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DO!S Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Social do Uni-BH Teatro Francisco Nunes Palácio das Artes CULTURA URBANA  atrações área verde fauna silvestre Lei de incentivo manifestações artísticas Skate Rap diversão arte 2011 eventos Belo Horizonte Bangalô Cultural viaduto Tretas PATROCÍNIO Manos Trutas  apoio De Rua of Skate 32 música parceria PERCUSSÃO batuque Vendendo Peixe grate cinema diversidade cultural FESTIVAIS Caderno criado a partir de conteúdo produzido pelos alunos do quinto período do segundo semestre de 2010, na disciplina TIG, orientados pela professora Ana Rosa Vidigal

Jornal Impressão Edição 183 caderno 2

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DO!SJornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Social do Uni-BH

TeatroFrancisco Nunes 

Palácio dasArtes CULTURA URBANA  

atrações área verde 

faunasilvestre Lei de incentivo manifestações artísticas 

Skate Rap diversão arte 2011 eventos BeloHorizonte Bangalô

Cultural viaduto Tretas PATROCÍNIO  ManosTrutas  apoio De Rua of Skate

32  música parceria PERCUSSÃO batuque Vendendo Peixe 

grafi te cinema diversidade cultural FESTIVAIS 

Caderno criado a partir de conteúdo produzido pelos alunos do quinto período do segundosemestre de 2010, na disciplina TIG, orientados pela professora Ana Rosa Vidigal

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Bruno MenezesGabriela FranciscaGustavo PedersoliManoella GarzonMarkilma GonçalvesMarcos Vinícius Pereira6° PERÍODOEdição: Luiz Ladeira

Belo Horizonte é palco demuitos festivais artísticos gra-tuitos realizados em diferentespontos da cidade, tanto emparques, como em outros es-paços públicos ou mesmo nomeio das ruas. A capital mi-neira, portanto, é uma cidadeque tem vocação para umaprogramação cultural diversi-ficada e muito rica. Os even-tos culturais estão ocupandoespaços novos e levando a cul-tura aos bairros mais distan-tes, onde ela normalmentenão chega.

Segundo a Belotur, em2009, a Prefeitura de Belo Ho-rizonte realizou 261 eventosgratuitos que correspondem,em média, a cinco por sema-na, de exposições a shows.Um deles foi o Aqui Jazz, reali-zado na Praça JK, zona sul dacidade. Começou no final damanhã de um sábado, e con-tou com uma boa organização,incluindo uma tenda monta-da na praça, com cadeiras para

o público e o palco para a ban-da. Até um autêntico Cadillacdo ano de 1974, com sete me-tros de comprimento marcoupresença.

O dia ensolarado propicia-va uma agradável manhã eatraía a presença de diversas

pessoas. Para a organizadorado evento Christina Lima, foiuma oportunidade de mostrarao público que a musica erudi-ta é acessível a todas as classes.“O Jazz é uma música muitogostosa, boa de ouvir, e nesteseventos notamos cada vez maisum público heterogêneo, sejaem idade ou classe social. Estaé a ideia do evento. Mesclar aspessoas com música de boaqualidade”, diz.

CongadoBH foi palco, também, da

oitava edição do Festejo doTambor Mineiro, que reuniu di-versos grupos de congado deMinas. Dois quarteirões daRua Ituiutaba, no Bairro Pra-do, foram fechados para abri-gar a comemoração. A mistu-ra de dança, shows, batuque ereligiosidade deu o tom paramais de seis mil pessoas du-rante todo o dia. Pessoas detodas as idades aparecerampara prestigiar o festival orga-nizado pelo músico Maurício

Tizumba. Além dele, o blocoTambolelê, Marina Machado eoutros artistas consagradosparticiparam do Festejo.

O estudante Lucas Augus-to de Oliveira, 20, soube doevento através de um amigo eelogiou o espetáculo. “A festa

foi tranquila, voltada para afamília e trouxe uma riquezacultural como poucos even-tos”. Para entrar, bastava levarum quilo de alimento não pe-recível que será doado às festi-vidades de congado realizadaspelo Estado.

