriação.

“Temos que brigar por uma regulamentação que atenda aos interesses dos trabalhadores, defendida pelo movimento sindical e por setores ligados aos trabalhadores em geral”, insiste a secretária, ao revelar que as Centrais Sindicais ainda pretendem incluir no PL o tráfico de pessoas para exploração sexual como trabalho escravo.

O plano de lutas dos comerciários inclui reivindicações como a redução da jornada de trabalho, a revogação do Fator Previdenciário e a derrubada do projeto de lei que amplia o trabalho terceirizado nas empresas.

Em relação às demandas específicas, o dirigente vai propor o debate sobre o assédio moral e sexual nos locais de trabalho, Sindicatos independentes, convenção coletiva nacional e o fim das disparidades regionais entre os pisos da categoria. A eleição foi realizada no início de maio, em Belo Horizonte, e Neco foi aclamado por 120 dirigentes sindicais de vários Estados presentes à plenária.

Pressionar para que não haja retrocessos

Depois da aprovação pelo Senado da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do trabalho análogo à condição

de escravo, o movimento sindical precisa ficar atento para o projeto de lei que vai regulamentar a PEC, definindo o que é trabalho escravo, e o modelo de desapropriação de terras onde for identificada esta prática.

“Pode haver retrocessos”, alerta a secretária de Cidadania e Direitos Humanos da Força Sindical, Ruth Coelho Monteiro, ao lembrar que a PEC não caracteriza a jornada exaustiva nem a atividade degradante como trabalho escravo.

A dirigente lembrou que atualmente a jornada excessiva é considerada trabalho análogo ao escravo, ou trabalho forçado, ou obrigatório. Algumas forças políticas no Congresso, porém, pretendem reduzir o alcance do conceito do trabalho análogo ao escravo.

Apesar disto, ela acredita que a aprovação da legislação configura uma conquista da classe trabalhadora resultante da mobilização

Nilton Souza da Silva, o Neco, foi eleito para comandar a Secretaria Nacional dos Comerciários (Setraconserv) da

Força Sindical. Como secretário, ele vai ser responsável por dirigir os debates, sistematizar as teses e encaminhar as resoluções da categoria. São 12 milhões de trabalhadores do setor no Brasil ligados a Sindicatos filiados a mais de uma Central Sindical.

Também presidente do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre, Neco disse que a reorganização dos trabalhadores do setor será fundamental para a categoria alcançar os objetivos econômicos, sociais e políticos.

Lutar para instituir e fortalecer as representações sindicais nos locais de

trabalho, e capacitação de dirigentes e trabalhadores, fazem parte de um conjunto de propostas que cerca de cem representantes da Força Sindical vão apresentar na 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador,que será realizada em novembro, em Brasília.

Segundo Arnaldo Gonçalves, secretário nacional de Saúde e Segurança no Trabalho da Central e membro do Conselho Nacional de Saúde (CNS), estão sendo realizadas etapas municipais, regionais e estaduais de preparação para a Conferência, que debaterá a implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. “O momento agora é de troca de informações e de apuração de problemas”, disse ele.

Segundo dados de 2013 da OIT, o Brasil é o quarto colocado em acidentes fatais de trabalho, com quase 4 mil mortes por ano. No mundo, 2 milhões de pessoas morrem por conta de doenças ocupacionais, sendo 321 mil mortes por acidentes.

Para João Donizeti Scaboli, da Fequimfar e membro do CNS pela Força Sindical, “é precisofortalecer a organização sindical nos locais de trabalho, capacitar os dirigentes sindicais,propiciar conhecimento aos trabalhadores sobreos riscos, fiscalizar as empresas e conscientizaros empresários sobre a importância de investimentos em saúde e segurança”.

Scaboli diz ser importante, também, discutira ocorrência crescente de doenças mentais entre os trabalhadores, principalmente por causa da pressão patronal e do assédio moral no trabalho. Este, aliás, foi tema do 28 de Abril – Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho e Dia Mundial de Saúde e Segurança no Trabalho.

Fortalecer arepresentaçãosindical na empresa

Neco vai comandar Secretaria Nacionalc o m e r c i Á r i o s

Neco foi aclamado pelos dirigentes

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Arnaldo: luta para implementar a Política Nacional de Saúde

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Trabalhador quer impedirmudança no enquadramento

setor não querem a mudança de base até por uma questão de status”, explicou o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo, Melquíades de Araújo, ao acrescentar que os empresários apoiam a reivindicação.

