8
WWW.MPGO.MP.BR JORNAL Mala Direta Básica 9912336351-DR/GO MP-GO ANO 7 Nº 51 | GOIÂNIA, JANEIRO E FEVEREIRO DE 2016 MP-GO mobiliza-se para execução do PGA 2016-2017 Depois de definida a bandeira de trabalho para o biênio, que continuará a enfocar o combate à corrupção, instituição começa agora a construir projetos e ações para execução da meta. Encontro em fevereiro mostrou cenário e perspectivas. u 3 Campanha Solidária Construindo Possibilidades Iniciativa de três estudantes movimenta internet e redes sociais em busca de doação de bicicletas para que crianças calungas possam chegar à escola. u 4 Projeto da Promotoria da Mulher em Goiânia pretende integrar o público masculino às ações de enfrentamento à violência doméstica contra a mulher. u 5 Reprodução/Facebook

JORNAL - MP-GO · 2016-03-11 · denúncia de crime de corrupção Portal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br expediente editorial o promotor responde Com a deflagração da Operação

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: JORNAL - MP-GO · 2016-03-11 · denúncia de crime de corrupção Portal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br expediente editorial o promotor responde Com a deflagração da Operação

W W W . M P G O . M P. B R

J O R N A L

Mala DiretaBásica

9912336351-DR/GOMP-GO

ANO 7 Nº 51 | GOIÂNIA, jANeIrO e fevereIrO De 2016

MP-GO mobiliza-se para execução do PGA 2016-2017

Depois de definida a bandeira de trabalho para o biênio, que continuará a enfocar

o combate à corrupção, instituição começa agora a construir projetos e ações para

execução da meta. Encontro em fevereiro mostrou cenário e perspectivas. u 3

Campanha Solidária

Construindo Possibilidades

Iniciativa de três

estudantes movimenta

internet e redes sociais

em busca de doação

de bicicletas para que

crianças calungas possam

chegar à escola. u 4

Projeto da Promotoria

da Mulher em Goiânia

pretende integrar o

público masculino às

ações de enfrentamento

à violência doméstica

contra a mulher. u 5

Reprodução/Facebook

Page 2: JORNAL - MP-GO · 2016-03-11 · denúncia de crime de corrupção Portal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br expediente editorial o promotor responde Com a deflagração da Operação

2 jornal mp goiás | Goiânia - janeiro e fevereiro de 2016

InformatIvo ofIcIal do mInIstérIo PúblIco do Estado dE GoIásRua 23 esq. c/ Av. B, qd. A-6, lts. 15-24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100Site: www.mpgo.mp.brE-mail: [email protected]: www.twitter.com/mpdegoias

Procurador-GEral dE JustIçaLauro Machado Nogueira

assEssor dE comunIcação socIal Ricardo SantanaDRT-GO 776 JP

assEssora dE ImPrEnsaAna Cristina ArrudaDRT-GO 894 JP

coordEnação Mac Editora e Jornalismo Ltda.

EdItoraMirian ToméDRT-GO 629 JPrEPortaGEmAna Flávia MarinhoDRT-GO 3300Cejane PupulinDRT-GO 2056fotoGrafIasJoão Sérgio AraújoDanila RezendeKamilla Nunes(estagiárias)dIaGramaçãoFernando RafaelfotolIto E ImPrEssãoOitoene GráficatIraGEm7000 unidades

falE conoscoPara falar com o mP em todo o Estado: 127telefone Geral (Goiânia)3243-8000ouvidoria 3243-8544

cEntros dE aPoIo oPEracIonall cao dos direitos Humanos e do cidadão3243-8200l cao da saúde 3243-8077l cao do meio ambiente3243-8026l cao da Educação3243-8073l cao de defesa do consumidor 3243-8038l cao do Patrimônio Público3243-8057l cao da Infância e Juventude3243-8030 l cao criminal e da segurança Pública3243-8050l centro de Inteligência3239-4800

Escola superior do ministério Público3243-8068assessoria de comunicação social3243-8525/ 8499/ 8307/8498denúncia de crime de corrupçãoPortal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br

expediente editorial

o promotor responde

Com a deflagração da Operação Lava Jato, um as-

sunto jurídico tem dominado as discussões e alimen-

tado polêmicas. Regulamentada de forma mais ampla

pela Lei nº 12.850/2013, a delação premiada vem sen-

do, desde então, fundamental para as investigações

envolvendo crimes praticados por associações crimi-

nosas, sobretudo aqueles que afetam diretamente o

patrimônio público, como o peculato, a corrupção e

lavagem de dinheiro. Nessa entrevista, o tema é expli-

cado pelo coordenador de Grupo de Atuação Especial

de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Luís Gui-

lherme Martinhão Gimenes, com a colaboração dos

demais integrantes do Gaeco, promotores Mário Hen-

rique Cardoso Caixeta, Rafael Simonetti Bueno da Silva

e Walter Tyozo Linzmayer Otsuka.

O que é delação premiada? A colaboração premiada é um instituto

que se insere no contexto do direito penal premial, consistente na oferta, pelo estado, de benefícios àquele que confessar e prestar informações úteis ao esclarecimento do fato delituoso.