A desejarAlguns eventos não são fa-

vorecidos por uma boa organi-zação ou visibilidade. É o casoda exposição fotográfica deEliane Velozo, que aconteceuem setembro do ano passado,no Museu Nacional da Poesia,dentro do Parque Municipal,nomeada Gosódromo, prejudi-cada pela falta de divulgação.No evento, as pessoas apenasencontravam, em uma parede,três tiras de fotos, onde a ex-positora-portadora de degene-ração muscular e retinose pig-mentar – trabalha com suas

Especial IMPRESSÃO2 BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

MANOELLA GARZON

Exposição de fotos de Eliane Velozo, no Museu Nacional da Poesia, dentro do Parque Municipal

Apresentação no evento Aqui Jazz , realizado no ano passado, na Praça JK com entrada gratuita

BRUNO MENEZES

Leia a reportagem na íntegra nosite:www.jornalimpressao.com.br

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Marcos SouzaFlavio TavaresWellington MartinsWillian Alves6° PERÍODOEdição: Ana Flávia Tornelli

Quando o arquiteto Emí-lio Baumgart ergueu, em1929, o viaduto Santa Tereza,ele não imaginava o que abri-garia ali debaixo. Naqueletempo, a agitação cultural dosudeste do país era outra. NoelRosa ainda estava vivo, e seusamba boêmio ditava moda ecomportamento. Outra mani-festação musical tão impor-tante quanto o samba, o hip-hop, só viria a surgir na décadade 1970. No entanto, as ilus-trações que recobrem os arre-dores do viaduto belo-hori-zontino 81 anos depois da sua

inauguração não deixam dúvi-da: ao menos ali, é a culturahip-hop que predomina.

O gênero musical nasceuem Nova Iorque. Muito maisque apenas música (que tam-bém é conhecida como rap), acultura também abarca o gra-fite (inscrições e desenhos fei-

tos em paredes) e um estilopróprio de dança, conhecidacomo breakdance. Às sextas-feiras, às oito e meia da noite,o rap invade a capital mineiracom o Duelo de MC’s. Oevento mantém a tradição dos

chamados Freestyle raps, emque um grupo de MC’s (mes-tres de cerimônia) duelamverbalmente, sobre uma basemusical conduzida por umDJ.

Pedro Valentim, o MCPDR, de 27 anos, é um dosintegrantes do coletivo “Famí-lia de Rua”, formado por umgrupo de cinco jovens que lu-tam pela revitalização do via-duto e são responsáveis pelaorganização do evento. “ODuelo nasceu da vontade dealguns amigos de reunir MC’sde Belo Horizonte, na rua,

para organizar as ‘batalhas’,isso foi em 2007” afirma ele.

Sobre o envolvimento daprefeitura neste projeto, Pe-dro faz ressalvas: “Através do“família de rua” a gente jáconseguiu trazer mais lixeirase iluminação, e não pagamosalvará pela utilização do espa-

ço. Mas ainda falta muita coi-sa. O lance do banheiro éuma novela. É muito caro, etemos uma média de 500 pes-soas por noite”. Ele lembraque a Belotur já providencioubanheiros para os rappers,

mas os mictórios acabavamsendo pichados e, por isso,eram retirados pelo própriopatrocinador.

Mesmo sendo uma culturainiciada fundamentalmentepor afro-americanos, o even-to, onde o respeito predomi-na, conta com ampla diversi-dade étnica. “Sem a galera

aqui, não tem o movimento”enfatiza Frederico Marques,28 anos, freqüentador doevento desde as primeiras edi-ções. “Muita gente acha queaqui só tem favelado e usuá-rio de droga, mas não é as-

sim”. Sobre a influência dorap em sua vida, ele é taxati-vo: “estilo de vida, velho. Esti-lo de vida”.

Para o professor de Estéti-ca e Cultura de Massa do Uni-BH, Luiz Henrique Maga-lhães, o movimento, além decontribuir com a cultura ur-bana, proporciona a inclusãosocial dos jovens que partici-pam dele. “Vivemos em umasociedade com um sistemaeducacional muito limitado,principalmente para os maiscarentes, e com um acesso res-trito à cultura”. O professor

acrescenta que “práticas dessanatureza, assim como práticasesportivas, retiram jovens deáreas de risco além de gerarum sentimento de pertenci-mento a algum grupo.”

EspecialIMPRESSÃO   3BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

Manos, trutas e

ALGUMAS TRETASHá 3 anos, o tradicional duelo de MC’s no viaduto Sta Tereza abre espaço para o hip hop

Grupo de MC’s duelam verbalmente, sobre uma base musical, conduzida por um DJ; o público chega a 500 pessoas por noite

“Muita gente achaque aqui só tem

favelado e usuáriode droga, mas nãoé bem assim”

Frederico Marques

Além do tradicional duelode Mc’s, outro projeto cultu-ral, criado pelos jovens mc’s,tem movimentado a região doviaduto santa Tereza aos do-mingos. Idealizado pela Famí-lia de Rua com o intuito dereunir skatistas e simpatizan-tes do skate de forma alegre e

descontraída, o De Rua GameOf Skate 32 teve seu início noano de 2008 e hoje conta comdezenas de participantes.

