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Força Tarefa da ITF discute segurança em Offshore no Rio Entidades formam comitê para estudar novo plano de previdência da Petros Docenave põe seus navios à venda SINDMAR firma acordo com Petrobras, Flumar e Barcas Num mŒs prdigo, o SINDMAR firmou trŒs Acordos Coletivos de Trabalho. O mais abrangente deles, pelo nœmero de beneficiados e pelo que representou de avanos para a categoria, foi sem dœvida o da Petro- bras/Transpetro. Nªo foi uma conquista fÆcil, pelo contrÆrio: s vØsperas do Carnaval, os martimos da Transpetro se viram obrigados a fazer uma paralisaªo de 24 horas para quebrar a resistŒncia da empresa em nego- ciar. Os dois outros acordos assinados pelo Sindicato, com a Flumar e com a Barcas S.A., puseram fim a um jejum de cinco e dois anos, res- pectivamente, em que os martimos das duas empresas estiveram sem a proteªo de um acordo salarial. Páginas 6 e 7 Jornal do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante - SINDMAR - Julho/2001 JORNAL PADRONIZADO DAS ENTIDADES FILIADAS À CONTTMAF - ANO II - N º 8 Ao lado do primeiro presidente do SINDMAR, Severino Almeida, o presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, assina o Acordo Coletivo de Trabalho durante solenidade realizada no Per MauÆ em 16 de maio. Protesto contra a compra de navios estrangeiros pela Transpetro Página 5 Alexandre Brum Página 10 Página 8 Página 9 Página 3 Justiça de Brasília condena falsas cooperativas

Jornal do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha … · JORNAL PADRONIZADO DAS ENTIDADES FILIADAS À CONTTMAF - ANO II - N º 8 Ao lado do primeiro presidente do SINDMAR, Severino

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Força Tarefa da ITFdiscute segurança

em Offshore no Rio

Entidades formamcomitê para estudar

novo plano deprevidência da Petros

Docenave põe seusnavios à venda

SINDMAR firmaacordo com Petrobras,

Flumar e BarcasNummês pródigo, o SINDMAR firmou três Acordos Coletivos de

Trabalho.Omais abrangente deles, pelo número de beneficiados e peloque representou de avanços para a categoria, foi semdúvida o da Petro-bras/Transpetro.Não foi umaconquista fácil, pelo contrário: às vésperasdoCarnaval, osmarítimos daTranspetro se viramobrigados a fazer umaparalisação de 24 horas para quebrar a resistência da empresa emnego-ciar. Os dois outros acordos assinados pelo Sindicato, com a Flumar ecom aBarcas S.A., puseram fim a um jejum de cinco e dois anos, res-pectivamente, emque osmarítimos das duas empresas estiveram semaproteção de um acordo salarial.

Páginas 6 e 7

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Jornal do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante - SINDMAR - Julho/2001

JORNAL PADRONIZADO DAS ENTIDADES FILIADAS À CONTTMAF - ANO II - Nº 8

Ao lado do primeiro presidente do SINDMAR, Severino Almeida,o presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, assina oAcordo Coletivo de Trabalho durante solenidade realizada noPíer Mauá em 16 de maio.

Protesto contra acompra de naviosestrangeiros pela

Transpetro

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Página 5

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Alexandre Brum

Página 10

Página 8

Página 9

Página 3

Justiça de Brasíliacondena falsas

cooperativas

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Editorial

caminho traçado pela políticabrasileira nos anos 90 lançou-nos num presente onde direitos

históricos da classe trabalhadora forame estão sendo eliminados por sistemáti-cas iniciativas do Governo federal. Tudoem nome de uma modernidade e globali-zação que desemprega ou avilta. Precei-tos que foram �vendidos� de forma inte-ligente, enaltecendo a cultura do indivi-dual , desprezando e ridicularizando ocoletivo, levando os trabalhadores a vo-tarem em seus próprios algozes.Companheiros que estão na ativa,

aposentando-se ou já aposentados, têmvivido na própria carne as conseqüênci-as das alterações nas legislações traba-lhista e previdenciária.Para viabilizar estas alterações, o go-

verno conta cada vez mais não apenascom os partidos de sua base de susten-tação no Congresso Nacional (PFL,PSDB e um indeciso PMDB), mas tam-bém com um conjunto de entidades sin-dicais, capitaneadas pelas Centrais Sin-dicais que negociam direitos trabalhis-tas e previdenciários em troca, principal-mente, de recursos do Fundo de Ampa-ro dos Trabalhadores, o FAT.Nenhuma das Centrais Sindicais es-

capa deste canto de sereias. A diferençaestá apenas na intensidade com que selançam na busca dos recursos do FAT eno tamanho das bases e correntes, des-tas Centrais, que permanecem fiéis aosinteresses de seus representados.Está em curso uma ofensiva do Go-

verno para modificar a legislação, a fimde que as cláusulas negociadas pelossindicatos se sobreponham ao dispostonas leis. Como hoje nada impede a nego-ciação para se obter vantagens salariaise sociais acima do mínimo exigido porlei, resta-nos a conclusão óbvia de quequem defende estas alterações pretendenegociar abaixo do que a lei permite.Esta ofensiva do Governo faz mais

sentido quando aliamos este esforço àstentativas, até agora fracassadas, deacabar com a UNICIDADE sindical. Ga-rantida pela Constituição, ela não per-

A herança dos anos 90 e a construção dopresente e do futuro.

Tenho 47 anos. Tinha 25 quandoingressei na Petros. Constituí famíliacedo e estou entre aqueles que opta-ram por navegar na Fronape. Ofere-ciam um trabalho difícil, mas um futu-ro tranqüilo e seguro, para mim e mi-nha família. Neste planejamento devida, incluíram a Petros. Durante os13 anos que estive no mar, operei emterminais, quadro de bóias e mono-bóias. Não foram poucos os momen-tos em que refletia sobre minha op-ção. Ela me afastava de portos e lu-gares mais interessantes e operaçõesmenos estressantes. Em todas estasreflexões nunca deixei de consideraras vantagens dos benefícios do Pla-no Petros.Em1987 fui demitidopor justa cau-

sa, por participação em greve. Vireinoites com minha família produzin-do sanduíches que tentávamos ven-der no dia seguinte. Momentos difí-ceis que não foram suficientes parasair da Petros e receber a reserva depoupança. Tudo isto me vem à men-te quando sou provocado pela cam-panha de migração que tem, comopano de fundo, alterações na legisla-ção previdenciária complementar.Não sou agente passivo em jogo

de políticos estúpidos ou corruptose burocratas de plantão que agravamos dispositivos legais em seus esfor-ços para beijarem mãos de príncipes.Para os primeiros, reservo-lhes o tirode meu voto e de tantos quanto pos-sa influenciar. Para os outros, o meudesprezo e nossas vitórias na luta sin-dical. Para ambos minha disposiçãode luta e minha determinada decisãode permanecer no mesmo plano aoqual ingressei em minha juventude.Para todos, minha confiança que ven-ceremos este momento difícil. Vitóriaque será mais oumenos difícil depen-dendo de quantos resolvam ficar elutar.Exijo o futuro tranqüilo e seguro

que contratei ao assinar minha ade-são e pelo qual estou pagando du-rante mais de duas décadas.Nemmais. Nemmenos.

