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Impresso Especial 9912229887-DR/GO UFG CORREIOS ANO IX – Nº 72 MAIO 2015 JORNAL Projeto em parceria com a Embrapa Hortaliças, estuda formas de reduzir o uso de agrotóxicos no tomate p. 4 Laboratório de Processamento de Imagens (Lapig) desenvolve portal Radiografia das Pastagens do Brasil p. 8 e 9 Mesa-redonda discute as demandas da agricultura familiar e os incentivos para a comercialização de seus produtos p. 6 e 7 Cotas na pós-graduação UFG é a primeira universidade pública do país a adotar cotas para pretos, pardos e indígenas em todos os cursos de mestrado e doutorado p.14 e 15 Carlos Siqueira

Jornal ufg 72

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Publicação da Assessoria de Comunicação Universidade Federal de Goiás ANO IX – Nº 72 – MAIO DE 2015 www.jornalufgonline.ufg.br

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ImpressoEspecial

9912229887-DR/GOUFG

CORREIOS ANO IX – Nº 72 MAIO 2015

J O R N A L

Projeto em parceria com a Embrapa Hortaliças, estuda formas de reduzir o uso de agrotóxicos no tomate p. 4

Laboratório de Processamento de Imagens (Lapig) desenvolve portal Radiografia das Pastagens do Brasilp. 8 e 9

Mesa-redonda discute as demandas da agricultura familiar e os incentivos para a comercialização de seus produtosp. 6 e 7

Cotas na pós-graduaçãoUFG é a primeira universidade pública do país a adotar cotas para pretos, pardos e indígenas em todos os cursos de mestrado e doutorado p.14 e 15

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EDITORIAL

Direto do Instagram @ufg_oficial

Conquistas acadêmicas e sociaisMichele Martins*

A pesar dos esforços em efetivar várias ações afirmativas ao longo da última década, ainda é evidente a ausência

de negros/as e indígenas em cursos de pós- graduação e no corpo docente das instituições de ensino superior no Brasil. Na reunião do Con-selho Universitário no dia 24 de abril, em mais um esforço para mudar essa realidade, a UFG to-mou uma decisão inédita no país: a aprovação da resolução que estabelece a reserva de 20% das vagas dos cursos de mestrado e doutorado de to-dos os programas de pós-graduação da UFG para pretos, pardos e indígenas.

A existência de cotas em alguns programas de pós- graduação já é conhecida no âmbito das universida-des federais, tais como: UFBA, Museu Nacional/UFRJ, UFPE, UnB e UFPA; contudo, essa decisão representa uma novidade porque a UFG é a primeira a adotar tal normativa para os 69 programas de pós-graduação que possui. Membros da comunidade acadêmica da UFG e dos movimentos sociais ligados às questões étnico-raciais manifestaram-se com orgulho sobre essa conquista que reforça a política de ações afir-mativas da instituição. Leia mais depoimentos sobre essa conquista nas páginas 14 e 15.

Já no campo da segurança alimentar e em relação à preservação ambiental, as universidades públicas também estão entre as principais instituições que contribuem para a garantia de práticas alimentares saudáveis e para alternativas de manejo sustentável das áreas de plantio. Contudo, todo o conhecimen-to produzido pela universidade somente poderá

– Universidade – Reitor:

Orlando Afonso Valle do Amaral; Vice-reitor:

Manuel Rodrigues Chaves; Pró-reitor de Graduação:

Luiz Mello de Almeida Neto; Pró-reitor de Pós-Graduação:

José Alexandre Felizola Diniz Filho; Pró-reitora de Pesquisa e Inovação:

Maria Clorinda Soares Fioravanti; Pró-reitora de Extensão e Cultura:

Giselle Ferreira Ottoni Cândido; Pró-reitor de Administração e Finanças:

Carlito Lariucci;Pró-reitor de Desenvolvimento

Institucional e Recursos Humanos: Geci José Pereira da Silva;

Pró-reitor de Assuntos da Comunidade Universitária:

Elson Ferreira de Morais.

– Jornal UFG – Coordenadora de Imprensa:

Michele Martins; Editora:

Angélica Queiroz; Conselho editorial:

Angelita Pereira de Lima, Cleomar Rocha, Luís Maurício Bini, Pablo Fabião

Lisboa, Reinaldo Gonçalves Nogueira e Silvana Coleta Santos Pereira;

Suplente: Mariana Pires de Campos Telles;

Projeto gráfico e editoração: Reuben Lago;

Fotografia: Carlos Siqueira;

Reportagem: Angélica Queiroz, Serena Veloso

e Silvânia de Cássia Lima; Revisão:

Fabiene Batista e Bruna Tavares; Estagiários:

Thaíssa Veiga (Jornalismo); Bolsistas:

Laís Brito (Fotografia); Impressão:

Centro Editorial e Gráfico (Cegraf ) da UFG; Tiragem:

7.000 exemplares

Publicação da Assessoria de Comunicação Universidade Federal de Goiás

ANO IX – Nº 72 – MAIO DE 2015www.jornalufgonline.ufg.br

ASCOM Reitoria da UFG – Câmpus Samambaia

Caixa Postal: 131 – CEP 74001-970Goiânia – GO

Tel.: (62) 3521-1310 /3521-1311 www.ufg.br – www.ascom.ufg.br

[email protected]@ufg_oficial

promover alguma transformação da realidade po-lítica, social e econômica, quando for devidamente assimilado, reconhecido e compartilhado. Por esse motivo é que na edição de maio do Jornal UFG, a nossa equipe se empenhou em abordar temas como a agricultura familiar, a produção agrícola e a pre-servação ambiental.

Para marcar o mês de realização da Feira Agro Cen-tro-Oeste Familiar na UFG, nossos leitores poderão conferir uma mesa-redonda sobre agricultura fami-liar, cujo foco foi a dinâmica em torno da comercia-lização dos produtos produzidos por agricultores familiares. Atualmente, Goiás têm 90 mil famílias de agricultores familiares (tradicionais e assentadas) responsáveis por 32% do PIB do agronegócio bra-sileiro. A discussão sobre a comercialização de 87% da mandioca, 70% do feijão e 58% do leite produ-zidos no país deve ser ampliada na sociedade, na esperança de influenciar a adoção de políticas pú-blicas eficientes para o setor.

Na matéria Manejo de produtos minimiza uso de agrotóxicos no cultivo do tomate, saiba como uma pesquisa da UFG procura alternativas para elevar a produção de tomates sem que haja uso indiscrimi-nado de agrotóxicos para garantir elevada taxa de produtividade. Confira, ainda, a matéria Radiografia das Pastagens do Brasil, que informa sobre o projeto multi-institucional que criou um sistema de infor-mações geográficas online, cujo objetivo é identi-ficar e promover o uso mais eficiente das áreas de pastagens. Esperamos que esses e outros assun-tos informem e agradem aos nossos leitores.

*Coordenadora de Imprensa da Ascom

J O R N A L

@rthomas_s2 @ufg_oficial

@luspider@anacarolinab

Suas fotos podem aparecer por aqui! Use as hashtags #orgulhodeserUFG e #UFG no Instagram

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3Entrevista

Incertezas sobre o futuro do digital e do impresso

Angélica Queiroz

Estaria o futuro dos impressos ameaçado pela inserção das novas tecnologias na vida cotidiana? Esse foi um

dos pontos levantados por um dos mais importantes historiadores da atualidade, o professor francês Roger Chartier, durante entrevista concedida ao Programa Conexões, da TV UFG, e ao Jornal UFG. Confira aqui os destaques da conversa que também abordou temas como educação e história.

Como pode ser avaliada a ideia de evo-lução histórica, na qual as coisas natu-ralmente se substituem?

Ninguém pode controlar uma evolução por-que é algo que não depende do ser humano, é a soma de cada ação pessoal em um novo pa-drão de comportamento. Por outro lado, o papel das políticas culturais é atuar para proteger as

livrarias, desenvolver as bibliotecas e manter a cultura impressa nas escolas. Neste caso, existe uma tensão entre coisas que dependem de nós e coisas que não dependem de nós. Existe um con-flito entre as práticas dos indivíduos, as decisões dos que têm poder e o funcionamento das insti-tuições. Desta maneira, nós não podemos pen-sar que este tipo de fenômeno está totalmente controlado pela vontade dos cidadãos ou dos poderes. Ao mesmo tempo, não podemos pensar que essas decisões não têm um efeito: elas po-dem reforçar ou corrigir esta evolução coletiva, não controlada por ninguém e que se traduz nos comportamentos. A liberdade era uma das pro-messas da internet, com a comunicação gratuita, imediata e a possibilidade de um espaço público para realizar finalmente o que era um sonho das luzes no século XVIII: cada indivíduo na posição de leitor e escritor, cada um recebendo informa-ção e escrevendo críticas, opiniões e ideias. Ago-ra temos essa possibilidade técnica, mas preci-samos examinar também o aspecto contrário deste sonho realizado.

