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7/31/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDICAO 187 CADERNO 2 http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-187-caderno-2 1/12 DO!S Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do Uni-BH Ano 29 • número 187 • Maio de 2012 • Belo Horizonte/MG    j     É    S    S    I    C    A    A    M    A    R    A    L N vn infé Músicos surfam nas mídias sociais para chegar a seu público PÁGINA 6

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DO!SJornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do Uni-BH

Ano 29 • número 187 • Maio de 2012 • Belo Horizonte/MG

   j    É   S   S   I   C   A

   A   M   A   R   A   L

N vn inféMúsicos surfam nas mídias sociais para chegar a seu público PÁGINA 6

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Traço valente

Camila CrrêaMarcel CamelPal Nascimen8º período

Ei: Marina Fráas

Dois olhos azuis, peleclara e muito talento. Essaé uma das muitas definiçõesde Vitor Cafaggi, desenhistabelo-horizontino. O sorrisotímido, a voz suave e calmadisfarçam a idade do artista,que parece ter pouco maisde vinte anos. Diferentemen-te do que os astrólogos apon-

tam para os arianos, Vitornão é agitado e impaciente.Na verdade, o jovem é mui-to observador, qualidade quelhe rendeu bons frutos e per-sonagens.

O jeito para desenhar co-meçou na década de 1980,quando o artista ainda era

criança: “Gostava de dese-nhar os personagens que lianos quadrinhos. Também fa-zia versões infantis dos meussuper-heróis favoritos e cria- va histórias com personagensque eu inventava”, conta Vitor. O dom foi sendo lapi-dado aos poucos e, à medidaque amadurecia, a qualidadede seu trabalho também au-mentava: “O talento andalado a lado com o treinamen-to, e isso vem com o tempo”,afirma o desenhista.

Mesmo sendo fã de su-

per-heróis como Homem--Aranha, He-Man e Jaspion,os personagens que fizeram Vitor se apaixonar pelos qua-drinhos foram os brasileirís-simos da Turma da Mônica.“Eu aprendi a ler acompa-nhando o trabalho do Mau-rício de Sousa. Foram meu

primeiro contato com a lin-guagem dos quadrinhos”,afirma o artista. Os desenhos,que até então eram os únicosatrativos para o menino, como tempo foram se juntandoàs palavras e contando histó-rias, das quais Vitor nunca seafastou. “O desenho semprefoi muito importante na mi-nha vida. Na infância, comoeu era muito tímido e calado,eles ajudavam para que eume expressasse. Na adoles-cência, desenhar já era umdiferencial entre meus cole-

gas de escola. Isso me ajudoua socializar com jovens da mi-nha idade. Hoje, os desenhossão minha profissão e meuhobby ao mesmo tempo”, ga-rante Vitor.

O quadrinista conta quesempre recebeu apoio dospais e irmãos. Filho do meio,

foi apresentado aos quadri-nhos pelo irmão mais velhoe, anos depois, incentivou acaçula a desenhar. “Algumasdas memórias mais antigasque eu tenho são de estardesenhando junto a meu pai,minha mãe e minha avó”,diz Cafaggi. Suas grandesinfluências do mundo dosdesenhos são Bill Watterson,criador das tirinhas do Cal- vin, “a melhor coisa já feitaem quadrinhos”, segundoele, e Charles Schulz, autordo Snoopy e Charlie Brown.

Em 2008, Vitor criouo blog Puny Parker, ondepublicava, semanalmente,tirinhas com histórias doHomem-Aranha quandocriança – ainda “sem grandespoderes e grandes responsa-bilidades”, como diria Ben,tio do personagem da MarvelComics, importante editoraamericana do ramo dos qua-drinhos. A ideia de oferecero conteúdo na internet nãoera ambiciosa. Segundo Vi-tor, na verdade, o blog erauma espécie de obrigação

semanal para a produção dastirinhas (que, antes do blog,eram postadas no Orkut dodesenhista). Originalmentefeitas em inglês, as tirinhasforam se tornando cada diamais populares na web, e foipor causa do personagem,feito com traços delicadose diferenciados, que Vitorganhado reconhecimento.“Com o blog, mais genteconheceu meu trabalho ealguns meses depois eu jácomecei a receber convitespara outros projetos como

Pequenos Heróis, o MSP 50e Valente”, diz Vitor.Participar do livro “Mau-

rício de Sousa por 50 ar-tistas” foi uma das grandesrealizações profissionais – epessoais – para Vitor. Aocompletar 50 anos de carrei-ra, uma História em Quadri-nho (HQ) gigante foi mon-tada, com desenhos de 50desenhistas brasileiros. En-tre Ziraldo, pai do MeninoMaluquinho, Fábio Moon,cartunista do jornal Folha deS. Paulo e tantos outros ar-

tistas renomados, lá estava omineiro, tímido e talentoso. Vitor conta que o convite foiuma grande e feliz surpresae que, ao saber dos demaisconvidados para a obra, per-cebeu que aquele trabalho se-ria um dos mais importantesde sua vida. Na HQ, Vitordesenhou uma história comChico Bento, personagemcaipira de Maurício de Sou-sa, um dos preferidos do de-senhista. “Não esperava quea aceitação do público fossetão grande”, revela o artista.

 Atualmente, com 33anos, Vitor publica tirinhassemanais no jornal O Globo.Elas contam a história de Valente, um cachorro apai- xonado, que vive diversas si-tuações comuns a um jovemhumano. O nome Valente éhomenagem ao primeiro pas-tor alemão que o artista teve,quando criança. A identida-de dos personagens é basea-da em pessoas com quem odesenhista convive. Segundoele, o Valente é quase umaautobiografia.

Quinh Impressão2 Belo HorIzoNte, maIo de 2012

 Vir Cafai, qarinisa bel-hriznin, cnqisa fs em pas cm sespersnaens n bl Puny Parker e cm irinhas semanais n rnal O Globo

ILuStRAçõES: REPRodução

o persnaem “Valene” fi cria em hmenaem a primeir c pasr alem arisa

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Com o talento artístico de Vítor,uma pessoa muito próxima a ele aca-bou se revelando como outro prodí-gio de habilidade e destreza dentroda família Cafaggi. Trata-se da irmãLuciana – Lu Cafaggi – que, a partirda influência do irmão, iniciou-se nocampo da ilustração e histórias em

quadrinhos. Lu explica que o contatocom os desenhos começou há muitotempo. “Vítor me apresentou às HQsna infância, me ajudou a desenvolvermeu traço e é com ele eu aprendo alidar com o processo de produção dequadrinhos de maneira geral”.