Quais as normas que regulamentam esse instituto no Brasil?

O instituto da colaboração premiada está presente no ordenamento jurídico brasileiro desde as Ordenações filipinas, tendo sido in-serido em nosso ordenamento em 1603.

Atualmente, o instituto está previsto em diversas leis, elencando os seus próprios re-quisitos e estipulando diferentes benesses ao colaborador: artigo 8º, parágrafo único, da Lei nº 8.072/1990 (Lei dos Crimes He-diondos), artigo 159, §4º, do Código Penal, Lei nº 8.137/1990 (Crimes Contra a Ordem Tributária, econômica e as relações de Con-sumo), Lei nº 7.492/1986 (Crimes Contra o Sistema financeiro Nacional, com as modi-ficações efetuadas pela Lei nº 9.080/1995), Lei nº 9.034/1995 (revogada pela Lei nº 12.850/2013), Lei nº 9.613/1998 (Crimes de “Lavagem” de Bens, Direitos e valores), Lei nº 9.807/1999 (Lei de Proteção a vítimas e Tes-temunhas), Lei nº 11.343/2006 (Lei de Dro-gas), Lei nº 12.529/2011 (Sistema Brasileiro

de Defesa da Concorrência: prevenção e re-pressão às infrações contra a ordem econô-mica). Todavia, um procedimento completo foi previsto com a Lei nº 12.850/2013, que prevê medidas de combate às organizações criminosas.

Quando é possível haver a delação premiada?

A colaboração premiada para fins de combate às organizações criminosas (Lei nº 12.850/2013) é cabível tanto na fase inquisi-torial quanto na fase judicial, inclusive após o trânsito em julgado da condenação, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: a identificação dos demais coautores e partícipes da organiza-ção criminosa e das infrações penais por eles praticadas; a revelação da estrutura hierár-quica e da divisão de tarefas da organização criminosa; a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; a lo-calização de eventual vítima com a sua inte-gridade física preservada.

Com a colaboração premiada, o co-laborador poderá ser beneficiado com o perdão judicial, com a redução em até dois terços da pena privativa de liberdade, com a redução da pena até a metade se a co-laboração for posterior à sentença, com a

progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos; se a colaboração for posterior à sentença, com a substitui-ção da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. e o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador não for o líder da organização criminosa e for o primeiro a prestar efetiva colaboração.

Quais as consequências, para o dela-tor, no caso de descumprimento do acor-do?

No caso de descumprimento do acordo, este perderá efeito, considerando-o rescindi-do de plano.

Qual a importância da ferramenta para o incremento do combate à corrup-ção no Brasil?

A colaboração premiada, enquanto meio de obtenção de prova, tem sido um instru-mento legítimo de auxílio à efetividade es-tatal de persecução criminal. Por meio dessa negociação entre as partes (coautor/partíci-pe X órgãos responsáveis pela persecução criminal), chega-se à obtenção de provas que jamais seriam alcançadas senão com o rompimento da “lei do silêncio” existente entre os componentes das organizações cri-minosas.

DIreTrIzeS PArA AGIrApós o amplo processo de escolha do

tema de atuação institucional para o biê-nio 2016-2017, que continuará a enfocar o combate à corrupção, o Ministério Público de Goiás caminha, agora, para definir as estratégias visando alcançar os objetivos buscados nesse planejamento. Assim, a instituição mobiliza-se para a realização de encontros setoriais que vão apontar diretri-zes para a execução do Plano Geral de Atu-ação (PGA) nas áreas específicas contem-pladas na meta – saúde, segurança pública, educação e infância e juventude.

em encontro realizado em fevereiro, com a participação de mais de 250 promotores e procuradores de justiça, foram apresentadas as novidades da estrutura de apoio que deve-rá ser oferecida aos promotores visando auxi-

liar a execução dos projetos e ações do PGA. Novas propostas, contudo, serão pensadas a partir das definições de metas e indicadores das reuniões setoriais. A reportagem princi-pal desta edição, na página 3, mostra como vem sendo construído esse planejamento e a expectativa para o novo PGA.

A campanha que está sendo realizada por três estudantes de cursinho pré-vesti-bular com o objetivo de arrecadar bicicle-tas para facilitar o acesso de crianças calun-gas à escola é o destaque da página 4. A iniciativa conta com o apoio e o incentivo da promotora de justiça de Cavalcante, Úr-sula Catarina fernandes da Silva Pinto.

A página 5 detalha o projeto Cons-truindo Possibilidades, idealizado pela 63ª Promotoria de justiça de Goiânia com a

finalidade de integrar o público masculino às discussões sobre o enfrentamento à vio-lência doméstica e familiar contra a mulher.

A coluna O Promotor responde, na página 2, mostra, nesta edição, entrevista com a equipe do Grupo de Atuação espe-cial de Combate ao Crime Organizado (Ga-eco) sobre delação premiada.

Na página 6, a matéria retrata a campa-nha Lote Legal, fruto de uma parceria do MP com entidades empresariais da área de habitação. O projeto busca orientar o con-sumidor para uma compra consciente e mais segura de imóveis.