Um determinadoNÃO à migração

Severino Almeida Filho (*)

(*) Presidente da CONTTMAF e doSINDMAR

O

JornalUNIFICARAv. Presidente Vargas 309 / 15º andar - Candelária - Rio de Janeiro - RJCEP: 20071-003Tel.: (21) 2518-2164 / Fax: (21) 2253-4524 - E-mail: [email protected]ção: Assessoria de Imprensa do SINDMARDiagramação: Melanie Guerra

mite que mais de um sindicato repre-sente a mesma categoria de trabalhado-res. Imagine como seriam nossas vidascom a criação de novos sindicatos esti-mulada pelos empregadores sempre queestes se defrontassem com dificuldadesem impor suas posições na mesa de ne-gociação!Não basta ao SINDMAR perfilar-se

ao lado dos autênticos sindicatos, inde-pendentemente de serem ou não filiadosa Centrais. Não basta que o SINDMARdê sua contribuição institucional na lutacontra os vendilhões de direitos.Torna-se indispensável FORTALE-

CÊ-LO PARA RESISTIR, e isto é atri-buição de cada Oficial Mercante brasi-leiro. Associar-se é um passo indispen-sável, mas não é o único. Estar próximodele, participar e acompanhar suas de-cisões, divulgar e defender suas ações,procurar ampliar a consciência sindicalde nossa base são complementos im-portantes. Somos e seremos cada vezmais fortes a medida que consolidemosnossa união. Temos orgulho em termosa filiação de 88% dos Oficiais de Náuti-ca e 71% dos Oficiais de Máquinas.Certamente este é um dos maiores per-centuais no sindicalismo brasileiro.Acompanhamos com muito entusiasmoo crescimento destes percentuais, poiseles sinalizam que estamos no caminhocerto.Urge desenvolvermos a consciência

de que nossos Acordos Coletivos, obti-dos sem entregas de conquistas históri-cas de nossos representados, não po-dem estar a mercê de aventureiros quevêem no sindicalismo um negócio lucra-tivo. Estejam os termos negociados fa-vorecendo ou não seus representadosou pretensos representados.Defender a UNICIDADE e lutar com

todas nossas forças para que o negocia-do não se sobreponha ao legislado é umdever de todos. De dirigentes que têmcompromissos com seus representadose dos trabalhadores em geral que, em úl-tima análise, sofrerão as conseqüências,caso esta ameaça se concretize.

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Marítimos devem aguardar estudos antesde migrar para o novo plano da Petros

PREVIDÊNCIA

o jeito que está, o novo Plano dePrevidência da Petros � o Petro-bras Vida � não atende aos inte-

resses dos marítimos. Esta foi a conclu-são dos participantes da reunião promo-vida pelo SINDMAR em sua sede, em 20de junho, para discutir a migração pro-posta pela empresa. A decisão, tirada porconsenso na reunião, foi recomendar queninguémmigre para o novo plano até queas entidades representativas de classe si-nalizem nesse sentido.As entidades que representam os tra-

balhadores vinculados à Petrobras e apo-sentados da Petros � entre as quais aAEPET,Ambep,FUP, alémdoSINDMAR� formaram um comitê que, além deaprofundar os estudos sobre as conse-qüências damigração, irá organizar açõespara pressionar a Petros a fazer as mu-danças que se fizerem necessárias. Umadas decisões já tomadas é exigir que aPetros estenda o prazo de migração, quese encerra em 31 de agosto.Participaramda reuniãododia 20, além

de diretores do SINDMAR e de seu pri-meiro presidente, SeverinoAlmeida, o di-retor de Previdência da Federação Únicados Petroleiros (FUP) emembro do Con-selho Curador da Petros, Paulo CésarChaimado Martins, o vereador carioca,Ricardo Maranhão, que também integrao Conselho, além do advogado daCONTTMAF, Edson Martins Areias.Também estiveram presentes líderes desindicatos coirmãos, marítimos da ativae aposentados do sistema Petros.Paulo César Martins mostrou as di-

ferenças entre o atual Plano de BenefícioDefinido (BD) e o novo Plano de Contri-buição Definida (CD), o chamado PlanoVida. Segundo ele, a Petrobras, forçadapelo Governo Federal � que quer tocar areforma previdenciária seguindo acartilha dos credores internacionais �está atropelando um processo que deve-ria ser gradual e bastante discutido. Paratanto, vem fazendo intensa campanha depropaganda para convencer os associa-dos da Petros.Ricardo Maranhão, por sua vez, foi

enfático: �não podemos aceitar esse tipode coisa. Precisamos decidir pela migra-ção ou não com muita cautela, porqueisso pode mudar nossas vidas�. �APetros está usando um artifício fraudu-lento para atrair os aposentados para amigração. Oferece três ou quatro salári-os para quemmigrar como incentivo. Narealidade, isso não passa das perdas acu-muladas há cinco anos, que estariam sen-do devolvidas sem correção�.Em 30 anos de existência da Petros, a

Petrobras propõe a troca do plano previ-denciário por outro cuja vantagem é o quea lei já garante: o reajuste anual de benefí-cios, previsto na Lei 6.435/77, noDecreto

Abaixo, alguns dos pontos que levaram à decisão de não aderir à migração previ-denciária:

l O novo plano CD colide com vários artigos do atual Estatuto da Petros. Eletambém acaba com a categoria de mantenedor fundador e os seus direitos conquista-dos;

l Ao migrar para o CD, o participante �rasga� o contrato atual, perdendo assimtodos os direitos adquiridos através de �ato jurídico perfeito�, além de aceitar a defa-sagem salarial existente e as perdas provocadas por desequilíbrios do plano atual;

l Até então, no plano BD os riscos eram assumidos exclusivamente pela patroci-nadora, enquanto no plano CD os riscos são transferidos para os participantes;

l NoplanoCDnão existe regra clara que defina aposentadoria futura.O benefíciodependerá do desempenho das aplicações, feita pelos gestores, de uma conta indivi-dualizada, bem como da expectativa de vida que o atuário irá definir, entre algumastábuas biométricas possíveis.