A desenhista trabalha, atualmen-te, com o site ladyscomics.com, comartigos e ilustrações. Com a propostade falar para o público feminino douniverso dos quadrinhos, Lu escreveperiodicamente sobre essa vertente e

acredita que as mulheres são benefi-ciadas na leitura dos HQs, porque seidentificam emocionalmente com ospersonagens. “A sensação que temosno site, até agora, é de que sempreexistiram mulheres lendo quadri-nhos, mas que leem apenas para elasmesmas”.

 A irmã de Vítor tem também umblog pessoal, o lospantozelos.blogspot.com, no qual cria personagens e pos-ta divertidas tiras com histórias paratodos os gostos. Fora da internet, Luconfessa ser iniciante. Porém, destacacom orgulho o trabalho que realizouem “Mariana”, livro do célebre escri-tor de literatura infantojuvenil PedroBandeira. “Eu tive a honra de parti-cipar desta obra. Para os próximosanos, muitos outros ‘maiores traba-lhos’ estão por vir”, afirma Lu, em um

tom misterioso e bem-humorado.Em novembro passado, Vitor e Lu

participaram do Festival Internacio-nal de Quadrinhos (FIQ), em BeloHorizonte, em bate-papos com o pú-blico e em um stand sobre tirinhas.

Para a artista, o FIQ tem grandeimportância porque oferece oportuni-

dades para o quadrinista se fixar nomeio. “Acho que, do FIQ pra cá, agente vem se sentindo cada vez maisinserido nesse universo de produçãode quadrinhos”, destaca.

O principal homenageado doevento foi o criador da Turma da Mô-nica, Maurício de Sousa. “Um gran-de momento que vivemos no FIQ foitambém o bate-papo com o Mauriciode Sousa, quando o editor-chefe deleanunciou o nome dos autores que fa-riam as Graphic Novels da Turma da

Mônica e falou sobre a admiraçãoque tem pelo nosso trabalho. Essemomento foi incrível”, conta Lu, queainda ressalta a atenção que Mauríciosempre deu a todas as perguntas e en-trevistas que participou.

Compartilhar de um grande even-to, com cinco dias de duração, traz

outras experiências significantes. “Omelhor foi reencontrar amigos, co-nhecer pessoas novas e sensacionaise encontrar outras que acompanhamo nosso trabalho e dão a maior força,pessoas que a gente conhecia apenaspor comentários deixados em nossosblogs e redes sociais”. Lu completaque, “no fim das contas, o melhordo evento é poder compartilhar essesgrandes momentos com as pessoasque são importantes para a gente”.

QuinhImpressão   3Belo HorIzoNte, maIo de 2012

 Vitor e Lu Cafaggi: talento em família

 Vir e L Cafai cmpem a nva era a HQ nacinal

dIVuLgAção

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Cássi telesthalissa ter7º PERíodoEi: Marina Fráas

Quem passa pelo cruzamento en-tre as ruas da Bahia e Guajajaras, nocentro de Belo Horizonte, depara-secom um prédio histórico, construídoainda na década de 1920. Durante odia, pouca movimentação. À noite,uma iluminação especial dá destaque

à placa fixada em uma das paredesexternas do prédio, na qual se lê: Mu-seu Inimá de Paula.

Para quem nunca ouviu falar dodesenhista e pintor mineiro, a placapouco diz. Já para os interessados emarte ou com um pouco de curiosida-

de, é o suficiente para fazê-los entrarna casa que conta a vida e obra do“Mestre das Cores”. Inimá é consi-derado por muitos como o maiorexpoente brasileiro do movimentofauvista – estilo surgido na França nocomeço passado, que explorava o uso

das cores puras. Além das telas, os seis pavimentosdo prédio guardam objetos pessoaisde Inimá de Paula, como livros de suabiblioteca particular, fotografias, do-cumentos e até materiais que faziamparte do seu atelier, como pincéis,paletas e tubos de tinta. Todos os ob-jetos pertencem à Fundação Inimáde Paula, criada com o artista ainda vivo, em 1998, um ano antes de suamorte. O próprio pintor foi o respon-sável pela análise e autenticação demais de mil obras.

De acordo com Romero Pimentade Figueiredo, fundador e conselhei-

ro fiscal da Fundação Inimá de Paula,a ideia de criar a Fundação partiu dopróprio Inimá, que um dia confessouter o sonho de preservar sua obra. “A partir daí, comecei a contatar outrosadmiradores do Inimá e iniciamos oprocesso de busca ao paradeiro dassuas obras. Realizamos catalogaçõescom forte apoio de galerias, museuse imprensa locais em várias cida-des brasileiras. Esse foi o embriãodo Museu.”

Dez anos depois, em 2008, nasciao Museu, a partir de parceria entre aFundação e o Governo de Minas Ge-rais. Até o início deste ano, ficaram

expostas no local aproximadamente80 obras de Inimá. Embora o númerode telas pareça pequeno se compara-do à produção total de Inimá de Pau-la (cerca de 3 mil obras, sendo quedois terços delas já foram encontra-das e catalogadas), Romero Pimentaafirma que são suficientes para ilus-trar de forma temática e cronológicaa produção do artista.

O acervo foi montado a partir dedoações e empréstimos de coleçõesparticulares, a maioria delas cedi-das pelo marchand carioca MaurícioPontual. Depois de passar dois anostentando vender a coleção, Pontual

decidiu levá-la de volta ao Rio de Ja-neiro, trazendo um novo desafio paraa administração do museu.

 Além de InimáEngana-se quem pensa que o

Museu é exclusivo para a divulgaçãode obras e objetos de Inimá. Nosúltimos anos, a sala “Plataforma deExposições Temporárias”, localizadano último andar do prédio, recebeuobras de arte contemporânea, cinéti-ca, digital e vídeo instalações.

Todas as cores

em um único endereço

a páic Impressão4 Belo HorIzoNte, maIo de 2012

 Ani préi na Ra a Bahia abria cerca e 80 bras e Inimá e Pala,pinr mineir qe fez as cres a rane pranisa e sa bra

Cnsr na écaa e 20, préi abria bras e Inimá e, evenalmene, e arisas cnemprânes iverss.

dANy StARLINg

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De acordo com a coordenadorade arte do Museu, Gabriella Navarro,grande parte das exposições itineran-tes são de pintura, mas não há crité-rios rígidos quanto ao estilo, técnicaou temas das obras expostas. “Existeum conselho curador, formado porcríticos de arte renomados, museólo-

gos e artistas plásticos que analisamas obras e projetos enviados. As obraspodem ser de qualquer movimen-to artístico, não limitamos a apenasum.”