Concluindo a edição, a reportagem da página 8 revela o interesse do poder público na ampliação das ações de proteção ambien-tal desenvolvidas no programa Ser Natureza.

www.mpGo.mp.br

DeLAçãO PreMIADA

Page 3: JORNAL - MP-GO · 2016-03-11 · denúncia de crime de corrupção Portal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br expediente editorial o promotor responde Com a deflagração da Operação

3jornal mp goiás | Goiânia - janeiro e fevereiro de 2016www.mpGo.mp.br

Reuniões setoriais vão definir diretrizes para execução do PGAIntensificação do combate à

corrupção continuará como

bandeira de atuação para

o biênio, mas agora com

foco nas áreas da saúde,

segurança pública, educação

e infância e juventude

O Plano Geral de Atuação (PGA) do Ministério Público de Goiás para 2016-2017, que definiu o tema

central que deverá nortear o trabalho da ins-tituição no biênio, foi concluído e aprovado no final de 2015, após 14 encontros regio-nais, dos quais participaram os promotores e procuradores de justiça de todo o estado. Para os próximos dois anos, o MP dará se-quência à meta adotada no planejamento 2014-2015, com a intensificação do comba-te à corrupção em Goiás. A nova bandeira, contudo, terá focos específicos de aborda-gem, nas áreas de saúde, segurança pública, educação e infância e juventude.

A redação aprovada para o tema foi: “Intensificar a atuação no combate à cor-rupção, por meio de ações preventivas e repressivas, nas áreas da saúde, segurança pública e educação, com a prioridade esta-belecida no artigo 227 da Constituição fe-deral”. O texto traz mudanças no modelo de atuação, mantendo o objetivo central que atende aos anseios sociais.

O planejamento dos projetos e ações a serem desenvolvidos para execução do PGA

seguirá a proposta de construção coletiva, por meio de reuniões setoriais (saúde, segurança pública, educação e patrimônio público), que vão definir diretrizes de atuação. Nesses encontros, haverá ainda a definição de indica-dores e metas por áreas. No último biênio, as atividades tiveram como foco a qualidade do serviço público.

No dia 19 de fevereiro, esse planejamen-

to de atuação foi apresentado aos membros da instituição no encontro da 4ª Convocação Geral, que reuniu mais de 250 promotores e procuradores de justiça no edifício-sede, em Goiânia. O objetivo da reunião foi o de mo-bilizar os integrantes do MP para a adesão e execução do novo PGA.

Na programação, foi feito um balanço das ações realizadas no PGA 2014-2015 e delinea-

das as novas ferramentas de apoio que estão sendo pensadas para o plano atual, com pro-jetos para as áreas específicas englobadas no tema, ou seja, segurança pública, saúde, edu-cação e infância e juventude. elas serão agre-gadas às estruturas já disponíveis de suporte à atuação no combate à corrupção.

O temAO coordenador do Gabinete de Planeja-

mento e Gestão Integrada do MP, Bernardo Boclin Borges, destaca o fato de que na elabo-ração do novo PGA os procuradores de jus-tiça participaram de forma mais ativa da ela-boração do tema central. “esse (a corrupção) ainda é o assunto que mais incomoda tanto a população quanto a instituição. A atuação que o MP-GO precisa desenvolver em relação a essa questão é muito relevante”, pontua.

O promotor reitera que, no biênio ante-rior, foi preparada toda uma estrutura para oferecer apoio aos promotores nas comarcas. “Todos os projetos que tínhamos planejado para facilitar a atuação do promotor foram executados”, lembra. O projeto geral, inclusive, foi premiado pelo Conselho Nacional do MP, tendo conquistado o primeiro lugar da pre-miação na categoria Combate à Corrupção.

INtegrAçãO cOm 2º grAuUma das novidades do PGA 2016-2017

destacadas pelo coordenador do GGI refere--se à participação do segundo grau na ela-boração, planejamento e execução do plano. Assim, ações de apoio específicas devem ser criadas para que o segundo grau possa dar suporte à atuação.

institucional

Propostas de novas ferramentas de apoio também foram apresentadas na reunião

No encontro da 4ª Convocação Geral, realizado no final de fevereiro, foi delineado o cenário institucional para execução do Plano Geral de Atuação 2016-2107

Page 4: JORNAL - MP-GO · 2016-03-11 · denúncia de crime de corrupção Portal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br expediente editorial o promotor responde Com a deflagração da Operação

4 jornal mp goiás | Goiânia - janeiro e fevereiro de 2016 www.mpGo.mp.br

Como doarAs doações para a campanha De Bike

pra escola podem ser feitas por meio do site de arrecadação, www.vakinha.com.br/vaqui-

nha/de-bike-pra-escola, pelas redes sociais ou pelo e-mail [email protected]

(para interessados em doar bicicletas).“Muitas pessoas preferem doar bicicle-

tas, pois ficam com receio de dar dinhei-ro”, revela Carla. O trio explica que prefere receber o dinheiro para poder comprar

bicicletas novas para todos. Mas, indepen-dente da preferência, aceita doações de bicicleta exclusivamente das cidades de Goiânia, Brasília e São Paulo. As cidades fo-ram definidas em razão do valor do frete.

