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Boa tarde Sextafeira, 01 de Mai endo... Emanuel Kant, O que é o Iluminismo o: 27 / Por SELVINO JOSÉ ASSMANN oucault, um pensador reconhecido pelo vanguardismo, quem resgatou este texto nt, redigido em 1783, das leituras ideologizadas do século XIX. e de ser um texto comprometido com uma visão ultrapassada da realidade, na leitura de ault, Kant aparece questionando o presente a partir do presente. Ele se torna assim pioneiro ma linha do pensamento crítico que albergará pensadores tão distintos como Hegel, sche, Weber, Adorno, Heidegger, Habermas e Foucault, entre outros. qual seria a atualidade de Kant? O Iluminismo kantiano é um chamado ao abandono de uma ção políticocultural degradada (“menoridade”), pela qual não cabe responsabilizar a nada, a ninguém, mas sim ao próprio indivíduo. A situação de inferioridade na qual se encontram res humanos não é resultado de particulares estruturas produtivas ou despotismos, mas de atrofia das capacidades intelectuais de cada um de nós pela “falta de uso”, por assim dizer. preguiça ou covardia que nos deixamos conduzir por tutores em ver de sermos autônomos res de idade). Num sentido político, Kant é o fundador da crítica aos diversos tipos de nalismos, populismos e supostas ideologias da “libertação” que circulam pelo mundo. E uma ormação profunda não se define através da condução das massas por um líder “iluminado”, pela derrubada do déspota de turno que eventualmente as subjuga. pelo contrário, a verdadeira transformação deriva da mudança do “modo de pensar”. O no do homem é a liberdade. Aqueles políticos, revolucionários ou conservadores, que cionam a liberdade para perseguir fins supostamente mais elevados, condenam o homem à ridade, e a sociedade à decadência. mentos escolhidos de “O que é o Iluminismo”* minismo é a saída do homem de um estado de menoridade que deve ser imputado a ele o. Menoridade é a incapacidade de servirse do próprio intelecto sem a guia de outro. ável a si próprios é esta menoridade se a causa dela não depende de um defeito da ência, mas da falta de decisão e da coragem de servirse do próprio intelecto sem ser o por outro. Sapere aude! (tem a coragem de saber!). A coragem de servirte da tua própria ência! é, portanto, o lema do Iluminismo. cômodo ser menor! Se eu tiver um livro que pensa por mim, um diretor espiritual que tem Edição 01 Dezembro 2004 Edição 02 Jan/Fev 2005 Edição 03 Março 2005 Edição 04 Abril 2005 Edição 05 Maio 2005 Edição 06 Junho 2005 Edição 07 Julho 2005 Edição 08 Agosto 2005 Edição 09 Setembro 2005 Edição 10 Outubro 2005 Edição 11 Novembro 2005 Edição 12 Dezembro 2005 Edição 13 Jan/Fev 2006 Edição 14 Março 2006 Edição 15 Abril 2006 Edição 16 Maio 2006 Edição 17 Junho 2006 Edição 18 Julho/Ago 2006 Edição 19 Setembro 2006 Edição 20 Outubro 2006 Edição 21 Novembro 2006 Edição 22 Dezembro 2006 Edição 23 Jan/Fevereiro 2007 Edição 24 Março/Abril 2007 Edição 25 Maio/Junho 2007 Edição 26 Julho/Agosto 2007 Edição 27 Agosto/Setembro 2008 Edição 28 Outubro/Novembro 2008 Edição 29 Dezembro 2008 Edição 30 Março 2009 Edição 31 Abril/Maio 2009 Edição 32 Junho/Julho 2009 Edição 33 Agosto/Setembro 2009 Edição 34 Outubro/Novembro 2009 Edição 35 Dezembro/Janeiro 2010 Edição 36 Março/Abril 2010 Edição 37 Junho/Julho 2010 Edição 38 Julho 2010 Edição 39 Junho 2012 Edição 40 Novembro 2012 Edição 41 Março 2013 OUTROS ARTIGOS DESTE AUTOR: Relendo... Joaquim Nabuco Relendo... Padre Antônio Vieira Relendo... Franz Kafka(18831924) Relendo... Aristóteles (384 aC 322 aC Relendo... Emanuel Kant, O que é o Ilu Relendo... Hannah Arendt, Sobre o de os oásis Busca Rápida