Romero Pimenta enfatiza que oMuseu está comprometido com aqualidade e divulgação das artes e,por isso, pode abrigar exposições emostras de estilos totalmente diver-sos, desde que compatíveis com oespaço físico e aprovadas pelo Conse-lho Curador da Fundação.

 Além das exposições de outrosartistas, o Museu abriga tambémfestivais. No último andar do pré-

dio, há um Cine Teatro, com capa-cidade para 150 pessoas, que recebeshows musicais, seminários, cursos,workshops, dentre outras atividades.Gabriela Navarro argumenta que to-das essas atividades são importantesporque trazem para o Museu um pú-blico diferente do comum, pessoasque não conhecem o local e voltamposteriormente para visitar as obrasde Inimá de Paula ou outros eventos.“Acreditamos que toda forma de ex-pressão artística é válida e o espaçomuseal é formado por essas iniciati- vas, aberto ao público profissionaltanto quanto aos iniciantes em arte”,

afirma a coordenadora. A partir das exposições tempo-rárias e das obras fixas de Inimá, oMuseu também realiza visitas gra-tuitas e orientadas para estudantesde escolas públicas. De acordo comRomero Pimenta, essas ações são im-portantes para o desenvolvimento docenário cultural de Belo Horizonte.“O ambiente mais dinâmico, mastotalmente comprometido com a di- vulgação das artes, vem fazendo doMuseu uma forte referência culturalda cidade”.

 Justamente por receber obras tãodistintas, não há como generalizar

quem é o público do museu. De acor-do com Gabriella Navarro, os visitan-tes são artistas, interessados em arte,estudantes de todas as faixas etáriase até mesmo pessoas que passam emfrente ao prédio e entram por curio-sidade.

O professor de Medicina do Uni-BH Guilherme de Oliveira, 33 anos,é um desses frequentadores. Ele con-ta que ficou conhecendo o museuquando foi assistir à apresentação daOrquestra Sinfônica de Minas Ge-rais. Em sua segunda visita ao Museu,o professor relata que teve uma per-cepção diferente do quadro que mais

havia chamado sua atenção. “Essequadro está diferente, mais forte. Seeu fosse descrevê-lo para alguém, an-tes de vê-lo novamente, seria muitodiferente”, comenta Guilherme, aoapreciar a tela pintada por Inimá,que mostra uma cidadezinha mineiracom uma grande árvore no centro.

Conheça o museuO prédio onde funciona o Museu

Inimá de Paula é o mesmo que, nopassado, sediou o Clube Belo Hori-

zonte e onde funcionou o extintoCine Guarani, na década de 1940. Atualmente, pertence ao Governo doEstado, que cedeu à Fundação Inimáde Paula o direito de utilizá-lo por 20anos. Custeadas pela iniciativa pri- vada, as reformas e a restauração doedifício contaram com o trabalho de

mais de 100 profissionais. Ao todo, o prédio conta com seispavimentos. No primeiro piso, umcantinho especial reservado aos obje-

tos à biblioteca pessoal de Inimá dePaula. No segundo, uma sala circularescura, onde estão expostos autorre-tratos pintados pelo artista. Há ain-da a Galeria Virtual, onde os admi-radores do pintor podem contemplaras telas que não estão fisicamentepresentes no Museu. No último an-

dar, a sala “Plataforma de ExposiçõesTemporárias”, o Cine Teatro e umcybercafé.

Segundo Gabriella Navarro, o

Museu é mais frequentado nos finaisde semana e no período de férias. Ohorário de funcionamento varia deacordo com o dia da semana e o va-lor da entrada é R$5,00 (inteira), masidosos e crianças menores de 10 anosnão pagam.

O museu está localizado à Rua da

Bahia, nº 1.201, no centro de BeloHorizonte. Outras informações pelotelefone (31) 3222-9798 ou no sitewww.inima.org.br .

a páicImpressão   5Belo HorIzoNte, maIo de 2012

Um mestre autodidataFoi na pequena cidade de Itanho-

mi, localizada no Vale do Rio Doce,no dia 7 de dezembro de 1918, quenasceu Inimá de Paula. Assim comooutros artistas modernos brasileiros,começou como autodidata, mas aper-feiçoou-se nas artes plásticas em Juiz

de Fora e no Rio de Janeiro. No Cea-rá, participou do Movimento Moder-nista de Fortaleza. Também frequen-tou o atelier de Cândido Portinari eestudou na Europa, com Gino Severi-

ni e André Lothe, entre outros. As pinturas de Inimá são marca-

das por pinceladas fartas, traços ecores fortes. Por isso é considerado o“Mestre das Cores”.

 Através de sua arte, Inimá fazia im-portantes denúncias sociais. Ainda na

década de 1950, pintou queimadas ecrianças de rua. De acordo com Ro-mero Pimenta de Figueiredo, amigo efundador da Fundação Inimá de Pau-la, as obras estão de acordo com algo

sempre dito pelo pintor: “O papel doartista é registrar em sua obra aquiloque é capaz de observar do mundo,instigando o espectador a pensar”.

Inimá de Paula faleceu em 1999,em Belo Horizonte. Em 2001, pormeio de uma lei aprovada na Assem-

bleia Legislativa de Minas Gerais, re-cebeu o título de patrono das Artesde Minas Gerais. É ainda hoje lem-brado como um dos grandes moder-nistas brasileiros.

 Arrera arisa faz pare acerv mse

REPRodução

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múic Impressão6 Belo HorIzoNte, maIo de 2012

 Arisas cnsaras invesem em ferramenasmiiáicas para esreiar sa rela cm públic

 Ana Lza gnalvesMahes Bali7º PERíodoEi: gsav Peersli

Ele já fez uma longa construção artística da face trágica do ho-mem em proparoxítonas. Ela, certa vez, quis ir ao céu para derramaras lágrimas de São Pedro ou de um grande amor. Ele já contou a his-

tória de Lily, de Bárbara, Carolina, Angélica e de uma Morena dosolhos d’água. Ela andou na contramão do português com seu subli-me e infantil pedido “beija eu”. Entre letras e acordes, Chico Buar-que e Marisa Monte constroem novos sons e, pelos ouvidos, iniciamuma conquista que se dissolve pelos outros sentidos, transformandoo universo da música numa comunhão que celebra o tempo dos quecaminham sem pressa – já que ambos dão um longo espaço entre umtrabalho e outro. Seja quando for, Chico e Marisa sempre inovam eousam em seus trabalhos, sem perder a essência, e mostram tambémque acompanham as tendências do mundo. Em 2011, os dois surpre-enderam quem esperava trabalhos lançados da forma tradicional –aquela em que quase não se tem notícias sobre o processo. Os novostrilham um caminho comum e de fácil acesso: a internet.

