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Cresce a formalidade no País, mas em vagas de menor salário > Pág. 3 Nacionalização acelerada de peças pode gerar mais emprego > Pág. 5 EMPREGO MONTADORAS ATIVISMO Mulheres participam de campanha para denunciar feminicídio > Pág. 9 Metalúrgicos, químicos, alimentação, empregados em edifícios e parte dos comerciários fecharam acordos com os patrões garantindo a reposição da inflação mais ganho real de salário, anunciou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. Ainda estão em negociação parte dos metalúrgicos e alimentação, mais gráficos, comerciários, vigilantes e papel e celulose > Págs. 6 e 7 Mobilização garante aumento real ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 23 – N o 95 – Outubro/Novembro de 2014 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical Foto: Jaélcio Santana

Jornal da Força Sindical ed. 95 - nov/2014

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Destaques - Mobilização garante aumento real; EMPREGO: 'Cresce a formalidade no País, mas em vagas de menor salário'; MONTADORAS: 'Nacionalização acelerada de peças pode gerar mais emprego'; ATIVISMO: 'Mulheres participam de campanha para denunciar feminicídio'; FRENTISTAS: 'Frentista luta para barrar bombas de autosserviço'; MÉMORIA SINDICAL: 'Tudo sobre a Comissão Nacional da Verdade'.

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Page 1: Jornal da Força Sindical ed. 95 - nov/2014

Cresce a formalidade no País, mas em vagas de menor salário > Pág. 3

Nacionalização acelerada de peças pode gerar mais emprego > Pág. 5

Entidades criticam morosidade do Congresso para regulamentar direitos > Pág. 9

EMPREGO MONTADORAS ATIVISMO

Mulheres participam de campanha para denunciar feminicídio > Pág. 9

Metalúrgicos, químicos, alimentação, empregados em edifícios e parte dos comerciários fecharam acordos com os patrões garantindo a reposição da infl ação mais ganho real de salário, anunciou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. Ainda estão em negociação parte dos metalúrgicos e alimentação, mais gráfi cos, comerciários, vigilantes e papel e celulose > Págs. 6 e 7

Mobilização garante aumento realFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICAL

ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 23 – No 95 – Outubro/Novembro de 2014 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

Foto

: Jaé

lcio

San

tana

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Melquíades de Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Eunice Cabral, Levi Fernandes Pinto, Almir Munhoz, João Batista Inocentini,Paulo Roberto Ferrari, Carlos Alberto dos Reis, José Lião,Wilmar Gomes dos Santos, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz,Antonio Silvan Oliveira, Carlos Antonio Figueiredo Souza, Terezinho Martins da Rocha, Valdir de Souza Pestana, Maria Augusta C. Marques, Fernando Destito Francischini,Francisco Soares de Souza, Gidalvo Gonçalves Silva, Luiz Carlos Gomes Pedreira, Rubens Romão Fagundes, Nilton

Rodrigues da Paixão Jr., Nilton Souza da Silva (Neco),Geraldino dos Santos Silva, Anderson Teixeira, Arnaldo Gonçalves, José Pereira dos Santos, Paulo José Zanetti, Maria Auxiliadora dos Santos, Jefferson Tiego da Silva, Aparecido de Jesus Bruzarrosco, Adalberto Souza Galvão,Ruth Coelho Monteiro, Helena R. da Silva, Luiz Carlos Anastácio,Hebert Passos Filho, Carlos C. Lacerda, Elmo Silveira Léscio,Walzenir Oliveira Falcão, Valdir Pereira da Silva,Milton B. de Souza Filho, Jamil Dávila e Eliana Aparecida C. Santos

FORÇA SINDICAL NOS ESTADOS (presidentes)

AC – Luiz Anute dos Santos; AL – Albegemar Casimiro Costa;AM – Vicente de Lima Filizzola; AP – Moisés Rivaldo Pereira;BA – Nair Goulart; CE – Raimundo Nonato Gomes; DF – Carlos Alves dos Santos (Carlinhos); ES – Alexandro Martins Costa; GO – Rodrigo Alves Carvelo (Rodrigão); MA – José Ribamar Frazão Oliveira; MG – Vandeir Messias Alves; MS – Idelmar da Mota Lima; MT – Manoel de Souza; PA – Ivo Borges de Freitas; PB – Evanilton Almeida de Araújo; PE – Aldo Amaral de Araújo; PI – Vanderley Cardoso Bento; PR – Nelson Silva Souza (Nelsão); RJ – Francisco Dal Prá; RN – José Antonio de Souza; RO – Francisco de Assis Pinto Rodrigues;RR – José Nilton Pereira da Silva; RS – Marcelo Avencurt Furtado;SP – Danilo Pereira da Silva; SC – Osvaldo Olavo Mafra;SE – Willian Roberto C. Arditti; TO – Carlos Augusto M. de Oliveira

ESCRITÓRIO NACIONAL DA FORÇA SINDICAL EM BRASÍLIA:SCS (Setor Comercial Sul) – Qd 02 – Edifício Jamel Cecílio – 3o andarSala 303 – ASA Sul – 70302-905 – Fax: (61) 3037-4349 – Fone: (61) 3202-0074

DIRETORIA EXECUTIVA:

DIRETOR RESPONSÁVEL: João C. Gonçalves (Juruna) JORNALISTA RESPONSÁVEL: Antônio Diniz (MTb: 12967/SP)

EDITOR DE ARTE: Eraldo Cavalcante REDAÇÃO: Dalva Ueharo e Val Gomes REVISÃO: Edson Baptista Colete ASSISTENTES: Fábio Casseb e Rodrigo Lico

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORÇA SINDICALRua Rocha Pombo, 94 – Liberdade – CEP 01525-010

Fone: (11) 3348-9000 – São Paulo/SP – Brasil

E X P E D I E N T E

youtube.com/user/centralsindicalfacebook.com/CentralSindical fl ickr.com/photos/[email protected] twitter.com/centralsindicalfsindical.org.br

ASSESSORIA POLÍTICA: Antonio Rogério Magri, Hugo Martinez Perez, João Guilherme Vargas, Marcos Perioto

FUNDADOR: Luiz Antonio de Medeiros PRESIDENTE: Miguel Eduardo Torres

SECRETÁRIO-GERAL: João Carlos Gonçalves (Juruna) TESOUREIRO: Ademir Lauriberto Ferreira