81.240/78 enaResoluçãoCGPC-03/80.No dia 26, o Comitê em Defesa dos

Participantes da Petros se reuniu paradiscutir e aprovar um documento, elabo-rado por Ricardo Maranhão e PauloCésar, que será divulgado pelas entida-des sindicais.As decisões tomadas no dia 20 foram

ratificadas em nova reunião, realizada nodia 27, com a participação de liderançassindicais dos marítimos, pessoal da ati-va e aposentados. Fique atento: outrasreuniões estão sendo realizadas paraacompanhar o processo. Acompanhe asdiscussões pelo site do SINDMAR(www.sindmar.org.br).

No auditório doSINDMAR, marítimos daativa e aposentados do

sistema Petros ouvem comatenção as explicações

sobre as diferenças entre oatual e o novo ...

...Plano de Previdência daPetros, dadas por liderançassindicais que participaram dereunião promovida peloSindicato nos dias 20 e 27 dejunho.

Fotos Alex Farias

D

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CONTTMAF

Seminário sobre transporte aquaviáriodiscute o trabalho do marítimo

atividadeOffshore noBrasil tempotencial para gerar um grandenúmero de empregos para oma-

rítimo nacional, mas autoridades, empre-sários e parlamentares precisam assumiro compromisso de que isso se dê em ba-ses dignas, legais e seguras, mantendo omeio ambiente livre de desastres. Esta foi,em síntese, a mensagem do presidenteda CONTTMAF, Severino Almeida Fi-lho, ao participar do 3º Seminário sobreTransporte Aquaviário (Aquatrans),promovido pela Diretoria de Portos eCostas (DPC) da Marinha para discutirOffshore no Brasil. O seminário foi reali-zado nos dias 30 e 31 de maio no auditó-rio do Candelária da Universidade GamaFilho, no Rio, com objetivo de aprimoraros conhecimentos dos integrantes doSistema de Segurança no Tráfego Aqua-viário (SSTA) sobre o assunto, segun-do a DPC .

os contratos coletivos de trabalho acor-dados com instituições sem reconheci-mento internacional.O presidente daCONTTMAFcriticou

a política salarial adotada pelas empre-sas nacionais. Como exemplo, ele com-parou os gastos com salários e encargosde uma tripulação nacional e outra es-trangeiras numa embarcação da catego-ria PSV-6000BHP.Ocustomensal de umatripulação nacional está em torno de US$12,210.00. No navio estrangeiro, o gasto

ACONTTMAF, em comum acordo com as federaçõese sindicatos afiliados, firmou contrato de prestação de ser-viços com a Consultores Associados Ltda � Consultoriaem Previdência Social. A intenção é ter apoio legislativo eacompanhamento para facilitar a conclusão dos processosdos associados dos sindicatos junto ao INSS. A ação serádirigida aos diretores que, a partir de agora, terão apoiotécnico. Isso vai facilitar o andamento dos processos dosassociados. Assim, as possibilidades de um marítimo sair

prejudicado diminuem. Quando o associado se sentir lesa-do, os consultores vão ajudar os diretores a analisar ascondições dos trabalhadores para abrir novo processo,.Também serão feitos seminários e palestras para os sin-

dicalistas. Desta forma, os diretores envolvidos em ques-tões previdenciárias estarão mais inteirados no assunto.Todas as questões serão tratadas nesses eventos � como,por exemplo, as leis que garantem o direito do marítimo equal a documentação exigida do segurado.

Sindicatos têm assessoria previdenciária para ajudar associados

Convidado pelo organizadores parafalar sobre omarítimo brasileiro nas ope-rações Offshore, Severino denunciou aexistência de irregularidades que compro-metem a segurança e condições de traba-lho. Entre elas, a contratação irregular defalsas cooperativas no apoio marítimo e

com amesma tripulação (CMT, IMT,ON,CHEFE, SUB-CHEFE, ELT, CD, 3MNC,MAC, MNM, CZ e TAF) chega a US$24,938.00mensais, segundo aNorwegianMaritime Unions. Além de causar a eva-são de profissionais para embarcaçõesestrangeiras, os baixos salários reduzemo nível de eficiência e segurança opera-cional nas embarcações nacionais.Em relação aos estrangeiros, Severino

defendeu amanutenção de tripulação bra-sileira nas embarcações de bandeira na-cional e o emprego de pelo menos 50%de brasileiros, em todos os níveis técni-cos, nas embarcações estrangeiras quepermaneçam em águas brasileiras por 90

dias ou mais.De acordo com Severino, são neces-

sárias as seguintes medidas para que aatividade Offshore gere empregos: pro-gramas de aperfeiçoamento e prática paraalunos e profissionais sem experiência;ampliação, a partir de 2002, de vagas nosCentros de Instruções, considerando asanálises de mercado feitas pelos sindica-tos dos trabalhadores; viabilizar a forma-ção e prática em posicionamento dinâmi-co; exigir contratos coletivos de traba-lho, em bases aceitáveis pela ITF, nas em-barcações estrangeiras operando emáguas brasileiras; equiparar os custosdas tripulações nacionais e estrangeiras;aumentar o controle nas autorizaçõespara o trabalho e a fiscalização no cum-primento da legislação relativa ao tripu-lante estrangeiro; ampliar o nível de fis-calização do trabalho na atividadeOffshore.

Alex FariasSeverino: críticas à contrataçãoirregular de falsas cooperativas

Alex Farias

À mesa do seminário, OswaldoThielmann, diretor da Abeam, AyrtonBittencourt, superintendente de ensinoprofissional da DPC, Ivan de Freitas,gerente de desenvolvimento de ensinoprofissional da DPC, SeverinoAlmeida e Sérgio Luiz Bambino,coordenador de Inspeção do TrabalhoPortuário e Aquaviário no Rio.