Desde os anos 1990, a internet tem sido utilizada como platafor-ma de artistas de todas as áreas. Porém, estes movimentos não eramtão fáceis quanto atualmente, devido a dificuldades de largura da

banda, publicação de áudio e vídeo etc. Com a chegada do século XXI e o surgimento das redes sociais, a exploração da internet paradivulgação de trabalhos de artistas começou a se popularizar. ParaLorena Tárcia, coordenadora do Laboratório de Convergência deMídias do UNI-BH, uma grande vantagem da internet é a possibili-dade de artistas desconhecidos mostrarem seus trabalhos, algo antesrestrito aos favores de rádios e gravadoras. “Milton Nascimento eFernando Brant já diziam que ‘Todo artista tem de ir aonde o povoestá’. Portanto, não dá para ignorar o público qualificado da web e asplataformas gratuitas disponíveis para a divulgação”, relata Lorena.

Para o lançamento do recente CD “Chico”, Chico Buarque con-tou com a gravadora Biscoito Fino para utilizar as plataformas digi-tais e comunicar os acontecimentos dos bastidores da gravação, pormeio do site chicobastidores.com.br , desenvolvido por Bruno Natal. Além de revelar o que acontecia dentro do estúdio, Chico agradouaos fãs apresentando-se ao vivo com João Bosco e oferecendo todas

as músicas do CD, com letras e com os manuscritos das canções.O intuito dessa experimentação foi criar uma relação mais próximacom os fãs, que passaram a entender melhor o processo.

 A divulgação da produção dos CDs pela internet possibilita umnovo olhar sobre as propostas dos trabalhos, porque a experimenta-ção acontece por um canal direto, onde os artistas, praticamente, se

humanizam diante da idolatria de tantos fãs. A interatividade e o re-torno são mais claros, também, porque é possível cruzar informaçõese gerar uma estrutura para o lançamento. Segundo Daniel Barbosa,jornalista especializado em música, a internet possibilita uma nova visão, à medida que chega a um público diferente, no caso de Chicoe Marisa, que se constituíram por meio das mídias tradicionais. “A leitura de um senhor de 60 anos, que ficou fã de Chico assistindoaos festivais da Record, é uma e a do jovem que tomou conhecimen-

to da existência de Chico pelos teasers de lançamento do novo álbumpela internet é outra”, garante o jornalista.

Marisa na redeEm outubro de 2011, Marisa Monte lançou o CD “O que você

quer saber de verdade”, música do amigo da tribo, Arnaldo Antunes. A cantora também se aventurou nas mídias digitais e explicou emseu site oficial (marisamonte.com.br ) que a internet serviria para infor-mar os movimentos do seu novo trabalho, conforme fossem aconte-cendo. Marisa usa a ferramenta como ponto de encontro entre ela eo público, que é peça fundamental do diálogo. Além disso, a cantoraofereceu diversas opções de redes sociais para manter esse contatocom o fã, alegando que as redes sociais são um fenômeno contempo-râneo onde impera a liberdade. Margareth Vasconcellos, coordena-dora de Mídias Sociais da Grudaemmim, empresa responsável pelodesenvolvimento do site da cantora, teve uma grande preocupação

em fazer algo que fosse a cara da artista e que ficasse dinâmico e faci-litasse o acesso do fã. “Marisa fez questão de participar do processode criação. Ela entende muito do mercado de distribuição e gostadessa coisa de tecnologia”, confessa.

Para Daniel, a vantagem da internet para Chico e Marisa é que arede, pelo menos potencialmente, atinge um público de milhões depessoas, maior que qualquer emissora de TV, rádio ou jornal impres-so. “Ainda que eles estejam presentes nesses meios, o que é o casoda Marisa e do Chico, com a internet eles têm infinitas janelas paraoutros públicos, inclusive de outros países. Afora o fato de ser um ca-nal em que você coloca sua música, seu videoclipe, seu depoimentoaudiovisual, seus textos, impressões, fotos”, conta o jornalista.

Seja ou não uma estratégia de marketing para vender os álbuns, ofato é que Chico Buarque e Marisa Monte estão numa esfera de am-plo reconhecimento público e, mais uma vez, mostraram inovaçãono lançamento dos trabalhos. Essa relação de reciprocidade entreartistas e fãs pode ser enriquecedora para os dois lados, mesmo emse tratando dos ilustres Chico e Marisa. Dois grandes artistas comhistórico expressivo dentro e fora do Brasil se uniram ao compor-tamento de artistas populares, mostrando que é possível levar – etrazer – toques de sutileza, sofisticação e delicadeza, assim como é oandar de ambos.

2007 - Gilberto Gil lançou o CD “Banda Larga Cordel” abordando a

revolução digital. No projeto de Gil, foi cr iado um blog especialmente

para a turnê, no qual foram postados shows, bastidores do palco

e das viagens e com versões de algumas músicas para diferentes

meios de comunicação, telefonia móvel, internet, ringtones,

truetones, downloads etc. O maior exemplo do fascínio do cantor

pelo assunto “tecnologia” foi em 1996, com a transmissão online de

“Pela Internet”, primeira música brasileira a ser ocialmente lançada

pela Internet ao vivo – em tempo real. A letra da canção dizia: “Criar

meu web site, fazer minha homepage, com quantos gigabytes se

faz uma jangada ou barco que veleja...”

2007 - O Radiohead, liderado por Thom Yorke, foi a primeira grande

banda no mundo a oferecer um disco inteiro para download 

em sua página na internet. Nela, os fãs poderiam pagar o valor que

quisessem, a partir de nada.

veteranos.se.rendem.à.http://www.

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7/31/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDICAO 187 CADERNO 2

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múicImpressão   7Belo HorIzoNte, maIo de 2012

o ncin vi igi gun i

odernidade .com.br 

2008 – Caetano Veloso criou o blog “Obra em progresso” , que traz em

seu conteúdo autocríticas sobre seu trabalho artístico, críticas de shows

de artistas nacionais e internacionais, além de analisar livros de poesia

atuais e antigos e comentar questões da língua portuguesa.

2011 – Chico Buarque lança o CD “Chico” e usa as plataformas

digitais para divulgá-lo, mostrando os bastidores da gravação,

apresentando-se ao vivo, disponibilizando todas as músicas do CD,

com letras e com os manuscritos das canções, além do serviço de

pré-venda, acesso exclusivo e antecipado ao conteúdo do álbum. A

canção “Nina” remete a um passeio pelo Google Maps ou Google Earth.

