24
CHEGOU A INTERNET MÓVEL MAIS RÁPIDA DE SEMPRE! AS REPORTAGENS MAIS INTERESSANTES DE CAÇA E PESCA DA PENÍNSULA IBÉRICA. OS MELHORES CONTEÚDOS INTERNACIONAIS. 300 HORAS DE ESTREIAS ANUAIS SURFCASTING Sargos com montagens clipadas. BÓIA Dicas para pescar à bóia no Guincho. EMBARCADA Segredos da “chumbadinha” . PREDADORES Luciopercas em início de época. p. 6 p. 10 p. 12 p. 18 SURFCASTING LIGEIRO O que fazer em pesqueiros pouco profundos p. 5 12 ANO III PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012 BIMESTRAL GRATUITO DIRECTOR VIRGILIO MACHADO [email protected] UM NOVO PARADIGMA PARA O SURFCASTING p. 8

Jornal da Pesca Nº 012

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Surfcasting - Bóia no Guincho - Chumbadinha - Luciopercas - Surfcasting ligeiro

Citation preview

CHEGOU A INTERNET MÓVEL MAIS RÁPIDA DE SEMPRE!

AS REPORTAGENS MAIS INTERESSANTES DE CAÇA E PESCA DA PENÍNSULA IBÉRICA.

OS MELHORES CONTEÚDOS INTERNACIONAIS.300 HORAS DE ESTREIAS ANUAIS

11NOVEMBRODEZEMBRO

SURFCASTINGSargos com montagens clipadas.

BÓIADicas para pescar à bóia no Guincho.

EMBARCADASegredos da “chumbadinha” .

PREDADORESLuciopercas em início de época.

p. 6

p. 10

p. 12

p. 18

SURFCASTING LIGEIROO que fazer em pesqueirospouco profundosp. 5

12ANO III

PRIMAVERA | VERÃOJUNHO | JULHO 2012

BIMESTRALGRATUITO

DIRECTORVIRGILIO MACHADO

[email protected]

UM NOVO PARADIGMA PARA O SURFCASTING p. 8

EDITORIAL

Em tempos de crise como a que vivemos, é sempre de enaltecer os feitos que a pesca vai conseguindo alcançar para este pequeno pais por muitos menosprezado e que anda cansado pelas consecutivas descidas de rating. Vem isto a propósito de dois títulos alcançados recentemente pela pesca desportiva portuguesa no Estrangeiro. Começo pelos mais jovens, a selecção de U16 de mar, esteve em Abril na Macedónia para erguer a bandeira de Portugal no mastro mais alto.Os jovens portugueses alcançaram o título de campeões do Mundo, numa prova onde dominaram e demonstraram que Portugal tem vindo a rea-lizar um trabalho notável nas camadas mais jovens na pesca desportiva.Uma palavra de apreço para o seleccionador nacional, Odorico Ornelas que levou esta jovem equipa ao título de Campeã do Mundo. Em Maio, foi a vez da equipa do C.P. A Robaleira, viajar para França e al-cançar em terras gaulesas o título de campeã do Mundo de clubes de mar.Feito notável, para esta equipa da Figueira da Foz que mostrou toda a sua classe nas praias de Mimizan.Ou seja, nos primeiros cinco meses do ano Portugal conquistou dois títulos Mundiais, facto que nem todos os países, mesmo os que do-minam a pesca mundial se podem orgulhar.Resta agora esperar que o Governo e a Secretaria de Estado do Despor-to esteja atenta á realidade desta modalidade que continua a somar títulos e que muito tem feito além-fronteiras para dignificar as cores nacionais.Uma nota finalÀ hora que escrevo este editorial está a arrancar o campeonato do Mundo de clubes de rio em Mora, isto duas semanas depois de Portugal ter organizado o campeonato da Europa de pesca à Pluma. Fica a pergunta, quantos seriam os países capazes de organizar e mobilizar pessoas para dar corpo a dois eventos desta dimensão num espaço de 15 dias.A resposta é mesmo muito fácil para a Federação Internacional de Pesca Desportiva. Portugal e Só Portugal.Parabéns Portugal.

Virgílio Machado

BEST OF 2012 - BóIA

ESTá AO RUBRO A PRIMEIRA EDIçãOApós três provas realizadas, tudo está para decidir na der-radeira etapa que terá lugar no próximo mês de Outubro.Este torneio de bóia arran-cou a 11 de Março, na ci-dade de Viana do Castelo, jardim da marginal.Um dia excelente para a mo-dalidade com vento fraco e

um sol radioso onde compareceram 40 atletas à chamada dos 44 previs-tos, a prova decorreu sem problemas e com algum público à mistura.Dado a grande amplitude da maré os toques foram-se sentindo já na en-chente onde se realizaram algumas capturas e algumas delas com bo-nitos exemplares, o sector A e B como era de prever foi onde se verifi-cou o maior numero de capturas, mas foi no sector D onde se consagrou o vencedor absoluto com 2,130K.Paulo Paraty, acabou por vencer esta prova com a captura de dois peixes que totalizaram, 2,130Kg, enquanto Joaquim Oliveira, foi segundo com a captura de um exemplar de 1,760Kg e Firmino Lopes foi terceiro com um exemplar de 1,288Kg.A Segunda Prova do Best Of 2012 – Bóia, teve lugar em Ângeiras e Leça da Palmeira no mês de Abril.Esta prova levantava algumas interrogações quanto a sua fiabilidade, por se tratar de uma prova livre em mar onde o controlo sobre os pescadores seria diminuta, nada que organização não tivesse tido em consideração, mas quando existe alguma desconfiança maior são os olhares e menores são as probabilidades de cometer erros e bem na verdade a organização também tinha alguns trunfos para apresentar e salvaguardar a sua posi-ção… mas tudo decorreu da melhor forma.É de enaltecer a postura de todos os atletas, pois foram o exemplo como se deve encarar o desporto, cumpriram, respeitaram e colaboraram. Outros factores que enriqueceram esta jornada de pesca foi a ausên-cia de vento e chuva e uma temperatura agradável a juntar a tudo isto a presença das nossas amigas tainhas que não davam tréguas a homens e canas, registando-se 238 exemplares pontuáveis capturados num total de 134,240Kg .O vencedor da 2ª prova foi Miguel Oliveira do Naval Povoense, com 28 exemplares com um total de 13,740Kg.De parabéns estão os atletas do Naval Povoense pelos 4 primeiros lugares e todos com pesos acima de 11kg.A liderança passou a ser de Firmino Lopes do Naval Povoense 7 pontos, 2º Paulo Paraty da APPACDM 11 pontos e partilham o 3º lugar Vítor Mei-reles individual e Manuel Madureira individual com 16pontos.A terceira prova realizada em Maio na praia da Camarinha em Caminha, Foz do Rio Minho, ficou muito á quem do desejado.As três horas de chuva intensa que se fez sentir e a ausência de pescado, levaram os pescadores ao desânimo. O Best Of 2012 - Bóia regressa a 20 de Outubro a grande final que terá lugar no PortoApós a realização de três provas a classificação é liderada por Firmino Lopes do Naval Povoense com um total de 15,5 pontos, seguindo por Paulo Paraty da APPACDM na segunda posição com 19,5, enquanto a ter-ceira posição é ocupada por Manuel Madeira com 20 pontos.

PROPRIEDADE Mundinautica, Lda.REDACÇÃO, PUBLICIDADE E MARKETINGLourel Park, Ed. 52710-363 SintraT. 219 617 455 F. 219 617 457EDITORJorge MourinhoDIRECTORVirgílio Machado [email protected]

REDACÇÃOPaulo Soares [email protected]

DEPARTAMENTO GRÁFICOFernando PinaCOLABORAM NESTE NÚMEROAntónio Marques, António Xavier, Bruno Carvalho, Carlos André, Gomes Torres, Jaime Sacadura, Jorge Palma, Luis Pereira, Paulo Moreira, Paulo Santos, Paulo Soares, Victor Santos e Vega.

IMPRESSÃOSogapal, S.A.Rua Mário Castelhano, Queluz de Baixo2730-120 BarcarenaT. 214 347 100 F. 214 347 155DISTRIBUIÇÃO ChronopostTIRAGEM 15.000 ExemplaresPERIODICIDADE BimestralPREÇO GratuítoERC Nº registo: 125807DEPóSITO LEGAL Nº 305112/10

Nº 12 ANO IIIPRIMAVERAJUNhO/JUlhO 2012

AÍ VãO DOIS

NOTA: As opiniões, notas e comentários são da exclusiva responsabilidade dos seus autores ou das entidades que fornecem os dados. Nos termos da lei está proibida a reprodução ou a utilização, por quaisquer meios, dos textos, fotografias e ilustrações constantes destas publicações, salvo autorização por escrito.

© Mundinautica Portugal, Lda.

32012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

NOTICIAS

ROBAlEIRA é CAMPEã DO MUNDO DE ClUBES

A equipa portuguesa do Clube de Pesca “A Ro-baleira” conquistou o título mundial de pesca de mar, depois de ter vencido o 20.º Campeonato do Mundo que decorreu até este domingo em Mimizan, França. Já o clube amadores de pesca de Faro, que também esteve presente neste mundial, terminou num meritório 6º lugar.

PORTUGAl é CAMPEãO DO MUNDO EM U16 - MAR

A selecção Portuguesa de U16 - Mar conquistou brilhantemente no passado mês de Abril, em Montenegro o título de campeã do Mundo.Depois de uma excelente vitória alcançada no terceiro dia de prova, os nossos jovens U16, con-solidaram a liderança no Campeonato do Mundo no derradeiro dia de prova com mais uma vitória.Desta forma Portugal alcançou o título de Campeão do Mundo por Nações, enquanto o atleta Francisco Pinto, foi terceiro na classificação Individual.

ITálIA CONqUISTA MUNDIAl DE ClUBES

A equipa Italiana Oltrarno Colmic, foi a grande vencedora do 32º Campeonato do Mundo de Pesca Desportiva, de água doce que teve lugar na pista internacional do Cabeção, em Mora, en-tre 28 de Maio e 3 de Junho. O segundo lugar da geral coube à equipa Francesa do Bordeaux Bru-ges Competition, enquanto o último lugar do pódio foi para o conjunto inglês Daiwa Dorking.Já a equipa portuguesa da Amorim & Dias, após um sorteio adverso no primeiro dia, acabou este mundial de clubes na sexta posição. Destaque ainda para a Federação Portuguesa de Pesca Desportiva, responsável pela organização, que esteve em excelente plano, bem como para a Câmara Municipal de Mora, que realizou um tra-balho notável na pista do Cabeção.