“Ganhamos recentemente três bikes novi-nhas”, conta a estudante. Pelo site vakinha, foram arrecadados, até agora, quase r$ 9 mil, o que representa pouco mais de 26% do valor total pretendido.

caminhar em média 14 quilômetros para ir e voltar da escola é uma tarefa difícil. Mas é a realidade das crianças e adoles-

centes da comunidade vão das Almas, no mu-nicípio de Cavalcante, no nordeste do estado. Devido à precariedade das estradas, o ônibus escolar não consegue chegar próximo às casas de todos os meninos e meninas. Assim, alguns precisam andar até a parada mais próxima.

Ao assistir a um programa de televisão que mostrava esse problema, a estudante Carla Ma-rinho, de 23 anos, se sensibilizou com a dura realidade das crianças desta comunidade. “A si-tuação desses garotos e garotas bateu de frente com a minha e me fez querer ajudar”, observa.

Após conversar com a tia, a promotora de justiça de Cavalcante, Úrsula Catarina fernan-des da Silva Pinto, Carla percebeu que a comu-nidade precisava mais do que de roupas e ali-mentos. Com a parceria de outras duas amigas, Amanda Letícia e Maria Lívia, com quem faz cursinho pré-vestibular em São Paulo e com as quais se envolveu em outro projeto social, a jovem concebeu o projeto “De Bike Pra escola”.

Diante das dificuldades enfrentadas pelas crianças calungas para estudar, as três jovens estudantes pensaram em como poderiam “transformar” aquela realidade e entenderam que poderiam contribuir com a doação de bi-cicletas, para facilitar o acesso às escolas. Com apoio da promotora, elas levantaram, junto à Secretaria Municipal de educação de Caval-cante, a quantidade que seria necessária para atender os estudantes e iniciaram a arrecada-ção de dinheiro online pelo site vakinha, de contribuição coletiva. O site foi escolhido, ex-plicam, por ser bem transparente com todos os participantes.

Assim, a meta do “De Bike Pra escola” é ar-

Campanha desenvolvida por três estudantes quer arrecadar bicicletas para facilitar acesso à escola a meninos e meninas do Vão das Almas, em Cavalcante

Um novo caminho para a escola na comunidade calunga

acesso à educação

Criança do Vão das Almas com quadro da campanha: mobilização quer garantir condições para que meninos e meninas cheguem à escola

recadar r$ 35 mil para comprar 120 bicicletas para as crianças da comunidade vão das Al-mas. O valor é a quantia estimada para adquirir bikes adequadas para trafegar na região. O pro-jeto tem site de divulgação (www.debikepraes-

cola.com.br), facebook, Instagram, além do site de arrecadação. “estamos trabalhando apenas com os nossos recursos, a ajuda de amigos e a divulgação de alguns veículos de comunica-ção”, explica Carla. O projeto já teve matéria pu-

blicada no site nacional Catraca Livre, voltado para adeptos do ciclismo, nos jornais goianos O Popular e O Hoje, também no programa da Tv Goiânia/Band Pedala Goiás, no jornal Cor-reio Braziliense, de circulação nacional e ainda na rádio CBN, em São Paulo.

A promotora Úrsula Catarina destaca o apoio integral ao projeto. “Há muito tempo, o Ministério Público pede que a prefeitura se ca-dastre em projetos nacionais para angariar bi-cicletas, mas o retorno que tivemos foi negati-vo, devido a prestações de contas em atraso de administrações municipais anteriores”, explica.

Úrsula ressalta que já divulgou a ação da sobrinha e das amigas entre colegas promoto-res e também para o procurador do Ministério do Trabalho Paulo Neto. “Acredito no poder da articulação e na boa vontade das pessoas em ajudar essas crianças. em casa, já tenho quatro bicicletas para doar”, revela. em relação à comunidade calunga, o Ministério Público, na área educacional, acompanha atualmente, além da questão do acesso das crianças à es-cola, o projeto de construção de refeitório na escola estadual Santo Antônio.

Carla (embaixo), Maria Lívia e Amanda: redes sociais são usadas na campanha

Fotos: Reprodução/Facebook

Page 5: JORNAL - MP-GO · 2016-03-11 · denúncia de crime de corrupção Portal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br expediente editorial o promotor responde Com a deflagração da Operação

5jornal mp goiás | Goiânia - janeiro e fevereiro de 2016www.mpGo.mp.br

Na comarca de Goiânia, existem cerca de 10 mil processos em an-damento sobre violência domésti-

ca contra a mulher. O número é alarmante e ainda causa espanto saber que atitudes violentas podem começar dentro de casa. Pensando em minimizar esse problema e conscientizar sobre o assunto, o Ministério Público de Goiás, por iniciativa da 63ª Pro-motoria de justiça, lançou, em outubro do ano passado, o Projeto Construindo Possi-bilidades, que visa estabelecer um diálogo com o público masculino sobre as relações sociais e com a mulher.