2011 – Marisa Monte lança um rico projeto digital que inclui

lançamento de músicas e clipes inéditos em que solta novidades

aos poucos. O grande diferencial ca por conta do oferecimento

de aplicativos para Android e iPhone.

REPRodução

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7/31/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDICAO 187 CADERNO 2

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Rafaella Arra7º período

Ei: gsav Peersli

 Já imaginou a oportunidade de rever grandesclássicos da sétima arte, dos mais variados gêneros,nacionalidades e épocas, em uma sala de cinema,com entrada franca? E ainda com a participação deespecialistas ao final de cada sessão? É essa a propos-ta da Mostra de História Permanente do Cinema doCine Humberto Mauro, localizado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Todas as quintas-feiras,a partir das 17h, obras decisivas do cinema são re- visitadas e comentadas por pesquisadores, críticos eprofessores.

 A Mostra, exibida desde 2010 e programação ro-

tineira de cinéfilos, foi inspirada em sessão de mes-mo nome realizada pela Cinemateca Portuguesa.De acordo com o gerente de programação do CineHumberto Mauro e também crítico e professor decinema, Rafael Ciccarini, a participação de comen-taristas, incluída a partir de agosto de 2011, tem o in-tuito de acrescentar valor ao projeto, adequando-seà política de formação do Cine Humberto Mauro. A ideia é que, uma vez terminado o filme, o públicopossa ouvir sobre ele e estender aquela experiência,com a possibilidade de relacionar informações aoque já foi dito em exibições anteriores. “O públicoque freqüenta a Mostra vai acumulando esse conhe-cimento e acaba, mesmo que lentamente, se forman-do na história do cinema”, destaca Rafael.

Riqueza pela diversidade A Mostra não segue ordem cronológica, nem

agrupa filmes de uma mesma tendência. São obrasbastante variadas, realizadas até a década de 1980,de origem norteamericana, brasileira, europeia, dosgêneros drama, faroeste, terror e comédia, entre ou-tros. Segundo Ciccarini, a proposta é exatamentedemonstrar a riqueza e diversidade da história docinema, destacando como ela é complexa e contra-ditória. Portanto, pouco afeita a qualquer lineariza-ção. O gerente de programação explica, ainda, que aexibição sequenciada poderia transmitir ao especta-dor a ideia de que, caso perdesse alguma sessão, nãoseria possível assistir a outra: “Não há isso. A pessoapode ir a um filme, faltar e voltar no outro. Ao mes-mo tempo, tenta-se achar elos, mesmo que esses sedeem por contrariedades.”

Produções como o clássico do terror O Bebê deRosemary, de Roman Polanski, de 1968, e a anima-ção Branca de Neve e os Sete Anões, de 1937, exibidasna Mostra, demonstram a diversidade do projeto esua capacidade de atender diferentes espectadores. Além dos filmes individuais, a Mostra de HistóriaPermanente do Cinema exibe sessões especiais, queatraem grande atenção do público. Como exemplo,Rafael Ciccarini destaca a Trilogia do Silêncio, comproduções do cineasta sueco Ingmar Bergman exibi-das em uma única quinta-feira durante o mês de se-tembro. Na ocasião, os filmes Através de um Espelho,de 1961, Luz de Inverno e O Silêncio, ambos de 1963,foram comentados pelo escritor e ensaísta Mário Alves Coutinho. Outra sessão exibida em outubro,com comentários do próprio Rafael Ciccarini, foi oespecial “O Jovem Kubrick”, com filmes dirigidos eescritos pelo cineasta norte americano Stanley Ku-brick, na década de 1950:  A Morte Passou Perto, OGrande Golpe e Glória Feita de Sangue.

Sessões comentadas A dinâmica dos comentários após as sessões bus-

ca fugir do clichê, do lugar comum de análise dosfilmes. Os comentaristas são escolhidos pelo inte-resse e conhecimento que possuem sobre a obra,

tema ou diretor, e devem transmitir um pensamen-to original sobre o assunto. A proposta é falar decinema, sobre a forma como o diretor aborda taltemática e o que o filme possui de transgressor emtermos de linguagem cinematográfica, por exemplo.Um dos especialistas convidados da Mostra foi o jor-nalista e crítico de cinema Marcelo Miranda. Após aexibição de O Fran-co Atirador , produ-ção de 1978 diri-gida por MichaelCimino, Mirandadestacou aspectostécnicos, tendên-cias do diretor etambém estabele-ceu paralelo comoutras produções.Em sua opinião,a Mostra de His-tória Permanentedo Cinema é fun-damental e muitocoerente. “Ela via-biliza formadoresde opinião, permite reflexão. O comentário após assessões é essencial, porque compartilha experiência,o que torna a exibição ainda mais imperdível”, de-clara o crítico.

Para o jornalista e professor Nísio Teixeira, con- vidado para comentar Johnny Guitar, de 1954, de Ni-cholas Ray, a experiência foi muito válida. “A inicia-tiva ajuda a criar público e a envolver mais pessoascom o cinema”, argumenta.

Entre a plateia, percebe-se a tendência de aspessoas saírem das sessões com novas percepçõese questionamentos. “Quem gosta de cinema vai sefascinando, quer buscar mais. A pessoa sai de lá e vai assistir a obras citadas, atores e diretores, vai con-cordar, vai discordar. Isso é muito comum”, explicaRafael Ciccarini.

Um destes espectadores sempre presente à Mos-tra é o porteiro Salvador Pires. Para Salvador, queconfessa preferir os filmes antigos por terem maisqualidade e expressão no cinema, os comentáriosapós as sessões são uma grande oportunidade deaprendizado: “Aprendemos e vemos o filme commais qualidade”, admite. De acordo com o críticode cinema Jefferson Assunção, também frequenteàs sessões e responsável pelos comentários sobre ofaroeste norte-americano No Tempo das Diligências,de 1939, a iniciativa vale pela difusão dos filmes,além de fazer o público pensar e acrescentar conhe-cimento.

 A Mostra de História Permanente vai se firman-do, assim, como uma chance de rever obras consa-gradas no ambiente mais propício a este tipo de arte:a sala de cinema. Para fascinar-se e refletir.