ROSA CRISTINO CAMPEã NACIONAl DE PESCA DESPORTIVA DE MAR 2012

Rosa Cristino, pescadora do Clube Desportivo de Paço e Arcos, clube apoiado pela VEGA, con-quistou em Maio o título de campeã Nacional de pesca de Mar.O excelente desempenho ao longo de todo o cam-peonato, permitiu-lhe arrecadar cinco primeiros lu-gares e um terceiro, posições demonstrativas da ele-vadíssima regularidade na competição. Com mais este título que junta ao seu longo palmarés, garan-te também a participação na Seleção Nacional que representará Portugal no Campeonato do Mundo a disputar na Holanda em Outubro próximo.Estamos perante uma atleta de alto rendimento, com vários títulos de Campeã do Mundo e número um do Ranking Mundial durante 10 anos consecutivos.

VEGA RENOVA PARCERIA COM A TMNA Vega acaba de renovar a parceria com a TMN, referente aos cartões da rede móvel Clube Vega, por mais 2 anos.Para este novo período, o tarifário res-pectivo passará a ser o seguinte:- Mensalidade 4.06€ + IVA (5.00€)- 50 minutos incluídos por mês, para

todas as redes nacionais.- Após este limite, custo de 0.08€ por

minuto para todas as redes- Comunicações grátis de voz e SMS entre cartões do Clube Vega- Taxação 60+30 dentro e fora do plafond- Mensalidade a debitar directamente no saldo recarregável, sendo o carregamento responsabili-

dade do utilizador- Caso não exista saldo suficiente ou não seja efectuado carregamento mínimo mensal de 5.00€

(IVA incluído), o serviço é bloqueado não podendo ser utilizado até que seja efectuado carrega-mento que cubra o valor em débito no saldo.

Entretanto, a TMN já enviou uma mensagem a todos os utilizadores do serviço móvel Clube Vega, indicando as condições deste novo tarifário e, em caso de dúvidas, o utilizador deverá contactar a TMN directamente através do telefone 800965050.

PAçO DE ARCOS INICIA NACIONAl DE AChIGã DE MARGEM EM BOM PlANOA equipa de pesca ao Achigã do Clube Desportivo de Paço de Arcos, começou da melhor maneira o Campeonato nacional de pesca ao Achigã de Margem, com Paulo Barroso, a terminar as duas primeiras prova do Campeonato, que tiveram lugar na barragem de Cadouços, na segunda posição da geral, apenas a 3 pontos de Nuno Correia do Vilarealense, o líder do campeonato que soma três pontos.Destaque igualmente para Gonçalo Jones, ocupa a décima posição com um total de 6 pontos e Virgílio Machado é 13º com 7 pontos.De salientar que a estreia do Clube Desportivo de Paço de Arcos no Nacional de Achigã de Margem, foi apadrinhada pela Renault Portuguesa, que cedeu duas viaturas para o transporte da equipa.A próxima ronda do campeonato Nacional de Margem está marcada para 21 e 22 de Julho na bar-ragem de Santa Justa e Vilarelhos.

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 20124

PASSATEMPO DE

FOTOGRAFIA VEGAVEGA realizou o seu primeiro Passatempo de Fotografia que de-

correu de 10 de Março a 22 de Abril.O tema Spirit of Fishing/Espírito da Pesca, slogan da marca VEGA, foi o mote que serviu de inspira-ção aos trabalhos apresentados.Esta iniciativa reuniu um elevado numero de participantes e teve como objetivo interagir com os pescadores através do Facebook, amplamente dinamizado pelos fãs da VEGA, através do qual foi possível dar a conhecer o espí-rito da pesca nas fotografias publicadas. Neste passatempo estiveram a concurso 72 fotografias com as mais variadíssimas visões sobre o tema proposto.Os trabalhos a concurso podem ser visualizados no site oficial da VEGA na secção de Fotos/Passatempo de Fotografia em www.vega.com.pt.A VEGA pretende dar continuida-de a este tipo de iniciativas e criar oportunidades de alargar a par-ticipação, contando anunciar novos temas para os seus pas-satempos muito em breve.As fotografias selecionadas pelo júri da VEGA foram as seguintes:1º Premio - Patricia Alvarinho - Aprendi a amar a pesca com o meu pai, ensinei à minha esposa, e juntos ensinaremos aos nossos filhos.2º Premio - João Galamba de Oliveira - sem título.3º Premio - Diogo Candeias - Pescar ao pôr-do-sol.O prémio especial Selecção dos Sócios foi para Diogo Candeias - Pesca da Salema no Rio Mira.

A

1º Premio - Patricia Alvarinho

2º Premio - João Galamba de Oliveira

3º Premio - Diogo CandeiasPremio especial Selecção dos Sócios - Diogo Candeias

NOTICIAS

52012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

uando se fala ou escre-ve sobre Surf Casting nocturno raramente se aborda a questão dessa

mesma pesca se poder efectuar com material mais ligeiro e lan-çamentos a poucas dezenas de metros. Mesmo na prática te-nho observado frequentemente o pouco valor que lhe é atribuí-do. Não têm conta as vezes que vejo nas praias os pescadores a fazer sistematicamente grandes lançamentos infrutíferos en-quanto o peixe está na maioria das vezes a escassos metros das suas posições. Quero deixar aqui algumas dicas, em especial para os praticantes menos ex-perientes. Oxalá elas ajudem!Muitas das praias onde pratico Surf Casting primam pelas mesmas características no que diz respeito à melhor altura para se conseguirem mais e melhores capturas. Refiro-me concretamente a uma pesca de quatro/cinco horas nas águas baixas (as duas últimas horas de vazante e as duas primeiras de enchente) e com mar manso. Com vaga para além de um metro esta pesca nunca é tão efectiva. É um Surf casting muito ligeiro com chumbadas até quarenta gramas e estralhos sempre com mais de dois metros.Sendo um tipo de pesca que faço sempre que as condições do mar o permitem sinto-me

bastante à vontade para falar sobre ela e como eu a pratico. Uso uma cana telescópica Cros-sover de 4,20m, com acção de ponteira e potência de lança-mento máxima de 150g. O carreto que utilizo é o novo Krypton 55 da Vega. É um carreto de tamanho médio, com 10 rolamentos de esferas em aço inox blindados, o que apoia muito bem as peças móveis. O rácio é de 4.5:1 e vem equipado com duas bobines có-nicas para lançamento. Encho bem a bobine com multifilar Potenza Braided 0.16mm, mon-to uma chumbadinha redonda furada a correr na linha e um pequeno destorcedor como ba-tente, um estralho com mais de dois metros de 0.30mm em fluorocarbono, habitualmente o Potenza ST, e anzol 1/0.Os meus iscos preferidos são a minhoca branca e a tiagem quando a consigo apanhar. Faço sempre iscadas generosas, que além de mais apelativas para os peixes, permitem cobrir bem o anzol deixando no entanto pontas soltas para promover mais movimento á mesma.Nos lançamentos procuro co-locar a chumbada poucos me-tros atrás da linha de rebentação, raramente vou além dos oitenta metros sendo que, na maioria das vezes, pesco entre os trinta e os sessenta, o que significa que nas praias com declive pou-

co acentuado a altura das águas ronda os dois metros e muitas vezes bastante menos.Nos lançamentos mais longos vou recolhendo linha num ritmo bastante lento e com muitas paragens; consigo assim ter a isca quase em constante movimento e tornando-a deste modo muito mais atractiva para os predadores. Os ataques mesmo de peixe mais pequeno são por norma bastante violentos e quase sempre o peixe já embuchou a isca não sendo portanto necessária uma ferragem violenta. Eu pelo menos não o faço, limito-me a fazer fixe e aquilatar o tamanho do peixe para depois agir em conformidade.Não se pense que por pescar tão perto de terra só podemos apanhar peixe pequeno. Nada disso, uma parte significativa dos grandes robalos, bailas e até douradas de muito bom porte que tenho apanhado tem sido precisamente a pescar assim. Como pesco com multifilar de-dico especial atenção ao drag que mantenho sempre aberto um pouco para lá do ponto de rotura do estralho. Na verdade algum do peixe que se apanha é mais miúdo e algum tem que ser devolvido ao mar no entanto só muito raramente a pesca se torna monótona pela ausência de ataques.Outra das vantagens desta mo-dalidade é devida à leveza do

material que permite pescar muito tempo com a cana na mão sem nos cansarmos e com todas as vantagens que daí ad-vêm em relação a ter a cana apoiada num espeto.Note-se que é fundamental que todo o nosso material esteja à altura nos momentos de travar luta com os grandes exemplares de forma a pudermos sair vito-riosos e sem desgostos.A praia de S. João da Caparica é uma das melhores praias para esta pesca. Tem acesso muito fácil e pela sua extensão há sempre espaço para pescar à vontade e sem colidir com nin-guém. Pesco lá muitas vezes e raramente me sinto defraudado.Na zona do Guincho a praia da Crismina é também um lugar de eleição onde se conseguem excelentes capturas.Registem que só refiro estas duas praias a título de exemplo, muitas outras há com as mes-mas ou até melhores condi-ções para esta prática.É claro que para além de tudo isto também se deve ter muito em conta as coroas de areias novas e agueiros mesmo que

só com ligeiros fundões; nes-tes casos é para lá que deve-mos direccionar os nossos lan-çamentos.Em praias pequenas e com o mar manso, praticamente não há cor-rente daí que um engodo grosso de sardinha criteriosamente dis-tribuído (não é preciso grande quantidade) seja de considerar pois é sempre uma mais valia.A partir daqui e conforme a criatividade de cada um, muitas portas se abrem e para isso nada melhor que experimentar.Agora que o bom tempo se aproxima a passos largos e as noites de mar manso serão uma constante, é recomendável estar atento e, em noites de feição fazer algumas saídas por essas belas praias que afortunada-mente estão ao nosso dispor.Tenho a certeza que quem o fi-zer não se arrependerá e para aqueles que nunca experimen-taram esta forma de pescar é mais que certo aderirem a ela com todo o entusiasmo.Espero com isto ter contribuído para melhores e mais produti-vas jornadas de pesca. Se assim for dou-me por satisfeito.

PASSATEMPO DE

FOTOGRAFIA VEGASURFCASTING LIGEIRO

EM ÁGUAS BAIXASTEXTOVictor Aires SantosIMAGENS António Frade

Uma leitura adequada dos pesqueiros é determinante para o sucesso da jornada.

q

SURFCASTING

Captura feita com menos de 1,5m de água.