Valorizando o real skatepraticado na rua, mais precisa-mente debaixo do viadutoSanta Tereza, a brincadeiraacontece nas tarde de domin-go, com intervalo de dois me-ses entre uma edição e outra.Lá, os skatistas se enfrentamatravés de manobras realiza-das em chão liso. No final dascontas, vence aquele que erraro menor número de mano-

bras. Como a disputa vale di-nheiro, o vencedor leva pracasa, em média, R$ 320,00.

Os 32 skatistas participan-tes são definidos por meio desorteio e, mesmo que haja 50inscritos, participarão apenasos 32 primeiros sorteados.Mais do que uma competição,o game é um ponto de encon-tro para as pessoas se diverti-rem, se encontrarem e ouvirum bom som.

Skate sobo viaduto

MARCOS VICENTE

referência a um álbumao vivo dos Racionaisálbum se chama 1000

trutas, mil tretas é um sinônimo de

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Especial IMPRESSÃO4 BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

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EspecialIMPRESSÃO 5BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

Bruna ÁvilaDayane LimaHevila OliveiraPriscila Mendes6° PERÍODOEdição:Ana Flávia Tornelli

A utilização da cultura noresgate da cidadania vem sedestacando como um disposi-tivo inovador e estratégicopara inclusão social de pesso-as com transtornos mentais.Um exemplo desse trabalho éo grupo musical Trem TanTan, composto por portado-

res de sofrimento mental quesão pacientes do Centro deConvivência de Venda Nova,região metropolitana de BeloHorizonte. O grupo realizashows em centros de incenti-vo à cultura gratuitamente.Quando é cobrado, o valor ésimbólico, como por exem-plo, um quilo de alimentonão perecível.

Dirigido pelo músico, edu-cador social e produtor Babi-lak Bah, o grupo, formadopor cinco integrantes, surgiuem uma oficina de percussãoministrada pelo artista, desde2001. A ideia era unir ritmo,musicalidade, expressão ecriatividade.

O nome Trem Tan Tan foiescolhido em homenagem aotrem que transportava, no iní-

cio do século XX, pacientesde várias regiões para o hospí-cio da cidade de Barbacena, a168 quilômetros de BH. Dosmais de 30 participantes, oitodescobriram aptidão para mú-sica e resolveram embarcarneste projeto.

A psicóloga e gerente doCentro de Convivência, Ana

Paula Novaes, considera fun-damental o uso da cultura noprocesso de reintegração so-cial. “Na vida deles, poder seexpressar, cantar, subir nopalco e ser reconhecidos éalgo muito importante. Pesso-as que antes estavam muitodeprimidas e que passarampor internações de longo tem-po, agora podem se apresen-tar à sociedade de uma outramaneira, com dignidade e re-conhecimento. Isso gera umamudança na auto estima des-sas pessoas”, afirma.

Um dos percussionistas dogrupo, Gilberto da Rocha, seemociona ao falar de sua ex-periência no Centro. “Aquieu encontrei o entusiasmopara minha vida. Tudo mu-dou. Eu me sinto alguém ebusco inspiração em Deuspara compor as músicas”.

Já o integrante Carlos Fer-reira, também da percussão,reflete que, por meio da cultu-

ra, ele pôde concretizar umsonho. “Através desse trabalhomusical que a gente faz, eu meredescobri. O meu lado socialestava morto. Hoje, eu consi-go compor e me expressar por

meio de cada instrumento queeu manejo”, ressalta Carlos.“Às vezes, a pessoa se acha inú-til, mas aqui eu descobri queposso e sou capaz. Me sintorealizado”, enfatiza.

PrêmioNo ano passado, o grupo

desenvolveu o projeto “Lou-cos pela Diversidade” e foipremiado pelo Ministério da

Cultura. Com o apoio da Pre-feitura, em 2002, lançou oprimeiro CD, “Trem TanTan”, com caráter mais per-cussivo.

Em outubro do ano passa-

do, o grupo promoveu o lan-çamento do segundo álbum,“Sambabilolado”, que traz emseu repertório clássicos dosamba, como “Tristeza”, deHaroldo Lobo e Niltinho, e amúsica de trabalho “Sambada Felicidade”, composta porGilberto.