Jornal Floripa Total - Kant

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01/05/2015 Jornal Floripa Total um jornal de opinião para ser lido

http://www.jornalfloripatotal.com.br/detalhe.asp?id=903&autor=SELVINO%20JOS%C9%20ASSMANN 1/3

Boa tarde Sextafeira, 01 de Maio de 2015

Relendo... Emanuel Kant, O que é o Iluminismo Edição: 27 / Por SELVINO JOSÉ ASSMANN

Foi Foucault, um pensador reconhecido pelo vanguardismo, quem resgatou este texto

... Kant, redigido em 1783, das leituras ideologizadas do século XIX.

Longe de ser um texto comprometido com uma visão ultrapassada da realidade, na leitura de

Foucault, Kant aparece questionando o presente a partir do presente. Ele se torna assim pioneiro

de uma linha do pensamento crítico que albergará pensadores tão distintos como Hegel,

Nietzsche, Weber, Adorno, Heidegger, Habermas e Foucault, entre outros.

Mas qual seria a atualidade de Kant? O Iluminismo kantiano é um chamado ao abandono de uma

situação políticocultural degradada (“menoridade”), pela qual não cabe responsabilizar a nada,

nem a ninguém, mas sim ao próprio indivíduo. A situação de inferioridade na qual se encontram

os seres humanos não é resultado de particulares estruturas produtivas ou despotismos, mas de

uma atrofia das capacidades intelectuais de cada um de nós pela “falta de uso”, por assim dizer.

É por preguiça ou covardia que nos deixamos conduzir por tutores em ver de sermos autônomos

(maiores de idade). Num sentido político, Kant é o fundador da crítica aos diversos tipos de

paternalismos, populismos e supostas ideologias da “libertação” que circulam pelo mundo. E uma

transformação profunda não se define através da condução das massas por um líder “iluminado”,

nem pela derrubada do déspota de turno que eventualmente as subjuga.

Muito pelo contrário, a verdadeira transformação deriva da mudança do “modo de pensar”. O

destino do homem é a liberdade. Aqueles políticos, revolucionários ou conservadores, que

condicionam a liberdade para perseguir fins supostamente mais elevados, condenam o homem à

menoridade, e a sociedade à decadência.

Fragmentos escolhidos de “O que é o Iluminismo”*

O iluminismo é a saída do homem de um estado de menoridade que deve ser imputado a ele

próprio. Menoridade é a incapacidade de servirse do próprio intelecto sem a guia de outro.

Imputável a si próprios é esta menoridade se a causa dela não depende de um defeito da

inteligência, mas da falta de decisão e da coragem de servirse do próprio intelecto sem ser

guiado por outro. Sapere aude! (tem a coragem de saber!). A coragem de servirte da tua própria

inteligência! é, portanto, o lema do Iluminismo.

É tão cômodo ser menor! Se eu tiver um livro que pensa por mim, um diretor espiritual que tem

Edição 01 Dezembro 2004Edição 02 Jan/Fev 2005Edição 03 Março 2005Edição 04 Abril 2005Edição 05 Maio 2005Edição 06 Junho 2005Edição 07 Julho 2005Edição 08 Agosto 2005Edição 09 Setembro 2005Edição 10 Outubro 2005Edição 11 Novembro 2005Edição 12 Dezembro 2005Edição 13 Jan/Fev 2006Edição 14 Março 2006Edição 15 Abril 2006Edição 16 Maio 2006Edição 17 Junho 2006Edição 18 Julho/Ago 2006Edição 19 Setembro 2006Edição 20 Outubro 2006Edição 21 Novembro 2006Edição 22 Dezembro 2006Edição 23 Jan/Fevereiro 2007Edição 24 Março/Abril 2007Edição 25 Maio/Junho 2007Edição 26 Julho/Agosto 2007Edição 27 Agosto/Setembro 2008Edição 28 Outubro/Novembro 2008Edição 29 Dezembro 2008Edição 30 Março 2009Edição 31 Abril/Maio 2009Edição 32 Junho/Julho 2009Edição 33 Agosto/Setembro 2009Edição 34 Outubro/Novembro 2009Edição 35 Dezembro/Janeiro 2010Edição 36 Março/Abril 2010Edição 37 Junho/Julho 2010Edição 38 Julho 2010Edição 39 Junho 2012Edição 40 Novembro 2012Edição 41 Março 2013