Dentro desse projeto, foi lançada, como ferramenta de apoio, a cartilha Papo

de Homem. Criado pelo MP-BA, o material educativo passou por adaptações para uti-lização em Goiás. Numa primeira etapa do projeto, as ações de conscientização, com palestras e debates, foram realizadas na ca-pital, em canteiros de obras da construção civil, mobilizando os trabalhadores dessas construções. A iniciativa contou com o apoio da Construtora Queiroz Silveira, que abriu as portas de seus canteiros de obras para que a promotora de justiça rúbian Corrêa Coutinho pudesse conversar sobre a Lei Maria da Penha.

em cinco encontros, que reuniram qua-se 500 pessoas, a promotora trouxe para discussão a identidade masculina na so-ciedade. “A questão da violência entre ho-mem e mulher, que ocorre dentro do lar, causa maior vulnerabilidade para a mulher. Por isso, temos que fazer leis no sentido de protegê-la”, ressalta, lembrando a tônica das conversas com os operários.

em 2016, os locais de encontro de-vem ser ampliados à medida em que novas empresas permitirem as visitas do MP-GO. “A ideia é proporcionar mais uma oportunidade de alertar que podemos construir novas formas de lidar com con-flitos e trabalhar melhor nossas questões pessoais. Para levar essa reflexão adian-te, pretendemos ir a outros locais que tenham maior concentração masculina”,

Projeto concebido pela 63ª Promotoria de Goiânia visa sensibilizar os homens para se engajarem no combate à violência contra a mulher

Construindo possibilidades no combate à violência doméstica

lei maria da penha

detalha rúbian Coutinho.A receptividade do público masculino

tem sido positiva, com boa aceitação. Con-forme a promotora, eles se identificaram como companheiros nessa proposta de construir novas possibilidades de solução de conflitos. “O que a gente quer com o projeto é isso: ter parceiros para minimi-zar a violência. É preciso compreender o processo de violência em que o homem se encontra, no qual ele, às vezes, nem se

dá conta de que está envolvido”. O proje-to deve ser estendido a comarcas em que houver adesão de promotorias.

O ceNárIO dA vIOlêNcIAA Lei 11.340, de 2006, conhecida como

Lei Maria da Penha, foi sancionada com o objetivo de amparar as vítimas de violência doméstica e familiar. Como complemento às ações de enfrentamento ao problema, em março de 2015 foi sancionada a Lei

13.104/2015, a Lei do feminicídio, que clas-sifica como crime hediondo e com agravan-tes o homicídio praticado contra mulheres em razão da condição de sexo feminino.

De acordo com informações do Mapa da violência 2015 - Homicídio de Mulheres no Brasil, no período entre 2003 e 2013, a taxa de assassinatos desse público em Goiás su-biu de 5,4 para 8,6 a cada 100 mil mulheres, o que coloca o estado em 3º lugar no ranking do País. Os dados referem-se a 2013, porque este é o último ano com dados disponíveis para estudo.

Números da pesquisa do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde, de 2011, publicada no Mapa da violência 2012 – Homicídios de Mulheres no Brasil, mostram ainda que a vio-lência física contra a mulher engloba 44,2% dos casos. A psicológica ou moral representa acima de 20%. já a violência sexual, 12,2%.

Segundo os números divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2011, mais de 70% das mulheres em todo o mundo sofrem algum tipo de violência de gênero ao longo da vida. estima-se que uma em cada cinco mulheres seja vítima de estupro ou de tentativa de estupro. Mu-lheres com idade entre 15 e 44 anos apre-sentam maior risco de sofrer violência se-xual e doméstica do que de serem vítimas de câncer, acidentes de carro ou malária, por exemplo.

Promotora Rúbian Corrêa Coutinho faz palestra para operários da construção civil: diálogo para sensibilizar sobre o problema

Trabalhadores receberam cartilhas “Papo de Homem” e sobre a Lei Maria da Penha

Page 6: JORNAL - MP-GO · 2016-03-11 · denúncia de crime de corrupção Portal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br expediente editorial o promotor responde Com a deflagração da Operação

6 jornal mp goiás | Goiânia - janeiro e fevereiro de 2016 www.mpGo.mp.br

Problemas com a regularidade de lote-amentos em todo o estado de Goiás têm preocupado o Ministério Público

estadual. Para tentar reduzir a comercializa-ção de imóveis irregulares, desde agosto de 2015 a instituição desenvolve a Campanha Lote Legal. O projeto é resultado da parceria entre o MP-GO, a Associação dos Desenvol-vedores Urbanos do estado de Goiás (ADU) e o Sindicato das empresas de Compra, venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Condomínios Horizontais, verticais e de edi-fícios residenciais e Comerciais no estado de Goiás (Secovi Goiás).

A ideia é contribuir com a conscientiza-ção dos consumidores a respeito dos riscos na aquisição de lotes não regularizados, além de esclarecer a população sobre os re-quisitos básicos para verificação da regulari-dade dos imóveis.

Segundo relata a coordenadora do Cen-tro de Apoio Operacional (CAO) do Consu-midor do MP, Alessandra de Melo Silva, uma das incentivadoras do projeto, várias ações educativas já foram realizadas dentro da campanha, como a produção de spots para rádio e a impressão de uma cartilha para distribuição à população. “em uma primeira

Fruto de parceria do MP com ADU e Secovi, projeto Lote Legal alerta sobre a importância de verificar a regularidade de loteamentos antes da aquisição de imóvel

Campanha busca orientar população para compra consciente e segura de imóveis

consumidor

pelos promotores do consumidor e do meio ambiente e urbanismo em várias re-giões do estado.