Mais informações sobre oprojeto e a agenda cultural dogrupo estão disponíveis no

site www.palcomp3.com.br/tremtantan ou pelo telefone

“Aqui euencontrei oentusiasmopara minha vida.Tudo mudou.Eu me sintoalguém e buscoinspiração emDeus para

compor asmúsicas”

Gilberto da Rocha

Trem Tan Tan, dirigido pelo músico Babilak Bah (de camisa preta), realiza shows gratuitos

Há mais de 30 anos, ques-tões sobre a saúde mental têmsido alvo de discussões entrerepresentantes da área, comobjetivo de elaborar propos-

tas de melhoria das PolíticasPúblicas e dos direitos sociaisdos pacientes.

Em abril de 2001, foi apro-vada a Lei Federal de SaúdeMental, número 10.216, queregulamenta o processo daReforma Psiquiátrica no Bra-sil.

A legislação é resultado doMovimento da Luta Antima-nicomial, que propõe a supe-ração da ideia de internaçãocomo solução para todos oscasos de doenças psiquícas e abusca por uma sociedade mais

justa, pautada na dignidadedo ser humano e na sua eman-cipação.

Centro de convivênciaDentro dessa perspectiva,

surgiram os Centros de Con-vivência, que oferecem aosportadores de transtornos

mentais espaços adequadosde sociabilidade e de produ-ção cultural para que eles sereconheçam como cidadãos.

A antropóloga Cristina

Leite reitera que “a criação deum espaço onde eles podemse expressar livremente é inte-ressante do ponto de vista te-rapêutico”, comenta.

Cristina vai além: “A cul-tura tem a função de fazercom que as pessoas se sintampertencentes a determinadogrupo. Isso é importante namedida em que elas são valo-rizadas pelo que fazem”, con-clui.

OrgulhoA professora de artes do

Centro de Convivência, Lu-ciana Rodrigues, destaca a sa-tisfação dos pacientes. “Quan-do estou trabalhando comeles, eu consigo identificar ahabilidade artística de cadaum. É possível notar o orgu-lho que sentem de si mes-mos”.

Dignidade e satisfação

FOTOS: BRUNA ÁVILA 

Peças e objetos produzidos no centro de convivência por portadores de transtornos mentais

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Ensaio IMPRESSÃO6 BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

VendenTEXTO, FOTOS E EDIÇÃO:Juliana Vallim6° PERÍODO

As imagens colocam em evidência o evento Vendendo Peixe, realizado em2010, que trazia como movimento central a liberdade de expressão eideias compartilhadas. Naquele sábado, durante todo o dia, passa-ram pelo terceiro andar do Mercado Novo, na região do BarroPreto, cerca de 300 pessoas. Após a iniciativa vanguardistados criadores do evento, surge um espaço definitivosem vínculos com os idealizadores do VendendoPeixe, cujo nome é Mercado das Borboletas

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EnsaioIMPRESSÃO   7BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

o Peixe

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Larissa RodriguesSandra LeãoTacila SouzaThayane Ribeiro6° PERÍODOEdição: Ana Flávia Tornelli

É possível, em um mesmolocal, encontrar figueiras e ja-queiras, cipreste calvo e flam-

boyant, eucalipto, sapucaia,pau mulato e pau rei e, aomesmo tempo, sabiás e bem-te-vis, garças e periquitos? Esteespaço é real e existe em BeloHorizonte: o Parque Munici-pal Américo Renné Giannet-ti, primeira área verde da capi-tal. Ele abriga atualmentecerca de 280 espécies de árvo-res nativas, como as que fo-ram enumeradas, e mais de300 tipos de plantas orna-mentais originárias de diver-sos lugares do Brasil e domundo. Em um viveiro de750 metros quadrados sãocultivadas cerca de 120 espé-cies de plantas medicinais.Mais de 50 espécies de árvo-res centenárias e um orquidá-rio contribuem para enfeitaro espaço. Ao todo são 182 milmetros quadrados de extensavegetação, o que contribuipara amenizar o clima na re-gião central da cidade.

Além da mata verde pre-sente em abundância no lo-cal, os animais também cha-mam a atenção dos milharesde visitantes que ali passamdiariamente. O parque serve

como um refúgio para cercade 60 espécies da fauna silves-tre, como sabiás, bem-te-visgarças, periquitos, pica-paus,sanhaços, saíras e outros ani-mais, como gambás e micos.Nas três belas lagoas, abasteci-das por diversas nascentes,podem ser encontrados cercade 11 tipos de peixes. Entreeles: carpas, tilápias e doura-dos. Toda essa área verde en-contrada em plena região cen-tral de uma agitada capitalcontribui para atrair morado-res que ali se refugiam com ointuito de respirar ar puro e

realizar suas atividades físicasem meio à natureza.