Atualmente várias formas de represen-tação do passado são acessíveis: ficção, cinema, literatura e, também, as produ-zidas pelos historiadores e pesquisado-res. Como o senhor avalia essas repre-sentações e o papel da história?

Durante muito tempo, os historiadores pen-savam ou desejavam ter o monopólio sobre a representação do passado. Efetivamente, há duas formas dominantes de concorrência com os historiadores: a ficção que pode retratar a história de uma forma muito mais poderosa do que as que podem descrever os historiadores e, também, todas as formas de memória. Entre essas três formas dominantes da presença do passado no presente, o importante é compreen-der que cada uma dessas formas obedece a sua própria lógica, seus próprios desejos e neces-sidades e que não é possível, outra vez, estabe-lecer uma equivalência. A memória não é a his-tória nesse sentido. A história é uma disciplina de conhecimento sobre arquivos, tratamentos, técnicas e formas de escrita; e a memória cor-responde a outras necessidades. Não quero di-zer que não possam estar juntas, mas são duas lógicas diferentes. Já na ficção, os historiado-res também não devem estar numa posição de crítica dizendo: “isso não é exatamente o que aconteceu”. O que se pode fazer é mostrar que a ficção não é equivalente ao saber controlado, que é o saber da história. Fazendo isso, a con-corrência pode se transformar em uma coexis-tência pacífica.

Como o senhor percebe a livraria, o li-vro e a biblioteca no contexto atual?

A aposta fundamental é preservar o conhecimen-to em suas várias formas: o mundo da cultura im-pressa e os múltiplos usos que o mundo digital permite. Em cada uma das instituições da cultura escrita – a escola, a biblioteca, a livraria – existe essa coexistência ou concorrência. A tecnologia pode ajudar ao permitir ler sem uma biblioteca ou encontrar um texto que anteriormente era de difícil acesso. O uso do computador pode clara-mente auxiliar na aprendizagem, mas é impor-tante manter a presença da cultura impressa em todas as suas formas, para que não seja desenvol-vida a ideia que um mundo pode totalmente ser substituído por outro: o passado impresso pelo futuro ou o presente digital. E, daí, é necessária a presença do livro na sua forma tradicional na escola. Por isso, precisamos manter e proteger a presença das livrarias e das bibliotecas.

O livro vai continuar existindo?

Os historiadores não são profetas, acho que nin-guém sabe essa resposta. Há uma visão que seria racional de aceitar, que não há equivalência entre o digital e o impresso e que é preciso organizar uma coexistência dessas plataformas por meio de uma concorrência entre as várias formas de

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O uso do computador pode claramente auxiliar na aprendizagem, mas é importante manter a presença da cultura impressa em todas as suas formas, para que não seja desenvolvida a ideia que um mundo pode totalmente ser substituído por outro: o passado impresso pelo futuro ou o presente digital.

Há uma visão que seria racional de aceitar, que não há equivalência entre o digital e o impresso e que é preciso organizar uma coexistência dessas plataformas por meio de uma concorrência entre as várias formas de acesso ao livro, ao jornal e à informação. Mas o curioso é que há indícios contraditórios.

acesso ao livro, ao jornal e à informação. Mas o curioso é que há indícios contraditórios. Por um lado, evidentemente, há uma ilha dominante da equivalência que pode esvaziar as bibliotecas ao disponibilizar os livros nos computadores e há uma perspectiva na qual a cultura escrita tradi-cional impressa desaparece. Por outro lado, a porcentagem de vendas de livros eletrônicos é ainda muito reduzida, menos de 5% em quase to-dos os países do mundo. As únicas exceções são a Grã-Bretanha, com 12%, e um crescimento forte nos EUA, com quase 25%. No entanto, ainda há muita incerteza.

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os Centros de Abastecimento, assim como grandes redes de supermerca-dos, já fazem testes de amostragem para detectar se os produtos que recebem estão contaminados. Por-tanto, a pesquisadora destaca que o produtor precisa se adaptar e que o papel da universidade é envolver os alunos nesse tipo de trabalho para que, no futuro, eles possam ser agen-tes dessa mudança de mentalidade.

Mancha Bacteriana

Em seus trabalhos de mestrado, dou-torado e pós-doutorado, Abadia dos Reis estudou formas de controlar a mancha bacteriana, uma das doenças

Manejo de produtos

minimiza uso de agrotóxicos no

cultivo do tomateProjeto da Escola de Agronomia, em parceria com

a Embrapa Hortaliças, estuda formas de reduzir resíduos deixados por produtos químicos no fruto

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Angélica Queiroz

Recheado, no molho da massa ou fresco na salada. Quase im-possível pensar em muitas das

nossas receitas sem o tomate, fruto amplamente cultivado e consumi-do em todo o mundo. No entanto, há um problema: ele é atualmente um dos produtos mais contaminados por agrotóxicos devido a sua suscetibili-dade às pragas. Os resíduos deixados pelo uso de produtos químicos podem causar sérios danos à saúde tanto de quem consome como de quem traba-lha na plantação e colheita do tomate. Atentos a isso, pesquisadores de todo o mundo têm estudado formas de mi-nimizar essa contaminação.

Natural da cidade de Goianápolis, cidade conhecida na região como a “terra do tomate”, a professora da Es-cola de Agronomia (EA) da Universi-dade Federal de Goiás (UFG), Abadia dos Reis, se dedica à pesquisas sobre o manejo de produtos como forma de minimizar o uso dos químicos para combater as doenças do tomate. Atu-almente, a docente participa de um projeto de fitossanidade em parceria com a Embrapa, que envolve pesqui-sadores de todo o país. Abadia dos Reis lembra que hoje as pessoas têm acesso a mais informa-ções e, por isso, o consumidor está cada vez mais exigente. Segundo ela,

mais destrutivas para a cultura do to-mate. A mancha bacteriana pode le-var à redução dos frutos, escaldadura pela exposição ao sol e depreciação da qualidade do tomate, isso sem falar dos gastos com agroquímicos para o controle da doença e outras medidas de manejo. Atualmente, o comércio não dispõe de muitos produtos com bons níveis de resistência à mancha bacteriana.Desta forma, o manejo da mancha bacteriana tem sido baseado na pul-verização de defensivos de forma preventiva. Como esses produtos apresentam diversas desvantagens, pesquisadores como a professora Abadia, trabalham para achar ma-neiras mais eficientes para o contro-le da doença. Em projeto desenvolvido na Escola de Agronomia entre novembro de 2014 e março deste ano, Abadia dos Reis chegou à conclusão de que com a adubação equilibrada, o preparo correto do solo e o uso da tecnologia como aliada, é possível inserir o pro-duto químico alternado ao biológico, diminuindo a contaminação e os cus-tos da produção.

Desinformação

A produção agrícola de tomate no Brasil é bastante desenvolvida, tendo grande importância na economia do Sudeste e Centro-Oeste, sendo São Paulo o maior produtor de tomate de

“mesa” e Goiás o maior produtor de tomate industrial, onde estão locali-zadas as maiores empresas de pro-cessamento do fruto. Abadia dos Reis explica que os pro-dutos químicos são como remédios, necessários apenas quando a planta adoece. Segundo ela, existem pro-dutos adequados que podem ser utilizados em quantidade que não deixe resíduos no fruto, mas há muita desinformação. “Nem todos os produtos que estão no merca-do funcionam”, alerta. Além disso, a professora afirma que os conhe-cimentos passados no boca-a-boca podem causar muitos equívocos. “Estou sempre com os produtores. Outro dia alguém me contou que estava usando produto veterinário na planta. É claro que isso não tem como dar certo”, conta. O produtor, no entanto, não é o vi-lão da história. Segundo Abadia dos Reis, os produtos adequados podem custar caro e, como falta assistência técnica, muitos ficam perdidos. “O ideal seria que um Engenheiro Agrô-nomo, assim como o médico, recei-tasse o produto adequado por meio do receituário agronômico, mas isso raramente acontece. Falta mais fis-calização e orientação”, lamenta a professora que lembra que é possí-vel encontrar orientação sobre os produtos adequados no site do Mi-nistério da Agricultura, informação ainda desconhecida por grande par-te dos produtores.

Tomate é atualmente um dos produtos mais contaminados por agrotóxicos

Para a professora, químicos po-dem ser utilizados em quantidade

que não deixe resíduos no fruto

Fotos: Carlos S

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Jornal UFG ganha novo projeto gráfico e editorial, com roupagem mais moderna e atraente

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De cara novaSerena Veloso

No mês de comemoração do aniversário de nove anos do Jornal UFG, a Assessoria de

Comunicação (Ascom) da UFG, res-ponsável pela publicação, traz algu-mas novidades para o leitor, que já deve estar se surpreendendo ao lon-go das páginas com as mudanças no projeto gráfico e editorial realizadas a partir desta edição. De cara nova, o jornal ganhou uma nova identidade visual influenciada por elementos mais sofisticados, com conteúdos mais fluidos, utilização de nova ti-

pografia, organização da página de forma mais leve e inserção de mais recursos gráficos.