OUTROS ARTIGOS DESTE AUTOR:Relendo... Joaquim NabucoRelendo... Padre Antônio VieiraRelendo... Franz Kafka(18831924)Relendo... Aristóteles (384 aC 322 aC)Relendo... Emanuel Kant, O que é o IluminismoRelendo... Hannah Arendt, Sobre o deserto eos oásis

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01/05/2015 Jornal Floripa Total um jornal de opinião para ser lido

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consciência por mim, um médico que decide por mim sobre a dieta que me convém etc., não

terei mais necessidade de me preocupar por mim mesmo. Embora eu goze da possibilidade de

pagar, não tenho necessidade de pensar: outros assumirão por mim essa enjoada tarefa. De

modo que a estrondosa maioria dos homens (e com eles todo o belo sexo) considera a

passagem ao estado de maioridade, além de difícil, também muito perigosa, e provêm já os

tutores que assumem com muita benevolência o cuidado vigilante sobre eles. Depois de têlos

em um primeiro tempo tornado estúpidos como se fossem animais domésticos e ter

cuidadosamente impedido que essas pacíficas criaturas ousassem mover um passo fora do

andador de crianças em que os aprisionaram, em um segundo tempo mostram a eles o perigo

que os ameaça caso tentassem caminhar sozinhos. Ora, este perigo não é assim tão grande

como se lhes faz crer, pois ao preço de alguma queda eles por fim aprenderiam a caminhar: mas

um exemplo deste gênero os torna em todo caso medrosos e em geral dissuade as pessoas de

qualquer tentativa ulterior.

É, portanto, difícil para cada homem particular desembaraçarse da menoridade que para ele se

tornou quase uma segunda natureza. Ele chega até a amála e, no momento, é realmente

incapaz de servirse de seu próprio intelecto, pois nunca lhe foi permitido colocálo à prova.

Regras e fórmulas, estes instrumentos mecânicos de um uso racional, ou melhor, de um abuso

de suas disposições naturais, são os laços de uma menoridade eterna. Mesmo que deles

conseguisse se soltar, mais não faria que um salto inseguro até mesmo sobre os mais pequenos

buracos, pois não estaria treinado a tais movimentos livres. Portanto, apenas poucos

conseguem, com a educação do próprio espírito, desembaraçarse da menoridade e apesar de

tudo caminhar com passo seguro.

Talvez uma revolução poderá, sim, determinar a liberação em relação a um despotismo pessoal

e de uma opressão ávida de ganho ou de poder, mas nunca uma verdadeira reforma do modo de

pensar. Todavia, também é verdade que apenas aquele que, iluminado ele próprio, não tem medo

das sombras e ao mesmo tempo dispõe a garantia da paz pública de um exército numeroso e

bem disciplinado, pode enunciar aquilo que uma república não pode arriscarse a dizer: raciocinai

o quanto quiserdes e sobre tudo aquilo que quiserdes; apenas obedecei! Revelase aqui um

estranho e inesperado curso das coisas humanas; como, de resto, em outros casos,

considerando esse curso em tamanho grande, quase tudo nele parece paradoxal. Um maior grau

de liberdade civil parece favorável à liberdade do espírito do povo, e todavia põe a ela limites

intransponíveis; um grau menor de liberdade civil, ao contrário, oferece ao espírito o espaço para

desenvolverse com todas as suas forças. Portanto, se a natureza desenvolveu sob este duro

invólucro o germe do qual ela toma o mais inteiro cuidado, isto é, a tendência e vocação para o

livre pensamento, esta tendência e vocação gradualmente reage sobre o modo de sentir do povo

(motivo pelo qual este, pouco a pouco, tornase sempre mais capaz da liberdade de agir) e

finalmente até sobre os princípios do governo, o qual percebe que é vantagem para si próprio

tratar o homem, que doravante é mais que uma máquina, de modo conforme com a dignidade

que ele tem.

Apresentação por HÉCTOR RICARDO LEIS e SELVINO JOSÉ ASSMANN

* Extraídos de: http://rgirola.sites.uol.com.br/Kant.htm

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