Quem visita o parque,além se maravilhar com ogrande acervo de espécies na-tivas, também pode apreciaras diversas atrações culturaisque o ambiente oferece. Paraos frequentadores, as opções

são as mais diversas: mostrascientíficas para estudantes,peças teatrais, exposições dearte, shows musicais, concur-sos de poesia, oficinas e tri-lhas ecológicas. Além disso, oparque conta com uma ilumi-nação cênica que destaca suasárvores centenárias, o Coreto,o Monumento, a Mãe Minei-

ra e o Teatro Francisco Nunes,deixando o local ainda maischamativo durante a noite.

Como opções de lazer, oparque oferece, para uso gra-tuito, brinquedos, equipa-mentos de ginástica, pista decaminhada, quadra poliespor-tiva, pista para skate e quadrade tênis. Abriga, também,com tarifa deR$1,00,21brin-

q u e d o seletrônicos, comocarrossel, roda gi-gante, minhocão,rotor, safári e pula-pula.

Mas nem sempre opúblico que diariamentetransita pelo parque tem co-

nhecimento de todas essas ati-vidades. Esse fator se dá pordois motivos: ou o cidadãonão tem acesso a este tipo deinformação, que nem sempreé divulgada, ou realmente nãotem interesse e, por isso, nãoprocura saber.

Para a arquiteta PaulaMara Oliveira Cruz, “o Par-

que Municipal é muito im-portante historicamente paraBelo Horizonte. Além de sero primeiro parque construídona capital, seguindo o planodo arquiteto e planejador dacidade, Aarão Reis, ele ofere-ce cultura, lazer e conheci-mento para a população belo-horizontina”.

Segundo a chefe da Di-visão de Educação

Ambiental e Even-tos do Parque

Municipal,Mônica

A n -

drade, ele recebe, diariamen-te, pessoas de vários segmen-tos. “O público é diverso, afaixa etária é variada e a con-dição social e intelectual édiversificada”. Ela destacatambém que muitas pessoasque trabalham na região atra-vessam o parque e acabam setornando freqüentadores. É o

caso do publicitário LucasCunha que, a caminho do tra-balho, descobriu a variedadede atividades que o espaçooferece. “Passei a freqüentar oparque depois que percebique ele era um bom lugar parame exercitar. Hoje faço cami-nhadas e, aos fins de semana,sempre procuro saber o que oparque oferece de eventos cul-turais”, afirma o frequenta-dor.

Mônica destaca ainda a im-portância do parque para a ci-dade de Belo Horizonte. “Ele

é um espaço de preservação econservação ambiental quevisa à melhoria da qualidadede vida da cidade. O visitante

pode contemplar uma vastagama de espécies da fau-

na e da flora nativa eexótica que foram tra-zidas para Minas naépoca da coloniza-ção. Além disso, oparque é também

um espaço de entretenimentoe convívio social” explica.

Além de contribuir para omeio ambiente, é também co-nhecido como espaço urbanocapaz de promover a interaçãoentre o meio ambiente e aspessoas, proporcionando ocontato direto com a naturezae estimulando a criatividade

em todas as idades.

InterditadoApós a queda da árvore

que matou a aposentada Ma-ria de Fátima Ferreira, 57, nodia 12 de janeiro deste ano, oprefeito de Belo Horizonte,Márcio Lacerda, decidiu inter-ditar o parque municipal paraque as outras 3.700 árvoresfossem investigadas. Depoisde vistoriado, foi comprovadoque o Jatobá de 30m que caiusobre a mulher que fazia cami-nhada no local, estava infesta-

do de cupins, o que teria oca-sionado a queda. Em proteçãoàs mais de 16 mil pessoas quetransitam pelo parque todosos dias, o local está interdita-do até que todas as árvores se-jam verificadas. Ainda nao haprevisão de reabertura do par-que.