“A tentativa é modernizar a aparência do jornal. Isso também vai interferir no aspecto editorial: a maneira de escrever passa a ser mais dinâmica, com a articulação de elementos vi-suais que auxiliem no entendimento do texto, como gráficos, infográficos e ilustrações”, explica o designer grá-fico do Jornal UFG, Reuben Lago, que também enxerga na reestruturação a possibilidade de tornar a leitura do jornal mais prazerosa.

J O R N A L

Novo design

Da capa à última página é possível observar uma série de alterações visuais no intuito de valorizar ainda mais o conteúdo produzido pelo Jor-nal UFG. A matéria principal ganha mais destaque com a nova organi-zação da capa, agora com a marca da UFG inserida no sentido vertical para dar mais visibilidade às chama-das dos textos, principal convite à leitura das páginas seguintes. Além disso, o impresso ganha também mais duas páginas coloridas, além das outras três já existentes, nas quais podem ser exploradas maté-rias sobre pesquisas e projetos de extensão da universidade, com a in-clusão de mais recursos imagéticos.

A reforma no projeto gráfico também acompanha a tendência atual dos impressos em promover maior inte-ração com o público, incentivando a participação na produção dos con-teúdos. Sendo assim, foi criada uma nova sessão na página 2, onde serão publicadas, a cada edição, fotos do Instagram da UFG registradas pela

comunidade universitária, propor-cionando acesso direto aos produtos digitais institucionais da Universida-de. Para aqueles que apreciam as edi-torias de Entrevista, Mesa-redonda e Opinião, foi pensada uma nova or-ganização textual que permite uma leitura mais dinâmica e sucinta. “Es-sas são as páginas em que temos os maiores acessos e retorno dos nossos leitores”, destaca Reuben Lago.

O Jornal UFG continua aberto a con-tribuições e participação do leitor com o envio de opiniões e sugestões de pauta para o e-mail <[email protected]> ou pelo telefone de contato da Ascom: 3521-1311. O conteúdo do jornal também pode ser conferido pela internet, no site <www.jornalufgonline.ufg.br>. A As-com acredita que a colaboração de todos é imprescindível para a cons-trução de uma comunicação baseada no amplo diálogo entre a UFG e seu público e com o objetivo de conso-lidar o Jornal UFG como um instru-mento para socialização da produção científica, ações e serviços desenvol-vidos no âmbito da UFG.

Para direcionar a proposta de aperfeiçoamento tanto do conteúdo como do projeto vi-sual, a Ascom realizou ampla pesquisa com a comunida-de universitária, por meio de questionários online e entre-vistas de campo, sobre a recep-ção do jornal para identificar as percepções sobre o veículo. De acordo com a coordena-dora de imprensa da Ascom e editora do Jornal UFG, Michele Martins, os resultados prévios apontaram para a necessidade de pensar numa nova propos-ta de articulação das informa-ções. “A partir dos primeiros resultados ficou claro que o projeto editorial precisava ser reestruturado de forma mais dinâmica”, comenta Michele Martins. Os dados conclusivos da pesquisa devem ser divul-

gados no mês de junho, no portal UFG.

A proposta de reformulação é estudada desde 2014. Além da pesquisa com os leitores do Jornal UFG, foi feita uma análise de cerca de 30 publicações ins-titucionais nacionais e interna-cionais, nas quais foram iden-tificados aspectos visuais mais relevantes e modernos que ins-piraram a estruturação do novo design. Apesar das mudanças, a ideia é manter os elemen-tos que conferem uma identi-dade ao jornal. “Para que não houvesse uma grande ruptura com relação ao padrão visual já encontrado no Jornal UFG, mantivemos alguns elementos aprovados pelos leitores e que convidam ao acesso”, acrescen-ta Reuben Lago.

Interatividade

Para ter acesso a todo o conteúdo digi-tal produzido pela Ascom, interaja em nossas redes sociais. Com seu smar-tphone, tablet ou notebook também é possível acessar diretamente a página do Jornal UFG através do QR CODE (imagem ao lado), utilizando o pro-grama específico para seu aparelho.

Evolução do projeto gráfico do Jornal UFG ao longo dos anos

Nova marca reorganiza os elementos com mais fluidez e leveza

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Comercialização dos produtos da agricultura familiarAscom, Rádio Universitária e TV UFG

O último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2006, revelou que os agricultores familiares respondem por mais de 84% dos estabelecimentos agrícolas do Brasil. Eles ocupam 24% da área cultivada e empregam 74% da mão de obra do setor agropecuário. Mesmo com pequena disponibilidade de área cultivável, a agricultura familiar é responsável pela produção de 87% da mandioca, 70% do feijão e 58% do leite, sendo responsável por 32% do PIB do agronegócio brasileiro.

Apesar dos bons resultados, ainda é preciso incentivar a produção familiar e, principalmente, a comercialização de seus produtos. Para discutir o tema, a mesa-redonda dessa edição, realizada pelo Jornal UFG em parceria com o Programa Conexões da TV UFG e com a Rádio Universitária, convidou a professora da Escola de Agronomia da UFG, Graciella Corcioli, o especialista em cooperativismo, Mauro Pereira e o representante da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em Goiás, Luiz Carlos do Nascimento.

A agricultura familiar é responsável por uma parte significativa da produção agropecuária brasileira, mesmo assim parece ser “discriminada”. Por quê?

Graciella – Apesar desse tema estar sendo divul-gado atualmente, inclusive por meio de esforços do Governo Federal para que a agricultura fami-liar cresça, nós ainda temos uma discriminação contra esses produtos, e esses agricultores fami-liares enfrentam sérias dificuldades na sua pro-dução e comercialização. Embora a comunidade tenha interesse em consumir esses itens, o agri-cultor não consegue colocá-los na mesa do con-sumidor final da melhor maneira possível, não conseguindo, também, melhores rendimentos com a sua produção.

Luiz – Estamos trabalhando nesse sentido de di-vulgação desde 2003 e Goiás ainda está aquém em relação aos outros estados da federação. Ve-mos muita desconfiança por parte do poder públi-co municipal, por parte do agricultor familiar em querer ser inserido no contexto da comercializa-ção e até uma falha do próprio governo em divul-gar mais a agricultura familiar.

...o fato do mercado não ser totalmente voltado para o agricultor familiar, é um motivo para que ele não apareça tanto nas grandes discussões na mídia, porque tudo é voltado para o grande.

Mauro – Acreditaram, no final do século pas-sado, após a Revolução Verde, na existência do agronegócio voltado para a grande produção, fato que fez com que vários agricultores dei-xassem o campo. No entanto, percebemos que a agricultura familiar continua existindo e é ela que coloca os produtos na nossa mesa. Os em-presários do agronegócio produzem commodi-ties. Hoje, todo o debate vem sendo retomado nas universidades. Por saberem da qualidade e do seu valor social, as pessoas querem consumir os produtos provenientes da agricultura familiar,

o que é muito bom, pois os alimentos saudáveis e o trabalho que está sendo realizado no campo são cada vez mais divulgados. Na minha opinião, o fato do mercado não ser totalmente voltado para o agricultor familiar, é um motivo para que ele não apareça tanto nas grandes discussões na mídia, porque tudo é voltado para o grande. En-tão, não existe tecnologia para os pequenos, não existe maquinário para os pequenos, não existem formas de implemento para que eles possam tra-balhar no coletivo, no associativismo. Creio que, retomando a discussão, isso será revertido ao longo do tempo.

Onde são comercializados esses produ-tos? Como é o mercado, principalmente para o consumidor individual?

Luiz – Hoje, institucionalizado na parte comercial, nós temos um programa e uma lei: o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que é operaciona-lizado pela Conab, e a Lei 1947, de junho de 2009, a Lei da Merenda, do Programa Nacional de Ali-mentação Escolar (Pnae), ou seja, esses são dois caminhos institucionais para a comercialização. Nas minhas palestras, eu falo sempre o seguinte: o PAA seria como o ensino fundamental do agricul-tor familiar, no entanto, a Lei da Merenda estaria em um patamar maior, como o ensino médio, e o caminho para que o produtor chegue ao seu ápice seria o mercado. Atualmente o agricultor tem difi-culdades, mas acessa o mercado. O PAA, na minha concepção, tem ajudado bastante esse agricultor a entender o que é o mercado lá fora.

Graciella – Esses produtos da agricultura fami-liar, quando saem desses dois programas que o Luiz citou, vêm para a mesa do brasileiro da mes-ma maneira dos outros produtos, como o leite, o arroz ou o feijão, que são comprados no super-mercado. Por exemplo, o leite: a maior parte do leite produzido que chega na mesa do brasileiro, advém da agricultura familiar, porém, o agricultor apenas fornece esse produto para uma empresa de grande porte, um laticínio ou indústria, que fica com a maior parte do rendimento. Dessa for-ma, o consumidor vai consumir um queijo que foi produzido com o leite proveniente da agricultu-ra familiar, mas, como existe muita fiscalização e normas para esses produtos serem processados, quem fica com a maior parte do lucro é a gran-de empresa. Portanto, o agricultor coloca seus produtos no mercado, mas eles passam por um “atravessador”, que seria a indústria. A dificulda-de do agricultor está em ter que passar por esse caminho. Se pensarmos no agricultor como um trabalhador ou um comerciante que vai inserir o seu produto diretamente na mão do consumi-dor final, poderíamos pensar nos dois programas que colocam o produto nas entidades – asilos, escolas, hospitais – e, também, através das feiras livres que ocorrem em todas as cidades. Mas es-ses canais ainda são pequenos, o que o agricul-tor precisa alcançar é o mercado comum, como os supermercados, aonde o consumidor final vai para adquirir a maioria dos produtos.