Além de uma reunião que pretendem marcar com os ministros do TST, os sindicalistas acertaram entregar a ‘Carta de Piracicaba’ (documento que contém as reivindicações) aos representantes dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, assim como aos procuradores da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical (Conalis) e Ministério Público. Os dirigentes vão intensificar a mobilização das bases para, se necessário, fazer plebiscitos e paralisações.

Em torno de 150 mil trabalhadores da indústria da alimentação, baseados no Estado de São Paulo, correm o risco de

ser enquadrados como empregados rurais em função da Orientação Jurídica (OJ) 419, do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A norma foi estabelecida pelo TST para mudar o enquadramento sindical dos trabalhadores da agroindústria para rurais, a fim de solucionar uma disputa das categorias dos motoristas sobre prescrição.

O assunto foi debatido por dirigentes sindicais do setor no Simpósio Nacional da Alimentação, realizado no final de maio em Piracicaba. “Não estamos menosprezando os rurais, categoria que muito respeitamos, mas os trabalhadores do nosso

Seminário – Sindicatos dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Alegrete, Bagé, Pelotas e São Gabriel realizaram Seminário Estadual de Saúde e Segurança do Trabalho, em Bagé (RS). Com apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), o encontro debateu medidas para melhorar as condições de trabalho e prevenção de acidentes e doenças ocupacionais no setor, que possui cerca de 400 mil trabalhadores no País.

acaba de lançar a campanha ‘Todos Juntos Contra o Trabalho Infantil’, em ato realizado um dia antes do início da Copa do Mundo, 11 de junho.

Para a secretária nacional da Criança e do Adolescente, Vilma Pardinho, o combate ao trabalho da criança requer a ação dos governos federal, estaduais e municipais para introduzir

Luta para acabar com trabalho infantil

Apesar dos avanços da luta contra o trabalho infantil, estima-se que haja ainda 1,4 milhão de crianças trabalhando no Brasil, conforme

dados de organismos internacionais. Mas dados oficiais dão conta que pouco mais de quinhentas mil crianças estejam trabalhando no País.

É para combater esta chaga que a Força Sindical

o trabalho decente, investir na educação e no aumento da renda. “A criança precisa ficar período integral na escola, e há de se reduzir a jornada de trabalho para que os pais possam contribuir mais para a educação dos filhos”, diz ela.

América Latina – De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), há 12,5 milhões de crianças que trabalham na América Latina, das quais 9,6 milhões estão enquadradas nas piores formas de trabalho infantil.

De 2000 a 2012, o trabalho de crianças e adolescentes de 5 a 14 anos caiu 67% no País,conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio(Pnad). Entre 2011 e 2012, a queda foi de 21%.

Sindicatos filiados à Força Sindical têm projetospara crianças e adolescentes, como o Centro deAtendimento Biopsicossocial Meu Guri (Metalúrgicosde São Paulo); Associação Bogum Erê (Força Sindical-BA e Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada); Instituto Meu Futuro (Metalúrgicos de Guarulhos); Associação Eremim (Metalúrgicos de Osasco); Projeto Sindiquímicos (Químicos de Guarulhos); e Projeto Prevenir (Sindicato da Alimentação de Catanduva com Sociedade Espírita Caminho da Luz).

Araújo: não há menosprezo, mas o pessoal da alimentação não quer mudança

O lançamento da campanha foi na Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo

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c a m pa n h a s a l a r i a l

Protestos e greves pore avançoS SoCiaiS

aumento real, Plr

O Sindicato dos Metalúrgicos de Brusque/SC, presidido por José Isaías Vechi, conquistou

para cerca de 7 mil trabalhadores um reajuste de 7,3%, piso de R$ 1.070 (um dos maiores do Estado), prêmio assiduidade semestral de R$ 264, pagamento da Assistência Social de R$ 130 e renovação do acordo de pagamento de 50% dos medicamentos (com receita médica) para os trabalhadores.

Acordos preveem aumento salarial e mais benefícios

Depois de oito meses de negociação, o Sindicato dos Metalúrgicos de Goiânia/GO conquistou para cerca de mil trabalhadores um reajuste de 8%.