Fraco crescimento não barra conquista de ganho real

Apesar das difi culdades impostas por uma política econômica que privilegia o rentismo em detrimento do investimento produtivo e das necessidades básicas dos empregados,

resumidas na Pauta Trabalhista, as Campanhas Salariais do segundo semestre têm apresentado bons resultados. O pessoal do setor da alimentação, químicos e parte dos metalúrgicos fecharam acordos prevendo a reposição da infl ação mais aumento real de salário. As negociações continuam porque alguns segmentos da alimentação e da metalurgia ainda não fecharam acordos. O que fi cou claro nesta luta por salários, benefícios e melhores condições de trabalho é que o fraco desempenho da economia, e a queda da produção industrial, com redução do emprego, difi cultaram as relações entre capital e trabalho. Os patrões, como sempre intransigentes, alegavam e alegam a impossibilidade de conceder ganho real num momento em que a economia do País cresce pouco. Conseguimos conquistar o aumento real somente depois da defl agração de mobilizações e das ameaças de greves por empresa e até por categorias. Ainda temos importantes categorias que vão iniciar suas campanhas salariais, como gráfi cos e comerciários. Os Sindicatos já iniciaram o processo de organização e mobilização das bases porque sabem que não vão conseguir nada de graça. Será necessária muita pressão para o patrão ceder e atender às reivindicações. Os representantes dos trabalhadores, dirigentes das Centrais Sindicais e dos Sindicatos já haviam alertado o governo federal que, se não mudasse radicalmente a política econômica, o País começaria a apresentar índices sociais sofríveis, sufi cientes para prejudicar a vida do trabalhador e do povo em geral. Resultado: a miséria no Brasil aumentou nos últimos dez anos, levando mais 370 mil pessoas a viver na extrema pobreza. Além disto, a indústria produz cada vez menos e demite muita gente, a renda do trabalho dá sinais de queda, a infl ação não cai e o défi cit da balança comercial sobe. Na visão da diretoria da Força Sindical, será fundamental unifi car a luta específi ca dos trabalhadores com a luta geral no Parlamento para pressionar os políticos e a presidenta Dilma Rousseff a atender nossas reivindicações.

EDITORIAL

2 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 95

Miguel Torres, Presidente da Força Sindical

Vamos buscar nossos ideais

Chegamos ao fi m de 2014 com uma forte expectativa pelo que virá. Com todos os eleitos empossados em 1º de janeiro, e uma nova bancada

consideravelmente reduzida de trabalhadores no Congresso, acredito que vamos ter mais trabalho pela frente. Em nossas últimas assembleias com a categoria neste ano, fi rmamos o compromisso, trabalhadores em edifícios e condomínios, que não vamos descansar enquanto não conquistarmos a regulamentação de nossa categoria. É inaceitável uma categoria do tamanho da nossa, que só na cidade de São Paulo congrega mais de 250 mil trabalhadores, não ser regulamentada.Nossa luta também se junta a de tantos outros trabalhadores quando falamos em precarização do trabalho, como é o caso da terceirização da mão-de-obra. Não podemos mais aceitar esse emprego sem regras, explorando o funcionário que a ela se submete, tirando o emprego do trabalhador contratado, colocando em risco todo o condomínio e seus moradores. Temos que pressionar o Congresso para derrubar o projeto de lei que trata da ampliação da terceirização.Hoje, a cada dez edifícios que sofrem arrastões, oito são terceirizados. Estatísticas como estas comprovam a falta de qualifi cação, a carga horária em excesso e a baixa remuneração.Outro tema que tem maltratado o trabalhador em edifício é o assédio moral, que recebeu destaque este ano com o brutal assassinato do zelador Jezi Lopes. Preconceito e discriminação fazem parte da vida dos funcionários de edifícios e de seus familiares. Diariamente, são muitos os companheiros agredidos física e verbalmente no desempenho de suas funções. Vamos erguer mais esta bandeira em prol dos nossos representados e de outros que tanto sofrem com o mesmo problema.A classe trabalhadora anseia por melhorias signifi cativas, e por isto nós, de edifícios, nos comprometemos em estar ao lado de todo trabalhador que, unido à Força Sindical, vai somar forças e elevar nossa voz em meio à multidão.

ARTIGO

Fraco crescimento não barra conquista de ganho real

EDITORIAL

2 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — N

Paulo Ferrari Presidente do Sindifi cios-SPPaulo Ferrari Presidente do Sindifi cios-SP

hegamos ao fi m de 2014 com uma forte

Presidente do Sindifi cios-SPPresidente do Sindifi cios-SP

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OUTUBRO/NOVEMBRO DE 2014

Cresce a formalidade, mas em vagas de menor salárioO Brasil perdeu postos de trabalho que pagam

os salários mais altos, enquanto as vagas de menor salário cresceram no País, segundo a Pnad

Contínua, do IBGE. Em doze meses, que terminaram em junho, foram criadas 1,7 milhão de vagas formais de até 1,5 salário mínimo, apesar do fraco desempenho da economia. Em contrapartida, foram cortadas seiscentas mil vagas com rendimentos superiores a um salário mínimo e meio.Apesar disto, a pesquisa revela que as regiões Sudeste e Sul apresentam os maiores percentuais de empregados com carteira assinada. No 2º trimestre de 2014, 78,1% dos empregados do setor privado tinham carteira de trabalho assinada. Entre os trabalhadores domésticos, a pesquisa mostrou que 31,7% tinham carteira de trabalho assinada, enquanto no mesmo trimestre do ano passado eram 30,8%. As regiões Norte (65,6%) e Nordeste (63,7%) mostraram percentuais de empregados do setor privado com carteira assinada inferiores aos das demais regiões. Ainda segundo a Pnad, houve um forte ingresso das mulheres nas novas vagas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. O desemprego entre a mão de obra feminina caiu de 9,3% para 8,2%. Já a taxa de desocupação entre os homens recuou de 6% para 5,8%

Brasileiros ricosEnquanto a economia brasileira gera mais empregos na faixa próxima a 1,5 salário mínimo, o banco Credit Suisse acaba de divulgar o Relatório de Riqueza Global dando conta de que o País tem 296 mil pessoas entre o 1% mais rico do mundo, e mais de 5 milhões entre os 10% que estão no topo.No Brasil, a riqueza média em dólar por indivíduo adulto avançou menos de 0,5% de 2013 para este ano. Desde 2012, ano em que o País apareceu pela primeira vez no relatório, a riqueza recuou 19% por causa do câmbio e da desaceleração da economia. Ainda de acordo com o relatório, atualmente o Brasil reúne 225 mil pessoas com patrimônio acima de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,39 milhões), acima das 221 mil que havia no ano passado. “Para reduzir drasticamente a desigualdade social, precisamos lutar por aumentos reais de salário, pela manutenção da política do salário mínimo, para acelerar o processo de distribuição de renda e para reduzir a informalidade no mercado de trabalho”, avaliou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

3

EMPREGO >>>

www.fsindical.org.br

2º Trimeste de 2012 2º Trimeste de 2012

75,5

76,4

78,1 80

,6

80,8

83,2

62,7

65,3

65,6

82,7

84,0

85,6

60,2

61,5

63,7 76

,7

77,4

77,3

Brasil Norte Nordeste

2º Trimeste de 2013 2º Trimeste de 2012

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2012-2014

Percentual de pessoas com carteira de trabalho assinada na população de 14 anos ou mais de idade, empregadas no setor privado no trabalho principal, segundo as Grandes Regiões – 2º trimestre de 2012-2014