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 20126

SURFCASTING

ecididos a mais umas horas de pesca, eu e o Tiago Brito saímos de Setúbal a seguir ao

almoço. Após consulta prévia do www.windguru.cz e do www.meteo.pt, decidimos não parar na praia da comporta para ver o mar como é hábito e dirigimo-nos de imediato para a Praia dos Pinheirinhos. Ao chegarmos á praia verificámos que o mar era grande e com alguma força, tendo hesitado na dúvida se valeria a pena desmon-tar o material para começar a pescar. Entretanto em conversa com um pescador que por ali andava, este disse-nos que antes estivera lá um colega dele e que tinha apanhado uns sargos mas como o mar tinha subido bastante, tinha desistido e ido embora. Convencidos que o peixe ainda por lá se manteria, escolhemos os pesqueiros que melhor nos pareciam para pescar naquelas condições. Montei duas canas Vega Potenza Hybrid, uma de 4,20m e outra de 4,50m, monta-gens de 1,50m 0,50 com 2 anzóis Potenza 4269 nº2 empatados com fio Potenza ST Fluorocarbono 0,35mm e isquei-as com ligueirão.Como o mar estava a rebentar espumando cerca de 100m até

terra, decidi pescar longe a seguir á rebentação com linha de carreto 0,25mm. Assim que lancei espiei a cana e fui lançar a segunda, quase de imediato a primeira assinalou peixe e tirei logo um belo sargo com mais de 0,5 kg. Ainda antes de a poder iscar e lançar novamente, já a segunda cana batia com outro sargo que viria a confirmar-se maior que o de primeiro.Entretanto como estava a pes-car logo a seguir á barreira na praia, verifiquei que iam apare-cendo sucessivos pescadores, viam o mar e voltavam para trás. Aliás, nesse fim de tarde contei mais de duas dezenas que não acreditaram na pesca ali e abalaram. Com che-gada da noite eu e o Tiago ficámos com a praia por “nossa conta”. A cadência de peixe era extraor-dinária embora fosse uma pesca longe com chumbadas de 170 gramas e que ia provocando al-gum cansaço. Alturas houve na parte final, em que tive cãibras no braço. Finalmente a maré en-cheu (praia - mar ás 20h00) e nes-sa altura já não arriscava tanto os lançamentos longos até por-que comecei a apanhar peixe na casa dos 70/80m. Vou recolher uma das canas e tiro um sargo com 2,1 kg, um exemplar extra-ordinário para a espécie e que não me tinha dado sinal. Com o decorrer da maré vazante os sargos deixaram de se sentir e tive então que voltar a lançar para os 120 metros, desta vez com montagem de 2 anzóis Clipada, começando de imediato a sentir e capturar alguns sargos. De salientar que o meu com-panheiro Tiago “apenas” captu-rou 7 exemplares por não estar equipado com o material mais adequado e não ter a técnica de lançamento mais apurada que lhe permitisse pescar em con-dições de mar bruto a mais de 100 metros e com duas iscadas de grande dimensão.Foi sem dúvida uma pescaria para recordar.

SARGOS COM MONTAGENS CLIPADAS NA PRAIA DOS PINHEIRINHOSGRANDOLAD

Mar forte a espumar 100m até á praia.

Grande exemplar de sargo com mais de 2 kg.

TEXTOPaulo Santos

IMAGENSTiago Brito

MONTAGEM ClIPADA1. Destorcedor Cascade Breakaway2. Chumbada especial Breakaway3. Lantejola

50cm - 0,35

50cm - 0,50

50cm - 0,50

1

3

3

2

2

SARGOS COM MONTAGENS CLIPADAS NA PRAIA DOS PINHEIRINHOSGRANDOLA

8

os últimos anos esta modalidade de pesca tem conhecido um desenvolvimento téc-

nico verdadeiramente extra-ordinário. As canas são cada vez mais leves, mais potentes e mais sensíveis ao toque dos peixes. Os iscos utilizados e a téc-nica para os iscar também não parou de evoluir, as linhas, os carretos, enfim de um modo geral toda a panóplia de uten-sílios utilizados nesta pesca tem conhecido uma evolução

espantosa. Podemos dizer que os pescadores de surfcasting mais conceituados são os me-lhores lançadores, e que para isso possuem canas de grande capacidade de lançamento, mui-to rijas no primeiro e segundo elemento e com o terceiro ele-mento hibrido, com uma pon-teira “enxertada” muito sensível, mas que não retira á cana no seu todo, capacidade de lançamento. As canas mais procuradas têm sido as de acção muito forte, progres-siva ou acção tipo A (normal-mente dita de ponteira). Para pescar com estas canas e arre-messar a chumbada a grandes distâncias é necessário a utili-zação de um fio forte, resistente ao choque e de certa forma com

um diâmetro considerável. Para lançamentos violentos e com ca-nas bastante “fortes”, fios com menos que 0.45 mm de diâme-tro correm o risco de ruptura ao segundo ou terceiro lançamen-to. Para além disso as chumba-das a utilizar para fazer trabalhar as canas não podem ser muito inferiores a 150 grs. o que difi-culta ainda mais a possibilidade de reduzir o diâmetro do fio de choque ou das baixadas. No entanto, há muitas situações em que a utilização de linhas

mais finas no fio de choque e nas madres se torna indispensá-vel para obter bons resultados. Por exemplo quando o mar está calmo sem vento, ou quando existe uma ligeira corrente para-lela à linha de costa e as águas estão muito “abertas”. Assim coloca-se uma nova questão ao pescador desta modalidade: como chegar longe ou mesmo muito longe em dias de mar calmo, com linhas mais finas (por exemplo 0.35mm)? A res-posta estará certamente na cana a utilizar e na técnica de lan-çamento. A cana terá que ter forçosamente uma acção mais distribuída por todos os elemen-tos. Aquilo a que normalmente chama-mos de acção semi-pa-

rabólica ou mesmo parabólica. Bom, comecemos pelo princípio, quais as características que de-vemos tomar em atenção ao com-prar uma cana de surfcasting? A escolha de uma cana de sur-fcasting é cada vez mais difícil. Cada modelo possui caracterís-ticas próprias que é necessário saber avaliar. A quantidade de factores técnicos que devemos considerar são muitos, mas en-tre eles devemos destacar al-guns que nos parecem mais importantes:

- Capacidade de lançamento; aqui devemos ter em atenção não só o peso que a cana pode ar-remessar mas também a acção (progressiva, ponteira, semi-para-bólica, etc.) e as técnicas de lan-çamento que queremos executar.- Preservação dos iscos no lançamento; se privilegiarmos uma pesca com iscos frágeis ou vivos teremos que eleger uma cana macia. A execução dos lan-çamentos é limitada e amortecida por uma acção parabólica, em-bora certas canas possam com-binar qualidades de lançamento e utilização de iscos frágeis.- Equilíbrio, peso, porta-carretos, passadores e acabamentos; nem sempre uma cana muito leve é uma boa cana. Devemos sempre

desconfiar de uma cana muito leve e barata, pois, normalmen-te, a quantidade de carbono que as constitui é muito pouca, apresentando paredes muito finas, o que lhes diminui dras-ticamente a resistência. É difícil associar ligeireza e robustez. Apenas as canas de topo de gama conseguem reunir estas qualidades que são bem evi-dentes no preço.- Resistência; a resistência dos materiais que constituem a cana é fundamental. Simplificando

podemos dizer que os carbonos de Alta Resistência, embora re-sistentes, são muito pesados e menos nervosos que os carbo-nos de Alto Módulo que são le-ves, nervosos mas mais frágeis. O nível de resistência do carbono determina-se da seguinte forma:Alta Resistência – 24 T a 30 TAlto Módulo - 40 T a 80 TQuanto mais elevado é o valor, mais nervoso, rijo, leve e caro é o carbono.Esta pequena reflexão serve para vos apresentar uma nova cana da Vega que temos vindo a tes-tar há algum tempo e que nos tem surpreendido e até “ensina-do” a ver o surfcasting de outra maneira. A Potenza Supercore 2337 representa um novo para-

digma para a pesca desportiva na modalidade surfcasting e pas-so a explicar porquê.

CARACTERíSTICAS DA CANAApresenta-se em dois tamanhos 4,25m e 4,50m, construída em Nanoflex Hi-Modulus Carbon. A nanotecnologia é utilizada em muitos ramos da indústria desde a acústica até à construção civil. No fundo esta tecnologia permi-te para as canas de pesca, pro-duzir carbono muito flexível e simultaneamente muito robusto,

utilizando na sua construção elementos de dimensões re-duzidíssimas, resultando dai li-gas mais flexíveis e resistentes. A Vega ao introduzir no merca-do Nacional canas que utilizam esta tecnologia permite-nos conhecer novas possibilidades de encarar esta modalidade de pesca. Assim, nos seus lançamentos esta cana mostra-se muito flexível mas surpreendentemente rápida na sua resposta ao esforço, permi-tindo utilizar chumbadas muito leves linhas relativamente finas e utilizar iscos frágeis man-tendo a sua apresentação na água em boas con-dições (apenas tes-támos o modelo 4,50 metros).

A escolha de uma cana de surfcasting é cada vez mais difícil.Cada modelo possui características próprias que é necessário saber avaliar. A quantidade de factores técnicos que devemos considerar são muitos.

TEXTO E IMAGENSAntónio Xavier

UM NOVO

N

SURFCASTINGPARA O

PARADIGMABANCO DE ENSÁIO

92012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

O primeiro elemento apresenta um porta-carretos Fuji, de rosca, invertido a uma distância de 76 cm da extremidade do cabo. A es-pessura do primeiro elemento é de 20 mm, o que permite uma pega firme na cana e, por isso, melhor manuseamento para lan-çar. O encaixe dos elementos é do tipo clássico e o primeiro e segundo elementos apresen-tam-se reforçados no encaixe com uma anilha metálica. O se-gundo elemento apresenta um passador série K da Fuji em Al-conite a uma distância de 158 cm do porta carretos. A distân-cia do 1º passador ao porta--carretos é de importância ca-pital para uma boa saída de fio. Não deve ser nem demasiado

curta nem demasiado longa. A disposição dos passadores na cana deve depender do seu tipo de acção e do seu tamanho. Quanto mais rijos forem o pri-meiro e segundo elementos mais distante pode estar o primeiro passador, permitindo melhor saída de fio. Se a cana for pa-rabólica ou semi-parabólica, o primeiro passador tem que estar mais perto do porta-carretos, para que a linha não bata na cana em acção de lançamento. Há ainda que considerar o ta-manho da cana: canas maiores necessitam dos passadores distribuídos por toda a cana, enquanto nas canas curtas (3.60m a 4.20m) os pas-sadores podem con-

cen-trar-se

mais per-to da pontei-

ra. Cada caso é um caso, consoan-

te a conjugação des-tes factores. Neste tes-

te como estamos perante uma cana de acção progressi-

va ligeira, parece-nos uma colo-cação óptima. Nas várias sessões de ensaio da cana o fio sempre teve um comportamento impe-cável a passar pelos passadores, mesmo em situações de muito vento tanto lateral como frontal.O segundo elemento apresenta um diâmetro do talão de 15,2 mm

no encaixe com o primeiro elemento e de 12,5 mm no encaixe com a ponteira. A ponteira apresenta 7 pas-sadores Fuji Alconite in-cluindo a ponteira, com uma distribui-ção equilibrada que permite um aprovei-tamento

máximo das capacidades da cana em acção de lançamento. A sua espessura no encaixe com o segundo elemento é de 10 mm e na extremidade da ponteira é de 2mm, apresentando uma maior conicidade neste ultimo elemento, o que lhe confere mui-to mais sensibilidade aos toques em acção de pesca, referir ainda a sua ponteira hibrida, com um acabamento perfeito, que lhe confere ainda mais sensibilidade.Vejamos agora como se compor-tou em acção de lançamento. Uti-lizámos duas técnicas, lançamen-to rotativo (“of the ground”) e o lançamento por detrás da cabeça (side cast). Em ambas as técnicas a resposta desta cana foi muito po-sitiva conseguindo lançamentos