Segundo Roberto Ferreira, presidente do Sindicato, nos acordos firmados diretamente com as empresas, os reajustes são maiores, de 10% a 12%.

Dois acordos do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba/PR, presidido por Sérgio Butka, se destacaram em abril. Para os 840 trabalhadores da AAM do Brasil foram conquistados uma PLR de R$

14.644 e reajuste salarial com 2,5% de aumento real. E, após greve, os 1.800 metalúrgicos da WHB conquistaram PLR de R$ 14.644, aumento real de 2,5% e vale-mercado de R$ 300.

Já o Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão/GO, presidido por Carlos Albino, conquistou

para os três mil trabalhadores da Mitsubishi uma PLR de, em média, R$ 10 mil para cada trabalhador.

Cerca de 10 mil metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes realizaram, em 15 de maio, um protesto contra o atual cenário

econômico do País, que está provocando recessão, desemprego, encarecendo o crédito, freando a produção e dificultando as negociações salariais.

“As manifestações serviram de alerta ao governo de que o Brasil precisa reduzir juros e valorizar o setor produtivo nacional, antes que a crise se aprofunde. Representaram, também, um repúdio contra a criminalização dos movimentos sociais e um aviso aos patrões de que os trabalhadores não abrem mão do aumento real nas campanhas salariais”, diz Miguel Torres, presidente da Força Sindical.

Depois de 25 dias de greve, os 4.800 operários do consórcio Tomé & Technip, em Cubatão, conquistaram reajuste salarial de 10%, vale-alimentação de R$ 20 por dia e PLR de 1,3 salário nominal. Para Macaé Marcos Braz de Oliveira, presidente do Sintracomos (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Santos e Região), a vitória foi fruto da “unidade da categoria”.

Cerca de dois mil trabalhadores na obra

do terminal do Aeroporto de Guarulhos entraram em greve por 15% de reajuste salarial, R$ 500 de vale-alimentação e PLR de 2 salários nominais. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado de São Paulo, Antônio Berekedjian, o Toninho da Pesada, critica a intransigência patronal da Construtora OAS, mas diz que a categoria continuará mobilizada para alcançar as reivindicações. O Sindicato, que representa em torno de 50 mil trabalhadores no Estado, também coordena greves com cerca de sete mil trabalhadores em Presidente Prudente, São Paulo (Linha Lilás do Metrô) e Baixada Santista (viaduto e ampliação da Imigrantes).

ÁlcoolOs 35 mil trabalhadores do setor industrial de

fabricação do álcool/etanol no Estado de São Paulo reivindicam 5% de aumento real, piso de R$ 1.300, fim da rotatividade da mão de obra, qualificação e requalificação profissional, melhoria

nas condições de saúde e segurança, igualdade de oportunidades e defesa do emprego. O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar), Sérgio Luiz Leite, o Serginho, disse que as reivindicações impulsionarão a cadeia econômica, beneficiando famílias, comunidades, cidades, regiões e o País. “Onde houver intransigência patronal

haverá greve”, assegurou.Os 150 mil trabalhadores representados pela

Federação dos Trabalhadores em Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo (Fetiasp) e Sindicatos filiados lutam por 5% de aumento real, valorização do piso, PLR, aumento do tíquete-refeição e licença-maternidade de 180 dias para as trabalhadoras.

“Não havíamos obtido nenhuma proposta patronal nas duas primeiras rodadas de negociação. Mas vamos continuar empenhados para avançar nas próximas reuniões e fechar bons acordos para a categoria”, disse Melquíades de Araújo, presidente da Fetiasp.

Segundo o secretário-geral da entidade, Wilson Vidoto Manzon, a campanha quer a inclusão na Convenção Coletiva do item ‘Anemia Falciforme’, para que as empresas reconheçam que é uma doença e ajudem, quando necessário, com orientações, exames e tratamentos adequados.

construçãoOs 370 mil companheiros da Construção Civil

de São Paulo conquistaram reajuste de 7,32% (1,5% de aumento real). Este item vale para quem ganha até R$ 8 mil. Quem ganha acima desse valor será reajustado pelo INPC. “Este é o 12º aumento real consecutivo da categoria”, afirmou Antonio de Sousa Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP).