2º Trimeste de 201

Sudeste Sul Centro- Oeste

A região Norte registrou, entre 2004 e 2013, queda de 56,7% no número de crianças e adolescentes de cinco a treze anos em situação de trabalho infantil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). O estudo também mostrou a redução de 34,8% no trabalho de adolescentes entre quatorze e quinze anos, e de 34% entre os jovens de dezesseis e dezessete anos no mesmo período. Segundo técnicos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), os dados mostram uma redução expressiva nas atividades tradicionais de trabalho infantil na região. Causas: a presença das crianças nas escolas e os serviços de assistência social. Além disto, a educação integral e o ensino técnico são elementos fundamentais para a diminuição do trabalho infantil entre os adolescentes de quatorze a dezessete anos. A pesquisa apontou ainda que, na região Norte, 357,8 mil crianças entre cinco e dezessete anos trabalham, sendo 49% em atividades

Trabalho infantil cai 56,7% na região Norte

agrícolas e 35% em serviços domésticos.

FiscalizaçãoAuditores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) fl agraram cerca de 3,4 mil crianças e jovens trabalhando em todo o Brasil este ano, mas o resultado é inferior aos 5,38 mil casos registrados em 2013. Por causa disto, especialistas acreditam que o País pode não atingir a meta de erradicar o trabalho infantil até 2020 caso as empresas e os governos não intensifi quem os esforços neste sentido.

Acesso à escola e a serviços sociais reduziram o trabalho infantil

Page 4: Jornal da Força Sindical ed. 95 - nov/2014

Reeleita presidenta da República para um mandato de quatro anos, Dilma Rousseff vai enfrentar, já a partir

de 2015, a intensificação das lutas sindicais pelo encaminhamento e aprovação da Pauta Trabalhista. Ela vai enfrentar movimentos de protestos porque a Força Sindical e as demais Centrais vão exigir respostas as suas principais demandas.Os representantes dos trabalhadores se comprometeram a manter a unidade na ação, organizar e mobilizar suas bases pela redução da jornada semanal de trabalho para 40 horas, sem o corte nos salários, pela revogação da lei que trata do Fator Previdenciário e pela derrubada do projeto de lei que tem por objetivo ampliar a terceirização.Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, o movimento sindical tem dado exemplo de que só se avança com unidade na luta. “Não vamos abrir mão de nossas bandeiras de luta”, prometeu o sindicalista, ao revelar que também fazem parte da agenda sindical temas como a manutenção da política de valorização do salário mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física e a valorização das aposentadorias.Segundo Juruna, o fato de parte dos dirigentes da Força Sindical apoiar Dilma Rousseff, e outra parte votar em Aécio Neves, não vai prejudicar a luta da Central e seus Sindicatos filiados. “Não vai haver divisão, pois desde a fundação, em 1991, a nossa Central preza muito a pluralidade e a liberdade de opinião e de associação de seus dirigentes”, garantiu o secretário-geral. Na opinião do diretor financeiro da Força, Ademir Lauriberto Ferreira, o movimento sindical precisa priorizar a luta por suas reivindicações específicas, porém não pode deixar de lado a pauta que trata do desenvolvimento e crescimento do País, denominada ‘Agenda da Classe Trabalhadora’, aprovada em 2010 na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) por delegados da Força Sindical e das demais Centrais. O objetivo é reduzir ainda mais o desemprego, diminuir a inflação e reativar a indústria no País, que corre o risco de sucateamento. “Cada emprego no setor industrial produz mais sete vagas na cadeia produtiva”, assinalou Juruna.

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 954 PAUTA TRABALHISTA >>>

Na próxima legislatura do Congresso Nacional, que começa em 2015, a vida dos trabalhadores não será nada fácil, pois a nova composição das duas Casas, mais conservadora, vai difi cultar as negociações entre parlamentares e representantes das Centrais Sindicais. Preocupa ainda o fato de a bancada sindical ter diminuído drasticamente, ao mesmo tempo em que houve aumento dos representantes dos empresários, dos ruralistas, dos militares e de setores religiosos. “Para esses políticos a agenda social e dos trabalhadores não faz parte de suas preocupações, pois eles buscam a fl exibilização dos direitos trabalhistas”, destacou o presidente da Força Sindical-SC, Osvaldo Mafra. Para o movimento sindical, a redução de representantes no Congresso poderá ser suprida se a Força Sindical e as demais Centrais reforçarem as mobilizações de rua para garantir a Pauta Trabalhista e as reivindicações para reativar a economia, reduzir a infl ação e acelerar a criação de empregos, assim como barrar retrocessos no Congresso. Bancada trabalhistaDe acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a bancada trabalhista na Câmara, nestas eleições, sofreu o seu pior revés desde que o sindicalista Lula chegou ao Palácio do Planalto, em 2002. Dos atuais 83 parlamentares de várias origens sindicais, a bancada foi reduzida para 47 políticos, o que corresponde a uma queda aproximada de 50%. “Infelizmente perdemos representação no Parlamento num momento em que os nossos parlamentares vão ser muito exigidos no Congresso, porque a bancada empresarial manteve sua força, com a eleição de 190 parlamentares, além dos quase 140 deputados da bancada ruralista”, explicou Antonio Augusto Queiroz, jornalista e pesquisador do Diap.

Mafra: “Os políticos não

se preocupam com as demandas dos

trabalhadores”

Lauriberto:“Pressionar pelas

reivindicações específi cas e gerais”

Juruna: “Não vamos abrir

mão de nossas bandeiras de luta”

Congresso vai difi cultar a vida dos trabalhadores

rua para garantir a Pauta Trabalhista e as reivindicações para reativar a economia, reduzir a infl ação e acelerar a criação de empregos, assim como barrar retrocessos no