Especial IMPRESSÃO8 BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

Com cerca de 180 mil m2 de extensa vegetação, o Parque Municipal de Belo Horizonte atraipessoas que buscam ar puro, contato com plantas e animais, diversão e programas culturais

“Passei a

freqüentar oparque

depois que

percebi que

ele era um

bom lugar para

me

exercitar. Sempre

procuro saber oque o parque

oferece de

eventos culturais”

Lucas Cunha

MUITO ALÉMda fauna e da fl ora

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EspecialIMPRESSÃO   9BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

Palácio das Artes -

Teatro Francisco Nunes -

Diversão e arte

O trenzinho ainda é uma das mais tradicionais atrações doParque Municipal voltadas para as crianças

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Uma das apresentações do evento Concertos noParque, realizado todo primeiro domingo de

cada mês

Vista aérea do Parque Municipal, que conta com cerca de 180mil m² de área verde

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Especial IMPRESSÃO10 BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

Juliana VallimRômulo FegalliMarisol Bispo6° PERÍODO

Edição: Luiz Ladeira

Todos podem ser artistas,todos podem vender seu peixe.Essa foi a proposta do “Ven-dendo Peixe”, evento que reu-niu música, cinema, grafite,arte digital e desenho no ter-ceiro andar do Mercado Novo,no Centro de Belo Horizonte,criando um espaço alternativopara manifestações artísticas.Realizado em setembro do anopassado e organizado pelo gru-po Urubois e vários parceiros,a proposta era surpreender opúblico, num acontecimentoaberto, comandado pelo im-previsível. A iniciativa inova-dora deu tão certo que deve serepetir este ano.

O “Vendendo Peixe” con-tou com a participação deaproximadamente 300 pesso-as. Bandas de ritmos variadosagitaram o ambiente, grafitei-ros desenhavam pelas paredesdo andar abandonado, alémde uma sala de cinema impro-visada, comida e bebida. Lon-ge do amparo das leis de incen-tivo, o evento foi realizadograças ao responsável pelo

Mercado Novo, João Gabriel,

ao apoio financeiro de peque-nas galerias e espaços alternati-vos de Belo Horizonte e a ven-da de bebidas. Os equipamentos

de som usados durante o even-to também foram empresta-dos.

A programação foi marca-da pela diversidade musical,que variou do samba aoGrindcore, uma vertente dorock, até a moda de viola. En-tre os músicos convidados ha-via desde bandas experientesaté grupos amadores, que nun-ca se apresentaram para gran-des públicos. Um dos organi-zadores do evento, o jornalistaJoão Perdigão, destacou que ointuito não era a badalação

com nomes conhecidos, masdar oportunidades para todosque queriam se expressar. “A intenção é abrir espaço paraartistas que estão começando,que ainda não têm reconheci-mento. Sem discriminação, háartistas novos e outros já roda-dos”.

OportunidadePara a estudante de Letras

Letícia Ferreira, 18, que parti-cipou do “Vendendo Peixe”,o evento é uma oportunidadeque os artistas anônimos têmde mostrar seus trabalhos.

“Qualquer um pode chegar e

fazer sua arte de maneira li-vre. É muito bom o clima queo ‘Vendendo Peixe’ tem”, con-cluiu.

Um fato inusitado noevento foi a presença maciçade crianças, que circulavampelos corredores do terceiroandar do mercado livremente.

A meninada pôde desenhar e

pintar as paredes junto comos grafiteiros, atitude defendi-da pelos organizadores. “Otrabalho tem uma visão con-testatória. Que cada um possachegar e fazer sua arte”, frisouPerdigão.

Segundo o professor uni-versitário e filósofo Luis Hen-

rique Magalhães, em geral, to-

dos têm alguma capacidade decriar e precisam de oportuni-dades para que essa qualidadese manifeste. “Existem aquelesque não dominam nenhumatécnica especifica, mas podemcriar com qualidade”.

Sem lei de incentivo, evento une otradicional ao contemporâneo emrelações criativas e atrai público

Evento cultural, com várias bandas, reuniu centenas de pessoas no Mercado Novo, na rua Tupis

Da esquerda para a direita: bandas tocaram desde samba ao grindcore; espaço para exibições de filmes e vídeo arte; imagem de divulgação do evento no local

FOTOS: JULIANA VALLIM

Leia a reportagem na íntegra nosite:

www.jornalimpressao.com.br

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EspecialIMPRESSÃO 11BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

Carla DanielleGislainy BorgesAna Beatriz Von SucroJulia ArantesThiago Almeida6° PERÍODOEdição: Luiz ladeira

As leis de incentivo à cultu-

ra estão longe de serem mode-los que funcionam plenamen-te. Muitas vezes não conseguemcobrir a demanda da socieda-de e costumam concentrar ospatrocínios na região sudeste.Porém, elas possibilitam a so-brevivência de inúmeros pro-jetos culturais. A cultura – queé um direito previsto na Cons-tituição Federal devido à suaimportância como fator desingularização humana – é umbem que deve estar acessível atodo cidadão, independente-mente de credo, raça ou classesocial.