Wilson Pastor

Platéia lotada durante o 3º Aquatrans

A

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CONTTMAF

Em encontro no Rio, Força Tarefa de Offshoreda ITF discute segurança do trabalhosegurança dos trabalhadores emoffshore foi tema de encontropromovido de 9 a 11 demaio pela

Federação Internacional dos Trabalhado-res em Transportes � InternationalTransport Workers Federation (ITF) noRio de Janeiro. O encontro contou com aparticipação da Força Tarefa deOffshore(Offshore Task Force) da ITF, que veioao Brasil a convite da Confederação Na-cional dos Trabalhadores em Transpor-tes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nosPortos (CONTTMAF).AForçaTarefa foi criada em1997 com

o objetivo de denunciar deficiências re-lativas à saúde e segurança no setor deextração de petróleo e gás em todo omundo.Atualmente, ela tem20membros,entre os quais o representante do Brasil,Severino Almeida Filho, presidente daCONTTMAF.Num intervalo entre os trabalhos, par-

ticipantes do encontro participaramde umjantar, no dia 11, que contou com a pre-sença de representantes de empresas deOffhore sediadas no Estado do Rio e dasociedade civil. Entre estes, o presidenteda Petrobras, Henry Phillippe Reichstul;a deputada federal Jandira Feghali (PCdo B � RJ); o secretário estadual de ener-gia e indústria do petróleo, WagnerVicter; o diretor doDepartamento de Por-tos e Costas da Marinha, vice-almiranteEuclides Janot; e a representante do Mi-nistério do Trabalho, Vera Olímpio.

Acidentes têm causas iguais,diz Secretário da ITF

Para o secretário da Força Tarefa, oescocêsNorrieMcVicar, o acidente com aplataforma P-36 da Petrobras, em marçodeste ano, tem a mesma causa dosocorridos em outros países, como o daplataformaAlexanderKielland,naNoruega,noqual 123pessoasmorreramem1980, oude PiperAlpha, naAustrália, destruída poruma explosão em 1988, causando 167mortes. �As companhias não costumamouvir os sindicatos. Eles são vistos comoaqueles que só reivindicam. Não sabemque as entidades também têm políticas de

segurança para o trabalhador�, explicaNorrie.DeacordocomosecretáriodaForçaTarefa, antes do acidente com a PiperAlpha �o clima de medo a bordo daplataforma era tanto que os trabalhadoresnão podiam sequermencionar as palavras�sindicato� ou �proteção de trabalho�, comreceio de demissões�.Desde então, diz ele,melhorou a parceria entre as empresas esindicatos. Norrie lamenta, contudo, quetenha ocorrido tantasmortes para que issoocorresse.Entre as principais decisões tomadas

no encontro estão a identificação e a de-finição de estratégias para lidar com asempresas que mais dão trabalho aos sin-dicatos. Três dessas companhias estãoidentificadas: Havilla, Trico Marine eDSND. Recusa a assinar contrato coleti-vo, desrespeito aos direitos do trabalha-dor e campanhas contra omovimento sin-dical são algumas das práticas abusivasdessas empresas.Defendendo o ponto de vista dos

empresários, o diretor da Abeam, Osval-do Thielman, pregou, em sua palestra,uma parceria entre sindicatos e armado-res. Sua defesa, contudo, foi encaradacom reservas, em razão a difícil relaçãocom as empresas, que costumam assumir

uma posição radical diante de qualquertentativa de negociação salarial. Caso,inclusive, da própria Abeam.PresidentedaCONTTMAFdenuncia

insuficiência de fiscaisEm sua palestra, o presidente da

CONTTMAF, SeverinoAlmeida, apon-tou dois problemas relacionados à con-tratação de trabalhadores estrangeiros.Um deles diz respeito à Unidade Especi-al de Transporte Aquaviário e Portuário.Apesar de fazer um ótimo trabalho, res-saltou ele, esse departamento do Minis-tério do Trabalho (MT) tem apenas 62fiscais, número insuficiente para fazer afiscalização em todos os estados. Issopermite que empresas ignorem a determi-nação legal de se contratar um brasileiropara cada três estrangeiros embarcadosem navio de bandeira estrangeira.Outro problema apontado por

Severino é o processo na Coordenaçãode Migração: as autorizações para o tra-balho de estrangeiros são concedidassem critério, o que dificulta o cumprimen-to da lei. Já foi solicitado formalmente aoMT que exija da empresa que pedir auto-rização para trabalho de estrangeiro acomprovação de que também empregabrasileiros.

Acompanhada por Severino Almeida e Jailson Bispo, diretor do SINDMAR (aocentro), a Força Tarefa da ITF visitou a plataforma P-32, na Bacia de Campos

Arquivo SINDMAR

A

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SINDMAR assina Acordo Coletivo deTrabalho com Transpetro e Petrobras

Depois de longa negociação, que seestendeu por seis meses, entremeada poruma bem sucedida paralisação de 24 ho-ras realizada em 23 de fevereiro � consi-derada legal pelo Tribunal Superior doTrabalho � a Petrobras e a Transpetroassinaram em 16 de junho com o SIND-MAR dois Acordos Coletivos de Traba-lho e dois PLRs � Participação emLucrose Rendimentos.A solenidade foi realizada no Píer

Mauá e estavam presentes, representan-do as empresas, os presidentes da Petro-bras, Henri Philippe Reichstul, da Trans-petro,Mauro Campos, e o superintenden-te da Transpetro, Celso Luis Pereira. PeloSINDMAR,participaramseuprimeiropre-sidente, Severino Almeida Filho, além dediretores de entidades que representamtrabalhadores das duas estatais, como ossindicatos dos Petroleiros e FederaçãoÚnica dos Petroleiros (FUP).Também esteve presente o diretor de

Portos e Costas da Marinha, vice-almi-rante Euclides Janot, que disse ser ape-nas �um figurante para uma história comfinal feliz�.As várias conquistas obtidas nos

acordos assinados com a Petrobras eTranspetro representam um avanço para

a categoria. Sua vigência é de 1º de no-vembrode1999 a1º de novembrode2001.Entre os benefícios obtidos - e que nãohaviam sido incluídos nos acordos ante-riores � estão a extensão do plano de saú-de para toda a família do marítimo, a co-bertura das despesas com transporte dacasa do funcionário até o porto onde onavio estiver atracado, além de escalas

de embarque mais adequadas.Em seu discurso, o presidente do

SINDMAR,SeverinoAlmeidaFilho, lem-brou a força da unidade do movimentosindical no processo de negociação. Res-saltou também que vários aspectos preo-cupantes quanto às condições de traba-lho dosmarítimos da Transpetro serão re-solvidos com a assinatura dos acordos.Como bom termo das negociações, as

duas empresasparecemter finalmente acer-tado o rumo � e um indicativo disso nãofoi apenas o chaveiro-bússola distribuídocomo brinde aos presentes à cerimônia deassinatura dos acordos com o Sindicato.Os acordos trazem muitos benefícios aosmarítimos que trabalham na estatal.Nada mais justo para os profissionais

que dedicam boa parte de suas vidas aotrabalho na empresa. É o caso do coman-dante Mauro Tavares, há 22 anos na com-panhia. �Estamos numa longa expectati-va, já que nossos salários sofreram gran-de defasagem ao longo dos últimos cincoanos. Mas agora, com a assinatura dessesacordos, há entre a tripulação uma grandeesperança de melhoria. O sindicato estáfazendo o seu papel, que é buscar a atuali-zação do seu representado junto ao mer-cado�, afirmou o comandante.