Centrais vão pressionar o governo

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OUTUBRO/NOVEMBRO DE 2014

A decisão das montadoras de veículos de acelerar o índice de nacionalização de autopeças foi muito bem recebida

pelos representantes dos trabalhadores. Eles acreditam que a iniciativa deve aumentar o nível de emprego no setor, conforme observou o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, o Quebra-Mola. “As empresas vão precisar de mais gente para desenvolvimento e produção das peças”, comentou o dirigente.“Sem dúvida, o aumento de compras de peças nacionais tende a trazer aquecimento para o mercado de autopeças”, complementa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba, Sérgio Butka. A ideia partiu da Nissan, que pretende elevar para 80% o índice de peças a serem utilizadas em seus veículos montados no Brasil ainda no exercício fiscal de 2016, reduzindo a meta em um ano. Motivo da antecipação: toda vez que o dólar sobe, aumenta o preço dos produtos. A elevação do custo não pode ser repassada ao consumidor em função da queda das vendas de veículos e também porque o mercado ficou mais competitivo com a chegada de novas montadoras.Ao mesmo tempo em que anunciava mudanças no desenvolvimento de projetos, a montadora era alvo de protesto de trabalhadores brasileiros e norte-americanos no estande da empresa no Salão do Automóvel, realizado em outubro. O objetivo foi chamar a atenção sobre as condições de trabalho na unidade dos Estados Unidos.A Audi, do Grupo Volkswagen, e a Honda admitiram que os motores dos novos carros serão produzidos no País. A unidade da Volkswagen em São José dos Pinhais concedeu férias coletivas para os empregados do segundo turno, assim como pôs 150 funcionários em lay-off (suspensão do Contrato de Trabalho). “Estamos apreensivos porque os pátios da GM em Gravataí estão entupidos de carros, e outros locais estão sendo alugados para que os veículos sejam colocados”, revelou Quebra-Mola, ao acrescentar que a empresa já concedeu férias coletivas no período da Copa do Mundo, em junho.Apesar disto, o sindicalista de Gravataí reconheceu que as vendas de veículos já apresentam sinais de recuperação, informação divulgada pelo próprio presidente da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos), Luiz Moan, em seminário recente.

5 www.fsindical.org.br

MONTADORAS >>>

Na GM de São Caetano do Sul o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, acaba de fechar um acordo de lay-off para 850 trabalhadores, o que impediu a demissão sumária de 1.070 funcionários. “De fato, a situação econômica não

é das melhores”, sintetizou o presidente. A suspensão das férias coletivas de dez dias na Mitsubishi de Catalão, Goiás, foi comemorada pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Carlos Albino de Rezende Júnior. “A medida favorece os trabalhadores”, frisou.

Quebra-Mola: “As empresas vão precisar de mais gente para o desenvolvimento e produção de peças”

Butka: “O aumento nas compras de peças nacionais vai aquecer o setor”

Cidão: com o lay-off em São Caetano, o Sindicato segurou demissão sumária de 1.070 funcionários

Nacionalização de peças pode gerar emprego

Foto: Reprodução

As montadoras de veículos passaram a conceder férias coletivas ou lay-off para escoar a produção dos pátios

Page 6: Jornal da Força Sindical ed. 95 - nov/2014

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 956 CAMPANHA SALARIAL >>>

Metalúrgico conquista 8% de reajuste salarial,

mas a luta continuaDiante da ameaça de greve, os empresários

do setor metalúrgico do Estado de São Paulo cederam e fecharam acordo com a Federação dos trabalhadores, prevendo 8% de reajuste

salarial para uma parte da categoria

Apesar da queda da produção da indústria e da intransigência patronal, os metalúrgicos do Estado de São Paulo conquistaram 8% de

reajuste salarial, índice na ser aplicado sobre os salários de 1º de novembro, informou o presidente da Federação estadual da categoria, Cláudio Magrão de Camargo Crê. O acordo foi fechado com três grupos patronais: o 19-3 (que inclui vários Sindicatos, entre os quais trefi lação, condutores elétricos e esquadrias); grupo 2 (máquinas e eletroeletrônicos); e grupo 10 (estamparia de metais e lâmpadas). Magrão disse que a Federação – que negocia em nome de 54 Sindicatos fi liados, responsáveis por 750 mil metalúrgicos no Estado – continua em negociação com os demais grupos para fechar a Convenção Coletiva. “O lema da nossa Campanha Salarial é mobilização, pressão, união e organização”, afi rmou ele.“Vamos intensifi car a pressão sobre os demais grupos para garantir, no mínimo, o mesmo percentual de aumento já conquistado”, acrescentou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres. “Realizaremos assembleias nas portas de fábricas para manter o trabalhador em alerta, porque não descartamos ir à greve”, completou o sindicalista.As categorias que estão em Campanha Salarial aumentaram a pressão por ganho real de salário. Para Magrão, a reivindicação de aumento real é justa porque a infl ação e os juros estão altos. Nas montadoras, atingidas pela queda nas vendas de veículos, o lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) e as férias coletivas estão sendo ampliados.

Lay-off Em São Caetano do Sul, 850 trabalhadores da GM entraram em lay-off de cinco meses, o que, segundo

Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos local, foi uma saída para evitar demissões. Depois deste período, os trabalhadores terão seis meses de estabilidade no emprego. “Esperamos, porém, a retomada do crescimento econômico do País”, disse Cidão. Os metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, dos setores que ainda não fecharam acordo, estão mobilizados e prometem ir à greve no caso de os patrões se mantiverem intransigentes. “Se não houver mudanças, com propostas que possam realmente ser avaliadas pelos trabalhadores, podemos negociar por empresa e inclusive cruzar os braços”, assegurou o presidente do Sindicato de Osasco, Jorge Nazareno, o Jorginho, responsável por 50 mil metalúrgicos na base.

MitsubishiO Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão reivindica, para os quatro mil trabalhadores da Mitsubishi, Weldmatic e RCM, um reajuste salarial de 15% e melhoria dos benefícios, incluindo um inédito auxílio-educação. “Estamos também em negociação com as indústrias e ofi cinas. Portanto, cerca de seis mil trabalhadores terão reajustes de salário e benefícios neste mês de novembro”, afi rma Carlos Albino, presidente do Simecat.O Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí conquistou reajustes de 8% para os cerca de 9 mil trabalhadores de mais de 300 empresas do setor metalmecânico, e de 8,54% para os mais de 2.500 trabalhadores de 150 empresas de reparação de veículos, mesmo índice conquistado para os que trabalham no setor de implementos agrícolas. “Deixamos bem claro que não aceitaríamos um índice menor do que os conquistados pelas grandes categorias, pois a nossa também o é”, destacou o diretor da entidade, Edson Dorneles.