sempre

acima dos +/-160 me-

tros chegando algumas vezes aos

+/-180 metros. No lançamento rotativo os

melhores lançamentos re-alizaram-se com chumbadas

de 100 a 135 grs, no lançamen-to “side cast” os melhores resul-tados situaram-se entre as 130 grs e as 150 grs. Os maiores lan-çamentos foram conseguidos com chumbadas de 120 grs.Apresentamos de seguida um quadro resumo das caracterís-ticas da Potenza Supercore:TAMANhO - 4,50 m; Ø 1º PASSA-DOR - 25 mm; Ø DA PONTEIRA - 6 mm; N.º DE PASSADORES - 8; DIS-TâNCIA 1º PASSADOR AO PORTA--CARRETOS - 158 cm; DISTâNCIA DO PORTA-CARRETOS AO CABO - 76 cm; Ø DO 1º ElEMENTO - 20 mm; TIPO DE PASSADORES - Fuji K Alconite.Como podemos verificar no esquema representado acima, a Potenza Supercore apresen-

ta um primei-ro elemento ci-

líndrico muito rijo (é a “alma” dos lança-

mentos mais violentos), o segundo elemento li-geiramente cónico, apenas

uma diferença de 2,5 mm entre a base e o topo do elemento, o terceiro elemento com uma conicidade mais pronunciada 8 mm de amplitude, o que con-fere a este elemento grande sensibilidade e rapidez de res-posta quando obrigada a esfor-ços violentos. Isto quer dizer que em acção de lançamento esta cana tem uma acção/reac-ção muito rápida embora seja muito pouco cónica no primei-ro e segundo elemento.

Concluindo, a Potenza Supercore é a minha cana para surfcasting li-geiro/médio a grandes distâncias, permite colocar a mais de 150 me-tros três anzóis com iscadas frágeis e fios sensíveis. Será a minha cana de eleição para as douradas, quando elas estiverem muito “fi-nas”, ou para todas as pescas di-fíceis e a distâncias consideráveis quando estiver em competição. Exige muito treino para se chegar a lançamentos longos, pois os seus tempos de resposta, embo-ra rápidos, não o são tanto como nas canas mais rijas. Tem como grande vantagem a preservação dos iscos durante o lançamento e a possibilidade de pescar com fios de diâmetros inferiores sem perigo de ruptura.

BANCO DE ENSÁIO

Ø 20mm

1ª Secção

Ø 20mm

Ø 15,2mm

2ª Secção

Ø 10mm

Ø 10mm

Ponteira

Ø 2mm

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 201210

TEXTOBruno CarvalhoIMAGENSRedacção

A

BÓIA

PESCA À BÓIA NO costa do Guincho é ain-da um pequeno paraí-so para a pesca á bóia.

Só de ouvirmos este nome, as-sociamo-lo logo a alguns pes-queiros de referência da zona. Do Cabo Raso ao Abano encon-tramos pesqueiros associados a histórias de grandes pescarias de sargos, douradas e grandes robalos. Infelizmente também associa-mos esses mesmos pes-queiros a alguns acidentes sofri-dos por pescadores, por fortuna, raramente fatais. Sendo ambas as memórias bastante reais, nunca é demais lembrar principalmente a quem vem de fora e não conhe-ce bem a zona e as características do seu mar, que não há pescaria nenhuma que valha o bem-estar ou mesmo a vida de uma pessoa. Talvez por desconhecimento, continuamos a encontrar mui-tos pescadores em pesqueiros que não apresentando quais-quer riscos na maioria das situ-ações, outras há em que são ex-tremamente perigosos devido às condições de mar, vento, etc. Por estas razões, se possível acon-selhe-se com pescadores locais acerca das condições de cada pes-queiro de forma a evitar surpresas desagradáveis com “voltas de mar” ou outras situações que possam pôr em causa a sua segurança. Como podem facilmente perce-ber pelo descrito acima, esta é uma zona privilegiada no que á pesca diz respeito, com inú-meros pesqueiros de condições

estruturais bastante diversas e que permitem excelentes captu-ras tanto em quantidade como em qualidade do pescado. Assim sendo, necessitamos de escolher bem os pesqueiros e de utilizar material adequado e que nos permita tirar o melhor partido da pesca nesta zona.

PESQUEIROSDevemos sempre que possível observar previamente a zona para seleccionarmos o pesqueiro mais adequado ao que nos propomos fazer. Se pretendemos engodar te-mos de ter em conta as correntes, pois se estas se apresentarem la-teralmente e com alguma força, podem dispersar a nossa engo-dagem ou mesmo encaminha-la para o pesqueiro de um “vizinho”. Se por outro lado não engodar-mos, podemos e devemos ter a mesma atenção á corrente que numa situação idêntica pode fa-zer confluir e concentrar “co-media” e outros alimentos/nu-trientes nalgum recanto, sendo então esse o ponto ideal para pescarmos. Temos também de seleccionar o pesqueiro em fun-ção do estado do mar e do vento. Se o mar for revolto e com força, devemos optar por um local segu-ro e com alguma profundidade, de outra forma será mais difícil conse-guirmos efectividade nas nossas apresentações. Se o mar for menos forte mas mexer, podemos pescar em zonas menos profundas onde tantas vezes o peixe vem mariscar.

MATERIALTambém em função dos pesquei-ros/condições, devemos utilizar canas entre os 5,50m e os 6,00m. Com mar mais forte em que se impõe a utilização de piões, a Spartan da Vega, desenhada pre-cisamente para esta finalidade é uma excelente opção. Com 5,50m e construída em carbono C3 de alta resistência, permite a utilização de piões até 120g e apresenta uma acção de pontei-ra bastante rápida e poderosa. Está muito bem montada com passadores SIC e tem capacida-de para içar até 4kg. Com o mar mais calmo em que podemos e devemos utilizar bóias sensí-veis e montagens leves, acon-selho a cana Salt Master. É uma cana potente, de acção rápida mas no entanto bastante equili-brada e ligeira no peso, não ul-trapassando as 368g aos 5,50m

e as 402g aos 6,00m. Está cons-truída em Carbono de Alto Mo-dulo C5 reforçado com uma napa interna em carbono de alta resistência e montada com com-ponentes de grande qualidade. O carreto deve ser de tamanho médio, entre um 35 e um 50 conforme se use uma montagem clássica ou com bóia de pião. A vantagem de um carreto maior é fazer as duas pescas enquanto um carreto mais pequeno poderá apresentar algumas dificuldades nas pescas mais pesadas com o pião. Deve ser sempre um car-reto forte que permita içar um peixe de quilo dois ou três me-tros sem grandes problemas. A capacidade das bobines de-vem sempre permitir a utiliza-ção de 180 a 200m de fio entre 0,25mm e 0,30mm. Dois bons exemplos de carretos com estas características são o TR60 e o LT 400. O LT 400 é um carreto rápido, com um rácio de 5.5 para volta de manivela, bem apoiado em oito rolamentos em aço inox blindados e com capacidade para 200m de mo-

nofilamento 0,30mm. O drag é bastante macio e progressi-vo o que se revela fundamen-tal quando lutamos com peixes de dimensões consideráveis. O TR 60 é um carreto de di-mensão média com capacida-de para 300m de fio 0,30mm. Bastante robusto, tem os seus componentes móveis e de maior desgaste apoiados em 6 rolamentos de esferas. O carter e o rotor em grafite garantem a rigidez necessária para mo-dalidades mais pesadas como a do pião. Com uma relação qualidade/preço extraordinária, penso ser a escolha acertada para quem pretenda um bom carreto com estas características por um valor controlado. As bóias utilizadas vão das mais clássicas em balsa, aos piões de espuma ou cortiça, sendo estes últimos os mais utilizados com calibragens entre 30g e 80g e que suportem ainda um chum-bo furado entre 3g e 20g con-forme o estado do mar. Em relação aos fios a utilizar, como é óbvio devem ser de

Bóias de pião muito utilizadas na zona. TR 60 e o cesto para recuperação de peixe.

112012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

BÓIA

elevada qualidade com as ma-dres de preferência revestidas a fluorocarbono e os estralhos

100% em fluorocarbono. Nestes casos a minha preferência recai no Akada FC para o carreto e no Potenza ST para os estralhos. Podemos também utilizar fio entrançado no carreto quando pescamos com pião pois tira-mos partido das elevadas cargas de rotura com diâmetros bas-tante reduzidos. Os anzóis de-vem igualmente ser de grande qualidade variando o seu tama-nho entre 2 e o 1/0 conforme o nosso objectivo. De notar que o fio e os anzóis são os materiais

que realmente nos ligam ao peixe pelo que não faz sentido pouparmos nestes componen-

tes arriscando perder bons exemplares por utilizarmos produtos de menor quali-dade. O uso de um cesto é também aconselhável uma vez que em determinados pesqueiros ou condições de mar, temos de pescar a algu-ma distância/altura da água o que nos impossibilita de içar um peixe de maior di-mensão.

MONTAGENSAs montagens podem ser fixas ou de correr conforme a pro-fundidade a que vamos pescar. No caso de a profundidade ser inferior ao comprimento da cana podemos pes-car fixo pois con-trolamos me-lhor a bóia e os toques são também mais eviden-tes. Nestes ca-sos se utilizar

uma bóia mais ligeira em balsa, calibro-a com um só chumbo fendido que aperto sobre um pequeno tubo de silicone de forma a não ferir a linha. Uso um empate entre 1m e 1,5m em que coloco um pequeno chumbo furado de 0,5g a 1,5g para manter o anzol o mais próximo do fundo possível. O objectivo de calibrar a bóia com um só chumbo é para fa-ze-lo mais próximo da mesma o que aumenta a liberdade da montagem e diminui os enre-dos durante os lançamentos. Se o mar for mais forte, utili-zo um pião de cortiça já cali-brado e o empate com compri-mento igual á profundidade do

pesqueiro também com o dito chumbi-

nho de cor-rer. Em certas

ocasiões se o pesquei-ro não tiver demasia-

das prisões, chego a utilizar o empate

a arrastar no fun-do cerca de 1m o que tem dado

excelentes resultados em con-dições de corrente e mar um pouco mais fortes.Quando a profundidade do pesqueiro é superior ao com-primento da cana temos então de utilizar bóias de correr que também podem ser das mais clássicas em balsa ou piões de cortiça. O princípio do es-tado do mar para a utilização de umas ou outras é o mesmo descrito anteriormente. Para fi-xar a profundidade prefiro uti-lizar dois stoppers de borracha e uma missanga mas há quem prefira os nós de correr. Com os piões uso sempre o empa-te com pelo menos 2,5m para conseguir apresentações mais naturais.