O que éO conceito de cultura é

muito amplo, ele não se res-tringe somente a eventos eru-ditos, como explica o profes-sor de Filosofia Luiz

Magalhães. Desde um show de música popular até o fíga-do com jiló ou acebolado doMercado Central são conside-rados produção da realidade.“Caracterizam um povo e umaépoca, portando são eventosculturais”, explica.

Uma das formas de manter

vivas as características de umasociedade é por meio dessas eoutras atividades que grupos eartistas realizam em cada co-munidade. Mas, para susten-tar essas manifestações, essesartistas necessitam, muitas ve-zes, de patrocínio. Nesse pon-to as esferas federal, estadual emunicipal criaram leis de in-centivo à cultura. Tais leis pro-põem que empresas invistamno setor e recebam abatimen-to nos impostos, como com-pensação.

Para receberem recursos,os projetos devem se inscrever

seguindo um edital. Depoisde aprovados, devem cumprirregras e prazos de execução eprestar contas à prefeitura.Em Belo Horizonte, desde1993, a lei de incentivo a cul-tura apóia de 100 a 130 proje-

tos culturais por ano.

Realidade da LeiSegundo a Coordenadora

da Gestão de Projetos e Asses-sora dos Trabalhos das Comis-sões da Secretaria Municipalde Cultura da capital, JanaínaMota, a maior dificuldade é a

insuficiência de recursos parao grande número de projetosque chegam à Prefeitura. A leiconsegue atender apenas 10%da demanda do Município.Janaína acrescenta que emBelo Horizonte a Prefeituradá, ainda, a possibilidade depequenos grupos terem acessoa apoios por meio do fundode projetos culturais que con-templa grupos iniciantes e quenão possui nenhum vínculocomercial. Para Janaína, é ine-gável a importância do incen-tivo à cultura. “As leis de in-centivo podem ser um

pequeno passo rumo a umaconscientização da culturacomo bem desejável da socie-dade”, pontua.

A lei pode ser cercada deburocracia, mas é um grandeinstrumento de fomento cul-

tural. Ela deve ser discutidapara ser aperfeiçoada, comoassegura Janaína: “Serve derespiro para um universo cul-tural tão rico e ao mesmotempo esquecido. São porcen-tagens de dedução fiscal que

permitem a afirmação e conti-nuidade de vários artistas egrupos culturais pelo país”.

Arte espera por

PATROCÍNIOMuitos projetos culturais da capital não saem do papel por falta de apoio e interesse

Apoio:

Parceria:

Patrocínio:

Entenda mais

DIVULGAÇÃO

À margem das leis de in-centivo, muitos movimentosculturais sobrevivem por meiode adesão do setor privado eda comunidade. Um exemplo

disso é o projeto Bangalô Cul-tural que acontece nas ruas epraças do município de Con-tagem.

O Bangalô, que existe des-de 2008, realiza diversas ativi-dades em espaços públicos dacidade com o desafio de fazerda cultura o elemento maiseficaz de inclusão social. Oobjetivo é levar intervençõesartísticas a diversos locais degrande concentração de pes-soas, a fim de proporcionarmomentos de integração, en-tretenimento e reflexão.

O coordenador do Banga-

lô, Rafael Aquino, disse queuma das reivindicações doprojeto é a aprovação de umaLei Municipal de Incentivo àCultura em Contagem. Se-gundo Aquino, hoje, paraque ocorram atividades doBangalô é preciso recorrer aparceiros fixos na iniciativa

privada, pois “em cada ativi-dade que empreendemos énecessário iniciar um novoprocesso de captação de re-cursos,” ressalta.

Aquino esclarece que oBangalô possui seguidores fi-xos que frequentam todos oseventos - independentementeda temática abordada - e queo público atingido pelo proje-to é formado, em sua maiorparte, por jovens e adultos declasse média na faixa etária de18 a 30 anos. A outra parte,segundo Aquino, é formadade acordo com o tema doevento.

A atriz Daniela GraciereFeitoza participa das ativida-des do Bangalô há um ano econta que o que mais gosta

no projeto é a abertura queele possibilita para a apresen-tação de diversos artistas egrupos de teatro, dança e mú-sica, além de ser uma impor-tante ferramenta social. “OBangalô realiza uma democra-tização da cultura em Conta-gem”, afirma.