Cin Impressão8 Belo HorIzoNte, maIo de 2012

Clássicos em cartazCine Hmber Mar exibe bras marcanes cinema mnial, em sesses cmenaas

dIVuLgAção

Rafael Ciccarini, erene e prrama Hmber Mar e menr a Msra Permanene

“o públic vaiacmlancnhecimene acaba sefrman na

hisória cinema”

Rafael Ciccarini

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Com a responsabilidade de produzir uma

matéria para a disciplina de Jornalismo Cul-

tural, meu primeiro desafio foi decidir o que

focar no campo do cinema. Porque se havia

dúvidas sobre esse corte temático, certa era a

oportunidade de, mais uma vez, me dedicar a

tratar de um de meus assuntos preferidos: a

sétima arte.

 A escolha pela Mostra de História Perma-

nente do Cinema surgiu após assistir a dois

filmes no Cine Humberto Mauro.  Ajuste Fi-

nal, dos irmãos Coen, e Os Intocáveis, de Brian

De Palma, não faziam parte da Mostra, mas

me chamaram a atenção para as peculiarida-

des deste espaço cultural: localizado no Palá-

cio das Artes, no centro de Belo Horizonte,

com a exibição de grandes obras do cinema, e,

ainda, com entrada franca. Optei, então, por

focar a reportagem na Mostra de História Per-

manente, uma vez que, além dos elementos já

citados, ela oferecia aos espectadores a oportu-

nidade de, após as sessões, ouvir comentários

de especialistas da área. Algo fascinante quemerecia uma divulgação à altura. Pelo menos,

de forma a alcançar todos os apaixonados por

cinema de Belo Horizonte, sempre sedentos

por produções culturais de qualidade, que

nem sempre são exibidas no circuito comer-

cial. Assim, tratar da Mostra atenderia não

apenas à minha tarefa acadêmica, mas tam-

bém aos meus anseios de cinéfila e jornalista

em formação.

Realizar a matéria me possibilitou ótimos

momentos. Para entender o perfil da Mostra e

recolher depoimentos do público, organizado-

res e comentaristas, estive no Cine HumbertoMauro por três vezes e assisti a clássicos como

O Franco Atirador , de Michael Cimino, Glória

Feita de Sangue, de Stanley Kubrick, e A Vida

de Brian, da trupe britânica Monty Python.

Em conversa com Rafael Ciccarini, men-

tor e coordenador da Mostra, soube das ori-

gens do projeto e expectativas futuras, além

de compreender mais a fundo o perfil de ci-

nema não comercial e formador de conheci-

mento proposto por aquele espaço cultural.

Também, as entrevistas com os jornalistas e

professores Marcelo Miranda e Nísio Teixeira

foram essenciais para ampliar meu entendi-mento sobre o evento. Dessa forma, a matéria

“Clássicos em Cartaz” me possibilitou conta-

tos, aprendizado e uma experiência jornalísti-

ca bastante satisfatória. E ainda a certeza de

que, apesar de não ser sempre possível, para o

repórter, falar do que gosta, ter essa oportuni-

dade torna tudo muito melhor.

CinImpressão 9Belo HorIzoNte, maIo de 2012

 A vida de Brian, O franco atirador, O bebê de

 Rosemary, Glória feita de sangue e Johnny Guitar 

foram alguns dos lmes exibidos e comentados em

sesses raias n cine Hmber Mar

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Vcê já u? Impressão10 Belo HorIzoNte, maIo de 2012

Henriqe Arra Mrais7º período

Publicado originalmente em 1915,  A Meta-morfose conta a história surpreendente de Gre-

gor Samsa, um jovem caixeiro-viajante que sus-tentava sozinho a família, composta por seu pai,sua mãe e irmã. “Certa manhã, ao despertar desonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou--se em sua cama metamorfoseado num insetomonstruoso. Estava deitado sobre suas costasduras como couraça e, quando levantou umpouco a cabeça, viu seu ventre abaulado, mar-rom, dividido em segmentos arqueados, sobreo qual a coberta, prestes a deslizar de vez, ape-nas se mantinha com dificuldade. Suas muitaspernas, lamentavelmente finas em comparaçãocom o volume do resto de seu corpo, vibravamdesamparadas ante seus olhos”. Assim começaa complexa e instigante narrativa de Kafka.

O livro é dividido em quatro partes. Na pri-meira, ocorre a repentina e absurda transfor-mação, que causa um choque em todos. Na se-gunda, conhecemos o convívio da família comGregor e suas dificuldades por ter se tornadomonstruoso. Na terceira parte, os familiares,após perceber que sem Gregor seria precisoencontrar outro sustento e passar a trabalhar,aluga um quarto para três inquilinos. Na partefinal, surge uma esperança, mas que é tratadacom ironia, presença constante durante o texto.

 Ao longo da obra, é possível perceber a ori-ginalidade na forma de narrar deste escritornascido em Praga, em 1883. Diferentemente

de outros autores, Kafka, em grande parte, nãoexplica as causas dos eventos, por mais incom-preensíveis e absurdos – o que gerou o adjetivokafkiano – que possam ser. A ênfase não é dadaà metamorfose por si só, mas aos problemas ge-rados depois do acontecimento.

Os elementos da narrativa podem ser me-lhor compreendidos quando transportadospara fora do livro. Como principal fonte derenda da família, Gregor arcava com todas asdespesas e, antes de sua transformação, prome-tia à irmã levá-la para estudar violino no conser- vatório. Mas, quando isso não é mais possível,a família passa a se virar: o pai aposentado voltaa trabalhar; a mãe, a costurar; a filha de dezes-

sete anos também começa a ajudar a família eum dos quartos é alugado para três inquilinos.Com isso, o autor sugere que foi preciso umatragédia na vida dos familiares para que eles sa-íssem da acomodação.

O clímax da história ocorre quando a irmãde Gregor, que o ajudava no princípio de suanova forma animal, decide com os pais que o

melhor é se livrarem do inseto. Nesse momen-to, há uma expectativa grande para o que iráacontecer com o personagem principal. Talvezele irá voltar à sua forma humana? Virá algumaexplicação sobre o porquê da metamorfose? Po-

rém, não é o que acontece. O escritor rompecom as narrativas tradicionais e não acrescentanenhuma explicação ou final feliz para a situ-ação do personagem. Gregor não só continuacomo um asqueroso inseto, como tambémmorre com essa terrível aparência. Para os Sa-msa, a morte significa que finalmente estavamlivres de um peso e, com todos trabalhando eajudando na despesa, poderiam mudar de casa.

Franz Kafka também deixa claras as ques-tões patriarcais. O pai é sempre relacionadocomo um ser supremo, sua palavra é tida comolei. Ele não só reprime, por diversas vezes, ofilho, como também frustra as esperanças queGregor tinha com sua irmã, ao tentar levá-lapara o conservatório. Com sua autoridade, opai percebe o crescimento de sua filha, descritocomo o desabrochar de uma flor em algo espe-tacular, e logo começa a imaginar planos para amoça se casar.