Conforme destaca o presidente da ADU, fernando Costa, os empresários do seg-mento também sofrem com a existência de loteamentos ilegais. “Além de trazer uma sé-rie de problemas sociais, essa prática, para nós, representa uma concorrência desleal. Quem cumpre todas as leis não consegue concorrer com quem está à margem delas”, pondera.

O presidente da ADU afirma ainda que a ausência de áreas disponíveis para lotea-mento em algumas regiões, como na cidade de Goiânia, prejudica a legalidade dos lotes. Como há demanda habitacional e não há liberação para início de novos loteamentos, invasões são realizadas e, mais tarde, regu-larizadas. “Temos que chegar à solução de produzir legalmente”, conclui, referindo-se ao fato de que a necessidade da população por moradia continua existindo.

Com a campanha, a intenção é instruir o cidadão na hora da compra. fernando co-menta que, futuramente, a sugestão é que novos projetos sejam elaborados no sentido de conscientizar também sobre os cuidados que o proprietário deve ter com seus imó-veis vazios. “Hoje, quem compra um lote e não oferece manutenção também tem tra-zido uma série de problemas para a socieda-de, como favorecimento da criminalidade e riscos à saúde pública”, observa.

Para 2016, a expectativa do CAO Consu-midor é que mais promotores façam adesão à proposta de trabalho do Lote Legal e o pro-jeto educativo possa ser estendido a todos os municípios.

1. visite o local. Nunca compre um lote sem vê-lo.

2. verifique na prefeitura se o lote tem infraestrutura, se há dívida fis-cal ou restrição de construções.

3. vá ao Cartório de registro de Imó-veis para conferir se o loteamen-to está registrado. veja se ele não possui dívidas ou restrições, bem como se eventuais construções estao inscritas. Confira se o terreno não está cadastrado como rural ou no Incra.

4. verifique a situação judicial do loteador ou proprietário do lote junto às justiças estadual, federal e trabalhista. Se constatar qualquer problema, consulte um advogado para avaliação dos riscos.

5. Não havendo impedimento, faça uma proposta de compra. Lembre--se: proposta não é contrato, é ape-nas um documento de intenção de compra.

6. Se o empreendimento ainda não estiver terminado, pode ser realiza-do um contrato de compromisso de compra e venda, o qual, quan-do registrado, já firma o direito so-bre o lote.

7. Só então assine o contrato de com-pra e venda e lavre a escritura pú-blica no Tabelionato de Notas ou registros de Títulos e Documentos. ela deve ser registrada no Cartório de registro de Imóveis da região, o que dá garantias da propriedade do imóvel, evitando problemas fu-turos e despesas extras.

8. Pague o Imposto Sobre a Trans-missão de Bens Imóveis (ITBI) e as taxas de cartório.

9. Peça na prefeitura o lançamento do IPTU em seu nome. Se for cons-truir, verfique na prefeitura as auto-rizações.

10. Peça a diretriz de uso do solo, para saber o que você pode construir.

l dEz Passos Para comPrar um lotE com sEGurança

etapa, o material foi distribuído para todos os municípios da região do entorno do Dis-trito federal. O CAO Consumidor, inclusive, já recebeu denúncias tendo por base o ma-terial educativo produzido”, revela. O projeto conta também com um hotsite, hospedado no site do MP-GO, que pode ser acessado no banner da campanha Lote Legal (http://

contatocomunicacao.com.br/lotelegal).Inspirado no trabalho desenvolvido

pelo Ministério Público de Santa Catarina, o projeto surgiu da constatação da neces-sidade de um trabalho preventivo nessa área junto ao consumidor em Goiás, em vista dos diversos problemas envolvendo loteamentos que vêm sendo investigados

Loteamentos irregulares e clandestinos são o alvo da iniciativa conjunta do MP, ADU e Secovi: falta de infraestrutura adequada é um dos problemas que afetam os consumidores

Page 7: JORNAL - MP-GO · 2016-03-11 · denúncia de crime de corrupção Portal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br expediente editorial o promotor responde Com a deflagração da Operação

7jornal mp goiás | Goiânia - janeiro e fevereiro de 2016www.mpGo.mp.br

Acolhendo pedido de antecipação de tutela do Ministério Público de Goiás, o juiz Wander Soares fonseca determi-nou que a Agência Goiana de Transpor-tes e Obras (Agetop) e a empresa Terra forte Construtora Ltda. concluam as

obras de terraplanagem, asfaltamento e execução de bueiros na GO-174, no trecho entre Diorama e Montes Claros de Goiás. em caso de descumprimento da medida, que deverá ser executada no prazo improrrogável de 120 dias, a mul-

ta diária será de r$ 2 mil.De acordo com o promotor vinícius

de Castro Borges, da totalidade do trecho que liga os municípios, restam ainda 24 quilômetros a serem asfaltados, os quais têm feito falta aos cidadãos e prejudicado

o escoamento das produções agrícolas.“Não convém esperar que desastres

aconteçam para que depois sejam to-madas providências, visto que já ocorre-ram graves acidentes na rodovia”, asse-verou o juiz na decisão”.