Bangalô Cultural

Projeto Bangalô Cultural agita as ruas e praças da cidade de Contagem desde 2008

Leia a reportagem na íntegra nosite:www.jornalimpressao.com.br

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Crônicas IMPRESSÃO12 BELO HORIZONTE, DEZ/2010 A ABR/2011

Esse coração cheiode orifícioJuliana Vallim6º PERÍODO

Seus olhos ardiam. Meusolhos ardem. A fumaça corróia vida dos bobos, vai girandoem torno dos cabelos e pronto,gruda no teto. Abri a janela fazuns cinco minutos. Sou voyeur.Hoje, ontem e amanhã nãodirei nada. Desespero ameno,solidão dobrada na gavetada Nan que virou Ian. Erammeus. São seus. O tempo en-gole, faz bem pra tudo. Fariabem pra tudo, se passasse. Àsvezes se da um jeito rápidode estancar o fogo ligeiro quecruza todo corpo. O primeiromodo de se destruir a tristeza.Arrependimento e ataque.

Bem não faz essa coisa deficar enumerando jeitos, mas

a construção começa assim.Direto da planta, antes doscalcanhares. Não rastejo. Semrastros. Não tateio no es-paço, vou direto, numvoo rasantecom essab o c a

aberta esperando que o in-finito chegue. Nunca. Depoisse cansa. Eu me canso. Es-pero tanto que uma espécie demorte acalma aqui dentro dosmúsculos roídos. Caio sem sa-

ber que cai. Assim como Caioque sempre caia. Caímos debraços dados bem lá no fundo,nessa matéria que começa as-sim: árida.

Ela nunca dizia por quê.Eu nunca disse por quê. Tan-ta certeza do próximo modoque colocou as mãos pra trás.Liguei o ventilador nesse frio,só queria espairecer. Esbarreina pilha de jornais velhos e mecaiu nos braços logo a tua notí-cia, dilacerada, quente, úmidae amarrotada sacudindo omeio de mim. Ainda era levee pura. Socorria dentre todos

meus desamparos. Socorrianossos desamparos, Ana, commeu rosário na mão, alvo e

bento.Adorme-

ci. Nãos e i .

Dormitei emmim. Tudo issoque eu queria.Completamentemesmo quenula ser tua,

enguicei nahora de dizer.Do outro ladoda cidade, nemsei se chovia;aqueles dedostortos, daquelecorpo alto que es-traçalhava a rodelado telefone pressen-tia e bem aqui ecooupor todo canto aprimeira liga-ção sobre nossaaltivez. Elegân-cia. Forma deo b j e t o

encar -n a d oem ser huma-no.

Roí tudo até o sabugoJuliana Vallim6º PERÍODO

Tou sentada aqui faz umtempão. Não espero nada, nãoespero ninguém. Praticamente

não sinto nada; não ouso sen-tir. Parei de roer as unhas fazmuito tempo e agora, o quefaço com isso? Sei que nãoposso escrever a palavra sabu-go aqui. Nem olho pros lados,simplesmente desliguei o tele-fone e mal preciso ensaiar aresposta quando meu nome for pronunciado: QUÊ? Sei queagora me deu uma puta von-tade de ver o Augusto, aque-le, que destruiu meu coração,ou foi ao contrário? Nem melembro. Nessa bolha, tudo fun-ciona assim, pura abstração.

Cogito a hipótese de pegar o

telefone e ligar. Sonhar nãotá com nada, mas não, nãotenho o número dele, mas sim,posso brincar de combinaçõesnuméricas. Não, melhor nãojogar com o destino.

Nesses dias de vento para-do é que penso e penso e pen-so. Penso em nada. Tento nãome comunicar comigo mesmae me dá uma coceira cerebral.Nos primeiros dez minutosfico quietinha, por que sim,seria melhor se eu sentisse decá, você daí e tudo bem, masai; sei lá, o que faço com isso?Sinto e venho com toda forçafazer um comunicado geral: es-tou em chamas. Todo dia é umpouco assim, vou batendo nasportas, abrindo as janelas, per-dendo completamente o rumo

daquele caminho de quando

entrei e nem sei mais –mesmo – por que.

Estiquei um pouco aspernas, mas nem melevantei, não pensonisso por enquanto.

Queria ter algo con-creto nas mãos e poder querer, só que não. Nemquero querer, se quisesse;tava em mãos. Acho que isso,um cigarro. Sou daquelas quecoloca o rosto pra fora do vi-dro com um cigarro apagadona boca, e procura o isquei-ro enquanto o carro nãoanda, e também, nemsei de quem é o carro,mas sei que vou indo.E na nossa despedida,nem adeus nem até logo,só aquele soul e essa coisa

de ser.

MONTAGEM A PARTIR DAS OBRAS DE GUSTAV KLIMT – AUSGESTRECKTE FRAU (ES-