Após a cerimônia, visita ao navio Lorena: Jailson Bispo, diretor do SINDMAR,Mauro Campos, Severino Almeida, Henri Reichstul e Celso Luis Pereira entretripulantes, o chefe de máquinas do navio, Resende, e o comandante, MauroTavares (ao centro).

SINDMAR

José Lima, presidente do Conselho de Administração da Transpetro, MauroCampos, Severino Almeida, Celso Luis Pereira e Reistul observam o comandanteMauro explicar detalhes sobre a operação do navio

Fotos Alexandre Brum

7

Chega ao fim cinco anos de jejum dos marítimos da Flumar

O Acordo Coletivo de Trabalho fir-mado com as Barcas em 25 de maio temcomo principal benefício a equiparaçãosalarial dos marítimos contratados apóso processo de privatização da extintaConerj � como o valor pago a eles erainferior ao que recebiam os contratadospela antiga estatal, surgiram grandes di-ferenças salariais em umamesma função.

O acordo, que resolve estas questões,vai beneficiar cerca de 200marítimos.De-pendendo do caso, eles poderão ter umganho de até 70%. A assinatura foi sau-dada pela diretoria do SINDMAR, já quehá dois anos osmarítimos das Barcas S.A.não contavam com a proteção de umAcordo Coletivo de Trabalho.O transporte regular entre o Rio e

Niterói existe desde 1835 � ou seja, há 166anos. Antes, a travessia só podia ser fei-ta por botes, falúas e saveiros impulsio-nados por escravos. De lá para cá, o ne-gócio se expandiu. Foram criadas outrasrotas, como Rio-Paquetá, por exemplo.Disputas, fusões, brigas e acordos acon-teceram entre os que exploraram o trans-porte de cargas e passageiros na Baia deGuanabara. Com a construção da PontePresidente Costa e Silva (Rio-Niterói), nadécada de 70, os automóveis deixaram de

Primeiro acordo após privatizaçãogarante equiparação salarial dos

marítimos da Barcas S.A.

ser transportados por balsas mas, ao con-trário do que se previa, o volume de pas-sageiros aumentou nos anos seguintes,apesar da ponte.Em1979, oGoverno federal transferiu

a responsabilidade pela travessiamarítimaaoGoverno estadual, que criou a Conerj �Companhia de Navegação do Estado doRio de Janeiro. Em 1988, o serviço foiprivatizado.Ocontrole acionário daConerjpassou para um consórcio, que temcontrato de concessão de 25 anos. Há trêsanos à frente do negócio, a Barcas S.A.TransportesMarítimos assina seu primeiroAcordo Coletivo de Trabalho.

Válido e diretores da Flumarassinam o acordo que garantiu umreajuste de 40% nos salários dosmarítimos que trabalham na empresa

Principal meio detransporte de milhares depessoas (ao lado), asBarcas que fazem atravessia Rio�Niterói(acima) foramprivatizadas há três anos.

SINDMAR

Após dois meses de negociação,o SINDMAR assinou o Acordo Co-letivo deTrabalho comaFlumar, em-presa que não tinha contrato assi-nado há cinco anos. O ponto maisimportante do Acordo foi o reajustede 40% no salário dos marítimos,com base nos valores pagos em1996, ano do último acordo � semcontar, é claro, o avanço que signifi-ca a retomada do diálogo entre a em-presa e os sindicatos.O resultados das negociações

foi bastante razoável, avaliou o se-gundo-presidente do SINDMAR,

José Válido. Omais importante, res-saltou ele, é que todas as solicita-ções de melhorias vieram de bordo.A tripulação, que é totalmente brasi-leira, participou ativamente das ne-gociações. �Um entendimento entrepatrões e trabalhadores traz paz paraos navios�, garantiu Válido, acres-centando que, embora o acordo nãotenha sido o melhor possível, devi-do às circunstâncias, �ele abriu ca-minho para que, no futuro, possa-mos melhorar cada vez mais as con-dições de trabalho dos tripulantesdos navios da Flumar�, finalizou.

José Válido, segundo presidente doSINDMAR, e Amaury de Andrade,diretor da Barcas S.A., assinam oAcordo Coletivo de Trabalho.

Alex Farias

Fábio Ximenes

Fábio Ximenes

Alex Farias

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Cooperativa de Trabalho perde na Justiça de BrasíliaJUST I ÇA

ícero Euzébio de Andrade ajui-zou ação reclamando relação deemprego por cerca de três anos

contra a Cooperciv - Cooperativa de Tra-balho, Espaço y Engenharia Empreendi-mentos Ltda, Paulo Octávio Investimen-tos imobiliários Ltda e Senap - Constru-tora e Incorporadora Ltda, obtendo gan-ho de causa na 3ª Vara do Trabalho deBrasília, a qual assim concluiu: �Isto pos-to, decide a egrégia 3ª Vara do Trabalhode Brasília, Distrito Federal, julgar PRO-CEDENTES EM PARTE os pedidos for-mulados por Cícero Euzébio de Andradeem desfavor de Cooperciv Cooperativade Trabalho e improcedente em relaçãoàs reclamantes Espaço y Engenharia eEmpreendimentos Ltda, Paulo OctávioInvestimentos Imobiliários Ltda e Senap- Construtora e Incorporadora Ltda, nosmoldes da fundamentação precedente,que passa a fazer parte integrante des-te dispositivo. Juros e correção mone-tária na forma da lei. Descontos previ-denciários e fiscais a incidirem, con-forme discriminação anteriormentefeita. Custas processuais, pelaprimeira reclamada, no impor-te de 120,00 (cento e vinte re-ais), calculadas sobre R$6.000,00 (seis mil reais), valor ar-bitrado à condenação.�Entretanto, o mais importante dessa

sentença são os argumentos de ordem ju-rídica e social expostos no relatório doJuiz Prolator, Dr. Grijalbo FernandesCoutinho, ao afirmar:�...A questão mais importante da ma-