O dirigente chegou a convocar uma greve para 12 de maio caso os patrões continuassem intransigentes. A Convenção Coletiva também

garantiu assistência médica e refeição de qualidade para todos, entre outros benefícios.

Os 40 mil trabalhadores das prestadoras de telefonia (como Icomon, TEL, EGS, Líder, Huawei, Ability, Daruma, Icatel e Splice, entre outras), com data-base em 1º de abril, aprovaram a proposta negociada entre o Sintetel (Sindicato dos Telefônicos do Estado de São Paulo) e os patrões. A Convenção garante reajuste de 6% sobre os salários e sobre o piso, reajuste de 10% no VR (vale-refeição) e 25% sobre o VR durante as férias, declarou Almir Munhoz.

servidoresO Sindicato dos Servidores de Americana

conquistou aumento de 13,9% para os servidores da Educação (professores de creche, auxiliares de desenvolvimento infantil, educadores e monitores, entre outros funcionários). O presidente do Sindicato, Antonio Forti, o Toninho, disse que a aprovação da mudança de grupo salarial dos profissionais, de 15 para 22, que garantiu o aumento salarial, estava na pauta de reivindicações havia cinco anos.

A Fesspmesp (Federação dos Sindicatos dos

Servidores Públicos Municipais do Estado de São Paulo) apoiou a conquista em Americana, destacou o presidente da entidade, Aires Ribeiro.

O Sindicato dos Funcionários em Edifícios e Imobiliárias de Balneário Camboriú/SC

(Secovelar), presidido por Chayenne Bernardi, conquistou para 8 mil trabalhadores de condomínios, imobiliárias, administradoras e shoppings um reajuste salarial de 8% e avanços nas cláusulas da Convenção Coletiva.

Braz: a vitória foi fruto da unidade dos trabalhadores, que ficaram 25 dias de braços cruzados

Os metalúrgicos de Goiânia conquistaram 8% de aumento salarial

Assembleia na Operadora GVT, em Santo André, aprova pauta de reivindicações

Aires Ribeiro: Federação apoiou a conquista em Americana

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Butka negociou reajuste de salários e PLR para os metalúrgicos de Curitiba

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Num ano de Copa do Mundo e de eleições gerais, a Pauta Trabalhista e a implementação de políticas públicas direcionadas ao progresso social foram os alvos principais dos discursos proferidos pelo movimento sindical no Dia do Trabalhador organizado pela Força Sindical. O 1º de Maio reuniu cerca de 2 milhões de pessoas em atos realizados nas capitais e grandes cidades brasileiras. As críticas dos sindicalistas foram direcionadas à presidenta Dilma Rousseff que, na visão deles, tem feito pouco caso em relação às principais reivindicações da Força Sindical e das demais Centrais e acena com a possibilidade de cortar conquistas históricas dos trabalhadores. Na opinião do presidente da Central, Miguel Torres, o movimento sindical exige a manutenção da política de valorização do salário mínimo e pressa do governo e do Congresso na apreciação da proposta de redução da jornada de trabalho, sem o corte nos salários, do fim do Fator Previdenciário e de projeto de lei que amplia a terceirização.

O 1º de Maio da Força Sindical marcou o início da participação formal dos trabalhadores no processo eleitoral. Atuar de forma organizada na campanha eleitoral é importante

porque a composição do Congresso e a pessoa eleita à Presidência da República vão determinar os rumos do desenvolvimento do País, e o que será feito em relação aos direitos trabalhistas e sociais.

O Dia do Trabalhador representou um momento de reflexão e de protesto contra o governo, que se nega a conversar com as Centrais Sindicais e acena com a possibilidade da retirada de conquistas históricas da classe trabalhadora.

“Para alcançar as reivindicações da Pauta Trabalhista e manter direitos, precisamos ter um governo comprometido com as bandeiras de luta do movimento sindical. Durante o ato, as 1,2 milhão de pessoas aprovaram proposta do presidente da Central, Miguel Torres, de realizar manifestações para garantir direitos.