ISCOSExiste uma infinidade de iscos que se podem usar nesta mo-dalidade. No entanto, utilizo preferencialmente quatro: o caranguejo, o mexilhão, a tia-gem e o casulo. Os três pri-meiros são encontrados local-mente e fazem parte da dieta

natural das espécies que pro-curamos na zona, sendo que o mexilhão e o caranguejo pela viscosidade que libertam, aju-dam de certa forma a engodar o nosso pesqueiro. A tiagem é na realidade um isco fabu-loso em todas as condições e um verdadeiro tira teimas em águas pouco oxigenadas.

APETRECHOSA zona não é para brincadeiras e como “o seguro morreu de velho”, convém que nos equi-pemos a condizer. Roupa con-fortável e que permita liberda-de de movimentos e calçado que “agarre” são um imperati-vo. Devemo-nos abster de usar sapatilhas ou outras peças de sola fina e macia pois as rochas da zona são bastante agrestes. Para o transporte de todo o material, devemos utilizar um saco de alças ou mochila que possamos carregar às costas libertando-nos as mãos para nos ampararmos no caso de necessidade de subir ou des-cer algum desnível.

GUINCHO

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 201212

Iscada pronta para a acção.

A pesca da “chumba-dinha” em embarca-ção fundeada exige

concentração, sensibilidade e do-ses redobradas de paciência e persistência. Embora possa pa-recer “básica” e de fácil execução, é na realidade uma modalida-de bastante técnica e que exige algum tempo de adaptação.Alguns pormenores técnicos e materiais utilizados podem ter influência decisiva na percep-ção desta técnica, permitindo o aparecimento mais rápido de resultados nas capturas. Partindo do pressuposto que devemos pescar sempre o mais ligeiro possível, temos no en-tanto de considerar as condições em que o vamos fazer. A pro-fundidade, estado do mar e principalmente a corrente vão determinar o nosso comporta-mento e alguns dos materiais a utilizar em cada jornada.Esta é uma técnica em que pes-camos “directo”, isto é, sem estralhos. O anzol é empatado directamente no fio do carreto e o chumbo furado corre livre-mente encostando ao anzol. Podemos utilizar monofilamen-to, de preferência em fluoro-carbono ou revestido como o Potenza SC ou multifilamento. Neste caso teremos sempre de utilizar uma baixada pois não é de todo aconselhável empatar com o multifilamento.Com mar calmo e pouca cor-rente esta técnica está um pouco facilitada pois pode-mos utilizar fios monofilares

de diâmetros mais reduzidos, variando entre 0,33mm como mínimo até ao 0,45mm. Os chumbos podem variar de 20/30g até às 60/70g, sempre o mínimo que nos mantenha em “contacto” com o fundo.Com correntes mais fortes, au-menta consideravelmente o grau de dificuldade. Por si só necessitamos de mais peso e como as ferragens passam a ser muito mais violentas, necessi-tamos também de aumentar o diâmetro dos nossos fios que deverão variar entre 0,38mm e 0,50mm. Este aumento no

fio provoca um maior atrito na água o que levanta mui-tas vezes o chumbo do fun-do. Logo na descida da nossa montagem, vamos sentir gran-des dificuldades para “encon-trar” o fundo. A corrente forte pega no seio do fio e embora o chumbo já tenha encostado no fundo, este continua a sair sem que nos apercebamos. Esta situação além de não nos deixar pescar, provoca mui-tas prisões do fio no fundo com a natural perca de tem-po e material. Para diminuir-mos bastante este problema, aconselho a utilização de um multifilar de qualidade como o Potenza Braided, em medidas entre o 0,25mm e o 0,32mm. A este multifilamento temos de adicionar uma baixada de pelo menos 25m em fluorocarbono, no qual faremos o empate.Para quem não se adapta a pes-car com os multifilares, sugiro a utilização de marcas no fio, próximas da profundidade a que estamos a pescar. Se esta-

mos a pescar a 100m, podemos colocar a marca (por exemplo um nó de travamento ou um pequeno stopper), a 90m. As-sim sabemos sempre quando estamos perto de atingir o fundo. De referir que nunca utilizei nesta técnica chumbadas su-periores a 120g, mesmo em de condições corrente muito forte.Comuns a ambas as situações descritas são as iscadas que de-vem ser sempre frescas e gene-rosas. Se queremos atrair gran-des exemplares, não podemos oferecer uma pequena refeição que será também atacada por pequenos peixes, diminuindo--nos ainda mais a possibilidade de êxito. Os iscos que mais uti-lizo são a sardinha, a cavala e a gamba mas a boga e o cara-pau acabados de capturar são também uma excelente opção, apresentando grande efectivi-dade nesta pesca. Por vezes parece que o peixe está a comer de garfo e faca, pois sentimos os seus ataques mas não os conseguimos fer-

rar. Regra geral isto acontece com iscadas grandes e compri-das que por um lado desper-tam a atenção do peixe mas por outro permitem que o mesmo possa pegar no isco por uma ponta onde não se encontre o anzol. Quando isto acon-tece opto quase sempre por uma montagem Tandem, isto é por uma montagem que in-clui dois anzóis para a mesma iscada. Utilizo um anzol de ar-gola 5/0 a correr no fio e outro que pode ir até 8/0 empatado normalmente. O anzol de argo-la é o que fica mais próximo do topo da iscada, o rabo no caso de utilizar por exemplo uma sardinha inteira, e o anzol fixo o que fica na extremidade da iscada que será a zona da cabe-ça no caso da sardinha inteira. Esta é uma abordagem que em-bora possa provocar algumas prisões adicionais no fundo, também provoca algumas “pri-sões” adicionais nos peixes, que é dizer, o aumento de ferragens efectivas e de capturas.

PESCA EMBARCADA

SEGREDOS DA

CHUMBADINHAATEXTO E IMAGENSPaulo Moreira “Cebola”

14 PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012

PESCA EMBARCADA

A

TEXTO E IMAGENSLuis Pereira

UMA PARCERIA DE

SUCESSO

luis Pereira, membro aglutinador do Grupo Desportivo Os Amarelos.

pós 4 épocas patro-cinadas pela Vega através da Casa Pita o

Grupo Desportivo Os Amarelos conseguiu um feito notável, tornar-se a equipa mais nova a vencer a maior prova de clubes. Depois de algumas honrosas presenças na final, desta vez o Grupo Desportivo Os Amarelos vencer tão almejado troféu su-perando na final oponentes bastantes fortes como o Clube Naval Sesimbra, Clube Naval Ericeira e o Grupo Naval Olhão que se tinha tornado Campeão Mundial de Clubes há tão pou-co tempo em Setúbal.O Grupo Desportivo Os Amarelos conquistou o acesso ao próximo

Campeonato do Mundo que se vai realizar, em Novembro, no nosso país vizinho, mais con-cretamente em Alicante.A nossa participação está de-pendente de patrocínios que consigamos obter para podermos concretizar esse objectivo.A nível individual os resultados começam a aparecer, Campeão de Juniores – João Bernardo e Campeão Nacional da 3ª di-visão sul em 2011 e com pas-sagem assegurada à 2ª divisão. De referir que esta é uma das zo-nas mais competitivas apesar de na zona Norte haver uma cres-cente participação de atletas, o que vem trazer ainda mais com-petitividade a esta modalidade.

Em 2010 tivemos o Campeão Nacional da 3ª Divisão João Silva que passados dois anos se encon-tra entre os 30 participantes da 1ª divisão a discutir taco a taco a melhor classificação.Em 2011, o Grupo Desportivo Os Amarelos obteve a melhor classificação na 1ª divisão com o Fernando Inocêncio a obter um excelente 6º lugar, logo se-guido por Bruno Cabrita em 7º lugar, ficando os dois atletas muito perto de conseguirem o apuramento para representar a nossa Selecção Nacional.Em 2012, como era de esperar, o Grupo Desportivo Os Ama-relos renovou a sua parceria com a marca Vega e espera no-

vamente conseguir dignificar o nome do clube e esta parce-ria que tem permitido grandes êxitos ao clube e á marca.Após as duas primeiras mãos realizadas em Vila Nova de Mil-fontes, mantemos a esperança de poder alcançar a nossa melhor classificação no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.Este ano o clube conta com quatro atletas na 1ª divisão, João Silva, Fernando Inocêncio, Bruno Cabrita e Luis Gonçalves e outros quatro na 2ª Divisão, António Oliveira, Nuno Bento e João Bernardo.Na 3ª divisão e após a 1ª mão realizada, os atletas do Grupo Desportivo Os Amarelos aca-

baram por fazer uma excelente prova vencendo três dos quatro barcos que estavam em prova. Espera-se assim que consigam manter este nível para conse-guirem o objectivo da subida de divisão. As duas próximas provas, ir-se-ão realizar ao largo de Setúbal no mês de Junho e Julho o que nos poderá dar algumas garantias uma vez que conhecemos bem a zona. Com a chegada de atletas novos e com a experiência passada de atletas mais velhos para os mais novos, acaba por se tornar a sua adaptação muito mais rá-pida, naturalmente havendo uma partilha de experiências entre atletas e a marca, o que

PESCA EMBARCADA

leva cada vez mais a evoluir e a procurar produtos de grande qualidade que correspondam às exigências de todos os pescadores.Nos campeonatos começamos por usar a Zoom Boat e a X--Pander, canas para cujo desen-volvimento já tivemos acção de-terminante, estando para breve outras novidades.Nos Fios temos o Akada FC e o Potenza SC, fios que passaram os testes efectuados pela equi-pa mostrando um excelente desempenho e com uma exce-lente relação qualidade/preço, desde as chumbadas revestidas aos anzóis a nossa parceria não se resume só ao facto de vestir-mos a marca VEGA.

Ao fim de 5 anos o Grupo Des-portivo Os Amarelos passou a ser conhecido na pesca de Norte a Sul do país, isto graças a todos os atletas e às excelen-tes parcerias entre o Clube, a Casa Pita e a marca Vega. Agora resta tentar consolidar a posi-ção alcançada na Pesca Embar-cada de Competição estando sempre representados e tendo como objectivo alcançar a me-lhor classificação possível.No futuro é objectivo do Grupo Desportivo Os Amarelos apostar nos mais jovens novamente, voltar a ter atletas juvenis e junio-res proporcionando-lhes um desporto saudável e incutindo--lhes o gosto pela pesca.

Entrega de prémios da FPPDAM.Micael a testar um Potenza Jig 70 que se confirma excelente para a pesca.

Fernando Inocêncio em plena competição.

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 201216

e nas pequenas mas-sas de água, como as pequenas charcas que

existem em grande quantidade em quase todo o País, a locali-zação dos peixes não provoca problemas de maior, nas gran-des barragens essa tarefa pode revelar-se complicada. Principalmente quando aperta o calor, durante os quentes dias de verão, algumas zonas podem parecer completamente desertas de vida. Á medida que as horas passam e o habitual método de “bater margem”, que tantos pes-cadores utilizam, se revela in-frutífero, instala-se muitas vezes o desânimo e muitos desistem. A expressão “hoje eles não que-rem nada” faz-se ouvir, mais que uma vez, neste tipo de situação. Deixemos uma coisa bem cla-ra. Sempre vão existir dias em que, por várias razões, os achi-gãs apresentam níveis de ativi-dade abaixo do normal e a sua captura se revela complicada. Mas, na maior parte dos casos, o problema é tão simplesmen-te, de localização do peixe.