téria em discussão refere-se ao fato deque a precarização das relações de traba-lho, sobretudo na economia globalizadae no liberalismo reinante no país, têm le-vado os trabalhadores à submissão de si-tuações até então inesperadas, desde aperda contínua de conquistas sociais emnome da manutenção do emprego, até aadesão ao sistema de trabalho por meiode cooperativas, criadas tão somente paraburlar as disposições mínimas da relaçãoentre o capital e o trabalho, contempla-das na Consolidação das Leis do Traba-lho, em clara ofensa ao art. 9º.Os estimuladores de plantão do fim

das garantias sociais aos trabalhadoressão osmesmos que criaram o sistema pre-

videnciário asseguratório da aposentado-ria apenas aos que contribuem, despre-zando-se, assim, o antigo regime do tem-po de serviço. Ora, trabalhador desem-pregado, como no caso dos autos, quepara ter contraprestatividade remunera-tória adere a suposta cooperativa de tra-balho, sem saber exatamente do que setrata, não terá na velhice ou na enfermi-dade qualquer renda oriunda do estado,papel que lhe cabe de forma precípua. Es-tes aspectos não podem ser abandona-dos na solução da lide.Mas não é só isso.Indiscutivelmente, os requisitos típi-

cos da relação de emprego encontram-sepresentes (CLT artigos 2º e 3º), eis que o

autor prestava serviços de forma nãoeventual (diariamente), mediante subor-dinação jurídica (vide depoimento da pri-meira testemunha) e com o pagamento desalário de acordo com a produção realiza-da, fato último confessado pelo prepostopatronal.Sobre a contratação realizada por co-

operativa de trabalho, traz-se à tona re-cente reportagem publicada na revista daANAMATRA, cujo título é �Sob a Mirado Ministério Público�. As cooperativasde trabalho, ....têm sido alvo constantedo Ministério Público. André Lacerda,ProcuradorChefeda9ª região, emCuritiba,diz que a maioria das entidades criadasnos últimos anos serem de fachada para aatuação de �gatos�, sujeitos que arreba-nhammão-de-obra barata para atuar prin-cipalmente na construção civil e no cam-

po � que ficam com até 30% do dinheiroarrecadado....Empresas (NR: picaretas) passaram

a demitir seus empregados pararecontratá-los por intermédio de coope-rativas criadas por eles próprios e assimse livrar dos encargos sociais. Em Foz doIguaçu, um hotel demitiu todos os seusempregados e terceirizou seus serviçospara uma dessas cooperativas. O mesmoaconteceu no interior de São Paulo, onde200mil apanhadores de laranja perderamo vínculo empregatício. Essas pessoascontinuaram executando as mesmas tare-fas, nos mesmos locais, sob o mesmo co-mando, apenas deixaram de ter direito aoFGTS, férias, 13º, licençamaternidade, en-tre outros.De acordo com o Procurador Chefe

da 15ª Região, em Campinas, RaimundoSimão de Melo, as investigações com-provaram que as cooperativas de apa-nhadores de laranja foram criadas porintermediários de serviço com o incen-tivo da classe patronal para diminuir ocusto damão-de-obra. (NR: em pre-juízo dos direitos dos trabalhado-res).

Seu colega, também procura-dor da 15ª Região, Ricardo Tadeu

Marques da Fonseca, afirma que nes-ses casos permanece a relação de subor-dinação do empregado ao empregador, oque fere o princípio cooperativista. Cria-das na Europa, por anarquistas, essas or-ganizações têm caráter libertário, e visamo benefício do próprio trabalhador, contaRicardo. De acordo com ele, se uma coo-perativa trabalha para beneficiar terceirosperde sua principal característica e viraempresa intermediadora demão-de-obra.Para Ricardo Tadeu, as cooperativas

de trabalho praticam dumping social aoestabelecer concorrência desleal com asempresas que pagam impostos. Ele cita ocaso das criadas pelo governo do Cearápara ceder mão-de-obra para empresas,geralmente do sul e sudeste, que são atra-ídas por vantagens fiscais. Elas ganhamanos de isenção fiscal e não pagam direi-tos trabalhistas, ao contrário das concor-rentes regularmente estabelecidas. O pre-juízo acaba sendo de toda a sociedadeque deixa de receber os benefícios gera-dos pela coleta de impostos.�

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Petrobras compra navios e contrata operadora quepretende usar tripulação croata e filipina

DENÚNCIA

Promovido pelo SINDMAR, CONTTMAF e FNTTAA, ato em frente à sede daPetrobras levou ao conhecimento público a negociata promovida pela Petrobras

epresentantes de sindicatos ma-rítimos, da FNTTAA e daCONTMAFF realizaramumato

público de protesto, em 22 de junho, con-tra a compra, pela Petrobras, de dois na-vios de segunda mão no exterior � queserão gerenciados por empresas estran-geiras e tripulados por filipinos e croatas.A resposta à manifestação dos sindi-

catos veio rápida: a empresa se compro-meteu junto à Confederação e à Federa-ção a trocar a tripulação por brasileirostão logo os navios cheguem ao Brasil.Isso deve ocorrer em meados de julho.A notícia da compra foi veiculada na

edição de maio da revista Marine Log: aPetrobras estava adquirindo dois naviosSuezmax, que pretendia transformar emaliviadores (shutlle tankers) para operarna Bacia de Campos. Segundo a revista,oNTLoire havia custadoUS$18milhõese o NT Front Archer US$ 20 milhões �possibilitando, assim, um lucro deUS$ 38milhões a seus antigos proprietários.A negociação foi confirmada pela

Transpetro em 17 demaio. A diretores doSINDMAR, o presidente e o superinten-dente da empresa disseram que o NTLoire seria entregue com tripulação es-trangeira para �atender as exigências ope-racionais dos equipamentos modernos�.De acordo com a Petrobras, o NT Loireirá se chamar Cartola e o NT FrontArcher, Ataulfo Alves.O SINDMAR foi informado que oNT