Mauro – A agricultura familiar talvez encontre ainda um grande espaço, que são as Ceasas. Todas as frutas e verduras que consumimos na cidade, não são produzidas por grandes proprietários mas, sim, por agricultores familiares. As coopera-tivas e associações são a forma que eles têm para acessar melhor esses espaços.

Com a comercialização como está hoje, o produtor consegue uma renda para manter a produção e, ao mesmo tempo, sua qualidade de vida?

Luiz – No caso específico do PAA, se levamos em consideração a necessidade do produtor, o valor de oito mil reais anual, disponibilizado pelo Go-verno Federal, não seria suficiente. Mesmo com

Mauro Pereira

Você pode participar das próximas mesas-redondas enviando sugestões de temas e convidados pelo telefone: 3521-1311 ou [email protected]

Mais informações sobre a Agro Centro-Oeste no QR Code ao lado ou acesse o site: www.agro.ufg.br/agrocentro

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esa-redonda

a Lei da Merenda, o produtor ainda não conse-guiu acessar, como um todo, essa política públi-ca do Pnae. Os produtores reclamam do valor e eu, infelizmente, tenho que dizer a eles que fica difícil para a Conab solicitar um aumento sendo que, no ano passado, em função da falta de tec-nologia e entendimento do cooperativismo e do associativismo, nós tivemos que devolver para a União cinco milhões de reais. Não tem como fa-zer encaminhamentos para aumentar o valor do programa, sendo que eu ainda estou devolvendo dinheiro para a União, mas, se você me perguntar friamente, eu afirmo que esse valor realmente ainda não é o ideal.

É preciso considerar que a agricultura familiar produz cerca de 80% dos alimentos, mas menos de 15% do total de agricultores familiares produzem esses alimentos.

Graciella – É preciso considerar que a agricultu-ra familiar produz cerca de 80% dos alimentos, mas menos de 15% do total de agricultores fami-liares produzem esses alimentos. A maioria dos agricultores está em situação precária no campo. Os recursos do PAA e do Pnae vêm para atender ao agricultor que ainda não encontrou nenhum canal de comercialização. Além disso, como o agronegócio exporta matéria-prima, o Brasil per-de dinheiro porque a comercializa. Da mesma forma, a agricultura familiar comercializa maté-ria-prima, e é preciso beneficiar e industrializar esses produtos para agregar valor. Dessa manei-ra, acredito que o agricultor poderia ter uma ren-da melhor, mas tudo isso só vai funcionar bem o dia em que conseguirmos alcançar a maioria dos agricultores. Senão, fica uma agricultura familiar interessante, mas apenas para parte desses agri-cultores que produzem bem e conseguem comer-cializar. Apesar disso, a grande maioria não vive essa realidade.

As políticas públicas para esses produto-res estão sendo bem aplicadas?

Mauro – Creio que os produtores que estão in-seridos nas cooperações têm um pouco mais de conhecimento e as cooperativas conseguem for-necer uma assistência técnica para eles. Assim, os agricultores que estão juntos conseguem ter uma renda melhor. Fizemos um estudo em algu-mas cooperativas e encontramos agricultores que conseguem comercializar até R$ 10 mil mensais com leite, frutas, verduras e até nas próprias feiras locais, mas esses agricultores necessitam de uma assistência técnica tanto na produção como tam-bém na própria gestão dessas cooperativas. Atual-mente, o estado não consegue oferecer essa assis-tência a todos e, a partir desse fato, temos alguns que conseguem uma renda que não ultrapassa R$ 300,00 por mês. Sobre esses R$ 8 mil que o gover-

no oferece, é um valor muito baixo, é o mesmo que dizer para essa família continuar pobre. O agrone-gócio pode vender, por agricultor, até R$ 100 mil, sendo que o agricultor familiar só pode vender R$ 8 mil ao ano. Isso tem que ser discutido e mudado. A legislação tem que mudar porque senão esses agricultores vão continuar pobres no campo.

Luiz – O problema não é só a tecnologia, mas, tam-bém, a burocracia. Às vezes o produtor se sente intimidado a participar do PAA e do Pnae em fun-ção da aprovação da documentação, que é uma coisa que ele não está acostumado, ai é onde entra o cooperativismo e o associativismo, porque ele precisa ter alguém para ajudá-lo. Se você quer que uma política alcance o seu resultado, é preciso dar condições.

Graciella – Se nós considerarmos o mapa do Brasil, é possível observar que é descendente a maneira como os recursos públicos são coloca-dos dentro das regiões. Temos as regiões Sul e Sudeste pegando boa parte dos recursos e das políticas públicas disponibilizadas para a agri-cultura familiar, depois o Centro-Oeste e, por úl-timo, o Norte e o Nordeste. Isso acontece muito em função da falta de outras políticas mais im-portantes como, por exemplo, a educação básica. Existem estudos que falam que a baixa utilização de tecnologia pelo agricultor está diretamente ligada ao seu grau de escolaridade. Quanto me-nor é a educação que ele tem, maior a dificuldade para o acesso à assistência técnica e a programas que viabilizariam a sua produção. Se nós temos problemas na educação do meio urbano, no meio rural é muito pior. Dessa forma, é preciso mexer em uma série de questões para que o agricultor tenha acesso a essas políticas que estão disponí-veis. Cerca de 40% dos recursos do Programa Na-cional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), por exemplo, ficam no Sul e Sudeste, sendo que a maioria dos agricultores familiares estão no Nordeste. Portanto, quem recebe esses benefícios é quem está mais apto a responder a toda essa burocracia que é imposta.

Mauro – Eu acredito que o recurso federal não é mal aplicado no campo, a equalização do recurso para os grandes e pequenos produtores é que não está sendo feita.

Os cursos universitários de ciências agrárias formam profissionais para trabalhar com a produção da porteira para dentro, mas a prin-cipal demanda dos agricultores é por assesso-ramento da porteira para fora, principalmente na busca de mercados. O que um profissional de ciências agrárias precisa saber para apoiar as cooperativas da agricultura familiar na bus-ca por mercados?

Mauro – Acredito que os estudantes ainda pre-cisam ser preparados para trabalhar com gen-te, que é o fundamental de tudo. Percebo que a universidade deixou um pouco de trabalhar com pessoas, os técnicos começaram a pensar em máquinas e em produtos que resolvem os pro-blemas da lavoura e deixam de conversar com as pessoas. Da porteira para fora, esses técnicos têm ainda que ter conhecimento da legislação, porque as cooperativas e as associações estão inseridas dentro do arcabouço jurídico também. Esses profissionais precisam entender o merca-do e trabalhar pensando, também, na agricultura familiar. O grande negócio não precisa tanto dis-so porque tem alguém que pensa para ele. Dessa forma, para a agricultura familiar, esses profis-sionais têm que pensar em produtos diferencia-dos. Isso é o que o cooperativismo traz hoje: no-vos desafios para esses técnicos que estão saindo das universidades, porque existem novos fatores que vão exigir muito deles.

Graciella – É um desafio porque temos um Bra-sil gigantesco, com diversos agricultores. Nós te-

mos, por exemplo, agricultores familiares no su-deste e sudoeste de Goiás que são extremamente diferentes dos do norte do Estado. É um universo muito diverso, e formar profissionais que vão trabalhar com esses agricultores é um desafio muito grande para a Escola de Agronomia e, prin-cipalmente, na UFG, que está inserida em uma região que é muito voltada para o agronegócio. Temos uma dificuldade grande em fazer com que os alunos se interessem pelo tema da agricultura familiar, para mostrar que existem oportunida-des de emprego nessa área e políticas voltadas para esse agricultor, mas temos professores que trabalham nessa temática e tentam formar um profissional que tenha um horizonte muito maior que o agronegócio.

Se você quer que uma política alcance o seu resultado, é preciso dar condições.

Luiz – Eu fico muito satisfeito quando chega um agrônomo ou técnico para conversar comigo so-bre o PAA, disposto a entender o produtor, o que ele quer produzir, como ele quer produzir, quais são as dificuldades, quer dizer, ser um amigo. O campo é grande, com muitas oportunidades acessíveis.

A Agro Centro-Oeste Familiar, que acon-tece na UFG de 13 a 16 de maio, consoli-dou-se como a maior feira de exposição dos produtos da agricultura familiar de Goiás. De que forma o evento pode apoiar a comercialização dos produtos da agricultura familiar?