Magrão : ”As palavras-chave da Campanha são mobilização, pressão, união e organização”

Araújodesfez o chamado Plúrimo para negociar por setor

Edson Dorneles: “O Sindicato recusou um reajuste salarial menor do que o conquistado por outras grandes categorias”

e prometem ir à greve no caso de os patrões se mantiverem

Araújo

Page 7: Jornal da Força Sindical ed. 95 - nov/2014

OUTUBRO/NOVEMBRO DE 2014 7 www.fsindical.org.br

Metalúrgico conquista 8% de reajuste salarial,

mas a luta continua

Para o técnico da subseção Dieese da Força Sindical, Altair Garcia, “mesmo com o cenário adverso de infl ação em alta, retração da atividade econômica e queda da produção industrial, a tendência deste ano está sendo a de repetir os resultados positivos dos acordos salariais do ano passado”. Um dos exemplos é a Campanha Salarial dos cerca de 100 mil trabalhadores dos setores de Cacau e Balas, Massas e Biscoitos, Congelados e Supercongelados, ligados à Fetiasp (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de SP) e Sindicatos fi liados.Eles conquistaram aumento real de 1,55%, reajuste de 32% na cesta básica ou vale-alimentação e garantia de multa nas empresas que não pagarem a PLR. Na Nestlé, os oito mil empregados conquistaram reajuste salarial de 8%. Segundo o presidente da Fetiasp, Melquíades Araújo, a estratégia deste ano foi desfazer o chamado Plúrimo e negociar por setor. Dependem de negociação os setores de Torrefação, Laticínios, Café Torrado e Azeite e Óleo, Frutas, Guloseimas e Cerealistas, entre outros. Os mais de 130 mil trabalhadores representados pela Fequimfar (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de SP), em Campanha unifi cada com 33 Sindicatos, fecharam a Convenção Coletiva garantindo ganho real de 1,1% e reajuste de 8,06% a 8,48%

Dieese prevê resultados positivosno piso, além da renovação das cláusulas sociais. “Nossa conquista foi fruto de forte mobilização da categoria, dando respaldo a nossa bancada nas negociações com os patrões, com apoio da Força Sindical e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Químicos”, diz Sérgio Luiz Leite, o Serginho, presidente da Fequimfar. O Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre conquistou, para os cerca de 115 mil trabalhadores da base, aumento real de 1,5%, e aumento de 4% nos pisos salariais. “Detectamos a necessidade de valorização do piso salarial por meio de uma pesquisa do Dieese, que mostra alto índice de rotatividade na categoria não só pelo excesso de jornada de trabalho, mas também pelo baixo piso”, diz o presidente do Sindicato, Nilton Souza da Silva, o Neco. Outro avanço foi a aplicação de multas de R$ 1 mil a R$ 50 mil por trabalhador para empresas que descumprirem cláusulas da Convenção Coletiva. O Sindicato dos Empregados em Edifícios e Condomínios de São Paulo (Sindifícios), presidido por Paulo Roberto Ferrari, conquistou reajuste salarial de 8,5% para a categoria (zeladores, porteiros, vigias, faxineiros, ascensoristas, garagistas, manobristas e folguistas), com reajuste de 10% na cesta básica e 30% no tíquete-refeição. “Estas conquistas refl etem a participação dos trabalhadores nas assembleias e mobilizações”, diz Ferrari.

Foto: Arquivo Força Sindical

O Sindicato dos Empregados do Comércio de Jundiaí e Região, presidido por Milton de Araújo, conquistou para a categoria um reajuste de 8% nos salários e de 8,5% no piso.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Brinquedos de São Paulo, comandado por Maria Auxiliadora dos Santos, conquistou reajuste de 8,08% para os cerca de doze mil trabalhadores.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Papel e Celulose de Três Lagoas – MS, presidido por Almir Morgão, reivindica para os trabalhadores da Eldorado Brasil, Fibria e International Paper um reajuste de 8,33%.

Gidalvo Silva, presidente do Sindicato dos Gráfi cos de São Paulo, diz que a pauta da categoria (trabalhadores de jornais e revistas e da indústria gráfi ca) foi elaborada com as entidades sindicais de todo o Estado de SP. “Não aceitaremos teses regressivas dos empresários. Se não chegarmos a um acordo, com aumento real, vamos parar as empresas”.

O Sindicato dos Vigilantes de Barueri, presidido por Amaro Pereira, está em Campanha Salarial unifi cada com 23 Sindicatos da Fetravesp (Federação dos Trabalhadores em Segurança e Vigilância Privada, Transporte de Valores, Similares e Afi ns do Estado de SP). Estão na luta por aumento real cerca de 260 mil trabalhadores com data-base em 1º de janeiro.

Outras conquistas e ações

O Sindicato dos Empregados do Comércio de Jundiaí e

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Brinquedos

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Papel e

Gidalvo Silva, presidente do Sindicato dos Gráfi cos de

O Sindicato dos Vigilantes de Barueri, presidido por Amaro

Miguel Torres e Carlos Albino comandam

assembleia em frente à Mitsubishi, em Catalão, por

reajuste salarial de 15% e melhoria dos benefícios

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 958 ESTADOS >>>

Nacional contra o corte de direitos trabalhistas e sociais”. Willian informa que a Força-SE reúne 130 entidades sindicais, representando em torno de 350 mil trabalhadores, principalmente da construção civil, saúde e dos trabalhadores representados pelo Senalba, têxteis, cimento, serviços, hoteleiros, asseio e conservação, servidores, limpeza pública, segurança, delegados civis, agentes de penitenciária, rural e outras categorias. “Vamos com tudo em 2015 ampliar a representatividade da Força-SE junto aos companheiros comerciários”, diz.

Rio Grande do NorteSegundo José Antônio de Souza, presidente da Força Sindical Rio Grande do Norte, a estadual tem mais de 100 entidades fi liadas, representando em torno de 200 mil trabalhadores (construção

Intensifi car a luta por mais direitosAs instâncias estaduais da Força Sindical

estão empenhadas em ampliar o número de entidades fi liadas sem descuidar

do cenário nacional, que exigirá uma mobilização maior a partir de 2015 em defesa da pauta da classe trabalhadora. Geraldino dos Santos Silva, secretário de Relações Sindicais da Força Sindical, diz: “O fortalecimento das estaduais é imprescindível para enfrentarmos de forma unifi cada as difi culdades, principalmente diante de um Congresso Nacional com perfi l mais conservador e contrário aos avanços sociais no País”.

AcrePara Luiz Anute dos Santos, presidente da Força Sindical Acre, é necessário elevar o nível de organização dos trabalhadores mais organizados na defesa de seus direitos, pois a maioria dos políticos e governantes não tem compromisso com a pauta da classe trabalhadora. “Eles buscam apenas manter-se no poder”, critica Anute.A Força-AC conta hoje com 31 Sindicatos fi liados, representando cerca de 400 mil trabalhadores, com destaque para os da construção civil, comércio e saúde. “O Acre é muito pobre, sem uma forte indústria. Precisamos de um governo que possa mudar este cenário, permitindo que a população fi que cada vez menos dependente do Estado”, avalia Anute. Segundo Vicente de Lima Fillizola, presidente da Força Sindical Amazonas, é preciso ter esperança na retomada do desenvolvimento do Brasil. “Espero que a classe política enxergue a realidade, pois a economia não pode continuar estagnada”. Fillizola lidera uma estadual com 93 entidades fi liadas, somando mais de 500 mil trabalhadores, destacando-se comerciários, médicos, químicos, gráfi cos e aquaviários. Ele informa que 90% da economia amazonense estão centralizadas na capital, Manaus. “Defendemos mais investimentos na indústria, levando o desenvolvimento para o interior do Estado”, diz Fillizola, explicando que o potencial econômico do extrativismo na região é muito grande, com destaque para produtos como castanha, andiroba e açaí, que, segundo ele, poderiam ser melhor aproveitados na indústria de cosméticos ou de remédios, gerando empregos no próprio Amazonas.