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Serginho: revogar o Fator Previdenciário e exigir a correção da tabela do IR

Eunice: um dia de reflexão sobre a igualdade de gênero

Miguel: “Não podemos votar em patrão”

Fofão: dia de luta por igualdade entre homens e mulheres, brancos e negros

Bob King: “Os trabalhadores do Brasil são inspiração para os trabalhadores do mundo todo”

Ramalho: desemprego e inflação batem à porta e querem reduzir os salários

Ademir: governo não investiu na economia para gerar mais empregos

“A manutenção da lei de reajuste anual do salário mínimo, por exemplo, só será renovada a partir de 2016 caso esteja nos programas dos candidatos”, resumiu o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

Revogar o Fator Previdenciário – “Temos que exigir a revogação do Fator Previdenciário, coisa que nenhum presidente conseguiu, e acorreção da tabela do Imposto de Renda na fonte”,destacou o 1º secretário da Força e presidente da Fequimfar, Sergio Luiz Leite, o Serginho.

Para Antonio de Sousa Ramalho, presidente do Sindicato da Construção Civil de São Paulo,

“o desemprego e a inflação estão batendo na nossa porta”. ”O governo gastou fortunas com os estádios para a Copa, mas deixou de investir na economia para gerar mais empregos, mais escolas e mais saúde”, reclamou o tesoureiro da Central, Ademir Lauriberto Ferreira.

“Os trabalhadores do Brasil são inspiração para os trabalhadores do mundo todo por causa de sua ação coletiva”, disse o representante dos trabalhadores das indústrias automobilísticas dos EUA, Bob King. Para José Braz da Silva, o Fofão, presidente dos Metalúrgicos de Santo André, “hoje (1º de Maio) é um dia de luta por igualdade entre homens e mulheres, brancos e negros”.

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Compromisso com oprogresso social

O Dia do Trabalhador reuniu cerca de 1,2 milhão de pessoas na Praça Campo de Bagatelle, em São Paulo

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Candidatos apresentam propostas

A secretária Nacional da Mulher da Força Sindical, Maria Auxiliadora dos Santos, sugeriu a realização de um acampamento no Congresso para pressionar os políticos a votar o projeto que propõe a igualdade

de gênero. Por isso, sugeriu a eleição de parlamentares comprometidos com os trabalhadores e com a questão da mulher.

“É uma vergonha que este projeto sobre igualdade esteja desde 2009 no Congresso sem ser votado. Temos que acampar no Congresso para apressar a votação. Além disto, temos de aumentar a composição do Congresso, onde somos minoria, apesar de representarmos 52% da população”, afirmou.

“Além de um dia de comemorações e alegria, foi um dia de muita reflexão,principalmente sobre a questão de igualdade de oportunidades para nós, mulheres”, discursou Eunice Cabral, vice-presidenta da Força Sindical e

presidenta do Sindicato das Costureiras de São Paulo.

Para Helena Ribeiro, da Federação dos Trabalhadores do Setor de Serviços do Estado de São Paulo (agentes autônomos), “lutamos por um País melhor. Não queremos ser iguais aos homems, apenas buscamosigualdade de oportunidades, desalário e que a Central não fiqueatrelada a governo nenhum”.

O 1° Maio da Força Sindical reuniu políticos de várias tendências. O deputado federal (Solidariedade-SP) Paulo Pereira da Silva,

o Paulinho, disse que “o País vai mal porque a inflação subiu, o que prejudicou os salários e o emprego”, e criticou o governo pela ‘corrupção desenfreada’.

O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que a reeleição da presidenta Dilma Rousseff significará a manutenção da política de recuperação do salário mínimo. “No atual governo, o salário mínimo obteve aumento real em torno de 70%”, afirmou.

Já o senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidatoà Presidência da República, garantiu que seu compromisso é com o fim da inflação, melhorar a saúde e a segurança

Auxiliadora descontente porque o projeto da igualdade está há 5 anos no Congresso

Helena: “Buscamos igualdade de oportunidades e de salário”

João Paulo: “É um dia de luta contrao racismo, o preconceito e pormelhoria de vida dos trabalhadores” Quem compareceu à Praça Campo de Bagatelle votou a favor da realização de manifestações de protesto

Aécio assumiu o compromisso de acabar com a inflação e melhorar a saúde e a segurança

Carvalho garantiu que a reeleição do atual governo significará o reajuste anual do salário mínimo

Campos pretende estabelecer, junto com os trabalhadores, um novo pacto político no Brasil

Paulinho: o País vai mal porque a inflação subiu, prejudicando salário e emprego

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do trabalhador e investir na indústria e no emprego. “O Brasil precisa de seriedade, decência e competência”,frisou. O presidente Nacionaldo PSB, e também postulante à Presidência, Eduardo Campos, reforçou a necessidade de estabelecer um novo pacto político no Brasil, com o apoio dos trabalhadores. Ele destacou o papel dos trabalhadores brasileiros para promover as mudanças necessárias para o País.