Kafka termina afirmando que iniciava-seuma primavera, querendo dizer que era umanova era para a família, já que estavam livres dofilho. Assim como os pais depositavam esperan-ça e boas intenções em Gregor, a partir de ago-ra as atenções passam a ser voltadas para a filha.

tiu uguê: A metamorfose

tiu igin: Die Verwandlung

au: Franz Kafka

tu: Marcelo Backes

ei: L&PM Pocket

Fich técnic

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7/31/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDICAO 187 CADERNO 2

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Vcê já viu?Impressão   11Belo HorIzoNte, maIo de 2012

Back And Forth dcmenári e 2011 revela anese ara na carreira F Fihers

j Pal Vale8º período

Desde a coletânea Greatest Hits, que reuniuos maiores sucessos do Foo Fighters em um CD,

com apenas uma faixa inédita (“Wheels”), boatoscircularam sobre o possível fim do grupo, criadoem Seattle, em 1991. Liderado por Dave Grohl(ex-baterista do Nirvana), o Foo Fighters já conquis-tou 6 Grammy Awards, tocou para mais de 60 milpessoas, em Wembley, e já lançou 8 álbuns, contan-do com o mais recente, Wasting Light. A atual forma-ção, além de Grohl, conta com o guitarrista ChrisShiflett (ex-No Use For a Name), o baixista NateMendel (ex-Sunny Day Real State), o baterista TaylorHawkins (ex-Alanis Morissette), e o guitarrista PatSmear (ex-Nirvana), que retornou a banda 13 anosapós sua saída.

Não haveria nome mais adequado para o docu-mentário do que Back and Forth (“para trás e para

frente”, em tradução livre). Em mais de duas horasde filme, o roteiro segue a ordem cronológica da his-tória da banda nos 16 anos de carreira, e começabem no passado, quando Grohl ainda era o bateris-ta do Nirvana. As peças são muito bem encaixadas,mostrando como cada membro se juntou ao grupo,bem como o processo de criação de todos os álbuns,com ênfase maior nos 3 primeiros CDs (Foo Fighters,The Colour and The Shape e o There’s Nothing Left ToLose), até o processo de gravação de Wasting Light. Além disso, o filme mostra como os integrantes li-daram, no início da carreira, com as comparaçõescom o Nirvana, tentando relacionar as músicas comKurt Cobain. Tudo isso por meio de depoimentos

dos próprios ex e atuais membros do Foo Fighters,com o auxílio de imagens e vídeos de arquivo daprópria banda.

Back and Forth também cita vários conflitos pes-soais que quase terminaram com a banda e certa-mente são desconhecidos de muitos fãs. DesdeTaylor sofrendo uma overdose, antes da gravação doálbum One By One, até o retorno do guitarrista PatSmear, convidado de volta à banda sem que o atualguitarrista (Shiflett) soubesse. Tamanha transparên-cia faz com que o documentário seja mais interes-sante ainda.

Primeiro álbum com faixas inéditas do grupodesde o lançamento do Echoes, Silence, Patience AndGrace, em 2007, Wasting Light garante um dos pon-

tos mais interessantes do documentário. Ao con-trário do que várias bandas andam fazendo, o FooFighters optou gravar as músicas no formato analó-gico, um processo artesanal, que usa fitas em vez decomputadores. O contexto da criação do álbum ébem interessante, pois reúne, após 20 anos, o pro-dutor Butch Vig, Dave Grohl, e o baixista Krist No- voselic, ex-baixista do Nirvana, que gravou o baixona faixa “I Should Have Known”, dedicada a KurtCobain. Butch Vig foi o responsável pela produçãode Nevermind, um dos álbuns mais importantes dahistória do rock, e o mais conhecido do Nirvana.

Quem assina a direção de Back and Forth é onorte-americano James Moll, ganhador de um Os-car em 1998 com o documentário The Last Days,que narra a história dos sobreviventes do Holocaus-to, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.

 Vários sites especializados se referem ao filme comouma exceção entre as obras que discutem o tema,pois, embora contenha imagens impressionantes,seu foco é a forma como os judeus reconstruíramsuas vidas após o Holocausto.

Em 2011, Back and Forth foi exibido em 3D noBrasil, em várias salas de cinema espalhadas pelopaís. A versão em DVD vem para fidelizar de vezos admiradores mais antigos da banda e atrair osque conhecem apenas os singles tocados nas rádios.Material indispensável para os fãs do Foo Fighters.

tíu: Foo Fighters - Back and Forth

Gên: Documentário / Musical

diç: James Moll

duç: 147 min

an lnçn: 2011

pí oig: EUA

Fich técnic

REPRodução

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7/31/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDICAO 187 CADERNO 2

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Cônic Impressão12 Belo HorIzoNte, maIo de 2012

Um tal de PauloMarina Fráas6º PERíodo

Não sou de BH. Não nasci nessa ci-dade linda e conheci metrô só quando vimparar aqui. De onde eu venho, asfalto épra fazer caminhada e andar de bicicletade tardinha. Arranha-céu, viaduto...Quando era menino nem pensava! Aero-porto, então, só na imaginação, ouvindono rádio Leandro e Leonardo: “Vamospegar o primeiro avião com destino à feli-cidade...”. Pois bem, não sou de BH e por 

isso posso dizer: não há lugar melhor eque não para de trabalhar!Outro dia ouvi no rádio que a Copa

do Mundo será aqui! Nosso Deus, pensei,vai vir gringo de tudo quanto é jeito e essacidade finalmente vai aparecer na televi-são, igual São Paulo e Ridijaneiro! Vaiter gente querendo gravar música do tipo:“Beagá, seu céu, montanhas sem fim, Be-agá você foi feita pra mim...” ou “Algumacoisa acontece no meu coração, que sóquando cruzo a Afonso Pena e a avenidaAmazonas ” Seria bom demais!

Nesse mesmo dia passei numa bancae tomei um jornal. Ah! É bom saber dasnotícias de vez em quando. Peguei o troca-do que tinha economizado pra média eresolvi comprar um periódico! Sentei lá nobanco da Praça Sete e comecei a folhear.Tinha uma notícia falando das obras praCopa do Mundo: “A capital mineira rece-berá seis jogos do Mundial. As obras dereforma e modernização do Mineirão ter-minarão em 2012. O estádio do Indepen-dência termina sua manutenção, aeropor-tos serão renovados e mobilidade urbana

será modelo!”. Êta orgulho de Belô!No mesmo jornal, em outra página,tinha uma foto de um cara de terno azulno microfone. Embaixo, estava escrito:“Mais uma vez, Belo Horizonte não teráshow de Paul”. Paul? Pensei. Isso deve es-tar errado! Ninguém chama Paul, todomundo chama Paulo! E quem era esse talde Paulo pra querer tocar em BH? Fui ler a notícia.