CICLO DE VIDACom efeito, como costumo dizer, um dos aspetos mais importan-tes na pesca do achigã é a ca-pacidade de localizar peixe, in-dependentemente da altura do ano. E, para isso, é necessário conhecer razoavelmente bem o seu ciclo de vida. Nesta altura do ano, a maior parte dos pei-xes já desovaram e, principal-mente nas regiões mais a sul começam a enfrentar dias de canícula pronunciada. As ele-vadas temperaturas fazem-se sentir também dentro de água e o aquecimento da água leva a uma redução no teor de oxi-génio dissolvido. Águas mais quentes tornam-se, por isso, menos confortáveis para os peixes e, estes, procuram águas mais profundas onde a tempe-ratura se mantém mais está-vel e fresca. Em muitas barra-

gens, à medida que o verão se instala, os peixes abandonam, assim, as zonas mais baixas e dirigem-se progressivamente para as zonas mais profundas onde se irão refugiar durante o pico do verão. Dependendo da meteorologia e da zona do País podemos intercetá-los neste trajeto e conseguir boas captu-ras em zonas estratégicas como bicos secundários, com águas profundas na proximidade.

ATIVIDADE MATINALMuitas vezes, basta a proximi-dade de um antigo leito do rio, que oferece refúgio, seguran-ça e condições ideais quando a temperatura aperta, para o achigã se sentir em casa. De-pendendo da relevo e da incli-nação de cada fundo, as zonas onde o achigã estagia nos pe-ríodos de maior calor podem distar poucas dezenas de me-tros das margens de zonas mais baixas. Essa é uma das razões que permitem que às primeiras horas do dia, enquanto a tem-peratura da água nessas zonas baixas não atinge valores des-confortáveis, o achigã venha patrulhar na proximidade das margens em busca de alguma presa mais incauta. Estas pa-trulhas matinais não escapam à atenção do pescador de achigã que se habitua a encarar as pri-meiras horas do dia - e, muitas vezes, também as últimas horas do dia - como as ideais para fa-zer as suas capturas.E, realmente, durante o verão, são estes os períodos habituais de maior atividade. As presas estão ativas e o achigã aventu-ra-se em zonas mais próximas

Quando aperta o calor, durante os quentes dias de verão, algumas zonas podem parecer completamente desertas de vida. Sempre vão existir dias em que, por várias razões, os achigãs apresentam níveis de atividade abaixo do normal.

LOCALIZAR ACHIGÃS NO VERÃOS

ACHIGÃ

TEXTO E IMAGENSJaime Sacadura

172012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

LOCALIZAR ACHIGÃS NO VERÃO

das margens em áreas relati-vamente pouco profundas, na tentativa de as capturar.

O PICO DO CALORMas, com o avançar do dia e do calor, estas zonas cedo ficam com o tradicional aspeto de-sértico e sem vida que resulta da maioria dos seres vivos pro-curar um refúgio do calor. Se um pescador chega à barragem com o sol já alto pode, por ve-zes, chegar mesmo a duvidar que aquelas águas possuam alguma forma de vida. As de-silusões sucessivas podem le-var à crença de que, no verão, só se pode ter sucesso de ma-nhã ou ao fim do dia. É a altura para refletir sobre tudo o que sabemos do ciclo de vida do peixe e estudarmos o local na tentativa de o localizar. Muitas vezes, os movimentos diários apenas recolocaram os peixes a algumas dezenas de metros das margens. Para o pescador de margem, resta-lhe utilizar um bom mapa da barragem ou o seu conhecimento anterior do local, obtido em períodos de seca, e procurar zonas pro-fundas a que ele possa aceder. Para o pescador embarcado é o período ideal para usar a sua sonda e tentar localizar zonas de inclinação abrupta, a que os americanos se referem como drop-offs, idealmente perto do antigo leito do rio. A des-coberta de locais profundos, perto de estruturas principais das barragens e, idealmente, com coberturas na vizinhança, pode ser altamente recompen-sada, pois, quando existem, es-

sas zonas podem reunir gran-des concentrações de peixe.

POçOS DE MELAssim, se por um lado o verão coloca dificuldades ao pesca-dor, ao afastar os achigãs das zonas baixas onde preferi-mos pescá-los, por outro lado, pode potenciar o fator con-centração. Peixes que habitu-almente dispersam, quando procuram alimento, podem agora concentrar-se em zonas de maior conforto térmico. Podem então surgir pesquei-ros cheios de peixe, habitual-mente designados por “poços de mel” na gíria dos pescado-res de competição. Aquilo que era, inicialmente, uma situação desfavorável, dada a maior di-ficuldade de entrar em conta-to com peixe ativo, pode agora revelar-se uma vantagem. Nem sempre é fácil convencer estas concentrações de peixe a ata-car os nossos artificiais. E nem sempre o fazem a qualquer hora do dia. Mas quando estão reunidas todas as condições, como a escolha da amostra adequada, do tipo de apresenta-ção, da abordagem à zona, e es-tas coincidem com um período de atividade do peixe, podemos ter jornadas de pesca históricas.

TéCNICAS E AMOSTRASNa maior parte das situações, teremos que empregar amos-tras e técnicas que nos permi-tam atingir os peixes, que es-tão a maior profundidade do que é normal. Muitas vezes, a pesca faz-se a mais de 6 metros e, em barragens de águas cla-

ras, ultrapassa, ocasionalmen-te, os 12 metros. Por vezes, o peixe pode ainda afundar mais e, nestas situações, sem ser em competição, o melhor é não in-sistir, sob pena de ser impos-sível devolver os exemplares à água com vida, dados os pro-blemas de bexiga natatória que irão desenvolver ao serem re-tirados dessas profundidades. A opção por vinis e pesos de grandes dimensões, com em-pates Texas e Carolina, permi-te alcançar e capturar grandes exemplares que se escondem na profundidade. O empate drop-shot, em conjunto com vinis de menor dimensão tam-bém é uma escolha popular, quando os peixes estão menos ativos, mas tende a produzir capturas de menor dimensão. No grupo das amostras rígidas,

a opção por crankbaits sem pa-leta, afundantes, permite co-brir aquelas situações em que o peixe se encontra suspenso, al-guns metros acima do fundo, e em que os vinis empatados de forma tradicional não são pro-dutivos. Podemos optar por crankbaits esguios com gran-de paletas que atingem quase os 5 metros, mas tornam-se rapidamente muito cansativos de pescar e não são eficazes para peixes suspensos a maio-res profundidades. Para o pes-cador embarcado, as amostras metálicas, pequenas e pesa-das, habitualmente designadas por metal vibrating lures, são boas opções para a pesca ver-tical e são muito eficazes nestas situações. Ocasionalmente, com águas muito claras e com peixes mais ativos, os jerkbaits e até, as

amostras de superfície, podem ser localizados pelos peixes que vêm das profundezas e realizam violentos ataques, tentando re-gressar rapidamente para a se-gurança e conforto das águas onde se encontravam.

CONCLUSÃONo pico do verão, quando o calor aperta e as condições se tornam difíceis para as várias formas de vida, pescadores in-cluídos, não desista e aplique os seus esforços na localização do peixe que prefere, de forma geral, as zonas mais profundas, nestes dias mais quentes do ano. Não se esqueça de prote-ger os olhos com óculos pola-rizados, usar chapéus de abas largas, abusar do protetor solar e hidratar-se convenientemen-te ao longo do dia.

ACHIGÃ

PONTOS A RETER SOBRE A PESCA NO VERãO

ZONAS BAIXAS COM VEGETAçãO VERDE

1. A temperatura da água está mais ele-vada e com níveis mais baixos de oxi-génio dissolvido, conduzindo a perí-odos mais alargados de inatividade.

2. Existe a tendência para a deslocação dos peixes para zonas mais profun-das em busca das condições ideais, principalmente em barragens de águas claras e sem vegetação.

3. Devem-se privilegiar as áreas com estruturas adequadas, como paredes rochosas e bicos, principalmente os que apresentam quebras bruscas de perfil do fundo (drop-offs) e águas profundas na proximidade.

4. Não esquecer a possibilidade muito forte de permanecerem grandes exemplares em zonas menos pro-fundas com condições adequadas, como vegetação viva e abundância de presas.

5. Os períodos de atividade são mais concentrados, especialmente ao início e ao final do dia, mas existe a forte possibilidade de ocorrerem períodos de alimentação intensos e curtos ao longo do dia, devido ao metabolismo mais acelerado do achigã nesta altura do ano.

Se a barragem que estiver a pescar possuir ainda vegetação verde não deixe de a explorar ativamente, mesmo em zonas muito baixas. A capacidade de produção de oxigénio das plantas, associada à excelente proteção e som-bra que proporcionam, permite que se refugiem aí grandes achigãs. Não é invulgar conseguirem-se capturas de

muito bom porte, em menos de um metro de água, mesmo em dias de mui-to calor. No entanto, se a vegetação já estiver acastanhada, morta e a come-çar a entrar em decomposição perde a capacidade de concentrar aí peixe já que os seres decompositores gastam oxigénio, tornando a zona incapaz de suportar vida.

Captura na zona de vegetação no verão.

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 201218

LUCIOPERCASEM INíCIO DE éPOCAA lucioperca é um peixe cada vez mais omnipresente nas nossas águas, quer queiramos quer não. Por isso, se temos que as ter por cá, porque não tirar partido disso e tentar a captura de alguns exemplares de forma mais dedicada?

omo predador de topo e extremamente adap-tável ao meio em que

se encontra, em muitos locais do nosso país atingiu já popu-lações estáveis, tornando-se sempre um desafio a captura dos grandes exemplares. Por outro lado, é uma alternativa às espécies que se encontram em defeso ou início de tempo-rada, enquanto a maioria dos peixes, como por exemplo os achigãs se encontram relativa-mente inactivos, devido ao pe-ríodo de stress pós desova. A lucioperca encontra-se insta-lada consistentemente e colo-nizou já as bacias do Douro, Tejo e Guadiana, bem como nos seus afluentes e algumas barragens próximas, mesmo sem ligação a estes três grandes rios portugueses. Pelo menos no Douro e no Tejo são frequentes os relatos de capturas na ordem dos seis e sete quilos de peso, ficando ainda assim muito aquém dos records europeus para a espécie, que rondam os doze quilos.