MST – Para o representantedo Movimento dos TrabalhadoresSem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, o ato do Dia do Trabalhador representou a unidade do campo com a cidade. “É um dia de luta contra o racismo, contra o preconceito, por melhoria de vida dos trabalhadores e pela reforma agrária”, assinalou.

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Interior exige mobilização nacional por mais direitos1 º d e m a i o / i n T e r i o r - s p

A necessidade de mobilização do País pela Pauta Trabalhista, pela manutenção da lei que

repõe o poder de compra do salário mínimo e pela manutenção dos direitos já conquistados deram a tônica das manifestações do Dia do Trabalhador, que reuniram cerca de 600 mil pessoas. Foram aproximadamente 40 atos em 25 cidades da Região Metropolitana, da Baixada Santista e Interior de São Paulo organizados pela Força Sindical-SP.

Segundo o presidente da Central-SP, Danilo Pereira da Silva, a campanha da redução da jornada

semanal de trabalho de 44 horas para 40 horas, sem o corte nos salários, também é uma reivindicação prioritária do movimento sindical. “Os atos mostraram que a reivindicação está mais viva do que nunca, assim como a campanha pelo Trabalho Decente”, afirmou o presidente.

Foram promovidos atos em Campinas, Piracicaba, Marília, Santos, Mairinque, Guarulhos, Ribeirão Preto, Poá, Sertãozinho, Presidente Prudente, Embu das Artes, Mococa, Cosmópolis, Guaíra, Embu-Guaçu, Boituva, Tatuí, São José do Rio Preto, Sorocaba, Mogi-Guaçu, Ipaussu, Suzano, Salto, Pirassununga e Mirassol.Danilo disse que os atos do 1º de Maio mostraram ser prioritária a luta pela Pauta Trabalhista

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Luta por avanços sociais1 º d e m a i o / n ac i o n a l

Nos Estados, os trabalhadores foram às ruas em manifestações organizadas pelas instâncias estaduais da Força

Sindical em busca das reivindicações contidas na Pauta Trabalhista. Exigiram, também, a garantia de direitos e a intensificação do combate à corrupção.

Segundo os dirigentes, a presidenta Dilma Rousseff faz pouco caso dos pleitos trabalhistas, se recusa a negociar com o movimento sindical e sua política econômica está voltada aos interesses dos grandes empresários e banqueiros. Ela negocia com os patrões, mas foge do movimento sindical, reclamaram.

Num ano de eleições gerais, os sindicalistas vão exigir dos candidatos e candidatas compromissos com suas principais bandeiras de luta, especialmente a redução da jornada de trabalho e a aprovação de projeto de lei que mantenha o reajuste anual do salário mínimo.

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Construir o poder sindicalCom o slogan “Construindo o poder sindical

global por justiça econômica e social”, a 1ª Conferência Regional da América Latina e

Caribe, realizada em maio pela IndustriALL Global Union, em Bogotá, Colômbia, debateu ações em defesa dos direitos dos trabalhadores, valorização do salário mínimo, trabalho decente, combate ao trabalho precário e à terceirização, garantia de ambientes de trabalho saudáveis e seguros e emprego industrial sustentável.

Mais de 250 sindicalistas dos setores metalúrgico, químico, têxtil, papel, minério, siderúrgico e energia participaram da Conferência. Mônica Veloso, membro do Comitê Executivo da IndustriaALL e vice-presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), disse que uma das

propostas é garantir a participação de, no mínimo, 40% de mulheres na direção das entidades sindicais. “Outra decisão unânime é garantir 15% dos cargos na IndustriALL para membros da América Latina e Caribe”, afirmou Mônica.