Loire docaria para receber novos equi-pamentos que atenderiam as novas exi-gências impostos pela E&P. Até issoacontecer, ele permaneceria no tráfego delongo curso, operando no transporte deóleo cru. Em29demaio confirmamosnos-sas suspeitas: o NT Loire não tem qual-quer equipamento que justifique sua ope-ração por estrangeiros.Atitude como esta, decidida e articu-

lada sem prévio conhecimento e debate,mostra o total desrespeito da Petrobras aseus marítimos. A contratação daAcomarit/V.Ships para operar os navios,feita pela Petrobras, também é um sinal dedesprezo à indústria naval nacional e seustrabalhadores � não é demais lembrar que,

há pouco mais de um ano, a Petrobras/Transpetro foi parceira damesma empre-sa suíça numa fracassada e espúria tenta-tiva de terceirização de sua frota petrolei-ra.Somos defensores da Petrobras e te-

mos dado importantes contribuições ao

seu desenvolvimento. Por isto, não pac-tuamos com procedimentos quemaculema sua imagem, que desqualifiquem seusprofissionais marítimos e lancem a com-panhia numa aventura inaceitável e depéssima repercussão internacional.A decisão da companhia em operar

os navios com estrangeiros é inaceitávelpelos seguintes motivos:� Na ausência de razões técnicas que jus-tifiquem o uso de estrangeiros, sua práti-ca abre um precedente perigoso na com-

posição das tripulações da companhia.� Omarítimo brasileiro nada deve a croa-tas e filipinos em sua formação, qualifica-ção e certificação para operar um naviotanque que, por enquanto, só se diferen-cia por ter túnel aberto para colocação dethrusters e propulsão controlável porpasso variável (CPP), uma tecnologia jáutilizada inclusive pela antiga Fronape eminúmeros navios.� Temos e já oferecemos à companhia nãouma,mas duas tripulações brasileiras, ex-perientes e certificadas para trabalhar nes-tes navios � que estarão mais sujeitos ariscos operacionais com as pretendidastripulações do que com brasileiros.Além de protestar formalmente, as

entidades representativas dos marítimosdecidiram pedir um requerimento de in-formações, através da Câmara Federal,para dirimir dúvidas comoo valor de com-pra dos navios e o valor de mercado; asrazões que levaram a Petrobras a tomaresta decisão precipitada, desprezandopropostas antigas de construção de�shuttle tankers� em estaleiros brasilei-ros; a subordinação inaceitável ao que aAccomarit entende como adequado paraa operação dos navios; as razões para a�filipinização� de suas tripulações e o des-prezo pela qualificação domarítimo brasi-leiro, entre outras.

Odilon Braga

Jandira Feghali participa do protesto

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SINDMAR

O navio São Sebastião, que partira doRio comuma carga de cincomil toneladasde sal em 24 de abril, com destino ao RioGrande do Sul, sofreu um acidente namanhã do dia 27 a 47 quilômetros da cos-ta gaúcha, entre os municípios de Mos-tardas e Palmares do Sul. A embarcaçãose chocou com o graneleiro Olimpus, debandeira de Malta, que transportava 26mil toneladas de trigo da Argentina paraSanta Catarina. O acidente, além de intri-gar as autoridades marítimas, preocupouo SINDMAR. Felizmente ninguém ficouferido.OOlimpus sofreu um rombo no porão

número um e três mil toneladas de trigoforam parar no fundo do mar. Já o SãoSebastião teve uma pequena avaria � um

A Docenave está vendendoseus navios e também o depar-tamento de granéis. A informa-ção foi confirmada pela própriaempresa em reunião com direto-res do SINDMAR. A Docenavepretende ainda repassar ao com-prador as dívidas trabalhistas.De acordo com o depar-

tamento jurídico do SINDMAR,os artigos 10 e 448 da Con-solidação das Leis do Tra-balho (CLT) garantem os direitosindividuais dos empregados. Oartigo 10 diz que qualquer al-teração na estrutura jurídica daempresa não afeta os direitosadquiridos por seus empregados.O artigo 448 diz que a mudançatambém não afeta os contratos detrabalho.No caso de os navios da

Docenave serem vendidos paraa empresa estrangeira com ban-deira de conveniência, os empre-gados da Docenave não pode-rão ter os contratos de trabalhosucedidos pela empresa compra-dora. Assim, se a Docenave nãoquiser manter os contratos detrabalho de seus empregados,terá obrigatoriamente de rescin-dí-los, já que a sucessão seriajuridicamente impossível.Diante disso, o SINDMAR

está fazendo uma pesquisa coma tripulação dos navios da em-presa para saber se solicita aabertura de negociação para re-novação do Acordo Coletivo ounão. O sindicato também quersaber a posição dos tripulantessobre o assunto e se as dívidastrabalhistas devem continuar ounão com a empresa.

Docenave põenavios à venda e

quer repassardívidas

trabalhistas

Ao contrário do que ocorreu noBrasil,em outros países o 1º de maio não foi co-memorado, foi protestado. Enquanto aquicentrais sindicais faziam festas e distribuí-am brindes e até carros, apoiadas por em-presas sedentas de lucro, nas principaiscapitaismundiais o capitalismo foi alvo deirados protestos.EmBerlim, capital daAlemanha, a es-

querda foi para rua manifestar contra aglobalização e entrou em confronto com aPolícia. Em Frankfurt, gás lacrimogêneo,cassetetes e canhões foram usados con-tra trabalhadores que protestavam contrapasseata neonazista. Foi o 1º demaiomaisviolento na Alemanha em dez anos, deacordo com dados oficiais.Zurique, Suíça e Oslo, Noruega, não

ficaramde fora. Enquanto na primeira, cer-ca de 40 pessoas forampresas durantema-nifestação, oministro das relações Exteri-ores daNoruega, Thorbjörn Jagland, rece-beu torta na cara de manifestantesantiglobalização.Na capital inglesa, os protestos come-

çaram cedo. Pela manhã, cerca de 500 ci-clistas londrinos interromperam o trânsitoem frente à embaixada americana.À tarde,cinco mil manifestantes tentaram sair empasseata emOxfordCircus, centro comer-cial da cidade, mas foram impedidos pela

Protestos antiglobalização marcam Dia doTrabalho no mundo

Polícia. Reagiram quebrando vidraças debancos e atirando garrafas contra ospoliciais.TambémnaAustrália trabalhado-res pretendiam invadir as bolsas de valo-res de Sydney e Melbourne. Impedidos,fecharam ruas do centro financeiro e sedirigiram às assembléias legislativas dascidades.EemCubao líder comunistaFidelCas-

tro lançou uma campanha contra a Áreade Livre Comércio das Américas (Alca).Para Fidel, que discursou na Praça da Re-volução para um público de ummilhão depessoas, a Alca é apenas um projeto dosEstadosUnidos para recolonizar aAméri-ca Latina.Esses protestos, todos feitos por tra-

balhadores, mostram a dimensão da crisedo capitalismo que atravessa o mundo in-teiro. É a reação às ameaças a direitos his-tóricos, conquistados ao longo dos anose à custa de muita luta, que o capitalismoquer extinguir. No Brasil, um dos últimosbastiões de defesa dos direitos do traba-lhador, estes direitos sofrem ataques cons-tantes das forças neoliberais. Emesmo as-sim, emumdia emque se deveria repensaras dificuldades sofridas e intensificar a luta,o que se vê são pessoas cooptadas porinstituições que acham possível a uniãodo capital e do trabalho.