Graciella – A função desse evento é expor os produtos da agricultura familiar para que o con-sumidor possa conhecê-los. Sendo assim, duran-te os quatro dias de Agro Centro-Oeste recebe-remos o público em geral para conhecer esses produtos e verificar o que é que a agricultura tem para oferecer para o consumo familiar. Além disso, o evento visa buscar discussões a respei-to dos temas mais relevantes para a agricultura familiar que temos hoje. Vamos ter seminários, cursos, mesas-redondas e uma programação cultural muito apropriada que reverencia a agri-cultura familiar regional e a comida tradicional. É um evento para diversos públicos e deixo aqui um convite para todos participarem, porque será um evento muito rico que dará voz ao agricultor e para a comunidade urbana saber o que é essa agricultura familiar da qual muito se fala, mas ninguém vê.

Mauro – A exposição também propicia mercados futuros. Além da dona de casa, os empresários podem vir conhecer os produtos industrializados desses produtores. Assim, além dos debates que são muito importantes, o evento também propor-ciona a abertura de possíveis mercados para esses agricultores.

Graciella Corcioli

Luiz Carlos do Nascimento

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ia Radiografia das Pastagens do Brasil

Angélica Queiroz

Como desmatar menos, diminuir a emissão de gases poluentes e ao mesmo tempo aumentar

a produção de alimentos, inclusive carne, para uma população mun-dial crescente? Pesquisadores do Laboratório de Processamento de Imagens da Universidade Federal de Goiás (Lapig/ UFG) apostam que a solução para a questão é investir no uso eficiente das pastagens. O la-boratório desenvolveu, em parceria com a Secretaria de Assuntos Estra-tégicos da Presidência da República (SAE/ PR), um estudo pioneiro no país: o projeto Radiografia das Pas-tagens do Brasil.

A cooperação técnica, assinada no iní-cio de 2014, já tem como resultado um portal público (www.pastagem.org), inédito no país, onde é possí-vel, por meio de um sistema de in-formações geográficas online, avaliar as pastagens em qualquer lugar do Brasil. Mais de 20 pesquisadores da UFG, entre professores, bolsistas de

para cada hectare é de 1,2 cabeças de gado. O ideal é que essa lotação bo-vina fosse de 2 a 3 por hectare. Essa intensificação é necessária para o au-mento de produção e produtividade em uma área cada vez menor.

Além da baixa ocupação, estima-se que a degradação afete ao menos 30% da área com pastagens cultivadas, com significativos impactos nas emissões de gases de efeito estufa. Laerte des-taca que recuperar essas pastagens é estratégico, mas tem custos relati-vamente altos: R$ 2.500 por hecta-re, aproximadamente. Além disso, é necessário levar em conta que o pro-cesso de ruminação dos bovinos gera gás metano e é preciso compensar via aumento do carbono (sequestrado) no solo. Tudo isso precisa ser trabalhado para que o Brasil tenha uma pecuária ambientalmente correta que, segundo ressalta o pesquisador, é mais produti-va e mais sustentável.

Para o coordenador do Lapig e do projeto Radiografia das Pastagens do Brasil, Laerte Guimarães Ferrei-ra, a grande preocupação do mundo hoje é com a segurança alimentar e o Brasil é uma das grandes potências agrícolas mundiais. Como desmatar já não é mais uma opção viável, a saída, segundo ele, está em ocupar melhor as áreas já desmatadas. Para o pesquisador, as pastagens que hoje ocupam cerca de 25% do território brasileiro (172 milhões de hectares), constituem reservas de terra mais baratas e ecologicamente corretas. Por isso, Laerte Ferreira ressalta que hoje é estratégico para o país ter uma pecuária mais eficiente.

O coordenador explica que a conver-são de terras em larga-escala resultou em severa fragmentação dos ecossis-temas, na baixa lotação e produtivi-dade das pastagens. Ele conta que, no Brasil, a média de ocupação bovina

Desenvolvido em parceria com a Presidência da República e fundações nacionais e internacionais, projeto do Lapig comprova que uso eficiente das áreas de pastagens é estratégico para o país

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Uso eficiente das pastagens é estratégico

iniciação científica, mestrandos e dou-torandos participam do projeto que já comprovou que o uso mais eficiente das áreas de pastagens é fundamental para o alcance das metas de redução das emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, para alavancar a produção de alimentos e exportação, adaptando-se às mudanças climáticas.

Ainda em desenvolvimento, o pro-jeto começou em parceria com a Stanford University, nos Estados Unidos, que já resultou em vá-rios artigos publicados. O projeto também despertou o interesse da Gordon and Betty Moore Founda-tion – fundação americana conhe-cida por desenvolver projetos para a melhoria da qualidade de vida para as gerações futuras – que in-vestiu mais de 500 mil dólares na pesquisa. Além disso, o projeto conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní-vel Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq).

Pesquisadores do Lapig viajam pelo país para conhecer melhor as pastagens brasileiras

Page 9: Jornal ufg 72

9Ciência e Tecnologia

Objetivos

Com o objetivo de transformar o portal em referência internacio-nal, a equipe do projeto está tra-balhando para atualizar o mapa de pastagens, que já tem milha-res de propriedades cadastradas no sistema. Pesquisadores estão viajando pelo país para conhecer melhor as pastagens. “Nós en-tendemos de imagens de satélite e mapas, mas não entendíamos nada de pastagens. Então perce-bemos que precisávamos colocar a botina e pisar no campo”, con-tou Laerte Ferreira.

Lapig é referência no país A pesquisa também trouxe melhorias para a estrutura do

Lapig. Graças aos recursos deste e de outros projetos, o laboratório da UFG é hoje referência no país quando o

assunto é processamento de imagens. “Entre as universidades federais, este é certamente o laboratório com a melhor

estrutura computacional e equipamentos para pesquisa de ponta em sensoriamento remoto”, garante Laerte.

Segundo o pesquisador, toda esta estrutura de pesquisa é também vital para a graduação e pós-graduação na UFG, através de cursos de excelência em sensoriamento remoto e sistemas de

informações geográficas, acesso às bases de dados, interação com pesquisadores de outras instituições nacionais e internacionais,

entre outros. Ele ressalta, ainda, o trabalho de extensão realizado pelo Lapig, já que todos os dados e informações

geradas através dos projetos de pesquisa, dissertações e teses são públicos e disponibilizados de forma interativa e amigável

através do portal do laboratório (www.lapig.iesa.ufg.br).

Com relação às políticas públicas, os pesquisadores do Lapig estão trabalhando para desenvolver fer-ramentas que permitam monito-rar a eficiência de investimentos públicos e privados na recupera-ção de pastagens degradadas. O Governo Federal criou em 2010 o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), através do qual, o cré-dito subsidiado é disponibilizado para a recuperação de pastagens, mas a capacidade de medir e mo-nitorar estes impactos tem sido limitada, porque as informações sobre a extensão e as condições das pastagens ainda são disper-sas, pouco detalhadas e desatu-alizadas. Além disso, o governo carece de ferramentas para fisca-lizar se o produtor está realmente utilizando o dinheiro para recu-perar pastagens.

Sobre a conscientização dos proprietários rurais, Laerte Fer-

No âmbito científico, o pesquisa-dor conta que a meta agora é de-senvolver métodos mais eficazes para monitorar a qualidade das pastagens, determinar os flu-xos de água e carbono e a forma como estes variam com o mane-jo e uso. “Pastagens melhor ma-nejadas são mais eficientes em transferir água para a atmosfe-ra, contribuindo para as chuvas e raízes mais profundas que se-questram mais carbono, minimi-zando o efeito estufa”, detalhou o coordenador do projeto.

reira lembra que compete aos órgãos governamentais levar essas informações. Ele acre-dita que as próprias pressões do mercado vão fazer com que o produtor queira se adaptar. “O fato é que o clima do mun-do está mudando e esse alerta da crise da água vai servir para abrir os olhos e mudar a menta-lidade das pessoas”.

“Uma nação como esta, de tal geografia, história, economia, política, línguas, crenças, ritu-ais e valores dá-nos uma lição de vida. Primeiramente, por re-presentar a diversidade tão cara ao modelo civilizatório predo-minante; segundo, por causar em seus visitantes o incômodo questionamento sobre o sentido e a sustentabilidade desse mes-mo modelo ocidental de desen-volvimento que alimentamos diariamente”, relatou.

Pesquisadores do Lapig viajam pelo país para conhecer melhor as pastagens brasileiras Pastagem em Alta Floresta, na Bacia Hidrográfica do Rio vermelho

Estrutura de pesquisa atende cursos de graduação e pós-graduação na UFG

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ão A incompreensão da Língua PortuguesaQuando o excesso de linguagem técnica por profissionais atrapalha o entendimento da comunidade

Camila Godoy

Apesar de o Brasil ser um país com apenas um idioma ofi-cial, o português, diversas

alterações têm acontecido ao lon-go dos anos na escrita e, principal-mente, na fala dos brasileiros. Isso acontece porque as pessoas fazem rearranjos de acordo com as suas necessidades comunicativas. Esse fenômeno, chamado de variação linguística, pode ser compreendido através de diferenças históricas, so-ciais e regionais.