SergipeWillian Roberto Cardoso, presidente da Força Sindical Sergipe, defende uma participação mais aguerrida do movimento sindical nas lutas pelos direitos dos trabalhadores. “Mais do que nunca precisamos estar do lado do deputado Paulinho da Força no Congresso

civil, frentistas, alimentação, construção pesada e técnicos de enfermagem, entre outras). Para ele, o maior desafi o na região é o desemprego. “Esperamos que o novo governo estadual invista em educação e facilite a instalação e a permanência de empresas”.José Antônio diz que 60% dos municípios do Estado estão em estado de calamidade pública em função da seca. “O trabalhador rural vê o capim morrer, o gado morrer. Se permanecer na terra, morre de inanição. Se vai para as cidades, vira pedinte”. Nosso objetivo principal é, então, lutar pelo trabalhador rural para que ele possa ter uma renda extra a fi m de enfrentar os períodos de difi culdades e ter uma vida digna”, diz José Antônio, afi rmando que o deputado Paulinho da Força defenderá a pauta da Força-RN, que prevê, entre outros itens, mais direitos para os rurais.

Foto: Reprodução

As instâncias estaduais lutam para elevar o nível de organização dos trabalhadores

Geraldino: “Fortalecer as estaduais para enfrentar um

Congresso com perfi l

conservador”

Willian: “Apoiar Paulinho

da Força na Câmara para impedir o

corte de direitos”

Geraldino:

representando cerca de 400 mil trabalhadores, com

conservador”

Willian:

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OUTUBRO/NOVEMBRO DE 2014

As mulheres negras são as que recebem os salários mais baixos do País, têm menos oportunidades nos estudos, na vida política e nas empresas, assim como sofrem mais com a violência e o assédio moral.Segundo Camila Ikuta, técnica da subseção do Dieese da Força Sindical, a diferença salarial entre a mulher negra e os homens não negros (que ganham os melhores salários) é de 46%. Com relação às mulheres não negras, este percentual é menor: recebem, em média, 19% a menos que os homens não negros. “As mulheres negras são discriminadas no mercado de trabalho não apenas por serem mulheres (que já recebem rendimentos inferiores aos dos homens), mas também por serem negras, já que seus rendimentos são ainda inferiores aos das mulheres não negras”, diz Camila.A média da participação das mulheres negras no mercado de trabalho é 52% maior do que as não negras. Já o desemprego é sempre mais elevado entre

9 www.fsindical.org.br

Foto: Arquivo Força Sindical

Mulheres querem acabar com mortesA Campanha “16 Dias de Ativismo

pelo Fim da Violência contra as Mulheres” terminará no dia 10 de

dezembro, tendo apresentado uma série de atividades para incentivar a luta pelo fim da violência de gênero. Uma delas, “Eu ligo 180”, orienta as mulheres, vítimas de agressão ou não, a ligar para a Central de Atendimento à Mulher, vinculada à Presidência da República, e denunciar maus tratos, com a garantia de que sua identidade será preservada.Têm sido realizados debates e oficinas voltados para denunciar e combater o feminicídio, que é a morte de mulheres decorrentes de conflitos de gênero, além de outras formas de violência contra as mulheres. “A expressão máxima da violência contra a mulher é o óbito”, denunciou a secretária da Mulher da Força Sindical, Maria Auxiliadora dos Santos, na reunião do Fórum Nacional de Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais, realizada recentemente na sede da Força Sindical.De acordo com dados do trabalho ‘Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil’ (*), “estes crimes são geralmente cometidos por homens, parceiros ou ex-parceiros, e decorrem de situações de abusos no domicílio, ameaças ou intimidação, violência

ATIVISMO >>>

Auxiliadora: violência doméstica e familiar é responsável pela maioria dos óbitos de mulheres

Rosangela: “Só o ativismo muda a situação da população negra”

sexual ou situações nas quais a mulher tem menos poder ou menos recursos do que o homem”.Ainda segundo o levantamento, no período compreendido entre 2001 e 2011 estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios no Brasil, o que equivale a, aproximadamente, 5 mil mortes por ano. “Acredita-se que grande parte desses óbitos foram decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher, uma vez que aproximadamente um terço deles tiveram o domicílio como local de ocorrência”, denunciou Maria Auxiliadora.

ProgramaPor isto o governo federal acabou de lançar o programa ‘Mulher: Viver sem Violência’, que poderá ser um passo importante para a aplicação da Lei Maria da Penha, ajudando as mulheres a romper o ciclo da violência em que estão inseridas. Assim, o governo deverá repassar, até o fi nal de 2014, cerca de R$ 127,2 milhões, que já estão sendo usados na construção, em cada uma das capitais, de uma Casa da Mulher Brasileira. São centros nos quais funcionarão serviços públicos de segurança, justiça, atendimento psicossocial e orientação para o trabalho, emprego e geração de renda. A Campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres” foi criada em 1991 por 23 feministas de diferentes nacionalidades, e é realizada em 159 países. “O nosso objetivo é promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo”, explicou a secretária da Mulher da Força.

Discriminação em dobro a população negra, mas costuma atingir ainda mais as mulheres negras do que os homens negros e as mulheres não negras. A média da taxa de desemprego no total das regiões é de 13,8% para mulheres negras, 10,9% para mulheres não negras e 9,6% para homens negros.Os empregos das negras concentram-se nos setores de serviços (70,6%) e serviços domésticos (19,2%). Geralmente as mulheres negras estão em ocupações precárias, com menor exigência de qualifi cação profi ssional e menores rendimentos. Entre 2009 e 2011, 61% de todos os óbitos femininos foram de negras, as principais vítimas em todas as regiões do Brasil, à exceção do Sul. A mortalidade materna entre mulheres negras está relacionada à difi culdade do acesso aos serviços de saúde, à baixa qualidade do atendimento e à falta de ações e de capacitação de profi ssionais de saúde voltadas especifi camente para os riscos a que

as mulheres negras estão expostas. Dados de 2012 apontam que as mulheres negras constituem 63% da população carcerária brasileira.

Mudar a situação“O racismo e as desigualdades estão presentes no cotidiano e nas

estruturas sociais, e somente o ativismo pode mudar a situação da população negra e dos menos favorecidos”, diz Maria Rosangela Lopes, presidenta

do Sindicato dos Metalúrgicos do Vale do Sapucaí e da Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais. Ela é uma das sindicalistas da Força Sindical na preparação da 1ª Marcha das Mulheres Negras, prevista para 13 de maio de 2015, em Brasília. “Somos 49 milhões de mulheres negras, o que representa 25% da população brasileira. Precisamos nos articular mais às organizações de mulheres negras, ao movimento negro e demais organizações que apoiam a igualdade social, racial e de gênero no Brasil.