LOCALIzAçÃOPreferencialmente, neste perí-odo do ano as luciopercas pro-curam as zonas superiores das massas de água, que apresen-tem ligeira corrente, chegan-do mesmo a ser pescadas em locais de baixa profundidade, menos de um metro e meio, desde que a água apresente alguma turbidez. O motivo prin-cipal porque o fazem é jus-tamente o imperativo da sua reprodução e procura de ali-

mento, que desta forma lhes chega sem esforço através da corrente. Assim e uma vez que a maioria dos pequenos peixes também procura mais águas baixas e correntes, tais como as bogas e escalos e barbos e percas, percebe-se o porquê deste posicionamento. Se es-tas zonas forem de cascalho ou areão grosso, mesmo que com alguma profundidade, são tam-bém locais de concentração de luciopercas visto que os lagos-tins são também uma parcela importante da sua alimentação e procuram estes locais para se alimentarem, tornando-se ao mesmo tempo presa fácil devi-do à falta de esconderijos. Os períodos do dia mais propícios são o amanhecer e o anoitecer, visto que tiram partido da sua excelente visibilidade e adap-tabilidades à pouca luz, facil-mente denunciada pelos olhos de grande tamanho e aspecto vítreo, que confirmam esta sua característica.

CANAS E CARRETOS E FIOSA lucioperca não é normal-mente uma grande lutadora, mesmo os grandes exempla-res, sendo muitas vezes a sua captura uma grande desilusão em termos desportivos. No en-tanto, os maiores exemplares podem resistir mais ao pesca-dor, sendo ainda assim per-feitamente capturáveis com o equipamento dos achigãs. Ire-mos por isso adaptar da mes-ma forma, o material de cas-ting e spinning que usamos nos achigãs, bem como os ti-

pos de amostras, para usar nas luciopercas. Relativamente às linhas, e considerando que a lucioperca é um peixe pouco desconfiado e pouco lutador, podemos recorrer a medidas entre 0.25mm e o 0.30mm sem qualquer receio de quebra. Além disso os seus pronuncia-dos dentes, embora algo assus-tadores, possuem um formato cónico, o que não origina proble-mas de ruptura por este motivo.

AMOSTRASPor norma, as luciopercas não atacam amostras de superfície, não sendo de todo impossível esta hipótese. A pesca não é fe-lizmente, uma ciência exacta e cada peixe é um indivíduo in-dependente que reage de for-ma diferente, uma vez que tem capacidade de decisão indivi-dual. Por isso iremos apenas considerar amostras que traba-lham abaixo da linha de água, como sendo as mais adequadas a esta espécie.Como se trata de um peixe que ataca com facilidade as amos-tras de vibração, podemos apostar nos vulgares crankbaits e liplessbaits, como das mais produtivas e mais localizado-ras de peixe. Os formatos mais alongados são mais produtivos porque se assemelham mais ao seu alimento natural e ao mes-mo tempo são mais apetecíveis, devido à facilidade de ingestão.Também os vinis podem ser uti-lizados em todos os formatos e montagens. Particularmente eficaz é a montagem num ca-beçote (ou jighead), entre os

sete a os dez gramas, com vinis de todo o género de formatos. Desta forma é possível utilizar stickbaits, lagostins, minhocas, grub’s de uma ou duas cau-das, skirted grub’s, tubejig’s, swimbait’s, shad’s, etc.

AS CORES As cores que se revelam mais produtivas para as luciopercas são também as que mais se apro-ximam do seu alimento natural. As que se assemelham à colora-ção natural dos pequenos peixes de que alimentam, bem como dos lagostins, produzem sempre bons resultados e são por isso recomendadas quer nos iscos duros, quer nos iscos de vinil.

Por outro lado, verifica-se fre-quentemente o oposto a esta realidade. Este peixe frequen-temente parece mostrar uma grande voracidade por cores perfeitamente incomuns no seu meio. Concretamente as cores berrantes, como o laranja, verde e amarelo vivos… Estas cores parecem produzir uma melhor aceitação em condi-ções de baixa luminosidade e ou águas menos límpidas, tornando-se bastantes vezes a mais produtivas do dia, por oposição às de aspecto natural. Nota final mas não menos im-portante, para a velocidade de recuperação das amostras. To-das as técnicas devem ser abor-

C

PREDADORES

192012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

TEXTO E IMAGENSGomes Torres

dadas numa perspectiva mais lenta do que se estivéssemos a pescar achigãs. Este peixe tem como característica a persegui-ção da presa durante algum tempo para só depois desferir o ataque final, muitas vezes já junto a nós, próximo da mar-gem ou do barco. A sua enor-me barbatana caudal propor-ciona-lhe a capacidade de no último instante, disparar o ata-que à presa, com sucesso. Ain-da assim, muitas vezes a amostra é perseguida até ao limite sem que se verifique o ataque, pro-vavelmente por se deslocar de-masiado rápido para que o pei-xe seja tentado a atacar a presa sem receio de falhar.

PREDADORES

As luciopercas têm uma predileção por amostras vibratórias.

Iscos realistas à esquerda e iscos atrativos à direita. Quais os mais produtivos?

Entre os vinis, as ambiguidades mantêm-se.

O equipamento de achigãs é perfeitamente utilizável na pesca da lucioperca.

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 201220

PENICHE UMA CIDADE PARA PESCAR

ROTEIRO

IMAGENSSara Silva

TEXTOCarlos André

cidade de Peniche é envolvida por mar e apresenta uma di-

versidade de recursos turísticos que inclui uma gastronomia rica e variada dominada pelos pratos de peixe e marisco. O concelho de Peniche oferece diversas for-mas de alojamento desde uni-dades de turismo no espaço ru-ral e hospedarias, a parques de campismo e excelentes hotéis. A pesca desportiva está entre as actividades de integração social e lazer mais difundidas no mun-do, sendo uma prática que procu-ra a união familiar ou de grupos de amigos. Muitas vezes é motiva-ção para uma viagem de turismo.Peniche caracteriza-se por ter uma orla costeira virada ao quadran-te norte, outra ao quadrante sul e outra ao quadrante oeste.

Esta última é uma zona muito fustigada pelo vento, mas temos sempre a possibilidade de fugir ao mesmo. Relativamente ao mar, a situação é semelhante, pois se este estiver agitado a norte, nor-malmente está mais calmo a sul ou vice-versa. Esta é uma das grandes vantagens da pesca apeada em Peniche.Ao chegarmos a Peniche temos à nossa escolha duas praias com todas as condições para a pesca de surfcasting, a norte a Praia da Gamboa e Baleal e a sul a praia Super Tubos e Consolação, com acessos e estacionamento de grande qualidade. São duas praias que mesmo em época balnear têm zonas não concessionadas que são naturalmente aprovei-tadas para fazermos as nossas pescarias nesta altura do ano.

PRAIASAs praias a sul são muito boas a partir de Maio, porque é nesta altura que chegam as primeiras douradas, enquanto a norte chegam um pouco mais tarde. A partir de Agosto temos os roba-los que também fazem as nossas delícias. Estes peixes podem ser capturados de dia, mas é de noite que se fazem as grandes pescarias.

OS ISCOS E A TéCNICA DE PESCAOs iscos são sempre preponde-rantes para obtermos os melho-res resultados, portanto devemos sempre ter a maior diversidade possível, tendo em conta a for-ma de iscar, para que o isco se apresente ao peixe o mais na-tural possível. Para a pesca do robalo a sardinha será sempre o isco de eleição nestas praias.

[6] Papôa - Barreiro Baixo.

[5] Papôa - Laje espinhosa com bom acesso.

[2] Ilha do Baleal. Ao fundo praia do Baleal e Cova d’Alfarroba.

[3] Praia Supertubos, Medão Grande e Consolação.

[4] Varanda para deficientes.

[1] Praia da Gambôa, Cova d´Alfarroba e Baleal.

212012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

ROTEIRO

Esta técnica de pescar requer muito conhecimento de leitura do mar. Enquanto no surfcasting podemos pescar numa zona de praia mais ou menos funda, e com forte corrente ou não, resolvendo--se este problema, obviamente, com o formato e o peso da chum-bada e o tipo de aparelho [monta-gem] a utilizar. Evidentemente tem de haver um equilíbrio entre a gramagem da chumbada, fio de choque e fio do carreto, para que tudo funcione na perfeição. Contudo, na técnica de pesca do robalo com sardinha a forma de escolher o pesqueiro requer conhecimento, porque esta téc-nica só funciona em certos aguei-ros, em pontos de maré que se formam nas coroas de areia, nas duas últimas horas de bai-xa-mar e nas duas primeiras de

preia-mar. Reunidas estas condi-ções teremos certamente as me-lhores oportunidades de sucesso.

PESQUEIROSSubindo a marginal norte che-gamos ao Portinho de areia Norte, e aqui avistamos a tão famosa Papôa, que fica uns me-tros mais à frente. Esta é uma zona de eleição para pratica-mente todo o tipo de pesca, como por exemplo a pesca à bóia, spinning, corrico, congro etc. Quem gosta de pescar em pesqueiros altos tem toda a zona do Talefe, muito procu-rada para a pesca à bóia com gramagem pesada, [conhecida como pesca ao engano] muito próspera em sargos e doura-das, principalmente na época de verão. Para os amantes da

pesca à bóia com engodo, buldo ou

spinning, estes são os pesqueiros de eleição:

Barreiro Baixo, Pedra do Cavalo, Três Bicos,

Cova do Robalo, Pedra Alta, Pedra Negra. Todos estes pes-queiros estão situados na Papôa e são excelentes na pesca aos sargos e robalos.Se continuarmos pela mesma marginal, vamos encontrando outros pesqueiros de enorme qualidade, como por exemplo Canto do Muro, reservado a pescadores com dificuldades motoras, Alto do Trovão, Bone-ca, a Furada, Frei-Rodrigo, Mi-radouro, Laje dos Remédios, Pintassilgo, Laje Redonda, Fer-rapillho, Pedra Nova, Varanda de Pilatos, a Greta e finalmente chegamos ao Cabo Carvoeiro onde encontramos a tão fa-mosa Laje da Estação, Laje dos Pargos e Laje dos Burros muito procuradas pela pesca noctur-na aos carapaus e cavalas.Virado para sul temos uma zona interdita à pesca desportiva, zona esta reservada à estação de tratamento de águas resi-duais. Seguindo a marginal sul temos então: Furna que Sopra, Cova Dominique, Forninha, Paços D. Leonor, Painel das Pombas, Carreiro de Joanes, Caminho do Inferno, pesquei-ros onde nas noites quentes de verão predominam os ca-rapaus e as cavalas. No inver-no também se fazem grandes pescarias aos sargos, robalos, congros, assim como outras espécies em muitos destes pes-queiros virados a sul.Por fim acabamos no portinho de areia sul, sendo esta uma zona de excelência para toda a família desfrutar a praia e/ou pesca, que se pratica como um desporto ou hobby, sem que dele dependa subsistência do pescador. Também podemos chamar pesca de lazer ou pes-ca amadora.

[12] Passos D. Leonor.

[13] Cova Dóminique.

[11] Laje dos Pargos.

[8] Papôa - Varanda da Pedreira.