Como integrante da direção da IndustriALL, Edson Bicalho, secretário-geral da Federação dos Químicos do Estado de SP (Fequimfar), defendeu o trabalho em redes sindicais para o fortalecimento da ação sindical em solidariedade aos trabalhadores de uma mesma empresa em suas plantas ao redor do mundo, contra as práticas antissindicais e por igualdade de direitos.

Eunice Cabral, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados (Conaccovest),

também da executiva da IndustriALL, defende uma maior sindicalização de jovens, com espaço nas estruturas sindicais. “Somente assim acabaremos com a precarização, que atinge muito a juventude no mundo do trabalho”.

A IndustriALL, uma Confederação que representa em todo o mundo mais de 50 milhões de trabalhadores de diversos segmentos da indústria, escolheu a Colômbia para sediar o evento por ser um dos países

mais perigosos para o trabalho sindical, com perseguição e morte de sindicalistas, e o terceiro país em desigualdade social na região, que são também problemas comuns entre outros países da América Central, no México e Paraguai.

Mônica Veloso: objetivo é acabar com a precarização

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Sindicatos fortes geram sociedades mais justasA Confederação Sindical

Internacional (CSI) está determinada a reforçar

o poder dos trabalhadores em busca de uma sociedade e de uma economia socialmente mais justas. Para assegurar este objetivo, o movimento sindical terá de investir no crescimento dos Sindicatos, exigir dos governos e patrões a geração de empregos de qualidade e proteção social, assim como lutar para garantir os direitos fundamentais.

A avaliação foi aprovada no 3º Congresso Mundial da CSI, realizado em maio, em Berlim, na Alemanha, efaz parte da declaração “Reforçar o Poderdos Trabalhadores”. O aumento do poder dostrabalhadores exige o fortalecimento dos Sindicatos,segundo a CSI, que reúne 176 milhões de trabalhadores de 325 entidades filiadas em 161 países.

De acordo com o documento, os sindicatos democráticos que são de fato independentes de governos representam apenas 7% da mão de obra global. E a luta do movimento sindical

obra formalizada, organização de imigrantes nas fronteiras, há mais proteção social, bons acordos foram alcançados, e convenções coletivas e Sindicatos têm obtido algumas vitórias na defesa e ampliação de direitos sociais e trabalhistas no mundo, especialmente no Brasil.

No evento, as Centrais Sindicais brasileiras mostraram os importantes resultados alcançados pelos trabalhadores em decorrência da unidade de ação. O secretário de Relações Internacionais da Força Sindical, Nilton Souza da Silva, o Neco, enumerou: política de recuperação do salário mínimo, prática dos Sindicatos de exigir aumento real de salário nas campanhas salariais, ações que rechaçaram as iniciativas patronais de cortar direitos trabalhistas e sociais, e regulamentação das Centrais, entre outras ações.

“Além disso, a unidade das Centrais proporcionou a eleição do primeirolatino-americano, o brasileiro João Felício,

da CUT, para a Presidência da CSI”, acentuou o dirigente, ao acrescentar que um futuro positivo para os trabalhadores e suas famílias vai exigir um movimento sindical forte e capaz de organizar e mobilizar as bases para lutar contra os interesses dos mercados e dos empresários em geral.

A secretária-geral, Sharan Burrow, foi reeleita ao cargo até o próximo evento, marcado para 2018.

i n T e r n ac i o n a l

Os delegados da Força Sindical apresentaram propostas pelo empoderamento dos trabalhadores

é contra uma política econômica que tem aumentado a desigualdade social, promovendo desemprego ‘devastador’ e acabando com a democracia. Apesar disso, os delegados no congresso avaliaram que o movimento sindical tem assumido um protagonismo importante ao enfrentar o poder das empresas e de governos. Por causa da ação sindical, houve aumento da mão de

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jornal da força sindical — no 92

por: Carolina Maria Ruy*

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1º DE MAIO DA PRAçA DA Sé EM 1968

O principal alvo da ditadura militar de 1964 foi o movimento sindical.

Ainda que tal sentença soe repetitiva, cabe reforçar sua lembrança antes que ela seja paulatinamente desbotada da memória e sequestrada por uma versão, por assim dizer, “elitista” sobre a história da resistência contra a opressão daquele período.O golpe atingiu em cheio o sindicalismo justamente porque seu objetivo maior era implantar um modelo econômico atrelado ao capitalismo estadunidense.