Comandante culpa navio de Maltapor acidente na costa do Rio Grande do Sul

rasgo horizontal � e seguiu até oRioGran-de com sua tripulação de 22 pessoas. Deacordo com a tripulação do São Sebasti-ão, o Olimpus, depois do acidente, seguiuem frente sem sequer atender aos chama-dos pelo rádio.Em entrevista ao UNIFICAR, o co-

mandanteMoisésCalixto da Silva, do SãoSebastião, culpou oOlimpus. �Nós o avis-tamos a uns 400metros, pensamos que iadesviar. Mas atravessou a boreste e ba-teu de bombordo�, relataMoisés. Segun-do ele, todos os equipamentos do SãoSebastião estavam funcionando normal-mente. Nomomento do acidente, afirmouCalixto, não havia nenhumhomemnopas-sadiço do Olimpus e apenas um no con-vés.

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Fique AtentoCadastre seu e-mail noSindicato.

Através delevocê receberá

com maisrapidez, pela

Internet,informações

sobre a defesade seus

direitos detrabalhador.

O SINDMARmantém

convênios comuniversidades ecursos para seus

associados edependentes.

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usufrua com seusdependentes dos

benefíciosoferecidos.

Curso de Auditor Interno

Emcerimônia realizadano auditório doCiaga no Rio de Janeiro, comandada peloalmirante Jorge Lopes, 34 marítimos seformaram no curso de Inspetor Naval.Dentre eles, oficias deMarinhaMercantee de Guerra. A novidade é a abrangênciado currículo, que contemplaFlag StationControl (embarcações nacionais) e PortStation Control (embarcações estrangei-ras e plataformas).Este curso abriu o mercado de traba-

lho para aqueles que ainda não conse-guiram uma colocação. De todos os for-

mados apenas nove não estão emprega-dos, � isso porque eles são do Rio, ondeas vagas são escassas.O almirante Jorge Lopes, entretanto,

garantiu que a colocação não será difícil.�Eles têmagora formação completa.Quan-do a Marinha começar a inspecionar, asempresas vão ter que se enquadrar. Porisso, vai haver uma grande demanda des-sa mão-de-obra�, afirmou. Segundo ele,

Ciaga forma nova turma de Inspetores navais

O SINDMAR está promovendo um novo cursode Formação de Auditor Interno ISM Code, ISO9001, ISO 14001 E BS 8800(OHSAS 18001). Ocurso será ministrado no período 20 a 31 de agosto,na sede do SINDMAR, localizada na AvenidaPresidente Vargas 309, 15º andar, das 17h30m às21h30m. As inscrições podem ser feitas na secreta-ria do sindicato. Para mais informações, contacte odiretor de Educação, José Serra, pelo e-mail

[email protected]

Fotos Alex Farias

A cerimônia de formatura foicomandada pelo almirante JorgeLopes (ao centro)

se osmarítimos quemoram noRio quise-rem, poderão conseguir uma colocaçãoimediata emoutroestado.Oalmirante agra-deceu ao SINDMAR por ter enviado 11oficiais para o curso, elogiou os que seformarampor terem concluídomuito bemo curso e afirmou que eles estão prontospara a nova função. Lopes afiançou ain-da que outros cursos vão ser abertos, embreve.

A turma que concluiu o curso de Inspetor Naval ministrado pelo Ciaga

Mudança nos telefonesAo ligar para o SINDMAR, não se esqueça das

mudanças feitas pela Telemar: é preciso discar o 2na frente. Desde o dia 30 de junho, o número dotelefone da entidade passou a ser 2518-2164.

Impresso Av. Presidente Vargas 309, 15º andarCentro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20040-010

TÁBUA DAS MARÉSPan Marine

Maré Baixa

Maré Alta

Emmesa-redonda realizadaem6 de junho, o SINDMAR deu ci-ência à Pan Marine de que a em-presa está cometendo inúmeras ir-regularidades, tais como o nãocumprimento da Norma 31 doConselhoNacional de Imigração,regulada pelaNormativa 19 daSe-cretaria de Inspeção do Trabalhode 7 de setembro de 2000. Essasnormas obrigam empresas debandeira estrangeira em águas ju-risdicionais brasileiras hámais de90 dias a contratarem tripulantesbrasileiros dos três níveis técni-cos (oficiais, graduados e não gra-duados) para as atividades de na-vegação (convés e de máquinas).No caso da Pan, verificou-se a ne-cessidade de se contratar de Ofi-ciais de Máquinas e de Náutica.A empresa se mostrou aberta ànegociação de Acordo Coletivo,apesar de nunca ter firmado acor-dos com sindicatos. Além de 20%de reajuste para osmarítimos des-ta empresa, o SINDMAR reivin-dica uma redução do tempo deembarque, que atualmente é de 49X49, para 42X42 (42 dias embar-cados e 42 dias de repouso).

São Miguel

Cinismo para inglês ver

A São Miguel, empresa detráfego portuário (transporte decombustível) reduziu a solda-da base de seus funcionários.O fato já foi denunciado à Uni-dade Especial de TransporteAquaviário e Portuário do Mi-nistério do Trabalho. O SIND-MAR reivindica o restabeleci-mento da soldada e também amanutenção do regime de 14 X14, reajuste de 20% e assistên-cia odontológica. Essas pro-postas foram apresentadas emreunião realizada em18de abril.A empresa ficou de retornar asnegociações com o Sindicato.

O detalhe é que a empresa de na-vegação Metalnave, transportadorade gases e produtos químicos, nãotem Acordo de Trabalho assinadocom os sindicatos. Ela é uma das quepagam os salários mais baixos domercado. Em conseqüência disso temuma enormedificuldade de formar tri-pulação. A empresa, ainda por cima,adota a prática de terceirizar a con-tratação de pessoal para seus navi-os. É cinismo para inglês ver.

Em recente entrevista à revista in-glesa Fairplay, o empresário brasi-leiro Frank Wlasek contou seu su-cesso à frente de suas empresas. AMetalnave � comprada na falência há23 anos � e o estaleiro Itajaí, em San-ta Catarina, comprado há cinco anos.Wlasek diz que apesar da crise emque vive o país, emprega mais de1.500 pessoas e tem um patrimôniodeUS$ 150milhões. Entre os clientesestão a Petrobras e a Copene.

A Força do Sindicato está em seus associados.Participe das lutas de sua categoria.

Una-se a seus companheiros.

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