Lá falava que BH foi excluída por fal-ta de espaço adequado. Que, mesmo re-é f d ádi d I d p dê

cia não oferecia condições paraapresentações de grande porte. E aindatinha uma tal produtora falando: “Se ti-vessem sido feitas duas mudanças simplesno Independência, haveria o show. A ne- gociação financeira sempre esteve pron-ta”. Achei a notícia confusa e nem li di-reito, pois já pela foto eu sabia que aquelePaulo não era gente conhecida.

 Agora, me fala... Quem é esse caboclopra querer tocar na capital, gente? Nemlá na minha cidade os artistas têm tama-nha ousadia de querer tocar em BH e me

vem esse peão achando que pode chegar assim, do nada, fazer e acontecer? Ah!Valha-me, Deus! Desde pequeno minhaabençoada vozinha me ensinou que temosque ter humildade e saber do nosso lugar!Se na cidade do tal Paulo não tem lugar pra ele fazer show, vai procurar uma Ipa-tinga, uma João Monlevade, até mesmouma São Domingos do Prata pra tocar,mas deixa minha BH de fora dessas pre-tensões granfinas!

Sabe, se eu pudesse deixava um reca-d i ‘Si ’ P l

escrito no jornal – ele deve ser mais velho,pra ser chamado assim, de senhor –, nãome leve a mal, mas aqui não tem lugar pra você! As pessoas aqui não conhecema sua música e se a prefeitura não te au-torizou, é porque você não ia encher o es-paço.

Se eu pudesse, ainda falava pra ele:Ô, meu filho, não fica triste, não. Traba-lho tá difícil pra todo mundo! O senhor tem uma cara bem apessoada, arrumadi-nho, vê-se que se esforçou muito pra ficar bem engomado na foto. Quer uma dica?

Passa na rádio da minha cidade e deixauma cópia da sua fita, que eu conheço odono e ele há de tocar pra você lá. Tocan-do uma ou duas vezes, se o arrasta-pé for bão, capaz até de você arrumar uns showsno Bar do Ricardo! E não desiste, não,que carreira de músico é assim mesmo!Uns dias você tem sucesso, outros não.

Tenho certeza de que, com força devontade, cê vai pra frente! Só não podedeixar o sucesso subir pra cabeça e querer  fazer fama até no estrangeiro! Aí já é de-

i !

Ataque Zumbi: você está preparado?Rbera garcia Zcra6º PERíodo

O zumbi é uma

criatura fictíciaque aparecenos livros e nacultura popu-lar tipicamen-te como um

morto reanimadoou um ser humanoirracional. As histó-rias têm origem no

sistema de crenças es-pirituais do vodu afro-

 -caribenho, que contamsobre trabalhadores controlados

por um poderoso feiticeiro.Em algumas hipóteses, víti-

mas de um ataque de zumbi tam-bém se transformariam nestas criaturas se so- fressem uma mordida ou arranhão de uminfectado. Em outras, o vírus pode ser transmissí-vel através do ar.

E do “Apocalipse zumbi”, já ouviu falar? Éum cenário hipotético da literatura apocalíptica.

Cultuado, e até mesmo aguarda-do por muitas pessoas, refere-sea uma infestação de zumbisem escala catastrófica, que ra-pidamente os transformariana espécie dominante sobre aTerra.

Nestes cenários, os zumbiscaçam seres humanos, sua

mordida causa uma infecçãoque faz com que um sobrevi-vente de ataque também setorne um zumbi posteriormen-te. Isto rapidamente se torna-ria uma infestação absoluta-mente incontrolável, com o

pânico causado pela “PragaZumbi”. Em pouco tempo, a existência de vida hu-mana no planeta seria reduzida a poucos gruposde sobreviventes.

O conceito, nascido na década de 1960, ga-nhou grande popularidade ao longo dos anos, ser-vindo de tema para incontáveis filmes, seriados,

livros, histórias em quadrinhos, videogames e ou-tras obras de variadas mídias. Há até mesmo osque acreditam na concretização de tal cenário, sepreparam para sua suposta chegada.

Diante desta situação, um professor universitá-rio americano criou um curso de defesa pessoal nocaso de um ataque zumbi. Glen Stutzky lecionaráo curso por sete semanas, com início em maio de2012, simulando uma praga. Segundo o professor,o principal tema das aulas será “Sobrevivendo aoataque vindouro de zumbis: catástrofes e erros hu-manos”.

Stutzky chegou a divulgar um vídeo promocio-nal em que afirma: “Em momentos de catástrofe,algumas pessoas encontram sua humanidade. Ou-tros a perdem”. O verdadeiro objetivo de Glen épromover, através da metáfora dos zumbis, um tra-balho social aos alunos demonstrando o comporta-mento das pessoas em momentos de crise.

Mas o professor não é o único a se prevenir dos

mortos-vivos. A empresa de armamentos Taurus jáestá produzindo uma pistola de defesa própriacontra as criaturas. A “Zombie Defender” temaparência de brinquedo, mas atira de verdadeusando balas de calibre 454, 45 e 410. A agênciade saúde dos EUA também já preparou uma car-tilha com informações sobre medidas de emergên-cia no caso da epidemia. A grande brincadeirasurgiu de uma pesquisa conduzida pela internet,indicando que 95% dos internautas que leram his-tórias em quadrinhos sobre o assunto dizem estar preparados para enfrentar qualquer situação deemergência no país, inclusive preparar um kit deemergência.

Segundo Maggie Silver, pesquisadora do CDC,Centers for Disease Control, a campanha mostrou

que uma agência governamental pode ter senso dehumor, mesmo ao abordar um assunto muito sério.Com os zumbis, foi possível levar para as pessoas ainformação de que, “seja um apocalipse zumbi, um furacão ou um terremoto, o importante é estar pre-parado, pois isso pode ajudar na sobrevivência aemergências em geral”, declarou Silver.

 A campanha começou com um simples post noblog da agência americana. A referência divertida fez tanto sucesso que o site acabou criando umapágina só para a questão dos mortos-vivos. E tam-bém publicou uma história em quadrinhos sobre otema, o que inspirou o professor Stutzky a criar oseu curso de defesa pessoal contra zumbis.

   P   A   u   L   o   H   E   N   R   Q   u   E   F   E   R   N   A   N   d   E   S