Os moradores do Nordeste e do Sul brasileiro, por exemplo, falam a mesma língua, mas utilizam ex-pressões e sotaques tão diferentes que às vezes pode se tornar com-plicado para ambos entenderem com exatidão o significado do que cada um diz. Da mesma forma, há falares específicos de grupos profissionais, como de advogados, analistas de sistemas, engenheiros, policiais e médicos, que desenvol-veram vocabulários próprios de sua profissão para expressarem ideias específicas de seu ofício, mas que, quando aparecem em contextos diferentes, dificultam o

entendimento de quem não perten-ce a esse grupo.

Para a professora da Faculdade de Letras (FL), da Universidade Fede-ral de Goiás (UFG), Vânia Cristina Casseb Galvão, o exagero no uso de jargões e termos técnicos por profissionais foi utilizado durante muito tempo como forma de ma-nutenção de determinados papéis. Ela explica que essa prática era uti-lizada não apenas para que os pro-fissionais se comunicassem, mas também, para se diferenciarem do restante da sociedade, demonstran-do um conhecimento exclusivo.

No entanto, a professora acredita que a frequência e a intensidade do uso exagerado de jargões e termos técnicos têm diminuído: “Com a po-pularização do conhecimento e o acesso quase irrestrito aos saberes, não há mais espaço para o distan-ciamento entre linguagem técnica e linguagem leiga. É claro que existe um limite, porque há termos que são conceituais, porém, já é possí-vel observar a busca cada vez maior por uma linguagem mais democrá-tica, funcional e socialmente rele-vante”, defende.

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Comunicação

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E quando a falta do Português é o problema?

Nos cursos da área de exatas, além do uso exagerado de termos técnicos e de abreviações de palavras, os estudantes se deparam com uma literatura predominantemente inglesa e por causa disso, já se tornou comum para profissionais da área o aportuguesamento de algumas palavras.

O coordenador do curso de Sistemas de Informação da UFG, Vinícius Sebba Patto, acredita que por lidar com uma área extremamente globalizada e que evolui rapidamente, a informática foi se desenvolvendo em uma cultura predominantemente da língua inglesa. “Nós temos uma literatura muito mais atualizada no idioma inglês do que no português”, observa.

Para o estudante do quinto período do curso de Sistemas de Informação da UFG, Gaspar Monteiro, os profissionais da área se acostumaram tanto a desenvolverem seus raciocínios em inglês, que independente de seu local de origem, bons materiais só são encontrados em inglês: “Os poucos materiais encontrados no português têm qualidade inferior aos encontrados na língua inglesa. Todas as minhas buscas são em inglês. Desisti de procurar materiais em português”, afirma.

Vinícius Sebba explica que essa cultura faz com que muitos alunos não se preocupem com o estudo do português. “Isso é muito perigoso e, se acontece, esses estudantes encontram dificuldades até para elaborarem trabalhos acadêmicos e concluírem o curso. Sem falar naqueles casos em que, ao entrarem no mercado de trabalho, há aqueles que assumem cargos administrativos ou que optam pela carreira acadêmica. Nessas situações, eles serão ainda mais exigidos. Precisarão desenvolver as ideias de forma lógica, deixar o texto coeso e usar os recursos linguísticos de forma correta”, lembra.

Linguagem jurídica

No curso de Direito da UFG, o juri-diquês, linguagem excessivamente técnica e rebuscada utilizada nos processos judiciais, já foi pratica-mente abolido da formação dos estu-dantes. Isso acontece porque, apesar do cumprimento e o exercício das leis serem para todos os cidadãos, eles só ocorrem através de critérios processuais que são definidos por normas, teoricamente estudadas e compreendidas apenas em uma Fa-culdade de Direito. No entanto, se-gundo a coordenadora do curso de Direito da UFG, Sílzia Pietrebom, “se o processo e o interesse são da parte, sendo o advogado apenas seu repre-sentante, como ele pode escrever em um processo frases inteiras em la-

tim, com documentos e termos que a própria parte não compreende?”.

Por isso, a coordenadora do curso de Direito acredita que o advogado deve mostrar sua cultura por meio de seu conhecimento e técnica, mas fazen-do bom uso da língua portuguesa, sendo objetivo em suas colocações e usando corretamente as expressões: “Nessa área a atenção com o por-tuguês não só é importante, como fundamental. Diria até que é mais importante ler e escrever bem no Direito, do que falar bem, já que ele está envolvido em um conjunto de procedimentos que são escritos por advogados e juízes. Então, o êxito na profissão depende da forma de se ex-pressar em nosso idioma”, opina.

Português e Saúde

Na área da saúde, a preocupação com a língua portuguesa e a democrati-zação da linguagem técnica também é uma constante. A professora da FL, Vânia Casseb, lembra que se um profissional, por exemplo, fizer uma carta de indicação para algum cole-ga, sobre um paciente que está com alguma doença grave, e escrever isso de maneira errada, pode levar o co-lega a dar continuidade ao tratamen-to de forma equivocada. Igualmente, se o paciente não compreender com exatidão o seu diagnóstico, pode não realizar o tratamento com eficácia.

Vania Casseb destaca que até a lin-guagem das bulas de remédios se tornou mais acessível ao longo do tempo. Ela explica que, há dez anos, a bula era produzida para que os médicos entendessem e explicassem o conteúdo aos pacientes, mas, na prática, isso não acontecia. Hoje, há uma linguagem voltada diretamente para o entendimento do paciente.

A coordenadora do curso de Enfer-magem da UFG, Ruth Minamisava,

explica que, em sua unidade acadê-mica, os professores se preocupam em ensinar aos alunos os termos técnicos da área logo no início do curso. Só que, com o passar do tem-po, devido às disciplinas práticas, os docentes se empenham em expli-car a necessidade de traduzir esses termos técnicos para o paciente.

No entanto, Ruth Minamisava res-salta que há casos em que a própria explicação de algum quadro clíni-co exige prévios conhecimentos sobre biologia, que muitas vezes o paciente não domina. “Existem di-versas situações no dia a dia dos profissionais da saúde: há casos em que não temos tempo para explicar tudo aos pacientes, mas também há situações em que eles não estão interessados em entender. Existem pacientes que terão que conviver com alguma doença por um longo período, então, procuramos ensinar tudo sobre o seu estado de saúde, para que ele próprio se monitore e conheça o seu estado clínico. Cada caso é único”, relata.

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Page 12: Jornal ufg 72

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Ateliê tipográfico retoma processo

artesanal de produçãoPrimeira tipografia reativada no Estado de Goiás se tornou parte do acervo histórico da UFG e, também,

instrumento pedagógico para a comunidade universitária

Fotos: Laís Brito

Serena Veloso

Resgatar o passado e reinventar o futuro. Com esta proposta, o Ateliê Tipográfico do Centro

Editorial e Gráfico (Cegraf) da UFG reativou, no final de 2014, o maqui-nário da antiga Imprensa Universitá-ria e retomou uma tradição nas artes gráficas que se mantém desde o sé-culo XV e que, ao longo dos anos, foi sendo substituída pelo uso das novas tecnologias nos processos gráficos. A iniciativa partiu de servidores do próprio Cegraf, interessados em re-cuperar esse patrimônio material da universidade. “Atualmente, a de-manda e a exigência de produção em tempos cada vez menores, fez com que essas máquinas fossem abando-nadas. Portanto, para resgatar os va-lores históricos, artísticos e culturais dessa técnica, o Cegraf tomou essa iniciativa,” destaca o coordenador do espaço, Sigeo Kitatani Júnior.

Essa é a primeira tipografia reati-vada em Goiás. As antigas impres-soras tipográficas e a linotipo, al-gumas utilizadas eventualmente, outras guardadas em um depósito durante anos, dão vida, novamente, a obras praticamente esculpidas, com técnicas que remontam um caráter artesanal. Adquiridas na década de 1960, durante a implan-tação da Imprensa Universitária da UFG, as máquinas estão agora a pleno vapor, sendo utilizadas na impressão de pequenos livros e outras peças gráficas. Dois livros já foram lançados pelo Cegraf por meio da impressão tipográfica: Or-chideas, de Leodegária de Jesus, que integra a Coleção Cidade de Goiás; e a coletânea de poemas do artista plástico Oscar Fortunato, intitulada Tipo Assim. No momen-to, está em processo de produção a obra Cântico dos Cânticos, texto bíblico do Antigo Testamento.

Mais do que resgatar esses proces-sos de produção, o Ateliê Tipográ-fico é um espaço de preservação da história das artes gráficas em Goiás, aberto para a visitação do público que pode não só conhecer de perto o equipamento, mas, também, ob-servar todo o processo de produ-ção e criação tipográfica. “A ideia é reativar as máquinas antigas e fazer um museu vivo, no qual as máquinas

funcionariam e produziriam textos que de certa forma tenham nuances históricas”, explica Sigeo Kitatani Jú-nior. As visitas guiadas podem ser realizadas, por agendamento, das 08h00min às 17h00min, no Ateliê Tipográfico da UFG, localizado no prédio do Cegraf, no Câmpus Sa-mambaia. O espaço também ofere-ce palestras e cursos em tipografia abertos à comunidade.