[9] Frei-Rodrigo, bom acesso.

[10] Ferrapilho e Pedra Nova. Pesqueiros muito perigosos.

[7] Papôa - Zona do Talefe.

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 201222

grande evolução téc-nica ao nível dos ma-teriais nos últimos

anos tem alterado a forma como pescamos e competimos.A utilização de novos carbonos e resinas epoxy têm permitido o aparecimento de canas cada vez mais leves, resistentes, finas e de superior sensibilidade. Alterámos também a nossa pre-ferência no que a carretos diz respeito, passando a utilizar cada vez mais, modelos de drag fron-tal e bobine de diâmetro eleva-do como por exemplo o Vega Insígnia 40. Estas características permitem efectuar grandes lan-çamentos e em virtude do diâ-metro da bobine, mantêm ve-locidades de recuperação reais muito elevadas. Os fios quer sejam de fluorocarbono ou em nylon têm também registado grande evo-lução, permitindo hoje a utilização de diâmetros mais reduzidos com ganhos ao nível das resistências, da maleabilidade e da durabilidade.Fundamentais na competição e no entanto tantas vezes negli-genciadas são as bóias. Noto por vezes em conversa com alguns pescadores, inclusive no meio da alta competição, que não se dá a devida atenção às bóias, achando que qualquer uma faz o serviço. Fazer até podem fazer mas algumas não o fazem bem. Em alta competição é determi-nante que as bóias sejam de altíssima qualidade, perfeita-mente equilibradas nos mate-riais e na concepção. Só assim

podemos tirar o máximo ren-dimento e eficácia de um com-ponente que sendo dos mais baratos, é talvez o mais deter-minante na nossa modalidade.Existe uma infinidade de modelos de bóias para a pesca á inglesa e á francesa no mercado sendo que na realidade necessitamos ape-nas de quatro ou cinco para fazer face às exigências da maioria das pistas de pesca em Portugal.A Vega em estreita colaboração com o TeamVega desenhou e de-senvolveu uma gama de bóias destinadas á alta competição nas nossas águas. Esta gama foi in-teiramente produzida naquela que é actualmente considerada a melhor fábrica de bóias da Eu-ropa, utilizando apenas os me-lhores componentes, da balsa mais densa às penas de pavão seleccionadas pela sua densi-dade, comprimento e calibragem. Passo então a uma breve descri-ção de cada um destes modelos, esperando trazer algum escla-recimento a um tema onde noto existirem muitas vezes algumas dúvidas e muita confusão.

BLASTBóia muito sensível, com perfil de oliva alongada e antena de plás-tico com 1mm de espessura e boa visibilidade. A quilha fina e longa em carbono, confere-lhe grande equilíbrio e estabilidade mesmo em condições de muito vento. Pela sua sensibilidade é ideal para águas paradas ou com ligei-ras correntes sendo indicada para

pescar em todas as nossas pistas. Disponível de 4x12 a 3,00g

STARBóia com quilha muito resisten-te em carbono e antena oca de plástico com 2mm de diâmetro e grande visibilidade. O seu cor-po corre solto na quilha o que permite passar o fio entre os mes-mos, conferindo-lhe uma enor-me resistência. Perfeitamente equilibrada, apresenta um exce-lente compromisso entre a resis-tência e uma enorme sensibili-dade. É a bóia ideal para pescar carpas em águas paradas ou com pouca corrente. Está disponível em 5 tamanhos entre 4x12 e 1,00g.

ELITEDisponível em tamanhos que vão de 4x16 a 14,00g, é talvez a bóia mais versátil que podemos encontrar no mercado podendo ser utilizada em técnicas de pes-ca á francesa e á bolonhesa. As quilhas são longas em carbo-no e as antenas em plástico de grande visibilidade. Ambas va-riam de diâmetro conforme o tamanho da bóia. O fio passa pelo interior do corpo furado o que

lhe aumenta a resistência e du-rabilidade. É ideal para pescar em correntes ligeiras e médias, por exemplo na “passata”, mantendo sempre uma grande estabilidade.

ExTREMEBóia para pesca á inglesa, com corpo em balsa de elevada den-sidade e calibragem por um sis-tema de anilhas múltiplas que permite alterar a montagem utili-zada sem trocar a bóia. As penas de pavão utilizadas na concepção deste modelo são seleccionadas entre as melhores para apresenta-rem a melhor calibragem possí-vel assim como para manterem grande uniformidade de tama-nhos. As mesmas incorporam um estabilizador que permite lançar a grandes distâncias mantendo a precisão e evi-tando os característicos “rolamentos” da bóia durante o voo. Os aca-bamentos perfeitos as-sociados ao cuidado design técnico, con-ferem uma gran-de sensibilidade aos toques assim como uma es-

tabilidade em corrente bastante acima do espectável. Está dispo-nível entre as 10g e as 30g, agora com um novo tamanho de 20g.

PREDATORDesenhada para pescar a pe-quenas e médias distâncias, é di-ferenciada das restantes ofertas do mercado pela qualidade das suas penas. Com o objectivo de alcançar o melhor equilíbrio dinâmico mantendo a capaci-dade de lançamento e estabi-lidade, foram seleccionadas as melhores penas disponíveis tanto a nível de comprimento como de diâmetro. A grande flutuabili-dade e calibragem destas pe-nas permitem a construção destas bóias até 7g, man-tendo a sua efectividade e evitando a adição de qualquer corpo em material diferenciado. Incorpora o versátil sistema de calibra-gem por anilhas múltiplas que permite alterar a montagem sem trocar de bóia.

COMPETIÇÃO

BÓIAS DE CAMPEÃO

A

TEXTOAntónio Marques

IMAGENSRedação

232012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

BIOLOGIA

dourada é sem dú-vida uma das espé-cies mais apetecidas

na pesca lúdica e a sua captura é sempre o coroar de uma jor-nada de pesca bem sucedida. Rainha no surfcasting, mas possível de capturar com várias outras técnicas, a sua natureza desconfiada, transforma a sua captura num constante desafio.A dourada, pertence á familia dos Sparídeos (Sparidae), a mes-ma família á qual pertencem espécies como o sargo, o pargo ou a ferreira. É uma espécie de elevada adaptabilidade, dai que para além de ocorrer em ambientes oceânicos, e depen-dendo da época do ano, possa ocorrer também em zonas de estuário e de lagoas costeiras (rias). Ocorre a profundidades que vão de 1 - 150 mt, mas pre-ferencialmente entre os 1 - 30 mt em zonas de fundo rochoso ou misto com coberto vegetal, arenoso ou até areno-vazoso quando em ambientes estuari-nos e de rias.De entre os Sparídeos, a doura-da possui uma maior proximi-dade com as diferentes espé-cies de pargos do que com as espécies de sargos, e em cativei-ro é mesmo possível conseguir hibridos de pargo e de doura-da. Em termos de reprodução, as douradas são hermafrodi-tas protândricos, isto é, matu-ram primeiro como machos, durante o primeiro e segundo anos de vida e aos três anos transformam-se em fêmeas. A desova tem lugar algures en-tre Outubro e Dezembro, sen-do que a libertação dos ovos se faz de forma sequêncial ao longo de um periodo alargado de tempo. O elevado interesse comercial desta espécie e a sua insuficiente oferta de mercado através da pesca comercial, foi o motor da sua produção em ca-tiveiro, iniciada em larga escala nos anos 80 do século passado. As primeiras unidades de pro-

dução dividiam-se entre aquilo a que se chama a produção ex-tensiva, isto é, animais mantidos em grandes tanques de terra ou tejos (muitas vezes reconver-tidos de salinas), as chamadas tapadas, com uma baixa densi-dade de animais de origem na-tural e entregues a si próprios na busca do alimento, ou as unidades de produção semi--intensiva, onde indivíduos produzidos em cativeiro, eram colocados em tanques de ter-ra de menores dimensões e já com a maior parte da sua ali-mentação garantida pela mão humana. Posteriormente, começaram a surgir as primeiras unidades de produção intensivas. No início, o conhecimento sobre as ne-cessidades nutricionais desta espécie eram ainda diminuto e a alimentação artificial provi-denciada era feita com recurso a dietas produzidas para salmo-nídeos (truta e salmão), com altos teores de gordura e por isso, desadequada para esta es-pécie. Isso, fez com que o pro-duto final ficasse longe da exce-lência gastronómica dos peixes selvagens que o consumidor co-nhecia. Desde essa fase até aos dias de hoje, muito mudou, as dietas são hoje adequadas

a esta espécie e o produto final é incomparavelmente melhor. Muito do sucesso da produção da dourada em cativeiro tem por base, não só a sua adap-tabilidade a diferentes am-bientes, mas também a enor-me diversidade de presas que aceita, e isso, reflecte-se tam-bém na enorme variedade de iscos possíveis de utilizar na sua pesca. Desde as poliquetas (minhocas) (ex. minhoca-da-la-ma, casulo, minhocão, ou mes-mo a salsicha), bivalves (ex. berbigão, lingueirão, navalhas ou amêijoa-branca) crustáce-os (ex. camarão, caranguejos e pagurídeos (casas-alugadas/ca-ranguejos-ermitas)), cefalópo-des (ex. choco) ou peixe (ex. sardinha) muitos são os iscos possíveis de serem utilizados com sucesso. Da mesma forma, e dada a sua enorme adaptabilidade a dife-rentes ambientes marinhos, muitas são as técnicas que po-dem lograr boas capturas de dourada. Á bóia com apresentação dis-cretas, com montagens muito semelhantes à pesca à Inglesa utilizada nos ciprinídeos, em zonas de rias ou estuário, ou de forma mais tradicional em zonas oceânicas é possível lo-

grar boas capturas. No entanto, as técnicas de fundo utilizadas no surfcasting são sem dúvi-da as mais comuns de serem utilizadas na captura desta es-pécie. É uma espécie natural-mente desconfiada, e por isso, as apresentações discretas em que as montagens permitem a linha “correr” (ex. rabeira), são bastante produtivas e cos-

tumam obter bons resultados.Independentemente da técnica utilizada, pela nobreza da luta que imprime quando ferrada, a sua captura é sempre um mo-mento alto e gratificante numa jornada de pesca e é esse um dos factores que a transforma numa das espécies mais apete-cidas e cobiçadas na pesca lúdi-ca em Portugal.

A DOURADATEXTO E IMAGENSJorge Palma

NOME COMUM Dourada

CLASSE Actinopterygii

ORDEM Perciformes

FAMÍLIA Sparidae

NOME CIENTÍFICO Sparus aurata (Linnaeus, 1758)

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Atlântico Este, desde as Ilhas Britânicas até ás ilhas de Cabo Verde, zonas circundantes às ilhas Canárias. Presente também no Mediterrâneo e já registada no Mar Negro.

ALIMENTAÇÃO Bivalves, crustáceos, poliquetas, peixes, cefalópodes e ocasionalmente algas.

RECORD EFSA Dependendo da classe de linha varia entre 4.200 gr e 7.360 gr.