E, como medida para atingir este objetivo, em julho de 1965 a Lei nº 4.725 estabeleceu normas para os processos dos dissídios, instituindo uma prática de reajuste salarial abaixo da inflação, o chamado arrocho. Segundo dados do Dieese, esta política reduziu o rendimento do trabalhador em 15,9%, em 1965, e em 15,3%, em 1966.

E foi devido a esta situação de vultosas perdas que trabalhadores representados por mais de 40 Sindicatos – entre eles, os Sindicatos dos Metalúrgicos de São Paulo, Santo André, Guarulhos, Campinas e Osasco – resolveram se unir para criar, em outubro de 1967, o Movimento Intersindical Antiarrocho (MIA).

A ideia era que o MIA servisse como uma frente para pressionar o governo a acabar com o arrocho salarial. Para isso uma agenda de atividades foi planejada logo nas primeiras reuniões do movimento. Elas culminariam com uma ação de boicote ao ato político oficial do Dia do Trabalhador, em 1º de Maio de 1968, na Praça da Sé (SP).

Entretanto, não demorou para que as divergências sobre a condução e a postura do movimento se chocassem no interior do MIA. Enquanto para a maioria dos sindicalistas aquele deveria ser um espaço de ação moderada, e até com a possibilidade de diálogo com o governo, para os metalúrgicos do Grupo de Esquerda de Osasco, entre eles José Ibrahin (presidente do Sindicato dos Metalúrgicos), aquela organização representava uma frente de luta contra a ditadura e a estrutura sindical vigente.

Mas, mesmo com o enfraquecimento do MIA, os sindicalistas que se mantiveram no movimento se concentraram na realização do boicote à festa do trabalhador realizada pelo governo.

Para isso, toda a ação foi calculada, desde omapeamento da Praça da Sé, seus lugares de entradae saída, até a criação de um grupo de autodefesa, com 60 barras de ferro embrulhadas em jornais.

Chegado o dia 1º de Maio de 1968, estudantes e trabalhadores liderados pelo grupo de Osasco infiltraram-se entre o público do evento e iniciaram um tumulto quando o governador biônico1 Roberto de Abreu Sodré já estava no local. Sodré, seus assessores e até a polícia foram expulsos do palanque, que foi incendiado pelos ativistas.

O metalúrgico José Campos Barreto, o Zequinha, tomou então a palavra exigindo o fim da ditadura militar, o apoio à revolução cubana (de 1959), o fim do arrocho salarial e o apoio à greve de Contagem, ocorrida há menos de um mês.

Segundo o historiador Márcio Amêndola,após a destruição do palanque os mais de 1.500manifestantes saíram em passeata gritando palavras de ordem contra o regime militar. Ao chegar à Praça da República diversos discursosforam proferidos, sendo o de Zequinha o maisinflamado e audacioso: ele conclamou os

trabalhadores e estudantes do País a enfrentarema ditadura por meio da luta armada2.

A ação do dia 1º de maio de 1968 na Praça da Sé já atinava para a realização da greve dos metalúrgicos de Osasco, iniciada na empresa Cobrasma em 16 de junho daquele ano.

Embora todos aqueles movimentos contra o arrocho salarial e contra a ditadura militar tenham sido reprimidos com violência e, embora depois deles a desigualdade social tenha se aprofundado no Brasil, as greves de Contagem (MG), de Osasco (SP), o MIA e o 1º de Maio da Praça da Sé entraram para a história como símbolos de luta e de resistência.

Seu legado seria retomado uma década depois, com o ressurgimento do movimento sindical e o declínio do regime.

*Carolina Maria Ruy é jornalista, coordenadora de projetos

do Centro de Cultura e Memória Sindical

2 Seu sonho por um mundo mais justo se encerraria no dia 17 de setembro de

1971, quando foi assassinado, junto com Lamarca, no sertão da Bahia, crivados

de balas por agentes da ditadura militar (dados do Instituto Zequinha Barreto).

1 Nome dado aos governadores indicados pela ditadura militar, sem eleições.

Zequinha entrou para a luta armada na Vanguarda Popular Revolucionária

(VPR) e, depois, no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), junto com

o capitão Carlos Lamarca.

No 1º de Maio,o então governador biônico Abreu Sodré, assessores e até a polícia foram expulsos do palanque

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