As obras impressas por meio da tipografia passam anteriormente pelo crivo do Conselho Deliberativo do Cegraf, que recebe as propostas dos interessados em produzir um livro pela Gráfica da UFG e analisa a viabilidade do desenvolvimento da publicação nesse formato, a partir da observação de características como o tamanho do livro e os elementos gráficos. Já as obras que recebem financiamento da Universidade e chancela do selo da Editora UFG, passam pelo Conselho Editorial para que sejam aprovadas, definindo o tipo de impressão (tipográfica ou moderna) e recebendo o vínculo institucional. As orientações para os interessados em enviar propostas de livros para produção pela Gráfica UFG ou pela Editora UFG estão disponíveis na página do Cegraf: www.cegraf.ufg.br

Serviço de impressão tipográfica

Após longa data em desuso, antigo maquinário de linotipo é reativado para a produção de livros e pequenas peças gráficas

Maquinário da antiga Imprensa Universitária da UFG ficará exposto no espaço, aberto à visitação

Ateliê Tipográfico resgata a tradição das artes gráficas datada do século XV que prevaleceu durante quatro séculos como principal método de impressão

Processo de criação tipográfica utiliza tipos móveis (caracteres moldados com metal) organizados em uma matriz na qual é feita a composição para impressão

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niversidadeAlexia Ferraz

Divulgação

Regional Goiás oferece capacitação para candidatos à direção de escolas

Conheça os programas de mobilidade da UFG

Aberta seleção para incubação de empresas e projetos

Publicado edital geral para intercâmbio em

instituições estrangeiras

Serena Veloso

Candidatos à direção de escolas municipais da Ci-dade de Goiás participaram do primeiro curso de “Formação e Gestão para Habilitação ao Car-

go de Diretor das Escolas da Rede Pública de Ensino do Município de Goiás”. O curso, realizado em setem-bro e outubro de 2014, é fruto de uma parceria entre a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Secretaria Municipal de Educação da Cidade de Goiás, tem o objetivo de atender aos novos critérios no processo de escolha dos gestores das instituições, que exige habilidade gerencial das escolas por parte dos candi-datos. Desde o ano passado, a seleção para o cargo de direção de unidade escolar no município passou a ser realizada por meio de processo eleitoral, com votação

de servidores, professores e pais de alunos.

Ministrado por professores do curso de Adminis-tração da Regional Goiás da UFG, a capacitação teve a participação de 42 candidatos de 18 escolas em processo eleitoral, situadas tanto no município, como em áreas rurais. O treinamento envolveu di-versas disciplinas de administração e gestão ins-titucional, como gestão de pessoas, elaboração de projetos para as escolas, contabilidade e responsa-bilidade fiscal. “Essa é a maior carência das escolas, pois na parte pedagógica os professores já possuem uma formação”, destacou o coordenador do curso, Juliano Avelar Moura, que adiantou a continuidade da parceria para realização da capacitação nas pró-ximas eleições escolares.

Dois editais estão com inscrições abertas. Alunos de graduação devem estar atentos às datas e procedimentos de inscrição

Caroline Pires

A Universidade Federal de Goiás oferece aos estudantes de graduação a possibilidade de cursarem componentes curriculares de seu

curso em instituições de ensino, universidade ou regionais diferentes de sua origem. Atualmente, a UFG conta com três tipos de mobilidade acadêmica para estudantes de graduação. Confira:

Programa de Mobilidade Estudantil (PME)

Permite que estudantes de graduação estudem em outra universidade por até dois semestres. As inscrições para o ingresso no segundo semestre de 2015 estão abertas até o dia 22 de maio. O alu-no da UFG que tenha interesse em participar do PME, deve procurar a coordenação de seu curso e conferir se atende aos critérios para participar do programa.

O Centro de Empreendedorismo e Incu-bação (CEI) da UFG recebe incrições para incubação de empresas e projetos de base tecnológica entre os dias 11 e 15 de maio. Serão selecionados 20 empreendimentos, que receberão o apoio em infraestrutura, as-sessoramento e recursos para interação com o setor empresarial, entre outros benefícios.

Programa de Mobilidade entre as Institui-ções Públicas de Ensino Superior no Estado de Goiás (PMIPES)

Permite que estudantes de graduação estudem em outra instituição diferente da sua de origem, no Estado de Goiás. Integram o PMIPES estudantes de graduação da UFG, IF Goiano, IF Goiás e UEG. As inscrições estão abertas até o dia 22 de maio. Para iniciar o processo de participação no PMIPES, o aluno deve encaminhar um pedido ao coorde-nador do seu curso, que será analisado segundo o acordo de cooperação das instituições de ensino e o projeto pedagógico de cada curso.

Programa de Mobilidade Interna (PMI)

Permite que estudantes de graduação estudem em outra Regional da UFG diferente da sua de origem. Segundo o calendário acadêmico, o edital do PMI será divulgado no dia 1º de novembro de 2015.

A Coordenação de Assuntos Internacionais (CAI) divulgou o edital geral para estudantes de graduação da UFG interessados em rea-lizar intercâmbio acadêmico em instituições estrangeiras, ainda neste ano, sem apoio fi-nanceiro. Todas as despesas decorrentes da mobilidade ficarão a cargo dos estudantes.

Cada graduando poderá apresentar candi-datura a somente uma instituição estrangei-

ra por vez, que decidirá sobre a aceitação ou não do aluno.

O cumprimento das regras do edital possi-bilitará que o vínculo entre o estudante e a UFG seja mantido durante a realização das atividades acadêmicas no exterior e promo-verá a liberação oficial do estudante para a realização da mobilidade.

Confira o edital no QR Code ao lado ou acesse o site da CAI

www.cai.ufg.br

Confira o edital no QR Code ao lado ou acesse o site da CEI

www.incubadora.ufg.br

COMUNIDADE PERGUNTA

A Universidade Federal de Goiás possui a Resolução Cepec 1309 que regulamenta os procedimentos para as cerimônias de Colação de Grau. O parágrafo único, do artigo 41, prevê que “os concluintes que não contratarem serviços de fotografia em conjunto com a comissão de formatura serão atendidos pela equipe de fotografia da UFG, assim como todos os demais concluintes”.

No seu caso, informamos que, até o ano de 2014, as fotos das cerimônias eram entregues em DVDs para um dos membros da comissão de formatura, cadastrados por meio do formulário de colação de grau. Aquele que retirasse o DVD tornava-se responsável por repassar aos demais colegas os arquivos das fotos. A Assessoria de Comunicação aguardava o período de um semestre e, se nenhuma pessoa viesse buscar, os materiais eram encaminhados para a direção da Unidade Acadêmica.

A partir de 2015, a Assessoria de Comunicação optou por utilizar uma plataforma eletrônica para facilitar o acesso de todos os concluintes às fotografias, para isso criou um perfil no Flickr, um site de hospedagem e partilha de imagens fotográficas. As imagens podem ser acessadas por meio do endereço (www.flickr.com/photos/colacaoufg). Até o mês de maio, a Regional Goiânia publicou 19 álbuns que correspondem às colações de Goiânia e Cidade de Goiás, no total são 17.228 fotografias que já foram acessadas 36.395 vezes.

Me formei no início de 2014. Como faço pra ter acesso às fotos produzidas pela equipe da UFG?

Louriene Fagundes, Bacharel em Estudos

Literários

Daiana Stasiak, Coordenadora de Relações Públicas

Ascom/UFG

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para pós-graduação na UFGInstituição é a primeira universidade pública do país a adotar cotas para pretos, pardos e indígenas em todos os cursos de mestrado e doutorado

Angélica Queiroz

O Conselho Universitário da UFG aprovou resolução para estabelecimento de cotas

raciais e ações afirmativas para todos os seus programas de pós--graduação ‘stricto sensu’. A minuta do documento, elaborada por uma comissão de docentes da UFG, foi aprovada na Câmara de Pesquisa e Pós-graduação e no Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultu-ra (Cepec) da UFG e determina que, pelo menos 20% das vagas ofereci-das, sejam reservadas para pretos, pardos e indígenas. A resolução já está em vigor e terá vigência por 10 anos, podendo ser prorrogada após futura avaliação.

A UFG é a primeira instituição pú-blica do país a implementar o sis-tema de cotas na pós-graduação. “Em alguns cursos de algumas ins-tituições isso já é feito, mas de for-ma isolada, não como uma política institucional”, detalha o Pró-reitor de Pós-graduação da UFG, José Ale-xandre Diniz Filho. Segundo ele, o Governo Federal, ao expandir a po-lítica de inserção social e cotas em concursos públicos, deixou claro que a desigualdade das condições iniciais continua se refletindo em um ponto mais alto, na inserção do mercado de trabalho, profissional e acadêmico. Para ele, a pós-gradua-

ção está situada em uma posição intermediária entre as cotas iniciais na graduação e a inserção no mer-cado de trabalho, por isso a neces-sidade da criação de cotas para o mestrado e o doutorado.