MULHERES

Rosangela: “Só o ativismo

(*) Violência contra a mulher: feminicídios no BrasilLeila Posenato Garcia, Lúcia Rolim Santana de Freitas, Gabriela Drummond Marques da Silva e Doroteia Aparecida Höfelmann — Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

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Federação dos Frentistas de São Paulo (Fepospetro), Luiz Arraes, também atacou as grandes empresas, que se unem para tentar retirar direitos dos trabalhadores. O quadro que se apresenta no futuro não é dos melhores, com negociações salariais mais difíceis para todas as categorias. O secretário de Relações Sindicais da Força Sindical, Geraldino dos Santos Silva, declarou que o movimento sindical não vai admitir que trabalhadores de postos sejam demitidos por causa das bombas self-service.O presidente do Sinpospetro-RJ, Eusébio Pinto Neto, disse que o Seminário Nacional dos Frentistas serviu para nortear a luta e o futuro da categoria. Ele afirmou que, na década de 90, o projeto de implementação das bombas de autosserviço não conquistou o apoio da população, que ficou ao lado dos trabalhadores.

Governo reconhece Confederação Nacional

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9510 SERVIDORES >>>

Os trabalhadores em postos de combustíveis decidiram abrir uma frente de luta contra qualquer iniciativa de implementar bombas de autosserviço em postos de combustíveis de todo o País. O presidente da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro), Francisco Soares de Souza, disse que não vai permitir que a cultura da automatização ponha em risco o emprego de mais de quinhentos mil trabalhadores.A decisão foi tomada no VI Seminário Nacional dos Frentistas, realizado no Rio de Janeiro em setembro. “A classe operária enfrentou várias batalhas para conquistar seus direitos e não vai abrir mão deles”, declarou Francisco Soares ao se referir a um movimento das multinacionais, que querem impor no Brasil um modelo ultrapassado de revenda de combustível no varejo.Segundo o dirigente, países como França,

Frentista luta para barrar bombas de autosserviçoFRENTISTAS

Aires recebe a Certidão Sindical das mãos de Dias na presença de Nedilson Maciel e Juruna

E xigir do Congresso a regulamentação urgente da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho

(OIT) foi um dos temas apresentados no ato de entrega, pelo ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, da Certidão Sindical da Confederação Nacional dos Servidores Públicos Municipais (CSPM) – documento que legitima a entidade como representante da categoria em todo o País. O ato foi realizado na sede da Força Sindical, no início de novembro.

A Convenção 151 estabelece o direito à organização sindical e à negociação coletiva entre os trabalhadores públicos e seus respectivos gestores nas três esferas de governo – municipal, estadual ou federal.

O presidente da CSPM, Aires Ribeiro, reconheceu o trabalho da direção da Força Sindical e das três Federações dos servidores municipais, a de São Paulo (Fesspmesp), de Mato Grosso (Fesspment) e do Espírito Santo (Fespufesmes), para a regulamentação da Confederação Nacional.

Aires Ribeiro entregou ao ministro uma placa em homenagem ao bom trabalho realizado por Manoel Dias à frente da pasta. O ministro agradeceu e destacou que a função das entidades sindicais e dos trabalhadores é

exercer pressões para melhorar seus rendimentos e as condições de trabalho e de vida. “Ninguém recebe nada sem luta”, destacou, ao acrescentar que sua gestão centrou fogo na luta por políticas

públicas justas. “E conto com o apoio de vocês (trabalhadores) para garantir trabalho digno para todos, em especial, é claro, ao setor público, que move o Brasil”, finalizou.

Foto: Arquivo Força Sindical

Estados Unidos e Alemanha, que adotam o sistema de bombas self-service estão revendo os seus conceitos. O presidente da

Foto: Arquivo Frentistas

Francisco de Souza: “A classe operária lutou muito e não vai abrir mão de seus direitos”

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OUTUBRO/NOVEMBRO DE 2014

Unidade mantém direitos trabalhistas

11 www.fsindical.org.br

INTERNACIONAL >>>

de qualidade, é essencial que haja respeito aos direitos fundamentais no trabalho, um ambiente acolhedor para empresas sustentáveis e um diálogo baseado na confi ança mútua entre governos e organizações de empregadores e de trabalhadores”, frisa a Declaração de Lima. “O atual

modelo de desenvolvimento produziu uma crise social, ambiental,

política e fi nanceira sem precedentes, produto de um projeto civilizatório baseado exclusivamente nas leis de mercado”, criticou a secretária de Direitos Humanos da Força Sindical, Ruth Coelho Monteiro, representante da Central no evento.

Os países da América Latina e do Caribe precisam intensifi car o combate à desigualdade social, por meio de políticas econômicas e sociais que sejam integradas para promover a inclusão social e o trabalho decente. A orientação consta da Declaração de Lima, Peru, aprovada ao fi nal da 18ª Reunião Regional Americana, promovida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

De acordo com o documento, será preciso formular propostas que garantam o desenvolvimento sustentável e o emprego produtivo, além da igualdade. “Para superar os obstáculos e avançar na criação de empregos

REUNIÃO REGIONAL TRABALHO DECENTE

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Chen Hao, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da China, com Serginho e Neco, durante abertura no fórum sobre globalização

Rutth: para avançar é essencial que se respeite

os direitos do trabalho

Com enfoque na área da saúde e nos salários, a Força Sindical e as demais Centrais realizaram a Jornada Mundial pelo Trabalho Decente, em frente à Superintendência Regional do Trabalho. Segundo o presidente da Central, Miguel Torres, o ato fez parte da campanha internacional da CSI (Confederação Sindical Internacional) para uniformizar medidas básicas de proteção na área de saúde e por melhores salários para os trabalhadores, a fi m de impedir que as empresas explorem mão de obra barata nos países.