Agetop terá que concluir obras da GO-174 no trecho Diorama - Montes Claros

giro mp

Celg é acionada para garantir plantão de reparos em jussara e Santa fé

Agências bancárias de Bela vista devem aumentar número de funcionários

Operação contra a carne clandestina ganha novos parceiros

Celg seja impedida de reverter os custos da implantação do plantão aos consumidores, sob pena de multa de r$ 100 mil e imediata devolução do valor indevidamente cobrado.

O promotor requer ainda na ação que a Celg comunique a população destes muni-cípios sobre o plantão, de forma simples e

clara. em caso de descumprimento, é pe-dida a imposição de multa de r$ 5 mil por fatura emitida sem essa informação. Por fim, ainda em caráter liminar, é exigido que as multas eventualmente aplicadas sejam re-vertidas ao fundo Municipal de Defesa do Consumidor de jussara.

O promotor de justiça rômulo Corrêa de Paula pediu na justiça que a Celg seja obri-gada a, num prazo máximo de 30 dias, im-plementar, nas cidades de jussara e Santa fé de Goiás, um sistema de plantão para reparos na rede elétrica no período entre meia-noite e 6 horas. O serviço deverá atender durante todos os dias da semana – inclusive sábados, domingos e feriados –, com uma escala de técnicos habilitados para atender as ocorrên-cias que surgirem nestes horários, sob pena de multa de r$ 50 mil por dia de atraso.

O pedido de liminar também cobra que a

O juiz Paulo Afonso de Amorim filho julgou parcial-mente procedente pedido feito em ação civil pública, proposta pelo Ministério Pú-blico, condenando as agên-cias de Bela vista de Goiás, do Banco do Brasil e do Banco Itaú, a colocar à disposição dos usuários pessoal sufi-ciente e necessário para re-alização do atendimento ao público no prazo legal. A Lei Municipal nº 1.351/04 fixa os prazos de espera em 20 mi-nutos em dias normais e 30 minutos em véspera ou após feriados prolongados, além de dias de pagamento.

De acordo com a ação, proposta pelo promotor Carlos vinícius Alves ribeiro, diligências realizadas cons-tataram a formação de filas nas quais a espera chegou a ultrapassar 110 minutos. O magistrado acatou o pedido do Ministério Público, con-denando as agências a colo-car à disposição dos usuários número suficiente de fun-cionários a fim de cumprir o tempo de espera previsto em lei. O acompanhamento da questão está sendo feito pelo promotor Glauber ro-cha Soares.

Novos parceiros, como federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (faeg), o Serviço Nacional de Aprendizagem rural (Senar) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas empresas (Sebrae), inte-gram a nova fase do projeto de atuação do Ministério Público de Goiás voltado para o combate à carne clandestina. reu-nião que definiu a cooperação foi realiza-da em fevereiro.

Para a segunda fase, as atividades vão

priorizar o enfoque educativo, com o obje-tivo de esclarecer e orientar comerciantes e pequenos produtores sobre a necessidade de regularização do abate e comercialização da carne. A realização de ações fiscalizató-rias, contudo, poderá ocorrer num segundo momento.

Coordenadora do Centro de Apoio Ope-racional do Consumidor do MP-GO e uma das idealizadoras do projeto, a promotora Alessandra de Melo Silva pondera que os

esclarecimentos aos comerciantes e pro-dutores serão fundamentais para buscar a regularização do comércio de carnes no es-tado, sem que se afaste, contudo, a atuação da fiscalização, caso necessária.

O presidente da Comissão de Pecuária Leiteira da faeg, eurípedes Barsanulfo, suge-riu que, juntamente com o Sebrae, a entida-de elabore um manual de boas práticas para esclarecer aos produtores a documentação exigida para a comercialização de animais.

Promotorias de Jussara

Page 8: JORNAL - MP-GO · 2016-03-11 · denúncia de crime de corrupção Portal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br expediente editorial o promotor responde Com a deflagração da Operação

8 jornal mp goiás | Goiânia - janeiro e fevereiro de 2016 www.mpGo.mp.br

O desmatamento influencia na di-nâmica de uma bacia hidrográfica, contribuindo para a diminuição do

volume e da qualidade da água. A falta de preservação das nascentes e do leito pode, até mesmo, ocasionar o fim dos mananciais, comprometendo o abastecimento de água da população.

Para combater a degradação do meio am-biente, com a consequente seca das nascen-tes, o Ministério Público do estado de Goiás, por meio do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente do Ministério Público (Cao-ma) e com a colaboração da Coordenadoria de Apoio à Atuação extrajudicial (Caej), pro-move desde 2008 o programa Ser Natureza. Desde então, resultados expressivos foram al-cançados nas 11 comarcas que já realizam as ações do projeto, nas diferentes vertentes de atuação ambiental. Boa parte dos frutos colhi-dos concentra-se, porém, na recuperação de nascentes, com a revitalização de mananciais.

Coordenadora do Caoma, Suelena Carnei-ro Caetano jayme afirma que os resultados positivos alcançados pelo programa foram reconhecidos, em 2015, em premiação do Conselho Nacional do Ministério Público e também do Conselho regional de engenha-ria e Agronomia de Goiás (Crea-GO). Outro re-conhecimento partiu do poder público esta-dual. em recentes contatos com a instituição, a Saneamento de Goiás (Saneago) pediu ao MP que o Ser Natureza seja levado para ci-dades com problemas quantitativos em seus mananciais para o abastecimento público, ampliando a sua abrangência no estado.