O pró-reitor de Graduação da UFG, Luiz Mello, reforça que a adoção das cotas na pós-graduação deve refletir no perfil de que quem segue a car-reira universitária e é uma posição coerente da instituição com relação às políticas de inclusão priorizadas nos últimos anos. “Essa conquis-ta é importante para os estudantes da graduação cogitarem com maior convicção a continuidade dos es-tudos na pós-graduação. Não que necessariamente eles precisem das cotas, mas é evidente o impacto sim-bólico dessas reserva, já verificado no âmbito da graduação”.

O reitor da UFG, Orlando Amaral acre-dita que o perfil da sociedade ainda não está devidamente representado na Universidade. Para ele, uma ini-ciativa como essa amplia as possibili-dades de formação em nível superior, essencial para que as pessoas pos-sam concorrer a postos de trabalho mais valorizados. “A expectativa é de que, ao longo dos dez anos de vigên-cia da resolução haja, por exemplo, inclusão de mais professores pretos, pardos e indígenas no quadro de do-centes da universidade”, afirma.

Confira alguns pontos da Resolução

• No caso de processos seletivos nos quais o candidato concorre à vaga de um orientador específico, o edital deverá prever um número adicional de vagas para cotistas calculado pelo somatório das vagas ofertadas pelo programa, garantindo a proporção mínima de 20%.

• Os programas de pós-graduação realizam processos seletivos com diferentes formatos e adotando diferentes critérios, seguindo calendário específico, mas todos deverão adotar as cotas

• Os candidatos pretos, pardos ou indígenas classificados dentro do número de vagas oferecido para ampla concorrência não serão computados para efeito do preenchimento das vagas reservadas

• A resolução aprovada permite que as Coordenadorias dos Programas de Pós-Graduação, se acharem necessário, promovam atividades complementares para aumentar ao máximo as possibilidades de permanência dos cotistas em seu corpo discente

• A PRPG publicará instrução normativa para que os programas de Pós-Graduação da UFG saibam como adequar seus editais à nova regra

• A concessão de bolsas específicas para os cotistas está prevista atualmente por meio de edital conjunto da CAAF/PRPG, com recursos próprios da UFG

• O número de vagas oferecidas para livre concorrência e para cotistas em cada processo seletivo será fixado em edital

Estou satisfeita e muito honrada por ter sido graduada nesta Universidade e agora ter a chance de tentar uma pós-graduação através do sistema de cotas na mesma instituição. Pela desigualdade social, preconceitos e discriminação que sofremos, essa é uma oportunidade valiosa. Eu, particularmente, acho uma decisão importante e sábia porque, sem as cotas, poderíamos até tentar, mas devido às desigualdades, seria muito mais difícil que conseguíssemos ingressar. Com a existência das cotas isso se torna mais viável

(Maria de Fátima Karajá é indígena e recém-graduada em Letras/Espanhol pela UFG. Ela ingressou na universidade oito anos após ter deixado o ensino médio e integra o número ainda pequeno de índios diplomados na área.)

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É uma decisão importante para que nós pretos, pardos e indígenas possamos continuar os estudos. Muitas vezes somos desestimulados a prestar o mestrado porque o número de pessoas brancas é maior. A aprovação de cotas na pós-graduação nos motiva a acreditar em uma universidade mais plural, com mais docentes pretos, pardos e indígenas, contribuindo para o processo educacional e para a diversidade. A existência de cotas na pós-graduação da UFG nos estimula a tentar a seleção aqui, porque assim, podemos dar continuidade ao estudo em uma universidade que já conhecemos e com maior facilidade para escolher um orientador de acordo com linha de pesquisa e afinidades

(Apesar das dificuldades financeiras e diferenças culturais, Marta Quintiliano, do Quilombo Vó Rita, em Trindade, acaba de se formar em Relações Públicas pela UFG. Ela é a segunda quilombola formada nesse curso no país.)

Ações A

firmativas

Cotas na graduação não são suficientes

Pós-Graduação em números

Aluno precisa ter perfil

Agosto 2014 Início das discussões com o PPG em Antropologia Social e discussões internas no gabinete/PRPG/PRPI/CAF/PJ;

Setembro 2014 Criação da comissão e Aprovação da Concepção das cotas PPI na pós-graduação pela CPPG (Câmara de Pesquisa & Pós-Graduação);

Novembro 2014 Aprovação da minuta de Resolução na CPPG;

Novembro 2014Audiência pública para apresentação da minuta para a Comunidade;

Fevereiro de 2015 Aprovação da resolução na CEPEC;

Abril de 2015Aprovação final pelo CONSUNI

A UFG adota, desde 2008, ações afir-mativas com o objetivo de reparar ou compensar desigualdades so-ciais e preconceitos, ou discrimina-ções de raça, entendendo a adoção destas políticas como princípios constitucionais. Na UFG, a institu-cionalização das ações afirmativas ocorreu a partir da implantação do programa UFGInclui, antecipando a política nacional de reserva de va-gas definida na Lei 12.711/2012 e regulamentada pelo Decreto 7.824 de 11 de outubro de 2012.

Outro ponto de destaque nessa tra-jetória foi a criação da Coordena-doria de Ações Afirmativas (CAAF), em 2014. “A CAAF representa a consolidação das ações afirmativas na UFG e a adoção das cotas na pós- graduação implica novos desafios para a efetiva inclusão e respeito às diferenças”, afirma a coorde-nadora da CAAF, Luciene Dias. No âmbito da pesquisa, a pró-reitora de Pesquisa e Inovação, Maria Clo-rinda Fioravanti, acrescenta que já existe a concessão de bolsas para a iniciação científica por meio do programa PIBIC-AF, do CNPq, com recursos da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Sepir). “Podemos tentar estender essa iniciativa para a pós-gradua-ção”, propõe a pró-reitora.

A ideia de criar cotas na pós-gradu-

ação começou como uma demanda do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS), da Fa-culdade de Ciências Sociais (FCS), que sugeriu a publicação de um edi-tal de seleção com reserva de vagas para pretos, pardos e indígenas, em meados de 2014. O coordenador do PPGAS, Camilo Albuquerque de Braz, relata que a aprovação no PP-GAS foi unânime e, destaca a impor-tância dos pesquisadores da UFG e dos movimentos sociais: “A atuação dessas pessoas é fundamental para subsidiar esse tipo de política e ser-vir de modelo para outras institui-ções do país”, opina.

A proposta foi levada então à Pró- reitoria de Pós-graduação da UFG que ampliou a discussão, envolvendo as demais Pró-reitorias, o Gabinete da Reitoria, a CAAF e a Procuradoria Jurídica que, juntos, decidiram ado-tar uma ação mais ampla da política de cotas e levar a discussão aos ór-gãos colegiados superiores da insti-tuição. Segundo o Pró-reitor de Pós- graduação da UFG, José Alexandre, o processo de diálogo sobre as cotas na pós foi tranquilo, diferente de quan-do a Universidade aprovou as cotas para a graduação. “A ideia de adoção de cotas já está mais consolidada na sociedade, por isso tivemos mais dis-cussões técnicas sobre como fazer do queao invés de discutir se deveria ser feito ou não”, relata.

Cada programa de pós-graduação possui seu próprio processo sele-tivo e, mesmo com a resolução, as coordenadorias continuarão tendo autonomia para definir critérios específicos para o ingresso dos alunos. Segundo explica José Ale-xandre Diniz, ao realizarem seus processos seletivos, os programas devem adotar critérios de seleção que sejam adequados ao perfil do programa e garantam um bom de-senvolvimento das atividades de pesquisa do estudante no curso. “A cota não pode ser entendida como flexibilização dos requisitos para o ingresso. A cota resolve apenas a questão da concorrência”, ressalta José Alexandre Diniz.

Programas de Pós-Graduação: 69

Doutorados: 33

Mestrados Acadêmicos: 66

Mestrados profissionais: 8

Foto produzida para a campanha Sejam bem-vind@s tornou evidente a nova cara da Universidade e foi elogiada pela comunidade acadêmica

A ideia de adoção de cotas já está mais consolidada na sociedade, por isso tivemos mais discussões técnicas sobre como fazer ao invés de discutir se deveria ser feito ou não

(Pró-reitor de Pós-graduação da UFG, José Alexandre Diniz Filho)

Etapas para a criação da resolução

Confira a íntegra da resolução no QR Code ao lado

ou acesse o site da PRPG www.prpg.ufg.br

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Nesses nove anos de existência, o Jornal UFG conta com a sensi-bilidade do fotógrafo Carlos Siqueira, que captura por suas lentes uma outra forma de ver a Universidade. Confira mais fotos pelo site (google.com/+CarlosSiqueiraFotografo/photos)

Outro olhar