Deflagrada em 2008, a crise mundial tem levado países e empresas a atacar os direitos e as

instituições dos trabalhadores, notadamente a organização sindical e os direitos sociais, “sob o pretexto de superar o momento e oxigenar o modelo neoliberal decadente”. A declaração, do secretário de Relações Internacionais da Força Sindical, Nilton Souza da Silva, o Neco, foi anunciada no ‘Fórum Internacional sobre Globalização Econômica e Sindicatos’, realizado pela Federação Nacional dos Sindicatos da China, em Beijin, em setembro passado. “Consideramos inaceitáveis tais ataques, pois reduzir salários e cortar direitos vai contra os princípios do trabalho

decente, além de significar a introdução do trabalho precário”, avaliou Neco durante a palestra. Segundo ele, “o Brasil tem avançado nos últimos vinte anos em razão da industrialização, que promoveu a estabilidade econômica, alavancou investimentos em programas sociais, aumentou a oferta de emprego e melhorou a distribuição de renda, fortalecendo a nossa economia e as instituições democráticas.O sindicalista destacou, ainda, que a Força Sindical teve um papel decisivo na formulação de propostas que fizeram o País crescer, garantir, e ampliar direitos dos trabalhadores e da sociedade. “Nos últimos anos, desenvolvemos um importante trabalho de unidade de ação sindical, em conjunto com

as demais Centrais Sindicais brasileiras, com a apresentação de propostas de interesse comum para os trabalhadores e para o processo de fortalecimento sindical em nosso país”, explicou o dirigente, ao revelar que a unidade dos trabalhadores proporcionou melhores salários. “Conseguimos aumento real de salários em mais de 90% dos acordos coletivos no Brasil”, disse Neco. Na visão do secretário da Força Sindical, a Central e os trabalhadores reafirmam o compromisso de intensificar a luta por avanços sociais, com a busca da redução da jornada de trabalho – sem redução salarial –, da revogação da lei do Fator Previdenciário, do desenvolvimento econômico com inclusão social, do trabalho decente e na conquista de uma vida digna para o povo brasileiro.

Combater a desigualdade social

Rutth: para avançar é

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*Carolina Maria Ruy é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9512

primeira Comissão Nacional da Verdade (CNV) brasileira, instituída em maio de 2012, chega ao fi m em dezembro de 2014. Durante

esses dois anos e meio de trabalhos, cerca de seiscentas pessoas, entre vítimas da ditadura militar e agentes da repressão, foram ouvidos. O objetivo que guiou os trabalhos da Comissão foi o de “examinar e esclarecer as violações de direitos humanos”, praticadas entre 1946 e 1988, “a fi m de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional” . Com isto a instituição procurou desmontar falsas versões ofi ciais do regime sobre mortos e desaparecidos políticos.

AntecedentesAntes de 2012 houve no Brasil outras iniciativas de revisão sobre a repressão no período da ditadura militar.O projeto “Brasil: Nunca Mais”, por exemplo, desenvolvido por Dom Paulo Evaristo Arns e pelo Rabino Henry Sobel, entre outros, levantou, clandestinamente, informações sobre a repressão política no Brasil entre 1961 a 1979. Em 1995 a Lei da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, aprovada na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, fez com que o Estado brasileiro reconhecesse pela primeira vez sua responsabilidade pelos mortos e desaparecidos sob a custódia do governo militar.Além disto, em 2009 o governo federal, sob a Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, lançou, junto com o Arquivo Nacional, o projeto “Memórias Reveladas”, que disponibiliza na internet informações sobre o período repressivo entre 1964 e 1985.

Argentina e Chile Segundo a pesquisadora Simone Rodrigues Pinto, da Universidade de Brasília, desde 1974 mais de vinte comissões semelhantes foram criadas pelo mundo. Entre as nações sul-americanas destacam-se as comissões da verdade da Argentina e do Chile.Na Argentina, o presidente Raúl Alfonsín (1983-1989) criou a Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (Conadep). O relatório fi nal da Conadep, chamado “Nunca Más”, foi concluído em setembro de 1984, e serviu como base para o julgamento dos militares. A Argentina foi o primeiro país da região a levar peças-chave do regime, como o ex-presidente Jorge Rafael Videla, ao banco dos réus. No Chile, a Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura, ou Comissão Valech, criada em 2003 pelo presidente Ricardo Lagos, proporcionou o reconhecimento de um total de 40.018 – entre mortos, torturados e presos políticos – vítimas de agentes do governo do general Augusto Pinochet.

Período de abrangênciaNo Brasil, a Comissão Nacional da Verdade priorizou as investigações entre os anos 1964 a 1985, período da ditadura militar. Mas, segundo seu texto ofi cial, a CNV abrange desde o início do governo do general Eurico Gaspar Dutra, em 1946, até a promulgação da Constituição Federal, em 1988.Isto se justifi ca porque Dutra, empossado em janeiro de 1946, no contexto internacional da Guerra Fria, instituiu uma política de repressão aos opositores, sobretudo aos comunistas. Seu governo foi marcado por uma política econômica liberal e por uma severa política de arrocho salarial.E, mesmo antes do golpe de 31 de março de 1964, nos anos de 1950 e 1960 a conspiração militar se fortaleceu por trás dos governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart. Historiadores afi rmam que o golpe só não ocorreu em 1954 por causa da comoção popular em torno do suicídio de Vargas (agosto de 1954).

Resultados Entre os principais feitos da CNV estão a retifi cação de atestados de óbitos e a obtenção de confi ssões sobre a prática de tortura.A CNV conseguiu, por exemplo, que a Justiça de São Paulo mudasse os atestados de óbito do jornalista Vladimir Herzog e do estudante Alexandre Vannucchi Leme, ofi cializando que ambos foram mortos, sob tortura, pelo regime militar. Entre as confi ssões de agentes da ditadura, obtidas pela Comissão, destaca-se o relato do coronel

reformado do Exército Paulo Malhães. Ele confessou que torturou, matou e ocultou cadáveres de presos políticos, e que as práticas eram conhecidas pelos altos escalões das Forças Armadas. Seu depoimento trouxe revelações inéditas sobre técnicas usadas para sumir com corpos de presos assassinados e sobre a morte do ex-deputado federal Rubens Paiva. Desta forma, fi cou comprovado que Paiva foi assassinado no DOI-Codi do Rio de Janeiro, e que seu corpo foi jogado em um rio. No dia 24 de abril de 2014 Malhães foi encontrado morto em sua casa na Baixada Fluminense, vítima de um crime rodeado por suspeitas de vingança ou queima de arquivo.

Função pedagógica A Comissão Nacional da Verdade pode ter começado tarde no Brasil, principalmente do ponto de vista da punição aos violadores e da reparação às vítimas. Mas, embora o reconhecimento de casos pessoais e o acerto jurídico tenham uma simbologia importante, o maior valor da Comissão reside na compreensão da repressão política como um processo internacional. A função pedagógica, que contribui para que a sociedade não recaia nos mesmos erros, também é um aspecto valoroso. Mas o principal objetivo é, ou deveria ser, a busca do entendimento de como aquela situação possui ainda vestígios no presente.

MÉMORIA SINDICAL >>>

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Ato Sindical Unitário promovido por

trabalhadores em repúdio aos 50 anos do

Golpe Militar de 64

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por: Carolina Maria Ruy*

LEI Nº 12.528, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011, que cria a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República.

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Mariana Schreiber, da BBC Brasil, em Londres

da VerdadeA Comissão Nacional