A partir do pedido, articulações vêm sen-do feitas pelas instituições para definir a rela-ção final de comarcas para as quais o progra-ma de proteção ambiental será levado neste ano. Alguns dos municípios com problemas de abastecimento de água, porém, já fazem parte do Ser Natureza e estão com ações em curso, como Uruaçu e Anápolis.

Resultados positivos do programa levaram Saneago a pedir sua ampliação para cidades com problemas nos mananciais de abastecimento público

Projeto de recuperação de nascentes do MP-GO desperta interesse do poder público

meio ambiente

uruAçuUruaçu, comarca no Norte goiano, procu-

rou o Caoma em junho de 2015, formalizou sua adesão em audiência pública e já iniciou a recuperação das mais de 500 nascentes da Bacia do rio Passa Três, que abastece o mu-nicípio. O Grupo de Trabalho definiu como ações a recuperação das nascentes, plantio de mudas e práticas de conservação de solo.

Para a primeira fase, foi realizado o cerca-mento e plantio de mudas de espécies nati-vas do Cerrado nas nascentes. foram catalo-gadas, na propriedade de Salvador Domingo Sousa, 62 nascentes – 2 foram cercadas e re-ceberam o plantio de mudas de espécies na-tivas. Para a ação, houve doações de material da Secretaria Municipal de Meio Ambiente,

Saneago e Lions Clube.As próximas etapas ainda serão delimita-

das, considerando a época do ano e o aces-so às nascentes. Após a conclusão do Passa Três, o Grupo de Trabalho pretende desenvol-ver ações no rio Passatrezinho, um afluente da Bacia do Passa Três. O principal problema observado pela assessora jurídica do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente, Ga-briella Parrode, é o pisoteamento das nascen-tes pelo gado. O município já registrou em um passado recente dificuldade de captação de água na bacia.

A Bacia do Passa Três atende o município e tem a extensão de aproximadamente 55 qui-lômetros, percorrendo a área urbana e mais de 300 propriedades rurais. Segundo o enge-

nheiro ambiental juber Henrique Amaral, téc-nico da Caej, o trabalho para a recuperação será árduo, já que a região é montanhosa e de difícil acesso.

Para o promotor Afonso Antônio Gonçal-ves filho, que buscou o apoio do programa para as ações, quando há participação da sociedade acontece uma mudança de cons-ciência e da realidade. “Uma ação judicial do Ministério Público não teria o mesmo efeito que uma atitude abraçada pela sociedade”, explica.

ANáPOlIsOutro município goiano que está pre-

ocupado com o abastecimento de água é Anápolis. A microbacia do ribeirão Piancó é responsável por 80% do abastecimento do município e, no ano passado, teve dificulda-des na captação, afetando muitos bairros.

em 2006, a emater, juntamente com o Ministério Público e Saneago, iniciou um projeto de recuperação, que não foi to-talmente implementado. A ideia, agora, a partir da adesão ao Ser Natureza, é retomar essas ações. Para esse reinício, foi formado um Grupo de Trabalho, tendo como parcei-ros Saneago, emater, Base Aérea, Secretaria de estado do Meio Ambiente e recursos Hídricos (Secima), Universidade estadual de Goiás (UeG), faculdade fama, Conselho re-gional de engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) e prefeitura.

Para produzir um diagnóstico da micro-bacia, em setembro de 2015, o Grupo de Tra-balho visitou as 180 propriedades rurais da margem direita do ribeirão Piancó. Segundo a promotora Sandra Mara Garbelini, que atua em Anápolis na defesa do meio ambiente, o rio tem sofrido com a retirada exagerada de água para irrigação em propriedades rurais, muitas delas sem outorga, o que chegou a comprometer a captação destinada à popu-lação. “A Secima chegou a lacrar muitas bom-bas no período da seca”, relata.

A promotora destaca que, após o início do período chuvoso, a população esqueceu-se dos dias sem água, o que é preocupante. “Pa-rafraseando o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), vicente Andreu: ‘que a chuva não apague a memória da seca’,” enfatiza.

Para solucionar os problemas de capta-ção irregular, assoreamento, pisoteamento e falta de cercamento da microbacia, o projeto da emater necessita de um investimento de mais de r$ 3 milhões. O projeto foi entregue ao presidente da Saneago, josé Taveira rocha, em reunião no fim de fevereiro.

Caso os recursos sejam viabilizados, o Ser Natureza em Anápolis pretende articular pe-dido de outorga de água coletivo para os pro-dutores e para a Saneago. “O objetivo é com-partilhar a água para a irrigação e a captação”, explica a promotora. O projeto prevê ainda o plantio de mudas de árvores nativas do Cerra-do para recuperar as nascentes dos córregos e rios que compõem a microbacia.

Grupo de trabalho em Uruaçu e equipe do MP participam de cercamento de nascentes

Audiência pública em Anápolis definiu adesão ao programa para recuperar manancial

Cristiani Honório